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Amar sem amarrar A figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier As células-tronco e o julgamento do STF Saúde Doença e “Saúde é um estado de bem-estar , e , e não apenas a de .” completo físico mental social ausência doença Veja nesta Edição R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.153 • Agosto 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

Revista Reformador de Agosto de 2008

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Saúde Doença e “Saúde é um estado de bem-estar , e , e não apenas a de .” completo físico mental social ausência doen

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Amar sem amarrar

A figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier

As células-tronco e o julgamento do STF

SaúdeDoença

e

“Saúde é um estadode bem-estar

, e ,e não apenas a

de .”

completofísico mental social

ausência doença

Veja nesta Edição

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.153 • Agosto 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Agosto, 2008 / N o 2.153

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

A terapia do bem

Entrevista: José Antônio Luiz Balieiro

União, campanhas e sesquicentenários em São Paulo

Presença de Chico Xavier

A figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier –

Artur da Távola

Esflorando o Evangelho

Guardemos saúde mental – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

3o Encontro Nacional de Esperantistas-Espíritas – Brasília

(DF) – 5 a 7 de setembro – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Norte

Seara Espírita

A evolução das idéias – Juvanir Borges de Souza

Opulência material e degradação moral –

Joanna de Ângelis

Amar sem amarrar – Richard Simonetti

Perdãoterapia – Mário Frigéri

Quando e onde nasceu Jesus? –

Waldehir Bezerra de Almeida

As células-tronco e o julgamento do STF –

Christiano Torchi

Prece – José Silvério Horta

Em dia com o Espiritismo – Saúde e doença (Capa) –

Marta Antunes Moura

Cidadãos transcendentais – Carlos Abranches

O espírita na equipe – Emmanuel

Coerência doutrinária – Julio Cesar de Sá Roriz

Sofrimento, alavanca do progresso –

Mauro Paiva Fonseca

Cem anos de amor – Hélio Ribeiro Loureiro

Retificando...

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Agosto 2008228822

Medicina, além dos cuidados que emprega no sentido de eliminar as

doenças do ser humano, vem se ocupando, cada vez mais intensamente,

em evitar que elas surjam. Com este objetivo, realiza saneamentos bási-

cos, vacinações, orientações nutricionais e exercícios físicos, com reais benefícios

para o corpo.

A Doutrina Espírita esclarece que somos todos Espíritos imortais, temporaria-

mente encarnados, em constante processo de evolução, e que somos responsáveis

pelo corpo físico que a Providência Divina nos disponibiliza, devendo preservá-lo

e mantê-lo em condições de boa saúde.

Dentre os procedimentos, também ensinados pelo Espiritismo, com bons resul-

tados para a saúde do corpo físico, está a prática do bem.

Conhecemos a máxima: Fora da Caridade não há Salvação. E observamos que

todos os que se empenham na prática da caridade, no seu sentido mais abrangente,

além da paz de consciência que ela proporciona, alcançam melhor disposição física

e saúde, tanto para quem é destinada, como para quem a exercita.

Assim, seguindo as propostas preventivas da Medicina: se cuidarmos do sanea-

mento básico nos nossos pensamentos e sentimentos; se nos vacinarmos contra a

maledicência e outros vícios de comportamento; se nos alimentarmos com idéias

e emoções puras e nobres; e se nos exercitarmos na prestação de bons serviços em

favor do próximo, colocando em prática o “Amai-vos uns aos outros”, como reco-

menda o Evangelho, estaremos praticando a terapia do bem, com reais benefícios

para a saúde material, moral e espiritual do ser humano e da Humanidade.

Não é sem razão que Jesus, depois de curar os enfermos que buscavam o seu

socorro, sempre recomendava: “Agora vá, e não tornes a pecar”.

A

A terapiado bem

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5Agosto 2008 • Reformador 228833

Espiritismo é uma novafilosofia que impressionae que se transforma em

verdades vivas e fáceis de seremassimiladas pelos espíritos livresde compromissos religiosos tradi-cionais e obrigatórios.

Seus ensinos apóiam-se no quepode ser comprovado por experiên-cias, jamais se divorciam da verdade.

A Doutrina Espírita não fazimposições. O que ela revela estábaseado em fatos, que nem sem-pre foram percebidos correta-mente e interpretados de diversasformas, sempre sob a influênciade crenças e suposições sugeridaspelas mais diferentes concepçõesreligiosas, ou filosóficas.

Durante milhares de anos deinterpretações enganosas, as hu-manidades cultivaram múltiplasidéias religiosas, entre as quaispredominaram as da existência demuitos deuses regendo a vida e odestino das criaturas, até que a Es-piritualidade superior julgou che-gada a hora de corrigir os equívo-cos resultantes da ignorância doshabitantes deste mundo.

É então anunciada, por algunsprofetas, com a antecedência decerca de oito séculos, a vindade um Ser superior à Terra.

Chegara a hora da presença doCristo junto aos homens, com amissão especial de corrigir cren-ças e enganos e, ao mesmo tempo,deixar traçado, para a Humanida-de, o “caminho da verdade e davida”.

Foram anos de dedicação doGovernador Espiritual do nossomundo ao ensino das verdades,com as exemplificações necessá-rias, para que os homens de boavontade, interessados na própriaevolução, pudessem encontrar arealidade da vida.

Entretanto, as claras lições eexemplificações do Mestre In-comparável não foram assimila-das em toda a sua plenitude.

Houve desvios interpretativosque desvirtuaram a essência dosensinos.

As próprias instituições criadaspelos homens, para darem conti-nuidade às lições do Mestre, nodecorrer do tempo, afastaram-se

da essência enfatizada por Jesus:“Amar a Deus sobre todas as coi-sas” e “amar o próximo como a simesmo”.

O Amor, base e fundamento es-sencial para a evolução indivi-dual, sentimento do qual derivamtodas as sensibilidades positivasque caracterizam o progressoespiritual do ser, foi desfigurado,na prática, pelo culto exterior epelas organizações clericais queimpõem a obediência a uma hie-rarquia sacerdotal, que se consi-dera detentora da única religiãoverdadeira, proscrevendo tudo oque não obedece às suas determi-nações e prescrições.

O Espiritismo, doutrina queconstitui um novo estágio na bus-ca da verdade eterna, embora res-peitando as organizações religio-sas existentes no mundo, não po-de aderir à ortodoxia funesta e in-conseqüente, imposta às cons-ciências libertas.

Allan Kardec, o missionárioda Terceira Revelação, em diver-sas ocasiões advertiu os segui-dores da novel Doutrina contra

A evoluçãodas idéias

OJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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o espírito de seita e o dogmatis-mo pernicioso.

É nos corações sinceros, na boavontade dos espíritos livres e har-monizados com o bem, que serealiza a disposição bem ordenadados pensamentos, para as con-quistas superiores e para o enten-dimento entre os homens.

A presença do Cristo no mun-do abriu o caminho para a reno-vação dos princípios eternos, queos habitantes deste orbe deverãoassimilar no futuro, na medida dacompreensão da própria vida edo grau de desenvolvimento dasindividualidades, na sucessivida-de das reencarnações.

Quem poderia realizar umaobra gigantesca de renovação nes-te mundo de “expiações e provas”,senão um Espírito puro, que o Paidesignou como seu GovernadorEspiritual?

O Cristo iniciou-a, há dois milanos, mas os homens, com suasimperfeições, interesses e preocu-pações secundárias, deturparamos objetivos altruísticos do Mes-tre, rejeitando-o e condenando-oà morte na cruz infamante.

Sua Mensagem, entretanto, nãose perdeu e Ele mesmo, diante dadificuldade da compreensão hu-mana sobre uma diferente ordemde idéias em torno da verdadee da vida, prometeu pedir ao Pai oenvio de outro Consolador, para

relembrar seus ensinos, pois Elesabia que seriam deturpados, eainda para trazer conhecimentosnovos à Humanidade.

Sua promessa foi cumprida mui-tos séculos depois, após uma longanoite de mil anos, denominadaIdade Medieval, seguida de algunsséculos de poderes absolutistas dereis, nobres e religiosos, que se uni-ram na defesa de seus interesses co-muns, sem se sensibilizarem com asnecessidades prementes da imensamaioria da população.

A obra da renovação das idéias,ou da retificação dos conceitos ti-dos como corretos e imutáveis,mas que, na realidade, apresen-tam imperfeições não percebidasdurante cerca de dois milênios, sóé realizada com segurança quan-do procede do Alto, das Esferassuperiores, e é chegado o tempocerto para tal.

O estudo atento do passado dahumanidade terrena mostra que,em milhares de anos, subsistiu acrença na existência de muitosdeuses regendo o destino dos ha-bitantes deste mundo.

A correção dessa crença errô-nea, que foi aceita sem oposição,em toda a Antiguidade, só ocor-reu com a vinda do povo hebreupara este mundo, trazendo a reve-lação do Deus único, o Criador detodas as coisas, confirmada pelosensinos do Cristo.

Contudo, sem embargo da Re-velação que corrigiu esse erro mul-timilenar ainda subsistem, nos diasatuais, teorias niilistas e materialis-tas que não aceitam a existência deDeus e de toda a Espiritualidade, sóadmitindo a presença da matéria.

Foram necessários milhares deanos para que uma pequena par-cela da Humanidade chegasse àcondição de perceber os princí-pios eternos que regem a vida decada um de nós.

Durante todo esse tempo, queprossegue nos dias atuais, bilhõesde Espíritos não tiveram condi-ções de perceber a realidade da vi-da, na sua plenitude, induzidosque foram pelas religiões e filoso-fias a aceitar explicações divorcia-das da verdade.

Isso acontece em mundos atra-sados, como o nosso, enquantoos Espíritos que os habitam nãoatingem as condições de percebera realidade.

As leis divinas permitem queassim aconteça, em mundos infe-riores, para que seus habitantesevoluam, em vidas sucessivas, an-tes de tomarem conhecimento daverdade e da vida, na sua significa-ção plena.

Por isso, havendo soado a horada nova concessão, o mundo invi-sível saiu do seu silêncio, nos

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meados do século XIX, e por todaparte manifestaram-se Espíritos,dando origem a uma nova doutri-na, de cunho científico, filosóficoe religioso, sintetizando as verda-des já conhecidas e excluindo oque fora mal interpretado e o querepresenta simples erros e interes-ses humanos.

Assim, surgiu o Espiritismo, oConsolador prometido por Jesus,cuja finalidade não é destruir asreligiões, mas renovar e completaro que elas, e também as ciências efilosofias perceberam apenas par-cialmente, com prejuízos para ocorreto entendimento e vivênciada verdade.

A Nova Revelação contribui,dessa forma, com as claridadesque vêm das Esferas Espirituaissuperiores, ajustando e retifican-do os desvios humanos, tornandopossível a assimilação e a práticado que o Cristo ensinou e exem-plificou há dois mil anos e que foidesvirtuado por influências nega-tivas de diversas ordens.

O Espiritismo, apesar de codi-ficado e apresentado aos homenshá apenas cento e cinqüenta eum anos, entendido e aceito poruma minoria da população, estádestinado a se difundir por todaparte, retificando os erros das re-ligiões e das filosofias de respon-sabilidade dos homens, escoi-mando-as do que não tiver fun-

damento nas realidades das duashumanidades – a que está ligadaà vida material e a que se encon-tra nos planos espirituais.

As revelações divinas mani-festam-se de formas diferentes,graduando-se conforme as ne-cessidades das sociedades a quese dirigem.

Não foi por outro motivo que ascomunicações espirituais que prece-deram os estudos sérios de AllanKardec, as mesas girantes e falan-tes, tornaram-se um atrativo para

considerável parcela das socieda-des do mundo ocidental dos mea-dos do século XIX, preparando oterreno para a vinda do Con-solador, uma nova doutrina im-portantíssima para o conheci-mento da verdade nos novos tem-pos, cujos ensinos foram minis-trados por entidades espirituaisde grande sabedoria, ao lado deum missionário que se preparou,com todo cuidado, para o desem-penho fiel de sua missão.

É sempre nas horas mais difí-ceis da história humana que sur-gem as concepções sintéticas ca-pazes de ajustar as divergênciasque parecem inconciliáveis.

Consciente ou inconsciente-mente, os habitantes da Terra e osdas Esferas Espirituais têm a no-ção de que existe uma comunhãoentre os dois mundos.

A Doutrina Espírita esclareceude forma apropriada, ao alcancedas inteligências comuns, aquiloque se tem constituído em umenigma, mal explicado pelas reli-giões e filosofias.

Pela clareza da Doutrina e pelasverdades irrefutáveis que a distin-gue de outros sistemas filosóficos,científicos ou religiosos, não se tor-na difícil prever, como ensinaramos Espíritos, que o Espiritismoserá a síntese de todas asreligiões no futuro.

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Os habitantesda Terra e osdas EsferasEspirituais

têm a noçãode que

existe umacomunhão

entre os doismundos

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ão deslumbrantes, semdúvida, as obras colossaisque o poder econômico

vem produzindo, através dos tem-pos, remunerando artistas inspira-dos e técnicos incomuns, na cons-trução de castelos monumentais egalerias suntuosas, nos quais a ex-travagância atinge níveis inimagi-náveis de beleza e glória.

Alfombras e tapetes bordadosem tecidos valiosos, ornados comouro e pedras preciosas, lustres, ta-ças, copos, utensílios de alto preçoe espelhos de cristal artisticamentetrabalhados, porcelanas finíssimase móveis decorados com pedraspreciosas, madrepérolas e madei-ras raras embutidas, mármoresvariados e raros, blocos imensos decalcáreos que se transformaramem estátuas de beleza inimaginá-vel, miniaturas e metais de todosos tipos em finas e fortes modela-gens, expressam a grandeza daimaginação e da arte que, por umdia, agradam os olhos e a vaidadedos opulentos, entediados na exor-bitância do poder terreno…

Pinturas de esplêndida fideli-dade aos modelos que retratam –

paisagens, pessoas, animais e aves,cerimônias, celebrações, guerras,fome e misérias, o belo e o feio –emolduradas com esmero e bemelaborados caixilhos cobrem pa-redes forradas ou não de veludose de damasco adornando-as, tetostrabalhados oferecem cenas fan-tásticas de deuses e de anjos, desantos e de apóstolos, de mulhe-res inolvidáveis e de ninfas en-cantadoras, sobre salas, quartos,escadas de calcáreos metamorfi-zados e recristalizados, brilhantese recortados…

Jardins edênicos, enfeitadospor fontes e estátuas grandiosas,bosques paradisíacos, haras e ca-valariças com animais puro-san-gue, carruagens guarnecidas deplumas raríssimas e ouro com-pletam os conjuntos majestosospara esses usufrutuários dosbens terrenos, enquanto a misé-ria e o abandono infelicitam oscamponeses, os operários esfai-mados e os citadinos esquecidos,a orfandade, a velhice desconsi-derada, as doenças deformantes,todos estorcegando na condiçãoem que se encontram, olhando o

desfile contínuo da insensatez edo desperdício.

Com o sangue e o suor dosoprimidos que as guerras perver-sas submetem, com a rapina doespólio das cidades vencidas e in-cendiadas com incontáveis mor-tos e mutilados que ficam paratrás, são erguidos esses monu-mentos de pedras, cercados demuralhas e fossos defensivos, paraque a ostentação embriague osseus habitantes enfastiados que seatiram aos banquetes intérminose às festas voluptuosas, na buscade sensações novas, para os cor-pos amolentados pela sucessão deprazeres aos quais se escravizam.

Embora toda a grandeza e forçapolítica, religiosa, econômica deque dispõem, não se eximem àsenfermidades, à velhice, à morte,ou quando não são assassinadosantes do tempo ou arrastados pe-las ruas sob o apupo daquelesmesmos que os homenageiam porum dia, e logo vêem-nos em des-graça, ante a vitória de outros sicá-rios mais arrogantes e perversos…

O poder no mundo é comouma chama que arde enquanto o

Opulência materiale degradação moralS

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Page 9: Revista Reformador de Agosto de 2008

combustível a sustenta,logo deperecendo e apa-gando-se quando o mes-mo se consome, fazen-do-a brilhar.

Normalmente, os vi-toriosos de um mo-mento transformam-senos infortunados deoutro, isto quando nãocolocam nas faces gas-tas e obscenas as más-caras dos risos menti-rosos e a felicidade emdisfarce.

Conflitos terríveis osdesgovernam interior-mente, levando-os às fu-gas espetaculares da alucinação edos jogos enganosos do prazer, pa-ra não terem tempo de pensar naspróprias penas e angústias que osdesgovernam.

Submetem muitos áulicos econtrolam os vencidos que arras-tam na sua infame glória, incapa-zes de administrar os própriosprejuízos morais que os martiri-zam em silêncio insuportável.

Também se encontram emprovações muito significativasde que não se dão conta, porqueas têm sempre como sendo a mi-séria e a dor.

O poder, a fortuna, a beleza, afama e outros artifícios que ador-nam as existências de alguns in-divíduos são graves provas de quetodos terão que dar contas aoAdministrador Celeste, e, confor-me a maneira como se desincum-birem, escrevem o futuro de pazou de aflições inomináveis paraeles mesmos.

Todas as criaturas humanastransitam por idênticas faixas deevolução, adquirindo as experiên-cias iluminativas necessárias àconquista de si mesmas.

Ninguém há que avance pelatrilha da reencarnação em regi-me especial…

Deslumbras-te com as belezasdos monumentos, com a arte e oesplendor que apresentam; consi-dera, porém, que expressam a ins-piração que vem do Grande Larque os artistas captam e materiali-zam na Terra.

Fascinas-te com a harmonia ea magnificência das obras queimortalizam os seus autores; masreflexiona que elas ainda são umapálida cópia do esplendor em quese encontram no Mundo Causal.

Comovem-te esses impressio-nantes conjuntos de criações ar-tísticas e passeias os olhos úmidos

por esses fascinantes trabalhos; noentanto, compara-os com a deli-cadeza de uma pequenina flor,com a leveza de um colibri paradono ar, com o canto de um canárioou de um rouxinol, com uma fo-lha de qualquer planta, com o mi-lagre que consegue uma raiz ar-rancando da terra o de que neces-sita para que a vida permaneça eos fenômenos que a mantêmocorram naturalmente.

Tudo que o poder humano con-segue fazer em benefício do orgu-lho e do egoísmo, cedo ou tarde setransforma em patrimônio daHumanidade, queiram ou não osseus atuais proprietários, narran-do a história do seu tempo, suge-rindo encantamento, assinalandoa evolução, promovendo o pensa-mento e engrandecendo a vida.Entretanto, o hálito divino que atudo vivifica e também impulsio-na aqueles que se entregam às edi-ficações e embelezamentos dos

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Grupo de turistas em Templo de Poseidon

Page 10: Revista Reformador de Agosto de 2008

edifícios e santuários, dos paláciose museus, permanece sustentandoos sofredores que erguem as pa-lhoças, as palafitas e favelas em quevivem estremunhados e a sós ouem volumosos grupos, transferin-do de um para outro lugar os se-res nas sucessivas reencarnações.

Sem dúvida, essas superioresexpressões da arte e da beleza pro-duzem encantamento e enobre-cem a sociedade que vive à caçados tesouros de todos os tipos,merecendo nosso respeito e nossaalta consideração.

Verdadeiros missionários doamor mergulham na roupagemcarnal, em cada época, a fim de re-tratarem as maravilhas do Além,convidando os transeuntes da ar-gamassa celular à superação daspaixões tormentosas, para ruma-rem na direção da auto-ilumina-ção, a fim de se tornarem, a seuturno, artistas da paz, da fraterni-dade e da luz…

Aproveita o que de beleza omundo pode oferecer-te, de modoque amplies a capacidade de en-xergar para identificar a prodigiosamaravilha que existe na Criação.

Por mais grandiosa seja a laba-reda pintada numa tela colossal,jamais conseguirá atear um incên-dio, que modesta e insignificantefagulha consegue com facilidade.

Desse modo, luta, para que de-pois de conheceres algumas có-pias da arte que vige no mundoespiritual, possas avaliá-la pes-soalmente, após a viagem que fa-rás quando convidado ao retornopelo gentil anjo da morte…

Embora todas as belezas que ex-tasiam o ser humano nas edifica-ções terrestres, nunca te olvidesdas realizações morais, aquelas queexornam o Espírito com as luzesimateriais da vida transcendente.

Sofre, se estás convidado às

provas dolorosas, sorrindo, por-que estás libertando-te do fardoenganoso que conduziste mas queesmagou aqueles que hoje se teacercam buscando apoio…

Sorri, se te encontras no mo-mento do júbilo, sem olvidar-tede que há muitos irmãos choran-do que necessitam da tua alegriaem forma de acompanhamentonas dores que padecem.

Há muita beleza na arte de aju-dar e passar adiante, deixando asconstruções do amor e da carida-de para os que vierem depois, sempompa nem opulência corruptoratransitórias…

Joanna de Ângelis

(Pagina psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na noite de 7 de junho

de 2008, após uma visita ao Château de

Versailles, na cidade do mesmo nome, na

residência de João Rabelo Júnior, em Pa-

ris, França.)

10 Reformador • Agosto 2008 228888

Page 11: Revista Reformador de Agosto de 2008

Reformador: São Paulo tem umatradição antiga de unificação.Como avalia os 61 anos de fun-cionamento da USE?

Balieiro: A USE tem 61 anos deatividades ininterruptas e umahistória diferente a ser contada.O anseio de unir o MovimentoEspírita do Estado partiu dequatro Entidades que já congre-gavam centros espíritas na Capi-tal, com atividades federativas,mas que também encontrava noInterior forte apoio, pois váriasregiões já apresentavam os pri-

meiros ímpetos de convi-vência fraterna emfranco desenvolvi-mento. O encontrodestas legítimas ex-pressões de trabalho

e vontade no ICongresso Espí-

rita Estadual,ocorrido en-tre 1o e 5 de junho de1947, origi-

nou o primeiro acordo de unifi-cação estadual registrado, sur-gindo daí, no Estado de SãoPaulo, a USE, que no ano seguin-te, apoiou a realização em SãoPaulo do Congresso Brasileirode Unificação Espírita e, em 1949,atua de forma decisiva na ori-gem do “Pacto Áureo”. Esta ori-gem coloca a USE com expressavocação para o trabalho de uni-ficação, aproximação de espíri-tas e de suas associações, sem ointuito de realizar atividades pró-prias dos centros espíritas, o quea colocaria em posição de con-corrência com as casas unidas.Nos primeiros anos de sua exis-tência dedicou-se à sua própriaorganização, ao mesmo tempoem que cooperava com a expan-são do trabalho de união emoutras unidades brasileiras; nosegundo momento, contribuiu

11Agosto 2008 • Reformador 228899

JO S É AN T Ô N I O LU I Z BA L I E I ROEntrevista

União, campanhas e

sesquicentenários em

São PauloJosé Antônio Luiz Balieiro é entrevistado como presidente da União das

Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), e relata experiênciashistóricas e ações atuais da Entidade Federativa, Coordenadora e

Representativa junto ao Conselho Federativo Nacional da FEB

Page 12: Revista Reformador de Agosto de 2008

fraternalmente com princípios eorientações para o crescimentodo Movimento Espírita; a seguir,fomentar campanhas e ações quebusquem posturas, adequação ebem-estar no trabalho na CasaEspírita. Hoje, com algumas desuas iniciativas já compartilha-das com o Movimento Espíritabrasileiro, a USE procura forta-lecer a Casa Espírita, incenti-vando a manutenção de umavasta rede de informações, for-mada por seus órgãos, visandofacilitar a tarefa de divulgaçãoda Doutrina Espírita.

Reformador: Como atualmentefuncionam os órgãos da USE?Balieiro: A USE possui 140 ór-gãos (Distritais, Municipais, In-termunicipais e Regionais) co-brindo todo o território paulis-ta. As casas espíritas se organi-zam formando os órgãos distri-tais (na área metropolitana)e/ou municipais (no Interior) eainda os órgãos intermunicipais(onde os núcleos são constituí-dos por casas de vários municí-pios). A união destes, de acordocom áreas geográficas estabe-lecidas, forma os órgãos regio-nais. O pulsar do Movimentopaulista ocorre dentro desta re-de, num organismo vivo, comautonomia, mas compromissa-do com o ideal espírita. É umagrande rede de informações,oportunidade para comparti-lhar experiências, ações e su-gestões. Os pontos de encontrosão as reuniões dos Conselhos,nos quais se viabilizam as pro-

postas e as diretrizes para o Mo-vimento.

Reformador: Quais são as prin-cipais linhas de atuação da USE?Balieiro: O foco da USE é o tra-balho de unificação. Para isto,incentiva a rede de comunica-ções, acolhe e divulga as ativi-dades propostas, delas partici-pando no atendimento às crian-ças, jovens e adultos; ajuda, orien-tando jurídica e administrativa-mente a organização de novosnúcleos; divulga o pensamentoespírita para que a compreensãode seus princípios se desdobreem ação efetiva direcionada atodos os que buscam a Casa Es-pírita; para manter-se viva eatualizada participa ativamentedo Movimento Espírita brasilei-ro através do Conselho Federa-tivo Nacional da FEB. A fim deatender a estes quesitos, progra-ma e realiza atividades as maisvariadas, tais como campanhas,seminários, confraternizações econgressos.

Reformador: A USE lançou duasatividades históricas: as Campa-nhas “Comece pelo Começo” e“Carta aos Centros Espíritas”. Co-mo atualmente se desdobram es-tas ações?Balieiro: A Campanha “Comecepelo Começo” ainda é vivenciadapelos órgãos, até agora mantidapor citações, eventos, lembran-ças e cartazes promocionais. A“Carta aos Centros Espíritas”, de1975, teve o seu caminho e vidaútil, foi muito divulgada e traba-

lhada no Estado, com os desdo-bramentos naturais, representouuma das fontes impulsionado-ras de diretriz para o Centro Es-pírita. O opúsculo Orientação aoCentro Espírita, editado pelaFEB, cumpre atualmente de ma-neira adequada e atualizada opapel que foi desempenhado pe-la “Carta”. Além destas, lançamosem l994, após várias iniciativasque envolveram o tema na déca-da de 80, a Campanha “Viver emFamília”, que originou o lança-mento de livros sobre assuntosde família e teve repercussão sig-nificativa no Movimento Espíri-ta, ainda hoje alimentada por di-versas ações no Estado. Está sen-do preparada ação ampla parafortalecimento desta Campanhano próximo ano, aliando-a aoEstudo Sistematizado da Doutri-na Espírita. Este trabalho tem oseguinte planejamento de divul-gação: neste ano, a Campanha“O Evangelho no Lar e no Cora-ção”; em 2009, a Campanha “Co-mece pelo Começo”; e, em 2010,a Campanha “Viver em Família”.

Reformador: Como estão desen-volvendo as ações para a implan-tação do “Plano de Trabalho parao Movimento Espírita Brasileiro”?Balieiro: A USE apresentou oprojeto para todos os órgãos emsuas reuniões administrativas eencontros de unificação, durante2007. Aliou-o ao recém-editadoOrientação ao Centro Espírita,dando consistência à apresenta-ção e à criação de objetivos parao trabalho. Para 2008, a USE

12 Reformador • Agosto 2008 229900

Page 13: Revista Reformador de Agosto de 2008

apresentou um plano de metasao Conselho Deliberativo Esta-dual, obtendo a aprovação deitens estimuladores para o cres-cimento do trabalho no Estado,entre eles a divulgação e estudode Orientação ao Centro Espírita,a adequação do calendário decongressos, a revitalização daCampanha “O Evangelho no Lare no Coração”, a manutenção dosistema “celeiro” como fonte dereferências e experiências. Os ór-gãos e as casas unidas foram esti-mulados para a implantação deseus planos de trabalho; oficinasforam realizadas com este objeti-vo, o que em algumas regiões jáacontece em razão das atividadesprevistas na área de capacitaçãoadministrativa.

Reformador: Como a USE estácomemorando os Sesquicentená-rios da Revista Espírita e do 1o

Centro Espírita do Mundo?Balieiro: Todo o Estado está en-volvido em comemorações, oque acontece também nos even-tos de âmbito estadual, encon-

tros regionais de unificação e se-minários. Pelo trabalho espraia-do da USE no Estado as come-morações são em grande núme-ro. Fizemos uma ampla divulga-ção da RevistaEspírita, sen-do colocadasmuitas cole-ções; prepara-mos materialpara divulga-ção, em par-ceria com aFEB, criamoscartaz alusivoao evento, e onosso jornalDirigente Es-pírita dedicouvárias páginasaos dois Ses-qu icentená-rios, registrando sua importân-cia e significado. As comemora-ções continuarão neste semes-tre, e, em dezembro, na cidadede Santos, haverá o seu encerra-mento, durante as reuniões denossos Conselhos.

Reformador: Uma mensa-gem para o leitor de Refor-mador.Balieiro: Registramos o re-conhecimento e a gratidãopela oportunidade que éoferecida à USE para mos-trar nesta sucinta entrevistao seu trabalho. Vivemos mo-mento único, onde somoschamados ao testemunho eà responsabilidade. É inequí-voca a necessidade da fir-meza de princípios e fideli-

dade doutrinária diante de tantosacontecimentos e infiltrações quetentam dificultar nossas ativida-des. É hora de clamarmos por Je-sus, assim, seus ensinamentos áu-

reos clarearãoos nossos ca-minhos e tere-mos a força, apaz e a luz ne-cessárias. Osambientes dec o nv i v ê n c i aque criamossão manan-ciais que forta-lecem o nossoideal, facili-tando tarefas.Mãos à obra,pois. A com-preensão dosprincípios es-

píritas e de unificação, desdobra-da em ações efetivas no atendi-mento de todos os que buscam oEspiritismo, valoriza a solidarie-dade, fortalecendo-nos por laçoscomprometidos pelo desejo dobem comum.

13Agosto 2008 • Reformador 229911

Matéria sobre o Sesquicentenáriono jornal Dirigente Espírita

Cartaz de divulgação da Campanha Comece pelo Começo

Page 14: Revista Reformador de Agosto de 2008

ndependente de qualquer posição pessoal,crença ou convicção, a figura de comunicaçãode Francisco Cândido percorre décadas da vida

brasileira operando um fenômeno (refiro-me à co-municação terrena mesmo) de validade única, pe-culiar, originalíssima. Não vou, portanto, por faltade autoridade para tal, analisá-lo do ângulo reli-gioso e sim as relações de sua figura de comunica-ção com o público.

Com todos os significantes necessários a já terdesaparecido ou ter-se isolado como um fenôme-no passageiro, a figura de comunicação de Fran-cisco Cândido Xavier, no entanto, ganha um signi-ficado profundo, duradouro, acima e além de pai-xões religiosas, doutrinas científicas ou interpreta-ções metafísicas.

A inexistência de um tipo físico favorecedor fun-ciona como outro curioso paradoxo a emergir dafigura de comunicação de Chico Xavier. Aquele ho-mem de fala mansa, peruca, acentuado estrabismo,pessoa de humildade e tolerância, não configura otipo físico idealizado do líder religioso, do chefe deseita, do místico impressionante.

A clássica barba dos místicos ou a cabeleira des-cuidada ou o olhar penetrante e agudo dos líderes

inexistem no visual de Chico Xavier. Acrescente-sea inexistência, em seu modo de vestir, de qualqueroriginalidade ou definição de estilo próprio aindaque contestador dos estilos formais e burgueses.

Não tem, portanto, Chico Xavier, nos aspectosexternos e formais de sua figura de comunicação,nenhum dos elementos habitualmente consagra-dos como funcionais ou impressionantes dos as-pectos externos do grande público, elementos decomunicação incorporados consciente ou incons-cientemente por figuras importantes nas reli-giões. Até a figura do papa, líder de uma comuni-dade religiosa, é envolta em pompa e festa, estra-tégia visual destinada à maior pregnância de suamensagem e à definição de sua posição como sím-bolo. Nem mesmo a mais decidida modéstia e hu-mildade pessoal de vários papas são suficientespara que a figura papal se desvista da pompa esimbologia relativas ao reinado que representa.Até nas religiões orientais, menos pomposas, asfiguras líderes são cercadas da visão carismáticado líder.

Francisco Cândido Xavier, porém, representa umaespécie de antítese vitoriosa da figura carismática.Não tem, do ponto de vista externo ou visual, ne-nhum elemento característico. Até ao contrário.Pessoalmente, é o anticarisma. Funciona como sím-bolo de negação de qualquer pompa ou formalida-

A figura decomunicação de

Francisco Cândido Xavier1

14 Reformador • Agosto 2008 229922

I

Presença de Chico Xavier

ART U R DA TÁ VO L A

1Artigo publicado em Reformador de junho de 1980, p. 36(192),transcrito do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, de 26/5/1980.

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de, um retorno talvez à pureza primitiva dos movi-mentos religiosos.

E no entanto emerge da figura dele uma dasmais poderosas forças de identificação da vidabrasileira. Ele é uma espécie de líder desvalido dosdesvalidos, dos carentes, dos sofredores, dos nãoonipotentes, dos despretensiosos, dos modestos,dos dispostos a perder para ganhar.

Curiosamente, tal posição é conquistada natural-mente e sem qualquer traço político direto de toma-da de posição ao lado dos fracos num século em quea revolução social aparece como a tônica e como agrande aglutinadora dos movimentos humanos,inclusive os religiosos. Sem qualquer formulaçãopolítica, sem qualquer mensagem diretamente rela-cionada com a exploração do homem, sem qualquerrevolta direta e institucionalizada contra a misériaou a injustiça, Francisco Cândido Xavier emergecom a força do perdão, da tolerância, da fraternida-de real, da fraqueza forte, da fé, da humildade e dodespojamento erigidos como regra de vida, comotrabalho efetivo da caridade; da não pompa; da nãohierarquia; da não violência em qualquer de suasmanifestações, mesmo as disfarçadas em poder; gló-ria, secretismo, hermetismo, iniciação, poder tempo-ral ou promessa de vida eterna.

A figura de comunicação de Francisco CândidoXavier emerge, portanto, de uma relação profun-da e misteriosa com um certo modo de sentir dohomem brasileiro, relação esta ainda insuficiente-mente estudada ou conhecida até mesmo pelosque a vivem, comandam ou exercem. Até mesmopara ele, Francisco, deve haver muita coisa envol-ta em mistério, um mistério que os seguidores de-le tentam definir e enchem-se de explicações cien-tíficas ou cientificizantes, religiosas ou religiosi-santes [sic], psicológicas, parapsicológicas ou pa-rapsicologizantes.

Para tal contribui, além do aspecto misteriosoda psicografia e da relação com os que morreram,a igualmente misteriosa aura de paz e pacificaçãoque domina os que com ele se relacionam pessoal-mente ou via meios de comunicação, na relaçãocuidada e cautelosa, equilibrada e pouco freqüente

por ele mantida com a televisão, na qual aparecemuito pouco, uma vez por ano no máximo e sem-pre para grandes públicos.

Além da aura de paz e pacificação que partedele, há um outro elemento poderoso a explicar ofascínio e a durabilidade da impressionante figurade comunicação de Francisco Cândido Xavier: agrande seriedade pessoal do médium, a dedicaçãointegral de sua vida aos que sofrem e o desinteres-se material absoluto. A canalização de todo o di-nheiro levantado em direitos autorais para as va-riadíssimas atividades assistenciais espíritas dão aChico Xavier uma autoridade moral – tanto maiorporque não reivindicada por ele – que o colocaentre os grandes líderes religiosos do nosso tempo.

Quem se aproximar da atividade real de assis-tência material e espiritual da comunidade espiri-tualista brasileira verificará que ela é íntegra e he-róica, tal e qual o que há e sempre houve de me-lhor em assistência de religiões como a católica e aprotestante (entre nós), prodígios de dedicação, si-lêncio e humildade que justificam as vidas dos quedelas participam.

Síntese final:A integridade pessoal; a íntima relação entre a

pregação e a própria vida; a honestidade de seusseguidores; a ausência completa de significantesexternos; o contato com o mistério; a ausência dequalquer forma de violência em sua figura e pre-gação; a nenhuma subordinação a hierarquiasaprisionantes; a discrição pessoal; a nenhuma pro-cura de poder político, temporal ou econômicopara o desempenho da própria missão; as formasoriginais de organização interna do seu movimen-to, sem personalismos ou autoritarismos – tudoisso gera uma figura de comunicação de alta força,mistério, empatia e grandeza moral, principal-mente se considerarmos que enfrentou e ultrapas-sou tempos diferentes do atual (no qual o ecume-nismo felizmente impôs-se). Antes, manifestações,como as dele eram removidas como bruxaria ouperigosa, ou bárbaras ou alucinantes quaisquermanifestações místico-religiosas diferentes ou dis-crepantes da religião da classe dominante.

15Agosto 2008 • Reformador 229933

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erguntam-me, freqüente-mente, o que podemos fa-zer por familiares desen-

carnados, que saibamos não pre-parados para enfrentar o retornoà vida espiritual.

Três iniciativas são básicas.

• Oração.É um refrigério para as almas

penadas, aquelas que se situamperplexas ante as realidades espi-rituais que insistiram em ignorarno desdobramento de suas expe-riências.

Quando oramos pelos desen-carnados, não só os beneficia-mos com vibrações balsamizan-

tes, como evocamos, em favordeles, a assistência dos amigosespirituais.

• Serenidade.Os recém-desencarnados per-

manecem em estreita sintoniacom os familiares e são muitosensíveis às suas vibrações.

O desespero, a revolta, a incon-formação, não apenas colocamem cheque nossa crença, comoatingem os que partiram, exacer-bando suas perplexidades e sofri-mentos.

• Normalidade.Se sofro um acidente e

perco um membro, devoaprender a viver sem ele,

adaptando-me à nova situa-ção. Caso contrário, cairei em

depressão e desequilíbrio, queapenas vão exacer-bar o problema.A morte de um ente

querido é uma amputaçãopsicológica. Sentiremos falta, tan-to maior quanto mais fortes os

elos do amor,mas é precisoque nos habi-tuemos a viversem ele, cons-cientes de que deve-mos seguir em frente,em nosso próprio be-nefício.

Sem esse empenho, fa-talmente nos desajusta-remos, com reflexosnegativos no ânimodaquele que partiu.

Não raro, ao invésdo desencarnado per-turbar o encarnado,de quem se aproxima,carente, sofrido, ocorreo contrário.

Pode parecer inusitado, amigoleitor, mas a Doutrina Espírita nosfala de obsessões de encarnadossobre desencarnados.

Lembro de Roberval, modestoservidor público, pai de três fi-lhos, casado com Ifigênia, mu-

PRI C H A R D SI M O N E T T I

Amar semamarrar

16 Reformador • Agosto 2008 229944

Page 17: Revista Reformador de Agosto de 2008

lher de bons princípios, preocu-pada com a família, mas extre-mamente apegada ao marido,amor possessivo.

Era Roberval pra cá, Robervalpra lá, em efusões amorosas extre-madas que acabavam por aborre-cê-lo, tirando-lhe a liberdade.

Não fosse a sua índole pacata,haveria sérios conflitos entre eles.Mel demais sempre enjoa.

Quando Roberval desencar-nou, repentinamente, vitimadopor um enfarto, foi um transtor-no para Ifigênia.

Não se conformava com a mor-te do bem-amado, razão de suaexistência.

Lamuriava-se em oração, ques-tionando os desígnios divinos.

E chamava pelo marido.– Ah! Roberval, onde anda

você, minhavida?

E, dia e noi-te, continuava a histó-

ria do Roberval pra cá,Roberval pra lá!Não dava sossego para o

pobre marido, mesmo depoisde morto, porquanto suasvibrações o atingiam em cheio,reclamando sua presença, apri-sionando-o ao lar.

Tanto se perturbou que os ben-feitores espirituais decidiram in-terná-lo em nova encarnação.

Foi a solução para livrá-lo dapressão desajustada da esposa in-conformada.

Por uma questão de afinidade edisponibilidade, ele reencarnoucomo filho de sua filha.

Por sugestão insistente de Ifi-

gênia, deram o nome do avô àcriança.

Roberval reencarnado recebeuo mesmo nome.

Como a jovem mãe tinha com-promissos profissionais o dia in-teiro, decidiu confiar a criança àsua mãe.

Pobre Roberval!O dia todo se via às voltas com

os excessivos zelos de Ifigênia,agora sua avó.

Roberval pra cá, Roberval pra lá!

Amor que amarra é egoísmo.É preciso amar sem prender.Ótimo quando agimos assim.Nossos amados partem em paz.Em paz ficamos nós.

17Agosto 2008 • Reformador 229955

Mário Frigéri

“Rememorar o bem é dar vida à felicidade.”

Emmanuel

Construa de forma amávelA sua paz verdadeira;Nenhum mal é imperdoável,A menos que você queira.

A sua raiva pungenteA ninguém torna melhor;Ressentimentos somenteMudam você pra pior.

Quando se eclipsa o amor,Se estabelece o desmando;Ao perdoar o agressorVocê assume o comando.

O ódio é anel de açoQue sufoca o coração;Para romper esse laçoÉ necessário o perdão.

O ato de perdoarÉ tão íntimo e sagradoQue se dispensa informarO perdão ao perdoado.

Perdoe com humildade,Na pessoa que foi rude,Tanto a sua humanidadeQuanto a sua incompletude.

Quem perdoa sem disfarceCura o ódio mais ardente,Porém o querer curar-sePertence a você somente.

Perdoar não é um atoQue se faz visando a alguém,Mas é um gesto sensatoFeito em prol do próprio bem.

Perdãoterapia

Fonte de consulta: A pregação evangelizadora de Divaldo P. Franco.Epígrafe: XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo EspíritoEmmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. p. 194.

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nasceu Jesus?autor do quarto evangelhoregistra que se fossem nar-rar todas as obras realiza-

das por Jesus, o mundo não teriaespaço para conter os livros que sedeveriam escrever (João, 21:25). Avida e os feitos de Jesus são narradosapenas nos Evangelhos, mas as in-terpretações que eles sugerem vêmgerando milhares de livros ao lon-go desses dois mil anos. Em razãodisso, podemos adequar a hipérboledo “discípulo amado” sobre os atosde Jesus para os livros que tratamdas interpretações e conseqüên-cias das ações daquele que ele cha-mou de Luz do Mundo (João, 9:5).

Devido à importância de Jesuspara a Humanidade, os estudiosostêm buscado, não somente a me-lhor compreensão e justa aplica-ção dos ensinamentos do Rabi daGaliléia, mas, também, os verdadei-ros dados de sua identidade. Entremuitas preocupações legítimas doscientistas do Novo Testamento estãoas verdadeiras circunstâncias do nas-cimento de Jesus, que permanecemmisteriosas, já que sobre a data e olocal os próprios evangelistas se con-tradizem. Parece-nos que esses deta-lhes – para os quais têm-se dado tan-ta importância –, Jesus apagou-os da

sua biografia, num gesto consonan-te com sua magnanimidade, pois,vindo do Esplendor da Luz, deve-ria humilhar-se e apagar-se para queo homem pudesse brilhar um dia.

Ano do nascimentode Jesus

Segundo Mateus (2:1, 19, 22),Jesus nasceu durante o Impériode Augusto, por volta do ano 750da fundação de Roma, que cor-responde ao ano 4 a.C. Sabe-se,mais ainda, que um erro de cálcu-lo de Dionísio, o Jovem, no séculoVI, fez coincidir o nascimento deJesus com o ano 754 de Roma.Logo, fazendo-se o cálculo, oMestre nasceu no ano 747-748 dafundação de Roma, isto é, 6 a 7anos antes da data estabelecidapor Dionísio.

John L. Mackenzie, no seu Di-cionário Bíblico, conclui que nãose pode calcular com segurança adata do nascimento de Jesus.

Segundo a revelação espiritualno livro Crônicas de Além-túmulo,psicografia de Francisco C. Xa-vier, pelo Espírito Humberto deCampos, cap. 15, p. 89-90, o nas-cimento de Jesus se deu no ano

749 a.C. que corresponde ao ano5. a.C.*

Belém ou Nazaréda Galiléia?

Para Lucas (2:1-7), Jesus nas-ceu em Belém, porém, os demaisevangelistas informam que Eleera cidadão de Nazaré da Galiléia(Mateus, 13:54 ss.; Marcos, 6:1ss.; João, 1:45-46). O registro doterceiro evangelista pode ser ver-dadeiro, pois ele consultou Ma-ria, a mãe de Jesus (Lucas, 2:19),e, talvez por isso, quem oferece amais completa biografia do Re-dentor. Mas Ernest Renan, autordo clássico Vida de Jesus, asseguraque a pátria de Jesus é a cidade deNazaré, embora ela não seja men-cionada nos escritos do VelhoTestamento, nem no Talmude enem por Flavius Josefo.1 Encon-tra ele, no entanto, uma série deinformações que confirmam suatese. Provavelmente, as dúvidascontinuarão, ainda, por muito

Quando e onde

OWA L D E H I R BE Z E R R A D E AL M E I DA

*N. da R.: Ver o artigo “História da EraApostólica – Nascimento de Jesus”, de Ha-roldo Dutra Dias, em Reformador de ju-nho/2008, p. 30.

18 Reformador • Agosto 2008 229966

Page 19: Revista Reformador de Agosto de 2008

tempo para os pesquisadores daverdade histórica.

Nascimento de Jesusem nós

Nascer é passar a existir nomundo. No caso de Jesus, sendoEle a luz que deve brilhar em nos-sas almas, não basta ter existidohistoricamente, é necessário quenasça em cada um de nós. Há doismil anos que o Mestre vem nas-cendo em almas empedernidas,nos momentos de sublime reden-ção. Para ilustrar esses momentos,escolhemos alguns personagensde romances históricos, ditadospelo Espírito Emmanuel, atravésdo médium Francisco CândidoXavier. Neles encontramos perso-nalidades, umas conhecidas, ou-tras não, que se negaram por mui-to tempo a abrir a janela da almapara a entrada da luz do Nazare-no; Espíritos que recalcitraram aoaguilhão e lutaram contra a men-sagem de consolo e renovação daHumanidade, trazida pelo ArautoDivino. Destaquemos algumas.

Paulo de Tarso

Fariseu fanático, de nome Sau-lo, obstinado perseguidor de cris-tãos, fez de tudo para impedir a pro-pagação do Cristianismo nascente.Defendia com honestidade as leismosaicas, mas usou de crueldadecom os cristãos, sendo o responsá-vel pelo apedrejamento de Estêvão– o primeiro mártir do Cristianis-mo –, pela devassa de muitos laresem Jerusalém, mortes e emigraçãode centenas de judeus convertidos.

No auge da sua perseguição aosseguidores do Cristo, Saulo, a ca-minho de Damasco, na intenção deprender o velho Ananias, montadoem seu corcel, “sente-se envolvidopor luzes diferentes da tonalidadesolar”. Confuso, pede socorro aosseus soldados, mas, conturbado,tomba do animal e “[...] vê surgir afigura de um homem de majestáti-ca beleza”, que lhe fala: “– Saulo!...Saulo!... por que me persegues?”.Saulo com voz trêmula interro-ga: “– Quem sois vós, Senhor? [...]– Eu sou Jesus!...”, responde-lhe avoz. E o perseguidor curva-se para

o solo e pergunta, intimorato comosempre fora:“– Senhor, que quereisque eu faça?”,2 entregando-se, des-sa forma, ao Guia da Humanidade.

A partir de então, surgiu Paulode Tarso, que ficou conhecido co-mo o Apóstolo dos Gentios, por-que pregou o Evangelho para to-dos os povos não-monoteístas, noOriente e no Ocidente; para ricos epobres, governantes e governados.

Se perguntarmos a Paulo de Tar-so quando e onde nasceu Jesus eleresponderá, sem dúvida, que foino ano 36, na estrada de Damasco.

Públio Lentulus

O nobre senador romano, extre-mamente orgulhoso e tenaz conser-vador das tradições religiosas do seupovo, recebeu o chamamento de Je-sus por diversas vezes.A primeira, àsmargens do lago de Genesaré, quan-do fora ao seu encontro, na esperan-ça de obter a cura para sua filha Flá-via, acometida de lepra. A meninafoi curada, mas o insensível Lentulusnão se rendeu ao poder amoroso doCristo. Após perder a esposa Lívia,sacrificada na arena, juntamentecom outros cristãos, é que o nobreTribuno abdicou do seu orgulho,de suas tradições e voltou-se paraa luz: “– Jesus de Nazaré! disse comvoz súplice e dolorosa – foi precisoperdesse eu o melhor e mais queri-do de todos os meus tesouros, pa-ra recordar a concisão e a doçura detuas palavras!... Não sei compreen-der a tua cruz e ainda não sei acei-tar a tua humildade dentro da mi-nha sinceridade de homem, mas, sepodes ver a enormidade de minhas

Cidade de Nazaré no século XX

19Agosto 2008 • Reformador 229977

Page 20: Revista Reformador de Agosto de 2008

chagas,vem socorrer, ainda uma vez,meu coração miserável e infeliz!...”3

Para o senador Públio Lentu-lus, Jesus nasceu no ano 64, emRoma, no momento mais doloro-so daquela sua existência.

Helvídio Lucius

Patrício romano honesto e demuitas virtudes, mas igualmenteorgulhoso e preso às tradições pa-gãs do seu povo, era impenetrávelàs idéias do Evangelho. Em razãode sua aversão ao Cristo, cometeuuma terrível injustiça com a filhaCélia, jovem cristã, que assumiuas conseqüências de uma tramacontra sua mãe, buscando, assim,salvaguardar a honra da família.Depois de expulsar a filha de casa,sem buscar compreender as razõesdo seu sacrifício, Helvídio passoua viver no inferno que construiuna consciência. Transcorridos osanos, ao saber da verdade sobre a

filha e ficar viúvo, entrou em deses-pero total e se isolou no sofrimento.

Àquela altura da vida, desejosode encontrar uma saída que o le-vasse à luz, recebeu o convite deum amigo para assistir à pregaçãoda Boa Nova. “[...] onde, pela pri-meira vez, Helvídio Lucius ouviu aleitura do Evangelho [...] e, apesar denão lhe sentir as lições inteiramente,admirava o profeta simples e amo-roso, que abençoava os pobres e osaflitos do mundo, prometendo umreino de luz e de amor, para alémdas ingratas competições da Terra”.4

Se interrogado, diria HelvídioLucius que Jesus nasceu para eleno ano 146, próximo à PortaÁpia, no lar humilde de um pre-gador do Evangelho, em Roma.

Taciano Varro

Patrício romano e próspero co-merciante, durante toda a sua exis-tência foi implacável combatentedo Cristianismo. Devoto fanáticoda deusa Cíbele, mãe dos demaisdeuses romanos, Taciano semprese rendeu ao orgulho e à força dastradições mitológicas do seu povo.Em razão do seu ódio contra o Cris-to, cometeu terríveis atrocidades einjustiças, chegando mesmo a co-operar para o sacrifício do seu pró-prio pai, Quinto Varro. A partir deum certo momento, sua vida pas-sou a ser um pesadelo. Abandonadopelos amigos e lutando pela subsis-tência, sofreu um acidente em corri-da de bigas e ficou cego. A partir deentão, passou a ser amparado pelofilho adotivo Quinto Celso, que eracristão. Após dolorosos reveses, foi

levado à arena, tido como cristão,pois estava em companhia de seufilho. Cego e ao lado de Quinto Cel-so, amarrado a um poste para servirde tocha humana, o orgulhoso ro-mano, em meio aos gritos selvagensdos espectadores abriu a janela docoração: “– Meu filho! meu filho!...– soluçava Taciano, feliz, tateando ocorpo de Celso, cujas mãos de carnenão mais poderiam acariciá-lo – eusenti o poder de Cristo em mim!...agora, eu também sou cristão!...”5

Sem dúvida o patrício Tacianojamais esquecerá aquele momen-to redentor de sua vida em que Je-sus nasceu para ele, no ano 258,no Anfiteatro Flaviano, em Roma.

Jesus Cristo é como o Sol: nascetodos os dias, em vários lugares domundo ao mesmo tempo. Para re-cebermos sua luz e seu calor amo-roso resta-nos apenas abrir a janelada alma. Tem sido assim para mui-tos de nós que habitamos a Terra,escola milenar de regeneração.

Referências:1RENAN, Ernest. Vida de Jesus. Tradução

de Eliane Maria de A. Martins. São Paulo:

Editora Martin Claret Ltda. p. 89.2XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estê-

vão. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. espe-

cial. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Primeira

parte, cap. X, p. 212-214.3______. Há dois mil anos. Pelo Espírito

Emmanuel. 4. ed. especial. Rio de Janeiro:

FEB, 2002. Segunda parte, cap. V, p. 329.4______. Cinqüenta anos depois. Pelo Espí-

rito Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro:

FEB, 2002. Segunda parte, cap. V, p. 287.5______. Ave, Cristo! Pelo Espírito Emma-

nuel. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,

2002. Segunda parte, cap. VII, p. 380.

Públio Lentulus,nobre senador romano

20 Reformador • Agosto 2008 229988

Page 21: Revista Reformador de Agosto de 2008

Guardemossaúde mental

21Agosto 2008 • Reformador 229999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra.”

– PAULO. (COLOSSENSES, 3:2.)

Cristianismo primitivo não desconhecia a necessidade da mente sã e ilu-

minada de aspirações superiores, na vida daqueles que abraçam no

Evangelho a renovação substancial.

O trabalho de notáveis pensadores de hoje encontra raízes mais longe.

Sabem agora, os que lidam com os fenômenos mediúnicos, que a morte da carne

não impõe as delícias celestiais.

O homem encontra-se, além do túmulo, com as virtudes e defeitos, ideais e

vícios a que se consagrava no corpo.

O criminoso imanta-se ao círculo dos próprios delitos, quando se não algema

aos parceiros na falta cometida.

O avarento está preso aos bens supérfluos que abusivamente amontoou.

O vaidoso permanece ligado aos títulos transitórios.

O alcoólatra ronda as possibilidades de satisfazer a sede que lhe domina os cen-

tros de força.

Quem se apaixona pelas organizações caprichosas do “eu”, gasta longos dias para

desfazer as teias de ilusão em que se lhe segrega a personalidade.

O programa antecede o serviço.

O projeto traça a realização.

O pensamento é energia irradiante. Espraiemo-lo na Terra e prender-nos-emos,

naturalmente, ao chão. Elevemo-lo para o Alto e conquistaremos a espiritualidade

sublime.

Nosso espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do

bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo, sabiamente: – “Pensai nas coisas que são

de cima”.

O

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 177.

Page 22: Revista Reformador de Agosto de 2008

22 Reformador • Agosto 2008 330000

utilização de células-tron-co embrionárias (CTEs)em pesquisas e em tera-

pias, autorizada pelo art. 5o da Leino 11.105, de 24/3/2005 (Lei deBiossegurança), cuja constitucio-nalidade foi questionada na Su-prema Corte (Ação Direta de In-constitucionalidade – ADI 3510),é um dos temas que mais tem des-pertado polêmicas, nos últimostempos, porque, para a realizaçãodesses procedimentos médicos, énecessário destruir os embriõesfertilizados in vitro, gerando pro-blemas éticos e jurídicos dos maisdelicados, ante a controvérsia le-vantada sobre o marco inicial davida humana – a concepção!

A questão que se coloca nos de-bates é emblemática: o progressoda Medicina e a cura de doençasdevem ser buscados a qualquerpreço? Como ficam os direitosdos embriões? Teriam eles statusde pessoa? Estas são algumas dasreflexões bioéticas e biojurídicasque demandam esse tipo de pes-quisa, as quais devem nortear aspolíticas institucionais de se per-mitir ou não a utilização de em-briões para esses fins, em vista do

preceito milenar de que a vida é afonte primária de todos os outrosbens jurídicos.1

A Bioética, nome cunhado apartir da junção das palavras gre-gas bios (vida) e ethike (ética), nas-ceu da necessidade de se discipli-nar, à luz de princípios morais, aconduta dos profissionais da áreabiomédica que, a reboque do ad-mirável progresso da biotecnolo-gia, passaram a experimentar umaradical mudança nas formas tra-dicionais de agir e decidir, passí-veis de colocar em risco a saúdehumana e o meio ambiente.

Em boa hora, a Bioética veiopara blindar os direitos funda-mentais do homem, alçando-ocomo objeto central de sua teoria,com vistas a protegê-lo da desu-manização que vem afetando aMedicina, em virtude dessas ino-vações tecnológicas.

O Biodireito, tomando porfontes imediatas a Bioética e a Bio-genética, apresenta-se como a no-va disciplina que surgiu da neces-sidade de se traçar limites jurídi-cos à ação desses profissionais,tendo por alvo principal a prote-ção da vida humana, cuja digni-

dade deve ficar a salvo de viola-ções, posto que tanto o avançotecnológico como a ordem jurídi-ca só se legitimam se têm por es-copo o bem comum.

Para orientar a conduta dosoperadores desses segmentos, aBioética concebeu vários princí-pios a serem observados,2 entreeles o princípio da prudência ouprecaução,3 uma vez que não con-temporiza com a posição dog-mática de setores da comunida-de científica, que procuram fazerda ciência um fim em si mesma,sob o pálio da intangibilidade sa-grada do avanço científico, incor-rendo em concepções filosóficasque relativizam o conceito da vi-da humana.4

O autor da Ação mencionadatomou como fundamento jurídi-co principal que o dispositivoquestionado fere os princípios dadignidade humana e da inviolabi-lidade do direito à vida, insculpi-dos no art. 1o, inciso III, c/c o art.5o, caput, da Constituição Federal.E com razão!

Amparando-se na doutrinaclássica da Embriologia, partiudo pressuposto de que o início

As células-tronco e o

julgamento do STF

ACH R I S T I A N O TO RC H I

Page 23: Revista Reformador de Agosto de 2008

da vida humana começa na fe-cundação, que resulta na forma-ção da célula-ovo, a nossa pri-meira morada, “testemunha si-lenciosa e eloqüente de três bi-lhões e oitocentos milhões deanos de nossa evolução biológi-ca, um primor de sofisticação ecomplexidade [...]”5 que con-tém, potencialmente, todas ascaracterísticas genéticas do futu-ro bebê: “[...] não é possível in-terromper algum ponto do con-tinuum – zigoto, feto, criança,adulto, velho – sem causar danosirreversíveis ao bem maior, que éa própria vida”.6

O Direito pátrio está em har-monia com esses preceitos, pois oart. 2o do Código Civil protegeo direito do nascituro, revestindo-ode “personalidade jurídica for-mal”,7 entre outros diplomas le-gais de tutela civil. No mesmosentido, é o Direito Internacional:Pacto de San José, da Costa Rica,do qual o Brasil é signatário; a De-claração dos Direitos da Criança,adotada pela Assembléia Geral daONU, desde 20/11/1959; e a Con-venção Americana sobre os Di-reitos Humanos,8 entre outros.9

O Espiritismo apóia o avanço daCiência, tanto que preconiza: “Tu-do se deve fazer para chegar à per-feição e o próprio homem é uminstrumento de que Deus se servepara atingir seus fins. [...]”.10 O ho-mem pode e deve buscar sempre oprogresso, pois Deus lhe conferiu afaculdade de co-criar, por meio daação inteligente, a qual serve decontrapeso para restabelecer o equi-líbrio entre as forças da Natureza.11

Contudo, embora seja pro-gressivo, o Espiritismo não reco-menda a assimilação de tesescientíficas12 que ainda não ha-jam alcançado o estado de ver-dades práticas.13

Os Espíritos superiores adver-tem, ainda, que não deve-mos tratar com desdém“as obras da criação, al-gumas vezes incomple-tas por vontade” divi-na.14 (Grifo nosso.) Se,atualmente, a biotecno-logia não oferece meiosde se detectar a presen-ça de vida humana nosembriões, devemos dar aesses seres o benefício dadúvida, em respeito ao princí-pio bioético da precaução ou daprudência.15

Há um brocardo jurídico, se-gundo o qual “ao intérprete não édado distinguir onde a lei não dis-tingue”, que acredito se aplique aocaso. O intérprete não está autori-zado a extravasar os limites legais,com o propósito de suprir a su-posta intenção do legislador.

Se a lei proíbe a interrupção davida humana, em determinadodispositivo legal, não cabe ao in-térprete fazer qualquer adendo aele, segundo suas inclinações ouinteresses, estabelecendo exceçõesa essa regra.

Da mesma forma, se os Espí-ritos, ao revelarem que “a união[do corpo e da alma] começa naconcepção”,16 não fizeram ne-nhuma ressalva quanto ao localem que ela ocorre – se dentro oufora do útero materno –, não com-

pete a nós, encarnados, adulteraresse preceito.

O fato é que, quando os Espíri-tos superiores transmitiram essesensinamentos, no meado do sécu-lo XIX, certamente já tinham co-nhecimento desses segredos bio-genéticos que só agora os cientis-tas encarnados começam a devas-sar – que, diga-se de passagem,são inspirados pelo mundo espiri-tual –, os quais só não vieram alume, naquela época, em virtu-de da prematuridade da revelaçãoe da estratégia dos reveladores espi-rituais de deixarem ao homem omérito da própria descoberta.17

Como, até agora, essa revelaçãonão foi feita a nós, encarnados, pe-lo método universal do controle doensino dos Espíritos, nem os ho-mens ainda fizeram esta descoberta

23Agosto 2008 • Reformador 330011

Page 24: Revista Reformador de Agosto de 2008

por si mesmos, resta-nos continuarinvestigando, sem, contudo, infrin-gir as regras bioéticas básicas.

Portanto, não importa se a fe-cundação ou fertilização ocorre invivo ou in vitro. Enquanto nãodesvendarmos os segredos do em-brião, este precisa ser respeitadoem seus direitos, em nome dosprincípios bioéticos, sob o riscode estarmos contribuindo para acriação de mais um tipo de abor-to, o “aborto in vitro”.

De acordo com a visão holísticaapresentada pela Doutrina Espíritapara tratar, com eficiência, as enfer-midades graves que assolam aHumanidade, é preciso combatertambém as causas e não apenas osefeitos de tais doenças, muitas delasradicadas no Espírito em virtudeda má utilização do livre-arbítrio,nesta ou em outras encarnações.

Aprendendo a domar suas másinclinações, “tratando da alma”, ohomem fortalecerá suas defesasorgânicas e estará mais protegidocontra as doenças, rumo à cura ouà libertação definitiva, à medidaque se despoje das imperfeiçõesmorais.

O Supremo Tribunal Federal(STF) concluiu, no dia 29/5/2008,

o histórico julgamento, rejeitan-do, por apertada margem (6 a 5),a ação de inconstitucionalidade.Para alguns, o resultado da açãoabre um sério e perigoso prece-dente, à vista do possível agenda-mento, para este mês de agosto,18

da Segunda Audiência Pública dahistória do STF, desta vez sobre opedido de liberação do aborta-mento de anencéfalos.19

Apesar de tudo, remanesce aesperança de que o Estatuto doNascituro, em trâmite na Câma-ra (Projeto de Lei 478/07),20

contemple a proteção dos em-briões ou, no mínimo, que aspesquisas com CTEs permitamchegar-se à conclusão de queexiste algo extrafísico no mate-rial genético.21

A nós, cidadãos, cabe respeitara decisão da Suprema Corte doPaís, lembrando-nos, porém, davelha máxima: nem tudo o que élegal é moral. Por isso, ao cientistaé lícito consultar a própria cons-ciência antes de se lançar numprojeto dessa envergadura, recor-dando que as pesquisas com ascélulas-tronco adultas (CTAs) sãomuito mais seguras e têm dadoresultados mais práticos.22

Referências:1ZIMMERMANN, Zalmino. O direi-

to à vida no ordenamento jurídi-

co brasileiro. Brasília (DF): Asso-

ciação Brasileira dos Magistrados

Espíritas (ABRAME). p. 1.2DINIZ, Maria Helena. O estado

atual do biodireito. 5. ed. revis-

ta, aumentada e atualizada. São

Paulo: Saraiva, 2008. Item 2.b,

p. 14-16.3PEREIRA E SILVA, Reinaldo. Biodireito: a

nova fronteira dos direitos humanos. São

Paulo: LTr, 2003. Item 7.4, p. 44-46.4GALLIAN, Dante Marcello Claramonte.

Por detrás do último ato da ciência-espe-

táculo: as células-tronco embrionárias.

Disponível em: http://www.scielo.br/scie-

lo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

401420050003000185NOBRE, Marlene Rossi Severino. A vida

contra o aborto. Dez perguntas e respos-

tas sobre a origem da vida e a natureza

do embrião. São Paulo: Associação Médi-

co-Espírita do Brasil (AME-Brasil). p. 7.6Idem, ibidem. p. 6.7DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico.

v. 3. São Paulo: Saraiva, 1998. Verbete

“nascituro”, p. 334.8Disponível em: http://peticao.trt6. gov.br

/2004 /RO0087 82004012060040.RTF9DINIZ, Maria Helena. O estado atual do

biodireito. 5. ed. revista, aumentada e

atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008.

Cap. II, itens 1b, 2a e 3, p. 23, 26 e 115.10KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Ques-

tão 692.11Idem, ibidem. Questão 693a.12______. Revista espírita: jornal de es-

tudos psicológicos. Ano XI. Julho de

1868. “A Geração Espontânea e A Gêne-

se”, p. 286.

24 Reformador • Agosto 2008 330022

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Esquema das células-tronco embrionárias cultivadas

Page 25: Revista Reformador de Agosto de 2008

13CHIBENI, Silvio Seno. “A excelência me-

todológica do Espiritismo” – I e II. Refor-

mador, novembro de 1988, p. 12(328)-

-17(333), e dezembro de 1988, p. 25(373)-

-30(378).14KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Ques-

tão 360; e Obras póstumas. 22. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte,

cap. “A morte espiritual”, p. 225.15IANDOLI JÚNIOR, Décio. “Os mitos e as

verdades sobre as células-tronco”. Dispo-

nível em: http://www.amebrasil.org.br/

html/pesq_art1.htm16KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Ques-

tão 344.17______. A gênese. 52. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2007. Cap. I, itens 13 e 50, p. 27-

-28, 47-48.18Disponível em: http://portal.rpc.com.

br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteu-

do.phtml?tl=1&id=773472&tit=Depois-

de-celula-tronco-aborto-de-feto-anencefa-

lo Publicação de 15/6/2008.19O ministro Marco Aurélio Mello é o

atual relator da Argüição de Descumpri-

mento de Preceito Fundamental (ADPF)

nº 54, em trâmite no STF, promovida pe-

la Confederação Nacional dos Traba-

lhadores da Saúde, na qual se pede que

o STF fixe entendimento de que a “ante-

cipação terapêutica de parto” de feto

anencéfalo não é aborto e permita que

gestantes em tal situação tenham o direi-

to de interromper a gravidez sem a ne-

cessidade de autorização judicial.20Disponível em: www.familianotadez.

com.br/content/imprime.asp?id=5531621NOBRE, Marlene Rossi Severino. “Visão

espírita sobre o emprego de células-tron-

co”. Reformador, maio de 2008, p.

13(171).22Idem, ibidem, p. 12(170).

25Agosto 2008 • Reformador 330033

Louvado sejas, Senhor,Na glória do Lar Celeste,Pelos bens que nos trouxeste,No Evangelho redentor.Na tarefa renovadaQue o teu olhar nos consente,De espírito reverente,Clamamos por teu amor.

Pobres cegos que fugimosDa luz a que nos elevas,Nossa oração rompe as trevas,Escuta-nos, Mestre, e vem...Retifica-nos o passoPara a estrada corrigida,Sustentando-nos a vida,Na força do Eterno Bem.

Dá-nos, Jesus, tua bênção,Que nos consola e levanta...Que a tua doutrina santa Vibre pura e viva em nós! Faze, Senhor, que nós todos,Na caminhada incessante,Cada dia, cada instante,Possamos ouvir-te a voz.

Ampara-nos a esperança,Socorre-nos a pobreza,Liberta nossa alma presaDo erro e da imperfeição!...Mestre excelso da verdade,Hoje e sempre, em toda parte,Ensina-nos a guardar-te,No templo do coração.

Prece

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. 4. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 66-67.

José Silvério Horta

Page 26: Revista Reformador de Agosto de 2008

Constituição da Organi-zação Mundial da Saúde(OMS), redigida em 1946,

declara que “[...] saúde é um esta-do de completo bem-estar físico,mental e social, e não consisteapenas na ausência de doença[...].”1 Trata-se de uma definiçãoque foi sabiamente inspirada pe-los benfeitores espirituais, mesmotendo sido redigida nos conturba-dos momentos do pós-guerra.

Surpreendentemente, surgiramveementes críticas, erguidas poropositores que julgaram a De-claração como de natureza utó-pica, fora da realidade, uma vezque não conseguiram imaginara saúde como um estado com-pleto de bem-estar. Acreditavamque a Orientação produziria con-flitos entre a teoria e a práticamédica e que seria totalmenteinaplicável nos serviços de saúdepública, ou coletiva, cujas ações,centradas na ótica do Estado, en-trariam em choque com os inte-

resses representados nas distintasformas de organização social epolítica das populações. Contra-feitos, admitiram que a definiçãoidealística de saú-de da Constitui-ção da OMS for-necia, contudo, cer-ta liberdade para am-pliar as ações de saúdeem todos os níveis da orga-nização social.

Para a Doutrina Espírita, queconsidera o ser humano de for-ma integral, dentro do contextofísico-espiritual, saúde é o esta-do de plenitude espiritual, ou seja,de completo bem-estar. Analisaque a doença é conseqüência dasmás ações cometidas pelo Espíri-to, na existência atual ou em vi-das anteriores. Esclarece, sobre-tudo, que a criatura humana es-piritualizada aprende, por suavez, a amar, e como o “amor co-bre uma mul-tidão de pe-

cados”, no dizer do apóstoloPedro (I Pedro, 4:8), ela adquireinesgotável reserva de vitalidade.Neste sentido, ensina o venerávelorientador Alexandre ao EspíritoAndré Luiz: “[...] Somente o

A

Em dia com o Espiritismo

Saúde edoença

MA RTA AN T U N E S MO U R A

26 Reformador • Agosto 2008 330044

Capa

Page 27: Revista Reformador de Agosto de 2008

amor proporciona vida, alegria eequilíbrio [...]”.2

Por meio do processo evoluti-vo o Espírito libera-se, paulatina-mente, das expiações e provaçõesseveras, conquistando um estadode saúde mais permanente. Ao li-bertar-se do mal que ainda traziadentro de si, encontra o Espíritoa fórmula para não mais adoecer.

É evidente que tudo isso de-manda tempo, daí asseveraremos Orientadores da CodificaçãoEspírita que “uma só existênciacorporal é manifestamente insu-ficiente para o Espírito adquirirtodo o bem que lhe falta e elimi-nar o mal que lhe sobra”.3 Escla-recem também que “para cadanova existência de per-meio à matéria, entrao Espírito com ocabedal adqui-

rido nas anteriores, em aptidões,conhecimentos intuitivos, inteli-gência e moralidade. Cada exis-tência é assim um passo avanteno caminho do progresso”.4

Nos dias atuais, a maioria dosprofissionais de saúde, em espe-cial os da saúde coletiva, prefereseguir um conceito mais funcio-nal de saúde, o que foi aprovadopelo Escritório Regional Euro-peu da OMS, cujas idéias geraisestabelecem o seguinte: saúde é acondição que permite a um indiví-duo realizar aspirações e satisfa-zer necessidades e, simultanea-

mente, lidarcom o meio

ambiente. Asaúde represen-

ta, assim, um recursopara a vida diária, não o objeti-

vo dela; abrange os recursos so-ciais e pessoais, bem como capa-cidades físicas.

A dificuldade que o conceito ge-ra, de imediato, segundo opiniãodo respeitável pensador alemãoHans-Georg Gadamer (1900-2002),autor do livro Verdade e Método:Esboços de uma Hermenêutica Fi-losófica – estudado durante déca-das nos mais proeminentes cen-tros intelectuais e acadêmicos, so-bretudo da Alemanha – é que co-mo a doença desperta atenção, aciência médica corre o risco detransformar-se na ciência da doen-ça, porque, acrescenta, “[...] é oestado de doença que, aparecen-do, produz um sentimento de pe-rigo e estimula uma resposta te-rapêutica. A prática médica, nes-se sentido, tentando modificar o

percurso da natureza, dominandosuas manifestações patológicas,ao mesmo tempo deixa de ladoum interesse sobre a concepçãode saúde e, em parte, a preven-ção das doenças”.5

Outro obstáculo é permitir queo conceito funcional de saúde ca-minhe sozinho, indiferente à vi-são sistêmica do binômio saúde--doença. Nessa situação, não é pos-sível desconsiderar o impacto quea doença provoca no indivíduo, apartir do momento em que esteassume a sua condição de enfer-mo, analisa o professor Paulo Cé-sar Alves, da Universidade Federalda Bahia, em seu artigo “RevisãoCrítica dos Aspectos Sócio-an-tropológicos da Doença”:

O indivíduo passa a não ser

mais considerado como total-

mente responsável pelo seu es-

tado, ficando legitimamente

isento das suas obrigações so-

ciais normais, desde que pro-

cure ajuda competente (den-

tro dos parâmetros oferecidos

pela sua sociedade) e coopere

com o tratamento indicado.6

Em outras palavras, a pessoanão reage, entrega-se à manifes-tação do processo, tornando-sedependente da ação médica, aqual, se bem direcionada, gerasatisfação, caso contrário, resultaem tristeza e amargura. Trata-sede uma situação complexa, espe-cialmente quando a doença fazparte do quadro provacional doindivíduo, determinada antes dareencarnação.

27Agosto 2008 • Reformador 330055

Capa

Page 28: Revista Reformador de Agosto de 2008

Fazendo breve reflexão sobreambos os conceitos de saúde, oexistente na Constituição da OMSe o do Escritório Regional Euro-peu, percebemos que o primeirofornece uma visão de futuro, é me-ta a ser alcançada a longo prazo,e se destina à Humanidade regene-rada; o segundo enfoca a doença etem aplicação imediata. As duasdefinições se completam, na ver-dade, mas revelam dimensões es-paço-temporais distintas: em uma,a pessoa é induzida a refletir a res-peito da necessidade de investirna prevenção de doenças, pro-curando manter a saúde emtodos os níveis relaciona-dos ao seu bem-estar:físico, psíquico, emo-cional e espiritual.Em outra, o doente éo foco principal, o serque precisa de trata-mento. A proposta daConstituição da OMSé educar, a do Escritó-rio Regional Europeu écorrigir.

Quando a Medicina ad-mitir que o indivíduo é umser imortal, preexistente à reen-carnação e sobrevivente ao tú-mulo, as práticas médicas serãosubstancialmente modificadas.Deverá prevalecer, então, a con-vicção de que a doença não é, emessência, uma ocorrência bioló-gica, mas o reflexo de uma almaenferma que deve ser amparada,fortificada e tratada. Nessas cir-cunstâncias, recordamos Druso,admirável Instrutor espiritual,citado no livro Ação e Reação:

[...] É indispensável compreen-

damos que todo mal por nós

praticado conscientemente ex-

pressa, de algum modo, lesão

em nossa consciência e toda

lesão dessa espécie determina

distúrbio ou mutilação no or-

ganismo que nos exterioriza o

modo de ser. Em todos os pla-

nos do Universo, somos Espí-

rito e manifestação, pensa-

mento e forma. Eis o motivo

por que, no mundo, a Medici-

na há de considerar o doente

como um todo psicossomáti-

co, se quiser realmente inves-

tir-se da arte de curar.

....................................................

– Da mente clareada pela razão,

sede dos princípios superiores

que governam a individualida-

de, partem as forças que assegu-

ram o equilíbrio orgânico, por

intermédio de raios ainda ina-

bordáveis à perquirição huma-

na, raios esses que vitalizam os

centros perispiríticos, em cujos

meandros se localizam as glân-

dulas chamadas endócrinas,

que, a seu turno, despedem re-

cursos que nos garantem a esta-

bilidade celular.[...]7

Referências:1ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

(ONU). Constituição da Organização Mun-

dial da Saúde. Preâmbulo. Nova Iorque,

22 de julho de 1946, p. 1.2XAVIER, Francisco Cândido. Mis-

sionários da luz. Pelo Espírito

André Luiz. 43. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Cap. 13,

p. 249.3KARDEC, Allan. O céu e o

inferno. Tradução de Ma-

nuel Justiniano Quintão.

60. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Primeira parte,

cap. 3, item 9, p. 34.4Idem, ibidem. p. 35.

5CAPRARA, Andréa. Uma abor-

dagem hermenêutica da relação

saúde-doença. Caderno de Saúde

Pública, n. 4, v. 19. Rio de Janeiro: Fun-

dação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de

Saúde Pública, julho de 2003, p. 6.6ALVES, Paulo César. A fenomenologia e

as abordagens sistêmicas da doença:

breve revisão crítica. Caderno de Saúde

Pública, n. 8, Rio de Janeiro: Fundação

Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde

Pública, agosto de 2006, p. 2-3.7XAVIER, Francisco Cândido. Ação e rea-

ção. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 19, p.

320-321.

28 Reformador • Agosto 2008 330066

Capa

Page 29: Revista Reformador de Agosto de 2008

oda Casa Espírita deveriaresponder, ao fim de umperíodo de atividades, a

uma pergunta fundamental pa-ra a continuidade dos trabalhos:Como anda a percentagem defixação dos freqüentadores?

Há pessoas que visitam o Centrouma primeira vez e seguem a cami-nhada, sem retornar. Outras gos-tam do estilo de trabalho e voltamalgumas vezes, afeiçoando-se, pou-co a pouco, a pessoas e idéias, gru-pos e metas de renovação.

A pergunta remete a outrasconsiderações oportunas. Para re-ter, é preciso atrair. Quais seriam,então, as propostas claras de atra-ção dos freqüentadores? Que ser-viços (cursos, dinâmicas, encon-tros) a Casa Espírita oferece paranão só estimular, mas tambémmanter os futuros trabalhadores?

Os espíritas conscientes sa-bem que é investindo na forma-ção das equipes de trabalho que

se fortalece a cultura da unifica-ção do ideal. Da criança ao ido-so, da mulher ao homem, todasas faixas etárias podem e devemser incentivadas a conhecer asbases da ação espírita no mun-do, a fim de que se confirmedentro delas o traçado funda-mental do caráter espírita.

Unificar, nesse sentido, é defi-nir o patamar, o mínimo deno-minador comum a todos, paraque a ação espírita seja reconhe-cida em qualquer lugar do Pla-

CidadãostranscendentaisT

CA R LO S AB R A N C H E S

Page 30: Revista Reformador de Agosto de 2008

neta. O resto vai se ajustandocom respeito e compreensão, re-conhecida a imensa diversidadehumana.

Com isso, o foco sai da formae entra no conteúdo. E nossoconteúdo em comum é Kardec.

Só desta maneira, para enten-der que a forma pode ganhar ca-racterísticas específicas, sem ofen-der a lógica e o bom senso da Co-dificação. Sob essa compreensão,variações no jeito de organizar eexecutar trabalhos são naturais,mas dentro de patamares quepermitam o funcionamento har-mônico do todo.

Eu acrescentaria às primeirasperguntas deste texto duas outras,de igual importância: O Centrotem noção da variedade de apti-dões dos novos colaboradores?Está atento aos talentos de cadapossível colaborador que entraporta adentro da Instituição, al-guns deles dispostos a trabalharpela Causa e pela Casa?

Um Centro Espírita forte etransformador é aquele em queseus trabalhadores estão em con-tato direto com o ser humano,em qualquer faixa socioeconô-mica, num exercício permanen-te de construção da cidadaniatranscendental.

Nosso desiderato é cumprirum trabalho estruturado em baseque liberta (o conhecimento)vinculada a outra que unifica(solidariedade, trabalho e tole-rância). O resto será resultado denossas ações, do alcance de nosso

comprometimento com a con-cretude da ação espírita.

No âmbito da unificação, oespírita consciente de sua tarefaa cumprir é aquele que se empe-nha em ver no próximo a luz deinúmeras possibilidades de tra-balho e evolução. É aquele que,nessa hora, diz com convicção:“Vejo aqui alguém que pode

brilhar muito. Farei o que mefor possível para que esse esfor-ço resulte em felicidade e har-monia para todos”.

Nossa Casa está em condiçõesde responder ao que tem feitopara reter colaboradores dedi-cados? Estamos suficientementeempenhados em abrir espaçopara que eles mostrem tudo oque aprenderam, em benefíciodos outros?

30 Reformador • Agosto 2008 330088

O espírita na equipe

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos EspíritosEmmanuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 206-207.(Transcrição parcial.)

umerosos companheiros estarão convencidos de que integraruma equipe de ação espírita se resume em presenciar os atos

rotineiros da instituição a que se vinculam e resgatar singelas obri-gações de feição econômica. Mas não é assim. O espírita, no conjun-to de realizações espíritas, é uma engrenagem inteligente com o de-ver de funcionar em sintonia com os elevados objetivos da máquina.

Um templo espírita não é simples construção de natureza mate-rial. É um ponto do Planeta onde a fé raciocinada estuda as leis uni-versais, mormente no que se reporta à consciência e à justiça, à edi-ficação do destino e à imortalidade do ser. Lar de esclarecimento econsolo, renovação e solidariedade, em cujo equilíbrio cada coraçãoque lhe compõe a estrutura moral se assemelha a peça viva de amorna sustentação da obra em si. Não bastará freqüentar-lhe as reuniões.É preciso auscultar as necessidades dessas mesmas reuniões, ofere-cendo-lhes solução. Respeitar a orientação da casa, mas tambémcontribuir, de maneira espontânea, com os dirigentes, na extinção decensuras e rixas, perturbações e dificuldades, tanto quanto possívelno nascedouro, a fim de que não se convertam em motivos de es-cândalo. Falar e ouvir construtivamente. Efetuar tarefas consideradaspequeninas, como sejam sossegar uma criança, amparar um doen-te, remover um perigo ou fornecer uma explicação, sem que, paraisso, haja necessidade de pedidos diretos. Sobretudo, na organiza-ção espírita, o espírita é chamado a colaborar na harmonia comum,silenciando melindres e apagando ressentimentos, estimulando obem e esquecendo omissões no terreno da exigência individual.

N

Emmanuel

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31Agosto 2008 • Reformador 330099

uando Allan Kardec criouos termos espírita e espi-ritismo, obedeceu a um cri-

tério: para coisas novas, nomesnovos. Palavras, quando muitoconhecidas, encerram significa-dos que são absorvidos pelo usopopular, fixando certas acepções.Para uma nova concepção, umnovo termo, que pode, então,ficar carregado do significado donovo entendimento, evitando-seserem cometidos equívocos. Des-de quando a Doutrina Espíritafoi estabelecida no mundo, ostermos espírita e espiritismo tor-naram-se um fator de qualifica-ção bem próprio: casa espírita,centro espírita, homem espírita,mulher espírita, evangelizaçãoespírita etc. E esta qualidade “es-pírita” tem o seu fundamento nocontexto doutrinário que se en-contra muito claramente estru-turado nas obras básicas, codifi-cadas por Allan Kardec desde1857 (Paris, França). Assim sen-do, cada atividade, ação ou mo-vimento que abranja os aspectoscientífico, filosófico e religioso,

no âmbito do Espiritismo, deve-rá obrigatoriamente estar norigoroso cumprimento daquelecontexto doutrinário; caso con-trário, será incoerente utilizar-sedo qualificativo espírita, quandonão o é de fato. Ao se falar, porexemplo, em nome da parapsico-logia, não se devem fazer cita-ções com terminologias própriasdo Espiritismo, ainda que ambospossam estar analisando os mes-mos fenômenos. Em relação aosque praticam cromoterapia, joreye apometria, não há tambémporquê confundi-los com os pas-ses espíritas, definidos por Kar-dec. O mesmo, em relação às ins-tituições que, embora se utilizemdo nome “espírita”, usam para-mentos, roupas especiais para osmédiuns, reuniões mediúnicaspúblicas, altares e imagens. As-sim também, para os termose/ou atividades pertinentes àumbanda, ao candomblé e a ou-tras escolas espiritualistas quetêm diretrizes doutrinárias dife-rentes da kardequiana. Emborarespeitemos estes modos de se

trabalhar a mediunidade, o ani-mismo ou a cura, através dos fe-nômenos que denominamos ge-nericamente “mediunismo” (semqualquer idéia pejorativa), o certoé que: se não se trata de uma ati-vidade ou organização em sinto-nia com Kardec, não se pode di-zer que ela seja genuinamenteespírita. Então, manda a boa éti-ca que estes grupos se utilizemde seus próprios nomes e dostermos que representem um me-lhor designativo de suas práticas,a fim de não confundirem o po-vo. Simplificando: a atividade é es-pírita? Para fazer jus a este quali-ficativo, só deverá ser coordena-da ou dirigida por espíritas, e es-tar, de preferência, alinhada como Movimento Espírita de Unifi-cação, onde o termo espíritaprescinde de explicação. Não ca-be, pois, dizer-se, por exemplo:centro espírita kardecista ou demesa, linha branca etc. O mesmo,em relação ao trabalhador doMovimento Espírita: não se no-meia um espírita de kardecista,pois isto é pleonasmo. Não existe,

Coerênciadoutrinária

QJU L I O CE S A R D E SÁ RO R I Z

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portanto, a necessidade de sequalificar o que já é qualificado.Espírita ou espiritista define umapessoa que está alinhada com osconceitos estabelecidos nas obrasbásicas do Espiritismo, seja eletrabalhador, freqüentador da Ca-sa Espírita ou cidadão anônimo.Mas, há ainda um pequeno deta-lhe a ser considerado: existempessoas que aceitam Kardec, fre-qüentam a Casa Espírita e, aindaassim, não são verdadeiramenteespíritas. Kardec escreveu em OEvangelho segundo o Espiritismo(cap. XVII, item 4, Ed. FEB): “Re-conhece-se o verdadeiro espíritapela sua transformação moral epelos esforços que emprega paradomar suas inclinações más”. Ouseja, não basta ler romances me-diúnicos, gostar de livros de au-to-ajuda espiritualizante, parti-cipar do Movimento Espírita ousó se identificar intelectualmentecom o que está nas obras básicasdo Espiritismo. É preciso, muitomais do que isso: esforçar-se pa-ra, sinceramente, ser espírita naação cotidiana e no pensamento.

As obras de Allan Kardec, LéonDenis, Gabriel Delanne e outros, e,mais atualmente, as psicografadaspor Francisco Cândido Xavier, são

roteiros fundamentais para a com-preensão do Espiritismo no mun-do. Existem inúmeras subsidiárias,mas há outras obras (mediúnicasou não) que não estão alinhadascom a Doutrina Espírita. Por isso,cada vez mais, exige-se que o co-nhecimento do espírita seja fir-mado primeiramente nas obras daCodificação.

Quando a Casa possui médiunspsicógrafos, produtores de livrosmediúnicos, e editora própriapara a produção, distribuição evenda de seus livros, é necessárioter muito cuidado para que o in-teresse editorial não prejudique oaspecto doutrinário. Dentro destetema, há também que se cuidarpara que os livros expostos na li-vraria ou na biblioteca da CasaEspírita sejam devidamente anali-sados pelos dirigentes com vistasà coerência doutrinária. Um ou-tro aspecto: a escolha dos exposi-tores nas palestras públicas. Estessó devem ser chamados para talfunção se, e somente se, foremnotoriamente espíritas. Não bastaque sejam profissionais da comu-nicação, psicólogos, médicos, filó-sofos, doutores etc. A exposiçãodoutrinária é uma das mais im-portantes tarefas do trabalhador

espírita. Os bons expositores sãoaqueles que estão cotidianamentena prática doutrinária, exercen-do suas atividades como traba-lhadores da Casa Espírita. Torna--se, portanto, necessário saber, comantecedência, o que os oradoresconvidados realizam no Movi-mento Espírita.

Enfocando agora o assunto emfunção dos médiuns, estes tambémprecisam ser reconhecidamenteespíritas. Médium que não estudao Espiritismo e não colabora nosserviços da caridade desinteressa-da na Casa onde exerce sua mediu-nidade, fica estacionário, podendoser presa fácil de obsessores inteli-gentes, inimigos do Espiritismo. Omesmo, em relação aos que cola-boram na administração, secreta-ria, tesouraria etc. Demasiado, en-tão, dizermos que todos os cargosde direção da Casa Espírita só de-vem ser ocupados por espíritasvinculados aos trabalhos doutri-nários da própria instituição, vo-luntária e graciosamente.

Tudo isto é uma questão decoerência doutrinária: de se tercuidado com o que ocorre na Ca-sa Espírita, que serve de espaço fe-cundo à Causa do Espiritismo nomundo.

32 Reformador • Agosto 2008331100

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33Agosto 2008 • Reformador 331111

Terra é planeta-escola, queabriga uma sociedade cujascaracterísticas de imperfei-

ção e fraqueza estão adequadas àsnecessidades de Espíritos carecedo-res de oportunidades, a lhes ofere-cerem meios de expungir do acer-vo pessoal as mazelas que impe-dem ascensão aos planos superio-res da Eternidade. A vida de relaçãoé, assim, valioso recurso para exer-cício dos elevados atributos inte-lectuais e morais da alma, com vis-tas à vida eterna, apanágio de to-dos os Espíritos, rumo à perfeição.

As adversidades, os infortúnios,as dores em geral são meios de pu-rificação da natureza espiritual quenos é própria, por isso, não deverãoser considerados punições, e sim,oportunidades redentoras, estimu-lando-nos os esforços, no caminhoda própria libertação. Há que con-siderar, ainda, que ninguém maisnos impõe sofrimentos, senão nóspróprios, criando, no pleno uso daliberdade e do livre-arbítrio, o de-terminismo que nos coloca diantedos inflexíveis efeitos da Lei Causal.

As aflições que nos visitam obje-tivam estimular-nos o esforço, nãosomente para compreendê-las, mas

também para envidarmos esforçosconcretos na sua erradicação, por-que, embora a vida material nospareça suficiente e completa em simesma, na realidade visa o pro-gresso da natureza eterna que nos épeculiar: a natureza espiritual.“Bem--aventurados os que sofrem porqueserão consolados” (Mateus, 5:4),sentenciou Jesus. Como comple-mento dessa máxima, ensina-nos odivino Mestre que a coragem, a re-signação e humildade são as forçasque otimizam a conquista do pro-gresso, enquanto a revolta, a rebel-dia, o orgulho e a fraqueza retar-dam-lhe o advento.

Os resgates, expiações e provasa que estamos sujeitos, durante avida material, são criações nossas.Os acontecimentos do presenteestarão sempre com raízes no pas-sado. Nossos agressores e adversá-rios nada mais são que auxiliaresda nossa evolução; instrumentosutilizados pelo automatismo daLei,para que a justiça se cumpra. Eispor que a vingança será sempre umsentimento desprovido de senti-do! É como se estivéssemos des-truindo um remédio amargo, quenos livrará de enfermidade pertinaz.

Se quisermos bem aproveitar aoportunidade encarnatória, evi-tando a repetição de experiênciasmal-sucedidas, há que exercitar-mos a capacidade de renúncia e oespírito de serviço, conquistando,através deles, o enriquecimento doacervo de realizações, com que re-tornaremos à Pátria Espiritual por-tando bagagem que nos situará noconvívio dos justos. Os elementospara a consecução desse objetivo se-rão encontrados nos ensinamentosdo Evangelho de Jesus, amplamen-te explicados pela Terceira Revela-ção, que é a Doutrina Espírita.

Sofrimento,alavanca do progresso

AMAU RO PA I VA FO N S E C A

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s círculos espíritas da Capi-tal Federal acolherão, de 5 a7 do próximo mês, os que

na seara do Consolador Prometidose dedicam ao cultivo dos ideais daLíngua Internacional Neutra, asso-ciando-a à divulgação do Espiritis-mo para além de nossas fronteiras.

Os dois primeiros Encontrosocorreram em Ribeirão Preto (SP)e em Uberlândia (MG), respectiva-mente em 2006 e 2007, com ostemas “A Casa Espírita e o Esperan-to” e “O Livro dos Espíritos e o Es-peranto – 150 Anos de Divulgaçãodo Consolador”, ambos com ricaprogramação em que se incluíram,além da temática espírita, exibição de filmes em es-peranto, atividades especiais para jovens, cursospráticos da língua, lançamento de livros, entre ou-tros itens.

O 3o Encontro, que seguirá a mesma linha, ocor-rerá na sede do Grupo Espírita Fraternidade, es-tando a nosso cargo a palestra sobre o tema princi-pal – “Transição Planetária” –, a ser proferida nasessão de abertura, às 20 horas do dia 5.

O dia 6 será todo dedicado, das 8h30 às 17h45, apalestras sobre temas baseados na obra La Evange-lio la9 Spiritismo (O Evangelho segundo o Espiritis-

mo), de Allan Kardec, e a um item de especial rele-vância, quando os participantes ouvirão a palavrado presidente da FEB, Nestor João Masotti, sobreas atuais diretrizes da Casa de Ismael a respeito doesperanto.

No dia 7, que ainda contará com mais uma pa-lestra sobre o Evangelho, será discutida a propostade um regulamento definitivo para os Encontros,reservando-se o tempo, a partir das 11h, para o en-cerramento, cantos e almoço de despedida.

Folhetos com a programação completa, incluin-do-se ficha de inscrição e relação de hotéis, já

Brasília (DF) – 5 a 7 de setembro

O

34 Reformador • Agosto 2008 331122

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

3 o Encontro Nacional deEsperantistas-Espíritas

Cartaz de divulgação do 3º Encontro Nacional de Esperantistas-Espíritas

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foram distribuídos aos participantes do 43o Con-gresso Brasileiro de Esperanto, ocorrido em julhona cidade de Fortaleza (CE), bem como enviados adiversos centros espíritas do Brasil.

A página eletrônica do 3o Encontro é:www.bres.org.br

Noticiário Esperantista

Duas importantes notícias sobre as atividadesem torno do esperanto no Brasil e no Exterior co-lhemos em textos publicados por nosso operoso ami-go, jornalista esperantista-espírita, Fabiano Henri-que, respectivamente no site http://www.oconsola-dor.com.br/80/ano2/58/esperanto.html e no núme-ro de maio/2008 do periódico Esperanto, órgão oficialda Universala Esperanto-Asocio (Associação Uni-versal de Esperanto), p. 109. Ei-las:

A BUSS (British Union of Spiritist Societies), sediada

em Londres, promoverá o curso básico para o apren-

dizado do Esperanto, com início em 5 de junho, às 19

horas, na sede da BUSS, situada na Oxford House, 1o

andar, sala 9. Já estão encerradas as inscrições para a

primeira turma. Serão 16 semanas de aula, e, em se-

guida, a revisão e avaliação do curso. Serão utilizados

como fonte de ensino alguns dos ma-

teriais gratuitos da Esperanto Asocio

de Britio (Associação Britânica de Es-

peranto) e material de áudio e vídeo

do Lar Fabiano de Cristo. Será uma

primeira experiência, dado que houve

interesse em espíritas de Londres para

que possam, no futuro, visitar os espí-

ritas amigos na Estônia, Hungria, Po-

lônia, República Tcheca, promovendo

o intercâmbio da informação espírita.

A bela iniciativa, que se deve ao fer-vor de nossa co-idealista Elsa Rossi, res-ponsável pela Coordenadoria de Apoioao Movimento Espírita da Europa doConselho Espírita Internacional (CEI),constitui-se no embrião do que o futu-

ro verá como o coroamento das atividades em tornodo esperanto, desenvolvidas desde 1909 pelos espíri-tas brasileiros, isto é, o cultivo do idioma no seio dacomunidade espírita mundial e conseqüente adoçãocomo língua para as suas relações internacionais.

Segundo o boletim do IBOPE, o mais importante ins-

tituto de pesquisas do Brasil, o programa “Esperanto,

a Língua da Fraternidade”, da Rádio Rio de Janeiro, é

o terceiro mais ouvido em toda a região do Rio de Ja-

neiro. Os números se referem ao período outubro –

dezembro de 2007 e representam a maior audiência

na história do programa, criado há 21 anos.

Nas terças-feiras, à tarde, a Rádio Rio de Janeiro só

perde em audiência para as duas estações mais po-

derosas, que são a Tupi e a Globo.

De acordo com o líder do programa, Givanildo Costa,

este fato revela o acerto da estratégia, tanto no formato

como na apresentação, graças ao seu estilo popular, sen-

do o Esperanto tratado de forma dinâmica, simples e

jovem, com estímulo à participação direta dos ouvintes.

Givanildo também destaca o nível de qualidade da

equipe de produtores, a voz de Joel Manso, corifeu

da radiofonia esperantista no Brasil, além de Renaud

Hetmanek, Julieta Dulce e Fabiano Henrique.

35Agosto 2008 • Reformador 331133

Givanildo Costa entrevista o presidente da Rádio Rio de Janeirosobre a programação de Esperanto na Emissora

Page 36: Revista Reformador de Agosto de 2008

36 Reformador • Agosto 2008 331144

história que você irá ler édiferente daquelas que fa-lam de comemoração de

centenário de instituição espírita.Em 2006, aos noventa e nove

anos de operosa existência, a Fede-ração Espírita do Estado do Riode Janeiro (FEERJ), criada em 30 dejunho de 1907, renunciou à fun-ção federativa em favor de um úni-co e novo representante. Assim ofez em cumprimento ao compro-misso assumido perante o plená-rio do Conselho Federativo Na-cional (CFN), da Federação Espí-rita Brasileira, na reunião de no-vembro de 2000. Nesse encontro, aFEERJ apresentou ao Brasil espíri-ta ali reunido seu projeto de Unifi-cação do Movimento Espírita flu-minense, congregando a FEERJ e aco-irmã União das Sociedades Es-píritas do Estado do Rio de Janeiro(USEERJ), por esta chancelado.

O amor à unificação falou maisalto e foi determinante quandose fez necessária a renúncia daFEERJ.

Nesse encontro, ocorrido na FEB,foi registrada a presença do EspíritoDr. Guilherme Taylor March, médi-co homeopata, o que denota o inte-

resse dos Espíritos superiores pelaunificação.

Com a unificação, o centenárioda FEERJ, como Federativa, nãose consumou.

Hoje, o Instituto Espírita Bezer-ra de Menezes (IEBM), sucessorda FEERJ, sediado em Niterói, re-cebe semanalmente mais de milpessoas nas seis reuniões doutri-

nárias; os grupos de ESDE funcio-nam em diversos horários e a obraassistencial Instituto Dr. Marchprossegue dedicada à infância des-valida, agora como creche, em par-ceria com a Prefeitura da cidade.

Voltando no tempo, percebemosque foi profícuo o trabalho desen-volvido pela FEERJ nesses 99 anoscomo Federativa. Foi ela a inicia-

Cem anosde amor

AHÉ L I O RI B E I RO LO U R E I RO

Fachada do prédio da FEERJ

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dora, na década de 70, doséculo passado, dos cursosde formação de evangeliza-dores para a infância e amocidade, em várias cidadesfluminenses, sob a respon-sabilidade de Luzia Peres –esposa do operante FlorianoMoinho Peres –, em compa-nhia de Cecília Rocha, hojevice-presidente da FEB.

No início do último sé-culo, quando a intolerân-cia religiosa era crescente, aFEERJ manteve as portasabertas, com reuniões de es-tudo e de assistência espi-ritual àqueles que não en-contravam alívio para o so-frimento e respostas às dúvidas nasreligiões tradicionais.

Na Sessão Solene de julho de1922, na FEERJ, Vianna de Carva-lho, homenageando o Dr. March,desencarnado no mês anterior,propôs a criação de uma Casa As-sistencial para crianças com o no-me do Dr. March, o “Anjo de Guar-da de Niterói”, designação dadapelo povo em razão do receituáriohomeopático gratuito.

No Instituto Espírita Bezerrade Menezes, sucessor da FEERJ, en-contra-se depositada uma carta deFrancisco Cândido Xavier, doan-do à FEERJ os direitos autorais dasua obra psicográfica Cartas deuma morta. A dádiva é a respostaaos diretores da Instituição que oprocuraram, na década de 30, embusca de orientação para a manu-tenção de uma Casa Assistencial –hoje Instituto Dr. March.

Foi na sede da FEERJ que fun-

cionou durante décadas a repre-sentação do Movimento Esperan-tista mais antigo do Brasil, o Clu-be de Esperanto de Niterói, fun-dado em 1906.

É justo destacar um interessan-te detalhe: na sede da então FEERJsurgiram vários grupos espíritas.Podemos mesmo afirmar que osmaiores centros espíritas de Nite-rói tiveram na FEERJ o seu pontode partida.

Os grandes eventos do Movi-mento Espírita fluminense foramrealizados na histórica sede doCentro de Niterói, ou sob o seupatrocínio.

Não podemos esquecer que aprimeira Confraternização dosJovens Espíritas do Estado do Riode Janeiro (COMEERJ) ocorreu naFEERJ, no início da década de 70,do século passado.

A renúncia da FEERJ à sua fun-ção Federativa, assim como ocor-reu com a USEERJ, foi a grandecontribuição e expressão de amorà Unificação do Movimento Es-pírita no Estado do Rio de Janei-ro. Constitui uma marca indelé-vel que reproduz as palavras deJesus: “Meus discípulos serão co-nhecidos por muito se amarem”.(João, 13:35.)

37Agosto 2008 • Reformador 331155

Inauguração da Rua Esperanto, durante o XV Congresso Brasileirode Esperanto, realizado em 1957 na cidade de Niterói

No artigo “Identidade revelada após 150 anos”, de EnriqueEliseo Baldovino, publicado em Reformador de abril de 2008, ondese lê (p. 40, 2a coluna) “promulgada em 27 de dezembro de 1858”,leia-se “promulgada em 27 de fevereiro de 1858”.

Retificando...

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Sessão de Abertura

No dia 23, às oito horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, iniciadapelo secretário-geral do Conse-lho Federativo Nacional da FEB ecoordenador das Comissões Re-gionais, Antonio Cesar Perri deCarvalho. Seguiu-se a saudaçãopelo vice-presidente da FEB, Al-tivo Ferreira, representando opresidente Nestor João Masotti,sendo a prece proferida pela pre-sidente da Federativa anfitriã,Sandra Farias de Moraes. O coor-denador da Reunião apresentou

a equipe da FEB e convidou ospresidentes das Federativas a apre-sentarem suas equipes. A reuniãocontou com a participação dasseis Entidades Federativas Esta-duais da Região: Cármen SílviaNogueira Braga Souza (represen-tante da Federação Espírita do Acre),Augusto Cezar Barbosa Brito (Fe-deração Espírita do Amapá), Pe-dro Barbosa Neto (Federação Es-pírita de Rondônia), Francisca Ve-ra Moreira Israel (Federação Es-pírita Roraimense), Najda Mariade Oliveira Santos (União Espí-rita Paraense).

Seminários e Palestra

Antecedendo a Reunião da Co-missão Regional Norte, na tardedo dia 22, entre 16h e 18h30, foidesenvolvido, nas dependênciasda Federação Espírita Amazo-nense, o seminário “A tarefa e otarefeiro”, com a atuação de RuteRibeiro e Marco Leite, respecti-vamente, diretora e integrante daequipe da FEB.

No dia 23, à noite, foi proferi-da palestra sobre o tema “150Anos de Revista Espírita e do 1o

Centro Espírita do Mundo”, por

Reunião da ComissãoRegional Norte

A Reunião da Comissão Regional Norte, em seu vigésimo segundo ano, desenvolveu-senos dias 23 a 25 de maio de 2008, nas dependências do Instituto Denizard

Rivail, em Manaus, Amazonas

Mesa composta por representantes da FEB e das Federativas

Conselho Federativo Nacional

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Antonio Cesar Perri de Carvalho,no auditório da Assembléia Le-gislativa do Estado do Amazonas.

Após o encerramento das reu-niões dos dirigentes e das áreas,ocorreu, entre 16 e 18 horas dodia 24, o seminário “Implemen-tação de Orientação ao CentroEspírita”, desenvolvido por Anto-nio Cesar Perri de Carvalho eMarco Leite.

Reunião dos Dirigentes

Ocorreu durante o sábado, dia24. A direção dos trabalhos cou-be ao coordenador das Comis-sões Regionais, com a participa-ção do secretário da ComissãoRegional Norte, Manuel FelipeMenezes da Silva Júnior, partici-pação do vice-presidente da FEB,Altivo Ferreira, e de Marco Leite,integrante da equipe da Secreta-ria-Geral do CFN.

Os dirigentes das Federativastrataram do tema: “O Papel doDirigente como Multiplicadorno Centro Espírita”, que foi am-plamente discutido, definindo-se

que juntamente com o tema daComissão Regional Nordeste“Gestão Federativa”, deverá serpreparada uma minuta de pro-posta para o CFN. Foram relata-das ações sobre: andamento decomemorações dos Sesquicente-nários da Revista Espírita, e daSociedade Parisiense de EstudosEspíritas, e dos 140 anos de AGênese; a implementação do“Plano de Trabalho para o Movi-mento Espírita Brasileiro (2007--2012)”; o curso de CapacitaçãoAdministrativa de Dirigentes Es-píritas; as Campanhas Família,Vida e Paz, com destaque para aMobilização Nacional Em Defesada Vida – Brasil Sem Aborto.Discutiu-se uma maneira de es-tudar e desenvolver propostaspara a Comissão de Estudos so-bre a Arte Espírita (constituídapelo CFN), e também foram re-cebidas sugestões para o 3o Con-gresso Espírita Brasileiro, pro-gramado para 14 a 18 de abril de2010. Decidiu-se que o tema pa-ra a reunião dos dirigentes em2009 será “O Dirigente Espírita

como Multiplicador, nos dife-rentes níveis da Gestão Federati-va”, tendo como subtítulo “AçõesPráticas”; ficou também acerta-do que será implementado o Pla-no de Trabalho com dois subte-mas: “Resultados do Preparo dasLideranças na Dinamização doPlano de Trabalho para o Movi-mento Espírita” e “Acompanha-mento do Plano de Trabalho”.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das áreas especiali-zadas, todas elas com a participa-ção de trabalhadores dos Estadosda Região: Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, AtividadeMediúnica, Comunicação SocialEspírita, Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, Infância e Ju-ventude, e Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Sessão Plenária

Ao final, na tarde de sábado,houve uma reunião plenária

Grupo de Dirigentes e Assessores

39Agosto 2008 • Reformador 331177

Page 40: Revista Reformador de Agosto de 2008

desenvolvida como mesa--redonda, dirigida pelo co-ordenador das ComissõesRegionais, com a participa-ção do secretário da Co-missão Regional Norte,Manuel Felipe Menezes daSilva Júnior, do vice-presi-dente da FEB Altivo Ferreira edos presidentes das Federativas.Foi informado que a próximareunião será realizada na cidadede Boa Vista (Roraima), nos dias11, 12, 13 e 14 de junho de 2009.

O secretário da Comissão e oscoordenadores das Áreas fize-ram uma apresentação sintéticaacerca do tema discutido e indi-cação do tema para a próximareunião, seguindo-se a par-ticipação do Plenário comdiversas manifestações. Eisos relatos dos trabalhos rea-lizados nas seguintes reu-niões setoriais:

Reunião da Área do Aten-dimento Espiritual no Cen-tro Espírita, coordenada porVirgínia Roriz, representan-

te da coordenadora da Área, Ma-ria Euny Herrera Masotti. Assun-to da reunião: “Sistematizaçãodas atividades da Área Espiri-tual”. Tema para a próxima reu-nião: “Sistematização do Traba-

lho do Passee na Área doAtendimentoEspiritual”.

Reunião daÁrea da Ativi-dade Mediú-nica, coorde-nada por Mar-ta Antunes deOliveira Mou-ra, com asses-soria de EdnaMaria Fabro.Assunto da

reunião: “Elaboração de um ro-teiro sobre A Prática Mediúnica”.Tema para a próxima reunião:“Resultados da Divulgação eAplicação do Documento Orga-

nização e Funcionamento daReunião Mediúnica”.

Reunião da Área da Comuni-cação Social Espírita, coordena-da por Merhy Seba, com asses-soria de Ivana Leal Raisky.Assunto da reunião: “Elabora-ção do Manual de Comunica-ção Social Espírita: análise dascontribuições”. Tema para a pró-xima reunião: “Contribuição daÁrea de Comunicação SocialEspírita ao Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita, noque se refere às Diretrizes eAção”. Informou-se sobre o 1o

Encontro Nacional da Área deComunicação Social Espírita,programado para o período de11 a 13 de julho de 2008, emGoiânia.

Reunião da Área do EstudoSistematizado da Doutrina Espí-rita, coordenada por Maria Tú-lia Bertoni, representante dacoordenadora da Área, a vice-

Área da Atividade Mediúnica

Área da Comunicação Social Espírita

Área do Atendimento Espiritual

40 Reformador • Agosto 2008 331188

Page 41: Revista Reformador de Agosto de 2008

-presidente Cecília Rocha. As-sunto da reunião: “Rever as con-clusões do II Encontro Nacionalde Coordenadores do ESDE; es-tabelecer os conteúdos para oIII Encontro Nacional de Coor-denadores do ESDE previsto pa-ra julho de 2008; continuar como censo estatístico”. Tema para apróxima reunião: “Elaboração deum Plano de Ação do ESDE Fe-derativo”. Foi informado sobre oIII Encontro Nacional de Coor-denadores do ESDE, programa-do para o período de 25 a 27 dejulho de 2008, na sede da FEB.

Reunião da Área da Infância eJuventude, coordenada por RuteRibeiro, com assessoria de CirneFerreira. Assunto da reunião:“Juventude Espírita”. Tema paraa próxima reunião: “JuventudeEspírita: 1) complementaçãodos dados sobre a juventudecom vistas a formar o perfil dajuventude espírita; 2) ações que

visem corrigir as dificuldadesencontradas no censo; 3) capaci-tação do evangelizador de ju-ventude; 4) apresentação peloPará dos resultados do Fórumsobre a evangelização na CasaEspírita”.

Reunião da Área do Serviço deAssistência ePromoção So-cial Espírita,coordenadapor Maria deLourdes Pe-reira de Oli-veira, repre-sentante docoordenadorda Área, JoséCarlos da Sil-va Silveira. As-sunto da reu-nião: “Os re-sultados, na área do SAPSE, daexecução do Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Bra-

sileiro”. Tema para a próxi-ma reunião: “Apresentaçãode resultados, na Área doSAPSE, do Plano de Traba-lho para o Movimento Es-pírita Brasileiro, buscando--se dar ênfase à diretriz no 5,visto que se verificou a ne-

cessidade de integração e articu-lação da rede interna e promovera capacitação contínua”.

Sessão de Encerramento

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despedi-

das dos presidentes das EntidadesFederativas Estaduais; o secretá-rio da Comissão Regional Norte,

o coordenador das Comis-sões Regionais e o vice-pre-sidente da FEB agradecerama colaboração e apoio de to-dos, sendo a prece proferidapor Francisca Vera MoreiraIsrael, presidente da Federa-ção Espírita Roraimense, an-fitriã da Reunião para o anode 2009.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Seara Espírita

Minas Gerais: Semana do CentenárioA União Espírita Mineira promoveu a “VI SemanaEspírita – Doutrina e Unificação”, nos dias 23 a 28 dejunho de 2008. Todo o evento foi comemorativo doCentenário da UEM e no dia específico da efeméride– 24 de junho –, sendo o vice-presidente da FEB AltivoFerreira o conferencista convidado.

Mato Grosso: Confraternização EstadualA Federação Espírita do Estado de Mato Grosso(FEEM) promoveu, na cidade de Rondonópolis, nosdias 11, 12 e 13 de julho, a 14a Confraternização dosEspíritas de Mato Grosso. José Raul Teixeira fez apalestra de abertura deste evento bienal, que tevecomo tema central “O Espiritismo em revista: 150anos da Revista Espírita”.

Honduras: Congresso da América Central eCaribe

A Coordenadoria do Conselho Espírita Internacio-nal para a América Central e Caribe promoveu o “IIICongresso Centroamericano, Panamá e o Caribe”, nacidade de Tegucigalpa (Honduras), nos dias 27, 28,29 e 30 de junho. Entre os representantes do CEI eexpositores, atuaram no evento: os diretores da FEBJoão Pinto Rabelo e Marta Antunes de OliveiraMoura, e os integrantes da equipe da FEB e do CEIRoberto Fuina Versiani e Luís Hu Rivas.

Araçatuba: Comemoração e SeminárioA USE Intermunicipal de Araçatuba promoveupalestra nas dependências da Câmara de Vereadores,no dia 26 de junho, em comemoração aos 125 anosde nascimento da pioneira Benedita Fernandes; nodia 29 realizou-se o seminário “Unificação e Planode Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro”.Os dois eventos foram desenvolvidos pelo diretor daFEB Antonio Cesar Perri de Carvalho.

P. Leopoldo (MG): Semana Chico XavierO Centro Espírita Luiz Gonzaga, a Aliança Muni-

cipal Espírita (AME-PL), a Fundação Chico Xavier ea Casa de Chico Xavier realizaram, no período de27 a 30 de junho passado, a V Semana Espírita ChicoXavier, tendo como tema central “O Espiritismo – deChico Xavier aos dias de hoje”, cuja abertura ocorreuna Câmara Municipal, com palestra do presidente daUnião Espírita Mineira, Marival Veloso de Matos.

Casas Espíritas CentenáriasCentro Espírita Caridade e Fé: fundado em Jabotica-bal (SP), por Francisco Volpi, no dia 13 de maio de1908, está comemorando o seu centenário com umasérie de atividades durante todo o ano de 2008.

Grupo Espírita Fora da Caridade não há Salvação:primeiro Centro Espírita da cidade de Piracicaba(SP), foi fundado em 25 de março de 1906 e, man-tendo seus trabalhos doutrinários e assistenciaisdurante os cem anos de existência, dispõe, hoje, deexcelente sede própria.

Grêmio de Propaganda Espírita Luz e Amor: cons-tituído em 1o de junho de 1901, comemorou seus107 anos de atividade com uma série de palestras, nodecurso do mês de junho passado, em sua sede: RuaSilva Cardoso, 673, Bangu, Rio de Janeiro (RJ).

São Paulo: A Arte no Trabalho EspíritaA USE Distrital de Jabaquara promoveu o seminário“A Arte no Trabalho Espírita”, no dia 29 de junho, nasede do Núcleo Assistencial Espírita Francisco deAssis, em São Paulo. O objetivo do seminário foiproporcionar, por meio da Arte, um momento deautoconhecimento interativo, onde pessoas de todasas idades convivessem com músicos, escritores, bai-larinos, cantores e pintores.

Bélgica: Simpósio sobre Nova Pedagogia“O Espiritismo para Uma Nova Pedagogia” foi o te-ma escolhido para o 9o Simpósio, organizado pelaUnião Espírita Belga, sediada em Liège, com a parti-cipação dos países francofônicos, que ocorreu nosdias 21 e 22 de junho, na cidade de Soumagne.

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