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Revista Reformador de Dezembro de 2004

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A tarefa da regeneração – Juvanir Borges de Souza 5 Regeneração da Humanidade – Allan Kardec 7 Natal, um convite à Paz – Adésio Alves Machado 8 Convite à luta – Bezerra 9 O credor incompassivo – Richard Simonetti 10 Dentro de nós – Bartolomeu dos Mártires 14

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 122 / Dezembro, 2004 / No 2.109

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

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Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298

Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: O tema – A LUZ DO MUNDO – éuma homenagem a Jesus, no mês do Natal, inspi-rada na Sua afirmação: “Eu sou a luz do mundo...”

EDITORIAL 4A Luz do Mundo

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 12Poderá a Ciência substituir a Religião? – Weimar Muniz de Oliveira

ENTREVISTA: THEREZINHA DE OLIVEIRA 13Coerência doutrinária e vivência no Movimento Espírita

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Natal – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 28A língua que veio do Céu – Affonso SoaresDuas belas e fecundas iniciativas 29Splendoj – Afonso Celso 29

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 37Períodos de transição na Humanidade – LamennaisA voz de Deus – Galileu

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL 3910a Reunião Ordinária do CEI em Paris

SEARA ESPÍRITA 42

A tarefa da regeneração – Juvanir Borges de Souza 5Regeneração da Humanidade – Allan Kardec 7Natal, um convite à Paz – Adésio Alves Machado 8Convite à luta – Bezerra 9O credor incompassivo – Richard Simonetti 10Dentro de nós – Bartolomeu dos Mártires 14Os Efeitos da Prece e o Modelo Médico-Espírita – 15

Jorge Cecílio Daher Jr.No silêncio da saudade – Fontes da Luz 16Jesus, Sol de primeira grandeza – Bezerra 17200 anos de Allan Kardec 17Os filhos da guerra – Carlos Abranches 18Cartão de Natal – Meimei 20Doutrina Espírita – Saber Universal Livre e Crítico – 22

Dalva Silva SouzaEspiritismo – André Luiz 24Casa sobre rocha – João Martins e Martins da Silva 25Sobre o amor – Paulo Nunes Batista 27Faz Jesus sofrer a seus amigos? – Renato Costa 30Planos espirituais – Washington Borges de Souza 32Neste Natal de Jesus – Inaldo Lacerda Lima 33Em dia com o Espiritismo – III – Marta Antunes Moura 34Avante! – Damasceno Vieira 35Adriano Barros 36Câmara Federal homenageia Kardec 38

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Depois de liberar a mulher que estava sendo acusada de adultério, Jesus afirmou: “Eu sou a luz do

mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida.” (João, 8:12.)

O Evangelho de João, que registra esses fatos, informa, também, que os fariseus questionaram a

veracidade da afirmação de Jesus por estar testificando de si mesmo, ao que o Mestre respondeu: “Pos-

to que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim, e para

onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou.” (8:13-14.)

Os Espíritos Superiores esclarecem, através da Doutrina Espírita, que Jesus é o Guia e Modelo

para toda a Humanidade. Veio para ensinar e exemplificar a prática das Leis de Deus e para mostrar

o caminho de evolução e aprimoramento que cabe a todos trilhar, deixando testemunhos que mar-

caram a história do mundo e sinalizaram com clareza e abundância de informações o roteiro que nos

cabe seguir.

O curto período em que esteve convivendo com os homens foi suficiente para deixar-nos um

manancial de ensinos, exemplos, testemunhos, gestos e atitudes sempre marcados pela vivência in-

condicional da Lei de Amor, o que o levou a afirmar: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis

uns aos outros assim como eu vos amei.” (João, 13:34.)

Nesta fase de transição em que os homens se agitam inquietos, andando nas trevas da violência,

da incredulidade, da leviandade e, por decorrência, da dor, do sofrimento e da insegurança, a Luz do

Cristo mostra o rumo a seguir na busca da paz interior que todos almejamos, ao mesmo tempo em

que ilumina o caminho de libertação que a bondade divina a todos reserva.

A afirmação de Jesus, com a autoridade moral e espiritual que lhe é própria – que vem se conso-

lidando no coração do homem desde os exemplos de amor e perdão testemunhados há dois mil anos

–, representa um convite permanente à transformação interior, na substituição das trevas, que carac-

terizam nossas imperfeições, pela luz das virtudes que nos cabe conquistar.

EditorialA Luz do Mundo

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Este mundo em que habitamossempre se caracterizou porapresentar inúmeros proble-

mas e dificuldades afetando tanto atrajetória vivencial dos indivíduosquanto a vida de relação entre eles.

A Humanidade, imperfeita eatrasada, será escrava das paixões edos erros comuns neste mundo deexpiações e provas, enquanto não seregenerar.

Passaram os milênios com apresença do homem na Terra, aper-feiçoando-se intelectualmente.

O Governador do Orbe, oCristo de Deus, assiste seus tutela-dos desde o princípio, enviando--lhes emissários para aclarar-lhes ocaminho.

Em determinado momento dahistória humana, o próprio Cristovem à Crosta Terrestre e deixa seulegado para a Humanidade de todosos tempos – Seu Evangelho de Luz.

Muitos séculos após, esse mar-co inconfundível da História éacrescido com novos conhecimen-tos e reposições dos conceitos e ver-dades divinos que os homens nãohaviam assimilado devidamente, esurge o Consolador prometido – oEspírito de Verdade.

Hoje, a luz da verdade está dis-ponível para todos os povos e raçashumanas.

Mas, é evidente que ao homemcompete realizar sua parte para be-neficiar-se com a Verdade Conso-ladora.

No que concerne aos conheci-mentos referentes à matéria, o ho-mem avançou muito com as ciên-cias, tanto nas pesquisas quanto nasaplicações delas.

Como conseqüência, o mundoexistencial e vivencial do século emque estamos apresenta-se diferentee melhor que o de séculos ante-riores.

Mas os conhecimentos cientí-ficos referentes tão-somente à ma-téria não são suficientes para o en-caminhamento do homem ao seudestino.

Já que o homem é um ser dual,no qual prevalece e subsiste o Espí-rito eterno e não o corpo perecível,há um evidente equívoco em se cui-dar do secundário e esquecer-se doessencial.

Entretanto, é essa a realidadeque se pode observar na maior par-te dos habitantes deste mundo.

Por isso mesmo a Terra tem si-do e continuará sendo o mundo deprovas e expiações que todos co-nhecemos, enquanto não se trans-formarem os objetivos essenciais davida no Planeta.

Não há um prazo, um tempopredeterminado, para a transforma-ção visando a regeneração da vivên-cia dos seres espirituais que aquiaportam.

Esse tempo será o correspon-dente aos esforços, ao trabalho ade-quado, ao aproveitamento visadopelos Espíritos que encarnam ereencarnam neste planeta.

O progresso só se caracteriza,como lei divina, quando atinge oser essencial. Não basta que o Espí-rito renasça e viva num meio tecno-lógico e materialmente adiantado,para que progrida. Torna-se neces-sária a evolução moral, com a aqui-sição definitiva das virtudes prescri-tas no Evangelho e no Consolador.O progresso verdadeiro dos indiví-duos e das coletividades há que serintelecto-moral, de acordo com asleis divinas.

O que tem caracterizado a vi-vência das sociedades humanas, noprincípio do século XXI , é a ondadas paixões, no seio dos povos e dasreligiões, gerando guerras, violência,conflitos, crimes, vícios de todaordem, insensibilidade diante dasnecessidades alheias, miséria física emoral.

Reverter esse quadro desoladornão é tarefa fácil, nem imediata,mesmo sabendo-se que, no seio dassociedades, já existem muitos nú-cleos e indivíduos propensos aobem, que já assimilaram as lições doCristo e as luzes do Consolador.Mas são minoria no mundo atual,precisando crescer em número, pa-ra a reversão da iniqüidade reinante.

Enquanto a maior parte da po-pulação terrena não vivenciar a fra-

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A tarefa da regeneraçãoJuvanir Borges de Souza

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ternidade legítima, isolando as in-fluências negativas da minoria recal-citrante, não poderá haver a de-sejada transformação moral destemundo.

O que a Espiritualidade Supe-rior tem informado aos homensdespertos é que a transmigração dosobstinados no mal, para outromundo, só se dará quando os incli-nados ao bem, os regenerados, osde boa vontade, os esclarecidosquanto ao sentido da vida consti-tuírem maioria.

Então, até mesmo por umprincípio de justiça superior, os quese comprazem no mal migrarão pa-ra outra esfera, ou mundo, compa-tível com suas condições morais,deixando de prejudicar os esforçosdos que querem progredir.

Até que ocorra a desejada rege-neração do nosso mundo, muitasgerações se sucederão.

Dores pungentes, físicas e mo-rais, espinheiros resultantes doegoísmo, do orgulho, da presunçãoe da ignorância continuarão a ca-racterizar a vida dos Espíritos encar-nados na Terra e dos desencarnadosnas esferas ligadas a ela.

Deduz-se, dos princípios daDoutrina Espírita, que aqueles queconseguirem superar as inferiorida-des de um mundo como o nosso,pelos seus esforços individuais, nãoserão prejudicados, nem serão obri-gados a reencarnações reajustadoras,mas ascenderão a Esferas compatí-veis com seu próprio desenvolvi-mento espiritual.

Mas a transformação da Terra,de mundo de expiações e provas pa-ra mundo regenerado, só se daráquando a maioria de seus habitan-tes estiver liberta das paixões oriun-das do orgulho escravizante, do

ódio sufocante, da inveja que infe-licita, sentimentos inferiores substi-tuídos pelo amor fraterno, a carac-terizar as relações humanas.

Nesse mundo regenerado, ex-purgado dos rebeldes, já encami-nhados a outro orbe, compatívelcom suas condições evolutivas, ain-da haverá diferenças individuais,seus habitantes ainda se sujeitarãoàs leis da matéria, com suas im-posições.

Entretanto, nele já não habi-tarão os negativistas, niilistas e ma-terialistas. Todos reconhecerão aexistência do Criador e de Suas leisuniversais, a reger toda a Criação.

As sociedades humanas seorientarão por leis e princípios mui-to mais justos e equânimes, sem asinjustiças e a indiferença que gerama miséria física e moral da atualida-de e do passado da Humanidade.

A educação, base para a evolu-ção individual, será preocupaçãopermanente de todos, não somenteno seu sentido de preparação eaprendizado intelectual, mas, sobre-tudo, de aperfeiçoamento moral,para o progresso no bem.

Não mais haverá dúvidas sobrea perpetuidade da vida, sobre a per-manente comunicação de pensa-mentos entre encarnados e desen-carnados e sobre todos os ensinostrazidos pelo Cristo, pelo Consola-dor e pelos novos desdobramentosda Verdade que ainda virão.

A estabilidade da fé se firmarána segurança de uma realidade, quese patenteará, para todos, nos pró-prios fatos, explicados à luz de umadoutrina coerente e lógica, resultan-te das verdades do Evangelho e doConsolador.

Para os espíritas sinceros de ho-je, não se torna impossível vislum-

brar o que será o nosso mundo re-generado.

Dentro das realidades que nosmostra a Doutrina Espírita, conso-ladora e esclarecedora, diante da Leido Progresso, lei divina estabeleci-da pelo Criador, que se evidenciaaos nossos entendimentos, já nosdias atuais, não resta dúvida de quecaminhamos para um futuro me-lhor.

Esse futuro coincide tanto comnossas aspirações quanto com osprincípios de uma Justiça superior,que emana do Alto e está presenteem todo o Universo.

“Os tempos são chegados” –na advertência da EspiritualidadeSuperior – não é letra morta e deveser entendida, por aqueles que des-pertam, que a época das transfor-mações já está em curso, apesar detodas as iniqüidades com as quais sedepara toda a Humanidade.

Evidentemente, não se poderiaesperar um mundo melhor, de paze fraternidade, dentro de um reinoem que predominam as misérias eas paixões humanas.

Então, cumpre reverter essequadro.

...

Como observa Emmanuel (ACaminho da Luz, p. 84 – 14a ed.FEB), os diversos povos do mundotrazem de longe as suas concepçõese as suas esperanças religiosas.

“A verdade é que todos os li-vros e tradições religiosas daantiguidade guardam, entre si,a mais estreita unidade subs-tancial. As revelações evolucio-nam numa esfera gradativa deconhecimento. Todas se refe-rem ao Deus impersonificá-

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vel, que é a essência da vida detodo o Universo, e no tradicio-nalismo de todas palpita a vi-são sublimada do Cristo, espe-rado em todos os pontos doglobo.”Há, portanto, nas religiões, um

núcleo, uma “estreita unidade subs-tancial” que lhes são comuns, repre-sentando o que vem de Cima.

Entretanto, no curso dos milê-nios, os homens introduziram, nasreligiões, idéias, interesses imedia-tistas e superstições, que abafaramo núcleo essencial.

Isto ocorreu também no Cris-tianismo, maculando-o em sua es-sência, como orientação do Cristopara as gerações humanas do fu-turo.

Todavia, o Cristo, prevendo oque ocorreria com seus ensinos,prometeu o envio de outro Conso-lador, para relembrar aos homenssua Mensagem, com o acréscimo decoisas novas.

Os espíritas sinceros sabem queo Consolador está no mundo. É aVerdade que retoma seu lugar. É oCristianismo Redivivo, na Doutri-na dos Espíritos.

A missão educativa e orienta-dora que competia ao Cristianismoautêntico, e que foi deturpada emal-entendida pelas Igrejas, precisaser retomada pelos seguidores doConsolador.

“(...) Um dos mais lúcidos dis-cípulos do Cristo baixa ao planeta,compenetrado de sua missão con-soladora (...)”, assim se refere Em-manuel, ao missionário Allan Kar-dec (p. 194 da obra citada).

O Espiritismo vem, assim, aomundo, na hora certa, escolhida pe-lo Governador do Orbe, para agrande missão da retomada das

transformações necessárias à civili-zação verdadeira da Terra.

Sem desconhecer os núcleosdos homens que já compreenderama necessidade do aperfeiçoamentode toda a Humanidade, especial-mente quanto à moralidade, à fra-ternidade e aos conhecimentos no-vos, espalhados por várias partes domundo, cabe aos espíritas, de formaespecial, a grande responsabilidadede trabalhar incessantemente pelaobra da regeneração.

Essa responsabilidade decorredo fato e da circunstância de dete-rem os espíritas os conhecimentosde verdades e realidades reveladaspela Doutrina Espírita, a par do en-tendimento correto dos ensinamen-tos do Evangelho de Jesus, escoima-dos das deturpações feitas peloshomens.

As verdades da reencarnação,com as vidas sucessivas proporcio-nando a remissão dos erros e o pro-gresso individual, a retomada dosensinos morais do Cristo, com ba-se no Amor, na Justiça e na Carida-de, o conhecimento das Leis Divi-nas ou Naturais são alguns dentremuitos outros aspectos da Verdadeque o Espiritismo vem proporcio-nar ao homem como apoio essen-cial para as edificações futuras.

O porvir humano há que sebasear em verdades comprovadas,que dão sentido real à vida, e nãoem utopias, interesses imediatistas,teorias sociais fundamentadas nomaterialismo e no utilitarismo.

Por isso, os espíritas, com o co-nhecimento que lhes proporciona aDoutrina Consoladora, têm granderesponsabilidade na restauração doconhecimento do caminho da evo-lução humana, que levará a Huma-nidade ao Mundo Regenerado.

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Regeneração da Humanidade

Aregeneração da Humanida-de, portanto, não exige abso-

lutamente a renovação integraldos Espíritos: basta uma modi-ficação em suas disposições mo-rais. Essa modificação se operaem todos quantos lhe estão pre-dispostos, desde que sejam sub-traídos à influência perniciosado mundo. Assim, nem sempreos que voltam são outros Espíri-tos; são com freqüência os mes-mos Espíritos, mas pensando esentindo de outra maneira.

Quando insulado e indivi-dual, esse melhoramento passadespercebido e nenhuma influên-cia ostensiva alcança sobre omundo. Muito outro é o efeito,quando a melhora se produz si-multaneamente sobre grandesmassas, porque, então, confor-me as proporções que assuma,numa geração, pode modificarprofundamente as idéias de umpovo ou de uma raça.

É o que quase sempre se no-ta depois dos grandes choquesque dizimam as populações. Osflagelos destruidores apenas des-troem corpos, não atingem o Es-pírito; ativam o movimento devaivém entre o mundo corporale o mundo espiritual e, por con-seguinte, o movimento progres-sivo dos Espíritos encarnados edesencarnados. É de notar-se queem todas as épocas da História,às grandes crises sociais se seguiuuma era de progresso.

Allan Kardec

Fonte: A Gênese. 45. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2004, cap. XVIII,“AGeração Nova”, item 33, p. 421-422.

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Os povos sempre viveram, emtodos os tempos, sob o jugoimpiedoso dos poderosos, dos

conquistadores terrenos implacá-veis, fazendo com que as expectati-vas de paz e as necessidades de equi-líbrio emocional/espiritual se consti-tuíssem num dos maiores anseiosdo ser humano.

Paz é a palavra do momento emuitos movimentos estão sendorealizados por todo o Brasil e portodo o mundo, numa verdadeirarogativa para que haja na convivên-cia humana pacificação, base fun-damental para a fraternidade.

Saibamos, no entanto, que apaz não vem de fora para dentro,mas em sentido contrário, ou seja,de nós para a sociedade. Pacifican-do-nos contribuiremos para a paci-ficação da comunidade à qual per-tencemos.

O povo judeu buscou a paz,não fugiria a esta verdadeira regravigente na Humanidade. Foi escra-vizado por largos períodos de misé-ria e aflição. É fora de dúvida queninguém sofre por acaso. Todavia,este povo nunca deixou de acalen-tar o sonho de libertação que lhepermitisse encontrar o ideal da vida– a felicidade sua e a de seus filhos,o que é muito natural.

Transformado em servo da si-

tuação infeliz, onde as mentes e oscorações eram tangidos pelas pai-xões inferiores e inconfessáveis, es-te povo viu descaracterizados osseus sonhos de libertação e felicida-de que tanto esperava, segundo afir-mavam as profecias existentes nasvelhas letras escriturísticas.

A dominação romana era to-mada pelas dramáticas paixões mo-rais, sombrias, em razão da ambiçãoe da corrupção que se transforma-ram numa verdadeira epidemia, ar-rastando-se até hoje em todos os re-cantos do Planeta, levando as cria-turas a viver dias de situações mo-rais deploráveis.

As pessoas sofriam o abandonoe a perseguição inclemente dos es-birros de ambos os lados, afligindo--as impiedosamente.

Foi exatamente nesse panora-ma nebuloso de sofrimentos quesurgiu a figura incomum de Jesus,com Sua energia expressando bran-dura, Sua bondade sem mostrarpieguismo, Sua coragem vivida semtemor, Sua sabedoria irradiando-sesem constranger os menos cultos eSeu amor abrangendo todos osseres.

Muito complexo até hoje pe-netrar o pensamento de Jesus, en-tender-lhe a vida aqui na Terra, suaexcruciante dor moral-espiritual aodizer: “Pai, perdoa-lhes porque nãosabem o que fazem.” Que estariasentindo o divino Mestre naquelemomento terrível de Sua passagempela Terra? Só Ele pode dizer.

Será que não haveria um outromodo de Ele deixar sua mensagemsem passar pelo que passou? Preci-saria deixar escorrer o Seu sangue,ser alvo de tanto escárnio, sofrer to-dos aqueles achincalhes e tipos deviolência? Devem ser perguntas quefervilham nas mentes de muitos.Só encontramos uma resposta: não.E por quê? Porque os seres huma-nos, daquela época como os atuaise seguintes, somente através deexemplos tão marcantes e diferen-tes daqueles dos demais enviados àTerra por Deus, poderiam sentir-seestigmatizados de forma indelévelpelos exemplos deixados por Ele.Ele foi diferente, nunca nada nemninguém se Lhe comparou. Outrosvieram antes e depois de Jesus, semconseguirem marcar a vida do ho-mem como só Ele o fez. A históriado homem dividiu-se; antes e de-pois dEle.

Sua vida foi muito rica deexemplificações que agradavam aoPai, Pai que O enviara para nos ser-vir de Guia e Modelo. Queria, pre-cisava ser reconhecido, em Sua épo-ca como agora. Submeteu-se a tudopor esta causa: ser identificado.

A Psicologia e todas as ciênciasda alma tardaram em compreendê--lO em Sua essencialidade de envia-do de Deus, nosso Criador, maisainda quando Ele foi taxativo emSuas metáforas: “Eu sou a porta...”,“Eu sou o pão da vida...”, “Eu sou ocaminho...”, “Eu sou a luz do mun-do...”, “Eu sou o bom pastor...”

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Natal, um convite à PazAdésio Alves Machado

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Temos a necessidade de ir atéEle, deixar-nos por Ele penetrar eprocurar sentir no mais recôndi-to de nosso ser toda a Sua grande-za espiritual. Será o momento donosso encontro com a Luz da Vi-da.

A melodia do Natal traz de no-vo a mensagem de Jesus aos nossostímpanos espirituais, ela que é todatecida de sabedoria, ternura, paz, fa-zendo com que a palavra do Mestrepossa tornar-se na maior das con-quistas a ser lograda em nossa cami-nhada evolutiva. Pobre de quemisto não reconhecer!

Inesquecível é a noite de Natalde Jesus, cuja lembrança leva os ho-mens a deixarem-se dominar pelossentimentos mais nobres, bem aci-ma das sombrias ânsias de domina-ção, pairando sobre todos a clarida-de de Seu amor.

Deixemo-nos levar pelos senti-mentos de fraternidade e converta-mos nossos atos em demonstraçõesde paz e amor, pois que estamossob a égide do “Amai-vos uns aosoutros como Eu vos amei”.

Deixamos algumas sugestõespara o encontro da paz. Aceitemosa existência como nos foi progra-mada por Deus; auxiliemos a todossem absorver-lhes as responsabilida-des; desinteressados e desorganiza-dos, ajudemo-los sem violentar--lhes o livre-arbítrio; amemos os fa-miliares sem querê-los como obje-tos em nossas mãos, reconhecendo--os como criaturas de Deus; nãonos iludamos em querer mudarapressadamente as pessoas, porquetambém resistimos quando obser-vados em erros; feridos, esqueça-mos, lembrando-nos de quantas ve-zes também magoamos; a felicidadeobedece ao ideal de cada um, não

queiramos impor o nosso; respeite-mos os pontos de vista contráriosaos nossos, pois que somos diferen-tes; acatemos a fé dos outros, poisDeus oferece trilhas variadas para oacesso ao Reino do Céu; aprenda-mos aqui a ser Espíritos superiores,acumulando tesouros imperecíveis,pois só levamos para o mundo es-piritual os valores inapagáveis do

espírito; mantendo a consciênciatranqüila, trabalhemos servindosempre. Caso consigamos agir as-sim, mesmo sem percebermos, es-taremos dominados pela paz.

Feliz Natal, leitores! Feliz Ano--Novo! São os nossos sinceros vo-tos. Tenham dias muito felizes,vocês e todos os seus entes queri-dos!

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Convite à lutaMensagem de Bezerra de Menezes na Reunião do CEI

OMestre não nos propôs a felicidade na Terra, mas asseverou-nos queaquele que fosse fiel até o fim, este ganharia a palma da vitória.Bem sabemos que não é fácil, nestes desafiadores dias de ciência, de

tecnologia e de comodidade, ser espírita. Mas lembrai-vos: ser espírita é ahonra que deveis disputar, porque o Espiritismo, com o qual tendes umadívida assumida antes do berço, é o único farol, nesta noite escura, paraguiar os nautas da era nova.

Sois os preparadores dos novos tempos. Empenhai-vos mais, renun-ciai mais aos ideais personalistas em favor da glória estelar.

Jesus espera por vós.

Tendes-Lhe suplicado apoio e não vos tem sido regateado socorro.

Bem sabemos das vossas lágrimas ocultas, das vossas dores silenciosas,dos vossos esforços que ninguém anota, mas não há outro caminho.

Filhos da alma, recordai-vos que a Via Crucis é sempre solitária,como a estrada da Úmbria, percorrida por Francisco, também foi solitária.Mas depois da noite densa nova madrugada surge, prenhe de luz, e o Mes-tre a quem amamos, braços distendidos, dir-vos-á: “Vinde, servidores domeu Pai, que fostes fiéis até o último instante, e agora fazeis parte da equi-pe dos que estão na Terra, trabalhando em prol da felicidade humana.”

Exultareis como nós outros, agradecereis a coroa de espinhos, a taçade fel que sorvereis com alegria e prazer, porque não há glória sem luta enão há vitória no ideal sem testemunho.

Servidores da Boa Nova, Deus vos abençoe! Filhos da alma, marchai!O amanhã, que hoje começa, espera por vós.

Recebei o carinho de todos nós, os espíritas-Espíritos e os Espíritos--espíritas, na palavra do servidor humílimo e paternal de sempre.

Muita paz, meus filhos. Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco na Reuniãodo Conselho Espírita Internacional, no dia 7 de outubro de 2004, em Paris, França.)

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Mateus, 18:23-35.

Um dos temas preferidos de Je-sus é o perdão. Considera-otão importante que faz dele

condição indispensável às celestesbem-aventuranças.

Diz o Mestre:

O reino de Deus é semelhantea um rei que resolveu ajustar con-tas com os seus servos.

Trouxeram-lhe um que lhe de-via dez mil talentos.

Talento era uma moeda cujovalor equivalia a doze quilos e seis-centos gramas de prata. Isso signifi-ca que o homem devia uma fortu-na ao Rei – cento e vinte e seis milquilos de prata.

Para transportar essa carga pre-ciosa seriam necessárias cento e vin-te e seis peruas Kombi.

Não tendo ele com que pagar,ordenou o rei que fossem vendidos– ele, sua mulher, seus filhos e tudoquanto possuía para pagamento dadívida.

O servo, porém, prostrando-seaos seus pés, suplicou:

Tem paciência comigo, senhor,eu pagarei tudo.

O rei compadeceu-se dele e,movido de compaixão, perdoou-lhea dívida.

O servo deixou feliz o palácio(certamente com a alegria de quemacaba de ganhar a megassena acu-mulada).

Na rua, encontrou um de seuscompanheiros, que lhe devia cemdenários…

O denário equivalia a quatrogramas de prata.

Débito pequeno. Apenas qua-trocentos gramas do metal.

Caberia na palma da mão.

O servo do rei agarrou seu de-vedor pelo pescoço e quase o sufoca-va, gritando:

– Paga o que me deves!O devedor, caindo-lhe aos pés,

implorou:– Tem paciência comigo, que

te pagarei.Ele, porém, não o atendeu e

providenciou para que fosse presoe preso ficasse, até a quitação de seudébito.

Algumas pessoas que viram oque se passara admiraram a in-transigência do servo e foram con-tar ao rei. Este o mandou chamar:

– Servo malvado, eu te perdoeitoda aquela dívida, porque mepediste. Não devias tu, também,ter compaixão de teu companheiro,como eu tive de ti?

Realmente, um absurdo.O rei perdoou-lhe uma dívida

de cento e vinte e seis mil quilos deprata!

O servo não foi capaz de per-doar quatrocentos gramas!

Indignado, o rei mandou pren-dê-lo, dizendo-lhe que não sairiada prisão até pagar sua dívida.

Conclui Jesus:

– Assim também meu Pai ce-lestial vos fará, se cada um de vós,do íntimo do coração, não perdoara seu irmão.

...

A comparação é perfeita. Espíritos atrasados, orientados

pelo egoísmo, habitantes de umplaneta de provas e expiações, cer-tamente todos trazemos grandescomprometimentos com as leis di-vinas, resultantes de infrações co-metidas no pretérito.

Algo que demandaria centenasde peruas Kombi para carregar, sematerializado.

Algo tão pesado, tão grande,que Deus até nos concede a bênçãodo esquecimento, a fim de não ser-mos esmagados pelo peso de nossasculpas.

E sempre que pronunciamos oPai-Nosso, a oração dominical quemuita gente repete centenas de ve-zes em suas rezas, pedimos a Deusperdoe nossas dívidas.

Esquecemos que no mesmoPai-Nosso Jesus informa que o per-dão dessa montanha de débitoscom a justiça divina está condicio-

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O credor incompassivoRichard Simonetti

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nado à disposição de perdoar asquirelas que nos devem nossos ir-mãos.

...

André Luiz adverte que a açãodo mal pode ser rápida, mas nin-guém sabe quanto tempo levará oserviço da reação, indispensável aorestabelecimento da harmonia davida, que quebramos com nossasatitudes contrárias ao Bem.

A bobeira de um minuto poderesultar em decênios de sofrimentospara consertar os estragos que faze-mos em nossa biografia espiritual,quando não exercitamos o perdão.

Dois condôminos de um pré-dio discutiram sobre vagas na gara-gem coletiva. Irritaram-se. Gri-taram. Ofenderam-se, com a in-conseqüência de quem fala o quepensa, sem pensar no que fala.

Um deles partiu para a agres-são física. O agredido apanhou umrevólver e deu-lhe vários tiros, ma-tando-o.

Ambos comprometeram-se in-fantilmente.

O morto retornou, prematura-mente, à vida espiritual, interrom-pendo seus compromissos.

O assassino assumiu débitoscujo resgate lhe exigirá muitas lágri-mas e atribulações.

Isso sem falar nas famílias de-samparadas, em face da ausênciados dois: um no cemitério; outro,na prisão.

E se cônjuge e filhos se com-prometerem em vícios e desajustes,favorecidos pela ausência do chefeda casa, tudo isso lhes será debita-do.

Não raro, esses desentendi-mentos geram processos obses-sivos. O morto transforma-se em

verdugo, empolgado pelo desejode fazer justiça com as própriasmãos.

E ninguém pode prever até on-de irão os furiosos combates espiri-tuais entre os dois desafetos, um naTerra, outro no Além.

Tudo isso por quê?Porque erraram na escolha do

verbo de suas ações.Usaram o verbo revidar.O certo seria o verbo relevar.Relevar sempre!Nunca revidar! Lição elementar, nos ensinos

de Jesus.

...

Não é apenas o mal que faze-mos aos outros, quando não per-doamos…

É, sobretudo, o mal que faze-mos a nós mesmos.

O rancor, a mágoa, o ódio, oressentimento são tão desajustantesque será sempre um ato de inteli-gência cultivar o perdão.

Quando eu era menino, meupai tinha um cachorrinho quemais parecia um bibelô, um tam-pinha insignificante. No que ti-nha de pequeno, sobrava em bra-veza.

Era tão irritadiço, latia tanto,que um dia teve uma síncope ful-minante. Morreu de raiva!

Muitas pessoas são assim,agressivas, neuróticas. Não levamdesaforo para casa. Vivem estressa-das, tensas, inquietas…

Acabam provocando distúrbioscirculatórios, que evoluem para ahipertensão arterial.

Um dia sofrem um enfarte ful-minante.

Morrem antes que possam sersocorridas.

– Bela passagem! – dizem osamigos. – Morreu como um passa-rinho…

Belas palavras. Grande equívo-co. É a pior morte.

O Espírito não deixou o corpo.Foi expulso dele.

Exigiu tanto do organismo,com suas crises de irritabilidade,que acabou por detonar um colap-so. Foi como se o coração implodis-se, incapaz de resistir às pressões dousuário.

Retorna antes do tempo, comoum suicida inconsciente, habilitan-do-se a estágios penosos de adapta-ção à vida espiritual.

...

Há os que se matam mais de-vagar. Envenenam-se com ressenti-mentos, mágoas, rancores…

Hoje está demonstrado queas pessoas melindrosas são maisvulneráveis a doenças graves, par-ticularmente os tumores cancero-sos.

O câncer nada mais é que umacélula com defeito de fabricação,que se multiplica, criando um cor-po estranho no organismo, um in-vasor letal.

Normalmente, essas células sãofacilmente eliminadas pelos meca-nismos imunológicos, tão logo sur-gem.

Quando o ressentimento seprolonga, esses mecanismos sãobloqueados e o câncer evolui. Ape-nas porque a pessoa não consegueperdoar…

Aprendemos, na medida emque avançamos no conhecimentodos mecanismos da Vida, que per-doar é um ato de inteligência.

É o mínimo para que vivamosde forma saudável e feliz.

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Complementando o tema aci-ma, da reportagem de Cle-mentino Chagas em 1935,

com Chico Xavier (Reformador deagosto/04, p.18-19) passemos às res-postas das demais indagações:

2a – “Sentem os desencarna-dos os efeitos da cremação de seusdespojos mortais?”

Conforme aprendemos, teori-camente, com a Doutrina Espírita,e que na prática se tem comprova-do, através dos trabalhos de desob-sessão, há de se esperar um tempobem maior do que geralmente seespera, após o decesso do corpo físi-co, para a cremação do cadáver. Deacordo com Emmanuel, esse tempodeve ser de 50 horas pelo menos, afim de que todos os laços perispi-ríticos se rompam.

Veja-se, às páginas 209/210, naobra citada1, o que o referido Men-tor diz sobre o assunto:

– “Geralmente, nas primeirashoras do ‘post mortem’, ainda sesente o espírito ligado aos elemen-tos cadavéricos.

Laços fluídicos, imperceptíveisao vosso poder visual, ainda se con-servam unindo a alma recém-li-berta ao corpo exausto; esses elos im-pedem a decomposição imediata damatéria. E, por esta razão, namaioria dos casos o Espírito pode ex-perimentar os sofrimentos horríveis

oriundos da cremação, a qual, nun-ca deverá ser levada a efeito antesdo prazo de cinqüenta horas após odesenlace. A cremação imediata aochamado instante da morte é, por-tanto, nociva e desumana.

Às vezes, segundo a naturezadas moléstias que precedem a de-sencarnação, existem ainda no ca-dáver inúmeros elementos de vida;daí nasce a possibilidade de, usandode recursos vários e reagentes, a ciên-cia fazer um ‘morto’ voltar à vida.”

Ainda sobre o assunto, o mes-mo autor, referindo-se à piedade,comenta, em O Consolador 2:

– “Na cremação, faz-se misterexercer a piedade com os cadáveres,procrastinando por mais horas o atode destruição das vísceras materiais,pois, de certo modo, existem sempremuitos ecos de sensibilidade entre oEspírito desencarnado e o corpo on-de se extinguiu o ‘tônus vital’, nasprimeiras horas seqüentes ao desen-lace, em vista dos fluidos orgânicosque ainda solicitam a alma para assensações da existência material.”

Vê-se, pois, que o Espírito de-sencarnado, nas primeiras horas doAlém-Túmulo, pode sentir, dentrodo quadro de suas impressões físi-cas, todas as ações a que seu corpoabandonado seja submetido.

No que tange ao tempo que

transcorre entre o desenlace e a cre-mação, que, segundo Emmanuel,deve ser de pelo menos 50 horas,alhures, noutra de suas obras, Em-manuel recomenda 72 horas.

“Qual a impressão do homemno instante da morte?”, eis a 3a

indagação.Sabe-se que a morte inexiste,

na realidade, mas, sim, a libertaçãoe o retorno da alma ao seu natural“status” de Espírito imortal, nomundo extrafísico, ou espiritual.

A esta pergunta assim respon-deu Emmanuel:

– “A impressão da alma nomomento da morte varia com os es-tados de consciência dos indivíduos.

Para todas as criaturas, porém,manifesta-se nesses instantes a bon-dade divina. Os moribundos têminvariavelmente a assistência dosseus protetores e amigos invisíveisque os auxiliam a se libertar dascadeias que os prendem à vida ma-terial. Entre os homens não existe anecessidade de alguém que auxilieos recém-nascidos a se desvenci-lharem do cordão umbilical?

As sensações penosas do corposão mais ou menos acordes com amoléstia manifestada. Elas, porém,passam e nos primeiros tempos, noplano espiritual, vai a alma colheros frutos de suas boas ou más obrasna superfície do mundo.

O adágio popular ‘Tal vida,tal morte’ vai aí receber então a suasanção plena.”

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Poderá a Ciência substituir a Religião? Weimar Muniz de Oliveira

1Notáveis Reportagens com CHICO XAVIER.

2XAVIER, Francisco C. O Consolador, peloEspírito Emmanuel. 23. ed. Rio de Janeiro,2001, perg. 151, p. 95.

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Reformador/Dezembro 2004 13451

P. – Quando você se tornou es-pírita?

Therezinha – Foi ainda na in-fância, em Ribeirão Preto (SP),quando minha mãe se tornou espí-rita e abriu para os filhos a oportu-nidade de conhecer um Centro Es-pírita, freqüentar suas reuniões e to-mar contato com a literatura dou-trinária. Mamãe era viúva e eu a suaacompanhante usual nas atividadesda Casa Espírita, o que me permi-tiu absorver nelas um clima de fésincera e idealismo verdadeiro.

P. – Em que época e como vo-cê passou a atuar nas Confraterni-zações de Mocidades Espíritas?

Therezinha – Foi em São Josédo Rio Preto, em 1958, que parti-cipei pela primeira vez de um mo-vimento assim, a 11a Concentraçãode Mocidades Espíritas do BrasilCentral e Estado de São Paulo, queabrangia quatro Estados: Goiás, Ma-to Grosso, Minas Gerais e SãoPaulo. No ano seguinte, ela se rea-lizou em Bauru (SP) e em 1960, acidade-sede foi Campinas, tendo euparticipado mais da organização,como secretária do movimento.Nas seguintes, estive presente jáparticipando como expositora, até

que o movimento foi desdobradopor Estados.

P. – Seus temas mais comu-mente relacionam Espiritismo comEvangelho?

Therezinha – Sim. Emboratambém tenha estudos e palestrasde conteúdo especificamente espí-rita, entendo que, diante da forma-ção cultural judaico-cristã do povobrasileiro, é importante demonstrara coerência e ligação que existementre os princípios espíritas e os en-sinos de Jesus, a fim de “EstudarKardec, para viver Jesus”. Há opor-tunidade, também, para o exame detemas do Velho Testamento, onde

existem relatos de muitos fenôme-nos mediúnicos, que o Espiritismotão bem esclarece, e se pode estudara proibição do intercâmbio mediú-nico por Moisés, que depois Jesusliberou e exemplificou.

P. – Qual sua experiência nafase de inserção de cursos no Cen-tro Espírita?

Therezinha – Acredito que foiao redor de 1965 que comecei aelaborar aulas visando colocar aDoutrina Espírita ao alcance do pú-blico que freqüentava o Centro Es-pírita Allan Kardec, em Campinas.Sem nos darmos conta, estávamostrabalhando as bases de cursos dou-trinários regulares de Espiritismo,cujo objetivo se foi definindo: pre-parar trabalhadores para a Casa Es-pírita, tanto que chegamos à desig-nação, nos primeiros tempos, de“Curso de Preparação de Seareiros”.Pela mesma época, outros compa-nheiros da seara, em outras cidades,também estavam elaborando cursosdoutrinários e me pareceu que, doPlano Espiritual, viera a ordem ge-ral de assim proceder-se, a fim deorganizar-se melhor a divulgaçãodoutrinária nas Casas Espíritas doPaís. >

ENTREVISTA: THEREZINHA DE OLIVEIRA

Coerência doutrinária e vivência noMovimento Espírita

Expositora constante em eventos das Mocidades Espíritas nos anos 60 e 70 e conhecida pelaspalestras fundamentadas no Evangelho, em várias regiões do País, Therezinha de Oliveira

comenta sobre sua vivência no Movimento Espírita

Therezinha de Oliveira

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14 Reformador/Dezembro 2004452

P. – Atualmente, qual sua vi-são sobre o papel dos cursos deDoutrina Espírita?

Therezinha – São fundamen-tais para oferecer o estudo regularda Doutrina aos freqüentadores eabrir-lhes o caminho da colabora-ção na Casa Espírita, pelo conheci-mento e primeiros exercícios nas ta-refas, pois, de outro modo, ficariamsempre como simples espectadores.Esses cursos não devem ser estan-ques em si mesmos, apenas pelogosto de conhecer doutrina e assun-tos correlatos, e, sim, estabelecer aligação dos seus participantes comos serviços prestados pela Casa Es-pírita e o Movimento, de um mo-do geral.

P. – Qual a síntese que vocêfaria sobre as ações básicas do Cen-tro Espírita?

Therezinha – Acolher frater-nalmente a todos que o procuram;prestar informações aos interessadosem conhecer a Doutrina Espírita,inclusive através de cursos; esclare-cer e consolar os que precisam deassistência espiritual, prestando--lhes, quando necessário, o auxílioda mediunidade e da fluidoterapia;ensejar estudos e convivência àscrianças e jovens bem como às fa-mílias; preparar trabalhadores paraas diversas funções que o labor es-pírita requer, a fim de não virem afaltar elementos para dar continui-dade aos serviços.

P. – Como analisa a evoluçãodo Movimento Espírita nas últimasdécadas?

Therezinha – Efetiva e anima-dora tem sido a evolução que se re-gistra no Movimento Espírita. AsCasas Espíritas estão se estruturan-do melhor, no aspecto físico e, tam-bém, doutrinariamente, proporcio-

nando bom ambiente e bons ser-viços espirituais aos freqüentadores.Notamos maior aproximação e co-laboração entre elas, embora o idealda unificação ainda tenha muito acaminhar. É que, quanto mais ela sefaz, mais percebemos o quanto ain-da falta fazer para atingirmos oideal. Entretanto, é no estado atualdo Movimento que temos nossaoportunidade de aprender e servir,crescendo espiritualmente.

P. – Teria uma mensagem aoleitor de Reformador?

Therezinha – Transformemo--nos moralmente para melhor, es-forcemo-nos por domar as nossasmás inclinações. Que todos nos re-conheçam como verdadeiramenteespíritas. E estudemos e trabalhe-mos com entusiasmo, sem nuncadesanimar, porque o mundo me-lhor de amanhã depende do que fi-zermos hoje.

Dentro de nós

De nós mesmos flui o manancial da vida. ...................................Vitória ou derrota, alegria ou tristeza, felicidade ou infortúnio, são

produtos do nosso próprio coração.Deus concede recursos iguais para todos, e nós facilitamos ou com-

plicamos os processos de execução dos Propósitos Divinos a nosso res-peito.

As leis do trabalho não se modificam.Não existe privilégio.Ninguém foge ao cumprimento da Lei.Realizaremos quanto nos cabe no tempo, ou voltaremos à lide com

o tempo, a fim de criar, refazer ou reaprender.À custa do calor na forja, converte-se o ferro bruto em utilidade.

Sofrendo a chuva e o vento, entreabre-se a flor numa festa de cor e deperfume. Consumindo-se, o óleo na candeia se transforma em luz.O brilhante é o coração da pedra que se deixou lapidar.

Cada criatura observa a Criação de acordo com as experiências quejá acumulou.

“Conquista-te! aprende! cresce! ilumina-te!” – eis as sugestões daNatureza, em toda parte.

Quando o homem adquirir “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”,perceberá a beleza da espiritualidade vitoriosa e distinguirá a sinfoniada Eternidade.

Tudo depende de nós.A sombra e a claridade, a cegueira ou a visão, a fraqueza e o forta-

lecimento surgem em nosso caminho, segundo a direção que impuser-mos às sagradas correntes da vida.

Deus é Amor, é Criação, é Vida, é Movimento, é Alegria, é Triun-fo. Dirijamos nosso sentimento para a Vontade do Senhor e o Senhornaturalmente nos responderá, santificando-nos os desejos.

Bartolomeu dos Mártires

Fonte: XAVIER, Francisco C. Falando à Terra. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991,p. 155-156.

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“Apar da medicação ordiná-ria, elaborada pela Ciên-cia, o magnetismo nos dá

a conhecer o poder da ação fluídicae o Espiritismo nos revela outra for-ça poderosa na mediunidade cura-dora e a influência da prece.” (OEvangelho segundo o Espiritismo,cap. XXVIII, item 77, p. 430, edi-ção eletrônica da Federação Espíri-ta Brasileira.)

“Sabeis o que é a prece?É uma irradiação protetora

que nasce do coração amoroso, sobeaté Deus em súplicas veementes edesce em benefícios até ao ser porquem se pede, ou a quem se desejaproteger. É um frêmito de amor su-blime que se expande, toca o Infi-nito, transfunde-se em bênçãos, or-namenta-se de virtudes celestes ederrama-se em eflúvios sobre aque-le que sofre. A prece é o amor quebeija o sofrimento e o consola, é acaridade que envolve o infortúnioe reanima o sofredor, retemperan-do-lhe as energias.” 1

Pesquisas de opinião, realizadasnos Estados Unidos, indicam quecerca de 77% da população ameri-cana internada em hospitais, dese-jariam que seus médicos lhes ofere-cessem alguma espécie de assistên-

cia espiritual2. A própria comuni-dade médica se mobiliza, naquelepaís, questionando se não deveriamos médicos prescrever alguma for-ma de religiosidade como comple-mento terapêutico,3 e já se contamem trinta o número de Universida-des que oferecem formação em Me-dicina e Espiritualidade4.

Artigo médico publicado emrevista especializada estudou osefeitos da prece em pacientes comdoença coronariana que estavamainda internados em Unidade In-tensiva, estruturado em metodolo-gia de pesquisa aceito como válidopelos critérios tidos como cientifi-camente adequados, e mostrou al-gumas evidências que, apesar de re-ceberem o rótulo de estatistica-mente não significativas, alertarampara resultados que a metodologiaestatística não teve capacidade depercepção, requerendo um modelode análise mais amplo5: dos pacien-tes que receberam preces (númerode 192), a necessidade de usar anti-bióticos ocorreu em apenas três,contra dezesseis pacientes do grupoque não recebeu preces (número de201); edema pulmonar foi compli-cação em 6 pacientes do grupo querecebeu preces, contra 18 pacientesdo grupo que não recebeu preces ea morte ocorreu em 13 pacientesque receberam preces, contra 17entre os que não receberam preces.

A necessidade de atender aosanseios dos homens situou a Medi-cina ante o desafio de estudar maisprofundamente os mecanismos deação desse instrumento maravilho-so que Deus nos colocou em mãos,vislumbrado como o mais eficazinstrumento de cura pelo EspíritoMesmer, em mensagem publicadapor Allan Kardec na Revista Espíri-ta, em janeiro de 1864. Na mensa-gem, ao analisar os dois tipos co-nhecidos de magnetismo, o animale o espiritual, o precursor do Hip-notismo relata: “Um outro gênerode magnetismo, muito mais po-deroso ainda, é a prece que uma al-ma pura e desinteressada dirige aDeus.”6

O Espiritismo oferece o mode-lo para uma metodologia de estudoeficaz7 8 não apenas sobre os efeitosda prece, mas sobre o que a CiênciaModerna não tem olhos de ver, poiscoube à Ciência Espírita criar a pro-posta de um modelo de compreen-são do homem além do Reducio-nismo Biológico. Tecendo consi-derações sobre o corpo intermediá-rio, relata Allan Kardec: “Tomandoem consideração apenas o elemen-to material ponderável, a Medicina,na apreciação dos fatos, se priva deuma causa incessante de ação. Nãocabe, aqui, porém, o exame destaquestão. Somente faremos notarque no conhecimento do perispíri-

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Os Efeitos da Prece e o Modelo Médico-Espírita

Jorge Cecílio Daher Jr.

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to está a chave de inúmeros proble-mas até hoje insolúveis.”9

Em artigo publicado em 1977,na revista Science, o psiquiatra ame-ricano George Engels propõe que ohomem deve ser compreendido demodo mais amplo que o oferecidopelo estudo dos mecanismos bioló-gicos, descrevendo o que ele cha-maria de Modelo Bio-Psico-Social,tendo aplicado esse modelo no es-tudo da esquizofrenia10. Aceito am-plamente, o modelo proposto porEngels ainda não encontrou plenaaplicação pela Medicina, o que nãoimpediu que fosse ampliado porSulmasy11, que considera que o es-tudo do homem deve incluir o ele-mento espiritual, chamando essemodelo de Bio-Psico-Sócio-Espi-ritual e propondo sua aplicaçãoao estudo de doenças crônicas, emorte.

O que podemos chamar deModelo Médico-Espírita é maisamplo que o modelo de Sulmasy, efoi delineado por Kardec em toda aCodificação e por André Luiz, nasérie “A Vida no Mundo Espiri-tual”, publicada pela FEB. A consi-deração do corpo intermediário, acomunicação dos desencarnados esua interferência sobre a matéria,incluindo a matéria orgânica, a Leidos Fluidos e a consideração lúcidae biológica das Leis Naturais, in-cluindo a reencarnação, fazem par-te desse Modelo, que vislumbramoscomo o foco de luz distante a con-solar a Ciência Moderna, presa emdilema que não consegue com-preender, adotando postura de ne-gação ou indiferença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1PEREIRA, Yvonne A. O Cavaleiro de Nu-miers, pelo Espírito Charles, 1. ed. especial.

Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 3, p. 165.2KING DE, Bushwick B. Beliefs and attitudesof hospital inpatients about faith healing andprayer. J Fam Pract 1994; 39:349-352.3SLOMSKI AJ. Should doctors prescribe religion?Med Econ 2000; 77:145-159.4LEVIN JS, LARSON DB, PUCHALSKICM. Religion and spirituality in medicine: re-search and education. JAMA 1997; 278:792--793. 5BYRD, R. C. “Positive Therapeutic Effects ofIntercessory Prayer in a Coronary Care UnityPopulation”, Southern Medical Journal, 81, 7(1988): 826-9.6KARDEC, Allan. Revista Espírita, janeiro de1864, Edicel, p. 7.7CHIBENI, S. S. Reformador de maio de 1984,“Espiritismo e ciência”, p. 144-147 e 157-159.

______. Reformador de novembro de 1988, “Aexcelência metodológica do Espiritismo”,p. 328-333, e dezembro de 1988, p. 373-378.

______. Revista Internacional de Espiritismo,“Ciência espírita”, março de 1991, p. 45-52.

______. Reformador de junho de 1994, “O pa-radigma espírita”, p. 176-180. 8LOEFFLER, C. F. Fundamentação da CiênciaEspírita 2003. Editora Lachâtre, Niterói-RJ.9KARDEC, Allan, O Livro dos Médiuns, 72.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Segunda Parte,cap. I, item 54, p. 78.10ENGEL, G. L. (1977). “The need for a newmedicals model: A challenge for biomedicine”.Science, 196 (4286) 129-13611SULMASY, D. P. (2002) “A Biopsychosocial--Spiritual Model for the Care of patients at theEnd of Life”. The Gerontologist, vol. 42, specialissue III, 24-33.

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No silêncio da saudade

OCéu não é insensível aos apelos aflitos dos corações que choram esangram, na Terra, na saudade de seus amados, transferidos de pla-

no pelo fenômeno da morte física.Entretanto, na comunicação entre os dois mundos, precisam ser

vencidas certas dificuldades de natureza emocional, psíquica e instru-mental.

Muitas vezes o silêncio da saudade, na ausência aparente, é imposi-ção de disciplina necessária e de amor legítimo, muito mais bondosa e jus-ta do que poderá supor quem não possua maior conhecimento de causa.

Haja, pois, em cada um de nós, suficiente entendimento e humil-dade de coração, para agradecermos a Jesus as bênçãos misericordiosasque nos concede, até mesmo quando nos nega aquilo que imaginamosdesavisadamente seja o melhor para nós.

Guardemos nosso coração em paz e estejamos certos de que é den-tro de nossa própria alma que temos de ver e ouvir os que verdadeira-mente amamos, cuja imagem e cuja voz devem vibrar no imo de nósmesmos.

Todos precisamos adquirir, no bojo do tempo, a ciência da renún-cia e do silêncio, para o acrisolamento do verdadeiro amor, aprenden-do com a Natureza a construir permanentemente e sem alardes a gran-deza da vida.

Fontes da Luz

Fonte: SANT’ANNA, Hernani T. Correio Entre Dois Mundos. Diversos Espíritos.2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 152-153.

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Tu és o nosso Sol! Vem ter co-nosco, Jesus, pois que, se con-tigo debatemo-nos na aflição e

jornadeamos na ignorância, sem Timergulharemos no caos.

Aquece-nos, Senhor, para ser-mos dignos do Teu inefável amor.

...

Espíritas do mundo, aqui reu-nidos: tende como templo o Uni-verso, como nos disse Léon Denis,o Apóstolo do Espiritismo francês,mas conduzi Jesus em vossos cora-ções, em vossas palavras, em vossosatos.

Semeai a claridade inapagávelda Doutrina Espírita onde fordes.

Deixai que ela brilhe por vosso in-termédio. Sois, agora, mensageirosda Luz do Mundo. Fazei que aDoutrina de liberdade que vibra,que pulsa em vós, encontre outroscontinentes de almas para conquis-tar.

Não arroleis dificuldades, nãoanoteis desafios, não aponteis fra-cassos. A experiência resulta dastentativas de acerto e de erro. Emqualquer situação, amai.

Diante de qualquer desafio,perseverai no Bem.

Caluniados, jamais caluniado-res.

Agredidos, nunca agressores. Perseguidos, não perseguidores. O Mestre espera por vós e o

missionário Allan Kardec, a quemhomenageamos, nesse momento,vos inspira e vos guia em nome deJesus.

Sede fiéis até o fim e ide empaz.

Que o Senhor de Bênçãos vosabençoe, a todos nos abençoe!

Em nome dos Espíritos-espíri-tas aqui presentes, de várias pátrias,abraça o coração de todos vós o ser-vidor humílimo e paternal,

Bezerra.

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-dium Divaldo Pereira Franco no dia 5 deoutubro de 2004, em Paris, França, porocasião da solenidade de encerramento do4o Congresso Espírita Mundial.)

Reformador/Dezembro 2004 17455

Jesus, Sol de primeira grandezaMensagem de Bezerra de Menezes no encerramento do 4o Congresso Espírita Mundial

Mais de 5.000 pessoas parti-ciparam do grande evento emcomemoração aos 200 anos denascimento de Allan Kardec, rea-lizado no Palácio de ConvençõesAnhembi, em São Paulo (SP), nodia 30 de outubro. O tema Es-piritismo: Contribuição para umaCultura de Paz foi desenvolvido,através de palestras, por MarleneNobre (abertura), Dora Incontri,Sérgio Felipe de Oliveira, Clodoal-do de Lima Leite, Heloísa Pires eRaul Teixeira (encerramento).

A Sessão de Abertura contoucom a presença das seguintes au-

toridades: Nicolas Queyroux, peloConsulado Geral da França em SãoPaulo, Sub-Prefeito Alberto Calvo,representando a Prefeita Marta Su-plicy, Vereador Rubens Calvo, pelaCâmara Municipal, e Marco Anto-nio Vieira da Silva, Diretor Re-gional da Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos (ECT). Par-ticiparam, ainda, os Presidentes ouRepresentantes das Entidades pa-trocinadoras Aliança Espírita Evan-gélica, Federação Espírita do Esta-do de São Paulo, Fundação EspíritaAndré Luiz/Rede Boa Nova de Rá-dio, Liga Espírita do Estado de São

Paulo, Sinagoga Espírita Nova Je-rusalém e União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo.Compareceu, também, o Presiden-te da FEB e Secretário-Geral doCEI, Nestor João Masotti.

Ocorreu, na ocasião, o lança-mento do Selo Comemorativo doBicentenário de Kardec, dirigidopelo Diretor da ECT, com a obli-teração do selo pelos Representantesdo Consulado Francês e da PrefeitaMarta, e por Dirigentes das Enti-dades patrocinadoras do evento.

No encerramento, houve umaManifestação Ecumênica para aPaz, da qual participaram represen-tantes de várias doutrinas.

200 anos de Allan Kardec

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O lar, na Terra, ainda é o pontode convergência do passado.Dentro dele (...) recebemos to-dos os serviços que o temponos impõe, habilitando-nos aotítulo de cidadãos do mundo.

Emmanuel*

Oano é 1989. A região do Pla-neta é o Leste Europeu. Oproblema sóciopolítico é o

colapso do comunismo e o fim doimpério montado pela União So-viética. Neste cenário, a tragédiahumana mora dentro dos coraçõesde milhares de crianças, filhas deromenos, russos, poloneses...

Abandonadas pelos pais em or-fanatos, elas cresceram em meio adisputas por uma mamadeira, joga-da dentro do berço por uma babádescomprometida com a educaçãoemocional dos pequenos, ou des-viando-se dos projéteis não explo-didos de uma guerra sem nexo, caí-dos nas ruas de cidades semides-truídas.

Quase dez anos passados destefato histórico, uma reportagem doThe New York Times Magazine,reproduzida pelo Estado de S.Paulo (14 de junho, 1998), de au-toria de Margaret Talbot, traz à to-na uma das mais impressionantes

experiências realizadas por paisamericanos junto a menores adota-dos no Leste Europeu, principal-mente na Romênia e na Rússia.

É o relato sobre os sofrimentosde mais de 18 mil crianças nascidasnessa região. Elas enfrentaram oshorrores não só das guerras quenunca terminam, mas também dafalta de recursos econômicos, devínculos afetivos reais e duradouros,de pais que fizessem algo mais doque gerá-las.

...

A mãe está sentada de braçoscruzados, com um sorriso educadoe constrangido no rosto. É um diafrio de fevereiro, em uma clínicanos arredores de Denver. Ela, dona--de-casa, fala sobre o filho adotado.Ele foi trazido da Romênia quandotinha 4 anos, em junho de 1991. Amãe havia morrido – disse aos paisamericanos o agente de adoção da-quele país – e seu pai era alcoólatra,quase cego. Quando o pai biológi-co não os forçava a mendigar, ten-tava vendê-los a algum estrangeiro;se nada conseguia, deixava-os àmercê do abandono e da negligên-cia.

Quando o casal decidiu fazer aadoção, estava consciente de que es-taria assumindo toda a históriaemocional de um menino que, ain-da que com pouco tempo de vida,já era herdeiro de intensa vivênciade grandes perdas. Na verdade, os

futuros pais e mães não esperavamque as coisas ficassem mais difíceisdo que imaginaram. O garoto eradesajeitado, sofria com terrores no-turnos, não suportava que sua mãeadotiva o tocasse e demonstrava di-ficuldade para criar laços afetivosduradouros.

Na contramão destas caracte-rísticas, ele revelou-se uma criançanão violenta e com capacidade pa-ra demonstrar ternura; adorava, porexemplo, segurar bebês. Na análisede tão grave quadro clínico, os es-pecialistas definiram o problemapor que passam essas crianças: de-sordem de vínculo, ou a incapacida-de relativa de realizar vínculos afe-tivos, por graves carências vividasna primeira infância.

Os teóricos do comportamen-to chegaram a conclusões marcan-tes, com base não só no sofrimentoenfrentado por esses filhos sem pais,mas igualmente por outros milhõesde crianças espalhadas pelo mundo,em países ricos ou pobres, que pas-saram pelas mesmas situações.

Nosso desiderato, neste artigo,é buscar caminhos para uma com-preensão dos fatos citados sob oprisma do estudo espírita. Algumasdessas análises já foram feitas porEspíritos de elevada condição, quetraduziram, em seus textos, a com-preensão da vida sob a ótica do Es-piritismo. Façamos uma leituracomparada, para notar que a Dou-trina Espírita sempre esteve sinto-nizada com seu tempo histórico

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Os filhos da guerraCarlos Abranches

* As mensagens de Emmanuel e de Meimei es-tão no livro Luz no Lar (Ed. FEB), nos capí-tulos 46 e 57, respectivamente.

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(quando não caminhou à frente de-le), restando ao homem descobriresse manancial de valores e concei-tos de grandeza incomensurável, àsua disposição para a efetiva ascen-são espiritual.

...

Linda Mayes e Sally Provence,professoras de desenvolvimento in-fantil na Yale University, concluí-ram que “a continuidade do cuida-do afetivo dado por uma pessoa ouum grupo origina o desenvolvimen-to das relações amorosas da criança”.

O psicanalista D. W. Winni-cott escreveu que “sem ter alguémdedicado especificamente às suasnecessidades, o bebê não consegueestabelecer uma relação eficientecom o mundo externo. Sem al-guém para dar-lhe gratificações ins-tintivas e satisfatórias, o bebê nãoconsegue descobrir o seu própriocorpo nem consegue desenvolveruma personalidade integrada”.

Na mesma linha de análise, apsicóloga Mary Ainsworth chamoude base segura a presença de umapessoa cujo amor seja confiável epara quem uma criança pode vol-tar-se em busca de seu reabasteci-mento emocional. Paradoxalmente– entende a psicóloga – “poder re-laxar em relação à sua dependênciaé o primeiro passo na direção da in-dependência”.

A convivência com criançasque, anos depois de adotadas, ain-da viviam como que reagindo às ex-periências traumáticas pelas quaispassaram nos orfanatos, reforçouargumentos defendidos por aborda-gens que analisam as relações deafeto, como a Teoria do Vínculo,por exemplo, desenvolvida por pes-

quisadores como o psiquiatra inglêsJohn Bolby e o psicanalista francêsRené Spitz.

Em seus estudos, eles demons-traram o impacto que crianças so-frem quando são separadas de seuspais, por motivos variados, como oabandono ou negligência, a separa-ção, a necessidade de sair em buscade emprego e de deixar o filho aoscuidados de uma babá ou em cre-ches etc.

Uma das mães adotivas, ThaisTepper, relatou, na reportagem, quese revoltou quando descobriu, sódepois da adoção, os problemas desaúde de seu filho. Decorrido umano depois que o trouxeram paracasa, quando ele ainda não falava efugia dela sempre que podia, é queThais chegou à conclusão de que oamor é uma experiência que, paraalguns, precisa ser aprendida. Foi aíque ela começou a estudar a Teoriado Vínculo.

Thais afirma que “essas crian-ças não têm apenas problemas psi-cológicos. Se você não tem umamãe que senta e lê para você, vaiacabar atrasado cognitivamente”.Neste sentido, a privação de afetoacaba não permitindo que umacriança se torne apta emocional-mente. Torna-se marcante e decisi-vo o fato de o bebê não ser alimen-tado quando precisa, não ouviruma pessoa quando está começan-do a balbuciar, a fazer seus primei-ros contatos com o mundo.

...

O Espiritismo entende a ado-ção como uma das mais belas vi-vências da alma na Terra. Dar auma criança a oportunidade de vi-ver em um lar estruturado, com

chances de crescer através de umaconvivência carinhosa com pais e ir-mãos, é abrir caminhos novos e al-tamente positivos para a redençãoespiritual. É uma das formas de res-gatar, com base no amor, antigosvínculos do passado e substituir ve-lhas matrizes de ódio e vingançapor novas bases de perdão, ternurae companheirismo.

Quando o “novo filho” é tam-bém um dos filhos da guerra, nãosó das que utilizam armas, masigualmente das que se travam nasfavelas da miséria sócioeconômicade qualquer cidade, os pais ganhamvaliosos reforços em suas lutas par-ticulares de crescimento espiritual.Não só marcantes conquistas nocampo da afetividade são realizadas,mas também novos amigos espiri-tuais se apresentam para partilharcom a família suas lutas em buscada ascese íntima: os inimigos dopassado, que não resistem à mu-dança de seus devedores, e os ben-feitores espirituais dos “adotados”,que estão, por si, lutando para amelhora definitiva de seus queridosdo coração.

Os laços com os rebentos desangue e os do coração passam a serum só. Emmanuel afirma que o fi-lho, sendo a materialização dos so-nhos dos pais, é também a obra de-les na Terra. Daí, a necessidade derecebê-lo como quem encontra aoportunidade mais santa de traba-lho no mundo.

Reforçando a atitude de quemresolveu acalentar nos braços os fi-lhos de outras mães como se fossemseus, a recomendação do EspíritoMeimei é de notável beleza, quan-do relembra que, se os nossos pe-queninos trazem nas feições a per-feição dos astros, somos incessan-

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temente chamados a estender mãoscompassivas aos enfermos que che-gam à Terra como lírios contundi-dos pelo granizo do sofrimento.

Esses não são apenas os doen-tes do corpo ou da mente, mastambém aqueles que se tornarammachucados da emoção, por causado abandono de pais inscientes desuas responsabilidades.

Segundo Meimei*, “são avescegas que não conhecem o próprioninho, pássaros mutilados esmolan-do socorro em recantos sombriosda floresta do mundo!...”

Como que enviando umamensagem amorosa aos coraçõesdos pais americanos, que estão vi-

vendo a experiência da adoção, elaescreve ainda que esses outros “sãonossos outros filhos do coração, quevolvem das existências passadas,mendigando entendimento e cari-nho, a fim de que se desfaçam dosdébitos contraídos consigo mes-mos...”*

...

Enquanto escrevemos estas pá-ginas, imaginamos o que o conhe-cimento da realidade espiritual soba lente do Espiritismo poderia fazer,em termos de renovação de ânimoe de coragem, no íntimo de tantospais desesperançados.

De imediato, chega-nos ao co-ração a vontade de orar por eles,pedindo-lhes que, por enquanto,não aguardem dos filhos que vie-ram de um mundo familiar dilace-rado respostas imediatas de reco-nhecimento emocional.

No desejo de confortá-los, re-petimos as expressões de Meimei*,quando afirma que “cada vez quelhes ofertes a hora de assistênciaou a migalha de serviço, o leitoagasalhante ou a lata de leite, a pe-ça de roupa ou a carícia do talco,perceberás que o júbilo do BemEterno te envolve a alma no per-fume da gratidão e na melodia dabênção”.

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Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música daesperança, escuta a voz de alguém que te buscao ninho da própria alma!... Alguém que te

acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoçao sentimento, qual se trouxesses uma harpa de ternu-ra escondida no peito.

Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.Ainda que não quisesses, lembrar-lhe-ias hoje os

dons inefáveis, ao recordares as canções maternas quete embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao reco-lher-te nos braços enternecidos, a paciência dosmestres que te guiaram na escola e o amor puro develhas afeições que te parecem distantes.

Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhereverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso daslágrimas que te desafogam o coração... É que ele tefala no íntimo, rogando perdão para os que erram, so-corro aos que sofrem, agasalho aos que tremem navastidão da noite, consolação aos que gemem desa-nimados e luz para os que jazem nas trevas.

Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sor-ri de novo para os que te ofenderam; abençoa os quete feriram; divide o farnel com os irmãos em necessi-dade; entrega um minuto de reconforto ao doente;oferece uma fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sobruínas e pontes abandonadas; estende um lençol ma-cio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar;cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mãesfatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que en-languescem de fome, ou improvisa a felicidade deuma criança esquecida.

Não importa se diga que cultivas a bondade so-mente hoje quando o Natal te deslumbra!... Come-cemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumashoras, de quando em quando, e aprenderemos, poucoa pouco, a estar com ele, em todos os instantes, tantoquanto ele permanece conosco, tornando diariamenteao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.

Meimei

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia Mediúnica do Natal.5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 5, p. 24-25.

Cartão de Natal

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Natal“Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa von-

tade para com os homens.” (Lucas, 2:14.)

As legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, nãoapresentaram qualquer palavra de violência.

Glória a Deus no Universo Divino.Paz na Terra.Boa vontade para com os Homens.O Pai Supremo, legando a nova era de segurança e tranqüilidade ao mundo, não

declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.Nem castigo ao rico avarento.Nem punição ao pobre desesperado.Nem desprezo aos fracos. Nem condenação aos pecadores.Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso.Nem anátema contra o gentio inconsciente.Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de Jesus, para o serviço da Boa Von-

tade.A justiça do “olho por olho” e do “dente por dente” encontrara, enfim, o Amor

disposto à sublime renúncia até à cruz.Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram

júbilo inexprimível...Daquele inolvidável momento em diante a Terra se renovaria.O algoz seria digno de piedade.O inimigo converter-se-ia em irmão transviado.O criminoso passaria à condição de doente.Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matança nos circos. Em Sídon,

os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em Jerusa-lém, os enfermos não mais seriam relegados ao abandono nos vales de imundície.

Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, tran-sitou vitorioso, do berço de palha ao madeiro sanguinolento.

Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recor-da que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros.

Natal! Boa Nova! Boa Vontade!...Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com

Jesus, sob os esplendores de um novo dia.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 30. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 180,p. 399-400.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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Estamos no ano em que se co-memora o Bicentenário de Nas-cimento de Allan Kardec. Em

todos os Estados brasileiros, está emdestaque a campanha proposta pe-la FEB em lembrança da contribui-ção dele, para a consolidação damensagem do Consolador. Renova--se em nós o sentimento de admi-ração pelas características desse mis-sionário, pela lucidez e bom sensocom que levou a termo sua tarefa, ea gratidão a Deus pela possibilida-de que nos concede de participardo movimento que se constituiutendo como base a Doutrina Es-pírita. As reflexões do momento en-sejam-nos a lembrança, dentre tan-tos estudos já elaborados, de umque, certa vez, foi-nos solicitado,com foco no aspecto filosófico doEspiritismo. O título do tema era“A Transcendentalidade Filosóficada Doutrina Espírita”. Para desen-volvê-lo, iniciamos por uma buscade entendimento do que propunhao título e percebemos, nas pesqui-sas e leituras efetuadas, que a maté-ria se presta a reflexões muito valio-sas neste momento das nossas ati-vidades no Movimento Espírita.

O entendimento adequado doque o título propõe passa pela ne-

cessidade de um levantamento dosentido das palavras de que se com-põe. Transcendentalidade é a quali-dade ou o caráter do que é trans-cendental. No kantismo, trascen-dental é o adjetivo que se usa parareferir-se ao conhecimento das con-dições a priori da experiência e doque ultrapassa os limites da expe-riência. Filosofia – do grego PHILOS= amigo e SOPHIA = sabedoria –significa aquele que ama a sabedo-ria, ou amor à sabedoria. A palavratem sido empregada em vários sen-tidos, podendo significar: a)“sabercomo” fazer alguma coisa; b) siste-matização de pensamentos, ou c)saber universal, livre e crítico. Pode-mos, então, ver nesse título a suges-tão para uma análise da DoutrinaEspírita em seu aspecto de sistema-tização de pensamentos que ultra-passam os limites da experiência jáacumulada pelo homem em seuprocesso histórico de construção deconhecimentos. Também pareceválido perceber que propõe o en-tendimento de que a Doutrina éum saber universal, livre e críticoque leva o homem a transcender oslimites da experiência.

Uma rápida visão da históriado homem na Terra parece-nos im-portante, para o bom desenvolvi-mento do estudo. Tudo começa navivência dos homens primitivos eno seu despertar para a construçãode conhecimentos sobre si mesmos

e sobre o mundo. Propõem estu-diosos do assunto a origem sensóriada crença na sobrevivência, porquese percebe, pelo conhecimento quese pode reconstruir daquelas cultu-ras com suas crenças, costumes e ri-tuais, que a existência dos Espíritosé universalmente afirmada pelospovos primitivos. É preciso que sereconheça que as práticas mágicasdos selvagens não podiam ser denatureza abstrata, imaginária, poisaqueles homens primitivos, comoseres que estavam na infância espi-ritual, não poderiam ser capazesdessas abstrações.

Spencer, por exemplo, afirmaque a origem da crença na sobrevi-vência está nas sensações e não nacogitação filosófica e aponta ele osonho, a sombra que acompanhao indivíduo, a imagem refletida nolago e o eco da voz em desfiladeirose cavernas como experiências queteriam induzido o homem a ela-borar essa crença. Bozzano não con-corda inteiramente com isso e acres-centa outras vivências decorrentesda potencialidade medianímica que,muito mais que aquelas, teriamfundamentado essa crença, como: osonho premonitório, os fenômenosde vidência, as aparições, o fenôme-no da voz direta, que certamenteocorriam desde aqueles tempos.Como a comprovar o que afirmaBozzano, na sequência histórica,surge o culto aos ancestrais. Criam-

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Doutrina EspíritaSaber Universal Livre e Crítico

Dalva Silva Souza

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-se rituais carregados de sacrifícioshumanos, animais e vegetais. Nestemomento, os oráculos dominam opensamento das criaturas. Diz-sedesse período, momento de ima-nência do processo evolutivo.

Os tempos descritos na Bíbliamostram ainda uma civilizaçãoagrária, em que se apresentam to-dos esses elementos já citados, masum passo importante é dado naevolução do sentimento religioso,com o surgimento dos profetas quedemonstram uma independênciado indivíduo em relação à coletivi-dade. Os deuses não são mais enti-dades espirituais superiores que go-zam do privilégio da imortalidade eos homens meras criaturas efême-ras, escravizadas ao solo. O mono-teísmo já está estabelecido cultural-mente e os profetas são indivíduosque conseguem perceber a vontadedivina e se revelam autônomos, pas-sando a exercer, inclusive, ascendên-cia sobre a autoridade constituída,criticam os reis, elaboram conheci-mentos novos, determinam dire-ções, preparam o terreno para a vin-da do Cristo.

Com Jesus, apresenta-se o mo-mento da transcendência humana.O homem deve acordar em si mes-mo as forças latentes da alma, parasuperar as condições da própria hu-manidade. A mediunidade positiva,canalizada para a construção deuma nova relação entre o homem eas forças espirituais é proposta peloCristo. A evolução mediúnica mos-tra ao homem que ele e os Espíritossão semelhantes e, por isso mesmo,ele vai se elevar sobre a condiçãohumana, atingindo a divina. “Vóssois deuses” – afirma Jesus, de-monstrando com seus própriosexemplos a transcendência humana

que significa a superação da anima-lidade e a transferência do homempara o plano antigamente reservadoàs divindades.

Ao longo dos séculos que se se-guiram, manifestam-se forças quetentam travar o irresistível cresci-mento do ser espiritual, tanto en-quanto encarnado, como nos mo-mentos em que se libera do corpopelo fenômeno da morte. Durantea Idade Média, os valores espirituaisse aprisionam nos moldes acanha-dos do dogma, como se, por algumtempo, retrocedesse a Humanidadeà massificação, mas, na intimidadedo contexto cultural, elaboram-seos tempos novos que se apresentama partir do Renascimento. Desdeentão, é contínuo o processo deamadurecimento que prepara o ad-vento da Terceira Revelação. O ho-mem, já espiritualmente desenvol-vido, possui elementos para resolverproblemas antes insolúveis. A razão,a alavanca que elevou o homem do

período de imanência para o detranscendência, permitindo-lhe jul-gar-se a si mesmo e delinear as pers-pectivas de sua própria libertação,com o Espiritismo, revela-se basegranítica que apóia a fé. Embora oestudo espírita nos traga a percep-ção de que ainda há perguntas semrespostas, sabemos que, à medidaque progredirmos, alcançaremos apossibilidade de resolver os mis-térios.

Mas o século XIX, além de sero tempo do advento do Consoladorprometido por Jesus, traz tambémas bases do materialismo. Apegadosao plano físico, muitos pensadoresnegam a existência da vida além damatéria. A tradição filosófica, con-tudo, sempre foi espiritualista e oEspiritismo, no seu aspecto filosó-fico, enquadra-se rigorosamente natradição filosófica. É uma filosofiado espírito, que parte da essênciaespiritual, para explicar a existênciamaterial, mas faz isso com funda-mento na observação científica defenômenos psíquicos, que semprese haviam mostrado, mas nunca ti-nham sido vistos por esse prisma ra-cional e lógico.

No processo histórico de cons-trução do conhecimento, portanto,atravessou o homem muitas fases,para atingir o amadurecimento econdições de liberdade, para conce-ber-se uma inteligência livre criadapor Deus, com possibilidade deatuar sobre a matéria e definir seupróprio caminho evolutivo. Temosaí que a Doutrina Espírita, em seuaspecto de sistematização de pensa-mentos, permite a superação dos li-mites da experiência já acumuladapelo homem em seu processo histó-rico de construção de conhecimen-tos. >

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A tradição

filosófica sempre

foi espiritualista

e o Espiritismo,

no seu aspecto

filosófico,

enquadra-se

rigorosamente na

tradição filosófica

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A concepção espírita leva auma reavaliação do mundo, a umasuperação dos valores antigos. Ohomem, iluminado pelo estudo es-pírita, percebe o ascendente dos va-lores espirituais, sem desprezar osvalores morais e materiais e, à me-dida que essa nova cultura venha ase espalhar, será possível tambémque um novo critério valorativo seapresente, e o homem passe a valerpela sua evolução e por suas quali-dades morais, deixando de prevale-cer o apego aos bens materiais. Per-cebendo que “todas as [leis] daNatureza são leis divinas” (O Livrodos Espíritos, Ed. FEB, Parte 3a,cap. I, q. 617), reformar-se-á o con-ceito do Universo, que será conce-bido em sua plenitude como mani-festação do pensamento do Cria-dor, e novos paradigmas de cons-trução do conhecimento levarão aprópria razão a transcender os limi-tes de suas categorias, na proporçãoem que novas experiências lhe se-jam acessíveis. Assim, o homem,desenvolvendo-se a partir do co-nhecimento do Espiritismo, pode-rá superar-se, superando as suaslimitações. A Doutrina revela-se,portanto, um saber universal, livree crítico que pode levar o homem atranscender os limites da experiên-cia. É esse o legado que nos cabe eprecisamos conscientizar-nos dosrecursos que nos foram facultados,para realizar nosso trabalho na sea-ra espírita.

O Movimento Espírita, comoconstrução nossa, precisa ajustar-seà execelência dessa Doutrina. Algu-mas direções para o momento quepassa parecem-nos especialmenteimportantes e vamos encontrá-lasnas palavras e atitudes de AllanKardec. Em primeiro lugar a preo-

cupação do Codificador em estabe-lecer a Doutrina de forma tão claraque não deixasse margem a diver-gências, a fim de que o MovimentoEspírita estivesse unificado. Depois,sua marcante manifestação, sempreque vozes se elevavam para atacar aDoutrina. Com argumentação ló-gica e consistente, deixava sem res-postas os detratores. E, ainda, sualucidez em definir a Doutrina co-mo ciência, mostrando que a reli-giosidade que ela enseja é um sen-timento natural que emerge doconhecimento.

Tendo essas diretrizes, urge quenos movimentemos no sentido defortalecer aquilo que nos aproxima,entendendo que as diferentes leitu-ras que fazemos de alguns pontosda Doutrina não nos tornam adver-sários e podem ser elemento de en-riquecimento das elaborações quenos cabe empreender, já que a cons-trução do edifício doutrinário écontínua. Bezerra de Menezes nãose cansa de conclamar-nos à unifi-cação. Em seguida, há um campode trabalho imenso, para responderà forma com que os não espíritascontinuam a tratar o Espiritismo,vendo-o como sistematização de ve-lhas superstições; esboço imprecisode filosofia religiosa; mais uma sei-ta entre tantas seitas religiosas; cren-ça, espécie de religião contaminadade resíduos mágicos.

É preciso argumentar, esclare-cer, não se omitir, sempre que ne-cessário mostrar o que é o Espiri-tismo. E, por último, é importan-te fazer das Casas Espíritas núcleosde cultura, de aprendizado, de ela-boração do conhecimento, pois, naverdade, como bem esclarece Her-culano Pires, “o Espiritismo é a úl-tima fase do processo do conheci-

mento. Não no sentido de fase fi-nal, mas da que o homem podeatingir até agora, na sua lenta evo-lução através do tempo. É uma sín-tese dos esforços humanos paracompreensão do mundo e da vida”.(O Espírito e o Tempo, 7. ed. Sobra-dinho (DF), EDICEL, 1995.)

462

Espiritismo

OEspiritismo é a nossa grandeesperança e, por todos os tí-

tulos, é o Consolador da huma-nidade encarnada; mas a nossamarcha é ainda muito lenta.Trata-se de uma dádiva sublime,para a qual a maioria dos ho-mens ainda não possui “olhosde ver”. Esmagadora porcenta-gem dos aprendizes novos apro-xima-se dessa fonte divina a co-piar antigos vícios religiosos.Querem receber proveitos, masnão se dispõem a dar coisa algu-ma de si mesmos. Invocam averdade, mas não caminham aoencontro dela. Enquanto mui-tos estudiosos reduzem os mé-diuns a cobaias humanas, nu-merosos crentes procedem àmaneira de certos enfermos que,embora curados, crêem mais nadoença que na saúde, e nuncautilizam os próprios pés. Enfim,procuram-se, por lá, os espíritosmaterializados para o fenome-nismo passageiro, ao passo quenós outros vivemos à procura dehomens espiritualizados para otrabalho sério.Fonte: XAVIER, Francisco C. NossoLar, pelo Espírito André Luiz. 2. ed.especial. Rio de Janeiro: 2003, cap.43, p. 264-265.

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Caiu a chuva, vieram as enxur-radas, sopraram os ventos e de-ram contra aquela casa, mas elanão caiu, porque estava alicerça-da na rocha.

(Jesus – Mateus, 7:25.)

Através do Sermão do Monte,Jesus revelou-nos o mais per-feito código moral que a Hu-

manidade já recebera do Alto, oqual, se observado conveniente-mente, conduzirá o interessado, emqualquer tempo, pelo reto caminhoda evolução espiritual.

Com a parábola da casa sobrea rocha, o Mestre encerra com fe-cho de ouro esse roteiro para o pro-gresso do Espírito encarnado. Dei-xa, porém, ao arbítrio de cada umpraticar ou não os seus ensinamen-tos; trilhar o caminho apertado eentrar pela porta estreita que con-duz à vida; ou ir pelo caminho es-paçoso e entrar pela porta larga daperdição (Mateus, 7:13-14); avan-çar na senda evolutiva, pelo exercí-cio do “amai-vos também uns aosoutros” (João, 13:34) ou estacionarno caminho, pela prática do orgu-lho, do egoísmo e da vaidade; en-fim, tornar-se merecedor da liberta-ção espiritual ou continuar presoaos grilhões da insensatez.

A parábola em questão fala dedois homens aparentemente iguais.Ambos desejavam construir uma

casa onde pudessem abrigar a si e assuas famílias. Evidentemente já ha-viam adquirido o terreno para aedificação do imóvel e, ao que pa-rece, ambos possuíam os recursosnecessários para tocar a obra.

Materializando seus planos,edificaram, cada um a seu modo, adesejada casa. Parece que as duasmoradias eram de aparência sólida eapresentavam uma boa figura.

A parábola induz-nos a crerque as casas foram construídas pró-ximas uma da outra, provavelmen-te nas adjacências do leito seco deum rio da localidade.

Admitindo, por hipótese, queos dois proprietários possuíam re-cursos equivalentes, e que ergueramas duas casas de igual tamanho, épossível imaginar que a aparênciainterna e externa da casa construí-da ao rés-do-chão fosse mais atraen-te do que a edificada sobre a rocha.Isto porque seu proprietário, nadainvestindo no alicerce, pôde aplicarmais recursos nos arremates. Fre-qüentemente, apegamo-nos ao su-pérfluo e esquecemo-nos do essen-cial...

Excluindo a boa qualidade doacabamento da casa construída di-retamente sobre o chão, a única di-ferença real entre as duas era invisí-vel aos olhos do observador, pois seocultava sob o solo. A primeirapossuía uma base sólida pois o ho-mem “cavou, aprofundou e lançouo alicerce sobre a rocha”, no dizerdo evangelista Lucas. A segunda, ao

contrário, foi construída “ao rés dochão, sem alicerce.”1 O evangelistaMateus, para dar ênfase ao ensina-mento do Mestre, esclarece que asegunda delas foi construída “sobrea areia”.

Uma vez edificadas, passaramas duas casas a sofrer com igual in-tensidade os efeitos das intempé-ries, impostas pelas forças da Na-tureza. Quando chegou a estaçãodas águas, aconteceu a tragédia: Oevangelista enfatiza que “caiu a chu-va, vieram as enxurradas, sopraramos ventos” e deram contra as duas ca-sas com igual intensidade. A pri-meira não se abalou, “porque estavaalicerçada na rocha”; mas a segun-da, quando “a torrente deu contraela – no registro de Lucas – ime-diatamente desabou; e foi grande asua ruína”. Portanto, só na aparên-cia eram iguais.

Conosco também acontece amesma coisa: na aparência somostodos iguais, quanto à espécie. Oque torna diferente um ser humanode outro são os seus desejos mais re-cônditos, gerados no coração. Osdesejos são enviados ao cérebro,originando formas-pensamento; equando estas são exteriorizadas pe-la comunicação ou materializadaspela ação, acarretarão consequênciasboas ou más em volta de quem asemite. Por isso Jesus advertiu-nos:

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Casa sobre rochaJoão Martins e Martins da Silva

1Mateus, 7:24-27; Lucas, 6:46-49 e demais ci-tações bíblicas, foram extraídas da Bíblia deJerusalém, Edições Paulinas.

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“Com efeito, é de dentro do coraçãodos homens que saem as intençõesmalignas: prostituições, roubos, as-sassínios, adultérios, ambições des-medidas, maldades, malícia, devas-sidão, inveja, difamação, arrogân-cia, insensatez. Todas essas coisassaem de dentro do homem e o tor-nam impuro.” (Marcos, 7:21-23.)Evidentemente, as “intenções ma-lignas” atraem nuvens pesadas emtorno do perispírito do seu criador,as quais mais cedo ou mais tardedesabarão como “tempestades”, is-to é, sob a forma de provas difíceisque colocarão em risco o sucesso deuma reencarnação.

...

Trazendo o ensinamento de Je-sus para a “casa” do Espírito, bus-quemos em Jó um exemplo de casaedificada sobre a rocha: Jó era umhomem íntegro, que se mantinhalonge do mal, portanto, reto peran-te Deus. Rico e sensato, merecia ajusta consideração dos homens.Além de ser o chefe de uma famílianumerosa e amorável, possuía mui-tos amigos. Entretanto, nem mes-mo os seus méritos o livraram dasprovas, necessárias ao seu aperfei-çoamento espiritual.

Inesperadamente, perdeu tudo:animais, servos, filhos, casa e a ri-queza amoedada. Somente sua mu-lher ficou em sua companhia. Mes-mo assim, Jó não se desesperounem se revoltou contra Deus. Aocontrário, em sinal de resignação efidelidade ao Criador, caiu por ter-ra e exclamou: “Nu saí do ventre deminha mãe e nu voltarei para lá.Iahweh o deu, Iahweh o tirou, ben-dito seja o nome de Iahweh”. (Jó,1:21.) Após todas as tragédias sofri-

das, viu-se reduzido à mais negramiséria. Como se não bastasse tan-to infortúnio, uma doença insidio-sa “feriu Jó com chagas malignasdesde a planta dos pés até o cumeda cabeça”. (Jó, 2:7.)

Sua mulher, revoltada com assucessivas tragédias que se abateramsobre eles e talvez influenciada porobsessores, tentou o marido: “Per-sistes ainda em tua integridade?Amaldiçoa a Deus e morre dumavez!” (Jó, 2:9.)

Jó, porém, não caiu na armadi-lha das sombras e respondeu à suamulher: “Falas como uma idiota: serecebemos de Deus os bens, não de-veríamos receber também os ma-les?” (Jó 2:10.) Dessa forma, demons-trava perfeita compreensão e acei-tação da vontade do Alto.

Aquele homem havia perdidotudo o que lhe era mais caro na vi-da. Entretanto, sua casa mentalcontinuava intacta e resistindo bra-vamente às tormentas mais rudes,porque se escorava na “rocha do Se-nhor”. Ao invés de desesperar-seante a dor, seu Espírito robustecia--se com as duras provas.

Depois que as calamidades pas-saram, Jó recuperou em dobro tu-do o que havia perdido. Teve sete fi-lhos e três filhas e viveu aindamuitos anos. (cfr. Jó 42:10-16). Elefora aprovado nos testes que a vidaimpusera, para adestrar-lhe o espí-rito na rota da evolução. O mesmose dará com todos nós, quando es-tivermos realmente preparados.

As provas são impostas ao Es-pírito em evolução exatamente pa-ra testar sua firmeza no caminhoque conduz à perfeição. É o que le-ciona a Epístola de Tiago: “Meusirmãos, tende por motivo de gran-de alegria o serdes submetidos amúltiplas tentações, pois sabeis quea prova da vossa fé leva à perseve-rança; mas é preciso que a perseve-rança produza uma obra perfeita,a fim de serdes homens perfeitos eíntegros, sem nenhuma deficiên-cia.” (Tiago, 1:2-4.)

...

O homem verdadeiramentesensato – reconhecendo que em ummundo de expiação e provas se tor-na obrigatória a colheita do que elesemeou no passado – robustece asua fé, ajustando-se às dificuldadesque a lei de causa e efeito lhe impõe,ao mesmo tempo em que se esforçapor melhorar-se, praticando os en-sinamentos do Cristo. E assim, vidaapós vida, vai edificando a sua casaespiritual com segurança, confiantede que, sobre a rocha viva do Se-nhor, poderá enfrentar e atravessaras tormentas do caminho, adquirin-do experiências até com os erros co-metidos, e fortalecendo-se espiri-tualmente a cada vitória.

Na lição do Divino Mestre, fi-ca também profundamente marca-

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As provas são

impostas ao Espírito

em evolução

exatamente para

testar sua firmeza

no caminho que

conduz à perfeição

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da a figura do outro homem, o in-sensato, que, tolo e imprevidente,mesmo tendo ouvido as orientaçõesde como se conduzir na vida, cerraos olhos para não ver por onde pi-sa, tampa os ouvidos às advertênciasda Lei, tranca a porta do coraçãopara não amar o próximo e enterrao cofre de suas riquezas materiais,para não doar o que for preciso aosnecessitados, tornando-se devedorperante a Lei de Deus, cuja base é oamor. Ou seja, desvia-se do cami-nho reto que conduz à perfeição. Eassim, muitos, com as próprias mãos,provocam o desabamento de suasmoradas...

É o que revela o livro Memó-rias de um Suicida, ditado por Ca-milo Cândido Botelho (pseudôni-mo de Camilo Castelo Branco) àmédium Yvonne A. Pereira, edita-do pela FEB. Esta obra magistral es-tá recheada de exemplos de “casas”construídas sobre a areia, que desa-baram ruidosamente, quando visi-tadas pelas tempestades e inunda-ções promovidas pela vida, sob aforma de “tentações”. Os homensali apontados, não resistindo à for-ça da tormenta, foram levados deroldão, através do suicídio, para oumbral mais terrível do mundo es-piritual.

...

Meu amigo, já que ninguém seexime das provas e expiações neces-sárias ao aprimoramento espiritual;já que as tempestades açoitam, indi-ferentemente, tanto as casas edifica-das sobre a rocha quanto as cons-truídas na areia, sugere a prudênciaque ergamos a nossa morada sobrealicerce firme e em lugar seguro, deforma a nos garantir proteção con-

tra os efeitos das procelas. Cavemospois e aprofundemos o alicerce danossa vida espiritual no exame doSermão do Monte e vivenciemos osensinamentos nele contidos.

Admitindo, porém, que o nos-so hoje (ou seja, nosso atual estágiona carne) não se encontra edificadosobre o alicerce do Evangelho, eque já estamos começando a colheros frutos amargos da nossa insensa-tez, nem por isso devemos deses-perar. Confiemos na misericórdiado Alto. As tempestades não sãoeternas. Após cada uma semprevem a bonança. Todavia, para per-manecermos erguidos no amanhã,é fundamental que comecemos aenxertar, ainda que de forma gra-dual, sólido alicerce sob nossas pa-redes, para que a nossa casa possa

suportar as tormentas sem ruir. Co-mo fazer isso? A condição únicaoferecida pelo Mestre Jesus é que,conhecendo a Sua palavra, colo-quemo-lA em prática, diuturna-mente, exercitando o amor frater-no, a caridade, a humildade e atolerância em relação ao nossopróximo. Se assim procedermos se-remos comparados “a um homemsensato que construiu a sua casa so-bre a rocha” (Mateus, 7:24). Se jáestamos nos esforçando nesse senti-do, alegremo-nos e cantemos como profeta Samuel: “O Senhor é mi-nha rocha, minha fortaleza, meulibertador” (II Samuel, 22:2). Nos-sa casa – como a de Jó e a do ho-mem sensato da parábola do Celes-te Amigo – certamente não ruirá aoser fustigada pelas adversidades.

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Sobre o amorPaulo Nunes Batista

Se neste nosso mundo, de repente,o Amor morresse – tudo morreria,pois da Terra desapareceriaa própria luz que faz viver a gente.

O Amor é tudo – é a lúcida sementeda Arte, do Bem, do Belo, da Poesia.Se o Amor morresse, o Sonho, a Fantasianos deixariam imediatamente.

Ama o Sol que de luz os céus inflama.Ama o rio, ama o verme que na lamasonha com ser estrela ou com ser flor...

E a chama que ainda une a Humanidadenos braços da Harmonia e da Verdadevem do Deus que há em nós, chamado Amor!...

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Com este sugestivo título, a edi-tora do Centro Espírita LéonDenis concretizou, em forma

de livro, uma antiga aspiração dosque, no Brasil, têm servido à causado Esperanto associado à divulga-ção do Espiritismo. Reunindo, embem cuidada produção gráfica, 80manifestações de diversos Espíritossobre o Esperanto, veiculadas atra-vés de 20 médiuns ao longo das seisúltimas décadas, nossos companhei-ros do CELD – ([email protected])disponibilizam aos trabalhadores dotríplice ideal Evangelho, Espiritis-mo, Esperanto “um instrumentalpoderoso para a propaganda doideal esperantista entre os espíritase para o sustento desse mesmoideal entre os que a ele já se dedi-cam, protegendo-os contra as enfra-quecedoras sugestões do desânimogeradas pelos naturais obstáculosque toda idéia generosa enfrenta nomundo”.*

A Língua que Veio do Céu –O que os Espíritos dizem do Espe-ranto é um atestado frisante do ca-rinho, do apreço que os Espíritosque influenciam o Movimento Es-pírita no Brasil dedicam à LínguaInternacional Neutra, do que resul-tou “uma seqüência de realizaçõesem nossos círculos espíritas revela-

doras de um planejamento superior,visando às edificações do futuro”.*

Hoje, mais do que em qualqueroutra época, revela-se na marchaevolutiva da Humanidade, com aintensidade imposta principalmen-te pelo progresso das comunicações,a tendência para a vida universalis-ta, esboçada nos impulsos de umaglobalização que, não obstante ine-vitáveis prejuízos, vai deitando porterra diversas barreiras tidas ante-riormente como intransponíveis.

Mas uma dessas barreiras setem mostrado obstinada, renitente,resistente, talvez pelo fato de se en-contrarem, na complexa estruturade sua base, elementos sutis deidentidade psicológica das coletivi-dades, elaborada em origens ances-trais. Referimo-nos à barreira lin-güística, erguida pela multiplicida-de das línguas usadas no mundo, adificultarem sobremaneira o enten-dimento e, desse modo, entravaremo progresso geral, a aproximaçãofraterna, a comunhão de vistas, aconsciência clara de nossa pertinên-cia a uma sociedade planetária. AsPotências Diretoras dos destinos daHumanidade, para obviar a proble-ma tão sutil, já fizeram descer à Ter-ra o instrumento que um dia o re-moverá dos rumos de nossa evo-lução – o Esperanto – havendo ti-do o cuidado de confiar sua elabo-ração a um Espírito de escol, “umdos grandes missionários da Luz,consagrado à concórdia”, (...) “um

gênio da confraternização humanaque conhecemos por Lázaro LuísZamenhof”,** com vistas a que suacriação fecundasse a vida das socie-dades não apenas no terreno hori-zontal do intelecto, mas principal-mente nos aclives do sentimento,do coração.

Não é, pois, de surpreender aostensiva adesão dos Espíritos escla-recidos, que livremente se manifes-tam em nossos círculos, às idéias eideais ligados à causa do Esperanto,o que cabalmente evidencia o pre-cioso conteúdo de A Língua queVeio do Céu.

Congratulamo-nos, portanto,com todos os que contribuíram pa-ra tornar concreto o projeto dessaobra, aliás um sonho muito caro aoquerido e saudoso pioneiro do Es-peranto no Brasil, Ismael GomesBraga.

Que ela contribua de modoefetivo para a grande aspiração dosidealistas do Esperanto no Movi-mento Espírita brasileiro: a de que agenial criação de Zamenhof em bre-ve se torne a língua para as relaçõesinternacionais da família espíritamundial, beneficiando-a com assuas excelências e lhe dando ensejode antecipar o que será, um dia,conquista de toda a Humanidade.

A FEB E O ESPERANTO

A língua que veio do CéuAffonso Soares

*A Língua que Veio do Céu, à guisa de apresen-tação, p.11 e 12.

**O Esperanto como Revelação. Mensagem dita-da por Francisco Valdomiro Lorenz ao mé-dium Francisco Cândido Xavier, na cidade deUberaba (MG), em 19 de janeiro de 1959.

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Dois importantes empreendi-mentos que muito prestigiam aLíngua Internacional Esperantovieram a lume sob os auspícios daFederação Espírita Brasileira e doConselho Espírita Internacional, aoensejo do Bicentenário de Nasci-mento de Allan Kardec: foi lançadauma edição especial, integralmenteem Esperanto, da Revue Spirite,órgão oficial do Conselho e daUnion Spirite Française et Fran-cophone, e produzido um DVD so-bre a vida e a obra de Allan Kardeccom legendas em 8 idiomas, in-cluindo-se o Esperanto.

Os 1.000 exemplares da Spiri-tisma Revuo que circularão no seioda generosa e numerosa família es-perantista, do Brasil e do mundo,serão mais um atestado do amorcom que a Casa de Ismael se rela-ciona com o ideal de Zamenhof, aomesmo tempo que estende a essacoletividade de idealistas o exem-plo de uma vida toda dedicada aoBem, à Paz, à Concórdia, à Frater-nidade – ideais comuns ao Espiri-tismo e ao Esperanto – como foi ade Allan Kardec.

A edição em Esperanto da Re-vue, transcendendo, pela especiali-dade de seu conteúdo, o quadro eos efeitos limitados de uma simplespublicação periódica, ganha as di-mensões de um verdadeiro opúscu-lo, por oferecer ao leitor um bemelaborado resumo biográfico sobreo Codificador, além de valiosos tex-tos em torno de sua vigorosa per-sonalidade, como Espírito e comopensador inserido no contexto da

sociedade francesa dos meados doséculo XIX.

A outra iniciativa, elaboradaa partir de um videofilme produ-zido pela FEB na década de 90,apresenta, agora em forma de DVD,conteúdo semelhante, isto é, umroteiro sobre a vida e a obra deAllan Kardec, com a participa-ção dos atores Edinei Giovenazzi eAracy Balabanian, enriquecido poralocuções do Presidente da FEB,Nestor João Masotti, do Presiden-te da Union Spirite Française etFrancophone, Roger Perez, ambos

do Conselho Espírita Internacio-nal, de Divaldo Pereira Franco ede Marlene Rossi Severino Nobre,Presidente das Associações Mé-dico-Espíritas do Brasil e Interna-cional.

Graças a tão significativos em-preendimentos, podemos alimen-tar fortes esperanças de que, umdia, o Esperanto estará desempe-nhando o seu precípuo papel noscírculos do Espiritismo, a saber,afirmar-se como língua para as re-lações internacionais da família es-pírita mundial.

Duas belas e fecundas iniciativas

SplendojTranse, dispeci1as la lum’ /ielaEn krevoj de sono kaj belkoloro,Por generado de amo kaj gloroEn l’ universa viv’ pura kaj bela...

Brilas, trans blu’ de l’ firmamento hela,Astroj en bando, kvaza9 lumpulvoroDe altaj stelaroj el pleja foro:Sunoj pendantaj de pasej’ fabela...

Gapas hom’ /e l’ kolosoj nebulozaj,Dancantaj en aran1oj grandiozaj,Kaj vermon anta9 destin’ li staturas...

0e l’ sublima splendo /esas l’ eraro...Kiel etas l’ orgojlo de l’ homaro!Kiel Amo de Dio senmezuras!

Afonso Celso (Spirito)

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo, Antologia dos Imortais.4. ed. FEB: Rio de Janeiro, 2002, p. 219. (Versão da poesia “Esplendores”, feitapor Affonso Soares.)

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Uma das vidas relatadas peloEspírito que ditou a EudaldoPagés e Amalia Domingo So-

ler a obra Perdôo-te é facilmenteidentificada como sendo a de Tere-sa d’Ávila, a notável mística espa-nhola do século XVI. Naquelamagnífica autobiografia, Teresa, Es-pírito, conta em detalhes como sou-be, com certeza, que seus escritosseriam adulterados após a sua mor-te de modo a ficarem em conformi-dade com uma visão tolerada pelaalta hierarquia da Igreja de então.

A despeito da advertência daprópria Teresa (Espírito), no entan-to, existe um relato de uma passa-gem na vida daquela grande mé-dium da Igreja, contado na obra OsSantos que Abalaram o Mundo, deRené Fülöp-Miller, que nos parecemuito propícia a um estudo. Se au-têntico o relato histórico ou se elefoi vítima de uma adulteração cui-dadosa e sábia feita posteriormentee assim coletada pelo autor, o fato éque o dito relato algo importantenos tem a ensinar.

Conta Fülöp-Milller que, já es-tando no final da vida, com o cor-po cansado pelas muitas provaçõesque sofrera, a destemida amiga deJesus havia partido com uma cara-vana para fundar um novo conven-to em Burgos. As estradas estavaminundadas pelas chuvas e era neces-

sário atravessar o Rio Arlazón antesde chegar-se ao destino. Tendo sidodestruída a ponte, pela força daságuas, segundo relata o autor, Tere-sa atirou-se bravamente à travessia,conclamando suas companheirascom alegria e determinação: “Venhao que vier. Se desmaiardes no cami-nho, se morrerdes na estrada, se omundo for destruído, tudo isto estábem se atingirdes o vosso alvo.”Desse modo, conclamando todas asegui-la, avançou corajosamente pe-la água gelada. Foi, então, que umaonda a fez escorregar para a partemais funda do rio. Sem se mostraraterrorizada, Teresa dirigiu-se, co-mo costumeiro, ao amado Mestre,pedindo ajuda. Vamos, pois, ao diá-logo:

“– Oh! Senhor, por que puses-te tais dificuldades em nosso cami-nho?”

Aparecendo sobre as águas navisão espiritual da médium Teresa,Jesus respondeu:

– É assim que trato meus amigos.Ao que Teresa, que segundo

Fülöp-Miller, jamais perdia a opor-tunidade de uma resposta, retru-cou:

– Ah! Meu Senhor, é por issoque tendes tão poucos.

Ora, será verdade que Jesuspermite aos seus amigos os maioressofrimentos? Sem maiores análises,à primeira vista, as palavras de Jesusescutadas por Teresa parecem suge-

rir um Jesus sádico, que aprecia verseus amigos sofrerem, para testarsua amizade. Como, no entanto,inexistem sentimentos negativos nopsiquismo de um Espírito puro co-mo Jesus, deve haver outra expli-cação. Consultando a Codificação,vamos encontrar parte do esclare-cimento que desejamos no item 9,capítulo V de O Evangelho segun-do o Espiritismo, sob o título de“Bem-aventurados os Aflitos”:

“Não há crer, no entanto, quetodo sofrimento suportado nes-te mundo denote a existênciade uma determinada falta.Muitas vezes são simples pro-vas buscadas pelo Espírito pa-ra concluir a sua depuração eativar o seu progresso. Assim, aexpiação serve sempre de pro-va, mas nem sempre a prova éuma expiação. Provas e expia-ções, todavia, são sempre sinaisde relativa inferioridade, por-quanto o que é perfeito nãoprecisa ser provado. Pode, pois,um Espírito haver chegado acerto grau de elevação e, nadaobstante, desejoso de adiantar--se mais, solicitar uma missão,uma tarefa a executar, pelaqual tanto mais recompensadoserá, se sair vitorioso, quantomais rude haja sido a luta.Tais são, especialmente, essaspessoas de instintos natural-mente bons, de alma elevada,

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Faz Jesus sofrer a seusamigos?

Renato Costa

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de nobres sentimentos inatos,que parece nada de mau have-rem trazido de suas preceden-tes existências e que sofrem,com resignação toda cristã, asmaiores dores, somente pedin-do a Deus que as possam su-portar sem murmurar. Pode-se,ao contrário, considerar comoexpiações as aflições que provo-cam queixas e impelem o ho-mem à revolta contra Deus.

Sem dúvida, o sofrimento quenão provoca queixumes podeser uma expiação; mas, é indí-cio de que foi buscada volun-tariamente, antes que imposta,e constitui prova de forte reso-lução, o que é sinal de progres-so.”Com o esclarecimento que ob-

tivemos desse trecho de O Evange-lho segundo o Espiritismo, as coisascomeçam a clarear. O sofrimentopor que passou Teresa, ao longo detoda a sua vida, tinha um propósi-to educativo que não lhe havia sidoimposto, mas aceito na Espirituali-dade, com o intuito de enrijecer suaforça de vontade direcionada para obem.

Resta-nos, ainda, analisar a se-gunda parte do relato, isto é, a afir-mação de Jesus de que era assimque tratava os seus amigos. E mais,a terceira parte, o comentário finalde Teresa, ao dizer que por isso osteria Jesus em tão pequena quanti-dade.

O que é ser amigo de Jesus?Observemos bem que não estamosfalando de ser Jesus nosso amigo esim de um de nós ser amigo dEle.

Após algumas pesquisas naWeb, procurando por “amigo de Je-sus”, encontramos inúmeras pági-nas, de diversas religiões e crenças,

que discorrem sobre “Jesus amigo”,“nosso amigo Jesus”, “Jesus te ama”,“Jesus meu amigo”... Nenhuma pá-gina, no entanto, falava de “amigode Jesus”.

Ora, o fato de que Jesus é nos-so amigo, seus ensinamentos, seuexemplo de vida, a dedicação e oamor que o Mestre tem-nos dedica-do, há milhões de anos, são teste-munhos mais do que eloqüentes. Enós, somos amigos de Jesus?

Em uma passagem do Evange-lho de Mateus, a que as Bíblias ca-tólicas dão o título de “O Juízo Fi-nal”, mas que, sob a ótica espírita,se aplica perfeitamente à definiçãoque estudamos, podemos ler comoJesus define os seus amigos:

“Vinde benditos de meu Pai,tomai posse do Reino que vosestá preparado desde a criaçãodo mundo, porque tive fomee me destes de comer; tive sede eme destes de beber; era peregri-no e me acolhestes; nu e mevestistes; enfermo e me visitas-tes; estava na prisão e viestes amim. Perguntar-lhe-ão os jus-tos: Senhor, quando foi que tevimos com fome e te demos decomer, com sede e te demos debeber? Quando foi que te vi-mos peregrino e te acolhemos,nu e te vestimos? Quando foique te vimos enfermo ou naprisão e te fomos visitar? Emverdade vos declaro: todas asvezes que fizestes isso a um des-tes meus irmãos mais pequeni-nos, foi a mim mesmo que o fi-zestes.” (Mateus, 25:34-40.)

Ora, se Jesus chamou àquelesque ajudam os necessitados de todaespécie, onde quer que se encon-trem, de “benditos de meu Pai”,que “tomarão o Reino” que para

eles está preparado, se Jesus nos en-sinou que o segundo mandamentoé “Amar ao próximo como a si mes-mo” e que, este, junto com o pri-meiro, “Amar a Deus sobre todas ascoisas” resumem toda a Lei e osProfetas, fica claro, a nosso ver, quequem segue tais diretrizes mereceser chamado de “amigo de Jesus”.

Como concluiremos, se anali-sarmos o comportamento nosso e odas pessoas à nossa volta, assim co-mo o da humanidade inteira, sãopoucos, muito poucos, os que po-dem ser chamados de amigos de Je-sus, pois, para que um de nós pos-sa ser um dia assim chamado, énecessário que se comprometa naEspiritualidade a vencer todos osobstáculos que surjam à sua frentena prática do bem e, o que é muitomais difícil, lograr ser integralmen-te fiel ao compromisso assumido.Então, como poderemos adquirirfibra para enfrentar todos os obstá-culos, por maiores que sejam, demodo a nos tornarmos amigos deJesus, como Ele próprio os define?Aceitando vir em várias, muitasexistências de provação, de modoa provarmos a Jesus e, sobretudo, anós mesmos, que jamais esmorece-remos em nosso nobre objetivo.

Entendemos, assim, a fala deJesus para Teresa, assim como a suasábia resposta.

BIBLIOGRAFIA:

FÜLÖP-MILLER, René. Os Santos que Abala-ram o Mundo. 14. ed. Rio de Janeiro: JoséOlympio, 1999.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 112. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

PAGÉS, Eudaldo e SOLER, Amalia Domingo.Perdôo-te. 7. ed. Brasília: LGE, 2002.

Bíblia Sagrada. Versão dos Monges de Mar-desous. São Paulo: Ave-maria, 1997.

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As religiões se referem às mora-das dos Espíritos de diversasmaneiras. Cada movimento

religioso procura descrever esses lo-cais de conformidade com suasconcepções da vida além do tú-mulo.

Jesus asseverou que “há muitasmoradas na casa de meu Pai” e essaafirmação abrange muitas verdadesincontestáveis. As moradas às quaiso Divino Mestre se refere não são,seguramente, apenas os diversosmundos disseminados no Universomas, também, os vários locais queservem de habitação para a almaimortal nos ambientes ou planos decada mundo.

As lições ministradas pelo inol-vidável Mestre não foram profícuassomente para seus contemporâneos;elas são imprescindíveis para toda aposteridade. As gerações atuais já es-tão mais aptas a absorver a inteli-gência e a extensão desses ensinos.

Por outro lado, é difícil, senãoimpossível, a assimilação das verda-des eternas sem antes acolher a rea-lidade irrecusável do princípio reen-carnatório do Espírito. Sem esseentendimento das vidas sucessivasda alma a criatura fica sem acesso amuitas outras verdades presentes nocurso da existência do ser eterno.

O Espiritismo ensina que a al-ma ou Espírito é um ser real criadopor Deus, independente e inteli-gente. É a individualização do prin-cípio inteligente existente no Uni-verso. Sem a idéia verdadeira danatureza da alma esbarra-se em di-ficuldades enormes para a com-preensão das leis da Natureza.

O princípio das existências su-cessivas do Espírito é fundamentalpara a compreensão dos mecanis-mos da Justiça Divina. É, portan-to, muito prejudicial ao progressoda criatura ignorar a realidade depreexistência da alma ao reencar-nar e pensar que ela seja criadajuntamente com seu corpo físico.Para que se possa entender o seuestado após deixar o corpo físico eo destino que a aguarda é absolu-

tamente necessário apreender essesfundamentos. Não fosse assim, on-de iriam habitar tantas almas quea todos os instantes deixam seuscorpos físicos? E como poderia serefetiva, misericordiosa e eficaz aJustiça Divina com a aplicação depenas eternas ou em face de vidasde contemplações contínuas, vaziase enfastiantes? Com fincas na ra-zão pura é impossível encontrarjustificativa aceitável nessas cren-ças.

É relevante acentuar que a al-ma, ao deixar o corpo físico, vai ha-bitar locais que correspondem aoseu grau de adiantamento e que es-tejam em consonância com o seucomportamento durante sua vidaencarnada, aplicando-se-lhe rigoro-samente a regra transmitida aos ho-mens por Jesus: “A cada um segun-do as suas obras.” É oportunolembrar que os locais a ela destina-dos representam planos de condi-ções e não de espaço ou de cunhomaterial, físico ou geográfico.

Os esclarecimentos prestadospela Doutrina Espírita, portanto,além de oportuníssimos, atendem àlógica e à razão e arredam, por con-seguinte, da mente humana, con-ceitos milenarmente ali estabeleci-dos através de dogmas inconsis-tentes porque distanciados da ver-dade e sem qualquer arrimo na Jus-tiça, na Bondade e na SabedoriaDivinas.

As moradas dos Espíritos sãoconcebidas segundo conceitos as-

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Planos espirituaisWashington Borges de Souza

É relevante

acentuar que a

alma, ao deixar o

corpo físico, vai

habitar locais que

correspondem ao

seu grau de

adiantamento

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sentados na mente das pessoas, daíresultando a variedade de concep-ções, muitas das quais inseridas nosfundamentos das religiões.

A conceituação espírita obede-ce aos esclarecimentos prestadospelos próprios Espíritos, podendoocorrer deficiência de entendimen-to de alguns conceitos, jamais, po-rém, desvirtuamento da realidade.As manifestações dos Espíritos en-carregados pela Divina Providên-cia de esclarecer a Humanidadenão se desviam da verdade. Seusesclarecimentos são uniformes emantêm unidade de vistas em to-da parte.

Os fenômenos naturais do nas-cimento e da morte das pessoas sãoconsiderados de conformidade como grau evolutivo de cada uma, daíresultando a variedade de aprecia-ções de tais fenômenos.

Diante desses fatos acentua-sea relevância do conhecimento daDoutrina Espírita. A morte e o nas-cimento são marcos que delimitamespaços na vida eterna da alma. Acorreta compreensão desses fatos fa-cilita a evolução do ser imortal,além de afastá-lo de sofrimentosevitáveis decorrentes da ignorânciadas leis naturais.

Cada pessoa entende a seu mo-do o que ocorre quando sobrevéma morte do corpo. Para o ateu tudotermina no túmulo. Ao que acredi-ta na existência da alma, sua crençaindica-lhe o céu, o purgatório ou oinferno como os locais que lhe sãodestinados. Cada segmento religio-so tem seu próprio modo de infor-mar seus adeptos.

O Espiritismo é o Consoladorprometido que esclarece a todos. Éa Dádiva Divina destinada a liber-tar a alma humana.

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Neste Natal de JesusInaldo Lacerda Lima

Poeta do Evangelho um dia me torneià Espírita Doutrina abrindo os olhos meus...E pude ver a Luz e pude sentir Deus;pois de um sonambulismo escuro despertei!...

Hoje, à aproximação de teu Natal, Jesus,para homenagear-te eu vejo a Humanidade,cheia de intenso zelo, as ruas da cidadeenfeitar, colorir e cobri-las de luz!

E, entrando a meditar, indaga-me a Poesia,em transportes de Amor e esperanças de Paz:“Por que somente agora?...” E a fé se me refaz:Por que não ser pra sempre essa santa alegria?

Irmãos! quantos Natais já vi acontecerentre os cristãos do mundo em cânticos de Fé...Mas tudo volta, após, ao que foi e ao que é,nada muda afinal: só chorar e sofrer!...

Na indústria continua a febre dos produtos;no comércio a loucura em busca do dinheiro;só o pobre permanece em seu triste atoleiro,sofrendo fome e dor ante injustos tributos...

Por que, Senhor? Por que de teu ensino a Luznão penetrou ainda o humano coração,do egoísmo extirpando essa brutal paixãoque a tantos, sem cessar, para o abismo conduz?

Eu gostaria, irmãos, que este novo Natalimplantasse de vez na alma da Humanidade,ao sorriso de Deus, tanta Fraternidadeque assegurasse à Terra a Ventura eternal!

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A célula-tronco

Acélula-tronco possui a proprie-dade básica de diferenciar-se eformar diferentes tecidos do

organismo. Possui também a capa-cidade de auto-replicação, gerandocópias idênticas de si mesma. Aspesquisas científicas indicam quetais células poderiam ser transplan-tadas para pessoas com tecidos bio-lógicos lesados (queimaduras, porexemplo) ou portadoras de doençasdegenerativas, tais como Alzheimere Parkinson.

O Espírito André Luiz nos en-sina que “(...) diante do governomental, a reunião das células com-põe tecidos, assim como a associa-ção dos tecidos esculpe os órgãos,partes constituintes do organismoque passa a funcionar (...)”. (Evolu-ção em Dois Mundos, cap. 5, item“O todo indivisível do organismo”.)Ensina também que “(...) as células,quando ajustadas ao ambiente or-gânico, demonstram o comporta-mento natural do operário mobili-zado em serviço, sob as ordens daInteligência, comunicando-se umascom as outras sob o influxo espiri-tual que lhes mantém a coesão, eprocedem no soro quais amebas emliberdade para satisfazer aos pró-prios impulsos.” (Obra citada, cap.5, item “Efeitos do automatismo”.)

...

As células-tronco podem serclassificadas em: a) embrionárias –encontradas nos embriões, conse-guem diferenciar-se em todos os te-cidos que formam o corpo humano,incluindo a placenta e anexos em-brionários; b) pluripotentes – tam-bém encontradas nos embriões, con-seguem diferenciar-se em quase to-dos os tecidos humanos, menos pla-centa e anexos embrionários; c) oli-gopotentes – encontradas nos intes-tinos, dão origem a poucos tecidos;d) unipotentes – encontradas em to-do tecido adulto, diferenciam-se emum único tecido. No organismo sau-dável, usualmente, as células-troncoauxiliam a recuperação de tecidoslesados. As células-tronco da nossamedula óssea, por exemplo, produ-zem, periodicamente, a renovaçãodas células sangüíneas, de sobrevidarelativamente curta.

André Luiz ensina que dispos-tas “(...) na construção da forma emprocesso idêntico ao da superposi-ção dos tijolos numa obra de alve-naria, as células são compelidas àdisciplina, perante a idéia orienta-dora que as associa e governa (...).

É assim que são funcionáriasda reprodução no centro genésico,trabalhadores da digestão e absor-ção no centro gástrico, operários darespiração e fonação no centro la-ríngeo, da circulação no centro car-díaco, servidoras e guardiãs fixas oumigratórias do tráfego e distribui-

ção, reserva e defesa no centro es-plênico, auxiliares da inteligência eelementos de ligação no centro ce-rebral e administradoras e artistasno centro coronário, amolgando-seàs ordens mentais recebidas e tradu-zindo na região de trabalho quelhes é própria a individualidade queas refreia e influencia, com justas li-mitações no tempo e no espaço.”(Obra citada, cap. 5, item “Moto-res elétricos microscópicos”.)

...

No Brasil só é permitida, parafins terapêuticos, a utilização decélulas-tronco de adultos. Algunspaíses, no entanto, utilizam tam-bém as células-tronco embrionárias.Um processo comum é o autotrans-plante: retiram-se células-tronco damedula óssea, que são injetadas noórgão lesado do próprio doente (co-ração enfartado, por exemplo), pro-duzindo-se melhoria do quadroclínico. A utilização de células-tron-co embrionárias encontra, na Ciên-cia, uma barreira ética. Do pontode vista espírita, há impedimentosmorais, uma vez que não podemosdescartar a possibilidade de existirum Espírito ligado ao embrião que,após a retirada das células-tronco,será destruído. Como essas célulaspodem, potencialmente, originarqualquer tecido humano, são ex-traídas de dois tipos de embriões: a)

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Em dia com o Espiritismo– III –

Marta Antunes Moura

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embriões considerados “excedentes”pelas clínicas de fertilização (nãoserão mais utilizados na implanta-ção uterina); b) embriões obtidospara a chamada clonagem terapêu-tica. Marlene Nobre esclarece queeste tipo de clonagem “produz em-briões humanos com a finalidadede retirar deles as células-tronco ou‘sementes da vida’, presentes dos 5aos 15 dias iniciais de desenvolvi-mento, para fabricar, com elas, te-cidos diversos (...)”. (A Alma daMatéria, cap. “Clonagem na visãoespírita”.) As células-tronco embrio-nárias originárias do cordão umbi-lical do recém-nascido estão em fa-se de estudo. A propósito, os Espí-ritos Superiores nos fazem o seguin-te alerta sobre o aborto (ainda queo novo ser formado seja um “bebêde proveta”): Constitui crime a pro-vocação do aborto, em qualquer pe-ríodo da gestação? “Há crime sem-pre que transgredis a lei de Deus.Uma mãe, ou quem quer que seja,cometerá crime sempre que tirar avida a uma criança antes do seunascimento, por isso que impedeuma alma de passar pelas provasa que serviria de instrumento ocorpo que se estava formando.”(O Livro dos Espíritos, questão358, Ed. FEB.)

Televisão digital

A televisão digital (DVB – Di-gital Video Broadcasting), ou tele-visão inteligente, é a grande expec-tativa do momento. “A tecnologiadigital produz imagem de alta de-finição e som com qualidade deCD. É possível também a transmis-são de vários programas em umúnico canal, atendendo a diferen-tes interesses e necessidades dos

usuários. A mudança mais drásticaoferecida pela TV-digital é, semdúvida, a transformação do televi-sor em um equipamento interati-vo.” (Câmara dos Deputados – Es-tudo sobre a implantação de tele-visão interativa no Brasil – Assesso-ria Legislativa, área XIV, p. 3). Adespeito do entusiasmo que a TV--digital está provocando, devemos,entretanto, lembrar que a literatu-ra espírita é rica em informaçõessobre equipamentos de alta tecno-logia, existentes no Plano Espiri-tual. Em relato de 1944, AndréLuiz noticia a existência de um des-ses aparelhos, localizado na colôniaNosso Lar: “(...) Nos parques de

educação do [Ministério do] Escla-recimento, instalou a Ministra [Ve-neranda] um verdadeiro castelo devegetação, em forma de estrela, den-tro do qual se abrigam cinco nu-merosas classes de aprendizados ecinco instrutores diferentes. Nocentro, funciona enorme aparelhodestinado a demonstrações pelaimagem, à maneira de cinemató-grafo terrestre, com o qual é possí-vel levar a efeito cinco projeções va-riadas, simultaneamente (...).” (Nos-so Lar, cap. 32, p. 192, 2a ediçãoespecial, FEB, 2003.) E pensar quesomente após meio século é que aHumanidade encarnada tomaria co-nhecimento da TV-interativa!...

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Avante!Peregrino da vida e da morte oriundo,Avança do nascer ao pôr do Sol, duranteA evolução sem fim nos carreiros do mundo,Pela ronda do tempo, a ressurgir constante.

Das sombras da maldade à luz do bem fecundo,Das ruínas morais ao triunfo pujante,Aprende pouco a pouco e, segundo a segundo,Ergue em tudo, a ti mesmo, o teu grito de – avante!

Segue esgarçando os véus dos caminhos secretos,Desfazendo aflições e remontando afetos,Com risos e ilusões, suspiros e agonias.

E ao morrer-te o rancor e ao nascer-te a humildade,Em êxtases de amor e em lances de bondade,Encontrarás, ditoso, a paz de novos dias!

Damasceno Vieira

Fonte: XAVIER, Francisco C., VIEIRA Waldo. Antologia dos Imortais. Poetas Di-versos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 165-166.

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Desencarnou em Portugal, namadrugada de 24 de agostodeste ano, nosso confrade

Adriano José da Fonseca Barros, de-dicado trabalhador da seara espíritaportuguesa.

Adriano Barros nasceu em Lis-boa, a 17 de março de 1937. Era fi-lho único de José Inácio de Barrose Maria Emília da Conceição Bar-ros. Começou a trabalhar muito ce-do, enquanto terminava seus estu-dos, e já na juventude manifestouseu nobre sentimento em favor dopróximo, passando a fazer parte deuma associação que visitava os bair-ros mais pobres da cidade, levando--lhes os gêneros em falta e tambéma sua palavra amiga. Casou-se comMaria Laura Gomes, em 1966, ten-do o casal uma filha única, SaraAlexandra.

Desempenhando a função deDesenhador Técnico, foi o autordos projetos de alguns edifícios deLisboa, e como funcionário da Câ-mara Municipal desenhou os jar-dins da Praça do Império, em fren-te ao Mosteiro dos Jerônimos.

Em virtude de grave enfermi-dade nos olhos, foi encaminhado aum Centro Espírita, ao qual se li-gou, convertendo-se ao Espiritismo.Após a Revolução que restabeleceuas liberdades políticas e religiosas emPortugal, Adriano Barros colaborouno ressurgimento da FraternidadeEspírita Cristã, de Lisboa, dedican-do-se-lhe integralmente e vindo aser Presidente do Conselho Diretorda FEC até sua desencarnação.

Com o ressurgimento da Fede-ração Espírita Portuguesa, a ela seuniu, passando a exercer sua ativi-dade junto ao Movimento Espíritaportuguês. Ocupou vários cargos naDireção da FEP, onde atualmenteparticipava na Mesa da AssembléiaGeral. Foi Diretor da União Espíri-ta da Região de Lisboa (UERL) eCoordenador do 2o Congresso Es-pírita Mundial do Conselho Espíri-ta Internacional (CEI), realizado pe-la Federação Espírita Portuguesa emLisboa, de 30 de setembro a 3 deoutubro de 1998. Em suas ativida-des espíritas, Adriano Barros con-tou com a colaboração da primeiraesposa, Maria Laura, falecida em

1994, e, a partir de 1997, da segun-da esposa, Maria Emília Lopes deAlmeida, também espírita, os quais,por convite da FEP, percorreramPortugal, visitando Centros Espíri-tas de todo o país e levando o pro-jeto da Federação Espírita Por-tuguesa para a implantação, emtodos eles, do Departamento de In-fância e Juventude.

Grande amigo da FEB e admi-rador do Movimento Espírita bra-sileiro, Adriano Barros esteve váriasvezes no Brasil, tendo participadodo I Curso Internacional de Evan-gelizadores Espíritas da Infância eda Juventude, na FEB/Brasília, de21 a 26/7/1984; da ConferênciaEspírita Brasil-Portugal, em Salva-dor (BA), de 16 a 19/3/2000; doIV Encontro Nacional de Direto-res de DIJ, na FEB/Brasília, de 26 a28/7/2002, além de outros eventos.

Ao fiel servidor do Cristo, naSeara do Consolador, auguramosum retorno feliz à Pátria Espiritual.

Fonte: Revista A Libertação, da Fraterni-dade Espírita Cristã, Edição Especial. Lis-boa, Portugal, Julho/Agosto/Setembro de2004, p. 16-17.

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(Sociedade Espírita de Paris, 19de junho de 1863 – Médium: Sr.Alfred Didier)

Os séculos de transição na his-tória da Humanidade asseme-lham-se a vastas planícies se-

meadas de monumentos, mistura-dos confusamente e sem harmonia.A harmonia mais pura, mais justaestá no detalhe, e não no conjunto.Os séculos abandonados pela fé epela esperança são páginas sombriasem que a Humanidade, trabalhadapela dúvida, se consome surdamentenas civilizações refinadas, para che-gar a uma reação que, na maioriadas vezes, as arrastava, para as subs-tituir por outras civilizações. Ospesquisadores do pensamento, maisque os sábios, aprofundam em nos-sa época, num ecletismo racional,esses misteriosos encadeamentos dahistória, essas trevas, essa uniformi-dade, lançadas como nevoeiros enuvens espessas sobre civilizaçõesaté há pouco férteis e vivazes. Estra-nho destino dos povos! É quase aonascer do Cristianismo, é nas cida-des mais opulentas, sede dos maio-res bispados do Oriente e do Oci-dente, que começam as devastaçõesda decadência; é no próprio meioda civilização, do esplendor inteli-gente das artes, das ciências, da lite-ratura e dos sublimes ensinamentosdo Cristo, que começa a confusãodas idéias, as dissensões religiosas; éno próprio berço da Igreja romana,tomada de orgulho e soberba como sangue dos mártires, que a here-

sia, gerada pelos dogmas supersti-ciosos e pelas hierarquias eclesiásti-cas, se insinua como serpente imi-nente, para morder o coração daHumanidade e lhe infiltrar nas veias,em meio a desordens políticas e so-ciais, o mais terrível e o mais pro-fundo de todos os flagelos: a dúvi-da. Desta vez a queda é imensa; afraqueza religiosa dos padres, unidaaos heresiarcas fanáticos, tira toda aforça à política, todo amor ao país,e a Igreja do Cristo torna-se huma-na, mas não mais humanitária.Creio ser inútil aqui me apoiar so-bre relações apavorantes dessa épo-

ca com a nossa. Vivendo ao mesmotempo com as tradições do Cristia-nismo e com a esperança do futuro,as mesmas comoções sacodem anossa velha civilização, as mesmasidéias se dividem e a mesma dúvidaatormenta a Humanidade, sinaisprecursores da renovação social emoral que se prepara. Ah! orai, es-píritas; vossa época atormentada eblasfema é uma rude época, que osEspíritos vêm instruir e encorajar.

Lamennais

Revue Spirite (Revista Espírita) – julho de1863. Tradução de Evandro Noleto Bezerra.

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Períodos de transição na Humanidade

(Sociedade Espírita de Paris, 11de julho de 1862 – Médium: Sr.Flammarion)

Ouvistes o ruído confuso domar, retumbando quando ovento norte infla as ondas e

elas se quebram, rugindo suaslâminas de prata sobre a praia? Ou-vistes o fragor sonoro do raio nasnuvens sombrias ou o murmúrioda floresta ao sopro do vento doentardecer? Ouvistes nos recôndi-tos da alma essa múltipla harmonia,que não fala aos sentidos senão paraos atravessar e chegar até o ser pen-sante e amante? Se, pois, nem ou-vistes nem compreendestes estasmudas palavras, não sois filhos darevelação e ainda não credes. A es-ses direi: “Saí da cidade nessa hora

silenciosa, em que os raios estrela-dos descem do céu e, colhendo emvós mesmos os pensamentos ínti-mos, contemplai o espetáculo quevos cerca e chegareis antes da auro-ra a partilhar a fé dos vossos ir-mãos.” Aos que já crêem na grandevoz da Natureza, direi: “Filhos danova aliança, é a voz do Criador edo conservador dos seres que falano tumulto das ondas, no ribom-bar do trovão; é a voz de Deus quefala no sopro dos ventos. Amigos,escutai ainda, escutai algumas ve-zes, escutai muito tempo, escutaisempre, e o Senhor vos receberá debraços abertos.” Ó vós, que já ou-vistes a sua potente voz aqui na Ter-ra, vós a compreendereis melhor nooutro mundo.

GalileuRevue Spirite (Revista Espírita) – outubrode 1863. Tradução de Evandro NoletoBezerra.

A voz de Deus

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

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No dia 28 de outubro de 2004a Câmara dos Deputados fez sessãosolene em Brasília para homenagearo Bicentenário de Nascimento deAllan Kardec. Requerida pelo De-putado Federal Luiz Bassuma (BA),a sessão ocorreu no Plenário Ulys-ses Guimarães.

A sessão iniciou-se às 10h30sob a presidência do DeputadoGonzaga Patriota (PE). Compuse-ram a Mesa, além do DeputadoBassuma, o Presidente da FederaçãoEspírita Brasileira, Nestor João Ma-sotti; a Presidente da Federação Es-pírita do Estado da Bahia, CreuzaSantos Lage; o Presidente da Fede-ração Espírita do Distrito Federal,João de Jesus Moutinho; o escri-tor e conferencista Djalma Argolo(BA); e Jaime Ferreira Lopes, do

Grupo Espírita Bezerra de Menezes(DF).

O Coral Ecumênico da Legiãoda Boa Vontade, sob a regência damaestrina Cláudia Costa, executouo Hino Nacional e duas canções. Aseguir, um vídeo apresentou diver-sos depoimentos de espíritas sobrea vida e a obra de Allan Kardec.

Fizeram pronunciamentos naTribuna os Deputados FederaisLuiz Bassuma, Luciano Castro (RR),Gonzaga Patriota (PE) e Maria doCarmo Lara (MG). Todos desta-caram a vida e a obra de AllanKardec.

“Esta sessão solene expressa osentimento não só dos que se decla-ram espíritas, mas de toda a popu-lação brasileira, que sempre reco-nheceu nos seguidores de Kardec

seres humanos dignosde admiração e respei-to, mulheres e homensque, anônima e silen-ciosamente, trabalhampor um mundo me-lhor, mais fraterno emais feliz”, disse o De-putado Gonzaga Pa-triota.

O Deputado Bas-suma ressaltou que ahomenagem a Kardec,mesmo no CongressoNacional, era modesta,dada a “elevação moral,espiritual e intelectual”

do Codificador, “que marcou pro-fundamente a história da Humani-dade”. Segundo o parlamentar, osEspíritos evoluídos não precisam dehomenagens, pois “a satisfação e aalegria que sentem estão no resulta-do das obras que, de alguma forma,ajudaram a edificar e a prosperar,independentemente de terem seunome citado ou não”.

O evento, que alcançou grandeprojeção, sendo divulgado pela tele-visão e por vários jornais de grandecirculação, foi encerrado às 11h42,com uma prece, pelo DeputadoLuiz Bassuma, que na ocasião pre-sidia a Mesa. Após a sessão, o Depu-tado informou ser médium e es-pírita há 20 anos, e que a prece porele proferida teve inspiração me-diúnica

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Câmara Federal homenageia Kardec

Participantes da Mesa, na solenidade em homenagem a Kardec

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Realizou-se em Pa-ris, nos dias 6 e 7 deoutubro deste ano, apóso 4o Congresso EspíritaMundial, a 10a ReuniãoOrdinária do ConselhoEspírita Internacional,sob a presidência doRepresentante da Fede-ração Espírita Espanho-la, Esteban Zaragoza, ecom a participação dosintegrantes da Comis-são Executiva e de Re-presentantes dos seguin-tes países, membros doCEI: Argentina, Bélgi-ca, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Fran-ça, Guatemala, Holanda, Itália, México, Noruega, Pe-ru, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e Uruguai.Estavam presentes, também, como convidados, Re-presentantes da Alemanha, Canadá, Honduras e Pa-namá, além de diversos visitantes do Brasil.

O Presidente abriu a Reunião com uma prece epassou a palavra ao Secretário-Geral Nestor João Ma-

sotti, que justificou a ausência, no momento, do Pre-sidente da União Espírita Francesa e Francofônica,Roger Perez, e de Michel Buffet, os quais comparece-ram ao sepultamento do corpo de Louis Serré, antigodirigente da USFF e de La Revue Spirite, e prestou in-formações sobre a Pauta da Reunião. Em seguida, osRepresentantes dos 18 países fizeram suas saudaçõesaos presentes.

Os trabalhos, ini-ciados com a aprovaçãoda Ata da reunião de2002, em Portugal, ob-servaram a seguinte or-dem de assuntos:

Atividades dos paí-ses: Os Representantesdos países relataram asprincipais atividadesdesenvolvidas por suasInstituições. Houve, demodo geral, incremen-to do estudo, da prá-tica e divulgação da

10a Reunião Ordinária do CEI em Paris

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL

Encerramento (esq./dir.): Roger Perez, Charles Kempf, Nestor Masotti, Esteban Zaragoza e Divaldo Franco

Representantes (esq./dir.): Estados Unidos, Espanha, Colômbia, Brasil, Bélgica e Argentina

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Doutrina Espírita, com arealização, em vários paí-ses, de congressos, encon-tros, seminários e outroseventos, constatando-se ocrescimento da quantida-de de Centros Espíritas edo apoio que lhes é dis-pensado através de visitase orientação. Foram entre-gues à Secretaria Geral osrelatórios das atividades.

Coordenadorias: PelaCoordenadoria da Europa,Charles Kempf referiu-se à7a Reunião do CEI-Europa, em Paris, em maio//2004, e informou sobre a publicação do Boletim daCoordenadoria, o projeto da Enciclopédia Espírita eoutras atividades. Edwin Genaro Bravo Marroquin,da Coordenadoria da América Central e Caribe, des-tacou a realização do 1o Taller Internacional de CubaEspírita, em Havana, no mês de abril de 2004 e do 1o

Taller Internacional de O Livro dos Espíritos, emHonduras. Pela Coordenadoria da América do Sul,Fábio Villarraga Benavides destacou a realização, emBuenos Aires, Argentina, do 1o Encontro da Américado Sul, com 8 países, em junho/2003, e do X Con-gresso Espírita Colombiano, em abril/2004, quandose realizou pela primeira vez uma videoconferência,referindo-se, ainda, à visita, com o Secretário-Geral doCEI, ao Equador e Peru. Vanderlei Marques expôs asatividades da Coordenadoria da América do Norte,nos Estados Unidos, Canadá e México, ressaltando a

reunião conjunta do Conselho Espírita dos EstadosUnidos e de representantes do México e Canadá coma Comissão Executiva do CEI, em Miami, de 30 demaio a 1o de junho de 2003, tendo em vista a organi-zação daquela Coordenadoria.

Comissão Executiva: O Secretário-Geral apresen-tou o Relatório da Comissão Executiva do CEI relati-vo ao período 2003/2004 e o respectivo balanço fi-nanceiro, sendo as contas aprovadas com o parecerfavorável da comissão designada pelo Plenário paraanalisá-las. Houve destaque para o lançamento de LaRevue Spirite em espanhol e das edições temáticas des-sa revista em esperanto e inglês, assim como para oinício do trabalho editorial do CEI, com lançamentos,no 4o Congresso Espírita Mundial, de O Evangelhosegundo o Espiritismo (em inglês), Allan Kardec – OEducador e o Codificador, de Zêus Wantuil e Fran-cisco Thiesen (em francês) e Pensamento e Vida, de

Emmanuel/Francisco C.Xavier (em espanhol).

Procedeu-se à eleiçãodos 6 membros da Comis-são Executiva, cujos man-datos venciam neste ano,dos quais 5 foram reelei-tos, sendo, também, reelei-tos os titulares de cargos,ficando assim constituída aComissão Executiva: Se-cretário-Geral – NestorJoão Masotti (Brasil); 1o

Secretário – Roger Perez

Representantes (esq./dir.): México, Itália, Holanda e Guatemala

Representantes (esq./dir.): Uruguai, Reino Unido, Suíça, Suécia, Portugal, Peru e Noruega

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(França); 2o Secretário – Vitor Mora Féria (Portugal);1o Tesoureiro – Vanderlei Marques (EUA); 2o Tesou-reiro – Juan Antonio Durante (Argentina). Membros:Altivo Ferreira (Brasil), Fabio Villarraga Benavides(Colômbia), Jean-Paul Evrard (Bélgica), CharlesKempf (França), Gloria Insfrán (Paraguai); Olof Berg-man (Suécia) e Salvador Martín (Espanha).

Participação de novas Entidades: O CEI acolheupropostas no sentido de autorizar a participação emsuas reuniões, nos termos do Parágrafo 2o do Art. 14do seu Estatuto, de Instituições dos seguintes países:Canadá, Equador, Honduras e Cuba.

4o Congresso Espírita Mundial: Houve unânimemanifestação de júbilo acerca da organização e desen-volvimento do Congresso, que surge como um mar-co para a expansão e consolidação do Espiritismo nospaíses integrantes do CEI.

5o Congresso Espírita Mundial: Está programa-do para realizar-se nos Estados Unidos da América doNorte em outubro de 2007.

Propostas e informações: O Representante doBrasil propôs, acolhendo sugestão da Associação Bra-

sileira de Divulgadores do Espiritismo, a adoção doDia Mundial da Imprensa Espírita, a ser comemora-do em 1o de janeiro, como homenagem à Revue Spi-rite, fundada por Kardec em 1o de janeiro de 1858, aqual foi aprovada por unanimidade.

Participaram da Reunião, em momentos diferen-tes, os tribunos brasileiros José Raul Teixeira e Dival-do Pereira Franco.

Durante os trabalhos, Juan Antonio Durante psi-cografou mensagem assinada pelos Espíritos AmaliaDomingo Soler e Cosme Mariño.

Próxima reunião do CEI: Será na Colômbia, noperíodo de 21 a 23 de abril de 2006, presidida peloRepresentante da Suécia.

Encerramento: O Secretário-Geral e os Represen-tantes dos países fizeram suas despedidas. Com a pa-lavra, Divaldo Franco fez considerações sobre o Con-gresso e o CEI, evocando uma atuação histórica deLacordaire e de Lamennais, iniciadores do periódicoL'Avenir, recebendo, em seguida, por via psicofônica,uma mensagem do Espírito Bezerra de Menezes, coma qual se encerraram os trabalhos. (Ver p. 9.)

Instituições, Representantes e Assessores

Argentina: Confederação Espiritista Argentina –Félix José Renaud (R); Juan Antonio Durante (A).

Bélgica: União Espírita Belga – Jean-Paul Evrard (R);Jean Marc Lefebvre (A).

Brasil: Federação Espírita Brasileira – Altivo Ferreira(R); Antonio Cesar Perri de Carvalho (A).

Colômbia: Confederação Espírita Colombiana –Fabio Villarraga Benavides (R); Lucrecia Benavides Villar-raga (A).

Espanha: Federação Espírita Espanhola – EstebanZaragoza (R); Braz Gonzalez (A).

Estados Unidos: Conselho Espírita dos Estados Uni-dos – Vanderlei Marques (R); Ily Reis (A).

França: União Espírita Francesa e Francofônica –Roger Perez (R); Charles Kempf (A) e Michel Buffet (A).

Guatemala: Cadeia Heliosófica Guatemalteca –Edwin Genaro Bravo Marroquin (R).

Holanda: Conselho Espírita Holandês – MariaMoraes (R); Maria Carmela Cavalcante (A).

Itália: Centro Italiano de Estudos Espíritas AllanKardec – Domenico Romagnolo (R).

México: Central Espírita Mexicana – Ignácio R.Dominguez L. (R).

Noruega: Grupo de Estudos Espíritas Allan Kardec –Maria Cristina Xavier Latini (R).

Peru: Federação Espírita do Peru – Luis Hu Rivas (R).Portugal: Federação Espírita Portuguesa – Vitor

Mora Féria (R); Alda Albuquerque (A).Reino Unido: União das Sociedades Espíritas Britâ-

nicas – Janet Duncan (R); João Dalledone (A). Suécia: União Espírita Sueca – Olof Bergman (R);

Sibeli Bergman (A).Suíça: União dos Centros Espíritas em Suíça – Edith

Burkhard (R).Uruguai: Federação Espírita Uruguaia – Eduardo dos

Santos (R).

Países participantes da Reunião do CEI

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Pernambuco: Encontro Estadual do SAPSEA Federação Espírita Pernambucana realizou em suasede, nos dias 23 e 24 de outubro passado, o Encon-tro Estadual do Serviço de Assistência e Promoção So-cial Espírita, sob a direção de José Carlos da Silva Sil-veira, coordenador dessa área nas Comissões Regionaisdo CFN/FEB. O eixo temático – A Ação Educadorado SAPSE – visou o objetivo geral de promover umareflexão a respeito da ação educadora do Serviço deAssistência e Promoção Social Espírita junto aos tra-balhadores dessa área, que foram o público-alvo.

Cruzada dos Militares EspíritasFundada em 10 de dezembro de 1944, no Rio de Ja-neiro (RJ), com a finalidade de levar a mensagem es-pírita aos ambientes militares, a Cruzada dos Milita-res Espíritas está comemorando 60 anos com diversoseventos, entre eles, uma palestra de José Raul Teixei-ra, no dia 10 do corrente mês, no Auditório da Esco-la de Comando e Estado-Maior do Exército, na PraiaVermelha, Rio de Janeiro. A CME integra o ConselhoFederativo Nacional da Federação Espírita Brasileiradesde 1987, como Entidade Especializada de ÂmbitoNacional, e atua hoje em 339 organizações das ForçasArmadas e Auxiliares, através de seus Delegados, alémde contar com 33 Núcleos, nas principais guarniçõesdo País.

CEI: Coordenadoria da América do NorteA Coordenadoria do CEI na América do Norte pro-moveu as seguintes atividades em novembro passado:de 5 a 8, Antonio Cesar Perri de Carvalho visitou oMouvement Spirite Québécois, em Montreal (Canadá),realizando seminário sobre “Preparação de Trabalha-dores Espíritas” e palestra; de 9 a 11, nos EUA, pales-tras em Nova York e Connectcut. De 12 a 14, o Se-cretário-Geral Nestor João Masotti participou dereunião e assembléia do Conselho Espírita dos EstadosUnidos, em Washington, havendo seminário de “Pre-paração de Trabalhadores Espíritas”, por Cesar Perri.

Encontro de Historiadores e PesquisadoresRealizou-se no Auditório da Associação Espírita Cé-lia Xavier, em Belo Horizonte (MG), nos dias 4 e 5 de

setembro, o III Encontro da Liga de Historiadores ePesquisadores (ENLIHPE). O evento, com temário va-riado, teve por objetivo a discussão de trabalhos nasáreas de história/memória do Movimento Espírita ede pesquisa científica sobre temas espíritas. No encer-ramento, foi apresentado o Projeto de Criação doCentro Cultural de Espiritismo.

Casa Espírita centenáriaA Sociedade Espírita Allan Kardec, de Porto Alegre(RS), completou, em outubro, 110 anos de fundaçãoe permanente atividade espírita, dentro das diretrizesda Codificação Kardequiana. A SEAK comemorou aefeméride com um seminário de Suely Caldas Schu-bert (MG), em 30 e 31 de outubro, nas dependênciasdo Instituto Espírita Amigo Germano, com a aborda-gem dos temas Os poderes da mente e Concentraçãona reunião mediúnica.

Portugal: Movimento EspíritaCoordenado pela Federação Espírita Portuguesa, oMovimento Espírita em Portugal apresenta intensaatividade. Destacamos, a seguir, alguns eventos:

Presença de Divaldo Franco: Visitou o País no pe-ríodo de 8 a 28 de outubro, fazendo palestras e semi-nários em Lisboa, no Algarve e em outras regiões, as-sim como nos Açores. Participou do Encontro Na-cional de Casais Espíritas em Viseu, no dia 17, e daReunião de Trabalhadores e Dirigentes, dia 27, na se-de da FEP.

Juventude Espírita: Já estão em andamento os pre-parativos para a realização do Encontro Nacional deJuventudes Espíritas, de 22 a 24 de abril de 2005, como tema central Aperte mais este laço. O melhor é vi-ver em família.

R. G. do Norte: Congresso EspíritaRealizou-se no Centro de Convenções de Natal, noperíodo de 25 a 28 de novembro, o 14o Congresso Es-pírita no Rio Grande do Norte, com o tema centralFamília – Universo de Amor, que teve desdobramen-to em diversos subtemas, incluindo o painel As conse-qüências Espirituais do Aborto, a cargo da AssociaçãoMédico-Espírita do Rio Grande do Norte.

SEARA ESPÍRITA

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