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Revista Reformador de Maio de 2005

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A grande esperança – Juvanir Borges de Souza 5 Sacrifício e Amor – Joanna de Ângelis 8 Às filhas da Terra – Bittencourt Sampaio 9 A evolução do amor materno – Sua importância para o 10 progresso do Espírito – Clara Lila Gonzalez de Araújo Provação materna – Valentim Magalhães 12 Imaginemos – Maria Dolores 15

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã o

Ano 123 / Maio, 2005 / No 2.114

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749

Propriedade e orientação da

Federação Espírita Brasileira

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tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso Borges

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Capa: Leonardo Vieira

Tema da Capa: AMOR – na sua plenitude –, comoJesus o ensinou e exemplificou, do qual, o amormaterno é, na Terra, uma de suas expressões.

EDITORIAL 4Amor

ENTREVISTA: LACORDAIRE ABRAHÃO FAIAD 13A difusão da Doutrina Espírita é trabalho com Jesus

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Com amor – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 32Obras Póstumas em Esperanto – Affonso SoaresAinda em homenagem a Ismael Gomes Braga 33

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL 34Bolívia sedia reunião da Coordenadoria da América do Sul

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 37O trabalho– Santo Agostinho

SEARA ESPÍRITA 42

A grande esperança – Juvanir Borges de Souza 5Sacrifício e Amor – Joanna de Ângelis 8Às filhas da Terra – Bittencourt Sampaio 9A evolução do amor materno – Sua importância para o 10

progresso do Espírito – Clara Lila Gonzalez de AraújoProvação materna – Valentim Magalhães 12Imaginemos – Maria Dolores 15Gente na praça – Richard Simonetti 16Trabalho – Alfredo Nora 18Jesus e três motivadores psicológicos – Adilton Pugliese 19A Ética de Jesus: Um tratado insuperável – 22

Renata S. S. GuizzardiMãe – Meimei 24Em dia com o Espiritismo – VI – Marta Antunes Moura 25Retorno à Pátria Espiritual – Luiz Antônio Milecco – 26

Clóvis RamosAs curiosas “respostas” do Além – Kleber Halfeld 27Inteligência sem educação espiritual – João Luiz Romão 29Altos salários por vida simples – Adésio Alves Machado 30Jesus em casa – Irene S. Pinto 31Ajuda, perdoa e passa – Casimiro Cunha 33A Religião e o uso de drogas por adolescentes – 35

Umberto FerreiraFEB promoveu Mês Allan Kardec 36Repensando Kardec – Da Lei do Progresso – 38

Inaldo Lacerda Lima

Composição dos Órgãos da FEB 41

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Terminada a última ceia e diante do calvário que se aproximava, para o qual já se havia prepara-do, Jesus ofereceu aos discípulos os seus últimos ensinamentos, orientações e exemplos. Den-tre estes, destacou-se o que está registrado no Evangelho de João (13:34-35): “Novo manda-

mento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis unsaos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”

Com estes ensinos, Jesus consagra a prática do amor, em sua expressão mais ampla e profunda,como o móvel principal de sua Doutrina e do seu exemplo.

Ao ensinar que a síntese da Lei Divina consiste em “Amar a Deus sobre todas as coisas e aopróximo como a si mesmo”, Ele deixou para todos os que se propõem a segui-lO o exemplo do amorincondicional, praticado sem as máculas do egoísmo, do orgulho e da leviandade, tão comuns entreos homens.

Observando que seus discípulos serão conhecidos por muito se amarem, ou seja, pela vivência daLei de Amor que emana de Deus, Jesus também consagrou a prática dos seus ensinos sem nenhumvínculo a rituais, dogmas, raças, povos ou nações, tal como já havia esclarecido à mulher samaritanaque “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e verdade.” (João, 4:24.)

Revivendo os ensinos do Evangelho através da Doutrina Espírita, os Espíritos Superiores, con-sultados sobre “qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guiae modelo”, responderam clara e objetivamente: “Jesus.” (Questão 625 de O Livro dos Espíritos.)

A prática da Lei de Amor, tal como Jesus a exemplificou, deve ser, pois, o objetivo permanentea ser alcançado em nossas vidas, sabendo, embora, que somente será atingido através do perseveran-te e constante trabalho em nosso aprimoramento interior, pela vivência da máxima “Fora da Carida-de não há salvação”, compreendendo a palavra Caridade como a entendia Jesus: “Benevolência paracom todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (Questão 886 de O Li-vro dos Espíritos.)

EditorialAmor

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Aevolução do Espírito, criadosimples e ignorante, é lenta eafanosa.

Em sua busca constante demelhores condições de vida, a feli-cidade é o seu objetivo. Mas a igno-rância de que é portador não lhepermite a conquista desejada, por-que procura onde ela não está.

Como a vida não cessa nunca,as decepções e os sofrimentos de-correntes de seus próprios enganossão lições úteis que funcionam naascensão lenta do ser.

Dores e sofrimentos são, pois,ao lado das experiências adquiridas,fatores do progresso.

Deus, o Criador, a InteligênciaSuprema, determina assim, atravésde leis divinas, imutáveis e perfeitas,a evolução dos seres inteligentes quecriou.

O Espírito imortal subordina--se à Lei do Progresso, mesmo que,no uso do livre-arbítrio de que go-za, enverede pelos ínvios caminhosda rebeldia e da negação. A lei divi-na possui meios para o tratamentoda obstinação no mal, por mais ex-trema que seja.

Esse ensino da Doutrina Espí-rita derruba as suposições e inter-pretações infelizes dos textos escri-turísticos que se referem a demônio,diabo e satanás, como gênios eter-

nos do mal, por incompatíveis como poder supremo de Deus, crençaque se tornou dogma em diversasreligiões tradicionais.

Criados por Deus, todos os Es-píritos são irmãos, ligados entre sipelos laços da solidariedade, inde-pendentemente do nível de pro-gresso de cada um. Desse modo, éabsurda a crença em seres dedicadoseternamente ao mal, não só por in-compatível com o amor e a bonda-de de Deus, mas também por nãoajustar-se ao poder absoluto e à jus-tiça das leis estabelecidas peloCriador.

Estamos longe de conhecertoda a Verdade. Conhecimentostranscendentes, como a natureza ín-tima de Deus, a vida dos seres nosmundos espirituais superiores, o in-finito da Criação, ainda não pode-mos alcançar em nossas atuais con-dições evolutivas.

Mas, dentro dessas mesmascondições, a Revelação Espírita nosdeixou claro que Deus, o Criadordo Universo, é o Ser Supremo, cons-ciente por excelência e não umaabstração sujeita a contradições.

A fonte eterna do Bem, o Cria-dor, não criaria seres com poderesparalelos eternamente dedicados aomal.

Dentro do emaranhado dossistemas religiosos, carregados desuperstições e dogmas impróprios,que se vêm acumulando através dosmilênios, os Espíritos Superiores,através do Consolador prometido

por Jesus, aclararam esse ponto ca-pital, do qual resultam conseqüên-cias importantíssimas para o conhe-cimento gradativo da Verdade peloshabitantes deste mundo.

Embora vivendo o homem emum mundo de expiações e provas,atrasado por sua condição moral eintelectual, o conhecimento de suanatureza de criatura de Deus, o Po-der Infinito que governa todo oUniverso, sem quaisquer contesta-ções, é de extrema importância pa-ra o encontro do caminho da Ver-dade.

A vivência das leis morais, asvidas sucessivas, os sofrimentos edores, os conhecimentos adquiri-dos, tanto no estado de encarnadosquanto no de desencarnados, sãomeios e formas para a ascensão doEspírito imortal.

É extremamente consoladora acerteza que o Espiritismo revelouquanto ao futuro de todos nós, Es-píritos imortais, futuro que nósmesmos forjamos, através de pensa-mentos, ações, dedicações e sacrifí-cios, tanto no sentido do bem,quanto no do mal.

Saber, com segurança, propor-cionada por nossos irmãos maiores– os Espíritos Superiores a serviçodo Cristo – que há uma Justiça ima-nente regulando o destino de todasas criaturas de Deus, é uma formade felicidade que nos liberta de er-ros milenares, qual a crença na con-denação eterna ao inferno, no reinode Satanás. >

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A grande esperançaJuvanir Borges de Souza

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A Doutrina Espírita veio, as-sim, em auxílio às religiões, escla-recê-las quanto a seus erros e pre-conceitos oriundos de um passadonebuloso, em que os homens sedeixaram influenciar por supersti-ções e conjeturas sem fundamenta-ção na realidade.

Embora não tenha conheci-mento de como se desenvolve a vi-da em outros mundos materiais,ressalvadas certas revelações trazidasatravés da mediunidade, sobre aexistência de vida em Marte e Júpi-ter, o homem começa a perceberque há leis e normas divinas imutá-veis e aplicáveis em todo o Univer-so.

Compreende que toda a cria-ção de Deus está subordinada àssuas leis, visando a uma finalidade,qual seja o aperfeiçoamento gradualdos seres, tendo em vista o Bem, aser alcançado através do esforço in-dividual e coletivo.

A Ciência da Terra, que se temocupado quase que unicamentecom a matéria, não tomando co-nhecimento de outro elemento daCriação – o espírito –, vê-se divor-ciada da realidade.

Para nós, espíritas, torna-se di-fícil compreender como uma ciên-cia, como a Psicologia, possa ba-sear-se somente nos conhecimentossobre a matéria para a explicação deinúmeros fenômenos comprovada-mente de natureza espiritual.

Felizmente, após a influêncianegativa do materialismo e do po-sitivismo, nos séculos XIX e XX, aoque parece, as ciências vão desper-tando para a realidade não somen-te da matéria, mas também da pre-sença do elemento espiritual, numaconjugação dos dois elementos cons-titutivos do Universo.

Outro fato consolador que aRevelação Espírita tornou claro éque, em todas as etapas de sua mar-cha evolutiva, o Espírito é assistidoe auxiliado por Entidades Superio-res, desde que seus propósitos sejamo bem. É a Lei de Amor, sob a for-ma da solidariedade.

A sabedoria da lei divina colo-ca cada Espírito em marcha evolu-tiva, ao mesmo tempo como auxi-liado dos que estão mais adian-tados, e como auxiliar dos que estãomais atrasados.

É a Lei de Amor, sob a formada solidariedade, que explica, porexemplo, a vinda do Cristo de Deusà Terra para, através de ensinos,exemplificações e sacrifícios imen-sos, tornar possível um avanço con-siderável na marcha evolutiva daHumanidade, tanto em entendi-mento da realidade quanto no aper-feiçoamento dos sentimentos, queEle sintetizou no Amor.

A vinda dos emissários doCristo à Terra, em todos os tempos,no seio de todos os povos e civiliza-ções, em missões específicas, aten-dendo às condições evolutivas decada um deles, é outro exemplo dasolidariedade do superior com o in-ferior.

Outro fato elucidativo da soli-dariedade do Alto aos irmãos da re-taguarda é a vinda e presença doConsolador entre os homens, pro-metido por Jesus quando de suapassagem pela Terra e enviado mui-tos séculos depois, em hora crucialpara a Humanidade, invadida poridéias e filosofias materialistas degrande poder persuasivo.

Somente os beneficiários doconhecimento do Consolador, osespiritistas sinceros que o estudame procuram vivenciar seus ensinos,

podem fazer idéia do que ele repre-senta em suas vidas, com suas reve-lações grandiosas, norteamento se-guro para suas condutas e inspi-rações profundas para seus pensa-mentos e ações.

Cada revelação nova, compro-vadamente verdadeira, cada avançoda Ciência, em qualquer de seus ra-mos, que proporcionem conheci-mentos corretos ao ser humano,representam auxílios oriundos dopensamento superior, em benefíciodos que se encontram na retaguar-da.

Revelações novas proporciona-das pela Espiritualidade Superior edescobrimentos novos conquistadospela Ciência são formas para o co-nhecimento e a compreensão daobra de Deus.

Mas as religiões e filosofias deum lado, como as ciências, de ou-tro, criaram certos dogmas, quetêm prevalecido por séculos e quedesmoronam diante de novos des-cobrimentos e comprovações.

Assim ocorreu com a soberaniada matéria, hoje caracterizada comoenergia condensada. Esse novo con-ceito científico atingiu profunda-mente o materialismo, nas suas ba-ses. O fundamento das idéias econclusões tem suas conseqüências,às vezes imprevisíveis.

...

Dentre as doutrinas materialis-tas surgidas no século XIX, o deno-minado “século das luzes”, o positi-vismo e o marxismo histórico--dialético tiveram suas influênciassobre a Humanidade, estendendo--se pelo século XX, quando come-çaram a declinar.

Na atualidade, somente a Chi-na, Cuba e a Coréia do Norte per-

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manecem sob regimes socioeco-nômicos de bases comunista-mar-xistas, adaptados às tradições dessastrês nações.

De outro lado, o utilitarismo,de Bentham e John Stuart Mill,doutrina ressurgida da antiga Gré-cia, por volta de 1864, propagou-sepelo mundo, não por seus funda-mentos filosóficos ou morais, maspor corresponderem seus objeti-vos às ações humanas baseadas noegoísmo, que é o maior caracterís-tico de nossa Humanidade poucoevoluída.

Na realidade, o utilitarismo é abusca da felicidade individual, atra-vés da satisfação dos prazeres de to-da ordem para o maior número depessoas.

A simples enunciação dos prin-cípios do utilitarismo mostra suacorrelação com os hábitos e objeti-vos da maior parcela dos habitantesdeste planeta, na atualidade.

Cultivar o prazer e o bem-estara qualquer custo, sem princípiosmorais elevados que os delimitem,é favorecer o egoísmo, em todas assuas manifestações individuais e co-letivas, e o orgulho que nele teveorigem, causadores de todas as mi-sérias morais.

Egoísmo e orgulho, como aspiores chagas humanas, geradoresda cupidez, da inveja, da ambição,do ódio, do ciúme, causas de per-turbação das relações sociais e detodas os vícios, são também osmaiores inimigos da felicidade, noverdadeiro sentido dessa palavra.

Infelizmente as religiões domundo não conseguem combater,com êxito, esses males que se alas-tram por toda parte, porque seusprincípios morais mais puros seacham envolvidos por práticas e

erros dogmáticos e conceituais queos limitam e enfraquecem.

Urge, pois, que o utilitarismode ordem prática, o egoísmo, o or-gulho e seus consectários encon-trem obstáculos que os combatampermanentemente.

As novas gerações que se suce-dem na Terra precisam encontrar,desde a infância, orientação seguraque as instruam e eduquem.

A educação é essencial para a

evolução do Espírito. Falamos deeducação integral e não somentede instrução, como se procede naatualidade.

Os fundamentos para a educa-ção do homem no mundo encon-tram-se na Mensagem do Cristo eno Consolador por Ele prometidoe enviado aos homens.

Ao lado da instrução de que seocupam os governos e a iniciativaprivada, há necessidade prementeda complementação ético-moral, de

uma “revolução do coração” na for-mação dos caracteres, para que ascrianças, os jovens, os homens emulheres tomem conhecimento desi mesmos, do seu passado, do fu-turo que os aguarda, das vidas su-cessivas, da necessidade do progres-so intelectual e moral, com umanoção segura da Justiça Infalível eda Solidariedade, a orientar perma-nentemente a vida de cada um.

Os ambientes sociais da atuali-dade caracterizam-se, por toda par-te, pelo negativismo, pelo mate-rialismo, pelo utilitarismo e pelaafirmação do egoísmo individual. Adecomposição moral é flagrante, fa-cilitada pela comunicação de mas-sas, favorecida pela tecnologia avan-çada.

Esse quadro social acima resu-mido, de profunda ignorância doque é realmente o homem e qual oseu destino de Espírito imortal, ge-ra, como no passado, males perma-nentes, como as guerras, a violênciae a corrupção. Somente a educaçãoe a reeducação moral, baseadas emprincípios inquestionáveis, podemreverter essa situação inquietante.

A Doutrina dos Espíritos, oConsolador prometido, é a grandeesperança para a reversão do que seobserva de negativo na civilizaçãoatual, rica em tecnologia, mas po-bre em valores morais.

Nessa esperança inclui-se o de-sejo sincero dos idealistas espíritasde que as grandes religiões do mun-do despertem para o conhecimentodas verdades da Terceira Revelação,retifiquem seus erros interpretati-vos, revoguem seus dogmas im-próprios e se unam na aceitação doque o Cristo de Deus enviou comocomplementação dos seus ensinosde há 2.000 anos.

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A Doutrina dos

Espíritos, o

Consolador

prometido, é a

grande esperança

para a reversão

do que se

observa de

negativo na

civilização atual

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Invariavelmente, quando se fala arespeito da sublime doação doMestre ao Seu rebanho, entre-

gando-lhe a própria vida, assevera--se que este Lhe foi um grande sa-crifício, como se Ele não tivesse co-nhecimento, desde antes, sobre anecessidade de demonstrar a inefá-vel grandeza do Seu amor.

O conceito de sacrifício, emtão elevada demonstração de afeto,não se ajusta à realidade, porquan-to Ele marchou para o matadouroabsolutamente seguro, consciente econfiante da necessidade de fazê-lo,a fim de que, dessa maneira, pudes-se despertar os Seus afeiçoados pa-ra o significado da Sua entrega to-tal.

Estivera com todos em mo-mentos felizes, oferecendo-lhes bên-çãos de saúde e de conhecimento,de esperança e de paz, informando,entretanto, que a existência físicanão é definitiva e que todos deve-riam preparar-se para o enfrenta-mento com as vicissitudes e os na-turais sofrimentos.

Restituía-lhes a saúde, mas nãoimpedia que viessem a morrer.

Proporcionava-lhes júbilos, po-rém não evitava que fossem visita-dos pela tristeza que decorre doprocesso de evolução ante os dissa-bores e as lições morais de cresci-mento íntimo.

Concedia-lhes paz, entretanto,não se permitia impossibilitar a lu-ta que cada qual deve travar, a fimde autoconhecer-se e de encontraro rumo da iluminação.

Mimetizava-os com a Sua ter-nura, todavia, era necessário que seesforçassem para preservá-la.

Jamais deixou de os amparar ede os auxiliar no crescimento ínti-mo para Deus.

Abriu-lhes os olhos da almapara o discernimento e para a razão,concitou-os ao trabalho e à solida-riedade vivendo a serviço do Pai,sem jamais queixar-se ou exigir--lhes o que quer que fosse.

Tornava-se, portanto, indis-pensável demonstrar-lhes a grande-za desse amor, oferecendo a existên-cia em holocausto no rumo da VidaEterna, última e vigorosa maneirade fazê-los crer.

Não foi, portanto, um sacrifí-cio, no sentido de um esforço deimolação entre desespero e luta re-nhida.

Sacrifício, ser-Lhe-ia deixar aopróprio destino aqueles que o PaiLhe confiara para pastorear, con-duzindo-os pelo rumo certo do de-ver e da conquista de si mesmos.

Seria também sacrifício se, poracaso, se houvesse eximido da ofe-renda máxima de que se tem notí-cia, para que cada qual pudesseaprender através do sofrimento, quesomente no dever se encontra a ra-zão essencial da existência humana.

A cruz, que sempre foi umsímbolo de humilhação e de desgra-

ça, de punição e de corrigenda se-vera, com Jesus tornou-se asas de li-bertação, facultando o vôo no ru-mo do Infinito.

Em razão disso, Ele doou a Suavida para que todos tivéssemos vi-da, e vida em abundância, lutandopessoalmente cada qual por adqui-ri-la.

...

Quando se ama, nada constituiesforço, sofrimento, sacrifício.

O amor é tão rico de carinho ede bênçãos que se multiplica à me-dida que se oferece, jamais dimi-nuindo de intensidade quanto maisse distribui.

Invariavelmente, as criaturasconsideram-no uma operação de re-ciprocidade, mediante a qual, a per-muta dos sentimentos faz-se estí-mulo para o seu prosseguimento.

De alguma forma, porém, essaexpressão de amor não deixa de sero início do processo que levará à su-blimação do querer e do doar.

Saindo do instinto, que é todoposse, matriz do egoísmo perturba-dor, aformoseia-se com a experiên-cia afetiva, agigantando-se e tor-nando-se maior na proporção daabnegação e do devotamento deque se faz portador.

O amor nunca se exalta, nemreclama, porque é fonte de com-preensão, nada obstante, tambémde educação das emoções, do com-portamento, da vida.

O Mestre sempre ensinava, e oclímax dessas lições é a Sua crucifi-

Sacrifício e Amor

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cação, mediante a qual, na expres-são de tragédia atrairia todos a Ele.

O ser humano, infelizmente,ainda necessita do espetáculo ou te-rapia de choque, de modo a desper-tar do letargo a que se entrega.

Isso ocorre em todos os cam-pos do relacionamento social.

Quando os fatos transcorremnaturais e sem comoção, não se tor-nam de aceitação imediata, pacíficae penetrante. No entanto, quandoproduzem impacto, sensação pecu-liar, despertam interesse, discussãoe aceitação na maioria das vezes.

Eis porque, embora seja oamor a fonte inexaurível de enri-quecimento, o progresso do ser co-mo indivíduo e da sociedade comoorganismo coletivo tem sido me-diante a dor, especialmente estabe-lecida pelos testemunhos que sãoconsiderados sacrifícios do prazer edo gozo imediato.

Dessa forma, a idéia vigente éde que a suprema doação do Mes-tre seria também um sacrifício emfavor dos Seus afeiçoados, quando,diferindo do convencional, o Seuexemplo de enriquecimento é umconvite à reflexão. Se Ele, que nãotinha culpa, foi conduzido ao má-ximo de entrega, é natural que ascriaturas, caracterizadas pelas cargasemocionais de desequilíbrio e deculpa, não se possam considerar ex-ceção, eximindo-se ao padecimen-to purificador.

NEle temos a oferenda de ter-nura e de alegria, embora as excru-ciantes aflições que padeceu, confir-mando a Sua procedência de envia-do de Deus, o Messias que as tor-mentosas condições israelitas se ne-gavam a aceitar.

Na sua desenfreada alucinaçãopelo poder e dominação pelo orgu-

lho, mediante o qual a raça eleitagovernaria o mundo dos gentios,era muito difícil aceitar aquele Reiespecial, sem trono nem exércitohomicida, sem áulicos com trombe-tas nem embaixadores soberbos pre-cedendo-O.

Como o Seu reino não era des-te mundo, os ministros e servidoresnão se apresentavam visíveis senão,à semelhança de João Batista, o Pre-cursor, ou dos profetas que vierambem antes dEle e foram, uns ridicu-larizados, outros perseguidos, ou-tros mortos...

...

Esforça-te, por tua vez, paraentender a doação da vida comosendo a entrega amorosa Àqueleque a gerou.

Aprende a renunciar aos pe-quenos apegos, crescendo na dire-ção da superação dos tormentososdesejos, os de grande porte, em ho-menagem à tua auto-iluminação, àtua ascensão.

É sempre necessário morrer, afim de viver em plenitude.

Tem como exemplo Jesus emtodas as situações, e se amas, tudoquanto ofereças, não constitua sa-crifício nem sofrimento, antes men-sagem de alegria e de paz.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, no dia 4 de junho de 2004,em Londres, Inglaterra.)

Às filhas da Terra

Do Seu trono de luzes e de rosas,A Rainha dos Anjos, meiga e pura,Estende os braços para a desventura,Que campeia nas sendas espinhosas.

Ela conhece as lágrimas penosasE recebe a oração da alma insegura,Inundando de amor e de ternuraAs feridas cruéis e dolorosas.

Filhas da Terra, mães, irmãs, esposas,No turbilhão dos homens e das coisas,Imitai-A na dor do vosso trilho!...

Não conserveis do mundo o brilho e as palmas,E encontrareis, em vossas próprias almas,A alegria do reino de Seu Filho!

Bittencourt Sampaio

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de Além-Túmulo. 17. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2004, p. 180. Edição Comemorativa – 70 Anos.

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Aquestão 890, de O Livro dosEspíritos, destaca que o amormaterno é uma virtude e, ao

mesmo tempo, um sentimento ins-tintivo, e que a mãe ama seus filhosno interesse da conservação deles.Este amor se expressa pela vida in-teira e se transforma em devota-mento e abnegação1.

Essa interessante questão faz--nos refletir sobre determinados as-pectos, especialmente quanto aoconceito de sentimento materno,que nem sempre parece ser enten-dido por todas as mães, levando--nos a questionar a existência do ca-ráter inato do sentimento maternale se de fato é partilhado por todasas mulheres.

A Doutrina Espírita revela quedeterminadas mães não gostam dosfilhos (questão 891), o que certa-mente afeta a nossa sensibilidade, e,mesmo sabendo que essa transgres-são tem sua razão de ser na lei decausa e efeito, não conseguimos ad-mitir que isso possa acontecer comseres tão indefesos e carentes de am-paro2.

Tal revelação, todavia, nos le-

va à constatação da ausência deamor materno, neste ou naqueleagrupamento familiar, mesmo queas pessoas tenham consciência damagnitude desse tipo de amor e desua existência e constância para oprogresso da Humanidade.

Ao refletirmos sobre as impli-cações espirituais subjacentes a esseproblema, inicialmente, gostaría-mos de falar do sentimento doamor, analisando as palavras do Es-pírito Lázaro, em sua mensagem nocapítulo XI de O Evangelho segun-do o Espiritismo, que diz ser estesentimento a expressão da doutrinade Jesus toda inteira, alertando-nospara que possamos compreendê-lo,vivenciando-o, não como o amorno sentido vulgar do termo, mas es-se sol interior que condensa e reúneem seu ardente foco todas as aspira-ções e todas as revelações sobre-hu-manas, extinguindo as misérias so-ciais e estimulando-nos a amar comamplo amor nossos irmãos em so-frimento3. Mas o amor potencial,que há na essência de cada um denós, se desenvolve igualmente emtodos os seres?

O amor, certamente, não deixade desenvolver-se sem cessar em to-das as criaturas, mas algumas ama-rão de forma diferente, pois, confor-me Angel Aguarod (1976), filóso-

fo espírita, a diversidade de grausno desenvolvimento espiritual dosseres é que produz manifestações tãodiametralmente opostas de um mes-mo sentimento 4. Assim, o ódio, ainveja, o ciúme e outros vícios e de-feitos, que são expressões negativasdo amor, podem significar manifes-tações vivas deste para aqueles queainda não compreenderam o queseja o verdadeiro sentimento doamor. Na concepção do EspíritoFénelon, o amor deve manifestar--se por meio da caridade, da hu-mildade, da paciência, do devota-mento, da abnegação, da resignaçãoe do sacrifício5. E as mães devemreunir em si todas essas virtudes, ex-tremamente necessárias aos cuidadospara com os filhos.

Ao buscarmos alguns registroshistóricos sobre a família e o papelexercido pelas mães no decorrer demuitos séculos, verificaremos quealgumas sociedades não valorizaramesse sentimento, a ponto de quaseeliminá-lo em numerosos cora-ções. A escritora Elisabeth Badinter(1985) fala-nos que, até o final doséculo XVII, as mães francesas, declasses mais abastadas, enviavamseus filhos para serem criados poramas-de-leite, geralmente campo-nesas, convencidas das vantagens doar do campo e da nocividade da ci-

A evolução do amor materno Sua importância para o progresso do Espírito

Clara Lila Gonzalez de Araújo

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dade, mas desconhecendo as estatís-ticas de mortalidade das criançasconfiadas a essas criaturas e, portan-to, não tendo condições de avaliaros danos desse modo de criação 6.Badinter não acredita que as mãesagissem no melhor interesse dascrianças ao encaminhá-las para lon-ge, mesmo considerando os cos-tumes da época.

Para a escritora, o amor mater-no deve ser adquirido e conquista-do ao longo dos dias passados ao la-do do filho e por ocasião doscuidados que a mãe lhe dis-pensa. (...) Se faltarem opor-tunidades para se exprimir opróprio amor, se as manifes-tações do interesse que se tempor outrem são demasiadoraras, então se corre o risco devê-lo morrer (p. 15).

O sociólogo e historiadorfrancês Philippe Áries (1981)mostrou que foi necessáriauma longa evolução para queo sentimento da infância efe-tivamente se arraigasse nasmentalidades, especialmentedos pais7. No seu entender, oséculo XVIII transformou-senum marco como o períodode aparecimento das obrasque instigaram os pais a des-cobrirem novos sentimentos,particularmente as mães. Al-guns autores, como filósofos,médicos etc., logo ao início do sécu-lo, tentaram ser ouvidos por seuscontemporâneos mas foi Rousseau,com a publicação de Émile, em1762, que divulgou as novas idéiase deu um verdadeiro impulso inicialà família moderna, isto é, a famíliafundada no amor maternal.

O bebê e a criança transfor-maram-se em seres privilegiados das

atenções paterna e materna. Mas,nem todas as mães permitiram queseus filhos vivessem melhor juntodelas. Mesmo que a mulher tenha sedeixado influenciar pelos discursosque celebravam uma nova era paraa boa mãe, passando a amamentá--los, nem todas se apressaram a sub-meter-se ao teste difícil de cuidaremcom mais carinho de seus rebentos.

O princípio da reencarnaçãopermite que possamos entender aevolução desse sentimento, já que,

a cada oportunidade de vida na ma-téria, trazemos das existências prece-dentes o que adquirimos de bom ede ruim, contribuindo, ou não, pa-ra o progresso social de todos. Noentanto, nem sempre, ao reencarnar,poderemos considerar-nos como al-mas mais aperfeiçoadas, se não de-senvolvemos no pretérito experiên-cias de aprendizagem intelectual e

moral, que nos possibilitem com-preender melhor as necessidades danova civilização onde vivemos. Emespecial quanto aos desvelos queprecisamos ter em relação aos filhos.

As preocupações que surgem,atualmente, na criação da prole,nascem, principalmente, quandopercebemos o excessivo poder demotivação que exercem os veículosde informação de massa sobre ela,desafiando-nos a estabelecer normascomportamentais para que consiga

defender-se desse tipo de in-fluência. As crianças se dei-xam envolver de tal maneiraque passam a expressar asmesmas atitudes violentas,degradantes e perniciosas queobservam no vídeo, ou noexemplo de adultos menosatentos a uma conduta moralmais adequada. É importan-te refletir sobre tudo isso,avaliando até que ponto a fal-ta de vigilância materna nãocontribui para esse resultado,reconhecendo que a coopera-ção paterna no processo deorientação dos filhos é im-prescindível, mas, dependen-do das provações impostaspela carne, nem sempre é pos-sível ter o companheiro ao la-do. Nesse caso, cabe à mãe aparcela maior no cumpri-mento desse compromisso.

O Espírito Thereza de Brito,em uma de suas lúcidas mensagenssobre os problemas familiares, enal-tece a mulher-mãe e afirma que éjunto a seus filhos que ela encontraas mais exuberantes oportunidadesde avançar, em espírito, para al-cançar os campos luminosos doprogresso pelos quais anela8. Asmães devem adquirir esse sol inte-

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rior, do qual nos informa Lázaro: oamor que busca entender as angús-tias trazidas por esses Espíritos aco-lhidos como filhos e que esperamdelas a ajuda para que possam rea-justar-se, esclarecendo-se à luz daDoutrina Espírita e fortalecendo-separa o grande combate que trava-rão contra as próprias imperfeições,ao longo de suas existências fu-turas. Sem esquecer que o estadode infância para o Espírito é o pe-ríodo mais acessível às impressõesrecebidas daqueles encarregados deampará-lo. Isso significa que sa-beremos esforçar-nos para o seuadiantamento se, efetivamente, noscolocarmos à disposição para edu-cá-lo, no tempo certo. Recordar,sempre, que muitos defeitos dacriança podem decorrer de atitu-des, reações e comportamentos dosque a geraram.

Tenhamos cuidado para que asobrigações sociais e profissionais nãonos levem a repetir equívocos ante-riores, cometidos nas vidas pregres-sas onde estagiamos, deixando os fi-lhos sem as atenções exigidas pelodever e a responsabilidade de criá-los.

Preparemo-nos para um me-lhor entendimento do que seja amissão da maternidade e junto aosfilhos, sem comodismos, sejamos amestra, a enfermeira, a irmã, a ami-ga, a mãe a orientá-los, firmemen-te, para uma vida melhor, não dei-xando que se transviem pelos des-vãos do mal.

Atentas às próprias imperfei-ções, que muitas vezes nos levam amimá-los em demasia, não perdere-mos a chance de conscientizá-lospara o verdadeiro sentido da exis-tência na Terra, que tem como ob-jetivo o progresso intelectual, mo-ral e espiritual do ser, na exempli-

ficação das lições que Jesus legou àHumanidade, resumidas, magistral-mente, no “Assim como eu vos amei,que também vos ameis uns aosoutros.” (João, 13:34.)

Nossos apontamentos sobre otema têm como referência a Cam-panha Viver em Família, reativa-da pela FEB, por ocasião da Reuniãodo Conselho Federativo Nacional,em novembro de 2004, que reafir-ma e destaca a importante funçãoeducadora e regeneradora da fa-mília, valorizando-a no processode edificação moral do homem, eno esforço conjunto de construir--se um mundo melhor.9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 e 2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.72. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992, Parte 3a,cap. XI, questões 890 e 891, p. 410.

3______ O Evangelho segundo o Espiritismo.112. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, cap. XI,item 8, p. 186-187.4AGUAROD, Angel. “O Problema de Amar aDeus”, Grandes e Pequenos Problemas. 3. ed. Riode Janeiro: FEB, 1976, p. 47. 5KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 112. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996,cap. XI, item 9, p. 187-189.6BADINTER, Elisabeth. Um Amor Conquista-do – o mito do amor materno. Rio de Janeiro.Nova Fronteira, 1985.7ÁRIES, Philippe. História Social da Criança eda Família. 2. ed. Rio de Janeiro. Livros Técni-cos e Científicos Editora S.A., 1981.8TEIXEIRA, J. Raul. “A Mulher e seus Filhos”,Vereda Familiar, pelo Espírito Thereza de Brito.Niterói (RJ), Editora Frater Livros EspíritasLtda., 1991, p. 57. 9FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA.Opúsculo da Campanha Viver em Família –Subsídios para sua Implantação e Desenvolvi-mento. Brasília, 1994, p.1.

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Provação maternaGritava a nobre anciã, em rede morna e langue:– Bate, meu filho!... Zurze o chicote a preceito!...Um servo é igual ao boi que nasceu para o eito...E o filho, Dom Muniz, deixava o servo em sangue.

Dos salões da fazenda ao derradeiro mangue,Esculpira a fidalga um carrasco perfeito.Mas vem a morte, um dia, e leva o filho eleito,A matrona pranteia e larga o corpo exangue...

No Além, cai Dom Muniz em abismos de prova!...Aflita, a pobre mãe pede a Deus vida nova,Quer guardá-lo, outra vez, numa estrada sem brilho...

Hoje, mulher sem lar, definha, a pouco e pouco,E, aos duros repelões de um jovem cego e louco,Roga, em pranto de amor: “Não me batas, meu filho!...”

Valentim Magalhães

Fonte: XAVIER Francisco C. Poetas Redivivos, por Diversos Espíritos. 3. ed. Riode Janeiro: FEB, 1994, cap. 12, p. 29.

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P. – Há quanto tempo vocêatua no Movimento Espírita?

Lacordaire – Há 38 anos. Sen-do meus pais espíritas, tive a subli-me oportunidade de freqüentar au-las de evangelização infanto-juvenilna cidade de Catalão, Goiás. Co-mecei a atuar efetivamente no Mo-vimento Espírita a partir dos meustreze anos de idade, quando parti-cipei da reativação da Juventude Es-pírita do Centro Espírita “Amor eCaridade”, casa esta fundada pormeu pai junto com outros valorososbandeirantes da Seara Espírita, quetiveram como missão “abrir pica-das” nas matas densas da difusãodoutrinária na cidade de Catalão(Goiás). Através dos estudos doutri-nários e com tarefas ensejadas aosjovens aprendi a desenvolver poten-ciais criativos em torno do traba-lho.

P. – Foi importante a integra-ção precoce no trabalho doutrinário?

Lacordaire – Graças à integra-ção no trabalho doutrinário desen-volvi a motivação e o gosto pelo es-tudo da Doutrina e o comprome-timento com o trabalho, que meauxiliaram no processo de equilí-brio na fase da desencarnação domeu pai, que ocorreu nesse perío-

do. Ouvimos sempre no Movimen-to Espírita a queixa de que há faltade trabalhadores. Penso que nos fal-ta, enquanto dirigentes de ativida-des doutrinárias, um apoio maisefetivo à juventude da Casa Espíri-ta, visando uma integração do jo-vem com as atividades da Casa,com uma percepção deste jovemcomo sendo um trabalhador no Mo-vimento Espírita e futuro dirigente,amanhã, da Instituição Espírita.

P. – Como se envolveu com ostrabalhos de unificação?

Lacordaire – No ano de 1969,mudei-me de Catalão para Brasíliae logo que cheguei, busquei umaCasa Espírita para freqüentar. De-

pois de um período de adaptaçãonas atividades da Casa, tendo cria-do um espaço de convivência coma sua equipe diretora, tive a grataoportunidade de assumir a direçãodas atividades da Mocidade doCentro Espírita Fraternidade AllanKardec, e, como programa de tra-balho para a Mocidade, participa-mos do desenvolvimento de umasérie de encontros entre as Mocida-des do Distrito Federal, começandodaí uma percepção, ainda que inci-piente, da importância do Movi-mento Espírita federativo e seu pa-pel unificador. No ano de 1973participamos da fundação do Gru-po Espírita “Voluntários da Paz” e,já com a percepção da importânciado movimento federativo, busca-mos integrá-lo ao quadro de entida-des adesas à Federação Espírita doDistrito Federal. Em 1979 mudei--me para Mato Grosso e já havia co-nhecido o Sr. Aristotelino Praieiro,então à época Presidente da Federa-ção Espírita do Estado de MatoGrosso, o qual generosamente meacolheu no trabalho federativo como carinho e a envolvência de umpai, sendo ele um outro benfeitorna minha vida, que com profundahumildade e carinho me orientou

ENTREVISTA: LACORDAIRE ABRAHÃO FAIAD

A difusão da Doutrina Espírita é trabalho com Jesus

O Presidente da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso, Lacordaire Abrahão Faiad, destaca

a sua integração precoce nas atividades espíritas, que compreendem o estudo e a difusão

da Doutrina Espírita

Lacordaire Abrahão Faiad

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muito no que concerne às diretrizesdo órgão federativo. Com a desen-carnação do Sr. Praieiro, como es-tava nesse período na condição deVice-Presidente, assumi a Presidên-cia do órgão federativo de MatoGrosso. Até hoje encontro-me en-volvido com as responsabilidades dadifusão da Doutrina, com a certezade ser o primeiro beneficiado porestar comprometido com esse tra-balho de unificação, pois sou da-queles que pensam que o trabalhoé a forma abençoada de devolveramorosamente o que a vida investeem nós.

P. – Houve mudanças no ce-nário do Movimento Espírita deMato Grosso?

Lacordaire – Com certeza! Coma divisão do Estado de Mato Gros-so, em 1978, o novo Estado que seformou cresceu muito, novas cida-des surgiram e o Estado recebeuimigrantes das mais diversas regiõesdo País para essas cidades, tendo asua população triplicada. Muitosdesses novos moradores eram espí-ritas e trouxeram contribuições va-liosas das experiências vividas noMovimento Espírita federativo emoutros Estados, ajudando na criaçãode novas casas espíritas em nossoEstado, facilitando com isso a sedi-mentação de uma mentalidade quetemos difundido nos últimos 15anos, de que a responsabilidade nacondução do Movimento Espíritanão é apenas da Federativa Esta-dual, mas é de todos nós, gerandoum novo comportamento em nos-so Movimento. O que acreditamosser realmente importante é que,nós, aqueles que temos esta oportu-nidade abençoada de estar à frentede qualquer atividade do bem, eprincipalmente no Movimento Es-

pírita, não esmorecermos, porquetemos aprendido que o bem nãotem vencimento. Conclamamossempre os irmãos das casas espíritasde Mato Grosso a participarem domovimento federativo, colocandosempre que o órgão federativo é fi-lho, e não mãe das casas espíritas,pois só existe em função delas. Por-tanto, a responsabilidade pelo Mo-vimento é de todos nós, tanto dadiretoria executiva que lida direta-mente com o trabalho de unifi-cação, quanto de todas as casas es-píritas. Com essa divisão de res-ponsabilidade temos tido resultadosevidentes de melhora na dinâmicado Movimento Espírita no nossoEstado. Buscamos desenvolver so-mente dois grandes eventos na ca-pital a cada ano e os demais eventosda agenda estão destinados a desen-volvermos o que chamamos Cara-vanas Federativas, que são encon-tros regionais nas cidades-pólo, comatividades de capacitação de multi-plicadores para as diversas áreas queenvolvem a Casa Espírita.

P. – Como você avalia as açõesdo Conselho Federativo Nacional?

Lacordaire – É de fundamen-tal importância para as instituiçõesespíritas e para nós os espíritas quegerimos o Movimento Espírita terum órgão de trabalho unificacionis-ta e orientador como é o ConselhoFederativo Nacional (CFN), que foicriado com o objetivo de trabalharpela união dos espíritas e pela uni-ficação do Movimento Espírita, pa-ra que as atividades de estudo, difu-são e prática da Doutrina Espíritasejam fortalecidas e realizadas noseu devido tempo. Acreditamos quea função principal do CFN é ser umespaço de diálogo, de troca de expe-riências, a fim de gerar orientações

que possam nortear o MovimentoEspírita como um todo, assim co-mo auxiliar os dirigentes das fede-rativas e suas respectivas instituiçõesnas diretrizes doutrinárias, pautadasna ética e na moral do Cristo, har-monizando informações e manten-do a unidade dos postulados kar-dequianos. Tenho tido a feliz opor-tunidade de participar, ininterrup-tamente, das reuniões do CFN des-de o ano 1983 e tenho acompanha-do a sua tarefa no trabalho de unifi-cação, que consiste em colaborarcom as Instituições Federativas pa-ra que possamos mais facilmente al-cançar os nossos objetivos, aprimo-rando as atividades e mantendo asrealizações dentro dos princípiosdoutrinários. Tenho visto, ao longodo tempo, uma ampliação cada vezmaior da maturidade doutrinária nosrelatos de cada Federativa que, comas dificuldades peculiares de cadaregião, vem fazendo um esforço gi-gantesco para cumprir seu papel deórgão unificador do MovimentoEspírita nas suas regiões. As campa-nhas que através do CFN foram lan-çadas no Movimento Espírita, taiscomo Campanha de EvangelizaçãoEspírita da Infância e da Juventude,em 1977; Campanha do EstudoSistematizado da Doutrina Espíri-ta, em 1983; Campanhas Em Defe-sa da Vida e Viver em Família, em1994, que estão sendo reativadas; aCampanha de Divulgação do Espi-ritismo, em 1996, e a CampanhaConstruamos a Paz Promovendo oBem!, em 2002, vieram contribuircom o Movimento Espírita e a so-ciedade como um todo, num saltoqualitativo do estudo, difusão e prá-tica da Doutrina Espírita com basenas obras de Allan Kardec, sedi-mentando as bases equilibradas da

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Doutrina Espírita no solo da Pátriado Cruzeiro do Sul.

P. – E as ações das ComissõesRegionais do CFN?

Lacordaire – As Comissões Re-gionais desempenham um papel re-levante como sendo um laboratóriode idéias, proporcionando aos mem-bros das Federativas, em suas res-pectivas regiões, a oportunidade detrocar informações e experiênciasmais diretamente, bem como deunirem-se nas realizações de traba-lhos que visem colocar em práticaas diretrizes anteriormente aprova-das em encontros anteriores. Paranós, da Federação Espírita do Esta-do de Mato Grosso, podemos afir-mar que a cada participação nos en-contros das Comissões Regionaisvoltamos com a equipe mais moti-vada e com novas idéias para a di-namização do trabalho doutriná-rio.

P. – Teria alguma mensagemao leitor de Reformador?

Lacordaire – De um dos tre-chos da mensagem – “Os obreirosdo Senhor”, de O Espírito de Ver-dade (O Evangelho segundo o Es-piritismo, cap. XX, item 5), destaca-mos: “(...) Ditosos os que hajam di-to a seus irmãos: ‘Trabalhemos jun-tos e unamos os nossos esforços, afim de que o Senhor, ao chegar, en-contre acabada a obra’, porquantoo Senhor lhes dirá: ‘Vinde a mim,vós que sois bons servidores, vós quesoubestes impor silêncio aos vossosciúmes e às vossas discórdias, a fimde que daí não viesse dano para aobra!’ ”. Estamos vendo que por to-da parte há muita dor, muito sofri-mento e uma carência de mãos ami-gas a colaborarem com Jesus paradiminuir o sofrimento que está vi-sitando os nossos irmãos de cami-

nhada evolutiva. Que sejam as nos-sas mãos aquelas com que Jesuspossa contar, para aliviar a dor domundo, usando as ferramentas daDoutrina Espírita, permeadas como nosso amor, fruto da nossa refor-ma íntima e das nossas mãos ocu-padas no bem, na ação da caridadeda difusão doutrinária. Recordemosa Benfeitora Joanna de Ângelis, que

nos diz através da psicografia donosso querido Divaldo PereiraFranco: “O remédio que colocamosna ferida do próximo é medicaçãoque colocamos em nossa própria al-ma.” Recebamos a exortação daBenfeitora como sendo uma formade haurir forças para administrarnossas dificuldades e conectar como bem, o bom, e o belo.

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ImaginemosSofres e lutas?Alma fraterna, enquanto aqui me escutas,Imagina a caudal de sofrimentosQue rola pelo mundo...

Pensa nos dias lentosDos que gemem a sós, de segundo a segundo,Do pardieiro humilde aos grandes hospitais...

Se, em verdade, pudessesContar as lágrimas e as precesQue surgem sem cessarNos que faceiam duras provaçõesSem apoio e sem lar,Carregando nos próprios coraçõesInquietação, angústia, sombra, desventura...

Se pudesses somarAs chagas, os desgostos e os gemidosNa alma triste e inseguraDos irmãos perseguidos Por pedradas da injúria e açoites do pesar...

Se enumerasses todas as criançasQue por falta do amor a que te elevas,Sofrem deformações, suplícios e mudanças,Da infância rejeitada à revolta nas trevas.

Se pudesses fitar, analisar, transpor,No caminho em que avançasAflições que talvez nunca enxergaste em derredor,Certo que a tua dor Ficaria menor.

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco C. A Vida Conta. 3. ed. São Paulo: CEU, 1984,cap. 17, p. 54-55.

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Reformador/Maio 200517416

Mateus, 20:1-16

Conta Jesus que o Reino dosCéus é semelhante a um paide família que saiu ao ama-

nhecer, por volta de seis horas, afim de contratar trabalhadores paraa sua vinha.

Ficavam os jornaleiros ou dia-ristas, como eram conhecidos, napraça, à espera de serviço.

É prática usual, ainda hoje, en-volvendo trabalhadores braçais con-tratados para serviços no campo.Levam a marmita com singela refei-ção, que comem sem aquecer. Porisso são conhecidos como bóias--frias.

Explica Jesus que foi contrata-da uma turma, pessoal madru-gador.

Por volta das nove, o dono davinha retornou.

Vendo mais desocupados, con-vocou:

– Ide, também vós para a vi-nha, e vos darei o que for justo.

Por volta de meio-dia, chamoumais gente.

Às quinze horas, nova con-tratação.

Finalmente, às dezessete horas,falou a um grupo remanescente:

– Por que estais aqui, o diainteiro desocupados?

– Porque ninguém nos contra-tou.

– Ide também vós para a vi-nha.

Ao anoitecer, recomendou aoseu administrador:

– Chama os trabalhadores epaga-lhes o salário, começando pe-los últimos até os primeiros.

Seguindo a orientação do pa-trão, o acerto de contas foi feito apartir da turma das dezessete horas.Um denário a cada um, correspon-dente a um dia de trabalho.

Quando chegou a vez dos tra-balhadores contratados às seis damanhã, estes ficaram indignados.

Não era para menos.Mourejar de sol a sol, durante

doze horas, e ganhar o mesmo salá-rio de alguém que serviu apenasuma hora configura flagrante in-justiça.

Prato cheio para um sindicatorural. Daria boa briga na justiça tra-balhista.

Como nos tempos de Jesusnão havia nada disso, tudo o que opessoal injustiçado pôde fazer foireclamar com o patrão:

– Estes que vieram por últimosó trabalharam uma hora e tu osigualaste a nós, que suportamos opeso do dia e o calor do sol.

Dirigindo-se ao porta-voz dosreclamantes, esclareceu o vinhateiro:

– Amigo, não faço injustiça,não combinaste comigo um dená-rio? Toma o que é teu e vai; poisquero dar a este último o mesmoque a ti. Porventura não me é líci-to fazer o que eu quero com o queé meu? Ou o teu olho é mau, por-que eu sou bom? Assim, os últimosserão os primeiros, e os primeirosserão os últimos. Porque muitos sãochamados, mas poucos escolhidos.

...

Apreciada sob o ponto de vistahumano, esta parábola seria a con-sagração da injustiça nas relaçõestrabalhistas, embora devamos con-siderar que o patrão, o dono do di-nheiro, tem o direito de remunerarcomo lhe aprouver, desde que hajaacordo prévio.

Não competia aos trabalhado-res nenhum questionamento.

Significativa a sua indagação:

– …Teu olho é mau porque eusou bom?

Olho mau é sinônimo de inve-ja.

Usa-se outra expressão: olhogordo. Cobiçar o alheio, ou sentir--se diminuído por não ter o mes-mo.

Não seria a reclamação do tra-balhador apenas um exercício deinveja? Afinal, ele recebeu o quefora acertado.

É bom lembrar que a inveja émal tão antigo quanto o Homem.

Gente na praçaRichard Simonetti

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Reformador/Maio 2005 175 17

Foi a motivação do primeirofratricídio, na história bíblica. Caimmatou Abel por imaginar que seupai dava mais atenção ao irmão.

Nas empresas há sempre gentereclamando de colegas supostamen-te privilegiados. São criticados osque se destacam, os que são promo-vidos, tachados de bajuladores e hi-pócritas, que simulam eficiência ededicação.

As pessoas têm muita facilida-de para se considerar injustiçadas,sempre que os seus interesses sãocontrariados.

Não obstante, forçoso reco-nhecer que algo anda errado numaempreitada em que alguém ganhadoze vezes mais do que um colegapara executar exatamente o mesmoserviço.

Com o aperfeiçoamento dasregras do trabalho, cuja orientaçãoprincipal determina uma isonomia,igualdade de salário para identida-de de funções, seria de justiça o pa-gamento por horas trabalhadas.

...

Esta parábola tem desafiado osintérpretes do Novo Testamento,pela aparente injustiça que encer-ra.

A chave para superar esse pro-blema está em ressaltar o objetivode Jesus ao enunciá-la.

Era simbolizar o ingresso noReino de Deus.

Lembremos, em princípio, co-mo o Mestre sempre frisou que oReino não tem localização geográ-fica, na Terra ou no Além.

Trata-se de uma realização pes-soal, na intimidade de nossas al-mas.

Proclama Jesus (Lucas, 17:21):

… o Reino está dentro de vós.

Então, amigo leitor, trata-se deum estado de consciência.

– Ah! Sinto-me tão bem! Leve,tranqüilo, em paz!

Você está no Céu.– Ah! Vida cruel! Estou ator-

mentado, idéias infelizes, vontadede morrer!

Você está no inferno.Bem, sendo assim, como é que

vamos entrar no Reino, ou maisexatamente, como é que o Reinovai instalar-se em nós?

Começamos a decifrar essemistério lembrando uma expres-são significativa de Jesus (João,5:17):

– Meu Pai trabalha desde sem-pre, e eu também.

Tudo é movimento no Univer-so, na dinâmica da evolução, desdeo verme que nas profundezas do so-lo o fertiliza, aos mundos que seequilibram no Espaço.

Deus, o trabalhador incansável,que tudo projetou e construiu, é omotor divino que sustenta a celestemovimentação.

Jesus, Espírito puro e perfeito,chamado a nos governar, entrega-se

a esse mister desde a formação daTerra.

Filhos de Deus, temos poten-cialidades criadoras que caracteri-zam nossa filiação divina, e que nosrealizam como seus filhos, quandoas mobilizamos.

Isso implica em ação, em ocu-parmos nosso tempo e nossa men-te em atividade disciplinada.

Esse empenho chama-se tra-balho.

Quando nos ocupamos comalgo produtivo, pomos ordem emnossa casa mental, sintonizamoscom os ritmos do Universo e nossentimos em paz, como se estivésse-mos no Céu.

Um detalhe importante.O salário do Reino não é o re-

sultado do trabalho.É o próprio trabalho!Aqueles que mais cedo desper-

tam para esse imperativo, desde lo-go sintonizam com as Fontes da Vi-da e se habilitam ao equilíbrio e àserenidade, configurando a paz dotrabalho.

Os retardatários sujeitam-sea problemas e dores, perturba-ções e dissabores, como uma espé-cie de ferrugem em motor desati-vado.

...

Entrar nesse estado sublime desintonia com os ritmos do Univer-so depende de nós.

Situemos nossa posição naTerra como a de pessoas numa pra-ça.

As motivações são variadas:

Espairecer.Matar o tempo.Namorar. >

Deus, o trabalhador

incansável, é o

motor divino que

sustenta a celeste

movimentação

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Bater-papo.Exercitar a maledicência.Satisfazer um vício.Ouvir música.Apreciar a pregação religiosa.Cultivar a leitura.

Diariamente, ao longo da exis-tência, Deus nos convida à SearaDivina.

Há quem imagine que seriadedicar uma hora semanal ao esfor-ço da fraternidade, atendendo pes-soas carentes em hospitais, favelas,organizações filantrópicas…

O que Deus espera de nós é al-go bem maior.

Não o esforço de algumas ho-ras, mas a consagração de nossaexistência.

Não significa que devamospassar o tempo todo em instituiçõesde beneficência, mas que em todo otempo encaremos nossas atividadese relacionamentos como parte deum contexto – o de trabalhadoresda Vinha.

Isto é, que nos comportemos,onde estivermos, com a consciênciade que somos servidores do Senhor,com compromissos e responsabili-dades inerentes à nossa condição.

...

Ao longo da existência, na pra-ça de nossas cogitações, há pereneconvocação.

Há os que atendem ao primei-ro chamado, na adolescência.

Há os que começam às novehoras, na idade adulta.

Há os que se dispõem ao meio--dia, na maturidade.

Há os que se integram às trêsda tarde, no entardecer da existên-cia.

Há os que buscam às cinco ho-

ras, já próximos do final da jornadahumana.

Multidões não atendem emtempo nenhum.

Regressam ao Plano Espiritualcom lamentáveis comprometimen-tos morais, sujeitando-se a longosperíodos de sofrimento e desajustes.

Por isso Jesus diz que muitossão os chamados e poucos os esco-lhidos.

Na verdade, todos somos cha-mados.

Se poucos os escolhidos é por-que raros atendem à convocação.

...

A parábola tem uma dificulda-de final de interpretação.

Como situar a condição dostrabalhadores que começaram porúltimo e receberam primeiro o pa-gamento?

Como interpretar a afirmativa:os últimos serão os primeiros e osprimeiros serão os últimos?

Bem, caro leitor, essa expressãoestá contida num texto imediata-

mente anterior, quando Mateus(19:30) se reporta ao jovem que nãose sentiu em condições de acompa-nhar Jesus porque era muito rico.

O Mestre teria encerrado oepisódio com aquele mesmo co-mentário, enfatizando que posi-ções privilegiadas na Terra podeminibir o homem para os serviços daSeara.

Segundo alguns exegetas a ex-pressão foi repetida na parábola porerro dos copistas, encarregados dereproduzir os textos, o que aconte-cia, não raro.

...

Poderíamos concluir, em sínte-se, que é fundamental não perdertempo na praça existencial, dispos-tos aos serviços da Seara, onde esti-vermos, na atividade profissional,na vida social, no convívio fami-liar…

Somente assim faremos jus aosalário de bênçãos que Deus ofere-ce aos filhos que atendem à Suaconvocação.

Trabalho – a santa oficinaDe que a vida se engalana –É a glória da luta humanaDe que a Terra se ilumina.

Escola, templo, doutrinaDe que a alegria promana,Serviço é força que irmana,Cria, eleva, disciplina.

Preguiça imita a gangrena,Estraga, arrasa, envenenaOnde vazia se enfuna.

Quem vive só de poltronaNão melhora, nem se abonaE à morte se mancomuna.

Alfredo Nora

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas Re-divivos, por Diversos Espíritos. 3. ed. Riode Janeiro: FEB, 1994, cap. 11, p. 28.

Trabalho

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Em O Evangelho segundo o Es-piritismo, mantendo diálogocom um Espírito que se iden-

tifica como São Luís (Luís IX, Reida França – 1214-1270), Allan Kar-dec faz três perguntas que podemser resumidas numa única questão:1

“– É permitido repreender os outros,notar as imperfeições de outrem,divulgar o mal de outrem?” O Es-pírito São Luís destaca algumascondições: (1) podemos fazê-locom moderação, tudo depende daintenção; (2) com um fim útil, co-mo uma caridade, mas com todo ocuidado, sem prazer de denegrir,o que seria uma maldade. Ele suge-re que a censura que alguém faça aoutrem deve dirigi-la a si próprio.Isso nos lembra a imagem da atitu-de do dedo indicador em riste,apontando, acusando, mas, enquan-to um dedo acusa quatro apontampara o acusador.

Interpretando e trazendo paraa atualidade esses ensinamentos, oEspírito Joanna de Ângelis tece co-mentários em torno da nossa atitu-de quando alguém está sendo acu-sado. O que devemos fazer? Qualdeverá ser a nossa posição? E se for-mos nós os acusados? Recomenda aBenfeitora mantermo-nos em silên-cio, porquanto os acontecimentos

podem ter antecedentes que são ig-norados pelos que acusam e obser-vam e que nem sempre as coisas sãocomo se apresentam. Destaca, porfim, que quem está sendo acusadomerece comiseração e oportunidadede reeducação.2

Ao refletirmos em torno dessasorientações fizemos uma conexãocom três motivadores psicológicosque podem influenciar nas atitudesde acusados e acusadores: (1) a auto--estima, que pode apresentar-se emnível alto, médio ou baixo, e quepode ser o reflexo de antecedentesdesta ou de outras vidas; (2) a afeti-vidade, expressando sentimento decompaixão ou de piedade; e (3) aempatia, sugerindo colocar-se psi-cológica e emocionalmente no lu-gar do acusado, ensejando a suareeducação.

Abraham Maslow (1908-1970)3,um dos teóricos da terceira-forçaem Psicologia, que é a PsicologiaHumanista, após o Behaviorismo ea Psicanálise, viu no atendimentodas necessidades do Ego – destacan-do a auto-estima e a afetividade –motivadores psicológicos que forta-leceriam o ser humano nos con-frontos que mantêm, periodica-mente, com os desafios existenciais,motivadores esses que, juntamentecom a empatia, são trabalhados pe-los chamados terapeutas da auto--ajuda.

Esses motivadores, embora uti-lizados como técnicas modernasdentro de uma visão holística do serhumano, ou numa visão transpes-soal, que identifica o homem comuma alma preexistente ao nasci-mento e sobrevivente à morte, têmsuas raízes na época do Cristianis-mo primitivo. Jesus os praticou eestimulou numa comovedora aulaem praça pública. O relato é feitopelo evangelista João (8:3-11), quecertamente presenciou o episódio,em Jerusalém, quando Jesus retor-nava ao Templo, para ensinar,acompanhado de enorme multidão.Aproxima-se, então, um grupo deescribas e fariseus, apresentando-lheuma mulher apanhada em adul-tério. Pondo-a em meio ao povodisseram-lhe: “– Mestre, esta mu-lher acaba de ser surpreendida emflagrante adultério. Moisés nos or-dena na Lei que as adúlteras sejamapedrejadas. Qual, sobre isso, a tuaopinião? E Tu, que dizes?”

Era uma Lei antiga, previstaem livros de Moisés, no Deuteronô-mio (22:22) e no Levítico (20:10),tradição, porém, arcaica e em desu-so naquele tempo, sobretudo por-que o Decálogo já previa “não ma-tarás” e a condenação desse delitoera simbólica, considerando quedesde o domínio romano a pena demorte fora retirada do Sinédrio ereservada ao Procurador de Roma.4

Jesus e três motivadores psicológicos

Adilton Pugliese

>

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Imaginemos a cena em praça públi-ca: a multidão enfurecida, provoca-da pelos fariseus, assumindo o pa-pel dos jurados, a expressar decisãoantecipada; a mulher, acuada e sen-do acusada, na posição de ré, aguar-dando veredicto e sentença; e Jesus,feito ali, pelos que a acusavam, ad-vogado e juiz.

Em todos os tempos, o Mestresempre é chamado para defender osfracos e em diversas ocasiões colo-ca-se ao lado das mulheres, socor-rendo-as, defendendo-as e, sobretu-do, através delas exemplifica a ne-cessidade do exercício da misericór-dia, como observamos nos relatosque envolveram a mulher hemor-roíssa, a mulher encurvada, a viúvade Naim, a mulher cananéia, a sa-maritana, Salomé mãe dos filhos deZebedeu, Maria Madalena, Marta eMaria, a pecadora citada por Lucase a mulher de Betânia, aquela queenvolveu a cabeça de Jesus com per-fume caro e puríssimo, tendo sidoo seu ato questionado pelos discí-pulos, levando o Mestre a declararque “onde quer que venha a serproclamado o Evangelho o que elafez jamais será esquecido”. (Mateus,26: 6-13.)

– Tu, pois, que dizes? Insistia amultidão dos acusadores.

Era aquele um momento his-tórico do Cristo. Era, em verdade,uma cilada. Desafiando-O, pro-movendo-O a advogado de defesae de acusação e simultaneamente ajuiz, queriam a Sua perdição. Paraa multidão pouco importava a mu-lher. A expectativa de todos era emtorno da decisão que Ele tomaria.Como reagiria ao desafio? Se des-culpar a mulher estará transgredin-do a Lei de Moisés; se confirmar asentença, Sua misericórdia, que in-

tensamente prega, será colocada emdúvida.

Nesse staccato, o silêncio doCristo, que escrevia no chão com odedo, segundo o evangelista quetestemunhou o fato, é por Ele que-brado, quando, ao erguer-se, pro-nuncia a sentença: “– Aquele quedentre vós estiver sem pecado atirea primeira pedra.” A multidão tomaum choque. Não esperava por isso.Era um conjunto de seres-instinto,comandados pelas sensações. Ego-cêntricos e violentos, haviam desa-fiado o homem-razão, que no dizerdo Espírito Manoel Philomeno deMiranda são homens que “pensamcom calma, nas circunstâncias mais

graves, desenvolvendo o sentimen-to de altruísmo”.5

Ao pronunciar a sentença ines-quecível o objetivo do Mestre é te-rapêutico e pedagógico: busca de-senvolver nos acusadores a posturada empatia, de colocarem-se no lu-gar daquela mulher, compreenden-do as suas lutas e estimulando-os aserem empáticos, embora tenhampreferido ser egocêntricos. Assim,os fariseus e seus liderados, desafia-dos agora pelo Cristo, que lhes sub-mete a Lei de todos os tempos, detodos os mundos, a Lei das Causase dos Efeitos, retiram-se, vencidos.

Dirige-se, então, à mulher:“– Onde estão os que te acusavam?

Ninguém te condenou? Nem Eutampouco te condenarei. Vai, e nãopeques mais.” É toda a expressão daafetividade. O Mestre não a conde-na. Orienta, conversa, interage, res-peita a situação difícil daquela mu-lher, preocupando-se com ela. Sabeque está sujeita aos mecanismos daLei Divina e que “de nada adiantaapedrejar o corpo e sim apedrejar aconsciência, lapidando-a através deações renovadoras”.

O Espírito Amélia Rodrigues,através do médium Divaldo Fran-co6, narra que naquele mesmo dia,à noite, Jesus teria o Encontro daReparação com aquela mulher,quando se estabelece um diálogomotivador, e o Mestre busca ele-var a sua auto-estima, afetada peloacontecimento que poderia destruira sua vida, comprometendo a opor-tunidade reencarnatória. A miseri-córdia do Cristo, através da aplica-ção da empatia, da afetividade e daauto-estima, motivaria aquela almasofrida a vivenciar uma existênciarenovada, agora nas diretrizes doamor e da caridade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 117. ed. FEB, cap. X, item 19, p. 180.

2FRANCO, Divaldo. Vida Feliz, pelo EspíritoJoanna de Ângelis. 12. ed. LEAL, p. 53.

3MASLOW, Abraham H. Uma Teoria da Mo-tivação Humana. O Comportamento Huma-no na Empresa. BALCÃO, Yolanda Ferreira.CORDEIRO, Laerte Leite. 2. ed. FGV, p. 337.

4PASTORINO, C. Torres. Sabedoria do Evan-gelho. Ed. Sabedoria. 1977, volume 5, p. 71.

5FRANCO, Divaldo P. Loucura e Obsessão, pe-lo Espírito Manoel Philomeno de Miranda.7. ed. LEAL, p. 241.

6______. Pelos Caminhos de Jesus, pelo Espíri-to Amélia Rodrigues. 1. ed. LEAL, p. 131.

“De nada adianta

apedrejar o corpo e

sim apedrejar a

consciência”

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Com amor“E, sobre tudo isto, revesti-vos de

caridade, que é o vínculo da perfeição.”

– Paulo. (Colossenses, 3:14.)

Todo discípulo do Evangelho precisará coragem para atacar os serviços da reden-

ção de si mesmo.

Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de marchar com desassombro sob

tempestades.

O caminho de resgate e elevação permanece cheio de espinhos.

O trabalho constituir-se-á de lutas, de sofrimentos, de sacrifícios, de suor, de teste-

munhos.

Toda a preparação é necessária, no capítulo da resistência; entretanto, sobre tudo

isto é indispensável revestir-se nossa alma de caridade, que é amor sublime.

A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a penetração, os

dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear divino que os entrela-

çará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.

A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores e fru-

tos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna.

Mas, como amaremos no serviço diário?

Renovemo-nos no espírito do Senhor e compreendamos os nossos semelhantes.

Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de cada um, temperando a bon-

dade com a energia, e a fraternidade com a justiça.

Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na senda evolutiva.

Quem ama, compreende; e quem compreende, trabalha pelo mundo melhor.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 5,p. 21-22.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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22Reformador/Maio 2005

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Sempre admiramos Jesus comoexemplo religioso e como al-guém que desafiou sabiamen-

te os costumes de uma época emque os homens tinham a arrogânciade se achar superiores a seus irmãospor mera diferença racial ou pelariqueza que lhes vinha do berço.Todavia, mais recentemente, passa-mos a admirar Jesus também, eprincipalmente, pela beleza de seuEvangelho, extraordinário tratadode ética que somente agora come-çamos a compreender em profun-didade, graças aos esclarecimentosque nos trouxe o Espiritismo.

Na página 97 do livro Pensa-mento e Vida, em texto cujo títuloé “Hábito”, Emmanuel nos ensinacom sabedoria: “(...) vemos noCristo – divino marco da renova-ção humana – todo um programade transformações viscerais do es-pírito.” O Cristo veio propor umatransformação visceral ao homem,ou seja, uma mudança radical eprofunda, para manifestar atitudestão opostas aos costumes daquelestempos. Procuremos nos lembrarde alguns exemplos. Imagine que,naquela época, aquele que se senta-

va à mesa de refeições sem lavarsuas mãos era considerado um pe-cador: Narra o evangelista Mateus(15:1-11) que os fariseus e escribasperguntaram a Jesus porque os seusdiscípulos transgrediam a tradiçãodos anciãos, pois não lavavam asmãos quando comiam. O Mestredeu-lhes uma longa resposta, enu-merando as contradições de suaconduta. E, convocando a multi-dão, disse-lhes:“Não é o que entrana boca que macula o homem; oque sai da boca do homem é que omacula. – O que sai da boca pro-cede do coração e é o que torna im-puro o homem (...)” significandoque as palavras que, muitas vezes,escolhemos proferir prejudicam ooutro e, conseqüentemente, a nósmesmos. Ou seja, Jesus ensinouaqui que devemos evitar a maledi-cência, bem como a palavra durapara com o nosso próximo.

Um outro caso interessanteque ilustra bem a revolução moralproposta pelo Cristo é aquele famo-so acontecimento de apedrejamen-to da mulher adúltera, em que Je-sus conclama: “Aquele que nãotiver pecado, atire a primeira pe-dra.” (João, 8:7.) E, assim, reconhe-cemos que todos nós precisamosmelhorar-nos (e muito!), antes dejulgar o outro por qualquer ato quetenha praticado. O mais provável é

que, quando atingirmos esse deter-minado grau evolutivo, não maissintamos a necessidade de julgarquem quer que seja.

Voltemos agora aos ensinos deEmmanuel: “Sem violência de qual-quer natureza, [o Cristo] altera ospadrões da moda moral em que aTerra vivia há numerosos milê-nios.” Um dos preceitos mais belosdo Cristianismo é o de que deve-mos evitar a violência a todo custoe, assim, Jesus, antes de qualqueroutra coisa, foi um pacifista. É tris-te notar, entretanto, quantas lutas jáforam travadas em nosso planetaem nome do Cristianismo, certa-mente por pessoas que não estavam(e, em muitos casos, ainda não es-tejam) preparadas para aceitar amensagem de Jesus em sua pureza.Pessoas estas que acabam por colo-car seus próprios interesses mate-riais e fugazes acima das máximasdo Cristo. Os budistas exemplifica-ram admiravelmente esse ideal depaz com a inesquecível figura sere-na de Gandhi e, hoje, com DalaiLama, que continua a pregar a“não-violência” como filosofia devida capaz de resolver conflitos dosmais variados em seu país, o Tibet.

Emmanuel continua: “Contrao uso da condenação metódica,[oCristo] oferece a prática do per-dão.” Novamente nos referimos ao

A Ética de Jesus: Um tratado insuperável

Renata S. S. Guizzardi

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caso da mulher adúltera, pois ali Je-sus exemplificou, de forma inigua-lável, a prática do perdão. Na épo-ca, era costume civil instituído ape-drejar mulheres adúlteras até a mor-te. Jesus, todavia, evitou que issoocorresse àquela mulher, mostran-do que devemos, sim, desaprovar avingança ou as penas extremas, mes-mo que essas sejam leis instituídasno mundo onde vivemos. Por isso,não podemos concordar, por exem-plo, com a pena de morte, legaliza-da em alguns países. Quem somosnós para decidir que um indivíduodeve perder a vida (dom a ele lega-do por Deus, nosso Pai) pela faltaque haja cometido, por mais graveque ela seja? Lembremos, pois, queessa pessoa é parte da nossa famí-lia universal e que devemos, sim,educá-la, para que não torne a co-meter o mesmo erro, e devemostambém ter por ela compaixão, sen-do capazes de perdoar a falta come-tida no passado. Jesus exemplificoue pregou o perdão em inúmeras ou-tras passagens do Evangelho, masfoi durante a crucificação que ver-dadeiramente emocionou os que àsua volta estavam, quando pediu:“Pai, perdoa-lhes, porque não sa-bem o que fazem!” (Lucas, 23:24.)Que alma santa é esta que, até quan-do é julgada e condenada por crimesnunca cometidos, consegue ter aforça e a determinação para perdoarseus algozes, pedindo por eles cle-mência a Deus? Conforme nos en-sinam os Espíritos, ele é o ser maisperfeito que Deus enviou à Terra,para servir-nos de guia e modelo (OLivro dos Espíritos, questão 625).

Procurando assimilar as pala-vras sábias de Emmanuel, chega-mos à seguinte afirmativa: “À tra-dição de raça [o Cristo] opõe o fun-

damento da fraternidade legítima.”Não se pode negar que, até o pre-sente, há os que se acham superio-res por terem nascido com determi-nada cor, em determinado país, oucom determinada condição econô-mico-social. Acompanhamos comtristeza as notícias atuais sobre oressurgimento de grupos nazistas eanti-semitas na Europa Ocidental.Vemos, com tristeza, as minorias ét-nicas sofrendo em países desenvol-vidos, que exploram sua força de

trabalho, sem lhes dar a compensa-ção devida. É uma pena que osideais sinceros de “liberdade, igual-dade e fraternidade” não tenhamvingado até hoje, quando ainda ob-servamos as decisões serem tomadassem a consideração a valores quais-quer que não sejam os comerciais efinanceiros. O resultado disso é orecrudescimento do ódio por partede certos grupos, que propõem prá-ticas terroristas como meio de con-tra-atacar o poder instituído.

Precisamos atentar para o fatode que a cultura perversa hoje pra-

ticada em nosso planeta, movidapela busca desenfreada de lucros eprivilégios, gera sentimentos noci-vos à vida terrena. Precisamos, as-sim, compreender, de uma vez portodas, que somente a fraternidade ea cooperação, ao invés da compe-tição por recursos, é que salvarãonossas vidas, e mais tarde levarão àverdadeira “construção do paraísona Terra”, fato já previsto por Jesus.

Para finalizar nossa leitura deEmmanuel, recorremos, enfim, àúltima frase do parágrafo: “No aban-dono à tristeza e ao desânimo, nashoras difíceis, [o Cristo] traz a no-ção das bem-aventuranças eternaspara os aflitos que sabem esperar epara os justos que sabem sofrer.”Talvez seja esse o ponto mais difícilde atingirmos. Por que, ainda hoje,quando sofremos, afligimo-nos tan-to com o pensamento de que verda-deiramente não merecíamos a dor?Se Jesus já nos falava, e o Espiritis-mo vem confirmar-nos, que todador é resultado de nossos própriosatos no passado, por que nos senti-mos tão injustiçados pela Providên-cia divina? Isso é algo que realmen-te não compreendemos bem e que,agora, procuramos superar. O fatoé que todo sofrimento traz ensina-mentos importantes, que só assimi-lamos enfrentando a dor com resig-nação e paciência. Não exijamos oimpossível de nós mesmos, ou seja,que compreendamos a lição a seraprendida enquanto o sofrimentoainda nos dilacera o coração, mastenhamos a paciência sugerida porJesus conforme ensina o trecho aci-ma, e sejamos justos, querendo bemaos que eventualmente nos fizeramsofrer. Ao nos despedirmos da dor,perceberemos, enfim, quanto ama-durecemos e quantas bênçãos rece-

Todo sofrimento

traz ensinamentos

importantes, que

só assimilamos

enfrentando a

dor com

resignação e

paciência

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bemos pelo nosso comportamentoreto diante do sofrimento. Se não ofizermos enquanto ainda vivos, cer-tamente, no além-túmulo, teremosainda a oportunidade de fazê-lo ealcançaremos alegrias infinitas e for-ças renovadoras.

Sentimo-nos felizes ao perceberque, apesar do quadro entristecedorque o mundo nos mostra, o bemestá em toda a parte, e muitos vêmpercebendo o valor das lições denosso Mestre Jesus. Entre eles, estãoos biólogos chilenos Maturana eVarella, que em uma de suas obrasmais conhecidas, intitulada A Árvo-re do Conhecimento, reconhecem abeleza dos ensinamentos do Cristo.Já no prefácio, encontramos o co-mentário de que as conclusões dolivro vêm confirmar “a importânciada ética já proposta há 2.000 anospor um doce nazareno”. Maturana

e Varella provam, por estudos daBiologia, que o amor é essencial àvida. Como é bom ler sobre essadescoberta tão bela da Ciência con-temporânea!

Objetivamos, neste texto, levarvocê, leitor(a), a uma reflexão emtorno da ética cristã. Não foi nossaintenção esgotar o assunto, mesmoporque isso não seria possível. To-davia, esperamos ter demonstradoque há uma completude nas liçõesde Jesus com relação a nos ensinara viver em comunidade, além depregar também o respeito à Natu-reza e ao ambiente em que vive-mos. Devemos compreender, po-rém, que, como em outros casos,para passar da teoria à prática, háum longo caminho a ser percorri-do. Pelo exemplo de Maturana eVarella, como por muitos outros,percebemos que o homem, através

dos mais variados meios religiosos,filosóficos e científicos, passa hojea aceitar e compreender a relevân-cia da ética cristã. Para que isso se-ja racionalizado pela maioria dosseres humanos, talvez ainda preci-semos de alguns séculos e, mais tar-de, para que passemos a viver es-ses ensinamentos em sua totalida-de, ainda mais tempo será neces-sário. Tenhamos, pois, para como ser humano a consideração e apaciência necessárias; reconheça-mos também que o bem existe, aocontrário do que a mídia faz pare-cer; e mãos à obra, para a constru-ção do mundo de regeneração, acomeçar em nós mesmos, coma reforma íntima e a renovação doshábitos que internalizamos em inu-meráveis encarnações permeadas deerros. Está na hora de começarmosa acertar!

Um dia, a Mulher solitária e atormentada che-gou ao Céu e, rojando-se, em lágrimas, diantedo Eterno Pai, suplicou:

– Senhor, estou só! Compadece-te de mim.Meu companheiro fatigado, cada dia, pede-me

repouso e devo velar-lhe o sono! quando triunfa notrabalho, absorve-se na atividade mais intensa e, mui-ta vez distraído, afasta-se do lar, aonde volta somen-te quando exausto, a fim de refazer-se. Se sofre, vema mim, abatido, buscando restauração e conforto...

Tu que deste flores ao arvoredo e que abriste ascarícias da fonte, no seio escuro e ressequido do so-lo, consagras-me, assim, ao insulamento? Reservastea terra inteira ao serviço do homem que se agita, li-vre e dominador, sobre montes e vales, e concedes amim apenas o estreito recinto da casa, entre quatro

paredes, para meditar e afligir-me sem consolo? Sesou a companheira do homem, que se vale de mimpara lutar e viver, quem me acompanhará na missãoa que me destinas?

O Senhor sorriu, complacente, em seu trono deestrelas fulgurantes e, afagando-lhe a cabeça curvadae trêmula, falou compadecido:

– Dei o mundo ao homem, mas confiarei a vi-da ao teu coração.

Em seguida colocou-lhe nos braços uma frágilcriança.

Desde então, a Mulher fez-se Mãe e passou a vi-ver plenamente feliz.

Meimei

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no Lar, por Diversos Au-tores Espirituais. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997, cap. 13,p. 40-41.

Mãe

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Luz congelada

Afísica dinamarquesa Lene Ves-tergaard Hau, do Instituto deCiências Rowland, em Cam-

bridge, nos Estados Unidos, anun-ciou ter imobilizado o movimentode um raio luminoso, usando o sis-tema inédito de congelamento, ar-mazenamento e liberação da luz,como se fosse uma partícula de ma-téria comum.

Sabemos que a luz se deslocano espaço à velocidade de 300 milquilômetros por segundo. A água,o vidro e o cristal reduzem ligeira-mente essa velocidade, provocandodistorção dos raios luminosos. Ocongelamento da energia luminosa,considerada a mais rápida e etéreada Natureza, pode ser o início deuma revolução tecnológica, espe-cialmente nos campos da telecomu-nicação óptica e da fabricação decomputadores quânticos. Para de-sacelerar a luz, os cientistas da equi-pe da professora Lene Hau utiliza-ram o Condensado de Bose-Eins-tein, formado de densa nuvem desódio cujos átomos são congeladosa 273,15 graus Celsius negativos,numa temperatura próxima do ze-ro absoluto. Nesta condição, um

feixe de laser (aparelho que produzradiação eletromagnética monocro-mática visível) pode, por exemplo,direcionar a luz lenta ou congelada,cuidadosamente regulada, para umobjeto opaco, tornando-o transpa-rente por desintegração atômica.

Em artigo publicado na revistaScientific American, a professoraLene Hau descreve a pesquisa e fa-la também das possíveis aplicaçõestecnológicas: “(...) nossos experi-mentos originais de luz lenta acon-teciam em etapas de 27 horas, sempausa. (...) Em março de 1998, vi-mos os primeiros indícios de pulsosde luz ficando mais lentos. Em ju-lho, já tínhamos freado a luz à velo-cidade de um avião (...). No mês se-guinte, alcançamos 60km/h. (...)Em meados de 2000, freamos ospulsos de luz completamente (...)”.A cientista conta como freou total-mente a luz em períodos prolonga-dos de tempo: “Resfriamos átomosde sódio com uma combinação defeixes de laser, campos magnéticose ondas de rádio. (...) Em poucossegundos, acumulamos 10 milhõesde átomos (...) e então desligamosos feixes de laser, deixando o labo-ratório em total escuridão. Depois,ligamos os eletroímãs (...), resfria-mos os átomos por evaporação (...).Ondas de rádio (...) garantem queisso aconteça.”(Scientific American

– Brasil. No 8. Edição Especial, ja-neiro 2005, p. 44-51.)

Desejamos que os resultadosda pesquisa, obtidos pela brilhantefísica e sua equipe, sejam utilizadospara o bem da Humanidade, poisos progressos intelectual e moralnem sempre caminham juntos. Pa-ra que isto ocorra é preciso tornar(...) compreensíveis o bem e o mal(O Livro dos Espíritos, questão780a). A propósito, André Luiznos traz notícias de um equipamen-to – cuja tecnologia sugere utiliza-ção da luz congelada – manuseadopor Espíritos distanciados do bem.O relato que se segue revela domí-nio de tecnologia avançada tantopelos Espíritos moralmente atrasa-dos quanto pelos Benfeitores espi-rituais:

O companheiro ia continuar,mas estranho ruído nos tomou aatenção, ao mesmo tempo em queum emissário varou uma das por-tas, situada rente a nós, e, abeiran-do-se de Druso [diretor da MansãoPaz, notável escola de reajuste exis-tente em regiões inferiores do mun-do espiritual, sob a jurisdição daColônia Nosso Lar], anunciou:

– Instrutor, depois de amaina-da a tormenta, voltou o assalto dosraios desintegrantes...

O orientador esboçou um ges-to de preocupação e recomendou:

183

Em dia com o Espiritismo– VI –

Marta Antunes Moura

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– Liguem as baterias de exaus-tão. Observaremos a defensiva, ins-talada na Agulha de Vigilância[torre, provida de escadaria helicoi-dal, situada algumas dezenas de me-tros acima de grande edifício exis-tente na Mansão Paz]. (...)

No topo, descansamos em pe-queno gabinete, em cujo recinto in-teressantes aparelhos nos facultarama contemplação da paisagem exte-rior.

Assemelhavam-se a telescópiosdiminutos, que funcionavam comolançadores de raios que elimina-vam o nevoeiro, permitindo-nosexata noção do ambiente constran-gedor que nos cercava, povoado decriaturas agressivas e exóticas, quefugiam, espavoridas, ante vastogrupo de entidades que manobra-vam curiosas máquinas à guisa decanhonetes. (...)

– E aquelas equipagens? que vêma ser? – enunciou meu companheiro[Hilário], assombrado.

– Podemos defini-las como ca-nhões de bombardeio eletrônico –informou o orientador. – As des-cargas sobre nós são cuidadosamen-te estudadas, a fim de que nos atin-jam sem erro na velocidade dearremesso.

– E se nos alcançassem? – per-guntou meu colega.

– Decerto provocariam fenô-menos de desintegração, suscetíveisde conduzir-nos à ruína total, semnos referirmos às perturbações queestabeleceriam em nossos irmãosdoentes (...) porque os raios desfe-chados contra nós contêm princí-pios de flagelação, que provocam aspiores crises de pavor e loucura.(XAVIER, Francisco C. Ação e Rea-ção. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,2004, cap. 3, p. 41-43.)

184

Registramos a desencarnação,no dia 26 de novembro de 2004,aos 82 anos, do escritor e poetaespírita Clóvis Ramos. Nasceu noMaranhão, em 1922, e residia ul-timamente em Niterói (RJ). Eracasado com a Sra. Heloísa Ramose tinha três filhas: EsmeraldaBranca, Rita de Cássia e Clara deAssis. Divulgou, em 1972, exaus-tiva pesquisa sobre revistas e jor-nais espíritas, desde O Eco d’Além--Túmulo, editado por Luís Olím-pio Teles de Menezes, na Bahia,em 1869. Em 1982, a FEB publi-

cou seu livro 50 Anos de Parna-so, em comemoração ao cinqüen-tenário de Parnaso de Além-Tú-mulo, primeiro livro psicografadopor Francisco Cândido Xavier.Dentre outros livros de sua auto-ria, está Herculano Pires – Filóso-fo e Poeta, em parceria com Hum-berto Mariotti, publicado pelaEditora Correio Fraterno do ABC.Que, em seu retorno à Pátria Es-piritual, possa intregrar a falangedos Espíritos-espíritas que conti-nuam servindo na Seara do Con-solador.

Desencarnou no dia 5 de feve-reiro passado o confrade Luiz An-tônio Milecco, nascido em 30 dejunho de 1932, de pai italiano emãe brasileira. Cego de nascença,apresentava, desde a infância, ten-dência para a música. Ouvia falarde Espiritismo por alguns membrosda família.

Aos 19 anos ingressou no Mo-vimento Espírita, levado por MárioTravassos. Em 1953 participou dafundação da Sociedade Pró-Livro

Espírita em Braille. Psicografou li-vros como Meu além de dentro ede fora, Reflexões do meu além, Vi-vências I e II. Escreveu ainda Mú-sica e Espiritismo, com CD encar-tado, e em parceria com IsabelBittencourt de Souza, Ecos de SãoBartolomeu. Seu último livro foiOlhos de ver. Coração sensível einspirado compositor, por onde an-dou deixou pegadas luminosas. Re-ceba, portanto, nossos votos de paz.(O Espírita Fluminense.)

RETORNO À PÁTRIA ESPIRITUAL

Luiz Antônio Milecco

Clóvis Ramos

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Anseia o homem pelo desfechofavorável de seu desejo. Destaforma, a resposta negativa su-

gere-lhe incompreensível descasodos abnegados Mentores nos quaisdeveria confiar.

Onde, afinal, a bondade da Es-piritualidade Maior que não atendeà sua rogativa?

Entretanto, um posterior acon-tecimento haverá de modificar-lheo raciocínio!

I

Para suporte do presente traba-lho, teremos por base três obras daliteratura espírita, todas editadas pe-la Federação Espírita Brasileira: Al-mas em Desfile1, Bem-Aventuradosos Simples2 e A Vida Escreve3.

Com referência a Almas emDesfile, livro do qual focalizaremosa passagem intitulada “Dois mesesantes”, sugiro ao leitor a leitura denossa pesquisa “Semelhança que nãoé mera coincidência” publicada porReformador em sua edição de feve-reiro de 1987, a qual, devemos sa-lientar, consumiu-nos 14 anos paraser concluída, visto que necessita-mos de uma série extensa de entre-vistas e de coleta de informaçõescom inúmeros setores particulares egovernamentais, tudo objetivando

concluir para os leitores da veraci-dade dos casos relatados pelo Es-pírito Hilário Silva em seus livros.

Logo após rápida introduçãonaquele trabalho tivemos ensejo defazer menção a um caso extraído darevista Planeta, de dezembro de1972, com o título “O morto agra-decido”, narrado pela irmã em dou-trina Zuleika Vellide De FranceschiVelloso, vereadora residente na ci-dade paulista de Pirassununga.

A narrativa assemelhava-se auma página intitulada “Dois mesesantes”, de autoria de Hilário Silva epublicada no livro Almas em Des-file – capítulo 21 –, fazendo-nosconcluir que ambos diziam respei-to a um só acontecimento, emboraalgumas trocas de nomes de pessoase lugares, resultado, aliás, dos pro-pósitos dos narradores: um no pla-no físico, outro no espiritual. Resta-va-nos, entretanto, provar a vera-cidade do fato com provas concre-tas.

Busquemos agora resumir estemesmo fato, narrado em Almas emDesfile.

Em uma confeitaria da capitalpaulista, pobre homem tentandofurtar dois pães é preso por umguarda e um balconista. Presente àcena, um advogado espírita condói--se da infeliz criatura, livrando-a daspessoas que a seguram.

Conversando com seu protegi-do o advogado toma conhecimen-to de que este está doente, desem-

pregado e mora em uma choupanacom mulher e seis filhos.

Arranja-lhe, então, dinheiro eemprego.

Precisando ausentar-se de SãoPaulo, recomenda-o a diversos ami-gos e esquece o caso.

Decorridos seis meses, necessi-tando viajar ao Rio de Janeiro,sente-se abraçado em um aeropor-to de uma cidade brasileira pelo an-tigo protegido, humildemente tra-jado, mas limpo e alegre pela curaobtida.

Um diálogo inicia-se entre osdois, envolto o advogado pela pres-sa de pegar o avião que está prestesa decolar. É impedido pelo amigo,em meio a continuadas expressõesde gratidão.

Desvencilhando-se por fim, cor-re para pegar a aeronave, mas já étarde. Aborrecido, volta para ouviragora com mais atenção seu amigo,porém não logra encontrá-lo.

Mais tarde, ao chegar a casa,toma conhecimento de que o aviãoem que viajaria caíra de grande al-tura sem deixar sobreviventes!

Resolve então visitar a choupa-na de Noel (nome dado pelo autorao protegido do advogado). Desejaabraçá-lo e comentar o infaustoacontecimento.

Neste ponto, deixemos a pala-vra com Hilário Silva:

“Mas, no lar modesto de VilaMaria [nome suposto também da-do pelo autor], veio a saber que Sou-

As curiosas “respostas” do AlémKleber Halfeld

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za [Noel] desencarnara dois mesesantes.”

A materialização do protegidodo advogado, fazendo este perdero avião, era a “resposta” do Alémpara, livrando-o do acidente, re-compensá-lo pela bondade dispen-sada a uma infeliz criatura que fur-tara dois pães...

II

O Espírito Valérium, em suaobra Bem-Aventurados os Simples,na página “Em tempo algum”, temesta narrativa:

“Caíra a noite e o viajante pe-dia socorro a Deus.

Sentia-se doente.Longa fora a caminhada.Doía-lhe o corpo.Estava exausto.Orando sempre, encontrou ár-

vore acolhedora que lhe pareceuagasalhante refúgio.

No pé do tronco anoso, gran-de cova caprichosamente forrada deraízes era leito ao luar.

– Oh! – suspirou o viajor fati-gado – Deus ouviu-me! Afinal, orepouso!

Ajoelhou-se e ia estender omanto roto no chão, quando verda-deira nuvem de maruins surgiu noassalto.

Picadas na cabeça, no rosto,nas mãos, nos pés...

E eram tantos os dardos vivose volantes em derredor que o pobrerecuou espavorido, para dormir aorelento, entre as pedras e espinhei-ros da retaguarda.

De corpo dorido, pensava de-salentado:

– Tolo que sou de acreditar naoração! Estou sozinho! Nada deDeus!

Na manhã seguinte, porém, re-tomando a marcha, voltou à árvoredo caminho e, somente aí, reconhe-ceu, admirado, que a grande covade que fora obrigado a afastar-se eraa moradia de vários escorpiões.”

Há muito permanece entrenós o ditado de que “Deus escrevecerto por linhas tortas”.

Com toda certeza o persona-gem do relato de Valérium terá re-conhecido que a misericórdia doAlém se manifestara através deuma nuvem de insetos dípteros,livrando-o dos perigosos artrópo-dos terrestres!

Uma curiosa “resposta” doAlém...

III

O caso a seguir é narrado porHilário Silva na obra A Vida Escre-ve. Intitula-se “O grito”.

“Uma boa palavra auxilia sem-pre. Às vezes, supomo-nos sozinhose proferimos inconveniências. De-sajudamos quando podíamos aju-dar. É preciso aproveitar oportu-nidades. Falar é um dom de Deus.Se abrimos a boca para dizer algo,saibamos dizer o melhor.

A pequena assembléia ouviaatenta a palavra de Sálus, o instru-tor espiritual que falava pelo mé-dium.

– Não adianta repetir frasesinúteis. E é sempre falta grave con-ferir saliência ao mal. Comentemoso bem. Destaquemos o bem.

Dentre todos os presentes, Bel-miro Arruda escutava em silêncio.

...

Decorridos alguns dias, Arru-da, nas funções de pedreiro-chefe,orientava o término da construçãode grande recinto. O enorme salãoparecia completo. Tudo pronto.Acabamento esmerado. Pintura pri-morosa.

– Experimentemos a acústica –disse o engenheiro superior.

E virando-se para Belmiro:– Grite algo.Arruda, recordando a lição,

bradou:– Confia em Jesus!... Confia

em Jesus!...O som estava admiravelmente

distribuído.Os operários continuavam na

sua faina, quando triste homem pe-netra o recinto. Cabeleira revolta.Semblante transtornado.

– Quem mandou confiar emJesus? – perguntou.

Alguém aponta Belmiro, paraquem ele se dirige, abrindo os bra-ços.

– Obrigado, amigo! – exclamou.E mostrando um revólver:– Ia encostar o cano ao ouvido,

entretanto, escutei seu apelo e sus-tei o tiro... Queria morrer no terre-no baldio da construção, mas suavoz acordou-me... Estou desempre-gado, há muito tempo, e sou pai deoito filhos... Jesus, sim! Confiareiem Jesus!...

Arruda abraçou-o, de olhosúmidos. O caso foi conduzido ao

Não adianta

repetir frases inúteis.

E é sempre falta

grave conferir

saliência ao mal

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conhecimento do diretor do ser-viço. E o diretor, visivelmente emo-cionado, estendeu a mão ao desco-nhecido e falou:

– Venha amanhã. Pode vir tra-balhar amanhã.”

É certo admitir que, não fosseo grito de Arruda, inspirado pelosMentores Espirituais, e aquele ho-mem desempregado e pai de oitofilhos seria um novo suicida. OAlém, todavia, dava a necessária ecuriosa “resposta” à sua triste si-tuação.

Concluímos que uma realida-de emerge dos três casos: a de quenos cabe aguardar a “resposta” doPlano Superior, atentos ao que An-dré Luiz nos adverte em seu livroAgenda Cristã4, no capítulo “Nosmomentos graves”: “Se a questão éexcessivamente complexa, esperemais um dia ou mais uma semana,a fim de solucioná-la. O tempo nãopassa em vão.”

Neste sentido aconselhamos aleitura da página inserida na obra jácitada (A Vida Escreve) e intitulada“Por cinco dias”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1XAVIER, Francisco C. VIEIRA, Waldo.

Almas em Desfile, pelo Espírito Hilário Silva.

7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1961, cap. 21,

p. 86-90.

2VIEIRA, Waldo. Bem-Aventurados os Sim-

ples, pelo Espírito Valérium. 11. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 1962, cap. 17, p. 51-52.

3XAVIER, Francisco C. VIEIRA, Waldo. A Vi-

da Escreve, pelo Espírito Hilário Silva, 5. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 1960, p. 21-22.

4XAVIER, Francisco C. Agenda Cristã, pelo

Espírito André Luiz. 3. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 1950, cap. 10, p. 39-41.

Afirma o Espírito Emmanuel:

“Sem escola, a humanidade seembaraçaria na selva, no entan-to, é imperioso lembrar que asmaiores calamidades da guerraprocedem dos louros da inteli-gência sem educação espiritual.”

Consideramos e destacamosque essa lembrança e adver-tência é de suma importância

nos dias atuais. Por quê? Devido aogrande avanço tecnológico que aciência humana con-seguiu, em especialno século XX, e queo Espírito Benfeitorchamou de super-cultura. Cita os se-guintes exemplos:

A superculturaergueu imensas cida-des com monumentos espantosos,mas também criou os engenhos bé-licos que as destroem.

Inventou e aperfeiçoou aviõesvelocíssimos que transportam oshomens e encurtam as distâncias,mas também aprimorou os bom-bardeios que arrasam populações ecidades.

Organizou hospitais extrema-mente eficientes, mas suas depen-dências encontram-se, de quandoem quando, superlotadas de feridose mutilados vítimas das guerras deextermínio.

Apesar de aprimorar em níveisinimagináveis as técnicas sutis de ci-rurgia que salvam inúmeras vidas,aprimora igualmente as técnicas doaborto, que interrompem outrastantas vidas antes de nascerem.

Por isso, Emmanuel aconselhacom propriedade à Humanidademoderna:

“Iluminemos o raciocínio semdescurar o sentimento. Burilemos osentimento sem desprezar o raciocínio.”

Equilíbrio entreinteligência e amor,razão e coração.

Finaliza Emma-nuel asseverando queo Espiritismo é auniversidade da al-

ma. Por ser uma dou-trina que prima pelo estudo e pelainstrução, mas que não se descuidada educação moral. De uma éticahumanística e espiritual que guiarápara o bem tudo aquilo que o ho-mem erguerá na face da Terra.

“A chama da cabeça não der-rama a luz da felicidade sem o óleodo coração.”

BIBLIOGRAFIA:

XAVIER, Francisco Cândido. O Livro da Espe-

rança (ditado pelo Espírito Emmanuel). Ube-

raba: CEC, 1973, cap. 17.

Inteligência sem

educação espiritualJoão Luiz Romão

“O Espiritismo

é a universidade

da alma”

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30Reformador/Maio 2005

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Ojornal O Globo estampou umamatéria muito apropriada pa-ra quem deseja vencer na

vida. Mostrou a reportagem que, se-

guindo os padrões estabelecidos pe-lo mundo, qual seja, ganhar umbom salário, dedicar-se inteiramen-te às suas atividades profissionais,agindo de tal forma, dignamenteou não, que leve o indivíduo aprover-se mais e mais de aumentonos ganhos financeiros, tendo dedeixar a família em segundo plano,porque o mais importante é o tra-balho, é o aumento do patrimônio,embora, não seja o caminho maisindicado, conducente à felicidade.A justificativa de que, afinal de con-tas, os filhos precisam ter o futurogarantido, ainda mais neste mundoonde tudo se torna cada vez maisdifícil, não se aplica nas mentesmais lúcidas, mais evoluídas.

O homem, e hoje também amulher, encastelados nessas idéias,não vêem o tempo passar, os dias ehoras se esgotarem, e muitas opor-tunidades só são percebidas tardia-mente, quando a doença surge,quando algo de impactante aconte-ce em suas vidas, como, por exem-plo, um desastre que ceifa vidasqueridas, um fragoroso desengano

afetivo, uma desencarnação inespe-rada de um amado amigo...

O título da matéria publicadaem 2 de dezembro de 1995 diz:Americanos trocam altos saláriospor vida livre e menos estressante.

Estresse é a conseqüência natu-ral de uma vida agitada, nervosa,tensa, cansativa física e mentalmen-te, não deixando tempo para fazer--se tudo quanto se acha acumulado.

Ah! se todos compreendessema paz de Jesus! Essa paz que o mun-do não dá! Nesses seres humanosaqui identificados, a paz é o simplesintervalo entre um tratamento eoutro do estresse, na base dos cal-mantes, cuja produção enriquece aindústria farmacêutica mais e mais.

Vejamos alguns depoimentoscontidos no jornal, contudo, de for-ma resumida.

Elaine St. James um dia abriuseu guarda-roupa e constatou algochocante para a maioria dos “verda-deiros” americanos: seu guarda--roupa guardava apenas um par dechinelos e um par de botas, duassaias, dois pulôveres, oito camisetase seis blusas. Era só. Aos 52 anos,escritora e ex-empresária, ela podiater muito mais o que vestir, calçar,obviamente, e tudo trazendo a mar-ca inconfundível das afamadasgriffes.

Uma outra senhora, GlóriaQuiñones, de East Harlen, optoupelo mesmo caminho ao desistir deseu emprego de US$ 74 mil ao ano

para dedicar-se a criar os dois filhos.O casal vive, na fase atual, unica-mente do salário de professor de es-cola pública do marido. ConfessaGlória que se sente livre, que saiudaquele círculo vicioso e não quermais voltar a ele. Ela, claro, está sereferindo àquela vida agitada deempresária correndo atrás de di-nheiro, status, prestígio social comquase total esquecimento de umavida simples, isto é, mais dedicadaao lar, aos filhos ainda menores.

A cultura americana, exporta-da para todo o mundo, é baseada,com raras exceções em ganhar egastar. Muitas pessoas, entretanto,estão abdicando desse paradigma,por comprar e gastar menos, desis-tindo do sucesso profissional paraassim fruir mais tempo livre e umavida menos estressante.

Dizem os pesquisadores destaárea da vida americana que muitaspequenas revoltas estão atualmenteem curso, e que foi batizada de sim-plicidade voluntária, ou vida sim-ples, tendência esta que cresce des-de os anos 90.

Numa pesquisa recente, 28%dos entrevistados em todos os Esta-dos Unidos disseram que de algu-ma forma haviam reduzido volun-tariamente seus ganhos nos últimoscinco anos. Os pesquisadores tam-bém constataram que 82% dos en-trevistados confessaram que com-pram e consomem mais do queprecisam.

Altos salários por vida simplesAdésio Alves Machado

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Será que nós espíritas tambémnão estamos consumindo mais doque necessitamos? Querendo apo-derar-nos do que não levaremos co-mo identificação para o mundo es-piritual? Vamos rever essa questão,enquanto é tempo?

Aconteceu lá que muitos pais,cônscios de que devem ficar maistempo com os filhos, optaram pelasimplicidade de vida, naturalmentecortando o consumo para reduzirhoras de trabalho, porque, deduzi-mos, o consumo exagerado força oaumento dessas horas.

Nesses momentos conflituososum emprego só não basta, há neces-sidade de produzir-se mais para ga-nhar-se mais. E passa-se pelo tem-po sem o perceber.

“A maioria, no entanto, anseiamesmo é reduzir o estresse e teruma vida equilibrada saudável”,afirma a economista Juliet B. Schor,autora do livro O americano quetrabalha demais. Será que esta irmãleu em O Evangelho segundo o Es-piritismo, cap. XIII, item 16, estaspalavras de João, em Bordéus,1861: “A mulher rica, venturosa,que não precisa empregar o temponos trabalhos de sua casa, não po-derá consagrar algumas horas a tra-balhos úteis aos seus semelhantes?”Parece que sim. Mesmo que taishoras sejam dedicadas pelo menosaos seus filhos.

Um aspecto deve ser conside-rado no ensejo. Há em nossos jo-vens uma ânsia por status social quetermina por influenciar os pais, quetambém se engajam na luta por es-ta desenfreada meta. Pais existem,frustrados em seus devaneios, quetudo fazem para os filhos lograremo que eles não conseguiram na vi-da: ser um artista talentoso, um ex-

poente dentro do desporto, um ho-mem público admirado...

A idéia de vida simples tem emJesus, nosso Guia e Modelo, seuexemplo máximo. E como sempre,nunca é demais repetir: modelo épara ser imitado, guia é para serseguido. Vejamos.

Jesus não mostrou a Martaque Maria (Lucas, 10:41-42) haviaescolhido a melhor parte, o lado es-piritual, fugindo um pouco que se-ja, do estresse da dedicação às coi-sas da matéria? E naquela outrapassagem – “Buscai primeiramen-te o Reino de Deus e sua justiça etudo o mais vos será acrescentado”(Lucas, 12:31) –, não estava Jesusdizendo o que deve ser prioritárioem nossa vida terrena em matériade busca? O Reino de Deus se con-segue com as riquezas e posições so-ciais da Terra?

“Melhor te é entrar na vida co-xo ou aleijado, do que, tendo duasmãos ou dois pés, e seres lançadono fogo eterno (...) Melhor te é en-trar na vida com um só olho, doque, tendo dois olhos, seres lança-do no fogo do inferno” (Mateus,18:8-9).

“Porfiai por entrar pela portaestreita; porque eu vos digo quemuitos procurarão entrar e não po-derão” (Lucas, 13:24). A porta es-treita não será viver sem ambiçõesestressantes na busca dos recursosmateriais, não é fugir dos prazeresmundanos e com esta atitude par-tir na conquista das virtudes, aque-las únicas que levaremos para oalém?

Muito mais ainda disse Jesus atodos que anseiam segui-lO. Masfiquemos por aqui. Já existe o su-ficiente para ser meditado por to-dos nós.

Jesus em casaO culto do Mestre, em casa,É novo sol que irradiaA música da alegriaEm santa e bela canção.É a glória de Deus que vazaO dom da Graça Divina,Que regenera e iluminaO templo do coração.

Ouvida a bênção da prece,Na sala doce e tranqüila,A lição do bem cintilaComo um poema a brilhar.O verbo humano enalteceA caridade e a esperança.Tudo é bendita mudançaNo plano familiar.

Anula-se a malquerença,A frase é contente e boa.Quem guarda ofensas, perdoa,Quem sofre, agradece à cruz.

A maldade escuta e pensaE o vício da rebeldiaPerde a máscara sombria...Toda névoa faz-se luz!

Na casa fortalecidaPor semelhante alimento,Tudo vibra entendimentoSublime e renovador.O dever governa a vida,Vozes brandas falam calmas...É Jesus chamando as almasAo Reino do Eterno Amor!

Irene S. Pinto

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz noLar, por Diversos Autores Espirituais.8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997,cap. 2, p. 13-14.

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Em Reformador de janeiro docorrente ano, informando so-bre as atividades em curso no

Departamento de Esperanto, refe-rimo-nos à interrupção dos traba-lhos de tradução do livro ObrasPóstumas (Postmortaj Verkoj, emEsperanto), de Allan Kardec.

Agora, graças a melhor ordena-mento de tarefas, retoma-se a tra-dução daquele excelente livro doCodificador, cuja disponibilizaçãoaos círculos esperantistas certamen-te muito contribuirá para o fortale-cimento dos serviços de divulgaçãoda Doutrina em nível mundial.

Sobre a importância da obra –uma coleção de textos inéditos deAllan Kardec enquanto encarnado,organizada por P.-G. Leymarie – fa-lou com muita propriedade o ex--presidente da FEB, nosso estimadoDr. Juvanir Borges de Souza em ar-tigo publicado em Reformador dejaneiro de 1990, quando portantose comemorava o centenário de sua1a edição, artigo também incluídono livro Novos Tempos, da autoriado Dr. Juvanir, editado pela FEBem 2001.

Destacamos desse artigo umpequeno trecho, já nutrindo a espe-rança de dele inserir boa parte noque será a Apresentação à obra emEsperanto:

“Em muitas de suas páginasencontram os espíritas estudiosos daDoutrina as explicações, os desdo-bramentos e os ensaios sobre diver-sos assuntos constantes do corpodoutrinário, desenvolvidos peloCodificador.......................................................

“Os que negam as conseqüên-cias religiosas do Espiritismo, pordesconhecimento de causa ou pormá interpretação da Doutrina, de-veriam meditar, dentre muitas afir-mações de Kardec, no que ele diz àpágina 44 da 23. ed. FEB de ObrasPóstumas:

“O Espiritismo, que se fundano conhecimento de leis até agoraincompreendidas, não vem destruiros fatos religiosos, porém sancioná--los, dando-lhes uma explicaçãoracional. Vem destruir apenas asfalsas conseqüências que deles fo-ram deduzidas, em virtude da igno-rância daquelas leis, ou de as tereminterpretado erradamente.” (Desta-que do autor).

Para finalizar, vamos transcre-ver desses importantes escritos deAllan Kardec, alguns bem sugesti-vos com a correspondente versãoem Esperanto:

Em torno da fotografia e tele-grafia do pensamento:

“É assim que os mais secretos

movimentos da alma repercutemno invólucro fluídico. É assim queuma alma pode ler noutra alma co-mo num livro e ver o que não éperceptível aos olhos corporais. Es-tes vêem as impressões interioresque se refletem nos traços fisionô-micos: a cólera, a alegria, a tristeza;a alma, porém, vê nos traços da al-ma os pensamentos que não se ex-teriorizam.”

“Estas ja tiel, ke la plej sekre-taj movoj de la animo e3i1as en lafluideca envolva5 o; ke unu animopovas legi en alia animo kvaza9 enlibro kaj vidi tion, kio ne percep-teblas por la korpaj okuloj. La oku-loj de la korpo vidas la internajnimpresojn, kiuj reflekti1as en la fi-zionomiaj trajtoj: la koleron, la1ojon, la mal1ojon; sed la animovidas sur la trajtoj de la animotiujn pensojn, kiuj ne eksteri1as.”

Sobre as artes em geral:

“Sem dúvida, o Espiritismo abreà arte um campo inteiramente no-vo, imenso e ainda inexplorado.Quando o artista houver de repro-duzir com convicção o mundo es-pírita, haurirá nessa fonte as maissublimes inspirações e seu nome vi-verá nos séculos vindouros, porque,às preocupações de ordem materiale efêmeras da vida presente, sobre-porá o estado da vida futura e eter-na da alma.”

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Obras Póstumas em EsperantoAffonso Soares

A FEB E O ESPERANTO

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Reformador/Maio 2005 191

Ja certe Spiritismo malfermaspor la arto ian novan, senmezurankaj ankora9 ne esploritan kampon;kaj kiam la artisto plenkonvinkereproduktos la spiritan mondon,tiam li /erpos en tiu fonto plej su-

blimajn inspirojn, kaj lia nomopostvivos en la estontaj jarcentoj,/ar al la materialaj kaj efemerajzorgoj de la nuna vivo li substi-tuos la studon de la estonta kajeterna vivo de la animo.

33

Ainda em homenagem a Ismael Gomes BragaReproduzimos aqui, como o fizemos em o número de janeiro passa-

do, uma outra homenagem, em forma de magistral soneto, prestada aogrande pioneiro do Esperanto no Brasil por Geraldo Mattos, Presidenteda Academia de Esperanto, um dos mais fecundos poetas da Língua In-ternacional Neutra, entre muitos outros títulos.

A peça figura no livro Ritmoj de Vivo (Ritmos de Vida), de GeraldoMattos, publicado em 1968, um ano antes da desencarnação de Ismael,pela Cooperativa Cultural dos Esperantistas.

Ei-la, com a respectiva tradução em prosa:

Avataro(Al Ismael Gomes Braga)

Granda1a jam, kaduka jam vi estasen via korpo tute eluzita,sed via volo vigla kaj spiritaanimon de junulo manifestas.

La morto proksimi1as kaj tempestasper sia funebreco verimita:ne timu 1in! El korpo jam artritaal libereco via sento gestas.

Pri tio vin instruos la dedukto,ke ne la morto vivopordon fermos:animo estas kerno, korpo frukto...

La frukton la putrigo jam ekstermoskaj 1in disputos balda9 vermolukto;la kerno renaski1os kaj re1ermos!

Avatar(Para Ismael Gomes Braga)

“Já estás idoso, frágil, em teu corpo completamente esgotado, mas tuavontade, vigorosa, espiritual, manifesta a tua alma de jovem.

A morte se aproxima, tempestuosa em sua fúnebre pretensão à ver-dade: não te arreceies dela! De um corpo já artrítico teu sentimento ace-na para a liberdade.

Por dedução saberás que a morte não cerra as portas da vida: a al-ma é semente, o corpo é o fruto...

Ao fruto logo a podridão dará fim e os vermes o disputarão em luta;a alma, porém, rumará para novo renascimento, para nova germinação!

Ajuda, perdoa e passa

Se alguém te fere e apedreja,Lançando-te fel à taça,Não te detenhas na queixa,Ajuda, perdoa e passa.

Escárnio? provocação?Disputa, sombra, arruaça?Não te canses de servir...Ajuda, perdoa e passa.

Se o ridículo te expõeÀ aleivosia da praça,Cultiva o bem com fervor,Ajuda, perdoa e passa.

Quando a aflição te visiteNa injúria que te ameaça,Trabalha e espera o futuro,Ajuda, perdoa e passa.

Ante as fogueiras que surgem,Quando o ódio sai à caça,No silêncio da oração,Ajuda, perdoa e passa.

Se a calúnia te persegue,Na lama com que te enlaça,Desculpa incessantemente,Ajuda, perdoa e passa.

O culto da caridadeÉ a nossa eterna couraça.Vencendo perturbações,Ajuda, perdoa e passa.

Aos obreiros do EvangelhoA treva nunca embaraça.Quem segue com Jesus-CristoAjuda, perdoa e passa.

Casimiro Cunha

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido.Correio Fraterno. 5. ed. Rio de Ja-neiro: FEB, 1998, cap. 10, p. 31-32.

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A segunda reunião da Coorde-nadoria de Apoio ao MovimentoEspírita da América do Sul, doConselho Espírita Internacional(CEI), ocorreu na cidade de La Paz,Bolívia, nos dias 24 e 25 de marçode 2005. Participaram da reunião oSecretário-Geral do CEI, NestorJoão Masotti, o Coordenador paraa América do Sul, Fabio VillarragaBenavides, e Representantes das Fe-derações Espíritas de sete países sul--americanos: Brasil, Bolívia, Colôm-bia, Equador, Paraguai, Peru e Uru-guai. O médium Divaldo PereiraFranco foi convidado a participar.

Da agenda constaram os se-guintes temas: informes dos movi-mentos espíritas dos países; evolu-ção da difusão da Revista Espíritaatravés dos Núcleos de Distribuição

nos países sul-americanos; lança-mento da Campanha do EstudoSistematizado da Doutrina Espírita(ESDE) 2005, em espanhol; e pro-postas de cada país para aprimorara ação do Movimento Espírita Sul--Americano, entre outros.

Os dirigentes concluíram queé conveniente as instituições espíri-tas sul-americanas entregarem exem-plares da Revista Espírita, ediçãoem espanhol, para as principais he-merotecas de suas respectivas cida-des. A idéia é multiplicar a difusãoespírita e tornar a publicação maisconhecida.

Durante a reunião, pela me-diunidade de Divaldo Pereira Fran-co, o Dr. Adolfo Bezerra de Mene-zes transmitiu mensagem de alento,coragem e esperança aos dirigentes.

O médium também informou so-bre a presença dos guias espirituaisdos países da América do Sul.

Mensagem

Meus filhos, que Jesus nosabençoe!

A longa travessia está sendovencida.

Os desafios vão sendo supera-dos e os problemas equacionados.Permanecer fiéis a Jesus e a Kardecé o que se nos impõe neste momen-to de definição.

Cristãos fracassados que so-mos, retornando de experiênciasdolorosas, firmamos um documen-to de fidelidade ao amor para a pró-pria reabilitação.

34 Reformador/Maio 2005192

Bolívia sedia reunião da

Coordenadoria da América do Sul

Aspecto da Mesa: Dirigentes da Reunião e Representantes dos países sul-americanos

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL

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Reformador/Maio 2005 35

Compreendeis que é um mo-mento de lutas severas porque im-plica a transformação da sociedadecomo um todo; e essa transforma-ção, que se inicia individual, será oalicerce para erguer o templo dafraternidade universal.

Tendes conseguido manter oespírito vigilante, servindo semcansaço. Prossegui, amando-vosuns aos outros e tendo compaixãodaqueles que não vos entendem.Neste momento histórico da Hu-manidade, de dores acerbas e debênçãos multiplicadas, o Espiritis-mo desempenhará o papel para oqual ele veio, conforme Jesus haviaprometido.

Alegrai-vos por serdes os traba-lhadores da última hora, com capa-cidade para desempenhar as tarefasque vos dizem respeito. Não dispu-teis entre vós posições ou situações,apoiando-vos reciprocamente emtodas as horas.

Jesus necessita de vós, contaconvosco, sabendo que este é omomento de definições. E, por is-so, não há tempo para recuo, paradesistência. Avançai cada dia e a to-da hora até atingirdes o instante dalibertação e olhando para trás repe-tirdes o Apóstolo: “Destes conta davossa administração.” Os mentoresdos nossos trabalhos e das pátriasque aqui se reúnem sugeriram quefôssemos nós o companheiro aabraçá-los e convosco orarmos aDeus, suplicando sua misericórdia,sua paz. Que Ele vos abençoe.

A todos nos abençoe e quenunca desanimeis, Filhos da Alma.

Com muito carinho, o servidor humílimo e pater-

nal de sempre,

Bezerra

193

ARevista Brasileira de Psiquiatriapublicou uma pesquisa reali-zada pelo Professor Paulo Dal-

galarrondo e outros, da UNICAMP,sobre a religião e o uso de drogas poradolescentes. Ele e sua equipe verifi-caram que o consumo de álcool edrogas por adolescentes, protestanteshistóricos e pentecostais – mais con-servadores –, que condenam o usode drogas de forma mais clara e ex-plícita, foi significativamente menordo que pelos católicos e espíritas –mais liberais –, entre os quais a con-denação não é tão enfatizada.

Como explicar o maior consu-mo de drogas entre adolescentes es-píritas do que entre protestantes epentecostais? Será que proibir dámelhores resultados do que educar?Será que proibir com respaldo naBíblia é mais eficaz do que cons-cientizar com base nos ensinamen-tos evangélicos e doutrinários?

Seguramente educar não pro-duz resultados inferiores aos que seobtêm com a proibição. A proibi-ção é um freio que funciona en-quanto a pessoa permanece vincu-lada fortemente à igreja a que estáligada. Quando dela se afasta, cos-tuma fazer tudo o que estava re-primido. Quem foi educado costu-ma agir diferente. Mesmo quandose desliga da instituição religiosaonde foi educado, põe em prática oque aprendeu. Isso porque, emprincípio, aprende a desenvolverhábitos mais salutares.

Com a convicção de que aeducação é o recurso mais eficientena prevenção do uso de drogas, on-de estariam os desacertos? Nos laresou nos centros espíritas?

Joanna de Ângelis afirma:“O lar é o grande formador do

caráter do educando.”Estão os pais espíritas cuidan-

do da educação dos filhos de acor-do com o compromisso assumidoperante Deus? Estão tocando no as-sunto das drogas com a freqüêncianecessária?

É ideal que os pais aproveitemos resultados dessa pesquisa parareavaliar as suas iniciativas na educa-ção dos filhos, ou seja, se envidamesforços para desenvolver neles aconsciência do que é prejudicial edo que é saudável para a vida, tan-to material quanto espiritual.

Os centros espíritas tambémpodem e devem contribuir no de-senvolvimento dessa consciência. Oseu papel é complementar ao dospais. As ações que os centros espíri-tas podem desenvolver abrangem aevangelização das crianças e dos jo-vens e a conscientização dos paisquanto à importância de tratar dasquestões das drogas no processo deeducação dos filhos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FRANCO, Divaldo P. Adolescência e Vida, pe-lo Espírito Joanna de Ângelis. 5. ed. Salvador:LEAL, 1998, cap. 4, p. 31.

DALGALARRONDO, Paulo e outros. Reli-gião e uso de drogas por adolescentes. Rev. Bras.Psiquiatr 2004, 26(2): 82-90.

A Religião e o uso dedrogas por adolescentes

Umberto Ferreira

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36Reformador/Maio 2005

A abertura do Mês Allan Kar-dec ocorreu no dia 1o de abril de2005, na Sede Seccional da Federa-ção Espírita Brasileira (FEB), nocentro do Rio de Janeiro. A progra-mação estendeu-se até o dia 29 deabril e incluiu palestras, exposição eapresentação de vídeos.

A abertura do evento esteve acargo do ex-Presidente da FEB, Ju-vanir Borges de Souza, que desta-cou as homenagens ao Bicentenáriode Nascimento do Codificador doEspiritismo. A prece inicial foi pro-ferida pelo Vice-Presidente da UniãoEspírita Mineira, Marival Veloso deMatos.

“Desde o ano passado as insti-tuições espíritas estão empenhadasem homenagear o Codificador. Émais uma demonstração de grati-dão que uma comemoração, pois aobra de Kardec é magistral e ele foium intérprete fiel da Espiritualida-de Superior”, disse o ex-Presidenteda FEB ao abrir a solenidade.

Em sua palestra, o Presidenteda FEB, Nestor João Masotti, dis-correu sobre a missão de AllanKardec e as conseqüências moraisdo advento da Doutrina Espírita.Ele traçou uma linha evolutiva damediunidade, iniciando no tote-mismo e estendendo-se aos diasatuais; analisou a maneira como aHumanidade interpretou os fenô-menos espíritas ao longo do tem-

po e concluiu com os critérios es-tabelecidos por Allan Kardec. “OCodificador foi o primeiro a ana-lisar esses fenômenos à luz da lógi-ca e da razão. Seu cuidado meticu-loso e honesto foi decisivo paragarantir a solidez da Doutrina Es-pírita”, afirmou.

Durante todo o mês funcionoua exposição “Kardec 200 Anos”,com livros raros, quadros, objetosdo século XIX e réplicas de rou-pas de Allan Kardec e sua esposa,Amélie-Gabrielle Boudet. A mos-tra, organizada pelo Conselho Espí-rita Internacional (CEI), foi apre-sentada pela primeira vez em Paris,durante o 4o Congresso EspíritaMundial, que ocorreu de 2 a 5 deoutubro de 2004, na Maison de laMutualité, no Quartier Latin.

Além da palestra de NestorMasotti, houve palestras das es-critoras Suely Caldas Schubert(dia 18) e Therezinha de Oliveira(dia 29).

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FEB promoveu Mês Allan Kardec

Mesa que dirigiu a solenidade: momento da prece

Aspecto parcial do público presente

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Reformador/Maio 2005 37195

(Extraído do jornal espírita italia-no La Voce di Dio – Traduzido doitaliano)

Amedida do trabalho imposto acada Espírito, encarnado oudesencarnado, é a certeza de

ter realizado escrupulosamente amissão que lhe foi confiada. Ora,cada um tem uma missão a cum-prir: este, numa grande escala,aquele em escala menor. Entretan-to, relativamente, as obrigações sãotodas iguais e Deus vos pedirá con-ta do óbolo posto em vossas mãos.Se ganhastes uma vantagem, se do-brastes a soma, certamente cum-pristes o vosso dever, porque obede-cestes à ordem suprema. Se, em vezde ter aumentado este óbolo o ti-vésseis perdido, é certo que teríeisabusado da confiança que o vossoCriador tinha depositado em vós;por isso, sereis tratado como um la-drão, porque tomastes e não resti-tuístes; longe de aumentar, dissi-pastes. Ora, se, como acabo de di-zer, cada criatura é obrigada a rece-ber e dar, quanto mais, espíritas,tendes de obedecer a essa lei divina,tanto mais esforço deveis fazer paracumprir este dever perante o Se-nhor, que vos escolheu para parti-lhar seus trabalhos e vos convidouà sua mesa. Pensai, meus irmãos,que o dom que vos é dado é umdos soberanos bens de Deus. Nãovos envaideçais por isto, mas envi-dai todos os esforços para merecereste alto favor. Se os títulos que po-deríeis receber de um grande da

Terra, se os seus favores são algo debelo aos vossos olhos, tanto maisvos deveríeis sentir felizes com osdons do senhor dos mundos; donsincorruptíveis e imperecíveis, quevos elevam acima de vossos irmãose para vós serão a fonte de alegriaspuras e santas!

Mas quereis ser os seus únicospossuidores? Como egoístas, quere-ríeis guardar só para vós tanta feli-cidade e alegria? Oh! não; fostes es-colhidos como depositários. As ri-quezas que brilham aos vossos olhosnão são vossas, mas pertencem a to-dos os vossos irmãos em geral. De-veis, pois, aumentá-las e distribuí--las. Como o bom jardineiro queconserva e multiplica suas flores, evos apresenta no rigor do inverno asdelícias da primavera; como no tris-te mês de novembro nascem rosas elírios, assim estais encarregados desemear e cultivar em vosso campomoral, flores de todas as estações,flores que desafiarão o sopro doaquilão e o vento sufocante do de-serto; flores que, uma vez desabro-chadas em seus pedicelos, não pas-sarão nem jamais murcharão; mas,brilhantes e vivazes, serão o emble-ma da verdura e das cores eternas.O coração humano é um solo fértilem afeição e em doces sentimentos,um campo cheio de sublimes as-pirações, quando cultivado pelasmãos da caridade e da religião.

Oh! não reserveis apenas paravós esses pedúnculos sobre os quaiscrescem sempre tão doces frutos!Oferecei-os aos vossos irmãos, con-

vidai-os a vir saborear, sentir o per-fume de vossas flores, a aprender acultivar os vossos campos. Nós vosassistiremos, encontraremos regatosfrescos que, correndo suavemente,darão força às plantas exóticas, quesão os germes da terra celeste. Vin-de! trabalharemos convosco, parti-lharemos vossa fadiga, a fim de quetambém possais acumular esses bense deles fazer participar outros ir-mãos, em caso de necessidade. Deusnos dá e nós, reconhecidos por seusdons, os multiplicamos o mais pos-sível. Deus nos incumbe da nossaprópria melhoria e da dos outros;cumpriremos nossas obrigações esantificaremos sua vontade sublime.

Espíritas, é a vós que me dirijo.Preparamos o vosso campo; agoraagi de maneira que todos que ne-cessitarem possam fruir largamente.Lembrai-vos de que todos os ódios,todos os rancores, todas as inimiza-des devem desaparecer diante devossos deveres: instruir os ignoran-tes, assistir os fracos, ter compaixãodos aflitos, defender os inocentes,lastimar os que estão no erro e per-doar aos inimigos. Todas essas vir-tudes devem crescer em abundân-cia no vosso campo, e deveis im-plantá-las nos dos vossos irmãos.Recolhereis uma ampla colheita esereis abençoados por vosso Pai,que está nos céus! (...)

Aproximai-vos, ligai-vos estrei-tamente a ele e segui corajosamenteo caminho que se abre à vossa frente.

Santo Agostinho

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –junho de 1866, p. 254-257, tradução deEvandro Noleto Bezerra – Ed. FEB.

O trabalho

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

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Este é o capítulo oitavo da Par-te 3a de O Livro dos Espíritos,o qual envolve seis aspectos

fundamentais, que são: 1. Estadode natureza; 2. Marcha do progres-so; 3. Povos degenerados; 4. Civili-zação; 5. Progresso da legislação hu-mana, e 6. Influência do Espiritis-mo no progresso.

Esses seis aspectos, em que es-tá dividido o capítulo, conduzem--nos a uma compreensão do pro-gresso humano, não apenas doponto de vista de seu fundamento,mas sobretudo de nos situarmos emcondição de compreender-nos co-mo parte ou fator natural do pro-cesso evolutivo.

1. Estado de natureza: Envol-ve indagações do Codificador(questões 776 a 778) a respeito des-se estado, se “serão coisas idênticaso estado de natureza e a lei natural”,ao que respondem os Espíritos Re-veladores, inicialmente: “Não, o es-

tado de natureza é o estado primi-tivo.” E explicam que “a civilizaçãoé incompatível com o estado de na-tureza”, mas que “a lei natural con-tribui para o progresso da Hu-manidade”.

Em nota explicativa esclareceAllan Kardec que o estado de natu-reza corresponde à infância da Hu-manidade, o ponto de partida deseu desenvolvimento intelectual emoral transitório, enquanto que alei natural rege a Humanidade in-teira, pois o homem melhora-se àmedida que melhor a compreendee pratica.

Na questão seguinte (777), co-mo que prevendo nossa naturalpreocupação sobre o assunto tãoimportante, e tendo em vista queno estado de natureza é o homemmenos carente de necessidades, porser isento das tribulações que parasi mesmo cria, pergunta o Codifi-cador: “(...) que se deve pensar daopinião dos que consideram aqueleestado [primitivo] como o da maisperfeita felicidade na Terra?” Elesrespondem: “Que queres! é a felici-dade do bruto.” Realmente há pes-

soas que não entendem outro tipode felicidade. “É ser feliz à manei-ra dos animais” – acrescentam.Lembram o exemplo das crianças.

O Codificador encerra este as-pecto com a questão 778, ao per-guntar se “pode o homem retro-gradar para o estado de natureza”.A resposta é incisiva: “Não, o ho-mem tem que progredir incessante-mente e não pode volver ao estadode infância.” E salientam que pro-gredir é determinação divina, por-quanto o progresso é lei.

2. Marcha do progresso (ques-tões 779 a 785): Allan Kardec ini-cia este aspecto procurando saber sea força para progredir, haure-a ohomem em si próprio ou se progre-dir é apenas resultado de um ensi-namento. A resposta é sábia: “O ho-mem se desenvolve por si mesmo,naturalmente. Mas, nem todos pro-gridem simultaneamente e do mes-mo modo.” Tal resposta leva-nosa entender a questão do arbítrio.Faz-nos sentir, diante da continui-dade da resposta, o sentimento doamor educativo e social.

Repensando Kardec

Da Lei do Progresso(O Livro dos Espíritos, questões 776 a 789)

1a Parte

Inaldo Lacerda Lima

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Kardec procura saber, logo aseguir, se o progresso moral acom-panha o intelectual. Respondem, asEntidades, que o desenvolvimentomoral decorre do intelectual, masnem sempre o segue de imediato. Eo Codificador recorda duas ques-tões tratadas na Parte 2a, nos capí-tulos IV (192) e VII (365), relacio-nadas com o aperfeiçoamento mo-ral, as quais levam o leitor a enten-der a coesão do processo. Duas ou-tras indagações ocorrem dentro des-ta questão: “Como pode o pro-gresso intelectual engendrar o pro-gresso moral?”, e, “como é, nesse ca-so, que, muitas vezes, sucede seremos povos mais instruídos os maispervertidos também?” À primeirapergunta respondem: “Fazendo com-preensíveis o bem e o mal”; na se-gunda, salientam: “O progresso com-pleto constitui o objetivo. Os povos,porém, como os indivíduos, só pas-so a passo o atingem.” Acrescentam:“Enquanto não se lhes haja desen-volvido o senso moral, pode mesmoacontecer que se sirvam da inteligên-cia para a prática do mal. O moral ea inteligência são duas forças que sócom o tempo chegam a equilibrar-se.”

Outra questão que virá a enca-recer, em futuro próximo, uma re-flexão da Humanidade como umtodo, é a 781: “Tem o homem opoder de paralisar a marcha do pro-gresso?” – à qual dão os EspíritosReveladores a seguinte e seriíssimaresposta: “Não, mas tem, às vezes, ode embaraçá-la.” E Kardec insiste:“Que se deve pensar dos que ten-tam deter a marcha do progresso efazer que a Humanidade retrogra-de?” Atentemos bem nesta respos-ta: “Pobres seres, que Deus castiga-rá! Serão levados de roldão pelatorrente que procuram deter.”

Tudo isso nos leva a meditarcom o nosso iluminado Codifica-dor, em sua nota de esclarecimen-to, recordando os fatos da Históriae o que vem ocorrendo presente-mente na face de nosso planeta, atémesmo nas regiões um dia abençoa-das pelas pegadas do Cristo. Abri-mos um espaço no estudo, para re-ler os capítulos XX e XXI do Apoca-lipse, comparando o que aí se des-creve com o que nos alertam oslivros A Caminho da Luz e Brasil,Coração do Mundo, Pátria do Evan-gelho, psicografados pelo saudosoFrancisco Cândido Xavier, editadose reeditados pela FEB.

Na questão 782, Kardec inda-ga: “Não há homens que de boa-féobstam ao progresso, acreditandofavorecê-lo, porque, do ponto devista em que se colocam, o vêemonde ele não existe?” Leiamos a res-posta dada e façamos rápida refle-xão: “Assemelham-se a pequeninaspedras que, colocadas debaixo daroda de uma grande viatura, não aimpedem de avançar.” Recordemosque homens outros têm existido,em meio ao concerto das nações domundo, que agem como se dirigi-dos por forças orientativas dos pla-nos divinos...

Diante de tudo o que lhe foirevelado, o Codificador faz a inda-gação 783, relacionada com a mar-cha da Humanidade. Os bondososBenfeitores do Mundo Maior, as-sim respondem: “Há o progresso re-gular e lento, que resulta da forçadas coisas. Quando, porém, um po-vo não progride tão depressa quan-to devera, Deus o sujeita, de tem-pos a tempos, a um abalo físico oumoral que o transforma.”

Concluímos da nota do Codi-ficador que, de fato, o homem não

pode permanecer indefinidamentena poltrona macia dos prazeresequivocados, do luxo exacerbado,sob o estigma da ignorância brutal!

Na questão 784, talvez preven-do o pensamento de muitos, inda-ga, em face da grande perversidadeainda praticada pelo homem (apóstantos séculos de Cristianismo), senão demonstra ele, do ponto de vis-ta moral, que em vez de avançar,caminha aos recuos, ou seja paratrás. Os Espíritos respondem: “En-ganas-te.” E pedem que Kardec ob-serve a Humanidade como um to-do, se dia após dia não vem repri-mindo os abusos. Encerram a res-posta com esta frase: “Faz-se misterque o mal chegue ao excesso, paratornar compreensível a necessidadedo bem e das reformas.”

Para concluir o assunto, com aquestão 785, indaga enfim: “Qualo maior obstáculo ao progresso?”Respondem os Espíritos Revelado-res: “O orgulho e o egoísmo”, afir-mando referirem-se ao “progressomoral, porquanto o intelectual seefetua sempre”. Mostram eles a per-cepção de que, “à primeira vista,parece mesmo que o progresso in-telectual reduplica a atividade da-queles vícios, desenvolvendo a am-bição e o gosto das riquezas, que, aseu turno, incitam o homem a empre-ender pesquisas que lhe esclarecemo Espírito.” E concluem que “Cur-ta, porém, é a duração desse estadode coisas, que mudará à proporçãoque o homem compreender melhorque, além da que o gozo dos bensterrenos proporciona, uma felicida-de existe maior e infinitamente maisduradoura.” Kardec sugeriu, então,ao estudioso uma visão mais amplado assunto no capítulo XII, sobre oegoísmo, nas questões 913 a 917.

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3. Povos degenerados (ques-tões 786 a 789): Estabeleçamos,aqui, uma síntese em torno do pen-samento desse gênio extraordinárioque foi Allan Kardec, e do ensinorevelador dos Espíritos incumbidos,pelo Alto, de auxiliá-lo em sua ár-dua tarefa.

O progresso da Humanidadedecorre do adiantamento que vemsendo a pouco e pouco conquista-do por ela mesma através das reen-carnações sucessivas, por determi-nação da sabedoria divina. Eis aconclusão que nos é dado tirar daresposta à questão 786, uma vezque não há estagnação na obra denosso Criador e Pai. Costumamosdizer que “a morte não faz o que avida não conseguiu fazer”. É que elaé apenas uma interrupção momen-tânea, em nosso processo de evo-lução, por mudança de estado, nãoo fim. A cada experiência adquiri-da, nova formulação de conduta ouseja, sempre para melhor, por cons-cientização do próprio ser espiri-tual, na marcha evolutiva. Há duassentenças dos Espíritos Reveladoresque nos chamam a atenção, em res-posta às questões 787 e seus desdo-bramentos a e b: “Não há raças re-beldes, por sua natureza, ao pro-gresso?”

“Há, mas vão aniquilando-secorporalmente, todos os dias.”

a) – Qual será a sorte futuradas almas que animam essas raças?

“Chegarão, como todas as de-mais, à perfeição, passando por ou-tras existências. Deus a ninguémdeserda.”

b) – Assim, pode dar-se que oshomens mais civilizados tenham si-do selvagens e antropófagos?

“Tu mesmo o foste mais deuma vez, antes de seres o que és.”

Estas sentenças não nos são estra-nhas, mas raramente têm presençaem nossas manifestações de pensa-mento.

Em resposta à questão 788 (so-bre os povos como individualidadescoletivas), assim respondem sabia-mente os Espíritos: “Os povos queapenas vivem a vida do corpo (...)nascem, crescem e morrem, porquea força de um povo se exaure, comoa de um homem.” Assim, conti-nuam: “Aqueles, cujas leis egoísticasobstam ao progresso das luzes e dacaridade, morrem, porque a luzmata as trevas e a caridade mata oegoísmo.”

Observemos, então, mais aten-tamente, finalizando este assunto, apergunta 789: “O progresso fará quetodos os povos da Terra se achemum dia reunidos, formando uma sónação?” Resposta: “Uma nação úni-ca, não; seria impossível, visto queda diversidade dos climas se origi-nam costumes e necessidades dife-rentes, que constituem as naciona-lidades, tornando indispensáveissempre leis apropriadas a esses cos-tumes e necessidades.” Entretanto,

depreende-se da continuidade daresposta, predominará, um dia, a leide Deus como Pai único de todas ashumanidades do Universo, levandoos homens a entenderem que todosos povos são irmãos, independente-mente de latitudes e de cor da pele.Poderão todos ser felizes e viver emharmonia, sem que ninguém causedano ao seu vizinho.

Sem tomarmos partido nosacontecimentos atuais, na face doPlaneta, atentando – como espiri-tistas que somos – no que nos vemsendo revelado pela EspiritualidadeSuperior, veremos que o que ocor-re presentemente, aqui, ali e alhu-res, sem equívoco de uma vírgulasequer, expressa a última frase daquestão 788:“Aqueles, cujas leis seharmonizam com as leis eternas doCriador, viverão e servirão de farolaos outros povos.” Repensemos,com o nosso ínclito Codificador, emsua longa nota em torno da questão789. E se não bastar, leiamos refle-tidamente a longa questão de nú-mero 222, que constitui um únicocapítulo, da Parte 2a, a qual trata dapluralidade das existências.

CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA

1 – ARTIGOS E NOTÍCIAS:E-MAIL: [email protected]

2 – ASSINATURAS E DEMAIS ASSUNTOS:E-MAIL: [email protected]

ESTES ENDEREÇOS PASSARAM A VIGORARA PARTIR DE JANEIRO DE 2005

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Reformador/Maio 2005 41

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRACOMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB – MARÇO DE 2005

CONSELHO DIRETORPresidente: Nestor João Masotti. – Vice-Presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.

DIRETORIA EXECUTIVADiretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur do Nascimen-to, Edna Maria Fabro, Evandro Noleto Bezerra, Geraldo Campetti Sobrinho, José Carlos Martins Lopes, José SalomãoMizrahy, Lauro de Oliveira São Thiago, Maria de Lourdes Pereira de Oliveira, Marta Antunes de Oliveira Moura, NorbertoPasqua, Rute Vieira Ribeiro e Tânia de Souza Lopes.

CONSELHO FISCALEfetivos: César Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen. – Suplentes: Alamir Gomes de Abreu,Eliphas Levi Garcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares.

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIAJorge Godinho Barreto Nery, Sady Guilherme Schmidt e Zêus Wantuil.

REFORMADORDiretor: Nestor João Masotti. – Diretor-Substituto e Editor: Altivo Ferreira. – Redatores: Affonso Borges Gallego Soares,Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra, Lauro de Oliveira São Thiago – Secretária: Sônia Regina FerreiraZaghetto – Gerência: Amaury Alves da Silva.

CONSELHO SUPERIOREfetivos: Adésio Alves Machado, Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Ana Maria Rodriguesdos Santos, Carlos Roberto Campetti, Christodolino da Silva, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Délio Pereira de Souza, Inaldode Lacerda Lima, Ismael de Miranda e Silva, Jamile Mizrahy, João Carlos Izaac Feres, João Pinto Rabelo, Jorge Godinho Bar-reto Nery, José Francisco dos Santos, José Jorge, Marco Aurélio Luzio Assis, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priollidos Santos Fonseca, Nilton da Costa Pereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúciade Souza B. Rodrigues, Salim Tannus Feres Neto, Tossie Yamashita, Yola Carvalho Borges de Souza, Zêus Wantuil, LydiaAlba da Silva, Lucia Maria Alba da Silva e Darcy Neves Moreira. Indicados pelo CFN: César Soares dos Reis, Dori Vâ-nia da Costa Cunha, Francisco Bispo dos Anjos, Gerson Simões Monteiro, Jonas da Costa Barbosa, José Raimundo de Lima,Marcelo Paes Barreto, Nilton Stamm de Andrade, Umberto Ferreira e Ana Luiza Nazareno Ferreira. Ex-Presidente: JuvanirBorges de Souza.

Suplentes: Rosa Mizrahy, Cybele Silva Gomes, Bittencourt Rezende de Nápoli, Suely Caldas Schubert, Israel Quirino do Nasci-mento, Alzira Matoso de Abreu, Márcia Antonio Frota Correia, Maria da Conceição Campos, Marley de Souza Lopes, Veni-ta Abranches Simões e Maria Alves da Silva. Indicados pelo CFN: Pedro Valente da Cunha, Márcia Regina Pini de Souzae João de Jesus Moutinho.

CONSELHO FEDERATIVO NACIONALEntidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita do Estado do Acre; Alagoas – Federação Espírita do Estado de Alagoas;Amapá – Federação Espírita do Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita do Estado daBahia; Ceará – Federação Espírita do Estado do Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita do Distrito Federal; Espírito Santo –Federação Espírita do Estado do Espírito Santo; Goiás – Federação Espírita do Estado de Goiás; Maranhão – Federação Espírita doMaranhão; Mato Grosso – Federação Espírita do Estado de Mato Grosso; Mato Grosso do Sul – Federação Espírita de Mato Grossodo Sul; Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná –Federação Espírita do Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro– União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte – Federação Espírita do Rio Grande do Norte;Rio Grande do Sul – Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – FederaçãoEspírita Roraimense; Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas do Estado deSão Paulo; Sergipe – Federação Espírita do Estado de Sergipe; Tocantins – Federação Espírita do Estado do Tocantins.

Entidades Especializadas de Âmbito Nacional: Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasileirados Magistrados Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

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Pernambuco: Integração dos Centros Espíritas Como ocorre todos os anos, a Federação EspíritaPernambucana está realizando, desde fevereiro, aINTECEPE – Integração dos Centros Espíritas de Per-nambuco –, com o tema Dirigentes e esclarecedores dereuniões mediúnicas, abordado por Otávio Pereira deOliveira, Diretor do Departamento de AtendimentoEspiritual da FEP. O evento teve início em Recife, nodia 20 de fevereiro, com a Área Federativa Metropo-litana, prosseguindo com o seguinte calendário: 13 demarço – Área Federativa Mata Norte, em Carpina; 17de abril – Área Federativa Mata Sul, em Rio Formo-so; 22 de maio – Área Federativa Agreste MeridionalI, em Gravatá; 12 de junho – Área Federativa AgresteNorte, em João Alfredo; e 9 de julho – Área Federati-va Sertão, em Petrolina.

MEDNESPE 2005 Será realizado no período de 26 a 28 de maio, no Tea-tro Cultura Artística – Rua Nestor Pestana, 196, SãoPaulo (SP) – o V Congresso Nacional da AssociaçãoMédico-Espírita do Brasil, de cujo temário, que tratade Medicina e Espiritismo, destacamos: Neurobiolo-gia da Fé; Medicina e Espiritualidade na EducaçãoMédica; Pesquisas atuais sobre a eficácia da prece; AReencarnação como lei biológica; Influência de Espí-ritos na Terapia Regressiva de Vivências Passadas; Asmúltiplas faces da Depressão; Espiritualidade noatendimento à gestante, ao paciente oncológico, car-díaco, diabético, idoso; Células-tronco e Pesquisas.

Durante o Congresso haverá, no dia 26, o Seminá-rio Internacional com o Prof. Harold Koening – Di-retor do Centro para o Estudo da Religião/Espiritua-lidade e Saúde, da Universidade de Duke, Carolina doNorte (EUA) –, o qual abordará o tema Espirituali-dade no Cuidado do Paciente.

Canadá: Espaço Espírita Internacional O Espaço Espírita Internacional, sediado em Mon-treal, está disponibilizando aos espíritas e demais in-teressados no estudo da fenomenologia mediúnica to-do o seu acervo, disposto numa bem organizadabiblioteca. São mais de mil títulos em francês, por-tuguês e inglês. No mesmo local são realizados, com

entrada franca, estudos regulares sobre o Espiritismo.Sede do Espaço: 4866, Ste-Catherine est – HIV 1Z6Montreal – Quebec – Canadá. E-mail: [email protected] (SEI.)

Rio de Janeiro: Fundação “Paulo de Tarso” A Fundação Cristã-Espírita Cultural “Paulo de Tarso”,mantenedora da Rádio Rio de Janeiro, elaborou oPlano Operacional da FUNTARSO – 2005, com 17Ações, das quais destacamos as seguintes: Criar Co-missão de Estudos para modernização do parque detransmissão; Criar o Fundo para Investimento; Adqui-rir a sede da FUNTARSO; Reestruturar e ampliar a ra-diodifusão; Promover Feiras e outros eventos.

Curitiba (PR): Hospital Bom Retiro O Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, idea-lizado na década de 1920 e inaugurado em 31 de mar-ço de 1945 pela Federação Espírita do Paraná, estácompletando 60 anos de trabalho pela manutenção dasaúde mental. Dentro do Plano Geral de Atividades,em vigor, o Hospital “reaviva a visão filosófica daDoutrina Espírita, fortalecendo o papel para o qualfoi idealizado”.

Acre: IV UNEACRE A Federação Espírita do Estado do Acre promoveu em25 de março, na Escola Estadual Glória Peres, de RioBranco, o IV UNEACRE, com o tema central Condu-ta Espírita... Vivência Cristã!!! O evento teve por ob-jetivo promover a unificação de todos os Centros Es-píritas e respectivos trabalhadores, visando ao forta-lecimento fraterno do Movimento Espírita em geral.

Holanda: Presença de Divaldo FrancoA convite e sob o patrocínio do Conselho EspíritaHolandês, Divaldo Pereira Franco estará na Holandaem 26 e 27 de maio corrente, para realizar uma pales-tra sobre o tema Violência e Paz, e participar do se-minário Espiritismo e Problemas Humanos. O even-to ocorrerá no Centro de Cultura de Huesmolen, nacidade de Hoorn. O Conselho Espírita Holandês temcomo um de seus objetivos o fortalecimento e a uniãodo Movimento Espírita na Holanda. (SEI.)

SEARA ESPÍRITA

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