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O Eco-design e as Embalagens Por: Carlos Alberto Alves

Sobre o Eco-Design e a Embalagem-Final

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O Eco-design e as Embalagens

Por: Carlos Alberto Alves

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O Design e o Ambiente

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Introdução

A corrida desenfreada a que se assiste hoje em todos os sectores da sociedade, empurram-nos inevitavelmente, para um caminho que leva ao abismo a menos que tomemos as necessárias medidas, para contrariar este rumo. Em regra o crescimento que impomos a nós próprios e à sociedade em que estamos inseridos, obriga-nos a bater recordes todos os dias e da mesma forma a tirar de nós e dos recursos o máximo rendimento. As notícias que vêm até nós, dos mais variados sectores da nossa sociedade são elas mesmas, um indicador sério desta realidade. Alvim Tofller no seu livro “O Choque do Futuro”, evidencia a situação a que as pessoas hoje estão confrontadas com as constantes e cada vez mais rápidas mudanças a que temos de fazer frente. Uma das questões pertinetentes hoje é aquela que tem a ver com as embalagens,e, bem assim a quantidade de resíduos que estas, mais tarde ou mais cedo acabam por gerar. Assim, e para que na fabricação de embalagens, estas se adeqúem ao uso esperado e simultaneamente provoquem o menor dano ou impacte ambiental, é de vital importância um bom design. Nos últimos anos é mais ou menos claro, o esforço feito por muitas empresas no re-design (designe de) das embalagens para a obtenção de economias que por vezes são significativas. Através deste esforço, conseguem-se cumprir dois outros desideratos, como seja a redução dos impactes ambientais causados pela deposição ou destino final destas embalagens e simultaneamente o cumprimento da regulamentação mais recente, sobretudo a Europeia sobre a minimização da geração deste tipo de resíduos. Assim, o objectivo desta brochura é o de ajudar, quer os gestores quer os designers a dedicarem a este tema uma atenção especial e, levá-los a adoptar uma abordagem que conduza á redução dos custos e dos respectivos impactes ambientais. Do ponto de vista da gestão, existem vários factores que são por si só motivadores, para a implementação destas medidas conducentes á introdução de melhoramentos. As pressões ambientais sentidas nas empresas, exercidas pelas entidades publicas (Ministério do Ambiente e outros) e a cada vez maior sensibilidade do consumidor a par dos benefícios associados através da adopção de uma política errada para o ambiente são determinantes para esta nova abordagem. No entanto, para que esta abordagem possa ser bem sucedida, é determinante que os gestores estejam conscientes da necessidade de se comprometerem quer com o staff quer com os recursos necessários ao processo, para fazer face a esta filosofia. O projecto de embalagens, tem hoje ao seu dispor uma série de ferramentas que o podem ajudar de forma efectiva, nesse processo de concepção. Nas páginas a seguir, iremos dar apenas algumas dicas, bem como evidenciar algumas vantagens sobre a utilização destas técnicas, e ainda sobre alguns problemas relacionados com o seu uso. A intenção é a de percorrermos todo o ciclo desde o design á minimização da utilização de matérias primas, a reciclagem, a reutilização, a redução do uso de

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substâncias consideradas perigosas, até á concepção adequada a uma deposição final com os menores problemas associados. Para além disto inserem-se ainda alguns elementos relativos á legislação europeia sobre este tema, matérias primas usadas para a fabricação de embalagens, (papel, plástico, colas, fontes e etc.).

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Sumário

Se você puder optimizar a quantidade e o tipo de embalagem que usa, provavelmente vai também conseguir obter economias consideráveis, melhorando as performances da sua empresa contribuindo para o aumento das margens e simultaneamente contibuir para a redução do consumo de recursos e para a minimização dos desperdícios. A redução da quantidade de embalagens, ajuda também a empresa a cumprir os requesitos, a que as empresas colocadoras de embalagens no mercado estão sujeitas, através da legislação vigente, com um menor custo, para além de contribuir para uma melhor imagem da empresa, junto dos accionistas, clientes e consumidores. Se o seu objectivo for, reduzir as quantidades de embalagens usadas e simultaneamente reduzir os custos a elas associados, sirva-se dos conselhos deste guia para atingir esse objectivo. Ele é aplicável a todas as empresas, independentemente do sua dimensão, incluíndo aquelas que procuram economizar através de uma melhor gestão dos recursos com sistemas de gestão ambiental tais como as EMAS ou as ISO 14001. Para gerir as embalagens e os resíduos de embalagem com rigor, é necessário que tenha um bom entendimento básico sobre o seu sistema de embalagem. Dessa forma, poderá seleccionar uma grande variedade de opções de forma a atingir os objectivos pretendidos. Em primeiro lugar, deverá considerar a necessidade de reduzir na fonte, o eventual consumo de embalagens. Para consegir isto deverá:

• Considerar os materiais usados e o design das suas embalagens;

• Escolher as melhores formas de eliminar ou reduzir as exigências delas – através da mudança no design do produto, utlizar teconlogias mais limpas, melhorar o manuseamento, trabalhar as entregas em “just-in-time”; pensar e adequar as quantidades de entrega, etc..

• Optimizar a utilização das suas embalagens, isto é, dar-lhes o nível de protecção pretendido.

Talvez você possa economizar, utilizando embalagens reutilizáveis. Existem duas abordagens possíveis. Uma trata de explorar a possibilidade de estabelecer um sistema de distribuição em circuito fechado “closed-loop”. O outro é considerar a reutilização das embalagens, que muitas vezes embora estejam planeadas para fazer apenas uma viagem, poderão servir para serem reutilizadas mais do que uma vez, sejam para os mesmos fins que os originais seja para outros fins menos nobres. Para além destas, devem ainda ser consideradas outras opções, como a reciclagem e / ou a recuperação, enviando estas para serem processadas pelas empresas que se dedicam a este tipo de trabalho e, eventualmente gerando ainda alguma receita com elas. Sejam quais forem as opções que tomar, elas serão sempre melhores se conseguir envolver todos os que trabalham na empresa e estabelecer um processo de melhoria contínua. A participação de todos não levará apenas à contribuição com sugestões práticas e utéis, como levá-los-á a adoptar uma postura ou abordagem mais responsável, face ao uso das embalagens.

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Índice

Introdução ................................................................................................ 3

Sumário .................................................................................................... 6

Índice ........................................................................................................ 8

Motivações e historial legislativo......................................................... 10

O Design e as Embalagens................................................................... 16

O papel da embalagem ..................................................................... 16

A embalagem e a concepção................................................................ 21

A adequação ao uso.............................................................................. 23

A concepção da embalagem e o Ambiente. ........................................ 26

O impacte ambiental das embalagens ............................................. 26 O Eco-design..................................................................................... 27 Motivações para melhorar ................................................................. 27 Os benefícios do eco-design ............................................................. 28 O processo de Eco-design de embalagens....................................... 29 Dez questões básicas para o Eco-design ......................................... 33

Algumas questões de gestão importantes.......................................... 36

Compromisso e estratégia.................................................................... 36

Sobre o design e as especificações .................................................... 36

A cadeia de fornecimento ..................................................................... 37

Gestão ambiental e a tomada de decisão ........................................... 38

Gestão do ciclo de vida......................................................................... 40

Ferramentas e métodos para o Eco-design ........................................ 42

Geração e selecção de ideias............................................................... 42

Métodos de comparação simples ........................................................ 43

Ferramentas para a gestão do ciclo de vida ....................................... 44

O detalhe do design .............................................................................. 45

A redução de substâncias perigosas nas embalagens ..................... 46

O Design como recurso da minimização ............................................ 48

O design usando materiais renováveis ou reciclados....................... 50

Sobre o vidro: ........................................................................................ 51

O design de embalagens para reutilização ......................................... 52

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Questões relacionadas com a reutilização: ........................................ 52

O design da embalagem para reciclagem e compostagem............... 54

Materiais simples e polímeros compatíveis........................................ 54

Minimize a contaminação ..................................................................... 55

Anexos.................................................................................................... 56

A Identificação dos plásticos ............................................................... 58

A Eco-etiqueta........................................................................................ 60

Algumas perguntas e respostas sobre embalagens.......................... 62

Fluxo de Embalagens e Resíduos de Embalagens ............................ 62

Resíduos de explorações agrícolas..................................................... 72

O que são? ............................................................................................. 72

Algumas regras gerais para a gestão dos resíduos de uma exploração agrícola ............................................................................... 72

Software para a ACV (Análise do Ciclo de Vida) ................................ 76

As Embalagens e o ADR / RPE............................................................. 78

Normas referidas ................................................................................... 81

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Motivações e historial legislativo Embalagens – Nova Abordagem

A Nova Abordagem em matéria de harmonização e de normalização, foi publicada na Resolução do Conselho, de 7 de Maio de 1985 e, pretendia já nessa altura, fazer face ao mercado único europeu, sanando potenciais situações, no domínio dos entraves técnicos ao comércio e reenviando para normas europeias e, se necessário, para normas nacionais, a tarefa da definição das características técnicas dos produtos.

Uma das principais finalidades dessa “Nova Abordagem” era a de poder regular de uma só vez, com a adopção de uma única Directiva, os problemas regulamentares de um grande número produtos, sem que essa Directiva ficasse sujeita à necessidade adaptações ou de alterações frequentes.

Os princípios que regiam essa Nova Abordagem, estavam associados aos conceitos dos requisitos essenciais, da harmonização normativa, da análise de conformidade, da marcação CE e da vigilância do mercado. Nesse intuito, a Nova Abordagem pressupunha que:

• a harmonização legislativa se restringisse à elaboração de requisitos essenciais (segurança, saúde, protecção do consumidor e protecção ambiental), que deveriam ser redigidos de uma forma suficientemente exacta e clara que criasse obrigações legais, contribuindo “per si” para uma real harmonização;

• os manufactores, seriam livres de usar qualquer solução técnica, desde que o produto cumprisse os requisitos essenciais;

• quando aplicadas, as normas europeias harmonizadas deveriam fornecer prova de conformidade;

• só os produtos que cumprissem as directivas poderiam ser colocados no mercado europeu e ter apensa a marcação CE;

• os Estados-membros, teriam obrigação de controlar por forma a garantir que só produtos conformes seriam colocados no mercado.

Deste modo, era dada a garantia de que os produtos conformes às normas harmonizadas elaboradas pelos organismos europeus de normalização (CEN 1 , CENELEC2 e ETSI3) sob Mandato da UE, cumpriam os requisitos essenciais e podiam circular livremente no seio do Mercado único Europeu.

Desde a sua concepção, a Nova Abordagem passou por 3 estádios:

• Até meados de 1980, a normalização constituiu uma ferramenta para o comércio e indústria e, esteve maioritariamente associada à salvaguarda de requisitos de segurança (nos domínios de máquinas industriais, elevadores,

1 European Committee for Standardization – Comité Europeu de Normalização2 European Committee for Electrotechnical Standardization3 European Telecommunications Standards Institute

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brinquedos, equipamentos de baixa voltagem, etc) e de saúde (equipamentos médicos, equipamentos de diagnóstico in vitro,);

• Após 1980, com a publicação do "White Paper"4 sobre o Mercado Único, a normalização assumiu um papel importante na concretização da visão que então se perspectivava para uma nova Europa;

• Actualmente, é tempo de se utilizar e alargar a filosofia do Mercado Único Europeu para um contexto global/mundial de forma a ser encontrado um enquadramento que seja reciprocamente aceite nomeadamente através do recurso a abordagens "bottom-up" 5 e a "partneriados" entre países ricos e pobres.

Embora a Nova Abordagem tenha ganho méritos na área da segurança do consumidor dos produtos e parcialmente na área da saúde humana, o mesmo não poderá ser dito relativamente à sua aplicação a assuntos ambientais.

A aplicação da Nova Abordagem a requisitos de protecção ambiental

A Directiva Embalagens constituiu o primeiro exemplo da aplicação desta Nova Abordagem a requisitos de protecção ambiental. A experiência adquirida evidenciou a necessidade da adaptação da Nova Abordagem através da sua conjugação com alguns instrumentos e estratégias já disponíveis (BATi, ISO 14000ii; EMA`siii; rótulo ecológicoiv, IPPv; EPDvi, etc).

Mais concretamente, foi proposto que a Nova Abordagem se passasse a relacionar-se com outras estratégias:

• Estratégia do desenvolvimento sustentável;

• 6º Programa de acção em matéria de ambiente;

• Estratégias temáticas sobre recursos e reciclagem;

• Política de químicos e de resíduos,

e partilhasse da filosofia básica da Política Integrada de Produtos (IPP) que envolve um pensamento de ciclo de vida ("life cycle thinking").

Assentando a IPP em três pilares:

• No mecanismo do preço (só ocorrerão mudanças significativas no mercado se o consumidor vir que há vantagens no seu pagamento);

• Na concepção e comercialização de produtos visando o futuro (por forma a haver mudanças no desempenho ambiental de um produto este deverá ser concebido e manufacturado com esse objectivo e só depois colocado no mercado);

4 Livro branco5 Fim de linha

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• E na sensibilização junto do consumidor para que a sua escolha recaia na aquisição de produtos mais "verdes",

Actualmente é proposto que a interligação entre a IPP e a Nova Abordagem venha a assentar em:

• Directrizes claras de eco-design de produtos e na criação de um sistema de aplicação que identifique quais as opções a serem tomadas no sentido da melhoria dos produtos;

• Promoção dos rótulos ecológicos como forma de presunção de conformidade;

• Identificação de indicadores-chave de desempenho;

• Combinação de vários elementos já disponíveis.

O segundo exemplo de aplicação da Nova Abordagem a requisitos visando a protecção ambiental é a legislação comunitária que regula a gestão do fluxo dos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, a qual, por ter sido publicada a 13 de Agosto de 2002 e ter tido 18 meses para ser transposta pelos Estados-membros, levou a que estes entretanto tenham desenvolvido a vertente normativa a si associada.

Directiva Embalagens: Mandato M200 Rev. 3 datado de 8 de Março de 1996 e Mandato 317

De acordo com o estipulado na Directiva Embalagens, a Normalização detém a dupla função de impor os requisitos essenciais que as embalagens colocadas no mercado terão que cumprir (nomeadamente os inerentes ao seu fabrico, composição e natureza reutilizável ou valorizável, bem como às características dos resíduos de embalagens resultantes), e simultaneamente de verificar a conformidade a esses mesmos requisitos essenciais.

Deste modo, a Comissão Europeia mandatou o CEN para que desenvolvesse normas de verificação de conformidade aos requisitos essenciais da Directiva Embalagens (constantes no seu Artigo 9º e Anexo II), normas de suporte aos objectivos de cariz ambiental da Directiva (discriminados no seu Artigo 10º) e, ainda que este, elaborasse Relatórios sobre temas específicos que incluíssem, quando necessário, propostas de novas normas relativas a esses temas.

No que concerne às normas de verificação de conformidade aos requisitos essenciais, foram desenvolvidas as seguintes normas:

EN 13428: Embalagem. Requisitos específicos para o fabrico e composição - Prevenção por redução na fonte

Esta norma, discrimina um método de avaliação que permite aferir se a quantidade de material que uma embalagem possui teve em consideração a minimização do seu peso e/ou o volume garantindo a sua funcionalidade ao longo de toda a cadeia desde o produtor ao consumidor, a segurança e higiene tanto do produto como a do consumidor/utilizador e a aceitação do produto embalado por parte do consumidor/utilizador.

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EN 13429: Embalagem. Reutilização

Esta norma especifica critérios que permitem avaliar os requisitos essenciais aplicáveis a todos os tipos de embalagens destinadas a serem reutilizadas, bem como, quando aplicável, aos sistemas associados.

EN 13430: Embalagem. Requisitos para embalagens valorizáveis por reciclagem do material

Esta norma estabelece as premissas que permitem que as embalagens sejam classificadas como valorizáveis sob a forma de reciclagem do material, tendo em consideração o contínuo desenvolvimento tecnológico ao nível da embalagem e da reciclagem.

EN 13431: Embalagem. Requisitos para embalagens valorizáveis energeticamente, incluindo a especificação de um poder calorífico inferior mínimo

Esta norma especifica as exigências que uma embalagem deve cumprir para ser valorizada energeticamente e identifica os procedimentos a serem seguidos pelo responsável pela colocação de embalagens/produtos embalados no mercado, para efeitos de declaração de conformidade das suas embalagens a estas exigências.

EN 13432: Embalagem. Requisitos para embalagens valorizáveis por compostagem e biodegradação - Programa de ensaios e critérios de avaliação para a aceitação final das embalagens

Esta norma especifica os requisitos e os métodos que permitem a determinação da possibilidade de se compostarem aerobicamente ou de se bio-gaseificarem anaerobicamente as embalagens e os seus componentes, tendo em linha de conta características como a biodegradabilidade, a decomposição ao longo do tratamento biológico e o efeito sobre o processo de tratamento biológico e sobre a qualidade do composto obtido por esse processo.

Para além destas 5 normas, o CEN desenvolveu uma norma "chapéu", que, apesar de não integrada no Mandato M200 Rev3, teve como objectivo a promoção da necessária interligação entre as várias normas mandatadas e, servir como guia de utilização nomeadamente ao produtor, utilizador ou distribuidor de embalagens.

O CEN, ao deparar-se com a necessidade de desenvolver normas para um grupo bastante heterogéneo de produtos (como é o das embalagens), ao invés de elaborar normas de produto (que têm que ser altamente técnicas e específicas para o produto em causa), optou pela elaboração de normas de gestão, caracterizadas por serem mais flexíveis e adaptáveis ao progresso técnico (ideais para “moving targets”).

O principal problema residiu, logo à partida, na forma vaga e imprecisa que presidiu à redacção dos requisitos essenciais da Directiva Embalagens. O próprio Conselho Europeu assumiu essa lacuna, ao declarar, na Posição Comum de 4 de Março de 1994, que "o Conselho é de opinião que a maioria dos requisitos essenciais a serem aplicados ao fabrico e composição da embalagem só poderiam, nesta fase, ser

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genéricos dada a existência de poucas normas e critérios e à quase ausência de experiência prática disponível para quase todos os tipos de embalagens".

Com efeito, das 5 normas mandatadas pela Comissão Europeia ao CEN, só 1 e meia foram publicadas no JOCE (Decisão da Comissão nº 2001/524/CE, de 28 de Junho de 2001), por razões que se prendiam com o facto de dois Estados-membros (a Dinamarca e a Bélgica) serem de opinião que o trabalho normativo desenvolvido não habilitava as autoridades a verificar se um item cumpria ou não os requisitos da Directiva de uma forma clara e indiscutível, impossibilitando assim a harmonização do mercado.

É nesta sequência que surge o 2º Mandato da Comissão Europeia ao CEN, traduzido no Mandato 317 que integra as seguintes tarefas:

• Norma-chapéu (EN 13427) - reestruturação por forma a reflectir as alterações introduzidas nas restantes normas;

• Norma da prevenção (EN 13428) - colmatação das lacunas detectadas no Mandato anterior no domínio da prevenção qualitativa, nomeadamente na detecção da presença de substâncias ou preparações perigosas e sua minimização nas embalagens e seus componentes;

• Norma da reutilização (EN 13429) - evidenciar a necessidade de o embalador ter que obter uma confirmação do seu fornecedor, de que a embalagem reúne um conjunto de condições para ser reutilizada e definição do número mínimo de viagens que uma embalagem deverá assegurar por forma a ser considerada reutilizável;

• Norma da reciclagem material (EN 13430) - introdução de algumas alterações, nomeadamente a necessidade do fornecedor ter que declarar a % em peso da unidade funcional disponível para reciclagem, bem como os constituintes que potencialmente poderão criar problemas nas operações de reciclagem;

• Norma da valorização energética (EN 13431) - discriminação do PCI (Poder Calorífico Inferior) mínimo que uma embalagem valorizável energeticamente deverá deter, em função dos diversos materiais de embalagem;

Após o processo de UAP (Unique Acceptance Procedure), as referências normativas foram aceites pela Comissão Europeia e publicados a 19 de Fevereiro de 2005, os títulos e referências das normas harmonizadas no Jornal Oficial da União Europeia através da Comunicação 2005/C44/13.

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O Design e as Embalagens O papel da embalagem

Você precisa de uma embalagem para os seus produtos? Todos os negócios, pequenos ou grandes, procuram um fabricante de embalagens, para encontrar uma embalagem adequada aos seus produtos, de preferência já feita, metem o produto lá dentro e esperam apenas que o dinheiro entre. Isto é fácil, barato e por vezes funciona.

Mas o que é que significa que, por vezes funciona?

O termo embalagem é usado para descrever qualquer material utilizado para conter, proteger, manusear, entregar e apresentar os produtos (desde das matérias-primas até aos produtos processados), desde do produtor até ao consumidor final.

De uma forma geral, podemos dizer que existem três tipos ou categorias de embalagens:

• As embalagens primárias (de venda) que são as que envolvem o produto no ponto de venda e que é usada pelo consumidor, sendo um exemplo possível destas os pacotes de batata frita;

• As embalagens secundárias (embalagem de ligação ou de série), que agrupa um determinado número de embalagens individuais de um mesmo produto e, que se destina a fazer chegar a embalagem ao ponto de venda, por exemplo, uma caixa de pacotes de batata frita e;

• As embalagens terciárias (embalagem de transito), que permite o manuseamento e transporte de um grupo de embalagens secundárias, como se trata-se de uma unidade, como por exemplo, uma palete de caixas de pacotes de batata frita.

Um dos primeiros objectivos da embalagem é o de proteger os produtos, devendo assegurar a integridade destes bem como a sua capacidade de suportar as eventuais condições rigorosas de armazenagem e distribuição.

Para tal as embalagens devem cumprir alguns requisitos básicos tais como:

• Serem suficientemente fortes para suportarem cargas (quando empilhadas, por exemplo) e, serem capazes de resistir a cortes através de objectos afiados;

• Devem poder suportar choques de níveis pré-determinados e resistir a vibrações;

• Devem ser estanques;

• Devem ser isoladoras por forma a manter um nível determinado de temperatura, num tempo específico, evitando que o produto esteja exposto a grandes variações de temperatura e humidade;

• Devem ser anti-violação e;

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• Devem resistir a eventuais danos causados por forças externas.

A embalagem e os materiais em que ela é feita, devem ser estanques e prevenir que o conteúdo se escape desta e, isto é importante quer o conteúdo seja sólido, liquido ou gasoso, podendo em alguns casos, constituir um perigo se tal não acontecer.

Por outro lado, a embalagem deve ser compatível com os sistemas e equipamentos de manuseamento e armazenagem e permitir uma racional armazenagem.

Para além destes aspectos, a embalagem deve também promover uma fácil identificação do produto ou conteúdo, o que pode ser feito com recurso à justaposição de etiquetas, onde se evidencie as propriedades do produto ou do conteúdo, lote, tipo de produto, perigosidade, número de série, etc..

Por tudo isto, a embalagem tem um papel importante na distribuição de uma quantidade grande de produtos ou bens, desde de matérias-primas até a produtos acabados, evitando a degradação dos produtos e promovendo mesmo a sua preservação, quando se trata de bens perecíveis.

As empresas que tratam cuidadosamente a gestão deste tema, para além de pouparem dinheiro no uso das embalagens, conseguem também reduzir o consumo de recursos ou de matérias-primas e acabam produzindo menos resíduos, economizando também dinheiro na eventual deposição de resíduos em aterro.

Assim, poder-se-ia dizer que este guia, é aplicável a todas as empresa e todos os sectores de actividade, sejam fabricantes, distribuidores, armazenistas e retalhistas e, obviamente também aos próprios consumidores finais, muito embora seja mais dirigido a todos aqueles que são responsáveis pelo(a):

• Designe e especificações das embalagens e produtos, incluindo os designers e os responsáveis pelo desenvolvimento do produto, os técnicos de embalagem, os comerciais e ao pessoal do marketing;

• Compras de matérias-primas e componentes;

• Gestão da fábrica, incluindo a Direcção e os técnicos de produção, engenheiros e desenhadores;

• Gestão dos aspectos ambientais, incluindo a saúde e a segurança bem como pela gestão dos resíduos.

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Assim, e para que na fabricação de embalagens, estas se adeqúem ao uso esperado e, simultaneamente provoquem o menor dano ou impacte ambiental, é de vital importância um bom designe.

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Estudos recentes, levados a cabo na Europa, indicam que cerca de aproximadamente 60% dos consumidores, acreditam que a embalagem afecta as suas escolhas e, cerca de 65% deles acreditam que os produtores recorrem a um uso excessivo da embalagem.

Nos últimos anos é mais ou menos claro, o esforço feito por muitas empresas no re-design, das embalagens para a obtenção de economias que por vezes são significativas e, que de outras formas já não se conseguem.

No entanto, através deste esforço, conseguem-se cumprir dois outros desideratos, como seja a redução dos impactes ambientais causados pela deposição ou destino final destas embalagens e, simultaneamente o cumprimento da regulamentação mais recente, sobretudo a Europeia, sobre a minimização da geração deste tipo de resíduos e seu encaminhamento adequado.

Assim, o objectivo desta brochura é sobretudo o de ajudar, quer os gestores quer os designers, a dedicarem a este tema uma atenção especial e, levá-los a adoptar uma abordagem que conduza á redução desses custos e dos respectivos impactes ambientais.

A atenção particular no design é justificada, pelo facto de cerca de 80% dos custos económicos e ambientais dos produtos, serem cometidos na fase final do estágio do design, ou seja, antes da produção começar. Assim, integrar considerações relativas à sustentabilidade no design, é uma forma de tirar daí benefícios potenciais para a pesquisa dos produtos.

Para que o design seja eficaz, devem ser levadas em conta considerações ecológicas e sociais nos estágios iniciais da concepção dos produtos e no desenvolvimento do mesmo design, minimizando dessa forma a necessidade dos efeitos de acções de remediação nos primeiros estágios da cadeia.

Do ponto de vista da gestão, existem vários factores que são por si só motivadores, para a implementação destas medidas conducentes á introdução de melhoramentos.

No entanto, as pressões ambientais sentidas nas empresas, exercidas pelas entidades públicas (Ministério do Ambiente e outros) e a cada vez maior sensibilidade do consumidor a par dos benefícios associados através da adopção de uma política centrada no ambiente, são determinantes para esta nova abordagem.

O sucesso da implementação do design para a sustentabilidade, requer um designer informado. A falta de informação ou a falta da sua divulgação em várias línguas, conduz a que os designers e o seu treino, tenha que ser redefinido de forma a incluir as considerações ambientais com sucesso.

Com efeito, é necessário um ênfase novo sobre o contexto externo dos elementos do design, através do qual todos os aspectos do produto, a sua fabricação, o seu uso, a sua deposição, os seus meios, as suas consequências ambientais e o seu significado cultural, é examinado.

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No entanto, para que esta abordagem possa ser bem sucedida, é determinante que os gestores estejam conscientes da necessidade de se comprometerem quer com o staff, quer com os recursos necessários ao processo para fazer face a esta filosofia.

O projecto de embalagens, tem hoje ao seu dispor uma série de ferramentas que o podem ajudar de forma efectiva, nesse processo de concepção.

Nas páginas a seguir, iremos dar apenas algumas dicas, bem como evidenciar algumas vantagens sobre a utilização destas técnicas, e ainda sobre alguns problemas relacionados com o seu uso.

A intenção é a de percorrermos todo o ciclo desde o design á minimização da utilização de matérias-primas, a reciclagem, a reutilização, a redução do uso de substâncias consideradas perigosas até á concepção adequada a uma deposição final com os menores problemas associados.

Para além disto, insere-se ainda alguns elementos relativos á legislação europeia sobre este tema, matérias-primas usadas para a fabricação de embalagens, (papel, plástico, colas, fontes e etc.).

A embalagem e a concepção

Como já foi referido, a embalagem tem um papel crucial na protecção, durante a distribuição de uma gama de produtos desde matérias-primas até a produtos acabados ou mesmo produtos perecíveis e, quando geridas com os necessários cuidados, podem contribuir para a melhoria dos resultados das empresas, permitindo que estas cumpram com as exigências legais a ajudando a que estas possam evidenciar uma boa performance ambiental.

A ecologia industrial é, antes do mais, uma forma de ver e partilhar conceitos comuns aos da abordagem da Análise de Ciclo de Vida, que coloca os sistemas industriais num contexto mais alargado, de vários outros sistemas.

Alguns autores, colocam a questão do papel do design dos produtos e processos no desenvolvimento dos ecosistemas industriais e discutem a importância da ACV e outras abordagens do design e, do ambiente, num conceito geral da ecologia industrial.

O design desempenha um papel vital, no sucesso de ecologia industrial, sendo talvez a chave para a criação de ecosistemas industriais com a re-conceptualização dos resíduos como produtos. Isto sugere não apenas a procura de formas de reutilizar os resíduos, mas também uma selecção activa dos processos com a reutilização já em curso.

Neste particular, os diversos estudos feitos ao consumo pelos Marketers, indicam que uma grande parte dos consumidores é influenciada pela embalagem.

No entanto, estamos convictos que se estes fossem inquiridos sobre as quantidades de embalagem nos produtos, responderiam que existia um excesso de embalagem.

Conforme já vimos, a embalagem tem várias funções desde proteger e preservar o conteúdo, facilitar o manuseamento e a distribuição, informar o consumidor e, actuar como uma ferramenta de promoção do produto.

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Como uma embalagem desapropriada, pode conduzir à deterioração do produto, a devoluções e, a uma maior quantidade de resíduos e desperdícios, não só do produto, mas também de matérias-primas usadas na sua fabricação e ainda de energia (da energia usada na sua fabricação), é importante ter estes aspectos presentes no momento da concepção da mesma.

Assim, numa perspectiva de negócio, o ambiente obriga, por uma questão de controlo e estratégia, a uma abordagem que leve em conta os aspectos ambientais da cadeia de fornecedores. Assim, torna-se necessária, uma visão coerente e a gestão do ciclo de vida do produto.

Para além disto, uma má concepção da embalagem pode também causar, outros problemas além dos já citados como, acidentes pessoais.

Todas as embalagens devem ser capazes de proporcionar uma protecção adequada dos produtos, na fase do transporte e da armazenagem, significando isto, em muitos casos, que ela deve ser suficientemente rígida e suficientemente forte para resistir às solicitações a que vai ser sujeita.

Assim sendo, é mais ou menos evidente que, a embalagem deve ser concebida de forma a satisfazer todas estas exigências.

Um outro aspecto importante relacionado com a embalagem, na sociedade moderna, tem a ver com o impacte ambiental causado quando essa embalagem passa a ser um resíduo e bem assim com o seu ciclo de vida.

Em termos legislativos, procura-se cada vez mais, minimizar esses impactes ambientais, colocando obrigações específicas, quer nos fabricantes quer sobre os utilizadores dessas embalagens.

Desta forma, a concepção tem um papel determinante, não só na produção de embalagens mas também na adopção, quer de tecnologias mais limpas, quer de embalagens causadoras dos menores impactes possíveis.

Uma parte significativa dos impactes ambientais e dos custos associados poderão ser consideravelmente reduzidos na fase de concepção.

Nos últimos anos, são muitas as empresas que tem dedicado uma atenção especial ás embalagens, conseguindo dessa forma economias consideráveis e, simultaneamente, dessa forma aproximam-se, ao mesmo tempo, do cumprimento da legislação sobre esta matéria.

Este guia tem o objectivo de auxiliar as empresas, os designers projectistas e os técnicos relacionados com o assunto, a dedicar uma atenção especial ao mesmo, e conduzi-lo a uma abordagem sistemática na fase de concepção.

O resultado final deveria ser o de conduzir a uma embalagem ou processo de embalagem, mais baratos e menos “poluentes”.

Assim, a ideia é a de fornecer concelhos práticos, claros e concisos, que se podem dividir em quatro partes:

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O Design e o Ambiente

1. Conforme o referido, iremos analisar a importância da adaptação ao uso, os desenvolvimentos e os benefícios da concepção da embalagem, no ambiente.

2. Abordar numa perspectiva de gestão, o processo de eco-design e outros aspectos chaves dessa mesma gestão. Alguma da informação deste capítulo poderá ter interesse também para o designer, considerando que esta aborda a questão dos impactes ambientais derivados da embalagem.

3. Focar assuntos de interesse para os designers projectistas, técnicos e outros directamente relacionados com a fabricação de embalagens, e ao sector do comércio. Abordar algumas questões relacionadas com as ferramentas e técnicas que os projectistas podem usar na concepção de eco - embalagens.

4. Fornecer informação diversa sobre legislação, materiais de embalagens, entidades gestoras de embalagens e resíduos de embalagens e, etc.. Muito embora sejam aqui abordados temas que têm a ver com a embalagem secundária e a terciária, vamos focar principalmente as questões relacionadas com a embalagem primária.

A adequação ao uso

A embalagem deve ser adequada ao fim a que se destina ou, por outras palavras, deve ser de modo a cumprir os requisitos que lhe são exigidos, devendo ao mesmo tempo dar cumprimento ao requisito de usar o mínimo de material possível para cumprir essas funções, que são as seguintes:

a. Proteger, conter e preservar o produto embalado, por outro lado permitir métodos eficientes de produção, manuseamento e distribuição.

b. Dar informação comercial ao consumidor.

c. Apresentar e comercializar o produto.

d. Evidenciar a inviolabilidade e facilitar o uso do produto.

e. Assegurar o uso e o manuseamento seguro, pelo consumidor.

È de importância vital que todas as embalagens, sejam capazes de proteger o seu conteúdo, evitando que este se danifique, durante o fabrico, o transporte e a armazenagem.

Isto normalmente significa que, na maior parte dos casos, estas tenham que ser rígidas e fortes para resistir a:

a) Carga como a compressão quando empilhadas, como por exemplo, no caso de bidões ou de outras embalagens de grande capacidade;

b) Possam cair sobre as faces, os topos e sobre os cantos, a partir de diferentes alturas, sem danificarem o conteúdo;

c) Possam resistir a ciclos de vibrações, altas e baixas;

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d) Que resistam à ruptura quando sujeitos ao choque com objectivos cortantes;

e) Que contenham a entrada de água e de outros produtos químicos;

f) Que suportem variações de humidade e temperatura.

Hoje a grande maioria dos produtos são embalados em linhas de enchimento automáticos a elevada velocidade, como por exemplo, o caso dos refrigerantes, ou das massas alimentares. Por essa razão, estas embalagens têm que ser concebidas de forma a garantir uma rápida e fácil manipulação. Também pela mesma razão é muito importante ter em conta a concepção, com vista ao manuseamento e distribuição, que colocam algumas questões, como as que se seguem a título de exemplo:

a) Como é que o produto, ou a embalagem de conjunto (embalagem primária) se encaixa no circuito de destruição?

b) A embalagem (primária) será paletizada?

c) Em caso afirmativo qual deverá ser o tamanho ideal da palete e qual a sua carga?

d) Será envolvida em plástico retráctil? Nesse caso qual o plástico a usar em termos de resistência/ espessura?

e) O cliente irá dividir a embalagem em partes para distribuição?

f) A embalagem ou partes dela, poderá ser reutilizada?

g) Será a embalagem compatível com o sistema de descarga do cliente?

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O Design e o Ambiente

Considerando as questões de preservação e estabilidade, no caso de produtos alimentares ou farmacêuticos, geralmente a embalagem tem que ter como função a de agir como barreira evitando:

a) A entrada de gás;

b) A infecção microbiológica e a infestação por insectos;

c) Outras contaminações químicas e biológicas;

d) A degradação pela luz quando esta possa degradar o produto.

A protecção contra a foto-degradação, que afecta a gosto, o cheiro, a cor e mesmo o valor nutricional, é muito importante para certos produtos alimentares, medicamentos, cosméticos e etc., no entanto alguns incluindo vinhos e cervejas, têm antioxidantes naturais e outros que lhe são adicionados para limitar essa degradação.

A estrutura e os materiais utilizados na fabricação de embalagens variam de acordo com a respectiva aplicação. Por exemplo, o polietileno (PE) constitui uma boa barreira contra as bactérias e simultaneamente permite que a embalagem possa ser selada/ fechada a quente.

A apresentação, clara e concisa da informação, como por exemplo, código de barras, instruções, composição, informação sobre o valor nutritivo, e etc. é, em muitos casos crítica e, muitas vezes, senão sempre, deve integrar a embalagem.

A inclusão de fotografias e/ou desenhos na embalagem pode também, ser essencial para a apresentação e venda do produto, como componente de marketing.

Por essa razão, a qualidade de impressão, o acabamento e a aparência geral da embalagem é muito importante. No caso da embalagem de produtos alimentares ou de produtos farmacêuticos, a inviolabilidade deve ser evidente, ou seja, deve ser possível para o consumidor identificar se houve alguma tentativa de violação da embalagem, assim como é importante que a abertura não seja acessível a crianças. Qualquer embalagem deve ser concebida a pensar no uso e aceitação da mesma por parte do respectivo consumidor. Os sistemas de aperto, muitas vezes, são componentes da embalagem, razão pela qual é necessário um cuidado acrescido na sua concepção. Existem algumas questões típicas a ter em linha de conta sendo algumas delas a fácil abertura e manuseamento, o re-aperto e armazenagem, e ainda o vazamento total da mesma. A importância destes sistemas, reflecte-se nos enormes esforços feitos no sentido de se conseguirem melhores sistemas de fecho para embalagens de, por exemplo, sumos de frutas e embalagens de leite, que se prestarmos a atenção devida é patente nas prateleiras dos muitos supermercados que existem. Mas apesar de tudo, e apesar do aspecto estético e a diferenciação serem importantes, a funcionalidade da embalagem, é também muito importante, constituindo um factor crítico, pelo menos do ponto de vista do consumidor.

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A concepção da embalagem e o Ambiente.

O impacte ambiental das embalagens

Actualmente na indústria, a eficiência está quase sempre relacionada ou ligada com os aspectos ambientais. A reciclagem, em particular, tem sido um aspecto importante das preocupações ambientais, até à data. No entanto, é importante referir que uma focagem excessiva, em apenas alguns aspectos da eficiência, relativamente a outros, da actividade ambiental, podem estar na origem de danos ao ambiente provocados pelos produtos ao longo do seu ciclo de vida.

Também as embalagens, tal como qualquer outro produto, podem dar origem a vários tipos de impactos ambientais. Estes dizem respeito em primeiro lugar à utilização dos recursos e às emissões de poluentes para o meio, seja no acto da sua produção seja durante o seu ciclo de vida de uso. Estes impactos podem, como já se sabe, afectar a saúde humana, as plantas, os animais, os edifícios e até mesmo o clima. Alguns dos efeitos potencialmente adversos causados pelas embalagens no ambiente são:

• Utilização de recursos não renováveis e poluentes, como o petróleo, o gás e o carvão.

• Utilização de materiais não renováveis, como plástico não reciclável, o aço, etc.

• Uso indiscriminado dos recursos renováveis como a água, a madeira, e etc..

• A contaminação das águas com substâncias perigosas, sólidos suspensos, redução dos teores de oxigénio, com a inclusão de produtos que provocam uma carência química ou bioquímica de oxigénio (CQO/CBO).

• Contaminação de ar através da emissão de partículas, gases ácidos, libertação de ozono e gases que provocam o aquecimento global.

• Emissões para os terrenos, através da deposição de resíduos perigosos e outras substâncias contaminantes.

È importante ter em conta que o eco-design, pode ser uma ferramenta que ajude ou contribua para a minimização destes impactes.

A compreensão dos conceitos de ciclo de vida, habilita os designers e outros, envolvidos com o desenvolvimento do processo do design, a compreender a complexidade das consequências ambientais como o resultado da actividade do design.

A perspectiva da gestão do ciclo de vida é muito mais para entender, do que para a análise dos fluxos das matérias-primas e os inevitáveis impactos negativos sobre o ambiente destes. O design para a sustentabilidade pode levar a uma abordagem cíclica dos recursos usados e a um mais profundo entendimento dos ciclos e sistemas naturais.

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O Eco-design A concepção para o ambiente ou eco-design, pode ser definida como sendo – “a necessidade de levar em conta as implicações ambientais, no produto e na embalagem, por forma a reduzir os impactos negativos durante o seu ciclo de vida, procurando manter ou melhorar as suas performances e o seu valor de mercado”. O esquema do ciclo de vida, expande-se pois ou estende-se ao longo de toda a cadeia de negócio do sistema do ciclo de vida do produto, ou seja desde a fase inicial com o estágio do design do processo, procedimentos, produção e embalagem, até ao fim de vida do produto. A evolução que é patente nesta área, ao longo dos últimos anos, demonstra que muito tem sido feito, sobretudo motivado pela necessidade de economizar nos custos de embalagens. Muito deste esforço tem sido dirigido para a redução de peso, e este facto é patente em termos gerais nas seguintes estatísticas:

• O peso médio das garrafas de vidro reduziu-se em cerca de 30 % desde 1980;

• A espessura dos sacos dos supermercados tem vindo a reduzir, atingindo os 45% menos, no mesmo período de tempo (nos últimos 25 anos);

• Nos pacotes de sumos, em cartão, a utilização de uma folha de alumínio conduziu a uma redução de cerca de 30 % na espessura e a uma maior rigidez da embalagem;

• È cada vez menor a quantidade de plástico necessário para embalar a mesma quantidade de produto graças não só aos materiais usados mas também graças á tecnologia envolvida (multilayer).

Muito embora sejam patentes algumas destas evidências, quando por exemplo, vamos às compras, a verdade é que ainda hoje muitas das embalagens utilizadas não são concebidas, tendo em conta razões económicas nem ambientais, resultando por isso mesmo num desperdício de recursos, quer em termos ambientais quer em temos económicos.

O poder dos designers está na concepção, no design e no planeamento, primeiro gerando ideias e, depois dando corpo a essas ideias, transformando-as em produtos.

Motivações para melhorar Existem vários factores para que algumas empresas, continuem a apostar em melhorias ao nível da embalagem e do seu eco-design. Assim algumas das razões que levam as empresas a perseguir estes objectivos podem ser:

Os desenvolvimentos tecnológicos e económicos que, propiciam oportunidades de melhoria contínua.

Os clientes, em particular os do comércio a retalho, apesar de exigirem uma elevada qualidade do produto e da embalagem, começam também a ter preocupação de índole ambiental favorecendo, por isso mesmo, as empresas que se esforçam, nesse sentido.

Começam a ser exigidas embalagens, quer pelos comerciantes, quer pelos produtores, que cumpram certas normas e exigências, tanto nacionais como internacionais.

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A legislação e a responsabilização, dela derivada, obriga a que produtores e todos os implicados ao longo do ciclo de vida da embalagem cumpram condições cada vez mais apertadas, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista de gestão ambiental. Neste capítulo insere-se a actuação da SPV – Sociedade Ponto Verde, que gere e endossa os custos da gestão das embalagens a todos os envolvidos na cadeia das mesmas.

Cada vez mais, em Portugal, se torna evidente, o estabelecimento de uma hierarquia de resíduos e da sua gestão que implica uma preocupação de todos acrescida, no sentido de minimizar quer os resíduos em geral, quer aqueles que são destinados à eliminação em particular. Muitas empresas, teriam eventualmente muito a beneficiar, se laçassem medidas de minimização da geração de resíduos, com forma até de melhorar as suas próprias performances económicas, já para não falar da questão dos resíduos em particular.

Para além do mais, o esforço feito nesta área, contribuirá também, para o aumento da competitividade.

Os benefícios do eco-design Com o derrube das barreiras, os designers são introduzidos no processo de desenvolvimento da embalagem, influenciando grandemente o seu controlo ao longo do projecto e o seu potencial, para trazer melhorias para a sustentabilidade. É vulgar que as considerações do design, tal como as questões da sustentabilidade, sejam levadas em conta no final do desenvolvimento do produto, quando já não há grande margem para eventuais melhorias. Utilizar o design, como um complemento que traz apenas alguns benefícios, sobre a natureza e carácter da ideia do design, tem uma importância mínima. Para que as condições de exploração do negócio melhorem, conduzindo a melhores margens de lucro e, para que simultaneamente seja promovida a competitividade, é essencial repensar a questão da embalagem e das questões com ela relacionadas. Na concepção a pensar no ambiente e nos respectivos impactes da embalagem, devem ser levados em conta questões como por exemplo, a fita adesiva usada para o fecho de caixas de cartão ou mesmo os agrafos usados no fecho destas, por forma a dar as melhores condições possíveis para a viabilização da reciclagem. Na hierarquia dos resíduos, estabelece-se uma série de prioridades para o seu tratamento ou encaminhamento. À cabeça destas prioridades está é claro a da eliminação na fonte e, quando esta não for a opção, então o caminho deverá ser o da minimização dos resíduos gerados. 1ª Prioridade Eliminar – Eliminar ou evitar gerar resíduos 2ª Prioridade Reduzir – Minimizar a quantidade de resíduos geradas ou produzidas 3ª Prioridade Reutilizar – Utilizar (as embalagens) tantas vezes quantas for possível 4ª Prioridade

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Reciclar – Reciclar tudo que for possível, após a sua reutilização 5ª Prioridade Deposição – Enviar para deposição em aterro o que sobra, de uma forma responsável. Em algum casos e, considerando o universo das embalagens, a reutilização e até mesmo a reciclagem, podem ser uma melhor opção de ponto de vista ambiental, podendo mesmo ser consideradas melhor do que a redução. Os benefícios que se podem apontar da concepção a pensar no ambiente, podem induzir economias nos custos da seguinte forma:

Através da redução da embalagem e dos materiais ou matérias-primas que a constituem;

Através da redução de custos para o consumidor e fornecedor, pela sua minimização;

Através da redução dos custos inerentes ao destino final, seja através dos instrumentos institucionalizados (como a SPV, normalmente custo este que normalmente está relacionado com o peso), seja através doutras formas de destino;

Através do cumprimento das regulamentações que dizem respeito ás embalagens;

A melhoria da reputação da empresa, particularmente junto dos clientes “verdes”;

Um aumento da quota de mercado, em especial relacionado com estes clientes mais exigentes, ou mesmo em relação a eventuais possibilidades de exportação;

A necessária redução dos custos para cumprir a legislação em vigor; A redução dos danos nos produtos motivados pela fraca qualidade da

embalagem, reduzindo eventuais taxas de devoluções. Os estudos mais recentes demonstram que, os eco-designers tendem a ocupar ou a conquistar novos nichos de mercado, enquanto os re-designers são geralmente mais bem sucedidos nos produtos que são substituídos. Deve no entanto referir-se que tanto uns, como outros têm que ser antes do mais competitivos, em termos de performances e em termos económicos.

O processo de Eco-design de embalagens As especificações das embalagens, o design e o desenvolvimento, podem ser levadas a cabo no estágio do retalho, do fabricante de embalagem ou do fabricante e enchedor. O design pode ser levado a cabo na empresa ou sub-contratado, ou ser fruto de um trabalho conjunto, considerando sobretudo que este se compõem de várias etapas como as dos aspectos estruturais até aos aspectos gráficos. O eco-design de embalagens, envolve numerosas considerações que afectam ou reportam a toda a cadeia de embalagem, no entanto, algumas das mais importantes são, as que se indicam na tabela da página seguinte:

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Considerações ou atributos Questões ambientais importantes

Principais tipo(s) dos materiais Eficiência dos recursos, emissões, reciclabilidade

Principais cor(es) dos materiais Reutilização, reciclabilidade

Tamanho e forma da embalagem Recursos/ eficiência do transporte

Grau / espessura do material Recursos/ eficiência do transporte, reutilização

Concepção estrutural da embalagem Recursos/ eficiência do transporte, reutilização

Tipo de fechos, etiquetas e seus materiais Recursos/ eficiência do transporte, reutilização

Tipos de acabamentos, tintas, adesivos, marcações e laminados

Emissões, reciclabilidade

Design gráfico e etiquetagem Reutilização

Não é fácil considerar todos os aspectos do design da embalagem e simultaneamente levar em conta os aspectos relacionados com as questões ambientais e, por isso mesmo será necessário tomar muitas decisões, antes da conclusão de um qualquer processo de design. O ideal de um processo de eco-design e desenvolvimento de uma embalagem, é este ser um processo passo a passo, que deverá ocorrer ao longo da concepção e que deverá interagir com o design do produto. Por esta razão, é importante ir verificando, ao longo dos vários estágios, deste processo, se as metas a que nos propomos vão sendo cumpridas. Da mesma forma é também essencial reconhecer, que já não é possível melhorar mais, nem o processo de design nem o próprio material usado. A escolha acertada deverá ser sempre dependente das circunstâncias particulares, dos impactos ambientais da mesma ao longo do seu ciclo de vida, das prioridades da empresa e dos seus objectivos estratégicos. A seguir, sumariza-se os principais passos típicos, num processo de design de produto/embalagem.

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Objectivos estratégicos e operacionais

• Compreender as tendências do mercado (identificar o mercado potencial para o eco-design)

• Estimar os potenciais benefícios e custos, directos e indirectos dos conceitos do design

• Transformar estes num caso de negócio e conseguir o envolvimento da gestão

• Defina objectivos estratégicos de curto, médio e longo prazo

Gestão do processo e estabelecimento das prioridades

• Obtenção de dados e definição do design – próprios ou da concorrência

• Estimar a aptidão da proposta de design

Estimar os efeitos ambientais da proposta de design

• Identificar as prioridades de melhoramentos (incluir as prioridades ambientais)

• Estabelecer os constrangimentos que o design inclui

• Definir um esquiço ou projecto de especificação (que inclua as prioridades e objectivos ambientais)

Desenvolvimento do conceito e gestão

• Gerar as opções do conceito para novo design ou re-design

• Discutir as opções com clientes e fornecedores – estimar a resposta do mercado

• Estimar a performance das opções do design face à proposta de design e outros aspectos ócio

Estimar os efeitos ambientais das opções de design

• Identificar as melhores opções considerando as prioridades que foram definidas

do neg

Rever

• Monitorizar as performances (incluindo as performances ambientais) no mercado e rever as opções do design

Detalhes do design

• Desenvolvimento de especificações detalhadas

• Discussão das especificações com clientes e fornecedores e refinar as mesmas

Estimar os efeitos ambientais das opções de design

• Levar a cabo a engenharia do produto

Continua

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Testes e afinações

• Desenvolver protótipos

• Testar os protótipos

• Obter o feedback dos clientes e fornecedores

Verificar se os objectivos ambientais ainda são os definidos inicialmente

Testes e afinações

• Design final na engenharia e fabrico

Dez questões básicas para o Eco-design

1 – Não conceba produtos, mas antes ciclos de vida; Não desenhe produtos amigos do ambiente, mas antes ciclos de vida dos produtos melhorados. Pense em todas as entradas de materiais e energia, usados para a execução e durante todo o seu ciclo de vida dos produtos, desde do “berço até à cova” ou melhor ainda, desde do “berço até ao berço”. Uma boa forma de documentar as suas investigações nesta área é através de uma matriz MET (materiais, energia, toxicidade) e, escreva alguns dos aspectos mais importantes desses factos na matriz.

2 – Os materiais naturais nem sempre são os melhores; É comum acreditar que os materiais naturais são, ambientalmente mais amigáveis do que os artificiais ou feitos pelo homem. Isto nem sempre é verdade. É claro que, um quilo de madeira causa menos emissões do que um quilo de plástico. Mas já pensou na tinta e nos produtos usados para preservar a madeira, na energia necessária para a secar e nas perdas sobre a forma de serrim e etc.. Em alguns casos, é frequente serem precisas 10 vezes mais de recursos para trabalhar a madeira do que para trabalhar o plástico. Então a questão que se põem é: - Pode-se comparar isto com base no peso? Na verdade não existem materiais ambientalmente amigáveis, mas antes produtos amigos do ambiente. A função do designer é a de desenvolvê-los com base no pensamento no ciclo de vida.

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3 – O consumo energético é frequentemente estimado por baixo Normalmente faz-se muito esforço e dedica-se muita atenção á selecção dos materiais, mas nem sempre tal é justificado. Se um produto consome energia na fase do seu uso, existe uma possibilidade de 1 para 10 desse consumo ser dominante. Normalmente existe uma tendência para sub-avaliar os impactos ambientais, derivados desse consumo energético uma vez que a energia ou, por exemplo, o gás não são palpáveis. Vejamos então alguns números que poderão ajudar a elucidar-nos um pouco melhor:

a) para produzir 10 Kwh de electricidade são necessários 2 kgs de petróleo; b) Para produzir 1 kg de plástico são necessários entre 1,5 e 2,5 kgs de petróleo; c) Uma máquina de café gasta cerca de 300 Kwh de electricidade durante a sua

vida, o que é igual a 60 Kgs de petróleo; d) Para produzir uma máquina de café, gasta-se normalmente menos do que 1 Kg

de plástico.

4 – Aumente o ciclo de vida do produto É possível influenciar a duração da vida de um produto de várias maneiras. Uma delas é torná-lo mais duradoiro do ponto de vista técnico, ou tornando-o biodegradável. O mais importante, é conceber produtos de tal forma que façam com que o consumidor se sinta agarrado a eles. Muitos produtos são rejeitados ou deitados fora, não pelo facto de partirem, mas antes pelo facto do consumidor se ter aborrecido deles.

5 – Não conceba produtos, conceba antes serviços

Muitas vezes as pessoas não querem produtos, mas antes soluções para certos problemas. Assim, por vezes um serviço em vez de um produto pode ser a solução. Por exemplo, os automóveis de aluguer, constituem uma solução de um serviço, para quem precisa de carro ocasionalmente. Um exemplo de solução, poderia ser o de aluguer de um espaço de estacionamento partilhado por vários utilizadores. Uma outra solução possível é a do aluguer de embalagens industriais de grande capacidade, por exemplo, contentores ou IBC’s, de 1000 litros ou paletes.

6 – Use o mínimo de material Utilizar menos material pode parecer óbvio, mas embora não pareça é bem mais complexo do que parece. Frequentemente, pode-se reduzir o consumo de material, com uma visão critica das dimensões da mesma, recorrendo às técnicas de produção. Pode mesmo ser vantajoso usar materiais com menores impactos ou cargas ambientais, por quilo, economizando no peso. Isto é particularmente importante, sobretudo no caso do transporte, uma vez que menor peso significa menor consumo de combustível.

7 – Utilize materiais reciclados Não faça apenas os seus produtos, de forma a serem reciclados, faça-os a partir de matérias-primas recicladas sempre que possível.

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Se, enquanto designer, conceber produtos recicláveis, no futuro não haverá procura de materiais para reciclar. A existência da procura de materiais para reciclar, justifica-se pela falta de alternativas e os preços sobem.

8 – Faça os seus produtos recicláveis A maior parte dos produtos podem ser reciclados, mas apenas alguns deles o são. Só os produtos que são facilmente desmontáveis e que têm um valor suficientemente elevado, são escolhidos para reciclagem. É possível aumentar as possibilidades dos seus produtos serem reciclados, através da optimização do design. Use algumas destas regras simples se, por exemplo, quiser reciclar termoplásticos. - Não use tintas sobre o plástico; - Não cole etiquetas ou outras indicações sobre as peças de plástico; - Não combine plásticos diferentes; Para permitir a reciclagem de componentes metálicos, não faça peças com misturas e com elevados teores de, por exemplo, cobre. A reciclagem de termo-fusíveis ou de muitos dos têxteis não é possível. Nestes casos a melhor solução será enviá-los para$ a produção de energia através da queima.

9 – Faça perguntas estúpidas Muitas vezes as decisões que tomamos são baseadas nas práticas comuns: “sempre o fizemos desta maneira e, sempre funcionou bem”. É possível fazer enormes melhoramentos, nas performances ambientais dos produtos, com as consequentes economias, fazendo uma simples e muito óbvia pergunta, “porquê?”. Use as “perguntas estúpidas” como uma ferramenta. Uma empresa que gastava 3 quilos de matéria-prima para produzir 1 quilo de poliéster, depois de fazer vezes sem conta a pergunta, “porquê?”, descobriu que podia fazê-lo com apenas 1,5 Kgs de material à entrada. Uma determinada empresa, produzia embalagens destinadas a conservar alimentos frescos durante 18 meses. Após uma análise critica, descobriu que os seus produtos eram consumidos num prazo máximo de três meses. Este facto deu origem a uma embalagem completamente diferente. Uma empresa produtora de tubos, tinha tradicionalmente um tubo de diâmetro de 80 mm. Depois de estudar o assunto, chegou à conclusão que essa medida poderia ser substituída por um diâmetro de 50 mm, reduzindo a gama de produtos.

10 – Torne-se membro do clube O2 Seguir as indicações aqui dadas, pode ajudar a reduzir os impactos ambientais dos produtos em 30 ou mesmo 50%, no entanto os progressos, só podem ser feitos com muita imaginação e esforço, imaginando o impensável. Um grupo de designers internacional, planeou isto mesmo e criou um site designado por o2, que tem como objectivo o Desenvolvimento Sustentável. Consulte o site, veja algumas ferramentas e ideias e divirta-se.

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Algumas questões de gestão importantes Compromisso e estratégia

Aos programas de eco-design só funcionarão se tiverem o compromisso empenhado da gestão, por isso é essencial transformar esta questão numa questão importante do negócio. A Gestão deve conhecer perfeitamente alguns dados, como:

• Os custos líquidos estimados – obtidos normalmente a partir da redução da matéria-prima, maior eficiência do transporte, dos melhoramentos na produtividade, etc..

• Os efeitos prováveis na melhoria da quota de mercado. Na análise inicial, os trabalhos conducentes à implementação de uma medida destas, devem considerar também, o valor espectável do mercado e a reacção dos “consumidores verdes”, através das necessárias discussões com os clientes e fornecedores. Considerando que os benefícios são inquestionáveis e o compromisso com a gestão de topo está garantido, é então possível identificar e estabelecer uma estratégia e os objectivos operacionais, incluindo os objectivos ambientais a atingir. Esta abordagem assegurará que as questões ambientais, foram consideradas, numa lógica integrada, no desenvolvimento do processo.

Sobre o design e as especificações A abordagem dos parâmetros e do projecto deve ser baseada nos objectivos do negócio, incluindo as considerações sociais e ambientais, devendo estes ser clarificados tão cedo quanto possível. As conclusões e as especificações do design, devem estabelecer os parâmetros com os quais os produtos ficarão conformes, devendo também identificar os constrangimentos de todo o desenvolvimento do design. Estes serão a base de avaliação dos conceitos do design e, o seu desenvolvimento deve fazer-se com a colaboração e consulta a todas as partes envolvidas no processo do design. Uma boa pesquisa e uma boa definição das especificações, reduzirão os riscos dos custos posteriores de correcções processo do design. Cerca de 80% dos custos, estão relacionados com a fase de desenvolvimento do conceito. A especificação de engenharia aparecerá na fase final, após a eleição do conceito do design. É essencial a utilização dos recursos apropriados, como ter uma equipa multi-disciplinar para a concepção da embalagem, equipa essa que deverá analisar todas as funções da mesma embalagem e relacioná-las com o negócio. Algumas dessas questões são:

• O desenvolvimento e design do produto;

• O desenvolvimento e design da tecnologia de embalagem;

• O marketing e as vendas;

• O negócio em si;

• O fabrico;

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• A armazenagem e a distribuição;

• O ambiente, a saúde e segurança. O pessoal deste staff, deverá ter formação apropriada, com treino específico nas ferramentas de concepção, mas isto não se aplica apenas à área das embalagens, mas antes a todas aquelas que envolvem um processo deste tipo. Para o desenvolvimento de um nível óptimo de embalagem, é necessário estabelecer o balanço entre as necessidades comercial, técnica, regulamentar e ambiental de cada produto. A equipa de desenvolvimento do produto, precisa de ter um conhecimento detalhado da informação técnica e das exigências legislativas, para fazer esse balanço.

A cadeia de fornecimento A gestão da cadeia de fornecimento, deverá trabalhar com clientes e fornecedores, devendo ser feito um esforço de envolvimento destes, por duas razões:

• Estes (fornecedores e clientes), devem ser influenciados e motivados;

• Para não se desperdiçar tempo e recursos com aspectos que estão para além das possibilidades da empresa.

Por exemplo, supondo que o produto é executado a partir da extracção de um mineral, a empresa pode considerar que os aspectos relacionados com essa extracção estão fora da sua área de influência e controlo. No entanto ela pode enviar sinais fortes ao mercado, através da exigência de dados ambientais ao seu fornecedor e mesmo considerando a hipótese de troca de materiais. A obtenção de dados sobre a embalagem, dos seus fornecedores é crucial, quer para o processo de design, quer para cumprir as obrigações legais, ao abrigo da legislação sobre embalagem e resíduos de embalagem. É importante considerar os efeitos práticos das mudanças de design na embalagem ou de outras partes desta. Por exemplo, uma mudança nas especificações da tinta ou do verniz, pode ter efeitos significativos na conversão do processo de produção, uma mudança na fita-cola, pode afectar a linha de enchimento. Quando são usados materiais reciclados, é particularmente importante, ter uma boa ligação com o reciclador em questão, para garantir que os materiais têm a qualidade desejada. Ao mesmo tempo, é importante conhecer o destino da embalagem, uma vez que este poderá influenciar o design e as questões que se podem colocar são:

• A embalagem será retornável ou será reutilizável pelo cliente?

• A embalagem será sempre usada com o mesmo fim?

• A embalagem será reciclada, será enviada para compostagem, incinerada ou pura e simplesmente irá para aterro?

Como as técnicas de triagem e re-processamento variam ao longo dos países, devem ser por isso mesmo considerados os casos que tipificamos aqui.

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O Design e o Ambiente

Qualquer empresa, pode lançar um Programa de Boas Práticas Ambientais, destinado a disseminar boas práticas dentro da empresa. Uma pequena equipa de técnicos da área ambiental e da área da embalagem, podem trabalhar directamente com os compradores e as vendas, para uma gama de produtos ou para todos os produtos. Esta equipa pode mesmo elaborar manuais que visem a optimização da embalagem para uso interno e dar depois instruções aos clientes através de um outro Manual de Redução dos Impactos Ambientais.

Gestão ambiental e a tomada de decisão O conhecimento dos impactos ambientais causados pela embalagem, só por si, pode não ser suficiente, para tomar decisões de modo a fazer a melhor escolha, considerando todos os critérios. Pode dar-se o caso, por exemplo, de uma das opções ser melhor do que outra em termos dos recursos usados, mas ser pior em termos de perfil de emissões. É claro, que a gestão do design em termos dos impactos ambientais, pode ser uma coisa complexa. No entanto, podem ser obtidas melhorias significativas, através de decisões de senso comum, baseadas na informação que todos dispomos. O principal é evitar detalhar demasiado. Um grupo de trabalho interno multidisciplinar, pode ser a chave para obter grandes benefícios, particularmente na fase inicial de processo de design. Estes brainstormings, são uma de várias maneiras simples de obter resultados como veremos mais à frente. Muitas vezes os critérios têm que ser baseados primeiramente na relação custo / benefício ou outros objectivos do negócio. Qualquer que seja a opção, ela tem que ser antes do mais, clara, transparente e consistente.

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Gestão do ciclo de vida Em alguns casos, por exemplo, quando falamos de diferentes opções de embalagem, é importante considerar toda uma série de impactos, directos e indirectos, ao longo do seu ciclo de vida, desde da extracção da matéria-prima, até ao fabrico e uso dessa embalagem e, da sua deposição final.

É possível adoptar uma abordagem sistemática para este tipo de gestão de embalagem, usando a gestão do ciclo de vida (ACV) nas suas várias formas. Isto deverá envolver, cada estágio do ciclo de vida da embalagem e, não apenas os impactos causados pelo processo industrial mas também aqueles associados aos veículos usados para o transporte. O consumo de combustível dos veículos pesados,

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por exemplo, são típicos consumos da ordem dos 20 a 25 litros aos 100 quilómetros e esses veículos têm também os seus impactos ambientais adversos. A gestão de embalagens do ponto de vista do ciclo de vida pode, na prática, ser difícil devido à grande variedade de possíveis impactos – positivos e negativos. Por exemplo, se uma embalagem plástica é reciclada, o processo de reciclagem elimina os impactos negativos associados à extracção das matérias-primas, ou seja da fabricação a partir dos polímeros virgens. Ao mesmo tempo, o processo de reciclagem, tem também os seus impactos negativos próprios, em termos de recolha, separação e processamento.

Os estudos de Análise do Ciclo de Vida, levados a cabo sobretudo noutros países, provam que a reciclagem (recolha, re-processamento e fabrico) geralmente oferece grandes benefícios ambientais quando comparada com a fabricação de matéria-prima virgem. Isto é particularmente verdade no caso dos metais, vidro e papel e os ganhos energéticos são importantes, bem como a redução de emissões para a atmosfera. Estes benefícios são particularmente elevados, quando a recolha, processamento e uso tem lugar, duma forma local ou regional. Isto significa que devem existir mercados locais para os materiais reciclados – e estes mercados podem ser estimulados através dos compradores de embalagens e designers, através do uso destas fontes de materiais reciclados. No entanto, à medida que o material é mais contaminado e quanto mais longe eles estiverem, menores serão estes benefícios. Neste caso, o esforço e energia dispendida para a recolha, triagem e processamento destes materiais, será maior. Similarmente, o sistema de embalagens retornáveis, só oferece uma solução mais ambientalmente mais amigável se estes retornos forem feitos nos mesmos veículos que fazem a distribuição, em vez de circularem vazios.

A solução será a de verificar todos os impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida, e ver qual o seu balanço. À medida que a embalagem vai sendo optimizada com as preocupações ambientais em mente, é essencial fazer constantes verificações nos critérios da performance, para ajustar a funcionalidade a um custo mínimo, sem perder de vista as questões ambientais. Toda a legislação relacionada com a embalagem, aponta para a redução da relação peso / volume, esperando atingir os valores limites, sem comprometer a eficácia da mesma. Por essa razão, é necessário fazer testes e ensaios, como forma de provar a adaptabilidade das embalagens ao propósito para o qual foram concebidas. Organizações como o CNE (Centro Nacional de Embalagem), têm laboratórios onde podem ser feitos testes e ensaios para demonstrar essa adaptabilidade e verificar se elas cumprem as condições de segurança que são impostas, tais como resistência à carga (empilhamento), resistência ao choque, vibrações, comportamento à temperatura e etc..

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Ferramentas e métodos para o Eco-design As ferramentas e métodos do eco-design, podem ser usadas para ajudar em vários estágios do processo de design da embalagem, sobretudo nos passos 2 e 3 do diagrama anteriormente descrito, na figura atrás. No entanto, as ferramentas e métodos apropriados a cada estágio, dependerá das circunstâncias particulares envolvidas, ferramentas simples tais como listas de verificação, diagramas de causa e efeito e software diverso, podem ser usados por todas as empresas, qualquer que seja o seu tamanho, para obter e dar informação sobre os vários aspectos de processo de design.

Geração e selecção de ideias A geração e gestão de ideias, é obviamente vital para o processo de eco-design, devendo ser claramente identificadas as objecções e os constrangimentos. A partir deste envolvimento, podem gerar-se ideias, algumas das quais serão de baixo risco e algumas de alto risco, que poderão ser analisadas e consideradas. Uma das formas de abordar a geração de ideias é através do “brainstorming”, que basicamente envolve a equipa de desenvolvimento, que regista e analisa essa ideias, podendo ser simultaneamente uma forma de encorajar a inovação. O diagrama de “espinha de peixe” ou causa e efeito, pode ser usado como uma ferramenta, para a organização das ideias que se geram durante a sessão de brainstorming, não havendo limite para o número de ramificações e sub-ramificações que podem ser incluídas.

Tipo de material

Grau ou estrutura do

material

Forma ou volume

Sistema de fecho Tipo de fixações Tintas e revestimentos

Melhorias no design

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O Design e o Ambiente

Todas as ideias que se enquadrem dentro dos critérios da gestão em curso, deverão ser registadas e, se necessário votadas. A análise de valor, que ajudará a atingir o objectivo de máxima funcionalidade pelo menor custo e menor impacto ambiental, será uma boa base de trabalho. Um pequeno número de ideias poderá gerar grandes benefícios. Uma ferramenta muito conhecida, para a filtragem de ideias, chama-se a “convergência controlada”. Esta técnica permite aos participantes, considerar os bons e maus aspectos de cada ideia, usando uma matriz de pontuação e de importância relativa, ou seja, pode descrever-se como se segue:

• Passo 1: Decida quais os critérios e o seu peso relativo;

• Passo 2: Defina um benchmark6 de referência para cada um dos critérios, por exemplo, um produto ou o estado dele em cada caso;

• Passo 3: Numere as ideias, numa escala de, por exemplo 1 a 5, com valores positivos, quando as ideias forem melhores e, com valores negativos quando elas forem piores e use o zero para as ideias que não introduzem mudanças significativas;

• Passo 4: Calcule a soma do peso relativo, multiplicando os pontos pelo peso dos critérios e some todos os valores obtidos (veja melhor o exemplo na tabela abaixo).

Materiais Energia Toxicidade Pontos totais

Pontuação Pontuação relativa

Factor 3 x 3 x 5 x

Opção 1 3 (9) 3 (9) 5 (25) 43/55 78% 100%

Opção 2 4 (12) 5 (15) 2 (10) 37/55 67% 86%

Opção 3 2 (6) 4 (12) 4 (20) 38/55 69% 88%

Métodos de comparação simples As técnicas simples de utilização de ferramentas de visualização, podem também ajudar a comparar sistemas de embalagem. Uma dessas formas de ilustrar é através de um gráfico de aranha. O exemplo dado a seguir, foi adaptado para o nosso caso das embalagens. Neste exemplo existem oito critérios a ser considerados, cada um pontuado numa escala relativa de 0 (pior) a 10 (melhor). Os critérios e a importância relacionada com cada um, deve ser relevante, para as prioridades da empresa. A decisão tem que levar em conta, cada um dos oito aspectos ou categorias e, estes podem, por seu lado, ser baseados em decisões que têm a ver com sub-categorias.

6 O “benchmark” é um processo sistemático e contínuo de avaliação dos produtos, serviços e processos de trabalho de organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a finalidade de introduzir melhorias na organização.

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No gráfico apresentado foi dado um valor a cada categoria, igual em termos de peso ou importância no processo. Novo conceito

Ex: Sistema de enchimento

Materiais renováveis / reciclados

Materiais com baixa perigosidade

Materiais com baixo peso

Baixo teor de resíduos e emissões na produção

Eficiência no transporte (forma / volume)

Reutilização

10 9 8 7 6 5 4 3 2

7

8

1

2

3

4

5

6

Reciclabilidade / compostabilidade

Esta figura mostra dois traços plotados sobre o diagrama: um é o do produto existente (verde) o outro é o do produto proposto. O diagrama mostra ainda que a nova embalagem, neste caso, é tão boa ou melhor do que a primeira, excepto no que diz respeito à reutilização, onde esta é manifestamente pior do que aquela e, ainda no que diz respeito ao peso dos materiais a usar onde também é ligeiramente pior. Se estes dois não forem factores críticos, e se todos os outros factores são de igual importância, as conclusões a tirar, são as de que a nova embalagem será largamente melhor que a inicial.

Ferramentas para a gestão do ciclo de vida A gestão do ciclo de vida é uma forma de identificar e levar em conta toda uma série de impactos ambientais associados à embalagem. Idealmente, a Análise do Ciclo de Vida deve seguir as orientações contidas na série de Normas 7 ISO 14040, cujos passos são os seguintes:

7 Ver em Anexo notas sobre as Normas ISO 14040, relativas a este tema.

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O Design e o Ambiente

• Definir as grandes linhas do sistema;

• Compilar um inventário dos aspectos chave das entradas e saídas do sistema de produtos (todos os processos);

• Avaliação dos impactos ambientais dessas entradas e saídas;

• Interpretar os resultados do inventário e da análise dos impactos;

• Voltar a rever o trabalho. Um estudo de ACV, usa o detalhe dos dados que são relevantes para o processo em questão. Mesmo quando a embalagem é relativamente simples, pode haver vários materiais envolvidos e numerosos processos durante todo o ciclo de vida, razão pela qual esta análise pode envolver dezenas de parâmetros ao longo das típicas 5 ou 10 categorias escolhidas anteriormente. Este é o problema das Análises de Ciclo de Vida.

• Um estudo do ciclo de vida, só pode ser levado a cabo, quando se conhecem todos os detalhes específicos, normalmente na altura do design do processo;

• Os inventários e impactos ambientais, precisos, compreensíveis e representativos, demoram tempo e consomem muitos recursos;

• Os resultados podem ser difíceis de interpretar, sobretudo quando os parâmetros são muitos e muitas vezes não são comparáveis entre si.

No entanto, hoje existe já software8 próprio, que utiliza dados genéricos de outros processos, para levar a cabo esta tarefa, que pode ser usado para avaliação de uma série de impactos e dessa forma fazer a sua análise.

O detalhe do design O detalhe do design pode geralmente ser baseado no detalhe das especificações, que acompanham o conceito de desenvolvimento do produto. A complexidade das considerações envolvidas nesta análise, frequentemente requer o auxílio de computadores equipados, normalmente com software de desenho (CAD/CAM). Estes pacotes de software permitem a visualização em 3D, dos conceitos da embalagem e em alguns casos este software podem mesmo integrar o software de ACV. No caso dos plásticos e do vidro, utiliza-se a análise do fluxo de alimentação (mold flow analysis), através da qual se podem obter um melhor conhecimento de como o material se move no interior do molde e onde é que a espessura da parede deve ser mais grossa ou mais fina e ainda qual é, e onde é o ponto de maior stress a que a peça está sujeita. Este método pode também ser usado para melhorar a alimentação do molde e reduzir os tempos de moldagem, reduzindo dessa forma os custos energéticos.

8 Alguns das referências conhecidas encontram-se nas páginas finais sobre a forma de Anexo

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A redução de substâncias perigosas nas embalagens Existem quatro aspectos importantes, no que diz respeito ás substâncias perigosas nas embalagens:

• Os metais pesados (crómio hexavalente, chumbo, cádmio e o mercúrio);

• Os solventes existentes nas tintas;

• As colas e adesivos;

• Os papeis tratados com químicos. A utilização do PVC (policloreto de vinilo) pode também ser visto com alguma preocupação, numa perspectiva de ciclo de vida (como se verá mais à frente): As principais fontes de metais pesados nas embalagens, vem dos pigmentos e de alguns materiais reciclados. Em geral, os fabricantes europeus de tintas e pigmentos, estão desde há algum tempo a abandonar a utilização de pigmentos com metais pesados. No entanto, deve sempre verificar-se a existência destes sobretudo quando os mercados de origem são fora da UE. Estes podem ser introduzidos nos produtos que incorporem reciclados (que foram fabricados com pigmentos à base destes metais pesados), mesmo quando incorporados em pequenas quantidades. O vidro que pode conter também chumbo e o papel, normalmente entram no nosso mercado, sobretudo quando vêm já como produtos reciclados. Os pontos fundamentais aos quais se deve dispensar atenção especial quando a embalagem é concebida, para minimizar as substâncias perigosas contidas nelas, são:

• Assegurar-se de que estas não têm presentes substâncias consideradas perigosas, metais pesados ou outros, incluindo as tintas e colas que a compõem, mesmo quando se tratar de embalagens recicladas ou produzidas a partir de materiais reciclados;

• Deve tentar usar-se tintas que tenham os menores impactos ambientais. As alternativas possíveis às tintas com solventes (que estão no origem da libertação de COV’s), incluem tintas à base de água, que infelizmente ainda não são muito vulgares no nosso mercado e que são substancialmente mais caras. No entanto, deve levar-se em conta os prós e os contras dos aspectos ambientais, para cada alternativa e ainda as suas limitações de aplicação;

• Considere a hipótese de usar adesivos com base água e os hot-melt’s, em vez dos produtos de base solvente. Esteja certo de que, no entanto, estes têm tempos de secagem mais elevados e também temperaturas de secagem mais altas, com um maior consumo de energia e com desvantagens quando se tratar de papel;

• Tal como no caso dos outros materiais, pense muito bem sobre os benefícios ou as desvantagens da utilização do PVC, antes de o usar numa embalagem;

• Utilize a informação contida nas especificações (data sheets), que os fornecedores são obrigados a incluir (sobre substâncias químicas perigosas) e outra informação sobre embalagem e a regulamentação sobre a mesma.

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• Leve em conta a gestão dos riscos, como deveria ser exigido, e identifique e implemente as medidas de gestão de riscos apropriadas. Se tiver dúvidas informe-se, através do Ministério do Ambiente, do CNE (Centro Nacional de Embalagem) ou outro organismo oficial;

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O Design como recurso da minimização Se a reutilização de embalagens não é apropriada ao seu caso, então deverá usar embalagens de apenas um uso, isto é, embalagens concebidas para a satisfação do objectivo de embalar o produto apenas uma vez. No entanto, a utilização destas embalagens devem ter como pressuposto, uma filosofia de design, de minimização dos recursos seja em relação a materiais, energia e ainda aos impactos do transporte.

No entanto, e como já falamos atrás, devemos ter cuidado com as implicações desta minimização, uma vez que qualquer alteração na embalagem primária9, poderá vir ter repercussões na embalagem secundária10 a até mesmo na embalagem terciária11. Sempre que possível maximize a embalagem, desde de que o consumidor o permita, para minimizar a quantidade de embalagem por unidade de produto. Alguns princípios que deve ter presente, quando se trata de melhorar a embalagem, são:

• Se for necessário não se coiba de eliminar embalagem. A embalagem quanto menor, melhor;

• Elimine cintas, laminados e outras misturas de embalagem;

• Elimine o uso de adesivos e agrafos metálicos.

• Reduza também o uso de etiquetas, através de marcações nas embalagens, de preferência embutidas ou outras;

• Reduza os espaços vazios, nas embalagens de conjunto;

• Evite usar enchimentos (por exemplo blocos de EPS) e plástico com bolhas (bubble-wrap), melhorando o design da embalagem para evitar o uso destes enchimentos;

• Quando a embalagem é composta, elimine partes dessa embalagem para reduzir o peso da embalagem total;

• Não utilize caixas de cartão duplo, quando tal não é necessário;

• Reduza a espessura média da embalagem, sempre que possível;

• Não faça a embalagem secundária muito forte, se a primária já garante a segurança do produto. Não esqueça que o própio produto também confere rigidez à embalagem;

• Substitua os adesivos por cola, sempre que possível;

• Minimize o tamanho das etiquetas. Não deixe que o tamanho da informação dite o tamanho da embalagem;

• Utilize colas de baixa temperatura de fusão. Desta forma será necessária menos energia para tornar a cola liquida;

9 Embalagem primária é a embalagem individual do produto 10 Embalagem secundária é a embalagem agrupada, ou seja por exemplo, uma palete de outras pequenas embalagens 11 Embalagem terciária é a embalagem que se destina ao transporte

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O Design e o Ambiente

• Considere a possibilidade de mudar de tintas para as marcações e faça os cálculos sobre a s eventiuais economias possíveis;

• Quando usar plástico retráctil, considere a temperatura necessária para formar a embalagem. Plásticos com baixos pontos de selagem consomem menos energia. Existem plásticos de baixa densidade que funcionam a 75º, no entanto outros precisam de cerca de 100º para fazerem o mesmo;

• Escolha a forma de embalagem que garanta a maximização do transporte e a utilização máxima das paletes;

• Decida-se pela distribuição de packs, para maximizar a eficiência. Não esqueça que os packs devem ser compatíveis com as normas em vigor (por exemplo, de acordo com as Normas ISO em módulos de 600 x 400), desta forma encaixarão exactamente nas paletes, também elas normalizadas;

• A dimensão das paletes deve ser multipla das embalagens individuais. Se acontecer de tal não ser possível, é preferível que sejam ligeiramente inferiores do que ligeiramente superiores;

• Considere a hipótese de produzir produtos concentrados, como acontece já com alguns liquídos para as máquinas de lavar roupa e louça;

Em suma, o que estivemos a esplanar foi, de forma simplificada, alguns princípios para:

• Eliminar embalagem;

• Reduzir o espaço inútil;

• Reduzir o peso e o tamanho da embalagem;

• Reduzir o uso e consumo de energia;

• Melhorar a eficiência do transporte.

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O design usando materiais renováveis ou reciclados Os materiais de embalagem que incluem componentes reciclados, em particular os plásticos e também o cartão, ajudam a melhorar a imagem da empresa no mercado e, ao mesmo tempo, ajudam a reduzir os custos.

No entanto, os materiais reciclados são frequentemente olhados com suspeição, talvez por causa de muitas empresas não terem tido boas experiências com a qualidade destes produtos, no passado. Vale a pena, ter presente os seguintes aspectos chave:

• O vidro, o metal e uma grande parte dos cartões, usados na embalagem, contêm já uma proporção significativa de materiais reciclados, oriundos dos resíduos domésticos há muitos anos;

• Os standards da reciclagem para o papel e para o plástico, têm vindo a melhorar significativamente, durante a ultima década, com melhores controlos e melhores técnicas, estando apenas alguns poucos pontos abaixo dos produtos virgens. Isto torna-os aceitáveis;

• Um ensaio que tenha corrido mal, não significa que vá sempre correr mal e, que não exista outra alternativa em reciclado;

Quando falar de embalagens, considere primeiro os princípios gerais:

• Especifique-a em termos de performances, em vez de em termos de materiais;

• Tente assegurar-se que ela incluirá materiais reciclados, sejam oriundos da área do consumo seja da área industrial, embora para efeitos formais só conte os materiais que vierem da área do consumo;

• Não exclua automaticamente os materiais reciclados, na embalagem de produtos alimentares, antes assegure-se de que é garantida a protecção adequada, contra possíveis migrações e contaminações (micro-bilógicas ou químicas);

• Siga as recomendações internacionais, identificando que utiliza materiais reciclados;

Sobre o papel e cartão:

• Assegure-se de que o papel e o cartão, da utilização industrial como bidões e etc., é produzido com percentagens elevadas de material reciclado;

• Lembre-se de que nas aplicações não alimentares, pode quase sempre ser usado o cartão reciclado;

• Mesmo nas aplicações alimentares é possível incorporar alguma percentagem de cartão e papel reciclado;

• Use a minização de resíduos para fazer um uso eficaz das embalagens; Sobre o plástico:

• Considere a possibilidade de usar, pelo menos, uma pequena percentagem de material reciclado, a menos que o produto a executar tenha uma elevada

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performance e especificação. Existe um grande potencial de utilização de reciclados no caso de peças de média ou baixa performance;

• Considere o uso de sacos e contentores em plástico co-extrudido, porque permite utilizar a inclusão de plástico reciclado vindo da área de consumo;

• Se necessário, estabeleça um circuito fechado, de forma a garantir que só o seu plástico é re-incorporado e reciclado;

• Lembre-se que os resíduos da produção (purgas), podem ser usados por si, como se fossem materiais virgens;

Sobre o vidro:

• Se é um importador de produtos em vidro (vinho, ou cervejas, por exemplo) especifique o vidro transparente como primeira opção e o castanho ou verde como alternativa;

• Se for fabricante, considere o uso de vidro castanho ou verde, porque isto ajudará a reciclar e a tornar mais económico o processo de fabricação de vidro;

• Considere o uso de mangas retrácteis ou revestimentos orgânicos, para dar cor e imagem aos produtos, porque isto permitirá fazer as garrafas de qualquer cor a partir do vidro reciclado;

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O design de embalagens para reutilização A embalagem, destinada a reutilização, é parte de um sistema fechado, podendo fazer várias “viagens”, dependendo da sua durabilidade e resistência. Estão neste caso, os vulgares bidões de 200 litros, utilizados e reutilizados pela indústria, com particular relevo para a indústria química e petrolífera.

No entanto, as embalagens não reutilizáveis (one-trip), são muitas vezes também elas reutilizadas na prática. Qualquer que seja o caso, é de encorajar a reutilização, como forma de minimizar os consumos quer de recursos quer de outro tipo, através por exemplo, do aumento da espessura, em vez de tornar a embalagem ultra leve e de apenas um uso.

Questões relacionadas com a reutilização:

• De acordo com os sistemas de reutilização, veja como é que a embalagem pode ser reutilizada e conceba-a para tal;

• Algumas embalagens de transporte podem ser usadas nos pontos de venda. Agora muitos supermercados utilizam estas embalagens para expor os seus produtos;

• Considere uma reutilização, ainda que seja para fins menos nobres que aqueles para os quais a embalagem foi concebida;

• Qualquer que seja o tipo de reutilização, faça o possível para tornar esta uma possibilidade;

• O material muda. Faça a embalagem capaz de resistir, tornando-a mais resistente à partida, para a tornar reutilizável;

• Considere o acabamento, para que ela possa manter o seu aspecto mesmo depois de reutilizada uma série de vezes;

• Faça a embalagem leve mas durável. Se for necessário projecte a embalagem em plástico para que não se detiore tão rapidamente e dessa forma possa ser reutilizada;

• Conceba a embalagem para que o produto possa ser descarregado sem lhe provocar danos;

• Faça a embalagem rapidamente colapsável ou conceba-a para reduzir a armazenagem e o impacto no transporte.

• Forneça informações sobre como tratar a embalagem no fim de vida;

• Assegura-se de que usa um sistema de abertura fácil e seguro, para facilitar o uso e a movimentação;

• Faça com que as etiquetas sejam facilmente removíveis;

• Faça a embalagem de forma a que a sua lavagem seja feita facilmente e quando for necessário, seja por razões de segurança, higiénicas ou outras;

• Faça a embalagem modular e reparável;

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• Faça com que qualquer processo de limpeza ou recondicionamento tenha o menor impacto ambiental possível;

Em suma, o que estivemos a esplanar foi, de forma simplificada:

• Tipos de reutilização;

• Durabilidade e peso;

• Uso e movimentação;

• Limpeza e adequação a novo uso;

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O design da embalagem para reciclagem e compostagem O design da embalagem para reciclagem e / ou compostagem, deve levar em conta a forma como ela vai ser manuseada após o seu uso. Por outras palavras, os designers têm de considerar a forma como:

• É feita a segregação, recolha e a triagem;

• Como é que é feito o reprocessamento; Os plásticos, por exemplo, são normalmente triados por côr e por tipo de polímero. Depois desta primeira fase, eles são cortados e lavados, para remoção das etiquetas e outras impurezas presentes neles. Podem usar-se tanques de flotação, para proceder à separação de polímeros mais leves (tais como o PP, o LDPE e o HDPE) dos mais pesados (tais como o PET e o PVC) e das impurezas contaminantes. Normalmente é usado ar em contra corrente, para separar as etiquetas e restos de filmes, dos flocos de plástico. O polímero depois de limpo e separado, é então aquecido, extrudido e transformado em granulos para posterior comercialização. Hoje existe já, em Portugal, uma solução de reciclagem de plásticos misto (vários tipos de plástico misturados e de difícil identificação e separação), que processa este tipo de plástico, mesmo sem lavagem prévia, produzindo perfis semelhantes à madeira, em cor e textura, com os quais se fabrica depois mobiliário destinado sobretudo a áreas de lazer e outro equipamento urbano. Embora esta seja uma boa solução para minimizar as quantidades de plástico depositadas em aterro, não será seguramente uma solução milagrosa e, por isso é importante a continuação da colaboração de todos na separação e triagem destes, para minimizar este volume dos chamados plásticos mistos. As fábricas de papel, recebem os resíduos de papel de várias procedências e tipos e, utilizam várias combinações desde a agitação mecânica, screening, flotação e centrifugação, no processo de preparação da polpa. Desta forma, a contaminação, de metais e de filmes plásticos, pode ser segregada e, os adesivos e tintas são também removidos ou dispersos. Deve no entanto, prestar-se atenção às características de reciclabilidade de todos os componentes, no processo de design e produção das embalagens. Na prática a reciclagem de produtos usados, é determinada não só pela recolha, triagem e processo de reciclagem, mas também na expectativa de uso que esses produtos virão a ter, após a reciclagem.

Materiais simples e polímeros compatíveis • Nos casos de embalagens combinadas, pense na hipótese de utilizar apenas

um tipo de material, por exemplo, apenas cartão em lugar de cartão e EPS;

• Sempre que possível utilize embalagens feitas apenas de um tipo de polímero, ou em alternativa, utilize polímeros compatíveis, uma vez que são mais fáceis de reciclar e, evite a utilização de etiquetas sobre o HDPE;

• Identifique claramente qual o tipo de polímero usado, com base no Sistema de marcação da SPI - Society of the Plastics Industry, Inc, e da Association of Plastico Manufacturers in Europe (APME) (veja a tabela em Anexo);

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Minimize a contaminação • Evite usar colorantes nas embalagens de plástico sempre que for possível.

• Evite juntar plásticos de cores diferentes na mesma peça, quando a conceber, uma vez que isso limita as potencialidades da reciclagem;

• Minimize o uso de tintas, adesivos e outros acabamentos, uma vez que geralmente eles precisam de ser removidos antes do processo de reciclagem;

• Minimize o uso de etiquetas, para além das estritamente necessárias, uma vez que elas também têm que ser removidas para viabilizar a reciclagem;

• Use fixações rápidas e de fácil remoção, uma vez que os agrafos dificultam a reciclagem. Use-os apenas onde são estritamente necessários;

• Evite, no papel o uso de fitas adesivas;

• Evite as combinações de papel e plástico na mesma embalagem, a menos que seja absolutamente necessário;

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Anexos

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A Identificação dos plásticos O que é o PET e porquê este nome no fundo de uma garrafa de plástico? Todos já viram, muito provavelmente um pequeno triângulo com um número no centro, e no fundo de uma garrafa de plástico. Mas porque o que é que estes sinais no fundo da garrafa nos pretendem dizer? Eles existem por causa da reciclagem. Muitos produtos tornam-se baratos quando produzidos em plástico e, por essa razão são produzidos numa lógica de “consome e deita fora”. Este género de uso cria grandes quantidades de resíduos, cuja única solução é a reciclagem, como forma de reduzir o seu volume. Antes da reciclagem os plásticos têm de ser triados. Existem muitos tipos de materiais diferentes que são usados genericamente como plásticos e, muitos deles não podem ser misturados. Para ajudar a sua separação por tipos, convencionou-se proceder à marcação destes com um símbolo triangular com um número identificativo no meio. Esta marcação é gerida e convencionada pela SPI - Society of the Plastics Industry, Inc, que foi fundada em 1937 nos EU. Os plásticos ou polímeros, são usados para muitos tipos de aplicações e têm diferentes propriedades. Por vezes, precisamos de plástico transparente para algumas utilizações mas, outras vezes, já não é possível usar esse plástico para outras aplicações. Assim cada número inserto nesse triângulo equivale a um tipo de polímero, que está na origem da peça, garrafa ou outro qualquer. Cada polímero tem diferentes propriedades, sobretudo porque tem uma diferente estrutura molecular. A seguir, pode-se ver um diagrama onde cada número corresponde a um plástico e a uma estrutura molecular desse polímero.

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O Design e o Ambiente

Símbolo Fórmula química

Nome Utilização

Polietileno Teraftalato (PET)

Inventado por J.R. Whinfield e J.T. Dickson,

em 1940.

Roupas, filmes

plásticos e garrafas

Polietileno de Alta Densidade

HDPE / Inventado por Robert L. Banks e J. Paul Hogan,

1951.

Todo o tipo de embalagens,

sobretudo embalagens

industriais e de grande capacidade

Policloreto de Vinil

PVC Inventado por Waldo

Semon em 1926.

Tubagens,

persianas para janelas e etc.

Polietileno de Baixa Densidade

LDPE Inventado por Eric Fawcett

e Reginald Gibson em 1935.

Filmes e sacos plásticos

Polipropileno PP

Inventado por Robert L. Banks e J. Paul Hogan em

1951.

Material de embalagem, de

cozinha, acessórios de

automóvel e etc.

Poliestireno PS

Inventado por Eduard Simon em 1839.

Todo o género de embalagens

rígidas, espumas para isolamentos

Qualquer outro, incluindo os feitos a partir de mais do que um dos anteriores

Produtos fabricados em policarbonato, nylon, fibra de

vidro e etc.

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O Design e o Ambiente

A Eco-etiqueta

A International Standards Organisations (ISO) distingue três principais abordagens para uma empresa adoptar o uso da eco-label:

1. Em primeiro lugar, determina quando um produto cumpre ou não certos standards e abordagens, para utilizar a marca ambiental. Existem vários logos destinados a identificar os esquemas de adopção de eco-label. Os princípios e procedimentos estabelecidos para usar e operar com estes esquemas encontram-se definidos na Norma ISO 14024.

2. As empresas e outros, podem elaborar queixas ambientais de produtos e serviços, baseados nos seus próprios standards. Apesar dessas queixas terem menos credibilidade no mercado, é uma opção normal dos fabricantes, como forma de chamar a atenção para as questões ambientais dos seus produtos. A Norma ISO 14021, fornece um guia para metodologias de avaliação sustentável e sobre termos e definições usados nas queixas ambientais, incluindo:

a. Concepção para a desmontagem;

b. Aumento do ciclo de vida;

c. Reciclabilidade;

d. Conteúdo reciclável;

e. Consumo de energia reduzido;

f. Uso reduzido dos recursos;

g. Uso reduzido de água.

3. As etiquetas de gestão do ciclo de vida (ACV), fornecem informação ambiental sobre todos os estágios do ciclo de vida do produto. O relatório técnico ISO 14025, constitui um primeiro passo para o desenvolvimento de uma certificação do uso da eco-label nesta área, e exige que seja feito um estudo do ciclo de vida de acordo com a série de Normas ISO 14040.

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O Design e o Ambiente

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Algumas perguntas e respostas sobre embalagens12

Fluxo de Embalagens e Resíduos de Embalagens

1. De quem é a responsabilidade pela gestão das embalagens e resíduos de embalagens?

A responsabilidade pela concepção da embalagem e pela gestão do resíduo resultante é do embalador/importador, responsável pela colocação do produto no mercado nacional. A opção de gestão, deverá estar claramente divulgada ao nível do consumidor através de uma marcação, de modo a que este adira à deposição selectiva.

2. O que são embalagens reutilizáveis?

As embalagens reutilizáveis são embalagens concebidas e projectadas para cumprir, durante o seu ciclo de vida, um número mínimo de viagens ou rotações. Estas embalagens são enchidas de novo, após um processo de recuperação ou recondicionamento e com ou sem apoio de produtos auxiliares presentes no mercado que permitam o novo enchimento da própria embalagem, e utilizadas para o mesmo fim para que foram concebidas. As embalagens reutilizáveis passam a resíduos de embalagens quando deixarem de ser reutilizadas.

3. Como devem ser geridas as embalagens reutilizáveis?

As embalagens reutilizáveis têm de estar obrigatoriamente abrangidas por um Sistema de Consignação para Embalagens Reutilizáveis (de acordo com o disposto no Capítulo II da Portaria nº 29-B/98, de 15 de Janeiro). O embalador deverá garantir que o sistema de consignação aplicável a embalagens reutilizáveis funciona nos moldes especificados em seguida, de acordo com o previsto no Capítulo II (Embalagens reutilizáveis) da Portaria nº 29-B, de 15 de Janeiro.

12 Extraído da página do INR (www.inresiduos.pt)

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O Design e o Ambiente

É da responsabilidade dos:

• Embaladores e/ou responsáveis pela colocação de embalagens no mercado nacional de produtos embalados em reutilizáveis: as acções C (recuperação e reutilização das suas embalagens) e B (recolha das embalagens armazenadas pelos distribuidores/comerciantes);

• Distribuidores/comerciantes as acções 2, 3 e A (respectivamente cobrança e reembolso ao consumidor de um depósito e armazenagem das embalagens usadas).

4. Como funciona o sistema de consignação das embalagens reutilizáveis?

A Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro, estabelece as regras de funcionamento do sistema de consignação aplicável às embalagens reutilizáveis no seu capítulo II.

Neste contexto, deverá verificar, de acordo com os requisitos definidos, se as embalagens podem ser consideradas reutilizáveis. As embalagens reutilizáveis encontram-se obrigatoriamente abrangidas por um sistema de consignação e, nessa medida, têm de respeitar as características de funcionamento desse sistema.

Refere-se que o funcionamento de um sistema de consignação de embalagens reutilizáveis, definido ao abrigo da legislação nacional aplicável (Decretos-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro e n.º 162/2000, de 27 de Julho, e Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro), pressupõe que a reutilização dessas embalagens constituiu um objectivo claro do embalador inicial dessas embalagens, tendo por isso implementado um sistema apropriado para providenciar o retorno/devolução das embalagens vazias para as reencher e colocar novamente com o produto no mercado.

Neste âmbito, baseando-nos na abordagem apresentada na Norma CEN EN 13429: Embalagem - Reutilização constata-se que, para que um fabricante de embalagens possa designar de reutilizável um certo tipo de embalagens, deverá assegurar que:

• a reutilização da embalagem constitui um objectivo claro do embalador; • a embalagem pode ser tratada de modo satisfatório; • nos mercados onde o distribuidor comercializa o produto embalado,

existe disponível um sistema apropriado para providenciar a reutilização da embalagem.

Complementando estes aspectos normativos à descrição do funcionamento de um sistema de consignação para embalagens reutilizáveis, constante no Capítulo II da Portaria anteriormente referenciada, verifica-se que este deverá seguir o esquema ilustrado na questão anterior (n.º 3).

Face ao exposto e caso sejam cumpridos os quesitos aí discriminados, pode concluir-se que as embalagens se tratam de embalagens reutilizáveis. Nesta sequência, refere-se que legalmente não é requerida qualquer aprovação deste

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Instituto (INR) para o sistema de consignação para embalagens reutilizáveis, que deverá funcionar com base no pagamento/devolução de um depósito e segundo o sistema "fechado" representado no esquema mencionado.

Acresce referir que a reutilização de embalagens deverá funcionar com base num sistema "fechado", isto é, as embalagens deverão ser reutilizadas para o mesmo fim para as quais foram produzidas, de acordo com o previsto na legislação nacional nesta matéria, e não para outro fim.

5. Quando é que uma embalagem reutilizável se transforma em resíduo de embalagem?

A partir do momento em que a embalagem reutilizável termina o seu ciclo de retorno, transforma-se em resíduo de embalagem, sendo da responsabilidade do embalador e/ou responsável pela colocação no mercado nacional de produtos embalados em reutilizáveis, providenciar a gestão correcta desses resíduos.

6. O que é o depósito e quem o fixa?

O depósito consiste numa quantia que o consumidor tem que pagar quando adquire um produto acondicionado em embalagem reutilizável, que lhe é devolvido quando entrega essa embalagem vazia.

O valor mínimo do depósito deve estimular a devolução da embalagem vazia, sem ultrapassar o seu valor real.

De acordo com a legislação em vigor em matéria de embalagens e resíduos de embalagens, está prevista a possibilidade legal de o Governo, através de Despacho conjunto dos Ministros da Economia e do Ambiente, poder vir a fixar valores mínimos de depósito em sistemas de consignação de embalagens reutilizáveis.

7. Existem metas de reutilização a cumprir?

Sim, existem metas de reutilização, discriminadas para os seguintes 4 líquidos alimentares: bebidas refrigerantes, cervejas, águas minerais naturais, de nascentes ou outras embaladas e vinhos correntes.

8. Como se verifica o cumprimento das metas de reutilização

As metas de reutilização são monitorizadas através dos Planos de Gestão de Embalagens Reutilizáveis. O embalador/importador que utilize embalagens reutilizáveis, deve preencher anualmente um modelo específico (brevemente disponível no Site do INR, em www.inresiduos.pt ) e posteriormente enviá-lo à CAGERE/INR até 31 de Outubro, com as previsões para o ano seguinte.

9. O que são embalagens não reutilizáveis?

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As embalagens não reutilizáveis são aquelas de fim único, que, consequentemente se transformam em resíduos de embalagens após o consumo do produto que contiveram, indo posteriormente ser contabilizadas para o cumprimento das metas nacionais de reciclagem e de valorização.

10. Existem metas para embalagens não reutilizáveis?

Sim, existem as seguintes metas de valorização e de reciclagem (em peso) que Portugal terá que atingir em 2005 e 2011:

11. Como podem ser geridas as embalagens não reutilizáveis?

As embalagens não reutilizáveis têm de estar obrigatoriamente abrangidas por um de dois sistemas (no âmbito do descrito no Capítulo III da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro):

• Sistema de Consignação para embalagens não reutilizáveis; • Sistema Integrado.

12. Como funciona o sistema de consignação para embalagens não reutilizáveis?

O sistema de consignação será aplicado nos moldes descritos no Capítulo III da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro.

Neste sistema de consignação, deverão ser introduzidas as alterações julgadas necessárias ao esquema de funcionamento anteriormente descrito (ver Sistema de consignação aplicado a embalagens reutilizáveis), tendo o mesmo que ser autorizado pelo INR.

13. Como funciona o sistema integrado para embalagens não reutilizáveis?

No âmbito do sistema integrado, os embaladores, os responsáveis pela colocação de produtos no mercado nacional e os industriais de produção de embalagens ou matérias-primas para o fabrico de embalagens transmitem a sua responsabilidade pela gestão dos resíduos das suas embalagens a uma entidade gestora devidamente licenciada para exercer essa actividade. A transferência de responsabilidade para a entidade gestora é objecto de contrato escrito, com a duração mínima de três anos.

14. Quais são as entidades gestoras licenciadas em Portugal para a gestão de embalagens não reutilizáveis?

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Foi concedida licença à Sociedade Ponto Verde (SPV) em 1 de Outubro 1997, por Decisão conjunta dos Ministros da Economia e do Ambiente, para se constituir como entidade gestora do sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens urbanas. Três anos depois, a SPV alargou o seu âmbito de actuação à gestão de embalagens não urbanas.

Uma vez que o período inicialmente abrangido pelas licenças terminou, tornou-se necessária a atribuição de uma nova licença à Sociedade Ponto Verde - SPV, que constituiu a oportunidade ideal para se encontrar um modelo de intervenção e relação entre os vários intervenientes deste sistema integrado de gestão, contribuindo para que Portugal atinja os objectivos constantes na legislação nacional e comunitária, no domínio da reciclagem dos resíduos de embalagens. Nesse sentido, foi desenvolvido um modelo económico-financeiro que, ao suportar tecnicamente a sustentabilidade do sistema integrado de gestão, fundamenta a atribuição de Valores de Contrapartida a serem aplicados aos Sistemas de Gestão de Resíduos, criados a nível nacional.

O referido modelo económico-financeiro, que consta como anexo à nova licença da SPV, será um garante de que o consumidor pagará o mínimo possível por um serviço adequado, respeitando o princípio do poluidor pagador e simultaneamente a defesa do consumidor.

As principais linhas directrizes que regem a nova licença da SPV podem ser consultadas no portal do INR em Entidades Gestoras. A Licença do Sub-sistema Verdoreca foi concedida em 8 de Setembro de 1999. O Verdoreca é um sub-sistema a funcionar no âmbito da Sociedade Ponto Verde. A adesão ao Verdoreca deverá ser efectuada, caso os responsáveis pelos estabelecimentos hoteleiros, de restauração ou similares (HORECA), optem pela comercialização nos seus estabelecimentos de águas minerais, cervejas e refrigerantes para consumo imediato em embalagens não reutilizáveis.

De igual modo, foi licenciado a 1 de Janeiro de 2000 o SIGREM - Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens com Medicamentos, sendo a VALORMED a entidade gestora.

O funcionamento deste sistema integrado, assenta na fundamental participação dos consumidores. Estes são incentivados a devolver às farmácias os medicamentos fora de uso e/ou de prazo (devidamente acondicionados nas sua embalagens primárias), para serem depositados em contentores específicos.

A recolha e transporte destes contentores ficam a cargo de empresas de distribuição que, pelo facto de tradicionalmente lidarem com o sector dos medicamentos, já têm circuitos pré-estabelecidos. Estes resíduos são preferencialmente conduzidos para as 2 unidades de valorização energética de resíduos sólidos urbanos existentes no país (VALORSUL e LIPOR).

Este sistema possui também uma segunda vertente que prevê a reciclagem daquelas embalagens de papel/cartão, de filme plástico e de outros materiais vulgarmente utilizados pela indústria farmacêutica e pelo sector da distribuição de medicamentos, para os agrupar, armazenar e/ou transportar e

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que portanto raramente chegam aos locais de venda (farmácias) e ao consumidor.

15. As embalagens têm que ter uma marcação?

O assunto da Marcação, abordado no Artigo 6º do Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, envolve as seguintes 4 situações distintas:

• Dependentes de directrizes comunitárias: o n.º 1 do Artigo 6º; a inerente a embalagens reutilizáveis, que de

acordo com o previsto nesta fase de discussão da proposta de Directiva sobre Marcação, se prevê que seja de adesão voluntária;

o n.º 4 do Artigo 6º; a inerente ao tipo de material constituinte da embalagem, que de acordo com o preconizado na Decisão 97/129/CE relativa ao Sistema de identificação de materiais de embalagem, é, numa primeira fase, de adesão voluntária.

• Decorrentes da legislação nacional sobre embalagens e seus resíduos: o n.º 2 do Artigo 6º; a inerente a embalagens não reutilizáveis

sujeitas a consignação, cujo símbolo específico obrigatório será definido pelos operadores económicos nacionais que implementarem o referido sistema de consignação;

o n.º 3 do Artigo 6º; a inerente a embalagens sujeitas ao sistema integrado, cujo símbolo específico obrigatório para embalagens primárias (salvo se for solicitada isenção de marcação), será definido pela entidade gestora prevista no Artigo 8º da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro.

De uma forma genérica, a marcação adequada é aposta na própria embalagem ou rótulo, devendo ser claramente visível e de fácil leitura e ter uma duração compatível com o tempo de vida da embalagem, mesmo depois de aberta.

16. Como se pode pedir isenção de marcação de embalagens primárias sujeitas ao sistema integrado?

Os pedidos de isenção de marcação de embalagens primárias abrangidas pelo sistema integrado deverão ser sujeitos a apreciação pelo INR. Para o efeito, o embalador deverá enviar os seguintes elementos:

A identificação dos produtos cuja embalagem pretendem ver isentas, efectuando uma descrição das mesmas, quer em termos do material utilizado, quer do seu tamanho (enviando sempre que possível fotografias dessas embalagens);

O quantitativo de embalagens que pretende seja abrangido pela isenção e o período em que requer a isenção de marcação das mesmas;

Clarificação relativa ao destino de comercialização dos produtos; ou seja, se os produtos embalados se destinam ao consumidor comum ou ao industrial; Outros aspectos que considerem relevantes para fundamentação do pedido

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apresentado. O procedimento em causa consiste na apreciação pelo INR do pedido de isenção apresentado e, decorre do n.º 4 do Artigo 6º do Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho, deverá ser solicitado parecer à Comissão de Acompanhamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens (CAGERE), antes da tomada de decisão pelo INR relativamente à autorização da isenção de marcação com o símbolo.

17. Quem deve fornecer informações estatísticas relativas a embalagens e seus resíduos?

A obrigatoriedade de comunicação ao Instituto dos Resíduos dos dados estatísticos, referentes à gestão das embalagens colocadas no mercado, resulta do disposto no n.º 3, do artigo 4º da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro. O dever de comunicação aplica-se:

• aos embaladores/importadores responsáveis pela colocação de produtos embalados no mercado: quantidades de embalagens reutilizáveis e não reutilizáveis que colocam no mercado, quantidades de embalagens usadas efectivamente recuperadas e reutilizadas, assim como as quantidades entregues a entidades que se responsabilizem pela sua valorização (modelo n.º 1585);

• aos distribuidores/comerciantes com um volume anual de vendas superior a 180 milhões de escudos/ 897.836 euros: dados estatísticos referentes às quantidades de embalagens reutilizáveis que comercializem (modelo n.º 1586).

Os dados estatísticos referidos devem ser comunicados anualmente ao Instituto dos Resíduos, até 31 de Março do ano seguinte àquele a que reportam, de acordo com os modelos publicados no Despacho do Ministério do Ambiente n.º 7415/99 (II Série), de 14 de Abril, e deverão ser preferencialmente adquiridos em qualquer delegação da Imprensa Nacional l- Casa da Moeda.

18. Quais os princípios e normas aplicáveis à gestão de embalagens e de resíduos de embalagens?

Os princípios e normas aplicáveis à gestão de embalagens e de resíduos de embalagens se encontram estabelecidos nos seguintes diplomas:

• Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, que estabelece os princípios e normas aplicáveis ao sistema de gestão de embalagens e resíduos de embalagens, alterado pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho

• Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro, que estabelece as regras de funcionamento dos sistemas de consignação e integrado

• Decreto-Lei n.º 407/98, 21 de Dezembro, que estabelece regras respeitantes à composição das embalagens

• Despacho MA n.º 7415/99, de 14 de Abril, que aprova os modelos para fornecimento de dados estatísticos de embalagens

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No Artigo 4º do Decreto-Lei n.º 366-A/97 é estabelecido que a responsabilidade pela gestão das embalagens e dos resíduos de embalagens é dos operadores económicos, nestes incluindo os embaladores e importadores.

Em cumprimento das suas obrigações, os embaladores e ou responsáveis pela colocação dos seus produtos no mercado nacional deverão optar por submeter a gestão das suas embalagens e resíduos de embalagens a um dos dois sistemas, à sua escolha: o sistema de consignação (aplicável a embalagens reutilizáveis e a embalagens não reutilizáveis), ou o sistema integrado (aplicável apenas a embalagens não reutilizáveis), e cujas normas de funcionamento e regulamentação constam da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro.

Caso se tratem de embalagens reutilizáveis, poderá ser estabelecido um sistema de consignação (que não carece de aprovação deste Instituto), que deverá funcionar de acordo com os moldes descritos na Portaria referida. As embalagens reutilizáveis são concebidas e projectadas para cumprir, durante o seu ciclo de vida, um número mínimo de viagens ou rotações, sendo novamente utilizadas para o mesmo fim que foram concebidas.

Cumpre aos embaladores ou importadores responsáveis pela colocação das embalagens reutilizáveis no mercado o estabelecerem um sistema de consignação, através do qual efectuam a recuperação e reutilização dessas embalagens, procedendo à recolha das embalagens armazenadas pelos distribuidores/comerciantes e, no final da sua vida útil, pela sua entrega a um operador devidamente licenciado para a sua gestão.

No sistema de consignação, o embalador é obrigado, para as marcas de produtos e respectivo tipo/formato de embalagens que comercialize em reutilizável a:

• Cobrar e reembolsar um depósito cujo valor deve estar claramente identificado na embalagem ou no suporte utilizado para indicação do preço de venda do produto;

• Assegurar a recolha das embalagens usadas.

Estas embalagens reutilizáveis passam a resíduos de embalagens quando deixam de ser reutilizadas, sendo então da responsabilidade do embalador ou importador o providenciar a gestão correcta desses resíduos. Na página electrónica do Instituto dos Resíduos poderá ser consultada a Listagem dos Operadores de Gestão de Resíduos Não Urbanos, que é periodicamente actualizada.

Caso se tratem de embalagens não reutilizáveis, poderá ser estabelecido: ou um sistema de consignação (que deverá ser aprovado por este Instituto), que permita a recuperação das embalagens e a sua gestão através de operadores licenciados para o efeito, ou um sistema integrado.

No âmbito do sistema integrado, o embalador e ou importador pode optar pela transferência da responsabilidade para uma entidade gestora, a Sociedade Ponto Verde.

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Conforme estabelece o artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 162/2000, as embalagens não reutilizáveis abrangidas pelo sistema integrado são marcadas com um símbolo específico, definido pela entidade gestora, a Sociedade Ponto Verde, se forem embalagens primárias ou embalagem de venda para o utilizador final, e opcionalmente, se forem embalagens secundárias ou agrupadas ou ainda terciárias ou de transporte.

O Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho, estabelece no Artigo 4.º a responsabilidade dos produtores de resíduos de embalagens não urbanas, não reutilizáveis, em proceder à recolha selectiva e triagem destes resíduos, dentro das suas instalações, e providenciar a sua valorização, directamente em unidades devidamente licenciadas para o efeito ou de acordo com o disposto no Artigo 5º do Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro.

Esta obrigação não retira qualquer responsabilidade ao embalador e ou aos responsáveis pela colocação de produtos embalados no mercado nacional, uma vez que à luz da legislação aplicável, todos os operadores económicos são co-responsáveis pela gestão das embalagens e resíduos de embalagens, encontrando-se definidas as responsabilidades atribuídas a cada operador.

Mais se informa que a Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio, fixa as regras a que se encontra sujeito o transporte de resíduos dentro do território nacional, devendo os resíduos ser sempre acompanhados de uma guia de acompanhamento de resíduos e sendo responsáveis pelo correcto preenchimento da mesma, o produtor, o transportador e o destinatário final.

Acresce referir que a guia de transporte constitui o modelo A - 1428 da Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

19. É um procedimento correcto a queima de paletes de madeira?

Sempre foi entendimento deste Instituto que a gestão dos resíduos de embalagens de madeira deve ser assegurada, pelos embaladores e/ou importadores, responsáveis pela colocação do produto no mercado nacional ou pelos produtores, segundo o sistema de gestão que tenham adoptado.

Se os responsáveis pela gestão dos resíduos em causa não cumprem as suas obrigações, como resulta implícito do pedido formulado, o Instituto do Resíduos deve, naturalmente, determinar a abertura dos procedimentos sancionatórios previstos na lei, adoptando as medidas necessárias para compelir os responsáveis a reassumir as suas obrigações.

Não obstante os princípios referidos, o Instituto dos Resíduos tem afastado, sempre que questionado a tal propósito, qualquer atitude de inflexibilidade. Tal tem-se devido, essencialmente, ao reconhecimento da especificidade da situação portuguesa (estabelecida expressamente nas directivas comunitárias) e à preocupação por assegurar uma efectiva adaptação dos agentes económicos aos objectivos quantitativos de gestão deste tipo de resíduos.

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Existem, no entanto, razões para reassumir um critério de maior exigência face ao regime legal. Em primeiro lugar, o próprio decurso do tempo, que já permitiu aos operadores adequar as suas estruturas às obrigações de gestão que sobre si impendem; em segundo lugar, a evolução das disposições comunitárias, que revalorizou a importância da reciclagem face à valorização energética e segmentou objectivos por material, aí incluindo a madeira; em terceiro lugar, porque o próprio sistema português de gestão de resíduos de embalagens se encontra no termo final de uma importante reformulação.

Assim, em conformidade com o regime legal aplicável (Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho, e especificações aduzidas pela Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro), não se pode considerar prática admissível a queima de resíduos de embalagens de madeira, a título de utilização pessoal, por parte dos trabalhadores da unidade fabril, nas respectivas lareiras domésticas.

Tal como salientado, a gestão deste tipo de resíduos (para além das obrigações específicas de recolha e triagem que oneram o seu detentor), pressupõe a respectiva valorização, prioritariamente a reciclagem e, em casos determinados, a valorização energética, realizada por operadores legalmente habilitados para tal, de forma a atingir objectivos quantitativos pré-fixados.

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Resíduos de explorações agrícolas O que são?

Os resíduos de explorações agrícolas são os resíduos e materiais nelas usados, ou que resultam de operações agrícolas, para os quais não se encontra mais utilidade, agora ou no futuro, e dos quais o detentor se pretende desfazer.

O produtor destes resíduos é responsável perante a lei, pelo seu destino final.

Quais são?

Numa exploração agrícola são produzidos diversos tipos de resíduos, que em termo de natureza quer em termos de quantidade. Alguns dos mais importantes são:

• Pneus usados: embora muitas vezes os pneus usados possam ser úteis para agricultura, sobretudo para ancorar as coberturas de silos e outras, estes passam a resíduos quando já não têm outra utilidade para o agricultor;

• Óleos usados: os óleos de lubrificação resultantes de operações de substituição por lubrificantes novos, contêm substâncias perigosas e não devem ser derramados no solo, em linhas de água ou em fossas de efluentes, nem utilizados como combustível em queimas;

• Embalagens de produtos fitofarmacêuticos: são embalagens de produtos que após a sua utilização apresentam ainda constituintes perigosos para o homem ou para os animais e, por isso, não devem seguir o mesmo destino das restantes embalagens;

• Embalagens de medicamentos para uso veterinário;

• Outros plásticos: há uma enorme variedade de resíduos plásticos que se podem encontrar nas explorações agrícolas, como por exemplo, filmes de cobertura de solos, de estufas e estufins, de tubagens de rega, ráfias e redes de ensombramento, embalagens de adubos, vasos, placas e tábuas de germinação, etc..

Algumas regras gerais para a gestão dos resíduos de uma exploração agrícola

Acabe com o lixo disperso:

• Concentre o lixo num local adequado da exploração agrícola, relativamente afastado e isolado da área de produção preferencialmente coberto para evitar a exposição ao sol e à chuva;

• Faça uma limpeza grosseira dos resíduos (terra, restos de produtos), agrupando-os e evitando a mistura de resíduos de vários tipos e, arrume-os de forma a ocuparem o menor espaço possível;

• Os bidões usados para concentrar os óleos usados, até 200 litros, não necessitam de autorização especial;

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• As embalagens de produtos fitofarmacêuticos e de medicamentos veterinários devem ser armazenados em locais secos e abrigados, longe do alcance das crianças e dos animais.

Encaminhe os resíduos para destinos adequados, que não prejudiquem o solo, a água, a saúde pública e o ambiente.

• Não queime os resíduos;

• Não os enterre;

• Não os abandone no solo;

• Não os abandone nos caminhos;

• Não os abandone em linhas de água.

Seleccione em primeiro lugar destinos que permitam a reciclagem.

• Reciclar permite poupar recursos naturais e não poluir.

Em alternativa procure outros destinos que não prejudiquem o ambiente.

Destinos recomendados

Pneus:

• Pontos de recolha da VALORPNEU;

• Revendedor ou um receptor de pneus usados;

• Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos, disponível para a recepção de pneus.

Óleos usados:

• Em pequenas quantidades:

o Ecocentro com óleão licenciado;

o Oficina que efectue mudanças de óleos em viaturas;

• Em maiores quantidades:

o Recolha por operador licenciado.

Embalagens de produtos fitofarmacêuticos:

• Produtos fitofarmacêuticos que se destinam à preparação da calda:

o Proceder à tripla lavagem das embalagens vazias;

o Inutilizar as embalagens lavadas;

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O Design e o Ambiente

o Usar águas de lavagem na preparação da calda;

o Guardar na exploração agrícola, ao abrigo do calor e da chuva, as embalagens lavadas em sacos ou outros reservatórios impermeáveis;

o Nos postos de venda, será fornecida informação sobre os locais onde deverão ser entregues os referidos sacos.

• Produtos fitofarmacêuticos que não se destinam à preparação da calda:

o Guardar as embalagens vazias na exploração agrícola, ao abrigo do calor e da chuva, em sacos ou outros reservatórios impermeáveis;

o Nos postos de venda, será fornecida informação sobre os locais onde deverão ser entregues os referidos sacos.

Está já criada uma Sociedade Gestora deste tipo de resíduos, que pode ajudar através de informação sobre as melhores regras e sobre as condições para uma gestão adequada deste tipo de resíduos.

Embalagens de medicamentos veterinários

• As embalagens vazias ou fora de uso podem ser entregues nas farmácias a fim de serem recolhidas através do sistema VALORMED;

• O médico veterinário é responsável pela recolha e encaminhamento das embalagens usadas e outros resíduos produzidos nos actos clínicos que praticar.

Plásticos não perigosos

Para reciclagem em pequenas quantidades:

• Ecocentro ou, para muito pequenas quantidades ecoponto.

Para quantidades superiores:

• Armazenista de materiais recicláveis;

• Recicladores de plástico;

• Local de entrega do Sistema de Resíduos Urbanos disponível para recepção de plásticos recicláveis.

Outros destinos:

Para reciclagem em pequenas quantidades:

• Contentor de recolha de resíduos domésticos e urbanos.

Para quantidades superiores:

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O Design e o Ambiente

• Aterros para Resíduos Não Perigosos (zonas de Setúbal, Leiria, Castelo Branco e Santarém);

• Local de entrega do Sistema de Resíduos Urbanos disponível para a recepção de plásticos.

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O Design e o Ambiente

Software para a ACV (Análise do Ciclo de Vida)

Dados gerais:

EcoIndicator 99

IdeMat (base de dados de materiais)

PEMS (Inventory analyses and impact assessment)

EcoPackager (comparação dos impactos do ciclo de vida do design alternativo de embalagens)

Pacotes para a gestão dos impactos e sua interpretação:

SimaPro5;

EcoScan;

Eco-IT.

Sugerimos a busca na Internet, de sites sobre este tema.

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O Design e o Ambiente

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O Design e o Ambiente

As Embalagens e o ADR / RPE As marcas feitas sobre as embalagens, correspondem às especificações da mesma e aos testes a que estas foram sujeitas com sucesso bem como às exigências dos diferentes Capítulos do ADR / RPE (Regulamento para o Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada), e estão relacionadas com o fabrico destas e não com o uso das mesmas.

Por essa razão as marcações feitas nas embalagens, em si mesmas, não confirmam necessariamente que uma dada embalagem pode ser usada para qualquer substância.

Geralmente, um tipo de embalagem (por exemplo, um bidão metálico), tem uma capacidade máxima, e / ou uma massa, e algumas exigências especiais que são específicas de cada substância, conforme constam do Capítulo 3.2 da Tabela do ADR / RPE.

Algumas das classificações de embalagens bem como a sua descrição nos respectivos marginais, estão insertas nas embalagens, sendo a apresentada um exemplo apenas dessas marcações.

Esta simbologia significa o seguinte:

1. Símbolo UN:

i. Este símbolo significa que a embalagem é aprovada pelas Nações Unidas. É obrigatório que este símbolo apareça em primeira lugar a anteceder as outras marcações;

2. 3H1: Código da embalagem;

i. O primeiro dígito (3) indica o tipo de embalagem, neste caso a embalagem em causa é um lata ou jerrican;

ii. O segundo dígito (H) indica o material de base no qual a embalagem é feita (esta posição por vezes é composta por duas letras, sobretudo quando se trata de uma embalagem compósita);

1. A = Aço

2. B = Alumínio

3. C = Madeira

4. G = Cartão

5. H = Plástico

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iii. O terceiro dígito indica o tipo de embalagem, no caso tarta-se de uma embalagem fechada com dois bujões (o 2 indica que é de abertura total ou tampa de abrir integral);

3. Y1,9: Material que é permitido encher a embalagem;

i. As letras que antecedem os algarismos (x, y e z) designam o grupo ao qual a embalagem pertence:

1. X = Grupo I (permitido encher com matérias do grupo a), b) e c) da lista de matérias;

2. Y = Grupo II (permitido encher com matérias do grupo b) e c) da lista de matérias;

3. Z = Grupo III (permitido encher com matérias do grupo c) da lista de matérias;

De acordo com o Anexo A.5, do RPE/ADR, estes grupos subdividem-se da seguinte forma:

Grupo a) matérias extremamente perigosos;

Grupo b) matérias perigosas;

Grupo c) matérias não perigosas

ii. Os dígitos, apresentados após as letras, representam a densidade do que é embalado, ou seja, a densidade máxima que o produto ou matéria deve apresentar (ver Anexo A.5);

4. 200/:

i. Este valor é o valor máximo da pressão interna, em Kilo pascais, 200 kpa = 2 bar (ver Anexo A.5), sendo substituída por um S quando o produto ou matéria a encher se tratar de um sólido;

5. 99/:

i. Ano de fabrico da embalagem;

6. P/:

i. País onde a embalagem foi fabricada;

7. BAM/:

i. Código do fabricante da embalagem;

8. 12345/:

i. Número da autorização do fabricante;

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9. XY:

i. Código atribuído ao produtor da embalagem pelo organismo certificador.

As classes de perigo de acordo com o RPE / ADR, são as seguintes:

Tabela 1

Classe 1 Artigos e substâncias explosivas

Classe 2 Gases

Classe 3 Líquidos inflamáveis

Classe 4.1 Sólidos inflamáveis, auto-reactivos, e sólidos explosivos

Classe 4.2 Substancias susceptíveis de entrar em combustão instantânea

Classe 4.3 Substancias que, em contacto com a água, emitam gases inflamáveis

Classe 5.1 Substancias Oxidantes

Classe 6.1 Substancias Tóxicas

Classe 6.2 Substancias Infecciosas

Classe 7 Materiais Radioactivos

Classe 8 Substancias Corrosivas

Classe 9 Misturas de substancias e artigos perigosos

Aconselhamos a consulta do RPE, para um melhor entendimento deste tema, uma vez que não é objectivo desta pequena explicação, dar a conhecer todas as particularidades desta área.

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O Design e o Ambiente

Normas referidas • EN ISO 13427: Packaging – Requirements for the use of European Standards in

the field of packaging and packaging waste

• EN ISO 13428: Packaging – Requirements specific to manufacturing and composition – Prevention by source reduction

• EN ISO 13429: Packaging – Reuse

• EN ISO 13430: Packaging – Requirements for packaging recoverable by material recycling

• EN ISO 13431: Packaging – Requirements for packaging recoverable in the form of energy recovery, including specification of minimum inferior calorific value

• EN ISO 13432: Packaging. Requirements for packaging recoverable through composting and biodegradation. Test scheme and evaluation criteria for t

• EN ISO 14000: Environmental management and sustainable development

• EN ISO 14001: Standard specifies the requirements for an Environmental Management System

• EN ISO 14021: Environmental labels and declarations -- Self-declared environmental claims (Type II environmental labelling)

• EN ISO 14024: Environmental labels and declarations -- Type I environmental labelling -- Principles and procedures

• EN ISO 14040: Environmental management - Life Cycle Assessment – Principles and Framework

• EN ISO 14041: Environmental management - Life Cycle Assessment – Goal and Scope Definition and inventory

• EN ISO 14042*: Environmental management - Life Cycle Assessment – Life Cycle Impact Assessment

• EN ISO 14043*: Environmental management - Life Cycle Assessment – Life Cycle Interpretation

• EN ISO 14044: Environmental management – Life cycle assessment – Requirements and guidelines

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Outras Normas relacionadas:

• EN ISO 14048: Life Cycle Assessment - Data Documentation Format

• EN ISO 14049: Life Cycle Assessment - Examples for the application of EN ISO 14041

• EN ISO 14004: Environmental management systems. General guidelines on principles, systems and supporting techniques

• EN ISO 14062: Environmental management. Integrating environmental aspects into product design and development

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Notas ao texto i Best Available Technologies ii International Standard Normalization iii Environmental Management and Auditing System iv A série de Normas ISO 14020, regulamenta as etiquetas de carácter ambientalv Integrated Product Policy vi Environmental Product Declaration

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