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Monografia de conclusão de curso
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVI Prêmio Expocom 2009 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
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A comunicação visual em campanhas eleitorais:
Uma abordagem sobre as eleições 2008 em Joaçaba1
Fernando ZAMBAN2
Silvia Spagnol Simi dos SANTOS3
Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, SC
Resumo
Em uma campanha política, o marketing eleitoral, mais do que promover o candidato e suas
propostas utilizando-se de várias ferramentas para tal feito, precisa ter boa aceitação junto
ao eleitor. Geralmente, em universos eleitorais menores, a maior preocupação é com rádio e
televisão, esquecendo que a imagem transmitida nas peças gráficas também poderá ter forte
impacto sobre a referida aceitação de um determinado candidato. A preocupação neste
trabalho é confrontar a imagem transmitida pelas peças gráficas – santinho, identidade
visual e plano de governo – apresentada pelas três candidaturas majoritárias no município
de Joaçaba nas eleições de 2008 e o perfil político dos candidatos ao longo dos anos
fazendo um paralelo de coerência ou não com as atuais propostas apresentadas.
Palavras-Chave: Comunicação visual; Gestalt; marketing eleitoral.
A dura batalha para conquistar o voto dos cidadãos é árdua e complexa. O
convencimento dos eleitores para depositarem seu voto em um candidato ou sua coligação
tem contribuição direta da comunicação como parte das estratégias de marketing em uma
eleição. Uma boa imagem na campanha é talhada a partir da construção de uma
comunicação visual coerente com o perfil político do candidato se apropriando do uso
estratégico das técnicas visuais para que a persuasão dos eleitores seja eficaz.
O objetivo desse artigo é identificar a utilização dos elementos visuais para
transmitir a imagem do candidato nas peças gráficas – santinho, identidade visual e plano
de governo – das três candidaturas majoritárias no município de Joaçaba nas eleições de
2008, tendo como objetivos específicos a identificação dos elementos utilizados na
comunicação visual, examinar se a comunicação visual condiz com o perfil dos candidatos
e verificar se os elementos e técnicas visuais condizem com a imagem pretendida e as
propostas de governo.
1 Trabalho apresentado ao Intercom Junior, na Divisão Interfaces Comunicacionais, do X Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul. 2 Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, email: [email protected]. 3 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda, email: [email protected].
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Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do marketing eleitoral regional,
que tem na cidade de Joaçaba um pólo especialmente político, a análise da comunicação
visual é pertinente e justificam-se pela importância que a visão tem no processo de
decodificação das mensagens, neste caso, eleitorais, estimando-se que cerca de 70% dos
seres humanos recebem estímulos visuais quando no início do processo de aprendizagem
tornando-as pessoas que valorizam bastante os apelos visuais durante toda a vida
(STROCCI 2007, p. 23), bem como o uso estratégico das cores e das formas para a
melhoria da aceitação da imagem do candidato que chega até os eleitores. Isso nos mostra
que a comunicação visual, a estética da campanha eleitoral tem significativa relevância no
processo de encantamento dos eleitores.
A comunicação visual aplicada às campanhas eleitorais em joaçaba
O acúmulo teórico acerca da percepção visual e do marketing eleitoral nos leva a
fazer uma apreciação das peças gráficas das campanhas eleitorais de forma mais prática
com análise imparcial da construção dessas peças e a relação com a imagem dos candidatos.
A Identidade Visual
A identidade visual da coligação Joaçaba uma Nova Cidade é limpa, atrativa, porém
pouco impactante. Utiliza-se de elementos visuais além dos tipográficos para dar um efeito
visual diferenciado das demais identidades nesta campanha conforme mostra a figura a
seguir.
Figura 1: Identidade Visual da Coligação Joaçaba Uma nova cidade
Fonte: Material de campanha da coligação.
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Na tipografia4 foram adotadas duas fontes da família Sem Serifa, preservando a
retidão nos caracteres. As demais fontes são contrastantes no tamanho, no peso, alternados
entre extrabold e light; e ainda contraste de cor.
Na Psicodinâmica das cores de Farina (2007), a cor amarela é associada
afetivamente a conforto, orgulho, esperança, idealismo, adolescência, espontaneidade,
euforia, expectativa, originalidade. Materialmente indica luz, calor, verão, palha. Simboliza
cor irradiante em todas as direções. A cor branca é uma cor neutra de sensações acromáticas
sendo associada, de maneira material, com, nuvens em tempo claro, podendo significar que
a coligação quer sua administração limpa e associações afetivas com ordem, bem,
pensamento, juventude, otimismo, pureza, dignidade, afirmação, harmonia, estabilidade
sendo muitos dessas percepções evidenciadas na estrutura da identidade e no perfil do
candidato.
A coligação Joaçaba para todos do candidato Chico Volpato, com o auxílio de uma
agência de propaganda de Joaçaba, apresentou uma identidade visual bastante limpa,
comprimida, com elementos bastante alinhados e pouca fuga do objeto principal, além de
não utilizar ícones diferentes como estrelas, por exemplo. Foi construída somente a partir da
tipografia, como pode ser visualizada na figura a seguir.
Figura 2: Identidade Visual da coligação Joaçaba para Todos.
Fonte: Material de campanha da chapa.
Apresenta boa continuidade da junção dos elementos tendo contraste de tamanho na
unidade de maneira geral, todavia, podemos classificar a identidade visual com alto grau de
pregnância da forma. A unificação é obtida pela semelhança e proximidade dos elementos
mesmo com ruídos visuais causados pela diferenciação de cores destes mesmos elementos.
As categorias conceituais da gestalt mostram que essa identidade também possui
complexidade em sua organização, exageração, principalmente no tamanho,
arredondamento, profundidade com a utilização de técnicas de iluminação em duas
4 O conjunto de práticas subjacentes à criação e utilização de símbolos visíveis relacionados aos caracteres ortográficos (letras) e para-ortográficos (tais como números e sinais de pontuação) para fins de reprodução, independentemente do modo como foram criados (a mão livre, por meios mecânicos) (FARIAS 2001, p. 15)
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dimensões, seqüencialidade na organização lógica dos elementos, sobreposição, e ajuste
óptico a partir dos elementos bidimensionais agindo como controle visual do objeto.
A tipografia utilizada traz uma fonte versalete, ou seja, as letras utilizadas em caixa-
baixa preservam o formato de caixa-alta. É uma fonte da família Com Serifa, mesma
família dos demais textos da identidade visual. A composição tipográfica desta identidade
visual, mesmo possuindo fontes que preservam os estilos de uma mesma família, que são
características de uma composição concordante, pode ser considerada uma composição
contrastante, devido ao contraste de peso, contraste da forma e contraste de tamanho, além
da diferença de cores que causa contraste também.
A identidade da campanha do Chico Volpato é composta basicamente por três cores:
vermelha, amarela e branca com variações de gradiente. O vermelho é uma cor quente que
lembra, na associação afetiva, à força, movimento, conquista, coragem, paixão, emoção,
ação e alegria comunicativa. Simboliza uma cor de aproximação, de encontro. A cor
amarela é associada afetivamente a conforto, orgulho, esperança, idealismo. Simboliza cor
irradiante em todas as direções. A cor branca percebida nessa identidade na verdade é
composta de uma tonalidade com porcentagem bastante reduzida de cinza e um efeito
visual de branco que dá um contraste de luz e sombra fazendo com que a percepção visual
total seja de um elemento branco em duas dimensões.
O candidato Jorge e sua coligação apresentaram, com auxílio de uma agência de
comunicação de Herval d’Oeste, sua identidade visual, também composta apenas pela
tipográfica, sem adoção de elementos visuais diversificados deixando espaços de fuga da
visão como podemos visualizar a seguir.
Figura 3: Identidade Visual da chapa Salve Joaçaba.
Fonte: Material de campanha da chapa.
É um objeto com boa continuação na unificação das formas, feitas a partir da
semelhança e proximidade dos caracteres. Ocorre um ruído visual a partir da significativa
diferença de tamanho entre o número do candidato e o complemento da identidade, mas
nada que afete a simplicidade aplicada a esse objeto como um todo. Com o uso de recursos
de dégradé e sobreposição de formas percebemos os elementos com profundidade e
também o ajuste óptico. Os elementos que compõe a identidade visual estão dispostos de
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maneira lógica, coerente tendo seqüencialidade. As forças de organização da forma se
apresentam com alto grau de pregnância, ou seja, com boa leitura visual da identidade.
A tipografia utilizada é de uma fonte da família Sem Serifa, conforme a
classificação de Willians (2005, p.131), podendo ser classificada como contrastante.
As cores utilizadas na construção da identidade do Jorge apresentam o branco que é
uma cor neutra de sensações acromáticas tendo associações afetivas com ordem,
simplicidade, bem, pensamento, juventude, otimismo, pureza, dignidade, afirmação,
modéstia, harmonia, estabilidade. A utilização maior é da cor azul, em gradientes.
Afetivamente o azul é associado à verdade, sentido, afeto, intelectualidade, paz, precaução,
serenidade, confiança, amizade, fidelidade, sentimento profundo. Se levarmos em
consideração esses aspectos a cor utilizada difere do perfil dos candidatos a prefeito e vice,
entretanto, como sabemos que a cor do PSDB também possui a cor azul em sua identidade
visual podemos dizer que a construção da identidade do Jorge também se deu em função do
partido, ou ainda pelas cores do município de Joaçaba que também tem o azul presente.
O Santinho
O santinho ou “colinha” como é conhecido por muitos pode ser uma das principais
ferramentas de promoção do candidato. Ele funciona como uma espécie de cartão de visitas,
como assinatura do candidato junto à população. Geralmente constam nesse material as
informações necessárias para o conhecimento do candidato como seu perfil e histórico
político, a foto e identidade da campanha, o número, coligação e a seqüência de votação
para o dia das eleições, e claro, já vem preenchida previamente para que, principalmente as
pessoas mais idosas ou com pouca escolaridade levem junto no dia de votação. A seguir
veremos a composição visual desse material de campanha utilizado pelas três candidaturas
majoritárias em Joaçaba.
O santinho da coligação Joaçaba uma Nova Cidade, do candidato Rafael Laske, o
Mamão pode ser visto na figura abaixo.
Figura 4: Santinho da coligação Joaçaba uma nova cidade.
Fonte: Material de campanha da coligação.
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Essa peça publicitária, a partir das categorias conceituais fundamentais da gestalt,
apresenta desarmonia por desordem produzindo discordâncias entre elementos, desviando a
percepção do receptor não induzindo a uma leitura visual lógica e direcionada como
verificamos em todo o verso do material. As forças que agem sobre o objeto não
conseguem equilibrar-se mutuamente causando desequilíbrio. O contraste aguça o
significado atraindo a atenção do leitor à peça sendo capaz de dinamizar a leitura. O
contraste observado se dá de diversas maneiras: contraste de luz e tom, contraste de cor, de
movimento e contraste de proporção. Quanto às categorias conceituais aplicadas da gestalt,
podemos dizer que essa peça tem complexidade visual, utilizando-se de exageração e
extravagância nos elementos. Ocorre ainda redundância de elementos, com repetição do
número da coligação, profundidade e sobreposição de elementos. A estrutura visual neste
material é considerada com média pregnância da forma.
Com base nas categorias conceituais fundamentais o santinho do Chico, da
Coligação Joaçaba para Todos, apresenta desarmonia por desordem produzindo
discordâncias entre elementos ou unidades em partes do objeto como percebemos na
formatação dos textos no verso.
Figura 5: Santinho da coligação Joaçaba para todos.
Fonte: Material de campanha da coligação.
O material produz contrastes de luz e tom, contrastes quanto a verticalidade e
horizontalidade e contraste de proporção dos elementos. Nas técnicas visuais aplicadas, o
objeto demonstra complexidade, na frente temos uma combinação coerente, com harmonia
dos elementos, alinhamento das fotografias, mas essa harmonia é perdida no verso. É um
elemento que usa técnicas de exageração, arredondamento e profundidade. A disposição
dos elementos, em partes, se dá de maneira seqüencial e sobreposta contribuindo com os
efeitos visuais para um ajuste óptico na peça e em outras dá a impressão de terem sido
organizadas casualmente. As forças de organização corroboram uma média pregnância de
forma deste material.
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A chapa do Jorge Dresch trouxe para a campanha eleitoral deste pleito um santinho
maior um pouco que os demais, nas dimensões 7,5 X 11,2 cm. A figura a seguir mostra a
frente e o verso do material.
Figura 6: Santinho da chapa Salve Joaçaba.
Fonte: Material de campanha da chapa.
É uma composição visual que apresenta, segundo as categorias conceituais
fundamentais da teoria da gestalt, desarmonia por irregularidade com ausência de ordem e
nivelamento, alinhamento das fotografias no topo, mas perdendo a simetria de alinhamento
na vertical, é uma peça que evidencia a verticalidade, o contraste é verificado em diversas
frentes: contraste de luz e tom, contraste de cor e contraste de proporção e escala. Quanto às
Técnicas Visuais Aplicadas, é uma peça que apresenta complexidade, dificultando a leitura
rápida do objeto, principalmente na disposição dos elementos no verso. Há incoerência e
exageração nas linguagens formais em partes da peça, técnica de arredondamento,
profundidade e também sobreposição. Na frente, a peça tem boa continuidade e no verso a
continuidade já é baixa, com um grau de dificuldade maior na leitura, fazendo com que o
grau de pregnância da forma nesse objeto seja médio.
Análise do Plano de Governo e o perfil dos candidatos
O plano de governo expressa muito sobre o perfil de determinado candidato. As
opções prioritárias documentadas no plano para a gestão do governo demonstram mais que
prioridades, e em universos pequenos, geralmente, expressam o desejo do candidato em
efetuar aquelas mudanças, mas que não significam necessariamente serem as mesmas da
população, nem tão pouco que são desnecessárias ou incoerentes. O objeto nesse caso é
perceber quanto do perfil do candidato, espelhado em seu plano de governo foi carregado
nas peças gráficas estudadas neste artigo, levando-se em consideração ainda que podemos
encontrar características constantes no plano que são divergentes do perfil político pessoal
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do candidato, mas que por motivos estratégicos de uma campanha são suprimidos ou
evidenciados, para que a retórica do eleitor favoreça sua eleição.
A coligação Joaçaba uma nova cidade apresentou em seu plano de governo 14
grandes blocos/áreas de trabalho: administração, agricultura, cultura, educação, esportes,
eventos, finanças, indústria e comércio, infra-estrutura (planejamento e obras), meio
ambiente, procuradoria jurídica, saúde, social e turismo. Dessas áreas, chama mais a
atenção a infra-estrutura e a saúde. Mas isso não quer dizer que estas tenham sido
priorizadas pela coligação. Outro fator de destaque é que mesmo sendo empresários, ambos
os candidatos apresentaram propostas não tão empolgantes para essa área, e ainda, na
agricultura, representação e base sólida de Joventino De Marco, as propostas também não
caracterizam como uma política para a agricultura. A área social, no plano de governo de
Rafael é sucinta e marcada pela ausência de políticas públicas de ação social.
Esses fatores norteiam o perfil dos candidatos segundo o plano de governo, onde a
área social é desprivilegiada, a agricultura apresenta poucas propostas, e assim a infra-
estrutura e saúde demonstram um perfil dos candidatos mais conservadores com a cidade,
nos seus aspectos estéticos e ainda interessados em dar mais estrutura à saúde.
A coligação Joaçaba para todos construiu seu plano de governo a partir de treze
reuniões em macro-regiões de Joaçaba. O documento está dividido em três grandes áreas:
gestão participativa, desenvolvimento estratégico e plano social. A gestão participativa
abrange outras subáreas como o orçamento participativo, conselhos municipais e inovação e
gestão. O Desenvolvimento Estratégico se subdivide em planejamento estratégico,
desenvolvimento econômico, agricultura, infra-estrutura/transporte/trânsito e meio
ambiente, e ainda, o Plano Social engloba a saúde, educação, assistência social, esporte e
cultura.
As propostas descritas no plano de governo da coligação têm um forte apelo prático,
com indicativos diretos de como se pretende fazer as ações. As propostas de subáreas como
desenvolvimento econômico, agricultura, infra-estrutura demonstram muito do perfil do
candidato Chico, com clareza da inovação tecnológica e fomento, frutos de sua formação
profissional e atuação de trabalho na área de planejamento estratégico empresarial. Assim,
podemos dizer que a personalidade do Chico, de homem gestor, planejador, inovador foi
preservada nas propostas de seu plano de governo.
A candidatura do Jorge e Brancher foi a única que não produziu material impresso
constando as propostas de governo. A análise a seguir foi realizada com base no documento
digital do plano de governo fornecido pela agência da campanha do Jorge e está dividido
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em dez áreas: esporte, meio ambiente, agricultura, desenvolvimento econômico, saúde,
educação, turismo, cultura, gestão pública e infra-estrutura. É importante destacar que todas
as áreas receberam um nome, com explicação do que é o projeto a ser desenvolvido em
cada área e como será executado, com quais ferramentas e meios.
A forma como foi organizado as propostas, explicando o que seria cada uma e como
seriam executadas ao longo do plano de governo são prova da imagem do candidato, bem
organizado, empresário, atencioso, manso. Entretanto, este perfil é dissonante com as
demais mídias. A fotografia oficial é distante, apagada, com ruído visual que coloca o
candidato a vice, Brancher em destaque, enquanto a sua imagem do Jorge fica retraída
devendo ser mais explorada as feições e um enquadramento mais fechado.
O mundo das eleições é marcado por inúmeros fatores, acordos, oportunidades,
alianças, estratégias e tudo mais, e o marketing a cada eleição vai ganhando campo e se
tornando indispensável e o papel da comunicação visual cresce juntamente, oras como
coadjuvante, oras como ator principal em uma campanha, dependendo do cenário, do
número de eleitores, do contexto político, etc.
O pleito de 2008 em Joaçaba elegeu o candidato Rafael Laske, o Mamão, da
coligação Joaçaba uma nova cidade, com Chico Volpato, da coligação Joaçaba para todos
em segundo e a chapa Salve Joaçaba, do Jorge e Brancher em terceiro. Esse resultado, pode
se dizer que pouco ou nada teve influência da comunicação apresentada, pois em universos
menores, a decisão de voto é dada muito em função da relação política, do conhecimento do
candidato como afirma Grandi, Marins e Falcão (1992, p. 29). E a atuação do marketing
eleitoral, em universos pequenos como é em Joaçaba, influencia apenas 15% dos eleitores
na hora de escolher seu candidato. Todavia, a comunicação visual não pode ser desprezada
ou encarada como desnecessária e até mesmo ineficiente, pois ela pode até não interferir na
opção do voto, mas com certeza contribuirá para a unificação da campanha, do discurso, do
perfil de cada candidato e de melhor aceitação da campanha, visualmente falando.
A construção da comunicação visual das três candidaturas majoritárias em Joaçaba
são distintas, por que se deram sobre prismas diferentes, sob aspectos e conceitos
diferentes. A do Mamão por não ter sido construída aqui fica difícil analisá-la e saber se é
coerente ou não com o perfil do candidato. Em determinados momentos ela converge, mas
em outros não. A comunicação visual do Chico Volpato, que foi construída em Joaçaba, foi
bem elaborada, com cuidados técnicos e com boa pregnância da forma em todos os
materiais. O Jorge optou por uma chapa pura para a disputa das eleições e a sua imagem foi
consolidada em cima desse conceito, de evidência do seu partido, das cores, do modo que
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se apresenta o PSDB e também foi bem elaborada, cabendo algumas melhorias na
finalização e produção, mas com muita simplicidade e pregnância de forma muito boa.
Ainda gostaríamos de destacar que o marketing eleitoral ainda é pouco explorado na
região com pouco interesse de agências em se especializarem neste “nicho”, e isso torna,
em certos momentos, até amadora a intervenção da comunicação realizada.
Finalizamos este artigo com aprendizado acumulado interessante e sabedores que
esse tema ainda pode se desdobrar e seguir por inúmeras linhas de conhecimento. Todavia,
esperamos ser de grande valia para o conhecimento regional e para a evolução da
intervenção publicitária no meio eleitoral.
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