Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    1/17

    Territórios da clínica: Redução de Danos e os novos percursos éticos para

    a clínica das drogas

    Capítulo de livro – Conexões: Saúde Coletiva e Políticas da Subjetividade.

    (Orgs.): Srgio !esende Carval"o# Sabrina $erigato e %aria &lisabet" de 'arros.

    &d. ucitec. **+ , pp.--,-/0.

    Silvia 1edesco-

    1adeu de Paula Sou2a

    &ste trabal"o pretende reali2ar u3 breve 3apea3ento do processo de

    re4or3ula56o proposto 7 clínica das condutas aditivas no 'rasil. 1rata,se da

    i3ple3enta56o de políticas públicas dirigidas 7 3igra56o da !edu56o de 8anos

    (!8)9 estratgia de preven56o as 8S1;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    2/17

    tratar o proble3a co3pro3etendo,se co3 a aten56o integral e co3 a a3plitude

    do te3a das drogas no conte3porHneo9 escapando da oposi56o entre lícito e

    ilícito9 per3itido e proibido. Co3 isto uis,se a4ir3ar a inseparabilidade entre

    preven56o9 pro3o56o9 trata3ento9 reabilita56o e produ56o de saúde. Para

    en4rentar tal tare4a constituiu,se u3 grupo de trabal"o de co3posi56o 3ulti,

    setorial no %inistrio da Saúde ue indicava a op56o de to3ar o te3a das

    drogas e3 sua co3plexidade9 interesse social e transversalidade. Io

    docu3ento produ2ido por este grupi de trabal"o9 a4ir3ava,se a aposta na

    abordage3 ao proble3a do uso abusivo de Alcool e outras drogas a partir da

    !edu56o de 8anos (!8)9 entendida co3o 3todo clínico,político e paradig3a

    norteador desta política de saúde pública (Sou2a e Passos9 **+). ; relevHncia

    desta iniciativa reside na aposta de ue a !8 poderia produ2ir u3 desvio do

    ol"ar 3orali2ante9 4reuente3ente presente nos discursos e prAticas clínicas

    dirigidas aos usuArios de drogas. 8etal"e3os u3 pouco 3el"or esta coloca56o.

    &ntretanto9 antes deste cenArio 3acropolítico estAva3os de 4rente a

    duas 3odalidades de prAticas de saúde co3 di4erentes enca3in"a3entos. ;s

    estratgias de !edu56o de 8anos i3ple3entadas pela política de ;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    3/17

    co3o u3 c=digo 4ec"ado9 a ser obedecido e3 sua íntegra9 3as co3o outro

    ol"ar sobre a proble3Atica das drogas9 ue ve3 oxigenar as prAticas clínicas.

    Ntica ue nos o4erece novos 3ati2es do proble3a e3 uest6o. &3 su3a9 n6o

    se trata de 4idelidade a u3 3odelo 4ixo e absoluto9 3as si3 da abertura 7

    plurali2a56o de pontos de vista. O gan"o 3aior estA e3 entender o processo de

    transposi56o co3o u3a experiJncia de contAgio9 de sensibili2a56o por outros

    ol"ares sobre a droga e9 principal3ente9 sobre o usuArio9 sujeito de nossa

    prAtica.

    &3 lin"as gerais9 a uest6o ue se coloca 7 clínica e ue neste texto

    tentare3os re4letir seria: se a clínica visa intervir na rela56o entre usuArio e

    droga e a !8 propõe prAticas onde a droga estA 4ora do 4oco principal9 co3o

    praticar essa nova clínica das drogas9 co3o deslocar o 4oco da droga9 se3 ue

    isto n6o i3pliue perda do objeto clínico por excelJncia.

    M este o sentido ue preciso i3pri3ir ao 3ovi3ento de 3igra56o da

    !8 para o ca3po da clínica: co3o u3 desa4io ue nos convoca a u3 s= te3po

    7 re4lex6o cuidadosa e ao exercício constante de cria56o e3 nossa prAtica

    clínica a 4i3 de 3axi3i2ar os e4eitos potenciali2adores deste contato entre esses

    dois universos distintos de prAticas.

    Cabe 4a2er notar ue este processo ainda se encontra e3 curso9 de

    3odo ue nosso trabal"o consiste no aco3pan"a3ento de u3 processo vivo9

    ou seja9 analisa3os o processo no 3o3ento 3es3o e3 ue se reali2a. 8e u3

    lado9 a desvantage3 do ineditis3o constante9 do i3pacto de lidar co3 o

    descon"ecido9 e de outro a vantage3 de conviver 3ais inti3a3ente co3 a

    i3planta56o da proposta9 ainda e3 vias de reali2a56o9 e de poder elaborar

    interven5ões reguladoras do processo e3 anda3ento.

     ;ssi39 acredita3os a3pliar o espa5o de discuss6o9 convidando aco3unidade cientí4ica e clínica 7 re4lex6o sobre as i3plica5ões do projeto.

    CaberA aui avalia56o dos avan5os ue este 3ovi3ento representa para a

    clínica das drogas tanto uanto o recon"eci3ento dos desa4ios a ue so3os

    convocados e ue nos le3bra3 do co3pro3isso tico de 3anter e3 constante

    anAlise nossas prAticas acadJ3ico,pro4issionais. >eja3os alguns e4eitos desta

    parceria.

    #

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    4/17

     ; perspectiva da !8 anuncia u3a i3portante 3udan5a de dire56o para

    clínica das drogas9 at ent6o9 absorvida pela Política anti,drogas e3 vigor no

    'rasil. Para 3el"or entender a oxigena56o operada pela !edu56o de 8anos

    4are3os u3 breve exposi56o das características da clínica operada pela Política

    anti,drogas.

    A Política anti-drogas e a Clínica

     ; i3ple3enta56o da política anti,drogas pelo &stado brasileiro 4oi

    intensi4icada a partir de -+* uando instituiu,se o Siste3a Iacional de

    Preven56o9 $iscali2a56o e !epress6o de &ntorpecentes9 cuja instHncia

    ad3inistrativa e executiva era o Consel"o Iacional de &ntorpecentes (CO$&I)9

    =rg6o do %inistrio da Kusti5a. &ssa estrutura passou a ser reprodu2ida nas

    es4eras estaduais e 3unicipais: Consel"o &stadual de &ntorpecentes (COI&I)

    e Consel"o %unicipal de &ntorpecentes (CO%&I).

    Gonge da gest6o do %inistrio da Saúde9 esta política absorvida pela

    Secretaria de Seguran5a. Iesta trajet=ria pode3os perceber ue o proble3a da

    droga per3anece re4ratArio 7 al5ada da saúde. M dentro dessa l=gica ue9 e3

    -++9 instituiu,se a Secretaria Iacional ;ntidrogas9 ue9 na sua orige39

    subordinava,se a Casa %ilitar da PresidJncia da !epública9 trans4or3ada e3

    -+++9 se3 perder seu carAter 3ilitarista9 e3 Qabinete de Seguran5a

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    5/17

     Para algu3as lin"as terapJuticas9 a instala56o do estado de abstinJncia

    c"ega a ser condi56o necessAria e exigida para início e 3anuten56o do

    trata3ento. Se a abstinJncia precisa estar presente desde o início9 ent6o

    conclui,se ue o trata3ento volta,se exclusiva3ente 7 intensi4ica56o das

    condutas de escape 7 reincidJncia. ; i3posi56o de 3eta a priori e única para o

    trata3ento inconciliAvel co3 a tica clínica onde o contrato e dire56o da cura

    precisa ser pactuada co3 o usuArio ao longo de todo trata3ento. Ia proposta

    de redu56o de danos9 a abstinJncia co3o 3eta n6o excluída9 existe co3o

    possibilidade e9 principal3ente9 sua legiti3idade n6o pressuposta9 3as a ser

    construída co3o e4eito do trabal"o conjunto entre terapeuta e usuArio.

    O investi3ento principal da política dirigida 7 abstinJncia9 explicita a

    i3posi56o de novo produto de ideali2a56o a ser consu3ido: a sociedade li3pa

    de drogas9 sociedade se3 drogas. O 4oco do trata3ento9 portanto9 a droga9

    entendida co3o substHncia ativa9 perigosa e provocadora de todos os 3ales9

    subentendendo,se ue o cidad6o 3oral3ente be3 constituído resiste

    co3pleta3ente ao seu uso. Ieste uadro9 o usuArio ue busca atendi3ento

    clínico9 incluído na categoria de cidad6o in4erior9 de4iciente e3 sua 4or3a56o

    por n6o resistir ao apelo da droga e9 conseuente3ente9 in4rator da regra 3aior

    da sociedade – o co3bate e eli3ina56o do grande 3al , as drogas. Io caso9 a

    cri3inali2a56o dauele ue busca o trata3ento inevitAvel. Co3 ela e o

    conseTente preconceito e3erge3 excessivas di4iculdades para o usuArio.

    Observa3,se 3uitos pontos de estrangula3ento na rede de rela5ões

    estabelecida no seu territ=rio existencial. Ia 4a3ília9 na escola9 no trabal"o9

    inclusive entre os 4uncionArios dos servi5os tais co3o clínicas9 "ospitais gerais9

    etc9 surge3 atitudes de "ostilidadeE . B3 dos e4eitos principais o baixo índice

    tanto de busca espontHnea dos servi5os pelos usuArios uanto sua ades6o aos3es3os. Os e4eitos s6o drAsticos. ; procura pelo trata3ento9 uando se reali2a9

    se dA uando o processo jA avan5ou e3 de3asia9 apresentando Ucroni4ica56oV

    signi4icativa. & ainda observa3os ue o usuArio9 4reuente3ente9 c"ega ao

    servi5o pelas 36os de terceiros (4a3iliares9 escola9 ou outras institui5ões do

    estado). ; partir daí9 o carAter espontHneo da busca de atendi3ento

    #

     Em pes%uisa anterior tais atitudes de &ostilidade são analisadas' Pra mel&or detal&amento do tema cf'(astrup ) *') +edesco) ) Passos) E' ,2./ 

    0

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    6/17

    desaparece. 8ada a alta gravidade dos casos e seu carAter co3puls=rio9 as

    c"ances de sucesso no atendi3ento redu2e3,se excessiva3ente (1edesco L

    %attos9 **/).

    Iote3os ue a presen5a de 3eta a priori  de abstinJncia e o seu carAter

    co3puls=rio 4a2 esta clínica excluir a participa56o ativa do usuArio no processo.

    Ou seja9 este n6o ouvido e9 portanto9 sai de cena a sua rela56o co3 a droga9 a

    singularidade da 4un56o ue esta exerce no universo de sentidos do usuArio. ;s

    particularidades da experiJncia do drogar,se9 deter3inantes da 3anuten56o do

    cliente co3o re43 da substHncia9 s6o despre2adas. B3a ve2 ignorados pela

    tcnica9 n6o "A co3o intervir sobre os 4atores de ali3enta56o do uso

    inadeuado ou abusivo. &li3ina,se9 assi39 no 3es3o ato9 ualuer

    possibilidade de interven56o clínica sobre o processo existencial responsAvel

    pela produ56o da conduta de adi56o. 1al uadro pressupõe ser insolúvel o

    proble3a co3 a droga. O única estratgia possível acaba por li3itar,se 7

    cria56o ou intensi4ica56o de 4or5a psíuica eou 3oral de rec"a5o ao 3al

    "AbitoD9 4or5a de oposi56o ao 4orte e danoso elo entre usuArio e droga. O

    trata3ento revela,se co3o u3 treina3ento para 4ortaleci3ento de atitudes de

    esuiva ao apelo recorrente da substHncia.

     ;p=s instalada9 a atitude de controle precisa 3anter,se atuante9 co3o

    u3 estado de vigilHncia a si constante9 caso contrArio9 a 4or5a de atra56o

    reassu3iria o controle. &xclui,se a experiJncia da droga e9 co3 ela9 vai no rastro

    a subjetividade do usuArio. &ste agora expulso do pr=prio processo de

    trata3ento. &3 resu3o9 as conseTJncias desta l=gica anti,drogas a

    i3posi56o9 para a clínica9 de orienta5ões ue desrespeita3 seus princípios

    ticos9 li3itando,a a resultados ín4i3os.

    Interferncias entre Redução de Danos e a Clínica das drogas

     ;s estratgias de !89 criado para preven56o o4icial dirigida a 8S1;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    7/17

    8S1 e positivo entre usuArios de drogas injetAveis de /W para -EW

    (XXX.unodc.orgbr  , **/**+)

     ;o adotar a !8 co3o estratgia para preven56o das 8S1;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    8/17

    co3 os 3ovi3entos de subjetiva56o ue ali se e4etua3 nos parece u3 plano de

    produ56o de intercessões entre o ca3po da !8 e o ca3po da clínica das

    drogas. 1irar as drogas do 4oco da interven56o e 4ocali2ar no processo de

    produ56o de u3a subjetividade,drogadita9 se apresenta co3o u3a orienta56o

    ue a3plia as possibilidades da clínica se3 perder de 4oco o objetivo de

    trans4or3ar investi3entos 3ortí4eros ue se i3pri3e3 e3 3aus encontros co3

    as drogas.

     ; constru56o de u3a política pública de saúde para usuArios de drogas

    deve conter o4ertas ue acol"a3 a diversidade de de3andas ue envolve o

    universo do uso de drogas. ;s a5ões de preven56o as 8S1;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    9/17

    recon"ecido 4acilitador da ades6o. Ia clínica o investi3ento 3aci5o na

    proxi3idade co3 o usuArio. ; aten56o voltada 7 experiJncia do sujeito e o

    trHnsito 3ais livre nas rela5ões estabelecidas entre o terapeuta e paciente

    consiste3 e3 4erra3entas privilegiadas pela clínica.

    & ainda9 se na preven56o a !8 elege co3o 3eta ou 3edida de sucesso

    ualuer passo ue o4ere5a 3enor risco ou dano ao organis3o9 a clínica per3ite

    a3pliar este preceito e repensar a redu56o de danos agora dirigida a

    preserva56o do 4unciona3ento n6o ;P&I;S do organis3o9 3as da

    subjetividadeusuArio. B3a ve2 ultrapassando a 3oral 3dica9 o desa4io da

    clínica das drogas serA o de escapar a leis e preceitos gerais para reali2ar,se.

    Iesta outra =tica9 observa3os ue trata3ento n6o to3arA co3o 4oco

    direta3ente a droga. O ol"ar 3ais abrangente buscarA detectar os danos

    pro3ovidos no territ=riousuArio9 no conjunto de rela5ões ue ali3enta3 a rede

    existencial (1edesco9 **E). So3os levados a perceber ue a subjetividade e3

     jogo n6o se sobrepõe ao conceito de sujeito9 de4inido pelo inti3is3o de u3a

    vida interior9 li3itado 7 realidade 3ental 4ec"ada sobre si 3es3o. O processo da

    subjetividade existe para al3 do uJ deno3ina3os sujeito (Sc"rer9 ***). Io

    lugar da pessoa9 4igura 4ec"ada sobre u3 si 3es3o9 te3,se u3 territ=rio9 u3a

    paisage39 en4i3 toda u3a vida a4ir3ada nas conexões aí reali2adas9 seja3

    conexões 3ais institucional3ente 4or3ali2adas co3o as 4a3iliares9 os elos

    produ2idos na escola9 no trabal"o9 seja3 as 3enos clara3ente de4inidas co3o

    a3i2ades9 paixões9 sensibilidades (8eleu2e L Quattari9 -++/).

    Cabe 7 clínica orientada pela !8 3apear essa paisage3 constituidora

    da subjetividade. ;o invs de u3a busca por u3a causa interior do uso de

    drogas9 de desejos peca3inosos9 a !8 aponta para estratgias clínicas ue

    cartogra4a3 causas i3anentes ao pr=prio territ=rio existencial9 e busca novasconexões nesta geogra4ia subjetiva9 u3a clínica peripattica (Gancetti9 **0). Ia

    prAtica cotidiana da clínica9 observa,se ue a rela56o co3 a droga9 uando

    predo3ina9 trans4or3a,se e3 u3 obstAculo para constru56o de outros elos. ;

    subjetividade parece su4ocar pelo 3ovi3ento reiterado restrito ao elo

    usuAriodroga. Ieste caso9 o estreita3ento e3pobrecedor do territ=rio to3ado9

    ent6o9 co3o prejuí2o ou dano 3aior9 exigente de aten56o. M certa3ente sobre o

    territ=rio e3pobrecido ue a interven56o clínica inscreve,se9 para 4a2er o usuArio

    3

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    10/17

    reto3ar o 3ovi3ento de a3plia56o de suas rela5ões9 de suas experiJncias. O

    trabal"o cartogrA4ico da clínica vai deixar ver pontos de estrangula3ento9 as

    di4iculdades no jogo ininterrupto estabelecido entre produ56odesconstru56o

    destes vínculos territoriais. Ou seja9 por u3 lado se considera co3o danos os

    prejuí2os ue a presen5a da droga provoca na paisage3 subjetiva e por outro

    lado9 os vetores de existenciali2a56o territoriais ue redu2e3 a experiJncia co3

    as drogas a u3a subjetividade drogadita. (1edesco9 **/)

    &xplorar a dinH3ica de usuArios de drogas9 e3 alguns casos i3plica

    tra5ar 3apas9 desloca3entos e trajetos ue passa3 por pontos de re4erJncia

    ue s6o9 a u3 s= te3po geogrA4icos9 sociais e psíuicos. B3 jove3 de classe

    3dia ue sai de seu aparta3ento9 anda pelas ruas da cidade9 sobe u3a 4avela9

    passa pelos tra4icantes e c"ega at a boca de 4u3o para co3prar u3 papelote

    de cocaína9 e3 3eio a barracos e 3uni56o pesada co3põe u3 trajeto

    co3posto por 3apas extensivos e intensivos: do as4alto ao 3orro9 a4etos de

    3edo9 ruas9 desa4ios9 4issuras ue n6o se resu3e3 a droga e3 si. 1o3ar a

    droga co3o causa desta trajet=ria redu2ir o 4oco9 na tentativa de tornar o

    objeto,3ovi3ento e3 objeto,droga.

     ; experiJncia de des4ocali2a56o introdu2ida pela !89 per3ite ue

    to3e3os as drogas n6o 3ais co3o 4or5a causadora9 3as co3o 3eio sobre o

    ual se estabelece conexões no pr=prio territ=rio9 experiJncia,droga co3o

    conectora ou desconectora de 2onas. ; princípio n6o possível prever se u3

    agencia3ento subjetividade,droga serA criativo9 parali2ante ou 3ortí4ero. M

    necessArio cartogra4ar os desloca3entos9 aco3pan"ar os 3ovi3entos. O risco

    encontra,se ali uando a experiJncia,droga deixa de ser u3 3eio de passage39

    u3 conector de 2onas e se torna u3a 4inalidade. B3a trajet=ria e3 ue os

    investi3entos desejantes 4a2e3 coincidir causa co3 4inalidade9 causa,droga,4inalidade9 co3põe u3 3apa existencial e3 ue a vida encontra,se e3 risco.

     ; droga co3põe co3 u3 cenArio co3plexo de trajetos e a4etos9 3apas

    extensivos e intensivos. (8eleu2e9 -++). 1rajetos paradoxais de u3 desejo ue

    se tornou insaciAvel9 u3 3ovi3ento ue n6o cessa e ao 3es3o te3po paralisa

    os pr=prios 3ovi3entos da vida. (Sissa9 -+++) O repert=rio se torna

    de3asiada3ente repetitivo e redu2ido. B3 3apa co3posto por lin"as de 4issura.

    1

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    11/17

    M necessArio n6o s= aco3pan"ar9 3as intervir no 3apa,subjetividade. O4ertar e

    produ2ir novos agencia3entos9 tra5ar lin"as de 4uga dono territ=rio.

    !etornando a co3para56o co3 a clínica antidrogas9 nota3os ue a

    3eta voltada 7 eli3ina56o co3puls=ria da droga abandonada. Ia parceria

    co3 o usuArio9 a clínica volta,se a detec56o dos danos produ2idos no territ=rio

    existencial para construir a estratgia gradual para redu56o destes e9 assi39

    reabilitar a rede territorial e suas conexões (1edesco L %attos9 **/). 

    8este 3odo9 eli3ina,se o risco da exclus6o do sujeito tal co3o ocorre

    na política anti,drogas ue acaba3os de expor. Co3o conseTJncia outras

    posturas clínicas adv3. Io Projeto do %inistrio da Saúde le3os:

    >e3os aui ue a redu56o de danos9 o4erece,se co3o u3 3todo(no sentido de 3et"odo9 ca3in"o) e9 portanto9 n6o excludente de outros.%as9 ve3os ta3b39 ue o 3todo estA vinculado 7 dire56o do trata3ento e9aui9 tratar signi4ica au3entar o grau de liberdade9 de co,responsabilidadedauele ue estA se tratando ('rasil9 %inistrio da Saúde9 **E9p.-*)

     Zs decisões a priori e unilaterais inspiradas no progra3a anti,drogas se

    4a2e3 substituir por 3etas e 3anobras elaboradas na rela56o clínica entre

    terapeuta e usuArio9 tendo co3o re4erJncia 3aior a escuta sensível 7s

    de3andas deste últi3o. Cae3 por terra ta3b3 as generali2a5ões excessivas.Seguindo esta 3es3a orienta56o9 ve3os ue a clínica privilegia as

    peculiaridades de cada caso9 trabal"a a experiJncia da droga9 a4ir3ando a

    singularidade dos enca3in"a3entos (Quattari L !olniY9 -+0).

    Se a !edu56o de 8anos pode trans4or3ar,se nu3a clínica9 porue

    pode trans4or3ar,se nu3 desvio ue consiste e3 criar u3a experi3enta56o da

    vida ali onde o e3preendi3ento 3ortí4ero.D (Gancetti9 **09 p. ). %ais u3a

    ve2 4a2e3os notar ue o P!8 n6o to3a por 3ortí4ero o uso de drogas e3 si93as os agencia3entos ue intervJ3 os diversos territ=rios:

    Os cracYeiros9 ao 4u3are3 3acon"a9 n6o so3ente substitue3 u3aprAtica ue produ2 as3a br[nuica9 in4ec56o respirat=ria e acidentesvasculares cerebrais9 3as liga3 os sujeitos a outros co3 outros parH3etrosde coopera56o9 de solidariedade e de convivJncia (G;IC&11

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    12/17

     ; clínica da !8 pro3ove agencia3entos coletivos ue inverte3 o

    sentido negativo de contAgio co3o índice de 3orte9 para u3 sentido positivo de

    contAgio co3o produ56o de vida9 vida contagiante:

    O conceito de a3plia56o da vida u3a ponta de lan5a paradesbravar u3 ca3po extre3a3ente co3plexo. &le vital para a sustenta56oda posi56o de terapeutas de casos,li3ite ou de casos uase intratAveis. &le vital para elabora56o de territ=rios existenciais inditos9 capa2es detolerHncia9 ancorados na constru56o do comum e vital ta3b3 porue nosper3ite 4ugir da posi56o de derrota e de i3potJncia a ue nos condena3 asca3pan"as antidrogas e a ideologia da abstinJncia. (G;IC&11

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    13/17

    (%arues e 8oneda9 -++)9 so3ente e3 **/ o te3a das drogas passa a

    ocupar u3 lugar 3ais signi4icativo nas agendas da política de saúde 3ental no

    'rasil. ;s a5ões 3ais signi4icativas de Saúde %ental para aten56o de usuArios

    de drogas viera3 a ser i3ple3entadas pratica3ente de2 anos ap=s o Projeto

    8rogas9 a partir dos Caps,ad.

     ; diversi4ica56o das o4ertas e3 saúde para usuArios de drogas so4reu

    signi4icativo i3pulso uando9 a partir de **/9 as a5ões de !8 deixa3 de ser

    u3a estratgia exclusiva dos Progra3as de 8S1;

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    14/17

    institucionali2a56o gan"ou u3a relevHncia dentro das a5ões de Saúde %ental9

    tendo co3o 3arcos legais as seguintes portarias:

     , Portaria -.* de jul"o de **/ – regulari2a as a5ões de !8 pelo %inistrio

    da Saúde. O carAter de3ocrAtico desta portaria se opõe clara3ente 7s

    propostas de trata3ento ue se pautava3 exclusiva3ente no paradig3a

    proibicionista e da abstinJncia.

    , Portaria -.*/+ de jul"o de **/ , destina incentivo 4inanceiro para o 4o3ento

    de a5ões de redu56o de danos e3 Centros de ;ten56o Psicossocial para o

     Flcool e outras 8rogas – C;PS, ad , e dA outras providJncias.

     ;pesar da !8 co3parecer co3o u3a i3portante diretri2 clínica e política dos

    Caps ,ad9 na experiJncia concreta ainda resta3 3uitas lacunas sobre o 3odo

    co3o esta diretri2 te3 sido exercida no cotidiano destes servi5os. Por ser u3

    3ovi3ento recente9 o processo de institucionali2a56o da !8 no ca3po da

    Saúde %ental precisa ser analisado para ue se potenciali2e a constru56o de

    u3a rede territorial de aten56o aos usuArios de Alcool e outras drogas.

    Por outro lado9 o 4ortaleci3ento da ;ten56o 'Asica co3o instHncia

    ordenadora da rede de aten56o e3 saúde9 exige ue as euipes de Saúde da

    $a3ília esteja3 preparadas para lidar co3 a especi4icidade da aten56o aos

    usuArios de drogas. (Cru2 e $erreira9 **). &ste desa4io encontra,se

     justa3ente na possibilidade de constru56o de redes de coopera56o e3 ue as

    di4erentes euipes possa3 se apoiar de4inindo estratgias e projetos

    terapJuticos ue conte3ple3 a singularidade de casa sujeito. Iesse sentido

    cabe analisar tanto a abordage3 das euipes da &stratgia de Saúde da

    $a3ília uanto o apoio 3atricial das euipes do Caps,ad e dos Progra3as de!edu56o de 8anos a estas euipes.

     ; constru56o de rede de aten56o para os usuArios de drogas i3plica

    nu3a co3plexa tra3a tecida entre di4erentes servi5os e estratgias de saúde.

    Por isso a anAlise e co3preens6o do 3odo co3o estes servi5os est6o

    interagindo (Caps,ad9 &stratgia de Saúde a $a3ília e Progra3a de !edu56o

    de 8anos)9 seus processos de gest6o e aten56o9 para a constitui56o de u3a

    1$

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    15/17

    rede de aten56o aos usuArios de drogas s6o 4unda3entais para a a3plia56o e

    uali4ica56o do acesso e do atendi3ento a esta popula56o.

    Consideraç$es %inais

     

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    16/17

    'rasil. %inistrio da Saúde (**E)  ,  A  Política do Ministério da Saúde para

     Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas/Ministério da Saúde9

    Secretaria &xecutiva9 Secretaria de ;ten56o 7 Saúde9 CI,8S1;o2es: !io de Kaneiro.

    Rara39 %.G. +edução de Danos% ética e lei .

  • 8/18/2019 Territórios Da Clinica STedescoTPSouza(2)

    17/17

    Sissa9 Q. Pra.er e o Mal . !io de Kaneiro. &d. Civili2a56o 'rasileira9 -+++

    Sou2a9 1.P. (**) +edução de Danos0 a clínica e a política em mo!imentos. !io

    de Kaneiro9 Bniversidade $ederal $lu3inense9 8isserta56o de %estrado

    Sou2a. 1.P e Passos9&. (**+).

     

    1edesco9 S.9 (**) !educcion de danos ` la clínica de drogas. Santiago

    (Bniversidad de Oriente). 9 v.--9 p.0 , E9 **.

    1edesco9 S.9 ( **) ;dolescJncia9 drogas e 3edidas s=cio,educativas e3 3eio

    aberto