120
social: novas Jardim Itaú Habitação para perspectivas o

TFG| Habitação social: novas perspectivas para o Jardim Itaú

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Suelen Ferrante

Citation preview

  • social: novas

    Jardim

    Ita

    Habitao

    para

    perspectivas o

  • Sulen Ferrante

    Habitao de interesse social: novas perspectivas para o Jardim Ita

    Trabalho final de curso para obteno do ttulo de graduao em Arquitetura e Urbanismo apresentado ao Centro Universitrio Moura Lacerda.

    Orientadora: Prof Ma. Tnia Maria Bulhes Figueira.

    Ribeiro Preto

    2015.11

  • Suelen Ferrante

    Trabalho final de curso submetido ao Curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitrio Moura Lacerda

    Habitao de interesse social: novas perspectivas para o Jardim Ita

    Banca examinadora:

    Examinador 1

    Examinador 2

    Examinador 3

    Ribeiro Preto

    2015.11

  • DEDICATRIA

    Dedico esse trabalho a minha amada av, Antnia Ferrante, por sempre ter acreditado em mim enquanto estava presente.

  • Em teoria, so as pessoas que vivem nas cidades que deveriam definir o que fazer do espao urbano. Essa ideia fundamental seria o ponto de partida para a melhoria da convivncia, uma vez que a vida cotidiana seria melhorada. No basta oferecer um teto para as pessoas, tarefa dos programas habitacionais. necessrio fornecer tambm a cidade, o espao fora de casa e do trabalho.

    Silke Kapp

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a todos os docentes que compartilharam seus conhecimentos nessa jornada, em especial Ana Luisa Miranda e Tnia Bulhes pela dedicao, apoio e ensino.

    Aos moradores da favela do Jardim Ita pela confiana e pacincia. Aos meus queridos amigos que me ajudaram ideologicamente ou concretamente,

    mesmo distantes, em especial ao Affonso Malagutti e Vanessa Rodrigues. Aos meus pais, que nos momentos mais difcies foram compreensivos

    e dedicados, sem a fora e apoio de vocs eu jamais chegaria at aqui. Por fim, ao grande arquiteto e urbanista Mauro Freitas, por ser to prestativo, sua colaborao foi

    de essencial importncia.

    A todos vocs os meus sinceros agradecimentos.

  • Imagem 01| Fotografia de favela no Rio de Janeiro.

  • RESUMO

    O presente trabalho tem como proposta analisar as caractersticas da favela do Jardim Ita, dos seus moradores e do entorno, buscando a partir de informaes concretas maneiras de qualificar o bairro, hoje to abandonado.

    Para embasar a presente pesquisa apresento uma fundamentao terica, que colabora para o entendimento do processo da formao da habitao irregular, referncias projetuais que colaboraro com a etapa final dessa pesquisa: buscar por intervenes que modifique a realidade decadente da rea, em especial a favela do Jardim Ita, para tanto ser proposto novas possibilidades de acesso ao bairro, um conjunto habitacional de interesse social, reas de lazer e equipamentos urbanos que dem suporte aos seus moradores.

    Palavras-chave: favela, interveno, acesso, habitao, lazer.

    ABSTRACT

    This paper aims to analyze the slum characteristics of Ita Garden, its residents and the environment, seeking information from concrete ways to qualify the neighborhood today as

    abandoned.

    To support this research present a theoretical basis, which contributes to the understanding of the process of the formation of irregular housing, projective references to

    collaborate with the final step of this research: check for interventions that modify the seedy reality of the area, especially the slum garden Ita, will be offered to both new access to the neighborhood,

    a housing development of social interest, recreation areas and equipment that support its residents.

    Keywords: slum, intervention, access, housing, leisure.

  • Imagem 02| Favela, aquarela e acrlica sobre tela, 50 X 70, Camila Lacerda, 2010

  • INTRODUO 15

    FAVELA

    1. FAVELIZAO NO BRASIL: O INCIO NO SCULO XIX 17

    2. O PROCESSO DE FORMAO DAS FAVELAS EM RIBEIRO PRETO 21

    3. A FAVELA JARDIM ITU: CARACTERIZAO 25

    LEVANTAMENTO

    4. COLETA DE DADOS 31

    4.1 Rede De Esgoto 32

    4.2 guas Pluviais 33

    4.3 Rede de energia eltrica 34

    4.4 Legislao 35

    4.5 Uso do Solo 37

    4.6 Materialidade 39

    4.7 Adensamento 40

    4.8 Sistema virio 41

    4.9 Formao do Jardim Ita 42

    SUMRIO

    REFERNCIAS

    47 5. REFERNCIAS PROJETUAISmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmbb

    49 5.1 Unidade de habitao| Le Corbusier bbbbbbbbb

    57 5.2 Conjunto habitacional Quinta Monroy| Elemental arquitetura 55

    67 5.3 Favela Nova Jaguar - Setor 3| Boldarini Arquitetos Associadosb

    PROJETO

    79 6. HABITAO DE INTERESSE SOCIAL

    80 6.1 Urbano

    86 6.2 Arquitetnico BBBBBB

    bbbbbb

    108 CONSIDERAES FINAIS

    109 ANEXOS

    113 REFERNCIAS DAS IMAGENS

    117 REFERNCIAS

  • PERIFERIA

    RIO DE JANEIRO

    BARRODISTANTE

    Ele deixou sua mente viajar enquanto fitava a cidade, meio favela, meio paraso. Como um lugar podia ser to feio e violento, mas bonito ao mesmo tempo?

    Chris Abani

    TERRA

    MORADIA

    DIFICULDADE

    AGLOMERADO

    PLANTA

    RBUSTO

    PHYLLACANTHUS PROVIDNCIA

    TRABALHO

    CRESCIMENTO

    PLORIFERAO

    BAGUNA

    DISTANTE RIBEIRO PRETO

    LARDESEMPREGO

    SOCIEDADE

    MORADIA

    ABRIGO

    ABRIGO

    DIFICULDADE

    AGLOMERADO

    RIO DE JANEIRO SERTOCANUDOS

    CONSELHEIRO

    UNIO

    INFORMALIDADE

    PRECARIEDADE

    BUSO

    SECA

    SECA

    BAHIA

    SOLDADOS

    RACHADURA

    EXCLUSO

    LARAGLOMERADO

    PRECONCEITO

    ARRAIAL SERTO

    AGLOMERADO

    IMPROVISO

    POPULAORACISMO

    MEDOBRASIL

    DESEMPREGO

    DIFICULDADE

    AGLOMERADO

    MATERIALIDADEEXCLUSO

    CONSELHEIROESGOTOINFORMALIDADE

    IMPROVISOVIDA

    RACHADURA

    ALVENARIA

    FIBROCIMENTO

    FIBROCIMENTO

    EXCESSO

    RACISMO

    NORDESTE

    BRASIL

    SECABAHIA

    EXRCITOCARIOCAS

    DESEMPREGO

    EXCLUSO

    INFORMALIDADEPRECONCEITO

    SOCIEDADE

    HABITAO

    ABRIGO

    FRAGILIDADE

    MATERIALIDADE

    IDOSOSFESTA

    LAR

    POSSIBILIDADE

    TRABALHO

    LAJE

    XODO

    MORRO

    MORRO

    CRESCIMENTO

    CRESCIMENTO

    BAGUNA

    ESGOTO

    PLORIFERAO

    INFORMALIDADE

    AGRUPAMENTOBARRO

    PROVIDNCIAMATERIALIDADE

    RIBEIRO PRETO

    RACHADURA

    PLORIFERAODEFICINCIA

    HABITAO

    INCONSEQUENTEAGRUPAMENTO

    BAGUNA

    ITA

  • CONSELHEIRO

    UNIO

    MORRO

    PLANTA

    RBUSTONORDESTE

    GUERRA BRASIL

    ARRAIAL SERTO SECAPHYLLACANTHUS BAHIA

    GOVERNO

    CANUDOS

    EXRCITO

    CRESCIMENTOPROVIDNCIA

    CARIOCAS

    SOLDADOS

    XODO

    CIDADE

    RIO DE JANEIRO

    DESEMPREGO

    TRABALHOEXCESSO

    CRESCIMENTO

    PLORIFERAO

    MORADIA

    PERIFERIA

    DENSIDADE

    EXCLUSO

    SO PAULO

    INDUSTRIALIZAO

    DESORDEM

    INFORMALIDADEAGRUPAMENTOTERRA

    DIFICULDADE

    REJEIO

    CAPITALPOSSIBILIDADE

    IMPROVISO

    PRECONCEITONECESSIDADE

    CLANDESTINO MATERIALIDADEEXCESSO AGLOMERADO

    SOCIEDADEHABITAO

    ABRIGO

    BAGUNA

    IRREGULAR FRAGILIDADE

    BAGUNAIMPROVISO

    DESIGUALDADEDEFICINCIA

    PRECARIEDADE

    MATERIALIDADE

    MADEIRA

    DISTANTE RIBEIRO PRETORACHADURA

    ESGOTOFIBROCIMENTOOESTE

    POPULAO

    ITABARRO CRIANAS ALVENARIA IDOSOS

    DROGASGRANDETRABALHADORES

    FAMLIA FESTACHURRASCOVIDA

    MSICA LAJE

    AMIZADESCOMPANHEIRISMO

    SUJEIRA

    RACISMOAUSNCIA

    MEDO

    BUSOINCONSEQUENTE

    EXRCITOHABITAOLAR

    BRASIL

    CAPITALPOSSIBILIDADE

    POSSIBILIDADE

    POSSIBILIDADE

    POSSIBILIDADE

    LAR

    TRABALHO

    TRABALHO

    DESEMPREGO

    DESEMPREGO

    DESEMPREGO

    TERRA

    TERRA

    LAJE

    LAJE

    LAJEINCONSEQUENTE

    INCONSEQUENTEXODO

    SOCIEDADE

    MORADIA

    MORADIADROGAS

    ABRIGO

    ABRIGO

    DIFICULDADE

    DIFICULDADE

    AGLOMERADO

    AGLOMERADO

    MORRO

    MORRO

    POPULAO

    POPULAO

    RIO DE JANEIRO

    MATERIALIDADE

    MATERIALIDADEEXCLUSO

    PERIFERIA

    PERIFERIAPERIFERIA

    SERTO

    SERTOCANUDOS

    CONSELHEIRO

    CONSELHEIRO

    CRESCIMENTO

    CRESCIMENTO

    CRESCIMENTO

    RACISMO

    RACISMO

    BAGUNA

    BAGUNA

    BAGUNA

    ESGOTO

    ESGOTO

    UNIO PLORIFERAOPLORIFERAOMEDO COMPANHEIRISMO

    INFORMALIDADE

    INFORMALIDADE

    AGRUPAMENTOAGRUPAMENTOIMPROVISO

    IMPROVISO

    PRECARIEDADE

    GOVERNO

    BUSO

    BUSO

    SECA

    SECA

    BAHIA

    VIDA

    VIDALAJE

    LAJE

    LAJE

    BARRO

    BARRO

    SOLDADOS

    SOLDADOS

    MADEIRAPROVIDNCIA

    PROVIDNCIA

    AUSNCIA

    INCONSEQUENTEITA

    RACHADURA

    RACHADURA

    RACHADURA

    ESGOTO

    MATERIALIDADE MATERIALIDADESUJEIRA NECESSIDADE SOCIEDADE

    POSSIBILIDADE

    RIBEIRO PRETO RIBEIRO PRETO

    ALVENARIAFIBROCIMENTO

    FIBROCIMENTO

    FAMLIAFAMLIA

    RACHADURA

    RACHADURARACHADURA

    PROVIDNCIA

    PLORIFERAO

    BAGUNADEFICINCIA

    CRESCIMENTO

    TRABALHADORES

    POPULAO

    CRESCIMENTO

    PERIFERIA

    SERTO

    EXCLUSO

    RIO DE JANEIRO

    LAR

    RBUSTO

    EXCESSOEXRCITO

    RIBEIRO PRETO

    AGLOMERADO

    HABITAO

    HABITAO

    PRECONCEITO

    PRECONCEITOINCONSEQUENTE

    ABRIGO

    AGRUPAMENTO

    RACISMO

    NECESSIDADE

    AGLOMERADO

    FIBROCIMENTOXODO

    AGRUPAMENTO

    RACHADURA

    UNIODESEMPREGO

    INCONSEQUENTE

    F A V E L ALAR

  • Imagem 03| Exemplo de assentamento precrio no Brasil.

  • 15INTRODUO

    Em toda a histria da humanidade, o desejo de possuir um espao onde se possa ocup-lo, domin-lo e transform-lo, vem sendo um dos mais significativos objetivos do homem, j que proporciona ao indivduo dignidade, proteo e respeito perante toda a sociedade. Com a

    especulao imobiliria cada vez mais presente, comprar a to sonhada casa prpria, vem sendo previlgio de poucos. Mesmo com o incentivo de programas governamentais, ainda muito grande a

    parcela da populao que no consegue alcanar esse sonho.

    Na questo habitacional, os intereses privados sobrepem-se em relao necessidade comum. ntido como ...o mercado de trabalho e o mercado de locao de imveis no

    se comunicam (BONDUKI, 2013 p. 9). O salrio do trabalhador muitas vezes no suficiente para quitar as parcelas do aluguel e muito menos participar do financiamento de casas, o que resulta

    na fragilidade que as grandes cidades enfrentam: ...se o mercado de trabalho relega parte da populao pobreza, o mercado imobilirio nega aos pobres a possibilidade de habitar no mesmo

    espao em que moram aqueles que podem pagar (BONDUKI, 2013, p. 8).

  • 16

    Como consequncia dessa realidade, a parcela menos beneficiada da populao encontra outros meios de alcanar seus anseios, criando assim solues que esto distantes de

    serem adequadas. Entre estas solues est a ocupao irregular de terrenos pblicos e privados, dando origem aos denominados assentamentos precrios. O processo de favelizao est cada vez

    mais presente nas grandes e mdias cidades brasileiras.

    Em Ribeiro Preto, cerca de 1400 famlias (prefeitura de RIBEIRO PRETO, 2010, no paginado.) residem em assentamentos precrios, em sua maioria, nas reas perifricas da cidade.

    Tendo em vista este contexto, o presente trabalho tem como principal objetivo desenvolver um projeto de um Conjunto Habitacional para moradores da Favela do Ita, localizada no bairro Jardim

    Ita, zona oeste de Ribeiro Preto buscando, sobretudo o remanejamento da populao, j que uma das principais dificuldades da Favela do Ita o adensamento construtivo excessivo e a total falta

    de infraestrutura na rea que compreende o assentamento.

    Para tanto, esse trabalho procura apresentar solues adequadas para os problemas de moradia encontrados nessa favela. Com esse intuito, a pesquisa ser baseada em quatro partes: a primeira composta pelos captulos um, dois e trs, onde apresentado um levantamento de dados

    histricos sobre o processo de favelizao no Brasil e na cidade de Ribeiro Preto, respectivamente. O quarto captulo expe um estudo de caso onde contextualizada a favela do Jardim Ita

    apresentando um levantamento detalhado da rea, a fim de diagnosticar as principais dificuldades e potencialidades do local. A terceira parte apresenta trs referncias projetuais, a primeira a

    unidade de habitao localizada na cidade de Marselha na Frana, a segunda conjunto habitacional Quinta Monroy no Chile e a terceira referncia ser a interveno na favela Nova Jaguar em So

    Paulo, as trs embasaro o projeto apresentado na quarta parte: um Conjunto Habitacional somado a reas de recreao, localizado no entorno imediato da favela; alm disso ser proposto como

    diretriz projetual a construo de uma unidade bsica de sade, um centro educacional e melhoria nos acessos do bairro facilitando assim a conexo do Jardim Ita com o centro da cidade de

    Ribeiro Preto.

    Imagem 04| Crianas em meio a destroos causado por incndio na favela Snia Ribeiro em So Paulo.

  • 171. FAVELIZAO NO BRASIL: O INCIO NO SCULO XIX

    O processo de favelizao no Brasil tem origem em meados do sculo XIX, como resposta a uma srie de marcos histricos pelos quais o pas passava. Segundo Ermnia Maricato, o

    surgimento do problema habitacional no pas data de 1850 quando a partir da promulgao da Lei de Terras [...], na emergncia do trabalho livre, assegurou que a propriedade fosse transformada

    em mercadoria e a atividade empresarial imobiliria regulamentada (MARICATO, 1996 apud FREIRE, 2006 p. 21). A lei em questo define pela primeira vez no Brasil a implantao de propriedade

    privada, dando direito terra para quem a compra ou regularizando posses mansas e pacficas [...] que se acharem cultivadas, ou com princpio de cultura e morada habitual do respectivo posseiro ou

    de quem o represente... (BARROS, 2015 p. 250).

    Outro marco significativo, que afeta fortemente o incio do processo de favelizao, a Lei urea, que em 1888, com a libertao dos escravos, consolida no Brasil uma sociedade dividida em duas classes: proprietrios e no proprietrios, de um lado os latifundirios de terras urbanas

    de outro os escravos, recm libertos e a mo de obra assalariada sem acesso terra. (FREIRE, 2006, p.22).

  • 18

    Alm desses fatos, cada estado ou regio brasileira possui outros marcos que resultam na origem dos assentamentos precrios. Como cita Houaiss Pereira, o Rio de Janeiro a

    cidade que possui, hoje, as maiores favelas do pas e tambm deu origem ao prprio termo, na busca de classificar esse tipo de assentamento:

    A origem das primeiras favelas, no Rio de Janeiro, est ligada ao fim da Guerra de Canudos em 1897 que trouxe capital federal inmeros ex-combatentes que, sem nenhum apoio institucional quanto questo da moradia, ocuparam o Morro da Providncia que se localizava atrs das guarnies militares. A ocupao passou-se a chamar Morro da favela, em referncia ao morro que as tropas ocuparam na regio de Canudos onde se encontravam muitas favelas plantas leguminosas utilizadas para a alimentao. (HOUAISS ,2004; PEREIRA, 1996; TASCHNER, 2000 apud FREIRE, 2006, p. 24).

    Outra rea de grande importncia nessa questo a regio metropolitana de So Paulo, onde suas primeiras favelas surgiram por motivos bem diferentes daqueles que levaram o surgimento no Rio de Janeiro: consequncia dos despejos, da forte urbanizao e da falta de

    alternativas habitacionais, os primeiros ncleos de favelas em So Paulo surgiram na dcada de 40 (BONDUKI, 2013, p.270).

    Segundo Bonduki, as primeiras favelas em So Paulo surgiram como uma resistncia dos inquilinos, despejados pelos efeitos da Lei do Inquilinato de 1942, em deixar as reas centrais e mudar-se para a periferia. As reas ocupadas localizam-se nas vrzeas dos rios Tiet e Tamanduate, pblicas e ociosas devido dificuldade de ocupao do centro ou em reas industriais. (FREIRE, 2006, p. 22).

    Com o passar dos sculos, os aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invases, grotas, comunidades, vilas, mocambos, palafitas e etc.) foram aumentando gradativamente suas propores, ocupando no somente as capitais como tambm grandes cidades localizadas no interior dos estados brasileiros; no ano de [...] 2010 o Brasil contava com 190.732.694 milhes de habitantes, sendo que 6% destes residiam em locais irregulares, um total de 11.425.644 milhes de pessoas, distribudas em 323 municpios (segundo dados do IBGE senso 2010, no paginado). A maioria das ocupaes acontece em regies metropolitanas como So Paulo e Rio de Janeiro, [...] em reas menos propcias urbanizao como encostas ngremes [...], reas de praia [...], vales profundos [...], baixadas permanentemente inundadas [...], manguezais [...] (IBGE senso 2010, no paginado), entre outras.

    Imagem 05| A primeira favela do Brasil, morro da favela, hoje conhecido como morro da providncia. 2012.

    Imagem 06| Divisa entre o condomnio de luxo Penthouse e a favela Paraispolis na cidade de So Paulo. 2004.

  • 19

    Desde o seu surgimento, as favelas so mundialmente conhecidas como reas de desordem e, muitas vezes, so relacionadas violncia e precariedade. Cenrio presente em

    grandes obras literrias e sucessos do cinema nacional e internacional, de onde boa parte da populao se baseia para formar sua opinio a respeito do local. Mas afinal, o que caracteriza de

    fato uma favela? Muitos autores propem um significado para o termo a fim de diferenciar a favela de outras formas de assentamentos precrios como: ncleos urbanizados, cortios, loteamentos

    irregulares, entre outros. Segundo Alliance:

    [...] favelas so ncleos precrios, localizados em reas pblicas ou privadas. Em ambos os casos, as favelas so originrias de processos de ocupao espontneos ou organizados, revelia dos proprietrios entre o proprietrio da terra e

    os habitantes da favela. (CITIES ALLIANCE: 2004, p. 11, apud Freire, 2006 p. 17).

    J de acordo como a SEHAB (Secretaria Municipal de Habitao de So Paulo):

    Favelas so ncleos habitacionais mais precrios, com moradias autoconstrudas, formadas a partir da ocupao de terrenos pblicos ou particulares. Esto associados a problemas da posse da terra, a elevados ndices de precariedade ou ausncia de infraestrutura urbana, servios pblicos e populao com baixo ndice de

    renda. (SEHAB, 2010, no paginado).

    Em contrapartida ao que foi citado at o momento, a favela no representada apenas por caractersticas negativas, ela tambm incorpora recursos que podem ser explorados de forma positiva e que muitas vezes no so vistos ou aproveitados adequadamente. Muitas vezes a favela construda em reas proprcias expano urbana, locais destinados recreao e reas verdes, terrenos com alta declividade, prximos a crregos, rios, entre outros. Os prprios barracos contam com caractersticas peculiares, por exemplo, o uso das lajes para circulao ou recreao, entre outros. Saber identificar essas caractersticas e potenciais vem sendo cada vez mais a preocupao de grandes urbanistas, j que muitas vezes, as solues apresentadas o deslocamento desses habitantes para reas distantes, gerando uma srie de transtornos aos seus moradores.

    Imagem 07| Favela da Rocinha, Rio de Janeiro 2014.

  • Imagem 08| Moradora se emociona ao abraar animal durante incndio na favela da Mata em Ribeiro Preto.

  • 212. O PROCESSO DE FORMAO DAS FAVELAS EM RIBEIRO PRETO

    A cidade de Ribeiro Preto, regio nordeste do estado de So Paulo, localiza-se em uma das reas mais ricas e bem equipadas do pas, considerada sede do maior plo sucro-alcooleiro do

    mundo. Alm do agronegcio, o municpio conta com uma vasta variedade de comrcios e prestao de servios que atrai muitos moradores de cidades vizinhas; sendo assim, o municpio conta com um

    mercado imobilirio em constante expanso.

    No entanto, segundo Vera Migliorini:

    Paralelamente incorporao dos luxuosos residenciais fechados, esvaziam-se regies antigas e mais centrais da cidade, e proliferam os bolses de pobreza, na forma de loteamentos subsidiados pelo poder pblico distantes das reas mais equipadas e, em meio deles, precrios assentamentos habitacionais clandestinos.

    (MIGLIORINI, PALAZZO e VIANA, 2009, p. 1).

  • 22

    Esses ncleos de habitao irregular possuem as mesmas caractersticas encontradas em outras regies do pas, guardadas as diferenas de grau e intensidade. Foram construdas em

    reas de preservao ambiental, institucionais ou at mesmo privadas, em locais afastados da regio central, no possuem saneamento bsico, o que coloca seus moradores em situao de

    vulnerabilidade.

    A origem do processo de favelizao na cidade de Ribeiro Preto aconteceu a partir da dcada de 1960, como consequncia de uma urbanizao desenfreada, ...chegando a mais de 400%

    ao longo de 50 anos, segundo dados do IBGE. (ADAS, 2004, p.50).

    Um dos principais fatores foi um extremo esvaziamento da zona rural da cidade, devido ao atrativo processo de industrializao que o municpio apresentava. Outro fato relevante diz

    respeito implantao do Prolcool, na dcada de 1970, que demandava mo de obra para o corte da cana-de-acar, o que aumentou significativamente a migrao na regio.

    A maior parte desses migrantes, que contribuam para formar a mo de obra barata no corte da cana-de-acar, no conseguia acompanhar o ritmo do mercado de imveis. Muitas vezes o salrio dos trinta dias de trabalho no era suficiente para quitar o aluguel, muito menos realizar a compra de uma casa ou apartamento. Dessa forma a produo informal de habitao e assentamentos precrios surge como uma estratgia de acesso a cidade (CAVALLIERI e OLIVEIRA, 2006, p. 4, apud MIGLIORINI, PALAZZO e VIANA, 2009, p. 2.).

    E como consequncia desse sistema, depois da dcada de 1980, as favelas apresentaram um crescimento desenfreado. De acordo com ADAS:

    Em 1993, segundo dados da Secretaria Municipal de Bem-Estar Social, do municpio de Ribeiro Preto, divulgados em fevereiro de 1994, a cidade contava com 7.830 favelados ou pessoas vivendo em condies precrias de mroadia, distribudas em 21 favelas da cidade com o nmero de barracos estimado em 1.566. No incio de 2001, transcorridos 8 anos, de acordo com novo levantamento da Secretaria da Cidadania e Desenvolvimento Social, a cidade apresentava 26.205 moradores vivendo em favelas e

    ocupaes de sem-teto que, reunidas contabilizavam 31 reas [...]. (ADAS, 2004, p.50):

    Imagem 09| Maria Isabel da Silva Almeida, em favela no bairro parque Ribeirao Preto. 2010.

  • 23

    A prefeitura local apresenta uma preocupao em erradicar as favelas do municpio, principalmente as que possuem maior dimenso, descriminadas na imagem 10, pelo fato de trazerem consigo grandes problemas advindos da ausncia de saneamento bsico, doenas e muitas vezes violncia. Um bom exemplo foi o que aconteceu na favela da Mata, onde a desapropiao foi feita e vrias famlias receberam moradia em outras localidades, a imagem nmero 12 representa bem esse acontecimento, os projetos realizados, em sua maioria, consistem na ocupao de espaos vazios da cidade (RIBEIRO PRETO, 2014, no paginado), relocando os moradores das favelas para outras reas do municpio para ocuparem conjuntos habitacionais compostos por apartamentos de 40m (segundo informaes fornecidas pelos prprios ex-moradores dos assentamentos.). A discusso que ser tratada ao longo desse trabalho a procura da melhor forma de se intervir em ncleos de habitaes irregulares; ser que mudar completamente a vida dessas pessoas, alterando o seu cotidiano, afastando-as da sua rea de convivncia, modificando as caractersticas das suas habitaes, seja mesmo a melhor forma de solucionar essa questo?

    Imagem 10| Grfico apresentando informaes sobre as favelas mais populosas de Ribeiro Preto. 2012.

    Imagem 11| Favela do bairro Vila Zanetti e crrego Tanquinho, onde os moradores locais despejam o lixo. 2011. Imagem 12| Desapropiao da favela da Mata, no Jardim Aeroporto. 2012.

  • Imagem 13| Moradia encontrada na favela do Jardim Ita.

  • 253. A FAVELA JARDIM ITU: CARACTERIZAO

    O bairro Jardim Ita, localizado na zona oeste da cidade de Ribeiro Preto, foi inaugurado no ano de 1969, desde ento, parte do bairro no possui asfalto e rede de esgoto. O

    Jardim Ita o nico bairro da cidade que, juridicamente, clandestino, pois nao foi registrado em cartrio. Nesse contexto o local mais problemtico do municpio, afirma o promotor de Justia de

    Urbanismo, Antonio Alberto Machado (PAVINI, 2015, no paginado); sendo assim, grande parte dos moradores ocupam uma rea maior que a de direito, muitas vezes ocupando o espao destinado a

    caladas, terrenos vizinhos e at mesmo das vias pblicas. Por volta do ano de 1990, as ruas limites do bairro comearam a ser ocupadas ilegalmente, cada famlia improvisou da forma que pode para

    construir as prprias casas, conectar energia eltrica e liberar o prprio esgoto para as fossas.

    A Favela do Jardim Ita, objeto de estudo deste trabalho, possui em torno de 50 unidades irregulares de habitao (PAVINI, 2015, no paginado), sendo as primeiras construdas

    h mais de 20 anos. Parte da favela se desenvolveu em uma rea onde, segundo o plano diretor de Ribeiro Preto, projetava-se implantar uma avenida, nesse local no ano de 2013 as casas foram

    erradicadas e cada famlia recebeu um apartamento num conjunto habitacional na zona norte do municpio (segundo informaes fornecidas pelos prprio moradores.).

  • 26

    O restante da favela permanece no mesmo lugar com os seus moradores vivendo sob as mesmas condies,

    como acontece nos demais assentamentos precrios da cidade, seus habitantes encontram grande dificuldade para acessar equipamentos urbanos e transporte pblico, as residncias

    irregulares no contam com saneamento bsico, casas construdas em ruas de terra e muitas vezes, fazendo da terra

    batida o prprio piso, o esgoto a cu aberto, ligaes de energia eltrica clandestinas, construes mal estruturadas, a grande

    maioria so em alvenaria com telhas de fibrocimento, p-direito relativamente baixo enfim, vulnerveis s interpries e seus

    moradores sujeitos a diversas doenas ou infeces. Em meio a essa situao desordenada, at o presente momento, a prefeitura

    local no tomou nenhuma atitude que viabilize uma soluo para essas moradias, colocando essa rego em posio de total

    descaso.

    A favela em questo, est localizada em uma regio afastada das principais reas comerciais e de servios da

    cidade, tanto o bairro que est inserida quanto os limtrofes no possuem qualquer tipo de equipamento; seus moradores, sem opo, se deslocam para a Vila Virgnia ou Centro para terem

    acesso a escolas, hospitais, mercados e etc., colaborando assim para a formao de um trnsito cada vez mais catico. A imagem

    14 apresenta a localizao de cada um dos bairros, deixando explicita a distncia que seus moradores percorrem diariamente;

    o crculo azul turqueza posiciona o Jardim Ita, em comparao com crculo vermelho que representa o Centro e o cculo amarelo

    a Vila Vrginia. O bairro no conta com transporte plico, sendo assim, a nica opo caminhar at o bairro Jardim Recreio, para s ento conseguir transporte para o centro. A imagem

    17 mostra mais claramente a relao de proximidade entre os dois bairros, a avenida Bandeirantes, que permite um acesso

    direto e rpido ao centro, servindo de divisor entre essa rea e a Universidade de So Paulo (USP),

    Imagem 14| Fotografia area de Ribeiro destacando os bairros Centro, o Jd. Ita e a Vila Vrginia.

  • 27

    Imagem 17| Fotogradia area destacando a localizao do Jardim Ita, Jardim Recreio, favela do Jardim Ita, Campus da USP e avenida Bandeirantes.

    Imagem 15| Depsito de sucatas em frente a favela do Ita.

    Imagem 16| Exemplo de habitao da favela do Ita.

    LEGENDA:

    Jardim ItaJardim RecreioFavela do Jardim ItaFavela do Jardim Itu j erradicada

    A sequncia de imagens 15 e 16 representam a atual situao da favela Jardim Ita, a primeira mostra um

    depsito de sucatas e lixo ocupando boa parte de um terreno baldio dentro dos limites do bairro, A segunda fotografia mostra

    uma das moradias encontradas na favela, vemos o improviso desse morador: portes e telhas substiuindo muros, p-direito

    relativamente baixo e na falta de encanamento o esgoto foi mantido a cu aberto. Essa habitao em questo, mora uma

    famlia composta po 12 pessoas, vivendo sobre 4 cmodos; exemplificando toda a problemtica apresentada nesse trabalho

    at ento.

  • MATERIALIDADE

    RIBEIRO PRETO

    EVOLUO

    FOTOGRAFIA

    CONVERSADESIGUALDADECOMUNIDADE

    CONTATO

    PROPRIEDADE

    MATERIALIDADE

    MAPEAMENTO

    ADENSAMENTO

    PARCELAMENTO

    CLANDESTINO

    CONVERSA

    PESQUISAMEDIO GRFICOS

    TERRA

    POBREZA

    TOPOGRAFIA

    CROQUI

    MORADIA

    PERIFERIA

    DESORDEMAGLOMERAO

    SOCIEDADEEXTERIOR

    PARCELAMENTO

    INFORMALIDADE

    COMRCIO

    BAGUNA

    CHUVAVIDASOLO

    ELETRECIDADEENTORNO

    FALTA

    AREO

    EVOLUO

    FORMAO

    INFRAESTRUTURA

    OCUPAO

    COMUNIDADEBARRO

    BAIRRO

    POPULAO

    ADENSAMENTO

    ENTORNO

    FAVELA

    FAVELA

    IMPROVISO

    IMPROVISO MATERIALIDADECLANDESTINO

    CONTATO

    CONTATO

    SO PAULO COMUNIDADESOCIEDADE

    ITA

    CORTESPROPRIEDADE

    FIBROCIMENTO AGLOMERAO

    DESORDEM

    TABELA DADOS

    MEDIOIMPROVISO

    SOCIEDADE

    PESQUISA

    GRFICOS

    PERIFERIA

    SANEAMENTO

    FOTOGRAFIATOPOGRAFIACONVERSAIMPROVISO OCUPAO

    ELETRECIDADEBARRO

    MEDIOPROPRIEDADEPAPELOINFORMALIDADEADENSAMENTO

    TRABALHADORESAGRUPAMENTOMEDO

    TRABALHADORESCRIANAS EXTERIOR

    INFORMAO

    SOCIEDADEINFORMALIDADE

    AGRUPAMENTOESPACIAL

    ADENSAMENTOMATERIALIDADE

    AGRUPAMENTO

    VIRIO

    MEDO

    ADENSAMENTO

    VIRIO

    PROPRIEDADECOMUNIDADEIMPROVISO

    TABELAOCUPAO

    ADENSAMENTO

    REAREA

    ENERGIA

    ESPACIAL

    HABITAOFAMLIA

    SISTEMA

    ECONMICOSAGRUPAMENTOLEGISLAO

    VIAS

    VISITACOMUNIDADESO PAULO

    SOCIEDADE

    IMPROVISO

    FAVELA

    PLUVIAL

    LOCAL

    AUSNCIADESIGUALDADE

    DEFICINCIAMAPEAMENTO

    CLANDESTINO

    CURVAS

    RIBEIRO PRETO

    ESGOTO

    VISTA

    PRECRIO

    SANEAMENTO

    BRASILCURVAS

    E tem favela e tem gente boa e gente ruim. Tem gente trabalhando e gente s aproveitando. At quem teve casa invadida no desistiu. prum futuro melhor que se investiu. O asfalto em muito lugar que no resistiu. Tem

    buraco, co bravo solto, mas tambm joo de barro bo. Ainda tem poeiro e margarido. Mas tem obra em volume, tem quem s veja estrume, vagalume tem tem. H luz nesse trem. saber viver o Jardim Ita alm.

    AMAJI (Assosiao dos Moradores e Amigos do Jardim Ita.)

  • MATERIALIDADE

    RIBEIRO PRETO

    EVOLUO

    FAVELA

    DESENHOSITA DADOSRIBEIRO PRETO

    OESTE PLANTASPESQUISA

    MEDIOVISITA

    GRFICOS

    CAMPO

    MAPEAMENTO

    TERRA

    FOTOGRAFIA

    TABELA

    POBREZA

    TOPOGRAFIA

    CORTESCROQUIOPINIO

    MORADIA

    PERIFERIA

    REGISTRO

    INTERIOR

    DESORDEMCONTATO

    CONVERSA

    VISTA AGLOMERAOSOCIEDADE

    HABITAO

    EXTERIORIMPROVISO

    POPULAO

    QUESTIONRIO

    GOVERNO

    REDES

    PARCELAMENTOESGOTO

    INFORMALIDADEAGRUPAMENTO

    FIBROCIMENTO

    NECESSIDADE

    CLANDESTINOCOMRCIO

    BAGUNA

    DESIGUALDADE

    DEFICINCIA

    CHUVA

    MADEIRA

    FORMAO

    PLUVIAL

    PLUVIAL CRIANASIDOSOS

    PAPELO

    GRANDE

    TRABALHADORES

    FAMLIA

    VIDASOLO

    ELETRECIDADECOMPANHEIRISMO

    OCUPAO

    ADENSAMENTO

    ENTORNO

    VIRIO

    AUSNCIA

    FALTAMEDO

    SISTEMA

    SISTEMA

    FOSSA

    USO

    AREO

    EVOLUO

    FORMAO

    INFRAESTRUTURAHABITANTES LOCAL

    BASE

    OCUPAO

    ESPACIAL

    ECONMICOSREALIDADE

    PRECRIO

    BRASILSO PAULOCOMUNIDADE

    REDE

    SANEAMENTO

    BSICOINFORMAO

    COMUNIDADECURVAS

    BARROCHUVAVIAS

    OCUPAOREA

    BAIRRO

    PARCELAMENTO

    ENERGIAPROPRIEDADE

    LEGISLAO

    POPULAO

    ADENSAMENTO

    ENTORNO

    FSICO

    FAVELAFAVELA

    FAVELA

    IMPROVISO

    IMPROVISO

    IMPROVISO

    IMPROVISO

    MATERIALIDADE

    MATERIALIDADE

    MATERIALIDADECLANDESTINOCLANDESTINO

    CLANDESTINO

    CONTATO

    CONTATO

    CONTATO

    SO PAULO

    SO PAULO

    RIBEIRO PRETO

    ENERGIA

    ENERGIA

    COMUNIDADE

    SOCIEDADE

    SOCIEDADESOCIEDADE

    ITA

    ITA

    CORTES

    CORTES

    PROPRIEDADE

    PROPRIEDADEPROPRIEDADE

    OESTE

    OESTE

    PRECRIOPRECRIO

    GOVERNOGOVERNO

    FIBROCIMENTO AGLOMERAOEXTERIOR EXTERIORDESORDEM

    DESORDEM

    TABELA

    TABELADADOS DADOS

    BRASILPLANTASMEDIO

    IMPROVISO

    SOCIEDADE

    COMRCIO

    PESQUISA

    GRFICOSENTORNO

    PERIFERIA

    PARCELAMENTO

    ELETRECIDADE

    SANEAMENTO

    POBREZA

    PROPRIEDADE

    DESIGUALDADE FOTOGRAFIA

    CONVERSA

    MADEIRA

    HABITAO

    TOPOGRAFIASANEAMENTO

    POPULAO

    PERIFERIA

    CONVERSAVIAS COMRCIO

    CONVERSAAREO

    MATERIALIDADELOCAL

    CURVASBSICO

    POPULAO

    AUSNCIA DEFICINCIACONVERSA

    DESIGUALDADE

    IMPROVISOOCUPAO

    COMUNIDADE

    OCUPAOELETRECIDADE

    BARROMEDIO

    PROPRIEDADEPAPELOCHUVACOMUNIDADEOCUPAO INFORMALIDADEADENSAMENTOTRABALHADORESAGRUPAMENTO

    MEDOTRABALHADORESCRIANAS EXTERIOR

    PROPRIEDADE

    GOVERNOBAIRRO

    IMPROVISO

    MAPEAMENTO

    REA

    ADENSAMENTO

    PARCELAMENTO

    SOCIEDADEINFORMAO

    TABELA

    INFRAESTRUTURA

    USO TRABALHADORES

    INFRAESTRUTURA

    PARCELAMENTOCONTATO

    EVOLUOCRIANAS

    CLANDESTINO

    ADENSAMENTOENTORNOREDES

    ADENSAMENTO

    OCUPAOAREO SOCIEDADE

    INFORMALIDADE

    BARRO

    AGRUPAMENTOESPACIAL

    ADENSAMENTOMATERIALIDADE

    REA

    AGRUPAMENTO

    VIRIO

    MEDO

    ADENSAMENTO

    VIRIO

    PROPRIEDADECOMUNIDADEIMPROVISO

    INTERIOR

    EXTERIORHABITAO TABELA

    POPULAODESIGUALDADE

    CONVERSA

    POBREZA

    GRFICOS OCUPAOCONVERSA

    EXTERIOROCUPAO

    NECESSIDADE

    ADENSAMENTO

    ESPACIAL

    HABITAOFAMLIA

    IMPROVISO

    AUSNCIA

    CLANDESTINO

    ESGOTO

    VISTA

    LEVANTAMENTO

    ELETRECIDADE

  • Imagem 18| Fotografias da favela do Jardim Ita.

  • 314. COLETA DE DADOS

    Para um melhor entendimento da rea de estudo, um levantamento foi realizado buscando criar uma base slida para possibilitar a criao de um conjunto habitacional de interesse social para moradores da favela do Jardim Ita, que contar com dados fsicos e scio-econmicos

    dos habitantes da favela, a fim de conhecer melhor a realidade do local e dos seus habitantes, levando sempre em considerao opinies e depoimentos de quem ali vive.

    A coleta de dados conta com fotografias registradas na favela, mapas oferecidos pela Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto, imagens areas tanto da rea de estudos quanto do seu

    entorno, pesquisa em campo e mapas sistemticos apresentando fielmente a realidade local. Os dados coletados sero analisados criticamente, com o objetivo de extrair dos mesmos as principais caracteristicas, identificando as deficincias e qualidades do local e as peculariedades da favela do

    Jardim Ita em relao aos demais setores de Ribeiro Preto.

    Imagem 18| Fotografias da favela do Jardim Ita.

  • 32

    4.1 Rede De Esgoto

    Com base nos dados coletados, nos depoimentos fornecidos pelos moradores locais e pelas visitas em campo, notrio como a rea carente quando o assunto saneamento bsico,

    tanto a parte ocupada pela favela (destacada pelo pontilhado vermelho na imagem nmero 21) quanto nas vias no asfaltadas do bairro Jardim Ita, nos deparamos com a ausncia de rede de esgoto canalizada. Estas caractersticas somadas a falta de limpeza na rea como um todo, apresentam

    uma viso de descaso aos visitantes, Na rea compreendida pela favela o esgoto a cu aberto gera mau cheiro no ambiente e fortalece a ideia de total falta de higiene, contribuindo para o surgimento

    de diversos problemas de sade aos moradores e animais que ali vivem.

    Para exemplificar as informaes descritas no pargrado anterior, segue uma sequncia de imagens onde as duas primeiras fotografias (respectivamente imagens 19 e 20) revelam a atual situao da favela do Jardim Ita, a primeira foi captada na rua Diva Egncio

    Ambrsio no quintal de uma das residncias e a segunda na rua Prisco da Cruz Prats em meio a uma das vias; logo aps segue um mapa fornecido pelo DAERP - Departamento de gua e Esgoto de

    Ribeiro Preto (imagem 21) onde vemos que a quantidade de rede de esgoto existente (representada pelos pontos vermelhos) ocupa praticamente a metade do bairro, quando comparada com a rede

    de esgoto a executar (demonstrada pelos pontos verdes). A imagem 22 compe trs desenhos esquemticos da rede de esgoto: planta, corte e detalhamento da ligao entre os poos de coleta e as moradias. A partir dessas informaes, conclui-se que o sistema de esgoto um dos temas mais urgentes a serem tratados no local, sendo assim, a prefeitura de Ribeiro Preto deu incio as obras

    para a execuo de pavimentao asfltica, galerias de guas pluviais, redes e derivaes de gua e esgoto e construo de caladas em diversas ruas do bairro Jardim Ita (RIBEIRO PRETO, 2015,

    no paginado.), com previso de trmino para outubro de 2015. Imagem 21| Mapa com a localizao da rede de esgoto existente e a executar.

    Imagem 19| Fotografia revelando o esgoto a cu aberto na rua Diva Egncio Ambrsio na favela do

    Jardim Ita.

    Imagem 20| Fotografia apresentando o esgoto a cu aberto na rua Prisco da Cruz Prats na favela do Ita.

    Imagem 22| Ilustrao dos poos de coleta de esgoto no bairro, com imagens da planta, do corte e o detalhamento da ligao entre os poos e as

    residncias.

  • 33

    Direo das guas pluviais.

    4.2 guas Pluviais

    O bairro Jardim Ita no conta com coleta de guas das chuvas, j a favela, por no possuir ruas asfaltadas e nem meio-fio, a gua em abundncia escorre de acordo com a declividade do solo, em direo ao crrego mais prximo. Em

    meio as ruas de terra formam-se poas com gua suja, tornando a via escorregadia e perigosa; o que facilita a proliferao de

    bactrias e insetos causadores de doenas, como o caso da dengue, uma das doenas mais comuns na regio, como

    apresenta a imagem 23. De acordo com a figura 24, que representa o mapa de topografia do bairro e seu limite imediato, ientificando a direo que as guas pluviais percorrem na rea.

    De acordo com o mapa, toda a rea possui declividade mdia em direo aos crregos que cervam a o bairro. Essa caracterstica

    topogrfica ser explorada nesse trabalho a fim de colaborar para o desenho do conjunto habitacional.

    Imagem 24| Mapa de topografia do Jardim Ita, indicando a direo das guas pluviais na favela. Imagem 23| Fotografia registrando a rua Diva Egncio

    Ambrsio aps forte chuva.

  • 34

    4.3 Rede de energia eltrica

    De forma geral, o bairro Jardim Ita, bastante desprovido de rede de energia eltrica legalizada, grande parte das ruas no so pavimentadas e coincidentemente no contam com

    esse servio, dessa forma os moradores encontram meios de disponibilizar energia para as suas moradias: ilegalmente. Em todo percurso da favela a energia conseguida clandestinamente, de

    forma perigosa, afinal todo o processo feito pelos prprios moradores, sem nenhum conhecimento tcnico no assunto. Na imagem 25 vemos um exemplo dessa realidade: o poste de energia eltrica

    que serve as casas do bairro, tem parte do seu fornecimento desviado para as moradias da favela do Ita. A imagem 26 mostra o mapa da favela do Ita, identificando as ruas asfaltadas e no asfaltadas, os lotes regulares e irregulares, rea verde e todo o sistema de energia eltrica regular de onde se

    origina a rede de energia clandestina.

    Imagem 25| Fotografia representando a favela do Jardim Ita, revelando a rede de energia legalizada e a partir dessa a rede de energia eltrica irregular

    Imagem 26| Mapa com a rede de energia eltrica legal e ilegal na favela do Jardim Ita e no seu entorno.

  • 35

    4.4 Legislao

    De acordo com a Lei Complementar 2157 de 2007, a rea que compreende o bairro Jardim Ita, a prpria favela e os bairros mais prximos, est classificada como zona de urbanizao preferencial (ZUP), e seus limites compe a zona de proteo mxima (ZPM), como apresenta o mapa da imagem 27, especificamente a rea destacada pela elipse vermelha. De acordo com a lei apresentada,

    a zona de urbanizao preferencial composta por reas dotadas de infraestrutura e condies geomorfolgicas propicias para urbanizao, onde so permitidas densidades demogrficas mdias e altas.

    Imagem 27| Mapa de parcelamento e uso do solo.

  • 36

    Imagem 28| Mapa representando o projeto de lei de parcelamento, uso do solo e reas especiais.

    A lei complementar 2157 de 2007 tambm prev um projeto de reas especiais, caracterizando melhor cada gleba de Ribeiro Preto. De acordo com a imagem 28, o Jardim Itu

    (destacado pela elipse vermelha), no conta com nenhuma classificao, porm faz limite na direo leste com uma gleba designada como rea especial para parque urbano (AEPU).

    Ao norte est o Jardim Recreio que encontra-se qualificado como rea especial estritamente residencial (AER), fazendo limite ao sul e oeste toda a rea que est classificada como rea especial de interesse social II (AIS 2) que incentiva a implatano do conjunto habitacional de interesse social para os moradores da favela do Ita justamente no limite do bairro, que alm de evitar que seus moradores sejam levados para uma rea distante, se vincula aos interesses da prefeitura local.

  • 37

    4.5 Uso do Solo

    A rea que compreende o Jardim Ita e o Jardim Recreio predominantemente residncial, desprovida de

    qualquer tipo de comrcio ou de servios, de acordo com a legislao municipal de parcelamento e uso do solo. A rea est

    localizada prxima ao campus da Universidade de So Paulo (USP), limitada pela Avenida Bandeirantes que alm de ser uma

    das entradas ao municpio (para os visitantes que vem na direo da cidade de Sertozinho), tambm uma forma rpida de acesso

    ao centro da cidade, como apresenta a imagem 29.

    O grande problema que esse tipo de urbanizao gera a necessidade de se deslocar para outro bairro (distante

    nesse caso) para acessar comrcios simples como uma farmcia ou supermercado; ou pior ainda, quando se tem urgncia para o

    uso de um hospital, por exemplo. Como no h transporte pblico no bairro Jardim Ita, seus moradores precisam se direcionar

    at o Jardim Recreio para s ento, encontrar uma forma de chegar ao centro da cidade, porm o transporte pblico no tem funcionamento 24 horas. No caso de uma urgncia mdica, o que

    faro aqueles que no tm veculo prprio?

    Analisando esse fato e levando em considerao todos os problemas que esto envoltos desta questo, como o de

    trnsito, por exemplo; que esse trabalho prever em forma de diretriz meios que minimizem esse impacto, trazendo para a rea servios e comrcios bsicos, criando terminal para nibus, taxis

    e mototaxis para faciliar o rpido escoamento de pessoas at o centro da cidade ou at a Vila Vrginia, e no caso de urgncias

    mdicas, que o prprio bairro consiga suprir essa demanda.

    Imagem 29| Mapa de uso e ocupao do solo na rea que compreende o Jardim Itu e seu entorno.

  • 38

    Imagem 30| Mapa de uso e ocupao do solo da favela do Jardim Itu e seu entorno.

    Imagem 31| Fotografia de comrcio no fundo de uma residncia na favela do Jardim Ita.

    Imagem 32| Fotografia de comrcio na frente de uma residncia na Favela do Jardim Ita.

    Imagem 33| Fotografia de residncia recm construda na favela do Jardim Ita.

    Enquanto os bairros Jardim Ita e Jardim Recreio so caracterizados como bairros extremamente residencias, os moradores da favela do Ita encontram formas de diminuir o problema. Ao longo de toda a favela foram encontrados dois comrcios, o primeiro, representado pela imagem 31, caracterizado como boteco, realiza venda de bebidas alcolicas, cigarro, petiscos, oferece jogos de azar a seus clientes e doces para crianas. J o segundo comrcio, registrado pela imagem 32, conta tambm com a comercializao de bebidas alcolicas e cigarro, jogos de azar e uma parte destinada a mercearia, onde a vizinhana encontra alimentos bsicos, tais como: arroz, leite, feijo, ovos, biscoitos, entre outros. Por ser o nico local nas redondezas que se possa encontrar esses mantimentos, os valores so bastante elevados, chegando a custar de trs a quatro vezes mais o valor do mesmo produto vendido em outros bairros em Ribeiro Preto. Essa situao gera revolta nos moradores, porm, no encontrando sada, j que perder tempo e ter gastos com transporte pblico para encontrar um supermercado acaba ficando ainda mais caro. J a imagem 33 exemplifica uma das moradias da favela, construda em meio a uma rea verde.

  • 39

    4.6 Materialidade

    Depois de realizadas as visitas em campo, ficou ntido que predominantemente as residncias localizadas na favela do Jardim Ita so construdas de alvenaria estrutural, na maioria das vezes cobertas com telhas de fibrocimento. Ao longo de toda a favela foi encontrada apenas duas unidades habitacionais que possuem toda a estrutura, fechamento e cobertura em telhas de fibrocimento, madeira e papelo, como mostra o mapa da imagem 34. Por toda a favela encontramos improviso e criatividade de seus moradores para melhorarem seu lar. A cada dia, as construes mais antigas (as primeiras datam de duas dcadas atrs), como o caso da que aparece na imagem 35, conta com adaptaes feitas ao longo do tempo, principalmente nos fechamentos. J as moradias que aparecem nas imagens 36 e 37 foram construdas recentemente, com o material disponvel no momento; reforando a ideia do nvel de carncia daquelas pessoas que procuram assentamentos precrios para construir suas casas e oferecer um lar a seus filhos, na medida do possvel.

    Imagem 34| Mapa demonstrando a materialidade das construes na favela do Jardim Ita .

    Imagem 35| Fotografia de uma das construes de alvenaria na favela do Jardim Ita .

    Imagem 36| Fotografia de uma das construes de papelo na favela do Jardim Ita .

    Imagem 37| Fotografia de moradia feita de papelo e telhas de fibrocimento na favela do Ita .

  • 40

    4.7 Adensamento

    Um dos grandes problemas encontrados na favela do Ita, alm dos j citados nesse trabalho, que a rea conta com um adensamento muito alto, um

    recuo consideravelmente baixo, ou inexistente, em relao as moradias

    vizinhas e tambm ao limite da rua. H habitaes que avanam o limte do que deveria ser a calada

    e alcanam as vias pblicas. Muitos lotes contam com mais de uma moradia ocupando um espao

    abaixo do mnimo permitido pela prefeitura local (125m segundo a lei

    complementar 2157 de 2007.).

    A grande consequncia dessa urbanizao desenfreada

    falta de conforto trmico, acstico e lumnico, o que impede que as

    residncias possam ser ventiladas adequadamente e que a luz natural

    penetre em todos os cmodos, o que resulta na fcil proliferao

    de doenas; tudo isso sem contar com a perda de privacidade de

    seus moradores. A sequncia de fotografias (imagem 38 at a 41)

    registram as residncias externa e internamente, dando nfase aos

    problemas j citados.

    Imagem 38| Conjunto de moradias na favela do Ita.

    Imagem 39| Quarto em uma das habitaes na favela do Ita.

    Imagem 40! Sala de uma das moradias da favela do Ita.

    Imagem 41| Divises de lotes da favela do Jardim Ita.

  • 41

    4.8 Sistema virio

    A partir da anlise feita sobre o mapa fornecido pela prefeitura de Ribeiro Preto, sistema virio hierarquia funcional (imagem 42), foram analisadas as vias existentes e as vias propostas localizadas em reas ainda no urbanizadas. Na rea que

    compreende o Jardim Ita, consta no Plano Diretor a localizao de duas avenidas, classificadas como avenidas parque (identificadas pela cor verde), porm ainda no foram construdas. As demais vias encontradas no bairro so locais, com leito carrovel predominantemente estreito.

    Fazendo um comparativo entre o Plano Diretor e imagens tanto areas quanto no mapa da situao atual da rea (representada por imagens como a de nmero 34, por exemplo.) entende-se como vias de acesso rpido so inexistentes no local, alm do bairro contar com uma grande parte das ruas ainda no asfaltadas, as que possuem pavimentao no colaboram com a fluidez no fluxo de veculos; com certeza, essa deficincia um dos desestimulantes quanto a urbanizao da zona oeste de Ribeiro Preto, uma rea muito pouco adensada se levarmos em considerao que est localizada na mancha que compreende a ZUP (zona de urbanizao preferencial), como apresenta a imagem de nmero 27.

    No projeto apresentado no captulo 06 desse trabalho, h uma proposta, em forma de diretriz, a construo dessas vias, que faam ligao com a Avenida Bandeirantes, facilitando assim o acesso tanto para moradores do Jardim Recreio, quanto do Jardim Ita, com o objetivo de incentivar o crescimento da cidade de Ribeiro Preto na direo dessa rea do municpio.

    Imagem 42| Mapa representando a hierarquia viria funcional do Jardim Ita e seu entorno.

  • 42

    4.9 Formao do Jardim Ita

    Imagem 43| Mapa com a formao dos bairros por data de aprovao.

    De acordo com a imagem de nmero 43, o bairro Jardim Ita data do ano de 1969, apesar da quantidade de dcadas em que o bairro est consolidado, ele apresenta problemas primrios, que j foram citados ao longo dessa pesquisa como: irregularidade no cadastramentos dos lotes, falta de asfalto, sistema de esgoto e energia eltrica, falta de praas nos espaos que para elas foram reservadas, entre outros.

    De acordo com as fotografias areas do ano de 1994 at 2015, registradas pela sequncia de imagens, da 44 at a 47 respectivamente, o bairro Jardim Ita pouco mudou, as alteraes mais significantes o crescimento populacional como um todo, consequentemente a favela tambm ampliou, o que em 2002 eram 36 moradias, hoje a favela conta com mais de 50 habitaes irregulares, um crescimento de quase 40% ao longo de 13 anos.

  • 43Imagem 44| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 1994.

    Imagem 47| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2015.

    Imagem 46| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2002.

    Imagem 45| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2005.

  • INTERIOR

    MATERIALIDADE

    A arquitetura produzida por pessoas comuns e para pessoas comuns; por conseguinte, ela deve ser facilmente compreensvel a todos.

    Steen Eiler Rasmussen

    RECREAO

    ELEMENTALMARSELHA

    FRANA

    INTERNACIONAL

    IQUIQUE

    DESERTO

    REGISTRO

    REVITALIZAO

    PINHEIROS

    ALEJANDRO ARAVENAPERIFERIA

    SOCIEDADE

    ELEMENTAL

    QUINTA MONROY

    HABITAO MEDIO

    GOVERNO

    SOCIAL FOTOGRAFIA

    CUSTOS

    LIMITE

    REGISTRO

    DEGRADAOAGLOMERAO

    SOCIEDADEEXTERIOR

    IMPROVISOPROJETO

    REDES

    PARCELAMENTO

    NECESSIDADE

    CLANDESTINO

    COMRCIO

    DESIGUALDADE

    DEFICINCIA

    PAPELO

    VIDASOLO

    SISTEMA

    FORMAOESPACIAL

    ECONMICOS

    REALIDADE

    INTERVENO

    MORRO

    QUADRA

    JAGUARMODERNO

    PINHEIROS

    35 PINHEIROSSETOR 3

    FAVELASO PAULO

    SOCIEDADE

    JAGUAR

    DESLISAMENTO35FOTOGRAFIA

    INTERNACIONAL

    POSSIBILIDADECHILE

    SOCIAL

    FRANA CRECHE

    FRANA

    DECLIVIDADE

    FRANA

    PAPELOEVOLUO

    REALIDADE

    REDES

    ELETRECIDADE

    MEDIO

    MORROMAPEAMENTO

    MAPEAMENTO

    REALIDADE

    SISTEMA

    CUSTOS

    ALEJANDRO ARAVENA

    PINHEIROSVIDA BOLDARINI

    INTERVENO

    JAGUAR

    SOCIEDADE

    ESPACIAL

    POPULAO

    PERIFERIA

    ARQUITETURA

    IQUIQUE

    EXTERIORLIMITE

    QUINTA MONROY

    LIMITE

    MEDIO

    INTERVENO

    SOCIEDADE

    SOLO

    SETOR 3ELETRECIDADE

    MEDIO

    REGISTROFRANA

    CUSTOS

    IQUIQUE

    REALIDADEREALIDADEEXTERIOR

    QUADRALIMITE

    INTERVENO

    POPULAO

    VIDAMAPEAMENTO

    LIMITE

    ALEJANDRO ARAVENAPOPULAO

    MORADIAPROJETO

    SOLO

    BOLDARINIQUINTA MONROY

    QUINTA MONROY

    FAVELA

    LIMITE

    EDIFCIOFRANA

    PARCELAMENTO

    EXTERIOR

    POSSIBILIDADE

    EXTERIOR

    PAPELO

    AO AO MEDIOELETRECIDADE

    ESPACIAL

    SISTEMA

    LIMITE

    AO

    EUROPA

    REALIDADE

    MAPEAMENTO

    CHILE

    MORADIA

    REALIDADEREALIDADE

    INTERVENOREALIDADEPOPULAO

    INTERVENO

    ESPACIAL

  • ESTACIONAMENTO

    PINHEIROS

    INTERNACIONAL

    IQUIQUE

    ARQUITETURA ELEMENTAL

    CHILE QUINTA MONROY

    DESERTO HABITAO MEDIOPROBLEMA

    GOVERNO

    SOCIALMAPEAMENTO FOTOGRAFIA

    CUSTOSPOBREZA

    POSSIBILIDADELIMITE

    OPINIO

    MORADIA

    PERIFERIA

    REGISTRO

    INTERIORDESORDEM

    CONTATODEGRADAO

    VISTA

    AGLOMERAO

    SOCIEDADEHABITAO EXTERIOR

    IMPROVISO

    POPULAO

    PROJETO

    GOVERNOREDES

    PARCELAMENTO

    ESGOTONECESSIDADE

    CLANDESTINO

    MATERIALIDADE

    COMRCIO

    BAGUNA

    DESIGUALDADE

    DEFICINCIA

    PLUVIAL PAPELO

    VIDASOLOELETRECIDADE

    SISTEMA

    EVOLUO

    FORMAO

    LOCAL

    ESPACIAL

    ECONMICOS

    REALIDADE

    ALEJANDRO ARAVENA

    CORTES

    FAVELA

    SO PAULOJAGUAR

    REVITALIZAO

    INTERVENO

    MORRO

    QUADRA

    JAGUARDECLIVIDADE

    CONTEMPORNEIO

    MODERNO

    PINHEIROS

    35BOLDARINI PINHEIROSSETOR 3

    RECREAO

    URBANISMO

    FAVELA

    JAGUAR

    SO PAULO

    SOCIEDADE

    QUINTA MONROYELEMENTAL JAGUAR

    DESLISAMENTO35FOTOGRAFIA

    CORTES

    INTERNACIONALMORRO

    POSSIBILIDADE

    AGLOMERAOSISTEMA

    QUINTA MONROY

    POSSIBILIDADECHILE

    QUINTA MONROY

    SO PAULOMODERNO

    MARSELHA

    LE CORBUSIER SOCIAL

    FRANA CRECHELAMINA

    FRANA

    QUINTA MONROY

    CUSTOS

    FRANA

    MORROSOCIALESPACIAL

    DECLIVIDADEMAPEAMENTO

    EDIFCIO

    EDIFCIOGOVERNO

    FRANA

    PROJETO

    PLANTA

    LIVRESOLO PAPELO

    FRANASISTEMA

    EVOLUODESIGUALDADE

    NECESSIDADEINTERNACIONAL

    REALIDADE

    ESPACIAL

    REDESELETRECIDADE

    MEDIO

    MORRO

    POPULAO

    VISTA

    MAPEAMENTO

    MAPEAMENTO

    REALIDADE

    SISTEMA

    CUSTOS

    ALEJANDRO ARAVENA

    PINHEIROSVIDA

    BOLDARINI

    FOTOGRAFIAINTERVENO

    JAGUAR

    SOCIEDADE

    ESPACIAL

    POPULAO

    DESERTOPERIFERIA

    REVITALIZAO

    PERIFERIA

    PERIFERIA

    INTERNACIONALARQUITETURA

    ARQUITETURAMORADIA

    IQUIQUE

    IQUIQUE

    IQUIQUE

    DESERTOEUROPA

    EUROPA

    REGISTRO

    REVITALIZAO

    DEGRADAOHABITAO

    CLANDESTINO

    POPULAO

    SETOR 3

    AGLOMERAO

    ESPACIAL

    CORTES

    EXTERIOR

    PINHEIROSCHILE

    CHILECUSTOS

    HABITAO

    ELEMENTAL

    EXTERIORFRANAINTERVENO

    REGISTRO

    35JAGUAR

    REALIDADE

    MAPEAMENTO

    GOVERNO

    LIMITEQUINTA MONROY

    LIMITE

    SOCIEDADE MEDIO

    PROJETO

    INTERVENO

    SOCIEDADE

    SOLO

    SETOR 3ELETRECIDADE

    MEDIO

    REGISTROFRANA

    CUSTOS

    BOLDARINIIQUIQUE

    REALIDADEREALIDADEEXTERIOR

    QUADRALIMITE

    INTERVENO

    POPULAO

    VIDAMAPEAMENTO

    LIMITE

    ALEJANDRO ARAVENAPOPULAO

    MORADIAPROJETO

    SOLO

    BOLDARINI

    MEDIO

    QUINTA MONROY

    QUINTA MONROY

    FAVELA

    LIMITE

    EDIFCIO

    MORADIA

    FRANA

    PARCELAMENTO

    EXTERIOR

    LIMITEPOSSIBILIDADE

    EXTERIOR

    PAPELO

    AO AO MEDIOALEJANDRO ARAVENAELETRECIDADE

    ESPACIAL

    SISTEMA

    LIMITE

    EXTERIOR

    POBREZASOCIEDADE

    AO

    EUROPA

    REALIDADE

    ESPACIAL

    MAPEAMENTO

    CHILE

    MORADIADECLIVIDADE

    DESERTO

    REVITALIZAOALEJANDRO ARAVENA

    PERIFERIAIQUIQUE

    DESERTO PLUVIAL

    BOLDARINI

    PAPELOMEDIO

    SOCIEDADEPERIFERIAPARCELAMENTO

    EVOLUO

    SOCIALSISTEMA

    HABITAO

    EUROPA

    REALIDADE

    IMPROVISO

    JAGUAR

    REALIDADE

    SETOR 3

    INTERVENOREALIDADEPOPULAO

    INTERVENO

    ESPACIAL

    MORADIA

    BAGUNA

    LIMITE

    PERIFERIA

    CHILE

    HABITAO

    INTERVENO

    FRANA

    MAPEAMENTO

    REFERNCIAS

  • 46

    Se h algum poder no projeto, o poder da sntese.

    Alejandro Aravena

  • 475. REFERNCIAS PROJETUAIS

    Foram escolhidos trs grandes construes para embasar o projeto a ser desenvolvido no final deste trabalho: o primeiro a unidade de habitao, do grande arquiteto moderno Le

    Corbusier, o edifcio conta com 337 moradias localizado na cidade de Marselha na Frana.

    O conjunto habitacional Quinta Monroy, localizado no Chile, foi a segunda referncia escolhida, representa a construo de habitaes para pessoas de baixa renda e teve grande

    repercusso por todo o mundo, devido a sua forma diferente de intervir num local j consolidado no centro da cidade de Iquique - Chile.

    O terceiro a interveno na favela Nova Jaguar na cidade de So Paulo - Brasil, realizado pelo escritrio de arquitetura Boldarini, representa um bom exemplo de interveno em

    reas frgeis de um grande assentamento precrio. Os trs projetos abrangem os temas que sero explorados no final dessa pesquisa, apesar da diferena de escala, poca e contexto, coloboraro

    como bons exemplos na busca de enfrentar problemas habitacionais que abrangem questes ligadas ao transporte, sade, educao, segurana, lazer, entre outras.

  • O lar deve ser o tesouro da vida.

    Le CorbusierImagem 48| Unidade de habitao em Marselha.

  • 49

    5.1 - Unidade de habitao| Le Corbusier

    Para representar os conjuntos habitacionais modernos, foi escolhido a unidade de habitao projetada por Le Corbusier, devido a sua indita forma de pensar a cidade: em sentido

    vertical, oferecendo ao mesmo edifcio moradia, comrcio e servios, se tornando autossuficiente aos moradores. Esse modelo foi multiplicado em vrias outras cidades, como Marselha, Nantes,

    Berlim, Briey en Fort e Firminy, sendo o primeiro da lista objeto de estudo dessa pesquisa.

    O arquiteto

    Charles Edouard Jeanneret-Gris (1887-1965), nasceu na Sua , mudou-se para a Frana onde adotou o pseudnimo Le Corbusier, pelo qual ficou conhecido mundialmente.

    considerado um dos mais importantes arquitetos e urbanistas do sculo XX. Foi um dos maiores representantes do movimento moderno, e um dos criadores do CIAM (Congresso Internacional de

    Arquitetura Moderna) influenciando arquitetos do mundo inteiro.

    Localizao

    A primeira unidade de habitao criada por Le Corbusier foi construda no sul da cidade de Marselha, um dos municpio mais populosos da Frana, uma cidade repleta de belas paisagens e a mais antiga cidade do pas, possui localizao privilegiada, banhada pela costa do mar Mediterrneo

    e construes de grande valor cultural. A imagem 49 justifica o motivo pelo qual Marselha atra grande nmero de turistas anualmente, a figura de nmero 50 posiciona a localizao da cidade em

    meio ao mapa da Frana quanto a figura 51 mostra uma fotografia area da unidade de habitao projetada por Le Corbusier.

    Imagem 49| Vista da cidade de Marselha.

    Imagem 50| Mapa da Frana com cidade de Marselha em destaque (ponto vermelho).

    Imagem 51| Fotografia area da unidade de habitao de Marselha.

  • 50

    PROBLEMTICA

    A unidade de habitao de Le Corbusier foi criada no perodo ps-guerra, quando Le Corbusier foi contratado para projetar um conjunto habitacional residencial multifamiliar para o

    povo de Marselha, que foram deslocados aps os atentados na Frana (KROLL, 2010, no paginado). O grande edfcio construdo em Marselha tem a capacidade de abrigar 1600 pessoas, segundo

    informaes da fundao Le Corbusier. A ideia do arquiteto, alm de abrigar uma grande quantidade de habitantes tambm fazer do edifcio uma cidade jardim vertical; autossuficiente para os seus

    moradores, e suprindo as necessidades da poca. As imagens 52 e 53 representam a grandeza dessa obra.

    Imagem 52| Desenho de um corte vertical do edifcio.

    Imagem 53| Fotografia da unidade de habitao de Marselha.

    Projeto

    A unidade de habitao de Marselha segue os 5 pontos da arquitetura moderna, teoria desenvolvida pelo prprio Le Corbusier que pode ser vistos na maioria dos edifcios modernos espalhados pelo mundo, so eles: trreo livre, elevando o edifcio sobre pilotis, permitindo que a grande construo aparente leveza, como mostra a imagem 54. A cobertura usada como terrao jardim, possibilita o uso desse espao, que antes era destinado apenas para equipamentos hidrulicos e eltricos, esse novo uso da laje pode ser visto na figura 55.

    Imagem 54| Fotografia dos pilotis da unidade de habitao.

  • 51

    Imagem 55| Fotografia da cobertura.

    Imagem 56| Fotografia da fachada unidade de habitao .

    A fachada livre conta com um desenho bastante limpo, com repetio de mdulos e o uso das cores primrias, cria um efeito nico visto em 3 dos 4 lados do monobloco, apresentado na imagem 53 e 56. As janelas possuem a forma de uma fita, ocupando desde o lado direito at o lado esquerdo das paredes dos apartamentos. Por ltimo est a planta livre, com ambientes integrados, usando paredes-divisria o menos possvel, fornecendo ao morador uma maior liberdade de ocupao. Imagem 57| Corte esquemtico representando o programa da unidade de habitao de Marselha.

  • 52

    Imagem 58| Pespectiva esquemtica representando o imenso programa da unidade de habitao de Marselha.

    O edifcio tem um programa bastante amplo, j que a premissa usada pelo arquiteto foi de criar uma cidade jardim vertical, para tanto a construo conta com um grande nmero de apartamentos, um corredor comercial, e o uso da laje para servios que atenda a populao, os ltimo dois tens so de uso pblico, a sua distribuio no edifcio est representado pela imagem 58 que revela uma perspectiva esquemtica de toda a construo. O corredor comercial est distribudos em dois pavimentos (imagem 60.), para torn-lo pblico, de uso dos moradores locais e tambm para a vizinhana, Le Corbusier projetou uma escada de acesso exclusivo para ambos os pavimentos, representada pela imagem 61.

    Imagem 61| Escada de acesso ao corredor de comrcios.Imagem 59| Corredor de acesso aos comrcios.

    Imagem 60| Vista externa de ambos os pavimentos comerciais.

    Pilotis

    Circulao horizontal - corredor

    Apartamento tipo

    rea comercial

    rea de ventilao

    Elevador centralGinsio

  • 53

    Devido a sua grandeza, a unidade de habitao de Marselha conta com vrias possibilidades de acesso, que atendam ao seu grandioso programa, tanto acessos privados

    (disponvel apenas aos moradores do edifcio) e pblicos (para que a vizinhana acesse o piso comercial e a cobertura); sua

    circulao vertical (imagem 62) acontece por meio de escadas e elevadores e sua circulao horizontal se d atravs de corredores centrais, representado pelas figuras 59 e 63.

    Referente as moradias da unidade de habitao de Marselha, o projeto conta com um total de 337 unidades do tipo duplex, com vista para os dois lados do edifcio, seu acesso acontece atravs de um corredor central. A imagem 64 apresenta uma perspectiva feita atravs de um corte no edifcio, nela est esquematizado em vermelho o corredor, que permite acessar todas as moradias daquele pavimento, em verde claro est a moradia superior com escada que permite a transio dos moradores entre os dois pavimentos, em azul claro a moradia inferior, j as figuras 66 e 67 mostram o desenho da planta da unidade duplex inferior.

    Imagem 62| Perspectiva esquemtica destacando a circulao vertical.

    Imagem 64| Perspectiva esquemtica das moradias.

    Imagem 63| Fotografia do corredor de acesso as moradias.

    Legenda: duplex superior duplex inferior circulao

    Imagem 67|Planta do pavimento B1 - duplex inferior.

    Imagem 66| Planta do pavimento B2 - duplex inferior.

    A1

    A2B1

    B2

    Imagem 65| Perspectiva esquemtica dos duplex.

  • 54

    As habitaes, como j foi mencionado, foram projetadas de acordo com os ideiais propostos pelo movimento moderno, sendo assim elas contam com um sistema de planta livre, onde a edificao possui as instalaes bsicas, hidralica e eltrica, e com fechamentos bsicos, como o caso dos sanitrios, por exemplo, o restante do apartamento pode ser manipulado pelo seu prprio

    morador.

    De acordo com as figuras, 68, 69 e 70 nota-se as diferentes possibilidades de ocupao para o espao. Para formar os ambientes, seus moradores fizeram o uso de diferentes divisores, como o prprio mobilirio representado pela imagem 69, dessa forma o habitante pode

    alterar a medida dos cmodos e alterar o uso desses ambientes com facilidade. Outras formas utilizadas foram o uso de paredes de gesso (drywall), que apesar de serem mais regdas que o

    mobilirio so de fcil manipulao, as imagens tambm apresentam o uso de cortinas ou portas de correr, ambos intregam os espaos quanto necessrio, criando limites temporrios aos ambientes.

    Imagem 68| Fotografia da unidade de habitao.

    Imagem 69| Fotografia da unidade de habitao.

    Imagem 70| Fotografia da unidade de habitao.

  • 55

    Imagem 71| Perspectiva do edifcio.

    Imagem 72| Fotografia do terrao jardim.

    Imagem 73| Fotografia do terrao jardim. Imagem 74| Fotografia de crianas usando o terrao.

    Imagem 75| Planta da cobertura.

    Referente a cobertura, ou terrao jardim, o edifcio conta com o acesso atravs do elevador central, tanto para moradores quanto aos visitantes, nele possvel encontrar servios

    que envolve esporte e sade, tais como: uma pista de atletismo, ginsio coberto, teatro, playground, enfermagem, berrio e solrio; quando somado a rea comercial do edifcio torna a unidade de

    habitao uma inovao para a poca em que foi projetada. Toda a sua materialidade baseia-se em concreto aparente e vidro, estruturado atravs do sistema pilar e viga, com uma forma simples que

    responde muito bem as exigncias de um programa to grandioso.

  • Imagem 76| Conjunto Habitacional Quinta Monroy.

    Minha filosofia de arquitetura? Trazer a comunidade para o processo.

    Alejandro Aravena

  • 57

    5.2 - Conjunto habitacional Quinta Monroy| Elemental arquitetura

    O segundo projeto escolhido como referncia projetual deste trabalho, para contribuir com a criao de um conjunto habitacional para os moradores da favela do Jardim Ita, o conjunto

    habitacional Quinta Monroy, no Chile, de autoria do escritrio de arquitetura Elemental, coordenado pelo arquiteto Alejandro Aravena. O grupo de arquitetos que compem essa associao so

    responsveis por grandes projetos que envolvem transporte, conjuntos habitacionais, intervenes urbanas, entre outras.

    O arquiteto

    O arquiteto chileno Alejandro Aravena (1.967) diretor executivo do escritrio de arquitetura Elemental, foi professor visitante da Universidade de Harvard, atualmente membro

    do juri prmio Pritzker. Segundo informaes coletadas no site do escritrio, seus trabalhos incluem edifcios educacionais, institucionais, corporativos, edifcios culturais e pblicos, habitaes

    plurifamiliares, casas particulares, entre outros. Foi premiado diversas vezes por diferentes instituies como o prmio Marcus em 2010, Leo de Prata no XI edio da Bienal de Veneza, Prmio Zumtobel Grupo em 2014, entre outros. Possui livros pblicados e seu nome aparece entre a maioria

    das mais renomadas revistas de arquitetura. Seu trabalho reconhecido e respeitado em todo o mundo com um grande exemplo de sensibilidade e eficincia.

    Localizao

    O projeto est localizado no bairro Quinta Monroy, no centro do municpio de Iquique, no norte do Chile; uma cidade costeira, rodeada pelo deserto de Tarapac (Helo Barbeiro apud CANOTILHO, 2008) que se destaca por grandes monumentos nacionais e suas praias. A imagem 77, apresenta o litoral e logo aps o deserto de Tarapac, uma viso paradisaca. A imagem 78 est a

    localizao da cidade de Iquique no Chile e a demarcao do bairro Quinta Monroy, um loteamento ilegal que se desenvolveu a partir dos anos 60 (CANOTILHO, 2008, p. 75) representado por

    fotografias areas que apresenta o bairro antes da interveno realizada pelo escritrio Elemental arquitetura em um projeto que promoveu habitaes para cem moradores.

    Imagem 77| Litoral da cidade de Iquique e ao fundo deserto de Tarapac.

    Imagem 78| Conjunto de mapas e fotografias areas da cidade de Iquique e do bairro Quinta Monroy, pr-interveno.

    Minha filosofia de arquitetura? Trazer a comunidade para o processo.

    Alejandro Aravena

  • 58

    Problemtica

    A escritrio Elemental arquitetura foi convidado pelo governo chileno a coordenar o financiamento, concepo e execuo do projeto de arquitetura (CANOTILHO, 2008, p. 75), com

    o intuto de resolver o problema habitacional no centro da cidade de Iquique: criar uma soluo para as moradias ilegais que ocupavam a rea a mais de trinta anos, evitando que as mesmas

    fossem transferidas para a periferia da cidade. Ao todo o territrio de 5000 m era ocupado por cem famlias (FRACALOSSI, 2012, no paginado). Alm disso a verba disponibilizada pelo governo

    chileno era significativamene baixa. Nas palavras do prprio arquiteto, Alejandro Aravena: havia um programa do governo j h uns 30 anos, chamado Chile Bairro, que no conseguia uma soluo para o problema habitacional de Iquique [...]. Pedimos para trabalhar l, j que, com as opes existentes no mercado, acreditvamos no ter nada a perder.(BARBEIRO, 2009, no paginado, apud GRUNOW,

    2009, no paginado.).

    Segundo, Canotilho, o problema habitacional em Quinta Monroy contou com uma sequncia de acontecimentos a longo prazo, como foi descrito abaixo:

    Com o crescimento da urbanizao em direo as reas agrcolas, a rea do Quinta Monroy passou a fazer parte do setor central da cidade de Iquique. Contudo esta rea ainda no usufrua de infra-estrutura e saneamento bsico, ao mesmo tempo em que j se configurava como bairro consolidado. Na dcada de 90 as cem famlias moradoras no contavam com padres de habitabilidade, vivendo em casas com condies precrias e um ambiente de conflito social. [...] A partir de 1995 iniciou-se uma disputa territorial neste bairro j que de um lado estavam s famlias moradoras e do outro os donos das terras que desejavam os benefcios da especulao imobiliria do local. Por esse motivo a Chile Bairro agncia governamental responsvel pela interveno e realojamento de populao de baixa renda, comprou esta rea com inteno de realojar a populao

    moradora, sem segurana que fosse no mesmo local. (CANOTILHO, 2008, p. 77.).

    A fim de encontrar uma resposta para a questo, a primeira medida tomada pelo escritrio elemental arquitetura foi de realizar um levantamento socioeconmico da populao

    de Quinta Monroy, abrangendo questes como composio e rendimento das famlias, alm de avaliao espacial e estrutural das casas existentes (CANOTILHO, 2008, p. 78.). O resultado desse

    levantamento foi de extrema importncia para a realizao do projeto, nele foi constatado que 60% das famlias viviam no limite da pobreza, [...] suas habitaes no reuniam as condies mnimas de salubridade, sem luz ou ventilao direta, sem acesso a rede de gua potvel ou saneamento

    (CANOTILHO, 2008, p. 76), as habitaes no possuam rea adequadada para o perfil dos moradores, mantinham uma mdia de 30m (CANOTILHO, 2008, p. 76.).

    Imagem 79| Quinta Monroy antes da interveno realizada pelo escritrio Elemental Arquitetura.

    Projeto

    A partir da quantidade de caractersticas peculiares do bairro Quinta Monroy, da problemtica existente e local onde est inserido, Alejandro Aravena comeou a traar as premissas projetuais que possibilitariam a construo de um ideal que solucione a questo:

    A dificuldade da equao fez-nos tratar o problema a partir de trs pontos: conseguir o melhor projeto possvel ajustando a forma s condicionantes espaciais; aplicar as melhores solues construtivas e estruturais possveis, sujeitando-as a ensaio laboratorial; definir mecanismos de colaborao com a comunidade, oferecendo orientao tcnica nas fases anteriores e posteriores construo.

    (CANOTILHO, 2008, p. 79).

  • 59

    A primeira deciso a ser tomada para dar incio a discusso das ideias foi definir o local em que o projeto aconteceria, havia opinies que defendiam a retirada dos moradores do local

    e relocados para outra rea da cidade.

    [...]verificou-se, tambm, que a localizao privilegiada na cidade era apontada como um fator vital para a segurana familiar, reduzindo a distncia ao local de trabalho, at oferta de equipamentos sociais, como escolas e creches. Desde logo, a prioridade do projeto do escritrio Elemental passou por conseguir a negociao da permanncia dos moradores em Quinta Monroy, salvaguardando as redes sociais que se haviam consolidado e, garantindo a proximidade ao conjunto de servios e infra-

    estruturas da cidade.(CANOTILHO, 2008, p. 80.).

    Visando a problemtica proposta, vrias possibilidades foram estudadas; por exemplo: dividir a rea em lotes, mesmo que pequenos, conseguiram abrigar em torno de trinta famlias, no

    caso de uma construo em casas separadas, como exemplifica o desenho esquemtico na imagem 80. Para conseguir usar melhor a rea, o ideal seria reduzir o lote at igualar com o tamanho da

    casa, porm isso causaria um certo amontoamento e impossibilitaria (CANOTILHO, 2008, p. 83.) futuras ampliaes mesmo que as construes fossem verticalizadas; Por isso, a soluo foi

    pensar em unidades que pudessem ser expandidas, atravs da autoconstruo dos moradores, que arcariam com este nus (CANOTILHO, 2008, p. 83.). Nas palavras de Aravena:

    [] conseguamos ter um conjunto de moradias com densidade suficientemente alta para pagar terrenos caros, bem localizados, e, ao mesmo tempo, permitamos seu crescimento porque, no marco da poltica habitacional com que trabalhvamos, havia to poucos recursos que era possvel construir apenas metade das casas. O governo decidiu testar a proposta. Desde ento, pudemos estender a idia a outras cidades, mantendo as mesmas regras. (BARBEIRO, 2009, no paginado, apud,

    GRUNOW,2009, no paginado.).

    Imagem 80| Desenhos esquemticos para a escolha da melhor tipologia construtiva.

    Depois de realizada uma srie de estudos e analisada cada possibilidade, a forma que melhor atendeu aos pr-requisitos foi aquela que combinava tanto futuras ampliaes no sentido vertical ou horizontal, na combinao de blocos representada pelas imagens 81 e 82.

    Imagem 81| Representao da tipologia escolhida.

    Imagem 82| Maquete eletrnica do conjunto habitacional.

  • 60

    A respeito dessa forma de pensar a habitao de interesse social, valorizando a autoconstruo e a possibilidade de ampliao que pode ser feita por cada morador individualmente,

    gerando caractersticas nicas para cada residncia, garantindo uma boa estrutura e o conforto necessrio para a famlia, o arquiteto responsvel descreve para a revista AU em um breve texto

    que foi reproduzido a seguir:

    Percebemos que o tema moradia implicava a entrega de um lugar para que uma famlia no vivesse exposta a interpries; a formalizao da tendncia de propriedade; a criao de uma maneira para financiar o acesso moradia; e o desenvolvimento de um desenho que a tornasse melhor do que as no planejadas. Visualizamos a oportunidade de mudar a abordagem do problema, de criar um tipo de residncia que, inserida na lgica da propriedade, fosse usada pela famlia como capital com valor crescente, integrada na rede econmica e social da cidade. Perguntamo-nos se era possvel usar a casa como investimento mais do que como recurso social e acabamos por reformular a noo de qualidade. Ela seria, ento, indicativa do aumento de valor da habitao ao longo do tempo. Passamos identificao de um conjunto de condies de desenho que possibilitassem essa valorizao, assim como dos mecanismos que permitissem a passagem dos subsdios pblicos ao patrimnio das famlias mais pobres. Essa foi a seqncia do nosso trabalho e criao do Elemental. (BARBEIRO, 2009, no

    paginado, apud, GRUNOW, 2009, no paginado.).

    Outra caracterstica importante que a edificao apresenta a sua permeabilidade, j que metade da construo ser realizada pelos prprios moradores, essa caracterstica foi

    essencial para que toda a ampliao acontecesse dentro da estrutura j construda, como mostra a imagem 85. A inteno dos arquitetos foi de emoldurar (mais do que controlar) a construo

    espontnea, a fim de evitar a deteriorizao do entorno urbano com o tempo, e por outro, [...] fazer o processo de ampliao o mais fcil possvel. (HIGUTI, 2012, no paginado.).

    Outra qualidade importante que a obra apresenta, so as reas molhadas (cozinha, lavanderia e sanitrio) e a circulao vertical, foram projetadas como uma habitao de classe mdia, a qual podemos entregar, por agora (dados os recursos disponveis), somente uma parte. Neste sentido, [...] esto projetadas para o estado final [...], quer dizer, para uma habitao de 70m (HIGUTI, 2012, no paginado.).

    Imagem 83| Fotografias areas que mostram a diferena entre o antes e depois da interveno.

    Imagem 84| Implantao do conjunto habitacional (destacado pela cor vermelha) e seu entorno.

  • 61

    Imagem 85: Maquete eletrnica representando as etapas da construo, mostrando os vazios dos blocos e por onde eles possibilitariam futuras ampliaes.

    Imagem 86| Fotografia do interior das construes apresentando as reas molhadas das habitaes. Em resumo, quando se tem fundos para fazer somente metade do projeto,

    qual se faz? Optamos por fazer aquela metade que uma famlia, individualmente, nunca poder alcanar, por mais tempo, esforo e dinheiro que se invista. E dessa forma que procuramos responder com ferramentas prprias da arquitetura a uma pergunta no-

    arquitetnica: como superar a pobreza? (HIGUTI, 2012, no paginado)

    Imagem 87| Fotografia do interior das moradias do conjunto habitacional.

  • Imagem 88| Conjunto habitacional Quinta Monroy aps a interveno feita pelos seus moradores.

  • 63

    Imagem 89| Planta do pavimenoto trreo.

    Imagem 90| Planta do primeiro pavimento.

    Imagem 91| Planta do segundo pavimenoto.

    A imagem 88 revela o conjunto habitacional Quinta Monroy aps sofrer ampliaes feitas pelos seus moradores, a parte da construo que permanece em blocos de concreto aparente

    com esquadrias em branco e amarelo correspondem ao que foi entregue originalmente aos habitantes e a demais areas foram auto-construdas por quem ali vive.

    J a imagem 89 representa a planta do pavimento trreo, seguida pelas plantas do primeiro e segundo pavimento , respectivamente, nelas possvel analisar a simplicidade e ao

    mesmo tempo a magnitude do projeto; mostrando atravs dos desenhos uma proposta simples de mobilirio e as instalaes sanitrias e as possibilidades de expano das moradias, chegando a

    duplicar o tamanho original.

  • 64

    Imagem 92| Corte AA.

    Imagem 93| Corte BB.

    Imagem 94| Vistas.

    As imagens 92 e 93 apresentam o desenho dos cortes da edificao, j indicados na planta, enquanto a imagem 94 o desenho das vistas do projeto. Essas figuras, somada as imagens

    das plantas, indicam o sistema estrutural da edificao, feito atravs do sistema laje e viga e as aberturas. A circualo vertical em determinados momentos acontecem na rea externa, ora na

    parte interna, dependendo da habitao.

    As figuras de nmero 95 at 98 apresentam as habitaes vistas por dentro aps a ocupao de seus moradores e as alteraes feitas por cada famlia, dando personalidade ao espao

    em que residem.

  • 65

    Imagem 95| Fotografia da sala de um dos moradores do conjunto habitacional Quinta Monroy.

    Imagem 96| Fotografia de ambiente em das moradias do conjunto habitacional Quinta Monroy .

    Imagem 97| Fotografia de famlia moradora do conjunto habitacional Quinta Monroy.

    Imagem 98| Fotografia de crianas moradoras do conjunto habitacional Quinta Monroy.

  • Quando moram em um lugar digno, os moradores comeam a se sentir parte da cidade.

    Marcos Boldarini Imagem 99| Favela Nova Jaguar.

  • 67

    5.3 - Favela Nova Jaguar - Setor 3| Boldarini Arquitetos Associados

    O terceiro projeto de referncia que colaborar para embasar esse trabalho a interveno feita pelo escritrio Boldarini Arquitetos Associados, liderado por Marcos Boldarini, na rea determinada como setor 3 da favela Nova Jaguar. O programa que busca revitalizar parte da

    favela bastante amplo, conta com reas de recreao, mirante e um centro comunitrio.

    O arquiteto

    O escritrio Boldarini Arquitetos Associados h 15 anos atua na elaborao, desenvolvimento e implantao de projetos de urbanismo, arquitetura e paisagismo, tendo se

    destacado no mbito da habitao social e da urbanizao de assentamentos precrios. (BOLDARINI, 2004, no paginado). Os trabalhos da equipe de profissionais que compem o escritrio, destaca-se por apresentar solues inovadoras em cenrios crticos, como favelas, por exemplo. Alm do

    projeto para a favela Nova Jaguar, o escritrio foi responsvel por projetos de grande repercusso, como: Cantinho do Cu - Parque Residencial dos Lagos, Residencial Corruras, Edifcio Multiuso

    Grotinho, Residencial Diogo Pires, entre outros.

    Localizao

    A favela Nova Jaguar um dos assentamentos irregulares mais antigos da cidade de So Paulo, suas primeiras moradias datam da dcada de 1950; est localizada no distrito de

    Jaguar subordinado a subprefeitura da Lapa, na zona oeste do municpio (como apresenta a imagem 100) conurbando com o municpio de Osasco. Sua urbanizao inicia-se a partir das margens

    do rio Pinheiros, hoje encontra-se prxima de importantes instituies como a Universidade de So Paulo (USP), a rea que um dia era caracterizada como residencial, hoje mescla as moradias com

    indstrias. A imagem 101 representa uma fotografia area destacando a favela Nova Jaguar, o setor 3 onde aconteceu a interveno urbana, o rio Pinheiros, Parque Villa-Lobos e a USP; a partir dessa

    identificao notrio como a rea bem localizada com fcil acesso por vias importantes da cidade.

    Imagem 101| Fotografia area da favela Nova Jaguar e seu entorno.

    01 - Setor 302 - Favela Nova Jaguar03 - Rio Pinheiros04 - Parque Villa-Lobos 05 - Universidade de So Paulo (USP)

    Imagem 100| Mapa destacando o distrito de Jaguar em meio a cidade de So Paulo e a planta do bairro,

    Distrito Nova Jaguar

  • 68

    Imagem 102| Fotografia de deslizamento na favela Nova Jaguar.

    Problemtica

    No se pode mais fingir que as favelas no existem. A soluo investir em melhorias (SEHAB, 2010), a

    prtir desse princpio, criou-se o programa de urbanizao de favelas na cidade de So Paulo, que prev novas moradias, infraestrutura e obras de conteno, drenagem e proteo

    de reas de risco (TRONCOSO, 2012). Dentro desse programa est a favela Nova Jaguar, que tem como objetivo intervir nas reas de risco encontradas no local e estruturar esse espao.

    A favela Nova Jaguar originou-se da farta oferta de emprego na regio e o dficit habitacional que

    formaram um cenrio ideal para o incio da ocupao dessa rea pblica [...] chegando em 1973 a 579 barracos. (PISANI,

    2011, no paginado). Esse fato se deu devido a grande industrializao da rea , com grandes empresas como a

    Companhia Antrtica Paulista S/A, Insdstrias Reunidas F. Matarazzo, entre outras.

    O setor 3, considerado a regio mais problemtica da favela Nova Jaguar, possui uma declividade

    de 35m, sendo uma rea de extremo risco de deslisamento, como apresenta as imagens 102 e 103; j que em 1983 [...]

    duzentos barracos foram atingidos [...] o maior acidente desse gnero j registrado no municpio de So Paulo

    (PISANI, 2011, no paginado); esse deslizamento aconteceu como consequncia do forte desmatamento, a vegetao

    sendo substituda por habitaes precrias. Este o maior desafio para os arquitetos do escritrio Boldarini, no momento

    de projetar nesse espao, alm dos problemas j citados, o local tambm conta com grande dificuldade de acesso, grande acmulo de lixo, cortes e aterros que foram feito

    sem conhecimento tcnico, entre outros; comprovam que a fragilidade acontece de tal maneira que pensar em contruo

    se torna algo completamente invivel.

    Imagem 103| Fotografia de deslizamento de terra na favela Nova Jaguar.

    Imagem 104| Fotografia de habitaes na favela Nova Jaguar.

  • 69

    Imagem 106| Fotografia de conjunto habitacional na favela Nova Jaguar.

    Imagem 107| Fotografia de conjunto habitacional em meio favela Nova Jaguar

    Imagem 108| Fotografia da favela Nova Jaguar antes da interveno.

    As imagens 104 e 105 apresentam a situao do setor 3 da favela Nova Jaguar, antes do projeto,realizado pelo escritrio de arquitetura Boldarini, as margens do rio Pinheiros encontra-se um conjunto habitacional e logo atrs a situao catica das moradias da favela, principalmente a regio propcia a deslizamentos.

    A imagem 106 apresenta conjuntos habitacionais as margens do Rio Pinheiros, sua construo ocorreu por volta do ano de 2008; atrs dos mesmos est a favela e toda a rea de risco, de forma que os visitantes que percorrem a marginal Pinheiros no tem viso da favela, j que os conjuntos ocultam as habitaes precrias.

    Analisando a localizao e o nvel de precariedade dessa parte da favela, a Prefeitura Municipal de So Paulo props vrios projetos de interveno, como foi citado nos pargrafos anteriores. Devido ao histrico e contexto do lugar, a interveno feita por Marcos Boldarini inicia-se com a qualificaao urbano-ambiental desse setor da comunidade, com o objetivo de resgatar o carter pblico como premissa bsica [...] (BOLDARINI, 2011, no paginado).

    Segundo a opinio dos arquitetos responsveis pelo projeto em questo:

    A compreenso de que as intervenes em reas crticas da cidade