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16 1 INTRODUÇÃO O sistema sensorial trigeminal transmite informações mecânicas, proprioceptivas (percepção espacial do próprio corpo), nociceptivas (dor), e térmicas das regiões craniofaciais (MARTINO et al., 1996; BERETIER, 2000). As vias neurais deste sistema atuam para manter a integridade dos tecidos craniofaciais através de reflexos que protegem outros sistemas sensitivos (visão, somestesia, olfação, gustação) e homeostáticos (tratos respiratório e digestório) (BERETIER, 2000). Considerando a importância do sistema trigeminal, na resposta a danos orofaciais profundos e a possibilidade de eventos fisiopatológicos comuns, em doenças neurodegenerativas agudas (isquemia e excitotoxicidade), também ocorrerem neste sistema, este trabalho investigou comparativamente os padrões inflamatórios, de lesão axonal e desmielinização, após a indução de lesão aguda excitotóxica e isquêmica no núcleo trigeminal de ratos adultos, com ênfase nas alterações na susbstância branca, do trato trigeminotalâmico. As lesões foram induzidas, respectivamente, através de microinjeções de N-Metil-D-Aspartato (NMDA) e Endotelina-1 (ET-1), no núcleo espinhal do sistema trigeminal e avaliadas em um tempo precoce e outro mais tardio. Um levantamento selecionado da literatura correspondente ao assunto investigado foi realizado, servindo como base para o trabalho proposto e será detalhado na seção seguinte.

TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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Page 1: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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1 INTRODUÇÃO

O sistema sensorial trigeminal transmite informações mecânicas,

proprioceptivas (percepção espacial do próprio corpo), nociceptivas (dor), e

térmicas das regiões craniofaciais (MARTINO et al., 1996; BERETIER, 2000). As

vias neurais deste sistema atuam para manter a integridade dos tecidos

craniofaciais através de reflexos que protegem outros sistemas sensitivos (visão,

somestesia, olfação, gustação) e homeostáticos (tratos respiratório e digestório)

(BERETIER, 2000).

Considerando a importância do sistema trigeminal, na resposta a danos

orofaciais profundos e a possibilidade de eventos fisiopatológicos comuns, em

doenças neurodegenerativas agudas (isquemia e excitotoxicidade), também

ocorrerem neste sistema, este trabalho investigou comparativamente os padrões

inflamatórios, de lesão axonal e desmielinização, após a indução de lesão aguda

excitotóxica e isquêmica no núcleo trigeminal de ratos adultos, com ênfase nas

alterações na susbstância branca, do trato trigeminotalâmico.

As lesões foram induzidas, respectivamente, através de microinjeções de

N-Metil-D-Aspartato (NMDA) e Endotelina-1 (ET-1), no núcleo espinhal do sistema

trigeminal e avaliadas em um tempo precoce e outro mais tardio.

Um levantamento selecionado da literatura correspondente ao assunto

investigado foi realizado, servindo como base para o trabalho proposto e será

detalhado na seção seguinte.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A NEUROANATOMIA DOS SISTEMAS TRIGEMINAIS

O nervo trigêmeo é assim chamado por possuir três ramos calibrosos

distribuídos por áreas extensas da face, tanto superficiais como profundas

(LAZAROV, 2002; RIZZOLO;MADEIRA, 2004). Estes ramos recebem

denominações conforme seus territórios de distribuição principais: nervo oftálmico

(V1), nervo maxilar (V2) e nervo mandibular (V3) (MARTINO et al., 1996;

MOORE;DALLEY, 2001; DI DIO, 2002). As duas primeiras divisões (V1 eV2) são

totalmente sensitivas e a terceira divisão (V3) é mista, contendo fibras sensitivas e

motoras (MARTINO et al., 1996; MOORE;DALLEY, 2001; DI DIO, 2002) (Figura

1). Cada raiz sensitiva inerva mucosas e pele de diferentes regiões da cabeça,

exceto a pele que reveste o ângulo da mandíbula, e a raiz motora inerva os

músculos da mastigação (SICHER;DU BRUL, 1977; MARTINO et al., 1996;

GO;KIM;ZEE, 2001; JAASKELAINEN, 2004). Os ramos periféricos destas

subdivisões levam sinais tácteis, térmicos e álgicos ao Sistema Nervoso Central

(SNC), enquanto os nervos facial, glossofaríngeo e vago inervam regiões

periféricas, como certas áreas da pele, do ouvido externo, faringe, laringe,

cavidade nasal, seios da face e ouvido médio (SICHER;DU BRUL, 1977;

MARTINO et al., 1996; GO;KIM;ZEE, 2001; JAASKELAINEN, 2004). Os

mecanorreceptores presentes nos tecidos periféricos mencionados transduzem a

informação tátil, enquanto que os nociceptores e termorreceptores veiculam as

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sensibilidades dolorosa e térmica, respectivamente (BEAR;CONNORS;

PARADISO, 2002; LENT, 2002).

As células que dão origem aos aferentes sensoriais trigeminais primários

estão localizadas no gânglio sensorial periférico (Figura 1), de Gásser ou gânglio

semi-lunar, na fossa craniana média (SICHER;DU BRUL, 1977; MARTINO et al.,

1996).

O gânglio trigeminal é análogo ao gânglio da raiz dorsal do Sistema

Nervoso Periférico (SNP) (LAZAROV, 2002). Os neurônios deste gânglio são do

tipo pseudo-unipolar, no qual um único axônio possui ramos periférico e central

(LAZAROV, 2002). O complexo somestésico trigeminal é composto por três

núcleos que medeiam a sensibilidade craniana: núcleos mesencéfálico, principal e

espinhal (SICHER;DU BRUL, 1977; MARTINO et al., 1996; GRAY et al., 2003).

O núcleo mesencefálico, constituído dos corpos neuronais dos receptores

de estiramento presentes nos músculos da maxila, é formado por uma coluna de

células nervosas que se estendem superiormente da zona de entrada do nervo

trigêmeo, até o mesencéfalo. Este núcleo é importante para a percepção

proprioceptiva da maxila. O núcleo principal trigeminal está localizado próximo da

zona de entrada do nervo trigêmeo, seguido caudalmente pelo núcleo espinhal

que é composto por três sub-núcleos: oral, interpolar e caudal (MARTINO et al.,

1996; GRAY et al., 2003; RUB et al., 2003).

A raiz sensorial trigeminal emite um ramo ascendente e outro descendente,

através da face ventro-lateral da ponte. O ramo ascendente conecta as células

ganglionares trigeminais ao núcleo sensorial principal do nervo trigêmeo, através

de axônios de maior diâmetro, enquanto o ramo descendente chega ao trato

Page 4: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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Figura 1. Divisões do nervo trigêmio. Nesta figura são ilustradas as divisões

oftálmica (V1), maxilar (V2) e mandibular (V3) da raiz do nervo trigêmio. Adaptado

de: http://www.umanitoba.ca/cranial_nerves/trigeminal_neuralgia/manuscript/

medications.html

Page 5: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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trigeminal espinhal com fibras amielínicas e mielinizadas de menor diâmetro (LI et

al., 1992; MARTINO et al., 1996; GO;KIM;ZEE, 2001; DALLEL et al., 2003)

2.1.1 Via Trigeminal para Sensação Tátil

A habilidade de distinguir e interpretar informações térmicas e nociceptivas

é um importante componente da sobrevivência humana, pois possibilita

comportamentos motores adequados, de modo a evitar perda da integridade

tecidual (DASILVA et al., 2002). Os estudos neuroanatômicos clássicos da

organização funcional dos núcleos sensoriais trigeminais atribuiram ao núcleo

trigeminal principal, grande importância para a gênese da sensação tátil e

propriocepção (LI et al., 1992; MARTIN, 1998) e ao núcleo espinhal com seus

subnúcleos (oral, interpolar e caudal), um papel principal na transmissão da

informação nociceptiva das estruturas orofaciais (DALLEL et al., 1988).

Os axônios que veiculam a sensação tátil entram na região pontina ventral

e trafegam pela sua porção dorsal, principalmente em direção ascendente

terminando no núcleo sensorial trigeminal principal. A maioria dos neurônios deste

núcleo sensorial possui axônios que decussam na ponte e ascendem dorso-

medialmente até o núcleo da coluna dorsal, no lemnisco medial. Os axônios

ascendentes de segunda destes neurônios formam o lemnisco trigeminal e fazem

sinapse no tálamo, no núcleo ventral póstero-medial. Os axônios dos neurônios

talâmicos projetam-se via braço posterior da cápsula interna, para a parte lateral

do córtex somestésico primário (SI), no giro pós-central. O córtex somestésico

secundário (SII), localizado no opérculo parietal e córtex posterior, recebe

Page 6: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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principalmente aferências de SI (MARTINO et al., 1996).

A segunda via, bem menor, origina-se dos neurônios da porção dorsal do

núcleo sensitivo principal e ascende ipsilateralmente (do mesmo lado), até chegar

no lemnisco trigeminal, terminando no núcleo ventral póstero-medial talâmico

(MARTINO et al., 1996) . Esta via menor é importante para o processamento de

estímulos mecânicos dos dentes e tecidos moles da cavidade oral (MARTINO et

al., 1996).

Portanto, o núcleo ventral póstero-medial do tálamo recebe aferências

bilaterais das estruturas intra-orais: projeção contralateral do lemnisco trigeminal e

projeção ipsilateral da via dorsal (MARTINO et al., 1996; LAZAROV, 2002). Do

tálamo, estas informações são direcionadas de forma topográfica para o giro pós-

central do córtex somestésico primário no córtex parietal. Estas informações

chegam veiculadas por axônios, que fazem sinapse em neurônios que estão

principalmente na área de representação da face, na porção lateral do giro pós-

central. SI possui conexões com áreas secundárias e terciárias (de associação) do

córtex somestésico. A atividade integrada destas áreas corticais, que são

conectadas através de sinapses, é que nos possibilita a percepção consciente das

informações sensoriais, incluindo tato, propriocepção e dor (MARTINO et al.,

1996; SHEPHERD, 1998; LENT, 2002).

2.1.2 Via Trigeminal Para Sensação Nociceptiva

Nesta via, as fibras amielínicas e mielinizadas de menor diâmetro entram na

ponte e descendem formando o trato trigeminal espinhal. Este trato extende-se da

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porção média da ponte até a medula cervical (nível de C3 e C4), passando pelo

bulbo, e recebe aferências dos nervos facial, glossofaríngeo e vago somando-se

ao nervo trigêmeo (GO;KIM;ZEE, 2001; BOHOTIN et al., 2003). Colaterais axonais

do trato trigeminal espinhal fazem sinapses com neurônios presentes nos três

subnúcleos do núcleo espinhal: oral, interpolar e caudal. Os neurônios pós-

sinápticos, por sua vez, enviam projeções axonais que cruzam a linha média,

formando o trato trigeminotalâmico que veicula infomação nociceptiva até o tálamo

contralateral, no núcleo ventral póstero-medial e nos núcleos intra-laminares

(LAZAROV, 2002). O núcleo ventral póstero-medial projeta para as camadas III e

IV de SI, na porção lateral do giro pós-central. Os núcleos intra-laminares,

segundo local mais importante no tálamo a receber aferências trigeminais,

processam aspectos emocionais da dor e possuem uma projeção mais difusa, a

qual inclui aquela para o córtex insular anterior (MARTIN, 1998; GRAY et al.,

2003; IKEDA et al., 2003).

O núcleo caudal, a maior subdivisão do trato trigeminal espinhal, consiste

em uma porção laminada alongada que se funde sem limites claros, com o corno

dorsal cervical, enquanto a sua parte rostral forma uma zona de transição com a

extremidade caudal do núcleo interpolar (BERETIER, 2000). A zona de transição

entre os subnúcleos interpolar e caudal é uma região crítica para o processamento

da dor craniofacial, possui grande importância na resposta a danos orofaciais

profundos, configurando-se em uma região integradora de informações sensoriais

das regiões peri e intra-orais (BERETIER, 2000; IKEDA et al., 2003).

Anatomicamente, demonstrou-se que a projeção de neurônios trigeminais

primários, da polpa dentária do gato terminam em todas as sub-divisões do

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complexo sensorial trigeminal (ARVIDSSON;GOBEL, 1981).

A representação somatotópica da face no núcleo trigeminal é semelhante a

uma casca de cebola : as áreas peri-orais são representadas rostralmente no

núcleo e áreas mais posteriores da face são representadas mais caudalmente no

núcleo trigeminal (DASILVA et al., 2002) .

Como vimos, diferenças anatômicas e funcionais distinguem fibras

aferentes individuais do nervo trigêmeo. Fibras de maior diâmetro veiculam a

sensibilidade tátil e fibras amielínicas, ou pouco mielinizadas veiculam sensações

álgicas e térmicas. Portanto, as informações álgicas, térmicas e proprioceptivas

são veiculadas através de vias neurais específicas até o tálamo, de modo análogo

ao que ocorre com as informações sensoriais, captadas em outros tecidos

periféricos e transmitidas a partir da medula espinhal. A principal via para

percepção tátil na face é semelhante ao sistema colunar dorsal-lemnisco medial,

enquanto que a organização da via ascendente, importante principalmente para a

percepção de sensações álgicas e térmicas da face, é similar ao sistema

anterolateral, para a transmissão de informações nociceptivas do resto do corpo.

2.1.3 A Fisiologia do Sistema Trigeminal

A transmissão e o processamento de informação no SNC envolvem a

participação de mediadores químicos, conhecidos como neurotransmissores.

Entre os neurotransmissores pode-se destacar o glutamato (principal

neurotransmissor excitatório do SNC) e o ácido gama amino butírico (GABA

principal neurotransmissor inibitório do SNC). Existe uma comunicação bi-

Page 9: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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direcional, entre células gliais pré-sinápticas e elementos neuronais na sinapse. A

liberação de neurotransmissores do terminal pré-sináptico não apenas estimula os

neurônios pós-sinápticos, mas também ativa a glia peri-sináptica (BEZZI et al.,

1998). As células gliais ativadas, por sua vez, liberam gliotransmissores que

podem diretamente estimular neurônios pós-sinápticos e regular a liberação de

neurotransmissores (BEZZI et al., 1998; AULD;ROBITAILLE, 2003; NEWMAN,

2003).

Os neurônios trigeminais primários são quimicamente heterogêneos e

parecem utilizar vários neurotransmissores para a transmissão sináptica. Estes

neurotransmissores são liberados na fenda sináptica e, ao se ligarem em

receptores específicos na membrana do neurônio pós-sináptico, podem aumentar

(neurotransmissor excitatório), ou diminuir (neurotransmissor inibitório) a

excitabilidade do mesmo. Existe um grande número de neurotransmissores

excitatórios e inibitórios e esta ação, depende do local do sistema nervoso

(SHEPHERD, 1998). Dentre eles estão os aminoácidos excitatórios e inibitórios,

as monoaminas e outros como a histamina e a acetilcolina (LAZAROV, 2002). A

funcionalidade dos circuitos neurais depende da sintonia da comunicação entre

unidades sinápticas excitatórias e inibitórias, compostas por terminações nervosas

pré e pós-sinápticas, complexamente ligadas às células gliais (NEWMAN, 2003).

O glutamato e o aspartato são os principais neurotransmissores excitatórios

dos neurônios sensoriais primários (LAZAROV, 2002). A membrana dos neurônios

do gânglio trigeminal possui receptores ionotrópicos e metabotrópicos para os

diversos tipos de agonistas glutamatérgicos: ácido propiônico -amino-

Page 10: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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hidroximetilsozazol (AMPA), cainato e NMDA.

Células imunopositivas para glutamato constituem 63,8% dos neurônios de

todos os tamanhos no gânglio trigeminal espinhal do gato (CLEMENTS et al.,

1991) e aferentes primários, que inervam a polpa dentária destes animais, contém

glutamato em seus terminais no núcleo caudal (CLEMENTS et al., 1991). O

glutamato e o aspartato, em menor expressão, são transmissores químicos de

informações proprioceptivas trigeminais, participam da transmissão química entre

neurônios aferentes primários e células do núcleo trigeminal principal (LAZAROV,

2002), bem como neurônios do núcleo trigeminal mesencefálico, também são

glutamatérgicos.

Os neurotransmissores inibitórios mais comumente encontrados no SNC

são a glicina e o GABA. A glicina não foi encontrada em neurônios do gânglio

trigeminal, mas junto com o GABA participa do controle do ritmo mastigatório

(LAZAROV, 2002). O GABA está presente em neurônios sensoriais no gânglio

trigeminal, e no núcleo trigeminal principal de ratos, porcos da índia, coelhos e

gatos (LAZAROV, 2002). Apesar do núcleo trigeminal caudal ser classicamente

visto como um equivalente anatômico do corno espinhal dorsal, que apresenta a

transmissão álgica bloqueada pelos neurônios gabaérgicos, neste núcleo os

neurônios parecem ter ação diferente. Viggiano et al. (2004), investigando o papel

da transmissão gabaérgica, na nocicepção dos núcleos do trato trigeminal

espinhal demonstraram o aumento de GABA, no núcleo trigeminal caudal, em um

modelo de dor inflamatória em ratos. O bloqueio de receptores GABAA inibiu a

expressão comportamental da percepção da dor, sugerindo que a transmissão

gabaérgica no núcleo trigeminal caudal sinaliza estímulos álgicos para centros

Page 11: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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nervosos superiores.

As monoaminas dopamina, noradrenalina, adrenalina, serotonina, bem

como as catecolaminas, também estão associadas aos neurônios trigeminais

aferentes primários (KHODOROV, 2004). A histamina, sintetizada por neurônios

histaminérgicos, age no SNC como um neurotransmissor inibitório e/ou

neuromodulador e está presente no gânglio trigeminal (KHODOROV, 2004).

Os neurônios do gânglio trigeminal não sintetizam dopamina e não utilizam

catecolaminas, mas estão sob influência de fibras aferentes catecolaminérgicas.

Tallaksen-Greene et al. (1992) usaram autoradiografias quantitativas, para

examinar a densidade e distribuição de receptores para aminoácidos excitatórios,

nos núcleos do trato trigeminal espinhal e no núcleo trigeminal principal. A maior

densidade dos mediadores foi observada na zona marginal (lâmina I) e substância

gelatinosa (lâmina II), do sub-núcleo caudal, onde os receptores de AMPA

apresentaram maior densidade relativa, seguido dos receptores metabotrópicos,

cainato e NMDA. A densidade e distribuição observadas no núcleo sensorial

principal foram bastante similares, embora ligeiramente mais baixas. Portanto, os

receptores de aminoácidos excitatórios medeiam neurotransmissão somestésica

em terminais aferentes primários, estando envolvidos no processamento de

informações nociceptivas.

Um grande número de neuropeptídeos foi identificado no gânglio trigeminal:

substância P, neurocinina A, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina,

colecistocinina, somatostatinas, peptídeos opióides (encefalinas

e endorfinas),

polipeptídeo intestinal vasoativo e galanina (KNYIHAR-CSILLIK et al., 1998;

LAZAROV, 2002; SHIN et al., 2003). Segundo Samsam et al. (2000), os

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neurotransmissores neurocinina A, substância P, e peptídeo relacionado ao gene

da calcitonina atuam como moduladores da nocicepção, na primeira sinapse

central da via trigeminal durante a ativação deste sistema sensorial.

O óxido nítrico (NO), um importante mensageiro gasoso do sistema nervoso,

atua nos neurônios aferentes primários, difundindo-se do pericário das células que

o produzem para os neurônios adjacentes, onde ativa a guanilato ciclase solúvel

na membrana plasmática (LAZAROV, 2002).

2.2 DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS AGUDAS: NOÇÕES GERAIS E

EPIDEMILOGIA

De acordo com a evolução temporal dos padrões lesivos, as doenças

neurodegenerativas podem ser classificadas em agudas (por exemplo, acidente

vascular cerebral, trauma cerebral e medular) e crônicas (por exemplo, doenças

de Alzheimer, Parkinson, Huntington, Esclerose Múltipla, Esclerose Lateral

Amiotrófica). Nas doenças neurodegenerativas agudas, a lesão neuronal ocorre

rapidamente, começando em minutos até poucas horas após a lesão primária.

Nas doenças crônicas, a morte celular ocorre durante um processo gradual mais

lento (meses a anos). Entre as doenças neurodegenerativas agudas mais comuns

destacam-se os traumas cerebral e da medula espinhal, além do Acidente

Vascular Cerebral (AVC) (GRAHAM et al., 1995; TATOR, 1995;

DIRNAGL;IADECOLA;MOSKOWITZ, 1999; LO, 2003; MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL,

2004). Traumatismos cranioencefálicos (TCE) e medulares constituem importante

causa de morte, especialmente em adultos jovens, bem como uma grande causa

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de incapacidade que afeta de maneira importante não só a vida do paciente, mas

também a de membros da família (KRAUS et al., 1985; KRAUS;NOURJAH, 1988;

KRAUS;ROCK;HEMYARI, 1990; GRAHAM et al., 1995; TAOKA;OKAJIMA, 1998;

MAYER;ROWLAND, 2002).

A lesão traumática no SNC inicia uma complexa cascata de eventos onde

ocorrem acúmulo patológico de aminoácidos excitatórios, edema, inflamação e

isquemia pós-traumática por comprometimento vascular, o que leva à morte

neuronal e glial e perda tecidual. (TATOR;FEHLINGS, 1991; FADEN, 1993;

HONMOU, 1995; SCHWAB;BARTHOLDI, 1996).

O AVC é a terceira causa de morte no mundo ocidental, sendo superado

apenas pelas doenças cardiovasculares e o câncer, e constitui a segunda causa

mais freqüente de morte em pessoas idosas nestas sociedades (DIRNAGL;

ADECOLA; MOSKOWITZ, 1999; LIPTON,1999; MERGENTHALER; DIRNAGL;

MEISEL, 2004). Pode ser classificado em isquêmico e hermorrágico, de acordo

com a patologia da lesão cerebral focal subjacente (SACCCO, 2002; LO, 2003).

No infarto cerebral, a anóxia causada pela oclusão de vasos por período superior

a cinco minutos dá início a uma cadeia de eventos, tais como: vasodilatação local,

estase da coluna sangúínea com segmentação das hemácias, edema e necrose

do tecido cerebral (SACCCO, 2002). Cerca de 75 % de todas as oclusões de

vasos cerebrais originam-se de embolismos de origem arterial ou cardíaca

(SACCCO, 2002). A Hemorragia Intracraniana decorre da ruptura de um vaso em

qualquer ponto, na cavidade craniana e possui incidência de aproximadamente

15%. De todos os casos, 20% são causados por tromboses e hialinoses de

arteríolas. As estenoses das arteríolas cerebrais correspondem a menos de 5 %

Page 14: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

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das ocorrëncias isquêmicas, sendo consideradas comparativamente raras

(DIRNAGL; IADECOLA; MOSKOWITZ, 1999; SACCCO, 2002; MERGENTHALER;

DIRNAGL; MEISEL, 2004).

De um modo geral, o acidente vascular isquêmico é três a quatro vezes

mais freqüente que o hemorrágico (SACCCO, 2002) e divide alguns fatores de

risco com as doenças cardiovasculares (diabetes, hipertensão e ateroesclerose)

(DIRNAGL; IADECOLA; MOSKOWITZ, 1999; MERGENTHALER; DIRNAGL;

MEISEL, 2004). Estudos estatísticos publicados pela American Heart Association

(2006) mostram que, em média, 700.000 pessoas/ano passam por alguma

experiência de AVC e a cada três minutos uma pessoa morre em decorrência dele

nos Estados Unidos. Estes dados impulsionaram a busca por terapias

neuroprotetoras com a finalidade de reduzir a morte celular e o volume do infarto

após episódios de AVC (CARMICHAEL, 2005), pois, dos pacientes que

sobrevivem, 50% sofrem de hemiparesias, 26 % dependem de algum auxílio para

realizar suas atividades diárias e 26 % permanecem restritos ao leito, implicando

em altos custos econômicos (MERGENTHALER; DIRNAGL; MEISEL, 2004).

2.2.1 Modelo de isquemia focal por injeção de Endotelina-1

Os peptídeos do tipo Endotelina (ET-1, ET-2 e ET-3), originalmente isolados

do sobrenadante da cultura de células endoteliais, são agentes vasoconstritores

potentes presentes em várias espécies, incluindo suínos e humanos

(YANAGISAWA et al., 1988; RUBANYI;POLOKOFF, 1994). A ET-1 age através de

receptores específicos, tipo A (ETA-R) e tipo B (ETB-R), amplamente distribuídos

Page 15: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

30

pelo SNC no endotélio vascular, bem como em neurônios, astrócitos, microglia,

células epiteliais do plexo coreóide e células ependimais (RUBANYI;POLOKOFF,

1994). A ET-1 é principalmente sintetizada por células endoteliais, mas também

por outros tecidos, incluindo pulmão, coração, fígado, cérebro e algumas células

circulantes (MOTTE;MCENTEE;NAEIJE, 2005) e está envolvida em processos

celulares fundamentais como proliferação celular, fibrose e inflamação

(MASAKI;YANAGISAWA, 1992; MOTTE;MCENTEE;NAEIJE, 2005).

A aumentada liberação de ET-1, em AVC isquêmicos, sugere que estes

peptídeos endógenos podem ser um fator contribuinte na patogênese desta

doença, possivelmente devido a sua potente ação vasoconstritora (ZIV et al.,

1992; HUGHES et al., 2003; GUPTA et al., 2005).

No SNC de ratos, ETA-R é encontrado em células do músculo liso de

artérias do córtex cerebral (HAYNES et al., 1991; BHARDWAJ et al., 2000).

Receptores ETB-R foram identificados no córtex cerebral humano, hipocampo e

estriado de ratos.

O antagonismo seletivo de ETA possui efeitos neuroprotetores, em modelos

experimentais de isquemia (GUPTA et al., 2005). A ET-1 pode não ser

diretamente neurotóxica, mas, em regiões isquêmicas, pode exacerbar a morte

neuronal indiretamente, através da liberação excessiva de mediadores

potencialmente neurotóxicos, tais como o glutamato de astrócitos

(MOTTE;MCENTEE;NAEIJE, 2005).

A injeção direta de ET-1 no parênquima neural constitui um excelente

modelo experimental de isquemia focal (HUGHES et al., 2003). A injeção de 10

pmoles de ET-1, no estriado de ratos adultos induz isquemia focal transitória, com

Page 16: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

31

redução de até 30% do fluxo sanguíneo. A injeção da quantidade mencionada de

ET-1, diluída em 1 ou 0.25 µl de solução salina estéril induz isquemia focal restrita

ao local de injeção, tanto em substância branca como cinzenta, corticais e ou o

estriado, sem o rompimento da barreira hematoencefálica (BHE) (HUGHES et al.,

2003).

2.3 DEGENERAÇÃO SECUNDÁRIA EM DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

AGUDAS: PRINCIPAIS MECANISMOS

Em doenças neurodegenerativas agudas, a morte neuronal e/ou de células

gliais pode ocorrer rapidamente, como conseqüência imediata de eventos

primários (por exemplo, o trauma), ou ocorrer tardiamente como conseqüência de

eventos secundários ativados, a partir do processo lesivo inicial. Na isquemia

cerebral, são comumente distinguidas duas regiões: o centro do infarto e uma

zona periférica, chamada de penumbra isquêmica. Uma redução significativa do

fluxo sanguíneo na área isquêmica central causa alterações nos processos

metabólicos, no suprimento energético da célula e na homeostase iônica, o que

gera perda da integridade celular, por necrose e apoptose em poucos minutos

(LIPTON, 1999; SACCCO, 2002; MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004).

Este fenômeno é conhecido como degeneração secundária, é definido como um

grupo de eventos destrutivos que podem afetar células que não foram ou que

foram apenas marginalmente afetadas pela lesão inicial (TATOR;FEHLINGS,

1991; MCDONALD;SADOWSKY, 2002). No SNC, os neurônios e seus axônios

que não foram ou que foram apenas parcialmente afetados pela lesão primária,

Page 17: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

32

podem degenerar tardiamente se não sofrerem intervenção terapêutica.

Eventos fisiopatológicos complexos e diversos são envolvidos nos

mecanismos de degeneração secundária (TATOR;FEHLINGS, 1991). No entanto,

sabe-se que excitotoxicidade e disfunção iônica, estresse oxidativo, resposta

inflamatória e apoptose são eventos cruciais neste importante fenômeno

patológico (PERRY et al., 1995; CHOI, 1998; LIPTON, 1999; POPOVICH et al.,

1999; CHOI, 2000; POPOVICH et al., 2002; LO, 2003; VILA, 2003).

2.3.1 Excitotoxicidade

2.3.1.1 Mecanismos Gerais

A liberação do glutamato na fenda sináptica possui um papel central na

comunicação neuronal e está envolvida nos vários aspectos da função cerebral

normal incluindo cognição, memória e aprendizado (KHALERT;REISER, 2004). Os

efeitos pós-sinápticos deste aminoácido excitatório endógeno são mediados por

receptores de membrana celular farmacológica e funcionalmente distintos

(SATTLER;TYMIANSKI, 2000). Os três receptores ionotrópicos principais são:

NMDA, cainato, e AMPA. Estes receptores, quando ionotrópicos, ao serem

ativados por seus agonistas, levam à abertura direta do canal iônico associado,

que pode ser permeável em menor ou maior quantidade para os íons Na+, K+ e

Ca++, dependendo do tipo de receptor (ATLANTE et al., 2001). Além disso, foi

posteriormente estabelecido que o glutamato pode se ligar aos chamados

receptores metabotrópicos, os quais atuam acoplados a um sistema envolvendo a

Page 18: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

33

participação de proteinas G, que funciona através da liberação de segundos

mensageiros, os quais ativam canais iônicos presentes na membrana (CONN;PIN,

1997).

O cérebro contém grandes quantidades de glutamato, sendo o

neurotransmissor excitatório mais abundante no SNC (KHALERT;REISER, 2004;

HENDRIKS et al., 2005), porém só uma fração reduzida pode ser encontrada no

meio extracelular. As concentrações de glutamato, tanto no meio extracelular

como na fenda sináptica, são rigorosamente controladas por mecanismos

envolvendo enzimas e transportadores de glutamato em neurônios e células gliais

(DANBOLT, 2001). A capacidade funcional das sinapses é determinada pela

capacidade de biossíntese, liberação, degradação e transporte dos

neurotransmissores (SCHOUSBOE, 2003).

Excitotoxicidade envolve a ativação excessiva de receptores de glutamato

no SNC, resultando em morte neuronal (CHOI, 1988; 1992; ATLANTE et al., 2000;

MATUTE et al., 2001). Em certas condições patológicas como isquemia cerebral,

estado epiléptico, hipoglicemia, trauma mecânico e algumas doenças

neurodegenerativas crônicas, a excessiva liberação deste mediador por terminais

nervosos e seu acúmulo na fenda sináptica e no espaço extracelular, o torna uma

poderosa neurotoxina apta a induzir danos celulares irreversíveis (OLNEY, 1990;

CHOI, 1992; LI et al., 1999a), pois a íntima relação entre o metabolismo

energético anormal e a neurotransmissão glutamatérgica expõe neurônios à

excitotoxicidade mediada pelo glutamato (GREENE;GREENMYRE, 1996).

Durante a excitotoxicidade no SNC, células gliais (astrócitos e

oligodendrócitos), corpos neuronais e bainha de mielina sofrem danos estruturais

Page 19: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

34

significativos, enquanto que o cilindro axonal é relativamente poupado durante a

lesão primária, pois alguns estudos imunohistoquímicos demonstraram a presença

de receptores glutamatérgicos, principalmente na membrana de oligodendrócitos,

na bainha de mielina, em astrócitos e, em menor quantidade, no cilindro axonal

(CHOI, 1992; LI;FIELD;RAISMAN, 1999; GALLO;GHINI, 2000; LI;JIANG;STYS,

2000; MATUTE et al., 2001; TEKKOK;GOLDBERG, 2001) .

2.3.1.2 Mecanismos moleculares e a participação do Ca++

O tecido neural possui um consumo relativamente alto de oxigênio e

glicose, depende quase que exclusivamente da fosforilação oxidativa para a

produção de energia (KHALERT;REISER, 2004). A diminuição do fluxo sangüíneo

restringe a chegada de substratos, em especial de oxigênio e glicose ao cérebro

(DIRNAGL;IADECOLA;MOSKOWITZ, 1999). Desta forma, com esta redução, as

reservas energéticas são perdidas com subsequente desequilíbrio iônico,

liberação de neurotransmissores e inibição da recaptação destes, especialmente

do glutamato (MELDRUM, 2000; LO, 2003; MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL,

2004).

A despolarização de neurönios e células gliais em decorrência da carência

energética local resulta na ativação dos canais de Ca++ e leva a liberação de

aminoácidos excitotóxicos, especialmente glutamato, no meio extra-celular

(HERTZ;ZILKE, 2004; KANNURPATTI et al., 2004) . Este neurotransmissor, que

em condições normais sofre direta recaptação pré-sináptica ou astrocítica,

permanece no compartimento extra-celular e sofre acúmulo excessivo. A ativação

Page 20: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

35

dos receptores de glutamato (NMDA, AMPA e metrabotrópicos) direta ou

indiretamente, mediado por prostaglandinas (BEZZI et al., 1998; CHOI, 2005), leva

a um aumento na concentração intra-celular de Ca++

(MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004), através de sua liberação das

reservas internas, acidificação do meio e toxicidade (CHOI, 2005).

O aumento na concentração do Ca++ citoplasmático em neurônios do SNC

de mamíferos, induzido pela estimulação de receptores glutamatérgicos, ativa

mecanismos homeostáticos complexos, que proporcionam uma rápida

recuperação para níveis fisiológicos (SATTLER;TYMIANSKI, 2000; KHODOROV,

2004). Estes mecanismos consistem em interações complexas entre quatro tipos

de eventos: influxo de Ca++, tamponamento de Ca++ , estoque interno de Ca++, e

efluxo de Ca++ (SATTLER;TYMIANSKI, 2000). A extrapolação dos mecanismos

regulatórios fisiológicos, ativa inapropriadamente processos dependentes de Ca++

que tanto podem estar adormecidos como pouco ativados, induzindo

neurotoxicidade (CHOI, 1988; KANNURPATTI et al., 2004).

A neurotoxicidade do glutamato pode ser resumida em três fases, onde a

primeira é marcada pela tumefação neuronal imediata (CHOI, 1987), a segunda

pelo influxo excessivo de Ca++ (CHOI, 1988) e a terceira pela ativação excessiva

de proteases (lipases, fosfatases e endonucleases, caspases, calpaínas,

catepsinas) que tanto danificam diretamente a estrutura da célula, como induzem

a liberação de radicais livres oxidativos, que atuam como mediadores da morte

celular (CHOI, 1992; GOMES-LEAL, 2002b; ARUNDINE;TYMIANSKI, 2003;

BANO et al., 2005).

Em uma via bioquímica adicional, a sintase do óxido nítrico (SON), ao ser

Page 21: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

36

ativada pelo Ca++, se liga à calmodulina e sintetiza NO (LIPTON;STAMLER,

1994; DAWSON;DAWSON, 1998; LIPTON, 2004). Quando sintetizado em

excesso, o NO combina com o ânion superóxido e forma peroxinitrito, que leva a

um estresse oxidativo e nitrosativo por disfunção mitocondrial

(LIPTON;SINGEL;STAMLER, 1994; LIPTON, 2004). Portanto, a disfunção

mitocondrial e o déficit energético resultante podem contribuir para a disfunção

neuronal através de alterações em canais iônicos, neurotransmissão e transportes

axonal e dendrítico (SATTLER;TYMIANSKI, 2000; BALES, 2004; BOSSY-

WETZEL;SCHWARZENBACHER;LIPTON, 2004; LIPTON, 2004; HOYER et al.,

2005).

Algumas evidências experimentais sugerem que a ativação de receptores do

tipo AMPA e cainato na substância branca causa morte de oligodendrócitos

maduros em cérebros isquêmicos, o que mostra a vulnerabilidade destas células à

excitotoxicidade mediada por receptores do tipo não-NMDA (MCDONALD et al.,

1998; LI;STYS, 2000; MATUTE et al., 2001; TEKKOK;GOLDBERG, 2001;

FOWLER et al., 2003). Este tópico será discutido posteriormente.

2.3.1.3 Estresse Oxidativo

A formação excessiva de radicais livres durante alterações patológicas do

SNC, tais como AVC e trauma, é um mecanismo fundamental de degeneração

secundária de doenças neurodegenerativas agudas e crônicas (LOVE, 1999;

LEWEN;MATZ;CHAN, 2000; LO, 2003). Os mecanismos de excitotoxicidade,

disfunção iônica e estresse oxidativo parecem agir em sinergismo durante o

Page 22: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

37

desenrolar do processo neuropatológico (LOVE, 1999; LEWEN;MATZ;CHAN,

2000; ATLANTE et al., 2001; LO, 2003). Radicais livres parecem ser de extrema

importância para os mecanismos lesivos durante lesão excitotóxica mediada por

glutamato (SINGH et al., 1999; AGRAWAL;NASHMI;FEHLINGS, 2000). Espécies

reativas derivadas de oxigênio podem induzir peroxidação lipídica e promover

liberação de glutamato (AGRAWAL;NASHMI;FEHLINGS, 2000), tendo relação

direta com a excitotoxicidade (KANNURPATTI et al., 2004).

A ativação de receptores glutamatérgicos pode ter uma conexão com a

formação de radicais livres, através de pelo menos três maneiras: ativação pelo

Ca++ da fosfolipase A com a indução da liberação de ácido araquidônico e

formação de radicais livres; Indução pelo Ca++ da conversão de xantina

desidrogenase para xantina oxidase, o qual é fonte de radicais livres

(DYKENS;STERN;TRENKNER, 1987); estimulação de receptores de NMDA com

subsequente influxo de Ca++, ativação da SON com síntese de NO

(DAWSON;DAWSON, 1998). Estes autores acreditam que a produção de NO seja

um passo importante nos mecanimos de neurotoxicidade do glutamato. A inibição

da respiração mitocondrial pelo NO pode ser o principal mecanismo envolvido, em

desencadear a morte neuronal induzida pelo NO (BAL-PRICE;BROWN, 2001). O

metabolismo do ácido araquidônico pode ser a principal fonte de radicais livres,

pelo menos em cultura neuronal (CHOI, 1992, 1994).

Parece existir um elo de ligação entre estresse oxidativo e disfunção

mitocondrial (ATLANTE et al., 2000; ATLANTE et al., 2001). A liberação excessiva

de glutamato em condições patológicas pode gerar estresse oxidativo com

disfunção mitocondrial, por exemplo, diminuição dos suprimentos energéticos e do

Page 23: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

38

transporte de metabólitos celulares (ATLANTE et al., 2000; ATLANTE et al., 2001).

A resposta mitocondrial à exposição ao glutamato, bem como a

excitotoxicidade são distintas entre animais jovens e adultos. A despolarização da

membrana mitocondrial de ratos adultos foi menor, e estes animais mostraram-se

menos sensíveis a citotoxicidade pelo glutamato (KANNURPATTI et al., 2004).

O trifosfato de adenosina (ATP) é essencial para a maioria dos processos

celulares e moleculares, tais como síntese proteica, manutenção do equilíbrio

iônico intra e extracelular, transporte e degradação de proteínas, funcionamento

do aparelho de Golgi e manutenção da transmissão sináptica. Uma redução no

ATP disponível, devido a falta de glicose ou alguma alteração metabólica pode

causar sérios distúrbios celulares, incluindo o metabolismo do precursor da

proteína amilóide (HOYER et al., 2005). Este fenômeno parece ocorrer in vivo em

algumas condições neurodegenerativas (ATLANTE et al., 2000; ATLANTE et al.,

2001).

Os mecanismos responsáveis pela indução de estresse oxidativo após

liberação excessiva de glutamato parecem envolver duas fases (ATLANTE et al.,

2001): produção inicial de xantina oxidase e uma fase tardia onde ocorre produção

de radicais livres, o que é relacionado à disfunção mitocondrial (HORAKOVA et

al., 1997; LEWEN;MATZ;CHAN, 2000). Além disso, a liberação de citocromo c

pode induzir mais formação de radicais livres e disfunção celular, incluindo lesão

mitocondrial (ATLANTE et al., 2000). Acredita-se que os mecanismos de defesa

celulares envolvendo anti-oxidantes naturais estejam reduzidos em tais

circunstâncias, levando a um considerável aumento do estresse oxidativo e lesão

celular generalizada, mediada por radicais livres (ATLANTE et al., 2001). Este

Page 24: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

39

evento pode ser o destino final da cascata bioquímica responsável pela morte

neuronal mediada por ativação de receptores glutamatérgicos.

Experimentalmente, o uso de antioxidantes como o ebselen tem sido utilizado com

sucesso, para proteger as substâncias branca e cinzenta em modelos

experimentais de doenças neurodegenerativas agudas, incluindo o de isquemia

focal (REITER, 1998; RICHARDSON, 1999).

2.3.1.4 Modelos de excitotoxicidade por injeção de NMDA

A resposta excitotóxica obtida pela degeneração celular é mais complexa, do

que a obtida pela injeção de uma única citocina (BOLTON;PERRY, 1998).

Portanto, a injeção de NMDA vem sendo utilizada como modelo de lesão

excitotóxica.

Com a finalidade de documentar aspectos da resposta inflamatória

associada à degeneração neuronal induzida, a injeção intraestriatal de NMDA e

cainato mostrou resposta inflamatória aguda, com recrutamento de neutrófilos

seguidos de macrófagos. O infiltrado celular foi maior em animais jovens que em

adultos. Entretanto, a resposta inflamatória aumentada não pareceu ter um efeito

dramático no tamanho da lesão ou na resposta microglial e astrocítica, bem como

a morte celular ocorreu tanto por necrose como apoptose. Contrastando, a quebra

na BHE foi mais marcante em animais jovens após injeção de NMDA

(BOLTON;PERRY, 1998).

Em um modelo de lesão aguda da medula espinhal de ratos, demonstrou-

se recentemente a escala temporal dos padrões de ativação microglial e

Page 25: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

40

astrocitária, após lesão excitotóxica (GOMES-LEAL, 2004). Células da microglia

são ativadas precocemente e podem contribuir para o início do processo lesivo na

substância cinzenta (GOMES-LEAL, 2004). A ativação astrocitária nas

substâncias branca e cinzenta da medula destes animais aumentou

consideravelmente entre 3 e 7 dias após a injeção de NMDA. A ativação dos

astrócitos começou mais rapidamente e foi mais intensa na substância branca,

que na substância cinzenta (GOMES-LEAL, 2004). Neste mesmo modelo

experimental, as células inflamatórias parecem contribuir para lesão axonal em

tempos de sobrevida mais tardios (GOMES-LEAL, 2005a).

O fator ativador de apoptose mostrou ser um importante mediador

excitotóxico, após a estimulação de receptores de NMDA. A exposição de uma

cultura de células neuronais ao NMDA resultou em excitotoxicidade pelo NMDA

independente de caspase. Portanto, a neurotoxicidade pelo NMDA não é afetada

pelos inibidores da caspase (WANG et al., 2004.

A habilidade de cabinóides em proteger neurônios contra lesões

excitotóxicas depende da inibição da SON neuronal. A morte celular induzida pelo

NMDA mostrou a participação do NO no efeito anti-excitotóxico de canabinóides

em neurônios cerebrais do córtex de ratos (KIM et al., 2005).

Sabendo que a neurogênese aumenta após lesão no encéfalo adulto, um

modelo de lesão excitotóxica usando NMDA foi empregado para avaliar a

dinâmica temporal e espacial, de proliferação nas zonas germinativas do cérebro

durante o desenvolvimento pós-natal. O dano excitotóxico no córtex motor de

ratos com 9 dias de idade causou degeneração neuronal, acompanhada de

resposta glial em todo o córtex ao nível do sítio de injeção, extendendo-se para o

Page 26: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

41

septum, estriado e hipocampo rostral, sem comprometimento do hemisfério

contralateral. A lesão induziu diminuição significante do número de células

progenitoras da zona sub-ventricular (ipsilateralmente a lesão) e do giro dentato (3

primeiros dias) (FAIZ et al., 2005).

A expressão da enzima anti-oxidante superoxido dismutase do Cu e Zn em

encéfalos intactos é principalmente observada em neurônios (PELUFFO et al.,

2005). Em ratos recém-nascidos que sofreram lesão excitotóxica no SNC causada

por NMDA, observou-se diminuição na expressão desta enzima, seguida por uma

elevação de sua expressão por células astrogliais (PELUFFO et al., 2005).

2.3.2 Resposta Inflamatória

2.3.2.1 Inflamação no SNC

A inflamação é um componente chave do mecanismo de defesa contra

infecção, tanto no SNP como no SNC (FERRARI et al., 2004; MOYNAGH, 2005).

O encéfalo possui várias características peculiares que fazem com que a sua

resposta inflamatória seja diferente da que ocorre nos demais órgãos

(ALLAN;ROTHWELL, 2003). Uma barreira natural regula o fluxo de substâncias

que entram e saem do SNC, a BHE. Esta barreira protege o encéfalo de

substâncias lesivas, limitando a entrada de moléculas grandes e células

circulantes (PETTY;LO, 2002), protegendo-o de toxinas secretadas por bactérias e

outras originadas da atividade de células do sistema imune

(REICHEL;BEGLEY;ABBOTT, 2000).

Page 27: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

42

A restrição imposta pela BHE às células do sistema imune faz com que a

resposta inflamatória no tecido nervoso, seja menos intensa do que em outros

tecidos (por exemplo, o tecido epitelial) (GOMES-LEAL, 2002a). Esta

característica peculiar levou o sistema nervoso a ser considerado um órgão de

privilégio imunológico (PERRY; ANDERSSON; GORDON, 1993; SCHWARTZ;

KIPNIS, 2001b; SCHWARTZ; MOALEM, 2001; ALLAN; ROTHWELL, 2003). Por

exemplo, estudos experimentais em roedores mostram que um estímulo

inflamatório com lipopolissacarídeos bacterianos (LPS) induz uma rápida e

elevada invasão de neutrófilos na pele, mas uma resposta limitada e tardia no

encéfalo (PERRY et al., 1995; MATYSZAK, 1998). O recrutamento de neutrófilos

em tecidos não neurais tem seu pico máximo em torno de 4-6 horas

(VILLARREAL;ZAGORSKI;WAHL, 2001), enquanto que no SNC ocorre em

24horas (BOLTON;PERRY, 1998; SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL, 2002a,

2005b). Com relação aos monócitos sangüíneos, o recrutamento também é mais

lento no SNC (em torno de 72h) do que em tecidos não neurais (em torno de 24h).

A microinjeção de mediadores inflamatórios no parênquima do cérebro adulto

mostrou pouco recrutamento de neutrófilos, resposta vascular mínima e um atraso

no recrutamento de monócitos (ANDERSSON;PERRY;GORDON, 1992;

LAWSON;PERRY, 1995. Diferenças significativas são encontradas entre os

diversos compartimentos do SNC (SCHNELL et al., 1999).

A resposta às lesões no SNC tem característica multicelular que muda

continuamente com a evolução temporal e espacial do processo e é regulada por

múltiplos eventos moleculares intra e extracelulares (SOFRONIEW, 2005). Em

condições não patológicas, células do sistema nervoso podem mediar a resposta

Page 28: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

43

inflamatória, mesmo que esta possua aspectos diferentes daquela de outros

tecidos (GOMES-LEAL, 2002a). O encéfalo responde a estímulos inflamatórios

periféricos (por resposta neural ou humoral), integra e regula vários aspectos da

resposta aguda e exibe muitas respostas inflamatórias locais, que parecem

contribuir com o aparecimento de doenças do SNC, tanto agudas como crônicas.

O estágio mais precoce da inflamação, que inicia poucas horas após a

isquemia, caracteriza-se pela liberação de moléculas de adesão tanto no endotélio

vascular como por leucócitos circulantes (ALLAN;ROTHWELL, 2003). Os

leucócitos aderem-se ao endotélio e transmigram do sangue para o parênquima

cerebral (STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998). Esta adesão é de importância

decisiva na inflamação cerebral induzida por AVC

(MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Neste caso, neutrófilos acumulam-

se em microvasos cerebrais localizados na área da penumbra isquêmica, levando

a um dano adicional na microcirculação. Macrófagos e monócitos seguem os

neutrófilos, migrando para o encéfalo isquêmico e tornam-se as células

predominantes 5 a 7 dias após a isquemia.

Leucócitos ativados (granulócitos, monócitos/macrófagos, linfócitos), bem

como neurônios e células gliais (astrócitos e microglia) produzem quimiocinas e

citocinas, principalmente citocinas pró-inflamatórias, tais como: Fator de necrose

tumoral

(FNT ) e as interleucinas-1 e 6 (IL-1 e IL-6), que exacerbam os danos

provocados pela lesão isquêmica (DIRNAGL;IADECOLA;MOSKOWITZ, 1999;

BECKER et al., 2001). Em modelos animais, o dano isquêmico é reduzido por

vários antagonistas de receptores de citocinas (ALLAN;ROTHWELL, 2003;

Page 29: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

44

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Outras evidências mostram a

contribuição da inflamação pós-isquêmica na lesão do cérebro isquêmico, pois o

dano cerebral isquêmico reduz quando: a infiltração de neutrófilos é prevenida

pela indução de uma neutropenia sistêmica, moléculas de adesão ou seus

receptores são bloqueados por anticorpos neutralizantes, a ação de mediadores

da inflamação é bloqueada e no rato, inibição dos genes que coordenam a

liberação de genes relacionados com a inflamação

(DIRNAGL;IADECOLA;MOSKOWITZ, 1999). Além das citocinas inflamatórias,

algumas citocinas anti-inflamatórias também são sintetizadas, entre as quais fator

transformador de crescimento- 1 e a IL-10. Estas citocinas regulam a inflamação,

diminuindo-a e, por conseguinte, exercem efeito protetor no contexto da isquemia

cerebral (MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004).

Duas enzimas também se mostraram essenciais para a inflamação: a

sintase do óxido nítrico imunológica e a ciclooxigenase tipo II (COX2)

(MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Em modelos experimentais de

isquemia cerebral, a inibição da sintase do óxido nítrico imunológica reduziu o

tamanho do infarto em aproximadamente 30%, até mesmo quando o tratamento

começou apenas 24h após a indução da isquemia (IADECOLA;ZHANG;XU, 1995;

CHANG et al., 2004; PEREZ-ASENSIO et al., 2005). Além disso, esta enzima

produz uma grande quantidade de ON, o qual é altamente tóxico, devido a sua

participação na formação do peroxinitrito. A COX2 é mais facilmente detectada na

região da penumbra isquêmica, participa ativamente na produção de radicais

livres, o que a torna potencialmente lesiva para a área (NOGAWA et al., 1997;

Page 30: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

45

HARA et al., 1998; NOGAWA et al., 1998). Dessa forma, tanto a sintase do óxido

nítrico imunológica quanto a COX2 apresentam-se como alvos de grande

interesse terapêutico, visto que em modelos experimentais de roedores, ambas

apresentaram efeito protetor por 6-24 h após a isquemia (CHOPP;ZHANG, 1996).

Existem diversas evidências na literatura que indicam que mecanismos

inflamatórios participam dos fenômenos de degeneração secundária em doenças

agudas e crônicas do SNC (BLIGHT, 1985,1994; PERRY et al., 1998; POPOVICH

et al., 1999; GOMES-LEAL, 2002a; POPOVICH et al., 2002; WYSS-CORAY,

2002). O uso de uma mistura de cloroquina e colchicina (GIULIAN, 1987) ou

injeção intraperitoneal de pó de sílica (BLIGHT, 1994) ou liposomas de clodronato

(POPOVICH et al., 1999), são procedimentos que inibem o recrutamento de

monócitos sangüíneos para parênquima do SNC lesado, diminuem

significativamente a área de lesão secundária, após lesão aguda da medula

espinhal de roedores. Além disso, foi demonstrado experimentalmente que o uso

de altas doses de metilpredinisolona, um anti-inflamatório esteróide, melhora a

capacidade de recuperação motora e diminui a área de lesão, em ratos

submetidos à lesão aguda da medula espinhal (BRACKEN, 2001a,2002).

Inúmeros testes demonstraram que este procedimento é eficaz e atualmente

utilizado como tratamento para lesão da medula espinhal de seres humanos

(BRACKEN, 2001a; BRACKEN;HOLFORD, 2002).

Acredita-se que componentes da resposta inflamatória também sejam

envolvidos nos eventos patológicos de doenças neurodegenerativas crônicas, tais

como as doenças de Parkinson, Huntington, Alzheimer, esclerose múltipla e

esclerose lateral amiotrófica (HIRSCH et al., 1998; MCGEER;MCGEER, 1998;

Page 31: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

46

MCGEER;YASOJIMA;MCGEER, 2001).

2.3.2.3 O papel de células do sistema imune em doenças neurodegenerativas e

sua relação com a resposta inflamatória

A integridade da BHE depende da interação da matriz celular, composta por

células endoteliais e astrócitos (MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). A

isquemia cerebral pode danificar a interação entre estas estruturas. Proteases,

como metaloproteinases de matriz, são secretadas 1 a 3 horas após a isquemia

cerebral e atuam sobre as estruturas desta matriz

(MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). A destruição da lâmina basal, pelas

metaloproteinases de matriz permite que leucócitos atravessem a BHE e

contribuam para alterações patológicas nesta região (BOLTON;PERRY, 1998).

No SNC, assim como em tecidos não neurais, o sistema imune inato age

em sinergismo com o sistema imune específico, tanto contribuindo para a indução

de seus componentes como sendo estimulado por ele (MATYSZAK, 1998).

Acredita-se que alguns componentes da reposta inflamatória possam contribuir

para o aumento da lesão secundária, após lesão do SNC (BLIGHT, 1992;

POPOVICH et al., 1999; BLIGHT;ZIMBER, 2001). Abaixo sumarizamos a

participação destas células, nos mecanismos inflamatórios envolvidos na

fisiopatologia de doenças do SNC (GOMES-LEAL, 2002a, 2002b).

Neutrófilos

Page 32: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

47

Os neutrófilos, juntamente com os eosinófilos e basófilos, formam o grupo de

leucócitos conhecidos como granulócitos (ABBAS;JANEWAY, 2000). Este termo é

empregado devido à aparência dos grânulos (lisossomas) encontrados no

citoplasma destas células. Os lisossomas possuem inúmeras enzimas,

principalmente proteases, que são liberadas durante a fagocitose e digestão

intracelular de patógenos (durante o processo de infecção), ou detritos celulares

(durante o processo de degeneração). Como já mencionado neste trabalho, são

as primeiras células inflamatórias a chegar ao sítio da inflamação aguda, tanto em

tecidos neurais como não neurais, sendo este fenômeno um pouco mais tardio no

SNC (STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998; SCHNELL et al., 1999; GOMES-

LEAL, 2005b). São fisiologicamente células fagocitárias, mas acredita-se que os

mesmos podem contribuir como o processo lesivo, durante o trauma tecidual, nos

tecidos neurais e não neurais (TAOKA et al., 1997; TAOKA;OKAJIMA, 1998;

TAOKA et al., 1998).

Estas células podem ser encontradas no cérebro humano, após isquemia e

a quantidade delas no tecido tem correlação positiva com a presença de sangue

(TAOKA;OKAJIMA, 1998). Nestas circunstâncias, os neutrófilos podem liberar

proteases e radicais livres, que são lesivos para o parênquima tecidual

(CAMPBELL;CAMPBELL, 1988; OWEN;CAMPBELL, 1995). A diminuição do

número de neutrófilos circulantes ou administração de anticorpos anti-quimiocinas

tem mostrado redução significante na área do infarto, em modelos experimentais

de isquemia cerebral em ratos.

A expressão crônica de IL-1 leva ao recrutamento seletivo de neutrófilos, no

parênquima cerebral e induz ativação de microglia e astrócitos, lesão da BHE,

Page 33: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

48

desmielinização reversível, sem neurodegeneração (FERRARI et al., 2004).

Macrófagos

Os macrófagos derivam de células tronco e de monoblastos da medula óssea

que transformam-se em monócitos, ao entrarem na corrente sangüínea

(PERRY;GORDON, 1991). Durante a inflamação aguda, estes monócitos são

recrutados para o parênquima tecidual, onde são ativados em situações

patológicas (GOMES-LEAL, 2002a). Os monócitos sangüíneos penetram no SNC

durante o seu desenvolvimento (PERRY;GORDON, 1991) e sua diferenciação em

macrófagos envolvem alterações morfológicas e o aumento da expressão de

diversos receptores de membrana de lisossomas (por exemplo, o antígeno

glicosilado citoplasmático que é marcado pelo anticorpo ED1) (DIJKSTRA et al.,

1985b) e o receptor C3 do complemento (REID et al., 1993). O fator de

estimulação de colônia de granulócitos-macrófagos é expresso em uma variedade

de células diferenciadas e não diferençadas, tipo: monócitos, macrófagos,

fibroclastos, células tipo T e células endoteliais e estimulam a proliferação e

maturação de progenitores mielóides, precursores de neutrófilos, monócitos,

macrófagos e eosinófilos (FRANZEN;BOUHY;SCHOENEN, 2004).

Os macrófagos são considerados as principais células efetoras da resposta

imune (GORDON, 2001), permanecendo por mais tempo e em maior número no

infiltrado inflamatório (POPOVICH et al., 1999). São fagócitos, portanto estão no

local da lesão para matar microorganismos invasores, remover restos e facilitar o

reparo e o retorno a homeostasia (PERRY;ANDERSSON;GORDON, 1993;

Page 34: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

49

POPOVICH et al., 1999). Após lesão na medula espinhal o reparo precede a

infiltração de macrófagos hematogênicos, mas não a ativação da microglia

residente (POPOVICH et al., 1999). Desde que a matriz formada após a lesão não

seja suficiente para manter o crescimento axonal, é possível que o infiltrado de

macrófagos antagonize os esforços das células residentes para reparar o local da

lesão.

Uma ferramenta importante para eliminar células ou patógenos indesejados

é a produção de mediadores, causadores da morte celular ou de microorganismos

(HENDRIKS et al., 2005). A chegada destas células no local da inflamação está

relacionada com a ativação de plaquetas e cascatas de proteínas plasmáticas,

aumento da expressão de moléculas de adesão, nos vasos e aumento na

permeabilidade vascular (PERRY;ANDERSSON;GORDON, 1993).

Durante o processo de reparo tecidual, os macrófagos podem contribuir

para a exacerbação da lesão neural pela capacidade de liberar citocinas

inflamatórias

(FNT , FESGM; IL-1 e IL-6), proteases (MPM), radicais livres

(radicais hidroxila), NO (BLIGHT;SAITO;HEYES, 1993; BLIGHT, 1994;

FERGUSON et al., 1997; POPOVICH et al., 1999; GOMES-LEAL, 2005a) e

grandes quantidades de glutamato (HENDRIKS et al., 2005). Na lesão da medula

espinal ocorre grande resposta de macrófagos, sendo possível que estas células

atuem como mediadores da lesão traumática secundária e contribuam para o

insucesso da regeneração axonal no SNC (POPOVICH et al., 1999). Em

trabalhos experimentais, demonstrou-se que a depleção do recrutamento de

macrófagos com pó de sílica (BLIGHT, 1985, 1992, 1994), clodronato (POPOVICH

et al., 1999) ou metilpredinisolona (BRACKEN, 1990, 2000; BRACKEN et al.,

Page 35: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

50

2000; BRACKEN, 2001a, 2001b, 2002; BRACKEN;HOLFORD, 2002) diminui a

área de lesão secundária e melhora o prognóstico de recuperação motora após

lesão medular em roedores.

Macrófagos são um alvo interessante para terapias que visam prevenir o

dano axonal na Esclerose Múltipla. A prevenção da migração de monócitos

através da BHE é um dos níveis de intervenção possível (HENDRIKS et al., 2005).

Microglia

As células microgliais são células gliais do SNC, possuem um importante

papel na resposta inflamatória e apresentam propriedades compatíveis com as

dos macrófagos hematogênicos (KHALERT;REISER, 2004;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). São ativadas por mediadores da

inflamação em uma gama de patologias no SNC, tais como inflamação cerebral,

trauma e AVC (BAL-PRICE;BROWN, 2001) e neste estado comportam-se como

macrófagos residentes do SNC (PERRY;ANDERSSON;GORDON, 1993; GOMES-

LEAL, 2002a), adotando inclusive uma morfologia ramificada típica

(STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998). Quando não ativadas, possuem a função

geral de fazer a vigilância do sistema nervoso (GOMES-LEAL, 2002a). A microglia

parece ser responsável pela fagocitose mais generalizada envolvendo a ativação

de cascata complementar, onde astrócitos têm sido envolvidos em processos de

fagocitose, tais como a remoção de sinapses individuais (WYSS-CORAY, 2002;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). A microglia e outros fagócitos

participam não apenas da degradação de depósitos proteicos anormais, como na

Page 36: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

51

Doença de Alzheimer, ou de micróbios invasores, mas também da remoção de

células do hospedeiro em degeneração (WYSS-CORAY, 2002).

É possível que haja um componente anti-inflamatório intrínseco no SNC

(PERRY;ANDERSSON;GORDON, 1993). Semelhante aos leucócitos, a microglia

ativada é capaz de produzir uma boa quantidade de citocinas inflamatórias, bem

como metabólitos tóxicos (radicais livres oxigenados: peroxinitrito e superóxido) e

enzimas (catepsinas) (MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Durante o

fenômeno de ativação, a membrana de células microgliais aumenta a expressão

de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (CPH), do receptor C3

do complemento, receptores CD4, ED1 e moléculas de adesão

(PERRY;GORDON, 1991; STOLL;JANDER, 1999; STREIT, 2000; BAL-

PRICE;BROWN, 2001). Relatou-se que durante a isquemia cerebral, células da

microglia liberam NO e IL-1, os quais podem contribuir para o processo de

degeneração secundária (GEHRMANN et al., 1995;

STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998; LOVE, 1999). Achados semelhantes foram

observados após lesão cerebral obtida através de modelos excitotóxicos

(GEHRMANN et al., 1995; STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998; LOVE, 1999).

O fenômeno de ativação microglial foi dividido nas seguintes fases: estágio de

alerta (estágio 1), aderência (estágio 2), fagocitose (estágio3a), ativação de

células microgliais vizinhas (estágio 3b) (RAIVICH et al., 1999). O estágio 1 ocorre

nas primeiras 24 horas é caracterizado pelo aumento da expressão de algumas

moléculas relacionadas à função imune, tais como o componente Ci3b do

complemento e MAI-1 em camundongos. No estágio 2, as células tornam-se

menos ramificadas aderindo às estruturas lesadas, tais como neurônios sofrendo

Page 37: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

52

degneração. Ao mesmo tempo, estas células apresentam diminuição da

expressão de algumas moléculas em suas membranas, tais como MAI-1 e

aumento da expressão de outras, como moléculas do CPH. No estágio 3a, as

moléculas microgliais tornam-se fagócitos na presença de neurônios sofrendo

degeneração. Neste momento, ocorre retração significativa das ramificações

microgliais, as células da microglia se tornam arredondadas, com morfologia de

macrófagos ativados. No estágio 3b, ocorre ativação generalizada da microglia em

sítios distais ao da lesão e de outras células da resposta inflamatória, tais como

linfócitos. O recrutamento de linfócitos é intenso nesta fase, sendo mediado pelo

aumento da expressão de moléculas da classe II do CPH, com subseqüente

apresentação de antígenos em seres humanos (GOMES-LEAL, 2002a).

As células microgliais parecem estar envolvidas nos mecanismos de lesão

autoimune (encefalite experimental alérgica) (NATHAN, 1987; NATHAN, 1992), de

lesão do SNC durante infecção pelo HIV (STOLL;JANDER, 1999).

Linfócitos

Em condições não patológicas, no parênquima do SNC são encontrados

poucos linfócitos ou mesmo sua total ausência. No entanto, em condições

patológicas, além de serem encontrados no parênquima cerebral existem

evidências de que podem causar dano tecidual adicional, após lesão primária

(BRADL;FLUGEL, 2002).

Existem evidências que sugerem que a atividade de células T pode ser

importante para regeneração neural (SCHWARTZ, 2001a, 2001b). O recrutamento

Page 38: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

53

de linfócitos T é limitado durante a lesão do SNC, este fato pode contribuir para a

incapacidade de regeneração do tecido neural (SCHWARTZ;KIPNIS, 2001a).

Astrócitos

Nos últimos anos três funções principais dos astrócitos foram destacadas e

pesquisadas em detalhes: suporte nutricional a células neuronais, modulação do

nível glutamatérgico extra-celular e eliminação de radicais livres oxigenados. Os

astrócitos também são encarregados de manter o gradiente de íons dependentes

de energia (Ca++, N+ e K+) e o pH extracelular (KHALERT;REISER, 2004). Para

desempenhar suas funções, não só os astrócitos, mas as células gliais precisam

de quantidade considerável de energia (KHALERT;REISER, 2004). Ao contrário

dos neurônios, os astrócitos estão em contato com os vasos sangüíneos e

acessam o suporte de glicose do encéfalo pela circulação sangüínea

(KHALERT;REISER, 2004). Então, a maior quantidade de glicose utilizada pelo

encéfalo é entregue via astrócitos (KHALERT;REISER, 2004).

O glutamato, bem como o GABA, é removido da fenda sináptica pelos

astrócitos, através de um sistema de transporte altamente eficiente

(SCHOUSBOE, 2003). Os astrócitos estão localizados próximos à fenda sináptica,

por isso, são os primeiros candidatos a remover o glutamato, porém em situações

isquêmicas esta função é alterada e revertida (KHALERT;REISER, 2004).

A ativação de astrócitos ocasiona hipertrofia destas células, com aumento

do tamanho do corpo celular, encurtamento e aumento da espessura de suas

ramificações (astrocitose) (GOMES-LEAL, 2002a; SOFRONIEW, 2005). Estas

Page 39: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

54

alterações morfológicas são reguladas por citocinas, tais como IL-6. A astrocitose

é considerada uma resposta geral do SNC, ao processo lesivo como uma tentativa

de preservar a integridade tecidual, mas a cicatriz glial formada, pode ser

prejudicial ao fenômeno de regeneração axonal (SYKOVA, 2001). A cicatriz glial,

composta por astrócitos e linhagens celulares de fibroblastos, demarca e envolve

o tecido lesado do tecido neural viável (SOFRONIEW, 2005). Os astrócitos podem

proliferar após lesões realmente severas (SOFRONIEW, 2005).

Astrócitos reativos exercem funções tanto pro, como anti-inflamatórias em

locais e períodos diferentes, como reposta a lesão e durante o reparo

(SOFRONIEW, 2005). Exercem papel importante na manutenção e reparo da

BHE, ajudam a regular os níveis de fluído tecidual, também regulam o edema

tóxico que pode ocorrer no parênquima cerebral após várias lesões ao SNC, bem

como ajudam a proteger neurônios, oligodendrócitos e a função neural

(SOFRONIEW, 2005). Entretanto, possuem a capacidade de gerar moléculas com

potencial citotóxico, tais como radicais de NO e radicais oxigenados

(SOFRONIEW, 2005).

2.3.3 Apoptose e Outros Tipos de Morte Celular

Durante o AVC, no centro do território de vascularização do vaso ocluído,

as células morrem principalmente por necrose e na penumbra isquêmica o

principal tipo de morte celular é apoptose (LO, 2003). Estudos experimentais estão

elucidando cada vez mais os mecanismos moleculares dos vários tipos de morte

celular, incluindo paraptose, necrose e apoptose (SYNTICHAKI, 2002a;

Page 40: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

55

SYNTICHAKI, 2002b; LO, 2003; SYNTICHANKI, 2003; VILA, 2003). Estes

estudos, principalmente os realizados no nematódio C. elegans, consolidaram a

idéia que a necrose não é um tipo de morte celular caótica, mas que envolve a

ativação seqüencial de proteases, o que é expresso na hipótese calpaína-

catepsina (SYNTICHAKI, 2002b; SYNTICHANKI, 2003). Os mecanismos de

apoptose e necrose são extremamente complexos, e não serão aqui revistos.

Excelentes revisões estão disponíveis na literatura sobre o tema (HENGARTNER,

2000; YUAN, 2000; VILA, 2003).

Estabeleceu-se um papel essencial para a morte por apoptose, durante o

fenômeno de degeneração secundária em doenças neurodegenerativas agudas,

tais como trauma cerebral e da medula espinhal e AVC (LI et al., 1996; LIU et al.,

1997; LI et al., 1999a; BEATTIE;FAROOQUI;BRESNAHAN, 2000; LEE, 2002;

TIKKA et al., 2002; RUAN, 2003; TAKAGI et al., 2003; GOMES-LEAL, 2004;

STIRLING et al., 2004). Após lesão experimental da medula espinhal de ratos e

primatas demonstrou-se que oligodendrócitos morrem por apoptose, em um tempo

de sobrevida tardio (CROWE et al., 1997). Estudos na medula espinhal do rato,

demonstram claramente que a morte apoptótica de oligodendrócitos é um

componente importante da degeneração secundária (LI et al., 1996; LIU et al.,

1997; LI et al., 1999a; BEATTIE;FAROOQUI;BRESNAHAN, 2000; GOMES-LEAL,

2004). O tratamento com Minociclina, uma tetraciclina de segunda geração, reduz

a morte tardia de oligodendrócitos, impede lesão axonal retrógrada e melhora o

prognóstico neurológico de ratos submetidos à lesão aguda da medula espinhal

(LEE et al., 2003; STIRLING et al., 2004). A minociclina também possui efeito

neuroprotetor, em modelos de isquemia focal no cérebro de ratos (YRJANHEIKKI

Page 41: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

56

et al., 1999).

2.3.4 Lesão Axonal em Doenças Neurodegenerativas

O SNC é composto pelo cérebro e medula espinhal. Estas duas regiões

do SNC possuem as substâncias cinzenta, contendo principalmente corpos

neuronais e células gliais, e substância branca que contém corpos celulares de

alguns grupos neuronais (por exemplo, neurônios diaforase positivos) e células

gliais, mas é principalmente formada por tratos de axônios mielinizados (MARTIN,

1998). Tanto a substância branca, como a substância cinzenta são lesadas

durante as doenças neurodegenerativas agudas, tais como trauma cerebral e

medular, AVC, doença neurológica devido à infecção pelo HIV, malária cerebral e

doenças neurodegenerativas crôncias como as doenças de Alzheimer, Parkinson,

Huntington e Esclerose mútipla (MEDANA;ESIRI, 2003). No entanto, os estudos

neuropatológicos clássicos foram mais centrados nos eventos patológicos que

acometem a substância cinzenta, os eventos que ocorriam na substância branca

foram geralmente negligenciados (COLEMAN;PERRY, 2002). Recentemente

percebeu-se que a lesão dos tratos axonais, presentes na substância branca do

SNC é uma das principais causas dos déficits funcionais subjacentes a estas

doenças, e que o desenrolar neuropatológico do processo lesivo depende da

localização destes tratos axonais (DE_KEYSER;SULTER;LUITEN, 1999;

DEWAR;YAM;MCCULLOCH, 1999; COLEMAN;PERRY, 2002; MEDANA;ESIRI,

2003).

Por exemplo, sabe-se que após um AVC, lesão da medula espinhal e

Page 42: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

57

malária cerebral, o comprometimento da substância branca exacerba os déficits

funcionais em seres humanos (PETTY;WETTSTEIN, 1999;

MCDONALD;SADOWSKY, 2002; MEDANA et al., 2002; LO, 2003). Cerca de 25%

a 30% de todos os acidentes isquêmicos em humanos ocorrem na substância

branca (LO, 2003; STYS, 2004), uma região bastante vulnerável durante acidentes

isquêmicos (PANTONI;GARCIA;GUTIERREZ, 1996). Resultados experimentais

confirmaram que abordagens terapêuticas que privilegiam a preservação da

substância cinzenta e negligenciam a preservação da substância branca são

ineficazes após AVC e trauma (DE_KEYSER;SULTER;LUITEN, 1999;

DEWAR;YAM;MCCULLOCH, 1999).

A lesão da substância branca após AVC ou trauma, por exemplo, nos

tratos da medula espinhal e na cápsula interna, pode gerar déficits funcionais mais

significativos que a lesão de substância cinzenta (DEWAR;YAM;MCCULLOCH,

1999; MCDONALD;SADOWSKY, 2002; STYS, 2004). Um dos fatores importantes

para este fato é o comprometimento de axônios de passagem

tanto do cilindro

axonal como da bainha de mielina. As lesões da substância cinzenta induzem

déficits funcionais mais locais. Um exemplo claro deste fato é que uma lesão

restrita à substância cinzenta da sexta vértebra cervical em humanos, pode gerar

alterações funcionais das mãos sem afetar funções em segmentos caudais

(funções posturais, intestinais e da bexiga) (MCDONALD;SADOWSKY, 2002). No

entanto, uma lesão neste mesmo segmento vertebral, mesmo que não afete a

substância cinzenta, pode induzir tetraplegia e incontinência urinária

(MCDONALD;SADOWSKY, 2002). A lesão axonal é um fator importante para a

exacerbação dos déficits funcionais, principalmente por bloqueio total ou

Page 43: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

58

disfunções no padrão de condução do potencial de ação (STYS, 2004). Lesão

axonal é um fenômeno freqüente em doenças neurodegenerativas agudas e

crônicas, tais como AVC (DE_KEYSER;SULTER;LUITEN, 1999;

DEWAR;YAM;MCCULLOCH, 1999; HUGHES et al., 2003), trauma cerebral e da

medula espinhal (GOMES-LEAL, 2002a; MCDONALD;SADOWSKY, 2002),

malária cerebral (MEDANA et al., 2002) e esclerose múltipla (FERGUSON et al.,

1997; TRAPP et al., 1998).

Os mecanismos de lesão axonal parecem envolver uma série complexa

de eventos fisiopatológicos, incluindo disfunções iônicas (influxo excessivo de Na+

e Ca++), alterações em bombas metabólicas do axônio e excitotoxicidade

mediada por receptores do tipo AMPA/cainato, afetando principalmente a bainha

de mielina, o corpo celular de oligodendrócitos e astrócitos (STYS, 2004).

Antagonistas de receptores de NMDA são ineficazes na proteção da substância

branca durante doenças neurodegenerativas agudas, indicando que estes

receptores não participam do processo lesivo nesta região do sistema nervoso

(YAM et al., 2000). Por outro lado, em uma série de estudos experimentais no

nervo óptico e na substância branca dorsal da medula espinhal, demonstraram de

forma irrefutável que a lesão da substância branca envolve a participação de

ativação excessiva de canais de Na+ e Ca++ e excitotoxicidade mediada pela

ativação de receptores AMPA/cainato, além de alterações em bombas

metabólicas transportadoras de glutamato (LI et al., 1999b; LI;JIANG;STYS, 2000;

LI;STYS, 2000, 2001). Em um modelo in vitro, estes autores infundiram os

agonistas glutamatérgicos AMPA e cainato em colunas dorsais isoladas da

medula espinhal de ratos (LI;STYS, 2000). Este procedimento resultou em

Page 44: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

59

alterações estruturais em oligodendrócitos, astrócitos e particularmente da bainha

de mielina. Nestes estudos, não foram encontradas evidências para lesão do

cilindro axonal, como evidenciado pela imuncitoquímica para degradação da

espectrina por proteases, bem como pela presença de GluR2/3 e GluR4 em

células gliais.

Em um outro paradigma experimental utilizando o mesmo modelo in vitro,

a substância branca dorsal isolada de ratos foi submetida a 60 minutos de anóxia

ou à compressão durante 15 segundos (LI et al., 1999b). Tanto antagonistas

seletivos de receptores do tipo AMPA/cainato, como a inibição do transporte de

glutamato dependente de Na+, protegeram a substância branca dos mecanismos

lesivos induzidos por anóxia e trauma. Estudos posteriores pelo mesmo grupo

(LI;STYS, 2001) demonstraram que a liberação endógena de glutamato pode

ocorrer pela reversão dos gradientes de Na+ e K++ através do axolema. De

acordo com estes autores, a inibição da ATPase de Na+ e K++ e despolarização

induzem liberação de glutamato, através da reversão da atividade dos

transportadores de glutamato dependente de Na+ . O glutamato liberado de fontes

intracelulares agiria em receptores do tipo AMPA/cainato induzindo lesão

excitotóxica principalmente em oligodendrócitos e mielina. Nestes estudos, a

principal fonte de glutamato foi o cilindro axonal. Outros estudos sugerem que a

injeção do bloqueador de canal de Na+ -TTX- diminui significativamente a lesão

axonal, após contusão da medula espinhal, mostrando que influxo excessivo de

canais de Na+ pode ser um importante evento subjacente, aos mecanismos de

lesão, da substância branca após contusão da medula espinhal

(ROSENBERG;TENG;WRATHALL, 1999).

Page 45: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

60

2.4 O PARADIGMA EXPERIMENTAL

O núcleo espinhal do sistema trigeminal, com seus subnúcleos, apresenta

importante atuação na transmissão da informação nociceptiva das estruturas

orofaciais (DALLEL et al., 1988). Dentre os sub-núcleos, destaca-se a zona de

transição entre os subnúcleos interpolar e caudal, como uma região crítica para o

processamento da dor craniofacial. Portanto, com grande importância na resposta

a danos orofaciais profundos, constituindo uma região integradora de informações

sensoriais das regiões peri e intra-orais (BERETIER, 2000; IKEDA et al., 2003).

Eventos isquêmicos e excitotóxicos nesta região certamente induzem

défices sensitivos em animais de experimentação e seres humanos

(VOS;STRASSMAN;MACIEWICZ, 1994), mas os eventos histopatológicos

relacionados aos padrões de lesão axonal, desmielinização e resposta inflamatória

não foram descritos de forma sistemática para esta região, principalmente

considerando-se os eventos que ocorrem nas substâncias branca e cinzenta da

região em questão. A comparação entre os padrões de resposta excitotóxica e

isquêmica no sistema trigeminal não está descrito na literatura.

Na presente dissertação, utilizamos modelo de isquemia focal por injeção

de ET-1 e de excitotoxicidade por injeção de NMDA para averiguarmos, em um

tempo de sobrevida agudo (1 dia) e em um tempo de sobrevida crônico (7 dias),

os padrões histopatológicos subseqüentes à isquemia focal e lesão excitotóxica

experimental induzidas na substância cinzenta do núcleo espinhal do sistema

trigeminal.

Page 46: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

61

3 PROPOSIÇÃO

O propósito desta investigação foi avaliar comparativamente os padrões

inflamatórios, de lesão axonal e desmielinização após lesão aguda excitotóxica e

isquêmica, do núcleo espinhal do sistema trigeminal com ênfase nas alterações na

substância branca do trato trigeminotalâmico. Especificamente, induzir

degeneração neuronal aguda através da injeção focal de NMDA e ET-1 no núcleo

espinhal no sistema trigeminal, descrever os padrões de resposta inflamatória e

degeneração axonal, após lesão excitotóxica e isquêmica e por fim, comparar os

padrões de resposta inflamatória, lesão axonal e desmielinização obtidos após

lesão excitotóxica e isquêmica no tronco cerebral de ratos adultos.

Na presente dissertação, investigamos a hipótese de que eventos

excitotóxicos e isquêmicos, no núcleo espinhal do sistema trigeminal podem

induzir resposta inflamatória, com subsequente degeneração axonal secundária, e

comprometimento da bainha de mielina, dos tratos de substância branca do

sistema trigeminal.

Page 47: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

62

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INJEÇÃO DE NMDA E ENDOTELINA-1

Este estudo utilizou ratos machos adultos da raça Wistar (n= 4-5 por

tempo de sobrevida, sendo dois animais controle

Tabela 1), pesando em média

290 g. Após anestesia profunda mediante injeção intraperitoneal de uma mistura

de Vetanarcol ® (cloridrato de cetamina, 90 mg/Kg

Laboratórios Koning S.A.),

Kenzol ® (cloridrato de xilazina , 10 mg/Kg - Laboratórios Koning S.A.) e de sulfato

de atropina (0,125 mg/Kg), foi aplicada uma anestesia tópica no pavilhão auricular

com pomada de xilocaína (Cristália). De acordo com as normas internacionais, os

reflexos corneano e de retirada da pata foram testados, para garantir que o animal

estivesse devidamente anestesiado. Após este procedimento, os animais foram

mantidos em aparelho estereotáxico (David Kopff) para serem submetidos à

injeção de N-Metil-D-Aspartato (NMDA) ou Endotelina-1 (ET-1) no sub-núcleo

caudal do trato trigeminal.

Com o rato anestesiado e fixado ao aparelho estereotáxico, o campo

cirúrgico foi limpo entre os pavilhões auditivos e os olhos, através de tricotomia e

assepsia com solução de iodo à 2%. Em seguida, uma incisão foi realizada na

linha mediana, no sentido rostro-caudal, até que a calota craniana ficasse à

mostra, após a retirada de toda a gordura subcutânea e epicrânio, empregando

raspagem com uma espátula, até que os pontos bregma e lâmbda fossem

perfeitamente visualizados. O padrão de medidas estereotáxicas foi adotado a

Page 48: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

63

partir do ponto brégma, de acordo com coordenadas pré-estabelecidas

(PAXINOS;WATSON, 1997).

Com a finalidade de demarcar o ponto da calota craniana, em que seria

realizada a abertura do crânio para a injeção de NMDA ou ET-1, foram utilizadas

as seguintes coordenadas estereotáxicas, considerando como referência o ponto

Brégma: 6 mm dorso-ventral , -13,8 mm posterior e 2,9 mm lateral. A abertura no

crânio, na região determinada pelas coordenadas estereotáxicas, foi realizada

com o auxílio de broca odontológica carbide PM No. 6 (Meisinger), em baixa

rotação, até a exposição da dura-máter. Esta meninge foi removida do campo

cirúrgico, com subseqüente injeção por pressão de 80 nmol de NMDA ou 40

pmoles de ET-1, durante 3 minutos, no subnúcleo caudal do trigêmio. A

micropipeta de vidro, (diâmetro interno 10-20 m), com a solução a ser injetada foi

mantida por cinco minutos no parênquima neural, antes de sua remoção lenta e

gradual, para evitar refluxo da solução de NMDA, durante a retirada da pipeta. Nos

animais controle foi injetado o mesmo volume de solução salina estéril (1µl),

(Tabela 1). As camadas musculares foram repostas e suturadas. A fim de

identificar o sítio de injeção, uma pequena quantidade de azul de colanil foi

adicionada à solução de NMDA, bem como à solução controle e de ET-1. Após a

sutura dos planos cirúrgicos, os animais foram mantidos com água e comida ad

libitum, durante os tempos de sobrevida de 1 e 7 dias. Este procedimento

experimental configura-se em um método não traumático de lesão do subnúcleo

caudal do trigêmio, onde o componente mecânico da lesão é desprezível. O

referido método foi estabelecido com sucesso em outras regiões do SNC

Page 49: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

64

(HUGHES et al., 2003; FERRARI et al., 2004; GOMES-LEAL, 2004).

Todos os experimentos foram

de acordo com as normas sugeridas pela

Society for Neuroscience, National Institutes of Health (NIH, USA) e pelo Comitê

de Ética em Pesquisa Com Animais de Experimentação Animal da Universidade

Federal do Pará (CEPAE-UFPA).(Anexo A).

Tabela 1. Neurotóxicos injetados, concentração, volume e quantidade de animais

por grupo e tempo de sobrevida.

Neurotóxico Concentração Volume Animais de

Experimentação Animais Controle

NMDA 80 nmol 1 µl 4-5 animais 2 animais

ET-1 40 pmoles 1 µl 4-5 animais 2 animais

4.2 PERFUSÃO E ANÁLISE HISTOLÓGICA

Após os tempos de sobrevida de 1 e 7 dias, os animais foram

profundamente anestesiados com uma mistura de Vetanarcol ® (cloridrato de

catamina, 90 mg/Kg Laboratórios Koning S.A.) e Kenzol ® (cloridrato de xilazina,

10 mg/Kg - Laboratórios Koning S.A.), perfundidos através do ventrículo esquerdo

do coração, com solução salina a 0,9% heparinizada, seguida de solução de

Paraformaldeído (Sigma Company, USA) a 4% em tampão fosfato 0,2M (pH 7,4).

Após a dissecção do crânio, o tecido perfundido foi mantido em solução

de sacarose a 25% por 2 horas, em seguida em solução de sacarose a 50 % por

12 horas e finalmente, em solução de sacarose a 100% por 24 horas para

crioproteção. Os blocos de tecido para corte em criostato foram obtidos pela

imersão dos encéfalos, em gel especial para este fim (Jung Tissue Freezing

Page 50: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

65

Médium - Leica Microsystems). O tecido imerso em gel foi congelado à 55º C, em

câmara de criostato (Microm HM 505 E), equipado com efeito Peltier. Secções

coronais e longitudinais (dos lados ipsilateral e contralateral ao sítio de injeção)

com 20 m de espessura foram obtidas com auxílio de criostato (Microm HM 505

E) a partir dos blocos feitos pelo procedimento descrito acima. Algumas secções

de 50 m foram coletadas e reagidas pela técnica da reação de NADPH-diaforase

e pela hematoxilina para a visualização da área de lesão. Todas as secções foram

montadas diretamente em lâminas gelatinizadas durante a microtomia. Para

aumento da aderência das secções, as lâminas permaneceram à temperatura

ambiente por no mínimo 24 horas, antes de qualquer outro procedimento

histológico. Após este período, as mesmas foram mantidas à temperatura de 20º

C, aguardando imunocitoquímica ou outra técnica de coloração.

4.3 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E IMUNOCITOQUÍMICA

4.3.1 Visualização da Área de Lesão

Os sítios de injeção de NMDA e ET-1 foram reconhecidos pela presença

do azul de colanil no tecido, bem como pelo palor, vacuolização e perda de corpos

neuronais, como previamente descrito (DUSART;MARTY;PESCHANSKI, 1991;

GOMES-LEAL, 2002a, 2004). A área de lesão foi visualizada através da coloração

para hematoxilina (H). Como uma técnica adicional, a reação de NADPH-diaforase

foi realizada em algumas secções com espessura de 50 m para a visualização da

Page 51: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

66

área de lesão. Segundo Gomes-Leal, com esta técnica de coloração, é possível

delimitar claramente a perda de reatividade da neurópila (azul devido á deposição

de formazan) reativa para NADAPH-diaforase após injeção de NMDA

(comunicação pessoal).

4.3.2 Imunocitoquímica

Com o intuito de avaliar a participação de células gliais e células da

resposta inflamatória nos mecanismos de lesão do trato trigeminal, bem como a

presença de lesão axonal e desmielinização, nos modelos de lesão excitotóxica e

isquêmica, uma série de estudos imunocitoquímicos foi realizada (Tabela 2).

Detalhes destes procedimentos podem ser encontrados nos anexos dete trabalho.

Tabela 2. Anticorpos, fabricantes e diluição utilizados na presente dissertação

Anticorpo Fabricante Diluição ED-1 (monoclonal) Serotec 1:500 MBS-1 (policlonal) CNS Inflammation Group 1:2000 ß-APP (monoclonal) Invitrogen 1:50 MBP (monoclonal) Chemicon international 1:500

4.3.2.1 Marcadores da Resposta Inflamatória

Para identificarmos a presença de macrófagos e microglia ativados, na

área de lesão e em regiões circundjacentes, utilizamos os anticorpos ED1 (1:500,

Serotec), que reconhece um epítopo na membrana de lisossomas no citoplasma

de macrófagos/microglia ativados (DIJKSTRA et al., 1985a).

Page 52: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

67

Neutrófilos foram marcados utilizando o anticorpo policlonal MBS-1

(1:2000), o qual reconhece epítopos presentes na maioria da população de

neutrófilos. Este anticorpo foi desenvolvido por Martine Bernardes Silva do CNS,

inflammation Group da Universidade de Southampton e utilizados com sucesso

pelo nosso grupo, em um modelo de lesão aguda da medula espinhal (GOMES-

LEAL, 2002a, 2004, 2005a).

4.3.2.2 Marcadores de Lesão Axonal

Com o intuito de marcarmos lesão axonal, foi utilizada a imunocitoquímica

para a proteína precursora -amilóide ( -APP do inglês

amyloid precursor

protein 1:50, Zymed). Demonstrou-se que esta técnica é bastante sensível para

detectar lesão axonal (GENTLEMAN et al., 1993), tanto experimentalmente como

em estudos de distúrbios patológicos em seres humanos (AHLGREN;LI;OLSSON,

1996; MCKENZIE et al., 1996; AN et al., 1997).

4.3.2.3 Marcadores de Mielina

A fim de investigarmos se os modelos de degeneração neuronal aguda no

núcleo trigeminal caudal induziram alterações na bainha de mielina, utilizamos um

anticorpo monoclonal que reconhece a proteína básica de mielina (MBP, do inglês

myelin basic protein, 1:500, Chemicon International).

Page 53: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

68

4.4 ANÁLISE QUALITATIVA

Todas as secções, coradas pelos diferentes métodos histológicos e

imunocitoquímicos, foram inspecionadas em microscópio óptico (ZEISS-AXI

OPHOT). Imagens de secções com campos mais ilustrativos, obtidas de animais

perfudidos 1 e 7 dias após a injeção de NMDA e ET-1, foram obtidas com o uso de

uma câmera digital acoplada ao microscópio óptico (Optiphot-Kikon) e ao

programa de computador Stereo Investigator (Microbrighfield, USA).

5. RESULTADOS

5.1 PADRÕES LESIVOS

No presente estudo, a lesão tecidual induzida pela injeção de 80 nmols

NMDA, ou 40 pmoles de ET-1 foi visualizada em secções coronais, ou

parassagitais coradas pela hematoxilina (Figura 2). A injeção destes neurotóxicos

induziu palor tecidual, lesão neuronal aguda, edema e resposta inflamatória no

local da injeção, qual seja o núcleo espinhal do sistema trigeminal (Figura 2).

Apesar da maior parte das injeções terem sido centradas no subnúcleo caudal,

algumas injeções atingiram os outros subnúcleos, principalmente a zona de

transição com o subnúcleo interpolar. Os animais controle, injetados com solução

salina estéril, não apresentaram este padrão lesivo, às vezes, apresentando lesão

mecânica desprezível (Figuras 2A-B). O sítio de injeção de NMDA ou ET-1 pôde

Page 54: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

69

ser evidenciado pela presença do corante azul de colanil, co-injetado com os

neurotóxicos ou com a solução salina estéril (Figura 2).

A injeção de NMDA induziu clara perda tecidual, na substância cinzenta com

aspecto necrótico que pôde ser visualizada 1 dia após a injeção (Figura 2C). Esta

perda tecidual tornou-se mais intensa no tempo de sobrevida de 7dias (Figura 2E).

Não houve comprometimento da substância branca, após a injeção deste agonista

glutamatérgico (Figura 3). Houve pouco recrutamento de macrófagos e neutrófilos

(Figura 2C) nos animais injetados com NMDA, mas não nos animais controle

(Figura 2A), 1 dia após a injeção. No tempo de sobrevida de 7 dias, apesar do

aumento da área necrótica, a resposta inflamatória foi negligenciável, segundo

revelado pela coloração pela hematoxilina (Figura 2E).

O padrão de lesão isquêmica induzida por injeção do peptídeo vasconstritor

ET-1 apresentou aspectos diferenciais, quando comparada à lesão excitotóxica

induzida pela injeção de NMDA. Um dia após a injeção de endotelina-1, a perda

tecidual não foi tão intensa quanto a observada no mesmo tempo de sobrevida

para a injeção de NMDA (Figura 2B). No tempo de sobrevida de 7dias, houve

maior rarefação tecidual, sem a expansão necrótica observada na lesão

excitotóxica (Figura 2E). O centro isquêmico foi geralmente restrito à substância

cinzenta, mas o comprometimento da substância branca também foi encontrado, a

partir de 1 dia após a indução da isquemia. A região de penumbra isquêmica

englobava toda a substância branca, que neste caso correspondia ao trato

trigeminotalâmico.

O padrão de recrutamento de células inflamatórias marcadas pela

hematoxilina foi bem mais intenso nos animais injetados com ET-1 (Figuras 2D;F),

Page 55: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

70

do que naqueles injetados com NMDA (Figuras 2C;E). Como confirmado pelos

estudos imunohistoquímicos descritos abaixo, apenas macrófagos foram

recrutados para o epicentro da lesão e regiões circundjacentes, após a injeção de

ET-1, nos dois tempos de sobrevida avaliados (Figuras 2D;F). Não houve

recrutamento de neutrófilos após a injeção de ET-1. Nos tempos de sobrevida

investigados, mas principalmente 7 dias após a injeção de ET-1, um grande

número de células picnóticas foi encontrado na substância branca, próxima ao

sítio de injeção no núcleo espinhal (Figura 4).

5.2 RESPOSTA INFLAMATÓRIA

Como mencionado anteriormente na descrição da histopatologia básica,

houve um padrão diferencial do recrutamento de neutrófilos e macrófagos, nos

modelos excitotóxico e isquêmico. Estes resultados foram confirmados através da

marcação imunohistoquímica com anticorpos específicos (anti-MBS-1 para

neutrófilos e anti-ED1 para macrófagos/microglia), para estas células do sistema

imune inato que participam da resposta inflamatória nos tecidos neurais e não

neurais.

Page 56: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

71

Figura 2. Padrão histopatológico revelado pela coloração pela hematoxilina, em

animais controle injetados com solução salina estéril (A-B) e animais injetados com

NMDA (C;E) e endotelina (D;F), nos tempos de sobrevida de 1 e 7 dias. Notar a

presença do corante azul de colanil nos animais controle, sem perda tecidual

significativa (A-B). 1 dia após a injeção de NMDA (C) e endotelina-1 (D) a perda

tecidual torna-se evidente, juntamente com presença de células inflamatórias (setas

em C e D). Notar o maior número de células inflamatórias no subnúcleo caudal dos

animais injetados com ET-1, nos dois tempos de sobrevida (setas em D e F).

Escalas = 50 m.

Page 57: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

72

Figura 3. Região necrótica (asterisco) induzida

pela injeção de NMDA na substância cinzenta

(SC) do subnúcleo caudal do núcleo espinhal, 7

dias após a injeção. A substância branca (SB)

está intacta, indicando que o NMDA é um

neurotóxico que lesa preferencialmente a

substância cinzenta. As setas apontam para

macrófagos no epicentro da lesão. Notar o azul

de colanil no centro necrótico. Escalas = 50 m.

Imunocitoquímica para macrófagos.

Page 58: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

73

Figura 4. Picnose na substância branca do

tronco cerebral de ratos injetados com

endotelina-1. A região em B é uma ampliação

do campo delimitado pelo retângulo em A. As

setas apontam para células picnóticas em B.

Escalas: A = 50 m; B = 100

m.Hematoxilina.

Page 59: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

74

A injeção de NMDA no núcleo espinhal do sistema trigeminal induziu

pouco recrutamento de neutrófilos no tempo de sobrevida de 1 dia (Figura 5C),

mas não induziu nos animais controle injetados com salina estéril (Figura 5A).

Estas células inflamatórias não foram encontradas no parênquima neural 7 dias

após a injeção (Figura 5E), o que está de acordo com o relato de investigações

prévias em outras regiões do SNC (BOLTON;PERRY, 1998; SCHNELL et al.,

1999; GOMES-LEAL, 2002b, 2005a). Também houve recrutamento de poucos

macrófagos, 1 (Figura 6C) e 7 (Figura 6E) dias após a injeção de NMDA no núcleo

espinhal de ratos. Ambos os tipos de leucócitos foram restritos às regiões de

perda tecidual na substância cinzenta. Estas células inflamatórias não foram

encontradas na substância branca (não ilustrado).

A lesão isquêmica no núcleo espinhal, induzida por injeção de ET-1 revelou

um padrão bem mais intenso de resposta inflamatória dominado pelo

recrutamento e ativação de macrófagos/microglia (células ED1 +), nos dois

tempos de sobrevida investigados (Figuras 2D;F, Figura 6D;F). Um grande

número de células ED1+ foi encontrado na substância cinzenta do núcleo espinhal

1 (Figura 6D) e 7 dias (Figura 6F) após a injeção de endotelina-1. As células

ED1+ também foram encontradas na substância branca, nos dois tempos de

sobrevida investigados, mas principalmente 7 dias após a indução da lesão

isquêmica (Figura 7). Não houve recrutamento de neutrófilos após a injeção de

endotelina-1 no núcleo espinhal do sistema trigeminal no presente estudo, com

exceção de um animal, em que alguns neutrófilos marcados foram encontrados

em uma região focal distante do sítio de injeção (não ilustrado).

Page 60: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

75

Figura 5. Recrutamento de neutrófilos nos animais injetados com NMDA e

endotelina-1, 1 (C-D) e 7 dias (E-F) após a injeção. Nos animais controle

injetados com solução salina estéril não houve recrutamento de neutrófilos (A-B).

Poucos neutrófilos foram encontrados nos animais injetados com NMDA,

apenas 1 dia após a injeção (setas em C). Não houve recrutamento de

neutrófilos nos animais injetados com endotelina-1 em nenhum tempo de

sobrevida. Notar o azul de colanil em A e D. Escalas = 50 m.

Page 61: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

76

Figura 6. Recrutamento de macrófagos/microglia ativados após injeção de NMDA

e endodelina-1 no núcleo espinhal de ratos adultos. Animais controle injetados com

solução salina estéril (A-B). Houve recrutamento mais intenso de

macrófagos/microglia ativados nos animais injetados com ET-1 (D;F) do que nos

animais injetados com NMDA (C;E). As setas apontam para macrófagos/microglia

ED1+. No o corante azul de colanil em E. Escalas = 50 m.

Page 62: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

77

5.3 LESÃO AXONAL

Na presente dissertação, axônios lesados foram marcados através da

imunohistoquímica para a proteína precursora -amilóide ( -APP, do inglês -

amyloid precursor protein), um marcador clássico de lesão axonal. Microinjeções

de NMDA e ET-1 induziram o aparecimento de perfis axonais arredondados -

APP+ na substância cinzenta do núcleo espinhal, 1 e 7 dias após a injeção dos

neurotóxicos em questão (Figura 8), mas não nos animais controle (Figura 8-AB).

No tempo de sobrevida 1 dia, o número de perfis -APP+ foi comparável para os

animais injetados com NMDA e endotelina-1 (Figura 8C-D). No entanto, no tempo

de sobrevida de 7 dias, o número destes perfis -APP+ foi claramente maior no

núcleo espinhal de animais injetados com ET-1, do que naqueles injetados com

NMDA (Figura 8E-F).

Na substância branca dos animais injetados com NMDA, não houve

marcação significativa pela imunohistoquímica para o -APP 1 dia após a injeção

(Figura 9A-B). Sete dias após a injeção de NMDA, alguns perfis -APP+

arredondados foram encontrados na substância branca adjacente ao epicentro

necrótico da substância cinzenta (Figura 9C-D).

Na substância branca dos animais injetados com ET-1, os perfis

arredondados -APP+ foram mais freqüentes e encontrados a partir de 1 dia, após

a indução da isquemia (Figura 10C-D). Houve aumento do número e do tamanho

destas estruturas arredondadas positivas para o -APP no tempo de sobrevida de

7 dias (Figura 10D).

Page 63: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

78

Figura 7. Presença de macrófagos/microglia ativados na substância branca do

sistema trigeminal dos animais injetados com endotelina-1, 1 dia (A-B) e 7 dias (C-D)

após a injeção. As setas apontam para macrófagos/microglia ativados ED1+. B e D

são ampliações de A e C. Escalas: A;C = 100 m; B;D = 20 m.

Page 64: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

79

Figura 8. Lesão axonal na substância cinzenta do núcleo espinhal do sistema

trigeminal. Animais controle injetados com salina estéril (A-B). Animais injetados

com NMDA e endotelina-1, 1 (C-D) e 7 dias (E-F) após a injeção. As setas

apontam para axônios lesados marcados pela imunohistoquímica para o -APP.

Notar a maior quantidade de axônios lesados nos animais injetados com

endotelina-1 (D;F) do que nos animais injetados com NMDA (C;E),

principalmente no tempo de sobrevida de 7 dias. Escalas = 50 m.

Page 65: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

80

Figura 9. Lesão axonal na substância branca do sistema trigeminal dos animais

injetados com NMDA. Perfis axonais marcados pela imunohistoquímica para o -

APP (setas em A-D), 1 (A-B) e 7 dias (C-D) após a injeção de NMDA. Escalas:

A;C = 100 m; B;D = 20 m.

Page 66: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

81

5.4 ALTERAÇÕES NA BAINHA DE MIELINA

Injeção de NMDA e ET-1 no núcleo espinhal do sistema trigeminal induziu

alterações no padrão de marcação para MBP (MBP, do inglês myelin basic

protein) em escalas temporais diferentes. Um dia após a injeção de NMDA não

houve alteração aparente no padrão de marcação revelado pelo anticorpo anti-

MBP (Figura 11C), o qual foi comparável ao dos animais controle (Figura 11A-B).

Para este mesmo tempo de sobrevida, houve perda significativa da marcação para

MBP nos animais experimentais injetados com endotelina-1 (Figura 11D). Nestes

mesmos animais, a substância branca contralateral apresentou um padrão de

marcação normal (Figura 11A).

Sete dias após a injeção de NMDA, em torno do epicentro necrótico na

substância cinzenta, houve intensa perda da marcação para MBP, sem

vacuolização significativa da substância branca (Figura 11E). Nos animais

injetados com ET-1, a perda de marcação para MBP foi evidente, o que foi

concomitante com intensa vacuolização da substância branca (Figuras 11F e 12).

Page 67: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

82

Figura 10. Lesão axonal na substância branca do sistema trigeminal dos animais

injetados com ET-1. Perfis axonais marcados pela imunohistoquímica para o -

APP (setas em A-D), 1 (A-B) e 7 dias (C-D) após a injeção de endotelina-1. B e D

são ampliações de A e C. SC = substância cinzenta; SB = substância branca.

Escalas: A;C = 100 m; B;D = 20 m.

Page 68: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

83

Figura 11. Desmielinização na substância branca do sistema trigeminal após

a injeção de NMDA e endotelina-1 no núcleo espinhal e ratos adultos. Animais

controle: lado contralateral do animal injetado com ET-1 ilustrado em D (A);

animal injetado com salina estéril (B). Notar conspícua desmielinização no trato

trigeminotalâmico 1 dia após a injeção de endotelina-1 (D), mas não nos

animais injetados com NMDA (C). Os animais injetados com NMDA

apresentam desmielinização no tempo de sobrevida de 7 dias (E). Neste

tempo de sobrevida, ocorre degradação da bainha de mielina nos animais

injetados com endotelina-1 (F). A seta aponta para um microcisto em F. SC =

substância cinzenta; SB = substância branca. Escalas = 50 m.

Page 69: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

84

Figura 12. Formação de microcistos na substância

branca dos animais injetados com ET-1, 7 dias após a

injeção. As setas apontam para microcistos na

substância branca. Escalas: A = 50 m; B = 20 m.

Page 70: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

85

6 DISCUSSÃO

6.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

No presente estudo, injetou-se ET-1 e NMDA, no núcleo espinhal do

sistema trigeminal de ratos adultos, para induzir degeneração neuronal aguda e

resposta inflamatória nesta região a fim de avaliar os padrões de degeneração

secundária da substância branca no sistema neural em questão. Um aspecto

original da presente dissertação, foi a comparação implementada entre os eventos

histopatológicos induzidos por eventos isquêmicos e excitotóxicos, em um mesmo

paradigma experimental, o que era inexistente da literatura. Este fato torna-se

mais relevante, considerando-se que eventos isquêmicos e excitotóxicos são

eventos fisiopatológicos importantes de doenças neurodegenerativas agudas, tais como AVC e

trauma (SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; DIRNAGL;IADECOLA;MOSKOWITZ, 1999; LO, 2003;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004).

O principal argumento para o uso da injeção de NMDA para induzir

degeneração neuronal aguda experimental encontra-se no fato de que a injeção

deste neurotóxico induz alterações histopatológicas similares às encontradas

durante trauma do cérebro e da medula espinhal de seres humanos

(KAO;CHANG;BLOODWORTH, 1977; WOZNIEWICZ et al., 1983; FOX et al., 1988;

TATOR;FEHLINGS, 1991; DAVIS;KHANGURE, 1994; SCHWAB;BARTHOLDI, 1996;

TATOR;KOYANAGI, 1997). Estas alterações patológicas incluem necrose progressiva

no eixo rostro-caudal com cavitação hemorrágica e seringomielia

(KAO;CHANG;BLOODWORTH, 1977; WOZNIEWICZ et al., 1983; FOX et al.,

1988; DAVIS;KHANGURE, 1994; TATOR;KOYANAGI, 1997), ativação glial e

Page 71: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

86

lesão axonal (SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; LOPACHIN;LEHNING, 1997; STYS,

1998; CORNISH et al., 2000). Inexistem estudos que tenham investigado os

padrões histopatológicos induzidos por injeção de NMDA no sistema trigeminal.

Demonstrou-se experimentalmente que microinjeções de ET-1 constituem-se

em um excelente modelo de isquemia focal transitória (CLARKE et al., 1989;

FUXE et al., 1989; AGNATI et al., 1991; HUGHES et al., 2003). Injeções de

pequenas quantidades deste neurotóxico induzem redução de mais de 60 % do

fluxo sanguíneo na região injetada (HUGHES et al., 2003). Esta técnica de

indução de lesão isquêmica focal é bem menos trabalhosa do que os métodos

clássicos de clampeamento de vasos sanguíneos específicos, como a artéria

cerebral média, onde a cirurgia possui considerável grau de complexidade. Além

disso, a injeção de ET-1 e NMDA através de microcapilares de vidro com diâmetro

interno de ponta variando entre 20-30 m faz com que os compomenentes

mecânicos sejam desprezíveis, o que permite diferenciar claramente eventos

lesivos primários e secundários.

No presente modelo experimental, microinjeções de NMDA e ET-1 induziram

eventos histopatológicos diferenciais, no que concerne aos padrões necróticos,

inflamatórios e de lesão do cilindro axonal e da bainha de mielina. A injeção do

agonista glutamatérgico NMDA induziu necrose mais intensa da substância

cinzenta, sem indução de perda tecidual na substância branca. A resposta

inflamatória induzida pela injeção deste neurotóxico foi moderada, com pouco

recrutamento de neutrófilos e macrófagos para o parênquima neural. Houve lesão

axonal na substância cinzenta após injeção de NMDA, com pouco

Page 72: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

87

comprometimento axonal na substância branca. A mielina foi afetada no tempo de

sobrevida mais tardio (sete dias) no modelo de lesão excitotóxica. Por outro lado,

apesar da injeção de ET-1 induzir perda tecidual menos intensa do que a induzida

pela injeção de NMDA, este peptídeo vasoconstritor induziu resposta inflamatória

intensa dominada por recrutamento de macrófagos, mais lesão axonal e perda de

mielina, a partir de tempos de sobrevida mais precoces. Além disso, a lesão

isquêmica induziu o aparecimento de um grande número de células picnóticas, o

que sugere apoptose.

6.2 PERDA TECIDUAL EM DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS AGUDAS

Perda tecidual com necrose progressiva é um evento final, após lesão

experimental do cérebro e medula espinhal, independente do modelo lesivo

utilizado (SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; LIU et al., 1997;

GUTH;ZHANG;STEWARD, 1999). Achados histopatológicos semelhantes são

encontrados no SNC de seres humanos, após trauma e AVC

(KAO;CHANG;BLOODWORTH, 1977; WOZNIEWICZ et al., 1983; FOX et al.,

1988; DAVIS;KHANGURE, 1994; TATOR;KOYANAGI, 1997;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Estas alterações patológicas

incluem necrose na direção rostro caudal com cavitação hemorrágica e

seringomielia (KAO;CHANG;BLOODWORTH, 1977; WOZNIEWICZ et al., 1983;

FOX et al., 1988; DAVIS;KHANGURE, 1994; TATOR;KOYANAGI, 1997), ativação

glial e lesão axonal (SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; LOPACHIN;LEHNING, 1997;

STYS, 1998; CORNISH et al., 2000).

Page 73: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

88

O tratamento da necrose hemorrágica primária não influencia no prognóstico

da lesão, no entanto, em doenças neurodegenerativas agudas do SNC, a lesão

primária, seja na substância branca ou na substância cinzenta, expande-se com o

tempo, o que aumenta o déficit funcional principalmente através do aumento do

número de axônios lesados ou degeneração de oligodendrócitos

(TATOR;FEHLINGS, 1991; SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; LIU et al., 1997;

TATOR;KOYANAGI, 1997). Este fenômeno é conhecido como degeneração

neuronal secundária.

Sabe-se que na medula espinhal, a lesão necrótica induzida por contusão

ou compressão, que é inicialmente restrita à substância cinzenta, pode atingir a

substância branca em torno de 8h (SCHWAB;BARTHOLDI, 1996). Na presente

dissertação, apesar da maioria das injeções de ET-1 e NMDA terem sido restritas

aos subnúcleos do núcleo espinhal, principalmente o subnúcleo caudal, observou-

se comprometimento da substância branca, incluindo lesão axonal, perda da

reatividade para a proteína básica de mielina e vacuolização. Como previamente

relatado, estes efeitos foram mais intensos no modelo isquêmico do que no

modelo excitotóxico. Estes resultados sugerem que a substância branca é afetada

por mecanismos secundários, nos dois modelos experimentais, mas

principalmente no modelo isquêmico. Estes achados estão de acordo com outras

investigações que sugerem que a substância branca do SNC é altamente

vulnerável à isquemia (PANTONI;GARCIA;GUTIERREZ, 1996;

DEWAR;YAM;MCCULLOCH, 1999; PETTY;WETTSTEIN, 1999;

KANELLOPOULOS et al., 2000). Como o acúmulo de aminoácidos excitatórios é

um evento secundário ao processo isquêmico (LO, 2003;

Page 74: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

89

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004), e, considerando-se que o modelo

excitotóxico pela injeção de NMDA, usado na presente dissertação simula este

evento patológico, os resultados da presente dissertação mostram que outros

eventos patológicos além da excitotoxicidade, são responsáveis pelos eventos

lesivos durante a degeneração neuronal secundária subjacentes à isquemia.

O fenômeno de degeneração neuronal secundária foi descrito originalmente

por Allen em 1911, em seus estudos na medula espinhal do gato (apud Tator &

Felings, 1991) e consiste de um grupo de eventos destrutivos, que podem afetar

células e axônios que foram apenas marginalmente afetados pelo evento lesivo

primário, ou mesmo que não foram afetados (TATOR;FEHLINGS, 1991;

SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; YAMAURA et al., 2002; LO, 2003;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004). Durante este fenômeno, neurônios

e axônios não afetados pelo estímulo lesivo primário podem degenerar por

mecanimos ditos secundários se não forem protegidos por intervenção terapêutica

(TATOR;FEHLINGS, 1991; SCHWAB;BARTHOLDI, 1996). Acredita-se que

inúmeros mecanimos sejam envolvidos no fenômeno de degeneração secundária

no SNC, mas a inflamação aguda, lesão vascular, excitotoxicidade mediada pelo

glutamato, estresse oxidativo, acidose metabólica, despolarização peri-infarto

parecem ser os principais fatores envolvidos (TATOR;FEHLINGS, 1991;

SCHWAB;BARTHOLDI, 1996; YAMAURA et al., 2002; LO, 2003;

MERGENTHALER;DIRNAGL;MEISEL, 2004).

Page 75: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

90

6.3 PADRÃO DIFERENCIAL DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA EM MODELOS

EXCITOTÓXICOS E ISQUÊMICOS

No presente estudo, avaliou-se os padrões de recrutamento de neutrófilos e

macrófagos, em um modelo excitotóxico (injeção de NMDA) e um modelo

isquêmico (injeção de ET-1), em um tempo precoce (1dia) e no tempo de

sobrevida mais tardio (7dias). Os resultados mostraram um padrão diferencial de

recrutamento destes leucócitos. No modelo excitotóxico, houve recrutamento de

poucos neutrófilos, no tempo de sobrevida de 1 dia e de pouquíssimos

macrófagos no tempo de sobrevida de 7 dias. Estas células inflamatórias foram

basicamente restritas à substância cinzenta do núcleo espinhal. No modelo

isquêmico induzido por injeção focal de ET-1, a resposta inflamatória foi

caracterizada por recrutamento intenso de macrófagos, tanto para a substância

cinzenta como para a substância branca. Não houve recrutamento de neutrófilos

para o parênquima neural induzido por injeção de endotelina-1, no modelo

experimental proposto. O aparecimento de células ED1 +, na substância branca

ocorreu no tempo de sobrevida de 7 dias.

A escala temporal do recrutamento de células inflamatórias nos modelos

experimentais investigados segue o já relatado na literatura, em modelos

traumáticos e não traumáticos de lesão do cérebro (BOLTON;PERRY, 1998) e

medula espinhal (SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL, 2002b, 2004, 2005a). No

cérebro e na medula espinhal foram estabelecidos que o pico para o recrutamento

de neutrófilos ocorre 1 dia após a injeção de NMDA, enquanto o pico para o

recrutamento de macrofágos ocorre a partir de 3 dias após a injeção deste

Page 76: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

91

neurotóxico (BOLTON;PERRY, 1998; SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL,

2002b, 2004, 2005a). Sabe-se também que a intensidade da resposta inflamatória

depende do compartimento do SNC analisado, por exemplo, sendo mais intensa

na medula espinhal do que no cérebro (SCHNELL et al., 1999). No tronco

cerebral, de acordo com os resultados da presente dissertação para o modelo

excitotóxico, a quantidade de células inflamatórias recrutadas foi aparentemente

menor do que as relatada para outras regiões do SNC, por exemplo, medula

espinhal e núcleos da base (BOLTON;PERRY, 1998; SCHNELL et al., 1999;

GOMES-LEAL, 2002b, 2004, 2005a). Isto pode significar que, dependendo do

compartimento do SNC, a regulação da resposta inflamatória pode ser mais ou

menos intensa, provavelmente para a preservação da integridade do tecido neural.

Isto seria oportuno no tronco cerebral, onde existem núcleos neuronais que

constituem-se em centros respiratórios. Lesão nestes centros neurais vitais podem

induzir coma e morte rapidamente (MEDANA et al., 2002; MEDANA;ESIRI, 2003).

O fato de ter havido recrutamento de neutrófilos, mesmo que moderado,

apenas no modelo excitotóxico, mas não no modelo isquêmico, pode ter relação

com o comprometimento ou não da barreira hematoencefálica. Hughes et al.,

(2003) relataram que microinjeções ET-1 no estriato, substância cinzenta e

substância branca cortical do cérebro de ratos adultos induzem resposta

inflamatória caracterizada por recrutamento de macrófagos, principalmente 3 dias

após a indução isquêmica. Estes autores também relataram ausência de

recrutamento de neutrófilos, no modelo experimental utilizado. Portanto,

neutrófilos não são recrutados no modelo de isquemia focal induzido por injeção

de ET-1. No modelo utilizado por Hughes et al. (2003), não houve

Page 77: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

92

comprometimento da barreira hematoencefálica, como avaliado por um ensaio

histoquímico específico para estes fins utilizando injeção da peroxidase de raiz

forte (HRP). Portanto, o comprometimento da barreira hematoencefálica é um

evento crucial para que neutrófilos, mas não monócitos, cheguem ao parênquima

neural. Isto foi demonstrado claramente por Schnell et al., (1999). Neste estudo, o

recrutamento mais intenso de neutrófilos foi concomitante com um

comprometimento mais conspícuo da barreira hematoencefálica. A ausência de

recrutamento de neutrófilos no modelo isquêmico utilizado no presente estudo

mostra que estas células não participam do processo lesivo, por exemplo,

desmielinização, vacuolização e lesão axonal.

Monócitos têm livre acesso ao SNC, mesmo através de uma barreira

hematoencefálica intacta (PERRY;GORDON, 1991). Estas células transformam-se

nos macrófagos residentes do SNC na vida adulta, as células microgliais

(PERRY;GORDON, 1991). Durante lesão aguda do SNC, tais como durante

trauma e AVC, monócitos derivados da corrente sanguínea alcançam o

parênquima neural lesado e transformam-se em macrófagos ativados (POPOVICH

et al., 1999; POPOVICH;HICKEY, 2001; POPOVICH et al., 2002; GOMES-LEAL,

2005a). Na presente dissertação, a resposta inflamatória do modelo isquêmico foi

dominada por um intenso recrutamento de macrófagos/microglia para o

parênquima lesado. Estes resultados mostram que os mecanismos moleculares,

que induzem a ativação de macrófagos/microglia no modelo isquêmico diferem

daqueles presentes no modelo excitotóxico, onde o recrutamento de macrófagos

foi escasso. Após lesão mecânica e excitotóxica do cérebro e da medula espinhal,

macrófagos são recrutados para o tecido neural lesado, principalmente nos

Page 78: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

93

tempos de sobrevida mais tardios (BOLTON;PERRY, 1998; SCHNELL et al.,

1999; GOMES-LEAL, 2002a, 2005a). Os resultados da presente dissertação

mostraram o aumento do número de células ED1+ (macrófagos/microglia

ativados), principalmente no tempo de sobrevida de 7 dias, o que está de acordo

com os estudos anteriormente relatados. A presente investigação também

mostrou, entre as duas técnicas comparadas, um recrutamento diferencial de

células ED1+, para a substância branca no tempo de sobrevida mais tardio, após

a indução da lesão isquêmica em relação a trabalhos citados na literatura. A

imunohistoquímica utilizando o anticorpo anti-ED1 marca macrófagos/microglia

ativados, mas não é capaz de diferenciar os macrófagos derivados da microglia,

daqueles macrófagos hematogênicos oriundos de monócitos derivados da

corrente sanguínea. Estes dois subgrupos de macrófagos podem contribuir

diferencialmente para o processo lesivo (POPOVICH;HICKEY, 2001). Popovich e

Hickey, (2001) utilizaram ratos quiméricos de diferentes linhagens, que tiveram a

medula óssea destruída por radiação para a caracterização da participação dos

dois subgrupos de macrófagos mencionados após contusão experimental da

medula espinhal de ratos. Os animais quiméricos tiveram seus macrófagos

derivados da corrente sanguínea, marcados por anticorpos específicos que os

diferenciavam dos macrófagos ativados derivados da microglia residente. Estes

autores demonstraram que a cena lesiva é inicialmente dominada por macrófagos

derivados de células microgliais, que depois são suplantados por macrófagos

hematogênicos. Ainda segundo estes autores, os macrófagos hematogênicos

ficavam geralmente restritos à substância cinzenta da medula espinhal, enquanto

que os macrófagos derivados da microglia residente possuíam uma distribuição

Page 79: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

94

mais ampla, inclusive na substância branca. No presente estudo, o aparecimento

de células ED1+ na substância branca em um tempo de sobrevida mais tardio

pode significar o aumento da atividade microglial, ou mesmo a maior infiltração de

macrófagos hematogênicos na substância branca.

Existem fortes evidências na literatura de que células da resposta

inflamatória ao desempenharem seus papéis fisiológicos como células

fagocitárias, removendo detritos celulares e outros produtos da lesão, podem

também agravar o fenômeno lesivo (BLIGHT, 1985; BLIGHT;DECRESCITO, 1986;

BLIGHT, 1991, 1992, 1993; GIULIAN et al., 1993; BLIGHT, 1994; POPOVICH et

al., 1994; BLIGHT et al., 1995; POPOVICH et al., 1996;

POPOVICH;STOKES;WHITACRE, 1996; POPOVICH;WEI;STOKES, 1997;

POPOVICH;YU;WHITACRE, 1997; POPOVICH et al., 1999; POPOVICH, 2000;

BLIGHT;ZIMBER, 2001; HERMANN et al., 2001; POPOVICH;HICKEY, 2001;

POPOVICH et al., 2001). Os mecanismos específicos pelos quais células da

resposta inflamatória podem agravar o processo lesivo após lesão do SNC não

são totalmente estabelecidos, mas inúmeras possibilidades têm sido aventadas na

literatura. Acredita-se que macrófagos e microglia ativados podem contribuir para

exacerbação da lesão no SNC, como uma espécie de efeito colateral de suas

atividades fisiológicas (BLIGHT, 1985; GIULIAN et al., 1989;

GIULIAN;VACA;NOONAN, 1990; BLIGHT, 1992, 1994; POPOVICH;WEI;STOKES,

1997; POPOVICH et al., 1999). A depleção do recrutamento de macrófagos com

pó de sílica (BLIGHT, 1985, 1992, 1994) ou clodronato (POPOVICH et al., 1999)

diminui a área de lesão secundária e melhora o prognóstico de recuperação

motora, após lesão da medula espinhal em roedores. A Injeção intraperitoneal de

Page 80: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

95

pó de sílica induz uma forte resposta inflamatória local, tornando monócitos menos

disponíveis em outros tecidos (BLIGHT, 1994; FISCHER;REHN;BRUCH, 1996;

IYER et al., 1996). Blight propôs inicialmente, que a atividade de macrófagos

poderia ser importante para a exacerbação de lesão neuronal, após lesão da

medula espinhal (BLIGHT, 1985;1992). Blight (1994) testou esta hipótese através

de injeções intraperitoneais de pó de sílica, em porquinhos da índia submetidos a

contusão da ME. Este autor relatou que o referido procedimento resultou em

redução da perda de axônios mielinizados e diminuição da hipervascularização da

area lesada. Blight concluiu que macrófagos poderiam causar lesão direta a

axônios ou vasos sanguíneos nas condições experimais analisadas.

Popovich et al., (1999) relataram outra forte evidência para a participação

de macrófagos em mecanismos lesivos. Estes autores efetuaram injeção

intravenosa de lipossomas de clodronato, em ratos submetidos à lesão aguda da

medula espinhal. Animais que receberam injeção de clodronato apresentaram

melhora das funções motoras, acompanhada por diminuição da cavitação no eixo

rostrocaudal, além de regeneração axonal. Além disso, tem sido relatado que a

injeção de altas doses do anti-inflamatório metilprednisolona produz diminuição da

área de lesão secundária e induz melhora da recuperação motora em ratos

submetidos a LME (BRACKEN, 1990, 2000; BRACKEN et al., 2000; BRACKEN,

2001b; 2001a, 2002; BRACKEN;HOLFORD, 2002). Esta droga é atualmente

usada para o tratamento de seres humanos que sofreram lesão aguda da ME

(BRACKEN et al., 2000; BRACKEN, 2002; BRACKEN;HOLFORD, 2002). Os

mecanismos pelos quais a metilpredinisolona diminue a área de lesão secundária

podem ser relacionados aos seus efeitos anti-inflamatórios, por exemplo, a

Page 81: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

96

diminuição da liberação de FNT-

(XU et al., 1992; XU et al., 1998) ou mesmo a

uma função anti-oxidante (KOC et al., 1999; BLIGHT;ZIMBER, 2001). O TNF-

é

uma citocina pro-inflamatória considerada importante para os mecanismos lesivos,

relacionados à resposta inflamatória e degeneração secundária, após lesão do

cérebro e da medula espinhal (HERMANN et al., 2001). Hermann et al., (2001)

relataram que injeções de pequenas doses de FNT-

(60pg) ou cainato não

induzem ou induzem lesões diminutas na SC da ME, mas que injeções

concomitantes de TNF-

(60pg) e cainato induzem lesões significativamente

maiores. Estes autores sugeriram que o TNF-

poderia potencializar os efeitos da

excitotoxicidade mediada por receptores AMPA, talvez induzindo liberação de

glutamato por microglia ou astrócitos.

Finalmente, existem evidências in vitro a favor da participação do NO

sintetizado pela SON imunológica (NOSi), presente em células gliais na expansão

da lesão necrótica durante lesão do SNC (BAL-PRICE;BROWN, 2001). Estes

estudos mostram que o NO liberado por células gliais, durante a inflamação aguda

pode ser responsável por cerca de 70-75 % da morte celular, por necrose que

ocorre no meio de cultura.

Em outro estudo, Popovich et al., (2002) realizaram microinjeções do ativador

microglial zymosan, com esta abordagem demonstraram lesão axonal e

desmielinização seletiva no sítio de injeção.

Todos os estudos, relatados acima mostram o potencial para células

inflamatórias causarem perda tecidual após lesão aguda do SNC, como a induzida

no presente modelo experimental. No entanto, é válido mencionar que existem

Page 82: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

97

evidências experimentais de que o processo inflamatório pode possuir efeito

benéfico, após lesão do SNC (LAZAROV-SPIEGLER et al., 1998; RAPALINO et

al., 1998; KNOLLER, 2005; SCHWARTZ;YOLES, 2005). Recentemente, relatou-

se um ensaio clínico de fase I, no qual o transplante autólogo de macrófagos foi

bem tolerado, por alguns pacientes humanos com lesão aguda da medula

espinhal. Estas pessoas apresentaram melhor prognóstico clínico, do que o grupo

que não foi submetido ao tratamento (KNOLLER, 2005).

6.4 INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1 INDUZ MAIS LESÃO AXONAL DO QUE

INJEÇÃO DE NMDA

No presente modelo experimental, o modelo de isquemia focal por injeção de

ET-1 induziu mais lesão axonal, tanto na substância branca como na substância

cinzenta, do que a injeção de NMDA. Sabe-se que os déficits energéticos,

concomitantemente com mecanismos inflamatórios, excitotóxicos e cidose

metabólica contribuem para a perda tecidual após isquemia (DIRNAGL;

IADECOLA; MOSKOWITZ,1999; MERGENTHALER; DIRNAGL; MEISEL, 2004).

Poucos estudos investigaram os padrões de lesão axonal após lesão aguda do

SNC. Gomes-Leal et al., (2005) relataram lesão axonal na substância cinzenta

ventral e dorsal, após microinjeções de NMDA no corno ventral da medula

espinhal de ratos. Neste estudo, houve correlação entre a ativação de

macrófagos/microglia e o número de axônios lesados, três dias após a indução da

lesão primária.

No presente estudo, a injeção de NMDA no núcleo espinhal do sistema

Page 83: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

98

trigeminal induziu lesão axonal, principalmente na substância cinzenta. Sabe-se

que a lesão neuronal aguda excitotóxica induz degeneração de corpos neuronais,

com subsequente ativação astrocitária, microglial, inflamação, apoptose e

formação de radicais livres (GOMES-LEAL, 2002a, 2004, 2005a). Estes eventos

podem induzir lesão axonal direta. Existem evidências experimentais que ativação

de macrófagos e microglia podem contribuir diretamente para lesão axonal,

através da liberação de citocinas inflamatórias (por exemplo, TNF- , IL-1, IL-6),

proteases e NO (POPOVICH et al., 2002; GOMES-LEAL, 2005a; HENDRIKS et

al., 2005).

Um papel direto do NMDA nos mecanismos de lesão axonal, na substância

cinzenta no presente modelo experimental seria muito improvável, quando se

considera que não existem receptores de NMDA em células gliais, mielina e

axônios (AGRAWAL;FEHLINGS, 1996; 1997; GARCIA_BARCINA;MATUTE, 1998;

MATUTE, 1998). O TNF- pode contribuir para a lesão axonal, através de efeitos

lesivos primários em oligodendrócitos (HENDRIKS et al., 2005). O glutamato

liberado de neurônios ou células gliais sofrendo degeneração na substância

cinzenta ou de outras fontes, também poderia contribuir para lesão axonal.

No presente modelo de lesão excitotóxica, os efeitos lesivos na substância

branca foram desprezíveis, quando comparados aos induzidos por injeção de ET-

1. Estes resultados diferem dos relatados por Gomes-Leal et al., (2005), que

encontraram quantidade significativa de axônios lesados nos tratos de substância

branca da medula espinhal, após lesão excitotóxica induzida por injeção de NMDA

no corno ventral da medula espinhal de ratos. A razão destes resultados

discrepantes não é clara, mas pode estar relacionada a fatores anatômicos e

Page 84: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

99

fisiológicos inerentes à constituição destes diferentes compartimentos do SNC.

Por exemplo, a medula espinhal possui tratos de substância branca mais

exuberantes do que os encontrados no tronco cerebral, que certamente são mais

vulneráveis a processos lesivos. Na medula espinhal, diferentes fascículos de

substância branca podem ser lesados por diferentes mecanismos lesivos

(ZHANG;KREBS;GUTH, 1997). Estes mesmos mecanismos podem não ser

atuantes em outras regiões do SNC, como no trato trigeminotalâmico do sistema

trigeminal.

A lesão isquêmica induzida por injeção de ET-1 induziu, comparativamente,

mais lesão axonal do que a lesão excitotóxica induzida pela injeção de NMDA,

tanto na substância branca, como na substância cinzenta. Sabe-se que o tecido

neural é altamente vulnerável à isquemia, principalmente a substância branca

(PANTONI;GARCIA;GUTIERREZ, 1996; DE_KEYSER;SULTER;LUITEN, 1999;

DEWAR;YAM;MCCULLOCH, 1999; PETTY; WETTSTEIN,

1999;KANELLOPOULOS et al., 2000).

Existem diversos possíveis mecanismos que poderiam ser responsáveis pela

lesão axonal durante doenças neurodegenerativas agudas (STYS, 2005).

Recentemente, Stys e colabaoradores (LI et al., 1999b; LI;JIANG;STYS, 2000;

LI;STYS, 2000), usando substância branca isolada da medula espinhal in vitro,

relataram evidências para um papel de receptores do tipo não-NMDA, nos

mecanismos lesivos após trauma e isquemia. No primeiro paradigma experimental

estudado (LI;STYS, 2000), a infusão dos agonistas glutamatérgicos AMPA e

cainato na substância branca dorsal isolada da medula espinhal resultou em

alterações de oligodendrócitos, astrócitos e particularmente da bainha de mielina.

Page 85: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

100

Nestes estudos, não foram encontradas evidências de lesão do cilindro axonal,

como evidenciado pela imunocitoquímica para degradação da espectrina por

proteases, bem como pela presença de GluR2/3 e GluR4 em células gliais. Em

um outro paradigma experimental utilizando o mesmo modelo in vitro, a

substância branca isolada de ratos foi submetida a 60 minutos de anóxia ou à

compressão durante 15 segundos (LI et al., 1999b). Tanto antagonistas seletivos

de receptores do tipo AMPA/cainato, como a inibição to transporte de glutamato

dependente de Na+, protegeram a SB medular dos mecanismos lesivos induzidos

por anóxia e trauma. Estudos posteriores pelo mesmo grupo (LI;STYS, 2001)

demonstraram que a liberação endógena de glutamato pode ocorrer pela reversão

dos gradientes de Na+ e K++, através do axolema. De acordo com estes autores, a

inibição da ATPase de Na+ e K++ e despolarização induzem liberação de

glutamato, através da reversão da atividade dos transportadores de glutamato

dependente de Na+. O glutamato liberado de fontes intracelulares agiria em

receptores do tipo AMPA/cainato induzindo lesão excitotóxica, principalmente em

oligodendrócitos e mielina. Nestes estudos, a principal fonte de glutatamo foi o

cilindro axonal. Outros estudos sugerem que a injeção do bloqueador de canal de

Na+ -TTX- diminui significativamente a lesão axonal, após contusão da ME,

mostrando que ativação de canal de Na+ pode ser um importante evento

subjacente aos mecanismos de lesão da SB após contusão da ME. No presente

modelo in vivo, é possível que mecanismos similares possam ocorrer. Nos tempos

de sobrevida mais tardios, encontramos maior índice de lesão axonal, tanto na

substância branca como na substância cinzenta.

Apesar de sua imensa importância fisiológica para a homeostase tecidual,

Page 86: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

101

em condições patológicas incluindo isquemia, trauma e doenças

neurodegenerativas, a ativação de macrófagos/microglia parece estar envolvida

no aumento da área de lesão. Entre os diversos mecanismos em potencial,

macrófagos/microglia ativados poderiam exacerbar o processo lesivo através da

liberação de fatores tóxicos incluindo NO, enzimas proteolíticas, metabólitos do

ácido araquidônico, TNF-

e IL-1 (NATHAN, 1987; NATHAN, 1992; BANATI et al.,

1993; MINGHETTI;LEVI, 1998). Durante isquemia cerebral, células da microglia

liberam NO e IL-1, os quais podem contribuir para o fenômeno de degeneração

neuronal secundária (GEHRMANN et al., 1995; STOLL;JANDER;SCHROETER,

1998; LOVE, 1999). Achados similares foram relatados após lesão cerebral

isquêmica (GEHRMANN et al., 1995; STOLL;JANDER;SCHROETER, 1998;

LOVE, 1999; STOLL;JANDER, 1999).

Recentemente, Hermann et al., (2001) sugeriram que o FNT-

pode

potenciar os efeitos da excitotoxicidade mediada por receptors AMPA durante

lesão da ME em ratos. De acordo com esta hipótese, FNT-

poderia agir em

receptores AMPA, presentes na membrana de células microgliais induzindo-as a

liberarem mais glutamato e FNT- , portanto exacerbando o processo lesivo.

Outros estudos sugerem que células da microglia e/ou astrócitos podem liberar

glutamato ou ácido quinolínico em condições patológicas (PIANI et al., 1992;

BARGER;HARMON, 1997; HERMANN et al., 2001). É possível que através de um

dos mecanismos descritos, ou mesmo através da associação destes, a ativação

de macrófagos/microglia pode contribuir para a exacerbação da lesão na

substância branca no presente estudo.

Page 87: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

102

6.5 ALTERAÇÃO DIFERENCIAL NA BAINHA DE MIELINA NOS MODELOS

EXCITOTÓXICO E ISQUÊMICO

No presente estudo, encontramos perda da reatividade para proteína básica

de mielina a partir de 24h, após a injeção de ET-1 no subnúcleo caudal, do

sistema trigeminal e 7 dias após a injeção de NMDA na mesma região. Nos

animais injetados com ET-1, a substância branca apresentou microcistos no

tempo de sobrevida de 7 dias.

Outros estudos relataram achados similares em outras regiões do SNC,

tanto no modelo de lesão excitotóxica por injeção de NMDA (GOMES-LEAL,

2002a), como no modelo de isquemia focal por injeção de ET-1 (HUGHES et al.,

2003). Gomes-Leal, (2002) relatou diminuição da reatividade para a proteína

básica de mielina 3 dias após a lesão excitotóxica. Esta alteração na bainha de

mielina foi confirmada por microscopia eletrônica (GOMES-LEAL, 2002a, 2005a) e

foi concomitante com a formação de microcistos na substância branca.

Hughes et al., (2003) relataram perda da reatividade para proteína básica

de mielina, 24h após injeção de ET-1 na substância branca do córtex motor de

ratos adultos.

No modelo de desmielinização induzida por cuprizona (LUDWIN, 1978), a

desmielinização ocorre como um evento secundário às alterações patológicas

primárias em oligodendrócitos. Nestas circunstâncias, alterações osmóticas em

oligodendrócitos poderiam induzir a formação de vacúolos intramielínicos

apresentando periodicidade espacial. No entanto, em condições patológicas, tais

Page 88: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

103

como a EEA e toxicidade induzida pelo hexaclorofenol, a formação de microcistos

parece ser o evento patológico primário (WINCHELL;STERNBERGER;WEBSTER,

1982).

Na presente investigação, as alterações precoces na bainha de mielina

podem estar relacionadas à resposta inflamatória, pois grande número de

macrófagos/microglia foi encontrado na substância branca, a partir deste tempo de

sobrevida. Em outras condições patológicas, como a esclerose múltipla, ou no seu

modelo experimental, a encefalomielite alérgica experimental, a perda da mielina é

sabidamente devida às ações deletérias de células inflamatórias como macrófagos

(FERGUSON et al., 1997; TRAPP et al., 1998; TRAPP et al., 1999;

TRAPP;RANSOHOFF;RUDICK, 1999). Este fenômeno patológico pode ser

mediado por citocinas e proteases liberadas por macrófagos (HENDRIKS et al.,

2005).

Formação de microcistos na substância branca do trato trigeminotalâmico

foi observada 7 dias após a injeção de endotelina-1, no subnúcleo caudal. Este

fenômeno foi relatado em outros modelos de isquemia (KANELLOPOULOS et al.,

2000) e lesão por impacto da ME (LI et al., 1995). Li et al., (1995) relataram

intensa formação de microcistos nos tratos longitudinais da substância branca da

medula espinhal de ratos, após lesão por impacto severa. Após lesão excitotóxica

por injeção de NMDA na medula espinhal de ratos, Gomes-Leal et al., (2004,2005)

relataram formação de microcistos entre 3 e 7 dias após injeção de NMDA, no

corno ventral da medula espinhal de ratos adultos.

Os mecanismos responsáveis pela formação de microcistos não são

totalmente estabelecidos, mas podem estar relacionados à tumefação de axônios

Page 89: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

104

e/ou ramificações astrocitárias, bem como formação de espaços entre a bainha de

mielina e o axolema (PANTONI;GARCIA;GUTIERREZ, 1996; YAM et al., 1998).

A formação de microcistos pode estar relacionada ao fenômeno de

desmielinização. Todas as doenças desmielinizantes apresentam duas

caracerísticas patológicas principais: perda e/ou vacuolização (microcistos) da

bainha de mielina (LUDWIN, 1987). A formação de microcistos pode ser uma

consequência direta de lesão à bainha de mielina, ou aparecer como um evento

secundário à lesão de oligodendrócitos, ou mesmo ocorrer devido a ambos os

fatores, em condições patológicas que incluem doenças imunes, tóxicas e

desmielinização viral (LUDWIN, 1987). Nestas condições patológicas, geralmente

a formação de microcistos representa a separação da mielina do axolema,

gerando acumúlo de fluído entre a mielina e o cilindro axonal, com periodicidade

espacial no tecido edemaciado. É possível que mecanismos semelhantes sejam

os responsáveis pela formação de microcistos, na substância branca dos animais

submetidos à lesão isquêmica. Resultados semelhantes foram obtidos com o

modelo de intoxicação pelo hexaclorofenol (ANDREAS, 1993;

HANTZSCHEL;ANDREAS, 1998; , 2000). Durante a excitotoxicidade induzida pelo

hexaclorofenol edema e vacuolização da substância branca cerebral são achados

comuns, o que é concomitante com o edema de oligodendrócitos (ANDREAS,

1993; HANTZSCHEL;ANDREAS, 1998, 2000). Nestas circunstâncias,

mecanismos excitotóxicos mediados por receptores do tipo não-NMDA parecem

estar envolvidos, à medida que o uso de antagonistas para estes receptores

induzem neuroproteção (HANTZSCHEL;ANDREAS, 2000). Na presente

investigação, não investigamos o comprometimento patológico de

Page 90: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

105

oligodendrócitos, o que deve ser implementado em estudos futuros.

No presente estudo, claramente a formação de microcistos ocorreu

posteriormente à desmielinização, o que sugere que o comprometimento da

bainha de mielina e/ou oligodendrócitos é um evento crucial para esta condição

patológica.

6.6 PICNOSE NA SUBSTÂNCIA BRANCA APÓS LESÃO ISQUÊMICA

Sete dias após a injeção de ET-1 no núcleo espinhal do sistema trigeminal,

um grande número de células picnóticas foi observado na substância branca.

Outros estudos relataram a presença de picnose, na substância branca após lesão

aguda da medula espinhal (GOMES-LEAL, 2004). Gomes-Leal et al., (2004)

relataram grande quantidade de células picnóticas em todos os tratos de

substância da medula espinhal, principalmente nos tempos de sobrevida mais

tardios após a injeção de NMDA no corno ventral da medula espinhal de ratos.

Estes autores correlacionaram os perfis picnóticos com a degeneração tardia de

oligodendrócitos, como sugerido por outros autores

(SHUMAN;BRESNAHAN;BEATTIE, 1997; LI et al., 1999a; CASHA;YU;FEHLINGS,

2001; TAKAGI et al., 2003). Na presente investigação, os perfis picnóticos

encontrados na substância branca do sistema trigeminal podem ser

oligodendrócitos apoptóticos, mas estudos com dupla marcação utilizando

técnicas específicas para a marcação de apoptose e oligodendrócitos devem ser

utilizados para a averiguação desta hipótese.

Page 91: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

106

7 CONCLUSÃO

Na presente dissertação, investigamos os padrões inflamatórios de lesão

axonal e da bainha de mielina, após lesão excitotóxica e isquêmica no núcleo

espinhal do sistema trigeminal. A análise comparativa dos padrões

histopatológicos demomonstraram padrões lesivos diferenciais, com resposta

inflamatória mais intensa caracterizada por recrutamento de macrófagos, mas não

de neutrófilos no modelo de lesão isquêmica e resposta inflamatória discreta

caracterizada por recrutamento escasso dos dois tipos de leucócitos. O modelo

isquêmico induziu mais lesão axonal, sugerindo que a substância branca é mais

vulnerável ao modelo isquêmico, do que ao modelo excitotóxico. Alterações na

bainha de mielina ocorreram mais precocemente, na substância branca dos

animais submetidos à isquemia, do que nos submetidos à excitotoxicidade

induzida pela injeção de NMDA. Futuros estudos, utilizando marcadores de

oligodendrócitos, microglia, de células apoptóticas e técnicas de microscopia

eletrônica devem contribuir para a elucidação das diferenças observadas nos dois

modelos experimentais.

Page 92: TÍTULO Padrões diferenciais de resposta inflamatória, lesão axonal

107

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9 ANEXOS

Anexo A - Parecer do Comitê de Ética

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Anexo B - Protocolo de Imunohistoquímica

Pré Tratamento das Secções

Realizamos pré tratamento das secções a fim de melhorar o padrão de coloração.

a. Pré Tratamento Com Tampão Citrato ou Tampão Borato

As secções foram imersas em tampão borato (pH 9.0) aquecido a 60 0C em

banho maria por 30 minutos. A temperatura foi mantida constante neste período.

Após este período, permitiu-se que as seções resfriassem por 25 minutos, tempo

após o qual as secções foram submetidas ao protocolo normal para

imunocitoquímica.

Imunocitoquímica

a. secções de 20 m já montadas em lâminas foram retiradas do freezer e

deixadas na estufa por 30 minutos e em seguidas submetidas ao pré tratamento

com tamão borato.

b. peróxido de hidrogênio a 1% (100ml de H2O

2/250ml de metanol) - 20 minutos

c. lavagem em tampão fosfato salino (TFS)/Tween - 3 vezes de 3 minutos

d. Bloqueio em soro normal do animal que produziu o anticorpo secundário por 30

minutos. No caso dos anticorpos ED1, APP, e MBP o soro normal de cavalo a

10% foi utilizado. No caso dos anticorpos anti MBS-1 o soro nomal de cabra a

10% foi utilizado .

e. Após o bloqueio em soro normal, sem retirá-lo das secões incubou-se as

mesmas no anticorpo primário, diluído em TFS por 1.5 a 2h (cerca de 50 l de

solução por secção) .

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131

f. Lavagem TFS/Tween 3 vezes durante 3 minutos

g. Anticorpo secundário por uma hora com as seguintes diluições: para os

anticorpos ED1, APP, MBP utilizou-se o anticorpo secundário biotinilado anti-

cavalo feito em camundongo (1:100, Vector). Para os anticorpos anti MBS-1

utilizou-se o anticorpo secundário biotinilado feito em cabra anti coelho.

h. Lavagem TFS/Tween 3 vezes durante 3 minutos

i. Incubação no complexo avidina-biotina-peroxidase (Kit ABC, vector) por 45

minutos (uma gota da solução A + uma gota da solução B/5ml de TFS (peletes,

Sigma Aldrich)

j. Lavagem TFS Tween 3 vezes durante 3 minutos

k. Reação em diamino benzidina (DAB ) para revelação da peroxidase do

antígeno. Aliquotas de DAB foram descongeladas e diluídas em 250 ml de

tampão fosfato 0.1M em uma cubeta. Antes do início da reação, acrescentou-

se à solução de DAB 100 l de H2O

2 . As secções montadas em lâminas

dispostas em uma cesta histológica foram imersas na solução de DAB/H2O

2 e

monitoradas com auxílio de um microscópio até que o padrão da reação fosse

satisfatório. Em seguida, as secções foram lavadas em tampão fosfato 0.1M

por cerca de 2 vezes durante 3 minutos, contracoradas com Hematoxilina e,

desidratadas e cobertas com lamînula em DPX.

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