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AÇÃO DE FORMAÇÃO:
Aplicações da biotecnologia na determinação
da filogenia e no melhoramento de plantas
Formadoras: Professora Doutora Maria Susana Pereira
Professora Doutora Maria João Balça
Formanda: Maria de Fátima Ferreira da Silva Henriques
junho de 2013
FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES
INTRODUÇÃO
O Tema Central do Programa de Biologia do 12º ano é “ A Biologia e os desafios da
atualidade”. A Unidade 2 é centrada no estudo dos genes e das possibilidades de intervenção
biotecnológica ao nível dos mesmos.
No âmbito desta intervenção são abordadas diversas técnicas de Engenharia Genética,
muitas das quais não podem ser postas em prática nas Escolas por falta de materiais e
equipamentos. A situação é especialmente preocupante considerando a importância atribuída
pelo próprio Programa ao trabalho laboratorial.
Na Escola onde exerço funções, o material existente para o trabalho laboratorial na área da
Engenharia Genética limita-se a duas tinas de eletroforese e alguns materiais que as
acompanhavam em Kits Biogénius, já utilizados. Daí a opção pela realização de um trabalho de
eletroforese de corantes alimentares. Os únicos materiais a adquirir serão os corantes
alimentares, de fácil aquisição.
Apesar da simplicidade do trabalho a desenvolver, este permitirá um primeiro contacto dos
alunos com uma das técnicas de Engenharia Genética estudadas e pode ser explorado sob
diferentes perspetivas, como por exemplo: assumindo que os corantes e as misturas dos
mesmos correspondem a produtos de PCR (polymerase chain reaction), que após separação
eletroforética revelam uma ou duas bandas, podem ser identificados indivíduos homozigóticos e
heterozigóticos relativamente a um determinado locus; assumindo que foi utilizada a técnica
RFLP (restriction fragment length polymorphism) podem-se identificar mutações num gene;
podem também ser realizadas simulações de testes de paternidade; podem ser criados
cenários de resolução de crimes, ou proceder à avaliação do efeito da concentração do gel em
agar na deslocação de fragmentos de DNA numa eletroforese.
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PLANO DE AULA
Disciplina: Biologia Ano: 12º Duração: 90+90
Sumário: Realização da atividade laboratorial: CSI na sala de aula
Unidade 2: Património genético
Fundamentos de engenharia genética
Conteúdos/Objetivos:
Conhecer técnicas utilizadas na Biotecnologia e na Biologia Molecular.
Compreender os princípios e características básicas da eletroforese.
Desenvolver competências metodológicas.
Desenvolver competências e raciocínio científico.
Incentivar o interesse pela Biotecnologia.
Desenvolver atitudes positivas face à Ciência.
Conceitos: Eletroforese / Polimorfismos / DNA / PCR / DNA fingerprint
Estratégias:
Análise das potencialidades das técnicas de PCR e eletroforese (já abordadas em aulas
anteriores) e a sua aplicação às ciências forenses;
Apresentação da situação problema;
Realização da atividade laboratorial de acordo com o protocolo experimental.
Recursos: Guião da atividade “Os peixes roubados - CSI na sala de aula”.
Avaliação:
Avaliação formativa- Participação na aula, atitudes e conhecimentos demonstrados na
concretização das atividades.
Questões de discussão da atividade, incluídas no protocolo experimental.
Os peixes roubados - CSI na sala de aula
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Na escola, os alunos e professores têm no laboratório um aquário repleto de peixes exóticos.
Numa noite a escola foi assaltada e, para surpresa de todos, os peixes foram roubados! Mas o ladrão foi desastrado e bateu numa esquina do aquário que se partiu e o magoou tendo ficado sangue no vidro.
Nessa noite, o guarda durante as rondas viu e identificou à volta da escola quatro indivíduos. São por isso os principais suspeitos do assalto.
Como descobrir qual deles roubou os peixes?
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
A eletroforese em gel é uma técnica de separação de moléculas que
envolve a migração de partículas num determinado gel, durante a aplicação de
uma diferença de potencial. As moléculas são separadas de acordo com a sua
carga e com o seu tamanho. Assim, as de carga negativa irão migrar para o
pólo positivo e as de carga positiva para o pólo negativo e as de menor massa irão migrar mais
rapidamente do que as de maior massa.
Na preparação do gel para a eletroforese, pode ser utilizada a agarose, polissacarídeo que
forma uma rede que segura as moléculas durante a migração. Pode igualmente ser utilizado o
agar, mistura de polissacarídeos, mais acessível do ponto de vista económico. Dependendo da
concentração do gel, obtêm-se diferenças no gradiente de separação.
A eletroforese normalmente é utilizada para separar proteínas e moléculas de DNA e RNA.
Neste trabalho vamos proceder à separação de moléculas constituintes de corantes
alimentares, que simulam produtos de PCR, resultantes da amplificação de um marcador
genético a partir do DNA recolhido na cena de crime e dos quatro suspeitos desse crime. O
referido marcador genético é um dos utilizados na técnica de DNA fingerprint.
Material necessário:Para a tina de electroforese Para as soluções Para as amostras
Tina (com tampa)
Tabuleiro
Pente
Elétrodos( fio vermelho e fio
preto)
5 pilhas de 9 V
Fita cola
Tampão TBE (10x )
Agar
Água destilada
Gobele
Balança
Placa de aquecimento
Proveta de 50 e 250 ml
Suporte para tubos
Micropipeta e pontas amarelas
Corantes alimentares:
Amostra 1 – DNA recolhido na
cena do crime
Amostra 2 – DNA do suspeito 1
Amostra 3 – DNA do suspeito 2
Amostra 4 – DNA do suspeito 3
Amostra 5 – DNA do suspeito 4
Procedimento:
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I. Preparação do gel de agar a 0,8 % em TBE 1X
1. Prepare 150ml de solução tampão TBE 1X, a partir da solução tampão TBE 10X fornecida.
2. Coloque 50 ml da solução tampão TBE 1X num gobelé. Será este o volume utilizado para a
preparação do gel.
3. Proceda à pesagem do agar necessário para a preparação do gel e coloque-o no gobelé
com os 50ml de solução tampão TBE 1X e agite para diluir um pouco.
4. Coloque o gobelé com a solução sobre a placa de aquecimento até à ebulição. Deve agitar
de vez em quando e terminar o aquecimento assim que a solução fique transparente.
5. Deixe arrefecer até aos 60ºC, aproximadamente (até conseguir segurar o gobelé nas mãos,
sem se queimar).
6. Vede com fita-cola os dois lados abertos do tabuleiro do gel que vem dentro da tina.
7. Coloque o tabuleiro numa bancada plana e verta com cuidado a solução de agar já
arrefecida.
8. Coloque imediatamente o pente a cerca de 3 cm de distância do fundo do tabuleiro e
paralelo ao mesmo.
9. Aguarde cerca de 30 min, até o gel estar totalmente solidificado.
10. Remova o pente para cima, perpendicularmente para não destruir os poços.
11. Retire cuidadosamente a fita-cola e coloque o tabuleiro com o gel dentro da tina, com os
poços para o lado do elétrodo preto (pólo negativo).
12. Verta, cuidadosamente, tampão TBE 1X para dentro da tina até cobrir todo o gel e o
nível deste atingir cerca de 1 mm acima do gel. Todos os poços devem ficar cheios de
tampão.
II. Preparação da corrida eletroforética
1. Carregue cada um dos poços do gel com uma das amostras de corante, utilizando a
seringa e uma ponta diferente para cada amostra. Identifique cada poço tendo em conta a
amostra de corante utilizada.
2. Ligue os cabos, colocando o cabo vermelho no terminal vermelho da tina (pólo positivo) e o
cabo preto no terminal preto (pólo negativo). Ligue a outra extremidade dos cabos às pilhas
e verifique se há passagem de corrente (nos elétrodos deverão começar a libertar-se
pequenas bolhas principalmente do lado dos poços).
3. Deixe a eletroforese decorrer até que os corantes cheguem a aproximadamente 2 cm do
final do gel. Deverá demorar 4 a 5 horas.
4. Desligue os elétrodos, retire o tabuleiro com o gel da tina e observe os resultados.
III. Registo e discussão de resultados
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1. Registe os resultados obtidos no esquema abaixo.
2. Identifique a carga das moléculas presentes em cada uma das amostras.
3. Das amostras (de corantes) utilizadas indique a(s) que apresenta(m) as moléculas…3.1. de menor tamanho.3.2. de maior tamanho.
4. Se em vez de corantes alimentares tivéssemos realizado a eletroforese de DNA, o pente deveria ser colocado mais perto do pólo negativo. Justifique este procedimento.
5. A separação dos produtos de PCR dos quatro indivíduos revelou para alguns, uma banda e para outros, duas bandas. Refira o que se pode concluir com base nestes resultados.
6. Indique, de acordo com os resultados obtidos, qual dos suspeitos poderia ser o criminoso.
7. Avalie, justificando, o grau de fiabilidade da resposta anterior.
8. Explique o que é um marcador genético.
9. Os marcadores genéticos utilizados na técnica de DNA fingerprint dizem respeito a zonas codificantes do genoma com grande variabilidade. Comente a afirmação.
10. De que forma se poderia estimar o tamanho dos fragmentos de DNA?
11. Se tivéssemos utilizado DNA, qual o procedimento adicional a realizar para se proceder à observação das bandas?
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pólo -
pólo +
Amostras
CONCLUSÃO
O trabalho apresentado revela-se de grande importância para a compreensão de algumas
técnicas usadas na Biologia Molecular, bem como das suas aplicações em diferentes áreas.
Apesar de ser uma simulação, utilizando corantes e não DNA, as amostras de corantes
utilizadas são misturas de corantes com diferentes cores, apresentando as amostras 1 e 4 a
mesma combinação de corantes, surgindo assim o mesmo padrão de bandas na eletroforese, à
semelhança do que poderia acontecer numa situação real.
Em contexto de sala de aula, a situação ideal, no entanto, seria explorar com os alunos a
situação problema de modo a que eles próprios elaborassem o desenho experimental, uma vez
que o próprio Programa atribui especial importância ao desenvolvimento de atividades que
impliquem os alunos na planificação de percursos experimentais (com manipulação e controlo
de variáveis e decisão sobre a utilização de réplicas).
O trabalho realizado apesar de simples é pertinente pelas conclusões a que permite chegar
e revela-se útil no desenvolvimento de competências diversificadas, contribuindo para integrar
as dimensões teórica e prática da Biologia, assim como o trabalho cooperativo entre os alunos.
Caberá ao professor decidir o grau de abertura das tarefas, ponderando as competências
que os alunos já possuem, o tempo e os recursos disponíveis.
Esta ação revelou-se de grande importância na medida em que me familiarizei com as
novas tecnologias na área da Genética Molecular e com as possibilidades de implementação
das mesmas na sala de aula, apesar dos reduzidos recursos existentes na Escola.
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