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UIVERSIDADE CADIDO MEDES ISTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIETAÇÃO EDUCACIOAL E PEDAGÓGICA ORIETAÇÃO EDUCACIOAL/PROFISSIOAL A EUDCAÇÃO DE JOVES E ADULTOS PARA O MERCADO DE TRABALHO por Claudia Marize Barboza Bittencourt Pereira Orientadora: Geni de Oliveira Lima Centro 1 – 2009

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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES

I�STITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIE�TAÇÃO EDUCACIO�AL E PEDAGÓGICA

ORIE�TAÇÃO EDUCACIO�AL/PROFISSIO�AL �A EUDCAÇÃO DE JOVE�S E ADULTOS PARA O MERCADO DE TRABALHO

por Claudia Marize Barboza Bittencourt Pereira

Orientadora: Geni de Oliveira Lima

Centro 1 – 2009

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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES

I�STITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIE�TAÇÃO EDUCACIO�AL E PEDAGÓGICA

ORIE�TAÇÃO EDUCACIO�AL/PROFISSIO�AL �A EUDCAÇÃO DE JOVE�S E ADULTOS PARA O MERCADO DE TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e pedagógica. Orientadora Geni de Oliveira Lima.

por Claudia Marize Barboza Bittencourt Pereira

Centro 1 – 2009

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AGRADECIME�TOS

A minha família, especialmente ao meu marido por me apoiar na busca de um sonho.

A minha mãe por estar sempre ao meu lado.

Aos amigos conquistados neste tempo de convivência.

E a Deus por não ter me deixado desistir.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização do meu crescimento pessoal e profissional e em especial ao Nelson, um amigo em que me espelho.

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Epigrafe

"A educação faz um povo fácil de ser liderado, mas difícil de ser dirigido; fácil de ser governado, mas impossível de ser escravizado”.(Henry Peter)

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Resumo

Nos dias de hoje, onde há uma enorme competitividade, a escola não pode mais continuar a ser meramente teórica e transmissora de conteúdo.

Ela tem que perceber o futuro, favorecendo o resgate da relação entre o conhecimento, produção e as relações sociais, para que o saber científico-tecnológico busque a participação de todos, enquanto cidadão e trabalhador, na vida social, política e produtiva do país.

Somente uma educação, voltada para o mundo do trabalho, irá dar condições a milhares de jovens e adultos de classes menos favorecidas, a oportunidade de se inserirem mo mercado com a certeza de que estão aptos, e isto somente ocorrerá quando houver uma mudança dos atuais currículos, de preferência dando maior ênfase aos cursos profissionalizantes.

Somente quando as escolas vislumbrarem que educação e trabalho são instrumentos do mesmo processo educativo irão conseguir desenvolver as habilidades, competências e o pensamento crítico necessário para que os jovens encarem o mundo real com um pouco menos de sofrimento.

Palavras chave: trabalho, educação e educação profissional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................8

CAPÍTULO 1 – Ofício ou Educação Profissional. .................................9

1.1 - Brasil Colônia e sua organização do trabalho;.................................9 1.2 - O Império e a educação profissional;..............................................10 1.3 - O ensino Profissional durante a 1ª República;...............................12 1.4 - O ensino profissional no Estado Novo;..........................................13 1.5 – Tempos de redemocratização (1945/1990).....................................14

CAPÍTULO 2 – A trajetória da orientação educacional no Brasil............................................................................................................................17

2.1 – O papel do orientador no processo de escolha;............................19

2.2 – A importância do orientador educacional/profissional face às questões do trabalho.......................................................................................20

CAPÍTULO 3 – Propostas de educação Profissional existentes e suas divergências........................................................................................22

3.1 – Educação Profissional em entidades da sociedade civil;............22

3.2 – Educação Profissional nas organizações trabalhadoras;.............24

3.3 – Consenso e divergências;...................................................................27

3.4 – Nova diretriz do MEC e suas conseqüências................................28

CONCLUSÃO.........................................................................................................31

ANEXOS....................................................................................................................32

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................37

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I�TRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a orientação educacional/profissional e o quão importante ela foi e é para jovens e adultos de classes menos favorecidas.

Através da sua evolução podemos verificar como esta importante ocupação se desenvolveu e como contribuiu para o crescimento da mesma no contexto atual, mostrando a sua ligação direta com os aspectos referentes ao mundo do trabalho.

É o orientador educacional/profissional que faz a ligação entre os professores, alunos e membros da escola, resolvendo suas inquietações e dilemas existente, além de fazer o link entre escola, família e comunidade.

No capítulo 1 abordaremos a história da educação profissional no Brasil desde a Colônia até os dias atuais. Abordaremos também, no capítulo 2, a trajetória da orientação educacional no país, assim como o papel do orientador no processo de escolha e a importância deste face às questões do trabalho. Já no capítulo 3, iremos falar sobre as propostas de educação existentes, tanto nas entidades civis como nas organizações trabalhistas, seus consensos e divergências, como também sobre as novas diretrizes do MEC e suas conseqüências.

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1 – OFÍCIO OU EDUCAÇÃO PROFISSIO�AL

Nas civilizações antigas, o homem que exercia alguma atividade física ou manual era um servo ou como diziam “um homem não livre”, que sem escolhas, ou por não terem nascido em famílias abastadas necessitavam trabalhar para sobreviver e geralmente exerciam a mesma função que seus antepassados, pois estas passavam de pai para filho. Platão e Socrátes acreditavam que o trabalho era uma atividade degradante, pois o único intuito era assegurar o meio de vida de seus governantes e das classes dominadoras.

Todo esse processo de aprendizagem informal que continha todas as tarefas dos diferentes ofícios, foi durante muito tempo à única escola que homens e mulheres, adultos e jovens de classes populares tiveram.

Na Idade Média isso não muda muito, com um único diferencial, a única vocação reconhecida nesta época era a de ser padre. Este fato perdura por vários séculos, só mudando com o surgimento do Capitalismo, onde o homem passa a vender a sua força de trabalho para subsistir, deixando de ser autônomo e independente para ser assalariado, dependente e sob o controle do capital, mas mantendo a mesma forma no que diz respeito ao aprendizado, observação e repetição (Teorias Administrativas de Taylor e Fayol).

1.1 - Brasil Colônia e sua organização do trabalho.

Os portugueses ao chegarem aqui no Brasil encontraram uma civilização dita “primitiva”, pautada na divisão de trabalho por sexo e idade, onde a mesma se fundia com a prática educativa, pois os mais velhos ensinavam executando as tarefas e os mais jovens aprendiam observando e repetindo.

A base da economia nos dois primeiros séculos foi a agroindústria, com o plantio da cana de açúcar, na grande parte do território ocupado, mas tarde surge a extração de minério nos Gerais. Toda mão de obra utilizada era nativa ou de escravos trazidos da África, pois o sistema de governo na época era escravocrata. Nos engenhos poucos trabalhadores eram livres, somente os que ocupavam cargos de direção ou supervisão, pois necessitavam de maior qualificação. Surgem assim as primeiras práticas de qualificação No e Para o trabalho.

Segundo Kuenzer, tais práticas eram desenvolvidas sem padrões ou regulamentos dentro dos engenhos e seus “aprendizes” não eram necessariamente jovens e sim qualquer um que demonstrasse interesse em aprender, tanto em termos

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técnicos (força, habilidade, atenção) quanto em termos sociais (lealdade ao senhor e ao seu capital, na forma das instalações, instrumentos de trabalho, matéria prima, mercadorias e a conservação de si próprio, também capital).

Havia dois tipos de engenhos, os reais - com oficinas completas e perfeitas que utilizavam a força hidráulica em suas moendas - e os inferiores - que eram menos providos e aparelhados e que utilizavam a força animal para acionar as moendas. Nestes engenhos havia várias unidades de auto-suficientes de habitação com vários edifícios como: casa grande, senzala, capela, serraria, casa da moenda, casa do purgar, carpintaria, o alambique e etc. Nestes espaços conviviam senhores, escravos e trabalhadores livres.

Com a expansão da agroindústria e a intensa atividade de extração de minérios em Minas Gerais, surgem então os primeiros núcleos urbanos e conseqüentemente com isso, as atividades de comércio e serviços. Por este motivo torna-se assim necessário a capacitação dos trabalhadores. Mediante está nova realidade faz-se necessário a criação de colégios a fim de ensinar os vários ofícios (na época, somente realizados por jesuítas) solicitados pela população e também proporcionar educação de qualidade, sem sair do país, aos filhos dos senhores de engenhos.

“Os colégios e as residências dos jesuítas sediados em alguns dos principais centros urbanos foram os primeiros núcleos de formação profissional, ou seja, as escolas oficinas de formação de artesãos e demais ofícios, durante o período colonial” (Manfredi,2002ª,p.68)

Durante séculos prevaleceu o sistema escravocrata, o que de certo modo marcou os conceitos sobre trabalho na sociedade, onde o trabalho manual (artesanal) ou aquele que necessitasse de esforço físico era considerado “trabalho desqualificado”. Estes processos de distinção e distanciamento influenciaram tanto a noção de trabalho como nas estratégias de educação, preservando a dicotomia trabalho manual-intelectual.

1.2 – O Império e a Educação Profissional

Com a transferência da corte de Portugal para o Brasil, muda-se o status, deixa de ser colônia e passa a ser sede do Reino. Devido a este fato, ocorrem várias transformações econômicas e políticas.

A economia que ainda se baseia na agroindústria, agora parte para implantação de atividades industriais tanto no campo privado, como no âmbito do governo, e ao

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mesmo tempo na formação de um Estado Nacional e na criação do aparelho educacional.

Manfredi em seu livro “Educação Profissional no Brasil”, diz que “segundo estudiosos, o aparelho educacional brasileiro surgiu somente na metade do século XIX”, o que nos levaria a desconsiderar a grande participação dos jesuítas desde o período colonial, pois os mesmos fundaram vários estabelecimentos de ensino primário e secundário (com aprendizagem de ofícios), além dos seminários e da catequese com os índios. Com expulsão dos jesuítas, o Estado se viu obrigado a montar outro aparato escolar.

O ensino primário foi ampliado, mas não como se esperava, apesar da constituição de 1824 garantir educação gratuita a todos os cidadãos. O ensino secundário era ministrado em poucos estabelecimentos e foi criado com o intuito de dar educação aos filhos dos nobres visando sempre o encaminhamento ao nível superior que era cursado fora do país, geralmente em Portugal.

As principais escolas desta época foram o colégio São José (existente ainda hoje) e o São Joaquim (atual Pedro II) e as primeiras instituições públicas fundadas foram as de ensino superior, com o propósito de formar pessoas qualificadas para exercerem funções tanto no Exército como na administração do Estado. Além desses abriram também vários outros cursos como Anatomia e Cirurgia no Rio de Janeiro e Economia Políticos na Bahia.

Paralelamente ao novo sistema escolar, o Estado desenvolvia um ensino voltado para formação para o trabalho ligado a produção. Esta iniciativa tinha a participação tanto do Estado como das associações civis, e geralmente os ofícios desenvolvidos eram no cais, hospitais e nos arsenais do Exército e Marinha. Seus aprendizes eram geralmente órfãos, menores de classes mais pobres ou excluídos da sociedade.

Uma vez dentro de uma dessas instituições os jovens oi crianças recebiam instrução primária como leitura, escrita, aritmética, álgebra, desenho etc., além de aprenderem algum ofício como pedreiro, marceneiro, sapateiro etc. Ao concluírem, estes jovens permaneciam na instituição por mais três anos a fim de pagarem pelo estudo e estadia nela e também para poderem juntar algum dinheiro para sobreviver. Estas casas ou instituições eram mantidas pelo governo, o que faziam serem vistas como obras de caridade e não de educação profissional.

Surgi então nesta mesma época os Liceus de Artes e Ofícios, da junção de entidades civis e entidades estatais. Os mesmos se mantinham com recursos próprios e subsídios governamentais. O acesso aos cursos era “livre”, exceto para escravos. Suas matérias eram dividas em dois grandes grupos: as ciências aplicadas

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e o das Artes. O mesmo foi precursor na abertura de cursos para as mulheres, assim como serviu de base para construção de uma rede de escolas profissionalizantes.

1.3 – O ensino Profissional durante a 1ª República

Da proclamação da República até os anos 30, a educação ganha uma nova configuração, devido à nova fase econômico-social em virtude da industrialização e urbanização. Com o crescimento e o surgimento de novos centros urbanos houve a necessidade de se qualificar a mão de obra existente. As poucas escolas que havia naquela época, que se dedicavam ao ensino de ofícios, foram transformadas em redes de escolas profissionalizantes por incentivo dos governos federais, estaduais e também contaram com a participação da Igreja Católica e de associações de trabalhadores. Neste momento, o público alvo destas escolas não era somente os pobres e desafortunados, mas sim todos os que pertencessem às classes populares.

Foi no mandato do então Presidente Nilo Peçanha, que uma medida iria transformar as escolas de aprendizes em um único sistema de ensino, através do decreto 7.566 onde ele criou 19 escolas, uma em cada estado. Estas escolas possuíam currículos e metodologias próprias, e sempre de acordo com a necessidade do parque industrial do estado onde estava inserida, dando origem assim à rede federal que mais tarde se tornariam os CEFET’S de hoje.

Segundo Manfredi, a localização das escolas obedecia a um critério mais político do que econômico.

“As escolas constituíam eficiente mecanismo de” presença “e de barganha política do governo federal, nos Estados e junto às oligarquias locais”.(Ibidem, p.83)

Uma das iniciativas republicanas, de fachada, foi a mudança do nome do Asilo de menores desvalidos para Instituto Profissional João Alfredo, com o intuito de retardar a entrada de menores na força de trabalho (política educacional positivista). Este Instituto foi à peça chave na implantação das reformas educacionais de Fernando de Azevedo e de Anísio Teixeira, sendo estas, a primeira tentativa de superação da reprodução escolar entre o trabalho manual e o trabalho intelectual. Contudo, nenhuma das duas reformas teve sucesso, pois a primeira (Fernando) foi embargada pela segunda (Anísio) por razões sociais e pedagógicas e esta (Anísio) sendo embargada pelo golpe político.

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Nos seus trinta e três anos de existência, as escolas de aprendizes tiveram 141 mil alunos, mas se revelaram distantes da realidade, pois muitas não possuíam oficinas para o desenvolvimento na área industrial.

O regime federativo redesenha o funcionamento dos Liceus, fazendo com que se tornassem as primeiras escolas profissionalizantes no ensino das artes indústrias, ministrado somente para homens, e os cursos de economia e prendas manuais para as mulheres. Os cursos oferecidos aos homens eram de mecânica, eletricidade, pintura, marcenaria e os oferecidos às mulheres eram os de rendas, bordados, confecções de flores e chapéus. Com o passar dos anos essa rede foi expandida de três formas: a educação profissional primária, que se preocupava com a parte da descoberta vocacional, a escola secundária profissional e o instituto Profissional, com hierarquias bem definidas. A melhor destas escolas era a do Estado de São Paulo, devido à articulação que fez com a escola técnica da região, proporcionando aos alunos aprendizado ligado diretamente à produção.

Devido ao grande repercussão dessa idéia, os alunos foram muito requisitados, mesmo antes de se formarem, e por este motivo às empresas privadas e estatais resolveram investir. O primeiro investimento foi na criação da escola Profissionalizante de Mecânica, depois vieram outros como o Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP), SENAI e também alguns outros ligados aos sindicatos, como o Curso Prático de Línguas e Contabilidade, fundados pelos funcionários de bancos.

Não podemos deixar de mencionar e de destacar o sistema construído pelos Salesianos, pois sua obra pretendia formar trabalhadores visando neutralizar a influência anarquista e comunista. Mas acabou por se adequar às características da formação sociocultural brasileira que era a de atender as classes dominantes, privilegiando o ensino secundário, o que contrariava as idéias do seu fundador.

Já no âmbito do movimento dos trabalhadores, as propostas educativas eram de grupos anarquistas onde estes consideravam a educação como veículo de conscientização e de formação de novas mentalidades.

Como podemos ver, este período foi marcado por grandes transformações na área de educação e conseqüentemente na área social. Visando a formação profissional para o mercado de trabalho de forma hegemônica devido à aquisição de uma racionalidade técnica em função do predomínio da organização científica do trabalho.

1.4 - O ensino profissional no Estado Novo.

Marcado pela separação do trabalho manual e intelectual, este período ressalta uma sintonia entre a divisão social do trabalho e a estrutura escolar, onde o ensino secundário era destinado às elites e o ensino médio as classes menos favorecidas.

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Por se tratar de um período onde a ditadura imperava e a sociedade civil não podia mais expor suas idéias, o governo então resolveu atrair as massas populares para o seu lado, através da criação de Leis e de sindicatos que iriam beneficiar os trabalhadores, mas também a ele, troca de favores, defendendo assim os interesses da elite. As diferenças entre o Estado e os setores privados geram uma disputa pela hegemonia ideológica, pela legislação e pela política educacional, o que favorece a criação do Sistema “S”, SENAI (1942) e SENAC (1943), que é gerido pelos sindicatos patronais.

Em 1942, Capanema, por razões econômicas e ideológicas, redefiniu os currículos entre os cursos, ramos, ciclos e graus, centrando-se na reformulação do ensino regular, onde o ensino médio e separado do ensino profissionalizante, e torna-se preparatório para o ensino superior, passando a seguinte configuração: ensino primário – duração de 4 a 5 anos, destinado acrianças de 7 a 12 anos; ensino médio para jovens a partir de 12 anos e que compreende cinco ramos sendo eles: preparatório para o ensino superior, para o setor agrícola, para o setor industrial,setor de produção e da burocracia, setor comercial e para formação de professores, estando o primeiro fora deste módulos, pois o ensino secundário era próprio para formar dirigentes( preparatório para o superior). Todos os demais ramos tinham que cumprir os dois ciclos, ou seja, não podiam pular etapas. Conforme explica o quadro do anexo um.

Podemos ressaltar que a única etapa que permaneceu igual foi a do ensino superior, com a mesma estrutura desde 1931. Antes dessa reforma não havia a possibilidade dos concluintes dos cursos técnicos passarem ao nível superior, mas, contudo, após ela, os mesmos só poderiam ingressar em cursos ligados diretamente a sua formação de origem, ou seja, na mesma área.

Essa diferenciação e distinção de classes sociais permaneceram por 16 anos, mesmo após a queda do Estado Novo, e apesar da ampla luta de correntes de opiniões favoráveis a uma escola secundária unificada.

1.5 – Tempos de redemocratização (1945/1990)

Nesta nova fase o governo não mudou muito, pois o Estado continua sendo o protagonista dos planos, projetos e programas de investimentos, responsáveis por mecanismos legais e estruturas formativas que foram consolidar as concepções e práticas dualistas. De um lado a educação escolar acadêmico-generalista, onde os alunos tinham acesso a um conjunto básico de conhecimentos cada vez mais amplos, e do outro, a educação profissional, onde os alunos obtinham um conjunto de informações pertinentes ao seu ofício, sem, contudo, lhes preparar para prosseguir os seus estudos.

Sistema S – rede de educação profissional para estatal organizada e gerenciada pelos órgãos sindicais de representação empresarial. SENAI/SESI/SENAC/SESC/SENAR/SENAT/SEST

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Mesmo após a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1961, a dualidade resistiria, embora garantindo maior flexibilidade. Conforme podemos notar no anexo dois.

As instituições do sistema “S” (principalmente o SENAI) foram mantidas pelos governos militares com o intuito de dar prosseguimento as estratégias de desenvolvimento dos grandes projetos nacionais, e para isso havia a necessidade do desenvolvimento de mão de obra qualificada, para dar continuidade ou iniciar projetos como a construção do pólo petroquímico do Rio Grande do Sul, a exploração e produção de petróleo em Campos, Bahia e Sergipe, a construção das hidrelétricas de Itaipu e etc., fazendo ressurgir, segundo Manfredi, o Programa Intensivo de Formação de Mão de Obra.

“O PIPMO foi criado no governo João Goulart pelo decreto 53.324/ 1963 para treinamento acelerado, de modo que fossem supridos de força de trabalho os diversos setores da economia”.(Ibidem, p.26).

Estes cursos eram de curta duração, de conteúdo reduzido, prático e estritamente operacional. Por causa desse “boom” da era tecnicista, o governo concedeu incentivo fiscal às empresas que desenvolvessem os seus projetos de formação profissional, através da Lei 6.297/57, possibilitando com que elas empresas deduzirem os gastos dos lucros tributáveis no Imposto de Renda, porém estas tinham que estar cadastradas no Ministério do Trabalho. Tais incentivos foram suspensos por medida provisória no governo de Fernando Collor.

Através da Lei 5.692/71, o ensino secundário foi equiparado ao ensino técnico, transformando o modelo humanístico/científico em científico/tecnológico, com o intuito de fazer o país participar da economia internacional, delegando assim, ao sistema educacional a responsabilidade de preparar os jovens/adultos para o mercado de trabalho.

O anexo três nos mostra que apesar da tentativa de transformar todo o ensino de 2º grau, através de articulação entre a educação geral e a formação profissionalizante, em paralelo, não vingou e com isso esta Lei, foi sofrendo diversas modificações. Em 1982, a Lei 7.044, a qual mantinha a antiga distinção entre formação geral(básico) e o ensino profissionalizante, fundamentadas através dos pareceres 45/72 e 76/75, fez com que retornasse a velha dualidade , só que agora sem constrangimentos legais.

Não podemos deixar de notar que, devido a essas diversas mudanças, o ensino médio ficou mais precário e tornou o ensino técnico estadual completamente desestruturado, sobrevivendo apenas às escolas técnicas federais, pois possuíam relativa autonomia.

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Do ponto de vista de vários educadores do ensino profissionalizante, o caráter produtivo da escola brasileira não é estranho ao modelo fordista (Henry Ford) de produção capitalista.

Nos anos 90, nas duas gestões de FHC, surgem novas demandas, como a idéia de reestruturação do ensino médio e profissionalizante, em todas as suas fases, fazendo frente a uma reestrutura produtiva, da ampliação dos direitos sociais e da internacionalização da economia. As reformas feitas foram frutos de um processo histórico de disputas político-ideológico.

Mas a reforma aprovada tem como objetivo principal à melhoria da oferta educacional e sua adequação as demandas econômicas e sociais de uma sociedade globalizada, com novos padrões de produtividade e competitividade, a fim de acompanhar o avanço tecnológico e de atender de maneira satisfatória o mercado de trabalho.

Nesta nova proposta o ensino médio é voltado para o desenvolvimento para cidadania e para o trabalho, ou seja, para a vida, e a educação profissionalizante para o desenvolvimento de aptidões para á vida produtiva, ou seja, especialização e aperfeiçoamento dos conhecimentos tecnológicos, de caráter complementar, e destina-se a alunos do ensino fundamental, médio e superior, bem como trabalhadores em geral, jovens e adultos.

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2- A trajetória da orientação educacional no Brasil

A profissão de Orientador educacional vem sendo desenvolvida há algum tempo, tendo surgido nos Estados Unidos por volta de 1895, em São Francisco, e 1898 através de Frank Parson em Boston com o objetivo de orientar os estudantes na escolha de um trabalho, objetivamente como orientação profissional.

Com o advento da industrialização, torna-se necessário preparar a mão de obra para o mercado de trabalho, tornando-a especializada. Neste período o objetivo da orientação educacional era a seleção para o treinamento profissional, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico existente, adequando os estudantes as profissões existentes na época.

No Brasil, o conceito de orientação era importado e estava vinculado a cinco períodos marcantes. O primeiro dito Implementador era nitidamente vocacional, tendo durado de 1920 até 1940. Onde se destaca o Liceu de Artes e Ofícios que desenvolvia o serviço de orientação profissional aos alunos de mecânica e também não podemos deixar de citar o Sr. Lourenço Filho, diretor do departamento de educação do Estado de São Paulo nesta época, que tornou oficial o serviço de orientação educacional e profissional com o objetivo de conhecer melhor os alunos em suas inclinações, fazendo-os conhecer o mundo das profissões e as escolas, aconselhando-os na escolha justa, tanto da escola como da carreira, promovendo a inserção destes no mundo do trabalho ou em cursos.

Esta obrigatoriedade se deu primeiro no Ensino Industrial (Decreto Lei 4073 de 42), depois para o ensino secundário (Decreto Lei 4244 de 42) e posteriormente aos ensinos Comercial e Agrícola (Decretos Lei 9614 de 43 e 9693 de 46).Período Institucional.

Neste contexto, o papel do orientador educacional era apoiado em um referencial basicamente psicológico, cabendo ao Orientador desvendar as aptidões naturais de cada um, independente da sua classe social. Neste período, não se preocupava com a formação da personalidade do aluno em função dos princípios morais e religiosos, e com a sua adequação a profissão, buscava-se o desenvolvimento integral, visando o ajustamento pessoal, social e escolar.

Na década de 30/40, no governo Vargas, o debate educacional perde força, onde a classe média e o proletariado se juntam em torno de um projeto nacional desenvolvimentista visando à industrialização do país, onde as atividades de orientação eram marcadas por um cunho assistencialista. (Período Institucional Funcional).

No período Institucional Instrumental a orientação educacional toma um vulto preventivo, onde se pretende estender a orientação a todos os alunos da escola na busca

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de prevenir os desajustes e os comportamentos insatisfatórios. Este período durou até os anos 60, centrando em suas estratégias, as sessões coletivas através da aplicação de técnicas de dinâmicas de grupo, a fim de discutirem os problemas de liderança, relacionamentos e etc. Esta fase se caracterizou por lutas entre teses liberais e desenvolvimentistas.

Nos anos 60, preocupava-se em transformar a orientação educacional em uma “orientação” necessária a realidade brasileira, sendo denominado assim, o Período Transformador, criando-se então a profissão de Orientador Educacional, sistematizada pela LDB de 1961, reafirmando e estabelecendo normas para a formação desse profissional, e tornando-o obrigatório nas escolas, e sendo inserida no contexto social respaldada pelo Decreto Lei 72846/73 que regulamenta a Lei 5564/68.

Em meados dos anos 70 surgem várias correntes ou concepções de Orientação Educacional, e é nesta época que surgem alguns escritos sobre a orientação, onde se propunha um papel de mobilizador e estimulador de mudanças, agindo como especialista em relações interpessoais. (Período Disciplinador)

Em 80, uma fase dita questionadora, os orientadores buscam um novo papel, insatisfeitos com o papel que lhes foi destinado, pois os mesmos se vêem como educadores, e começam a se perceber no contexto buscando novos caminhos. Nesta época realizam-se simpósios, congressos com representantes da classe e alguns autores ganham destaque, além do surgimento de mestrado na área.

Esta fase questionadora durou mais de 30 anos, gerando preocupação nos orientadores educacionais em face da definição de suas funções no cenário da educação brasileira.

“Somente aquele que se preocupa com atualizar-se num processo de formação continuada estará em condições de enfrentar os desafios profissionais e pessoais que o futuro nos prepara. Daí a importância de” aprender a aprender.”(Alzina,2005,p95)

A partir de 15 de maio de 2006, uma nova era se abre aos pedagogos com a resolução CNE/CP nº 1, que instituiu as diretrizes curriculares nacionais para a graduação em Pedagogia. Ao orientador se apresenta o desafio de colaborar nas mudanças educativas que se processam atualmente.

Segundo Alzina, toda profissão social encontra-se num permanente processo de redefinição e reestruturação em face ao que vai se produzindo na sociedade.

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2.1 - O papel do orientador no processo de escolha.

Qual o papel do orientador no processo de escolha? Este deve ser de auxiliar os jovens de maneira que este possa superar as suas angustias para então fazer a melhor escolha naquele momento, pois não existe uma escolha correta. Devido às diversas mudanças econômicas e sociais ocorridas no país nas últimas décadas como o crescente desemprego, a necessidade de recolocação no mercado, a extinção de algumas profissões e o surgimento de outras, assim como os avanços tecnológicos, tornou-se necessário a reformulação e a ampliação dos conceitos sobre o trabalho dos orientadores.

A falta de amadurecimento por parte dos jovens, que hoje em dia chegam às portas das universidades cada vez mais cedo, é em parte culpa das escolas, pois não preparam o aluno como deveriam, ou seja, não ensina ao aluno a se conhecer e a conhecer a vida do mundo do trabalho e a ter uma avaliação crítica das coisas. As escolas continuam sendo muito teóricas, inclusive as universidades, preocupadas apenas em ensinar conhecimento mais do que comportamento, e a conseqüência é o abandono do curso superior ou a troca de curso várias vezes.

A família tem um papel crucial neste processo, pois influenciam, mesmo que indiretamente, no processo de escolha. Os pais às vezes discriminam uma ou super valorizam outras profissões, o que não deveria acontecer se buscassem maiores informações sobre as varias opções existentes hoje dia.

A escolha errada pode trazer conseqüências desastrosas aos jovens, e é por este motivo que muitos ao concluírem o ensino médio param de estudar e ingressam no mercado de trabalho, geralmente em lojas de shoppings, alguns não têm opção, pois não possuem condições financeiras para prosseguirem e outros simplesmente não sabem o que querem fazer, daí a importância de um orientador.

Cursar uma faculdade e se formar não quer dizer que estarão preparados para o mercado de trabalho. Atualmente, mais da metade dos profissionais inseridos no mercado de trabalho estão insatisfeitos com suas carreiras e buscam uma nova, ou por imposição do mercado, ou por não estarem felizes com o que fazem. Por este motivo há uma crescente procura pela re-orientação profissional, principalmente entre a faixa etária de 35 a 45 anos, é o chamado “coaching”. Este re-trabalho não poderia ser evitado, se lá atrás, não tivesse havido pressão para se continuar a estudar?

O orientador hoje possui um trabalho muito mais abrangente pedagogicamente falando. Ele é hoje um mediador junto aos demais profissionais envolvidos com a educação, dentro de uma escola, são mais participativos e comprometidos com a formação da cidadania dos alunos, dando um enfoque mais coletivo sem perder de vista que este coletivo e composto por pessoas que agem e pensam, tornando assim o trabalho

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integrado (escola, família e sociedade), onde todos estão comprometidos com o processo e com os resultados.

“O trabalho do orientador Educacional diz respeito ao cotidiano escolar que, por sua vez, deve estar relacionado com o movimento da sociedade local e mundial. Ele procura explicitar as contradições, a partir de uma realidade concreta, provendo as articulações necessárias, as mediações possíveis para que possamos ter uma educação mais justa, mais solidária e democrática”.(Grinspun, 2006, p.34)

Orientando-lhes através de estratégias motivacionais ou testes psicológicos onde o jovem será capaz de chegar a uma decisão autônoma, e instrumentá-lo a desenvolver as habilidades, atitudes e os conhecimentos inerentes a sua escolha, seja ela continuar os seus estudos em uma universidade, cursar um técnico ou simplesmente começar a trabalhar com o intuito de amadurecer para então escolher com maior segurança.

Por este motivo é que o orientador educacional é crucial e relevante dentro das escolas, pois cabe a ele acolher esses jovens em suas inquietações, avaliar as suas características pessoais e auxiliá-los para que eles obtenham conhecimentos sobre os seus interesses, seus valores e suas habilidades, ou seja, facilitar todo o doloroso processo de escolha, pois apesar de se preocuparem com ele somente no ensino médio, a escolha profissional não é um acontecimento isolado num determinado momento da vida. Ele se processa ao longo da vida.

2.2 – A importância do orientador educacional/profissional face às questões do trabalho.

A orientação educacional face às questões do trabalho de apropriar-se das experiências de vida e de trabalho que os alunos trazem para a escola, buscando novas estratégias com o objetivo de unir ou mesclar a teoria (disciplinas estudadas) com a prática. Para que dessa forma estes possam construir uma consciência crítica, política e social no aluno quanto á sua realidade.

Esta deve possibilitar aos alunos/trabalhadores/cidadãos o acesso aos conhecimentos, através dos princípios teóricos e metodológicos construídos socialmente pelos homens, refletindo e esclarecendo os conceitos sobre educação, trabalho, qualificação profissional, preparação para o trabalho, orientação educacional e vocacional e orientação para o trabalho. Verificar também as possibilidades de transformação para se concretizar uma proposta pedagógica que privilegie o trabalho, discutindo questões a respeito dos direitos e deveres dos trabalhadores, suas lutas e conquistas assim como as novas concepções de trabalho no mundo atual e como se manter no mercado em um mundo cada vez mais exigente.

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“... abrir espaço e tempo á compreensão das relações entre conhecimento real e o currículo concreto e as novas tecnologias e novos conhecimentos existentes na sociedade - a informação sobre tudo isso que circula como circula e a favor de quem circula”.(ibidem, p.176).

A ideologia do dom que marcou durante décadas a ação dos orientadores, no mundo atual, passa a ter outra noção. Hoje esta se centra no desenvolvimento de carreiras, entendida como a seqüência de papeis que todas as pessoas passam ao longo da vida.

Segundo Grinspun(2006), a educação tem que estar envolvida com três áreas do conhecimento do mundo atual, que são: conhecimento social – onde a globalização e a revolução tecnológica caracteriza um novo tempo onde temos que viver e enfrentar; o conhecimento pedagógico – onde o conhecimento a ser transmitido, através de conteúdos ou disciplinas, não devem estar preso naquilo que achamos ser valioso e precioso, mas sim em novos conhecimentos trazidos pela interdisciplinaridade dos saberes e dos saberes/fazeres; e no conhecimento pessoal – onde o conhecimento do sujeito enquanto pessoa pode contribuir para uma efetiva participação do eu no contexto social.

Além dessas áreas, a educação tem que buscar a questão do trabalho, pelo que se entende por trabalho hoje em dia, como competitividade, competências e habilidades.

Que tipo de formação daremos hoje ao homem que atuará hoje e amanhã no mundo.

Com a educação voltada para qualificação profissional ao nível médio, certamente a distancia existente entre o que se aprende na escola e o que o mercado exige, seria parcialmente extinto, não o sendo totalmente, devido aos rápidos avanços tecnológicos que exigiria uma adaptação constante das escolas, mas possibilitaria aos jovens e adultos uma inserção no mercado de trabalho com um pouco mais de preparo.

Grinspun diz que devemos buscar uma educação que favoreça a articulação entre o conhecimento e a vida. Uma educação que valorize a cultura, que respeite os espaços e os tempos, que busque conhecer o aluno como pessoa, que promova as reações pedagógicas, será assim uma educação não formativa, mas formativa. Para esse movimento, a Orientação Educacional poderá ser um dos caminhos que ajudarão tal travessia.

“As mudanças ocorridas nestas últimas décadas nos campos políticos e econômicos decorrentes da globalização econômica provaram certo consenso entre governantes e instituições multilaterais (BIRD,BID,CEPAL,OIT) acerca da necessária implementação de mudanças no sistema educacional, de forma a adequá-los á nova realidade.”(Kuenzer,1988)

________________________________________________________________________________

BIRD – Banco Internacional para reconstrução e desenvolvimento / BID – Banco Interamericano de desenvolvimento / CEPAL- Comissão econômica para America Latina/ OIT – Organização Internacional do Trabalho

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3 – Propostas de educação profissional existente e suas divergências.

Movidos por ideais políticos-ideologicos distintos, diferentes grupos sociais tem sido protagonistas de iniciativas na área de educação profissional, contudo sempre houve divergências entre eles.

A reforma do ensino médio e profissional instituída aproxima-nos mais do interesses dos empresários e das recomendações dos órgãos internacionais do que das ambições democráticas defendidas pela sociedade civil, pois o ensino médio profissional custa mais caro ao governo e não é recomendado pelo Banco Mundial.

“...o Banco Mundial tem recomendado que se priorize o ensino fundamental, deixando de investir em educação profissional especializada e de elevado custo como estratégia de racionalização financeira com vistas ao atingimento das metas de ajuste fiscal...”(Banco Mundial,1995).

Segundo Kuenzer(1999) a separação entre essas duas modalidades de ensino repõe a dualidade estrutural, não reconhecendo a educação básica como fundamental para a formação científico-tecnologica sólida dos trabalhadores, que é exigida por uma demanda de desenvolvimento das forças produtivas, contrariando uma tendência mundial.

Contudo podemos notar no âmbito de nossa sociedade, vários setores, principalmente o Terceiro setor e as associações sindicais de maior expressão em nosso país, com a preocupação de desenvolver projetos na área de educação que irão amenizar o distanciamento ou mesmo a falta de uma educação voltada para o desenvolvimento social e profissional de seus trabalhadores jovens/adultos.

3.1 – Educação Profissional em entidades da sociedade civil

Quando falamos de entidades da sociedade civil estamos retratando as que se sobressaem, e que por um viés claro, desenvolvem o que seria dever do Estado fazer. Como é o caso de diversas Ong’s instituídas em nosso território co o objetivo de prestar serviços ao público como saúde, educação, cultura, habitação, direitos civis etc. Além destas destacam-se associações religiosas, sindicatos e movimentos populares.

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“As ong’s, diferentemente das organizações representadas do tipo sindicatos, associações comunitárias e movimentos sociais, não falam nem agem em nome de terceiros. Seu valor e legitimidade advêm dos serviços que elas oferecem”(Manfredi,2002, p.211 apud Ferreira,2000,p.43)

Segundo Manfredi, as Ong’s surgiram na década de 70/80, período de ditadura militar, na forma de auto-organização de cidadãos, com o intuito de atenderem as necessidades do povo, e por atuarem nesta esfera, dita pública, fizeram surgir então outro setor de atividade econômica, o chamado Terceiro setor.

Hoje em dia, o terceiro setor e constituído por diversas organizações como fundações, Ong’s, associações comunitárias, comissão de defesa do consumidor e outras. Algumas destas organizações são destaque por desenvolverem ações na área educacional priorizando a educação com qualidade, como é o caso do Instituto Ayrton Senna, Fundação Bradesco, Fundação Itaú, e outras que desenvolvem projetos no campo das artes, comunicação/expressão, cinema, TV, teatro, saúde, como UNICEF, ONU, Fundação Roberto Marinho etc.

As atividades destas organizações são destinadas a grupos sociais com pouca ou nenhuma oportunidade de acesso aos programas oficiais e convencionais de formação profissional. No anexo quatro poderemos verificar algumas destas e seus currículos.

Outro destaque e o projeto AXÉ, que nasceu em 1990 na Bahia por iniciativa de Cesare de Florio La Rocca, que através da junção de recursos humanos e financeiros iniciou o projeto articulado ao movimento Nacional de meninos e meninas de rua com o intuito de defender os direitos e preservar a cidadania das crianças e adolescentes brasileiros, o que culminou no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Atualmente o Projeto Axé é uma ONG reconhecida nacionalmente e internacionalmente por sua ação na área da educação, com uma proposta político-pedagógica que se opõe ao assistencialismo e ao voluntariado, pois defende que esses profissionais têm que ser bem remunerados e engajados em um processo de formação contínua, construindo novas histórias através do que já foi ensinado, através das manifestações artísticas e da cultura local, da ética e dos direitos humanos.

As convicções e os pressupostos do projeto foram inspirados nas muitas idéias de Paulo Freire; institucionalmente o AXÉ incorpora a psicanálise como um de seus referenciais teóricos pautados na escuta e no diálogo.

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3.2 – Educação Profissional nas organizações trabalhadoras.

As principais iniciativas de educação profissional no âmbito das organizações de trabalhadores datam dos anos 20 e estas foram se modificando e se expandindo a partir dos anos 90.

Nestas organizações as ações não são restritas a área educacional-pedagógica, mas podemos destacar uma famosa escola proletária mantida pelo Departamento de Cultura da UTG de São Paulo, que teve como mestres ilustres intelectuais como Aziz Simão e Raquel de Queiroz. Nesta escola era oferecida a educação supletiva ou como na época era chamado “curso madureza” (ensino de 1ª a 4ª série – década de 30).

A partir dos anos 50 os sindicatos tiveram a iniciativa de criarem escolas regulares de 1º grau, técnicas de nível ginasial, cursos noturnos supletivos de alfabetização, tendo sido criado cursos inclusive para mulheres. Isso tudo sendo desenvolvido, através do pagamento do imposto sindical, que era destinado principalmente as atividades assistenciais e educacionais.

Entre 1962 a 1974 no Estado de São Paulo, sobressaíram-se os cursos profissionalizantes de curta duração e os cursos especiais, pois a sua grande maioria era realizada em convenio com entidades oficiais como SENAI, SESC, SESI, onde os sindicatos sediam o espaço físico e a infra-estrutura administrativa e as entidades oficiais os professores e o material pedagógico. Neste momento proliferavam-se os cursos supletivos e 1º e 2º grau, servindo de verdadeiros refúgios dos militantes de esquerda.

Manfredi(2002) diz que “somente o trabalhador tecnicamente à altura é capaz de se livrar da degradação imposta pelos processos modernos de produção”e que a educação profissional no âmbito das associações de trabalhadores varia ao longo do século, procurando manter o saber técnico, que era a bandeira no movimento operário brasileiro, contra a crescente desqualificação e expropriação do saber.

O saber técnico sempre teve relevância para os trabalhadores, tanto no plano individual como no coletivo, principalmente nos períodos de grandes transformações, onde estes têm que enfrentar os grandes desafios decorrentes da globalização da economia capitalista.

Nas décadas de 80/90 podermos verificar três tipos distintos de iniciativas, a primeira delas, que não se diferencia da atual estrutura, isto é, cursos regulares com convênios com o sistema S e entidades assistenciais; a segunda autônoma em relação as estrutura, ou seja, de acordo com os objetivos e o público subdividindo-se em seis partes, sendo elas: a) curós de formação continuada para trabalhadores e empregados com o objetivo de capacitá-los para novas qualificações; b) formação para os trabalhadores desempregados; c) cursos técnicos regulares para jovens em idade

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escolar; d) curós de formação profissional intensivo destinado a população adulta de baixa renda; e) cursos de alfabetização para jovens e adultos e f) cursos de formação profissional voltado para as necessidades da própria organização como por exemplo programas de cooperativas do MST( Movimento dos Sem Terra) e da Contag(Confederação Nacional dos trabalhadores na agricultura). E a terceira inclui as escolas idealizadas para atender os princípios político-culturais que fazem parte da vida dos trabalhadores, sofrendo reestruturas e inovações curriculares e metodológicas e também na sua forma de gestão. Estas escolas integram o Conselho das Escolas dos trabalhadores, que surgiram a partir d 1989.

Segundo Manfredi(2002), nos anos 90 houve um aumento significativo da participação das entidades sindicais como agentes formadores. Atualmente as principais delas são a Central Única dos Trabalhadores, a Força Sindical e a Comando Geral dos Trabalhadores (CUT/FS/CGT).

A CUT é uma das maiores forças sindicais do nosso país e possue vasta gama de programas na área de educação, tanto regular como profissional, em andamento. Este grupo sempre teve como prioridade às discussões e reflexões sobre o tema ‘educação e trabalho’, dando sempre ênfase na questão da formação profissional em nível médio, ou seja, formação integral do trabalhador.

“O projeto Nacional de Educação Profissional da CUT toma a educação como direito inalienável como condição necessária não apenas para a participação ativa do trabalhador nas políticas de geração de trabalho e renda, mas também para pleno exercício da cidadania, articulando assim o projeto de democratização do Estado e um projeto de desenvolvimento

sustentável”.(ibidem, p.254)

De acordo com as pesquisas feitas por Manfredi em documentos oficiais dos congressos nesta organização, podemos verificar eixos do projeto de educação profissional, sendo eles:

Quanto à natureza deste projeto – este tem por objetivo contribuir para formação de trabalhadores tecnicamente competentes e politicamente comprometidos com a luta pela transformação da sociedade (7ª plenária, 1995), contrapondo-se a concepção de ensino profissional tido como um tipo destinado aos “fracassados” da escola regular e também se recusa a visão da escola regular como propiciadora de um ensino generalista, teórico, desvinculada e acima das questões práticas da realidade do trabalho.

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“as necessidades sociais por educação transcendem o âmbito da escolaridade formal e exigem a adoção de políticas que respondam às demandas gerais dos trabalhadores por profissionalização e que toda formação profissional deve estar associada a uma política de emprego.”(ibidem,p.256)

“as iniciativas de formação ou requalificação profissional devem estar vinculadas à garantia do emprego e à ampliação de sua oferta, devendo garantir a educação do nível cultural, científico e tecnológico dos trabalhadores.”(ibidem,p.256)

O projeto da CUT nos mostra que o “trabalho” não é mais visto como Socrátes disse “algo degradante” e sim como um processo fundador da existência humana, ou seja, a aprendizagem dos sujeitos humanos entre as experiências vividas, percebidas e concebidas e o conhecimento historicamente acumulado para se tornar um ser social e cultural completo.

Na Força Sindical um dos sindicatos com maior tradição na área de educação profissional e o sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e o Guarulhos, por manterem centros de formação mais estruturados e atuantes.

O projeto que norteia a FS e a modernização da sociedade capitalista, baseada na livre concorrência do mercado, na competição, na prosperidade e n participação, valorizando acima de tudo a educação como veículo de transformação visando assegurar a empregabilidade.

“o ingresso, a permanência e o reingresso dos trabalhadores no mercado de trabalho, é necessário garantir a elaboração, implantação e execução de uma política pública de educação profissional vinculada a políticas de emprego e a políticas regionais de desenvolvimento – regionais e setoriais.” (ibidem,p.269)

Segundo Manfredi, a Força Sindical enfatiza a importância da integração entre

os sistemas produtivos e educacionais e, de incluir essa integração, nos processos de

negociações entre patrões e empregados e na participação dos trabalhadores na

formulação e gestão das políticas públicas de formação e criação de empregos.

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No âmbito da CGT as idéias não são muito diferentes apesar de furtar-se ao

debate ideológico. E as noções de empregabilidade, competitividade e cidadania

passam a ser as adjetivações mais utilizadas para justificar a importância e a

centralidade de seus propósitos e projetos educacionais.

3.3 – Consenso e divergências

Através de analise das concepções e propostas dos três centrais podemos verificar

alguns pontos de consenso e de divergências.

No que diz respeito ao papel da educação a CUT diz que é um direito social e um

dever do Estado, assim como as demais (FS e CGT), mas a CGT salienta a educação

como um mecanismo de promoção da modernidade e de justiça social e a FS defende a

democratização ao acesso a formação e a informação de modo que se promova a

equidade social.

As três defendem a articulação entre a educação básica e a formação profissional e

destas com as políticas públicas, reivindicando maior participação na elaboração e

gestão desta última, além de mudanças no que tange a educação profissionalizante.

Estas também defendem a universalização da escola pública, gratuita e de qualidade,

com a diferença de que a CUT é a favor de uma escola laica e unitária. Já no tocante da

formação geral e da profissional a CUT e a CGT defendem sua integração e a criação de

novos espaços para sua realização.

As experiências destas três centrais têm possibilitado a formulação de propostas

pedagógicas diferentes, inovadoras tanto nas questões curriculares e teórico-

metodológicas como nas buscam por parcerias, constituindo assim verdadeiros

laboratórios de inovação na área da educação de jovens e adultos.

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3.4 – Nova diretriz do MEC e suas conseqüências.

Segundo as novas diretrizes do MEC, fica clara a responsabilidade da escola e dos

professores de estruturar um programa de ensino dinâmico, que não esteja preso ao que

esta nos livros didáticos, mas sim um que esteja de acordo com as necessidades do

aluno e a sua realidade local.

Esta liberdade dada ao professor é certamente muito positiva, mas exige preparo,

isto é, formação continuada, e trabalho.

Em síntese de acordo com o MEC o ensino médio fica da seguinte forma:

- Ensino Fundamental + Ensino Médio = Educação Básica

• .O Ensino Médio tem identidade própria e deve conter no mínimo 2400 horas;

• .A Educação Profissional é complementar e não substitui a Educação Básica;

• .Uma mesma Instituição pode oferecer o seu Ensino Médio com ênfases

profissionais diferentes, ou optar por um currículo estritamente voltado somente

para o Ensino Médio;

• . A ênfase profissional não deve se concentrar apenas na parte diversificada dos

currículos. Ao contrário, ela deve permear todo o currículo; e

• . Nos currículos de Ensino Médio não pode haver disciplinas estritamente

profissionalizantes.

Segundo estudos realizados pela Fundação Getulio Vargas, os principais motivos

da evasão escolar são a falta de interesse e a necessidade de trabalhar.

O estudo mostra que 40,1% dos jovens entre 15 e 17 anos abandonam a escola por

desinteresse e que 271%, saem por razões de trabalho e renda. O estudo verificou ainda

que entre 10,9% dos jovens dessa faixa etária deixam de estudar por falta de acesso á

escola e que 21,7% por motivos diversos, entre eles a gravidez precoce. Entre 2004 e

2006 houve recuo do grupo que sai da escola por desinteresse de 45% para 40,1% e

crescente da evasão por trabalho ou busca de emprego, de 23% para 27,1%.

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No ano passado verificou-se que 14,1% dos jovens nesta faixa etária deixaram de

estudar, sendo mais alto o percentual nas regiões metropolitanas, como São Paulo-

18,7% e de Porto Alegre – 18,8%, e entre os jovens empregados – 28%, o que indica a

relação entre mercado e abandono escolar.

Os pesquisadores apontam algumas políticas publicas que poderiam aumentar o

interesse pela escola, como ampliar o ensino técnico-profissionalizante, promover a

inclusão digital nas escolas e conscientizar os adolescentes sobre os benefícios do

estudo.

O contraditório nesta proposta do MEC e o papel que ele da a cada um desses

segmentos. Enquanto que para o Ensino Médio ele atribui o papel central no

desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício da cidadania e a inserção

no mercado de trabalho, o ensino profissional fica apenas como preparatório para o

mercado de trabalho, ou seja, apenas complementar.

Mediante a esse fato os setores ligados às camadas populares, por uma necessidade

de sobrevivência, serão obrigados a realizar cursos de cunho profissional que os

habilite, de alguma forma, a concorrerem no mercado de trabalho.

Para Kuenzer, a dicotomia presente na educação brasileira estimulou para que as

propostas pedagógicas sejam caracterizadas, de um lado, por um acadecismo vazio onde

não se consegue incorporar os princípios elementares da ciência e, de outro por uma

profissionalização estreita onde, o muito que se consegue ensinar aos jovens é a

internalizarem a execução de algumas atividades sem o devido aprendizado.

“Um recuo no tempo permite vislumbrar que políticas contraditórias,

destinadas a orientar a organização e funcionamento do ensino médio, via de

regra não concretizam seus objetivos. Tais políticas concorrem, quase

sempre, para um quadro que preserva indefinidamente questões sobejamente

conhecidas e sempre retomadas, tais como a dualidade, a seletividade, o

elitismo, a indefinição, a crise de qualidade e o descompasso com as

exigências da contemporaneidade (Kuenzer,1988)

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A mesma autora defende um modelo de educação tecnológica que seja um

“campo fértil e privilegiado para a desejada integração entre a teoria e a prática, através

de sólida base humanística, científica e tecnológica” e rejeita a argumentação de que o

mesmo terá um custo alto e difícil de ser mantido pelo Estado. Este fato não dispensa a

realidade de que o ensino de cunho geral, de boa qualidade, necessita também de um

bom investimento, principalmente em laboratórios, bibliotecas, computadores e etc.

Reconhecendo isto, nota-se que a desarticulação entre o ensino de cunho geral e

profissional, para o nível médio no Brasil, pode representar o esvaziamento de cursos

que apresentam um ótimo desempenho no cenário educacional.

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Conclusão

Num mundo globalizado onde se exige cada vez mais dos jovens/adultos em

termos de competitividade e atualização tecnológica, o diferencial e a busca por um

modelo de formação voltado à constituição de um cidadão e de um trabalhador

comprometido com a construção de uma sociedade com maior igualdade social.

Deve-se observar que as fragilidades existentes nestes cursos, expressam-se em

duplo sentido. Por um lado, não fornecem a formação ideal que permita aos alunos

ingressarem, de imediato, no mercado de trabalho e, por outro, ao realizarem uma

formação de ensino geral, impossibilitam estes estudantes de competirem em condições

de igualdade por uma vaga nas melhores universidades, obrigatoriamente, públicas. Fica

claro, então, que a reforma implementada, ao invés de assegurar conquistas para estes

alunos, afirma, mais ainda, as contradições existentes.

No contexto educacional, a tendência cada vez mais crescente tem sido a de

focalizar o trabalho e as novas tecnologias. Realizam-se debates que discutem as formas

de flexibilização e modernização, e sua coexistência com antigos modelos de produção.

Como o orientador profissional pode auxiliar os jovens/adultos a lidar com a

simultaneidade entre as profundas mudanças no mundo do trabalho e o modelo ainda

tradicional na relação homem-trabalho?

A principal necessidade é a formação e capacitação do orientador profissional

para enfrentar os desafios atuais e futuros. Em seguida, a necessidade de realização de

pesquisas, desenvolver políticas públicas que tornem a orientação acessível a quem dela

necessite através da ampliação e universalização da Orientação Profissional nas escolas,

visando além dos estudantes de ensino médio, os demais níveis da educação, os

trabalhadores e os desempregados.

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Anexo 1

Fonte: Manfredi, 2002, p.100.

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Anexo 2

Fonte: Manfredi, 2002, p103.

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Anexo 3

Fonte: Manfredi, 2002, p.106.

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Anexo 4

Tendo como fundamento a vida e os ideais de Ayrton Senna, contribuir para a criação de condições e oportunidades para que todas as crianças e todos os adolescentes brasileiros possam desenvolver plenamente o seu potencial como pessoas, cidadãos e futuros profissionais". O Brasil é a 9ª potência econômica do mundo, embora se encontre entre os países com os maiores níveis de exclusão e desigualdade social: no ranking de Desenvolvimento Humano, ocupa o 70º lugar. Essa diferença entre o Brasil econômico e social aponta a necessidade primordial de trabalhar para o desenvolvimento humano das novas gerações. O Instituto Ayrton Senna acredita na transformação do país a partir da co-responsabilidade dos três setores - organismos governamentais, empresas e organizações da sociedade civil - para desenvolver políticas públicas que, atuando em escala, favoreçam a criança e o adolescente, interferindo positivamente nas suas realidades.

Projetos desenvolvidos:

Educação Formal

Acelera Brasil

Se liga

Circuito campeão

Gestão nota 10

Educação Complementar

Superação Jovem

Educação pela Arte

Educação pelo Esporte

Educação e Tecnologia

Escola conectada

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Comunidade conectada

Brinquedoteca

Recursos

Para cumprir sua missão, o Instituto conta com 100% dos royalties do licenciamento das marcas Senna, Senninha, Senninha Baby e imagem de Ayrton Senna, doados pela família do piloto, e o investimento de aliados socialmente responsáveis, que querem ajudar a mudar o cenário brasileiro. Conta, também, com parceiros e colaboradores que colocam seu tempo e sua expertise à disposição da causa infanto-juvenil. Isto é fruto da co-responsabilidade social que vem transformando a realidade de milhões de crianças e jovens.

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SOARES, Dulce Helena Penna, “A melhor escolha para o momento” entrevista publicada no jornal Hoje em Dia em 12/05/2002.Escrita por Christiane Machado.Material cedido pelo Professor Lindomar da Silva em sala de aula.

___________, “Vestibular um mal necessário” entrevista publicada no jornal Hoje em

Dia em 12/05/2002.Escrita por Christiane Machado. Material cedido pelo Professor

Lindomar da Silva em sala de aula.

____________,”Pais influenciam escolha dos filhos” entrevista publicada no jornal

Hoje em Dia em 12/05/2002.Escrita por Christiane Machado. Material cedido pelo

Professor Lindomar da Silva em sala de aula.

SOUSA, Silvia Godoy de. ”Processos de escolha e orientação Profissional: Uma

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