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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Gisele Moraes de Souza Leslie Figueiredo Rocha dos Reis A PERCEPÇÃO DA AUTOIMAGEM CORPORAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO PRIMEIRO ANO DO CURSO DE PSICOLOGIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM DE LINS NUMA PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA. LINS SP 2015

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Gisele Moraes de Souza

Leslie Figueiredo Rocha dos Reis

A PERCEPÇÃO DA AUTOIMAGEM CORPORAL

DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO

PRIMEIRO ANO DO CURSO DE PSICOLOGIA

DO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO

SALESIANO AUXILIUM DE LINS NUMA

PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA.

LINS – SP

2015

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GISELE MORAES DE SOUZA

LESLIE FIGUEIREDO ROCHA DOS REIS

A PERCEPÇÃO DA AUTOIMAGEM CORPORAL DE ESTUDANTES

UNIVERSITÁRIOS DO PRIMEIRO ANO DO CURSO DE PSICOLOGIA

DO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM DE

LINS NUMA PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob a orientação do(a) Prof. (ª) Me Ana Elisa Barbosa Silva de Carvalho e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2015

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Souza, Gisele Moraes de; Reis, Leslie Figueiredo Rocha dos

A percepção da autoimagem corporal de estudantes universitários do primeiro ano do Curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins numa perspectiva psicodramática / Gisele Moraes de Souza; Leslie Figueiredo Rocha dos Reis. – – Lins, 2015.

86p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2015.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni e Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho.

1. Imagem corporal. 2. Psicodrama. 3. Universitários. I

Título.

CDU 159.9

S715p

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GISELE MORAES DE SOUZA

LESLIE FIGUEIREDO ROCHA DOS REIS

A PERCEPÇÃO DA AUTOIMAGEM CORPORAL DE ESTUDANTES

UNIVERSITÁRIOS DO PRIMEIRO ANO DO CURSO DE PSICOLOGIA

DO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM DE

LINS NUMA PERSPECTIVA PSICODRAMÁTICA.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: _____/______/_____

Banca Examinadora:

Prof(a) Orientador(a): Ana Elisa Barbosa Silva de Carvalho

Titulação: Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie – São Paulo - SP

Assinatura: _________________________________

1º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

2º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

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Dedico este trabalho aos meus maiores incentivadores, meus pais, José Carlos

de Souza e Angela Maria de Moraes. Sem o apoio incondicional de vocês eu

dificilmente teria conseguido!

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter me dado forças para continuar e

por segurar na minha mão quando pensei em desistir. Agradeço à Deus por ter

me capacitado e sustentado sempre.

Agradeço meus pais por sonharem este sonho junto comigo, por acreditarem

em mim, por serem pacientes e amorosos. Não existem palavras que possam

expressar o quanto lhes sou grata.

Agradeço ao Centro Universitário Auxilium Salesiano de Lins e a todos os

excelentes professores com os quais tive contato durante minha formação,

todos deixaram em mim suas marcas de conhecimento e ensinamentos.

Agradeço também a orientadora deste trabalho, Ana Elisa Silva Barbosa de

Carvalho e orientadora técnica Jovira Maria Sarraceni.

Agradeço a companheira de TCC, Leslie e a todos os colegas de classe que

me foram caros e com os quais partilhei dores e alegrias durante estes cinco

anos.

Gisele Moraes de Souza

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Dedico a Deus-Pai e Senhor da minha vida, meu maior amor, pai soberano e

fiel em quem eu confio.

A meus pais, irmãos, filhos, sobrinhos, amigos que tanto me apoiaram,

torceram, oraram, acreditaram, muitas vezes mais do que eu mesma.

Ao pai dos meus filhos pela ajuda essencial que nesses anos me dispensou,

por sempre acreditar que a minha conquista fosse possível.

Aos meus professores tão especiais que dividiram seu rico conhecimento

comigo, pela paciência e acolhimento que esses anos todos me dedicaram.

AGRADECIMENTO

A Deus.

As palavras não alcançam tamanha felicidade por ter um Deus fiel que em

todos os momentos da minha vivência acadêmica esteve cuidando de mim,

mesmo quando pensei em desistir, ele sempre me fez enxergar que era

possível continuar e vencer.

Agradeço aos meus pais pela dedicação dispensada a mim e a meus filhos, por

não desistirem de mim, por acreditarem que o sonho fosse possível.

Agradeço aos meus amados e lindos filhos Jhony e Andrew, por lutarem

comigo, por sonharem o meu sonho, por acreditarem sempre muito em mim,

pelos reforços positivos dispensados a mim em todos os momentos, por me

carregarem tantas vezes no colo com o vosso amor.

Agradeço a minha amiga Vanessa Aguiar, por me emprestar o seu ouvido, seu

coração, seu carinho e fazer a diferença em minha vida.

Agradeço a minha amiga Jéssica Bazilio pelo carinho, amizade e apoio que

voluntariamente me dispensou.

Agradeço a meu irmão Welington por ser não só um irmão, mas um grande

companheiro e incentivador da minha vida.

Agradeço ao meu irmão Israel e minhas sobrinhas: Bruna, Letícia e Fernanda

pelo apoio afetivo e espiritual.

Agradeço ao Marcos pai dos meus filhos, que me ajudou e apoiou em minha

vida acadêmica, financeira, em seus cuidados práticos do meu dia-a-dia, e

também espiritual.

Agradeço a minha amiga incentivadora e coordenadora Ana Elisa por não

desistir de mim e por toda a ajuda e acolhimento a mim dispensada.

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Agradeço aos meus pastores, amigos e ajudadores Marcos Cintra e Patrícia

Cintra, a Carlos Duarte e Edna Duarte que me carregaram no colo

espiritualmente e que lutaram por minha família, e creram muitas vezes por

mim, quando eu já não acreditava mais.

Agradeço à minha Psicoterapeuta Viviane Martins, companheira de batalha,

por resgatar em mim a confiança perdida e me mostrar através de seu

acolhimento e profissionalismo que o amanhã é possível.

Agradeço ao meu professor querido, Maurício Ribeiro de Almeida por ter se

colocado como um referencial profissional e humano tão especial, por ter me

ajudado a enxergar sobre mim mesma coisas tão preciosas e caras.

Agradeço ao Oscar Xavier de Aguiar meu professor e pai “que emprestei da

vida”, pelo cuidado, pelos conselhos e por ser um exemplo de ser humano

nobre e acolhedor nesse mundo.

Agradeço aos meus professores queridos por tanto somarem em minha vida

com o vasto conhecimento, Aguinaldo José da Silva Gomes, Ana Elisa Silva

Barbosa de Carvalho, Ana Olímpia Junqueira S. Andrade, Elisete Peixoto de

Lima, Elizeth Germano Mattos, Gislaine Lima da Silva, José Alexandre

Curiacos de Almeida, José Ricardo Lopes Garcia, Jovira Maria Sarraceni, Luiz

Carlos de Oliveira, Maurício Ribeiro de Almeida, Oscar Xavier de Aguiar, Paulo

Sérgio Fernandes, Rodrigo Feliciano Caputo.

Agradeço ao reitor Pe. Jair e Mestre Herivelton e assistente social Gláucia e

Tiago, por me apoiarem e me ajudarem na conquista desse curso, por

compreenderem meu desejo e minha luta em me formar em psicologia.

Agradeço a minha companheira de TCC Gisele, que se tornou uma amiga na

qual desejo toda sorte de bênçãos, por não desistir da gente e por lutar e se

dedicar ao nosso sonho em comum.

Leslie Figueiredo Rocha dos Reis

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo identificar a autoimagem corporal de estudantes universitários do primeiro ano do curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, levando em consideração o pressuposto de que a vivência acadêmica provoca reformulações na identidade, o que refletirá na percepção que se tem do próprio corpo. Os dados foram coletados por meio do Questionário sobre Satisfação com a Imagem Corporal (adaptado e validado no Brasil por Leite e Ferreira, 2000) e interpretados à luz de um enfoque psicodramático. Verificou-se que 63,63% dos estudantes universitários do primeiro ano de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins estão satisfeitos com sua autoimagem corporal. Devido a discrepâncias encontradas na pesquisa e aparente satisfação com partes do corpo em detrimento de outras, concluiu-se que tal satisfação é parcial e que tais estudantes podem estar passando por alterações na identidade e autoimagem corporal. Palavras-chave: Imagem corporal. Psicodrama. Universitários.

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ABSTRACT

This study aimed to identify the body self-image of university students in the first year of Psychology of the Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, taking into account the assumption that the academic experience causes reformulations in identity, which reflects the perception that It has the body. Data were collected through the Questionnaire on Satisfaction with body image (adapted and validated in Brazil by Leite and Ferreira, 2000) and interpreted in the light of a psychodrama approach. It was found that 63.63 % of university students in the first year of Psychology of the Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins are satisfied with their body self-image. Due to discrepancies found in research and apparent satisfaction with body parts over others, it was concluded that such satisfaction is partial and that such students may be experiencing changes in identity and self-image body.

Keywords: Body image. Psychodrama. University.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Gosto do modo como apareço em fotografias............................ 50

Tabela 2: Tenho uma aparência tão boa quanto à maioria das pessoas.. 50

Tabela 3: Estou tentando mudar meu peso................................................ 51

Tabela 4: Gosto do que vejo quando me olho no espelho......................... 52

Tabela 5: Se eu pudesse, mudaria muitas coisas em minha aparência.... 52

Tabela 6: Estou satisfeito (a) com meu peso............................................. 53

Tabela 7: Gostaria que minha aparência fosse melhor.............................. 53

Tabela 8: Gostaria de ter uma aparência semelhante à de outras

pessoas.......................................................................................................

54

Tabela 9: Pessoas da minha idade gostam da minha aparência............... 55

Tabela 10: As outras pessoas acham que eu tenho boa aparência........... 55

Tabela 11: Sinto-me feliz com a minha aparência...................................... 56

Tabela 12: Sinto que meu peso está na medida certa para minha

altura...........................................................................................................

57

Tabela 13: Sinto vergonha da minha aparência......................................... 57

Tabela 14: Estar acima do peso me deprime............................................. 58

Tabela 15: Minha aparência contribui para que eu seja paquerado (a).... 58

Tabela 16: Acho que tenho um corpo bom................................................ 59

Tabela 17: Sinto-me tão bonito (a) quanto eu gostaria de ser................... 59

Tabela 18: Estou sempre preocupado (a) com o fato de poder estar

gordo (a).....................................................................................................

60

Tabela 19: Tenho orgulho do meu corpo................................................... 60

Tabela 20: Sou uma pessoa sem atrativos físicos.................................... 61

Tabela 21: Estou fazendo dieta atualmente.............................................. 61

Tabela 22: Frequentemente tento perder peso fazendo dietas drásticas

e radicais...................................................................................................

62

Tabela 23: Meu corpo é sexualmente atraente......................................... 62

Tabela 24: Gosto de minha aparência quando me olho no espelho........ 63

Tabela 25: Gosto das maneiras que as roupas caem em mim................. 63

Tabela 26: IMC (Índice de Massa Corporal).............................................. 64

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DSM V: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.......... 36

BES - Body-Esteem Scale: Escala de Estima Corporal............................ 46

ESSC: Escala Situacional de Satisfação Corporal.................................... 45

IMC: Índice de Massa Corporal................................................................. 47

MBSRQ:Multimensional Body-Self Relations Questionnarie…………….. 46

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................

12

CAPÍTULO I – PSICODRAMA E MATRIZ DE IDENTIDADE..................... 14

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 14

2 NASCIMENTO DA TEORIA DE MORENO...................................... 14

3 CARACTERÍSTICAS DO PSICODRAMA........................................ 16

3.1 Conceitos fundamentais................................................................... 19

4 MATRIZ DE IDENTIDADE............................................................... 24

CAPÍTULO II – IMAGEM CORPORAL....................................................... 27

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 27

2 IMAGEM CORPORAL...................................................................... 27

2.1 Autoestima........................................................................................ 32

2.2 Autoconceito..................................................................................... 34

3 TRANSTORNOS ALIMENTARES................................................... 36

3.1 Anorexia nervosa.............................................................................. 37

3.2 Bulimia nervosa................................................................................ 40

4 TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL................................... 42

5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE AUTO PERCEPÇÕES.... 45

CAPÍTULO III – PESQUISA........................................................................ 47

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 47

2 MÉTODO.......................................................................................... 47

2.1 Local de pesquisa............................................................................. 48

2.2 Sujeito de pesquisa........................................................................... 48

2.3 Critérios de inclusão......................................................................... 48

2.4 Critérios de exclusão........................................................................ 48

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................. 49

4 PARECER FINAL............................................................................ 65

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................... 66

CONCLUSÃO............................................................................................ 67

REFERÊNCIAS......................................................................................... 69

APÊNDICES.............................................................................................. 74

ANEXOS.................................................................................................... 80

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INTRODUÇÃO

Para compreender sobre autoimagem corporal, procurou-se explorar seu

significado através de literaturas que vão além dos aspectos sensoriais,

entendendo que o assunto abrange no indivíduo formas também subjetivas. As

distorções da autoimagem, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-V) estão relacionadas ao transtorno dismórfico

corporal e transtornos alimentares – anorexia e bulimia nervosa.

Conforme o psicodrama a identidade começa a desenvolver na fase

intrauterina. O feto depende da placenta e após o nascimento sua base se

firma no grupo social com o intuito de atender suas necessidades fisiológicas,

psicológicas e sociais. Esse processo se dá em cinco etapas, inicialmente a

criança não se diferencia de outra pessoa ou do mundo externo, em segundo a

criança fixa o outro e estranha parte dele, em terceiro consegue se delimitar da

outra parte, em quarto joga ativamente o papel do outro, em quinto inverte

papéis. (BERMÚDEZ, 1980).

Durante o processo mencionado, a criança começa a se diferenciar e

experimentar papéis. Tais etapas são as bases psicológicas para os processos

de desempenho de papéis e são ativadas na aprendizagem de um novo papel

a ser integrado na identidade. (BERMÚDEZ, 1980). O estudante universitário

necessita desempenhar um novo papel, portanto vai alterando sua identidade

e, por consequente, sua autoimagem corporal.

Um dos conceitos fundamentais do psicodrama é o da Matriz de Identidade, placenta social do ser humano, o lócus de onde surgem, em fases graduais, o “eu” e suas ramificações. Ela é uma construção simbólica de uma série de circunstâncias fisiológicas, psicológicas e sociais que estão presentes no momento em que o ser humano vem ao mundo assim como em cada nova situação da vida das pessoas. (SOBREIRA, 2008, p. 4).

A pesquisa teve como objetivo identificar qual percepção da autoimagem

dos estudantes do primeiro ano de Psicologia do Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium de Lins, levando em consideração o pressuposto de que

durante a vivência acadêmica o estudante universitário passa por

reformulações em sua identidade, o que possivelmente irá interferir em sua

autoimagem corporal. Considera-se de suma importância que pesquisas sejam

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realizadas sobre o assunto para que esse conhecimento seja difundido,

contribuindo assim para uma maior compreensão da imagem corporal e suas

interferências.

A partir da questão “A experiência acadêmica e reformulações

provocadas na identidade podem influenciar a percepção da autoimagem

corporal?”, levantou-se a hipótese que norteou este trabalho. A fim de verificar

tal hipótese foi realizada pesquisa no Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium de Lins com estudantes universitários do primeiro ano do curso de

Psicologia. Os métodos e técnicas estão descritos no Capítulo III.

Este trabalho foi dividido em três capítulos:

CAPÍTULO I – Psicodrama e Matriz de identidade.

CAPÍTULO II – Imagem corporal.

CAPÍTULO III – Metodologia.

Seguidos de resultados, discussão, proposta de intervenção e

conclusão.

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CAPÍTULO I

PSICODRAMA E MATRIZ DE IDENTIDADE

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar conceitos principais do

considerado Psicodrama clássico e Matriz de Identidade.

O Psicodrama foi criado pelo médico Jacob Levy Moreno, nascido na

Romênia e considerado um dos precursores de um movimento que

revolucionou a arte teatral, pois através das dramatizações viu um meio de

tratar pacientes em psicoterapia.

2 NASCIMENTO DA TEORIA DE MORENO

Um médico romeno chamado Jacob Levy Moreno, nascido em 19 de

maio de 1892 foi quem criou o Psicodrama. A família de Moreno foi para Viena

quando ele tinha 5 anos de idade e foi lá que ele teve sua formação

acadêmica. (BERMÚDEZ, 1980). Existem controvérsias quanto à data e local

de seu nascimento, segundo pesquisas de Gheorge Bratescu a data correta é

06 de maio de 1889 e o local é a cidade de Bucarest na Romênia.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Moreno, apaixonado por teatro desde a infância, começou a questionar

o teatro clássico que continha roteiros pré-determinados e papéis fixos. Moreno

propôs então uma revolução ao teatro com improvisações, ausência de cenário

e sem atores fixos. (MONTEIRO, 1998). Moreno era tido como extrovertido,

carismático, bom orador e com disposição para o trabalho. (GONÇALVEZ;

WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Em 1912 Moreno foi interno da Clínica Psiquiátrica de Viena, onde teve

um breve contato com Freud. Em 1913 e 1914, participou de uma readaptação

de prostitutas feita em pequenos grupos. Durante um trabalho com refugiados

tiroleses no período de 1915 a 1917, começou a conceber as primeiras idéias

sobre mútuas influências terapêuticas. Em 1917 Moreno se formou em

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Medicina. No dia 1º de abril de 1921, Moreno realizou a primeira dramatização,

esta data é considerada como data oficial do nascimento do Psicodrama. Esta

dramatização foi realizada com um público numeroso, os protagonistas faziam

papel de rei e o público o papel júri, nenhum protagonista foi aprovado pelo júri

na ocasião. (BERMÚDEZ, 1980).

Moreno atribui quatro experiências ao nascimento do Psicodrama, uma

brincadeira feita aos quatro anos de idade de ser Deus; improvisações com

crianças nos jardins de Viena de 1908 a 1911; a dramatização realizada em 1º

de abril de 1921 e o Caso Bárbara, Bárbara era uma jovem atriz do Teatro da

Espontaneidade fundado por Moreno em 1921. (BERMÚDEZ, 1980). O Teatro

da Espontaneidade tinha uma proposta inovadora; eliminação de uma peça

escrita, participação do auditório no qual todos eram atores e espectadores ao

mesmo tempo e cenário em ambiente aberto. Inicialmente houve uma grande

resistência por parte da imprensa e do público ao Teatro da Espontaneidade

por estarem acostumados a peças prontas e desconfiarem que a criação fosse

totalmente espontânea, sem nenhuma combinação prévia. Então, Moreno cria

o Jornal Vivo, manchetes eram retiradas de jornais e dramatizadas, reconhece-

se neste momento as origens do Sociodrama. (MONTEIRO, 1998).

No Teatro da Espontaneidade Moreno era o diretor, e contava com

diversos atores. As cenas eram improvisadas e sugeridas pelo público ou pelos

próprios atores. Com o caso Bárbara, Moreno percebeu o poder transformador

das improvisações e seu valor terapêutico, emergindo então sua investigação

psicodramática. Bárbara era atriz no teatro da espontaneidade e possuía

talento para desempenhar papéis românticos e ingênuos, porém seu Marido

George contou a Moreno que em casa ela tinha um comportamento agressivo,

então Moreno propôs a Bárbara papéis nos quais ela pudesse expressar toda

essa agressividade, segundo seu marido George a partir disso, seus ataques

de violência passaram a diminuir na vida real. (MENEGAZZO; TOMAZINI;

ZURETTI, 1995).

O caso Bárbara caracterizou o início do teatro terapêutico, ai está

também a origem do psicodrama de casal e de família. (GONÇALVEZ;

WOLFF; ALMEIDA, 1988). O Teatro da Espontaneidade deu origem ao

Psicodrama com o caso Bárbara ao passo que o Jornal Vivo deu origem ao

Sociodrama, o Psicodrama limita-se ao objetivo terapêutico, porém ambos

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propõem uma reflexão e visam à catarse coletiva. Tanto o Teatro da

Espontaneidade quanto o Jornal Vivo passam pelas mesmas fases:

aquecimento, dramatização e comentários. (MONTEIRO, 1998).

Em 1923 o Teatro da Espontaneidade transformou-se em Teatro

Terapêutico. Moreno então passa a fazer publicações e o Psicodrama passa a

ganhar notoriedade principalmente com a imigração de Moreno em 1925 aos

Estados Unidos onde suas idéias são mais bem acolhidas. (BERMÚDEZ,

1980). Até 1920 Moreno teve uma grande ligação com a religiosidade, devido a

isso a comunidade científica lhe via com desconfiança. (GONÇALVEZ;

WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Moreno revolucionou a arte teatral e sua importante influência pode ser

notada até hoje. Moreno acompanhando seus pacientes pensava em formas de

expressão de seu mundo interno, foi então descobrindo formas de ação que

permitiam tal expressão. (MONTEIRO, 1998). O interesse de Moreno pelo

teatro não era algo isolado, havia naquele tempo a preocupação de

revolucionar essa arte. Conforme pesquisas, Moreno é um dos precursores de

tais preocupações. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1998).

Moreno faleceu em Beacon em 14 de maio de 1974, aos 85 anos de

idade, pediu para que a seguinte frase fosse gravada em sua sepultura: “Aqui

jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria”. (GONÇALVEZ;

WOLFF; ALMEIDA, 1998, p.17).

3 CARACTERÍSTICAS DO PSICODRAMA

O psicodrama é uma técnica para tratamento psicoterapêutico que tem

origens no Teatro, na Psicologia e na Sociologia. Trabalha-se com a

dramatização por meio da ação e interação, não considera somente o falar,

mas também o expressar de maneira psicodramática, não obstante os

conteúdos verbais são importantes, pois são norteadores do processo. Este

método mostrou-se eficiente para se evidenciar as defesas do paciente assim

como suas condutas e patologias.

No Psicodrama os conteúdos emocionais que estão ligados a patologia

são expressados através dos personagens e circunstâncias das

dramatizações. (BERMÚDEZ, 1980). O psicodrama atua tanto na dimensão

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coletiva quanto individual, pois enfoca tanto a participação do indivíduo em um

grupo social, quanto à participação ou influência que este grupo tem sobre o

indivíduo. “O psicodrama reconstrói o contexto de cada indivíduo e o põe em

movimento”. (BERMÚDEZ, 1980, p.16).

Portanto, o psicodrama não trata o sujeito como um ser isolado, mas

como integrante de um contexto. O paciente não dramatiza somente sobre sua

pessoa, mas também sobre os personagens que fazem parte de sua vida,

assim percebe-se que seu “mundo” (grifo nosso) é trazido à sessão. Reviver

situações por meio de dramatizações não é o mesmo que vivê-las

simultaneamente com todos os personagens envolvidos, é por isso que a

reconstrução de fatos e situações é feita sucessivamente e não

simultaneamente. (BERMÚDEZ, 1980).

O psicodrama é utilizado tanto para tratamentos individuais como para

tratamento de casais, famílias e grupos. O tratamento é feito por uma equipe

terapêutica que consiste em Diretor e um ou mais Ego Auxiliares, ou somente

pelo Diretor, que pode fazer também o papel de Ego Auxiliar. O número e

frequência das sessões variam de acordo com cada caso em particular. A

principal diferença do Psicodrama dos demais tratamentos psicoterápicos é

que tem como núcleo a dramatização, com o objetivo de se alcançar

espontaneidade e catarse de integração, sendo estes os mecanismos básicos

de cura. (BERMÚDEZ, 1980).

No teatro terapêutico as pessoas podem representar seus conflitos, a

realidade pode ser exposta, é um lugar onde vida e fantasia se encontram. Não

se trata apenas de representar, mas sim do efeito que isto causa. Muitas

pessoas que convivem diariamente não conseguem elaborar seus conflitos e

se fecham em torno dele. (MORENO, 2007).

No psicodrama leva-se em conta três contextos: o social, grupal e

dramático. O contexto social refere-se a leis e normas sociais impostas ao

indivíduo, frente às quais terá determinadas condutas e compromissos.

(BERMÚDEZ, 1980). Cada sociedade possui suas características e normas

próprias e, muitas vivências, relatos e informações dos pacientes relacionam-

se com seu meio social. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

O contexto grupal refere-se a normas, costumes e leis do próprio grupo,

nele o indivíduo também deve responsabilizar-se por seus atos frente aos

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demais membros, porém existe uma maior tolerância e compreensão.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

O contexto dramático é onde se desenvolve o conteúdo trazido pelo

paciente e neste contexto não existem sanções tais quais no contexto social,

pois deve ser um contexto no qual o paciente se sinta protegido e seguro para

trazer seus elementos emocionais. (BERMÚDEZ, 1980). Nesse contexto tudo

ocorre na esfera do “como se”, do imaginário e da fantasia, assim o paciente

tem a oportunidade de estar em um ambiente protegido onde há um só tempo

– presente, passado e futuro, juntos. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Existem algumas terminologias fundamentais no Psicodrama quanto à

designação dos integrantes e em relação ao contexto terapêutico. O

protagonista do processo psicodramático é o paciente e pode ser também um

grupo, neste caso chama-se o Psicodrama de Sociodrama. (BERMÚDEZ,

1980). O protagonista é o centro da dramatização, ele traz a problemática e

desempenha a dramatização, caso necessário, com ajuda de um ou mais ego

auxiliares. (MONTEIRO, 1998). Portanto, ele é o sujeito que realiza a ação

dramática, se a terapia for de grupo, é o sujeito que simboliza os sentimentos

comuns existentes no grupo. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

O diretor é o terapeuta, cabe a ele montar as cenas de acordo com o

material trazido pelo protagonista para que a visão deste seja ampliada,

mantendo-se o enfoque terapêutico. (BERMÚDEZ, 1980). O diretor não é único

agente terapêutico, o protagonista quando estiver encenando seus conteúdos

pessoais é também um agente terapêutico em relação a si mesmo e aos

demais membros do grupo. Durante a realização de comentários e no

aquecimento cada membro do grupo também pode assumir o papel de agente

terapêutico, cabe ao diretor nortear e facilitar o processo desencadeado.

(MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

O diretor tem três funções: diretor da cena, terapeuta do protagonista ou

do grupo e analista social. Diretor da cena porque é ele quem coordena o

aquecimento e procura com o protagonista e os egos auxiliares a direção certa

para a cena. Como terapeuta está atento a inter-relação com o protagonista.

Como analista social na fase de compartilhar comenta junto com os egos

auxiliares suas compreensões a respeito do que foi dramatizado.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

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19

Os egos auxiliares são membros da equipe terapêutica que darão

suporte ao diretor intermediando a relação entre protagonista e diretor.

(BERMÚDEZ, 1980). O ego auxiliar é o terapeuta que interage com o

protagonista durante a dramatização. Tem três funções: ator, auxiliar do

protagonista e observador social. É ator e auxiliar do protagonista porque

representa papéis e colabora na manutenção do aquecimento específico,

sendo que sua habilidade em desempenhar papéis facilita os insights do

protagonista. É observador social porque observa tudo o que transcorre nas

dramatizações. Ele por vezes, comunica ao diretor aspectos que escapam a

este, pois o diretor não interage com o protagonista do mesmo modo, caso o

ego auxiliar e o diretor sejam pessoas diferentes. Tem também a função de

ajudar o paciente a perceber elementos presentes na dramatização.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

O cenário é o local onde é feita a dramatização, sendo, portanto o

ambiente onde são realizadas as sessões psicoterapêuticas em Psicodrama.

Neste espaço o paciente pode se expressar livremente, nada neste ambiente é

irreparável, as cenas são refeitas e desfeitas e interpretam-se diversos papéis.

(BERMÚDEZ, 1980). É o espaço onde se realiza o drama e a cena que está no

íntimo do protagonista, é uma área de “come se” (grifo nosso), é um cenário no

qual se podem recriar as ações de um cenário imaginário que todos possuem.

(MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995). Esse espaço facilita e

proporciona a investigação de aspectos do indivíduo que muitas vezes ele

próprio desconhece. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

No psicodrama de grupo há o auditório que é composto tanto por

pacientes quanto por egos auxiliares, essas pessoas estão fora do cenário, do

campo terapêutico. (BERMÚDEZ, 1980).

3.1 Conceitos fundamentais

Para uma compreensão inicial da teoria psicodramática e sua

terapêutica alguns conceitos são indispensáveis.

Aqui e agora é o momento da ação, o aqui e agora dramático consiste

no tempo e espaço da ação dentro de um contexto dramático. (MENEGAZZO;

TOMASINI; ZURETTI, 1995). Para Moreno é importante se levar em conta

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primordialmente o presente quando se pensa em interação humana.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Moreno não definiu ação, um dos termos principais de sua teoria, mas

se dedicou a investigar o sentido da ação e seu valor terapêutico.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988). Ação em psicodrama é o conjunto

de movimentos, palavras e atitudes que os atores, que são os protagonistas e

os egos auxiliares, fazem durante as dramatizações. A ação dramática consiste

no desenvolvimento de um conflito dramático durante a dramatização. A ação

reparatória é um momento no qual o papel imaginário é transposto em papel

psicodramático espontâneo e criativo, possibilitando desta forma a catarse de

integração. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

Na visão de Moreno, átomo social consiste no modo que as relações

interpessoais que vão se desenvolver a partir do nascimento, pois a criança

nasce em um determinado meio social. O átomo social de um indivíduo está

relacionado a determinações socioeconômicas e com a tele, pois o sujeito

coloca neste átomo social pessoas com as quais tem uma percepção recíproca

seja ela positiva ou negativa, inicialmente o átomo social da criança

compreende só ela e a mãe, posteriormente vai ampliando, as pessoas que

não causam nenhuma impressão ficam fora deste círculo e são tidas como

meros conhecidos. Visto que as convicções e imagem que o indivíduo tem de

si podem mudar, a transformação da autoimagem pode alterar o átomo social e

vice-versa. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

A ansiedade básica impulsiona a espontaneidade. É a função que faz

com que o recém-nascido ao efetuar a primeira respiração, sinalize sua fome

com o choro e sugando o alimento. No adulto assume formas diferentes, mas

continua sendo o impulso da espontaneidade. (MENEGAZZO; TOMASINI;

ZURETTI, 1995).

A ansiedade existencial está ligada a limitações do projeto de vida de um

indivíduo. As formas dessa ansiedade são: ansiedade de finitude com temor de

morrer sem ter alcançado o que se deseja em relação ao projeto existencial,

ansiedade em tornar-se culpado mediante a algum ato ou omissão que não se

consegue deixar de se responsabilizar e ansiedade do vazio, devido à falta de

sentido da própria vida, caracterizando um sentimento de vazio.

(MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

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21

A ansiedade neurótica ocorre quando o indivíduo tem de se sujeitar a

coisas que não combinam com seu projeto existencial, assim negando ou

reprimindo os autênticos sentimentos da ansiedade existencial. (MENEGAZZO;

TOMASINI; ZURETTI, 1995).

Catarse de integração é um resultado comum a diversos processos

antes isolados. (BERMÚDEZ, 1980). A catarse de integração depende de um

processo evolutivo, não se restringindo a um momento específico da

dramatização. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995). Para Breuer e

Freud na catarse ab-reação, o que estava aprisionado no paciente sai e ele fica

limpo. Para Moreno este é apenas um passo da catarse que culmina em uma

catarse de integração do EU. (BERMÚDEZ, 1980). A catarse de Moreno se

diferencia da catarse ab-reação, pois por meio da ação dramática o sujeito se

torna inteiro. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Na catarse de integração surgem conteúdos tamponados que darão

direcionamento para a cura e um consequente afrouxamento de tensões,

ficando o sujeito mais propício às realizações criativas e espontâneas. Com a

catarse de integração o EU é reincorporado, o que traz tranquilidade e

sensação de enriquecimento, os mecanismos de defesa ficam mais brandos o

que permite uma percepção mais esclarecedora de si. (BERMÚDEZ, 1980).

A catarse de integração está relacionada a atos fundantes de transformação,

Moreno os comparou com novos nascimentos, tais atos facilitam a liberação de

papéis fixados em impressões inadequadas, possibilitando assim ao indivíduo

assumir novas condutas. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

Um ato catártico é fundante porque, por meio dele, cada protagonista institui outro modo de relacionamento, que passa a ser explorado. É um ato de integração, porque, por meio da reestruturação dramática, cada protagonista enriquece com novas percepções seu meio social perceptivo e assume novos papéis em seu átomo cultural. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995, p. 46).

Por meio deste fenômeno, papéis e conflitos que estavam encobertos

por mecanismos repressivos ou de negação são novamente esclarecidos. O

paciente adquire um valor novo que permitirá uma nova conduta e maneira de

se relacionar. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995). Portanto, há uma

reintegração de conteúdos encobertos que possibilita uma nova visão e uma

nova forma de lidar com as situações. O paciente busca a catarse mental, ele

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precisa da libertação dos seus conflitos e das emoções que o aprisiona. Um

dos diferenciais da proposta do teatro terapêutico é que a tragédia deve ser

criada pelos próprios pacientes e não por outro autor e isso é um dos fatores

que torna possível a catarse mental. (MORENO, 2007).

“Espontaneidade no sentido moreniano é a capacidade de um

organismo adaptar-se adequadamente a novas situações” (BERMÚDEZ, 1980,

p. 44). A espontaneidade enriquece o indivíduo que a exerce bem como o meio

em que ele vive, sendo desta forma de fundamental importância na relação do

indivíduo com o meio. (BERMÚDEZ, 1980). O estado de espontaneidade não é

criado pela vontade consciente, mas por uma libertação, que não é

permanente. “É o estado de produção, o princípio essencial de toda

experiência criadora”. (MORENO, 2007, p. 86).

Para Moreno todo indivíduo nasce munido de espontaneidade,

criatividade e sensibilidade, porém imposições sociais vão tolhendo tais

características. Por meio da espontaneidade age-se melhor diante de situações

novas, com respostas inovadoras ou transformadoras frente a situações pré-

estabelecidas. Ser espontâneo também implica em procurar transformar

aspectos insatisfatórios nas relações afetivas. (GONÇALVEZ; WOLFF;

ALMEIDA, 1988).

O termo Acting-out foi criado por Moreno para expressar “o atuar para

fora aquilo que está dentro do paciente”. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA,

1988, p. 81). A origem do termo vem do teatro, consiste na realização concreta

dos pensamentos e fantasias. Através do acting-out o protagonista transpõe

para o cenário seu mundo interior resultante de suas experiências e fantasias.

Atuando o protagonista demonstra seu perfil psicológico e a maneira com que

encara diversas situações. Por meio da atuação o paciente pode convencer-se

de algumas questões que não conseguiu elaborar por meio de verbalizações

prévias e meditação. (BERMÚDEZ, 1980).

Moreno classifica dois tipos de acting-out: o terapêutico e o irracional. O

primeiro é feito durante a dramatização em um ambiente terapêutico, o

segundo acontece fora da sessão ou até mesmo dentro dela como forma de

evitar a dramatização. (BERMÚDEZ, 1980). Para Moreno com um bom

aquecimento prévio, o acting- out ocorre no “como se” do contexto dramático

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impedindo que o paciente se prejudique no contexto social e ainda favorece

seu autoconhecimento. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Na criação da teoria dos papéis, Moreno baseou-se mais no teatro do

que na sociologia. Na Grécia e na Roma antiga, partes das peças teatrais eram

escritas em rolos e lidas pelos atores para decorarem seus papéis, então cada

parte de uma dramatização passou a ser chamada role ou papel.

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988). Para Moreno os papéis são

condutas decorrentes de padrões culturais. Moreno classificou três tipos

fundamentais de papéis: papéis psicossomáticos, papéis sociais e papéis

psicodramáticos. (BERMÚDEZ, 1980).

Os papéis psicossomáticos são aqueles de ordem fisiológica, como

comer e dormir. Os papéis sociais são aqueles que o indivíduo assume perante

a sociedade com relação às funções sociais que executa. Tais papéis são

influenciados pela cultura na qual o sujeito se encontra. Os papéis

psicodramáticos expressam o EU. (BERMÚDEZ, 1980). Os papéis começam a

surgir na Matriz de Identidade que é a base psicológica para todos os

desempenhos de papéis. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Tele é um termo introduzido por Moreno para designar um conjunto de

processos perceptivos que permitem o sujeito perceber o mundo de maneira

assertiva. (BERMÚDEZ, 1980). “Moreno definiu Tele como a capacidade de se

perceber de forma objetiva o que ocorre nas situações e o que se passa entre

as pessoas” (GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA, 1988, p. 49). Tele na visão

moreniana é a percepção interna recíproca, apesar da semelhança desta com

a empatia, são fenômenos diferentes, visto que na empatia há a capacidade de

se colocar no lugar do outro. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Para Moreno tele também é o oposto de transferência (no sentido

freudiano), a transferência seria uma patologia na capacidade télica, ou seja,

quando há a incapacidade de percepção mútua entre dois indivíduos que

condiz com a realidade a transferência entre em jogo. (GONÇALVEZ; WOLFF;

ALMEIDA, 1988).

Os sujeitos que são capazes de ter relações télicas tendem a viver

relacionamentos marcantes e transformadores, onde há plena compreensão

mútua, esse encontro é a essência da relação télica. (GONÇALVEZ; WOLFF;

ALMEIDA, 1988). Portanto, tele consiste basicamente na percepção correta de

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si e do outro. (MONTEIRO, 1998). O indivíduo reage a estímulos externos tanto

com rejeição (tele negativa) quanto com atração (tele positiva). (BERMÚDEZ,

1980).

4 MATRIZ DE IDENTIDADE

Moreno rejeita a concepção de um trauma do nascimento de Rank e

Freud. Para Moreno o nascer é algo natural e algo pelo qual o indivíduo precisa

passar durante seu desenvolvimento. O bebê chega a um estágio no qual a

vida intrauterina não o comporta mais, e traumático e fatal seria não poder

nascer e prosseguir seu desenvolvimento. O nascer é um ato compartilhado,

ajudado pela mãe. Com o nascimento o sujeito adquire um novo espaço e a

individuação, assim em seguida é implantada a Matriz de identidade.

(BERMÚDEZ, 1980).

A matriz de identidade consiste em uma base sob a qual o indivíduo irá

formular sua identidade. Assim como o feto se abriga na placenta e dela

depende, o recém-nascido depende de um grupo social para o atendimento de

suas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais. A criança irá se devolver

em um primeiro momento por meio da interação com esse grupo e serão

transmitidos aspectos culturais e papéis a serem desempenhados.

(BERMÚDEZ, 1980). O bebê ocupa um espaço físico e também virtual, onde

há condições iniciais para seu desenvolvimento, contendo expectativas sobre

ele e quanto ao papel que desempenhará. Nesse meio que é constituído por

elementos materiais, sociais e psicológicos a criança vai aos poucos se

reconhecendo como semelhante aos demais e diferenciando-se como um ser

único. (GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

A matriz de Moreno deve ser compreendida como uma área de vínculos.

A matriz não é apenas um molde, mas envolve ações e interações

fundamentais e constituintes. Antes do nascimento o sujeito se abriga na matriz

materna. Após o nascimento a criança passará para um novo universo - a

Matriz de Identidade, é oferecida então à criança uma nova placenta - a

placenta social, constituída por vínculos com pessoas próximas à criança. O

adulto apresenta em seus atos todas e cada uma de suas matrizes. Na Matriz

de identidade a criança começa a desenvolver os papéis psicossomáticos para

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o atendimento de suas necessidades biológicas, começa a passar também por

um processo de diferenciação. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

Um dos conceitos fundamentais do psicodrama é o da Matriz de Identidade, placenta social do ser humano, o lócus de onde surgem, em fases graduais, o “eu” e suas ramificações. Ela é uma construção simbólica de uma série de circunstâncias fisiológicas, psicológicas e sociais que estão presentes no momento em que o ser humano vem ao mundo assim como em cada nova situação da vida das pessoas. (SOBREIRA, 2008, p. 4).

O processo se desenvolve em cinco etapas, primeiro a criança não se

diferencia de outra pessoa ou do mundo externo, em um segundo momento a

criança focaliza o outro e estranha parte dele, em terceiro consegue se

delimitar da outra parte, em quarto joga ativamente o papel da outra parte com

coisas, em quinto inverte papéis. Portanto, nesse processo a criança passa a

se diferenciar e experimentar papéis. Para Moreno as etapas descritas são as

bases psicológicas para processos de desempenho de papéis. (BERMÚDEZ,

1980).

Na visão de Moreno, há uma distinção entre identidade e identificação,

visto que a identificação só é possível quando a criança cresce e pode se

distinguir de outras pessoas, então só pode haver identificação entre um eu

formado com outro eu formado. Fala-se de identidade nas fases mais remotas

do desenvolvimento infantil. Enquanto a memória, inteligência e outras funções

estão pouco desenvolvidas ou não existem, a espontaneidade é o principal

recurso da criança. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

Quando a criança nasce ela entra em um Primeiro Universo que está

dividido em dois tempos. No primeiro tempo do primeiro universo ou período de

identidade total, a criança não faz distinção entre pessoas e objetos e nem

entre realidade e fantasia, para ela só existe o tempo presente, as relações são

todas de proximidade, não existem sonhos e tem fome de atos, seria então

Matriz de identidade total indiferenciada. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA,

1988). Então, a criança não distingue proximidade e distância, antes e depois,

dentro e fora, e os objetos, as pessoas e ela mesma não podem ser

diferenciados. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

No segundo tempo do primeiro universo ou período de identidade total

diferenciada ou realidade total, a fome de atos diminui, há o inicio da distinção

entre objetos e pessoas, surgem alguns registros o que possibilita os sonhos e

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as relações começam a ter certa distância iniciando-se a tele sensibilidade,

correspondendo então à Matriz de identidade total diferenciada ou Realidade

total. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988). A criança passa, portanto a

distinguir proximidade e distância, antes e depois, interno e externo e vai se

instituindo um pré-eu e um pré-não-eu. (MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI,

1995).

No início do Segundo universo existe uma brecha entre a fantasia e a

realidade que até então eram misturadas, seria, portanto a Matriz de Identidade

da brecha entre fantasia e realidade. (GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA,

1988). Ao ser estabelecida a brecha entre fantasia e realidade tem-se a Matriz

familiar. Aqui a fome de atos e ansiedade básica começam a diminuir dando

lugar à fome de transformação. Tem-se duas fases nesta matriz do ponto de

vista fenomenológico, a fase mítica e a fase ideológica. Na fase mítica a

criança percebe tudo de um modo realista, sua relação com o ambiente é

artificialista, finalista, animista e egocêntrica. Na fase ideológica, a criança

começa a confrontar criticamente seu mundo, ela começa a relativizar.

(MENEGAZZO; TOMASINI; ZURETTI, 1995).

Moreno descreveu cinco etapas na formação da matriz que depois são

resumidas em três. A primeira é a fase da indiferenciação, nesta fase a mãe, a

criança e o mundo são uma só unidade. A segunda etapa consiste na fase em

que a criança concentra a atenção somente no outro. Na terceira, a criança fica

atenta somente a si mesma. Na quarta, a criança e o outro estão presentes e

ela já tenta ocupar o papel do outro, embora não consiga fazê-lo. Na quinta e

última etapa, já pode haver inversão de papéis entre a criança e outro. .

(GONÇALVEZ; WOLFF; ALMEIDA, 1988).

As três fases que consistem na compilação das cinco etapas citadas

são: Fase do Duplo, Fase do Espelho e Fase de Inversão. A fase do duplo é a

da indiferenciação, a criança precisa de alguém que faça por ela aquilo que ela

não consegue fazer por si própria, precisando desta forma de um ego- auxiliar.

Na fase do espelho a criança tanto concentra atenção só em si e se esquece

do outro quanto concentra a atenção só no outro e se esquece de si. Na fase

de Inversão, existe primeiramente a tomada de papel do outro para em

sequência haver a inversão concomitante de papéis. (GONÇALVEZ; WOLFF;

ALMEIDA, 1988).

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CAPÍTULO II

IMAGEM CORPORAL

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é descrever aspectos relevantes sobre Imagem

corporal e principais fatores associados. Apresentar também os considerados

principais transtornos que envolvem percepção da imagem corporal, sendo

estes os transtornos alimentares e transtorno dismórfico corporal. E fazer

menção dos instrumentos de avaliação de auto percepções.

2 IMAGEM CORPORAL

Imagem corporal é algo complexo, abrange aspectos tanto internos

quanto externos e deve ser compreendida através de diversas perspectivas. “A

imagem corporal engloba todas as formas pelas quais uma pessoa experiencia

e conceitua seu próprio corpo” (TAVARES, 2003, p.15). A imagem corporal

pode ser percebida de diferentes maneiras de acordo com a subjetividade de

cada um. A percepção de imagem corporal está vinculada às vivências e

experiências individuais, sendo a imagem corporal uma vivência individual e ao

mesmo tempo dinâmica. (TAVARES, 2003). A imagem corporal inclui aspectos

conscientes e inconscientes, está vinculada à identidade e a experiência de

cada um. (TAVARES, 2003).

Imagem corporal é a representação mental do próprio corpo. O termo

imagem corporal muitas vezes é associado à imagem visual do corpo, porém

imagem corporal é bem mais abrangente e se refere à representação mental

ou imagem mental. A imagem mental integra todas experiências de uma

pessoa, sejam elas afetivas, sociais e fisiológicas. (TAVARES, 2003).

Temos imagens sensoriais e imagens resultantes da representação

mental de objetos internos. As imagens sensoriais são aquelas percebidas na

realidade objetiva, abrangem as imagens ópticas, auditivas, olfativas e

cenestésicas. As imagens resultantes da representação mental de objetos

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internos são imagens de fantasia. Com imagens podemos criar representações

de situações, pessoas e objetos, porém nem todas as imagens são

conscientes. Toda imagem tem tanto aspectos sensoriais quanto psíquicos

concomitantemente, a imagem mental é ampla porque se refere a aspectos

subjetivos e objetivos. Existe uma interferência mútua entre imagem e

percepção, de acordo com nossa percepção de uma determinada imagem

podemos avaliá-la positivamente ou negativamente. (TAVARES, 2003).

Atualmente existe uma fragmentação do conceito de imagem corporal e

certa dificuldade em compreender o conceito fenomenologicamente. Embora

tenha havido um aumento de interesse pelo assunto, os estudos têm sido

realizados de forma isolada. A falta de distinção dos termos imagem corporal,

consciência corporal, esquema corporal, autoimagem, autoconsciência e

percepção corporal denotam a falta de comunicação e uniformidade sobre o

tema. (TAVARES, 2003).

Imagem corporal não é o mesmo que esquema corporal, um bebê, por

exemplo, mesmo que ainda não possua uma representação corporal está

desenvolvendo o esquema corporal. (MATTOS, 2014). O termo esquema

corporal foi empregado primordialmente na neurologia e imagem corporal na

psicologia. Alguns autores de fato acreditam que se tratam de coisas

diferentes, entretanto, tal distinção pode corroborar para que se pense em uma

cisão do homem em corpo e espírito. (BARROS, 2005).

A definição de imagem corporal ultrapassa a linguagem e compreende

um entendimento que vai além do teórico, pois tem um caráter existencial que

não é possível esgotar. A imagem corporal está ligada tanto ao reconhecimento

anatômico quanto a vivência afetiva do corpo. (TAVARES, 2003). Sendo assim,

a imagem corporal não é formada apenas por aspectos sensoriais, pois quando

percebemos nosso corpo levamos em consideração nossas vivências

psíquicas e relação com o ambiente. (ESTURARO, 2003). “As pessoas avaliam

seus corpos de acordo com interação com o meio, para o indivíduo o meio

social atua como um mecanismo de confirmação para a autoimagem corporal”.

(BECKER, 1999 apud RUSSO, 2005, p. 81).

A imagem corporal está em contínua transformação de acordo com

vários fatores que a influenciam, tais como idade, doenças, cultura e

psiquismo. (ESTURARO, 2003). Existem muitos fatores que podem influenciar

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o desenvolvimento da imagem corporal, tais como traumas, amputações,

doenças, relações sociais e afetivas inapropriadas, não conseguir processar

adequadamente imagens mentais, crises existenciais, entre outros. Estes

fatores podem dificultar a vivência de experiências corporais e uma imagem

corporal satisfatória. Dificuldades na estruturação da imagem corporal também

podem ocorrer devido a uma estimulação corporal precária nas etapas iniciais

do desenvolvimento do sujeito. (TAVARES, 2003).

O desenvolvimento pode ser facilitado ou não nos primeiros anos de

vida. (TAVARES, 2003). A imagem corporal se desenvolve inicialmente através

do contato físico com os pais, que pode se dar maneira prazerosa ou não. Os

contatos prazerosos vão favorecer a formação de uma imagem corporal clara e

integrada. Os contatos negativos vão produzir sensações negativas que

afetarão a formação de imagem corporal, podendo levar a distorções. Visto

que no início da vida a identidade da criança é basicamente corporal, os

contatos vão determinar a maneira como se sente em relação ao próprio corpo.

(LOWEN, 1979).

A imagem corporal tem duas funções importantes para o adulto. A

primeira é servir como modelo para a execução de uma atividade motora, pois

antes de executar uma ação o indivíduo a “imagina”. A segunda é localizar

sensações, pois só com uma imagem corporal bem definida pode-se fazer isso.

Portanto, a imagem corporal pode facilitar ou prejudicar o desempenho de

atividades. (LOWEN, 1979).

A identidade corporal compreende o entendimento do que é e o que não

é o Eu corporal. Além das sensações corporais existem outras referências,

como o que dizem que o indivíduo é, o que dizem que deveria ser e o que

próprio indivíduo acha que deveria ser. Nossas percepções abarcam tais

referências. (TAVARES, 2003). O indivíduo possui uma imagem egóica que é a

maneira com se vê como ser social e uma imagem corporal que é a maneira

como vê seu corpo físico. (LOWEN, 1979). O ponto chave da identidade

corporal é o reconhecimento e valorização da singularidade, sendo o ponto de

partida para imagem corporal positiva. O reconhecimento de nossas limitações

e potencialidades também está relacionado ao desenvolvimento da imagem

corporal. A formação da imagem corporal implica em reconhecer e validar o

corpo do outro, diferenciando deste. (TAVARES, 2003).

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Os primeiros estudos sobre imagem corporal partiram da Neurologia

com avaliação de percepções distorcidas de pacientes com lesões cerebrais.

Outro fenômeno que motivou estudos de percepção corporal foi o membro

fantasma, aquele que pode ser sentido por pacientes mesmo depois de

amputado. Os estudos sobre imagem corporal tiveram muitas contribuições no

campo da Neurologia, mas a maior contribuição foi de Paul Schilder que

estudou exaustivamente imagem corporal, as análises do autor não se

restringiam apenas a aspectos neurológicos, mas incluíam também aspectos

psicológicos. (GARIBALDI, 2010). Imagem corporal não é apenas uma questão

de entendimento neurológico, mas também existencial e tal visão foi

inicialmente apresentada por Paul Schilder que ampliou os estudos sobre

imagem corporal. (TAVARES, 2003).

A história do corpo e da imagem corporal pode ser dividida em quatro

fases. O corpo foi valorizado pela civilização grega, foi desvalorizado pelo

dogmatismo da igreja no período medieval, na modernidade foi disciplinado e

vigiado e na contemporaneidade foi espetacularizado. A forma como vai se

compreendendo o corpo e a imagem corporal está relacionada a diversos

fenômenos que ocorrem em uma sociedade. Atualmente o foco não é mais no

corpo ou organismo, mas sim na imagem. (MATTOS, 2014). Na idade média as

pessoas se flagelavam para dominar o corpo, hoje os meios de flagelo são

outros e com o intuito de mudar a aparência física. (RUSSO, 2005).

Em nossa cultura a aparência jovem é exacerbadamente valorizada.

“Cada cultura constrói sua imagem de corpo e essas imagens se instituem

como maneiras próprias de ver e de viver o corpo” (RUSSO, 2005, p. 83). Os

padrões de beleza são modificados a cada época. Atualmente o conceito de

beleza está ligado à juventude. (RUSSO, 2005). Hoje em dia, há uma

preocupação excessiva com o corpo e a imagem corporal, há uma

padronização do belo tanto no homem quanto na mulher. A principal

preocupação tem sido com o peso e forma corporal. Os padrões atuais de

beleza valorizam a magreza, porém algo idealizado não é normal e, portanto,

não pode ser padrão. Fala-se muito mais da obesidade do que da magreza,

sendo que tanto uma pessoa abaixo do peso como uma acima não estão se

alimentando de maneira adequada e nem tendo uma vida saudável.

(SOBREIRA, 2008).

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Os meios de comunicação criam padrões de beleza e fazem com que as

pessoas os desejem seguir. Atualmente tenta-se moldar o corpo através de

cirurgias plásticas, atividades físicas e tecnologias estéticas. Pessoas cujos

corpos não condizem com o padrão de beleza socialmente estabelecido se

sentem insatisfeitos, se cobram e não aceitam os próprios corpos. Pode-se se

associar corpo ao consumo, pois para manter um corpo dentro dos padrões

socialmente estabelecidos tem que se investir financeiramente nele, sendo o

corpo muitas vezes um objeto de valorização exagerada. (RUSSO, 2005). Uma

pessoa saudável possui uma autoimagem corporal que está de acordo com a

aparência de seu corpo, ou seja, tem uma imagem mental clara sobre seu

corpo, consegue percebê-lo e descrevê-lo de maneira adequada e aproximada

do real. (LOWEN, 1979).

Qualquer agrupamento humano tem uma imagem estabelecida do que o

corpo é, causando rejeição ou identificação, por exemplo, se a imagem mais

valorizada neste grupo é de uma pessoa magra, provavelmente todos vão

buscar emagrecer. Os indivíduos que não conseguem alcançar o padrão social

de beleza sofrem muito e se sentem obrigados a seguir tal padrão,

principalmente as mulheres. O ser humano acaba por não viver seu corpo à

sua maneira e vontade sendo impelido à uma aprovação social. (TAVARES,

2003).

A mídia utiliza corpos de homens e mulheres esculturais em anúncios

publicitários para vender produtos. Os meios de comunicação incentivam um

padrão de beleza e as pessoas acabam por se tornarem narcísicas e escravas

de um ideal a todo custo. (RUSSO, 2005). O narcisismo faz com que se negue

o corpo real enquanto se vivencia o corpo ideal, sem levar em consideração a

vivência concreta do corpo com suas limitações. Quanto mais nos

aproximamos do nosso corpo real, mais ganhamos identidade. As pessoas

narcísicas negam sua realidade corporal e estabelecem relações pobres de

afeto. É importante para o desenvolvimento da imagem corporal que entre se

em contato com a concretude do corpo e que se tome consciência de suas

limitações. (TAVARES, 2003).

Temos pulsões que muitas vezes se confrontam com o que a sociedade

espera de nós, é esperado que nosso corpo se comporte de determinadas

formas em algumas ocasiões, ou seja, nossas pulsões muitas vezes são

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aplacadas em função de uma ordem social. A continência e tomada de

consciência de nossos impulsos é a matriz da imagem corporal, sendo

essencial para o desenvolvimento da imagem corporal e manutenção da

identidade corporal. É importante que se tenha noção do próprio corpo e se

saiba contê-lo em situações necessárias preservando assim nossa identidade

corporal. Entretanto, se a ação corporal condicionada por um lado facilita nossa

relação com o meio, por outro inibe a manifestação da individualidade.

(TAVARES, 2003).

Existe uma “briga” (grifo nosso) entre nossos impulsos corporais e a

norma social. A consciência de nossas necessidades e as da sociedade

permite a ampliação da capacidade de preservar a identidade na inter-relação

com o meio, embora a necessidade de adaptação acabe se sobrepondo à

originalidade. (TAVARES, 2003). Na sociedade a imagem tem tanto aspectos

positivos quanto negativos, sendo que determinadas imagens mobilizam

reações em massa. A imagem muitas vezes perde sua conotação individual e

singular, acaba-se por enxergar as pessoas como imagens e não como seres

peculiares.

Busca-se, portanto enquadrar a si e o outro em determinadas imagens.

(LOWEN, 1979). Acabamos por valorizar, como já mencionado, um corpo ideal

em detrimento do corpo real. (TAVARES, 2003).

A imagem é uma abstração, um ideal, um ídolo que exige sacrifícios do sentimento pessoal. A imagem é uma concepção mental que, superposta ao ser físico, reduz a existência corporal a um papel secundário. O corpo se transforma num instrumento da vontade a serviço da imagem. O indivíduo fica então alienado da realidade de seu corpo. (LOWEN, 1979, p. 18).

2.1 Autoestima

Autoestima é a avaliação que o sujeito faz sobre seu desempenho,

virtudes, qualidades e valor moral. A autoestima é produto dos julgamentos que

um indivíduo faz sobre si acerca de aspectos que considera importantes em

sua identidade. (SERRA, 1988). “A autoestima significa amor próprio,

satisfação pessoal e, acima de tudo, estar bem consigo mesmo” (ESTURARO,

2003, p. 83). A autoestima possui dois componentes, o sentimento de

competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. A autoestima envolve

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autoconfiança e autorespeito, a autoestima elevada traz sentimento de

confiança e competência, a baixa faz com que o indivíduo se sinta inadequado,

a média faz com que se oscile entre sentimento de adequação e inadequação.

(BRANDEN, 1991).

A imagem corporal está relacionada com atitudes e sentimentos

provenientes da autoestima. Quando o indivíduo está insatisfeito consigo isso

reflete em sua autoimagem. (ESTURARO, 2003). Todo indivíduo tem

necessidade de valorização positiva ou autoestima. A autoestima é aprendida

ou formada na interação com o meio, de acordo com interiorização e introjeção

das realizações alheias. Pode-se dizer que todo ser humano tem tendência à

valorização positiva ou autorrealização por isso é importante se relacionar

autoimagem à autoestima, sendo estes componentes integradores. Não se

pode negar a relevância da autoestima, sendo esta considerada um dos

principais elementos da personalidade humana. (MOSQUERA; STOBAUS,

2008).

Atualmente o sentido de autoestima foi modificado, anteriormente estava

relacionado com o prazer individual e narcisismo, hoje está relacionado à

responsabilidade consigo e à saúde. (ASSIS; AVANCI, 2004). De acordo com a

literatura, é possível notar que autoestima tem tanto um caráter global como

divisível, pois uma pessoa pode se sentir apreciada em algumas partes de sua

vida, enquanto em outras não, ao passo que o sentimento de apreciação ou

depreciação pode ser dominante. (ASSIS; AVANCI, 2004).

A autoestima não é um fenômeno estático, têm seus momentos tantos

positivos quanto negativos. (MOSQUERA; STOBAUS, 2008). A primeira

manifestação da perda da autoconfiança e autoestima, pode ser notada

quando o corpo real não combina com o valorizado e idealizado em uma

sociedade. A busca pelo corpo “perfeito” (grifo nosso) faz com que a pessoa

adote várias medidas a fim de cumprir tal propósito, chegando até adoecer

psiquicamente.

A valorização desmedida do corpo ideal se torna o foco do sujeito, e faz

com que ele deixe outras coisas de lado, como a criatividade e inteligência,

fatores que também fazem parte de uma autoestima positiva. Há uma busca

constante em se adequar ao que sociedade valoriza, por sermos seres sociais

nos deixamos, muitas vezes, influenciar por um padrão de beleza ideal. As

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pessoas podem até chegar adiar planos e metas pessoais em razão de ainda

não se sentirem satisfeitas com o próprio corpo. (ESTURARO, 2003).

É favorável que o sujeito tenha um melhor conhecimento de si e tenha

uma percepção de sua uma autoimagem e autoestima mais realista. As

pessoas que possuem uma melhor autoimagem e uma autoestima coerente

interagem melhor com os outros e são mais afetuosas. A autoestima implica

aceitação e apreço. Quem tem uma autoestima mais positiva fica menos

propenso a tensões, intranquilidades, abatimentos e patologias físicas e

psiquiátricas. (MOSQUERA; STOBAUS, 2008). A autoestima é fundamental

para o sucesso ou fracasso e também para compreendermos os outros e nós

mesmos. A maneira como nós sentimos em relação a nós afeta todas as áreas

de nossas vidas. (BRANDEN, 1991).

Em âmbitos escolares é necessário que se estimule autoimagem e

autoestima mais realistas, pois nestes ambientes há uma interação intensiva

entre as pessoas. Existem períodos de ansiedade elevada e início de estresse

em alunos em contato com um novo período letivo, o que pode causar

alterações na autoimagem, autoestima, autorrealização e no desempenho

pessoal e profissional. (MOSQUERA; STOBAUS, 2008).

O desenvolvimento de uma autoestima positiva envolve nossa

capacidade de ser feliz e enfrentar a vida com mais confiança. Quanto maior

for a autoestima mais preparado se é para enfrentar adversidades, e maiores

são as possibilidades de se manter relacionamentos saudáveis. Quando uma

pessoa tem uma autoestima saudável ela não tenta competir com os outros ou

tenta diminuir os demais. Muitas vezes a pessoa pode parecer autoconfiante,

mas carrega consigo um constante sentimento de inadequação, causar uma

boa impressão nos outros não garante que o indivíduo se sinta satisfeito

consigo mesmo. As experiências vivenciadas na infância podem reforçar a

confiança em si mesmo ou não, entretanto amor próprio e autoconfiança só

podem ser conquistados pelo próprio sujeito. (BRANDEN, 1991).

2.2 Autoconceito

Autoconceito é entendido como tudo aquilo que o sujeito pode

considerar seu, incluindo seu corpo, suas capacidades físicas, seus entes,

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seus bens, sua reputação e trabalho. (ASSIS; AVANCI, 2004). “O autoconceito

pode ser definido de uma forma simples, como a percepção que o indivíduo

tem de si próprio e o conceito que, devido a isso, forma de si”. (SERRA, 1988,

p. 101). O autoconceito está relacionado não só com as percepções do próprio

indivíduo, mas também com as percepções dos outros, sendo um fenômeno de

aspecto interpessoal. O sujeito utiliza-se de um feedback social para

confirmação de seu autoconceito. A formação do autoconceito depende de

avaliações dos próprios comportamentos, dos comportamentos dos outros e da

comparação feita entre estes, além de outras influências socioculturais.

(SERRA; GONÇALVES; FIRMINO, 1986).

Autoconceito é um conceito útil e necessário em Psicologia. A partir do

autoconceito pode-se compreender comportamentos do indivíduo ao longo do

tempo, sendo desta forma um elemento integrador. Autoconceito abrange a

esfera acadêmica, emocional, social e física. (SERRA, 1988). Foram realizadas

diversas concepções sobre o conceito que uma pessoa possui de si por

autores de diferentes abordagens, o que sem dúvida gera confusões

conceituais e metodológicas. (ASSIS; AVANCI, 2004).

O autoconceito possui várias facetas ou constituintes. Uma dessas

facetas são as autoimagens, ou seja, uma pessoa tem diversas imagens a

respeito de si, algumas imagens são valorizadas em detrimento de outras.

Outra faceta do autoconceito e elemento intrínseco a ele é a autoestima.

Existem quatro influências na formação do autoconceito. A primeira é a

percepção dos outros sobre o indivíduo. A segunda é a avaliação que o sujeito

faz a respeito de seu desempenho, podendo se julgar competente ou não em

certas situações. A terceira consiste no confronto do comportamento do

indivíduo com o comportamento dos pares com os quais se identifica. A quarta

refere-se à avaliação de uma conduta específica de acordo com a norma

social. Nos dois últimos casos, o sujeito pode sentir- se próximo ou não dos

demais, o que o levará a sentir-se satisfeito ou insatisfeito. Esses fatores

auxiliam na formação do autoconceito, que pode assumir características

positivas ou negativas. (SERRA, 1988).

Existe o autoconceito real e o ideal. Quando se solicita uma

autodescrição de alguém é pedido para que descreva seu autoconceito real,

mas isso remete o indivíduo a seu autoconceito ideal. O autoconceito real pode

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estar próximo ou não do ideal, quanto menor for a diferença entre ambos, mais

auto aceitação existe. (SERRA, 1988).

O autoconceito está relacionado a criação de expectativas, quanto mais

elevado for o autoconceito, mais elevadas serão expectativas e vice-versa. As

experiências contribuem na formação do autoconceito, este causará

expectativas e tais expectativas vão influir no ajustamento com o meio. As

expectativas são determinantes em nossas vidas, mesmo em situações

simples e cotidianas podemos criar expectativas. As expectativas são formadas

tanto por experiências próprias ao indivíduo quanto pela observação de

experiências alheias. O indivíduo executa determinados comportamentos

esperando obter certos resultados. A expectativa é um mediador do

comportamento que facilita ou inibe comportamentos sociais. (SERRA;

ANTUNES; FIRMINO, 1986).

3 TRANSTORNOS ALIMENTARES

A motivação da conduta alimentar vem das sensações básicas de fome,

sede e saciedade. (DALGALARRONDO, 2008). Conforme o Manual

diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM V), os transtornos

alimentares são peculiares por uma perturbação constante na alimentação ou

nas atitudes ligadas à alimentação que reverte no consumo ou na absorção

modificada de alimentos, colocando em considerável perigo a saúde física ou

funcionamento psicossocial. Existem critérios diagnósticos para transtorno de

ruminação, pica, transtorno alimentar restritivo/evitativo, bulimia nervosa,

anorexia nervosa e transtorno de compulsão alimentar. Os transtornos no que

diz respeito ao curso clínico se diferenciam em suas peculiaridades, resultando

assim na distinção quanto ao desfecho e a forma que cada transtorno será

tratado.

Os transtornos alimentares ocorrem principalmente em adolescentes e

jovens do sexo feminino e trazem danos psicológicos, sociais e aumento da

mortalidade. (CÓRDAS, 2004). A explicação mais plausível e aceita atualmente

para o desenvolvimento e manutenção dos transtornos alimentares é modelo

multifatorial que consiste em fatores biológicos, psicológicos e sociais se inter-

relacionando. (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). Portanto, os transtornos do

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comportamento alimentar têm muitas causas, que incluem fatores genéticos,

ambientais e comportamentais. Os transtornos alimentares compreendem a

anorexia e bulimia nervosa. As pessoas que têm anorexia ou bulimia nervosa

apresentam uma preocupação exacerbada com o peso, além de insatisfação e

distorção da imagem corporal, essas pessoas geralmente são resistentes ao

tratamento. (OLIVERA et al., 2003).

As distorções a respeito do corpo, comuns em pessoas que tem

transtornos alimentares, incluem pensamento dicotômico e atenção seletiva.

Pensamento dicotômico, porque a pessoa pensa em sua imagem corporal de

forma extremista e é totalmente crítica em relação a ela. Atenção seletiva,

porque o indivíduo focaliza um aspecto da sua aparência e acha que os outros

pensam como ele em relação à isso. A insatisfação ou distorção da imagem

corporal está presente em outros transtornos, tais como depressão, transtorno

dismórfico corporal e obesidade, porém é nos transtornos alimentares que seu

papel sintomatológico e prognóstico é mais relevante. (SAIKALI et al., 2004).

A origem dos transtornos alimentares está ligada a diversos fatores que

interagem entre si, causando e perpetuando a doença. Tais fatores podem ser

divididos em predisponentes, precipitantes e mantenedores. Os fatores

predisponentes aumentam as chances do surgimento de um transtorno

alimentar, mas ainda assim não o tornam inevitável. Os fatores precipitantes

marcam o aparecimento dos sintomas dos transtornos alimentares, sendo os

que precipitam a patologia. Os fatores mantenedores determinam a

continuidade ou não do transtorno. Muitas vezes aquilo que mantêm o

transtorno alimentar não é a mesma coisa que o iniciou. (MORGAN;

VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002).

Existem síndromes parciais dos transtornos do comportamento

alimentar, que consistem em práticas como preocupação com o peso corporal

associadas à leve distorção da imagem corporal e dietas restritivas. Quando a

prática exagerada de atividades físicas acompanha as síndromes parciais, tem-

se um risco maior de instalação de um transtorno do comportamento alimentar,

a detecção precoce é importante para impedir a instalação de quadros graves.

(OLIVEIRA et al., 2003).

3.1 Anorexia nervosa

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A anorexia nervosa é um transtorno de comportamento alimentar no qual

há distorção da autoimagem corporal. (GIORDANI, 2006). Ocorre perda de

peso intensa e intencional, devido a uma rígida restrição alimentar. Há uma

busca descontrolada pela magreza, uma enorme distorção da imagem corporal

e alterações no ciclo menstrual. (CORDÁS, 2004). O sujeito tem uma

representação mental de seu corpo que não condiz com a realidade, para ele

está sempre acima do peso. Há um nítido distanciamento da realidade do

corpo e percepção da autoimagem. A anorexia nervosa tem como principal

característica o medo exacerbado de ganhar peso e restrição alimentar. Em

alguns casos, além da restrição alimentar, o indivíduo pode realizar atividades

físicas intensas, induzir vômito e fazer uso abusivo de laxantes. (GIORDANI,

2006). Pode utilizar ainda anorexígenos ou diuréticos. (GORGATI; AMIGO,

2005).

O transtorno é predominante em mulheres adolescentes e jovens, sendo

que mais de 90% dos casos ocorre nesse grupo. (DALGALARRONDO, 2008).

O critério diagnóstico para a anorexia nervosa consiste na negação de manter

o peso corpóreo em um estado igual ou superior a menor proporção normal

coerente a idade e a altura. (GORGATI; AMIGO, 2005).

Se considerarmos a origem do termo anorexia nervosa que vem do

grego an (ausência) e orexis (apetite), é incorreta sua utilização, pois o

transtorno não é causado por falta de apetite e sim pela recusa de alimentar-se

adequadamente para não engordar. (GIORDANI, 2006). Do ponto de vista

psicopatológico não ocorre uma perda de apetite de fato, pelos menos não nos

estágios iniciais da doença. O que é ocorre é uma negação do apetite e

tentativa de controlar o corpo de maneira obsessiva. (CORDÁS, 2004). O

anoréxico geralmente tem como sintomas psicológicos, ansiedade, depressão,

baixa autoestima, irritabilidade, baixa tolerância à frustração e humor instável.

Tais sintomas trazem prejuízos à vida social, profissional e afetiva. (OLIVEIRA

et al, 2003).

O medo de engordar não diminui conforme o sujeito emagrece, pois

quanto mais emagrece mais o medo de engordar aumenta. Os portadores do

transtorno mesmo que estejam abaixo do peso avaliam-se acima do peso, ou

ainda, mesmo que se percebam magros continuam preocupados com as partes

de seu corpo que consideram “gordas”. (GIORDANI, 2006, p. 82, grifo do

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autor). Para estes indivíduos o peso corporal é extremamente valorizado e a

perda de peso é tida com uma grande conquista e capacidade de autocontrole.

(GIORDANI, 2006). Nem sempre é fácil perceber o medo de engordar, alguns

pacientes o escondem e, desta forma expõem a fobia mais devido a seu

comportamento, do que pela fala. (GORGATI; AMIGO, 2005).

A maioria dos casos são iniciados por dietas tidas como inocentes e

depois passam para graves quadros anoréticos. (DALGALARRONDO, 2008). A

pessoa anoréxica mesmo que reconheça os riscos e danos causados por sua

restrição alimentar não se importa com eles. Os limites do corpo não são

respeitados e a própria vida é colocada em risco. A pele ressecada e pálida, a

queda de cabelo e aspecto extremamente magro não lhe causam grande

impacto frente a busca obstinada pelo emagrecimento. (GIORDANI, 2006).

Os pacientes que estiverem com peso corporal abaixo de 75% do

mínimo esperado, que estiverem perdendo peso muito rápido ou que

necessitam de monitoração adequada devem ser submetidos a internação

hospitalar. A psicoterapia é um dos principais meios de se tratar o transtorno,

medicações também são receitadas, mas devem ser prescritas com cautela.

(APPOLINÁRIO; CLAUDONO, 2000). A taxa de mortalidade da anorexia

nervosa oscila entre 5% e 20%. (OLIVEIRA et al, 2003). Os anoréxicos

geralmente mantêm o peso corporal abaixo de 15% do esperado.

(DALGALARRONDO, 2008).

A vontade exagerada de emagrecer pode ter uma marca social. “É a

linguagem que ecoa nas relações cotidianas que desempenha o norte

orientador para a constituição de uma imagem corporal no sujeito” (GIORDANI,

2006, p. 84). As respostas advindas do meio social podem atuar como um

mecanismo de confirmação à insatisfação que o sujeito sente em relação a seu

peso, referências sociais acabam sendo incorporadas pelo indivíduo. Os

valores culturais estão relacionados à insatisfação e busca por imagem

idealizada pelo anoréxico. Aquilo que o anoréxico considera como excesso de

gordura pode ser uma metáfora de marcas emocionais, afetivas e

socioculturais elaboradas a partir de interações cotidianas. (GIORDANI, 2006).

A anorexia nervosa é um dos principais transtornos do comportamento

alimentar, foi a primeira a ser descrita no século XIX e a primeira a ser

classificada. No século XIII existem muitos relatos de mulheres que jejuavam

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para se aproximar espiritualmente de Deus, eram chamadas de “santas

anoréxicas” (CORDÁS, 2004, p. 15, grifo do autor). Nestas mulheres notava-se

presença de perfeccionismo, distorções cognitivas, comportamento rígido,

insatisfação consigo e auto-insuficiência, assim como nas anoréxicas de hoje.

O primeiro relato médico de anorexia nervosa foi descrito por Richard Morton

em 1694, o autor descreveu o caso de uma mulher que rejeitava alimentar-se e

não tinha ciclos menstruais, a paciente recusou qualquer tipo de ajuda e

faleceu. O autor ficou intrigado quanto à indiferença que a paciente

demonstrava em relação a seu estado de saúde mesmo tendo as faculdades

mentais básicas preservadas. (CORDÁS, 2004).

Nos anos 80, grande parte da literatura classifica dois subtipos de

anorexia nervosa, o restritivo e o purgativo. No restritivo não há ingestão

compulsiva de alimentos ou práticas purgativas, como vômito auto-induzido,

uso de laxantes e diuréticos. No purgativo há ingestão compulsiva de alimentos

e práticas purgativas. Desde os anos 90, alguns estudos relacionaram o

subtipo purgativo com transtornos de personalidade e comportamentos

impulsivos. Trabalhos recentes têm questionado a existência dessa dicotomia.

Uma questão importante a se considerar é se esses subtipos seriam estágios

evolutivos de uma mesma doença. (CORDÁS, 2004).

3.2 Bulimia nervosa

Na bulimia nervosa a pessoa ingere uma grande quantidade de

alimentos descontroladamente. A preocupação excessiva com o peso e a

imagem corporal levam a pessoa a utilizar métodos compensatórios,

inadequados para não engordar (CORDÁS, 2004). Ou seja, o indivíduo utiliza

tais métodos a fim de não sofrer as consequências do consumo exagerado de

alimentos (OLIVEIRA et al., 2003). Os métodos são indução de vômito, uso de

medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite, laxantes) e dietas. (CORDÁS,

2004). Jejuns prolongados e excesso de atividades físicas também incluem os

métodos, porém geram complicações clínicas menores do que as técnicas

purgativas. (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). Portanto, a principal

característica da bulimia nervosa é ingestão alimentar incontrolável seguida por

algum método purgativo. O sujeito ingere uma quantidade de alimentos muito

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superior a outras pessoas em um mesmo período de tempo, esse consumo

exagerado é acompanhado de sensação de perda de controle. Na bulimia

nervosa o paciente tem acentuada preocupação com o peso e aspecto corporal

e atribui seu valor moral a estes fatores. O bulímico tem um medo doentio de

acumular gordura corporal. (OLIVEIRA et al., 2003).

A compulsão alimentar costuma surgir durante uma dieta para

emagrecer. Pode também acontecer de uma anorexia nervosa evoluir para

bulimia nervosa. (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). O comer compulsivo

difere da bulimia, pois esta é seguida por métodos como vômitos e purgações

autoinduzidas e provoca sentimentos de culpa. (DALGALARRONDO, 2008).

Os episódios de compulsão alimentar geralmente ocorrem às escondidas e

trazem sentimento de culpa, vergonha e desejo de autopunição. No início

pode-se achar que a compulsão alimentar está relacionada à fome, porém

quando ela passa a acontecer seguida de purgação, torna-se claro que não

deriva da fome e sim de qualquer situação que gere sentimentos negativos,

como frustração, tédio, solidão e ansiedade. (APPOLINÁRIO; CLAUDINO,

2000).

Geralmente os indivíduos com bulimia mantêm peso corporal dentro do

esperado, porém alguns podem apresentar peso levemente acima ou abaixo

do normal. (DALGALARRONDO, 2008). A bulimia difere da anorexia nervosa

justamente por isso. Os pacientes conseguem manter o peso dentro do limiar

de normalidade em cerca de 70% dos casos, um pouco abaixo em 15% dos

casos, os outros 15% podem estar acima do peso. (APPOLINÁRIO;

CLAUDINO, 2000). E assim como na anorexia nervosa, a bulimia ocorre

predominante em mulheres adolescentes ou jovens. (DALGALARRONDO,

2008). Os indivíduos costumam se envergonhar de seus problemas

alimentares, por isso escondem seus sintomas. A indução de vômito frequente

pode levar a perda do esmalte dentário. (DALGALARRONDO, 2008).

O termo bulimia nervosa foi criada por Russell (1979), vem dos termos

gregos boul (boi) ou bou (grande quantidade) com lemos (fome), significando

uma fome muito grande ou suficiente para comer um boi. O termo boulimos já

era usado por Hipócrates para designar uma fome patológica, diferente da

fisiológica. Russel descreveu a bulimia nervosa como conhecemos hoje a partir

de contato com pacientes que tinham peso normal e um medo acentuado de

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engordar, tais pacientes tinhas episódios bulímicos e auto induziam vômitos.

Alguns desses pacientes haviam apresentado anorexia nervosa, então em um

primeiro momento considerou a bulimia nervosa uma sequela desta.

(CORDÁS, 2004).

4 TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL

O transtorno dismórfico corporal, tradicionalmente conhecido por

dismorfia, é definido pela presença de preocupação com um defeito imaginário

na própria aparência física ou preocupação exacerbada com uma pequena

imperfeição corporal. O indivíduo acredita que tal imperfeição chama a atenção

de qualquer pessoa, o que o faz sentir-se desconfortável e envergonhado

perante os demais, desta forma o transtorno tende a causar progressivo

isolamento.

O transtorno pode ocorrer em ambos os sexos, a frequência entre

homens e mulheres varia de acordo com a população em questão, existe uma

tendência a considerá-lo frequentemente igual em homens e mulheres.

Também pode ocorrer em crianças e adolescentes. (BOFF, 2003). O transtorno

dismórfico corporal está ligado a altos níveis de ansiedade, perfeccionismo,

humor deprimido e baixa autoestima. A maior parte dessas pessoas faz

tratamento estético para buscar melhorar as falhas notadas. (DSM-V, 2014). O

transtorno conforme o DSM-V tem a seguinte caracterização:

O transtorno dismórfico corporal é caracterizado pela preocupação com a percepção de um ou mais defeitos na aparência física, não observáveis, ou parecem apenas leves para outros e por comportamentos repetitivos (p.ex., verificar-se no espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização ou atos mentais (p.ex., comparar a própria aparência com a de outra pessoa) em resposta às preocupações com a aparência. [...] A dismorfia muscular é uma forma de transtorno dismórfico corporal caracterizado pela crença de que a estrutura corporal do indivíduo é muito pequena e insuficientemente musculosa. (DSM-V, 2014, p.236).

Segundo o DSM-V (2014), o transtorno dismórfico corporal é definido de

acordo com alguns critérios diagnósticos. Percepção de uma ou mais falhas na

aparência corporal que não são vistas ou que demonstram ter um grau mais

leves aos outros são motivos de preocupação. O comportamento repetitivo

demonstrado pelo indivíduo durante o período do transtorno. A preocupação

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43

com os aspectos exteriores não é definida por preocupações com o peso

corporal assim como nos critérios diagnósticos para um transtorno alimentar.

No transtorno dismórfico corporal as preocupações se restringem à aparência e

podem envolver proporções delirantes, entretanto delírios e alucinações

extremos não são encontrados nos portadores do transtorno. Parece existir

uma ligação entre as preocupações e delírios, por isso é difícil ou até mesmo

impossível traçar uma fronteira distinta entre ambos.

Os pacientes, de acordo com cada caso, podem ter por vezes

preocupações e por vezes delírios. É permitido considerar uma preocupação

dismórfica delirante, porém ainda existem controvérsias. (HALES; YUDOFSKY;

GABBARD, 2008). Conforme o DSM-V (2014), no transtorno dismórfico vários

indivíduos tem ideias ou delírios de referência, crendo que outras pessoas

caçoam deles por causa de sua aparência. O transtorno pode ser específico

com vários níveis tais como: insight bom ou razoável, insight pobre ou insight

ausente/crenças delirantes. No insight bom ou razoável o indivíduo atesta que

as formas de compreensão do transtorno dismórfico corporal são definitiva ou

provavelmente não reais ou que podem ou não ser reais. No insight pobre o

indivíduo acredita que as formas de compreensão do transtorno dismórfico

corporal são provavelmente verdadeiras. Já no insight ausente/crenças

delirantes há uma crença de que o transtorno dismórfico corporal seja

verdadeiro. (DSM-V, 2014).

Tanto no transtorno dismórfico corporal quanto nos transtornos

alimentares, a insatisfação com a imagem corporal é uma das características

que mais se destaca. Esses dois grupos de transtornos têm semelhanças

quanto a sua psicopatologia e reposta no tratamento. Ambos são considerados

transtornos de cunho obsessivo-compulsivo, porém pouco se sabe sobre a

comorbidade entre tais transtornos. (NASCIMENTO et al., 2010). Na anorexia

ou bulimia nervosa, o indivíduo se preocupa com a forma ou tamanho do corpo

como um todo, já no transtorno dismórfico corporal, se preocupa com uma ou

mais partes do corpo. (MORIYAMA; AMARAL, 2007).

Frequentemente o transtorno dismórfico corporal não é diagnosticado,

mesmo em casos mais acentuados. Possivelmente existe uma falta de

investigação por parte dos clínicos sobre insatisfações com a imagem corporal,

não relacionadas com a forma e o peso. (NASCIMENTO et al., 2010). Os

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44

pacientes também costumam ocultar os sintomas durante muito tempo antes

de procurar ajuda médica ou ainda frequentemente procuram atendimento com

médicos não psiquiatras como, cirurgiões plásticos ou dermatologistas. (BOFF,

2003). Deve se levar em consideração no diagnóstico, o nível de sofrimento e

prejuízo clínico significativo apresentado, sintomas triviais não bastam.

(HALES; YUDOFSKY; GABBARD, 2008).

As queixas dos portadores do transtorno são imaginárias ou incluem

leves defeitos na face ou cabeça e preocupações com o tamanho, forma, ou

aspecto de qualquer parte do corpo. A musculatura em geral ou o tamanho do

corpo também pode ser o foco da preocupação. Os portadores gastam horas

do dia pensando sobre seu considerado defeito, tais pensamentos dominam

suas vidas. Passam também muito tempo examinando sua aparência, se

olhando no espelho ou em qualquer superfície refletora. Ocupam-se também

em disfarçar ou alterar o defeito que os incomodam com práticas como,

exercícios físicos excessivos, aplicação de maquiagem e escovação excessiva

de cabelo. A pessoa pode tanto gastar muito se olhando no espelho como pode

evitá-lo devido ao intenso mal-estar que sente ao ver a própria imagem. (BOFF,

2003).

Assim como no transtorno obsessivo-compulsivo, têm-se pensamentos

desagradáveis e indesejáveis que levam a comportamentos repetitivos e

compulsivos. Existe uma constante e incômoda sensação de que algo não está

em ordem. Parece que as impressões internas são tidas com primazia, sendo

que as percepções reais ou alheias são ignoradas. (TORRES; FERRÃO;

MIGUEL, 2005). Devido ao isolamento o transtorno pode ser confundido com

fobia social, porém na fobia social não há enfoque em um defeito imaginário

específico. (HALES; YUDOFSKY; GABBARD, 2008). A importância dada à

beleza em culturas modernas, comparação com padrões idealizados e

necessidade de atrativos estéticos são aspectos relevantes no

desenvolvimento e manutenção do transtorno dismórfico corporal. Uma maior

vulnerabilidade genética ao desenvolvimento de sintomas obsessivo-

compulsivos e grande influência do meio podem favorecer o surgimento do

transtorno dismórfico corporal. (TORRES; FERRÃO; MIGUEL, 2005).

A respeito das consequências do transtorno, quase todos os indivíduos

com transtorno dismórfico corporal experienciam funcionamento psicossocial

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prejudicado por conta das suas preocupações com a aparência. Evasão

escolar é afirmada por cerca de 20% dos jovens com o transtorno. O indivíduo

pode ter seu funcionamento social prejudicado assim como outras áreas

significativas de sua vida. Devido aos sintomas do transtorno, por vezes os

indivíduos podem ficar confinados durante anos em sua casa, levando a

internação em hospitais psiquiátricos uma grande proporção de adultos e

adolescentes (DSM-V, 2014).

No transtorno dismórfico corporal há uma alta taxa de ideação suicida e

de tentativas de suicídio tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes.

(DSM-V, 2014). Além das tentativas de suicídio, pode ocorrer o suicídio de fato.

É importante que se faça um diagnóstico assertivo para o tratamento surtir

efeito e prevenir desfechos como o suicídio. (BOFF, 2003). Não é conhecida a

taxa de suicídio consumado. (HALES; YUDOFSKY; GABBARD, 2008).

5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE AUTO-PERCEPÇÕES

Os instrumentos utilizados para avaliar a imagem corporal podem tanto

focar as percepções sensoriais quanto aspectos subjetivos. Os instrumentos

que avaliam as medidas perceptuais mensuram distorções perceptivas sobre o

tamanho corporal, para isso utilizam fotografias ou silhuetas que devem ser

escolhidas pelos participantes de acordo com a percepção que tem de si. Os

instrumentos que avaliam as medidas subjetivas mensuram aspectos afetivos e

cognitivos relativos à imagem corporal. As escalas podem tanto buscar

compreender o grau de satisfação geral sobre a imagem corporal quanto o

grau de satisfação com partes específicas do corpo. (FERREIRA; LEITE,

2002).

Existem diversos instrumentos que medem diferentes aspectos da

imagem corporal, porém poucos estão em português. Faltam no contexto

nacional escalam que meçam o estado de satisfação corporal, que tenham

itens de satisfação com partes específicas do corpo ou dele como um todo e

que tenham itens que sejam relevantes tanto à satisfação corporal feminina

quanto masculina. (HIRATA; PILATI, 2010). Hirata e Pilati, 2010 realizaram um

estudo que buscou desenvolver e validar um instrumento sobre estado de

satisfação corporal, a Escala Situacional de Satisfação Corporal (ESSC),

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alguns itens foram itens foram adaptados e outros foram propostos. Esta

escala tem como objetivo medir a satisfação corporal de estudantes

universitários brasileiros de ambos os sexos, contendo itens sobre partes

específicas do corpo e itens sobre o corpo como um todo.

Um instrumento de medida subjetiva muito utilizado é o Questionário

Multidimensional de Relações Eu-Corpo (Multidimensional Body-Self Relations

Questionnaire - MBSRQ) de Cash (1994), o instrumento considera elementos

cognitivos, afetivos e comportamentais. O MBSQR foi sendo aperfeiçoado e em

sua versão final conta com 69 itens distribuídos em 10 escalas que avaliam a

aparência, competência física, saúde, satisfação com áreas do corpo e

preocupação com o sobrepeso. Outro instrumento muito utilizado em

pesquisas é a Escala de Estima Corporal (Body-Esteem Scale - BES)

desenvolvida por Mendelson e associados. Na versão final, o instrumento conta

com 23 itens que variam de sempre (0) para nunca (4) e avaliam a aparência,

peso e atribuição. (FERREIRA; LEITE, 2002).

Em escalas de auto-avaliações, geralmente o indivíduo deve classificar-

se em cada item de zero a quatro ou de um a cinco pontos, porém algumas vão

a onze pontos. O número de questões deve coincidir com o número de pontos

atribuídos. A maioria das escalas são de descrições verbais, as não verbais

utilizam repostas simbólicas, porém nenhuma delas deixa de ser

essencialmente verbal, pois para seu preenchimento há instruções e

orientações escritas. (SERRA, 1986).

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CAPÍTULO III

PESQUISA

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada na

pesquisa, apresentar os dados coletados e análise dos dados de acordo com o

referencial teórico utilizado neste trabalho.

2 MÉTODO

Foi realizada pesquisa de campo do tipo descritiva. Segundo Cervo e

Bervian (1996) a pesquisa descritiva observa, analisa e correlaciona fatos ou

fenômenos sem manipulá-los, colhidos da própria realidade. Procura descobrir

a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros,

sua natureza e características. A análise dos resultados é quantitativa com

ênfase na teoria psicodramática. “O psicodrama [...] diferentemente de outras

psicoterapias puramente verbais [...] faz intervir, manifestamente, o corpo”

(BERMÚDEZ, 1999, p. 15).

O instrumento utilizado para coleta de dados foi o Questionário sobre

Satisfação com a Imagem Corporal (Apêndice A), adaptado e validado no

Brasil por Leite e Ferreira (2000). O questionário é composto por 25 itens, nos

quais se deve assinalar uma opção do 1 ao 5, correspondendo

respectivamente à discordo totalmente, discordo em parte, não concordo nem

discordo, concordo em parte, concordo totalmente.

Foi solicitada a coordenadora do curso de Psicologia autorização para

convidar os estudantes do primeiro ano de Psicologia a participarem da

pesquisa, após concordância os alunos foram convidados pessoalmente. Após

o aceite foi apresentado e assinado o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice B) e os alunos foram informados sobre o propósito da

pesquisa. Os estudantes participaram da pesquisa em data e horário

previamente estabelecido. Em um primeiro momento, foram colhidos dados de

altura e peso dos participantes para o cálculo de índice de massa corporal

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(IMC) em uma sala de medição do curso de Educação Física. Um professor e

um aluno do curso de Educação Física auxiliaram na coleta desses dados e

cálculo do IMC. Em seguida foi aplicado o questionário coletivamente em uma

sala da biblioteca do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins.

Os objetivos da pesquisa constituíram-se em: identificar a autoimagem

corporal dos estudantes universitários do primeiro ano do curso de Psicologia

do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins e compreender a

percepção da autoimagem corporal a partir de um enfoque psicodramático. A

hipótese da pesquisa refere que a vivência acadêmica provoca reformulações

na identidade, o que pode influenciar por consequente a autoimagem corporal.

O projeto foi submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de

Ética e Pesquisa em 29/06/2015, com parecer nº 1.130.160 (Anexo A).

2.1 Local de pesquisa

A pesquisa foi realizada no Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium – Lins. A coleta de altura e peso foi realizada em uma sala de

medição de altura e peso do curso de Educação Física. A aplicação do

questionário foi realizada na biblioteca da faculdade em sala reservada e

fechada promovendo sigilo.

2.2 Sujeito de pesquisa

Participaram da pesquisa 11 estudantes universitários do primeiro ano

do curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de

Lins, sendo 3 do sexo masculino e 8 do sexo feminino.

2.3 Critérios de inclusão

Estudantes universitários regularmente matriculados e cursando o

primeiro ano do curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium de Lins.

2.4 Critérios de exclusão

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Estudantes universitários não matriculados no primeiro ano do curso de

Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Foram colhidos alguns dados sociodemográficos dos participantes.

Quanto ao sexo, 72,72% dos participantes são do sexo feminino e 27,27% do

sexo masculino. Quanto à escolaridade, 81,81% possuem nível superior

incompleto e 18,18% superior completo. Quanto ao estado civil, 81,81% são

solteiros, 9,09% casados e 9,09% divorciados. A idade do grupo variou entre

18 e 55 anos, sendo que 81,81% tinham entre 18 e 30 anos. Referente à renda

familiar, 54,54% da amostra não respondeu, 18,18% tem como renda familiar

até 2 salários mínimos e 27,27% tem como renda familiar de 3 a 4 salários

mínimos. O número de irmãos que predominou foi de 0 a 3 irmãos, sendo

81,81% dos sujeitos de pesquisa.

De acordo com dados obtidos sobre índice de massa corporal, 54,54%

apresentam peso normal, 36,36% estão acima do peso e 9,09% encontram-se

abaixo do peso. De acordo com análise individual de dados obtidos na

aplicação do Questionário sobre satisfação com a imagem corporal, 63,63%

dos participantes concordaram com mais itens que remetem à satisfação com a

autoimagem corporal e 36,36% dos participantes concordaram mais itens que

remetem a insatisfação com a autoimagem corporal.

De acordo com tais dados, 63,63% dos participantes estão satisfeitos

com sua imagem corporal e 36,36% insatisfeitos. O questionário é composto

por 25 itens e contém 15 itens que remetem à satisfação da imagem corporal,

na pesquisa realizada 73,33% desses itens foram assinalados com respostas

concordo em parte/ totalmente, sendo que em todos estes itens houve uma

predominância de respostas concordo em parte (grifo nosso).

Devido à predominância de respostas concordo em parte (grifo nosso)

nas afirmativas com conotação positiva sobre a autoimagem corporal, pode-se

compreender que existe na amostra uma satisfação parcial com a autoimagem

corporal. A análise e discussão dos resultados, buscou relacionar e confirmar

aspectos teóricos sobre imagem corporal. Buscou-se também identificar a

percepção da autoimagem corporal dos sujeitos de pesquisa.

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50

As etapas da formação da Matriz de Identidade constituem-se em bases

psicológicas para desempenho de papéis. (BERMÚDEZ, 1980). A primeira

etapa consiste em indiferenciação, a segunda em focalização de atenção no

“outro” (grifo nosso), a terceira em focalização de atenção em si, a quarta em

tentativa de tomar o papel do “outro” (grifo nosso) e na quinta há troca

concomitante de papéis. (GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA, 1988). Tais

etapas vão acontecendo durante as Matrizes de Identidade Total

Indiferenciada, de Identidade Total Diferenciada e de Identidade da Brecha

entre Fantasia e Realidade. Tais etapas de formação da Matriz de Identidade

serão vivenciadas quando houver a necessidade de desempenho de um novo

papel a ser integrado na identidade assim como ocorre na vivência acadêmica,

portanto, buscou-se relacionar as etapas da formação da Matriz de identidade

com os dados obtidos e itens do questionário para compreender o processo

vivenciado pelos sujeitos de pesquisa.

Tabela 1. Gosto do modo como apareço em fotografias

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 4 (36,36%) 5 (45,45%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 0 (0%) 2 (18,18) 2 (18,18%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Conforme a tabela acima 63,63% dos participantes discordaram

totalmente/em parte, sendo que 45,45% discordaram em parte. Sugere-se que

a maioria dos participantes não gosta do modo como aparece em fotografias.

De acordo com Tavares (2003), uma pessoa percebe sua autoimagem através

de imagens sensoriais e imagens resultantes de representação mental. Uma

fotografia refere-se a uma imagem visual do corpo, mas a maneira de se

perceber uma fotografia também está relacionada à imagem mental. Nota-se

aqui uma insatisfação parcial com a imagem visual de si, pois 45,45%

discordaram em parte.

Tabela 2. Tenho uma aparência tão boa quanto à maioria das pessoas (Continua)

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(Conclusão)

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 3 (27,27%) 4 (36,36%)

Concordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 ( 9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 2, 45,45% concordaram em parte/totalmente, porém apenas

9,09% concordaram totalmente com a afirmativa. A autoestima, componente da

autoimagem corporal, dá-se através da interação social. (MOSQUERA;

STOBAUS, 2008). Sugere-se que 45,45% dos participantes estejam satisfeitos

consigo mesmos em relação à comparação de si com outras pessoas,

entende-se que a comparação entre si e os outros acontece por meio da

existência de um meio social e interação com esse meio.

Pode-se relacionar a afirmativa acima e resultado obtido com a primeira

etapa da formação da Matriz de Identidade ou fase do duplo, na qual não existe

diferenciação entre si e o mundo externo, pois o número de concordância em

parte/total (45,45%) sugere a existência de uma identificação ou falta de

indiferenciação entre si e o outro.

Tabela 3. Estou tentando mudar meu peso

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima 63,63% dos participantes concordaram em

parte/totalmente com a afirmativa, sendo que 54,54% concordaram totalmente

e 45,45% correspondem ao sexo feminino. Segundo Russo (2005), geralmente

tenta-se seguir imagens estabelecidas em uma sociedade. Se existe uma

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valorização do corpo magro, a maioria tentará seguir este padrão. Não

conseguir se enquadrar em tal padrão de beleza gerará sofrimento e

insatisfação, especialmente nas mulheres. De acordo com os resultados

obtidos na amostra, nota-se a existência de uma predominante preocupação

com o peso no sexo feminino (45,45%).

Tabela 4. Gosto do que vejo quando me olho no espelho

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 4 (36,36%) 5 (45,45%)

Concordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

De acordo com a tabela acima, 63,63% dos participantes concordaram

em parte/totalmente, sendo que 45,45% concordaram em parte. Nota-se que

apesar de 63,63% da amostra estar insatisfeita com a percepção de sua

imagem visual conforme mostra a tabela 1, 63,63% estão satisfeitos com sua

imagem visual refletida no espelho e 18,18% estão satisfeitos totalmente. O

indivíduo pode ter várias imagens de si (SERRA, 1988), portanto entende-se

que a autoimagem percebida em uma fotografia pode ter conotações diferentes

da autoimagem percebida no espelho, por se tratarem de imagens distintas são

percebidas de diferentes maneiras.

Pode-se relacionar a afirmativa acima com a terceira etapa da formação

Matriz de Identidade, na qual a atenção é voltada para si, pois para a

percepção da própria imagem refletida no espelho é necessário que se

concentre em si mesmo, não obstante a imagem que temos de nós mesmos e

como a percebemos é influenciada por diversos aspectos externos.

Tabela 5. Se eu pudesse, mudaria muitas coisas em minha aparência (Continua)

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

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(Conclusão)

Concordo em parte 2 (18,18%) 4 (36,36%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima, 72,72% da amostra concordou em parte/totalmente

com a afirmativa, portanto, sugere-se que a maioria dos participantes gostaria

de mudar sua aparência. O desejo de mudar a aparência pode estar

relacionado com a influência social e vontade de seguir um padrão social de

beleza estabelecido, pois segundo Russo (2005), devido à norma social o

corpo acaba se tornando um objeto extremante valorizado com o qual é difícil

se sentir satisfeito.

Tabela 6. Estou satisfeito (a) com meu peso

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Discordo em parte 2 (18,18%) 2 (18,18%) 4 (36,36%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Concordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Conforme a tabela 6, 63,63% discordaram totalmente/em parte da

afirmativa. O resultado obtido converge com o resultado obtido na tabela 3,

pois 63,63% dos participantes estão tentando mudar seu peso e 63,63% estão

insatisfeitos com seu peso. De acordo com Russo (2005), geralmente tenta-se

seguir padrões estabelecidos em uma sociedade. Se existe, por exemplo, uma

valorização do corpo magro, a maioria tentará seguir este padrão. A principal

preocupação tem sido com o peso e a forma corporal (SOBREIRA, 2008).

Conforme o resultado obtido a maioria dos sujeitos de pesquisa (63,63%) estão

insatisfeitos com seu peso, fator este que pode ser influenciado pelo meio

social.

Tabela 7. Gostaria que minha aparência fosse melhor (Continua)

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(Conclusão)

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 4 (36,36%) 5 (45,45%)

Concordo totalmente 2 (18,18%) 3 (27,27%) 5 (45,45%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima 45,45% dos estudantes concordaram em parte e

45,45% concordaram totalmente com a afirmativa, portanto 90,09% gostariam

de ter uma aparência melhor. Conforme Tavares (2003), o incentivo dos meios

de comunicação por um padrão de beleza ideal faz com que idealizemos um

corpo ideal em detrimento do corpo real. O resultado aqui obtido segure-se a

existência de uma idealização a respeito da imagem corporal, pois mesmo que

63,63% sintam-se felizes em parte/totalmente com sua aparência conforme

verificado na tabela, 11, 90,9% mudariam muitas coisas em sua aparência.

Tabela 8. Gostaria de ter uma aparência semelhante à de outras pessoas

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 5 (45,45%) 5 (45,45%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

De acordo com a tabela acima, 45,45% dos participantes discordaram

totalmente e 27,27% concordaram em parte/totalmente com a afirmativa.

Nossas percepções abarcam diversos referenciais externos para avaliação de

nossa própria imagem e a identidade corporal está relacionada à compreensão

do “eu” e do “não eu”. (TAVARES, 2003). No psicodrama só pode haver

diferenciação e identificação de um eu consolidado com outro eu consolidado.

(GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA, 1988). A partir dos resultados obtidos,

sugere-se que a maioria dos participantes não gostaria de ter uma aparência

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55

semelhante às demais pessoas que fazem parte de seu convívio social. Não

obstante, tal fator não significa que os referencias externos não sirvam de

modelo, sejam eles modelos de identificação ou não. Conforme Bermúdez

(1980), podemos reagir a estímulos externos, tanto com atração (tele positiva)

quanto com rejeição (tele negativa).

Sugere-se que a afirmativa acima remete à segunda etapa da formação

da Matriz de Identidade, na qual o indivíduo foca atenção no outro, pois

entende-se que para se comparar ao outro existe um direcionamento e

investimento de atenção nesse “outro”. Nos indivíduos que concordaram em

parte/totalmente (27,27%) com a afirmativa, sugere-se uma possível vontade

de ocupar o papel do “outro”, pois gostariam de ter uma aparência semelhante

à de outras pessoas, tal fator refere à quarta etapa da formação da Matriz de

Identidade.

Tabela 9. Pessoas da minha idade gostam da minha aparência Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

A tabela acima mostra que 54,54% concordaram em parte e 18,18%

concordaram totalmente com a afirmativa. Sugere-se que a maioria (72,72%)

está satisfeita com a confirmação do meio social a respeito de sua autoimagem

corporal. Conforme Serra, Gonçalves e Firmino (1988) o indivíduo confirma seu

autoconceito a partir das concepções percebidas no meio externo. Entretanto,

segundo Branden (1991), o sujeito pode passar a impressão de que se sente

seguro em relação a sua imagem corporal sem sê-lo de fato.

Tabela 10. As outras pessoas acham que eu tenho boa aparência (Continua)

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 2 (18,18%) 0 (0%) 2 (18,18%)

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56

(Conclusão)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Conforme a tabela acima, 81,81% dos participantes concordaram com a

afirmativa, sendo que 54,54% concordaram em parte e 27,27% concordaram

totalmente. Ao percebemos nosso corpo levamos em consideração nossas

vivências individuais e dinâmicas. (ESTURARO, 2003). Sugere-se que a

maioria dos participantes demostraram novamente estar satisfeitos com a

resposta social acerca de sua autoimagem corporal.

Pode-se relacionar a afirmativa acima, com quinta etapa da formação da

Matriz de identidade, na qual há inversão concomitante de papéis. Portanto, na

primeira etapa existe uma indiferenciação entre si e o outro, na segunda há

investimento no outro, na terceira há investimento em si, na quarta tentativa de

ocupar o papel do outro e na quinta o “outro” focaliza o “eu” e o “eu” focaliza o

“outro” (grifo nosso), então se considera algo sobre o outro e o outro também

considera algo sobre o Eu, existindo assim uma troca.

Tabela 11. Sinto-me feliz com a minha aparência

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Discordo em parte 2 (18,18%) 1 (9,09%) 3 (27,27%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 3 (27,27%) 4 (36,36%)

Concordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima 36,36% dos participantes concordaram em parte e

27,27% concordaram totalmente. Então 63,63% sente-se feliz com a sua

aparência mesmo que 36,36% se sinta feliz em parte. A imagem corporal é

complexa e abrange todas as formas de se vivenciar e conceituar o próprio

corpo. A imagem corporal tem um caráter existencial inesgotável (TAVARES,

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57

2003). Sugere-se que a predominância de participantes que concordaram em

parte esteja relacionada com a dificuldade de se estar completamente feliz com

a aparência, visto que imagem corporal é um conceito extremamente amplo e

engloba diversas percepções de si e do mundo.

Tabela 12. Sinto que meu peso está na medida certa para a minha altura

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Discordo em parte 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 2 (18,18%) 0 (0%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 12 houve uma predominância de 45,45% de respostas

discordo totalmente/ em parte. Conforme verificado nas tabelas 3 e 6, existe

uma insatisfação com o peso em 63,63% da amostra. Porém, apenas 45,45%

acreditam que seu peso corporal não condiz com sua altura.

Tabela 13. Sinto vergonha da minha aparência

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 5 (45,45%) 5 (45,45%)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 2 (18,18%) 1 (9,09%) 3 (27,27%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 13, 45,45% discordaram totalmente e 27,27% concordaram

em parte/totalmente com a afirmativa. Segundo Tavares (2003), muitos fatores

como traumas, relações sociais e crises existenciais podem influenciar o

desenvolvimento da imagem corporal. Alguns desses fatores podem dificultar o

desenvolvimento de uma autoimagem satisfatória. De acordo com os dados

coletados, a maioria dos participantes não sente vergonha da própria

aparência, apesar de querer ter uma aparência melhor conforme verificado na

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58

tabela 7. Pode-se inferir que em 45,45% dos participantes tais fatores não

tenham influenciado fortemente uma autoimagem negativa, pois mesmo que

não se sintam completamente satisfeitos com sua aparência não sentem

vergonha dela.

Devido ao número de respostas discordo totalmente (45,45%), pode-se

inferir que tais participantes estejam menos propensos a um transtorno como a

dismorfia ou transtorno dismórfico corporal, no qual há uma preocupação

excessiva com um defeito imaginário ou muito irrelevante, gerando vergonha

perante os demais. (BOFF, 2003).

Tabela 14. Estar acima do meu peso me deprime

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 2 (18,18%) 1 (9,09%) 3 (27,27%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Concordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

A tabela acima mostra que 45,45% dos participantes concordaram em

parte/totalmente e 36,36% discordaram em parte/ totalmente da afirmativa. O

número de pessoas que concordaram com a afirmativa não foi tão superior ao

número de pessoas que discordaram. Portanto, mesmo que 63,63% dos

participantes estejam tentando mudar seu peso e não estejam satisfeitos com

ele, conforme verificado nas tabelas 3 e 6, estar acima do peso deprime uma

parte dos sujeitos de pesquisa.

Tabela 15. Minha aparência contribui para que eu seja paquerado (a) Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 2 (18,18%) 2 (18,18%) 4 (36,36%)

Concordo totalmente 0 (0%) 2 (18,18%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

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59

Na tabela acima houve uma predominância de 54,54% de respostas

concordo em parte/totalmente. Portanto, mais uma vez verificou-se que a

maioria dos participantes tem uma ideia positiva acerca da visão de outras

pessoas sobre sua imagem corporal. Serra (1988) aponta que, dentre outros

fatores, o sujeito pode se sentir satisfeito ou não consigo mesmo decorrente à

avaliação feita pelo grupo social. Pode-se relacionar esta afirmativa com a

quinta etapa da formação da Matriz de identidade, na qual há inversão de

papéis entre si e o “outro”, pois entende-se que, para o “outro” perceber algo

sobre o “eu”, existe um investimento do “outro” na imagem do “eu” e vice-versa.

Tabela 16. Acho que tenho um corpo bom

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Concordo em parte 2 (18,18%) 6 (54,54%) 8 (72,72%)

Concordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 16, 72,72% dos participantes concordaram em parte com a

afirmativa. Nota-se que a maioria da amostra acha que tem um corpo bom,

mas não concordou totalmente, infere-se que algumas partes do corpo sejam

mais valorizadas. Como já citado, uma pessoa pode possuir várias imagens de

si mesmo e algumas são valorizadas enquanto outras não (SERRA, 1988).

Sugere-se que haja entre os participantes, preferência por algumas partes do

corpo, em detrimento de outras.

Tabela 17. Sinto-me tão bonito (a) quanto eu gostaria de ser Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 2 (18,18%) 3 (27,27%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

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60

Conforme a tabela 54,54% dos participantes concordaram em parte ao

passo que 45,45% discordaram totalmente/em parte. A maioria sente-se tão

bonito (a) quando gostaria de ser, porém concordou em parte e o número de

participantes que discordam foi aproximado. Sugere-se a predileção a algumas

partes do corpo assim como ressaltando nas tabelas 16 e 19, pois a maioria

dos sujeitos de pesquisa concordou em parte.

Tabela 18. Estou sempre preocupado (a) com o fato de poder estar gordo (a) Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 2 (18,18%) 2 (18,18%) 4 (36,36%)

Concordo totalmente 0 (0%) 3 (27,27%) 3 (27,27%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima 63,63% concordaram em parte/totalmente com a

afirmativa. Esses dados mostram-se coerentes com os dados obtidos nas

tabelas 3 e 6, pois 63,63% dos participantes não estão satisfeitos com seu

peso e estão tentando mudá-lo. Os padrões de beleza atuais tendem a

valorizar a magreza, sendo que a principal preocupação tem sido com o peso e

a forma corporal (SOBREIRA, 2008). Na amostra nota-se que existe uma

predominante preocupação com o excesso de peso.

Tabela 19. Tenho orgulho do meu corpo

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 19, 45,45% dos participantes concordaram em parte e 9,09%

concordaram totalmente com a afirmativa. Segundo Serra (1988), algumas

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61

imagens de si podem ser mais valorizadas do que outras. Assim como

verificado na tabela 16 e 17, a maioria da amostra concorda em parte, portanto

sugere-se que não há uma completa satisfação com o corpo e sim com partes

dele.

Tabela 20. Sou uma pessoa sem atrativos físicos Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 2 (18,18%) 3 (27,27%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 2 (18,18%) 3 (27,27%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 3 (27,27%) 4 (36,36%)

Concordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0 %)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

De acordo com a tabela, 36,36% concordaram em parte e 36,36%

discordaram totalmente/em parte. Estes dados mostram-se incoerentes com os

resultados obtidos nas tabelas 9, 10 e 15, nas quais pôde-se observar uma

predominante satisfação com a resposta social acerca da autoimagem

corporal. Entende-se que uma pessoa que se considere sem atrativos físicos

leve em consideração as percepções advindas do meio social para confirmar

tal concepção. Conforme Esturaro (2003), a perda da autoestima está ligada ao

sentimento de não corresponder com o valorizado em uma sociedade.

Tabela 21. Estou fazendo dieta atualmente

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 1 (9,09%) 4 (36,36%) 5 (45,45%)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 4 (36,036%) 5 (45,45%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Conforme a tabela 45,45% discordaram totalmente e 45,45%

concordaram totalmente com a afirmativa. Apesar de 63,63% da amostra

demonstrar insatisfação com peso, nem todos estão fazendo dieta e conforme

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62

verificado na tabela 18, 63,63% estão preocupados com o fato de estarem

acima do peso.

Tabela 22. Frequentemente tento perder peso fazendo dietas drásticas e radicais

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 2 (18,18%) 6 (54,54%) 8 (72,72%)

Discordo em parte 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela 22, 72,72% dos sujeitos de pesquisa discordaram totalmente

da afirmativa. Embora haja uma predominante preocupação com o peso,

conforme já verificado, a maioria dos participantes não faz deitas radicais.

Pode-se inferir que em grande parte da amostra não existe uma preocupação

com o peso tão exacerbada a ponto de se fazer dietas extremas, dietas essas

comuns em transtornos que envolvem alteração da percepção da imagem

corporal, como, por exemplo, a anorexia nervosa que envolve entre outras

características uma rígida restrição alimentar. (CORDÁS, 2004).

Tabela 23. Meu corpo é sexualmente atraente

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 2 (18,18%) 3 (27,27%)

Concordo em parte 1 (9,09%) 4 (36,36%) 5 (45,45%)

Concordo totalmente 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima, 54,54% dos participantes concordaram em parte e

9,09% totalmente, demonstrando assim um maior número de participantes

satisfeitos mesmo que parcialmente. Segundo Tavares (2003), a percepção da

imagem corporal se dá por meio do reconhecimento anatômico do corpo e por

meio de vivências afetivas experimentadas através deste corpo. Sugere-se que

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63

a predominante satisfação com o aspecto sexual do corpo observada na

amostra esteja relacionada com as experiências afetivas de cada um.

Tabela 24. Gosto de minha aparência quando me olho sem roupa

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Discordo em parte 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Não concordo nem discordo 1 (9,09%) 0 (0%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 0 (0%) 6 (54,54%) 6 (54,54%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

De acordo com a tabela acima 54,54% dos participantes concordaram

em parte e 18,18% totalmente. Tal resultado é coerente com dados obtidos na

tabela anterior, pois infere-se que um corpo sexualmente atraente seja

percebido satisfatoriamente. Porém, tanto na tabela 23 quanto na tabela 24 a

maioria da amostra concordou em parte, sugere-se que haja uma satisfação

com partes do corpo e não com o corpo como um todo.

Assim como na tabela 4, pode-se relacionar a afirmativa acima com a

terceira etapa da Matriz de Identidade, na qual a atenção é voltada para si, pois

para perceber o próprio corpo é necessário investir atenção nele.

Tabela 25. Gosto das maneiras que as roupas caem em mim

Masculino Feminino Total

Discordo totalmente 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Discordo em parte 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Não concordo nem discordo 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Concordo em parte 2 (18,18%) 5 (45,45%) 7 (63,63%)

Concordo totalmente 1 (9,09%) 1 (9,09%) 2 (18,18%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Na tabela acima 81,81% dos participantes concordaram em

parte/totalmente com a afirmativa. Sugere-se uma predominante preferência

por partes do corpo devido ao número de participantes que concordaram em

parte (63,63%). Entende-se que concordar que gosta das maneiras que as

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roupas lhes caem em parte implica em não gostar como as roupas lhes caem

como um todo. Algumas imagens de si podem ser valorizadas em detrimento

de outras (SERRA, 1988). Portanto, cada parte do corpo pode ter uma imagem

mental diferente, ou seja, pode ser percebida de maneira diferente e ter um

grau de satisfação distinto.

Tabela 26. IMC (Índice de massa corporal)

Masculino Feminino Total

Abaixo de 17 - muito abaixo do peso 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Entre 17 e 18,49 - abaixo do peso 0 (0%) 1 (9,09%) 1 (9,09%)

Entre 18,5 e 24,99 - peso normal 1 (9,09%) 5 (45,45%) 6 (54,54%)

Entre 25 e 29,99 acima do peso 2 (18,18%) 2 (18,18) 4 (36,36%)

Entre 30 e 34,99 - obesidade I 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Entre 35 e 39,99 - obesidade II 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Acima de 40 - obesidade III (mórbida) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Total: 3 (27,27%) 8 (72,72%) 11 (100%)

Fonte: Souza; Reis, 2015

Conforme a tabela sobre índice de massa corporal verificou que 36,36%

dos participantes estão acima do peso e 9,09% estão abaixo do peso, porém

conforme verificado 63,63% estão insatisfeitos com seu peso e 63,63% estão

preocupados em estarem acima do peso. A maioria apresenta peso normal

para sua altura, sendo 54,54% da amostra. Giordani (2006) aponta que,

referências sociais podem interferir em como o sujeito vai se sentir em relação

ao seu peso. Pode-se inferir que o ambiente acadêmico enquanto grupo social

pode influenciar essa e outras percepções sobre a autoimagem corporal.

Pôde-se notar algumas discrepâncias nos dados obtidos na pesquisa,

por exemplo, embora 63,63% dos participantes se sintam felizes com sua

aparência, sendo que 36,36% se sente feliz em parte, 90,09% dos participantes

gostariam que sua aparência fosse melhor, sendo que 45,45% gostariam que

fosse melhor em parte e 45,45% gostariam que sua aparência fosse

completamente melhor. Pode-se notar também que embora 72,72% dos

participantes concordem em parte que tem um corpo bom e 54,54% concorde

em parte que se sente tão bonito quanto gostaria de ser, 72,72% concordam

em parte/totalmente que se pudessem mudariam muitas coisas em sua

aparência.

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65

4 PARECER FINAL

De acordo com a pesquisa realizada, 63,63% dos estudantes

universitários do primeiro ano do curso de Psicologia do Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium de Lins estão satisfeitos com sua autoimagem

corporal e 36,36% estão insatisfeitos com sua autoimagem corporal.

Entretanto, concluiu-se que os sujeitos de pesquisa estejam parcialmente

satisfeitos com sua autoimagem corporal, pois em 73,33% dos itens do

instrumento utilizado que remetem à satisfação com a autoimagem corporal

houve predominância de repostas concordo em parte (grifo nosso). Outro

fator que sugere uma satisfação parcial com a autoimagem corporal são as

discrepâncias encontras na pesquisa.

Verificou-se que 63,63% dos estudantes universitários do primeiro ano

do curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de

Lins estão insatisfeitos com seu peso corporal. De acordo com os dados

obtidos sobre o IMC, apenas 36,36% dos sujeitos de pesquisa estão acima do

peso, porém existe uma predominante insatisfação com o peso, o que sugere a

existência de uma possível percepção distorcida a respeito do peso corporal.

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66

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Algumas discrepâncias puderam ser evidenciadas na pesquisa, pois a

maioria da amostra mostra-se satisfeita em algumas afirmativas, havendo

contradição em outras. Sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas com

número maior de estudantes, com estudantes de outros cursos e que estejam

em outros períodos letivos.

Verificou-se que 36,36% dos alunos do primeiro ano do curso de

Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins estão

insatisfeitos com sua autoimagem corporal. Sugere-se que haja serviços de

orientação e atendimento terapêutico na clínica da faculdade para alunos

interessados.

Mesmo que 63,63% dos alunos do primeiro ano do curso de Psicologia

do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins estejam satisfeitos

com sua autoimagem corporal, a predominância de repostas “concordo em

parte” (grifo nosso), refere uma provável satisfação com partes do corpo e não

com o corpo por completo. Sugere-se, portanto, que novas pesquisas utilizem

instrumentos que também avaliem a satisfação com partes do corpo.

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CONCLUSÃO

Como visto ao longo deste trabalho, a percepção da imagem corporal é

ampla e engloba percepções sensoriais e subjetivas. O meio social tem grande

influência sobre a maneira de vivenciar e compreender o próprio corpo. Os

transtornos relacionados à distorção da autoimagem corporal servem de

parâmetro para a importância que o aspecto visual físico tem sobre o

psiquismo e como ambos estão interligados.

Por meio da pesquisa realizada, alguns aspectos sobre imagem corporal

puderam ser evidenciados, como a relevância da confirmação do meio social a

respeito da autoimagem corporal, idealização do corpo e satisfação do corpo

em partes e não como um todo. Foi verificado que 63,63% da amostra

encontra-se satisfeita com sua autoimagem corporal, porém, devido a

discrepâncias, insatisfação de 63,63% com o peso corporal e predominância de

respostas concordo em parte (grifo nosso), sugere-se a existência de uma

satisfação parcial e não plena. Tal predominância também pode estar

relacionada com a valorização de algumas partes do corpo em detrimento de

outras.

A amostra constituiu-se de estudantes universitários do primeiro ano do

curso de Psicologia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de

Lins. Segundo Mosquera e Stobaus (2008), alunos em contato com um novo

período letivo podem passam por períodos de ansiedade e estresse, tal fator

pode influenciar a autoimagem, autoestima e desempenho profissional e

pessoal.

A hipótese que respaldou esta pesquisa infere que a vivência acadêmica

provoca reformulações na identidade, o que interfere na percepção da

autoimagem corporal. Para compreensão do conceito de identidade utilizou-se

a Matriz de identidade, formulada por Moreno, considerado “pai” (grifo nosso)

do Psicodrama. As etapas da formação da Matriz de Identidade de Moreno

constituem-se em uma base sobre a qual o indivíduo irá se desenvolver e

sempre que houver a necessidade de se aprender um novo papel, tais fases

são acionadas e vivenciadas.

A vivência acadêmica leva o sujeito à aprendizagem de um novo papel

social, portanto, existe uma reformulação na identidade. O meio acadêmico

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pode ser considerado um átomo social, no qual haverá identificação/

diferenciação e tele sensibilidade, sendo que o indivíduo pode rejeitar este

meio social (tele negativa) ou pode se identificar com ele (tele positiva). A

reformulação na identidade pode levar o sujeito a uma angústia básica, sendo

esta o impulso da espontaneidade e criatividade ou a uma angústia existencial,

ligada ao projeto de vida.

Sugere-se que, as discrepâncias encontradas na pesquisa e a

predominância de respostas, concordo em parte (grifo nosso), podem estar

associadas a reformulações na identidade e, por conseguinte, na percepção da

autoimagem corporal destes estudantes universitários.

Pesquisas anteriormente realizadas, no meio acadêmico, devem ser

levadas em consideração, assim como novas pesquisas, para confirmação dos

resultados e hipótese inferida neste trabalho.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SOBRE A SATIFASÇÃO COM A IMAGEM

CORPORAL

SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL

Maria Cristina Ferreira e Neíse Gonçalves de Magalhães Leite

IDADE:_____________SEXO:________________Nº DE IRMÃOS:_______________ ESCOLARIDADE:__________________________ESTADO CIVIL:_______________ RENDA FAMILIAR:_____________salários

INSTRUÇÕES Este questionário contêm uma série de afirmativas sobre como as pessoas pensam, sentem ou se comportam. Você será solicitado a indicar a extensão em que cada uma das afirmativas se refere a você, pessoalmente. Suas respostas a cada item serão anônimas. Leia cada uma das afirmativas cuidadosamente e decida o quanto ela está de acordo com você. Use a escala abaixo para dar suas respostas, marcando um X no número que melhor expressa sua opinião sobre cada uma das afirmativas. Exemplo: Eu freqüentemente estou de bom humor. Discordo Discordo Não discordo Concordo Concordo totalmente em parte nem concordo em parte totalmente Se você discordar totalmente da afirmação deve marcar o 1 e se concordar totalmente, deve marcar o 5. Os outros números devem ser usados para os julgamentos intermediários. Não há respostas certas nem erradas, e assim, você apenas deve dar aquela resposta que mais se adapte a você. Lembre-se que suas respostas são anônimas e, por favor, responda sinceramente a todos os itens.

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Discordo Discordo em Não discordo Concordo em Concordo totalmente parte nem concordo parte totalmente 1. Gosto do modo como apareço em fotografias. 2. Tenho uma aparência tão boa quanto a maioria das pessoas. 3. Estou tentando mudar meu peso. 4. Gosto do que vejo quando me olho no espelho. 5. Se eu pudesse, mudaria muitas coisas na minha aparência.

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6. Estou satisfeito (a) com meu peso. 7. Gostaria que minha aparência fosse melhor. 8. Gostaria de ter uma aparência semelhante à de outras pessoas. 9. Pessoas da minha idade gostam da minha aparência. 10. As outras pessoas acham que eu tenho boa aparência. 11. Sinto-me feliz com a minha aparência. 12. Sinto que meu peso está na medida certa para a minha altura. 13. Sinto vergonha da minha aparência. 14. Estar acima do meu peso me deprime. 15. Minha aparência contribui para que eu seja paquerado (a). 16. Acho que eu tenho um corpo bom. 17. Sinto-me tão bonito (a) quanto eu gostaria de ser. 18. Estou sempre preocupado (a) com o fato de poder estar gordo (a). 19. Tenho orgulho do meu corpo. 20. Sou uma pessoa sem atrativos físicos. 21. Estou fazendo dieta atualmente. 22. Freqüentemente tento perder peso fazendo dietas drásticas e radicais. 23. Meu corpo é sexualmente atraente. 24. Gosto de minha aparência quando me olho sem roupa. 25. Gosto das maneiras que as roupas caem em mim.

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

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ANEXOS

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ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO

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