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8 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS DE ADESÃO DOS PLANOS DE SAÚDE Por: Jacqueline Machado Vital Orientador Profº: William L. Rocha Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS DE ADESÃO

DOS PLANOS DE SAÚDE

Por: Jacqueline Machado Vital

Orientador

Profº: William L. Rocha

Rio de Janeiro

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2008

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS DE ADESÃO

DOS PLANOS DE SAÚDE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito do Consumidor.

Por: Jacqueline Machado Vital

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AGRADECIMENTO

Nestes momentos finais, sinto-

me na obrigação de agradecer

a todos aqueles que fizeram

minha aprendizagem possível.

Deixo aqui meus

agradecimentos aos

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professores e colegas pelo

companheirismo e motivação

para que eu pudesse concluir

com êxito meu Curso.

DEDICATÓRIA

Dedico esta Monografia

primeiramente a Deus, que me

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deu forças para alcançar meus

objetivos, a meus familiares, a

quem eu devo tudo que sou até

hoje, por sempre me assistirem

em todos os desafios que me

propus.

RESUMO

O presente estudo objetivou examinar com rigor as cláusulas abusivas dos

contratos de adesão dos planos de saúde. Concebidos pela parte dominante, estes

contratos estandardizados apresentam-se, freqüentemente, sob a forma de impressos

que basta assinar depois de preenchidos os claros, comportando baterias de cláusulas

que são muito naturalmente inspiradas pelo único interesse daquele que as criou.

Com a entrada em vigor, o CDC trouxe medidas punitivas estabelecidas em seus

artigos facilitando o consumidor a se defender legalmente dos abusos provocados

pelos contratos de adesão. O trabalho apresenta A Lei 8.078/90 que promoverá

defesa do consumidor, enfocando definições relacionadas ao assunto e a proteção da

lei, com os julgamentos e as jurisprudências, utilizando sempre o CDC (Código de

Defesa do Consumidor).

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METODOLOGIA

A metodologia a ser usada será a analítica e interpretativa das clausulas

abusivas nos contratos de adesão dos planos de saúde. O pressuposto da

clareza do abuso nas relações de consumo e o principio da boa-fé objetiva, isto

e, o reconhecimento da existência de um pólo mais fraco nas relações de

consumo, que são as pessoas portadoras destes tipos de contrato, a mercê de

praticas abusivas, com analise do alcance e, extensão do principio da boa-fé,

como instrumento para o controle desta abusividade. O método da pesquisa

será documental, e o tipo de pesquisa a ser realizado será teórico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 – A FIGURA DOS CONSUMIDORES E

FORNECEDORES NOS PLANOS DE SAÚDE

11

1.1 - O consumidor

11

1.2 – O fornecedor 17

1.3 – As relações de direitos e deveres do consumidor 18

1.4 – Os direitos e deveres dos fornecedores 19

CAPÍTULO 2 – OS PLANOS DE SAÚDE EM QUESTÃO 22

2.1– Regulamentação e a Agência Nacional de Saúde–

ANS 25

2.2 - Os contratos de Planos de Saúde e suas cláusulas abusivas 26

CAPÍTULO 3 – AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CONTRATO DE

ADESÃO DOS PLANOS DE SAÚDE, AS RESPONSABILIDADES E

JURISPRUDENCIAS 31

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3.1 - Cláusulas abusivas nos planos de saúde

31 3.2 – Contratos de adesão

34

3.3 – Responsabilidade dos Planos de Saúde 35

3.4 Jurisprudências 37

CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA 43

ANEXOS 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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INTRODUÇÃO

A proteção do consumidor representa no mundo moderno um desafio e,

por isso mesmo, um dos temas mais controvertidos do direito. A sociedade de

consumo, não há de negar, trouxe benefícios ao consumidor, podendo este ter

acesso atualmente a bens dantes inatingíveis. Os planos de saúde que o

digam: cabendo ao gosto e do bolso de cada um, oferecem todo tipo de planos

com preços os mais variados possíveis. É o apelo de mercado de consumo,

tantos nos produtos e serviços oferecidos.

As relações de consumo eram tratadas pelo Código Civil. E no contexto

deste não poder-se-ia atribuir uma igualdade entre as partes, pois o

consumidor sempre foi o elo mais fraco na relação contratual. Na sua redação,

o Código Civil demonstrava que o vendedor de um bem podia livremente impor

as regras, ditar as cláusulas contratuais que estariam consubstanciadas em um

contrato de consumo. Mas estes contratos regulados pelo Código Civil eram

fundados, em sua maior parte, em normas dispositivas, ou seja, normas que

podiam ser livremente derrogadas pelas partes.

A constituição federal de 1988 erigiu a defesa do consumidor ao patamar

de direito e garantia fundamental, além dos princípios de ordem econômica.

Segundo Amaral Júnior1, o código de defesa do consumidor fez-se

imperioso, portanto, como uma lei de normas cogentes, isto é, normas em que

as partes estão vedadas de transacionar de modo diverso, uma lei que

equilibra as partes da relação de consumo, uma norma, enfim, que

estabelecesse o consumidor como parte mais frágil numa relação de consumo.

E foi dentro deste contexto histórico que surgiu a lei 8.078/90, inovando o

Código Civil, impondo uma política de consumo protegendo o consumidor das

desigualdades nas relações contratuais.

Com um vasto texto de direitos básicos do consumidor, esta Lei

8.078/90 foi em busca da igualdade nas contratações e a proteção contra as

1 AMARAL Júnior, Alberto. Comentários ao código de proteção ao consumidor. São Paulo: Saraiva, 1991.

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cláusulas abusivas nas relações contratuais de consumo, com modificações

em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.

Na questão dos abusos praticados dos planos de saúde, com as suas

cláusulas abusivas, a lei 8.078/90 veio vincular, assim, os poderes do Estado

ao Poder Legislativo, a quem compete à elaboração das normas jurídicas, fez

com que surgisse posteriormente ao Código de Defesa do Consumidor, a lei de

planos de saúde, lei 9.656/98, com algumas alterações na própria lei 8.078/90.2

Com o grande o número de reclamações dos consumidores de planos

de saúde, seja pela aplicação de cláusula abusivas e obscuras, seja pelo

desrespeito ao próprio contrato e aos direitos garantidos, as relações

contratuais consumeristas, não mais se regem na forma do Código Civil, senão

pela nova legislação.3

Os acordos segundo o Código de Defesa do Consumidor, devem acatar

determinados direitos, por assim dizer, “fundamentais” do cidadão-consumidor,

impossíveis de serem derrogados no texto de um contrato.

Como o tema a ser abordado nesta pesquisa está direcionado ao

movimento de proteção ao direito do consumidor, com a verificação da

existência de abuso decorrente de cláusula abusiva dos contratos de adesão

nos planos de saúde, torna-se necessário da elaboração de um trabalho sobre

os planos de saúde e os direitos do consumidor com suma importância na

conceituação do contrato.4

No decorrer do trabalho, pretende-se, ainda, analisar neste trabalho,

alguns aspectos jurídicos existentes na relação entre o consumidor e os planos

de saúde, havendo o compromisso de se identificar às necessidades dos

clientes no exercício dos seus direitos.

Inicialmente será abordado no Capítulo I, Os elementos da relação

contratual de consumo no Código de Defesa do Consumidor, procurando

priorizar ás definições de consumidores e fornecedores focalizando os direitos

e deveres de cada um.

2 Idem. 3 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000. 4 GALDINO, Valeria Silva. Cláusulas Abusivas no Direito Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2001.

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No Capítulo II, Os Planos de Saúde serão focalizados, com os

pressupostos históricos, a regulamentação, o papel da Agencia Nacional de

Saúde (ANS), e a natureza dos Contratos de Planos de Saúde.

Já no Capítulo III, dar-se à ênfase nos Planos de Saúde como prestador

de serviço; O conhecimento das cláusulas abusivas nos contratos de adesão;

aplicação no direito das cláusulas abusivas nos contratos de adesão; Como

utilizar e fazer valer os seus direitos nos contratos de adesão dos planos de

saúde; Responsabilidade dos Planos de Saúde com algumas jurisprudências

pertinentes ao assunto.

Enfim, pretende a presente monografia abordar uma problemática que

envolve os problemas dos consumidores brasileiros e que fazem parte do

nosso cotidiano, conscientizar a sociedade, isto e, as pessoas possuidoras de

contratos de adesão de planos de saúde da necessidade de conhecer

profundamente as cláusulas abusivas nelas inseridas.

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CAPÍTULO I – ELEMENTOS DA RELAÇÃO

JURÍDICA DE CONSUMO

Partido do significado etimológico da palavra, relação significa

reciprocidade de ações entre pessoas, naturais ou não, podendo ser

conceituada como sendo uma ligação ou vinculação.5

Na sociedade as relações são erigidas à condição de relações jurídicas,

que se define como toda relação social que, sendo regulada pelo direito,

produz efeitos jurídicos. A relação social na relação jurídica irá se converter no

momento em que subsumir ao modelo normativo estatuído pelo legislador.

Comporta-se na relação jurídica dois requisitos, onde o primeiro existirá

uma relação intersubjetiva, no qual existirá uma relação entre duas ou mais

pessoas. E depois, que esta relação seja qualificada, e que derivem

conseqüências jurídicas.

Observa que nas relações jurídicas compreende os sujeitos, que são as

pessoas entre as quais se estabelece o vínculo obrigacional, e o objetivo, que

pode ser uma coisa, uma prestação ou a própria pessoa.6

No campo de direito de consumidor, o legislador destaca a relação

jurídica de consumo, estabelecido e preceituado no artigo 4º, caput, do Código

de Defesa do Consumidor. O objeto de regulamentação, ´´e a relação de

consumo, que é a relação jurídica existente entre consumidor e fornecedor,

tendo como objeto a aquisição ou a utilização de produto ou serviço pelo

consumidor.

1.1- O Consumidor

Um dos elementos da relação jurídica de consumo é o consumidor, ou

seja, aquele que adquire para si, para o seu próprio consumo, e não age com

5 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI, 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999. 6 BONATO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões controvertidas no código de defesa do consumidor. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do advogado. 2003.

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fim de lucro. Na sistemática do CDC o consumidor ao adquirir bens e serviços

para a sua própria fruição se relaciona ou celebra contratos com profissionais

ou fornecedores.

Etimologicamente falando, a palavra consumidor vem do verbo:

Consumir, por sua vez oriundo do latim consumere que significa

acabar, gastar, despender, absorver, corroer. Na linguagem dos

economistas, consumo, seria o ato pelo qual se completa a última

etapa do processo econômico.

Para MARTINS, essa condição só é possível pela condição vulnerável

em que se encontra o consumidor frente às relações contratuais com os

fornecedores, no caso em especial, nos contratos com as chamadas cláusulas

abusivas dos Planos de Saúde. Assim, para a Justiça, a conceituação é

essencial, e nela a necessidade de se delimitar de forma clara e precisa quem

é e quem não é consumidor, para saber distinguir quem necessita dessa tutela

ou não.7

Com base nos termos do art. 2o da Lei 8.078/90, o consumidor está

assim definido no Código de Defesa do Consumidor: 8

“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final”.

Parágrafo único — Equipara-se a consumidor a coletividade de

pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações

de “consumo”.

Há de se verificar a importância da definição do conceito de consumidor

é fundamental para poder se estabelecer a quem realmente cabe a guarida

especial.

7 MARTINS, Plínio Lacerda. O abuso nas Relações de Consumo e o Principio da boa-fé . 1 ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2002. 8 GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Ângelo Herman de Vasconcelos e, FINK, Daniel Roberto, FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, NERY JÚNIOR, Nelson, DENARI, Zelmo. Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2000.

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Verifica-se também quando se define consumidor a questão da

expressão “destinatário final”, contida no art. 2o. do CDC deve ser interpretada

de maneira restrita, nos termos dos princípios básicos expostos nos arts. 4o. e

6o.9

Conclui-se que se defini destinatário final como sendo a pessoa

destinatária econômica do fato ou do bem, ou do serviço, seja pessoa jurídica

ou física. Neste sentido segundo esta interpretação teleológica não basta ser

destinatário fático do produto, retirando-o da cadeia de produção, é necessário

ser destinatário final econômico do bem. Não pode assim ser adquirido para

uso profissional ou para renda, pois serviria de instrumento de produção desse

profissional incluindo-se no preço final do bem ou do serviço por ele produzido.

Não ocorreria neste caso a destinação final necessária do serviço conforme

determina o código.10

O consumidor, portanto seria o não profissional, aquele que adquire ou

utiliza o bem para o seu próprio uso ou de sua família, como o plano de saúde.

E é esta pessoa detentora do plano de saúde que o CDC quer proteger, por ser

a parte mais vulnerável da relação comercial.

A lei através do Código de Defesa do Consumidor demonstra ser um

código mais abrangente, um código geral para a sociedade de consumo, o qual

institui normas e princípios para todos os agentes de mercado, os quais podem

assumir os papéis ora de fornecedores, ora de consumidores. Segundo esta

teoria, o art. 2o. do CDC, na definição de consumidor, deve ser interpretada de

forma mais abrangente e extensa, para que as normas elencadas no código

possam ser aplicadas a um número cada vez maior de relações no mercado.11

Em tese, a doutrina da interpretação conceitual acaba considerando

como consumidores todos aquele que adquirem e o consomem. Não se

distingue aqui se a pessoa é física ou jurídica, e que ao adquirir o produto

objetiva ou não o lucro, mas sim se retirou do mercado e o consumiu. Como

9 Idem. 10 DELFINO, Lúcio. O consumidor brasileiro – amplitude de seu conceito jurídico. Meio jurídico. São Paulo: Meio jurídico, n.º 40, dez., 2000. 11 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001.

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exemplo no caso de uma pessoa que adquire um plano de saúde para ser

atendido no caso de necessidade de saúde.

A aplicação do CDC não se resume ao campo contratual, mas também

as relações extracontratuais, ou a todos aquelas vitimas de um evento danoso

causado por um produto ou serviço, conforme estabelece o art. 17. Neste caso

a aplicação desta tutela especial é abrangida a todas a vitimas, não

necessitando serem consumidores no seu sentido restrito, por determinação

legal a eles são comparados, conforme o principio da equiparação contido no

parágrafo único do art. 2o do CDC. 12

A evolução do pensamento jurídico para uma teoria contratual onde este

assume uma função social, torna necessária esta nova interpretação do art. 2o.

Esta nova teoria, de forma tópica, pensa por problemas e nas suas resoluções. 13

Estes problemas que cercam as relações de consumo são analisados

primeiramente, como no caso dos contratos, da relação de desequilibro de

forças das partes contratantes. Mas por tratar-se de contratos de adesão o seu

conteúdo não pode ser discutido, ficando umas das partes vulneráveis e

hipossuficiente, como pólo mais fraco da relação contratual. E mesmo que

saiba se tratarem de cláusula abusiva, não podem discuti-la ou modifica-la,

restando-lhe aceitar ou não o contrato, nos termos em que foi apresentado,

caso queira adquirir o produto ou o serviço, em não aceitando resta-lhe

procurar outro fornecedor.14

Neste sentido surge o questionamento, de se existir ou não um

desequilíbrio no contrato firmado entre dois profissionais? Dessa forma poderia

se dizer que não há um desequilibro tão claro ou grave a ponto de necessitar

uma atenção especial pela legislação especifica, em que não esteja a questão

abrangida pelo direito civil.

Tal situação decorre, quando, por exemplo, uma pessoa possuidora de

um plano de saúde, adere ao contrato com um vendedor de planos de saúde.

12 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. 13 ALMEIDA, João Batista. A proteção jurídica do consumidor. São Paulo: Saraiva, 1996. 14 GALDINO, Valeria Silva. Cláusulas Abusivas no Direito Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2001.

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Assim como no caso, pode ocorrer a não compreensão das cláusulas e termos

estabelecidos no contrato, por tratar-se legislações especificas ou outros

termos jurídicos.15

Nestas hipóteses o profissional também se encontra em posição de

vulnerabilidade e hipossuficiencia, necessita de tutela para se proteger do

desequilíbrio contratual imposto.

Dentro desse entendimento de vulnerabilidade ela pode ser dividida em

três tipos, a técnica, a jurídica e a fática.

Ocorre a vulnerabilidade técnica quando o comprador adquire um

produto ou serviço, mas não possui conhecimentos específicos sobre o mesmo

e, portanto, é mais facilmente enganado quanto às características do bem ou

quanto à sua utilidade, o mesmo ocorrendo em matéria de serviços. Esse tipo

de vulnerabilidade, dentro do sistema do Código de Defesa do Consumidor, é

presumido para o consumidor não profissional. Mas como destinatário final do

bem também pode atingir o profissional, que não possui conhecimentos

específicos acerca do produto.16

Quanto à vulnerabilidade jurídica, esta decorre da falta de

conhecimentos jurídicos específicos, ou de outras áreas cientificas. Também é

presumida no caso do consumidor não profissional ou do consumidor pessoa

física.

A presunção da vulnerabilidade em todos essas casos trata-se de uma

exceção e não de uma regra, motivo pelo qual pode o Judiciário tratar o

profissional de maneira “equivalente” ao consumidor, em se provando

efetivamente que a sua vulnerabilidade levou ao desequilíbrio contratual.17

Os contratos firmados entre o consumidor não profissional e o

fornecedor estão submetidos ao Código de Defesa do Consumidor, e entre o

fornecedor e o consumidor profissional, mas que no contrato firmado não visa

lucro, pois o contrato não se relaciona a sua atividade profissional, mas como

destinatário final do produto ou serviço.18

15 FONSECA, João Bosco. Cláusulas abusivas nos contratos. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 16 Idem. 17 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1998. 18 Idem.

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25

Cumpre ressaltar que a doutrina finalista, sem a utilização do critério da

vulnerabilidade, também é seguida por Arnold Wald19 e pelos autores do

anteprojeto do CDC, assim se depreende da conceituação dada pelo autor no

trecho abaixo:

(...) o conceito de consumidor adotado pelo Código foi

exclusivamente de caráter econômico, ou seja, levando-se em

consideração tão-somente o personagem que no mercado de

consumo adquire bens ou então contrata a prestação de serviços,

como destinatário final, pressupondo-se que assim age com vistas ao

atendimento de uma necessidade própria e não para o

desenvolvimento de uma outra atividade negocial.

Com uma análise do consumidor como destinatário final, a

jurisprudência utiliza duas linhas para atingir o campo de aplicação do código.

A primeira considerando-se o CDC como modelo de boa-fé nas relações

contratuais. Já a segunda linha, frente às alterações do Código no mercado

devida a interpretação dada ao art. 29. (Anexo 1).

A jurisprudência nos próprios termos do CDC instituiu “consumidores-

equiparadores” ao lado dos consumidores stricto sensu, exercendo um controle

das cláusulas entendidas como abusivas nos contratos de adesão, que

estariam inicialmente fora do campo de aplicação do CDC.20

As informações terão que ser claras,21 com o princípio da identificação

da publicidade, da vinculação contratual da publicidade, da veracidade da

publicidade, da não-abusividade da publicidade.

Segundo o CDC, o consumidor tem direito a uma publicidade clara, de

forma que esta publicidade, de modo algum, esteja a mascarar algum tipo de

fraude, sendo a publicidade parte integrante do contrato (arts. 30, 35 e 48). A

informação dirigida ao consumidor deve ser dirigida por meio de propaganda.

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, são perniciosas as seguintes

19 WALD, Arnoldo. Obrigações e contratos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995. 20 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1998. 21 NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do consumidor. São Paulo: saraiva, 2000.

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propagandas: simuladas, enganosas e abusivas. Todas contrárias ao espírito

de proteção ao consumidor, consubstanciado no princípio da transparência:22

As relações de consumo devem pautar-se na mais absoluta

transparência, ou seja, o consumidor deve ter prévio e completo

conhecimento da exata extensão das obrigações assumidas por ele e

pelo empresário, em decorrência do contrato.

Existe a de se ressaltar que a vontade da lei não é terminar com a

divulgação, senão que adequá-la, conter abusos, que podem levar o

consumidor a incidir em erro.

1.2 - O Fornecedor

A palavra fornecedor no sentido etmologico, que dizer, aquele que

fornece ou se obriga a fornecer mercadoria. Para a lei é serviço que objetiva o

lucro, tendo a livre iniciativa permitida pelo artigo 199 CF.23

Segundo os termos do CDC, define-se como Fornecedor toda e

qualquer pessoa física, ou jurídica, que mediante atividade comercial ou civil,

ofereça habitualmente no mercado produtos ou serviços como Planos de

Saúde.24

Cumpre notar que o art. 3o. do CDC caracteriza também como

fornecedor as entidades públicas e as privadas, bem como as entidades

nacionais ou estrangeiras. Inclui-se também na caracterização de fornecedor

os entes despersonalizados e os consórcios.

Nos planos de saúde, nota-se que ao fornecedor não cabe o dever de

cura do consumidor, mas há a obrigação de qualidade-adequação, com a não

existência de vício no serviço ou defeito na prestação, a fim de que não haja

22 Idem. 23 : CASTRO, Dayse Starling Lima. Direitos difusos e coletivos: coletânea de artigos/organizadora. Belo Horizonte: Castro Assessoria e Consultoria, 2003. 24 GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Ângelo Herman de Vasconcelos e, FINK, Daniel Roberto, FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, NERY JÚNIOR, Nelson, DENARI, Zelmo. Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2000.

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acidente de consumo danoso a segurança daquele. Trata-se de contratos de

adesão, estandardizados, deixando claro o desnível entre os contratantes o

autor das cláusulas e o aderente.

Observa-se que seguindo este raciocínio, conclui-se, os planos de saúde

são aqueles que fornecem produtos e serviços ao mercado de consumo, em

atendimento as necessidades dos consumidores.25

Segundo Cláudia Lima Marques, expressa:26

Quanto ao fornecimento de produtos o critério caracterizador é

desenvolver atividades tipicamente profissionais, como a

comercialização, a produção, a importação, indicando também a

necessidade de uma certa habitualidade, como a transformação, a

distribuição de produtos. Estas características vão excluir da

aplicação das normas do Código todos os contratos firmados entre

dois consumidores, não profissionais.

Classifica-se, portanto, como fornecedor aquele que de forma

profissional e habitual fornece produtos e serviços ao consumidor final.

1.3 - As relações de direitos e deveres dos consumidores

Segundo Saad27 uma das principais características da Lei 8.078 de

1990, é a proteção em favor do consumidor, devido a sua desvantagem em sua

relação com o fornecedor de produtos e serviços, trouxe transformações, no

que se refere às relações entre fornecedores e consumidores.

Geralmente quando a negociação é pequena, inexiste qualquer

possibilidade de se influir no preço, na veracidade das informações ou na

qualidade dos bens e serviços.

25 Idem. 26 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1998. 27 SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao código de defesa do consumidor. São Paulo: LTR, 1991.

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28

Antes do advento do código as legislações não eram especificas e

tornavam-se pouco eficazes. O nascimento do direito do consumidor deu-se

por insuficiência dos mecanismos do próprio mercado em protegê-lo.

Visando além da proteção do consumidor contra as cláusulas contratuais

abusivas, a orientação do seu comportamento, verifica-se além de direito

multidisciplinar, o direito do consumidor abarcando em seu estudo tem

conceitos, princípios e instrumentos próprios, outros instrumentos e princípios

pertencentes a outros ramos do Direito.28

1.4 - Os direitos e deveres dos fornecedores

Com o sistemático crescimento diante dos abusos ocorrido na nossa

sociedade de consumo, existe a necessidade de verificarmos os direitos e

deveres dos fornecedores no CDC, e cabendo também se indagar o que é

relevante a distinção das obrigações decorrentes dos direito com terceiros, ou

seja, os consumidores; e o que se deve fazer entre as várias espécies de

fornecedor nos casos de responsabilização por danos causados aos

consumidores.

O mesmo cabe para que os próprios fornecedores atuem na via

regressiva e em cadeia da mesma responsabilização, visto ser vital a

solidariedade para a obtenção efetiva de proteção que se visa a oferecer aos

mesmos consumidores.29

Para NUNES,30 o Código do Consumidor, corretamente, deslocou a

responsabilidade do comerciante para o fornecedor (fabricante, produtor, etc.),

colocando-o na cabeça da cadeia da relação de consumo. Pode-se, então,

dizer que o Código adotou a teoria do risco do empreendimento (ou

empresarial), que se contrapõe à teoria do risco do consumo.

Segundo a teoria do risco do empreendimento, todo aquele que se

disponha a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e

28 Idem. 29 NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2000. 30 Idem.

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29

serviços têm o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do

empreendimento, independentemente de culpa. Este dever é imanente ao

dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como aos

critérios de lealdade, quer perante os bens e serviços ofertados, quer perante

os destinatários dessas ofertas. A responsabilidade decorre do simples fato de

dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, estocar, distribuir e

comercializar produtos ou executar determinados serviços.31

Assim como ocorre na responsabilidade do Estado, os riscos devem ser

socializados, repartidos entre todos, já que os benefícios são também para

todos. Portanto o consumidor não pode assumir os riscos das relações de

consumo, não pode arcar sozinho com os prejuízos decorrentes dos acidentes

de consumo, ou ficar sem indenização.

Na interpretação de certos autores, sobre os princípios da liberdade de

contratar, e da autonomia da vontade contratual, quando aplicada às relações

de consumo, é que se verifica os consumidores, via de regra, desconhecendo o

conteúdo íntimo e subjacente dos contratos, a sua abusividade interna, ou seja,

a abusividade, que passa a ser intrínseca ao negócio jurídico.32

Ocorre neste momento a idéia intrinsecamente injusta, inequitativa,

iníqua, inclusive porque possibilita, ao fornecedor, transferir riscos que são

profissionalmente seus, para a esfera do consumidor.

Neste exato momento, é que o equilíbrio da relação contratual formada

nessas condições, está afetando os direitos do consumidor, pois não há

equivalência entre direitos e obrigações. A abusividade, então, passa a ser

intrínseca ao negócio jurídico. Desaparece a boa fé objetiva determinada pelo

CDC. Frustra-se a busca dos objetivos contidos nos princípios da defesa do

consumidor e da solidariedade, estabelecidos no Art. 5º - XXXII e no Art. 3º - I

da Constituição Federal de 1988.

Cabe ao fornecedor, através dos mecanismos de preço, proceder a esta

repartição de custos sociais de danos. É a justiça distributiva, que reparte

eqüitativamente os riscos inerentes à sociedade de consumo entre todos,

31 Idem. 32 ht tp: / /www. infojus .com .br/ar ea7/nels on2.htm . Consul ta em 13/11/2007.

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30

através dos mecanismos de preços, repita-se, e dos seguros sociais, evitando,

assim, despejar esses enormes riscos nos ombros do consumidor individual. 33

33 NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2000.

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31

CAPITULO II – OS PLANOS DE SAÚDE NO

DIREITO DO CONSUMIDOR

É necessário dizer, no entanto, que alguns avanços foram feitos a partir

da regulamentação dos planos de saúde, principalmente se o compararmos

aos projetos de Lei e ao que foi aprovado anteriormente pelo Legislativo. Entre

as conquistas está a Lei 9656/98, dos Planos de Saúde que dispõe sobre os

Serviços Privados de Assistência à Saúde, com dispositivos alterados de

acordo com os artigos da Medida Provisória nº 1.801-11 de 25.03.99.34

Ainda existe a questão de vedar a participação do usuário em função de

sua idade, doença preexistente ou deficiência, embora permita o aumento da

mensalidade, o que é considerado pelas entidades representativas dos

usuários como uma “exclusão pecuniária”.

Os usuários de planos de saúde que sempre foram prejudicados durante

vários anos, os planos limitavam dias de internação e coberturas de diversas

doenças, levando a morte pessoas que vinham pagando o plano regularmente.

A nova legislação restringiu o descredenciamento de prestadores, hospitais,

clínicas e laboratórios, só o aceitando quando em substituição por outro do

mesmo nível e obrigando o credenciado a concluir o tratamento daqueles já

internados.35

Com o advento da recente lei dos Planos de Saúde, muitas empresas de

medicina de grupo foram forçadas a enquadrar-se. Mas, muitas delas,

continuam desrespeitando os seus direitos como segurado e, muitos são

obrigados a recorrer a Justiça para fazer valer os seus direitos.

Os contratos não poderão mais impor limite de tempo de internação

hospitalar diferente do prescrito pelo médico e as empresas também não

poderão deixar de atender clientes por atraso no pagamento das prestações

inferior a dois meses

34 http: //www.adcon.org.br. Consulta em 20/11/2007. 35 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

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32

A Lei também limitou os prazos de carência para no máximo 6 meses,

com exceção de parto que prossegue sendo de 10 meses, assim como de

doenças preexistentes, estipulados em dois anos. Outra conquista foi a

obrigatoriedade da assistência ao recém-nascido nos seus primeiros 30 dias de

vida. Também passou a ser proibida a rescisão contratual unilateralmente pela

empresa, salvo por fraude ou atraso de pagamento da mensalidade em período

superior a 60 (sessenta) dias.36

Foi ainda garantida a cobertura em saúde mental, inclusive com

internação a portadores de transtornos psiquiátricos, mesmo nos quadros de

intoxicação e abstinência provocados por alcoolismo ou dependência química.

No entanto, a lei restringe essa cobertura a 12 consultas/ano para plano

ambulatorial e 30 dias de internação para o plano hospitalar. Com esta nova

legislação, ficou assegurado, ainda que com algumas restrições, ao demitido

sem justa causa e ao aposentado, que contribuíram com plano coletivo de

empresa, o direito de permanecerem no mesmo plano, desde que assumam o

pagamento (a mesma mensalidade paga pela empresa). Por último, a Lei de 98

definiu o ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), toda vez que um

usuário de plano de saúde for atendido em hospitais públicos. Já foi, inclusive,

editada a TUNEP – tabela única de procedimentos dos planos – que só pode

ser usada para fins de ressarcimento ao SUS.37

O problema da saúde no Brasil é uma questão antiga e que vem se

arrastando ao longo do tempo. É um tema que está sempre em discussão, pois

os sistemas públicos não atendem às necessidades do país. Diante desta

carência surgem os planos de saúde privados, visando suprir essa

necessidade, apesar de só estar ao alcance de uma pequena parcela da

população, que pode arcar com os seus custos. Entretanto a situação atual é

extremamente delicada, pois estas empresas prestadoras de serviço na área

da saúde têm sido alvos de inúmeras queixas dos consumidores ao Procon,

organizações de proteção social, e em decorrência disso algumas empresas

têm até sofrido descredenciamentos.

36 h t tp: / /www.adcon.or g.br.Cons ulta em 20/112007. 37 ANS (Agênc ia Nacional de Saúde) . 2003.

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33

As empresas de seguros de saúde, com a promessa de atendimento

rápido, moderno e personalizado, conquistaram um grande número de

consumidores que fugiam das filas comuns nos serviços públicos nas décadas

de 60 e 70, e que ainda hoje persistem. Atualmente, as operadoras de planos

de saúde atendem grande parte do mercado privado, mas também são

conhecidas pelo grande número de reclamações e pelas denúncias de abusos.

Não obstante, o segmento dos planos de saúde, com 2,7 mil empresas, atende

a mais de 40 milhões de brasileiros.38

Esse sistema de atendimento médico-hospitalar teve início, no Brasil, no

momento em que uma empresa paulista de porte expressivo desativou seu

serviço de saúde e contratou uma equipe de médicos para dar assistência aos

seus funcionários, mediante um pré-pagamento fixo. Mas foi no início dos anos

60 que a proposta desenvolveu, no ABC, um conjunto de cidades da região

metropolitana de São Paulo. Médicos se organizaram em grupos para

preencher a lacuna deixada pelo Estado, que demonstrava sua inabilidade em

acompanhar o novo momento, caracterizado pela baixa na qualidade do

atendimento médico-hospitalar oferecido pelos setores públicos grandes filas

de espera e superlotação dos hospitais.39

Ainda nesse contexto, cabe ressaltar que os custos elevados da

medicina, crescentes em função da explosão do desenvolvimento tecnológico,

reduziram a procura pelo atendimento particular, até então ainda comum. Foi a

partir dessa realidade da saúde no Brasil que surgiram as operadoras de

planos de saúde, oferecendo serviços próprios e credenciados e uma estrutura

de atendimento que era composta por médicos contratados e conveniados

serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento especializado.

A maior parte das empresas de planos de saúde tem sede no Sudeste

do País, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nestes dois

Estados, segundo informações da Associação Brasileira de Medicina de Grupo

(Abramge) estão as empresas de grande porte, que mantêm cadastros de mais

de 200 mil pessoas associadas.

38 Idem . 39 Idem.

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34

As pequenas empresas, que contam com menos de 10 mil usuários,

apresentam serviços oferecidos por pequenos hospitais e santas casas, sem

recursos sofisticados. Por isso mesmo, comercializam planos baratos, com as

respectivas decorrentes, mas suficientes para a maior parte das necessidades

de seus contratantes.

2.1. Regulamentação e Agencia Nacional de Saúde (ANS)

O setor privado de assistência á saúde está presente na vida dos

brasileiros, estabelecendo, durante muito tempo, suas próprias regras. Próximo

a entidades privadas, a criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar

(ANS), em abril de 2002, houve o estabelecimento de novas regras para as

empresas do setor, com a inclusão de antigas reivindicações dos

consumidores.

A política da ANS é de dar uma maior proteção aos planos contratados

por pessoas físicas (planos individuais e familiares), reservando para os

coletivos apenas uma atividade de "monitoração". A justificativa é de que, nos

contratos firmados com pessoas jurídicas (planos coletivos e empresariais),

são realizadas negociações diretas entre os contratantes:40

Nestas negociações, os contratantes têm importante poder de barganha porque a Lei dos Planos de Saúde garante aos usuários destes planos o direito de não terem de cumprir carência antes de poderem receber atendimento à saúde. Assim, a contratante pessoa jurídica.

Mas foi em 2003 que aconteceu um encontro de cerca de 80 entidades

representativas dos usuários, profissionais de saúde e trabalhadores

vinculados aos planos de saúde. Entre outras entidades participaram o Instituto

40 REINALDO FILHO, Demócrito. A natureza jurídica do Plano de Saúde Coletivo: sua repercussão em termos de abusividade de cláusula que permite o reajustamento por sinistralidade. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 2, nº 82. Disponível em:<http://www.Boletim jurídico.com.br/doutrina/texto.asp?id=300> Acesso em: 12/10/2007.

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35

de Defesa do Consumidor (Idec), o Conselho Federal de Medicina, o

Procon/SP e o Conselho Nacional de Saúde.41

Aconteceu nesta época, a criação do Fórum de Acompanhamento da

Regulamentação dos Planos de Saúde, sendo aprovado um manifesto

denunciando a Lei 9.656/98. Pois esta não teria eliminado os diversos abusos

cometidos contra os usuários dos planos privados de saúde, a exemplo da

negação de atendimento a diversas patologias, exclusões de procedimentos e

exames, descredenciamento da rede contratada (hospitais, médicos e

laboratórios), reajustes abusivos de mensalidades, incluindo aumentos devido

à mudança de faixa etária. A lei também não teria apresentado solução na

relação entre a empresa, o usuário e o prestador de serviços.42

Declarou-se que a regulamentação da matéria prossegue provocando

indefinições para o usuário, que tem encontrado dificuldades para o

conhecimento de seus direitos. O manifesto, resultante desta primeira reunião,

recomenda, a revisão da legislação em vigor, especialmente das alterações

introduzidas pelas Medidas Provisórias e pelas Resoluções, contrárias ao

Código de Defesa do Consumidor e à própria Lei 9.656/98.

Acredita-se que as entidades integrantes do Fórum de

Acompanhamento da Regulamentação dos Planos de Saúde, a proposta da

ANS repassou inteiramente para o consumidor o risco e o ônus da atividade do

negócio. Às operadoras coube a segurança de ver solucionado seus problemas

econômicos e financeiros. Ao final, coube ao usuário o aumento da

mensalidade do seu plano de saúde e ou a perda de rede credenciada.43

2.2 - Os contratos dos planos de saúde e as suas cláusulas

abusivas

O Código de Defesa do Consumidor considera, no âmbito

extracontratual, que suas normas podem ser aplicáveis a “todas as vítimas do

41 Instituto defesa do consumidor (IDEC) Relatório, 2003. 42 Idem. 43 Idem.

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36

evento danoso”, causado por um produto ou serviço, inclusive contratos de

planos de saúde, de acordo com o disposto no art. 17.44

A conceituação de consumidor fica concentrada na acepção de

“destinatário final”, e as normas do CDC são aplicáveis, por lei, a pessoas que

em princípio não poderiam ser qualificadas dentro do que se compreende por

consumidores stricto sensu.

Visto que o contrato privado de assistência à saúde é contrato de

consumo, quer seja ele de contratação individual ou de contratação coletiva

(empresarial ou por adesão), e, como tal, regido pelas normas de proteção ao

consumidor, um dos efeitos jurídicos desse enquadramento tem a ver com a

"perpetuidade" das obrigações contratuais da operadora ou, para usar outra

expressão, com a conservação do vínculo contratual por tempo

indeterminado.45

Segundo Theodoro Júnior, nos contratos coletivos, um problema a ser

solucionado é o desequilíbrio nítido de forças entre os contratantes. Uma das

partes é bastante frágil, vulnerável, é o pólo mais fraco da relação contratual,

pois o consumidor não pode discutir o conteúdo dos contratos. Mesmo que o

consumidor saiba que determinada cláusula é abusiva, só tem a opção de

aceitar o contrato nas condições que lhe oferece o fornecedor ou não aceitar e,

assim, ter que procurar outro fornecedor.46

Essa espécie de contrato caracteriza-se por criar uma "catividade" ou

dependência dos clientes desses serviços (consumidores). São contratos que

envolvem não uma obrigação de dar (para o fornecedor), mas de fazer.47

Discute-se atualmente a validade da cláusula, inserida em contrato

coletivo de prestação de serviços de assistência à saúde, que permite a

alteração da mensalidade na hipótese de aumento da "sinistralidade".

Grupos de defesa de interesses de consumidores alegam que tal

cláusula é intrinsecamente abusiva, por permitir que a seguradora aumente

unilateralmente o valor dos prêmios mensais, em afronta ao art. 51, X, do CDC.

44 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. 45 http://www.infojus.com.br/area7/nelson2.htm. Consulta em 13/11/07. 46 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000. 47 http://www.infojus.com.br/area7/nelson2.htm. Consulta em 13/11/07.

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37

Sustentam que a referida cláusula também pode ser considerada abusiva à luz

do inc. IV do art. 51, também do CDC, já que consagra vantagem exagerada

para a seguradora.48

No que tange aos planos ou seguros de saúde, interessa

especificamente o inciso V, que considera prática abusiva exigir do consumidor

vantagem manifestamente excessiva. Para identificá-la, deve o intérprete valer-

se da regra do § 1º do Art. 51, que trata da "desvantagem exagerada" em

relação ao consumidor. Ou seja, a que ofende os princípios fundamentais do

sistema jurídico, valendo dizer, a prática que esteja em desacordo com as

finalidades fixadas na norma-objetivo do Art. 4º.

O equilíbrio contratual tem de existir, seja nos contratos negociados ou

nos de adesão.49 Esta é uma das questões vitais da discussão sobre a relação

entre operadoras de planos de saúde, fornecedores de serviços hospitalares e

consumidores. Como é difícil, no Brasil, contar com o sistema público de saúde

e os tratamentos particulares são caros, os planos são alternativa que resta.

Dessa maneira, os clientes acabam por não ter outra opção e concordam com

as cláusulas dos contratos que assinam. Ou então, como ocorre geralmente,

não lêem o contrato. Isso dá margem para que as operadoras incluam

cláusulas que as favoreçam, em detrimento dos clientes.

Impõe o Código de Defesa do Consumidor, que as partes contratantes

ajam de boa fé, como em qualquer outro contrato. É a boa fé objetiva, ou seja,

o intuito de não prejudicar o outro e, mais ainda, de pautar a própria conduta

dentro das normas que regem as relações de consumo, demonstrando, assim,

a função social do contrato.50

Com efeito, muitos sustentam que o contrato de plano de saúde

hospitalar é empresarial, e este não é um contrato de adesão, uma vez que

suas cláusulas são discutidas e eleitas de forma equilibrada pelos contratantes,

a operadora e a empresa que contrata o plano, que escolhe livremente o tipo

de plano, o preço, os prazos de carência, os tipos de procedimentos cirúrgicos

48 Idem. 49 Idem. 50 GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.

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38

cobertos, o número de beneficiários, entre outras condições, ou seja, típico

contrato empresarial onde não se enxerga a figura de uma parte

hipossuficiente, em desvantagem diante de outra mais forte e que tem a

supremacia da relação contratual.51

As questões relativas aos serviços hospitalares e aos planos de saúde

passaram a ser encaradas sob este ponto de vista após o surgimento do CDC.

As relações neste âmbito devem ser pautadas pela boa-fé e pela ética.

Dentro da legislação, foi prevista a existência do contrato de adesão, ou

seja, um contrato no qual as partes não discutam cláusulas ou conteúdo, com a

adesão da parte mais fraca a um acordo que usa um modelo pré-estabelecido.

Assim, fica evidente que é ao consumidor que compete essa adesão.

Dessa forma, em um contrato modelo, o fornecedor pouco ético tinha, então, a

facilidade de incluir cláusulas convenientes apenas a ele próprio.

O CDC com a intenção de corrigir este problema, estabeleceu um

conteúdo mínimo, conciso, cogente, que, ainda que o contrato disponha de

modo diverso, terá natureza de cláusula ilegal .52

A respeito dessas cláusulas, se podem citar aquelas que exonerem a

responsabilidade, retirem o direito do consumidor de receber a quantia já paga,

estabeleçam obrigações abusivas ou a inversão do ônus da prova, etc.

Na terminologia jurídica, aquele que reclama é quem deve provar, como

é regra geral em um processo. Contudo, em vista da disposição supracitada, o

Juiz pode inverter isto, ou seja, o fornecedor de bens ou serviços é que deve

provar que não houve o dano alegado pelo consumidor. Assim o associado de

um plano de saúde, ao reclamar da operadora, teria o direito de receber dela

explicações ou reparações. A questão se coloca pelo fato de, geralmente, o

consumidor não dispor de todos os elementos probatórios disponíveis.53

Segundo Galdino,as cláusulas abusivas, conforme seu nome já dizem, são aquelas

formuladas de tal forma que levem os consumidores, contra a própria vontade,

abusando deles, à violação das normas legais. Cabe ao cargo do consumidor,

51 http://www.infojus.com.br/area7/nelson2.htm. Consulta em 13/11/07. 52 GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. 53 DELFINO, Lúcio. O consumidor brasileiro – amplitude de seu conceito jurídico. Meio jurídico. São Paulo: Meio jurídico, n.º 40, dez., 2000.

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39

enquanto parte importante da relação de direitos e obrigações, ficar atento à

possibilidade de elas serem incluídas nos contratos.

Desde que signifique prejuízo para o consumidor, uma cláusula

contratual poderá ser considerada abusiva. O predisponente das cláusulas

contratuais, num contrato de adesão, tem, na verdade o direito de redigi-las

previamente. O abuso quando o faz de forma a causar dano àquele que ocorre

aceita o contrato. Outro fator que pode contribuir para que a cláusula seja

considerada abusiva é quando a mesma fere a boa fé objetiva. Será também

abusiva a cláusula contratual que afronte os bons costumes ou quando ela se

desviar do fim social ou econômico do negócio ou serviço que propõe.54

O objeto único das cláusulas abusivas é reforçar a posição do

contratante economicamente forte. Sendo assim, este, ao pré-redigir o contrato

e fixar as cláusulas fundamentais, procura sempre assegurar mais as

vantagens do negócio que está realizando, quer sempre se livrar de riscos que

poderiam advir de casos fortuitos, visa a tornar-lhe sempre mais fácil a

execução judicial da outra parte. O efeito então, será, tornar mais forte o

compromisso de seu contratante. Nestas condições será raro não se encontrar

em contratos de adesão pelo menos uma cláusula abusiva.

54 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

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40

CAPÍTULO III - AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NO

CONTRATO DE ADESÃO DOS PLANOS DE SAÚDE, AS

RESPONSABILIDADES E JURISPRUDENCIAS

3.1 – Cláusulas abusivas nos planos de saúde

A partir da Constituição Brasileira de 1988, acompanhando tendências já

consolidadas, o contrato foi conduzido para o plano das relações de massa,

sujeito à interferência controladora do Estado. Nasce, nesse momento, o

Direito do Consumidor. Incluído no capítulo das garantias Individuais e

Coletivas (art. 5º, da Constituição). O Código de Defesa do Consumidor foi a

primeira legislação codificada instituída pelo Congresso Nacional após a

promulgação da Carta Constitucional de 1988.55

Um dos campeões de queixas nos Procons são os planos de saúde.

Por isso, o associado/consumidor deve estar alerta a qualquer solicitação da

operadora ou assinatura de contratos e cláusulas.

Segundo Martins56 O art. 6, IV do CDC estabelece que um dos direitos

básicos do consumidor é o de proteção contra cláusulas abusivas impostas no

fornecimento de produtos ou serviços, sendo que o CDC enumerou várias

cláusulas abusivas no art. 51.

O art. 51 caput estabelece que são nulas de pleno direito, "entre outras" as cláusulas ali enumeradas, traduzindo o entendimento que o rol expresso é meramente exemplificativo, vale dizer, não é numerus clausus e sim numerus apertus, demonstrando assim a ilimitação das cláusulas.

55 Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC). Relatório, 2003. 56 MARTINS, Plínio Lacerda. O abuso nas Relações de Consumo e o Principio da boa-fé. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

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41

Conforme o artigo escrito por Roberta Barcellos Danemberg,

existe lista de cláusulas abusivas já divulgada através de uma Portaria,

a saber: 57�

- Estipulem o uso de cobrança de juros sobre juros nos

contratos;�

- Estabeleçam cumulação de multa rescisória e perda do sinal

dado pelo consumidor;�

- Autorizem, devido à inadimplência, o não-fornecimento de

informações de posse do fornecedor, como histórico escolar e registro

médico;�

- Autorizem o envio do nome do consumidor a cadastros, como

SPC e Serasa, enquanto houver discussão na Justiça; �

- Impeçam o consumidor de acionar diretamente a operadora ou

cooperativa que organiza ou administra plano de saúde, em casos de

erro médico;�

- Estabeleçam no contrato de venda e compra de imóvel

incidência de juros antes da entrega das chaves;�

- Permitam descontar do consumidor valores usados de forma

ilícita por terceiros, como ocorre com a clonagem de cartões de crédito;�

- Considerem a não manifestação do consumidor sua aceitação

de valores cobrados, de informações prestadas em extratos ou

alterações contratuais. O caso mais comum é o envio de cartões de

crédito sem solicitação;�

- Estabeleçam o ressarcimento, nos contratos de seguros de

carros, pelo valor de mercado, caso esse seja menor que o valor

previsto no contrato;�

57 http://www.direitoemdebate.net/consartigo_clausulaabusiva.html. Artigo de Roberta Barcellos Danemberg. Consulta em 15/12/2007.

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42

- Imponham perda de prestações já pagas pelo consumidor caso

ele desista da compra a crédito por justa causa ou impossibilidade de

pagamento das prestações restantes.�

Esta lista demonstra que a autonomia da vontade sempre deve

ser considerada como prejudicada quando há uma vantagem

excessiva para uma das partes causando desequilíbrio contratual.

Na administração publica não se admite irresponsabilidade do

administrador, que tem que se ater aos princípios da eficiência, legalidade,

impessoalidade, moralidade e publicidade exigidos pelo art. 37.

A dedução é que o consumidor não deva aceitar alterações contratuais

ou adaptações que entenda como prejudiciais, mais onerosas e que sejam

caso de recorrer à Justiça. Principalmente em caso de medidas urgentes e

rápidas, em face da prevalência da relevância pública dos serviços de saúde,

que nega às partes o direito de transacionarem livremente, sob pena de

nulidade absoluta e insanável.58

De acordo com Fiúza59, este entendimento decorre da teoria das

nulidades vigente em nossa legislação, divididas em nulidades de pleno direito

e nulidades dependentes de rescisão:

As nulidades de pleno direito ou nascem da violação das leis proibitivas, promulgadas no interesse da ordem publica, porque aquilo que se faz contra a proibição da lei é nulo, ainda que não esteja expressamente declarada a cláusula anulatória; ou nascem das leis constitutivas das fórmulas ou condições essenciais dos atos que elas instituem.

Cabe registrar que, no âmbito da Justiça, prevalece a lei e não a vontade

individual e ou contratual, sendo de se esclarecer que o próprio Código de

Defesa do Consumidor que também contém norma de ordem pública, autoriza

a revisão contratual e a declaração de nulidade de pleno direito de cláusulas

contratuais abusivas. Isto pode ser feito até mesmo através de ofício junto ao

poder judiciário.

58 ANS (Agência Nacional de Saúde). 2003. 59 FIÚZA, César. Ensaio Crítico Acerca das Teorias das Nulidades. In Revista do Curso de Direito da FUMEC. Vol. 1, 1999.

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De acordo com Amaral60, no Código de Defesa do Consumidor mostra

armadilhas que, em geral, se encontram nos instrumentos contratuais e propõe

vários artigos protetores que contornam a situação. O art. 47, por exemplo,

estabelece que todas as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de

maneira favorável ao consumidor. Ou seja, se houver mais de uma

possibilidade de interpretação com respeito à determinada cláusula contratual,

a preferência será dada àquela que favorecer o consumidor. Desta forma, são

anuladas as desigualdades que possam existir na relação entre os (todo

poderosos) fornecedores de produtos ou serviços e os consumidores (parte

frágil).

Na lei consta a proteção à vida, saúde e segurança, segundo artigos 8º,

9º e 10º. Ela proíbe que se coloque à venda produtos que representem riscos

ao consumidor. Caso isso ocorra, os responsáveis devem esclarecer, de

maneira clara e evidente, suas contra-indicações. Se essas explicações não

forem dadas, os consumidores lesados têm o direito ser indenizados, tanto por

danos materiais como por danos morais, dependendo do caso concreto.

Ressalte-se que, em se tratando de dano de consumo, o Código de Defesa do

Consumidor estabeleceu a responsabilidade civil objetiva, ou seja, só retira o

dever de indenizar se o fornecedor provar que: a) não há o defeito; b) a culpa

recai no consumidor, exclusivamente. Nas hipóteses de dano do produto ou do

serviço, pode o consumidor exigir a substituição do bem, restituição do dinheiro

pago, ou solicitar redução no preço.61

3.2 – Contratos de adesão

O Novo Código Civil traz menção expressa à "função social do

contrato" (art. 421). E pela primeira vez na legislação civil brasileira, aparece a

boa-fé objetiva, exigível tanto na conclusão quanto na execução do contrato

(art. 422). A referência feita ao princípio da probidade é abundante uma vez

que se inclui no princípio da boa-fé. No que toca ao princípio da equivalência

60 AMARAL Júnior, Alberto. Comentários ao código de proteção ao consumidor. São Paulo, Saraiva, 1991. 61 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

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material o Código o incluiu, de modo indireto, nos dois importantes artigos que

disciplinam o contrato de adesão (arts. 423 e 424).62

Os contratos de planos e seguros de saúde, e os planos previdenciários

privados são exemplos concretos de contrato de adesão. Quando o

consumidor busca um determinado plano ou seguro de saúde, assina o

contrato, cumpre todas as carências, se ele trocar de plano ou seguro, terá de

cumprir pelo menos algumas delas.

Outro exemplo concreto deste tipo de contrato é o estabelecido na Lei nº

9.656, de 03 de junho de 1998, em seu artigo 18 esclarece que a aceitação de

qualquer profissional de saúde como prestador de serviços, na condição de

referenciado, credenciado ou associado de operadora de plano de saúde,

implica necessariamente em obrigações para com os pacientes. E é neste

espírito que se busca resgatar a dignidade da profissão médica. O aspecto

mais importante da resolução é o fato de ela impedir o descredenciamento do

médico pela operadora sem justa causa, garantindo-lhe o direito de defesa e ao

contraditório. Isso é vital porque impede que haja a pretendida rotatividade e a

conseqüente deterioração dos ganhos.

3.3 – Responsabilidade dos planos de saúde

O Direito do Consumidor se fundamentava a partir da responsabilidade

civil objetiva, e do reconhecimento dos interesses e direitos difusos.63

Mas a necessidade de estudar-se a sistemática da responsabilidade civil

do CDC isoladamente, se deve ao fato de ter o mesmo ocasionado profundas

alterações dos conceitos jurídicos atinentes à Teoria dos Contratos (valendo

ressaltar que, de acordo com as regras do CDC, a responsabilidade civil pode

ser decorrente de contrato ou não, para os que levam em conta a Clássica

divisão entre responsabilidade civil contratual e extracontratual ou aquiliana).

62 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Princípios sociais dos contratos no CDC e no novo Código Civil. Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 55, out. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2796>. 63 PRUX, Oscar Ivan. Responsabilidade civil do profissional liberal no código de defesa do consumidor. Belo Horizonte:Del Rey, 1998.

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A responsabilidade civil possui, dois fundamentos a culpa e o risco e

como elementos: a ação ou omissão, o dano e o nexo de causalidade a uni-los.

A culpa pode ser objetiva ou subjetiva.

Geralmente a doutrina não se posiciona coerente ao tratar dos

elementos integrantes da responsabilidade civil, pois existem sempre

divergências principalmente em relação aos aspectos fundamentais que

determinam o surgimento do dever de indenizar.64

A noção básica de responsabilidade funda-se no dever de respeito dos

indivíduos ao direito alheio, acarretando reparabilidade caso este não seja

observado. A melhor acepção de responsabilidade nos é passada por Maria

Helena Diniz, que a define como a aplicação de medidas que obriguem alguém

a reparar dano moral ou patrimonial, causado a terceiro em razão de ato do

próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou

animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples

imposição legal (responsabilidade objetiva).65

A indenização de reparação do dano moral é uma responsabilidade e

um dever imposto por lei a alguém a fim de reparar o prejuízo causado a

outrem em decorrência de um ato ilícito (ato humano – ação ou omissão)

voluntário e consciente praticado em desobediência a um dever jurídico.

No aspecto da responsabilidade civil do fornecedor de serviços, onde

aqui se inclui as operadoras de planos de saúde, de acordo com as regras do

Código do Consumidor em si, é mister fixarem-se alguns importantes conceitos

atinentes à sistemática introduzida pelo inovador diploma legal. Pois está com

os fornecedores dos planos responsabilidade pela qualidade dos serviços,

tendo-se em conta a relação continuativa do vínculo contratual (Anexo 2).

Um exemplo desta responsabilidade dos planos de saúde, está na

questão da interrupção da internação, que além de ser cláusula nula de pleno

direito, traz ao consumidor um constrangimento moral pela incerteza da

continuidade ou não do tratamento e, ao fornecedor, por esse motivo, a

responsabilidade civil de indenizar, dentre outros, o dano moral sofrido.

64 BRANCO. Bernardo Castelo. Dano moral no direito de família. ed. Método. São Paulo. 2006. 65 DINIZ, Maria helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. V.3.

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Pelo entendimento do código de Defesa do Consumidor, não poderá a

empresa prestadora exonerar-se de qualquer responsabilidade pelos serviços

que coloca no mercado, e Negar a responsabilidade da empresa de Plano de

Saúde é fazer-se cego a boa-fé objetiva proclamada como princípio norteador

das relações consumeristas.

Para Diniz, a responsabilidade civil se destina a garantir ao lesado o

direito a segurança jurídica, impondo ao causador do dano o dever de reparar

ou compensar o prejuízo experimentado pela vítima.66

3.4 - Jurisprudências

Atualmente a jurisprudência, frente aos contratos de adesão e cláusulas

abusivas, vem expandindo o campo de aplicação do Código de Defesa do

Consumidor.

Nº 1

Processo:

REsp 602397 / RS ; RECURSO ESPECIAL 2003/0191895-6

Relator(a) -Ministro CASTRO FILHO (1119)

Órgão Julgador - T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento- 21/06/2005

Data da Publicação/Fonte - DJ 01.08.2005 p. 443

Ementa: CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. CLÁUSULA ABUSIVA.

NULIDADE. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO PELA SEGURADORA.

LEI 9.656/98. É nula, por expressa previsão legal, e em razão de sua

abusividade,

a cláusula inserida em contrato de plano de saúde que permite a sua rescisão

unilateral pela seguradora, sob simples alegação de inviabilidade de

manutenção da avença. Recurso provido.

Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima

indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal

de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe 66 DINIZ, Maria helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. V.3.

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provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros

Carlos Alberto Menezes Direito e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro

Relator.

Referência Legislativa: LEG:FED LEI:009656 ANO:1998. ART:00013 LEG:FED

LEI:008078 ANO:1990. CDC-90 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

ART:00051 INC:00004 PAR:00001 INC:00001 INC:00002

Nº 2

Processo: REsp 657717 / RJ ; RECURSO ESPECIAL 2004/0064303-4

Relator(a): Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)

Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento: 23/11/2005

Data da Publicação/Fonte: DJ 12.12.2005 p. 374

Ementa: Consumidor. Recurso especial. Seguro saúde. Recusa de autorização

para a internação de urgência. Prazo de carência. Abusividade da cláusula.

Dano moral. Tratando-se de contrato de seguro-saúde sempre haverá a

possibilidade de conseqüências danosas para o segurado, pois este, após a

contratação, costuma procurar o serviço já em evidente situação desfavorável

de saúde, tanto a física como a psicológica. - Conforme precedentes da 3.ª

Turma do STJ, a recusa indevida à cobertura pleiteada pelo segurado é causa

de danos morais, pois agrava a sua situação de aflição psicológica e de

angústia no espírito. Recurso especial conhecido e provido.

Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos

votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade,

conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento, nos termos do voto da Sra.

Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Humberto Gomes de Barros, Ari

Pargendler e Carlos Alberto Menezes Direito votaram com a Sra. Ministra

Relatora. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Castro Filho.

Notas: Indenização por dano moral fixada em R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Resumo Estruturado: CABIMENTO, CONDENAÇÃO, SEGURADORA, PLANO

DE SAÚDE, PAGAMENTO, INDENIZAÇÃO, POR, DANO MORAL,

SEGURADO / HIPÓTESE, RECUSA, AUTORIZAÇÃO, INTERNAÇÃO,

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SEGURADO, HOSPITAL, MOTIVO, DOENÇA / DECORRÊNCIA,

INADIMPLEMENTO, CONTRATO DE SEGURO, SAÚDE, RESULTADO,

DANO, SEGURADO; OBSERVÂNCIA, JURISPRUDÊNCIA, STJ. TERMO

INICIAL, INCIDÊNCIA, JUROS DE MORA, SOBRE, VALOR, INDENIZAÇÃO,

POR, DANO MORAL, DATA, RECUSA, AUTORIZAÇÃO, INTERNAÇÃO,

SEGURADO, HOSPITAL / DECORRÊNCIA, CARACTERIZAÇÃO, MOMENTO,

OCORRÊNCIA, DANO; APLICAÇÃO, SÚMULA, STJ.

Nº 3

Processo: REsp 259263 / SP ; RECURSO ESPECIAL

2000/0048504-7

Relator(a): Ministro CASTRO FILHO (1119)

Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento: 02/08/2005

Data da Publicação/Fonte: DJ 20.02.2006 p. 330

Ementa: PLANO DE SAÚDE. ABUSIVIDADE DE CLÁUSULA. SUSPENSÃO

DE ATENDIMENTO. ATRASO DE ÚNICA PARCELA. DANO MORAL.

CARACTERIZAÇÃO. I - É abusiva a cláusula prevista em contrato de plano-de-

saúde que suspende o atendimento em razão do atraso de pagamento de uma

única parcela. Precedente da Terceira Turma. Na hipótese, a própria empresa

seguradora contribuiu para a mora pois, em razão de problemas internos, não

enviou ao segurado o boleto para pagamento. II - É ilegal, também, a

estipulação que prevê a submissão do segurado a novo período de carência,

de duração equivalente ao prazo pelo qual perdurou a mora, após o

adimplemento do débito em atraso. III - Recusado atendimento pela

seguradora de saúde em decorrência de cláusulas abusivas, quando o

segurado encontrava-se em situação de urgência e extrema necessidade de

cuidados médicos, é nítida a caracterização do dano moral. Recurso provido.

Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima

indicadas, retifica-se a decisão proferida na sessão do dia 16/06/2005 para:

acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça,

por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento. Os Srs.

Ministros Carlos Alberto Menezes Direito e Nancy Andrighi votaram com o Sr.

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Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de

Barros.

Notas: Indenização por danos morais fixada em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Resumo Estruturado: POSSIBILIDADE, CONHECIMENTO, RECURSO

ESPECIAL / HIPÓTESE, DISCUSSÃO, SOBRE, VALIDADE, CLÁUSULA,

CONTRATO / DECORRÊNCIA, NÃO CARACTERIZAÇÃO, APENAS,

INTERPRETAÇÃO, CLÁUSULA, CONTRATO; INAPLICABILIDADE, SÚMULA,

STJ. EXISTÊNCIA, DIREITO, CONSUMIDOR, INDENIZAÇÃO, POR DANO

MATERIAL, E, DANO MORAL / HIPÓTESE, CONSUMIDOR, ATRASO,

APENAS UMA, PARCELA, CONTRATO, SEGURO, PLANO DE SAÚDE;

CONSUMIDOR, REALIZAÇÃO, PAGAMENTO, PARCELA, MOMENTO,

OCORRÊNCIA, SINISTRO; HOSPITAL, RECUSA, ATENDIMENTO,

EMERGÊNCIA, CONSUMIDOR, VÍTIMA, DISPARO DE ARMA DE FOGO,

COM, ALEGAÇÃO, INADIMPLEMENTO; CONSUMIDOR, PAGAMENTO,

TRATAMENTO MÉDICO, OUTRO, HOSPITAL / DECORRÊNCIA, NULIDADE,

CLÁUSULA, PREVISÃO, RECUSA, ATENDIMENTO, HIPÓTESE, APENAS

UM, ATRASO, E, CLÁUSULA, PREVISÃO, NOVO, PERÍODO DE CARÊNCIA,

APÓS, MORA, MOTIVO, CARACTERIZAÇÃO, CLÁUSULA ABUSIVA;

EXISTÊNCIA, CULPA CONCORRENTE, EMPRESA, PELA, OCORRÊNCIA,

MORA; NECESSIDADE, AFASTAMENTO, DESVANTAGEM EXAGERADA,

CONSUMIDOR; OBSERVÂNCIA, PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, E,

BOA-FÉ, E, PRECEDENTE, TERCEIRA TURMA, STJ.

Nestas decisões que se transformam em jurisprudências, os julgadores

levam em conta os princípios norteadores da relação de consumo em que o

princípio básico é o da transparência, que gera para o fornecedor o dever de

esclarecer ao consumidor as características e o conteúdo do contrato (art.6

CDC).

Além do princípio da transparência, os julgadores têm no princípio da

confiança, que consiste na credibilidade depositada pelo consumidor no

produto ou contrato a fim de que sejam alcançados os fins esperados,

argumento para decidir abusos sofridos contra o consumidor dos planos de

saúde.

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CONCLUSÃO

O Código de Defesa do Consumidor, em vigor desde 1990, sendo o

principal instrumento de defesa do consumidor, vem se popularização a cada

dia. Vítima das cláusulas abusivas, o consumidor conhecedor dos seus direitos

se torna mais exigente. Devido à diversidade de planos de saúde e operadoras,

com constantes abusos de poder, que tornou os clientes mais exigentes em

relação ao hospital, à casa de saúde, ou ao consultório e principalmente, aos

seus direitos.

Mesmo assim, ainda são comuns, e constantes, os abusos cometidos

pelos fornecedores deste tipo de serviço, mesmo ao consumidor mais atento,

que se vê, vez por outra obrigado a pedir socorro ao Judiciário na defesa de

seus direitos.

Pretendeu esta monografia esclarecer e informar alguns aspectos

atenientes as cláusulas abusivas dos contratos de adesão dos planos de

saúde, respondendo a algumas perguntas relativas aos direitos e deveres dos

operadores de planos e sobre a postura do consumidor frente a tais serviços.

Um estudo do Código de Defesa do Consumidor fez-se necessário para

encontrar a resposta mais adequada. Verificou-se que desde a sua instituição,

ocorreu uma significativa transformação na concepção que se tinha no país

sobre os direitos dos consumidores nas relações de troca. As conseqüências

de um mau atendimento sempre existiram, mas, com detalhes legais expressos

de uma maneira geral no código civil. Entretanto, até que o Código de Defesa

do Consumidor surgisse, não havia um dispositivo de proteção específico. As

poucas regras que existiam até esse momento não produziam efeitos efetivos.

Concedendo uma maior proteção ao consumidor, o Código surgiu para

estabelecer os direitos e deveres dos fornecedores de produtos e serviços,

favorecendo a parte mais fraca nas relações de consumo. No caso das

operadoras de planos de saúde, o CDC veio a disciplinar as cláusulas abusivas

dos contratos, comumente aplicados a estes tipos de contratos. Veio também

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explicitar qual deve ser a conduta do consumidor frente a cláusulas ambíguas

dos contratos de adesão.

Espera-se que no objetivo da monografia em demonstrar tema como

clausula abusiva, tenha contribuído para um aprofundamento do estudo da

relação entre planos de saúde e consumidores, problema particularmente

grave em nosso país. E principalmente possa esclarecer aos consumidores dos

seus direitos frente aos abusos cometidos pelas operadoras de planos de

saúde.

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http://www.direitoemdebate.net/consartigo_clausulaabusiva.html. Artigo de

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REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1o vol. São Paulo: Editora

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WALD, Arnoldo. Obrigações e contratos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1- Internet

Agricultor. Bem utilizado em sua atividade. Destinatário final

CONTRATOS BANCÁRIOS – CONTRATO DE REPASSE DE EMPRÉSTIMO

EXTERNO PARA COMPRA DE COLHEITADEIRA – AGRICULTOR –

DESTINATÁRIO FINAL – INCIDÊNCIA – Código de Defesa do Consumidor –

COMPROVAÇÃO – CAPTAÇÃO DE RECURSOS – MATÉRIA DE PROVA –

PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA. I – O agricultor que adquire bem

móvel com a finalidade de utilizá-lo em sua atividade produtiva, deve ser

considerado destinatário final, para os fins do artigo 2º do Código de Defesa do

Consumidor. II – Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor às relações

jurídicas originadas dos pactos firmados entre os agentes econômicos, as

instituições financeiras e os usuários de seus produtos e serviços. III –

Afirmado pelo acórdão recorrido que não ficou provada a captação de recursos

externos, rever esse entendimento encontra óbice no enunciado n.º 7 da

Súmula desta Corte. IV – Ausente o prequestionamento da questão federal

suscitada, é inviável o recurso especial (Súmulas 282 e 356/STF). Recurso

especial não conhecido, com ressalvas quanto à terminologia. (REsp

445.854/MS, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em

02.12.2003, DJ 19.12.2003 p. 453).67

Anexo 2.

Cláusula Abusiva

Ementa: SEGURO SAÚDE. JULGAMENTO ANTECIPADO.

ADMISSIBILIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.

CLÁUSULA LIMITADORA DE RESPONSABILIDADE. NULIDADE.

RECONHECIMENTO. C. DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Apelação Cível.

67http://www.buscalei.com.br/index.php?option=com_alphacontent&section=5&cat=17&task=view&id=22&Itemid=30. Consulta em 12/12/2007.

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Medida cautelar e ação de anulação de cláusula contratual, no procedimento

ordinário, julgadas procedentes. Alegações de impossibilidade de produzir

provas e inconformismo pelo fato de não ser realizada a audiência de

conciliação, com o julgamento antecipado da ação, além de decisão da causa,

através de lei não invocada pela parte, desrespeitados os arts. 330, 33l e 128,

todos do CPC. Cerceamento de defesa não caracterizado. Aplicação do velho

princípio "dado o fato, o Juiz conhece o direito a aplicar". Rejeição das

preliminares. Plano de assistência de saúde. Cláusula limitadora de direitos.

Efeitos do ato subordinado ao arbítrio da parte mais forte na constituição do

contrato. Vedação. Art. 115, do Código Civil. Cláusula considerada abusiva.

Proteção ao contratante. Art. 51, IV, da Lei n° 8078/90. Questão agora

expressamente definida no art. 11, parágrafo único e no art. 12, II, "a", da Lei n°

9656/98, com as alterações determinadas pela Medida Provisória n° 1808-

16/99. Medida cautelar corretamente deferida. Sentença que não merece

reparos. Desprovimento do recurso. Decisões unânimes.

Fonte.: TJ RJ; Partes: ADRESS ADMINIST. REPRES. DE SISTEMAS DE

SAÚDE LTDA. e MARIA DO SOCORRO DE OLIVEIRA SILVA; APELAÇÃO

CÍVEL; n° do proc.: 1999.001.12297; Folhas: 93754/93758; Comarca de

Origem: CAPITAL; DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL; Votação: unânime;

DES. JOSÉ MOTA FILHO; Julgado em 13.10.1999.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ii

AGRADECIMENTO iii

DEDICATÓRIA iv

RESUMO v

METODOLOGIA vi

SUMÁRIO vii

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1 – A FIGURA DOS CONSUMIDORES E FORNECEDORES NOS

PLANOS DE SAÚDE 11

1.1 - O consumidor 11

1.2 – O fornecedor 17

1.3 – As relações de direitos e deveres do consumidor 18

1.4 – Os direitos e deveres dos fornecedores 19

CAPÍTULO 2 – OS PLANOS DE SAÚDE EM QUESTÃO 22

2.1– Regulamentação e a Agência Nacional de Saúde–ANS 25

2.2 - Os contratos de Planos de Saúde e suas cláusulas abusivas 26

CAPÍTULO 3 – AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CONTRATO DE

ADESÃO DOS PLANOS DE SAÚDE, AS RESPONSABILIDADES E

JURISPRUDENCIAS 31

3.1 - Cláusulas abusivas nos planos de saúde 31

3.2 – Contratos de adesão 34

3.3 – Responsabilidade dos Planos de Saúde 35

3.4 Jurisprudências 37

35 CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ANEXOS 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: As cláusulas abusivas nos contratos de adesão dos

planos de saúde

Autor: Jacqueline Machado Vital

Data da entrega: 20/02/2008

Avaliado por: Conceito: