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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Inclusão de Surdos no Mercado de Trabalho Por: Charles Mariano Ribeiro Orientador Prof. Paulo José Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · o tema em estudo, dirigido aos surdos com idade entre 18 a 30 anos, através de estudos que os auxiliem na sua inclusão no mercado

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Inclusão de Surdos no Mercado de Trabalho

Por: Charles Mariano Ribeiro

Orientador

Prof. Paulo José

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Inclusão de Surdos no Mercado de trabalho

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: Charles Mariano Ribeiro.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, o autor e consumador da minha fé, à minha

esposa Agne por todo apoio e incentivo, aos meus pais pelas orações e a

todos que de uma forma ou de outra fizeram parte desta jornada até aqui.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditam e buscam realizar

seus sonhos, por mais difícil que seja não desistem e vão até o fim.

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RESUMO

Este trabalho presente tem como objetivo mostrar que a inclusão

de surdos no mercado de trabalho é um desafio, basta enxergá-los como

qualquer cidadão, com suas dificuldades sim, mas também com suas

capacidades e que eles tem direito a educação e viver na sociedade,

freqüentando escolas como qualquer outra criança. Aceitar um surdo é aceitar

também suas diferenças e limitações. Hoje a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação garante o direito desses surdos na rede regular de ensino, cabendo

ao professor buscar esses caminhos que levem ao desenvolvimento dos

surdos em questão. Vamos falar das dificuldades que enfrentam ao tentar uma

vaga no mercado de trabalho e o porquê disso tudo, ajudando a todos a

entender e aceitar essas pessoas que também com o qualquer outra tem o

direito de sonhar e realizar seus sonhos. Falaremos da proposta do Governo

em prestar auxílio aos surdos, fornecendo intérpretes na rede pública, direito

adquirido por lei de ter intérpretes nas escolas onde tem surdos, mais um

benefício de total importância e relevância na formação dos surdos, onde tem

crescido o grau de instrução da classe dos surdos após o decreto da lei que

favoreceu e incentivou os surdos e ajudou a nivelar o conhecimento com os

ouvintes, aumentando suas chances no mercado de trabalho.

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METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica exploratória visando conhecimento teórico sobre

o tema em estudo, dirigido aos surdos com idade entre 18 a 30 anos, através

de estudos que os auxiliem na sua inclusão no mercado de trabalho.

Colaborar, com argumentos teóricos explicativos, na colocação dos

surdos no mercado de trabalho, de forma digna e sem discriminação.

Basear em publicações recentes do INES e outras fontes e "explorar"

alguns profissionais SURDOS que conheço que já estão no mercado de

trabalho.

Cito uma das referências para o meu estudo:

CARVALHO, Paulo V. (2007). Breve História dos Surdos no Mundo e

em Portugal. Lisboa: Surd’Universo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A Cultura dos Surdos 9

CAPÍTULO II - Categoria de Surdos 14

CAPÍTULO III - As Leis 24

CAPITULO IV - A Inclusão 31

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ÍNDICE 45

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INTRODUÇÃO

Segundo dados do INES os surdos ainda enfrentam dificuldades

quando o assunto é Inclusão no Mercado de Trabalho.Eles, apesar de

habilidades, formações e informações que os tornam capazes de entrar na

“briga” por uma vaga de emprego, acabam encontrando frustrações, onde

pessoas, empresas, a sociedade de um modo geral os vêem como coitados e

incapazes de realizar funções com responsabilidades e propriedades, uma vez

que estão tão preparados como qualquer outro.

Neste trabalho me proponho a mostrar e ajudar a abrir os horizontes no

que diz respeito à Cultura dos surdos, como vivem, seus costumes e

particularidades, também ajudar a diferenciar os tipos de surdos que existem e

os grupos que se formam de acordo com as semelhanças entre eles,Citarei

algumas Leis que garantem aos surdos alguns direitos “especiais” que os

motivam ao crescimento, sendo assim, tornando mais fácil, viável a sua

inclusão no Mercado de trabalho.

Mas vamos começar a entender um pouco da cultura do surdo e

procurar entender quem são e como estão distribuídos em nossa sociedade,

para então esclarecer conceitos pré-estabelecidos que os tornam esse grupo

tão especial assim.

Clough, P. (2000) Theories of Inclusive Education: A Student's Guide.

London, Sage/Paul Chapman Publishing

CARVALHO, Paulo V. (2007). Breve História dos Surdos no Mundo e

em Portugal. Lisboa: Surd’Universo

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CAPÍTULO I

A Cultura dos Surdos

Qualquer bebê recém-nascido pode apresentar um problema

auditivo no nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida. Isto pode

acontecer mesmo que não haja casos de surdez na família ou nenhum fator de

risco aparente.

Por isto peça ao pediatra para fazer o Teste da Orelhinha

quando seu filho nascer.

A audição começa a partir do 5º mês de gestação e se desenvolve

intensamente nos primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo deve

ser detectado ao nascer, pois os bebês que têm perda auditiva diagnosticada

cedo e iniciam o tratamento até os 6 meses de idade apresentam

desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte.

O diagnóstico após os 6 meses traz prejuízos inaceitáveis para o

desenvolvimento da criança e sua relação com a família. Infelizmente, no

Brasil, a idade média de diagnóstico da perda auditiva neurossensorial severa

a profunda é muito tardia, em torno de quatro anos de idade (INES, 1990).

Lembre-se de que ouvir é fundamental para o desenvolvimento da fala

e da linguagem.

Se o exame não foi realizado no nascimento, faça-o agora.

Procure o audiologista responsável pelo programa de Triagem Auditiva em seu

hospital.

O Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal (Gatanu) visa

aumentar a consciência coletiva para o problema da surdez na infância e a

necessidade da detecção precoce.

O Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância é formado

pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de

Otorrinolaringologia, Sociedade Brasileira de Otologia, Sociedade Brasileira de

Fonoaudiologia, Conselho Federal de Fonoaudiologia, Federação Nacional de

Pais e Amigos dos Surdos (Fenapas), Federação Nacional de Educação e

Integração dos Surdos (Feneis) e Ines.

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Tipos de Deficiência Auditiva

De certa forma, o conteúdo desta seção é mais do que você precisa

saber a fim de tornar o conteúdo web acessível a pessoas que são surdas ou

possuem "Audição difícil"; mas está incluído em nosso contexto na esperança

de que a maior compreensão e acesso a informações aumente a apreciação e

maior compromisso para que mais pessoas possam fornecer conteúdo que

seja acessível a eles também.

Importante

O princípio fundamental da Acessibilidade Web para usuários com

Deficiência auditiva é ser:

1. Perceptível: porque deficientes auditivos não podem perceber

(ouvir) conteúdo em áudio

Gostaria também de salientar que o uso do termo "Deficiência" no título

desta seção é uma escolha controversa, considerando a atitude de muitas

pessoas da Comunidade Surda. Mais do que quaisquer dos outros grupos de

indivíduos comumente chamados de "deficientes", aqueles que são surdos são

muito menos inclinados a pensar em sua condição como uma Deficiência.

Ainda assim, tenho propositadamente mantida a palavra "Deficiência" nesta

seção, não para provocar controvérsia, mas para sublinhar o fato de que

aqueles que são surdos não podem ouvir conteúdos de áudio, e este é o ponto

crítico que os desenvolvedores web devem lembrar.

Surdez não é uma condição de "tudo ou nada". Embora existam

pessoas que são completamente surdas, há também pessoas com diversos

graus de perda auditiva funcional. Graus de perda auditiva muitas vezes são

classificados como leve, moderada, grave, profunda. Habitualmente, aqueles

que se dizem surdos têm a perda auditiva severa ou profunda. Aqueles com

menor grau de perda auditiva são comumente referidos como Audição difícil.

Graus de Perda Auditiva

Perda Auditiva Leve:

A incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem

ser de difícil Audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo.

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Perda Auditiva Moderada:

A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho

ou prótese auditiva pode ser necessária.

Perda Auditiva Severa:

A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80 decibéis. Próteses

auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. Alguns

indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de

linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial.

Perda Auditiva Profunda:

A ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons

abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa,

alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente

através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial.

Classificações da Perda de Audição

Surdez por perda Condutiva é o resultado de dano ou bloqueio das

partes móveis do ouvido. Os ossos saudáveis de uma orelha interna, os

ossículos: martelo, bigorna e estribo vibrão em resposta a sons. Certas

doenças ou lesões podem levar á incapacidade destes ossos vibrarem

adequadamente, impedindo a detecção das informações sonoras.

Surdez do nervo (Surdez Da Cóclea ou do Nervo Auditivo ) ocorre

quando o nervo auditivo está danificado, impedindo assim a obtenção de

informações auditivas para o cérebro. Os ossos do ouvido interno podem vibrar

corretamente mas os nervos são incapazes de transmitir essa informação

adequada mente para o cérebro.

Som alto - perda auditiva é como o próprio nome indica, a perda da

capacidade de ouvir tons altos. Uma das mais importantes consequências

sociais é que vozes femininas são mais difíceis de compreender.

Som baixo - perda auditiva é a incapacidade de ouvir tons baixos.

Vozes masculinas são difíceis de ouvir e entender.

Surdo e Cego é a condição onde ocorrem ambos as condições para os

surdos e cegos. Os indivíduos que são surdos-cegos muitas vezes se

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comunicam com a linguagem gestual, mas devem ser capazes de perceber os

sinais que a outra pessoa está fazendo, essencialmente através da exploração

das mãos enquanto a outra pessoa conversar. Ao acessar o conteúdo da web,

eles geralmente utilizam Browser em Braille, dispositivos que lhes permitem o

acesso de todos os conteúdos textuais da página web, incluindo texto

alternativo para imagens.

Causas da perda da Audição

A maior parte surdez ocorre nos primeiros anos de vida, a maioria das

vezes é genético ou com causas perinatais. A surdez também pode ocorrer

como resultado de infecções do ouvido médio (otite média), que são mais

comuns em crianças. Também é possível adquirir surdez com o decorrer da

vida, por doenças ou lesões traumáticas. Como adicional a perda auditiva é

parte comum do processo de envelhecimento, especialmente em homens.

Identidade e cultura surda

É a interacção social que nos socializa. As escolhas sobre o ambiente

linguístico em que a criança crescerá, a opção do uso ou não da língua gestual

e a escolha de ajudas técnicas e tipo de educação adoptado vão determinar a

maneira como o desenvolvimento social da criança se irá processar.

Se for negada à criança a oportunidade de adquirir e desenvolver uma

língua natural, crescerá com um enorme défice a nível linguístico, que

comprometerá todo o seu desenvolvimento social, cultural, psicológico e

afetivo, o que dificultará na construção identitária de qualquer criança inclusive

uma criança surda. Pelo contrário, se a criança for exposta a uma língua

gestual poderá adquirir um conhecimento cultural, sobre o mundo e as relações

interpessoais, semelhante ao adquirido por uma criança ouvinte, afinal criança

é criança ouvindo ou não, enxergando ou não, andando ou não.

A comunicação é vital na construção da identidade. O contacto precoce

entre o adulto surdo e a criança surda, através de uma língua gestual, é o que

proporcionará o acesso à linguagem. Desta forma, estará também assegurada

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a identidade e cultura surda, que serão transmitidas naturalmente à criança

surda pelo adulto surdo em questão. Quanto mais precoce o acesso à língua

gestual, mais cedo a criança adquirirá uma identidade própria, consciente e

sólida.

No entanto, de acordo com a história dos surdos, as representações

sobre a surdez sempre foram fundamentadas por mitos com base na religião,

na ideologia, nos interesses de foro económico e nas diferenças sociais. Estas

representações afectam o processo identitário do surdo, participando de

processos de inclusão/ exclusão dos membros da sociedade e padronizando a

"normalização social".

Segundo estudos, o surdo apenas se sente pessoa se a sociedade o

considerar como tal. O surdo, na sua diferença, representa um perigo. Daí

advém a tentativa de muitos de considera-lo apenas uma pessoa com

deficiência. No entanto, o surdo como pessoa existe - esta é uma diferença que

existe, que estigmatiza o surdo - a sua negação estigmatiza-o ainda mais, já

que não permite o seu desenvolvimento, a sua formação de identidade como

ser inteiro e integrante de uma comunidade de indivíduos diferentes como ele

mesmo.

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CAPÍTULO II

Categorias de surdos

Bilinguismo

O Bilinguismo no caso dos Surdos é um dos casos específicos de

bilinguismo, gerido por conceitos específicos, relativos à deficiência auditiva, à

língua e à cultura dos Surdos.

O conceito

Em finais da década de 1970, com base em conceitos sociológicos,

filosóficos e políticos surgiu a "Proposta Bilíngue de Educação do Surdo".Essa

proposta reconhece e baseia-se no facto de que o Surdo vive numa condição

bilíngue e bicultural, isto é, convive no dia a dia com duas línguas e duas

culturas:

1. a língua gestual e cultura da comunidade surda do seu

país;

2. a língua oral e cultura ouvinte de seu país.

Numa abordagem educacional, o bilinguismo baseia-se no

reconhecimento do facto de que as crianças surdas são interlocutoras naturais

de uma língua adaptada à sua capacidade de expressão. Assim sendo, a

comunidade surda propõe que a língua gestual oficial do seu país de origem

lhes seja ensinada, desde a infância, como primeira língua. Reconhece ainda o

facto de que a língua oral oficial do seu país não deve ser por ela ignorada,

pelo que lhe deve ser ensinada, como segunda língua. Os bilinguístas

defendem que a língua gestual deve ser adquirida, preferencialmente, pelo

convívio com outros Surdos mais velhos, que dominem a língua gestual.

Uma vez que cerca de 90% dos Surdos têm família ouvinte, para que a

aquisição da língua gestual tenha sucesso, seria necessário que a família

aprenda a língua gestual para que a criança possa usá-la ao comunicar-se, em

casa. A língua oral, que geralmente é a língua da família da criança, seria a

segunda língua desta criança.

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No entanto, os defensores dessa abordagem não estão de acordo,

quanto a se deve ser ensinada ao Surdo a modalidade oral ou escrita dessa

segunda língua, ou se ambas. Divergem ainda quanto ao momento em que

deve ser ministrado o ensino, se em simultâneo com a língua gestual – "Modelo

Simultâneo" – ou se após a aquisição dessa língua – "Modelo Sucessivo", e se

a segunda língua deverá ser introduzida apenas usando a língua dominante.

Para os bilinguístas, os Surdos não precisam almejar ser iguais aos ouvintes,

podendo aceitar e assumir a surdez.[4] O conceito principal que a filosofia

bilíngue traz é de que os Surdos formam uma comunidade, com cultura e

língua próprias. Os bilinguístas preocupam-se em entender o indivíduo Surdo,

as suas particularidades, a sua língua (língua gestual), a sua cultura e a sua

forma particular de pensar, em vez de apenas os aspectos biológicos ligados à

surdez.

A Suécia foi o primeiro país a iniciar o caminho para a implantação do

bilinguismo. Como proposta educacional, o bilinguísmo ganhou força nos

inícios dos anos 1960, nos Estados Unidos da América e foi implementado, em

1979, em Paris, quando Danielle Bouvet iniciou a sua primeira turma bilíngue,

em que a Língua Gestual Francesa foi ensinada como língua materna dos

Surdos e a Língua Francesa como segunda língua.

Baker e Daigle, entre os tipos de ensino bilíngue/bicultural, retêm o

ensino bilíngue transitoire e o ensino bilíngue guidé. O primeiro é realizado com

o objectivo de lançar os alunos através da língua maioritária e dominante. O

segundo reforça os conhecimentos da língua minoritária, desenvolve a

identidade cultural dos alunos e ajuda a afirmar os seus valores culturais,

utilizando a língua maioritária. Para os Surdos, a aproximação deve ser ao

modelo guidé, visto que é essencial reforçar os conhecimentos da língua

gestual, o sentimento de identidade surda que, na maioria dos casos, são

oriundos de famílias ouvintes.

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Bilinguismo e Cultura Surda

O movimento multicultural abrangeu minorias dos mais variados tipos,

que reclamavam o direito de uma cultura própria. Essas minorias englobavam

minorias étnicas e estenderam-se às minorias com necessidades especiais,

que se negavam a ser consideradas como cidadãos de segunda classe. Foi

neste ambiente que os Surdos encontraram um caminho para que sua língua

fosse "ouvida".

No século XIX os Surdos reivindicaram os seus direitos e a sua língua

já foi reconhecida. Entre esses direitos estava a utilização da sua língua na

educação dos Surdos, que eles fossem reconhecidos não como deficientes,

mas como diferentes e que sua cultura fosse respeitada. Assim, dentro da

comunidade ouvinte, eles construíram uma comunidade própria, com a sua

língua, a sua cultura e tentaram estabelecer-se como grupo minoritário que

pudesse ser aceite numa visão multicultural.

Os Surdos têm experiências diferentes da cultura ouvinte, a partir da

perda auditiva, da sua língua e tudo o que implica o uso de uma língua com

características tão diferentes no seu comportamento do dia-a-dia. Eles têm

uma história de Surdos que se destacaram em aspectos da vida pública, da

sua educação, do desenvolvimento das suas comunidades e têm regras de

comportamento, costumes e tradições.

De acordo com a complexidade humana, com os factores sociais

pertencentes à sociedade como um todo e com os factores educacionais e

familiares, no entanto, o Surdo pode ter uma identidade cultural (e Orgulho

Surdo) ou não, de acordo com o seu próprio critério de se admitir pertencente

ao mundo ouvinte e/ou ao mundo Surdo, ou pode ainda circular por ambos.[5]

O movimento de reconhecimento da cultura, comunidade e identidade

dos Surdos, além de afirmar a sua autenticidade, conseguiu mobilizar alguns

responsáveis pela educação dos Surdos para a reformulação da situação da

educação do Surdo. Essa nova proposta de trabalho recebeu o nome de

Bilinguismo.

A língua gestual não pode constituir-se apenas numa ferramenta para

aceder a outra língua, ou funcionar como um prémio de consolação para os

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Surdos; enquanto língua, tem um estatuto e um lugar privilegiado na definição

de uma identidade e na expressão de uma cultura.

Bilinguismo desde a infância?

Para a maioria das crianças, a língua oficial do país onde vivem é,

simultaneamente, língua materna e língua de escolarização – não o é, no

entanto, para os Surdos. Para essa população, a língua de aquisição

espontânea e natural terá de ser uma língua gestual. Há que lembrar, contudo,

que a língua de escolarização, em que se aprende a ler, e se estuda, é uma

língua oral (no nosso caso, a Língua Portuguesa), o que faz com que a escola

precise de ensinar estas crianças a ler e a escrever, isto é, a conhecer o

Português escrito. O uso de uma língua gestual e de uma língua oral torna

imperioso que na educação da criança se tenha sempre presente o

desenvolvimento de competências que lhe permitam funcionar, eficaz, cómoda

e adequadamente nas duas línguas e nas duas comunidades.

A linguagem escrita é uma modalidade linguística de cariz secundário,

no entanto, a impossibilidade de ler e escrever numa língua (sem o

conhecimento da estrutura gramatical e do vocabulário da língua) é um

problema real ao ensino das crianças surdas. Ao contrário do que acontece

com as crianças ouvintes, a aprendizagem da leitura e da escrita, por parte dos

Surdos, não pode partir da mobilização do conhecimento da língua oral; antes,

é através da aprendizagem do vocabulário escrito e pelo ensino explícito da

estrutura gramatical da língua oral que a criança surda, quando

desconhecedora da língua oral, tem acesso ao conhecimento dessa língua, e

assim extrai significado do material escrito – estamos assim diante da

aprendizagem de uma segunda língua e não de um uso secundário de uma

língua oral.

O grande objectivo do ensino da linguagem escrita é tornar o aluno

autónomo na procura e uso de informação, que lhe permita a integração dessa

informação na sua vida escolar e social.

É ainda imprescindível a aquisição da língua gestual nos primeiros

anos de vida da criança, sob pena das seguintes consequências:

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1. o Surdo perderá a oportunidade de usar a linguagem;

2. não irá recorrer ao planeamento para a solução de

problemas;

3. não adquirirá independência da situação visual concreta;

4. não controlará seu próprio comportamento e o ambiente;

5. não terá vida social adequada.

Surdo oralizado

Surdos oralizados são surdos congênitos ou adquiridos que utilizam

qualquer língua oral para se comunicar, na modalidade oral, oro-facial, também

denominada de leitura labial e/ou leitura e escrita.

A denominação abrange os surdos que sabem ler, escrever e falar

fluentemente e os surdos que sabem ler e escrever, mas não são fluentes na

fala, os ensurdecidos e os surdos na terceira idade. O denominador comum

deste grupo é, em primeiro lugar, o uso da língua oral como meio de

comunicação em todas as suas formas.

Opção pela oralização de surdos

Grupos especializados em surdos oralizados defendem que a

comunicação oral faz parte da essência humana e sugerem que pais, apoiados

por ajuda fonoaudiológica especializada, tem o direito de optar pela oralização

de seus filhos que perderam a audição antes de adquirir a capacidade de fala.

A opção pelo o uso da língua oral contribui consideravelmente para o

processo de inclusão com a comunidade ouvinte, pois favorece a autonomia e

abre possibilidades de desenvolvimento de capacidades intelectuais e

cognitivas e possibilita uma melhor interação com a comunidade

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Desenvolvimento e manutenção da fala

Alguns recursos para capacitar o surdo a desenvolver ou manter a

linguagem oral e escrita envolvem sessões com fonoaudiólogos, leitura labial,

uso de aparelhos auditivos, implantes cocleares, sonorização especial de

ambientes, legendas, equipamentos para facilitar a comunicação e participação

ativa da família.

Surdos oralizados na sociedade

As principais necessidades de acessibilidade de surdos oralizados se

referem principalmente à legendagem de áudio e sinais luminosos que sejam

usados em conjunto com alertas sonoros.

A legendagem para filmes estrangeiros e, principalmente, nacionais, se

torna de fundamental importância, pois a dublagem de filmes estrangeiros e a

falta de legenda em filmes nacionais impedem que os surdos, de maneira

geral, apreciem as artes audiovisuais em sua plenitude.

As legendas devem ser essencialmente de boa qualidade, completas e

fiéis aos diálogos que transcrevem, sem nenhuma simplificação conceitual.

Devem ser elaboradas por profissionais de boa formação técnica.

Além disso, as legendas não atenderiam somente aos surdos, mas

também as pessoas de meia idade que têm a audição diminuída; crianças em

fase de alfabetização; adultos que necessitam de alfabetização; estrangeiros

que querem aprender o idioma local, dentre outros usuários.

Sob o olhar pedagógico, o contato diário do indivíduo com a escrita,

sendo ele via legenda ou por meio de outras tecnologias (como material

impresso, por exemplo), facilita muito a aprendizagem, entretanto, é necessário

que esse material seja elaborado de maneira criteriosa. Isso significa o uso de

legendas realmente comprometidas com a norma culta da língua e não

legendas facilitadas, condensadas ou simplificadas, que apenas iriam provocar

a acomodação do leitor, além de nada contribuir para o desenvolvimento da

sua capacidade de entendimento e estruturação do pensamento.

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Em eventos que ocorrem em grandes ambientes, existe também a

possibilidade de implantação do equipamento conhecido por Hearing Loop,

também denominado induction loop, boucle magnetique, aro magnético ou

ainda anel indutor ou emissor para receptor auricular, como é conhecido,

respectivamente, nos Estados Unidos da América, na França, na Argentina e

no Brasil.

Tal equipamento tem por premissa captar o som da TV, do cinema, do

palestrante na sala de conferências e o transmitir, sem ecos ou interferências,

para os aparelhos auditivos e implante coclear. Em países que já utilizam esse

equipamento ele tem também uma função bastante eficaz, quando utilizado em

crianças surdas, em sala de aula.

Leitura labial

A leitura labial é uma técnica aplicada principalmente por surdos, em

que sons e palavras emitidas pelo interlocutor são captadas pela leitura

(interpretação) dos movimentos de seus lábios.

Estudos demonstram que mesmo o leitor labial mais experiente

consegue captar apenas em torno de 50% do que se é dito. Boa parte de sua

habilidade está ligada à sua capacidade de intuir o que esta sendo dito,

completando o restante, proferido de maneira ilegível, ou mesmo naturalmente

irreconhecível. Sons como “p” e “m”, “d” e “n” e “s” e “z”, podem ser facilmente

confundidos entre si.

Processos

Pessoas com visão normal, a audição e as habilidades sociais,

inconscientemente, utilizar as informações dos lábios e rosto para ajudar à

compreensão auditiva na conversação diária, e mais fluentes falantes de uma

língua são capazes de speechread até certo ponto. (Veja o efeito McGurk.)

Cada som da fala (fonema), tem uma particular faciais e posição da boca

viseme (), apesar de muitos fonemas compartilhar o viseme mesmo e, portanto,

são impossíveis de distinguir de informação visual sozinho. Soa cujo ponto de

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articulação é dentro da boca ou da garganta não são detectáveis, tais como

consoantes glótica. Sonoras e surdas pares parecem idênticos, tais como] [p e

[b], [k] e [g], [t] e [d], [f] e [v] e [s] e [z] ( Inglês Americano), também para

nasalização. Foi estimado que apenas 30% a 40% dos sons no idioma Inglês

são distinguíveis de vista só, a expressão "onde há vida, há esperança" parece

idêntico ao "onde está o sabonete de alfazema" na maioria dos dialetos do

Inglês. Autor Henry Kisor intitulou seu livro O que é que ao ar livre Pig?: A

Memoir de surdez em referência à audição errada à pergunta: "Que barulho é

esse grande alto?" Ele usou esse exemplo no livro para discutir as deficiências

do speechreading.

Assim, uma speechreader deve usar sinais do ambiente e um

conhecimento daquilo que é susceptível de ser dito. É muito mais fácil para

speechread frases usuais, tais como saudações de expressões que aparecem

de forma isolada e sem apoio de informação, tais como o nome de uma pessoa

que nunca conheceu antes. Speechreaders que cresceram surdo pode nunca

ter ouvido a língua falada e é provável que sejam fluentes em, o que torna

speechreading muito mais difícil. Devem também aprender a visemas individual

pela formação consciente em um contexto educacional. Além disso,

speechreading tem um monte de foco, e pode ser extremamente cansativo. Por

essas e outras razões, muitas pessoas surdas preferem utilizar outros meios de

comunicação com os não-signatários, como mímica e do gesto, escrita e

intérpretes de língua gestual. Ao conversar com um speechreader, boca

exagerada de palavras não é considerado para ser útil e pode de fato obscuro

pistas úteis. No entanto, é possível aprender a enfatizar dicas úteis - isto é

conhecido como lábio falando.

Outras situações difíceis em que a speechread incluem:

* Falta de uma visão clara dos lábios do falante. Isto inclui obstáculos

como bigodes ou as mãos na frente da boca, a cabeça do orador desviou ou

longe; fonte de luz brilhante, como uma janela por trás do alto-falante.

* Discussões em grupo, especialmente quando várias pessoas estão

falando em sucessão rápida.

Speechreading pode ser combinada com fala com pistas de Buschke;

um dos argumentos a favor do uso da fala cued é que ele ajuda a desenvolver

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habilidades de leitura labial que pode ser útil mesmo quando as características

estão ausentes, ou seja, ao se comunicar com os não-surdos, não dura de

ouvir as pessoas.

Citação de Olho Ouvir, Dorothy Clegg, 1953, "Quando você é surdo

que vive dentro de um frasco de vidro bem tampadas. Você vê o fascinante

mundo exterior, mas não alcançá-lo. Depois de aprender a ler lábios, você

ainda está dentro a garrafa, mas a rolha saiu eo mundo exterior lenta mas

seguramente, vem a você. " Esta visão é relativamente controversa dentro do

mundo surdo - ver Gestualismo para uma história incompleta deste debate.

Ouvinte

Na cultura surda, faz parte do senso comum chamar-se ouvinte àquele

que ouve, em contraste com o surdo, que não ouve (total ou parcialmente).

Nessa cultura, o termo ouvinte pode também referir-se à cultura das

pessoas que ouvem, normalmente diferenciando-a da cultura dos surdos.

Oralismo

Oralismo é um método de ensino para surdos, no qual se defende que

a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através de da língua oral, ou falada.

Surdos que utilizaram deste método de ensino são considerados surdos

oralizados.

Pessoa surda

Chama-se pessoa surda (ou surdo)àquela que é portadora de surdez

e que possui uma identidade, uma cultura, uma história e uma língua.

Em meados dos anos setenta, emergiu uma nova forma de encarar a

surdez, que encara o surdo como pertencendo a uma comunidade linguística

minoritária, pelo facto de usar uma língua distinta da maioria ouvinte.

Estudiosos há que acreditam que "o problema dos surdos não é a surdez a

mas as representações dominantes". Assim, a concepção antropológica

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defende como um de seus objectivos primários garantir o acesso dos surdos à

língua gestual, a sua língua de aquisição natural.

O Dia Mundial do Surdo é comemorado por membros da comunidade

surda de todo o mundo (surdos e ouvintes) no dia 26 do mês de Setembro,

com objectivo de relembrar as lutas da comunidade ao longo das eras, como

por exemplo, a luta em prol do reconhecimento da língua gestual nos diversos

países do globo.

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CAPÍTULO III

As Leis

Chegamos a um dos pontos chaves deste estudo, o decreto de Lei que

reconhece a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) como meio legal de

comunicação e expressão e garante ao Surdo o direito a interpretes nas redes

públicas de ensino e saúde, por exemplo, o atendimento e tratamento

adequado aos portadores de deficiência auditiva.

LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira

de Sinais - Libras e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a

Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela

associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras

a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza

visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema

lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de

pessoas surdas do Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e

empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de

apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de

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comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do

Brasil.

Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de

serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e

tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as

normas legais em vigor.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais

estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos

cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério,

em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais -

Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs,

conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá

substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da

República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Paulo Renato Souza

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 25.4.2002

Além da lei que reconhece como meio legal de comunicação e

expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de

expressão a ela associados o Art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de

2000, garante a inclusão da LIBRAS como disciplina na grade curricular, o que

foi fundamental para o crescimento em massa no grau de instrução da

“população surda”, uma vez que foi dado o direito de igualdade no processo de

aprendizagem.

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Cito abaixo:

Art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela

que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de

experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da

Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda

bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por

audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR

Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória

nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em

nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de

ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de

ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do

conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso

de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de

formação de professores e profissionais da educação para o exercício do

magistério.

§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos

demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um

ano da publicação deste Decreto.

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DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR

DE LIBRAS

Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries

finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve

ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena

em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda

língua.

Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de

formação previstos no caput.

Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação

infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso

de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa

escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação

bilíngüe.

§ 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de

Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a

formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a

formação bilíngüe, referida no caput.

§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação

previstos no caput.

Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser

realizada por meio de:

I - cursos de educação profissional;

II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de

ensino superior; e

III - cursos de formação continuada promovidos por instituições

credenciadas por secretarias de educação.

§ 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por

organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde

que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições

referidas nos incisos II e III.

§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação

previstos no caput.

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Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto,

caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em

Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela

poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos

seguintes perfis:

I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-

graduação ou com formação superior e certificado de proficiência em Libras,

obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação;

II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível

médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras,

promovido pelo Ministério da Educação;

III - professor ouvinte bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa, com pós-

graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame

de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação.

§ 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão

prioridade para ministrar a disciplina de Libras.

§ 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as

instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem

incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério.

Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve

avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa

língua.

§ 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido,

anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior

por ele credenciadas para essa finalidade.

§ 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o

professor para a função docente.

§ 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca

examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes

surdos e lingüistas de instituições de educação superior.

Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino

médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade

normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de

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Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como

disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos:

I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição;

II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição;

III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e

IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição.

Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina

curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia,

Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais

licenciaturas.

Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras

como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de

professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos

cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação

deste Decreto,

I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação

infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngüe:

Libras - Língua Portuguesa como segunda língua;

II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua

Portuguesa, como segunda língua para surdos;

III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua

Portuguesa.

Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que

ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar

cursos de pós-graduação para a formação de professores para o ensino de

Libras e sua interpretação, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como

segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina

curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e

para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem

como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua

Portuguesa.

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Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua

portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de

Fonoaudiologia.

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CAPÍTULO IV

A Inclusão

Inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem a

exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela falta de classe

social, origem geográfica, educação, idade, existência de deficiência ou

preconceitos raciais. Inclusão Social é oferecer aos mais necessitados

oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um sistema que

beneficie a todos e não apenas aos mais favorecidos no sistema meritocrático

em que vivemos. Nossa cultura tem uma experiência ainda pequena em

relação à inclusão social, com pessoas que ainda criticam a igualdade de

direitos e não querem cooperar com aqueles que fogem dos padrões de

normalidade estabelecidos por um grupo que é a maioria. E diante dos olhos

deles, também somos diferentes. E é bom lembrar que as diferenças se fazem

iguais quando colocadas num grupo que as aceitem e as consideram, pois nos

acrescentam valores morais e de respeito ao próximo, com todos tendo os

mesmos direitos e recebendo as mesmas oportunidades diante da vida Assim a sociedade modificará em suas estruturas e serviços

oferecidos, abrindo espaços conforme as necessidades de adaptação

específicas para cada pessoa com deficiência a serem capazes de interagir

naturalmente na sociedade. Todavia, este parâmetro não promove a

discriminação e a segregação na sociedade. A pessoa com deficiência passa a

ser vista pelo seu potencial, suas habilidades e outras inteligências e aptidões.

Desta forma é proposto o paradigma da inclusão social. Este consiste

em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas

de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e

potencialidades.

Por este motivo, os inclusivistas (adeptos e defensores do processo de

inclusão social) trabalham para mudar a sociedade, a estrutura dos seus

sistemas sociais comuns e atitudes em todos os aspectos, tais como educação,

trabalho, saúde, lazer.

Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois

cada política pública foi formulada e basicamente executada por decretos e

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leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito internacional

(como o Tratado de Madrid).

A Educação Inclusiva atenta a diversidade inerente à espécie humana,

busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os

sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino,

de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos.

Prática pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível requer

mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na

formação humana dos professores e nas relações família-escola. Com força

transformadora, a educação inclusiva aponta para uma sociedade inclusiva.

O ensino inclusivo não deve ser confundido com educação especial

embora o contemple. No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial, na

Perspectiva da Educação Inclusiva, assegura acesso ao ensino regular a

alunos com deficiência (mental, física, surdos e cegos), com transtornos

globais do desenvolvimento e a alunos com altas habilidades/superdotação,

desde a educação infantil até à educação superior. Nesse país, o ensino

especial foi, na sua origem, um sistema separado de educação das crianças

com deficiência, fora do ensino regular, baseado na crença de que as

necessidades das crianças com deficiência não podem ser supridas nas

escolas regulares. Na perspectiva da Educação Inclusiva, outras racionalidades

estão surgindo sobre a aprendizagem. Fazendo uso da concepção

Vygostskyana principalmente, entende que a participação inclusiva dos alunos

facilita o aprendizado para todos. Este entendimento está baseado no conceito

da Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, zona de conhecimento a ser

conquistada, por meio da mediação do outro, seja este o professor ou os

próprios colegas.

A proposta de inclusão social de alunos surdos, no ensino regular, é

hoje garantida pela legislação educacional brasileira. Contudo, a inclusão com

garantia de direitos e qualidade de educação ainda é um sonho a ser

alcançado,um caminho a ser construído,onde varias mudanças serão

necessárias:estruturais, pedagógicas e sem duvidas capacitação de

professores no que se diz respeito a lidar com situações corriqueiras do dia a

dia de sala de aula.

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Papel do Professor na Inclusão

Para o professor desenvolver boas práticas inclusivas deve se fazer

algumas perguntas:

O processo das aulas responde à diversidade do alunado?

As aulas são preparadas para o trabalho na diversidade?

Atividades de cópia mecânica são evitadas?

As aulas são acessíveis a todos estudantes?

Os materiais curriculares contemplam os diferentes contextos e

culturas dos alunos?

A linguagem usada em sala de aula é acessível a todos?

As aulas contribuem para maior compreensão das diferenças?

Os alunos são estimulados a ouvir opiniões diferentes?

O currículo estimula o entendimento das diferenças de cultura, gênero,

deficiência, religiões, etc?

Os alunos são ativos no seu processo de aprendizagem?

Os alunos são estimulados a dirigir sua própria aprendizagem?

Os alunos são estimulados a ajudar os colegas?

A avaliação estimula o êxito de todos os alunos?

Há oportunidades de, em equipe, avaliar o trabalho realizado?

Os resultados das avaliações servem para introduzir mudanças?

A disciplina na sala de aula inspira-se no respeito mutuo?

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Os alunos são consultados sobre como podem melhorar sua atenção

para aprender?

As normas de comportamento são explicitas?

Os professores planejam, revisam e ensinam em colaboração?

Os professores compartilham do planejamento dos trabalhos na escola

e nos de casa?

Os professores mudam suas praticas a partir das sugestões recebidas?

Os professores preocupam-se em apoiar a aprendizagem e

participação de todos os alunos?

Eles reconhecem a importância de tratar a todos os alunos com

equidade?

Os professores procuram desenvolver nos alunos a independência e a

autonomia?

Os profissionais de apoio preocupam-se com a participação de todos?

Existe uma descrição clara acerca das funções e tarefas do pessoal de

apoio?

Os deveres de casa contribuem para a aprendizagem de todos?

Os deveres tem sempre um objetivo pedagógico claro?

Estão relacionados com as atividades da escola?

Todos os alunos participam de atividades complementares e extra

escolares?

São todos estimulados a participarem de diferentes atividades?

As visitas escolares são acessíveis para todos?

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Segundo dados do INES, trago um artigo sobre a inserção do surdo no

mercado de trabalho.

O trabalho possui um significado psicológico para o indivíduo, como

sendo fonte de realização pessoal, formação de identidade e de

relacionamento com outros indivíduos. O trabalho passa a influenciar no

comportamento, na rotina e em suas relações afetivas. Trabalhar realiza o

indivíduo, e todo mundo anseia pelo momento em que sua força de trabalho se

converta em capital.

Mas, para ingressar no mercado de trabalho encontramos barreiras

para algumas pessoas e a Inclusão do surdo no mercado de trabalho é um

tema que merece destaque.

Movimentos de inclusão promovem a inclusão dos “deficientes” em

todos os âmbitos sociais, ainda que isto represente aportes de exclusão, pois

se reforça os estereótipos e medidas separatistas. A integração do surdo no

mercado de trabalho faz com que este adquira sua independência econômica e

sinta-se produtivo dentro da comunidade em que vive, assim como todo

indivíduo deseja.

A primeira barreira que o indivíduo surdo encontra ao tentar se inserir

no mercado de trabalho é a comunicação. Com isso, leva a um conflito de

identidade fazendo com que cada surdo busque uma comunidade em que

consiga interagir e trocar experiências com outros integrantes.

É importante que nessa hora, o surdo e sua família busquem parcerias

que ofereçam profissionalização. O empregador vai encontrar resistência na

hora de contratar, pois desconhece as capacidades profissionais destas

pessoas. É um desafio, tanto para surdos quanto ouvintes, estarem buscando

constante qualificação profissional, e no caso dos surdos, as escolas devem

repensar suas finalidades, seu currículo, sua formação e atuação, para que

todos possam ter acesso à qualificação.

Os surdos são capazes de exercer qualquer função, desde que

devidamente treinados, orientados e acompanhados.

O mercado de trabalho para pessoas com deficiência no Brasil

encolheu 12% nos últimos três anos. Nesse período, 42,8 mil vagas foram

fechadas nas empresas do país. Esses números constam das estatísticas do

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cadastro da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do

Trabalho e Emprego.

A revelação da redução dos postos de trabalho para pessoas com

deficiência é ainda mais alarmante quando se compara o número de vagas

criadas em geral no país neste período: 6,5 milhões de vagas com carteira

assinada. Ou seja, além de não ter criado novas vagas proporcionalmente a

esse número, as empresas ainda fecharam os postos que tinham em 2007

para pessoas com deficiência.

"Apesar das leis obrigarem a contratação de pessoas com deficiência

por empresas com mais de 100 funcionários, a fiscalização e a cobrança pelo

cumprimento das leis deixam muito a desejar", afirma Márcio Aguiar, vice-

presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro

(Adverj).

Márcio Aguiar lembra que a lei que criou as cotas para as pessoas com

deficiência no mercado de trabalho completa, em 2011, 20 anos e, mesmo

assim, ainda é descumprida. "Infelizmente os TACs (Termos de Ajuste de

Conduta) acabam, de certa forma, punindo quem está do lado mais fraco das

relações de trabalho, ou seja, as pessoas com deficiência, já que a desculpa

das empresas é que não existem profissionais capacitados para assumir as

vagas oferecidas" lamenta.

A Superintendente do IBDD, Teresa Costa d'Amaral, concorda com as

críticas aos não cumprimento da lei. "Toda lei é feita para ser cumprida. Vinte

anos já foram suficientes para que as empresas passassem a empregar

pessoas com deficiência como uma rotina", afirma Teresa d'Amaral.

Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mostram que a

contratação de pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho caiu

7% no Brasil entre 2007 e 2008. A informação é da Associação para

Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape).

Para a entidade, a redução na contratação de deficientes é justificada

por algumas empresas pela falta de mão de obra para dar cumprimento à Lei

8.213/1991, conhecida como Lei de Cotas, que estabelece um percentual de

pessoas com deficiência a ser contratado pelas empresas.

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O gerente de Inclusão e Capacitação Profissional da Avape, Marcelo

Vitoriano, disse à Agência Brasil que a partir da ampliação da fiscalização

implementada pelo Ministério do Trabalho, muitas companhias passaram a

admitir deficientes em seus quadros, mas poucas se preocuparam em criar

uma gestão que contemplasse a retenção dessas pessoas e propiciasse a elas

programas de educação continuada dentro das próprias organizações. “Ou

seja, pessoas perderam o emprego por conta disso.

A colocação dos surdos no mercado de trabalho é a grande

preocupação das instituições a eles ligadas atualmente. Não basta empregar o

surdo, mas também dar condições para que ele dê o melhor de si no

desempenho de suas funções. A comunicação volta a ser aqui o centro da

nossa preocupação. Ter funcionários com conhecimentos de Libras é de

extrema importância para que o surdo se sinta acolhido e possa interagir com a

equipe de trabalho. O departamento de recursos humanos precisa ser atuante,

atento e parceiro nessa situação. Na grande maioria das empresas não há

sequer um funcionário com conhecimento na língua de sinais. Instruções e

regras não são compreendidas. O preconceito está quase sempre presente,

enxergando o surdo como limitado e incapaz. Quando conseguem um

emprego, sentem dificuldades para construir relações interpessoais e

compreender a própria dinâmica do espaço laboral. Além disso, o fato de os

cargos ocupados pelos surdos serem sempre ligados à mão de obra operária,

reforça a tese que eles são intelectualmente menos capazes que os ouvintes.

Sabemos que grande parte disso deve-se ao fato de que há falta de

qualificação e acesso aos níveis de estudo mais elevados, mas isso não é

levado em consideração em um primeiro momento. Somente quando

analisamos esse quadro da maneira como o fazemos aqui, temos a noção da

dimensão e das conseqüências desses fatores. Assim, os surdos continuam

solitários, executando funções simples e mesmo os surdos que conseguiram se

qualificar melhor, ainda possuem salários inferiores aos dos ouvintes que

desempenham as mesmas funções. Vejamos a contribuição de Danesi:

Quando examinamos o sentido de pertencer, sentimos claramente que este

fator não tem o mesmo peso para os surdos, do que para os empregados em

geral. Ficou evidente que eles, mesmo quando adaptados, não chegam a se

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identificar com o grupo de trabalho. São atenciosos, solidários, mas não

aprofundam os laços de amizade com os colegas de trabalho. A cumplicidade,

elemento aglutinatório entre os trabalhadores, só se efetiva entre o grupo de

surdos e o sentimento de pertencer só acontece em relação à comunidade

surda. (www.psiconet.com) As empresas também podem ter muito a ganhar

com a contratação de surdos em seu quadro de funcionários. De um modo

geral, as estatísticas são muito favoráveis quando se tem empenho e

preocupação com a inclusão dos surdos no ambiente de trabalho.

Muitos surdos brasileiros já formados em Lingüística e outras áreas,

que trabalham em Universidades Brasileiras Públicas ou não, Escolas

Municipais, Estaduais ou Federais do Ensino Fundamental e Médio, que

necessitam de intérpretes capacitados em LIBRAS durante as aulas, reclamam

das dificuldades que enfrentam. Segundo Myrna Salerno, profª de LIBRAS

na Faculdade de Letras da UFRJ- RJ, os surdos não conseguem entrar nas

Universidades Públicas, devido à dificuldade que possuem em relação à

Língua Portuguesa, que é a 2ª língua dos surdos, pois a 1ª língua dos Surdos é

a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).

No passado, as escolas de ou para Surdos (públicas) eram precárias e

durante muitos anos a sociedade brasileira ouvinte proibiu o uso da Língua de

Sinais aqui no Brasil. Somente no ano de 2002, com muita luta e esforço, a

Língua de Sinais foi reconhecida como Língua oficial dos Surdos, através da

Lei da LIBRAS n° 10.436. Apesar de ter conseguido essa vitória, ainda há

muitas metas a serem atingidas em escolas e universidades públicas para que

se tenham professores Surdos Mestres ou Doutores, também para que se

tenham Intérpretes de LIBRAS, assim como professores bilíngües, para

atuarem em salas de aula em todas as áreas, para que o surdo sinta

tranqüilidade em seus estudos.

Outra preocupação é a falta de Escolas de Surdos, que diminuem a

cada dia devido às metas do MEC e à Globalização que defenderam a

Educação Inclusiva. Ela tem como objetivo incluir o surdo em escolas regulares

por um período de 10 anos. A prioridade do governo atual é garantir a

educação gratuita e obrigatória "Inclusão de Surdos na rede oficial de ensino

objetiva colocar as crianças em condições sociais de vincular-se aos ouvintes".

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O único problema foi o aparecimento dessa política sem preparo, que fez com

que o MEC fizesse uma parceria com a FENEIS, para a elaboração dos cursos

de Capacitação dos Instrutores Surdos e a Capacitação dos Intérpretes de

LIBRAS que formaram de forma ineficiente os intérpretes de LIBRAS e um

número insuficiente de Instrutores Surdos para atender a necessidade.

A minha pergunta: as escolas de surdos vão continuar a diminuir?

Professores, pesquisadores ouvintes, Universidades deveriam procurar as

Associações de Surdos do seu próprio município ou estado, pois elas (as

associações) devem estar abertas para trabalhar em parceria com os

profissionais e vice-versa, e os profissionais darem oportunidade aos Surdos,

pois eles podem ser seus colaboradores em pesquisas e projetos.

Ceder espaços para as associações de surdos pode contribuir para

desenvolver a cultura e identidade Surda.

Percebe-se também que no momento parece que tudo ficou pior que

antes; tem-se a impressão que a sociedade brasileira ouvinte voltou a defender

o "Oralismo". Aparecem muitas reportagens nos jornais e TV sobre "Os

portadores de necessidades educativas especiais" (todas as deficiências).

Existem surdos que não aceitam o termo "Deficiente Auditivo" escolhido

pelos profissionais da área de saúde, como médicos e fonoaudiólogos.

"Deficientes Auditivos" são pessoas que não convivem com os Surdos,

pessoas que perderam a audição leve ou moderadamente e ouvem um pouco,

falando ou escrevendo bem o português e não usam ou não querem usar a

LIBRAS.

Os surdos que não aceitam o termo "Deficiente Auditivo" mostra que as

reportagens não conhecem a cultura e a identidade da comunidade surda.

No momento são poucos os Surdos que sabem as duas línguas, por isso,

somente 1% de Surdos consegue entrar nas Universidades Públicas. Desta

maneira, pouco adiantou a presença dos Intérpretes de LIBRAS nos

vestibulares. Cheguei à conclusão que o que falta, e é fundamental para o

Surdo, é "entender" as questões da Língua Portuguesa.

A sociedade brasileira ouvinte diz que existe uma lei que obriga a

inclusão de 5% de portadores de todas as deficiências nas escolas,

universidades e também no mercado profissional, mas eu não acredito muito,

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pois, sabemos que os deficientes físicos conseguem mais, por serem pessoas

ouvintes e dominarem o português. Somente barreiras arquitetônicas impedem

sua entrada nas universidades ou empresas.

Há uma revolta da comunidade Surda a respeito da inclusão de

ouvintes na futura Faculdade do INES (Instituto Educacional Educação dos

Surdos) no Rio de Janeiro, por esta ser a primeira escola federal de Surdos. No

próximo ano, em 2006, vai se iniciar o curso de pedagogia. A profª. Steny,

diretora do INES comentou, em março de 2005, que vai colocar 50% para os

Surdos e os 50% para os ouvintes.

Já que existem tantos cursos de pedagogia em universidades públicas

para pessoas ouvintes, eu pergunto: por que pessoas ouvintes desejam entrar

em faculdade de Surdos?

Nós Surdos sofremos durante anos para conseguirmos apenas 1% das

vagas nas universidades públicas, e agora que existe uma para surdos,

querem colocar 50% de alunos ouvintes? Isso é justo? Isso é uma vergonha!

(como diria Boris Casoy.

A Comunidade Surda se revolta também com o fato de existirem cotas

para negros e mulatos. Apesar de a maioria deles ser de uma classe social

mais baixa, e por causa disso terem uma formação escolar mais fraca, eles têm

a vantagem de falar a língua portuguesa.

Quanto a nós que não falamos a Língua Portuguesa e sim LIBRAS como

ficamos? Onde estão os nossos direitos?

Gostaria de lembrar que no dia 26 de setembro é o dia especial para a

comunidade Surda, em que comemoramos o "dia dos Surdos", toda luta por

nossos direitos e cidadania. Se a sociedade brasileira ouvinte e o MEC

tivessem reconhecido verdadeiramente o valor da nossa língua, a LIBRAS, e a

Cultura Surda Brasileira, tivessem incentivado a presença dos Intérpretes de

LIBRAS, já estaríamos bem avançados e desenvolvidos como acontece com

os Surdos de outros países que reconhecem a Língua de Sinais como língua

natural das pessoas Surdas.

Porém há muitos anos que lutamos pela oficialização da LIBRAS, mas

não estamos ainda satisfeitos com a falta de organização e preparo na

sociedade brasileira ouvinte, nas Universidades Públicas e do MEC.

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Na maioria das vezes os intérpretes de LIBRAS têm somente o Ensino Médio,

pois não existe ainda a Formação dos Intérpretes de LIBRAS em níveis

superiores nas Universidades Públicas.

Registro abaixo, depoimento de Myrna Salerno Monteiro, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, surda desde pequena, ela conta como

foi sua vida acadêmica, dificuldades e triunfos, um exemplo de esforço e

dedicação.

Aproveito também para relatar um pouco sobre a minha vinda ao Rio em

1991: medi esforços e sacrifícios ao me mudar para o Rio de Janeiro, deixando

minha família, para atender ao convite para participar da equipe de

pesquisadores do Projeto Estudos da LIBRAS, Aquisição de Linguagem e

Aplicação na Educação da Faculdade de Letras da UFRJ. Neste mesmo ano

comecei a ministrar Curso de Extensão Língua Brasileira de Sinais (nível I),

pela Diretoria Adjunta de Extensão e Cultura da Faculdade de Letras da UFRJ.

Paralelamente, ingressei no meu primeiro Curso de Especialização na

Faculdade de Letras da UFRJ, intitulado Contribuição da Lingüística para a

Problemática Linguagem e Surdez, concluindo-o em 1992.

Percebi que não havia intérprete de LIBRAS para atuar nas aulas.

Mesmo assim, dei prosseguimento, recebendo auxílio de meus colegas que

conhecem um pouco de LIBRAS.

Em 1994, o meu interesse pelos estudos 1ingüísticos aumentava a cada

dia e atendendo a minha necessidade de conhecer mais o português e,

conseqüentemente, a minha própria Língua de Sinais, resolvi fazer um outro

curso de especialização, na Faculdade de Letras da UFRJ, intitulado

Lingüística Aplicada ao Ensino de Português, concluído em 1995. Desta vez,

contei com a colaboração da colega de curso Emeli Costa Leite, que fez a

interpretação (português/LIBRAS) de quase todas as aulas.

De 1996 até hoje não pude mais continuar meus estudos devido às

dificuldades que tenho com a minha 2ª língua, ou seja, com a Língua

Portuguesa e também a Língua Inglesa. Fato que dificulta muitíssimo o

acompanhamento das aulas e também na participação em Fóruns, Encontros,

Congressos, de discussões existentes nas Universidades, além de dificultar

também o acompanhamento nas reuniões do departamento de Lingüística, em

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que eu também sou "docente”, a única professora auxiliar IV, em disciplina

optativa, no ensino da graduação da Faculdade de Letras e da Faculdade de

Fonoaudiologia e as demais.

Muitas vezes paguei do meu próprio bolso intérpretes da FENEIS para

me atenderem e também contei com auxílio de meus alunos do curso de

LIBRAS I que possuíam um pouco de conhecimento para interpretar e para me

ajudar em atividades relacionadas às minhas aulas inaugurais nos cursos de

LIBRAS do ensino de graduação. É fundamental a presença de um intérprete

de LIBRAS nestas aulas, para que os objetivos e metas a serem alcançadas

nestes cursos possam ser alcançados, sem dúvidas e mal-entendidos

conseqüentes de problemas de comunicação. Dessa maneira venho obtendo

êxito em meus cursos na UFRJ.

Uma outra justificativa do meu interesse pela vaga do mestrado em

Lingüística da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS do Departamento de

Lingüística da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

é que este curso é muito importante para a minha formação acadêmica. No

momento, a UFRJ não possui os conhecimentos da Língua Brasileira de Sinais

- LIBRAS, apesar de ter uma pesquisadora de Lingüística de Língua de Sinais,

a Professora Doutora Lucinda Ferreira Brito. Hoje em dia, por motivos

particulares a pesquisa sobre Linguagem e Surdez está parada. Antes, como

aluna, era colaboradora de outros colegas que já se formaram no Mestrado ou

Doutorado, ajudando em suas pesquisas. Com isso, também tive experiências

de estudos lingüísticos em LIBRAS.

Agora falta abrir espaços para Surdos nas Universidades Públicas e

também para Intérpretes de LIBRAS, que são fundamentais para o sucesso

dos alunos da Faculdade de Letras e de outras áreas. É necessário haver

cursos de Pós-Graduação, cursos da Língua Portuguesa para os Surdos ( L2 )

e a Língua Inglesa para os Surdos ( L3 ), curso para a formação dos Intérpretes

de LIBRAS e a continuidade das pesquisas em LIBRAS no projeto: Estudos da

LIBRAS, Aquisição de Linguagem, Aplicação na Educação do Laboratório da

Linguagem e Surdez, da Faculdade de Letras da UFRJ.

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CONCLUSÃO

Diante dos fatos analisados, podemos afirmar que preconceito e falta de

informação não devem ser fatores impeditivos para se contratar surdos nas

empresas. Eles só precisam de oportunidades e capacitação para mostrar do

que são capazes. A escolha da profissão deve ser feita da mesma forma que

os ouvintes o fazem, dependendo de interesses, habilidades e competências.

O importante é que a escola ofereça ações que compartilhem com esse

mesmo objetivo, preparando o surdo para atuar de maneira competitiva no

mercado de trabalho, com as mesmas chances que tem os ouvintes. A família

deve oferecer apoio e incentivo desde a infância do surdo, proporcionando o

contato com a Libras desde os primeiros anos de vida, evitando assim que se

desenvolva o quadro de déficit cognitivo vivido atualmente por tantos surdos. A

comunicação não pode ser o grande entrave do desenvolvimento cognitivo da

criança, porque somente se isso for superado, principalmente com o contato

com a língua materna dos surdos, teremos cidadãos conscientes, ativos e

atuantes no mercado de trabalho e na sociedade.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABNT. Referências Bibliográficas. Rio de Janeiro, 2011.

BOTELHO, P, Segredos e silêncios na interpretação dos surdos. Belo

Horizonte: Autêntica, 1998.

KOJIMA, Catarina Kiguri.. Surdez e Linguagem. São Paulo: Plexus,

2007. Pg 26.

PEREIRA, Maria Cristina da Cunha Leitura, Escrita e Surdez. São

Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2006. P.104.

SANTANA, Ana Paula.Revista do professor/julho a setembro de 2007

ano xxIII-n91 pp. 38

SEGALA, Sueli Ramalho, Libras, A Imagem do Pensamento ? Volume

1. São Paulo. Editora Escala, 2007.

STAINBACK, Susan.Inclusão: um guia para educadores/ Susan

Stainback e Willian Stainback; trad. Magda França Lopes - Porto Alegre: Artes

Médicas Sul, 1999.

WEBGRAFIA CONSULTADA

AMARAL, Lígia Assumpção (1994). Mercado de trabalho e deficiência.

Disponível em http://www.abpee.net/homepageabpee04_06/artigos_em_pdf.

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surdo. Disponível em http://www.psiconet.com. Acesso em 08 de Março de

2011. KOJIMA, Catarina Kiguri.

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LACERDA, Cristina Broglia Feitosa (2006). A inclusão escolar de

alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta

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2011.

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em 20 de Janeiro de 2011.

Lei 8.213 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis - Acesso

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MASIERO, Fabiane. A influência da formação educacional na vida

profissional do surdo. Disponível em www.webartigos.com. Acesso em 30 de

janeiro de 2011.

PALHARES, Manoel. A capacitação profissional do surdo. Disponível

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janeiro de 2012

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A Cultura dos Surdos 9

1.1 - Tipos de Deficiência Auditiva 10

CAPÍTULO II

Categoria dos Surdos 14

II.I Bilingüismo 16

CAPITULO III

As Leis 24

Da Formação do Professor de LIBRAS e do Instrutor de LIBRAS 27

CAPÍTULO IV

A INCLUSÃO 31

Papel do Professor na Inclusão 33

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ÍNDICE 46