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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Foz do Iguaçu CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS – CURSO DE LETRAS VIIENCONTRO INTERNACIONAL DE LETRAS 2013 LITERATURA E LINGUÍSTICA: LINGUAGENS DO SÉC.XXI ANAIS ARTIGO – ISSN 2175 389X EIXO TEMÁTICO 2: TECNOLOGIAS E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
O VII Encontro Internacional de Letras – Literatura e Linguística:
Linguagens do século XXI acontecerá nos dias 25, 26 e 27 de setembro de
2013, na UNIOESTE, Campus de Foz do Iguaçu e na Fundação Cultural da
cidade. Além de ser um evento importante na região oeste do Paraná,
também é de grande relevância para os países do Mercosul, pois tem
como objetivo abordar temas que se caracterizam importantes pela
reflexão do ensino e da pesquisa nestes contextos multiculturais,
permitindo a discussão acerca dos temas “Ensino-aprendizagem de Língua
Materna”, “Estudos Literários”; “Políticas Linguísticas e Ensino”, “Gêneros
do Discurso e Ensino de Língua Moderna”, “Tecnologia e a formação
continuada de professores”, “Plurilinguismo/pluriculturalismo e educação
intercultural na fronteira” e “Ensino de Línguas e Formação de
Professores”. O evento acontece pela realização de mesas coordenadas,
conferências, palestras, minicursos, comunicações e mostra cultural. As
contribuições esperadas são as discussões referentes às linguagens do
século XXI, tendo como meta a não-estagnação dos conceitos acerca dos
estudos da literatura e da linguística, que nas últimas décadas vêm
passando por uma rápida renovação e, ainda, as transformações que estes
avanços representam para o ensino de língua e literatura.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Foz do Iguaçu CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS – CURSO DE LETRAS VIIENCONTRO INTERNACIONAL DE LETRAS 2013 LITERATURA E LINGUÍSTICA: LINGUAGENS DO SÉC.XXI ANAIS ARTIGO – ISSN 2175 389X EIXO TEMÁTICO 2: TECNOLOGIAS E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
COMISSÃO ORGANIZADORA/UNIOESTE Coordenação do Evento Ana Maria Kaust Subcoordenação Andréia Cristina de Souza COMISSÃO CIENTÍFICA/UNIOESTE Adriane Elisa Glasser Ana Maria Kaust Andréia Cristina de Sousa Delfina Cristina Paizan Flávio Pereira Izaura Maria Carelli Luciana Vedovato Mariana Francis Mariangela Garcia Lunardelli Martha Ribeiro Parahyba Olga Viviana Flores ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS Professores (UNIOESTE) Ana Maria Kaust Andréia Cristina de Souza Martha Ribeiro Parahyba Discentes 3º. Ano de Letras (UNIOESTE) André Gomes Dias Bruna Shirley Gobi Pradella Camilla Arantes Cheratzki Chadya Suelyn Furuzawa Daniele Guimarães Macedo Fernando Monteiro Jéssica Aline de Oliveira Dias Laisla Rafaelly Jardim Elsenbach Luana Pereira Ize Lucélia Regina Kurtz Baes Maiara Scherer Machado Márcia Regina Schmitt Polyana Zwirtes Suellen de Almeida
CONFERENCISTAS: Adalberto Petry (SEED/PR) Barbara Hart Dixon (Purdue University/ USA) Ciro Damke (UNIOESTE) Clara Agustina Suarez Cruz (UNILA) Clarice Nadir von Borstel (UNIOESTE) Cleiser Schenatto Langaro (UNIOESTE) Cristiane Lenz (PPG-UFRGS) Débora Cota (UNILA) Denise Rosana da Silva Moraes (UNIOESTE) Fábio Vedovato (FECILCAM) Gustavo Magnani (Site LITERATORTURA) Isis Ribeiro Berger (UNIOESTE/UFSC) Jorge Anthonio e Silva (UNILA) Juliana Lyra (UDC), Maria Celina Oshiro (ENLINK agência) Maria Elena Pires Santos (UNIOESTE) Miriam Carla Barbosa (ENLINK agência) Oraci Reinheimer (SEED/PR), Paul Bergstrom Dixon (Purdue University/ USA) Pedro Granados Aguero (UNILA) Priscila Yamany Medeiros (ENLINK agência) Roberto Medina (UNIRITTER) Rogério Pereira (Jornal Rascunho/Jornal Cândido - PR) Sírio Possenti (UNICAMP) Yazmín López Lenci (UNILA)
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SUMÁRIO
O ENSINO DE LI NA PERSPECTIVA DOS MULTILETRAMENTOS: ACERTANDO OS PONTEIROS ENTRE
EDUCAÇÃO E MODERNIDADE .................................................................................................................. 4
Susana Aparecida Ferreira ................................................................................................................... 4
Aparecida de Jesus Ferreira ................................................................................................................. 4
PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO LÚDICO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA COM O PROGRAMA HOT
POTATOES .............................................................................................................................................. 19
Kelly Cristini Granzotto Werner ......................................................................................................... 19
OS OBJETOS DIGITAIS DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM LÍNGUA ESTRANGEIRA E A NOVA RELAÇÃO DO
SABER ..................................................................................................................................................... 34
Francieli Motter Ludovico ................................................................................................................. 34
Julia Granetto .................................................................................................................................... 34
Beatriz Helena Dal Molin ................................................................................................................... 34
TESSITURAS DE SENTIDO: PROCESSO DE APRENDÊNCIA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA ERA DA INFORMAÇÃO ............. 46
Francieli Motter Ludovico .................................................................................................................. 46
Mirian Lígia Endo Karolesky .............................................................................................................. 46
Beatriz Helena Dal Molin .................................................................................................................. 46
LA LENGUA ADICIONAL, LA PALABRA Y LA TECNOLOGÍA: ENTRE LAS FRONTERAS HÍBRIDAS ................. 61
Jorgelina Ivana Tallei ......................................................................................................................... 61
ELT ONLINE HELP – AUXÍLIO ONLINE AOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA ...................................... 74
Thais Lemos da Costa e Silva ............................................................................................................. 74
Edilson Rubens Lopes de Souza .......................................................................................................... 74
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O ENSINO DE LI NA PERSPECTIVA DOS MULTILETRAMENTOS:
ACERTANDO OS PONTEIROS ENTRE EDUCAÇÃO E
MODERNIDADE
Susana Aparecida Ferreira1
Aparecida de Jesus Ferreira 2
RESUMO: Esse trabalho pretende realizar algumas reflexões a respeito dos novos letramentos e multiletramentos na sala de aula de Língua Inglesa e as múltiplas maneiras de ensinar, bem como, realizar algumas reflexões sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e como elas podem ser uma ferramenta eficaz para o auxílio da prática pedagógica. Essas novas abordagens de ensino/aprendizagem vêm de encontro com as necessidades da educação na atualidade, que são impostas por um mundo cada vez mais globalizado e interconectado. E, que a cada dia se torna mais digital, os alunos são bombardeados por informações que estão por toda a parte, nos veículos de informação, sejam via rádio, televisão e/ou principalmente pela internet. Dentro deste contexto, qual é o papel do professor? Como o professor pode estar preparado para esta nova época? Como interagir com seu aluno auxiliando-o no aprendizado a partir das práticas de multiletramento? De que forma as práticas tidas como obsoletas podem ser mudadas, para se adequarem a uma nova geração de alunos que está imersa em hipertextos? Para tais questionamentos serão trazidos como aporte teórico autores que refletem sobre as novas teorias de letramento, multiletramento e multimodalidade como, por exemplo: Monte Mór (2007),Cope e Kalantzis (2008), Borba e Aragão (2009),Rojo e Moura (2012), Formação de professores: Ferreira (2012), entre outros.
Palavras-chave: Multiletramentos, Ensino de Língua Inglesa, Formação de
Professores.
1 Doutoranda do programa de pós graduação Stricto Sensu em Letras – Unioeste Cascavel. [email protected] 2Dra. em Educação de Professores pela University of London. Professora do Programa de Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade (UEPG) e professora do Programa de mestrado e doutorado em Letras na Unioeste. [email protected]
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Introdução
Em tempos de globalização, a rapidez com que as informações chegam
até nós é impressionante e segue no ritmo dos bits, bytes e mega bytes.
Segundo Mattos (2011) nesta velocidade de transformações, a necessidade de
mudanças na educação e nas práticas escolares torna-se notória, à medida
que a sociedade vai se modernizando, se modificando e mudando juntamente
com as novas tecnologias, à medida que estas estão influenciando a própria
educação. Tanto a rapidez no acesso às informações como a popularização
principalmente da internet, o conhecimento construído na coletividade, como
algo indispensável no dia-a-dia faz com que os alunos precisem de algo mais
do que lousa, giz e práticas já tidas como obsoletas para conseguir interagir de
modo satisfatório na educação escolar. Enquanto o professor está tentando
repassar algo por meio de quadro negro e giz, o aluno já pode estar com seu
celular (ou ipad, ou notebook) conectado à internet, por exemplo, Mattos
(2011), Alda (2012), Dal Molin (2003), Monte Mór e Menezes de Souza (2006),
(2008). Esta geração está imersa nas tecnologias e tem facilidade em
apreendê las. E, é neste contexto cada vez mais digital, alunos cada vez mais
bombardeados por informações que estão por toda a parte, nos veículos de
informação, sejam via rádio, televisão e/ou principalmente pela internet. Dentro
deste contexto, qual é o papel do professor? Como deve-se ensinar? Ensinar o
quê? Para quem?
Frente a essas discussões pretendemos realizar algumas reflexões para
tentar entender, como se dá a utilização dos novos letramentos3 na sala de
aula de Língua Inglesa, bem como suas confluências com a maneira que o
3 As reflexões a respeito de novos letramentos e multiletramentos, foram apresentadas no VII CIEL – Ciclo de Estudos em Linguagem, realizado em Ponta Grossa. Junho de 2013.
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professor aborda ou pode abordar as questões étnico/raciais por meio da
prática dos mesmos, pensando sobre como os multiletramentos podem
contribuir para o trabalho com as questões étnico/raciais em sala de aula de
língua inglesa, afirmando , valorizando e dando voz à cultura afrodescendente.
Refletindo também, a respeito de como as novas teorias de
ensino/aprendizagem vêm de encontro às necessidades educacionais que são
impostas por um mundo cada vez mais globalizado e interconectado.
Podemos dizer então que, “A mudança social no mundo do trabalho,
cidadania e identidades, requerem uma nova responsabilidade educacional”
(COPE; KALANTZIS, 2008, p. 198). Este é um dos princípios do
multiletramento. O sistema antigo de educação é similar ao estilo capitalistas
das fábricas, onde o estado determina o conteúdo a ser estudado e os livros
simplesmente acatam. Segundo os autores (2008) o básico do ensino antigo
pode ser resumido em três palavras: leitura, escrita e matemática. Um
processo baseado em “decorar” respostas certas, sem reflexão. Ensino que
certamente proporcionava conhecimento às pessoas, mas não ensinava a
refletir e aplicar esses conhecimentos na vida prática. Os autores (2008)
pontuam que, trabalhar com a cultura é necessariamente, trabalhar com a
diversidade, sendo que esta perpassa todas as instâncias da organização
social. Com estas reflexões, passamos para a justificativa do trabalho.
Tomando como base esta sociedade conectada, com alunos cada vez
mais usuários de tecnologias e informados por diversos meios de
comunicação, principalmente internet utilizada também para interagir com
outras pessoas e conhecer o mundo sem sair de casa. Podemos formular a
seguinte questão: Como essa realidade tem afetado a prática pedagógica
deste professor (a)? Como fazer para interagir melhor com esse aluno da
sociedade moderna da “era digital”? O professor consegue se utilizar dos
recursos dos multiletramentos para facilitar a interação com seu aluno?
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Podemos pensar esses questionamentos ao longo de dessas reflexões e
posteriormente a elas.
Esclarecendo o termo literacy, tradução para o português: letramento
(ou letramentos) e também, contribuindo com as reflexões que estão sendo
elencadas, Street (2003) traz autores como Brandt; Clinton (2002) para
esclarecer que o letramento geralmente ocorre partindo das situações “locais”
para o contexto exterior e traz consigo habilidades e significações. Os estudos
sobre os novos letramentos já começam a se disseminar fortemente,
consolidando com seus estudos. O autor fala em letramentos no plural, devido
à multiplicidade de maneiras de tornar-se letrado, ainda, Segundo o próprio
autor (2003) a contribuição importante desses novos estudos é o fato de o
mesmo ir além de abordagens etnográficas e se interessar em mais do que
apenas o “local”.
Portanto podemos perguntar: O que há de novo nessas teorias? Bem,
os letramentos antigos estão sendo ressignificados e considerando o indivíduo
não como “tabula rasa4”, mas como um ser pensante que já tem seus
conhecimentos empíricos sobre o mundo social, um sujeito que pode também
ser agente da sociedade e na sociedade em que vive, sendo ele proprietário de
diferentes identidades que passeiam por contextos diferentes. Não apenas
ensinando habilidades mecanicistas, mas formando cidadãos críticos e
reflexivos. A seguir, pontuamos algumas reflexões a respeito dos conceitos de
alfabetização, letramentos e novos letramentos, colocaremos alguns conceitos
sobre multiletramentos e multimodalidade, algumas reflexões sobre as TIC e,
finalmente as últimas considerações deste trabalho.
Da alfabetização aos novos letramentos
4 Conceito defendido pelo filósofo John Locke, considerando que a mente como “tábula-rasa” seria preenchida pela experiência.
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Paulo Freire, considerado um dos maiores pensadores na área
educacional do século XX, já trazia o conceito de alfabetização de uma nova
maneira, uma maneira crítica de pensar e “ler o mundo”, ou seja, “leitura crítica
da leitura” envolvendo a compreensão crítica do conceito de alfabetização
(FREIRE, 1989, p.9). Uma prática pedagógica que ia além do ato de ler e
escrever, que visava formar um cidadão capaz de formular sua própria opinião
sobre o mundo, libertando-se da opressão do sistema que o cercava. A partir
das reflexões de Paulo Freire, surgiram muitos seguidores de sua teoria, uma
pedagogia crítica e libertária.
O termo alfabetização acabou então definindo um ensino mecanicista e
positivista, portanto em novos tempos era preciso não só outra nomenclatura,
mas uma releitura deste termo adequando-o às necessidades sociais
contemporâneas do falante real. Kleiman (2005) atribui a ressignificação deste
conceito à Mary Kato em 1986 onde a mesma cunhou o termo letramento. Para
esclarecer este conceito podemos recorrer à Kleiman (2005, p.6 ), onde a
autora define que “‘letramento’ é um conceito criado para referir-se aos usos da
língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar. Porque a escrita está
por todos os lados fazendo parte da paisagem cotidiana [...]” (KLEIMAN, 2005,
p.6). A importância das novas abordagens de letramento se torna notória à
medida que se mune de pesquisas realizadas a respeito do tema, onde fica
clara a sua importância devido à consideração do contexto histórico social do
sujeito aprendiz. Os estudos sobre as novas teorias de letramento já vem
sendo realizados há algumas décadas e no Brasil esta tomando cada vez mais
corpo. Não apenas ensinando habilidades mecanicistas, mas formando
cidadãos críticos e reflexivos.
Multiletramento e multimodalidade
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Optamos por utilizar os termos multiletramentos e multimodalidade neste
trabalho pela relação que eles têm com os desafios da modernidade sobre o
aprendizado, ou seja, as múltiplas maneiras de fazer significado e olhando para
a questão de raça/etnia na sala de aula, pensando como os multiletramentos
podem ser apresentados em sala de aula e como podem se relacionar com as
questões raciais. Quanto ao primeiro termo Borba e Aragão (2012, p.231)
definem como: “[...] estado ou condição que assume aquele que utiliza bem a
leitura e a escrita, seja através do suporte impresso, seja através do suporte
digital, levando em consideração a diversidade dos usos da linguagem”. Este
termo segundo Borba e Aragão (2012), que se baseiam em Cope e Kalantzis
(2001), engloba as mudanças sociolinguísticas e culturais que permeiam a
sociedade atual, bem como a maneira como tais questões se correlacionam
com a pluralidade linguística e rapidez de informações, ao passo que todas
essas transformações nos exigem novas competências linguísticas e
comunicativas para que possamos construir significados de múltiplas maneiras.
O termo multiletramento é colocado por Borba e Aragão (2012) como um
conceito “guarda-chuva”, que vem englobar várias habilidades, como:
letramento digital, letramento crítico, hipertexto, gêneros digitais, cidadania,
inclusão e o outro termo que colocamos acima, a multimodalidade. Ou seja, a
multimodalidade é uma das habilidades que se tornam necessárias para um
professor “multiletrado”, conseguindo se utilizar de ferramentas multimodais
para mediar o aprendizado, com essas muitas formas de apresentar um texto:
linguística, verbal ou não verbal, etc. Esses termos se tornam importantes à
medida que se conectam às nossas reflexões de como as múltiplas formas de
construir o significado podem acontecer na sala de aula de língua inglesa de
maneira reflexiva.
Os pesquisadores Borba e Aragão (2009) retomam a origem das
discussões acerca do conceito de letramento o qual deu origem ao que, hoje,
se denomina de multiletramento. Para estes autores (2009) o termo letramento
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foi introduzido por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento como a
linguística (Kleiman, 1995) e a educação (Soares, 2004), com Paulo Freire
(1980) (pai do letramento crítico, cuja origem está na pedagogia crítica de
Paulo Freire) em 1976 quando ele criticava o ensino mecanicista, direcionado
para a decodificação das palavras, excluindo seu valor social. Concordamos
com Borba e Aragão (2009), que nesse sentido, podemos traçar uma diferença
entre ser alfabetizado, referindo-nos àquele indivíduo que apenas decodifica as
letras, e ser letrado, indivíduo multiletrado é aquele que lê e escreve atendendo
as intensas demandas sociais, bem como utiliza as novas tecnologias de modo
relevante.
Dentro desta perspectiva, ainda utilizando das reflexões de Borba e
Aragão (2009), professores e professoras tem de partir de uma visão sobre o
espaço das aulas de línguas como um lugar de ressignificação, de
reconstrução e reflexão numa constância permanente, sendo eles/as imbuídos
de valores e princípios nas suas próprias ações para o bem-estar da
sociedade, para tanto o (a) docente deve se dotar de uma postura crítica e
reflexiva sobre a sua própria formação, pois tais valores e princípios podem
influenciar na formação de seus alunos de maneira significativa.
Duboc (2007) atribui à disseminação do letramento sendo conceituado
como “desenvolvimento de habilidades para lidar com um determinado sistema
semiótico e ser capaz de criar, recriar e negociar sentidos (DUBOC, 2007,
p.265)”. A respeito deste movimento, desta necessidade de ajustar a educação
à globalização, a pesquisadora pontua que uma nova epistemologia
pedagógica está surgindo, bem como uma nova epistemologia do
conhecimento também. Neste caso, Duboc (2007, p.271) pontua que é preciso
repensar a avaliação da aprendizagem de línguas, adequando-a a perspectiva
dos estudos dos novos letramentos, convidando o leitor a pensar uma outra
base epistemológica para a educação atual, no caso da pesquisa de Duboc, a
avaliação nas aulas de língua inglesa.
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Walkyria Monte Mór (2007) publica um trabalho a respeito de uma
pesquisa que realizou com alunos da universidade, trabalho no qual analisa os
resultados de uma pesquisa realizada com universitários que fazem uso da
internet. A intenção é observar a habilidade no ato de interpretar desses
alunos. Essas reflexões fazem parte de um trabalho mais abrangente5
referindo-se às práticas dos novos letramentos e multiletramentos em sala de
aula. Monte Mór (2007, p. 42-43) coloca que um dos objetivos desta pesquisa é
verificar o que precisa ser mudado nos currículos universitários, ou seja, o que
precisa ser adequado às necessidades reais contemporâneas. Foi uma
pesquisa exploratória e etnográfica, a geração de alguns dos dados foi obtida
com entrevistas. Foi um trabalho realizado também a partir de um filme que
tratava sobre relacionamentos virtuais, então, os alunos foram solicitados a
relacionar a realidade com a ficção, identificando o filme com a situação social
real em que esses alunos vivem.
“Essa investigação, portanto, observa se uma habilidade desenvolvida por um usuário dessa nova mídia – a Internet – que possibilita uma mente em rede é transferida para a prática dialética comunicativa desse usuário quando este interage com uma outra mídia que aparentemente não requer (ou não necessariamente requer) a referida mente em rede, embora muito possa se beneficiar desse tipo de lógica (MONTE MÓR, 2007, p. 32)”.
A linguagem digital e sua relação com a educação já vem sendo
estudada pelos teóricos que pesquisam os novos letramentos e
multiletramentos: Luke & Freebody (1997), Synder (2000), Gee (2003), Monte
Mór (2007). Segundo Monte Mór (2007, p. 31) Esses estudos refletem as
5Monte Mór, W. (2006). Reading Dogville in Brazil: Image, Language and Critical Literacy in Menezes de Souza, L.
M. T. (ed), Language, Culture, Multimodality and Dialogic Emergence, Language and Intercultural
communication (Special Edition), Vol 6:2. London: Multilingual Matters.
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percepções a respeito das mudanças na maneira de como o conhecimento
está sendo construído.
Como pudemos perceber, desde a pedagogia crítica de Paulo Freire,
os estudos que primam pelo letramento como forma de “ler o mundo”, só vem
crescendo. E, a pedagogia dos novos letramentos só vem a contribuir com um
regime educacional que necessita de caminhos para preparar seus alunos para
viverem em sociedade, uma sociedade que pode explorar todos os recursos
que as novas teorias e novas tecnologias trazem, e, também se apropriar
dessas práticas para tornar-se cidadão mais reflexivos e conscientes dos seus
lugares na sociedade, sempre entendendo todos somos iguais em nossas
diferenças. No próximo refletiremos um pouco sobre as TIC e o ensino.
TIC e o ensino na atualidade
As Tecnologias de informação e Comunicação (TIC) culminaram na
sociedade da informação, dinamizando as práticas lingüísticas e sociais em
todos os contextos, e no contexto escolar não poderia ser diferente. Muito tem
se falado em associar teoria e prática no que se relaciona às novas
tecnologias. A reflexão que precisa ser feita é a respeito de como a escola está
se preparando para os tempos modernos, como os professores estão sendo
preparados para também acompanhar essas novas exigências sociais, das
quais não há como escapar , as tecnologias estão cada vez tomando mais
corpo e invadindo todos os espaços, principalmente na área das comunicações
e linguagens. Neste sentido Silva (2004), em sua dissertação de mestrado6
reflete a respeito da realidade escolar relacionada com as TIC. Ele aponta a
6 Universidade do Minho, Portugal.
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necessidade da formação nessa área, bem como as condições que a escola
dispõe para o uso destas tecnologias.
Atualmente, segundo Silva (2004) são consideradas três áreas de
investigações sobre as TIC aplicadas à educação: 1) implicações tecnológicas
de informação e comunicação, 2) As tecnologias e os ambientes de
aprendizagem, 3) tecnologias e a formação. “Estas tecnologias devem
promover nos alunos a capacidade de investigação, a iniciativa e o espírito
crítico, bem como, rentabilizar e potencializar as capacidades comunicacionais
de professores e alunos (SILVA, 2004, p. 5). Neste ponto, o autor prima pela
necessidade que os professores se insiram neste contexto das novas
tecnologias, tenham formação inicial e continuada, para que possam
juntamente com à escola, ajustar os ponteiros do relógio entre educação e
modernidade. Para tanto, torna-se cada vez mais necessário o investimento na
formação do profissional que irá atuar em sala de aula, seja em qualquer
disciplina.
A formação de professores no mundo das TIC
A formação de professores é tema de pesquisa recorrente, pois as
inovações sociais, a mudança na estrutura educacional e a modernidade
exigem isso. Ao que se refere aos domínios das TIC, Silva (2004) considera
que as mesmas são ferramentas pedagógicas e junto com o aperfeiçoamento
contínuo podem ser aliadas da prática cotidiana do professor. Pois, é
importante que tomemos consciência de que a escola perdeu o posto de
detentora do conhecimento faz tempo e hoje ela mesma, não pode continuar
atrasada, tem que adiantar os ponteiros para seguir com a formação de seus
alunos, para que eles possam interagir de maneira mais satisfatória em suas
práticas sociais.
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Segundo Silva (2004) as crianças da década de 1980 puderam participar
de grandes transformações e inovações como: rádios pirata, canais de
televisão por satélite, TV à cabo,(r) evolução da informática, celulares de última
geração, etc. No século XX essa nova geração já é de nativos digitais, já tem
acesso a múltiplas fontes de informação, tanto em casa, no trabalho, na escola,
etc.
Ao passo que a escola é requisitada para dar conta de preparar os
alunos para habitar esses espaços sociais cada vez mais competitivos, Silva
(2004) coloca que os professores também tem um papel importante e
certamente diferente do que estavam acostumados, certamente um desafio. As
inovações exigem também readequações por parte da escola, juntamente com
os professores no que se refere a aquisição de competências múltiplas.
Baladeli e Ferreira (2012), também se preocupam com a formação de
professores, neste sentido:
Para isso, a formação do professor precisa também contemplar o
estudo do tema, mas não como uma disciplina isolada na matriz
curricular e, sim como um tema transdisciplinar relevante a todas as
áreas de conhecimento em que a linguagem é objeto de ensino
(BALADELI, FERREIRA, 2012, p.465).
Por meio de uma pesquisa bibliográfica e com pressupostos do
Letramento Crítico, as autoras articulam uma discussão sobre as práticas de
leitura,
A utilização e popularização da Web 2.0, contribui para a construção e
ou a reafirmação das identidades sociais, a partir de novos contextos
discursivos oportunizados por meio da interface com o ambiente digital O
crescimento das pesquisas sobre os letramentos digitais é diretamente
proporcional ao crescimento da utilização das Tecnologias da informação e
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comunicação (TIC), principalmente a internet. Desta maneira, as pesquisas que
versam o respeito da linguagem e Tecnologia se tornam temas cada vez mais
recorrentes. O Objetivo das autoras é contribuir para estas análises, pesquisas
e reflexões que já estão sendo realizadas no campo da utilização da linguagem
na web.
A expansão da utilização da Web, colaborou em demasia para a
expansão dos canais de comunicação, bem como, as formas como se efetivam
as comunicações e se consolidam os significados dentro das práticas sociais.
Baladeli e Ferreira (2012) enfatizam também, a necessidade e a importância de
se compreender como os novos letramentos trazem o reflexo do
desenvolvimento interativo e dinâmico da linguagem e tecnologia. Neste
contexto, a importância dos gêneros digitais (blog, e-mail,etc.) que surgiram
para atender esta necessidade da interface com a Web, produzindo interações
por meio das linguagens (verbal e não verbal) que se torna interativa.
No que tange aos hipertextos e letramentos digitais as autoras
esclarecem alguns conceitos e acrescentam que “a leitura do hipertexto ocorre
por meio de um processo que faça sentido (coerente), decorrente das
interpretações dos “blocos de informações acessados pelos hiperlinks”. A
forma como se dá a leitura nesse ambiente é bem diferente do que ocorre no
texto impresso, enquanto no texto a leitura é geralmente linerar e ocorre da
esquerda para a direita, já no hipertexto, devido a formatação conferida em
forma de fragmentos que são unidos aos links.
Relacionando essa discussão com a formação de professores de Lingua
inglesa (estendendo as reflexões qualquer outra disciplina), Entendemos que a
otimização das aulas não apenas pelo texto impresso, colabora sobremaneira
para a inserção dos alunos na globalização, pois dela não há como fugir. Rojo
e Moura (2012), organizaram uma coletânea pautada no ensino dos
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multiletramentos, com reflexões realizadas durante cursos sobre o tema. Os
autores a respeito deste trabalho ressaltam que “os gêneros, mídias,
modalidades e temas abordados nesses protótipos são muito variados, mas
apresentam uma “estrutura flexível” comum, que lhes dá unidade e que diz
respeito aos princípios didáticos que decorrem dos multiletramentos”.
Ainda sob o guarda-chuva dos multiletramentos convém citar o trabalho
de Ferreira (2012), no qual ela reflete acerca das identidades sociais de
raça/etnia, a partir do letramento visual e letramento crítico. A autora traz uma
proposta de trabalho com imagens, para auxiliar os professores em suas
práticas pedagógicas. Propostas como a de Ferreira (2012), nos mostram
como é possível trazer as práticas do multiletramento para a sala de aula, de
que forma podemos relacionar a teoria com a prática, tornando a aula mais
dinâmica, atrativa e interativa. Com este gancho passamos para as
considerações finais.
Conclusão
Assim como a vida evolui e tudo se move, a educação também tem a
necessidade de acompanhar esse ritmo ditado pela modernidade, informações
que chegam a todas as classes sociais, sem distinção. Como trabalhar o
conteúdo necessário na sala de aula, utilizando ainda lousa e giz? Como
competir com as novas tecnologias? Bem, será que ao invés de competir os
professores não deveriam unir-se às tecnologias? Aproveitando o acesso e a
habilidade que os alunos de hoje tem para lidar com as tecnologias?
Provavelmente um ponto importante neste assunto seja a formação de
professores para que aprendam a lidar com as novas tecnologias e assim
consigam interagir de uma melhor forma com seus alunos, ensinando-os a
pesquisarem o que pode ser útil para determinado assunto sem perderem-se
em um mar de informações.
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No que tange à língua inglesa, também existem uma infinidade de
práticas relacionadas aos multiletramentos que podem ser trabalhadas, mas
estendemos essas discussões a todas as disciplinas, como uma oportunidade
de melhor interação com a modernidade, com as práticas sociais, com os
alunos. Como já pontuamos no início deste, muitas são as questões que
permeiam ensino em tempos de globalização digital, é necessário que
reflitamos a respeito do papel do professor, como deve-se ensinar? Ensinar o
quê? e para quem? De que maneira esta realidade está afetando ou se
integrando à prática pedagógica do professor? De que maneira interagir melhor
com os alunos? E como tudo isso se dá dentro da prática pedagógica da língua
inglesa? São perguntas que só a pesquisa e o entendimento de que o mundo
mudou, assim como as maneiras que usamos para nos comunicar entre si e
com o mundo todo, poderão nos trazer as respostas. Por meio de nossa prática
pedagógica, de discurso interagimos com nossos alunos, Moita Lopes (2002, p.
30) coloca que a natureza social é típica do discurso, na qual o significado é
construído no envolvimento de pessoas diferentes com diferentes discursos e
em variadas circunstâncias, que podem ser culturais, históricas e, ainda,
particulares. Assim, tomando o discurso como prática social, vendo o aluno
como um cidadão que se tornará crítico e reflexivo a respeito das informações
que recebe que a prática escolar poderá refletir além dos muros escolares,
numa sociedade mais igualitária e digna para as minorias, acertando os
ponteiros. Com estas reflexões e questionamentos, esperamos de alguma
forma instigar mais pesquisas sobre este tema.
Referências
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PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO LÚDICO EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA COM O PROGRAMA HOT POTATOES
Kelly Cristini Granzotto Werner7
Resumo: No ensino da língua estrangeira, muitas vezes, aulas com determinados conteúdos são vistas como enfadonhas, e o lúdico pode ser um recurso pedagógico motivador e prazeroso, que o professor pode utilizar para tornar a aprendizagem significativa. Com esse entendimento, o objetivo deste trabalho é apresentar atividades lúdicas educativas desenvolvidas no projeto “Produção de material didático lúdico em língua estrangeira (espanhol e inglês)”, utilizando a informática (programa de computador Hot Potatoes). Fundamenta-se em teóricos da psicologia, da linguística aplicada e da metodologia comunicativa de ensino de línguas, que acreditam na significativa função que os jogos pedagógicos têm no desenvolvimento do ser humano e na sua aprendizagem como um todo. Foi observado que existe material didático lúdico, na área de língua estrangeira, tanto no espanhol como no inglês, nos diversos níveis de ensino, específico para o contexto brasileiro. No entanto, a maioria se refere ao tratamento do vocabulário para crianças e iniciantes no estudo das referidas línguas. Muito pouco se tem produzido de atividades lúdicas educativas, utilizando o suporte informático. Além disso, esta proposta permite a inserção do computador em sala de aula, colocando a tecnologia a serviço da educação. O trabalho passou pelas seguintes etapas: escolha e estudo do programa de computador (Hot Potatoes) para a realização das atividades lúdicas; escolha da ferramenta do programa, planejamento, criação, teste das atividades e gravação de um CD-ROM com o material produzido. Os resultados são exercícios de vocabulário, gramaticais e textuais com temas relacionados às áreas de agricultura e informática, pois é o nosso contexto de ensino (escola agrícola). Por fim, a perspectiva lúdica, aprender jogando, é, sem dúvida, muito recomendada por estudiosos da pedagogia e do ensino de línguas, e a informática, na atualidade, é indispensável na educação. Palavras-chave: Ensino de Língua estrangeira; Material didático lúdico; Informática.
7 e-mail: [email protected]/UFSM(Universidade Federal de Santa Maria – Colégio Agrícola de
Frederico Westphalen - UFSM/CAFW)
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Introdução
O professor de língua estrangeira (LE) trabalha em um contexto
desafiador: ensinar a língua com materiais didáticos, muitas vezes, não
específicos ou até a falta deles. Isso pode acarretar desinteresse dos
estudantes e problemas na aprendizagem. Diante disso, existe a necessidade
de testar metodologias e materiais didáticos para motivar os alunos e conseguir
o objetivo: a aprendizagem efetiva e significativa. Ou seja, todo docente tem a
responsabilidade de renovar a sua prática e, assim, permitir maior aprendizado
ao discente. Considerando essa situação, buscamos criar exercícios,
desenvolvidos no suporte informático, enquanto atividades lúdicas, vendo-o
como mais uma ferramenta pedagógica a ser utilizada, pois pouco se tem
produzido de atividades educativas eletrônicas, para o ensino-aprendizagem de
LE. Esta proposta permite, também, aliar a tecnologia à educação.
Tomamos como apoio em teóricos da psicologia como Piaget (1964),
Vygotsky (1995), da linguística aplicada, como Krashen (1981, 1982), da
metodologia comunicativa de ensino de línguas, que acreditam na significativa
função que o lúdico tem no desenvolvimento do ser humano.
Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar os resultados das
ações realizadas no projeto “Produção de material didático lúdico em língua
estrangeira (espanhol e inglês)”, utilizando o programa de computador Hot
Potatoes. O projeto tinha como metas produzir um CD-ROM com as atividades
criadas, motivar a aprendizagem da LE através do lúdico, no computador, e
aliar o estudo da LE à informática, com um grupo de alunos8 e três professoras,
sendo os estudantes, um do curso superior na área de informática e outros do
ensino médio de uma escola técnica (Colégio Agrícola de Frederico
Westphalen da Universidade Federal de Santa Maria/RS). Também contou
8 Natiel C. Chiavegatti, Carla C. C. Kader, Elisa M. Pivetta, Alessandro R. Fidrigeski, Eduardo L. Abreu,
Gustavo H. Smaniotto, Lucas F. Schwingel (CAFW - UFSM).
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com a colaboração de professores das áreas de inglês, espanhol e informática.
Além disso, buscamos pensar alternativas pedagógicas que tornem os
conteúdos gramaticais mais convidativos e prazerosos de serem aprendidos.
O lúdico no ensino de ELE
O jogo é uma prática comum entre os animais e entre os humanos.
Supõe-se que, desde a pré-história, o lúdico fazia parte da vida do homem.
Huizinga (1968), historiador holandês, na sua obra Homo ludens, afirma que o
ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, fazendo parte de sua
essência. Estudiosos da aprendizagem como Piaget, Vygotsky, Wallon, entre
outros admitiram que o ato de brincar tem papel decisivo no desenvolvimento
humano.
Piaget (1976) associa a atividade lúdica às atividades intelectuais da
criança. Para o autor, o jogo, em suas duas formas essenciais, exercício
sensório-motor e simbolismo, propicia a transformação do real em função das
necessidades do eu.
Vygotsky (1995) defende que o ensino sistemático não é o único fator
responsável por alargar os horizontes da Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZPD). Rego (2003) considera o jogo um estímulo ao desenvolvimento,
referindo-se principalmente ao ato de brincar. Ressalta que as ações das
crianças em um jogo são pautadas por regras, e isso exige que sejam
coerentes com as funções que assumem na atividade. Tais regras criam uma
ZPD porque impulsionam novos conceitos e processos em desenvolvimento.
Também Andreu Andrés e García Casas (2000, p. 122) defende que
“desde siempre se ha considerado el juego como un elemento intrínseco de la
personalidad humana, potencializador del aprendizaje. La atracción del juego
es un elemento motivador importante.”
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Na verdade, Teixeira afirma que
o jogo é um fator didático altamente importante; mais do que um passatempo, ele é elemento indispensável para o processo de ensino-aprendizagem. Educação, pelo jogo, deve ser a preocupação básica de todos os professores que têm intenção de motivar seus alunos ao aprendizado. (1995, p. 49).
No ensino de LE, é importante citar a teoria de Krashen, o movimento da
Escola Nova, que contribuiu para a difusão do lúdico na educação, e a
metodologia comunicativa, quando se começa a reconhecer a importância da
diversão na aprendizagem. Consequentemente, muitos materiais didáticos são
elaborados e publicados, trazendo o jogo pedagógico. Nessa abordagem, os
exercícios lúdicos são considerados como elemento motivacional.
Portanto, se o jogo é importante no desenvolvimento humano e na sua
aprendizagem, temos de motivar-nos, enquanto docentes, a criar materiais
lúdicos em diferentes suportes, inclusive no informático, para tornar significativo
e eficiente o processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira em
um contexto tão desafiador. O lúdico permite ensinar e aprender com prazer,
alegria, motivação e interesse.
Antunes (2000) afirma que, ao trabalhar com atividades lúdicas
educativas, é preciso considerar, antecipadamente, alguns fatores como o valor
educacional, a adequação, os objetivos, os conhecimentos prévios, o papel da
mediação, a organização, os procedimentos, quando e com quem utilizar,
saber que nem todas são adequadas, ou seja, tem caráter pedagógico
(provoca aprendizagem), para que o instrumento se torne eficiente.
Muitos educadores optam pela perspectiva lúdica porque desejam
motivar seus alunos para o estudo de algum aspecto da língua, seja ele
reforço, revisão, motivação, introdução ou avaliação. Na realidade, é um
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recurso facilitador no processo de ensino-aprendizagem e existem razões
significativas para usá-los.
Assim sendo, como e quando usar a atividade lúdica? Baretta (2006)
comenta que a maneira e o momento de usá-la em aula vão ser determinados
pela clareza dos objetivos, pelo programa de ensino, pelas necessidades e
características dos alunos, pelos recursos disponíveis. O uso aleatório,
improvisado, excessivo ou para preencher tempo não traz benefícios ao
processo de ensino-aprendizagem. É preciso um planejamento rigoroso.
E com quem podemos realizar exercícios lúdicos? Para Baretta (2006),
não há limite de idade para aprender e para fazê-lo. Devemos cuidar da
adequação do material ao nível de desenvolvimento do aprendiz na língua,
para que ele se sinta motivado ao desafio e tenha condições de superá-lo.
Que atividade escolher e aplicar? Isso também dependerá da
programação, dos objetivos e interesses, da idade, do nível de
desenvolvimento dos alunos e dos recursos disponíveis.
Como podemos notar, para qualquer atividade realizada, seja ela lúdica
ou não, há que se fazer um planejamento, pois, assim, existem mais chances
de os resultados serem realmente proveitosos e, quem sabe, os desejados.
O software Hot Potatoes
O Hot Potatoes é um programa que contém um pacote de seis
ferramentas básicas para o desenvolvimento de atividades interativas, a saber:
JCloze, JMatch, JMix, JCross, JQuiz e JMasher, conforme a figura 1. É um
software livre e foi desenvolvido por um “Grupo de Pesquisa e
Desenvolvimento do Centro de Informática da Universidade de Victoria,
Canadá”.
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Figura 1 – Hot Potatoes Possibilita a criação de exercícios interativos variados, como palavras
cruzadas, múltipla escolha, associações entre colunas, compatíveis com os
browsers e navegadores mais utilizados, tais como o Internet Explorer,
Netscape, entre outros, bem como possibilita a escolha tanto das plataformas
Windows como Macintosh. Os exercícios podem ser disponibilizados na
Internet, e também importados para a Plataforma Moodle, por exemplo, na
forma de arquivos html ou na extensão do próprio programa.
A ferramenta JCloze é um criador de lacunas de texto, onde o aprendiz
as completa com as possíveis alternativas previamente definidas. O JMatch é
um exercício de referência cruzada, no qual se pode usar frases ou imagens
para criar a associação entre as mesmas. O recurso JMix permite a criação de
frases embaralhadas em que o jogador tentará organizá-las na forma correta.
Além disso, este recurso possibilita trabalhar com a organização das letras ou
sílabas na formação da palavra. JCross é um gerenciador de palavras
cruzadas, que permite criar referências nos sentidos vertical e horizontal,
aceitando que o desenvolvedor coloque um texto de referência para a
resolução da cruzada. O JQuiz é um criador de perguntas e respostas como
alternativa de inserção de vários exercícios na mesma janela. Pode conter um
número ilimitado de questões do tipo: múltipla escolha, resposta curta, híbrida e
seleção múltipla.
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Os recursos do Hot Potatoes permitem o acoplamento de imagens
animadas, áudio e vídeo, o que deixa as atividades mais interessantes e, ao
mesmo tempo, contribui para o exercício das habilidades de escrita, audição e
leitura. As atividades são elaboradas, utilizando o software livre que opera com
a linguagem de programação JavaScript. O usuário não precisa dominar tal
linguagem para criar as atividades no programa, pois exige envolvimento com o
próprio software.
O programa aceita multiplataformas, que podem ser desenvolvidas em
diferentes linguagens, e a interface do programa pode ser adaptada à
linguagem que o desenvolvedor preferir. O trabalho com esse programa requer
saber onde devem ser inseridos os dados (textos, questões, respostas,
imagens, etc.), pois os recursos gerarão, automaticamente, a página Web
respectiva.
Vale ressaltar que o programa Hot Potatoes é gratuito para fins
educativos e, para instalá-lo, basta preencher um formulário no site oficial do
programa e proceder ao registro. Está disponível em português e expõe
diversos tutoriais aos interessados, que auxiliam na sua utilização (alguns links
de tutoriais:
http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/smed/inclusaodigital/materiais2010/guia%
20hotpot.pdf; http://www.acessus.net/html/tutoriais/potatoes/potatoes.htm e
http://webeduc.mec.gov.br/webquest/)
Metodologia
O projeto foi desenvolvido nas seguintes etapas: escolha do programa
de computador (Hot Potatoes) para a criação das atividades em espanhol e
inglês; estudo dos recursos que o software oferece; seleção, planejamento e
criação dos exercícios lúdicos; gravação do CD-ROM com o que foi criado.
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As atividades foram planejadas a partir de temas relacionados às áreas
de informática e agricultura, em nível básico de língua estrangeira.
Primeiramente foram escolhidos os assuntos, depois buscamos materiais
(textos, imagens), selecionamos a ferramenta do programa, criamos, fizemos
os testes e avaliamos as atividades produzidas.
Resultados: atividades lúdicas educativas
Conforme já fizemos menção, neste artigo, almejamos expor os
resultados do projeto: atividades lúdicas educativas em LE, desenvolvidas no
programa Hot Potatoes. Elas abordam temas relacionados às áreas de
agricultura e informática, pois é o nosso contexto de ensino (escola agrícola).
Assim, os exercícios criados contemplam vocabulário (falsos cognatos, léxico
da área de agricultura e informática), tópicos gramaticais (conjunções e
preposições) e textuais (fábulas, contos e músicas), distribuídos em cinco das
ferramentas do programa utilizado (JCloze, JMatch, JMix, JCross e JQuiz,),
num total de dez em língua espanhola e quinze em língua inglesa, as quais
estão reunidas em um CD-ROM.
Para exemplificar, apresentamos três atividades em espanhol e três no
inglês, conforme as figuras numeradas de 2 a 7, respectivamente.
Na figura 2, desenvolvemos um exercício com a ferramenta JCloze, isto
é, com lacunas. Trabalha o léxico de falsos amigos do espanhol em relação ao
português, a partir de uma fábula. As palavras faltantes estão visíveis para o
usuário que deve escolher a correta. Se ele não souber, poderá consultar a
dica, ao clicar no sinal de interrogação. Realizadas as escolhas, clicará no
comando “comprobar” e conhecerá o resultado. Uma atividade lúdica como
essa possibilita conhecimento de falsos cognatos, que podem causar dúvida, e,
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também, exercitar o conteúdo, num texto, permitindo ao usuário deparar-se
com as palavras numa situação de comunicação.
Figura 2 - Exercício em espanhol - Falsos amigos: fábula “El zorro y la cigüeña”
Na figura 3, criamos um exercício com a ferramenta JMatch. Apresenta-
se como referência cruzada, e o usuário deverá associar as palavras, do léxico
dos animais no espanhol, às imagens correspondentes. O estudante realiza a
ação de arrastar a imagem perto da palavra e, ao clicar em “comprobar”,
conhecerá o resultado. As imagens são animadas e coloridas e permite ao
usuário ampliar seu vocabulário na língua. Foram desenvolvidos vários
exercícios nessa ferramenta, com o tema dos animais, a fim de possibilitar ao
aprendiz uma ampliação do conhecimento desse léxico na língua espanhola.
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28 Figura 3 - Exercício em espanhol – “Los animales – los mamíferos”
Na figura 4, também apresentamos um exercício com a ferramenta
JMatch, que que possibilita uma atividade de referência cruzada, no qual se
pode usar frases ou imagens para criar a associação entre as mesmas.
No exemplo, trabalhamos com uma fábula - El lobo y el cabritillo – que
se apresenta incompleta, pois trechos, iniciados por conjunções, num total de
dez, foram suprimidos da mesma. Em seus lugares, foram colocadas dicas,
explicações, entre parênteses e numeradas. Na coluna da direita, foram
dispostas opções para que o aprendiz escolha, entre duas, a que mais
adequadamente completa o texto original. O objetivo do exercício é estudar um
conteúdo gramatical, as conjunções, dentro de um texto, ou seja, uma estrutura
da língua em funcionamento, de maneira, quiçá, mais agradável. Vale destacar
que esta atividade requer um conhecimento anterior das conjunções para que
ela seja realizada com autonomia e sucesso pelo usuário. No projeto, também
desenvolvemos atividades semelhantes com outros pontos da gramática da
língua, como, por exemplo, as preposições, a partir de contos.
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Figura 4 - Exercício em espanhol - “Actividad con gramática - Las conjunciones – Fábula: El lobo y el cabritillo”
Na figura 5, há um exercício com a ferramenta JMatch, em língua
inglesa, relacionado à área da informática. Nela, o jogador deve associar uma
coluna com a outra, de modo correto, e, conta com um texto de referência, que
funciona como um elemento de auxílio no cumprimento da tarefa. Ao clicar na
frase “Select an alternative”, visualizará quatro possibilidades de resposta e
deve escolher uma delas para cada item. Por fim, clica na palavra “Chek” e
enxergará o resultado da tarefa.
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Figura 5 - Exercício em inglês – “Matching exercise” Na figura 6, apresentamos mais uma atividade com a ferramenta
JMatch, envolvendo a temática “alimentos”, com o objetivo de conhecer e
ampliar o léxico dos alimentos, através da associação da palavra à imagem
correta, na língua inglesa.
Figura 6 - Exercício em inglês – “Matching exercise – Types of food”
Na figura 7, apresentamos uma atividade lúdica para crianças, criada a
partir da ferramenta JQuiz. Este recurso permite criar questões do tipo: múltipla
escolha, resposta curta, híbrida e seleção múltipla. Neste caso, ainda
associamos um vídeo que o usuário vê e, depois disso, escolhe a ou as
respostas da pergunta realizada. Na sequência, descobre se obteve êxito ou
não. A associação de pergunta-reposta(s) a um vídeo permite trabalhar a
compreensão oral do aprendiz de língua estrangeira, uma habilidade
fundamental. Neste exercício, utilizamos um vídeo, mas, em outros também
lançamos mão de áudios.
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Figura 7 - Exercício em inglês – “English for Kids (animals)”
Conclusão
Este trabalho teve como objetivo apresentar os resultados finais das
atividades desenvolvidas no projeto “Produção de material didático lúdico em
língua estrangeira (espanhol e inglês)”, utilizando o programa de computador
Hot Potatoes. Nesta oportunidade, foram apresentadas seis atividades lúdicas
educativas desenvolvidas como um recurso didático e mediador da prática
pedagógica e da aprendizagem.
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Supomos que as atividades realizadas poderão contribuir para incentivar
o estudo das línguas referidas por meio do lúdico, no computador, juntando
aprendizagem e tecnologia. Além disso, entendemos que o uso de um
programa como o Hot Potatoes, na criação de exercícios lúdicos, enriquece o
processo de ensino-aprendizagem de LE na sala de aula e fora dela e também
aproxima as pessoas do universo digital. Tal conclusão advém de experiências
práticas na sala de aula com as atividades feitas ali e, também, extraclasse,
com os nossos alunos.
Referências ANDREU ANDRÉS, M. Á.; GARCÍA CASAS, M. Actividades lúdicas en la enseñanza de LFE: el juego didáctico. In: I CONGRESO INTERNACIONAL DE ESPAÑOL PARA FINES ESPECÍFICOS. Amsterdam, 2000. p. 121 -125. Disponível em: <cvc.cervantes.es/obref/ciefe/pdf/01/cvc_ciefe_01_0016.pdf ->. Acesso em: Set. 2008. ANTUNES, A O jogo e o brinquedo na escola. In: SANTOS, Santa Marli Pires. (org.). Brinquedoteca. A criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 37-42 BARETTA, D. Lo lúdico en la enseñanza-aprendizaje del léxico: propuesta de juegos para las clases de ELE. In: Revista electrónica de didáctica – RedELE. N. 7. Junho, 2006. Disponível em: < http://www.mepsyd.es/redele/revist. shtml >. Acesso em: Jan. 2007. HUIZINGA, J. Homo ludens. Madri: Alianza, 1968. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC. 1964. REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva hitórico-cultural da educação. 15. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2003. TEIXEIRA, C. E. J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995.
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OS OBJETOS DIGITAIS DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA E A NOVA RELAÇÃO DO SABER
Francieli Motter Ludovico 9
Julia Granetto 10
Beatriz Helena Dal Molin11
RESUMO: Diante da nova dinâmica que a sociedade vivencia, emergem inúmeras formas de ensinar e aprender suscitadas pela tecnologia de comunicação digital (TCD), essa já faz parte da esfera educacional e usá-la de forma inovadora apresenta-se como um grande desafio. Com relação ao ensino de Língua Estrangeira, modificações importantes são propiciadas na forma pelas quais os materiais educacionais são planejados, construídos, disponibilizados e entregues aqueles que desejam aprender. Com o avanço da TCD e com o crescimento de seu uso para fins educativos, surge um novo modo de pensar em materiais e recursos didáticos, chamado de objeto digital de ensino-aprendizagem (ODEA) que possibilita novos caminhos para a práxis pedagógica. Para mediar o ensino de Língua Estrangeira, por meio dessa tecnologia, seja no ensino presencial ou a distância, os ODEA devem ser desenvolvidos de forma a construir um novo modo de aprender e de ensinar, não apenas com o intuito de proporcionar uma maior interatividade na forma de transmissão de conteúdo, mas também de potencializar e possibilitar um outro modo do fazer pedagógico. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo promover discussões e questionamentos sobre os objetos digitais de ensino-aprendizagem em Língua Estrangeira, conceituando-os, apresentando suas
9Mestranda do Programa de Mestrado em Letras/Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná. Cascavel, Paraná. E-mail: [email protected] 10
Mestranda do Programa de Mestrado em Letras/Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Cascavel, Paraná. E-mail: [email protected]. Bolsista da CAPES/Fundação Araucária. 11
DAL MOLIN, Beatriz Helena. Profª do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Letras, pertencente
ao colegiado de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste. Coordenadora EAD/da
mesma instituição superior de Ensino, membro dos grupos de pesquisa “Confluências da Ficção, História
e Memória na Literatura”, linha linguagens em contextos inclusivos e idiossincráticos, “Núcleo de
Complexidade e Cognição (Antigo Núcleo de Ecoergonomia) UFSC, PCEADIS/UFSC/CNPq” e do grupo de
pesquisa Linguagem: Práticas Linguísticas, Culturais e de Ensino.Pós-doutora no Programa de Engenharia
e Gestão do Conhecimento e-mail: [email protected].
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características e demonstrando sua importância e necessidade mediada pela TCD. A utilização de uma arquitetura de ODEA elaborada sob aspectos rizomáticos enriquece aulas e abre ao professor novas possibilidades de ensinar, condizentes com a nova relação do saber. Essa pesquisa bibliográfica tem como aporte teórico as ideias de Morin (2003); Assmann (2007); Deleuze e Guattarri (2011); Wiley (2000) Motter (2013) dentre outros. Palavras-chave: Tecnologia de comunicação digital; Objetos digitais de ensino-aprendizagem; Língua Estrangeira. Introdução
Na contemporaneidade, o desenvolvimento da Tecnologia de
Comunicação Digital (TCD) mudou a relação do homem com as formas de
aprender. As possibilidades de comunicação tornam-se maiores, e com isso
aumentaram as oportunidades de serem utilizadas com fins pedagógicos.
Neste contexto de mudança, novos modos de pensar em recursos, que
despertem o interesse no estudante, ganham destaque. Esses recursos
apoiados pela TCD são chamados de objetos digitais de ensino-aprendizagem
(ODEA), os quais possibilitam novos caminhos para a práxis pedagógica, como
destaca Motter (2013):
[...] acredita-se que a Tecnologia de Comunicação Digital, por meio dos Objetos Digitais de Ensino-Aprendizagem, comporta todas as ferramentas necessárias para fazer a ponte entre a diversidade linguística disponível no ciberespaço e a formalidade requerida em sala de aula (MOTTER, 2013, p.38).
A ambiência escolar deve apropriar-se da tecnologia que os estudantes
utilizam em suas vidas cotidianas, na tentativa de acompanhar os avanços e os
desafios provocados pelo uso da Internet, possibilitando assim diminuir a
lacuna existente entre a escola e o mundo que os cerca, buscando dessa
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forma inserir as novas possibilidades tecnológicas em suas práxis, no intuito de
melhorar a mediação entre o estudante e o estudante, o estudante e o
professor e entre o estudante e o conhecimento.
Para mediar o ensino de Língua Estrangeira, por meio da TCD, os
ODEA devem ser desenvolvidos de forma a construir um novo modo de
aprender e de ensinar, não apenas com o intuito de proporcionar uma maior
interatividade e ludicidade na forma de transmissão de conteúdo, mas também
de potencializar e possibilitar outro modo do fazer pedagógico.
Ensinar língua estrangeira na era da tecnologia digital
Visto que o educando está imerso em um contexto, no qual a tecnologia
digital está presente em todos os âmbitos, o ensino de língua estrangeira
carece de uma forma mais dinâmica de trabalho, havendo a necessidade do
educador levar em conta tal modo pedagógico e, utilizar em suas aulas as mais
diversas possibilidades de ensino, quer sejam estratégicas ou auxiliada pela
tecnologia digital, de forma a promover o conhecimento hipertextual, realizando
trocas entre educador e educando, considerando seus gostos, suas opiniões,
suas preferências e os temas que lhe sejam significativos para que, o
aprendizado não fique limitado apenas ao ambiente e ao conteúdo escolar que
muitas vezes necessita ser contextualizado.
A fim de contribuir para o ensino de língua estrangeira, saindo da mera
repetição o professor é incentivado a tornar-se um animador da inteligência
coletiva, no momento em que considera as ferramentas tecnológicas de que
dispõe e, opta por incorporá-las, adequando-as a uma práxis criativa, de trocas
e de construção conjunta, o que contribui para a formação do educando.
As tecnologias somadas ao ensino das línguas estrangeiras possibilitam
mudanças teórico-metodológicas, indicando assim, um caminho que ultrapasse
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o modelo tradicional de ensino, pautado este, na mera transmissão e repetição
dos conteúdos. A utilização das tecnologias no ensino possibilitam vantagens
como flexibilidade e adaptabilidade, as quais promovem a ruptura do formato
hierarquizado e arbóreo12, levando a escola a desenvolver um formato
rizomático13, inter e transdisciplinar, que compreende a língua como algo vivo e
prazeroso.
A cada dia abrem-se novos espaços de informação e, neste sentido,
aprende-se em ambientes informais, e formais nos quais a escola deve ensinar
o estudante a transformar as informações disponibilizadas pela internet em
conhecimentos. Aprende-se em todo lugar e de variadas maneiras, mas cabe
12
Deleuze, Guattari (1997) ao referir-se ao modelo arbóreo destaca que: a consolidação não se contenta em vir depois; ela é criadora. É que o começo não começa senão entre dois, intermezzo. A consistência é precisamente a consolidação, o ato que produz o consolidado, tanto o de sucessão quanto o de coexistência, com os três fatores: intercalações, intervalos e superposições-articulações. A arquitetura testemunha isso, como arte da morada e do território: se há consolidações depois-de, há também aquelas que são partes constituintes do conjunto, do tipo chave de abóboda. Porém, mais recentemente, matérias como o concreto deram ao conjunto arquitetônico a possibilidade de se libertar dos modelos arborescentes, que procediam por pilares-árvores, vigas-galhos, abóboda-folhagem. Não só o concreto é uma matéria heterogênea cujo grau de consistência varia com os elementos de mistura, mas o ferro é nele intercalado segundo um ritmo; mais ainda: ele forma nas superfícies autoportadoras um personagem rítmico complexo, no qual as "hastes" têm secções diferentes e intervalos variáveis de acordo com a intensidade e a direção da força a ser captada (armadura e não estrutura). É neste sentido também que a obra musical ou literária tem uma arquitetura: "saturar o átomo", dizia Virgínia Woolf; ou então, segundo Henry James, é preciso "começar longe, tão longe quanto possível" e proceder por "blocos de matéria trabalhada". Não se trata mais de impor uma forma a uma matéria, mas de elaborar um material cada vez mais rico, cada vez mais consistente, apto a partir daí a captar forças cada vez mais intensas. O que torna o material cada vez mais rico é aquilo que faz com que heterogêneos mantenham-se juntos sem deixar de ser heterogêneos; o que assim os mantém, são osciladores, sintetizadores intercalares de duas cabeças pelo menos; analisadores de intervalos; sincronizadores de ritmos (a palavra "sincronizador" é ambígua, pois estes sincronizadores moleculares não procedem por medida igualizante ou homogeneizante, e operam de dentro, entre dois ritmos). Não seria a consolidação o nome terrestre da consistência? O agenciamento territorial é um consolidado de meio, um consolidado de espaço-tempo, de coexistência e de sucessão. O ritornelo opera com os três fatores., ou seja ele aponta para um caminho que não seja apenas de mão única como tem sido a relação professor/estudante no processo, há que se buscar conexões com o todo.(DELEUZE,GUATTARI, 1997, P.130). 13
Deleuze,Guattari (1997) Num rizoma entra-se por qualquer lado, cada ponto se conecta com qualquer outro, não há um centro, nem uma unidade presumida — em suma, o rizoma é uma multiplicidade (como se vê, todas essas características prenunciavam a geografia imaterial da Internet, para cuja assimilação filosófica parecíamos tão pouco preparados).(DELEUZE, GUATTARI, 1997, p.5).
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a escola e aos educadores ocuparem da melhor forma possível as tecnologias
uma vez que:
A tecnologia traz mudanças, mas é a sociedade, o fazer pedagógico que vai fazer uso dela. Se a escola não se envolver poderá ser envolvida, sutil, silenciosa e sorrateiramente por mecanismos tecnológicos escusos, desfavoráveis à vida e ao planeta. Sua aplicabilidade vai depender dos rumos que lhe forem dados a partir de uma clareza sociopolítica, clareza esta que virá de estudos aprofundados e percepção critica que vise objetivos mais transparentes e condizentes com o mundo que se quer ressignificar, no âmbito do espaço escolar e ético-social (DAL MOLIN, 2005, p. 299).
Corroborando com as ideias expressas Moran (2009) afirma que:
A escola, com as redes eletrônicas, abre-se para o mundo; o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias e agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente (MORAN, 2009, p.107).
A Internet é uma das ferramentas que traz possibilidades interativas e
criativas ao ensino da língua estrangeira, as quais devem fazer parte da práxis
docente, mas para essas serem incorporadas nas práticas pedagógicas, deve-
se conhecer as potencialidades oferecidas pelas TCD, buscando trabalhar com
os objetos digitais de ensino-aprendizagem.
O uso adequado das ferramentas tecnológicas e dos ODEAS,
encontrados no ciberespaço e ou elaborados pelos estudantes com a
supervisão ou não do professor, pode colaborar para mudanças no ensino das
línguas estrangeiras, concretizando assim um ensino para os múltiplos
conhecimentos, buscando uma aproximação do ambiente escolar com a
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realidade do estudante, deixando, pois a escola de ser um ambiente
enfadonho, passando assim a ser um ponto de conexão com o mundo
possibilitando novas linguagens ofertadas pelas TCD. Para reforçar o que
estamos afirmando citamos Moran (2009), que escreve:
Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, em que os alunos organizam o que produzem e o colocam à disposição para consultas, é cada vez mais utilizado. Os blogs, fotologs e videologs são recursos muito interativos de publicação, com possibilidade de fácil atualização e de participação de terceiros. São páginas na Internet, fáceis de se desenvolver, e que permitem a participação de outras pessoas. Começaram no “modo texto”, depois evoluíram para a apresentação de fotos, desenhos e outras imagens e, atualmente, estão na fase do vídeo. Professores e alunos podem gravar vídeos curtos, com câmeras digitais, e disponibilizá-los como ilustração de um evento ou pesquisa (MORAN, 2009, p.107).
Para que essas questões se efetivem, é fundamental uma capacitação
condizente para o uso adequado das TCD, a fim de que os professores saibam
trabalhar língua estrangeira associando estas ricas ferramentas com uma
práxis diferenciada.
Objetos digitais de ensino-aprendizagem
Os objetos digitais de ensino-aprendizagem surgem com o intuito de ser
instrumentos da nova forma de educar, facilitando a disponibilidade e
acessibilidade da informação no ciberespaço, é uma terminologia recente que
vem sendo cada vez mais incorporada ao ambiente educativo.
Considera-se como ODEA todo e qualquer material disponível na Web
que tenha intuito pedagógico, ele pode conter simples elementos como um
texto ou um vídeo, ou ainda, ele pode ser um hipertexto, uma página da
internet, uma imagem, um filme, um curso ou até mesmo uma animação com
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áudio e recursos mais complexos, desde que ofereça reusabilidade, ou seja,
apresente hipertextualidade, transdisciplinaridade e ou tranversalidade.
Com respeito aos ODEAs, Wiley afirma que:
Se objetos de aprendizagem alcançarem o seu público e fornecerem a fundação para uma arquitetura de aprendizagem adaptável, geradora e escalável, o ensino e a aprendizagem que nós conhecemos serão revolucionados” (WILEY, 2000, p. 19).
Acreditamos que os ODEAs devem ser elaborados usando um
enquadramento conceitual inserido em teorias, estratégias e metodologias
pedagógicas, caso contrário, esse objeto será apenas um objeto de reprodução
de conteúdos fechada e não um objeto digital de ensino-aprendizagem que
provoca a construção do conhecimento novo.
Caracterização dos Objetos Digitais de Ensino-Aprendizagem (ODEAs)
Caracterizar os objetos digitais de ensino-aprendizagem se torna
importante no sentido de possibilitar que eles possam ser armazenados
adequadamente, encontrados facilmente, reagrupados e utilizados em
diferentes contextos, sem perder sua potencialidade pedagógica, sua
funcionalidade e principalmente sua capacidade de despertar para a busca de
mais conhecimento e de correlação dos conhecimentos teóricos com a práxis
cotidiana do estudante. Desta forma, há certos preceitos que devem ser
seguidos para garantir que o ODEA seja útil “respeitar os padrões ajuda na
hora de empacotá-los e despachá-los para outro espaço-tempo, em outra
ambiência”. (RONCARELLI, 2012, p. 119).
É necessária uma organização de tais ODEAs: uma catalogação, que
tenha como intuito principal demonstrar as características de tais objetos; e
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uma organização em metadados, uma vez que “os metadados possibilitam que
os objetos de aprendizagem sejam passíveis de classificação, de indexação,
de catalogação e de disponibilização” (RONCARELLI, 2012, p. 114), tais
características tornam os ODEAs compreensíveis para as mais diversas
plataformas e contextos de aprendizagem e facultam seu melhor
aproveitamento. Os ODEAs devem apresentar metadados, estarem inseridos
em um determinado ambiente de aprendizagem, apresentando características
específicas que facilitam o acesso e os tornem adequados na rede. Para Silva,
Café e Catapan, as características mais usuais dos ODEAS são:
acessibilidade, reusabilidade, interoperabilidade, portabilidade e durabilidade.
Acessibilidade: devem possuir uma identificação padronizada que garanta a sua recuperação; reusabilidade: devem ser desenvolvidos de forma a compor diversas unidades de aprendizagem; interoperabilidade: devem ser criados para serem operados em diferentes plataformas e sistemas; portabilidade: devem ser criados com a possibilidade de se mover e se abrigar em diferentes plataformas; durabilidade: devem permanecer intactos perante as atualizações de sofware ou hardware (SILVA, CAFÉ, CATAPAN, 2010, p.96).
Outro fator a ser considerado, na construção dos ODEAs, é quanto ao
seu tamanho, quanto menor o objeto, mais fácil será juntá-lo a outro. (LEFFA,
2006), considerando que o ciclo de vida de um objeto digital pode ser
extremamente curto se não for constantemente atualizado.
Sobre a reusabilidade, Leffa afirma:
O OA não é algo feito apenas para ser usado, é algo feito também para ser reusado. Parece haver aí a preocupação de economia, não necessariamente financeira ou ecológica, mas de tempo na construção do objeto. Quem constrói os Oas são principalmente os professores e isso toma tempo, em princípio mais do que eles têm para dispensar. Por isso, o professor gostaria de reaproveitar o objeto que construiu, não necessariamente repetindo-o de ano para ano ou de turma para turma, mas combinado com outros objetos, recriando-o
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à medida que o reestrutura numa unidade maior (LEFFA, 2006, p. 24).
A emergência de adaptação no mundo digital é tão necessária como no
mundo natural. Uma atividade de ensino criada no sistema operacional
Windows, por exemplo, deve ser capaz de rodar no Linux. Da mesma maneira,
no mundo interconectado de hoje, uma atividade que roda num determinado
navegador, deve também rodar em outro, por mais complexa que seja essa
atividade. O problema é que as leis do mundo digital, como os próprios
sistemas de computação, são extremamente instáveis e os padrões de
regularidade que são estabelecidos num dia, mudam no outro. A única
constância desse meio é a constância da mudança “não basta, portanto,
apenas reduplicar o objeto. Para que a reusabilidade ocorra, é também
necessário que o objeto evolua e se adapte a todas essas mudanças
constantes do meio digital” (LEFFA, 2006, p. 25).
Reforçando o que já foi afirmado em momentos anteriores por outros
autores, também para Motter, um ODEA é definido e planejado tendo em vista,
além dos conteúdos da disciplina e do perfil dos estudantes, a sua
reusabilidade, adaptabilidade e compatibilidade entre a mídia escolhida e os
aparatos tecnológicos existentes no espaço escolar (MOTTER, 2013, p. 143).
Para a identificação dos objetos, de modo geral, importa sinalizar dados,
como: área do conhecimento, subárea, título e natureza do objeto, descritivo
geral de preferência breve, funções executivas com dados da equipe, o tempo
previsto de produção, bem como a estimativa de recursos (RONCARELLI,
2012, p. 122).
Conforme o que inferimos de Deleuze e Guattari (2000), um ODEA pode
ser considerado ou construído como um mapa, o qual permite novos
conhecimentos, contribuindo para a conexão dos diversos campos, aberto e
conectável em todas as suas dimensões; é desmontável, reversível e
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suscetível de receber constantes modificações, em todos os campos do saber
e, portanto, também adequado e fértil ao ensino-aprendizagem de línguas
estrangeiras.
Um ODEA entendido como mapa, serve como ponto de referência para novas descobertas. Novos vocabulários, novas formas sintáticas e configurações fonéticas podem fazer parte da estruturação desses instrumentos pedagógicos sem a estafante tarefa de puramente estudar a dura estrutura de um idioma (MOTTER, 2013, p. 147).
Ressaltamos que, em muitos casos, o ODEA será usado diretamente
pelo estudante, sem a presença do professor. Deste modo, se faz necessário
que ao elaborar tais objetos, as instruções de uso sejam claras e os objetivos
explícitos.
Considerações finais
A Tecnologia de Comunicação digital contribui para o aprendizado de
uma LE, de modo que a aprendizagem faça sentido ao estudante, de maneira
interativa e hipertextual, propiciando o trabalho coletivo e contínuo, trabalhando
de uma forma mais próxima da vida dos estudantes.
Neste contexto, os objetos digitais de ensino-aprendizagem apresentam-
se como um caminho para trabalhar uma LE de forma significativa. Os ODEAs
devem ser entendidos como recursos para aumentar a qualidade do ensino,
adequadas aos novos moldes educacionais. Sob esse aspecto, os ODEAs
devem ser construídos de forma coerente e articulado, comprometido com a
construção de novos conhecimentos, superando a mera transposição de
conteúdos.
Elaborar objetos digitais de ensino-aprendizagem para o ensino de uma
LE, seguindo algumas características e métodos, promove um aprendizado
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adequado com a nova relação do saber. Assim, construir ODEAs sob o aspecto
transdisciplinar, transversal e hipertextual de forma conjunta, garantem uma
melhoria no repertório de conhecimento. Buscando um processo de
aprendência rizomático e condizente com as multipluralidades e singularidades
dos estudantes, transformar o atual modelo de educação para potencializar e
cativar.
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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Foz do Iguaçu CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS – CURSO DE LETRAS VIIENCONTRO INTERNACIONAL DE LETRAS 2013 LITERATURA E LINGUÍSTICA: LINGUAGENS DO SÉC.XXI ANAIS ARTIGO – ISSN 2175 389X EIXO TEMÁTICO 2: TECNOLOGIAS E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
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RONCARELLI, Dóris. Pelas asas de ícaro: o Reomodo do fazer Pedagógico. Construindo uma taxionomia para escolha de Ambiente Virtual de Ensino -Aprendizagem – AVEA. Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, Santa Catarina, janeiro de 2007. ______. ÁGORA: concepção e organização de uma taxionomia para análise e avaliação de Objetos de Ensino-Aprendizagem. Florianópolis, 2012, 288 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis – SC, 2012. SILVA, Lúcia. Edna; CAFÉ, Lígia; CATAPAN, Araci. Hack. Os objetos educacionais, os metadados e os repositórios na sociedade da informação. In: Ciência da informação. Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. v. 1, n. 1 (1972) – Brasília, 1972. Ci, Inf. Brasília, DF, v. 39 n. 3, p. 93-104, set./dez. 2010. WILEY, D. A. Conectando objetos de aprendizagem com a teoria de design instrucional: uma definição, uma metáfora, e uma taxonomia. 2000. Disponível em: <http://www.reusability.org/read/>. Acesso em: 05 jul. 2013.
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TESSITURAS DE SENTIDO: processo de aprendência de língua
estrangeira na era da informação
Francieli Motter Ludovico14
Mirian Lígia Endo Karolesky 15
Beatriz Helena Dal Molin 16
RESUMO: Os avanços tecnológicos tem modificado a forma como interagimos com o mundo e, consequentemente, com o conhecimento, são muitas as possibilidades que o uso da tecnologia de comunicação digital proporciona ao processo de aprendência. A TCD constitui-se como importante recurso estratégico para auxiliar no ensino de língua estrangeira voltado a uma formação pedagógica diferenciada, adequada às exigências do século XXI. Muitos são contra as novas tecnologias, então além da preparação técnica e pedagógica deve-se ter a conscientização de que o professor continua ocupando importante papel neste processo. Tais avanços tecnológicos tem se configurado num desafio para o ensino de língua estrangeira instituído e ainda atuante, uma vez que este apresenta ainda em seu âmago um modelo hierarquizado de construção do conhecimento. O uso das novas tecnologias de comunicação digital coloca o aprendente em uma nova posição, de agente no seu próprio processo de aquisição do conhecimento, logo, o modo hierarquizado media o processo de maneira inadequada ao contexto hodierno. Assim, a reflexão que se propõe neste artigo é sobre quais mudanças são necessárias para um ensino de língua estrangeira que se alie a tecnologia na construção do conhecimento de forma a apontar caminhos que rompam com o a forma hierarquizada e cristalizada para que uma nova forma se constitua em
14
Mestranda do Programa de Mestrado em Letras/Linguagem e Sociedade da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná. Cascavel, Paraná. E-mail: [email protected] 15
Mestranda do Programa de Mestrado em Letras/Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Cascavel, Paraná. E-mail: [email protected] 16 DAL MOLIN, Beatriz Helena. Profª do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Letras,
pertencente ao colegiado de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste.
Coordenadora EAD/da mesma instituição superior de Ensino, membro dos grupos de pesquisa
“Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura”, linha linguagens em contextos
inclusivos e idiossincráticos, “Núcleo de Complexidade e Cognição (Antigo Núcleo de
Ecoergonomia) UFSC, PCEADIS/UFSC/CNPq” e do grupo de pesquisa Linguagem: Práticas
Linguísticas, Culturais e de Ensino. Pós-doutorado no Programa de Engenharia e Gestão do
Conhecimento e-mail: [email protected]
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um modo educacional rizomático, preconizado pelos princípios estabelecidos por Deleuze e Guattari (2000). Para a reflexão proposta, serão chamados à discussão teóricos como Lévy (1993,1999, 2001), Motter (2013), Morin, (1998, 2003) Basarab Nicolescu (1998) Dal Molin (2003), Serres (2000) Moran (2009, 2010), Latour (2000), Catapan (2010), entre outros pesquisadores do uso da tecnologia em Educação. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias de comunicação digital; Aprendência; Língua estrangeira. INTRODUÇÃO
Ensinar uma língua estrangeira requer tanto o conhecimento teórico,
quanto a constante atualização e adaptação à realidade. O que é novo sempre
assusta, mas as mudanças precisam acontecer com alvo na busca de adaptar-
se às complexidades e singularidades da sociedade atual, como Morin (2003)
explica:
O inesperado surpreende-nos. É que nos instalamos de maneira segura em nossas teorias e idéias, e estas não têm estrutura para acolher o novo. Entretanto, o novo brota sem parar. Não podemos jamais prever como se apresentará, mas deve-se esperar sua chegada, ou seja, esperar o inesperado (MORIN, 2003, p.29).
A compreensão das mudanças que ocorrem no universo do
conhecimento torna-se um grande desafio para a educação hoje, pois a
revolução tecnológica tem alterado de modo significativo o processo de ensino-
aprendizagem. A tecnologia digital oferece interatividade e autonomia nos
estudos. Os estudantes criam e compartilham conhecimento, pois são
cativados pela agilidade e dinamismo dessas ferramentas. Além do auxilio aos
professores, os quais tem nos dispositivos digitais a oportunidade de ensinar
língua estrangeira de forma criativa e divertida e contextualizada.
Recursos digitais possibilitam levar o aprendente a vivenciar o
aprendido de maneira mais aberta, ampla e atrativa. Alguns dispositivos e
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ferramentas digitais já vêm sendo empregadas na educação, porém a questão
é como estão sendo utilizadas. O que ocorre na maioria das vezes é uma
simples transposição do quadro para o computador, desperdiçando um
universo de possibilidades hipertextuais, transdisciplinares e transversais.
É certo que as tecnologias tanto na educação a distância como nas
aulas presenciais tem propiciado certo avanço no processo de ensino-
aprendizagem, porém cabe ainda no espaço escolar discussões sobre como
melhor construir e empregar a tecnologia digital no auxílio ao ensino bem como
melhor aproveitar suas principais vantagens que são a interação e
interatividade entre pessoas, fazendo dos meios digitais uma via de
propagação de conhecimento.
Com o aprendizado de uma nova língua, vem também a curiosidade e
a necessidade de aprender sua cultura do povo falante desta língua que está
sendo estudada. Usufruir da tecnologia digital facilita o acesso a diversos
contextos culturais, possibilita o contato com nativos da língua alvo, entre
muitas outras possibilidades.
Neste artigo refletiremos sobre como o avanço da tecnologia de
comunicação digital pode auxiliar e motivar o processo de ensino-
aprendizagem ou como preferimos a aprendência 17 e, quais são as
adaptações necessárias para que o ensino de língua estrangeira se alie a
17
Este termo foi discutido por Hugo Assmann (1998) e, nós, baseados em seus estudos, o adotamos por compreendermos a sua natureza de apontar para o movimento dinâmico das trocas: o termo Aprendência traduz um estado perene de “estar-em-processo-de-aprender”, uma função do ato de aprender que constrói e se constrói, e seu estatuto de ato existencial caracteriza efetivamente o ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.
Por Aprendência entendemos um processo que muito
embora expresse naturezas de um fazer diferenciado estão intimamente ligadas ao novo modelo de escola. Esse jogo de alternância e interação deverá ser altamente enfático, acabando de vez com as dicotomias aluno-professor, ensino-aprendizagem, pois aquele que ensina aprende e quem aprende por sua vez ensina, num processo contínuo de construção, porque de ressignificação de contextos, numa escola viva/vida. Logo, o termo Aprendência, no contexto deste trabalho, açambarca tanto professor quanto aluno, inseridos no processo de construção do conhecimento. (DAL MOLIN, 2003, p.23)
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tecnologia de forma a apontar caminhos que transformem o atual modelo de
educação, bem como o papel do professor na integração destes recursos.
SOCIEDADE NA ERA DA INFORMAÇÃO
Na sociedade contemporânea onde os avanços tecnológicos tem ditado
a forma como interagimos com o mundo e com o conhecimento, a cada dia
novos aplicativos tecnológicos e digitais são lançados no mercado, e os meios
de comunicação digital se configuram como a forma mais rápida de obter
informações. Nunca na história da humanidade se presenciou uma dissolução
de fronteiras como vem ocorrendo, fruto das novas tecnologias de
comunicação e informação. Hoje por meio das mídias digitais podemos
interagir com pessoas dos mais diversos lugares do mundo.
Não se pode negar que a forma como interagimos mudou, e que esta
interação não se dá, de forma linear e sim múltipla, repleta de conexões
multifacetadas, criando um mundo paralelo, virtual, mais ágil e dinâmico na
construção e propagação do saber, seja este científico ou popular. Vale
ressaltar que o conceito aqui adotado para o termo virtual se pauta nas ideias
de Lévy (1999), onde o mesmo estabelece significativa reflexão sobre a
virtualização do saber conceituando assim o termo virtual como aquilo que
existe apenas em potência e não em ato, e afirma, transferindo tal
entendimento para o contemporâneo, que:
É virtual toda entidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular (LÉVY,1999, p. 47).
O advento da internet não só mudou a forma como interagimos como
também possibilitou dissoluções de fronteiras e criou estradas que se ligam de
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forma complexa, tecendo uma rede onde informações viajam em milésimos de
segundos. O impacto das novas tecnologias de comunicação tem representado
um desafio para muitos no ensino de língua estrangeira, uma vez que estamos
diante de uma geração nascida nessa era da informação, e seu processo de
interação com o mundo e com o conhecimento se dá de modo bastante
intenso, por meio do uso das tecnologias digitais.
Assmann(2000) conceitua esta sociedade como sendo:
A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação de baixo custo. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alterarão profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral (ASSMANN, 2000, p.9).
Pensar o ensino de língua estrangeira requer um novo olhar sobre essa
nova forma de interação. Pois, como nos coloca Levy (1993) vivemos um
desses raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, ou
seja, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é
inventado.
Os estudantes de hoje já não são mais os mesmos do tempo em que
seus professores foram formados para educar. De acordo com Prensky (2001)
as crianças e adolescentes vivem rodeados por tecnologia e este ambiente
mudou radicalmente a maneira que pensam e de processar informação,
mudança que é resultado de como se envolvem com os meios digitais.
Prensky (2001) nomeia os estudantes de hoje como nativos digitais, pois
entendem de toda essa linguagem de computadores, vídeo games e internet.
Os que não nasceram nesta era, mas, que em algum momento mais tarde
tiveram contato com as tecnologias digitais são chamados pelo mesmo autor
de imigrantes digitais. Os professores de hoje são imigrantes digitais e ainda
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tem receio de tocar a tecnologia, como afirma Prensky (2001), toda língua que
é aprendida mais tarde deixa traços e “sotaque”.
Os nativos digitais já aprendem de forma hipertextual, e não iniciam
precisamente pelo “começo”, ou seja, de certo modo estão inseridos ou fazem
parte do que podemos chamar de rizomático, como destacam Deleuze e
Guattari (2000):
Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo "ser", mas o rizoma tem como tecido a conjunção "e... e... e..." (DELEUZE; GUATTARI, 2000, p. 36).
Vivemos na era da informação, na qual todas as áreas sofreram
mudanças, porém a educação continua oferecendo aos nativos digitais aulas
enraizadas no velho e hierarquizado modelo, no qual existe espaço apenas
para o diálogo entre professor e estudante, quando este acontece sendo que
muitas vezes o dialogo vira monologo não envolvendo os estudantes,
constituindo-se em fator desmotivador e enfadonho.
O advento da internet possibilitou a expansão do ciberespaço, que tem
facultado que se possa laçar um novo olhar à educação, em atribuição às
novas formas de construção do conhecimento, englobando a aprendizagem
mais ampla e a democratização da informação, consolidando assim a
inteligência coletiva.
O ciberespaço é conceituado por Lévy(1999) como:
[...] espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações. Consiste de uma realidade multidirecional, artificial ou virtual incorporada a uma rede global,
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sustentada por computadores que funcionam como meios de geração de acesso (LÉVY, 1999, p.94).
A velocidade com que tem-se desenvolvido novas descobertas, novos
conhecimentos e inovações tecnológicas cada vez mais dinâmicas, que
permitem mais e mais rapidez e exatidão nas trocas de informações e na
interação com o mundo, tudo isso tem colocado velhas formas de ensinar e
aprender na berlinda, levando à reflexão sobre as reformas necessárias para
uma educação que atenda essa nova maneira de aquisição e construção do
saber.
A tecnologia de comunicação digital tem facultado uma grande mudança
em relação à produção do conhecimento uma vez que proporciona como
apregoa Lévy (1993) uma redistribuição da configuração do saber, estabilizado
há séculos com o advento da impressão, ou seja, hoje o saber se redistribui de
forma dinâmica, e cria o que Serres (2000) configurou como espaço de não-
direito, no qual a relação com as informações e com o conhecimento sofrem
mudanças constantes. Talvez esteja aí a dificuldade de muitos professores na
adaptação no uso da TDC, tendo em vista o constante processo de mudança
que terão que acompanhar, sendo imigrantes digitais no mundo dos nascidos
digitais, pois como bem se posiciona Lévy (1993):
As tecnologias intelectuais desempenham um papel fundamental nos processos cognitivos, mesmo nos mais cotidianos. Para perceber isto, basta pensar no lugar ocupado pela escrita nas sociedades desenvolvidas contemporâneas. Estas tecnologias estruturam profundamente nosso uso das faculdades de percepção, de manipulação e de imaginação (LÉVY, 1993, p. 160).
A tecnologia presente na sala de aula pode dar ao estudante o
necessário protagonismo e levá-lo a um mundo hipertextual por meio do qual
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ele poderá construir conhecimentos de forma motivadora e singular,
cooperativa e interativa. Porém se estas tecnologias não forem usadas de
forma adequada, ou seja, dentro de um padrão rizomático18 elas não trarão os
benefícios esperados, será apenas a mesma metodologia tradicional aplicada
na tela de um computador, como Assmann (2000) destaca:
Da mesma maneira como se pode seguir em uma utilização, meramente instrumental e pouco criativa das novas tecnologias, é também sinistramente plausível que, por resistência de muitas escolas a ingressar decididamente na era das redes, o potencial dos aprendentes continue submetido a um verdadeiro apartheid neuronal. O uso (ou não uso) versátil das novas tecnologias tem conseqüências já constatadas no desenvolvimento do potencial cognitivo dos aprendentes (ASSMANN, 2000, p.10).
VANTAGENS E NECESSIDADES DA TECNOLOGIA NO ENSINO DE
LÍNGUA ESRANGEIRA
Comungamos com a explicação de Dal Molin (2003) sobre a vantagem
de se usar tecnologia na educação:
[...] a tecnologia como mais um dos elementos estruturantes do fazer pedagógico, que possibilita um outro fazer individual e coletivo. Um fazer que privilegia a singularidade, ou seja, uma singularidade que não significa aquilo que é individual, mas o caso em si [...] (DAL MOLIN, 2003, p.29).
O conhecimento que nos processos de ensino-aprendizagem devem
acontecer nas multiplicidades e singularidades, ou seja, mais oportunidades de
18 Num rizoma entra-se por qualquer lado, cada ponto se conecta com qualquer outro, não
há um centro, nem uma unidade presumida — em suma, o rizoma é uma multiplicidade (como
se vê, todas essas características prenunciavam a geografia imaterial da Internet, para cuja
assimilação filosófica parecíamos tão pouco preparados) (DELEUZE, GUATTARI, 1997, p.5).
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escolha de temas e de transversalidades deve ser oferecida para que os
estudantes sejam mais autônomos e criativos, não apenas seguidores de
modelos. Cada um tem um ritmo, um conhecimento prévio entre outras
particularidades e nas aulas mediadas pela tecnologia cada estudante segue o
caminho que lhe é tem mais sentido e, no final todos que esforçar-se-ão para
construir o conhecimento novo.
Motter (2013) explica a importância da tecnologia no processo de
aprendência de língua estrangeira:
A adoção ativa da tecnologia digital do processo de ensino-aprendizagem proporciona o envolvimento do estudante no uso real da língua estrangeira e irá ajudá-lo na autopercepção como ser social. Além de desenvolver o raciocínio em outra língua, irá conduzi-lo a perceber o quanto o mundo é heterogêneo, diverso e culturalmente rico ao seu redor. (MOTTER, 2013, p.38)
O uso das tecnologias digitais já é realidade em algumas escolas
brasileiras, contudo a forma como algumas destas tecnologias são utilizadas,
tem se caracterizado como uma reprodução do modelo sistematizado de
ensino como é o caso do sistema de Instrução Apoiada por Computador (CAI),
que se caracteriza como uma versão computadorizada dos métodos
tradicionais de ensino.
O uso das tecnologias de comunicação digitais oferece possibilidades de
mais dinamismo ao ato de ensinar e aprender uma língua estrangeira, seja esta
qual seja, possibilitando de maneira concreta uma práxis pedagógica pautada
na transversalidade, pois ao estabelecer contato com falantes da língua que
está contactando, o aprendente também tem a oportunidade de conhecer a
cultura deste falante.
O termo transversalidade trazido a esta discussão é o conceituado por
Nicolescu (1998), físico romeno, e um dos autores da Carta da
Transversalidade resultante do I Congresso Mundial da Transversalidade, cujo
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termo significa através e além das disciplinas, considerando a dinâmica gerada
pelo entrelaçamento dos vários níveis de realidade concomitantemente,
sustentada por três pilares: os níveis de realidade, a lógica do terceiro e a
complexidade.
Hoje, temos a comunicação como lugar de interação, estabelecendo
proximidade com as relações sociais, estreitando laços que pelo contato
pessoal não seriam possíveis diante do ritmo de vida acelerado que a
modernidade impõe. Este novo modo de comunicação criou também uma nova
relação que rompe com barreiras historicamente construídas, estabelecendo
laços simbólicos totalmente reconfigurados.
A aprendizagem de língua estrangeira hoje tem como premissa o
desenvolvimento comunicacional do aprendente, assim as tecnologias de
comunicação digital, além das amplas possibilidades comunicacionais que se
oferecem por meio de diversos softwares e hardwares, também estabelecem a
comunicação entre aprendente e objetos técnicos.
A aprendizagem mediada pelas tecnologias de comunicação digital
apresentam infinitas possibilidades, porém não se pode entender que as
tecnologias por si, possam se constituir como principal meio para uma
aprendizagem pautada na transversalidade, na multiplicidade consigindo
romper com o modelo hierarquizado, há muito tempo empregado. O professor
ainda continua sendo o elo para uma construção rizomática do conhecimento,
assim cabe a este a responsabilidade de um olhar diferenciado sobre sua
práxis.
A tecnologia representa a revolução no ensino de línguas ao
disponibilizar certa abundancia de materiais online. Podemos usufruir de
diversos recursos como musicas, vídeos, filmes, jogos, blogs, chats, dentre
outros. Para Roncarelli (2007):
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Uma aposta é ver a tecnologia na educação como recurso multimídia, do mesmo modo como se vê o lápis, a caneta, a lousa, o martelo, instrumentos criados pelo homem para facilitar seus fazeres, otimizando tempos e espaços, ou seja, uma questão ubíqua (RONCARELLI, 2007, p.6)
Os estudantes de línguas têm a oportunidade de se comunicarem com
pessoas do mundo inteiro via tecnologia digital. A oralidade que sempre foi o
maior obstáculo na aprendizagem da LE encontra nestes meios a oportunidade
para seu aprimoramento.
A TCD possibilita, além do som, oportunidade conhecer através de
videoconferência a pessoas com a qual interage e, portanto pode produzir
conteúdos inusitados originados deste diálogo, assim o estudante enquanto
entra em interlocução aprende algo da língua do outro e de sua cultura e
ensina algo que ele vivencia enquanto um cidadão de outro mundo. A
tecnologia permite que o estudante vá para além do uso individualizado,
passando a ser uma relação interativa e de cooperação.
Ainda existe a possibilidade de ser usada a tecnologia dos blogs como
forma de mostrar para a comunidade escolar, para os pais e demais
navegantes do ciberespaço, os trabalhos produzidos pelos estudantes, pois os
blogs servem como ambientes hospedeiros daquilo que for produzido no
idioma em estudo os quais podem ser visitados por outros estudantes, e assim
há o compartilhamento do conhecimento adquirido há a mediação entre o
aprendiz e a língua estrangeira por meio das postagens e comentários.
Dando lugar para as novas tecnologias pode-se oferecer aos alunos
uma sala móvel. As possibilidades são imensas. O aprendente pode viajar para
diferentes lugares. O uso dessas ferramentas possibilita o mergulho em um
mundo rico em informações, Moran (2000) explica a importância e as
mudanças que a práxis rizomática pode proporcionar:
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Os processos de comunicação tendem a ser mais participativos. A relação professor-aluno mais aberta, interativa. Haverá uma integração profunda entre a sociedade e a escola, entre a aprendizagem e a vida. [...] Os cursos serão híbridos no estilo, presença, tecnologias, requisitos. Haverá muito mais flexibilidade em todos os sentidos. Uma parte das matérias será predominantemente presencial e outra predominantemente virtual. O importante é aprender e não impor um padrão único de ensinar (MORAN, 2000, p.4).
O PAPEL DO PROFESSOR NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
As TCDs possibilitam ao professor recursos que podem viabilizar um
contado real com a língua que está ensinando, por meio de diversas
ferramentas tecnológicas o professor tem condições de oferecer ao estudante a
oportunidade de aproximação com falantes nativos da língua alvo, para que
possam interagir com a língua em situações reais de uso, e assim
compreendam que a aquisição da língua se dá em relação a uma construção
social e histórica. E que não existe um bilinguismo perfeito, pois cada usuário
da língua se comporta diferente no tratamento e uso da mesma, e que as
escolhas lexicais realizadas no momento, principalmente da fala, bem como a
articulação das mesmas, refletem muito as particularidades de cada falante,
seja ele nativo da língua ou não. Deste modo, a aproximação proporcionada
pelas Tecnologias de comunicação digital garante interação que vai além do
reduto institucionalizado, rompe fronteiras e dá dinamicidade e autonomia para
o aluno na construção do conhecimento na nova língua.
As tecnologias digitais já estão presentes na escola e muitas vezes não
são utilizadas, pois não há domínio por parte dos professores, mas se estes se
colocarem no papel de aprendentes, e deixarem que os estudantes ajudem
quando houver dificuldades do manejo tecnológico, eles sentir-se-ão honrados
em poder auxiliar seu professor e também em assumir um papel protagonista
na lida com a tecnologia, que eles dominam. Então para que as tecnologias
digitais realmente façam a diferença os professores devem ser capacitados
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para isto compreendendo que seu papel de único detentor do saber passa a
ser o mediador que propõem desafios (abertos) que levam os estudantes
pensar, ser criativos e autônomos e cooperativos.
Para Deleuze (2000) o importante é vencermos os modelos
hierarquizados que ele chama de modelo arbóreo para que deixemos o
pensamento transitar pelas vias rizomáticas que lhe são ontológicas ou
inerentes:
Estamos cansados da árvore. Não devemos mais acreditar em árvores, em raízes ou radículas, já sofremos muito. Toda a cultura arborescente é fundada sobre elas, da biologia à lingüística. Ao contrário, nada é belo, nada é amoroso, nada é político a não ser que sejam arbustos subterrâneos e as raízes aéreas, o adventício e o rizoma. [...] O pensamento não é arborescente e o cérebro não é uma matéria enraizada nem ramificada (DELEUZE, 2000, p.26).
O professor orienta, incentiva, motiva e provoca reflexões nos
estudantes para a busca e construção do conhecimento. Agora os estudantes
não tem apoio só do professor, mas de dispositivos tecnológicos e uma
infinidade de conhecimento disponíveis online.
Assim, a escola troca o antigo papel de mera transmissora de
conhecimentos, em favor de um fazer pedagógico que corrobore com os
anseios dos aprendentes, para que estes possam transformar as informações
obtidas pelos meios tecnológicos e interagir com estes de maneira a aprender,
como apontado por Lévy (2001):
As escolas e as universidades deverão dar aos alunos o que eles buscam. O que eles buscam verdadeiramente: compreender o mundo qual vivem. Um mundo interconectado, convergindo para um espaço virtual onde a Inteligência coletiva e a economia da informação mais livre possível formam uma só unidade que produz o futuro em velocidade acelerada. É para esse mundo que as universidades do futuro prepararão os alunos, fazendo-os viver nele (LEVY, 2001, p.86).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Não há mais como negar ou fugir da realidade, a adaptação deve ser
feita, a tecnologia de comunicação digital não irá substituir nenhum professor, o
que pode vir a acontecer é ver os professores que não imigrarem para o mundo
digital, desistirem de seu trabalho.
É certo que as tecnologias tanto na educação a distância como nas
aulas presenciais tem propiciado uma grande evolução no processo de ensino-
aprendizagem, ferramentas no auxílio ao ensino e suas principais vantagens
são a interatividade entre pessoas e um excelente meio de propagação de
conhecimentos. Se bem utilizadas estas ferramentas irão enriquecer e darão
maior enriquecimento, interação e interatividade e, maior proporção às aulas de
língua estrangeira.
É importante procurar motivar os alunos para aprender, para avançar,
no sentido de sua participação efetiva enquanto protagonistas do ato de
aprender coletivamente e de modo singular, para que assim o conhecimento
seja alcançado com êxito. Talvez inserir as novas tecnologias seja um trabalho
difícil no começo, mais com certeza teremos um resultado totalmente
recompensador no final.
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LA LENGUA ADICIONAL, LA PALABRA Y LA TECNOLOGÍA:
ENTRE LAS FRONTERAS HÍBRIDAS
Jorgelina Ivana Tallei19
Resumen La lengua que (a) prendo, la palabra, se configura en el contexto de las nuevas tecnologías, en red, donde se configuran nuevas formas de interactuar. Se configuran otros espacios, otros tipos de decir. Partimos de pensar en las fronteras hibridas de la lengua y de las tecnologías, una “hibridación mediática”, siguiendo la propuesta de Lucia Santaella (2010). Las nuevas formas de expresar en red necesitan nuevos espacios que se tejen a través de las transformaciones colectivas de interacción. En ese sentido queremos pensar ¿cuáles son las formas que crea el lenguaje? ¿Cómo creamos en red? ¿Cómo aprendemos en un espacio híbrido? Nuestra propuesta es pensar como interactuar en un espacio mediado por la tecnología, donde los conceptos de cultura, identidad e interacción son piezas claves para pensar y aprender una lengua adicional. La manera como se aprende y como interactuamos con la lengua en un espacio mediado por la tecnología es pensado desde los conceptos que antes enunciamos. Cuáles son las herramientas con las cuales podemos interactuar en una clase de lengua adicional y cuáles son los recursos que podemos usar en las clases, es la propuesta del siguiente artículo. Palabras claves: espacios híbridos, lengua adicional, tecnología
Resumo
A língua que (a) prendo, a palavra, surgem também no contexto das novas tecnologias, em rede, onde os usuários procuramos novas formas de interatuar. E surge também associada a um novo tipo de linguagem. Partimos de pensar nas fronteiras hibridas da língua e as novas tecnologias, em uma “hibridação mediática”, seguindo a proposta de Lucia Santaella (2010). As novas formas de expressar em rede necessitam novos espaços, a própria rede está em constante transformação coletiva. Neste sentido, quais são as novas formas que a linguagem cria? Todos podemos ser criadores de conteúdo, escritores, autores? Como aprendemos nesse espaço hibrido? Nossa proposta é pensar como interatuar em um espaço mediado pela tecnologia, onde os conceitos de cultura, identidade e interação são chaves para aprender a língua
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Docente Español Lengua Adicional/Universidade Federal de Integração Latino-Americana
(UNILA)
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adicional. Como se aprende uma língua e como se aprende a integrar essa língua e chave para pensar nossa proposta. A língua se camufla entre blog, sites, entre as próprias redes sociais, e um telefone móvel, uma tablet nos possibilitam ser autores de um pequeno curta-metragem, de um vídeo poema, de uma (re) criação de obras da literatura. Aprendemos outra língua usando esses recursos. Refletimos sobre alguns possível caminhos que podem ser explorados nas aulas.
Palavras chaves: espaços híbridos, língua adicional, tecnologia
Introducción
Antes de comenzar, creemos necesario e importante definir porque
utilizamos el término de “lengua adicional” en este trabajo. Lengua adicional es
la traducción literal del término additional languages, del inglés y se entiende
a todas las lenguas oficiales o no oficiales de un Estado, en eso se incluyen las
lenguas minoritarias o regionales. Al utilizar el término de lenguas adicionales y
no el de lenguas segundas o extranjeras, el intento es de englobar a todas las
lenguas y no marcar lo “extranjero”.
De esta forma queremos reflexionar en el texto también sobre esa
mirada “otra” cuando estudiamos una lengua y queremos hacerlo partiendo del
uso de las nuevas tecnologías. Según Reggini (1997:35), las tecnologías
electrónicas tienen el potencial de transformar la información, a partir de un
bien escaso y mal distribuido, en un bien público, virtualmente inagotable,
perpetuamente renovado y expandido, y así mejorar la calidad de la educación
e impulsar el desarrollo y la construcción del conocimiento siendo más
accesibles a todos y preservando la calidad de la información cultural para el
uso de las futuras generaciones.
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Considerando que en la sociedad actual, llamada “sociedad de la
información y del conocimiento”, los recursos informáticos son más frecuentes,
permitiendo que estén al alcance de los alumnos con más facilidad, Por lo cual,
cada vez adquiere más importancia la reflexión sobre las nuevas formas de
interactuar en espacios tecnológicos. Y los nuevos sentidos que esas
tecnologías incorporan en las clases. Para comenzar a reflexionar sobre esos
sentidos queremos partir del concepto de “literacy” digital (alfabetización digital)
desde la significación de nuevas prácticas sociales, entendiendo estas, como
nuevas formas de producción del conocimiento. La autora y crítica literaria Ana
Elisa Ribeiro en un artículo del año 2009 afirma que es difícil dar una definición
exacta del término “literacy”, y de hecho cuando buscamos una traducción
literal al término, se nos hace difícil otorgarle el mismo significado semántico
que posee en inglés. Nos inclinamos por apropiarnos de la definición que le
otorga Tfouni (1995), ya que el enfoque se plantea a partir de los cambios
sociales que se producen cuando una sociedad se convierte en letrada.
Podemos afirmar, entonces, que es un “estado o una condición de quien
interactúa de forma competente en diferentes géneros discursivos, recociendo
que no hay una sola práctica de “literacy”, sino que se va modificando de
acuerdo a las prácticas sociales que se establezcan”. En palabras de Soares
(2000:72): “uma prática social: letramento é o que as pessoas fazem com as
habilidades de leitura e de escrita, em um contexto específico, e como essas
habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais.”
Queremos considerar también en ese sentido el término inclusión digital
concepto que nos interesa de manera especial en este trabajo. Para entender
lo que significa, comenzamos por definir la acción de incluir. La misma supone
“contener o englobar a algo o alguien dentro de otra cosa, espacio o
circunstancia específica”. Incluir, por tanto, es sumar algo a otra cosa ya
existente. Así, el término inclusión hace referencia al acto de “incluir y contener
a algo o alguien”. Según Rebelo, (2005:1)
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Inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia (...). Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas ‘alfabetizar’ a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores.
La inclusión digital también forma parte de las preocupaciones de los
gobiernos, las empresas y las entidades, tanto organizacionales como no
gubernamentales, porque estamos ante transformaciones sociales,
económicas, políticas y de comunicación, incluso la forma de relacionarnos
cambia, se modifica. La interacción en red también cambia, además, la forma
de relacionarnos de acuerdo con nuestra propia ciudadanía, ya que la red
posibilita una construcción del conocimiento colectivo. Podemos citar, por
ejemplo, las listas de discusión, las redes sociales, los chat o los foros donde
actuamos y participamos en sociedad.
Ahora bien, cabe reflexionar sobre quienes acceden a este
conocimiento. Este acceso a la nueva sociedad de la información no debe
reducirse a grupos mayoritarios de la sociedad sino que debe darse en
condición de igualdad para todos. Siguiendo lo propuesto por Pierre Lévy, en
su libro “Cibercultura” (1999:1996), el acceso debe extenderse a todos, y este
acceso no supone simplemente un otorgamiento sino además capacitación
para que puedan realizar un buen uso de la información. Creemos entonces
que el uso a de las nuevas tecnologías debe darse desde el ámbito lo social:
Devemos antes entender um acesso de todos aos processos de inteligência coletiva, quer dizer, ao ciberespaço como sistema aberto de auto- cartografia dinâmica do real, de expressão das singularidades, de elaboração dos problemas, de confecção do laço social pela aprendizagem recíproca, e
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de livre navegação nos saberes. A perspectiva aqui traçada não incita de forma alguma a deixar o território para perder-se no ´virtual`, nem a que um deles limite` o outro, mas antes a utilizar o virtual para habitar ainda melhor o território, para tornar-se seu cidadão por inteiro”
Por lo tanto, la información también debe darse para crear medios de
producción propios, sin intermediarios, con el objeto de preservar la memoria
histórica y reflexionar sobre el concepto de identidad. Superar la desigualdad
en el acceso a la información es superar, en consecuencia, la desigualdad
social. Consideramos, además, que esta mirada social permite que “nos
apropiemos” de los saberes culturales, accediendo ampliamente a la
información histórica, social y lingüística de las culturas y de las lenguas, y
permitiendo una reflexión también sobre nuestra propia cultura.
De esta forma, también estaremos trabajando en los procesos de
integración regional y en la afirmación de los valores culturales de los países
latinoamericanos, (re) afirmando la presencia de los mismos en el escenario
internacional.
Partiendo de esta idea no podemos dejar de pensar en la
interculturalidad, que fundamenta nuestra propuesta de trabajo en espacios
digitales, y que implica la comunicación entre las culturas. La interculturalidad,
entendida como reflexión sobre la complejidad de pensar desde la diversidad,
como análisis de los procesos no solamente del lenguaje sino también del
dinámico contacto entre las varias lenguas desde el punto de vista social,
cultural, económico y político; contacto que genera lazos geolingüísticos cada
vez más consolidados y que permite reflexionar sobre la identidad desde una
perspectiva que engloba cuestiones como la inclusión, el sujeto, la frontera, el
lenguaje y la cultura.
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La Cibercultura y el aprendizaje de idiomas: una propuesta intercultural
El concepto de las TIC´s en la enseñanza de las segundas lenguas se
sostiene, fundamentalmente, en el aprendizaje constructivista: el alumno ya no
es un mero receptor de conocimiento, sino que se transforma en un sujeto
activo, editor y autor de contenidos. Así, por ejemplo, puede crear un blog,
editar una wiki, crear un perfil social, conversar en un chat, escoger de qué
modo leerá un texto, entre otras muchas actividades. Todas estas posibilidades
le permiten no solo adquirir y practicar una serie de contenidos lingüísticos sino
reflexionar sobre su propio aprendizaje.
Al plantear estas consideraciones, debemos pensar que en las
modalidades de aprendizaje centradas en los procesos comunicativos y en el
aprendizaje colaborativo, el modelo se centra más en el alumno que en el
profesor y el conocimiento se concibe como un constructo social, facilitado
por la interacción, la evaluación y la cooperación entre iguales. Por
consiguiente, el rol del profesor se ve transformado, de mero transmisor de
conocimientos pasa a ser facilitador en la construcción del propio conocimiento
por parte de los alumnos. Incorporar las tecnologías en el aula modifica no solo
el papel del alumno y del profesor, sino también los espacios y la forma de
reflexionar sobre el aprendizaje.
Como señala Francisco Marcos Marín (2004: 29): “La introducción de las
nuevas tecnologías de la Red a la educación ha coincidido con un cambio
educativo, que se ha desplazado desde las teorías cognoscitivas y
desarrollistas, hasta el aprendizaje como un fenómeno social y de
colaboración.”
De este modo, observamos un cambio en la concepción, tanto en el
profesor como en los alumnos, del proceso de enseñanza y aprendizaje de una
segunda lengua. De un lado, el alumno resuelve sus dudas, participa y
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colabora con sus compañeros en la construcción del aprendizaje, es un sujeto
activo que reflexiona sobre cómo adquirir eficazmente los nuevos contenidos;
de otro, el espacio de la clase se extiende más allá del espacio físico del aula.
En lo que atañe al concepto de autonomía en el aprendizaje, tal como se
entiende en Os Parámetros Curriculares de Ensino Médio (2006:29)
O que se defende, portanto, é a absoluta necessidade de se avocar e levar adiante o desafio de criar condições para que os alunos construam sua autonomia nas sociedades contemporâneas – tecnologicamente complexas e globalizadas– sem que, para isso, é claro, se vejam apartados da cultura e das demandas de suas comunidades. Isso significa dizer que a escola que se pretende efetivamente inclusiva e aberta à diversidade não pode ater-se ao letramento da letra, mas deve, isso sim, abrir-se para os múltiplos letramentos, que, envolvendo uma enorme variação de mídias, constroem-se de forma multissemiótica e híbrida– por exemplo, nos hipertextos na imprensa ou na internet, por vídeos e filmes, etc.
El alumno se concibe como un agente social que interactúa con tareas,
no solo relacionadas con la lengua, sino también en un entorno específico, un
entorno virtual y social. Siguiendo así la propuesto del constructivismo, que se
encuentra entre los paradigmas más importantes que rigen de manera directa
la concepción, el diseño y el desarrollo de las nuevas tecnologías. Este tipo de
aprendizaje se da en las propuestas constructivistas socioculturales, que se
caracterizan por un pensamiento y una práctica democrática, y un escenario de
aprendizaje que respeta la pluralidad de ideas. Esto permite que se dé el
proceso de construcción de conocimiento en un entorno compartido de trabajo
en grupo, de preferencia, en un número pequeño de alumnos para maximizar el
aprendizaje.
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El aprendizaje constructivista se basa en la idea de que los alumnos
trabajen juntos, en colaboración, utilizando esto como recurso didáctico al
servicio de la construcción del aprendizaje. Primero la información se trabaja en
un contexto social (alumno-alumno, docente-alumno) para que posteriormente
cada alumno internalice y dé significado personal al conocimiento.
Para Díaz-Barriga y Hernández (1999: 232) trabajar cooperativamente
es que los miembros del grupo logren juntos metas compartidas, “todos
trabajan juntos hasta que todos los integrantes hayan entendido y completado
la actividad con éxito, de tal forma que la responsabilidad y el compromiso con
la tarea son compartidos”.
Desde este marco se concibe la educación escolar, como una práctica
social y con una evidente función socializadora, definiendo así las coordenadas
en las que se circunscribe el aprendizaje. Lo que convierte al alumno en el
protagonista de su propio aprendizaje. Así, observamos un cambio en la
manera de relacionarse, tanto profesor como alumno, en comparación con los
anteriores enfoques metodológicos de enseñanza. El alumno resuelve sus
dudas, participa y colabora con sus compañeros en la construcción del
aprendizaje, el espacio de la clase se extiende más allá del espacio físico.
Destacamos la función del profesor como “facilitador” en este proceso,
diseñando actividades que puedan abarcar los diferentes estilos de aprendizaje
de sus alumnos. El alumno ya no es el consumidor pasivo de la información,
sino que pasa a ser el sujeto activo en la adquisición del conocimiento.
En este modelo de enseñanza, la intervención del aprendiente es
decisiva en la configuración del programa de contenidos. Incluye en la
secuencia de actividades del mismo: un análisis de necesidades, realizado
conjuntamente por profesores y alumnos, procedimientos de evaluación y
autoevaluación, y una selección de contenidos de aprendizaje. Todo ello debe
contribuir al desarrollo de la autonomía en el aprendizaje. Por tanto, el alumno
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se transforma en sujeto activo de su propio proceso de aprendizaje y deja de
ser un mero receptor de la información.
De esta manera, en las modalidades de aprendizaje centradas en los
procesos comunicativos y en el aprendizaje colaborativo, el modelo se centra
en el alumno más que en el profesor y el conocimiento se concibe como un
constructo social facilitado por la interacción, la evaluación y la cooperación
entre iguales. El conocimiento no es apenas un producto, sino que es un
proceso y un aprendizaje continuo que se realiza desde diferentes
perspectivas: diálogo, aprendizaje informal, pensamiento y reflexión.
Por lo tanto, se trata de llevar a la clase experiencias de aprendizaje que
permitan pensar y reflexionar fuera del ámbito escolar, de modo que se puedan
crear ámbitos de colaboración y aprendizaje en cooperación. El aprendizaje
debe verse como una comunidad, una red, una ecología, la idea de ecología se
relaciona con la idea de colaboración y cooperación en comunidades en red,
dentro de la clase y fuera del espacio de ella. En otras palabras, el espacio de
aprendizaje se ve como un espacio abierto, diversificado y colaborativo.
Espacios híbridos
¿Y cómo enseñamos cultura en estos ambientes digitales? ¿Cuál es el
espacio de integración desde esta perspectiva?
Partimos del presupuesto de que el acceso a la cultura de un pueblo,
sus costumbres y comportamientos, se realiza mediante la comprensión de su
lengua. Y es desde este sentido que acceder a lo multicultural nos permite
reflexionar sobre la cultura del otro y sobre nuestra propia cultura. En la
relación con el otro es preciso distinguir tres ejes, siguiendo a Todorov (2003):
a) el axiológico, el otro es bueno o malo, es inferior o superior a mí ; b) el
praxiológico, adopto los valores del otro, me identifico, o lo asimilo y le impongo
mi propia imagen; y c) el epistémico, conozco al otro o lo ignoro.
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Esta consideración nos lleva a reflexionar también sobre la noción de
“hibridismo”, propuesta por Nestor Canclini (2006)
[...] mestizaje, sincretismo, transculturación, criollización, siguen usándose en buena parte de la bibliografía antropológica y etnohistórica para especificar formas particulares de hibridación más o menos tradicionales. Pero, ¿cómo designar a las fusiones entre culturas barriales y mediáticas, entre estilos de consumo de generaciones diferentes, entre músicas locales y transnacionales, que ocurren en las fronteras y en las grandes ciudades ([y] no sólo allí)? La palabra hibridación aparece más dúctil para nombrar esas mezclas en las que no sólo se combinan elementos étnicos o religiosos, sino que se entrelazan con productos de las tecnologías avanzadas y con procesos sociales modernos o posmodernos.
Canclini no establece una relación de oposición, sino que funda y
fusiona los términos para redefinir el concepto de hibridismo desde la
interculturalidad. La idea que propone se basa en el concepto de identidad:
somos sujetos múltiples, atravesados por varias culturas, viviendo en una
cultura híbrida.
Y es así cómo las nuevas tecnologías posibilitan el conocimiento y
reconocimiento de la diversidad y la identidad desde la red, también hibrida en
este sentido. Estas sirven como un puente de construcción de la memoria
permitiendo registrar, comunicarse e interactuar en red. Las culturas se
conservan cambiando, asumiendo, apropiándose de modos y formas culturales
nuevas. Las TIC incorporan, sin duda, nuevos modos de relacionarnos unos
con otros. Poder hacer un uso social de la red requiere una perspectiva
etnográfica, psicológica y cultural. Y en el caso de los indígenas debemos
además señalar un cuarto momento, que es el de la hibridez o asimilación de
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las nuevas tecnologías de la información a las viejas tecnologías, como lo
apunta García Canclini (1990), que crea una complementariedad entre los
tradicionales medios de información y comunicación, y los nuevos.
Es desde esta perspectiva como entendemos que debemos trabajar la
cultura en las clases de idiomas y la cultura en la red. Muchos de nuestros
alumnos utilizan las nuevas tecnologías para apropiarse de nuevos espacios y
también para socializar con sus compañeros. Pretendemos buscar la inclusión
social y el ejercicio de la ciudadanía a través de la producción colectiva y el
intercambio de diferentes miradas y experiencias entre los alumnos, grupos, y
comunidades diversas, como forma privilegiada de construcción del
conocimiento.
Breves Conclusiones
El contexto actual de enseñanza y aprendizaje de lenguas se re significa
todos los días y es en ese contexto que el papel del profesor también debe
cambiar y acompañar a los cambios en el proceso de enseñanza de lenguas.
Es este contexto las tecnologías forman parte fundamental para pensar nuevos
espacios y nuevos medios de colaboración e integración. La explotación de las
nuevas tecnologías hace con que los alumnos sean capaces de utilizar los
recursos educativos disponibles en la nueva sociedad tecnológica y puedan
potenciar su participación activa en ella.
De esta manera, el proceso educativo tiene en cuenta las nuevas formas
de aprender e interactuar de la sociedad informacional que se aplica tanto a los
profesores, a través del dominio de la didáctica específica de su formación y
desarrollo profesional, como para los aprendices de manera a construir nuevas
habilidades, a partir de las cuales, puedan codificar y decodificar mensajes,
formar un pensamiento crítico y potenciar su desarrollo personal y cultural,
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logrando convertirse en usuarios preparados para las nuevas demandas
tecnológicas.
Bajo esta perspectiva, no podemos dejar de mencionar la importancia
del compromiso institucional con relación a la formación del profesorado y en la
gestión y organización de recursos y herramientas necesarias para que se
cumplan tales retos educativos en respuesta a los desafíos actuales de las
escuelas.
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SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica,
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TODOROV, Tzvetan. A Conquista de América. São Paulo, Martins Fontes, 2003.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Foz do Iguaçu CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS – CURSO DE LETRAS VIIENCONTRO INTERNACIONAL DE LETRAS 2013 LITERATURA E LINGUÍSTICA: LINGUAGENS DO SÉC.XXI ANAIS ARTIGO – ISSN 2175 389X EIXO TEMÁTICO 2: TECNOLOGIAS E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
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ELT ONLINE HELP – AUXÍLIO ONLINE AOS PROFESSORES DE
LÍNGUA INGLESA
Thais Lemos da Costa e Silva¹
Edilson Rubens Lopes de Souza²
Dentro do contexto do ensino-aprendizagem de língua estrangeira, muito tem
sido observado sobre o auxílio que as tecnologias podem fornecer. A nova
abordagem comunicativa é proveitosa e necessária graças à constante
globalização mundial; além disso, a necessidade de compatibilidade entre a
sala de aula e o cotidiano dos alunos tem recebido atenção especial dos
professores, mas muito ainda é necessário para que haja uma adaptação dos
educadores às necessidades dos seus estudantes nesses aspectos. Para o
professor despreparado é muito difícil conhecer fontes diversas que possam
sanar suas dificuldades dentro da sala de aula, seja no planejamento de aulas,
no desenvolvimento de atividades extras ou no auxílio a estudantes. Muitos
professores de primeira viagem acabam tendo que aprender sozinhos e
duramente, sem conseguir dar o auxílio e atendimento necessário aos seus
alunos, especialmente se esses tiverem dificuldades. Esse trabalho tem a
intenção de apresentar uma ferramenta online para professores que ensinam
língua inglesa. O site é um projeto desenvolvido com a intenção de gerar um
centro de informações que dispõe de diversos links, além de materiais, artigos
e dicas que envolvem o ensino de língua estrangeira. Não só professores, mas
também alunos interessados em enriquecer e melhorar sua experiência com a
língua inglesa, tem a oportunidade de acessar um website que dispõe de uma
interface de fácil acesso e de temas que podem sanar as dificuldades dos
professores, fornecendo links para sites com atividades online, materiais,
planos de aula e para outras ferramentas que possam fornecer ao professor o
suporte necessário ao desenvolvimento das habilidades de listening, speaking,
reading e writing, tornando a experiência mais dinâmica e interessante aos
alunos e mais fácil para o educador.
Palavras-chaves: Suporte Online, Inglês, Professores.
ELT ONLINE HELP – ONLINE SUPPORT FOR ENSLIGH TEACHERS
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A lot has been observed when regarding to the support that new technologies
can offer within the context of foreign language teaching and learning. The new
communicative approach is beneficial and necessary due the constant world
globalization; nevertheless, the need of compatibility between classroom and
students’ quotidian has received special attention of the teachers, but much
more is needed in order to provide an adaptation of the educators to the needs
of their students. The unprepared teacher ought to face obstacles, especially
when trying to find sources to overcome the difficulties detected in the
classroom, regarding to lesson planning, extra-activities development or helping
students. Many debut teachers have to learn alone, harshly, without being able
to give the proper assistance to the students, especially if these have specific
difficulties. This work intends to present an online tool for English teachers. The
website is a project developed with the intention to generate an information
center that offers several links, materials, articles and tips involving the English
teaching context. Not only teachers, but also students interested in the
enrichment of their experience with the English language will have the
opportunity to access an online tool with an easy and accessible interface and
themes to help with teachers’ difficulties. They can also access links to websites
providing online activities, materials, lesson plans and other tools that can serve
as aid to the development of listening, speaking, reading and writing skills,
making the language experience more dynamic and interesting to students and
easier to the teacher.
Keywords: Online Support, English, Teachers.
Introdução
Os avanços tecnológicos tornaram-se componentes inseparáveis
do mundo moderno, que tem sido guiado pelos uso de novos dispositivos, tanto
na ciência como na vida cotidiana da sociedade em geral. O dia a dia, para a
maioria das pessoas, já é inimaginável sem o acesso às novas invenções que
moldam nossa sociedade. Era de se esperar que a educação também tomasse
parte nesse contexto, aliando o uso de tecnologias ao ensino.
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O uso de projetores, internet, computadores e aparelhos de som,
muitas vezes tem se tornado primordial para a docência. Nesse contexto o
ensino aprendizagem de línguas estrangeiras conseguiu garantir grandes
avanços advindos dessa integração. Com o avanço da globalização, as
finalidades para o aprendizado de línguas também mudaram. A necessidade,
antes voltada para a leitura e apreciação de textos estrangeiros, passou a
voltar-se para a comunicação.
Nesse contexto, analisamos a disponibilidade de informações
online para professores de língua inglesa e como elas poderiam auxiliar em seu
desenvolvimento pessoal e profissional, assim como que tipos de melhoria
poderíamos prover para contribuir com esse processo de formação, o que
resultou na criação do centro online que será apresentado.
Análise
A transformação do foco da aprendizagem de línguas
estrangeiras, associado à evolução tecnológica, foi capaz de garantir diversas
transformações no ensino. Os professores, agora contando com recursos mais
interativos de multimídia, foram capazes de enriquecer suas experiências em
sala de aula, assim como facilitar suas relações com os estudantes.
Silva Júnior e Costa (2012) verificam que a internet, os recursos
de áudio, o computador e outras ferramentas, tornaram possível o maior
contato entre estudantes de línguas estrangeiras e comunidades nativas,
materiais autênticos e recursos diversos (filmes, textos, notícias, músicas).
Também analisaram a necessidade do professor de tornar-se tecnológico,
sendo capaz de usufruir das ferramentas disponíveis.
A quantidade de informações disponíveis virtualmente é vasta,
assim como as opções de recursos que se podem utilizar em classe. Para um
professor de primeira viagem é comum que exista a necessidade de “aprender
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na marra”, durante o processo de ensino-aprendizagem, por falta de prática
(não necessariamente de instrução) na área.
Singhal (1997) observa que a falta de familiaridade dos
professores pode ser um grande obstáculo para desfrutar das vantagens da
internet como forma de melhorar o processo de ensino. Esse obstáculo, porém,
torna-se cada vez menor com a modernização global e a disposição
ininterrupta de tecnologias no meio.
Observamos, entretanto, que a distribuição de informações na
internet é, muitas vezes, desordenada, além de existirem grandes quantidades
de conteúdo disponíveis em diversos sítios. A utilização de ferramentas de
busca muitas vezes acaba não sendo tão específica quanto deveria, o que
pode dificultar a tentativa de experiência do educador.
O projeto
A partir da análise referente às dificuldades enfrentadas pelos
professores em suas tentativas de acesso a informação na internet,
idealizamos a criação de um centro de ajuda online, com interface intuitiva e
simplificada, que fosse capaz de facilitar a busca dos educadores por materiais
e recursos diversos que o auxiliassem no processo de ensino-aprendizagem da
língua inglesa.
Através da contribuição de diversos colegas, que ao longo de sua
experiência conseguiram encontrar ferramentas diversas para seu
aperfeiçoamento em sala de aula, coletamos os primeiros endereços com a
intenção de formar um banco de dados que servisse de base para o
desenvolvimento do sítio. Com a realização continuada da pesquisa
incrementamos ainda mais os dados, de forma que esses possam manter-se
atualizados.
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O sítio foi desenvolvido na língua inglesa, de forma que possa
atingir um número maior de professores de inglês como língua estrangeira. A
página inicial dá acesso a vários menus com temas específicos para o rápido
acesso dos educadores.
Figura 1 – Tela inicial
As seções foram divididas e dispostas por ordem de prioridade
para melhor acessibilidade dos usuários. A página inicial dispõe de uma breve
introdução ao projeto, apresenta os colaboradores e disponibiliza acesso a
informações, currículos e sítios das partes envolvidas.
A primeira seção é referente a materiais didáticos (Teaching
materials), sendo dividido em subpartes de acordo com suas especificidades,
de sítios com materiais diversos até àqueles focados em planos de aula,
vídeos, músicas, gramática, ou em habilidades especificas.
A segunda parte expõe atividades online (online activities),
também separada de acordo com as habilidades procuradas (General skills,
reading, writing, speaking, listening, gramar and vocabular), de forma que o
educador possa ter acesso direto ao seu foco de pesquisa. Essas atividades
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podem ser direcionadas aos alunos, em sala ou extraclasse, de forma que
esses podem aprimorar suas habilidades ou realizar testes. Todas as seções
são apresentadas com imagens e descrições, facilitando o uso dos
educadores.
Figura 2 – Exemplo de seção (online activities)
A seção de desenvolvimento pessoal (teachers’ development)
apresenta sítios focados no crescimento profissional, com relatos de
experiências, oportunidades e fóruns nos quais os professores terão
oportunidade de conectar-se a grupos de discussões e compartilhamento,
usufruindo da experiência de outros professores e oferecendo também a sua.
O item de autoaprendizagem (self-directed learning) foi criado
com a intenção de fornecer redirecionamento para sítios que objetivam o
ensino através da internet, que podem ser utilizados por professores ou
oferecidos como recursos extraclasse para alunos que buscam melhoria.
Em seguida, o menu de Inglês para fins específicos (ESP) dispõe
de sítios de inglês voltados para fins acadêmicos, negócios, fóruns de
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discussão, etc. Esses contem atividades, planos de aula e diversos outros
materiais que possam auxiliar os usuários interessados no tema.
Posteriormente, contamos com um menu voltado a trabalhos e
gestão (Jobs and management), no qual os usuários poderão encontrar sítios
focados em trabalhos online (tradução, ensino, etc) ou na gestão de escolas e
cursos; complementando sua construção como profissional.
A seção seguinte é baseada no acesso a dicionários
(dictionaries); não somente para tradução direta, mas com sítios que mostram
tradução em contexto (retiradas de outros textos publicados na internet), gírias,
termos específicos (médicos, científicos, legais, etc), uso das palavras na
literatura e abreviações.
O setor de artigos (articles) conta tanto com sítios focados na
exibição de textos voltados ao estudo do ensino de inglês como língua
estrangeira, quanto com artigos de professores da UFRN ou arquivos para
download que possam auxiliar no estudo dos educadores para composição de
suas aulas ou compreensão do contexto de seus alunos e do processo de
ensino-aprendizagem.
Por último, contamos com a seção de contatos (contact),
fundamental para o constante desenvolvimento e aprimoramento do site.
Através dessa seção, qualquer usuário tem a oportunidade de fazer sugestões,
reportar erros ou indicar novos sítios que possam ser agregados ao trabalho,
garantindo, dessa forma, que o projeto não perca sua atualidade nem se torne
obsoleto.
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Conclusão
Ao analisar a interconexão entre educação e tecnologia e as
dificuldades dos professores em utilizar as novas formas de acesso de forma a
contribuir com seu trabalho e desenvolvimento pessoal, sem que esse tenha
que perder muito tempo, elaboramos uma ferramenta online que permite
acesso rápido a diversos sítios focados em múltiplos instrumentos de auxílio.
O educador, tendo acesso à internet, independentemente de sua
localidade, poderá acessar uma vasta gama de materiais interativos, de forma
rápida e prática, além de poder sugerir seus próprios materiais para
composição do site, bem como dicas para sua atualização. O projeto garante
assim um funcionamento contínuo e auxílio igualmente constante para
professores de língua inglesa, usando a tecnologia como facilitadora do ensino,
aproximando a língua, o educador e seus alunos.
Referências
SINGHAL, m. The internet and foreign language education: benefits and
challanges. The internet TESL Journal, Vol. III, No. 6, Junho 1997. Disponível
em: http://iteslj.org/Articles/Singhal-Internet.html. Acesso em: Agosto, 2013.
SILVA JÚNIOR, José Henrique; COSTA, Karla Ferreira da. O uso da tecnologia
no ensino de língua estrangeira. Revista HELB, Ano 6, 1/2012. Disponível em:
http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:o-
uso-da-tecnologia-no-ensino-de-lingua-estrangeira&catid=1112:ano-6-no-6-
12012&Itemid=17. Acesso em: Agosto, 2013.
LARSEN-FREEMAN, Diane. Techniques and principles in language learning
(second edition). Oxford: Oxford University Press.