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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO FELIPE AUGUSTO FERRO ERIG GESTÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS: APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BAGÉ – RS 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO DE …wp.ufpel.edu.br/labserg/files/2014/02/o_erig_2012.pdf · Construção civil pesada. ... Etapas de contrução da barragem arvorezinha

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FELIPE AUGUSTO FERRO ERIG

GESTÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS: APLICAÇÃO NA

CONSTRUÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ARMAZENAMENTO DE

ÁGUA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BAGÉ – RS

2012

FELIPE AUGUSTO FERRO ERIG

GESTÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS: APLICAÇÃO NA

CONSTRUÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ARMAZENAMENTO DE

ÁGUA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência para a obtenção do Titulo de Bacharel em Engenharia de Produção ministrado pela Universidade Federal do Pampa – Campus Bagé. Orientador: Luis Antonio dos Santos Franz.

BAGÉ - RS

2012

FELIPE AUGUSTO FERRO ERIG

GESTÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS: APLICAÇÃO NA

CONSTRUÇÃO DE UMA BARRAGEM DE ARMAZENAMENTO DE

ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título em Engenharia de Produção.

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________ Prof. Dr. Luis Antonio dos Santos Franz - Orientador

Engenharia de Produção – Unipampa

_____________________________________________ Prof. Msc. Maurício Nunes Macedo de Carvalho

Engenharia de Produção – Unipampa

_____________________________________________ Prof. Drª. Patricia Costa Duarte

Engenharia de Produção – Unipampa

DEDICATÓRIA

À Raquel, minha amada esposa e

companheira de todas as horas.

À minha mãe Maria Olga e aos meus

irmãos Juliana, Márcio, Mauricio e Cristini.

À memória de meu pai José Ernani

Erig.

AGRADECIMENTOS

A Deus pela graça de ter concluído

este trabalho.

Aos meus colegas da faculdade pelo

apoio constante no decorrer do curso, em

especial Micheli, Guilherme, Leonardo,

Roberto, Rodrigo (petiço), Éverton.

Agradeço ao meu orientador, o Prof.

Dr. Luis Antonio dos Santos Franz, pela sua

dedicação, apoio e competência, que me

permitiram concluir com êxito este estudo.

A todos os professores do curso, pela

dedicação e a forma de conduzir o curso.

A todas as pessoas que de alguma

forma contribuíram para a realização deste

trabalho.

RESUMO

Não cabe mais atualmente, a aceitação de que acidentes e doenças ocupacionais simplesmente ocorram e façam parte da vida ocupacional, remetendo empregados e empregadores a uma inércia sujeita ao acaso. Para tanto, a redução de riscos no ambiente de trabalho e a consequente melhoria das condições laborais se faz necessária. Neste sentido, o presente trabalho propõe-se a verificar como a utilização da metodologia de gestão dos riscos pode auxiliar na identificação, análise, avaliação de riscos e tratamento dos riscos em um canteiro de obras de uma barragem. Para tanto propõe uma investigação, com a utilização de técnicas de avaliação dos riscos nas etapas de construção, aplicadas ao gestores responsáveis por executar e fiscalizar a obra. Assim pretende-se desenvolver formulários de controle para aplicação em cada etapa analisada. Até o momento verificou-se que com a aplicação da metodologia, é possível identificar os principais riscos e, a partir disso sugerir a criação de formulários de controle por etapa da construção para desta maneira diminuir os riscos presentes no ambiente de trabalho. O conjunto destas práticas representa uma contribuição importante para se conseguir melhorias significativas nas condições de trabalho e redução no número e gravidade dos acidentes nos canteiros de obras. Palavras-chave: Segurança do trabalho. Gestão de riscos. Construção civil pesada. Barragens.

ABSTRACT

No more will currently accepting that accidents and illnesses occur simply part of life and occupational, leaving employers and employees subject to a random inertia. Therefore, the reduction of risks in the work environment and the improvement of working conditions is needed. In this sense, this paper proposes to examine how the use of risk management methodology can assist in the identification, analysis, risk assessment and risk treatment at a construction site of a dam. To this end proposes an investigation, with the use of risk assessment techniques in the construction stages, applied to the managers responsible for implementing and overseeing the work. So we intend to develop control forms for application in each stage analyzed. So far it has been found that the application of the methodology, it is possible to identify key risks and, based on that suggest the creation of forms of control by stage construction to thereby reduce the risks present in the workplace. All these practices represents an important contribution to achieving significant improvements in working conditions and reduce the number and severity of accidents at construction sites. Keywords: Work security. Risk and hazard recognition and control. and heavy civil construction. Dam.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Panorama do processo de gestão de riscos ......................................... 30

FIGURA 2 – Método de avaliação dos riscos ........................................................... 30

FIGURA 3 – Processo de gerenciamento dos riscos ................................................ 31

FIGURA 4 – Fases típicas do Processo de gerenciamento dos riscos ..................... 32

FIGURA 5 - Estrutura fundamental de uma árvore de falhas .................................... 41

FIGURA 6 - Simbologia lógica de uma árvore de falhas ........................................... 41

FIGURA 7 - Esquema de uma árvore de falhas ........................................................ 42

FIGURA 8 - Fases típicas do processo de tratamento dos riscos ............................. 43

FIGURA 9 – Definição de risco ................................................................................ 44

FIGURA 10 – Canteiro de obras da barragem .......................................................... 48

FIGURA 11 – Barragem finalizada ........................................................................... 48

FIGURA 12 – Perfil do maciço ................................................................................. 49

FIGURA 13 - Macro etapas do gerenciamento dos riscos ........................................ 49

FIGURA 14 - Esquema geral da proposta metodológica deste trabalho ................... 51

FIGURA 15: Etapas de contrução da barragem arvorezinha .................................... 59

FIGURA 16: Processo de escavação (decapagem) e seus subprocessos ............... 60

FIGURA 17 - Processo de escavação (decapagem) e seus subprocessos .............. 61

FIGURA 18 - Processo de escavação (cut-off) e seus subprocessos ....................... 62

FIGURA 19 - Processo de tratamento da fundação e seus subprocessos ............... 64

FIGURA 20 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR da Escavação decapagem................................................................................................................ 68

FIGURA 21 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR do canteiro de obras .. 69

FIGURA 22 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR da Escavação do cut-off ................................................................................................................. 71

FIGURA 23 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR do Tratamento da fundação ................................................................................................................. 72

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Evolução Histórica da Segurança do Trabalho ..................................... 21

QUADRO 2: Algumas técnicas de Análise de Riscos ............................................... 35

QUADRO 3: Categoria de frequência ....................................................................... 36

QUADRO 4: Categoria de Severidade dos Cenários da APR .................................. 37

QUADRO 5: Classificação da severidade - frequência – risco ................................. 38

QUADRO 6: Sumário das atividades realizadas ....................................................... 52

QUADRO 7: Matriz de estudo para priorizar perigos ............................................... 58

QUADRO 8: Indicadores de controle ....................................................................... 74

QUADRO 9: Indicadores de controle ....................................................................... 75

QUADRO 10: Indicadores de controle ..................................................................... 76

QUADRO 11 - Matriz de estudo para priorizar perigos ............................................ 80

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Formulário What if ........................................................................... 87

APÊNDICE A.1 – Formulário What if ........................................................................ 89

APÊNDICE A.2 – Formulário What if ........................................................................ 91

APÊNDICE A.3 – Formulário What if ........................................................................ 93

APÊNDICE B – Formulário da APR .......................................................................... 95

APÊNDICE B.1 – Formulário da APR ....................................................................... 98

APÊNDICE B.2 – Formulário da APR ..................................................................... 101

APÊNDICE B.3 – Formulário da APR ..................................................................... 103

APÊNDICE C – Formulário do resultado da matriz de estudo ................................ 105

APÊNDICE D – Formulário de Controle .................................................................. 108

APÊNDICE D.1 – DDS para a Montagem do Canteiro de Obras ............................ 109

APÊNDICE D.2 – Formulário de Controle - Inspeção de segurança ....................... 111

APÊNDICE D.3 – Formulário de Controle - Inspeção Especifica de Segurança ..... 112

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

DAEB Departamento de água e Esgotos de Bagé

WCD The World Commission on Dams

OIT Organização Internacional do Trabalho

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

PGR Programa de Gerenciamento dos Riscos

GRO Gestão dos Riscos Ocupacionais

SST Segurança e Saúde do Trabalho

SGSSO Sistema de Gestão da Saúde e Segurança Ocupacional

SSO Sistema Segurança Ocupacional

NR Norma Regulamentadora

APR Análise preliminar de risco

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho

FTA Failure Tree Analysis

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 1.1 Questões e objetivos de pesquisa ................................................................... 15 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 15 1.1.2 Objetivos Especificos .................................................................................... 15 1.2 Justificativa ........................................................................................................ 16 1.3 Delimitação ........................................................................................................ 16 1.4 Metodologia ....................................................................................................... 17 1.5 Estrutura do trabalho ........................................................................................ 17 2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA .............................................................................. 19 2.1 Considerações iniciais sobre segurança e saúde no trabalho ..................... 19 2.2 Panorama atual da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e perspectivas futuras .................................................................................................................. 23 2.3 A Gestão da SST e seus desafios .................................................................... 25 2.4 Gestão dos riscos na Segurança e Saúde do Trabalho (SST) ...................... 26 2.5 Importância da gestão de riscos ...................................................................... 28 2.6 Modelos possiveis para a gestão dos riscos .................................................. 29 2.7 Identificação dos perigos ................................................................................. 33 2.8 Análise dos riscos ............................................................................................. 34 2.8.1 Avaliação dos riscos ...................................................................................... 38 2.8.2 Tratamento dos riscos ................................................................................... 42 2.9 Normas associadas à gestão de riscos........................................................... 43 2.10 Aplicação da gestão de riscos na construção civil ...................................... 45 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 47 3.1 Etapas Básicas do Modelo Proposto para Aplicação da Gestão de Riscos 49 3.2 Etapa Preliminar ................................................................................................ 51 3.3 Etapa aplicação da gestão de riscos ............................................................... 52 3.3.1 Fase 1: Identificar os Perigos ........................................................................ 52 3.3.2 Fase 2: Análise dos Riscos ........................................................................... 53 3.3.3 Fase 3: Avaliação dos Riscos ....................................................................... 53 3.3.4 Fase 4: Tratamento dos Riscos .................................................................... 54 3.4 Etapa Avaliação crítica ..................................................................................... 55 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 57 4.1 Etapa preliminar ................................................................................................ 57 4.1.1 Formação da Equipe Técnica ........................................................................ 57 4.2 Coleta de Dados Gerais .................................................................................... 58 4.3 Fase 1: Identificar .............................................................................................. 59 4.3.1 Etapa de escavação (decapagem) ............................................................... 59 4.3.2 Montagem do canteiro de obras ................................................................... 60 4.3.3 Etapa da escavação da fundação (Cut-off) .................................................. 62 4.3.4 Tratamento da fundação ................................................................................ 63 4.4 Fase 2: Analisar ................................................................................................. 64 4.4.1 Etapa de escavação (decapagem) ................................................................ 64 4.4.2 Etapa de montagem do canteiro de obras ................................................... 65 4.4.3 Etapa de escavação (cut-off) ......................................................................... 66

12

4.4.4 Tratamento da fundação ................................................................................ 67 4.5 Fase 3: Avaliar ................................................................................................... 67 4.5.1 Etapa de escavação (decapagem) ................................................................ 68 4.5.2 Etapa de montagem do canteiro de obras ................................................... 69 4.5.3 Etapa de escavação (cut-off) ......................................................................... 70 4.5.4 Tratamento da fundação ................................................................................ 71 4.6 Fase 4 : Tratar .................................................................................................... 72 4.6.1 Etapa de escavação (decapagem) ................................................................ 73 4.6.2 Etapa de montagem do canteiro de obras ................................................... 73 4.6.3 Etapa de escavação (cut-off) ......................................................................... 74 4.7 Tratamento da fundação ................................................................................... 76 4.6 Avaliação crítica ................................................................................................ 76 4.6.1 Etapa de escavação (decapagem) ................................................................ 78 4.6.2 Etapa de montagem do canteiro de obras ................................................... 78 4.6.3 Etapa de escavação (cut-off) ......................................................................... 79 4.6.4 Tratamento da fundação ................................................................................ 79 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 81 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83 APÊNDICES ............................................................................................................. 86

13

INTRODUÇÃO

O crescimento populacional e o aumento da produção, os quais elevam-se

rapidamente, são fatores que interferem diretamente na demanda por água, e levam

a preocupação quanto à capacidade dos estoques disponíveis. A utilização de

barragens para este fim vem sendo uma alternativa já bastante utilizada em diversos

locais, mas não como uma solução definitiva devido a vários aspectos, tais como os

impactos provocados no escoamento de rios, impactos ambientais, direitos de

acesso a água e aos recursos hídricos.

A dependência de barragens e reservatórios para abastecimento humano

varia grandemente, dentro de um mesmo país, e considerando-se diferentes regiões.

No Rio Grande do Sul, a região da campanha, onde se localiza o município de Bagé,

segundo dados do DAEB (Departamento de Água e Esgotos de Bagé), há um

problema histórico envolvendo períodos de estiagem. Neste sentido, a necessidade

na construção de um reservatório de água para completar o sistema de

abastecimento da cidade se faz necessário. Atualmente, a região conta com três

reservatórios para fornecimento, os quais não atendem em período de estiagem à

demanda da população. A consequência vem em eventos como a utlização de

racionamento em longos períodos, restringindo a disponibilidade aos seus usuários.

Conforme WCD (2000), as barragens regulam, armazenam e derivam a água

dos rios e das chuvas principalmente para usos domésticos, produção agrícola e

industrial em cidades, geração de energia elétrica e controle de cheias, além de uso

para recreação, turismo e aquicultura. Neste contexto, as grandes barragens

atendem a usos múltiplos, sendo que o uso predominante caracteriza a estrutura e

operação do reservatório.

Neste contexto, as dificuldades para gerenciar os riscos de acidentes na

indústria da construção são grandes, pois é um tipo de indústria que lida com mão-

de-obra de alta rotatividade, baixo nível de qualificação e que percebe baixos

salários. Os altos índices de acidentes na indústria da construção não são uma

exclusividade brasileira. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT,

2005) “esse segmento, juntamente com a agricultura e a mineração, são

considerados como os que proporcionam as mais perigosas ocupações para os

trabalhadores no mundo”.

Esta indústria destaca-se, ainda, por apresentar uma grande diversidade de

14

riscos. Riscos estes que, de acordo com Lima e Moreira (2005), têm maior

repercussão em virtude das condições de trabalho e dos aspectos específicos que

apresenta a construção civil em cada país, em cada região, em cada localidade.

A taxa de acidentes de trabalho desta indústria é assustadora, representando

perdas consideráveis, do ponto de vista econômico e social, tanto para a empresa

quanto para os trabalhadores, bem como para o Governo. Consoante o Anuário

Brasileiro de Proteção (2008), esta indústria é a segunda maior responsável por

acidentes de trabalho graves e fatais. Estes acidentes são resultado de um ambiente

de trabalho onde estão presentes, constantemente, os riscos ocupacionais (físicos,

químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes).

No ambiente de trabalho a frequência com que novos perigos tem sido

descobertos ou evidenciados e a publicidade que eles tem sido objeto devido ao

desenvolvimento do setor de construção civil, tem como consequência imediata o

direcionamento da atenção do público para seus efeitos sobre a saúde, segurança e

meio ambiente. Paralelamente, a responsabilidade para acessar, avaliar e gerenciar

esses riscos tem aumentado tanto no setor público como no privado, visto que a

percepção da necessidade para antecipar, prevenir e reduzir os riscos está implícita

na redução de acidentes.

O estudo ou análise de riscos significa coisas diferentes para pessoas

diferentes, por exemplo, o risco financeiro de se aplicar na bolsa de valores, o risco

das empresas de seguro, as fatalidades de um acidente de uma planta quimica, o

risco de câncer associado com as emissões poluidoras da indústria ou até de se

fumar por 5 anos um determinado tipo de cigarro. Todos estes exemplos se

mostram, apesar de muito diferentes um dos outros, como noções mensuráveis do

evento chamado risco.

A CETESB, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do estado

de São Paulo, por exemplo, faz uso do termo gerenciamento de riscos e assim

define, “É um processo de identificação, avaliação e controle dos riscos,

compreendendo a formulação e a implantação de medidas e procedimentos técnicos

e administrativos que têm por objetivo prevenir, reduzir e controlar os riscos”

(CETESB, 2000).

O tema deste trabalho a proposição de medidas de controle e gestão na

construção de uma barragem na metade sul do Rio Grande do Sul, embasando a

implantação de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), uma vez que

15

possibilitará a antecipação, identificação, avaliação e controle dos riscos ambientais

existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.

1.1 Questões e objetivos de pesquisa

Para o propósito deste trabalho, foram formuladas algumas questões de

pesquisa, sendo elas:

Como a aplicação de uma metodologia de gestão de riscos ocupacionais

pode ser utilizada nas diferentes etapas de construção, e ser uma eficiente

ferramenta na prevenção de acidentes do trabalho no canteiro de obras de uma

barragem?

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral verificar como a utilização da

metodologia de gestão dos riscos qualitativa pode auxiliar na identificação, análise,

avaliação e tratamento dos riscos em um canteiro de obras de uma barragem.

1.1.2 Objetivos Especificos

a) Levantamento do ambiente e dos riscos existentes na Empresa;

b) Avaliar os riscos aos quais os processos nas diferentes fases de

construção estão expostos, que poderão prejudicar o atendimento dos seus

objetivos;

c) Conhecer as fases de construção;

d) Identificar qual risco analisar e onde ocorre;

e) Elaborar modelos de controles internos que diminuam a probabilidade de

ocorrência para aqueles riscos que não estiverem cobertos por controles internos

eficientes.

f) Indicar formas de controle de desempenho das medidas propostas na fase

de tratamento.

16

1.2 Justificativa

Diante do quadro de escassez de água no período seco, e consequente

restrição do fornecimento aos usuários através da adoção de cronogramas de

racionamento. Surge a necessidade de aumento na capacidade de estoque de água

disponível para consumo utilizando-se da construção de uma barragem, com intuito

de atender as demandas atuais e futuras dos usos múltiplos deste bem.

No canteiro de obras é essencial realizar a identificação dos riscos e perigos

existentes, criar uma metodologia para ser utilizada na estruturação dos dados

torna-se necessário. Essa identificação não é padrão para todas as empresas,

devido às diferenças no processo produtivo. Mas deve-se estabelecer prioridades,

avaliar fatores de risco e exposição dos trabalhadores. Nas etapas de construção da

barragem é necessário, que estejam de acordo com as necessidades e

características em termos de detalhes.

Na gestão de riscos primeiramente deseja-se permitir às organizações, boas

práticas gerenciais de comunicação dos riscos, motivando-as a agirem

proativamente e não reativamente. Todavia, o controle de riscos não deve ser

encarada como uma prática estanque e de cumprimento de normas, mas como uma

reafirmação de melhoria de desempenho e implementação de novas ações,

permitindo aos seus gestores reavaliarem as prováveis ocorrências do risco.

Dessa forma, é pertinente que o tema seja tratado através de uma

metodologia para a identificação, avaliação e mitigação dos riscos que também

possa ser utilizada em um canteiro de obras e por fases de construção, oferecendo

uma direção que se espera seja simples e clara para a construtora e engenheiros

interessados no tema e ainda busca contribuir para o avanço de discussões a seu

respeito.

1.3 Delimitação

O presente trabalho se detém ao contexto do canteiro de obras de uma

barragem que será construída na cidade de Bagé na região da campanha no Rio

Grande do Sul, a qual servirá como estoque para o abastecimento de água potável a

comunidade local. Com isso, pretende-se aumentar a demanda de água e desta

maneira, pôr um fim aos períodos de racionamento que historicamente a cidade

17

sofre. Este trabalho apresenta algumas etapas cuja execução de fases exige uma

pesquisa de cunho qualitativo.

Assim, por se tratar de um modelo que prevê também aspectos qualitativos, é

necessário que se apresente alguma carga de subjetividade. O enfoque maior se dá

na apresentação da importância dos riscos e, na procura da identificação e

proposição de solução para os possíveis riscos presentes no ambiente laboral.

O trabalho se detém a abranger o modelo proposto por Alberton (1996), faz

uma divisão do gerenciamento de risco, fundamentado em quatro etapas:

identificação, análise, avaliação e tratamento de dados. Portanto extrapolações a

este modelo são elencadas no conteúdo de trabalho de conclusão.

1.4 Metodologia

Consoante Vergara (2000), as pesquisas podem ser classificadas quanto aos

fins e aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser: exploratória, descritiva,

explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Já quanto aos meios de

investigação, a pesquisa pode ser: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório,

documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e

estudo de caso.

Este trabalho caracteriza-se, quanto aos fins, em descritivo e aplicado.

Descritivo porque analisa: o nível de conhecimento dos riscos e de sistemas de

gestão dos riscos. Aplicada porque é motivada pela necessidade de resolver um

problema concreto da empresa pesquisada possuindo assim, finalidade prática. E

quanto aos meios é uma pesquisa de campo, por apresentar maior flexibilidade

podendo ao longo do processo da pesquisa, ter seus objetivos reformulados.

1.5 Estrutura do trabalho

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro é destinado à

introdução do assunto, à delimitação do tema e dos objetivos propostos. Também,

neste capítulo é feita a justificativa da escolha do tema e da metodologia

empregada, bem como suas limitações e a explanação sobre a estrutura utilizada.

Já o segundo capítulo é destinado ao levantamento do estado da arte, através

da revisão das questões relacionadas a: i) Considerações iniciais sobre segurança

18

do trabalho; ii) Identificação dos perigos; iii) Análise dos riscos; iv) Avaliação dos

riscos; v) Tratamento dos riscos e; vi) Aplicação da gestão dos riscos na construção

civil.

A descrição da metodologia de intervenção é o objeto do terceiro capítulo,

que apresenta em detalhes o modelo proposto, desmembrado em quatro etapas

distintas. Em cada etapa será feita uma estruturação a partir dos seguintes itens: 1)

atividade da fase; 2) objetivos; 3) justificativa; 4) envolvimento; 5) resultados

esperados e, 6) instrumentos práticos.

No quarto capítulo, é apresentado o cronograma de realização das atividades

deste trabalho, para desta maneira, visualizar o desenvolvimento temporal e prático

desta monografia.

A descrição da metodologia de intervenção é o objeto do quinto capítulo, que

apresenta em detalhes o modelo proposto, desmembrado em quatro etapas

distintas. A primeira etapa é com foco na identificação dos perigos, embasada na

aplicação do what if, e levantamento das condições existentes. A segunda destinada

a análise dos risco , com a utilização da técnica APR, a terceira voltada à avaliação

dos riscos, com a utilização da AAF, e por último o tratamento dos dados com a

estruturação de formulários de controle.

19

2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

Neste Capítulo, as contribuições teóricas que serão utilizadas para a

estruturação e compreensão deste trabalho, são apresentadas. Neste sentido, o

mesmo está dividido em três seções, num encadeamento de assuntos selecionados

de acordo com o eixo central que rege esta monografia.

Na primeira seção, delimitada no iten 2.1, são apresentadas as questões

relacionadas à segurança do trabalho. Inicialmente são analisadas informações

sobre sua importância, sendo esta a fonte de toda a preocupação envolvida com os

riscos identificados. Na sequência, discorre-se mais especificamente sobre

segurança do trabalho, a sua evolução, conceitos e princípios. Em seguida são

apresentados os aspectos relacionados ao panorama atual e perspectivas futuras

relativas ao tema. Ao final desta seção, são levantadas algumas considerações

gerais sobre a relação do homem com o risco.

A segunda seção, delimitada entre os itens 2.2 e 2.2.4, apresenta importância

da Gestão dos Riscos Ocupacionais (GRO), que será a base de nosso estudo.

Inicialmente, os aspectos referentes a importância da GRO e modelos possiveis. Na

sequência, são apresentadas normas associadas ao tema. Por último o estudo de

cada item proposto pelo modelo utilizado.

Na terceira seção, item 2.3, é referenciado as questões relacionadas com a

aplicação da gestão de riscos na construção, a partir de uma proposta de

metodologia que se destina à identificação dos perigos, análise de riscos, e

avaliação e tratamento dos riscos. Para finalizar esta seção, aborda-se alguns

argumentos sobre o referencial teórico aqui apresentado.

2.1 Considerações iniciais sobre segurança e saúde no trabalho

Com o advento da participação do Estado nas questões relacionadas aos

efeitos maléficos do trabalho, fez surgir um novo campo de atuação, a segurança do

trabalho. A segurança do trabalho surge para fazer frente aos excessos praticados

pelas empresas contra a força de trabalho, na tentativa de solução de problemas a

partir da identificação de perigos (OLIVEIRA, 2003).

Com isso, através dos séculos, os problemas relacionados com o trabalho

acompanham o homem de forma sistemática. Os acidentes do trabalho e/ou

20

doenças ocupacionais que tantas perdas sociais trazem a uma sociedade, não são

problemas apenas contemporâneos.

Anteriormente à revolução industrial os acidentes mais graves eram devidos a

afogamentos, queimaduras, quedas e lesões devido a animais. Hoje, com o

desenvolvimento de novas tecnologias e o aparecimento de novas formas de

trabalho, uma extensa sucessão de situações perigosas emergiu. Assim como a

segurança do trabalho, os acidentes também precisam ser interpretados como algo

inserido no sistema de trabalho, em que todos as possíveis fatores intervenientes,

sejam avaliados (LIMA E MOREIRA, 2005).

De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994), “um sistema é um arranjo

ordenado de componentes que estão interrelacionados e que atuam e interatuam

com outros sistemas, para cumprir uma tarefa ou função, num determinado

ambiente”. A tarefa de trabalho, entrada, pessoas, meios de produção, processo

(decurso de trabalho), fatores ambientais e saídas, são fatores básicos do sistema

de trabalho. Estes fatores tem caráter técnicos, e/ou organizacional e/ou individuais,

ou seja, relacionados com pessoas.

A industria da construção civil é um exemplo claro disso; quantos riscos

ambientais em forma de poeiras, ruídos, trabalhos em altura e espaço confinado,

projeção de partículas e químicos surgiram, acrescentando novos riscos no nosso

dia a dia, inclusive doméstico? Embora encontra-se atualmente os mais variados

tipos de controle, ou tentativa de controle, de um risco, a história nos mostra que,

apesar dos esforços de alguns abnegados, muito pouco se sabia ou se fazia em

relação à saúde e segurança do trabalho. No quadro 1, são apresentados,

cronologicamente, os principais fatos da história da segurança do trabalho no

mundo.

21

QUADRO 1: Evolução Histórica da Segurança do Trabalho

Época Origem Contribuição

Século

IV AC

Aristóteles

( 384 – 322

AC)

Cuidou do atendimento das enfermidades e prevenção

das enfermidades dos trabalhadores nos ambientes de

minas

Platão Constatou e apresentou enfermidades específicas do

esqueleto que acometiam determinados trabalhadores no

exercício de suas profissões.

Plínio

(23 – 79

DC)

Publicou a história natural, onde pela primeira vez foram

tratados temas referentes à segurança do trabalho.

Discorreu sobre o chumbo, mercúrio e poeiras. Menciona

o uso de máscaras pelos trabalhadores dessas

atividades.

Hipócrates

(460-375

AC)

Revelou a origem das doenças profissionais que

acometiam os trabalhadores nas minas de estanho.

Galeno

(129-201

AC)

Preocupou-se com o saturnismo (metais pesados).

Século

XIII

Avicena

(908-1037)

Preocupou-se com o saturnismo e indicou-o como causa

das cólicas provocadas pelo trabalho em pinturas que

usavam tinta à base de chumbo.

Século

XV

Ulrich

Ellembog

Editou uma série de publicações em que preconizava

medidas de higiene do trabalho.

Século

XVI

Paracelso

(1493-1541)

Divulgou estudos relativos às infecções dos mineiros do

Tirol.

Europa Foram criadas corporações de ofício que organizaram e

protegeram os interesses dos artifícios que

representavam.

1601 Inglaterra Criada a Lei dos pobres.

22

Época Origem Contribuição

1606 Rei Carlos II

(1630-1685)

Em virtude do grande incêndio de Londres foi

proclamado de que as novas casas fossem construídas

com paredes de pedras ou tijolos e a largura das ruas

fosse aumentada de modo a dificultar a propagação do

fogo.

1700 Bernardino

R.

(1633-1714)

Divulgou sua obra clássica “De Morbis Articum Diatriba”

(As doenças dos trabalhadores).

1802 Inglaterra Lei da Saúde e Normas dos Aprendizes.

1830 Inglaterra Dermhan, através de Robert Baker, cria o primeiro

serviço médico industrial.

1833 Inglaterra Aprovada a Lei das Fábricas.

1844-

1848

Inglaterra Aprovação das primeiras Leis de Segurança no Trabalho

e Saúde Pública, regulamentando os problemas de

saúde e de doenças profissionais.

1862 França Regulamentação da higiene e segurança do trabalho.

1865 Alemanha Lei de indenização obrigatória aos trabalhadores, que

responsabiliza o empregador pelo pagamento de

acidentes.

1883 Emílio

Muller

Fundou em Paris a Associação de Indústrias contra

Acidentes do Trabalho

1897 Inglaterra Após o incêndio de Cripplegate, foi fundado o Comitê

Britânico de Prevenção e iniciou-se uma série de

pesquisas relativas a materiais aplicados em

construções.

França Após catástrofe do Bazar da Caridade, foram dadas

maiores atenções aos problemas de incêndio.

1903 EUA Promulgada primeira Lei sobre indenização aos

trabalhadores.

23

Época Origem Contribuição

1919 Tratado de

Versalhes

Criação da OIT, com sede em Genebra.

Brasil Decreto 3724, trata da assistência médica e da

indenização.

1921 EUA Estendidos os benefícios da Lei de 1903 a todos

trabalhadores.

1927 França Foram iniciados estudos em laboratórios relacionados

com a inflamabilidade de materiais e primeiros

regulamentos de SHST.

1943 Brasil Decreto 5452/43, regulamenta capítulo V do Título II da

CLT, relativo à segurança e medicina do trabalho.

1977 Brasil Lei 6514/77, aprova as Normas regulamentadoras

referente a SST.

Fonte: Freitas (1996)

2.2 Panorama atual da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e perspectivas

futuras

Apesar da tentativa de muitos profissionais da área de segurança, na redução

dos acidentes de trabalho, estas ações são normalmente empregadas no pós-

ocorrência, de forma que estes profissionais estão sempre “correndo” atrás do

controle destes acidentes e suas consequências, não raro, em ações isoladas numa

verdadeira atitude por tentativa e erro. O enfoque preventivo é subestimado, sendo o

enfoque corretivo o centro das atenções.

O levantamento do perigo está baseado em princípios questionáveis, como

atos inseguros; prevenção de lesões; aceitação do acidente como fatos fortuitos

e/ou incontroláveis e, que só especialistas podem tratar, entre outros. Desta forma, o

processo “segurança” é centrado apenas no homem e a preocupação maior é com

aqueles acidentes que acarretavam lesões corporais graves e incapacitantes para o

trabalho. Os acidentes, e/ou os incidentes, que não envolvem pessoas, não são

levados em conta em termos de registro, análise e divulgação, apesar de poderem

conter as mesmas causas básicas daqueles que causam lesões.

É fato, há 30 anos, os estudiosos da área de segurança conheciam as

24

limitações dos métodos tradicionais de segurança do trabalho. Alberton (1996),

coloca que mesmo tendo-se consciência das limitações deste modelo tradicional,

“não deve-se, sobremaneira, desprezá-lo ou minimizar sua importância”. Numa

alusão que este modelo, pelo simples fato de existir já é um fator importante, e que o

mesmo serviu de base para as modernas técnicas de análise de risco, com caráter

mais preventivo.

Hoje em dia, os conceitos de segurança do trabalho aceitos por muitos

profissionais, e até pelo Estado, passam por conceituação do tipo: segurança é a

prevenção de perdas, aqui referenciada a todo tipo de ação técnica ou humana, que

possam resultar numa diminuição das funções laborais tanto produtivas quanto

humanas. Ou então: segurança é um conjunto de normas, técnicas e procedimentos

voltados a preservação da integridade dos recursos humanos, materiais e do meio

ambiente.

Sem dúvidas que estas conceituações são um avanço em relação aquelas

definidas no modelo tradicional, porém, também estas, sofrem críticas de estudiosos

Reuter (1989) “coloca que este último conceito, é abstrato porque pressupõe que a

simples existência dos meios (normas, técnicas) assegura o fim, no caso a

preservação da integridade, e propõe novas conceituações sobre o tema:

Segurança do trabalho é um estado de convivência pacífica e produtiva dos componentes do trabalho (recursos materiais, humanos e meio ambiente). As funções de segurança são aquelas intrísecas as atividades de qualquer sistema (gerência), subsistema (divisão de setores) ou célula (profissionais), e que devem compor o universo do desempenho de cada um destes segmentos (REUTER, 1989, p. 30).

A segurança também tem sido percebida como fator de produção, a partir

disso, tratada com mais seriedade pelas organizações, principalmente com o

advento dos programas de qualidade. Uma vez que acidentes, e até incidentes,

influem de forma negativa em todo o processo produtivo, tendo em vista que o

mesmo é responsável por perda de tempo, perda de materiais, diminuição da

eficiência do trabalhador, aumento do absenteísmo, prejuízos financeiros, enfim,

fatores que resultam em sofrimento para o homem mas que também afetam a

qualidade dos produtos ou serviços prestados.

Portanto, fazer segurança desvinculada das demais ações que constituem o

sistema produtivo, não mais é aceito nos dias atuais. Definitivamente, a segurança

25

do trabalho deve ser encarada, como um objetivo da empresa na busca do melhor

aproveitamento dos recursos disponíveis, satisfazendo, por completo, os clientes

internos e externos. Segurança traduz-se, basicamente, em confiança.

2.3 A Gestão da SST e seus desafios

De acordo com Oliveira (1999), a partir de um estudo sobre segurança do

trabalho nas empresas brasileiras para a FUNDACENTRO, os empregadores

habituaram-se a ver a segurança do trabalho sob uma ótica essencialmente

legalista, e não como um item integrante do sistema de gestão empresarial, bem

como, a preocupação com a proteção dos trabalhadores, como uma garantia de

continuidade dos seus processos produtivos.

Pelo contrário, o que se observou foi uma visão equivocada, de achar que a segurança do trabalho era uma questão trivial, simples e de fácil solução. Pior ainda, muitos gerentes insistiam na tese de que a maioria esmagadora dos acidentes é causada pelo comportamento inadequado dos trabalhadores, expresso na imprudência e/ou na negligência em relação às normas da empresa (OLIVEIRA , 1999, p. 63).

Por mais elaborado que seja um programa de SST e por melhores que sejam

as ferramentas por ele disponibilizadas para o diagnóstico e a solução dos riscos do

trabalho, se não houver disposição e participação compromissada de todos os

envolvidos em suas ações, especialmente do corpo gerencial da empresa, os

resultados por ele produzidos serão limitados, tanto do ponto de vista quantitativo,

quanto qualitativo. Pior do que os reduzidos resultados na correção dos riscos do

trabalho é o baixo desempenho na manutenção das medidas corretivas porventura

implementadas.

O ponto de partida para a definição de alguns elementos que compõem os

programas de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho – SST, nas empresas.

Conforme Oliveira (2003), em função da importância, em especial para a

implementação dos referidos programas, trata-se de três elementos que, no

entender do autor , são decisivos para o sucesso ou insucesso desses programas.

... aspectos culturais ou a forma como as partes interessadas; trabalhadores, empregadores, profissionais do ramo e governo – vislumbram e abordam a questão; conteúdos técnicos ou ferramentas utilizadas na identificação e controle dos riscos do trabalho; aspectos ligados aos resultados (OLIVEIRA , 1999, p.4).

26

Da estrutura que compõem um programa de Gestão de Segurança e Saúde

no Trabalho – SST, a cultura, ferramentas e objetivos, se considerados pela

importância, a cultura representa o que há de mais significativo, facilitando, inibindo

ou inviabilizando sua implantação.

Neste contexto, na organização é preciso de alguma forma fazer o uso de

ferramentas de gestão. Em se tratando de segurança do trabalho e saúde

ocupacional não é diferente, pois envolve todos os processos e pessoas de uma

organização seja qual for a atividade. De alguma forma terá riscos envolvidos a ela,

e a participação de todos na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais,

garante o sucesso do sistema. Como qualquer outra gestão, esta necessariamente é

obrigação de todos dentro da organização, “Cabe ao empregado, cumprir as

disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho,

inclusive as ordens de serviços expedidas pelo empregador” (CLT, PORTARIA 3214,

NR 1, ITEM 1.8 ALÍNEA A).

Cabe ao empregado, cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, inclusive as ordens de serviços expedidas pelo empregador (CLT, PORTARIA 3214, NR 1, ITEM 1.8 ALÍNEA A).

Todo o Sistema de Gestão em Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO),

necessita de envolvimento total de todos os colaboradores da empresa, visto que

não se faz prevenção ou se tem controle dos riscos sem envolvimento de todos. “Um

sistema, é utilizado para prover informação, qualquer que seja o uso ou efeito dessa

informação” (...) (ZOCHIO, 2002).

Desta maneira, o setor de Segurança e Saúde da organização, deve

continuamente garantir e acompanhar o fluxo de informações geradas dentro do

SGSSO. Quanto mais envolvimento melhor cultura de segurança, onde as

ferramentas passam por um estagio de maturidade e se tornam parte do processo e

não simplesmente uma obrigação formal. Mais importante que utilizar uma

ferramenta é ter a consciência plena do seu objetivo real.

2.4 Gestão dos riscos na Segurança e Saúde do Trabalho (SST)

A segurança é associada a riscos e acidentes. Para situar a segurança é

27

precisa compreender como os acidentes e riscos se produzem e se inserem na

realidade de uma organização. A identificação de perigos, avaliação e controle dos

riscos , visa criar procedimentos para avaliação contínua destas inconformidades,

incluindo as atividades rotineiras e não-rotineiras, além de todas as pessoas que têm

acesso ao local de trabalho, inclusive pessoas externas à organização. Conforme

define a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2011)

O objetivo essencial da SST é a gestão de riscos ocupacionais. Para concretizar, a detecção de perigos e a avaliação de riscos devem ser consideradas de modo a identificar o que poderia afetar os trabalhadores e a organização, para que se possa desenvolver e implementar medidas de prevenção e de proteção adequadas.

Neste contexto, segundo Oliveira (2003), as empresas de construção civil

devem estabelecer e manter procedimentos para que continuamente consigam

identificar os fatores de riscos, avaliar os riscos e implementarem as medidas de

controle necessárias, que incluem:

• Atividades rotineiras e não rotineiras;

• Atividades de todas as pessoas que têm acesso ao local de trabalho

(inclusive contratadas e visitantes);

• Instalação no local de trabalho seja da organização ou de terceiros.

A organização deve assegurar que os resultados dessas avaliações e os

efeitos desses controles sejam levados em considerações ao estabelecer os

objetivos de saúde e segurança da empresa. Ela deve documentar e manter essas

informações atualizadas. A metodologia da organização para identificar fator de

risco e avaliação de risco deve:

• Ser definida em seu escopo, natureza e prazo para assegurar que seja

pró-ativa em vez de reativa;

• Providenciar a classificação dos riscos e a identificação daqueles que

serão eliminados ou controlados por ações;

• Fornecer dados para a determinação das demandas das instalações,

identificação de necessidades de treinamento e/ou desenvolvimento de

controles operacionais;

• Prover monitoramento das ações necessárias para assegurar a eficácia

e pontualidade de sua implantação.

28

2.5 Importância da gestão de riscos

O risco das pessoas sofrerem ferimentos é um aspecto da vida, porém, mesmo

tendo esta possibilidade, tem havido progressos em melhorar a qualidade de vida. A

expectativa de vida atualmente é maior que em qualquer época passada, e os

produtos que usamos em casa são mais seguros e confiáveis que no passado.

Mesmo com todos estes melhoramentos, os acidentes no trabalho continuam

ocorrendo, contudo, observa-se tendência de reduções ao longo dos tempos.

O perigo sempre estará presente em qualquer lugar que se esteja, pois é

inerente à atividade que se faz ou à substância que se manuseia. Sempre estará

relacionado com a propriedade física ou química de uma substância ou com a

natureza de uma atividade realizada. Risco é a probabilidade que um perigo tem de

ser liberado e causar um acidente. Não existe um consenso sobre a distinção de

risco e perigo, por isto serão revistos conceitos de alguns autores.

Como sinônimo de Hazard: uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material em processo ou redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na possibilidade de existência de efeitos adversos. - Como sinônimo de Risk: expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais. Risco pode ainda significar: - incerteza quanto à ocorrência de um determinado evento (acidente); - chance de perda que uma empresa pode sofrer por causa de um acidente ou série de acidentes (ALBERTON, 1996, p. 40).

De Cicco e Fantazzini (1994), apresentam dois significados à palavra risco.

No primeiro definem risco como: “uma probabilidade de possíveis danos dentro de

um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais”.

Na segunda, associam risco a “uma ou mais condições de uma variável com

potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como lesões a

pessoas, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de

material, em processo ou redução da capacidade de produção”.

O risco pode ser definido objetivamente, ou seja, o risco representa a

probabilidade de ocorrência de um evento indesejável, podendo ser quantificável

através de ferramentas estatísticas; ou subjetivamente, estando relacionado à

possibilidade de ocorrência de um evento indesejável, sendo pouco quantificável e

29

dependente de uma avaliação individual a cada situação. Quanto maior o potencial,

maior será o risco de ocorrer um evento com perdas.

O propósito em que se insere a gestão de riscos primeiramente, é permitir às

organizações, boas práticas gerenciais de controle dos riscos, estimulando-as a

agirem proativamente e não reativamente. Contudo, a gestão de riscos não deve ser

encarada como uma prática isolada e de cumprimento de normas, mas como uma

reafirmação de melhoria de desempenho e implementação de novas ações,

permitindo aos seus atores internos e externos reavaliarem as prováveis ocorrências

do risco. O gerenciamento de riscos conforme sugere Petts (1992) ,

deve atender a outros objetivos os quais incluem o controle e redução dos riscos em níveis aceitáveis, a redução do nível de incertezas no processo de gestão e o desenvolvimento da percepção e comunicação aumentando a confiança pública nas questões que tratam o risco. Adicionalmente, a gestão de riscos poderá beneficiar as organizações, na medida em que mantenha um equilíbrio entre a responsabilidade pela identificação e avaliação dos riscos, e ainda, na habilidade em controlá-los.

2.6 Modelos possiveis para a gestão dos riscos

Além do contexto que deve ser estabelecido, essa etapa tem como objetivo dar

uma visão ampla de todos os fatores que podem influenciar a capacidade da

organização de atingir os resultados esperados em Segurança e Saúde Ocupacional

(SSO), e quais modelos as organizações podem utilizar para a gestão dos riscos.

No modelo de gestão aqui apresentado, conforme apontado na figura 1 abaixo,

a comunicação e consulta surgem como uma etapa constante entre todas as fases

do processo de avaliação de riscos. A consulta precede a comunicação, ou seja,

antes de se tomar uma decisão, a organização e as partes interessadas internas

devem chegar a um consenso e definir um posicionamento antes de comunicar os

riscos às partes interessadas externas.

30

Fonte: Australian Standards-New Zealand Standards 4360:2004 FIGURA 1 – Panorama do processo de gestão de riscos

Um processo de avaliação de riscos pode ser facilmente adaptado à

dimensão e à atividade da empresa, bem como aos recursos e às competências

disponíveis. Um estabelecimento de risco elevado, como uma empresa

petroquímica, exigirá avaliações de determinação de risco altamente complexas e

mobilizará um elevado nível de recursos e de competências. O método de avaliação

de riscos a seguir mostrado pela figura 2, com 5 etapas, foi desenvolvido pelo

Órgão Executivo de Segurança e Saúde do Reino Unido como uma simples

abordagem para avaliar riscos, tem sido aprovado a nível mundial:

Fonte: Organização Internacional do Trabalho (2011) FIGURA 2 – Método de avaliação dos riscos

Por outro lado, pode-se entender que os riscos são a situação de mais

31

trabalho aos profissionais e que, através deles, muitas mudanças são efetuadas na

empresa, exigindo maior comprometimento e mais habilidade e experiência por

parte do gestor (BARREIROS, 2002).

Como se sabe os riscos fazem parte do cotidiano das empresas e através

deles a organização pode tomar decisões importantes e conseguir algum retorno

positivo, que contribua para o crescimento da empresa. Para Zeno (2007):

Uma vez que as empresas estão expostas a diversos riscos, e que estes podem ser medidos ou avaliados, cabe a cada empresa definir quanto risco está disposta a aceitar em troca de uma determinada recompensa ou retorno.

Dessa forma, percebe-se que administrar riscos é uma necessidade para

qualquer instituição. Os riscos podem ser vistos pelo lado positivo, mas são vários os

momentos em que eles são avaliados como negativos. Com isso, pode-se perceber

que os riscos podem ser bons ou ruins, dependendo do modo como eles são

gerenciados. Gerenciamento de riscos é uma:

... implementação das estratégias de controle e prevenção, que são definidas a partir da avaliação da tecnologia de controle disponível, da análise de custos e dos benefícios, da aceitabilidade dos riscos e dos fatores sociais e políticos envolvidos (FREITAS, 1996 apud OLIVEIRA, 2010, p. 12).

A figura 3 abaixo contribui para que o procedimento de gerenciamento dos

riscos seja efetuado com sucesso:

Fonte: JONES et al., 2002 FIGURA 3 – Processo de gerenciamento dos riscos

32

Assim, percebe-se que as empresas convivem com os riscos e cabe a cada

uma, gerenciar, administrar, controlar, diagnosticar, enfim, decidir o que fará em

cada situação.

A definição clara e objetiva das etapas de um processo de gerenciamento de

risco, não é fato unânime entre os diversos estudiosos. Para o desenvolvimento

deste trabalho, será utilizada como referência o modelo proposto por De Cicco e

Fantazzini (1994a) e Oliveira (1991 apud ALBERTON, 1996),” que dividem o

gerenciamento de riscos nas seguintes etapas: identificação, análise, avaliação e

tratamento dos riscos, como caracterizado e desmembrado na figura 4.

Fonte: Alberton (1996). FIGURA 4 – Fases típicas do Processo de gerenciamento dos riscos

De acordo com Sell (1995), o processo de gerenciamento de riscos deve ser

dividido em quatro etapas: análise e avaliação dos riscos (reconhecer os potenciais

de perturbações dos riscos); identificação das alternativas de ação (decisão quanto

a evitar, reduzir, transferir, ou assumir os riscos); elaboração da política de riscos

(estabelecimento dos objetivos e programas de prevenção); e a execução e controle

das medidas de segurança adotadas (execução das etapas anteriores e seu

33

controle).

Conforme Alberton (1996), podem ser identificados a partir da aplicação de

técnicas estruturadas, tais como a Análise Preliminar de Perigos (APP), Análise de

Perigos e Operabilidade (Hazard and Operability Analysis – HazOp), “E se”, ou

“What if”, Análise de Modos de Falhas e Efeitos (FMEA). A fase de identificação de

riscos possibilita ainda às organizações realizarem uma previsão de possíveis

exposições às incertezas, bem como promover o entendimento do nível de risco e

de sua natureza.

A análise de risco, ou seja, a terceira etapa do modelo de gestão, refere-se a

um método sistemático de análise e avaliação de todas as etapas e elementos de

um determinado trabalho, com o objetivo de desenvolver e racionalizar toda a

sequência de operações que o trabalhador executar, tais como, identificar os riscos

potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e corrigir problemas de

produtividade; implementar a maneira correta para execução de cada etapa do

trabalho com segurança.

A avaliação de riscos, consiste em aprimorar as análises de riscos realizadas

anteriormente, a fim de permitir melhor compreensão dos riscos e auxiliar na tomada

de decisões sobre as futuras ações. Tais decisões podem incluir as prioridades de

tratamento de um risco e a avaliação se uma determinada atividade deve ou não ser

realizada.

O tratamento de riscos implica em identificar uma série de opções para o

tratamento desses riscos, avaliar tais opções, elaborar planos de tratamento e

implementá-los. Muitos tratamentos precisam ser aceitáveis para as partes

envolvidas ou para os responsáveis pela implementação, para que sejam eficazes e

sustentáveis.

2.7 Identificação dos perigos

Significa identificar todos os perigos significativos relacionados com cada

atividade de trabalho, considerar quem pode ser prejudicado e como. Podemos citar

alguns como: perigos da planta e de máquinas associadas com a montagem,

operação, manutenção, modificação, reparo e desmontagem; perigos de veículos,

cobrindo tanto o transporte no local e os percursos em estrada; incêndio e explosão;

substâncias que podem ser inaladas; substâncias ou agentes que podem causar

34

danos aos olhos; substâncias que podem causar danos ao entrar em contato ou

sendo absorvidas pela pele; substâncias que podem causar danos sendo ingeridas

(penetrando no corpo através da boca); energias prejudiciais (por exemplo,

eletricidade, radiação, ruído, vibração); disfunções dos membros superiores

associadas com o trabalho e resultantes de tarefas frequentemente repetidas;

ambiente térmico inadequado, como muito quente; níveis de iluminação; superfícies

de piso escorregadias e não uniformes; guardas inadequadas ou corrimãos

inadequados em escadas; atividades de empreiteiros (LIMA E MOREIRA; 2005).

O processo de percepção do risco e do perigo, nem sempre é racional, tendo

em vista que o indivíduo que tem a percepção do risco será influenciado por fatores

individuais definidos e adquiridos principalmente pela sua experiência dentro ou fora

do trabalho. Desta forma, é de suma importância o conhecimento sobre os riscos e

perigos presentes em um ambiente laboral para que sejam possíveis a identificação,

análise e correção dos desvios do processo.

No trabalho para identificação dos perigos nas etapas de construção da

barragem, utilizarei a Técnica What if :

Esta é uma técnica de análise qualitativa, com aplicação bastante simples e útil na detecção de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, e pode ser utilizada em qualquer estágio da vida de um processo. O objeto do What-If é proceder à identificação e tratamento de riscos que pode ser testado possíveis omissões no sistema. (CARDELLA, 2009). Da aplicação do What-if resultam a elaboração de questões sobre a possibilidade de ocorrência de eventos indesejáveis, bem como a geração de soluções para as possíveis ocorrências de eventos indesejáveis levantados. O conceito da análise What-if estimula a equipe de análise de risco a refletir sobre questões que começam com ¨E se...”;” O que aconteceria se...”; “O que acontece se...”

2.8 Análise dos riscos

Apesar da grande utilidade e avanços gerados por estas técnicas, nota-se que

as mesmas não estão sendo aplicadas de forma corriqueira em nossas

organizações. Arrisca-se a dizer que alguns fatores que contribuem para isso, estão

ligados a forma como nossos profissionais tiveram contato com as mesmas, e

identifica-se alguns pontos:

• Algumas técnicas não são explícitas quanto a sua aplicabilidade, até

mesmo porque muitas foram criadas para um tipo especial de aplicação

(principalmente militar, aeroespacial e indústrias químicas);

35

• Falta de modelos teórico-práticos;

• A não adaptabilidade de algumas técnicas à realidade brasileira;

• A dificuldade da escolha da(s) melhor(es) técnica, para o evento

específico;

• O uso das técnicas dissociadas de programas e métodos de melhoria

contínua mais amplos; entre outros. Desta forma, entende-se que estas

técnicas, já conhecidas, não são difundidas tanto entre os profissionais da

área de segurança do trabalho, quanto pelos responsáveis pela

administração e controle de processos.

Souza (1995), define que a análise de riscos tem por objetivo responder a

uma ou mais de uma das seguintes questões, relativas à uma determinada

instalação industrial:

• Quais os riscos presentes na planta, e o que pode acontecer de

errado?

• Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes devido aos riscos

presentes?

• Quais os efeitos e as consequências destes acidentes?

• Como poderiam ser eliminados ou reduzidos estes riscos?

Portanto, a adoção de uma metodologia estruturada e sistemática de

identificação e avaliação de riscos, são necessárias. As principais técnicas de

análise de riscos estão demonstradas no quadro 2 abaixo:

QUADRO 2: Algumas técnicas de Análise de Riscos

Técnica Análise e Resultados

SR = Série de riscos Qualitativa

APP = Análise Preliminar de Perigos Qualitativa

HAZOP = Estudo de operabilidade e

Risco

Qualitativa

FMEA = Análise de Modos de Falha e

Efeitos

Quantitativa e Qualitativa

AAF = Análise de àrvore de Falhas Quantitativa e Qualitativa

Fonte: Souza (1995), modificada

36

Portanto, são vários os motivos para a ineficácia dos métodos de análise de

riscos e/ou a sua não utilização nas empresas brasileiras. Assim, crê-se que, tratar a

segurança do trabalho como algo natural, inerente a qualquer processo, e partícipe

de uma estrutura comum a vários setores da organização, é fundamental para o seu

desenvolvimento, e até, para sua sobrevivência.

Para desenvolvimento do trabalho na construção da barragem, aplicaremos a

técnica Análise Preliminar de Riscos (APR), que segundo De Cicco e Fantazini

(1994b):

A APR também pode ser útil como: ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas operacionais, revelando aspectos que às vezes passam desapercebidos; em instalações existentes de grandes dimensões; e, quando se quer evitar a utilização de técnicas mais extensas para a priorização de riscos. Esta técnica normalmente é utilizada para análises qualitativas, porém, também pode-se utilizá-la para identificar cenários de acidentes que serão empregados em estudo de análises quantitativas para a obtenção de índices de risco.

Como a APR destina-se especificamente à identificação antecipada dos

riscos, os dados sobre a planta poderão ser escassos. No ponto do desenvolvimento

do projeto em que a APR é de utilidade, dentre os poucos dados disponíveis, consta

a concepção do processo.

O processo de execução da APR consiste em identificar os perigos, eventos

iniciadores em potencial, e outros eventos capazes de gerar consequências

indesejáveis. É evidente que é necessária uma certa experiência para realizar tais

avaliações. O quadro 3 contém uma classificação da identificação do cenário de

acidente. Foi preenchida sequencialmente para facilitar a consulta a qualquer

cenário de interesse.

QUADRO 3: Categoria de frequência

CLASSE DENOMINAÇÃO FAIXA DE

FREQUÊNCIA (/ANO)

DESCRIÇÃO

A Extremamente

remota

< 10 -4

Teoricamente possível, mas de

ocorrência extremamente

improvável ao longo da vida útil da

instalação.

37

CLASSE DENOMINAÇÃO FAIXA DE

FREQUÊNCIA (/ANO)

DESCRIÇÃO

B Remota 10-3 a 10-4 Ocorrência não esperada ao longo

da vida útil da instalação.

C Improvável 10-2 a 10-3 Baixa probabilidade de ocorrência

ao longo da vida útil da instalação.

D Provável 10-1 a 10-2 Ocorrência esperada até uma vez

ao longo da vida útil da instalação.

E Frequente >10-1 Ocorrência esperada se repetir por

várias vezes ao longo da vida útil da

instalação.

Fonte: Alberton (1996)

Após a identificação dos cenários de acidentes, estes são classificados de

forma qualitativa segundo sua severidade, conforme identificadas no quadro 4, e o

quadro 5 coloca uma classificação considerando também a frequência e o risco

propriamente dito.

QUADRO 4: Categoria de Severidade dos Cenários da APR

CLASSE DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICAS

I Desprezível Não resulta em danos ou resulta em danos

insignificantes a equipamentos, propriedades e

meio ambiente;

Não ocorrem lesões ou mortes de funcionários

nem de terceiros.

II Marginal Danos leves a equipamentos, propriedade ou

meio ambiente, permitindo proceder à parada

ordenada do sistema;

Lesões leves em funcionários ou terceiros.

38

CLASSE DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICAS

III Crítica Danos severos a equipamento, propriedade ou

meio ambiente, permitindo proceder à parada

ordenada do sistema;

Lesões de gravidade moderada em funcionários

ou terceiros;

III Crítica Exige ações corretivas imediatas para evitar seu

desdobramento catastrófico.

IV Catastrófica Danos irreparáveis a equipamentos, propriedade

e meio ambiente, levando à parada desordenada

do sistema, implicando em reparação impossível

ou lenta e de altíssimo custo;

Provoca inumeras mortes ou lesões graves em

funcionários ou terceiros.

Fonte: Alberton (1996)

QUADRO 5: Classificação da severidade - frequência – risco

Severidade

Frequência

Risco

I – Desprezível A – Extremamente remota 1 – Muito baixo

II - Marginal B –Remota 2 - Baixo

III - Critica C - Improvável 3 - Moderado

IV - Catastrofica D - Provável 4 - Alto

E - Frequente 5 - Muito alto

Fonte: Alberton (1996)

2.8.1 Avaliação dos riscos

A avaliação de riscos é o processo que mede os riscos para a segurança e

saúde dos trabalhadores decorrentes de perigos no local de trabalho. É uma análise

sistemática de todos os aspectos relacionados com o trabalho, que identifica:

• aquilo que é susceptível de causar lesões ou danos;

• a possibilidade de os perigos serem eliminados e, se tal não for o caso;

39

• as medidas de prevenção ou proteção que existem, ou deveriam

existir, para controlar os riscos.

No local de trabalho, a entidade patronal tem o dever geral de assegurar a

segurança e a saúde dos trabalhadores em todos os aspectos relacionados com o

trabalho. A avaliação de riscos permite que os empregadores tomem as medidas

necessárias para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores. Estas medidas

incluem:

• a prevenção dos riscos profissionais;

• a prestação de informação aos trabalhadores;

• a prestação de formação aos trabalhadores;

• a adequação da organização e de meios para a implementação das

medidas necessárias.

Sempre que não seja possível eliminar os riscos, estes devem ser diminuídos

e o risco residual controlado. Numa fase posterior, enquanto parte do programa de

revisão, esse risco residual será reavaliado e a possibilidade de eliminação do risco

talvez possa ser reconsiderada face a novas informações.

Para avaliação dos riscos no presente trabalho, utilizaremos a técnica de

Análise de Àrvore de Falhas (AAF), que conforme Alberton (1996):

define como, um método excelente para o estudo dos fatores que poderiam causar um evento indesejável (falha) e encontra sua melhor aplicação no estudo de situações complexas. Ela determina as frequências de eventos indesejáveis (topo) a partir da combinação lógica das falhas dos diversos componentes do sistema. O evento indesejado recebe o nome de evento topo por uma razão bem lógica, já que na montagem da árvore de falhas o mesmo é colocado no nível mais alto. A partir deste nível o sistema é dissecado de cima para baixo, enumerando todas as causas ou combinações delas que levam ao evento indesejado. Os eventos do nível inferior recebem o nome de eventos básicos ou primários, pois são eles que dão origem a todos os eventos de nível mais alto.

A AAF não é capaz de levantar dados quantitativos precisos, entretanto,

mesmo sendo aplicada ao seu nível de menor complexidade, a técnica propicia um

grande numero de informações e análise do sistema global, ou análise do processo

em questão, fazendo que a equipe de analistas tenha uma visão clara e real, para

posteriormente propor medidas de atuação para a situação desejada. De acordo

com De Cicco e Fantazzini (1994a), o método da AAF pode ser desenvolvido através

dos seguintes passos:

40

• Seleção do evento indesejável ou falha, cuja probabilidade de

ocorrência deve ser determinada;

• Revisão dos fatores intervenientes, como ambiente, dados de projeto,

exigências do sistema, etc., determinando as condições, eventos

particulares ou falhas que poderiam contribuir para a ocorrência do evento

indesejado;

• É preparada uma árvore, através da diagramação dos eventos

contribuintes e falhas, de modo sistemático, que irá mostrar o inter-

relacionamento entre os mesmos e em relação ao evento topo. O processo

se inicia com os eventos que poderiam, diretamente causar tal fato,

formando o primeiro nível. À medida que se retrocede passo a passo, as

combinações de eventos e falhas contribuintes irão sendo adicionadas. Os

diagramas assim preparados são chamados árvore de falhas. O

relacionamento entre os eventos é feito através das comportas lógicas;

• Através de Álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões

matemáticas adequadas, representando as entradas das árvores de falhas.

Cada comporta lógica tem implícita uma operação matemática e estas

podem ser traduzidas em última análise por ações de adição ou

multiplicação;

• Determinação da probabilidade de falha de cada componente, ou a

probabilidade de ocorrência de cada condição ou evento presentes na

equação simplificada. Esses dados podem ser obtidos de tabelas

específicas, dados dos fabricantes, experiência anterior, comparação com

equipamentos similares, ou ainda obtidos experimentalmente para o

específico sistema em estudo;

• As probabilidades são aplicadas à expressão simplificada, calculando-

se a probabilidade de ocorrência do evento indesejável investigado.

41

Fonte: Alberton (1996). FIGURA 5 - Estrutura fundamental de uma árvore de falhas

Dentre as aplicações da AAF do uso do método de falhas podemos citar: para

determinar a situação mais critica, o evento que mais ocorreu, as falhas irrelevantes,

as falhas de maior importância, identificar elementos que causam contratempos. A

simbologia lógica de uma árvore de falhas é descrita na figura 6, e a estrutura é

demonstrada na figura 7.

Fonte: Alberton (1996) FIGURA 6 - Simbologia lógica de uma árvore de falhas

42

Fonte: Alberton (1996) FIGURA 7 - Esquema de uma árvore de falhas

2.8.2 Tratamento dos riscos

Os riscos a serem observados deverão estar identificados e seus respectivos

tratamentos deverão estar definidos de acordo com a natureza e escala dos riscos.

Os riscos deverão ser tratados adotando a seguinte sequência de ações, sempre

que possível:

• Reduzir a probabilidade;

• Reduzir as consequências;

• Eliminar o risco.

Alberton (1996) define que, após devidamente identificados, analisados e

avaliados os riscos, o processo de gerenciamento de riscos é complementado pela

etapa de tratamento dos riscos. Esta fase contempla a tomada de decisão quanto à

eliminação, redução, retenção ou transferência dos riscos detectados nas etapas

anteriores. A decisão quanto à eliminação ou redução diz respeito às estratégias

prevencionistas da empresa. De Cicco e Fantazzini (1994):

consideram que a auto-adoção pode ser intencional e não-intencional. A auto-adoção intencional caracteriza-se pela aceitação de uma parcela das perdas, consideradas suportáveis no contexto econômico-financeiro da empresa, dentro de um limite tido como aceitável. Estas despesas são usualmente previstas no capital de giro da empresa, ficando desvantajoso para a mesma transferir estas perdas (consideradas pequenas), uma vez que o prêmio cobrado pela seguradora provavelmente ultrapassaria o valor estimado destas perdas. A auto-adoção não-intencional não é planejada, resultado da não identificação dos riscos e até devido à ignorância quanto aos riscos existentes. Este último tipo de auto-adoção pode ser perigoso e, pode até tornar-se uma situação econômico-financeira catastrófica.

43

A figura 8 apresenta um fluxuograma de divisão no tratamento dos riscos, em

que a empresa define um dos modos, ou utiliza os dois dependendo de quanto

considera em termos de valor, para assumir perdas.

Fonte: Alberton (1996). FIGURA 8 - Fases típicas do processo de tratamento dos riscos

2.9 Normas associadas à gestão de riscos

O PPRA (Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais) é um programa de

higiene Ocupacional e um dos documentos mais importantes para implementar

ações preventivas que possam estar expostas aos agentes ambientais. O PPRA é

parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da

preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado

com o disposto nas demais NR (Norma regulamentadora).

Segundo a NR – 9 PPRA define sua estrututra da seguinte maneira:

a) Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e

cronograma;

b) Estratégia e metodologia de ação;

c) Forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;

d) Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

44

Neste contexto o programa é dividido em 3 (três) fases de desenvolvimento

que são: antecipação e reconhecimento dos riscos; estabelecimento de prioridades

e metas de avaliação e controle; avaliação dos riscos e da exposição dos

trabalhadores; implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

monitoramento da exposição aos riscos; registro e divulgação dos dados.

Na fase de reconhecimento a identificação e avaliação das condições de risco

é o principal objetivo da fase. O conceito de risco utilizado deriva da palavra inglesa

hazard , que vem sendo traduzida para o português como perigo ou fator de risco ou

situação de risco. Segundo Trivelato (1998), o conceito de risco é bidimensional,

representando a possibilidade de um efeito adverso ou dano e a incerteza da

ocorrência, distribuição no tempo ou magnitude do resultado adverso.

Assim, de acordo com essa definição, situação ou fator de risco é “uma

condição ou conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar efeitos

adversos (morte, lesões, doenças, perdas materiais ou impactos ao meio ambiente”.

Conforme Moraes (2011) “ De uma forma geral, os fatores de risco no ambiente de

trabalho podem ser classificados, segundo sua natureza, em:

a) Ambiental: físicos, químico e biológico;

b) Situacional: instalações, ferramentas, equipamentos, materiais,

operações, outros;

c) Humano ou Comportamental: decorrentes da ação ou omissão

humana.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011) a Gestão de

Riscos está diretamente ligada aos objetivos de um negócio. Estratégia e Risco em

Geral são dois termos que aparecem juntos. Por exemplo: quais riscos estão

presentes no ambiente laboral? Como detectar o risco? Qual o risco pode provocar

acidente?

Fonte: ABNT NBR ISO 31000 (2011) FIGURA 9 – Definição de risco

45

A ABNT (2011) orienta ainda que gestão de riscos deve estar inserida nos

processos organizacionais. Assim como a segurança e saúde das pessoas não deve

ser vista como um processo à parte, e, sim, parte integrante dos processos da

organização, a gestão de riscos também deve ser "Total". A figura 8 mostra a

sequencia de diagnóstico.

Considerar os riscos durante projetos e mudanças em situações de trabalho

pode contribuir para uma operação mais segura e confiável. Executar tarefas ciente

dos riscos envolvidos também é fundamental para o sucesso no dia a dia, evitando

acidentes, baixa produtividade e impactos ambientais (ABNT, 2011). Nota-se, no

entanto, que, para que não ocorram sinistros no projeto, é essencial que os riscos

sejam diagnosticados e tratados antes que ocasionem falhas, defeitos ou acidentes,

capazes de afetar todo o desempenho do processo.

2.10 Aplicação da gestão de riscos na construção civil

Os acidentes na construção civil muitas vezes não ocorrem por razões de fácil

solução. Infelizmente, eles têm origens mais profundas e ocorrem muitas vezes sem

que haja consciência de quais são as suas reais causas, o que é muito comum

quando os acidentes não provocam lesões ou são de natureza leve. Expressões

como: a) este acidente foi uma fatalidade; b) ocorreu porque tinha que ocorrer; c) foi

a força do destino; demonstram claramente a falta de conscientização das pessoas

em geral para o problema.

O desenvolvimento das atividades para a construção de uma barragem são

realizados em várias etapas, onde mencionamos algumas delas, assim como os

tipos de acidentes mais comuns associados as mesmas que segundo a Sinduscon-

RS (2007) são:

1. Montagem do canteiro de obra – conjunto de instalações que dá apoio

à administração de obra e aos trabalhadores, para a construção de uma edificação.

Os principais riscos envolvidos são: choque elétrico e a falta de Equipamentos de

Proteção Individual e incêndio.

2. Escavação – os principais riscos associados são: desabamento de

terra, bombeamento (casos de rebaixamento do lençol d’água), distância entre

trabalhadores em escavação manual e raio de ação da escavadeira.

3. Fundação – parte de uma estrutura que transmite ao terreno

46

subjacente (abaixo) a carga da edificação ou ainda, o plano sobre o qual assentam

os alicerces de uma construção. Os riscos envolvidos são: falta de escoramento por

taludes, má utilização de campânula (câmara usada para compressão e/ou

descompressão de trabalhadores), queda, lançamento de partículas sólidas, etc.

4. Trabalhos em concreto armado (Vertedouro) – apresentam

diversidades de riscos e grande incidência de acidentes. Esse trabalho se divide nas

seguintes fases: formas, escoramentos, armação de aço, concretagem e desforma.

Riscos envolvidos: prensagem e/ou corte de mãos e dedos, queda de

pessoas/peças/ferramentas, choques elétricos, tombamento de materiais, madeiras

com pregos expostos, escorregamento, falta de proteções nas pontas dos

vergalhões (aço), falta de proteção individual e/ou coletiva das pessoas e os

incêndios ocorridos principalmente no coletor de serragem da serra circular.

5. Instalações em geral – compreende o seguinte: instalações elétricas,

hidráulicas, sanitárias, de gás, de elevadores, de ar condicionado, de exaustão e de

ventilação, assim como, canalizações em geral. Os riscos mais evidenciados nestas

operações são: choque elétrico, uso de adorno (pulseiras, correntinhas e canetas de

corpo metálico, etc.), contusão, corte e/ou ferimentos, vazamentos d’água e de gás,

queda, falta de sinalização e tantos outros.

6. Máquinas e equipamentos – os mais utilizados são: guindaste (grua,

sobre esteira ou rodas), betoneiras, compressores, máquinas de dobrar, cortar ferro

e virar chapas, serra circular de bancada, guinchos e torres, bombas, vibradores,

talhas, etc. Os principais riscos são: quebra de partes móveis, projeção de peças ou

partículas, ruptura de cabos e/ou amarras, operadores não habilitados, corte e/ou

prensagem de mãos e dedos, falta de manutenção preventiva, choque elétrico,

incêndio, falta de envelope de proteção em partes móveis de máquinas.

Com o objetivo de minimizar e/ou eliminar os problemas identificados nas

fases de desenvolvimento das atividades na construção da barragem, se faz

necessário a identificação dos riscos, tendo como objetivo o aperfeiçoamento do

comportamento humano, ambiental e de processos, numa tentativa de prevenir os

acidentes o que resultará no aumento da produtividade.

Os métodos usados na identificação dos riscos do processo da construção

civil deverão estar baseados na análise de cada fase da construção em estudo, ou

seja, nas atividades de decapagem, escavação, fundação, o próprio canteiro de

obra, o trabalho em concreto armado, entre outros.

47

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

De um modo geral, a finalidade de um modelo, é encontrar uma melhor

maneira de executar algo. A proposição de um modelo para a execução de

atividades na área de segurança do trabalho com propósito de gerenciamento dos

riscos, visa, na verdade, aumentar a eficiência dos trabalhos realizados nesta área

de conhecimento.

Como proposto inicialmente, a criação de modelos e métodos de prevenção

de riscos aos trabalhadores, e ao próprio processo produtivo, baseados em

reconhecimentos de riscos e perigos pelos demais setores da organização, é um

passo fundamental para que os objetivos gerais da segurança do trabalho sejam

alcançados.

A metodologia apresentada neste capítulo, tem princípios oriundos das etapas

de gerenciamento dos riscos, formulada a partir de conceitos introduzidos por De

Cicco e Fantazzini (1994a) e Oliveira (1991). Portanto, neste trabalho, propõe-se

utilizar o método que se destina à implementação da gestão dos riscos ocupacionais

nas etapas de construção de uma barragem, com o enfoque na segurança do

trabalho.

O grau de profundidade em relação a aplicação deste método é dependente

da complexidade dos problemas encontrados, e do compromisso da direção da

empresa quanto à sua aplicação. Acredita-se, que em organizações que já possuam

um sistema de identificação dos risco aplicado a seus processos, ocorra uma maior

facilidade tanto na implantação do método proposto, quanto na possibilidade do

sucesso do mesmo.

Importante, também, é a possível mudança cultural esperada a partir de

iniciativas deste tipo, tendo em vista que o reconhecimento dos riscos passaria a

fazer parte de um processo mais dinâmico, participativo e, porque não dizer,

sistêmico, dentro da organização.

O campo de trabalho objeto deste estudo é a gestão de riscos ocupacionais

na construção de uma barragem localizada no município de Bagé, Rio Grande do

Sul. A figura 10 situa o local de construção da barragem.

48

Fonte: Google earth FIGURA 10 – Canteiro de obras da barragem

A obra esta sendo executada por uma construtora com sede na grande Porto

Alegre, presente no mercado a mais de 30 anos, sendo líder em seu segmento de

atuação. Na parte de segurança do trabalho conta com a supervisão de um

Engenheiro de segurança do trabalho e um técnico de segurança do trabalho que

acompanham o desenvolvimento da obra. Na figura 11 mostra uma previsão de

alagamento e a área a ser ocupada quando a barragem estiver pronta.

Fonte: DAEB (2011). FIGURA 11 – Barragem finalizada

49

Na descrição da barragem, o núcleo argiloso pouco permeável que tem por

função garantir a estanquidade da barragem. O material de granulometria superior

forma os maciços estabilizadores e tem uma função essencialmente estrutural. Na

face de jusante do núcleo argiloso, é colocado um dreno que recolhe a água que

eventualmente atravesse o núcleo por percolação. Este dreno estende-se pela

interface maciço estabilizador de jusante / fundação até ao pé do talude de jusante.

Os maciços estabilizadores são constituídos por enrocamento. O dreno é feito de

seixo completamente envolvido por geotextil. Na figura 12 identifica-se através do

perfil da taipa os materiais e processos a serem utilizados na construção.

Fonte: DAEB (2011) FIGURA 12 – Perfil do maciço

3.1 Etapas Básicas do Modelo Proposto para Aplicação da Gestão de Riscos

O princípio básico para execução deste trabalho, está fundamentado em quatro

macro fases: Identificar - ID; Analisar - AN; Avaliar - Av; e Tratar – TR, tipicamente

utilizadas na gestão de riscos, conforme mostrado na figura 2. Tendo como ponto de

partida estas fases típicas de um modelo de gestão de riscos construiu-se uma

etapa de pesquisa inicial, uma etapa intermediária de aplicação da gestão de riscos

e uma etapa final, denominadas como Preliminar e Avaliação crítica,

respectivamente.

Fonte: Elaborada pelo autor. FIGURA 13 - Macro etapas do gerenciamento dos riscos

50

Na etapa preliminar, são apresentados aspectos referentes a formação de

uma equipe técnica, que acredita-se ser importante quando da colocação em prática

do modelo de formulário a ser aplicado a cada fase de execução, bem como, a

forma como deverão ser realizadas as coletas de dados gerais sobre a organização

em estudo.

Após a etapa preliminar partiu-se para a etapa denominada aplicação da

gestão de riscos, a qual tem suas fases explicadas a seguir. Na primeira fase,

identificar, as primeiras informações necessárias ao desenvolvimento do método

são discutidas. A identificação dos perigos das etapas, como elemento básico, e o

conhecimento da tecnologia empregada, são as fases iniciais deste trabalho. Nesta

fase são coletados dados relacionados a fatores que, normalmente, iniciarão a

aplicação deste método.

Na segunda fase, analisar, ocorre a qualificação dos perigos utilizando-se a

técnica APR referente aos fatores de risco no ambiente laboral, levando-se em conta

a fase anterior, e os conhecimentos implícitos da equipe, que é aqui explorado

através da percepção dos riscos pelos mesmos. Na sequência é discutido a forma

de realizar a avaliação destes dados, finalizando com a definição de situações

críticas.

Na terceira fase, avaliar, apresenta-se e discute-se uma análise da etapa de

construção, para dessa maneira, ter-se uma visão clara e real e propor medidas de

correção.

Na quarta e última fase, tratar, as questões relacionadas a implementação

das melhorias, bem como a garantia da sua continuidade, devem aflorar. Em todas

estas etapas, o foco será, direta ou indiretamente, direcionado para a área de saúde,

higiene e segurança do trabalho.

Por fim, será realizado concomitantemente com a aplicação da pesquisa em

campo uma discussão quanto aos resultados obtidos e relativamente aos aspectos

relativos à aplicação prática, tais como, desafios identificados no modelo e suas

ferramentas, pontos forte e pontos fracos. Esta etapa foi denominada como

Avaliação crítica. Esta proposta de pesquisa pode ser melhor compreendida pela

figura 14.

51

Fonte: Elaborada pelo autor FIGURA 14 - Esquema geral da proposta metodológica deste trabalho

A demonstração de cada fase, será feita a partir dos seguintes itens: 1)

atividade da fase; 2) objetivos; 3) justificativa; 4) envolvimento; 5) resultados

esperados e, 6) instrumentos práticos.

3.2 Etapa Preliminar

A execução, na prática, do modelo proposto exigirá a formação de uma equipe

técnica cuja composição é função da complexidade do trabalho. Desta equipe,

necessariamente, haverá a participação de um técnico na área de saúde, higiene e

segurança do trabalho (empresa que vai executar a obra e da empresa que

fiscalizará), além dos engenheiros envolvidos tanto na fiscalização quanto na

execução.

Durante a execução das atividades, a equipe técnica poderá/deverá envolver

outros profissionais, independente do seu nível hierárquico, que tenham

conhecimentos específicos sobre a matéria em questão, tanto nas etapas de coleta

de dados e avaliação, quanto na etapa de definição de melhorias.

Além dos conhecimentos técnicos inerentes ao estudo, é importante que as

pessoas que componham a equipe técnica, tenham habilidades para resolução de

problemas, ou seja, que tenham poder de análise, da diagnose, da síntese e que

estejam abertos a opiniões de todas e quaisquer pessoas que façam parte da

organização. O quadro 6 demosntra uma relação entre as atividades desenvolvidas

em cada etapa de aplicação da metodologia no canteiro de obra.

52

QUADRO 6: Sumário das atividades realizadas

Etapas

Atividades Identificar

riscos

Analisar

riscos

Avaliar

riscos

Tratar

riscos

Atividade Reunir Analisar Listar Avaliar

Objetivos Identificar Qualificar Avaliar Elaborar

Justificativa Buscar Reconhecer Conhecer Ordenar

Envolvimento Participar Participar Participar Participar

Resultados esperados Agir Selecionar Levantar Definir

Instrumentos utilizados Aplicar Aplicar Aplicar Formular

Fonte: Elaborada pelo autor

3.3 Etapa aplicação da gestão de riscos

3.3.1 Fase 1: Identificar os Perigos

A geração de idéias será a primeira fase desta etapa. Nesta fase,

inicialmente, propõe-se a utilização da técnica what if entre os componentes da

equipe responsável pela obra (com a participação, se necessário, de outros

profissionais habilitados), objetivando a geração de idéias referentes aos problemas

identificados nas etapas de construção.

Relativamente à atividade se realizou uma reunião da equipe técnica para a

geração e/ou explanação de idéias frente aos problemas identificados. Para assim

definir os objetivos a partir das etapas em andamento, identificar os perigos, definir

alternativas preventivas e/ou corretivas possíveis, para posterior definição da

solução adequada.

Considerando a experiência e o envolvimento da equipe técnica um dos

motivos na busca de soluções para as situações de perigo encontradas, há a

necessidade que idéias sejam apresentadas e ordenadas, identificando as

oportunidades de melhoria. Esta fase, que em princípio é de responsabilidade da

equipe técnica, poderá contar com a participação de outros convidados que, através

de suas reconhecidas capacidades, possam apresentar alguma contribuição.

53

É fundamental nesta fase não haver censura ou qualquer outra forma de

análise sobre as idéias apresentadas e, desta forma contar com a participação da

equipe técnica e se necessário de outros profissionais convidados. Desta forma, é

possível o afloramento de idéias para cada uma das situações de perigo

identificadas, bem como a definição do grau de solução. para assim chegar aos

resultados esperados utilizando-se o formulário whar if (apêndice – A).

3.3.2 Fase 2: Análise dos Riscos

Para a análise dos riscos propõe-se uma atividade à equipe técnica para a

análise qualitativa dos perigos levantados da técnica anterior. Tendo como objetivo

analisar os perigos, qualificar através da APR (apêndice – B) e, definir alternativas

preventivas e/ou corretivas possíveis, para posterior definição da solução adequada.

Considerando a experiência e o envolvimento da equipe técnica na busca de

soluções para as situações de perigo encontradas, há a necessidade que avalie-se

os perigos identificados. Reconhecer riscos é, antes de tudo, constatar a real

situação em que se encontram as condições de trabalho, com o objetivo final da

avaliação de suas causas e impactos. Envolvendo assim a participação da equipe e

de outros profissionais convidados. Ocorrendo uma seleção dos principais riscos

identificados para avaliação na etapa seguinte utilizando-se a AAF.

3.3.3 Fase 3: Avaliação dos Riscos

Consiste em listar as combinações das falhas do equipamento ou de

operação, e que são suficientes para causar o acidente ou evento quando aquelas

causas se apresentam simultaneamente. Com o objetivo de a partir das etapas em

andamento, avaliar os riscos, definir alternativas preventivas e/ou corretivas

possíveis, para posterior definição da solução adequada.

O motivo de avaliar é antes de tudo conhecer as grandezas de interesse

envolvidas. A avaliação deve ser encarada como uma fase fundamental, uma vez

que a simples coleta de dados técnicos não são suficientes para a determinação de

suas interações e interfaces. Considerando-se que um acidente não ocorre por uma

única causa, a avaliação criteriosa das condições no ambiente de trabalho deve ser

54

realizada, com o intuito de conhecer os agentes de riscos presentes na

organização. É fundamental nesta fase não haver censura ou qualquer outra forma

de análise sobre as idéias apresentadas.

Assim, depreende-se a importância do processo de identificar, avaliar, e,

quando possível, quantificar aqueles agentes indesejáveis para a saúde e segurança

dos trabalhadores. Envolver a equipe técnica e os setores técnicos e/ou

administrativos envolvidos, para levantamento dos fatores que podem causar um

evento inesperado através da técnica AAF.

3.3.4 Fase 4: Tratamento dos Riscos

Na atividade de tratamento dos riscos, é necessário uma avaliação dos dados

coletados nas etapas anteriores. Desta maneira atingirmos o objetivo que é com os

dados coletados nas etapas anteriores utilizá-los como fonte para elaboração dos

formulários de controle conforme etapa em andamento da construção.

Considerando a experiência e o envolvimento da equipe técnica na busca de

soluções para as situações de perigo encontradas, há a necessidade que idéias

sejam apresentadas e ordenadas, identificando as oportunidades de melhoria. Esta

fase, que em princípio é de responsabilidade da equipe técnica, poderá contar com a

participação de outros convidados que, através de suas reconhecidas capacidades,

possam apresentar alguma contribuição, independente de sua posição hierárquica

na organização.

É fundamental nesta fase não haver censura ou qualquer outra forma de

análise sobre as idéias apresentada . Este estudo, além dos aspectos tradicionais de

reconhecimento de riscos laborais, acrescenta a percepção dos riscos pelos

gestores , como fonte de informação e participação dos mesmos no processo de

segurança do trabalho.

Crê-se ser importante conhecer o que os gerentes pensam dos riscos nos

processos de trabalho aos quais estão envolvidos. O que são riscos para eles? Qual

sua opinião sobre o mesmo? Quais suas causas? Quais suas sugestões para a

melhoria? Enfim, como eles percebem os processos e suas consequências sobre o

trabalho e consequentemente sobre a segurança. Participarão desta etapa a equipe

técnica com a colaboração de outros profissionais convidados, quando se fizer

necessário.

55

Pretende-se assim, uma definição de pontos críticos referentes aos aspectos

técnicos e humanos dos riscos; elaboração de formulários de controle nos processos

criticos; definição das diretrizes básicas de discussão de medidas de controle

aplicáveis. Com isso espera-se a definição da Criação de um formulário para

aplicação na obra.

3.4 Etapa Avaliação crítica

Ao apresentar o modelo proposto, tem uma conotação prática daquelas

questões tão importantes à segurança do trabalho, tanto em termos de diagnóstico

quanto do controle de riscos no ambiente laboral, a partir da intervenção em cada

etapa de construção da barragem, construindo assim uma melhoria continua nos

processos desenvolvidos em termos de segurança.

Como observado, esta é a etapa onde os aspectos relacionados ao plano de

implementação, é colocado em prática. Quanto a eficiência do plano proposto,

acredita-se que esta só poderá ser medida quando todas as ações propostas já

estiverem implantadas (e suas dificuldades de implantação sanadas). Assim,

medidas de monitoramento dos riscos nos ambientes laborais, são fundamentais.

Uma forma definitiva para entender os reais impactos gerados pela adoções das

medidas corretivas e/ou preventivas propostas, é a reaplicação desta metodologia a

partir da segunda etapa que é analisar.

A partir daí, poderá se ter noção do impacto sobre os principais fatores de

segurança do trabalho abordados neste estudo, ou seja, sobre os riscos laborais e

sobre a percepção dos riscos pelos gerentes. Importante, também, é ter em mente

que numa tentativa de se corrigir algum risco laboral, pode-se estar criando outros, e

que, não raro, só serão identificados numa nova avaliação.

Importante salientar, que todos os dados coletados nas fases apresentadas

devem ser suficientemente registrados e mantidos. Assim, por exemplo, se uma

medida corretiva/preventiva não surtir os efeitos esperados pode-se recorrer, numa

segunda avaliação, às idéias e soluções pensadas anteriormente. É fato, que

algumas idéias inicialmente podem ser consideradas de difícil aplicação, porém num

outro momento, não.

Como observado, o perfeito entendimento dos objetivos do trabalho

executado (modelo) por todos os envolvidos, é passo fundamental para o sucesso

56

do mesmo, e importantíssimo para a sua consecução. Como este modelo propõe

algo participativo, é importante que os membros da equipe técnica tenham

habilidade suficiente para a tolerância com idéias e opiniões apresentadas, que caso

não sejam aceitas devem ser suficientemente explicados os seus motivos, àquelas

pessoas que as externalizaram. Como explicitado durante as etapas do modelo, os

instrumentos práticos propostos serão abordados no capítulo IV.

57

4 RESULTADOS

Este capítulo tem como objetivo principal apresentar os resultados o modelo

proposto no capítulo 3, através de uma aplicação prática, a partir da qual possa ser

identificado a aplicabilidade de cada etapa proposta, externalizando as possíveis

dificuldades encontradas, bem como apresentando os resultados encontrados.

Para a realização da verificação do modelo proposto escolheu-se a

construção da barragem da arvorezinha localizada na cidade de Bagé – RS. Esta

escolha recaiu sobre esta obra, tendo em vista o mesmo ser um local com várias

atividades ocorrendo simultaneamente e apresentar vários risco ocupacionais, com

grandes exigências aos trabalhadores (cargas de trabalho), e ritmo de trabalho pré

estabelecidos. Além disso, a construção civil pesada apresenta vasto histórico de

acidentes de trabalho e inspeções de segurança.

A validação do modelo iniciou-se com uma reunião com a direção do DAEB e

equipe de projetos do departamento, onde foi apresentado a proposta de trabalho,

sendo aceita de imediato tanto pelo diretor geral, quanto pela empresa executora.

Para cada etapa do modelo, a validação foi apresentada a partir de dois momentos

distintos. No primeiro, os resultados práticos de cada etapa (coleta de dados,

avaliações, reuniões etc.) do setor em estudo, são apresentados.

4.1 Etapa preliminar

Definiu-se a formação da equipe que participará deste trabalho, com

participantes da empresa que executará a obra, da empresa fiscalizadora (municipal

e federal), como outros profissionais que sejam necessários no desenvolvimento da

pesquisa.

4.1.1 Formação da Equipe Técnica

A equipe técnica é composta por: três engenheiros civis do setor de projetos

do DAEB; um engenheiro civil da empresa executora da obra, juntamente com um

técnico em segurança do trabalho; um engenheiro civil da prefeitura e um

engenheiro ambiental da empresa fiscalizadora do governo federal. Extremamente

necessária, a equipe técnica foi composta por este acadêmico e por profissionais

58

responsáveis pela gestão do empreendimento, tendo em vista as particularidades

das atividades executadas nesta obra. Não houve qualquer dificuldade na formação

da equipe, tendo em vista o pronto aceite dos envolvidos.

4.2 Coleta de Dados Gerais

A partir dos dados coletados utilizando-se o a matriz de estudo conforme a 0,

obteve-se os dados pertinentes a esta fase da etapa preliminar. Com o resultado da

aplicação da matriz de estudo apresentado (apêndice C), selecionou-se as três

etapas que ocorrem simultâneamente, e os principais perigos que foram

quantificados pela equipe técnica para a aplicação das etapas do método proposto.

QUADRO 7: Matriz de estudo para priorizar perigos

Matriz de Estudo

materiais,equi

pamentos e

máquinas

Número de

pessoas

do layout e

tarefas

anceira

envolvida

Tempo de

execução

ambientais de

trabalho

ocorrência de

não-

Montagem do canteiro de

obras

Escavação (decapagem)

Escavação da fundação (cut-

off)

Tratamento da fundação (4

etapas)

Assentamento do maciço

Escavação do vertedouro (3

etapas)

Enrocamento de pedra - aterro

Fonte: Elaborada pelo autor.

Esta fase permitiu um conhecimento generalizado da construção da barragem,

aumentando a visão das dimensões do orgão em estudo. Esta atividade foi facilitada

pela disponibilização, por parte dos setores técnicos e administrativos do orgão, de

59

todos os dados solicitados pela equipe de validação. Observa-se também, que o

próprio formulário preenchido, já serve como instrumento de apresentação de

resultados.

4.3 Fase 1: Identificar

Nesta etapa do desenvolvimento da metodologia, procura-se conhecer os

processos envolvidos na construção de cada etapa da barragem, para depois utilizar

a ferramenta para identificação dos perigos existentes.

4.3.1 Etapa de escavação (decapagem)

Como explicado anteriormente, a verificação prática ora apresentada

abrangerá todas as etapas de construção da barragem, em que o tratamento será

analisado nas etapas atualmente em construção. Nesta fase conforme metodologia

adotada para este trabalho, usou-se a ferramenta what if (Apêndice A), que consiste

na elaboração de perguntas básicas para a identificação dos perigos. A figura 15

demonstra as etapas de construção da barragem, dividida em etapas de execução,

em que podem ocorrer interdependentes entre elas.

Fonte: Elaborada pelo autor. FIGURA 15: Etapas de contrução da barragem arvorezinha

Na execução das atividades descritas no desenvolvimento da etapa de

construção, observou-se que alguns trabalhadores tem uma forma própria de

executar as tarefas, que inclusive alteram as situações de risco. A 0 mostra a etapa

60

de construção escavação (decapagem), e as atividades envolvidas para o

desenvolvimento do processo.

Fonte: Elaborada pelo autor.

FIGURA 16: Processo de escavação (decapagem) e seus subprocessos

Sua pertinência e importância, justificam a necessidade de se observar

criteriosamente os processos envolvidos. Observou-se, porém, como dificuldade

para a execução da ação “descrição das atividades”, o fato de que os trabalhadores

acabam realizando outras atividades paralelas, não pré estabelecidas e/ou

previsíveis. Assim, se a análise for feita somente sobre as atividades prescritas,

corre-se o risco da não compreensão de possíveis riscos gerados pela atividade

real. Dessa forma, acabam indo para o formulário proposto, somente aquelas

informações mais previsíveis do dia a dia de trabalho, nem sempre suficientes.

4.3.2 Montagem do canteiro de obras

A organização do canteiro de obras é fundamental para evitar desperdícios de

tempo, perda de materiais e mesmo defeitos de execução e falta de qualidade final

dos serviços realizados. Área onde se desenvolvem as operações de apoio e

execução da obra. Contará com cinco prédios para instalação física distribuídos da

seguinte forma (dormitório, refeitório, almoxarifado, equipe técnica e laboratório de

solos).

Vai sendo modificado ao longo da execução da obra em função dos materiais

existentes, dos serviços a serem executados, dos equipamentos disponíveis e da

mão-de-obra alocada nos serviços. Ocorrem também na fase inicial, serviços de

instalações elétricas, instalações hidráulicas (água e esgoto). Segundo Souza (1997)

arranjo físico de um canteiro de obras bem elaborado costuma ter como objetivos,

61

buscar a segurança pessoal ao identificar e corrigir os riscos e, prever

equipamentos de proteção coletiva; buscar a segurança patrimonial; e, manter as

condições de higiene.

Neste contexto, temos alguns elementos que fazem parte deste processo da

construção da barragem como:

a) Ligados à produção: Central de concreto, central de preparo de

armaduras, central de produção de fôrmas.

b) Apoio à produção: Estoque de materiais perecíveis e não-pereciveis,

almoxarifado;

c) Apoio administrativo: Escritório técnico e administrativo, Alojamento

dos operários, controle de ponto, cozinha, refeitório, ambulatório, área de lazer;

d) Sistemas de transporte: Máquinas, caminhões, tratores e veículos

utlizados na obra;

e) Outros elementos: Laboratório de ensaio, entradas de água e luz,

lavanderia.

Na montagem do canteiro de obras na barragem da arvorezinha foram

desenvolvidas as seguintes etapas:

Fonte: Elaborada pelo autor. FIGURA 17 - Processo de escavação (decapagem) e seus subprocessos

62

Neste contexto, aplicou-se o formulário what if (Apêndice A.1), que contou

com a participação de um representante da empreiteira contratada para a

construção do canteiro de obras, empresa que tem sua sede localizada na cidade

de Dom Pedrito. Desssa maneira procurou-se listar os perigos básicos identificados

nos seus subprocessos de construção acompanhando assim o seu desenvolvimento

e aplicando o tratamento após as fases de identificação, análise e avaliação dos

riscos.

4.3.3 Etapa da escavação da fundação (Cut-off)

Normalmente uma das etapas mais rotineiras e importantes em um

barramento é a escavação do “cut-off”, que consiste em remover o material

inconsistente e regularizar a superfície a fim de evitar problemas de recalque

diferenciais, concentrações de tensões etc, que poderiam dar origem a trincas no

maciço. Via de regra a profundidade da trincheira (cut-off) é delimitada pela

profundidade do substrato rochoso, devendo ser removido todo material superficial

inconsistente, solos aluvionares, bem como blocos rochosos soltos.

Deve-se procurar obter para fundação da zona de impermeabilização, além

das características de resistência necessárias, um horizonte que se apresente

suficientemente impermeável de modo a reduzir a contribuição de fluxos d’agua para

a fundação. A descrição das atividades da etapa escavação – “cut-off” são as

seguintes:

Fonte: Elaborada pelo autor. FIGURA 18 - Processo de escavação (cut-off) e seus subprocessos

63

Nesta fase procura-se identificar os perigos existentes no processo de

produção com a utilização da ferramenta what if (anexo A.2), que lista através de

questionamentos básicos os perigos existententes nas etapas de construção da

barragem.

4.3.4 Tratamento da fundação

O tratamento a ser utilizado na construção da barragem é a construção de

uma trincheira de vedação (cut off) até a rocha sã, interceptando as camadas de

aluvião, solo residual e rocha alterada. Encerrada a etapa de experimentos,

iniciaram-se os trabalhos de tratamento do solo residual por meio de injeção, ao

longo do eixo do barragem, em três linhas paralelas e separadas entre si de 2 m,

denominadas montante, central e jusante. As injeções foram iniciadas nos furos

localizados na linha de jusante, por meio de campanha de uma série de perfurações

e de confecção das bainhas. Injeções simultâneas em dois furos foram permitidas,

desde que a distância entre eles superasse 12 m para evitar interferências durante a

injeção.

Concluída a campanha de injeção nos furos da linha de jusante, o tratamento

passou para a linha de montante, utilizando-se os mesmos critérios da linha anterior.

A injeção na cortina de vedação foi encerrada nos furos da linha central que, logo

após a perfuração e antes da confecção da bainha, foram submetidos aos ensaios

de permeabilidade. Os resultados obtidos nestes ensaios definiam a necessidade ou

não em realizar injeções complementares. A sequência das atividades em cada furo

foi a seguinte:

64

Fonte: Elaborada pelo autor. FIGURA 19 - Processo de tratamento da fundação e seus subprocessos

Nesta fase procura-se identificar os perigos existentes no processo de

produção com a utilização da ferramenta what if (anexo A.3), que lista através de

questionamentos básicos os perigos existententes nas etapas de construção da

barragem envolvendo as atividades desenvolvidas e analisadas pela equipe técnica

envolvida na aplicação da ferramenta.

4.4 Fase 2: Analisar

Na verdade, atualmente ocorrem simultaneamente etapas de construção.

Assim, procurou-se realizar um detalhamento com a etapa inicial, e para as etapas

subsequentes a metodologia proposta se repete e portanto optou-se por somente

apresentar os resultados obtidos com apêndice.

4.4.1 Etapa de escavação (decapagem)

A coleta de dados referentes aos riscos presentes no ambiente laboral partiu

das ações propostas no formulário APR (apêndice B), a equipe técnica de validação

iniciou seus trabalhos referentes a este passo da metodologia com uma reunião com

os seis engenheiros participantes da equipe técnica, todos mostraram-se

espontaneamente interessados em participar. Todas as entrevistas ocorreram no

65

próprio local de trabalho de cada participante. A técnica aplicada foi a entrevista com

a o preenchimento do formulário APR que consiste numa tabela de qualificação dos

riscos sobre o tema explorado. O tempo médio de cada entrevista foi de 15 minutos.

Tendo em vista a carga de subjetividade envolvida numa pesquisa qualitativa,

é importante percebermos a limitação da capacidade de generalização dos seus

resultados. Dentre as principais dificuldades encontradas, destacam-se algumas: a)

a forma de “entrar” em campo e a abordagem aos gestores, de forma a abrir um

canal de comunicação sincero e objetivo; b) a linguagem utilizada. Como observado,

a decodificação de palavras como risco, controle, e outras, são realizadas de forma

diferente entre profissionais de áreas específicas e os trabalhadores, portanto, há a

necessidade de se explorar mais cada pergunta, tendo certeza de que o

entrevistado entendeu o que se está perguntando; c) o tempo foi fator importante,

por mais que os engenheiros estavam a fim de colaborar, observou-se um certa

impaciência para dar as respostas, principalmente quando se tentava aprofundar o

assunto a partir de novas questões em relação as respostas dadas; d) As proposta

solicitadas para o controle de riscos, recaiam sobre aqueles que mais incomodavam

o entrevistado, havendo uma certa dificuldade quanto a visão sistêmica do processo.

Sem dúvidas que outras técnicas de pesquisa qualitativa, advindas de outras

áreas de conhecimento (psicologia, assistência social etc.) sobre o tema percepção

dos riscos laborais, podem e até devem ser utilizadas, principalmente se a equipe de

trabalho for multiprofissional.

4.4.2 Etapa de montagem do canteiro de obras

Após o conhecimento do processo que é desenvolvido na etapa, e da

utilização da ferramenta de identificação dos perigos, a equipe técnica de validação

iniciou seus trabalhos referentes a este passo da metodologia proposta (Apêndice

B.1) explicando seus objetivos aos trabalhadores do canteiro de obras e convidando-

os a participarem. Dos oito trabalhadores do setor, seis mostraram-se

espontaneamente interessados em participar, os outros dois deram algum tipo de

desculpa e não participaram da atividade.

Na verdade, atualmente, esta atividade de montagem do canteiro de obras foi

desenvolvida por empreitada através de empresa contratada pela executora da obra.

Assim, procurou-se realizar este trabalho com o grupo de pedreiros, servente,

66

marceneiro e eletrecista, de forma a aproveitar toda a experiência adquirida pelos

mesmos na função. Todas as entrevistas ocorreram no próprio local de trabalho de

cada sujeito. Dentre os entrevistados, três (03) tinham o primeiro grau completo, um

(01) tinha o primeiro grau incompleto, e dois (02) tinham o segundo grau incompleto.

O tempo médio na função variou de 5 a 10 anos.

Quando perguntado sobre quais riscos eles identificavam em seu ambiente de

trabalho, as respostas tiveram um viés, indo ao encontro do perigoso, ou seja, dos

riscos relacionados somente à acidentes. Observou-se que aquelas situações que

causam danos à saúde mais a longo prazo, não foram identificados pelos

entrevistados. Todos responderam que os principais riscos eram com ferramentas

manuais, elétricas e quedas.

Tendo em vista a carga de subjetividade envolvida numa pesquisa qualitativa,

é importante percebermos a limitação da capacidade de generalização dos seus

resultados. Assim, mais importante do que o efeito prático das respostas obtidas, foi

a constatação, por parte da equipe de validação, do quanto os entrevistados

demonstraram, em conversas informais, terem gostado de participar deste trabalho.

4.4.3 Etapa de escavação (cut-off)

Após o conhecimento do processo que é desenvolvido na etapa, e da

utilização da ferramenta de identificação dos perigos, a equipe técnica de validação

iniciou seus trabalhos referentes a este passo da metodologia proposta (Apêndice

B.2) explicando seus objetivos aos trabalhadores do canteiro de obras e convidando-

os a participarem. Dos vinte trabalhadores do setor, quinze mostraram-se

espontaneamente interessados em participar, os outros cinco deram algum tipo de

desculpa e não participaram da atividade.

Quando perguntado sobre quais riscos eles identificavam em seu ambiente de

trabalho, as respostas tiveram um viés, indo ao encontro do perigoso, ou seja, dos

riscos relacionados somente à acidentes. Observou-se que aquelas situações que

causam danos à saúde mais a longo prazo, não foram identificados pelos

entrevistados. Todos responderam que os principais riscos eram com a perfuratriz

mas não souberam responder quais eram, máquinas de grande porte e com a

poeira.

67

4.4.4 Tratamento da fundação

Após o conhecimento do processo que é desenvolvido na etapa, e da

utilização da ferramenta de identificação dos perigos, a equipe técnica de validação

iniciou seus trabalhos referentes a este passo da metodologia proposta (Apêndice

B.3) explicando seus objetivos aos trabalhadores do canteiro de obras envolvidos

nesta etapa de construção, e convidando-os a participarem. Dos dez trabalhadores

do setor, nove mostraram-se espontaneamente interessados em participar, e um deu

algum tipo de desculpa e não participou da atividade.

Quanto aos riscos que eles identificavam em seu ambiente de trabalho, as

respostas tiveram um viés, indo ao encontro do perigoso, ou seja, dos riscos

relacionados somente à acidentes. Observou-se que aquelas situações que causam

danos à saúde mais a longo prazo, não foram identificados pelos entrevistados.

Todos responderam que os principais riscos eram com explosivos, mas não

souberam responder quais eram, máquinas de grande porte e com a poeira.

4.5 Fase 3: Avaliar

Muitos dos dados coletados nas etapas anteriores, apresentam seus

resultados de uma forma conclusiva, não havendo necessidade de maiores

avaliações. Outro fato a ser comentado, é que alguns dados que num primeiro nível

de pesquisa possam parecer dispensáveis, e que, num momento específico da

avaliação possam não servirem para a nossa lógica de ação, na verdade também

são pertinentes. Observou-se que os mesmos podem ser importantes para a

construção de uma visão sistêmica do que se está analisando, podendo, inclusive,

influenciar indiretamente sobre os resultados desejáveis de serem alcançados nesta

fase de avaliação e na fase de geração de idéias.

As reuniões de avaliação foram realizadas de forma a comparar os aspectos

técnicos (qualitativos e quantitativos) com os aspectos normativos da situação em

estudo. Assim, notou-se mais uma vez a necessidade premente da participação de

profissionais da área de segurança do trabalho na execução desta fase do modelo.

68

4.5.1 Etapa de escavação (decapagem)

Conforme o objetivo principal desta fase, a captura de idéias geradas a partir

de reuniões da equipe técnica e da aplicação das ferramentas para identificação,

análise são importantes para a avaliação dos riscos identificados. Assim, todas as

idéias de ações que visem o controle dos riscos foram anotadas, e aplicadas no

desenvolvimento da ferramenta Análise Àrvore de Falhas apresentada na 0,

entendendo as mesmas como propostas para a solução dos problemas, e/ou como

oportunidades de melhoria.

Fonte: Elaborada pelo autor FIGURA 20 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR da Escavação

decapagem

Esta é uma fase que depende muito da etapa de análise dos riscos. A

participação de todos os envolvidos, para a avaliação esta relacionado com a

próxima etapa, que é o tratamento onde deseja-se construir um modelo de

69

formulário para aplicação e utilização na redução dos riscos identificados.

4.5.2 Etapa de montagem do canteiro de obras

Após o conhecimento do processo que é desenvolvido na etapa, e da

utilização da ferramenta APR, a equipe técnica de validação iniciou seus trabalhos

referentes a este passo da metodologia proposta (Apêndice B). Logo após a análise

da ferramenta APR identificou-se o risco a ser avaliado utilizando-se o Failure Tree

Analysis ( FTA), conforme demonstra a 0.

Fonte: Elaborada pelo autor FIGURA 21 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR do canteiro de obras

70

Após análise realizada na etapa anterior, em que se utilizou a ferramenta APR

para selecionarmos o risco a ser avaliado na montagem do canteiro de obras,

ocorreu seu desdobramento ate as causas básicas. Desta maneira podemos focar

as ações de prevenção na causa básica e assim, diminuir a ocorrências de

acidentes do trabalho nesta etapa no canteiro de obras.

4.5.3 Etapa de escavação (cut-off)

Nesta etapa ocorre ainda uma grande utilização de máquinas e equipamentos

como: escavadeira, rolo compactador, trator de esteira, retroescavadeira, caminhões

de transporte, tratores. Desta maneira, após a análise ocorrida na APR, partiu-se

para uma avaliação das causas básicas com o uso da ferramenta FTA, e assim

determinar as ações necessárias para evitar que ocorram acidentes no canteiro de

obras.

71

Fonte: Elaborada pelo autor FIGURA 22 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR da Escavação do cut-off

4.5.4 Tratamento da fundação

O processo produtivo na construção civil é realizado ao ar livre, ficando o

trabalhador exposto aos efeitos das intempéries. O trabalho é predominantemente

manual, forçando o operário a exercer um grande esforço físico. Nesta etapa a

utilização de máquinas e equipamentos que geram grande quantidade de poeira

como a perfuratriz que serve para romper a rocha com o uso de barras para

posteriormente a colocação de explosivos nos buracos para a detonação e

fragmentação das rochas. A0 demonstra a avaliação feita nesta etapa com a

utilização do FTA.

72

Fonte: Elaborada pelo autor FIGURA 23 – Árvore de Falhas aplicada com base na APR do Tratamento da

fundação

4.6 Fase 4 : Tratar

A partir das idéias geradas na fase anterior, foi realizada uma análise dos

possíveis impactos positivos e/ou negativos advindos de sua aplicação prática. Estes

impactos estão relacionados aos mais diversos fatores, sejam eles administrativos

financeiros, técnicos e/ou humanos. Esta fase foi realizada pela equipe de

verificação prática do modelo proposto.

Como observado pelos resultados das etapas anteriores, as variáveis

envolvidas são muitas, dificultando assim a execução desta fase. Há a necessidade

de constante consulta a outros profissionais especializados, bem como da

participação dos setores de produção e administrativos da empresa. Esta fase

poderá levar um tempo bastante grande para a sua execução, uma vez que muitas

ideias precisam ser amadurecidas e profundamente estudadas.

Os resultados das avaliações ambientais poderão ser periodicamente

73

divulgados aos trabalhadores através de: reuniões/diálogos de segurança, reuniões

da CIPA, palestras, treinamentos, murais, jornais internos; sempre confrontando o

estado atual com o passado, bem como informando as medidas futuras de melhoria

das condições de trabalho.

4.6.1 Etapa de escavação (decapagem)

A partir das idéias geradas na fases anteriores, foi estruturado um formulário

para identificação dos riscos (apêndice D) . Estes impactos estão relacionados aos

mais diversos fatores, sejam eles administrativos, financeiros, técnicos e/ou

humanos. Pretende-se com a aplicação do formulário uma cultura preventiva na

realização das tarefas, para que dessa maneira, não analise apenas fatores

corretivos.

Observa-se que várias soluções técnicas que até eliminariam o problema, tem

importante reflexo na gestão. Assim, uma das principais dificuldades deste tipo de

decisão, é a possibilidade da banalização das soluções propostas, tendo em vista

uma falta de procedimentos operacionais de controle das tarefas. Esta barreira só

poderá ser ultrapassada se houver o real interesse na segurança e na qualidade de

vida no trabalho por parte das empresas, como dito no início do capítulo 3. Estas

dificuldades, porém, acabam trazendo à tona idéias e discussões que enriquecem as

ações de segurança do trabalho, e este fato deve ser visto positivamente.

Como observado, as variáveis envolvidas são muitas, dificultando em muito a

execução desta fase. Há a necessidade de constante consulta a outros profissionais

especializados, bem como da participação dos setores de produção e

administrativos da empresa.

4.6.2 Etapa de montagem do canteiro de obras

Para esta etapa, utilizou-se o Diálogo Diário de Segurança (DDS) conforme

Apêndice (D.1), que é um treinamento que tem como objetivo alertar os

trabalhadores sobre os riscos existentes nas atividades que desenvolverão durante

o dia, sejam elas de rotina ou não. Ele pode ser aplicado a todos os trabalhadores

(carpinteiros, pedreiros, pintores, ajudantes, gesseiros, etc.) antes do início das

atividades diárias, onde o grupo é reunido pelo encarregado, mestre ou técnico de

74

segurança e são discutidos assuntos referentes à segurança e saúde no trabalho

como: riscos da atividade, equipamentos de proteção individual e coletivo

necessários, conhecimento de todos os rótulos de substâncias químicas que serão

usadas no canteiro, requisitos da legislação de segurança, etc.

A forma de abordagem dos temas pode ser efetuada de forma simples e

diversificada, para tornar o DDS mais interessante, melhorando o índice de absorção

dos trabalhadores. Exemplos de abordagens dos temas:

• apresentação pelo encarregado, mestre ou técnico de segurança;

• sorteio de trabalhador para expor suas idéias sobre o tema;

• interativo ou prático (executado no posto de trabalho), onde é possível

demonstrar na prática os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos.

O controle pode ser efeito por meio de indicadores como os indicados no

quadro 8.

QUADRO 8: Indicadores de controle

Objetivo Meta Indicador Acompanhamento

Melhorar

índice de

treinamento

(IT) dos

funcionários.

Atingir 3 horas de

treinamento por

funcionário/mês.

IT = Horas de

treinamento x 100 /

Horas trabalhadas

Mensal

Melhoras o

índice de

funcionários

treinados

Atingir 90 % de

funcionários

treinados/mês.

TF = Números de

funcionários

treinados x 100/

Número médio de

funcionários no mês.

Mensal

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.6.3 Etapa de escavação (cut-off)

A inspeção de segurança tem como objetivo realizar verificações de

segurança nos postos de trabalho, ou seja, avaliar se os procedimentos de

segurança são seguidos pelos trabalhadores, e observar atos inseguros e condições

inseguras que possam provocar danos pessoais, materiais e ambientais. As ações

75

dos trabalhadores são influenciadas pelos próprios trabalhadores, por seus

supervisores imediatos (mestres ou encarregados), pelos gerentes de obra e por

toda a alta gerência. Todos exercem um papel no jogo delicado da segurança. Para

um empreendimento ser seguro, cada uma das partes deve estar comprometida

para prover um ambiente de trabalho que conduza a um bom desempenho de

segurança.

As inspeções de segurança, conforme apresenta o Apêndice (D.2), devem ser

aplicadas por gerentes, coordenadores, engenheiros, técnicos, administrativos,

mestres, encarregados, líderes de equipes, membros da CIPA e trabalhadores,

desde que sejam treinados e habilitados em como inspecionar, principalmente

visual e auditivamente, e como agir quando perceberem qualquer irregularidade.

Para acompanhamento desta ferramenta podem ser utilizados indicadores pró-

ativos, por exemplo, os indicados no quadro 9:

QUADRO 9: Indicadores de controle

Objetivo Meta Indicador Acompanhamento

Melhorar índice

de inspeções de

segurança (1)

Aumentar em 10

% o número de

inspeções

realizadas.

IS1 = Inspeções

realizadas x Nº de

pessoas

inspecionadas/Número

de funcionários

Mensal

Melhorar índice

de inspeções de

segurança (2)

Aumentar em 10

% o número de

inspeções

realizadas.

IS2 = Inspeções

realizadas / Número

de funcionários

Mensal

IAI – Indice de

Atos Inseguros

Diminuir o IAI em

25% ao ano.

IAI = Nº de atos

inseguros x

100/Número de

funcionários

inspecionados

Mensal

Fonte: Elaborada pelo autor.

76

4.7 Tratamento da fundação

A inspeção especifica de segurança tem como objetivo realizar verificações de

segurança em máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações, equipamentos de

proteção individual, etc. Efetuando avaliações por meio de “check-list” visando

identificar as condições do ambiente de trabalho classificando-os dentro ou fora dos

padrões de segurança.

Na inspeção específica, de segurança conforme apresentado no modelo do

Apêndice (D.3), em máquina operatriz, equipamento, edificação ou instalação

existente no canteiro de obras, deve ser utilizado o “check list” específico conforme

assunto relacionado, os quais contêm tópicos básicos sobre o respectivo tema.

Ficando a critério da empresa a inclusão de novos “check-list” de acordo com suas

necessidades. Para acompanhamento desta ferramenta podem ser utilizados

indicadores pró-ativos, por exemplo, os indicados no quadro 10.

QUADRO 10: Indicadores de controle

Objetivo Meta Indicador Acompanhamento

Melhorar o índice

de inspeções de

segurança

Aumentar em 10 %

o número de

inspeções

realizadas

IS = Inspeções

realizadas /

Número de

funcionários

Mensal

Melhorar o índice

de condições

dentro do padrão

(ICDP)

Aumentar em 25%

o ICDP

ICDP = Condições

dentro do padrão x

100 / ( Condições

dentro do padrão +

Condições abaixo

do padrão)

Mensal

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.6 Avaliação crítica

Algumas dificuldades foram encontradas na realização do presente trabalho,

bem como na sua verificação prática, porém, a maioria delas perfeitamente

transponíveis. As mais importantes são discutidas abaixo.

77

Observa-se na aplicação deste método, que a experiência dos profissionais

envolvidos em muitas etapas propostas, é fundamental. Porém, em muitas outras, o

simples uso do bom senso, é imperativo. Importante salientar, que as medidas

preventivas/corretivas apresentadas, precisam estar sintonizadas com os demais

processos em andamento na empresa, de forma que um estudo minucioso da

implantação de melhorias, deve ser feito anteriormente, evitando-se assim, a

solução de um problema a partir da criação de outro que afete outra área de

atuação.

A verificação prática da metodologia proposta teve seus trabalhos encerrados

na etapa anterior (tratamento), tendo em vista a dificuldade encontrada para a

confecção do plano de implementação e, principalmente, da execução da etapa

tratar. Sem dúvidas que o tempo foi barreira importante na verificação prática da

totalidade do modelo proposto. Este é um trabalho que na verdade não deve ser

encerrado, ele é contínuo e sistemático, uma vez que o mesmo possui uma

característica de melhoria contínua.

Corroborando com isso, está o fato de que as recomendações que se fazem

hoje, para uma etapa de construção, não necessariamente são definitivas. Assim, as

mesmas poderão e, até deverão, serem reavaliadas periodicamente, uma vez que

os conhecimentos técnicos, normativos e humanos possuem uma evolução bastante

dinâmica.

Outro fato importante a ser esclarecido, é que as ações propostas não

necessariamente são conclusivas. Muitas delas são apenas indicativas,

necessitando, então, de monitoramento periódico, de forma a possibilitar a

verificação da eficácia das medidas corretivas/preventivas propostas.

Outro fato importante a ser discutido, são os aspectos normativos e legais

envolvidos em questões de segurança do trabalho. Assim, muitas vezes, é comum

encontrar-se situações em que os conhecimentos técnicos estão num patamar muito

acima destas questões normativas, que acabam de alguma forma emperrando o

processo de busca de solução mais apropriadas. Além disso, não se pode nunca

deixar de levar em consideração o fato de que a solução técnica em termos de

controle de riscos pode vir a gerar outros riscos não previstos (visão sistêmica), sem

falar na possibilidade de interferência em outras áreas como a produção e/ou

interferir em outros instrumentos normativos, como por exemplo, relacionados à

vigilância sanitária, ao meio ambiente, entre outros.

78

A formação de uma equipe técnica com pessoas que tenham a visão

sistêmica da organização e, também, daquelas que vivenciam o seu dia-a-dia, é

fundamental para que não se incorra em erros de interpretações e avaliações,

inerentes àquela realidade. Isto não quer dizer que não possa haver a participação

de pessoas externas à organização, muito antes pelo contrário, uma vez que é muito

importante contar com opiniões de pessoas de fora.

Estas pessoas, as vezes, enxergam situações que não mais são percebidas

pelas pessoas que a vivênciam diariamente, principalmente quando estamos falando

em riscos, que podem ser sublimados, subjugados, ou considerados “normais”,

como se fosse inerente à atividade.

Por fim, este é um modelo que exige aplicação sistemática e repetitiva, cujos

resultados práticos só podem ser avaliados a longo prazo. Como todo modelo, crê-

se que o mesmo carece de maturidade, que por sua vez só poderá ser conseguida

com a colocação em prática nas mais variadas situações distintas.

4.6.1 Etapa de escavação (decapagem)

A etapa de escavação acabou sendo executando de forma efetiva depois da

etapa denomina montagem do canteiro. Nesta etapa percebeu-se a necessidade de

estudar melhor a ferramenta What if, pois uma análise inicial adequada compreende

não apenas às operações rotineiras, mas também abranger as operações e

procedimentos não rotineiras.

As medidas ou indicadores de risco para fontes de perigo na segurança

(processos, ambientes de trabalho, comunidades) são fatalidades, danos sobre à

saúde, invalidez e perdas econômicas. E também por ser a etapa inicial de

avaliação, fase que iniciou o processo de aplicação da metodologia e de

aprendizagem inicial para o desenvolvimento das outras etapas.

4.6.2 Etapa de montagem do canteiro de obras

Um dos desafios encontrados para esta etapa consistiu no fato da empresa

contratada para construção do canteiro não ter um responsável da área de

segurança do trabalho e, também, a possível dificuldade maior de se implementar

este modelo por não possuírem serviço formal e atuante em segurança e saúde

79

ocupacional. Estas dificuldades estão relacionadas principalmente ao fato da

organização não possuir um histórico referente a esta área de atuação, bem como a

possível, mas não necessária, falta da “cultura” prevencionista entre seus pares.

Também ocorreram dificuldades quanto a aplicação da fase 4 (tratamento do

dados), pois o profissional designado pela empresa não demonstrou na prática muito

interesse na aplicação diária das recomendações de segurança que foram

levantadas. Os motivos para a sua não implementação são vários, mas o seu efeito

principal é um só, de forma que acaba-se não obtendo o esperado fedback, que

poderia, mais e mais, levar à melhoria contínua. Como constatado anteriormente a

aplicação da fase 3 (avaliação dos dados) demonstrou decisões notoriamente de

cunho administrativo, em que define um investimento maior por parte da empresa.

4.6.3 Etapa de escavação (cut-off)

A etapa de escavação acabou sendo executando de forma efetiva antes da

etapa denominada “Tratamento da Fundação”. As medidas de controle visam não

criar outros riscos e garantir um ambiente e métodos de trabalho adequados,

seguindo os requisistos técnicos e legais aplicáveis. Nesta etapa percebeu-se a

necessidade de estudar melhor a ferramenta APR. Nesta fase, cujo objetivo final é

propor medidas que eliminem o perigo ou, no mínimo, reduzam a frequência e

consequências dos possíveis acidentes se os mesmos forem inevitáveis.

Também permitiu o entendimento mais profundo das possibilidades de falha e

seus efeitos, além de fornecer uma entrada de informações para tomadas de

decisão sobre a necessidade de tratamento dos riscos. Forneceu também uma

contribuição importante para a elaboração de uma lista de ações

preventivas/corretivas sendo fundamental para a tomada de decisões envolvendo

diferentes tipos e níveis de risco

4.6.4 Tratamento da fundação

Envolveu a seleção de uma ou mais alternativas para modificar determinadas

situações dos riscos por meio da implementação de métodos de trabalho,

implementação ou modificação dos controles existentes.

Verificou-se a importância de na etapa de avaliação dos riscos a correta

80

seleção destes, além disso, nesta etapa podemos incluir as seguintes opções: a)

Evitar o risco, decidindo por não iniciar ou continuar com a atividade que dá origem

ao risco; b) Tomar ou aumentar o risco, a fim de buscar uma oportunidade; c)

Remoção da fonte de risco; d) Segurar os riscos com empresas seguradoras; e)

Manter as situações de risco, justificando sua aceitabilidade/tolerabilidade. No

Quadro 11 é apresentado uma visão geral dos resultados obtidos em cada etapa de

construção da barragem.

QUADRO 11 - Matriz de estudo para priorizar perigos

Item Etapa de

construção

Equipe Prazos Aprendizado Metodo-

logia

Resultados

4.1.1 Etapa de

escavação

(decapagem)

Unida Atendido Alto Conforme Alcançado

4.1.2 Etapa de

montagem do

canteiro de

obras

Unida Atendido Alto Conforme

Parcial-

mente

Alcançado

4.1.3 Etapa de

escavação

(cut-off)

Motiva-

ção em

queda

Difuiculdade

agenda-

mento

Estabili-

zado

Não-

Conforme

Parcial-

mente

alcançado

4.1.4 Tratamento

da fundação

Baixa

motiva-

ção

Dificuldade

de agenda-

mento

Estabili-

zado

Não-

Conforme Alcançado

4.1.5 Assenta-

mento do

maciço

Não

consta - - - -

4.1.6 Escavação

do vertedouro

Não

consta - - - -

4.1.7 Enrocamento

de pedras -

aterro

Não

consta - - - -

Fonte: Elaborada pelo autor.

81

CONCLUSÃO

Este trabalho foi desenvolvido no sentido de apresentar uma metodologia

qualitativa que venha auxiliar no programa de gerenciamento de riscos operacionais

relativos a construção de uma barragem para armazenamento de água. Estruturado

por etapas bem definidas, ao serem realizadas em sequência, em que, foram

acompanhadas o desenvolvimento de quatro delas (escavação – decapagem;

montagem do canteiro de obras; escavação – cut off; e tratamento da fundação),

irão subsidiar a organização na tomada de decisões, proporcionando uma maior

percepção dos riscos e de seus impactos nos seus processos.

O modelo proposto não deve ser visto como um sistema independente, e sim

como um sistema complementar aos outros programas que permeiam a

organização. Quanto a definição do trabalho, no aspecto do tratamento dos dados,

para todas as etapas de construção, o trabalho atendeu parcialmente os objetivos,

pois a análise discorreu em apenas quatro etapas da construção. Desta maneira,

faltou análise em outras três etapas de construção, que pelo cronograma de

realização não haveria como serem observadas.

No que se refere à aplicação dos conceitos de riscos existentes na empresa

e levantamento do ambiente, percebe-se que a colocação que “a chance de algo

acontecer”, na maioria das vezes está associada da observação intuitiva baseada no

fato ou na opinião pessoal de que algo esteja sendo feito fora dos padrões ou sem

controles em termos de segurança. No qual, influiu nas etapas analisadas e que

foram demonstradas neste trabalho.

Na avalição dos riscos existentes nas etapas, verificou-se o auxilio nas

tomadas de decisões identificando situações que precisam de tratamento e a

prioridade no seu traamento. Consistiu em comparar a situação atual com o nível de

risco, identificando a necessiadade de tratamento. As decisões consideraram o

contexto mais amplo dos riscos, identificando as medidas de controles

existentes ou que devem ser implementadas para que sejam considerados

tolerados e aceitáveis pela organização, trabalhadores e governo. Em

determinadas circunstâncias constatou-se que a avaliação de riscos levou a uma

decisão de conduzir uma análise mais profunda, com decisões de nível de aporte de

capital maior.

Na análise do risco, prevaleceu a seguinte questão, como perceber o risco?

82

Notou-se que o mais importante era conhecer o local onde se desenvolveria o

trabalho e perguntar o que poderia acontecer de errado. Deste modo, identificar os

cenários possíveis de acidente e os riscos das operações e métodos de trabalho.

Outro aspecto importante a salientar, é a forma participativa que o modelo

tenta imprimir nos trabalhos de diagnóstico de riscos e proposição de

soluções. Este considerado o ponto alto do modelo, tendo em vista a participação

de pessoas das mais diversas áreas de atuação dentro da empresa, cumprindo um

dos objetivos deste trabalho. A

Assim, atividades como a coleta de dados referentes à percepção dos riscos

pelos trabalhadores, o brainstorming utilizado para a geração de idéias, bem como

as discussões para a determinação da melhor solução, arremete as pessoas a

“pensar” segurança, e consequentemente, acredita-se, gerando integração entre as

áreas de atuação, diminuindo as resistências às mudanças, normalmente oriundas

de barreiras territoriais.

A organização deve identificar a forma de tratamento mais adequada dos

riscos, isso requer uma avaliação de custo-beneficio para que sejam

considerados significativos e necessários para atender aos requisitos

técnicos, legais, responsabilidade social e à proteção ao meio ambiente. Este

trabalho foi realizado com objetivo de contribuir para minimizar a deficiência

encontrada no gerenciamento da segurança e saúde em uma empresa de

construção civil ao discutir ferramentas voltadas a SST. Desta forma, cada empresa

será capaz de melhorar seu desempenho em SST, buscando, além da melhoria da

qualidade de vida de seus empregados, o melhor desempenho nos seus negócios.

83

REFERÊNCIAS

ABNT NBR ISO 31000. Princípios da Gestão de Riscos. Disponível em <http://www.totalqualidade.com.br/2010/06/abnt-nbr-iso-31000-principios-da-gestao.html>. Acesso em 04 Out. 2011.

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86

APÊNDICES

87

APÊNDICE A – FORMULÁRIO WHAT IF

Objeto de análise: Órgão Folha

Escavação ( Decapagem) - Movimentação de materiais , equipamentos

e máquinas

Executado por: Número Data

Felipe Ferro

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

A máquina/caminhão tombar?

Queda da carga sobre o

caminhão, lesões

pessoais e/ou morte

Sinalização dos caminhos de

serviços com placas limitando a

velocidade.

Caminhão ficar sem freio?

Capotamento,

derramamento da carga

e colisão.

Manutenção

preventiva/corretiva.

Se houver falha no sistema

hidráulico do equipamento?

Movimento involuntário

da máquina

Manutenção

preventiva/corretiva.

Motorista não for qualificado?

Uso inadequado do

equipamento, causando

acidentes

Exigência comforme determina

NR - 18.

O acesso não for controlado?

Pessoas não

autorizadas no canteiro

de obras e perto de

máquinas, podendo

sofrer acidentes.

Sinalização dos acessos com

placas proibitivas.

Não houver vias para

circulação de trabalhadores?

Atropelamento

resultando em lesões

corporais e/ou morte

Sinalização das vias utilizadas

pelos trabalhadores

Não for realizado inspeções e

manutenções periódicas?

Pane elétrica e

mecânica, podendo

ocorer anormalidades

Manutenção

preventiva/corretiva.

88

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

Àrea não for sinalizada?

Colisão com outras

máquinas e

trabalhadores

Utilização de plcas, fitas, cones

e correntes de sinalização

Não molhar a via de

movimentação?

Grande concentração de

poeira, causando

irritação das vias aéreas

Utlização de caminhão pipa

com água não potável

Houver projeção de

particulas?

Atingir trabalhador

causando lesões

corporais e/ou morte

Controlar acesso a área de

trabalho

Descer da máquina e não

adotar os procedimentos

corretos ?

Colisão com outras

máquinas e

trabalhadores

Treinamento dos operadores

Houver irregularidades no

terreno?

Tombamento, queda de

carga ocasionando

lesões corporais e /ou

morte.

Correta manutenção das vias

de fluxo.

89

APÊNDICE A.1 – FORMULÁRIO WHAT IF

Objeto de análise: Órgão Folha

Montagem do canteiro de obras – Número de pessoas

Executado por: Número Data

Felipe Ferro

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

Faltar ordem e limpeza

?

Ocorrência de acidentes Treinamento de qualificação

comforme NR-18.

Não fornecer Luvas ? Lesões ou doenças

causadas devido ao

contato com produtos

agressivos (cimento, cal,

solventes, tinta)

Implantação de programas de

segurança do trabalho.

Buracos e rampas não

forem identificados ?

Queda por diferença de

nivel, esmagamento

Utilização de isolamento e

proteção horizontal fixa.

Layout para deposito

materiais não for

definido?

Movimentação excessiva e

atropelamento

Definição de área adequada

para armazenamento.

Realizar esforço

excessivo?

Doença ocupacional - LER Disponibilizar a utilização de

meios mecânicos e utilização

de equipamentos normalizados

no manuseamento de cargas e

materiais.

Não utilizar capacete ? Queda de ferramenta

manual, projeção de

particulas

Controle diário antes de iniciar

atividade através de diálogo de

segurança.

Não proteger a serra

circular?

Amputação de membros

superiores, projeção de

particulas

Utilização de coifas, proteções

para correias.

Não utilizar calçado de

segurança adequado ?

Lesões causadas por

queda de materiais e

material pontiagudo

Utilização de calçado de

segurança com biqueira de

proteção e palmilha de aço.

90

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

Faltar inspeção de

trabalho em altura ?

Queda por diferença de

nivel, queda de ferramenta

manual

Liberar trabalho em altura

apenas com permissão, e

devida previsão de

equipamentos adequados.

Não utilizar óculos de

segurança ? Projeção de particulas

Inspeções de segurança

visando o controle,

fornecimento e uso de Epi's.

Faltar bloqueador solar

?

Queimadura decorrente de

exposição solar

Controle de estoque no

almoxarifado como normatiza a

NR-6.

91

APÊNDICE A.2 – FORMULÁRIO WHAT IF

Objeto de análise: Órgão Folha

Escavação (cut-off) - Movimentação de materiais, máquinas e

equipamentos, mobilização financeira

E condições ambientais de trabalho.

Executado por: Número Data

Felipe Ferro

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

A máquina/caminhão

tombar?

Queda da carga sobre o

caminhão, lesões pessoais

e/ou morte

Sinalização dos caminhos de

serviços com placas limitando a

velocidade.

Caminhão ficar sem

freio?

Capotamento,

derramamento da carga e

colisão.

Manutenção

preventiva/corretiva.

Se houver falha no

sistema hidráulico do

equipamento?

Movimento involuntário da

máquina

Manutenção

preventiva/corretiva.

Não isolar área no uso

de explosivos?

Projeção de materiais, e

ruído acima dos limites de

tolerância.

Uso de sinal sonoro, evacuação

de todos num raio de 500 m do

local e bloqueio da via de

acesso.

Não utilizar respiradores

para operar perfuratriz?

Operador inalar sílica livre

presente nas rochas.

Fornecimento de EPIs,

fiscalização e treinamento.

Não houver vias para

circulação de

trabalhadores?

Atropelamento resultando

em lesões corporais e/ou

morte

Sinalização das vias utilizadas

pelos trabalhadores

Não for realizado

inspeções e

manutenções

periódicas?

Pane elétrica e mecânica,

podendo ocorer

anormalidades

Manutenção

preventiva/corretiva.

92

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

Não utilizar protetor

auricular ?

Perda auditiva relacionada

ao trabalho Cumprimento da NR-6.

Não molhar a via de

movimentação?

Grande concentração de

poeira, causando irritação

das vias aéreas

Utlização de caminhão pipa

com água não potável.

Não comprar

equipamentos de

segurança e saúde?

Ocorrência de acidentes e

afastamentos, alem de

problemas com a

fiscalização do M.T.E

Prover o almoxarifado com

estoque dos equipamentos

conforme determina a NR-9

PPRA.

Descer da máquina e

não adotar os

procedimentos corretos

?

Colisão com outras

máquinas e trabalhadores Treinamento dos operadores

Houver irregularidades

no terreno?

Tombamento, queda de

carga ocasionando lesões

corporais e /ou morte.

Correta manutenção das vias

de fluxo.

93

APÊNDICE A.3 – FORMULÁRIO WHAT IF

Objeto de análise: Órgão Folha

Tratamento da fundação - Condições ambientais de trabalho

Executado por: Número Data

Felipe Ferro

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

A máquina/caminhão

tombar?

Queda da carga sobre o

caminhão, lesões pessoais

e/ou morte

Sinalização dos caminhos de

serviços com placas limitando a

velocidade.

Caminhão ficar sem

freio?

Capotamento,

derramamento da carga e

colisão.

Manutenção

preventiva/corretiva.

Se houver falha no

sistema hidráulico do

equipamento?

Movimento involuntário da

máquina

Manutenção

preventiva/corretiva.

Não houver vias para

circulação de

trabalhadores?

Atropelamento resultando

em lesões corporais e/ou

morte

Sinalização das vias utilizadas

pelos trabalhadores

Não for realizado

inspeções e

manutenções

periódicas?

Pane elétrica e mecânica,

podendo ocorer

anormalidades

Manutenção

preventiva/corretiva.

Não utilizar protetor

auricular e respirador

descartável ?

Perda auditiva relacionada

ao trabalho e doenças

respiratórias.

Cumprimento da NR-6.

Não molhar a via de

movimentação?

Grande concentração de

poeira, causando irritação

das vias aéreas

Utlização de caminhão pipa

com água não potável.

Descer da máquina e

não adotar os

procedimentos corretos

?

Colisão com outras

máquinas e trabalhadores Treinamento dos operadores

94

O que acontece se...? Perigo Medidas de controle do

perigo

Houver irregularidades

no terreno?

Tombamento, queda de

carga ocasionando lesões

corporais e /ou morte.

Correta manutenção das vias

de fluxo.

95

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DA APR

Objeto de análise: Órgão : Folha :

Montagem do Canteiro de obras – Número de pessoas

Executado por: Número

: Data :

Felipe Ferro

Categorias

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Ocorrência de

acidentes.

- Entulhos e

sobras de

material;

-Passagens, vias

de circulação

obstruídas.

Danos

pessoais com

lesão

C II 2

- Otimização dos

trabalhos;

- Redução das

distâncias entre

estocagem e

emprego do

material.

Não utilização de

luvas para

agentes químicos.

Falta de

fiscalização e

fornecimento de

Epi’s.

Lesões ou

doenças

causadas

devido ao

contato com

produtos

agressivos

(cimento, cal,

solventes,

tinta)

D II 3

Cumprir o

estabelecido na

NR-6, NR-9 e NR-

18.

Queda por

diferença de nivel,

esmagamento .

Falta de

sinalização e/ou

isolamento da

área

Lesões

pessoais e/ou

morte

D III 4

- Fiscalizar

utilização de Epi;

- Treinamento

especifico pra

trabalho em

altura.

96

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Movimentação

excessiva e

atropelamento.

-Falta de

sinalização da via

de circulação;

Lesões

pessoais e/ou

morte.

C II 2

Definição de

áreas de

circulação e

movimentação de

máquinas.

Lesão por

esforços

repetitivos.

-Ritmo de

trabalho;

-Movimentos

repetitivos;

-Esforço

excessivo.

Doença

ocupacional D II 3

-Utilização de

carrinhos para

transportes

manuais;

-Treinamento

quanto ao

levantamneto de

cargas.

Amputação de

membros

superiores,

projeção de

partículas.

Utilização de

serra circular e

ferramentas

manuais

Lesões

pessoais D III 4

-Utilização de

coifa;

-Relação de

trabalhadores

autorizados a

operar;

-Epi’s.

Lesões causadas

por queda de

materiais e

ferramentas

inadequadas e

pontiagudas.

Ferramenta

manuais

Lesões nos

membros

inferiores

E III 4

Utilização de

calçado com

biqueira e

palmilha de aço,

ferramentas

manuais

adequadas e

treinamento em

NR-18.

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

97

emergência

Queimadura

decorrente de

exposição solar.

Trabalhos a céu

aberto.

Queimaduras

na pele. D III 3

Fornecimento de

proteção para a

cabeça e

bloqueador solar.

98

APÊNDICE B.1 – FORMULÁRIO DA APR

Objeto de análise:

Órgão : Folha : Escavação (decapagem) – Movimentação de materiais, máquinas e

equipamentos

Executado por: Número

: Data :

Felipe Ferro

Categorias

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

A

máquina/caminh

ão tombar

Inabilidade do

operador

Danos pessoais

com grau

variado/Danos

materiais

D III 4

Cursos conforme

previsto na NR-

18.

Caminhão ficar

sem freio

Manutenção

inadequada

Colisões/Atropel

amento D II 3

Programa de

inspeção e

manutenção

preventiva

Se houver falha

no sistema

hidráulico da

máquina

Movimentos

involuntários da

máquina

Lesões

pessoais/Danos

materiais

B I 2 Inspeção visual

do operador

Motorista não

for qualificado

Falta

capacitação/treina

mento

Colisões/Atropel

amento D III 3

Treinamentos

com carga horária

prevista na NR-

18.

O acesso não

for controlado Atropelamento

Lesões pessoais

e/ou morte E III 4

Sinalização

proibitiva, e

controle na

entrada de

máquinas e

pessoas.

99

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Não houver vias

para circulação

de

trabalhadores

Atropelamento Lesões pessoais

e/ou morte C II 2

Definir e sinalizar

as vias de

circulação na

obra.

Não for

realizado

inspeções e

manutenções

periódicas

Quebra de

máquinas/acident

es

Danos materiais B II 1

controle pela

equipe de

manutenção e

checklist para

operador de

máquina.

Não molhar a

via de

movimentação

Geração

excessiva de

poeira

Problemas

respiratórios D II 3

Estabelecer

cronograma de

utilização do

caminhão pipa.

Houver projeção

de partículas

Cascalho e

pedras na via Lesões pessoais E III 4

Estabelecer

cronograma de

utilização da moto

niveladora para

manutenção da

via.

Descer da

máquina e não

adotar os

procedimentos

corretos

Falta

capacitação/treina

mento

Acidente com

máquina D III 4

Treinar os

operadores sobre

procedimentos

corretos e

conforme NR - 18.

Houver

irregularidades

no terreno

Conservação da

via de fluxo

Tombamento/

Danos materiais C I 1

Manutenção da

via.

Uso de

ferramentas

manuais

Ferramentas

inadequadas

Lesões

pessoais/Danos

materiais

D II 3

Utilizar

ferramentas

adequadas;

100

Inspecionar as

ferramentas antes

e depois do uso.

101

APÊNDICE B.2 – FORMULÁRIO DA APR

Objeto de análise:

Órgão : Folha : Escavação (cut-off) – Movimentação de mteriais, máquinas e

equipamentos, mobilização financeira e condições ambientais

Executado por: Número

: Data :

Felipe Ferro

Categorias

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Queda da carga

sobre o

caminhão.

Excesso de carga

de material.

lesões pessoais

e/ou morte D II 3

Orientar operador

de escavadeira.

Capotamento e

colisão.

Ritmo de trabalho

e falta de

sinalização

Danos materiais

e/ou pessoais D II 3

Sinalizar a via e

treinar motoristas.

Movimento

involuntário da

máquina

Falta de

manutenção

preventiva e/ou

corretiva

lesões pessoais

e/ou morte C III 2

Controle das

manutenções

Projeção de

materiais, e

ruído acima dos

limites de

tolerância.

Utilização de

explosivos

Lesões pessoais

e/ou morte. D IV 4

Cumprir o que

determina a NR-

18 e NR-19.

Operador inalar

sílica livre

presente nas

rochas.

Operação com

perfuratriz

Doença do

trabalho D III 4

Utilizar EPC e

EPIs.

Atropelamento Sinalização da via

inadequada.

lesões corporais

e/ou morte D III 3

Placas de

sinalização

limitando a

velocidade.

102

Evento indesejado

ou perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Pane elétrica e

mecânica,

podendo ocorer

anormalidades

Falta de

manutenção

preventiva e/ou

corretiva

lesões pessoais

e/ou morte C III 2

Controle das

manutenções

Perda auditiva

relacionada ao

trabalho

Ruidos acima dos

limites de

tolerância.

Perda auditiva

progressiva D III 3

Implantação do

PPRA e programa

de controle de

ruídos.

Grande

concentração

de poeira,

causando

irritação das

vias aéreas

Movimentação de

máquinas e

equipamentos

Afastamento por

exposição a

agentes

químicos.

D III 3

Utilização de

caminhão pipa

para amnizar a

exposição a

poeiras.

Ocorrência de

acidentes e

afastamentos,

alem de

problemas com

a fiscalização

do M.T.E

Não fornecimento

de materiais de

segurança.

Lesões pessoais

e/ou morte. D III 3

Cumprir o que

determina a NR-6

e NR-9.

103

APÊNDICE B.3 – FORMULÁRIO DA APR

Objeto de análise: Órgão : Folha :

Tratamento da fundação – Condições ambientais de trabalho

Executado por: Número

: Data :

Felipe Ferro

Categorias

Evento indesejado ou

perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Amáquina/caminhã

o tombar?

Inabilidade

do operador

Danos pessoais

com grau

variado/Danos

materiais

D III 4

Cursos conforme

previsto na NR-

18.

Caminhão ficar

sem freio?

Manutenção

inadequada

Colisões/Atropelam

ento D II 3

Programa de

inspeção e

manutenção

preventiva

Se houver falha no

sistema hidráulico

do equipamento?

Movimentos

involuntários

da máquina

Lesões

pessoais/Danos

materiais

B I 2 Inspeção visual

do operador

Não houver vias

para circulação de

trabalhadores?

Atropelamen

to

Lesões pessoais

e/ou morte C II 2

Definir e sinalizar

as vias de

circulação na

obra.

Não for realizado

inspeções e

manutenções

periódicas?

Quebra de

máquinas/aci

dentes

Danos materiais B II 1

controle pela

equipe de

manutenção e

checklist para

operador de

máquina.

104

Evento indesejado ou

perigo Causas Consequência Freq Sev Risco

Medidas de controle

de risco e de

emergência

Não utilizar

protetor auricular e

respirador

descartável ?

Não

fornecimento Perda auditiva E III 4

Controle e

fiscalização no

fornecimento e

treinamento

conforme NR-6.

Não molhar a via

de movimentação?

Geração

excessiva de

poeira

Problemas

respiratórios D II 3

Estabelecer

cronograma de

utilização do

caminhão pipa.

Descer da máquina

e não adotar os

procedimentos

corretos ?

Falta

capacitação/t

reinamento

Acidente com

máquina D III 4

Treinar os

operadores sobre

procedimentos

corretos e

conforme NR - 18.

Houver

irregularidades no

terreno?

Conservação

da via de

fluxo

Tombamento/

Danos materiais C I 1

Manutenção da

via.

105

APÊNDICE C – FORMULÁRIO DO RESULTADO DA MATRIZ DE ESTUDO

Matriz de

prioridade de

estudo

Movimentação de

materiais,

equipam

entos e

máquinas

Número de

pessoas

Complexidade do

layout e tarefas

realizadas

Mobilização

financeira

envolvida

Tem

po de

execução

Condições

ambientais de

trabalho

Propensão à

ocorrência de

não-

conformidade

10 10 3 3 3 10 3

3 10 10 3 1 10 3

Montagem do 10 10 1 1 1 10 1

canteiro de obras 10 10 10 1 3 3 1

3 10 1 1 3 3 1

10 10 3 1 3 10 3

Total 46 60 28 10 14 46 12

10 3 1 3 1 3 1

10 1 3 3 3 3 1

Escavação

(Decapagem)

10 1 3 1 3 1 1

10 3 1 3 3 1 1

3 1 3 10 1 1 3

10 3 3 10 3 1 1

Total 53 12 14 30 14 10 8

10 3 3 3 3 10 1

10 10 3 10 10 10 3

Escavação (Cut - off) 10 3 3 10 10 10 3

10 3 1 10 3 10 1

10 10 1 10 10 10 3

3 3 1 10 3 3 3

Total 53 32 12 53 39 53 14

106

Matriz de

prioridade de

estudo

Movimentação de

materiais,

equipam

entos e

máquinas

Número de

pessoas

Complexidade do

layout e tarefas

realizadas

Mobilização

financeira

envolvida

Tem

po de

execução

Condições

ambientais de

trabalho

Propensão à

ocorrência de

não-

conformidade

3

3

10

10

10

3

3

3

3

3

10

10

1

1

Tratamento da

fundação

3 3 3 3 3 10 3

( 4 etapas) 3 3 10 3 3 10 1

10 10 10 3 3 10 1

10 10 10 3 3 10 1

Total 32 46 46 18 18 60 8

10

10

1

1

3

1

10

10

10

10

1

3

1

1

Assentamento do

maciço

10 3 1 10 10 3 1

10 3 1 10 10 1 1

10 3 1 10 10 3 3

10 3 3 10 10 1 1

Total 60 14 10 60 60 12 8

10 1 3 10 3 10 3

10 10 10 10 10 10 1

Escavação do

Vertedouro

10 3 3 10 10 10 3

( 3 etapas) 10 10 3 10 10 10 3

10 3 3 10 10 10 1

10 1 3 10 10 10 3

Total 60 28 25 60 53 60 14

107

Matriz de

prioridade de

estudo

Movimentação de

materiais,

equipam

entos e

máquinas

Número de

pessoas

Complexidade do

layout e tarefas

realizadas

Mobilização

financeira

envolvida

Tem

po de

execução

Condições

ambientais de

trabalho

Propensão à

ocorrência de

não-

conformidade

3 3 1 3 3 3 3

3 3 1 3 1 3 3

Enrocamento de

pedra -

3 3 1 3 1 1 1

aterro 3 3 1 3 10 1 1

3 3 1 1 1 1 1

10 3 1 3 10 3 1

Total 25 18 6 16 26 12 10

108

APÊNDICE D – FORMULÁRIO DE CONTROLE

BARRAGEM DA ARVOREZINHA DATA:

FORMULÁRIO DE CONTROLE DE ATIVIDADE FOLHA:

ITEM A SER CONFERIDO (escavação decapagem) SIM NÃO NA

1 - As máquinas da obra passam por revisão frequente?

2 - As áreas de trabalho estão sinalizadas?

3 - A via de fluxo esta em condições de tráfego?

4 - Os equipamentos de movimentação de materiais são

operados por trabalhador qualificado?

5 - Os acessos da obra estão desimpedidos, possibilitando a

movimentação das máquinas?

6 – Antes do inicio do serviço , as máquinas são vistoriadas

por trabalhador qualificado, com relação ao estado geral da

máquina?

7 – As máquinas possuem dispositivo para impedir o

acionamento por pessoa não autorizada?

8 - Os trabalhadores são treinados para utilizar de forma

segura as ferramentas manuais?

9 - Os empregados receberam treinamentos admissional e

periódico, visando a garantir a execução de suas atividades

com segurança?

10 – As vias de fluxo dos trabalhadores estão sinalizadas?

109

APÊNDICE D.1 – DDS PARA A MONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS

FERRAMENTAS MANUAIS

As ferramentas manuais são os equipamentos mais simples e servem como

extensão da mão do homem, para lhe facilitar as tarefas, diminuindo a força em-

pregada por ele, aumentando o rendimento dos serviços e protegendo-os dos riscos

de acidentes. Sendo uma extensão da mão e usadas para facilitar os trabalhos,

atualmente o seu uso é quase imprescindível. Encontramos ferramentas manuais

sendo usa das em todos os lugares, desde as oficinas, fábricas, até o lar, para

pequenos consertos e algumas tarefas simples. A diversidade de usos fez com que

elas fossem responsáveis por muitos acidentes de todas as espécies e alguns até

com graves consequências, dependendo, é lógico, do tipo de ferramenta.

De um modo geral, as ferramentas manuais não causam muitos acidentes

graves, o índice de gravidade das lesões é muito baixo. Por essa razão, muitas ge-

rências tendem a não tomar conhecimento do cuidado, controle e uso dessas fer-

ramentas. Exceto quando:

a) Olhos - toda lesão ocular deve ser considerada como potencialmente mui-

to grave e requer imediata e competente ação;

b) Infecções - em virtude de numerosos pequenos cortes, bolhas, abrasões,

machucaduras e perturbações, as infecções são muito comuns, decorrentes do

descaso em tratar essas pequenas lesões.

Mas, a frequência desses acidentes é grande. O índice de lesões

incapacitantes é elevado em virtude do mau emprego das ferramentas e outras

causas que devemos observar:

� Ferramentas defeituosas;

� Ferramentas inadequadas para o serviço;

� Método incorreto;

� Má conservação das ferramentas;

� Improvisação de ferramentas;

� Condução de ferramentas no bolso;

� Arremesso de ferramentas para outro colega.

110

Medidas Preventivas

� Verifique frequentemente as condições das ferramentas solicitando a repara-

ção ou condenação;

� Para trabalhos em altura, use cinto porta-ferramenta, ficando com as mãos li-

vres, tanto na escada, como para realização do serviço;

� Faça uma rápida análise do seu posicionamento para que em caso de

escapar a ferramenta, você não venha a sofrer queda;

� Não deixe ferramentas em posição perigosa, ou no caminho onde possam

provocar pulos, escorregões, quedas, etc. Evite deixar em bancadas, mesas,

maquinas, onde possa provocar acidentes.

111

APÊNDICE D.2 – FORMULÁRIO DE CONTROLE - INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

112

APÊNDICE D.3 – FORMULÁRIO DE CONTROLE - INSPEÇÃO ESPECIFICA DE

SEGURANÇA