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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ANDRÉA PAULA FERREIRA DE SOUSA GARCIA FAVELA MOR GOUVEIA: a intervenção urbana como reconstrução do espaço NATAL / RN NOVEMBRO de 2006

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ANDRÉA PAULA FERREIRA DE SOUSA GARCIA

FAVELA MOR GOUVEIA: a intervenção urbana como reconstrução do espaço

NATAL / RN

NOVEMBRO de 2006

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ANDRÉA PAULA FERREIRA DE SOUSA GARCIA

FAVELA MOR GOUVEIA: a intervenção urbana como reconstrução do espaço

Trabalho de Conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Potiguar - UnP, apresentado como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Professor Heitor Andrade.

NATAL / RN

NOVEMBRO de 2006

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FAVELA MOR GOUVEIA: a intervenção urbana como reconstrução do espaço

Por

ANDRÉA PAULA FERREIRA DE SOUSA GARCIA

_________________________________________________

HEITOR ANDRADE

Professor orientador

_________________________________________________

EUDJA MAFALDO

Examinador Interno

_________________________________________________

ROSA DE FÁTIMA

Examinador Externo

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Dedico este trabalho a Deus, ao meu noivo, aos meus pais e avós e em especial a todas as famílias que habitam a Favela da Capitão Mor Gouveia.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram direto ou

indiretamente para a realização deste sonho, que é a conclusão do curso de

arquitetura.

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por transmitir

tranqüilidade e fornecer forças para enfrentar os desafios, por iluminar meus passos

e me deixar confiante das minhas atitudes, por me fazer entender que para atingir o

objetivo final, obstáculos surgirão e servirão para deixar ainda mais saboroso o

processo,

Ao meu pai Franklin Delano Garcia, pela confiança em mim depositada,

acreditando sempre na minha qualificação profissional, e apostando que eu seguiria

seus passos fielmente me dando dicas e incentivos, me deixando ser a extensão de

sua profissão de Arquiteto e Urbanista, assim como, não medindo esforços, muitas

vezes abrindo mão de um desejo seu para me proporcionar a conclusão deste curso.

A minha mãe Maria Odette Ferreira de Sousa, por me proporcionar a

educação necessária para me tornar uma pessoa digna; por me fazer sentir, mesmo

que distante, a sua torcida por mim; por sempre, em hipótese alguma, deixar de me

dar uma palavra de incentivo; e por me fazer entender que, muitas vezes, para

ganharmos alguma coisa é preciso abrir mão de outra.

As minhas avós Nadir Garcia e Cesaltina Armanda, pelo colinho de avó e

muitas vezes de mãe sempre disponível e pelas palavras de incentivo e carinho

derramados sempre em minha vida.

A minha irmã Amanda, pela dedicação mesmo distante, me deixando

confortada e tranqüila sabendo que tenho uma pessoa com quem possa contar;

Ao meu noivo Alessandro Pinto, por estar sempre ao meu lado em todos os

momentos sejam eles agradáveis ou difíceis, por ser um grande incentivador para a

conclusão deste curso acreditando sempre na minha capacidade e dedicação, por

me ajudar a levantar nos momentos em que tive quase para cair e por ter

compreendido os momentos em que estive ausente e muitas vezes fazendo-o

também ausente perante as suas atividades.

Aos meus sogros Dona Luzimar e Senhor Edivaldo, aos meus cunhados

Dessa e Adriano, e aos meus concunhados George e Charlena, pelo

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companheirismo; paciência; oportunidades oferecidas demonstrando confiança

durante todo o curso,

A SETHAS, Secretaria do Estado do Trabalho da Habitação e Assistência

Social, representada por Dra. Rosa de Fátima; Dr. Fernando Freitas; Dr. Góis; Dra.

Elethiany Alves; Dra. Lumena; Dra. Anne Valeska, Dra. Camille Rosendo; Dra. Ana

Tereza e meus amigos inestimáveis João Maria e Gilson Nogueira como também

meus companheiros (as) de estágio, Ana Katarina; Erika Azevedo e Almino, no qual

me ajudaram a alcançar meu objetivo final, me enriquecendo como pessoa e

profissional durante três anos do meu curso;

Aos meus professores Ricardo Marques; Floresia; Eunadia Cavalcante;

Rosane; a Carlos assistente de maquete; a Neuza do Finaceiro da UnP; Eudja

Mafaldo que disponibilizou seu ombro sempre que precisei me fortalecendo com seu

carinho e apoio e meu antes mesmo que orientador, amigo Heitor Andrade pelo

apoio, pela ajuda e pela confiança, durante toda a execução do trabalho;

E, finalmente, aos meus queridos amigos, Anne Lisa Passos; Renata Serêjo;

Larissa Marinho; Jiji Calafange; Candy Allis; Fê Carmo, Sarita Bruna; Tete Melo;

Larão; Malu; que me incentivaram, levantaram meu animo e me fizeram entender o

significado de uma verdadeira amizade.

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Saudosa maloca

Se o senhor não ta lembrado dá licença de conta que aqui onde agora está este edifício alto era uma casa velha, um palacete assobradado. Foi aqui seu moço que eu, Mato Grosso e o Joca construímo nossa maloca. Mas um dia eu nem quero me alembrar Veio os home com as ferramenta O dono mandô derruba Peguemo todas as nossas coisa e fomos pro meio da rua aprecia a demolição Que tristeza que eu sentia cada tauba que caia doía meu coração Mato Grosso quis grita mas em cima eu falei os home ta com a razão Nós arranja outro lugar Só se conformemo quando o Joca falou Deus da o frio conforme o cobertor E hoje nóis pega paia nas grama de jardim E pra esquecer nós cantemo assim Saudosa maloca, maloca querida, din din don que nós passemos dias felizes de nossas vidas

Adoniram Barbosa, 1954

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RESUMO

GARCIA, Andréa. Favela Mor Gouveia: a intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso.(graduação em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Potiguar – UnP, Natal / RN 2006. 81p.

A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço é um tema de suma importância no desenvolvimento socioeconômico da realidade ora vivenciada no Brasil. Nos dias de hoje percebemos o enfoque direcionado a tal matéria pelos governantes no afã de interpor políticas públicas de inclusão social no intuito de amenizar as diferenças sociais no que tange a habitação, bem como a auto-estima dos cidadãos. Analisando em específico a favela Mor Gouveia, foco do presente, utilizando o método de pesquisa quantitativo através de visitas in loco, aplicações de questionários e visitas a órgãos públicos regulamentadores, tendo como escopo verificar a necessidade e viabilidade da intervenção urbana nesta área, de acordo com a coleta dos dados, visando realizar um anteprojeto buscando atender as necessidades de cada família, tendo em vista que, o processo de estruturação intra-urbana, no período de forte expansão, implicaram na ocupação irregular periférica e a manutenção de imóveis desocupados nos interstícios da cidade, aumentam as ocupações irregulares. Atualmente, grande parte do espaço urbano ocupado e a escassez de terrenos estimula a renovação de determinados núcleos, proporcionando atração e repulsão dos vários tipos de demandas habitacionais. Isso ocorre a partir de uma verdadeira disputa por vantagens e desvantagens do espaço urbano que configura a estrutura hierárquica de uso e ocupação do solo, sendo esta problemática uma realidade em um estado democrático de direito onde está sacramentado entre um dos direitos fundamentais de sua constituição federal a moradia.

Palavras Chaves: Ocupação Irregular. Espaço Urbano. Habitação.

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ABSTRACT

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LISTA DE FIGURAS

01 - Exemplo de local com falta de coleta de lixo ...............................................

02 - Exemplo de local com córrego sem manutenção ........................................

03 - Ar de construção .........................................................................................

04 - Ar cinza do bloco da laje .............................................................................

05 - Favela do Rio de Janeiro (morro) ................................................................

06 - Favela de São Paulo (viadutos)..................................................................

07 - Vielas das favelas 1......................................................................................

08 - Vielas das favelas 2......................................................................................

09 - Exemplo 1 de mutirão dos moradores ........................................................

10 - Exemplo 2 de mutirão dos moradores..........................................................

11 - Exemplo 1 de palafitas da favela..................................................................

12 - Exemplo 2 de palafitas da favela..................................................................

13 - A favela antes da urbanização feita pela CODESCO..................................

14 - A favela depois da urbanização feita pela CODESCO................................

15 - Projetos elaborados pela população 1...........................................................

16 - Projetos elaborados pela população 2.........................................................

17 - Vista aérea da favela de Heliópolis 1...........................................................

18 - Vista aérea da favela de Heliópolis 2...........................................................

19 - Fachadas coloridas da favela 1....................................................................

20 - Fachadas coloridas da favela 2.....................................................................

21 - Foto aérea da favela da Maré.......................................................................

22 - Planta da “cornubação”.................................................................................

23 - Ocupação sobre palafitas..............................................................................

24 - Tubulação de esgotamento do rio.................................................................

25 - Tipologia dos lotes e unidades residenciais 1...............................................

26 - Tipologia dos lotes e unidades residenciais 2...............................................

27 - Regiões Administrativas e bairro de Felipe Camarão...................................

28 - Bairro de Felipe – ZPA 4, ZPA 8...................................................................

29 - Bairros do entorno do terreno de Felipe Camarão........................................

30 - Planta de situação do bairro de Felipe Camarão..........................................

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31 - Planta topográfica e detalhada......................................................................

32 - Cemitério do hospital leprosário São Francisco de Assis e igreja evangélica....

33 - Favela-Antiga Creche invadida pelas famílias..............................................

34 - Esgoto por entre os barracos 1.....................................................................

35 - Esgoto por entre os barracos 2.....................................................................

36 - Foto aérea do terreno e favela......................................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12

2 ESTUDOS PRECEDENTES ..................................................................................15

2.1 ABORDAGEM TEÓRICO – CONCEITUAL SOBRE ASSENTAMENTOS

IRREGULARES .........................................................................................................16

2.1.1 Assentamento irregular: de prêmio de guerra a palco de guerra .....................17

2.1.2 Características de assentamentos irregulares .................................................20

2.1.3 Identidade dos assentamentos irregulares: hábitos e culturas, saberes e

fazeres. ......................................................................................................................27

2.1.4 Métodos de intervenção em assentamentos irregulares ..................................28

2.2 REFERÊNCIAS DE PROJETO ...........................................................................29

2.2.1 Favela Brás de Pina – Rio de Janeiro / RJ .......................................................31

2.2.2 Favela de Heliópolis – São Paulo / SP .............................................................34

2.2.3 Favela da Maré – Rio de Janeiro / RJ ..............................................................38

2.2.4 Considerações sobre as referências de projeto................................................43

3 META PROJETO ......... ..........................................................................................44

3.1 INTERVENÇÃO URBANA....................................................................................45

3.1.1 Caracterização da área ....................................................................................45

3.1.2 Programa de Necessidades .............................................................................60

3.2 INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA ....................................................................64

3.2.1 Caracterização das famílias a serem removidas ..............................................65

3.2.2 Definição dos programas de necessidades por tipo de unidade

habitacional................................................................................................................66

4 CONCLUSÃO.........................................................................................................76

REFERÊNCIAS .........................................................................................................78

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

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1. INTRODUÇÃO

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

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O crescente aumento da população em busca de moradia tem provocado

um problema para as populações urbanas de todo o mundo, a favelização, isto é, o

surgimento de assentamentos irregulares. A escassez de recursos para se construir

espaços habitáveis e, principalmente, um planejamento voltado para a área social,

provocam o aumento das necessidades materiais, sociais e a qualidade de vida nas

grandes cidades.

Em nossa sociedade está evidente o quadro de injustiça social que se

manifesta espacialmente, produzindo territórios que recebem as mais diversas

denominações, seja ilegal, subnormal, assentamento irregular, favela, periferia ou

área de risco, todos têm uma enorme carga simbólica negativa, expressão de

espaços insalubres, carentes ou precários.e que são, na verdade, lugares possíveis

de morada para população de renda insuficiente a uma vida digna.

O problema dos assentamentos irregulares e favelas se agravam quando

criação destes estão em áreas ambientalmente frágeis e, para enfrentar este quadro,

se faz necessária uma nova abordagem arquitetônica, urbanística e jurídica, visando

desenvolver soluções urbanísticas ambientalmente sustentáveis e possíveis de

regularização.

A afirmação do sentimento de justiça ambiental ultrapassa os limites de

simples políticas compensatórias elementares, não comprometidas com a verdadeira

inserção do trabalhador excluído, com difícil acesso à cidade formal e legal,

conforme os preceitos da urbanidade e dos direitos sociais básicos. A justiça

ambiental ganha fórum de acesso à cidadania e ampla legitimação. Aumenta a cada

dia o número de pessoas, entidades e organizações não-governamentais (ONGs)

engajadas na divulgação de direitos ambientais básicos, numa luta em busca de

uma sociedade socialmente justa e ambientalmente equilibrada.

O movimento migratório, cujas principais causas se deve a fatores diversos,

como por exemplo, procura de empregos e fuga do campo em períodos de seca,

época em que a população da área rural migra para a área urbana buscando a

sobrevivência e como conseqüência deste convívio permanecem definitivamente

morando nesta área. Algumas famílias conseguem estabelecer uma boa situação

financeira para se manter, entretanto, a grande maioria passa a sobreviver numa

situação precária, mantendo-se de subempregos, esmolando ou até mesmo

marginalizando-se. Este fluxo migratório também foi acentuadamente acrescido pela

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

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instalação de novas empresas em núcleos urbanos, o que trouxe um novo fluxo de

migração, acrescendo com isto um aumento populacional acima do normal.

O presente estudo terá como escopo identificar e analisar as causas que

provocam a criação destes assentamentos e as conseqüências do mesmo para a

população analisando as diversas etapas do processo e o seu controle. Procedem-

se a uma pesquisa para entender as questões mais específicas que são

desenvolvidas em um assentamento, definindo-as e realçando como o processo de

controle e fiscalização pode ser alcançado.

Partimos da problemática da ocupação desenfreada e sem planejamento de

áreas urbanas, bem como a escassez de terrenos aptos a receber pessoas de baixa

renda a procura de apenas um pedaço de chão para erguer um teto para viver.

Para tanto tem como objetivo viabilizar a intervenção urbana na favela Mor

Gouveia, visto ser de alta complexibilidade e necessidade tal intervenção, além de

esclarecer a todos aqueles que tenham o presente Trabalho de Conclusão de Curso

em mãos a cerca de matéria de salutar relevância.

Sobre os métodos utilizados no desenvolvimento desse trabalho temos o

método de pesquisa quantitativo, no qual foram colhidos diversos depoimentos a

cerca das necessidades vivenciadas por aqueles que lá habitam, nas visitas que

foram realizadas no local, além de visitações nos órgãos públicos inerentes a

matéria aqui vislumbrada.

Desta forma, buscando uma utilização dinâmica, o presente trabalho está

dividido em 4 (quatro) capítulos, no primeiro tem-se a introdução de maneira a

nortear, os capítulos seguintes o leitor, tal como um preâmbulo. No segundo capítulo

mostram-se os estudos precedentes, sendo estes uma abordagem teórica sobre os

assentamentos irregulares, acrescentando ao leitor importantes dados e aspectos

históricos, características, legitimação, infra-estrutural e arquitetônicos. Já o terceiro

capítulo trata-se do meta-projeto, tratando este da intervenção urbana,

caracterizando a área bem como o entorno, apresentando gráficos; croquis; estudos

do terreno; tabelas; programa de necessidade e memorial descritivo a fim de

individualizar e caracterizar a área proposta.

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

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2 ESTUDOS PRECEDENTES

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

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2.1 ABORDAGEM TEÓRICO – CONCEITUAL SOBRE ASSENTAMENTOS

IRREGULARES

Assentamento irregular é qualquer região cujas construções tenham sido

realizadas em terrenos no qual a apropriação se deu de forma ilegal, ou seja, foram

invadidos. Em geral os assentamentos irregulares dão origem a zonas habitacionais

definidas como favela (ALFONSIN, 2002).

Favela é um termo particularmente utilizado, no Brasil, para descrever

assentamentos irregulares em regiões urbanas de baixa qualidade de vida, cujos

moradores possuem pouco ou nenhum poder aquisitivo - áreas com edificações em

condições inadequadas de habitabilidade, muitas vezes aglomeradas e edificadas

em terrenos instáveis com os materiais improvisados. Resultando, assim, em um

conjunto precário de vários casebres, geralmente construídos em morros e

desprovidos de infra-estrutura básica.

É todo núcleo habitacional surgido desordenadamente, em terreno público

ou privado, de domínio não definido, ou mesmo alheio, localizado em área sem

urbanização ou melhoramentos (ALFOSIN, 2002).

O termo “favela” surgiu no Rio de Janeiro no século XIX, para denominar

exatamente uma parte do morro da Providência, por sua semelhança com um

"morro da Favela", existente no interior da Bahia, de onde vieram, após a Guerra dos

Canudos, em 1897, alguns dos primeiros moradores.

Ao longo dos tempos, o termo favela tem apresentado várias mudanças, as

quais acompanham quase sempre a situação socioeconômica da sociedade. A

condição de desemprego crescente, no Brasil, é uma das causas do

empobrecimento da população e conseqüente aumento da exclusão social e

proliferação de favelas.

Nesse sentido, a definição mais apropriada para favela, nos dias atuais,

seria: assentamento habitacional espontâneo, localizado em área pública ou

particular, de forma ilegal em relação à propriedade do solo e cujas edificações

encontram-se em desacordo com as prescrições urbanísticas (leis de uso e

ocupação do solo), independentemente do número de unidades habitacionais

existentes e das tipologias construtivas dos domicílios (ALFONSIN, 2002).

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

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Mas, o fato é que, com relação às favelas de hoje, a visão de "barracão de

zinco, sem telhado, sem pintura, lá no morro" ou "conjunto de habitações populares

toscamente construídas" é coisa do passado. Hoje, milhões de moradores dessas

comunidades vêm trocando as tábuas velhas, o sopapo e o zinco pelas casas de

alvenaria com lajes de concreto, esquadrias de alumínio e outras melhorias.

2.1.1 Assentamento irregular: de prêmio de guerra a palco de guerra

Como mencionado, a origem do termo favela encontra assento no episódio

histórico conhecido por Guerra de Canudos. Um movimento político-religioso

brasileiro que durou de 1896 a 1897, ocorrido na comunidade de Canudos, no

interior do Estado da Bahia.

Na Guerra de Canudos, os revoltosos contestavam o regime republicano

recém adotado e a sua liderança, exercida por Antônio Conselheiro, baseava-se na

motivação religiosa e, segundo a história, mobilizou ao todo mais de dez mil

soldados oriundos de 17 Estados brasileiros, distribuídos em quatro expedições

militares. Calcula-se que morreram ao todo mais de 25 mil pessoas, culminando com

a destruição total da área palco da guerra (ABRAMO, 2003).

Ao regressarem das expedições contra Antônio Conselheiro, no fim do

século XIX, receberam os soldados, como “prêmio de guerra”, do Coronel Moreira

César e do General Artur Oscar, alguns recursos para se instalar em casa própria no

Rio de Janeiro.

Os soldados que foram lutar na região, ao voltar ao Rio de Janeiro, em dado

momento, deixaram de receber seu soldo e passaram a morar em construções

provisórias, juntamente de outros desabrigados.

A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o

Morro da Favela, cuja denominação se dava em função do morro ser coberto por

uma planta chamada de fava.

O Morro da Providência é a síntese importante da origem das favelas

cariocas. A partir daí, vários outros morros foram ocupados de forma irregular e, por

conseguinte, estes passaram a ser conhecidos como favelas, em referência à

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

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"favela" original. E o nome, popularizando-se, através do neologismo adotado,

passou a identificar um dos mais característicos conglomerados humanos brasileiros

para, afinal, figurar, posteriormente, nos dicionários como um novo termo, bem típico

dos tempos modernos e das atravancadas metrópoles do País (ABRAMO, 2003).

Outro fator importante para o aumento do número de favelas é a migração

da população rural para o espaço urbano, o denominado “êxodo rural”, que ocorre

principalmente, quando pessoas saem de suas moradas de origem, muitas vezes

por motivo de privação por falta de trabalho, geralmente em razão dos longos

períodos de seca, em busca de melhores condições de vida em grandes cidades, e,

quando chegam no tão almejado destino, se deparam com uma realidade que

muitas vezes, os torna reféns da “cidade grande”. Essa situação leva-os, em geral, a

viverem em condições sub-humanas, em função do sub-emprego e das irrisórias

remunerações, o que os obriga a permanecer na cidade por falta de condições de

voltar a sua terra natal.

Pode-se atribuir as causas dessa realidade à ineficácia do poder estatal em

criar políticas públicas de manutenção dos trabalhadores rurais em suas atividades

laborativas originárias, ou seja, no campo, bem como políticas habitacionais urbanas

adequadas, sendo estes grandes fatores que têm levado ao crescimento em

progressão geométrica dos domicílios em favelas. Dados do Ministério das Cidades,

apoiados nos números do Censo 2000 do IBGE, apontam que, entre 1991 e 2000,

enquanto a taxa de crescimento domiciliar nacional foi de 2,8%, a de domicílios em

favelas foi de 4,8% ao ano. Entre 1991 e 1996 houve um aumento de 16,6% (557

mil) do número de domicílios em favelas; entre 1991 e 2000 o aumento foi de 22,5%

(717 mil) (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2000).

A migração e conseqüente concentração das populações pobres nas

periferias de grandes cidades ocorre em razão da busca incessante da economia do

custo de vida.

Ao analisar esse crescimento desenfreado, pode-se constatar que, além do

baixo custo, tendo em vista ser uma ocupação fundiária irregular edificação

improvisada, uma outra razão significativa pela procura por esse tipo de moradia é a

proximidade do local com potencialidades de oportunidades de trabalho pois, em se

tratando de famílias de baixa renda, esta proximidade beneficia a estas famílias

facilidade no deslocamento entre casa e trabalho, proporcionando economia de

recursos em transporte e alimentação.

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

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As favelas, no entanto, começam a ser mais "visíveis" a partir da expansão

do processo de industrialização-urbanização. A partir da década de 1950 passam a

ser reconhecidas como "problema" (BONDUKI, 1998). Problema este que, ao longo

do tempo, tem sido visto de várias formas: como local de marginais; como local onde

se conseguem votos; como resultado do processo de migração, dentre outros. Pode-

se admitir que os favelados “aceitam” viver desta forma porque buscam se integrar

ao meio urbano e criar um lugar que lhes lembrem o campo, suas raízes mais

profundas, o berço de seus ancestrais. Se acalentado, assim, pela falta de opção.

Diante da falta de infra-estrutura, recursos, planejamento, ou seja, a

inexistência da devida atuação dos gestores públicos, milhares de pessoas

dispostas a trabalhar dignamente, estão expostas a dividirem o mesmo espaço com

a marginalidade, provocada pela exclusão social, o que torna seu ambiente de

moradia em um verdadeiro “palco de guerra”, e, o que é mais grave, vivem sob o

estigma das “facilidades” proporcionadas pela vida na criminalidade,

O combate à criminalidade e à violência sempre deverão ser o alvo de

políticas de qualquer governo. Entretanto, enquanto a busca incessante do lucro se

constituir em atividade fim da sociedade, gerando o desemprego, a miséria, a fome e

a insatisfação popular, essas políticas tendem ao fracasso. Nesta guerra, pode-se

vencer algumas batalhas, mas é uma guerra que não pode ser vencida enquanto

não forem ultrapassados os obstáculos da desigualdade e inclusão social.

Não existem fórmulas mágicas para vencer a criminalidade. Ela não pode

ser vencida simplesmente do ponto de vista repressivo ou militar, pela ocupação

policial das favelas ou pela sua asfixia. Desse ponto de vista ela pode ser reduzida,

limitada, circunscrita, mas enquanto a favela for um espaço de união de pobreza e

miséria, de sentimentos de revolta da população excluída contra o poder público, a

criminalidade vai encontrar sua guarida e garantir sua reprodução, através do

recrutamento de seus “soldados”. Essa batalha só pode ser vencida socialmente,

pela intervenção plena do poder público, integrando a favela à malha urbana e à

vida legal da cidade, levando até os seus moradores os mesmos serviços e

equipamentos sociais de que dispõem os habitantes da área formal, elevando sua

qualidade de vida e sua consciência, transformando o “favelado” em cidadão

(MARICATO, 2001).

Os criminosos formam quadrilhas, as quadrilhas se fundem em “famílias”,

dividem ou disputam territórios e monopolizam interesses. E, com o criminoso

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profissional e o crime organizado, surge e se desenvolve, também, todo um aparato

legal destinado a cuidar dele, como a parcela corrupta da polícia, da justiça criminal,

guardas, juizes e advogados comprometidos com o crime e a figura jurídica obsoleta

do direito penal.

2.1.2 Características de assentamentos irregulares

O modelo de urbanização brasileiro produziu, nas últimas décadas, cidades

caracterizadas pela fragmentação do espaço e pela exclusão social e territorial. O

desordenamento do crescimento periférico associado à profunda desigualdade entre

áreas, desprovidas de toda a urbanidade, e áreas, nas quais os equipamentos

urbanos e infra-estrutura se concentram, aprofunda essas diferenças, reforçando a

injustiça social das cidades e inviabilizando a cidade para todos (MARICATO, 2001).

Grande parcela das cidades brasileiras abriga algum tipo de assentamento

habitacional irregular precário, normalmente em morros próximos ao mercado de

trabalho, ou até mesmo distantes, com acessos precários, desprovidos de infra-

estrutura e equipamentos urbanos mínimos.

Na totalidade das grandes cidades essa é a realidade de milhares de

brasileiros, entre eles os excluídos dos sistemas financeiros formais da habitação e

do acesso à posse regularizada e urbanizada do solo, brasileiros que acabam

ocupando as chamadas áreas de risco, como encostas e locais inundáveis. Por

outro lado, em muitas cidades, principalmente em suas áreas centrais, uma massa

enorme de imóveis se encontra ociosa ou subutilizada, reforçando a exclusão e a

criação de guetos – tanto de pobres que não dispõem de meios para se deslocar,

quanto de ricos que temem os espaços públicos de uso comum –, realidade que

contribui para o aumento da violência, e para a quase impossibilidade de surgimento

do exercício pleno da cidadania (MARICATO, 2001).

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■ Regularização Fundiária: alternativas de enfrentamento

O Direito civil é ramo de direito privado, ou seja, trata das relações

interpessoais, de indivíduos para indivíduos, juntamente com o direito comercial, o

que difere das demais searas do direito, que tratam das relações do estado com os

indivíduos ou do estado com outros estados. Este ramo é responsável pelos modos

de aquisição da propriedade, estabelecendo o código civil brasileiro de 2002 a

Usucapião, O registro do título e a Acessão como os modos de aquisição da

propriedade em nosso ordenamento jurídico (GONÇALVES, 2003).

O registro público é o instituto que efetiva realmente a aquisição da

propriedade, sim, pois não basta somente que se realize o contrato para que se

transfira a propriedade, esta só se dá através da tradição (entrega da coisa) se for o

bem móvel e através da registro do título em caso de bem imóvel (GONÇALVES,

2006).

A acessão é o modo de aquisição da propriedade na qual tudo o que se

incorpora a um bem fica pertencendo ao seu proprietário, ou seja, a coisa acessória

segue à coisa principal, existindo vários tipos de acessões, entre elas as físicas ou

naturais que decorrem de fenômenos naturais, como as ilhas por exemplo, ou

acessões industriais ou artificiais, que são as produzidas pelo comportamento ativo

humano , tais como as plantações e construções (GONÇALVES, 2006).

A Usucapião, instituto do Direito Civil Brasileiro trata da forma de aquisição

originária da propriedade pela prescrição o que se chama de prescrição aquisitiva.

O ordenamento jurídico pátrio, com o implemento do Código Civil de 2002,

observou com mais acuidade a diretiva que sinaliza para a utilização social da

propriedade. Trouxe novas espécies de usucapião, inclusive reduzindo os prazos

para aquisição da propriedade. Introduziu-se, com o advento do Estatuto da Cidade

(Lei Nº 10.257/01) a usucapião coletiva, cujo principal objetivo é a regularização de

áreas urbanas ocupadas desordenadamente pela população de baixa renda

(VENOSA, 2002).

A usucapião coletiva tem aplicabilidade quando se tratar de imóvel urbano

com área maior do que 250 m², utilizada por possuidores de baixa renda que não

sejam proprietários de imóvel urbano ou rural para a sua moradia ou pelo prazo de 5

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(cinco) anos ininterruptos de ocupação em locais onde não for possível a

identificação dos terrenos ocupados ( BRASIL, 2001).

A proposta de usucapião coletiva faz parte de uma política calcada no

princípio da função social da propriedade e tem como escopo promover a

regularização fundiária das ocupações irregulares realizadas pela população de

baixa renda junto aos centros urbanos (VENOSA, 2002).

As favelas apresentam algumas características, mas nenhuma delas é tão

específica quanto o seu status jurídico ilegal, na qualidade de ocupação de terras

públicas ou privadas pertencentes a terceiros. Os assentamentos destes tipos de

ocupações são realizados sem uma preparação preliminar do terreno, onde não

existe infra-estrutura urbana e nenhuma padronização de parcelamento e de

ocupação dos lotes.

Ao longo do tempo, o conceito de favela que se mantém é o que se refere

aos seus ocupantes como proprietários ilegítimos da terra, ou seja, sujeitos de uma

ocupação juridicamente irregular. O que continua como característica essencial é a

irregularidade da propriedade das terras. Os moradores não são os proprietários

legais, porém a ocupação torna-se cada vez mais legitimada pelo próprio poder

público.

Sem condições de "resolver" a falta de moradias e pressionado pelos

moradores, o poder público mantém programas de urbanização de favelas. Os

moradores lutam pelo direito de concessão real de uso ou usucapião urbana. A

usucapião urbana também é uma reivindicação que se coloca para os movimentos

por regularização da ocupação, principalmente para aqueles que se encontram em

áreas de propriedade particular, onde o instrumento de concessão de direito real de

uso não se faz valer, uma vez que não existe usucapião de imóvel de domínio

público, tendo estes a característica própria da imprescritibilidade, tornando-os

inviáveis para o instituto da usucapião (ROLNIK, 2006).

A maior parte das favelas ocupa terras públicas, da União, Estado ou

Município. Em geral as ocupações ocorrem nas “áreas verdes”, os quais são, na

maior parte das vezes locais de maior declividade; de maior insalubridade, etc., o

que também explica porque as favelas ocupam as "piores" terras, as que

apresentam maiores problemas, estando expostos a enchentes, desabamentos

deixando seus moradores expostos ao risco de perder seu “barraco”, quando não

suas vidas.

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■ Infra-Estrutura

Outra característica das favelas a ser considerada é a existência, ou não, de

infra-estrutura urbana. Por exemplo, segundo dados do Censo Demográfico de

2000, um grande percentual de casas faveladas possui energia elétrica.

Segundo o Censo de 2000, a água encanada também chegou às favelas.

Se em apenas 15% das casas possuíam água encanada, os resultados mostram

que esta porcentagem subiu para 89,6%. A melhoria dos serviços de água e luz nos

domicílios nas favelas não foi acompanhada por uma melhoria equivalente da infra-

estrutura sanitária e tratamento de efluentes. Embora o percentual de domicílios

ligados à rede pública de esgotos tenha crescido, uma enorme massa de unidades

habitacionais faveladas lança o esgoto doméstico diretamente no solo ou em

córregos (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2000).

O fato das favelas se incorporarem à paisagem urbana vai exigir o

desenvolvimento de tecnologias, métodos e normas técnicas para projetos e obras

que respondam a suas peculiaridades físicas e sociais. Afinal, trata-se de uma

realidade a enfrentar e transformar, não mais uma realidade provisória. A colocação

de esgotamento sanitário num ambiente construído como favelas não é simples,

envolve inovações técnicas, organizacionais e normativas.

Quanto ao acondicionamento e tratamento de resíduos (Figura 01 e 02), um

dos problemas mais sérios em favelas, devido a doenças que o assunto acarreta,

pode-se dizer que a população favelada, em princípio, não foi excluída da melhoria

da coleta, de forma que as casas faveladas tinham coleta pública regular. O fato é

que a grande densidade demográfica nas favelas – não raro em torno de 400

habitantes por hectare – e o traçado irregular das vielas das mesmas dificultam os

serviços tradicionais de coleta. Quando se visita uma favela, é freqüente a

observação de containers extravasando resíduos (MAGALHÃES, 2004).

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Figura 01 – Exemplo de local com falta Figura 02 – Exemplo de local com córrego de coleta de lixo sem manutenção Fonte: NOVAES, 1990 Fonte: NOVAES, 1990

Constata-se que isso ocorre pela falta de normas técnicas na construção de

seus casebres e ruas, tendo em vista a demanda maior por moradia e o crescimento

acelerado das mesmas. Em São Paulo, a coleta regular costuma se dar 3 vezes por

semana. Na favela, seriam necessárias coletas em intervalos mais curtos. Na favela

Ladeira dos Funcionários, no Rio de Janeiro, por exemplo, há coleta diária, em dois

horários. Foi a única forma de garantir a limpeza de uma área extremamente densa.

Em São Paulo, não raro lixo e entulho marcam a paisagem da favela (MAGALHÃES,

2004).

O que se percebe é que as favelas e domicílios favelados situam-se em

locais do tecido urbano onde a falta de saneamento básico torna-se ainda mais

grave, como em margens de recursos hídricos e reservas ecológicas.

■ Arquitetura

Nas favelas os aspectos urbanísticos imprimem um ar cinza do bloco e da

laje, a mesma aparência de construção em eterno andamento, com o vermelho dos

tijolos de vedação (Figura 03 e 04). Além disso, as favelas exibem um sistema viário

tortuoso, com vielas e escadas, estranhos ângulos nos caminhos de pedestres,

becos sem saída. Enfim, um sistema onde o automóvel não tem lugar.

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Figura 03 – Ar de construção Figura 04 – Ar cinza do bloco da laje Fonte: NOVAES, 1990 Fonte: NOVAES, 1990

A paisagem das favelas cariocas é o morro (Figura 05); as favelas paulistas,

assemelham-se a loteamentos precários de periferia, em locais ainda piores: sob

pontes e viadutos, margens de córregos, ao longo de autopistas e estradas de ferro

(Figura 06). Tal como na periferia, são casas de alvenaria, sem revestimento, em

constante construção e ampliação. Mas é inegável, mesmo sem fazer a apologia do

habitat espontâneo, que a arquitetura das favelas é superior ao espaço pobre e

monótono dos conjuntos estatais, sem nenhuma identidade. Tem certa riqueza

formal, é resultante de um processo de trabalho importante da população que edifica

seus domicílios, e reflete, de alguma forma, identidade e cultura de seus moradores.

Mas falha quando se considera sua insalubridade. Mesmo uma favela urbanizada

dificilmente consegue assegurar ventilação e iluminação adequadas. O problema

não se esgota com a colocação de infra-estrutura sanitária. Pode se esgotar para a

coletividade que vê a poluição do solo e da água diminuir, mas os favelados não raro

necessitam de espaço urbano público muito bem projetado para os compensar da

exigüidade do espaço privado (MARICATO, 2001).

Figura 05 – Favela do Rio de Janeiro (morro) Figura 06 – Favela de São Paulo (viadutos) Fonte: NOVAES, 1990 Fonte: NOVAES, 1990

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Em se tratando de características arquitetônicas, sabe-se que as favelas

são aglomerações de casebres sem obedecer norma técnica alguma de arquitetura.

Mas, a favela transformou-se de frágeis barracos de madeira com piso em terra

socada em conjunto de unidades de alvenaria com cobertura de laje, muitas vezes

verticalizadas. As definições que se referiam às características do barraco vão

paulatinamente mudando, já que os barracos de madeira, construídos com sucata,

têm sido gradativamente substituídos pelos barracos de "madeirit" ou por blocos.

No interior das favelas, os traços mais visíveis desta dura realidade são os

muros altos, a eliminação de vegetação e a redução de locais de estar à mínima

expressão. Qualquer obstáculo, qualquer saliência, transforma-se em potencial

esconderijo. O desafio trata de se obter um espaço liso, sem rugosidades, sem

dobras nas quais o crime possa esconder-se. Uma verdadeira selva de cimento é o

resultado desta situação.

Uma outra característica que se tem alterado é a que se refere à forma de

ocupação: vielas de traçado irregular estão se transformando em vielas que muitas

vezes não permitem a passagem de veículos (Figura 07 e 08). Esta mudança está

vinculada à urbanização e melhorias das favelas, com a introdução de alguns

serviços básicos como luz e água. O que determina o traçado urbano, caracterizado

pela irregularidade, são as limitações impostas pelo meio, as necessidades de

acessibilidade às edificações e as limitações técnicas da comunidade. Estas

características implicam em problemas com relação à dotação de infra-estrutura,

trafegabilidade, etc., produzindo valores espaciais marcados pela variedade e

singularidade dos ambientes (DEL RIO, 1990).

Figura 07 – Vielas das favelas 1 Figura 08 – Vielas da favela 2 Fonte: NOVAES, 1990 Fonte: NOVAES, 1990

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Segundo o Censo de 2000, 66,5% das casas do Brasil tinham paredes

externas de alvenaria (74,2% pela FIPE), 87,5% cobertura de telhado ou laje (97,1%

pela FIPE). As condições sanitárias domiciliares também já não são tão ruins como

há duas décadas: em 1973, 65,8% das casas faveladas não tinham instalações

sanitárias ou utilizavam instalações coletivas. Este percentual diminui para 12,6%

em 2000 e para 7,5% em 2004. Nota-se que a unidade do anel periférico não

favelado apresentava instalações sanitárias coletivas ou ausência destas em 8,5%

dos casos, aproximando-se da precariedade da casa favelada. Mesmo os

indicadores de confinamento: pessoas por cômodo e pessoas por domicílio,

aproximam-se: em 2000 foram de 1,43 pessoas por cômodo e 4,84 pessoas por

domicílio. Mas, se o número médio de cômodos por domicílio vai caindo do anel

interior em direção à periferia para os domicílios precários, para os favelados

conserva-se semelhante em qualquer local da trama urbana. Na favela, a média de

cômodos por domicílio foi de 3,38 em 2000, enquanto que para o município como

um todo ela foi de 5,46 e para as casas do anel periférico, de 4,70.

As favelas são, para a população, uma estratégia de sobrevivência. Uma

saída, uma iniciativa, que levanta barracos de um dia para outro, contra uma ordem

desumana (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2000).

2.1.3 Identidade dos assentamentos irregulares: hábitos e culturas, saberes e

fazeres.

Os hábitos e culturas, saberes e fazeres, são aspectos que retratam

verdadeiramente a identidade das favelas. Sabe-se que o sonho da casa própria,

almejado por todos que necessitam de moradia digna, muitas vezes passa de sonho

a pesadelos.

A remoção dessas famílias, componentes das favelas, requer entender e

perceber a vida e rotina das mesmas, tendo em vista que a remoção é dada em

último caso, uma vez que desorganiza todos os hábitos daqueles que trabalham

próximo, produzem algo para venda nas proximidades, dentre outros saberes e

fazeres que envolvem o dia a dia dos mesmos. Diante dos fatos é importante

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destacar a necessidade de se entender estes costumes, pois muitos costumes e

hábitos, saberes e fazeres se dão pelo fato de que os moradores nascem, adquirem

e são educados a conviverem com os hábitos da favela (GUIMARÃES, 2004).

Contudo, na maioria das vezes é bem mais fácil respeitar os critérios

impostos pela população do que mudar toda estrutura existente. Tendo em vista que

o entorno da favela oferece recursos de sustentação e educação.

As favelas caracterizam-se pela mistura de etnias, costumes, culturas,

naturalidades. Seus moradores são discriminados, tachados de "maloqueiros",

"delinqüentes" e "traficantes", em outras palavras, pessoas que trazem má influência

à sociedade. Esta analogia corresponde a significativa parcela da realidade –

convém ressaltar que aquelas caricaturas também estão presentes em áreas

urbanizadas – todavia, dentre os favelados existem pessoa honestas, dinâmicas,

esforçadas que apenas precisam de uma oportunidade, lutam para sobreviver e

resgatar uma cidadania usurpada. Seus sonhos expressam a simplicidade: "queria

ter o que comer todos os dias", ‘estudar", "ter uma casinha um pouco melhor"!.

Alguns têm vergonha da condição que vivenciam, outros orgulham-se das suas

próprias moradias, geralmente são ajudados por poucos, e alguns vivem de esmolas

(GUIMARÃES, 2004).

A preocupação e a atuação do Estado nas favelas tem sido marcada por

uma intenção básica: erradicação das favelas ou de suas características. Muitos

acreditam que essas medidas seriam positivas para os favelados, que usufruiriam

uma melhor infra-estrutura e outros benefícios da urbanização, como também para

os proprietários das terras vizinhas, que obteriam um aumento no preço de suas

terras. As favelas são, para os seus moradores, a única forma de sobrevivência

(GUIMARÃES, 2004).

2.1.4 Métodos de intervenção em assentamentos irregulares

A intervenção em assentamentos irregulares tem como objetivo promover o

desfavelamento e a urbanização de áreas caracterizadas por ocupação de favelas,

possibilitando fixação ou relocação da população local.

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Sabe-se que a remoção de um assentamento irregular, se dá em último

caso. Visando os hábitos e culturas existentes na população. Pois para muitos deles

o sonho da casa própria fica distante quando os relocam longe do seu cotidiano

(COHAB, 2006).

Estas intervenções destinam-se às favelas que apresentam condições

físicas, ambientais, jurídicas e sociais favoráveis à urbanização. A urbanização

envolve a regularização da posse da terra, o parcelamento do solo, implantação de

infra-estrutura, regularização do traçado de acesso e vias internas. A ação integra o

trabalho físico, jurídico e social, envolvendo de modo coletivo a população moradora

da favela. A intervenção pode ser feita em etapas e em graus diferenciados, de

acordo com as características do local e dos recursos existentes. O repasse da terra

deve se dar, basicamente, através da concessão de direito real de uso ou outra

forma discutida com a população. Desta forma, a população participa da construção

do partido urbanístico desenvolvendo suas casas e ajudando uns aos outros. Sendo

distribuídas às casas por prioridades, de vizinhança; de áreas de risco dentre outros.

O processo de urbanização deve ser acompanhado do desenvolvimento de

um trabalho social, cultural e político que estimule a organização da população local

para efetivar sua cidadania em que viabiliza a infra-estrutura básica (água, esgoto,

energia elétrica e pavimentação) em glebas brutas. Os lotes urbanizados são uma

alternativa de baixo investimento, que serve de base para várias formas de

execução das unidades habitacionais (COHAB, 2006).

2.2 REFERÊNCIAS DE PROJETO

As referências de projeto foram importantes para a elaboração deste TCC,

Trabalho de Conclusão de Curso, pois permitiu exercitar o ato da pesquisa, uma vez

que este recurso é utilizado de forma a proporcionar ao autor conteúdos necessários

em se tratando de projetos de intervenções similares ao deste tema e outros,

alcançando soluções adequadas para a conclusão do trabalho.

A escolha destas três intervenções em favelas (Favela Brás de Pina,

Heliópolis e Maré), se deu pelo fato de enriquecer as idéias para o projeto de TCC,

em que a avaliação dos mesmos e a extração de informações necessária para a

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realização deste, foram de significativa importância para o desenvolvimento do

projeto.

Os exemplos expostos como referências neste trabalho têm em comum o

fato de usarem a população para realizarem as obras na favela em forma de

mutirão, o qual incentivam a população a entender o valor da obra, valorizando o

seu futuro bem; apóiam a não remoção da favela, sendo relocadas apenas em caso

de risco, utilizando assim o método de construção por etapas; já em se tratando de

áreas de riscos, as favelas geralmente são removidas passando a população por

este transtorno e ficando assim com o benefício da organização e a tentativa da

socialização com o meio urbano.

Outros recursos extraídos destas referências foram o tratamento de água e

esgoto, construção de centros culturais e educativos, como a favela de Heliópolis

onde foram construídos um centro cultural e uma biblioteca, como também pinturas

em fachadas valorizando e aumentando a auto-estima daqueles que convivem com

a paisagem diária de um ar cinza das lajes e vermelhidão dos tijolos, que dão ar de

construção inacabada.

As referências utilizam a interação grupal para produzir dados e argumentos

que seriam dificilmente conseguidos fora do grupo. Os dados obtidos, então, levam

em conta o processo do grupo, tomados como maior do que a soma das opiniões,

sentimentos e pontos de vista individuais em jogo. A despeito disso, o grupo focal

conserva o caráter de técnica de coleta de dados, adequado, em princípio para

investigações qualitativas.

Através das referências é feito um procedimento de coleta de dados no qual

o pesquisador tem a possibilidade de ouvir vários sujeitos ao mesmo tempo, além de

observar as interações características do processo. Tem como objetivo obter uma

variedade de informações, sentimentos, experiências, representações de pequenos

grupos acerca de um tema determinado.

Desta forma, foi importante estas referências de projeto, pois fez com

consiga discernir formas e maneiras de desenvolver seu projeto de forma a não

cometer os mesmos erros nos quais foram observados no já referidos estudos.

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2.2.1 Favela Brás de Pina – Rio de Janeiro / RJ

A urbanização da favela de Brás de Pina foi desenvolvida pelo pioneiro

nesse tipo de intervenção no Rio de Janeiro, o jornalista Sílvio Ferraz que, ao limpar

os arquivos de um órgão estadual descobriu engavetada uma doação de 250 mil

dólares do governo americano para urbanização de favelas. Antes que esse prazo

acabasse, o jornalista requisitou o dinheiro para criar o CODESCO – Companhia de

Desenvolvimento de Comunidades. Através dela, ele concretizaria um projeto

revolucionário e audacioso: a transformação da antiga favela de Brás de Pina (Zona

Norte), nos anos 1960 (MONTEIRO, 2004).

Nela, moradores e governo trabalharam juntos (Figuras 09 e 10). Cabia ao

Pder Público a construção de redes de água, esgoto e iluminação, e às próprias

famílias a construção de suas casas. Os arquitetos e economistas da CODESCO

ajudavam na elaboração dos projetos e no financiamento do material. Tudo num

exemplo inacreditável de democracia para tempos de ditadura.

Figura 09 – Exemplo 1 de mutirão dos moradores Figura 10 – Exemplo 2 de mutirão dos moradores Fonte: MONTEIRO, 2004 Fonte: MONTEIRO, 2004

O Governo Federal queria dificultar ao máximo a vida dos dois únicos

governadores que se elegeram por eleições diretas, Israel Pinheiro, em Minas

Gerais e Negrão de Lima, no Rio. Os militares da linha dura pressionavam o governo

para criar o máximo de empecilhos para os dois governadores. A CHISAN era um

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órgão federal e todas as companhias estaduais eram suas agentes. No Rio, esse

papel de desfavelização era da CEAB.

Nesse período se soube que um grupo de arquitetos recém-formados havia

montado uma empresa pequena chamada QUADRA para realizar alguns trabalhos

na favela de Brás de Pina. Carlos Nélson era um deles. Foi quando se soube que os

favelados tinham contratado a QUADRA, que se convidou para ir até a CODESCO

para conversar. Sabia-se que a CODESCO e a QUADRA poderiam trabalhar juntos,

a diferença é que a CODESCO era do Estado e tinha dinheiro, já os arquitetos

detinham a prancheta e a vontade de ajudar. Assim, eles foram contratados como

uma espécie de escritório terceirizado funcionando dentro da CODESCO

(MONTEIRO, 2004).

Quando se começou as obras em Brás de Pina, o primeiro passo foi

desapropriar dois terrenos enormes que estavam vazios e ficavam entre a favela e a

Avenida Brasil. Brás de Pina era cercada por uns galpões enormes, um conjunto

habitacional, um riacho e tinha uma parte enorme de pântano na área central. Nessa

área as casas eram todas construídas sobre palafitas (Figuras 11 e 12), quando

chovia era muito difícil o acesso. E, quando a maré esvaziava deixava um péssimo

odor.

Figura 11 – Exemplo 1 de palafitas da favela Figura 12 – Exemplo 2 de palafitas da favela Fonte: MONTEIRO, 2004 Fonte: MONTEIRO, 2004

Começou-se fazendo um reticulado de ruas nos terrenos vazios. Tudo

seguindo um padrão próprio. As ruas, por exemplo, não tinham os mesmos 7,5 m

como no resto da cidade. Foi diminuído o suficiente para passar um caminhão de

bombeiros. O passo seguinte foi fazer a chamada “operação dominó”. Os moradores

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de uma determinada parte da favela foram transferidos para uma área já urbanizada.

Depois a operação era repetida com os moradores de outras partes da favela, até

que toda a área estivesse urbanizada. A escolha dos lotes era toda feita por sorteio,

mas nada definitivo. As famílias que tinham mais afinidades ficavam juntas.

A CODESCO transformou a favela de Brás de Pina (1965) em bairro com

ajuda dos moradores (Figuras 13 e 14).

Figura 13 – A favela antes da urbanização Figura 14 – A favela depois da urbanização feita pela CODESCO feita pela CODESCO Fonte: MONTEIRO, 2004 Fonte: MONTEIRO, 2004

Foi um processo bastante democrático, foram feitas cinco opções de

traçados viários e venceu a mais votada. Os moradores eram os responsáveis por

desmontar os barracos, em sistema de mutirão. Quando o terreno era liberado

começava-se o trabalho de urbanização. Neste momento, o primeiro passo era a

terraplanagem e a continuação do esgoto sanitário a partir da área já urbanizada. E,

assim, todos os moradores foram sendo transferidos gradativamente.

Para se resolver à área de pântano, primeiro se desviou o riacho que

passava na região, em direção ao rio Irajá. Assim, foi resolvida a metade do

problema. Toda aquela área secou e foi feita uma drenagem profunda. Em cima de

toda essa parte atualmente existe uma praça.

A CODESCO era uma integração entre governo, universidade e

comunidade. Muitos universitários trabalhavam para o projeto, a maioria eram

arquitetos, economistas e assistentes sociais. Esse grupo ocupava uma casa,

chamada depois de casa branca. Os moradores tinham toda a liberdade de fazer a

planta da sua casa. Eles apresentavam a planta feita à mão para os estudantes que

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sugeriam mudanças e melhoravam os aspectos técnicos. Se eles concordassem

tudo bem. Foram feitos sete tipos básicos de plantas, elaborados com a participação

da população mesmo que não tivessem o mínimo jeito para desenhar (Figuras 15 e

16). Posteriormente, a questão passava para os economistas. O pessoal da

economia, então, fazia um estudo sobre a capacidade de endividamento da família.

Figura 15 – Projetos elaborados pela população 1 Figura 16 – Projetos elaborados pela população 2 Fonte: MONTEIRO, 2004 Fonte: MONTEIRO, 2004

A CODESCO foi um projeto muito avançado para a época. Talvez um dos

primeiros a ter participação intensa dos moradores. A população tinha liberdade

quase total. Porém, aqui no Brasil, o projeto teve pouca divulgação (MONTEIRO,

2004).

2.2.2 Favela de Heliópolis – São Paulo / SP

A favela de Heliópolis, a maior favela da capital de São Paulo (Figuras 17 e

18) é composta por 14 glebas, possui 100 mil habitantes vivendo em uma área de

cerca de 1 milhão de metros quadrados, 18 organizações sociais de natureza

religiosa, assistencial e filantrópica, centros de cultura e esporte, 30 instituições

educacionais entre creches, centros comunitários, escolas municipais, núcleos sócio

educativos amparados por convênio municipal e até telecentros. Esta é Heliópolis,

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

35

composta por 14 glebas, maior favela da cidade de São Paulo, hoje denominada

pelos seus moradores Nova Heliópolis. A favela está localizada no bairro do Ipiranga

na região do Ipiranga, zona Sul.

Figura 17 – Vista aérea da favela de Heliópolis 1 Figura 18 – Vista aérea da favela de Heliópolis 2 Fonte: COHAB, 2006 Fonte: COHAB, 2006

O programa de reurbanização vai canalizar o córrego Sacomã, pavimentar

as ruas e vielas, implantar redes de água e esgoto e regularizar as construções,

projeto que irá servir de exemplo para outras favelas. A favela será reorganizada, de

forma a ser dividida por glebas e, assim, construídas gradativamente.

O objetivo dessas obras é dar às pessoas que moram em Heliópolis uma

vida mais digna (COHAB, 2006).

A história de Heliópolis e da Secretaria de Habitação estão entrelaçadas

desde o início e o atual Programa de Urbanização de Favelas em Heliópolis, sendo

um símbolo de uma nova visão de urbanização a ser implantada também nas outras

favelas. Para tanto, foi feita uma revisão do projeto antigo, realizada por Habi 3 –

Diretoria Técnica de Projetos e Obras e, esta nova diretriz propõe a requalificação do

espaço e a manutenção dos habitantes em suas moradias, fato que atende,

inclusive, à vontade dos moradores, evitando, assim, todo o desgaste causado pela

mudança. Esse procedimento, igualmente, vem resultando em benefícios

significativos para a redução expressiva dos custos da obra. Em linhas gerais, o

maior investimento está voltado para as glebas A, N e K, as áreas mais antigas e

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mais consolidadas da favela. Juntas, elas abrigam 63.300 pessoas em 716.670 m² .

Nas glebas A e N as obras já estão em andamento.

O trabalho contempla tanto a elaboração das plantas de parcelamento para

futura regularização fundiária quanto a urbanização propriamente dita.

Outra obra importante do projeto é a canalização do córrego Sacomã cuja

extensão é de 340 metros. Desse total, 150 metros já foram canalizados, trazendo

melhores condições de vida para toda a população cujas casas estão na faixa do

córrego (OHTAKE, 2004).

Dentro da gleba A foram construídas 118 unidades habitacionais também na

faixa do Sacomã, e na área do bolsão, limitada pelas ruas Santa Edwiges, Cel. Silva

Castro, Estrada das Lágrimas e Cônego Xavier. Enquanto as novas casas não ficam

prontas, parte daquela população que deixará suas casas antigas será abrigada em

68 alojamentos que estão em construção e a outra parte terá o suporte da verba de

atendimento habitacional. Convém repetir: quanto maior o número de famílias

remanescentes na área, depois da urbanização, maiores os benefícios para estas e

mais viável o custo da obra.

Além disso, já estão sendo feitas as fundações dos blocos habitacionais,

para atender a antiga demanda da população que iria morar em mutirões. Também

na gleba N, no antigo campo de futebol, estão em construção 40 unidades

habitacionais, divididas em quatro blocos de cinco andares, com dois apartamentos

por andar.

O Diagnóstico Integrado das Comunidades de Heliópolis, realizado em

novembro de 2002 pela Diagonal Urbana Consultoria Ltda. para a Prefeitura, dá

conta de que os primeiros núcleos de moradores naquela área surgiram no início

dos anos 1970, fenômeno que ocorria simultaneamente em todas as regiões da

cidade. A ocupação originou-se da transferência de cerca de 150 famílias da Favela

Vila Prudente para um alojamento provisório, desocupando uma área para a

construção de um viaduto. Para outro alojamento, na mesma área, já em 1978,

foram removidas 60 famílias vindas da Favela Vergueiro, adensando o espaço cujo

crescimento provocou a ação de grileiros, o que acelerou a expansão da favela.

De lá para cá, a organização de movimentos sociais tem tido uma forte

presença na vida de Heliópolis e os moradores tiveram, no início dos anos 1980,

expressivo apoio da Igreja e movimentos estudantis na reivindicação de serviços de

água e luz para a comunidade. Os programas Pró-Água e Pró-Luz, da Prefeitura,

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

37

foram implantados em 1981 e são frutos também dessa luta. Outro exemplo digno

de ser mencionado é o relacionamento exemplar entre comunidade, poder público e

a contribuição voluntária do arquiteto Ruy Ohtake, responsável pelo projeto que deu

mais vida à paisagem, a pintura das 320 casas das ruas Minas e Paraíba (Figuras

19 e 29), na gleba K, onde vivem seis mil famílias, dando ao bairro um novo visual

(OHTAKE, 2004).

Figura 19 – Fachadas coloridas da favela 1 Figura 20 – Fachadas coloridas da favela 2 Fonte: SANT’ ANA, 2004 Fonte: SANT’ ANA, 2004

Ruy Ohtake também é responsável pelo projeto da biblioteca de Heliópolis,

implantada em duas casas da favela.

A biblioteca faz parte de um pacote de obras em Heliópolis impulsionado por

Ohtake. A favela de 100 mil habitantes também ganhará posteriormente um cinema

de 120 lugares, um centro cultural projetado por ele e uma galeria para exposições.

Ohtake projetou a fachada do centro, que funcionará em um galpão-será a primeira

obra de um arquiteto de renome numa favela paulistana."Tudo aqui tem de ter

dignidade. Não é porque é pobre que você vai fazer no olho. Não vamos fazer

biblioteca com aqueles livros que as pessoas não querem mais", diz Ohtake em

2003. Ohtake usou seu prestígio e obteve recursos do banco Pan-Americano para a

biblioteca e da construtora Matec para o centro cultural. O banco montou uma

microagência ao lado da biblioteca (CARVALHO, 2004).

Estas iniciativas se deram quando, em dezembro de 2003, o líder

comunitário João Miranda Neto leu uma reportagem na qual Ohtake dizia que a

maior feiúra de São Paulo era a diferença entre o Morumbi e a favela de Heliópolis.

Miranda ligou para o escritório do arquiteto e fez um pedido que desconcertou

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Ohtake, dizendo: "O senhor não quer ajudar a deixar a favela menos feia?", como

lembra Miranda Neto, presidente da Associação de Núcleos, Associações e

Sociedade de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco. Ohtake topou porque

ficou impressionado com a solidariedade dos moradores. Todo mundo se conhece e

se ajuda. O vizinho cuida da criança para a mãe trabalhar, cuida do doente

(SANT’ANA, 2004).

A idéia de Ohtake é que a exclusão social é acompanhada da exclusão

territorial e arquitetônica. A favela, para ele, não pode mais ser considerada uma

ocupação temporária que, por conta disso, é um amontoado de déficits. A infra-

estrutura é atribuição do Estado, segundo ele, mas o resto deve ser uma tarefa de

todos.

2.2.3 Favela da Maré – Rio de Janeiro / RJ

O desenho urbano na Favela da Maré foi tema de um trabalho acadêmico

realizado por um grupo, do qual Vicente Del Rio fazia parte, realizado em 1981, Teve

por objetivo formular uma proposta físico-espacial de desenho urbano, alternativa

aquela executada em 1980 pelo Banco Nacional da Habitação para a Favela da

Maré, Rio de Janeiro. Buscava-se um processo que viabilizasse formas de

urbanização, estruturação e crescimento mais participativas e respeitosas com a

comunidade existente e seu patrimônio sócio-cultural. Esta temática revelava-se

importante, pois a Maré reflete as condições de vida de grande parcela da

população urbana brasileira e, como tal, deve participar da práxis técnica, social e

política do designer (DEL RIO, 1991).

Faz-se necessário, portanto, estudar as características do assentamento de

forma a compreender seu desenvolvimento, suas razões, vantagens para os

moradores. O estudo morfológico revelava-se ideal para tanto, pois permitiu

compreender o estado físico-espacial atual como produto de uma nova evolução em

relação às características sociais das comunidades (DEL RIO, 1990).

A área conhecida por Maré, localiza-se às margens da Baía de Guanabara

(Figura 15), entre os acessos a Cidade Universitária e à Ilha do Governador.

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Consiste da “cornubação” de seis assentamentos (Figuras 21 e 22), então

classificados como favelas. Apresentando diferentes estados de consolidação e

infra-estrutura instalada, cada um possuía, e ainda possui, características

especificas que permitiam um forte senso de identidade a suas comunidades. Como

uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, sua população totalizava,

aproximadamente, 66 mil moradores em uma área total com cerca de 81 hectares.

Com um número significativo de habitações, estimado em cerca de 1.200,

geralmente as mais recentes eram sobre palafitas e sujeitas às ações da maré (de

onde surgiu o nome do conjunto favelado).

Figura 21 – Foto aérea da favela da Maré Figura 22 – Planta da “cornubação” Fonte: DEL RIO, 1991 Fonte: DEL RIO, 1991

Em 1979, o Ministério do Interior resolveu amparar um ambicioso projeto de

recuperação ambiental para uma grande área às margens da Baía de Guanabara,

abrangendo os municípios do Rio de Janeiro e de Caxias. O chamado Projeto-RIO

incluía em seu território diversas favelas, como o conjunto da Maré, definindo-as de

intervenção. O então Ministro do Interior, Mário Andreazza, em uma decisão

populista que pudesse apoiar suas pretensões à presidência da república, decidiu

que as comunidades faveladas não seriam removidas, os projetos habitacionais

incorporariam a participação dos moradores e os mutuários não pagariam

prestações superiores a 10% do salário mínimo. Para isto, o BNH alteraria

radicalmente sua política, iniciando atuação em primeira linha como agente

promotor, ou seja, encarregado do financiamento direto e da consecução dos

programas e projetos (DEL RIO, 1991).

Ao mesmo tempo decidiu-se, ao contrário da opinião de inúmeros

ambientalistas, promover o aterro hidráulico (Figuras 13 e 24) de uma enorme área

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já bastante comprometida com os processos de assoreamento, cujas causas

principais evidentes eram a ação do homem e a poluição da baía. A área total de

intervenção do projeto Maré incluía cerca de 130 hectares de aterro.

Figura 23 – Ocupação sobre palafitas Figura 24 – Tubulação de esgotamento do rio Fonte: DEL RIO, 1991 . Fonte: DEL RIO, 1991

A Maré situa-se a apenas 10 Km do centro da cidade, ao longo da Avenida

Brasil, é uma região bem servida de transportes coletivos e inserida em área infra-

estruturada. Já naquela época existia o projeto de via expressa paralela à avenida

Brasil (Linha Vermelha), margeando a Baía, e que recentemente vem recebendo

atenção do governo estadual para opções de sua implantação a curto prazo. As

partes mais consolidadas da Maré já se encontravam perfeitamente integradas ao

entorno, quase que exclusivamente ocupado pelo setor de comércio e serviços de

médio porte, pequenas unidades fabris e um grande quartel do exército. A

população encontrava ali, com relativa facilidade, e no centro da cidade, a maioria

de seus meios de sobrevivência. Entretanto, as condições de saúde do

assentamento eram das piores, pois, embora a maior parte das habitações

recebessem água encanada, a ausência de esgotamento sanitário e drenagem

agravava-se com a falta da coleta de lixo, a poluição da baía e o acúmulo dos

dejetos, impactos agravados pela ação da maré sob as palafitas. As condições de

moradia eram extremamente precárias, ao contrário de alguns dos assentamentos,

como o do Timbau, cuja comunidade havia instalado o seu próprio sistema de coleta

de esgoto e distribuição de água. Desta forma, pode-se imaginar as condições de

insalubridade da vida sob as palafitas, principalmente para as crianças; afogamentos

e ataques de ratos eram comuns (DEL RIO, 1991).

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Para tanto, se montou uma estratégia para a intervenção: urbanização e

crescimento. As condições predominantes na área da Maré, inclusive o contexto

institucional, combinavam vantagens e desvantagens, mas, sem dúvida,

proporcionavam um quadro incentivador ao desenvolvimento informal, a ser

reconhecido e incentivado pelas estratégias de intervenção (DEL RIO, 1991).

Desta forma, a estratégia seria que as ações institucionais não interfeririam

no comércio informal, promovendo apenas atividades do circuito formal da economia

que fossem complementares às existentes informais, como cooperativas.

A estratégia habitacional propriamente dita promoveria programas locais

com custos de financiamento proporcionais à sua capacidade de endividamento. Na

faixa de renda familiar de três salários mínimos mensais, por exemplo, umas

quantias de 25 a 50% do salário mínimo já eram destinadas a gastos com a

habitação, este deveria ser, portanto, o máximo desembolso mensal para as

prestações de um dos programas habitacionais a serem oferecidos (DEL RIO, 1991).

Esta estratégia levaria também em consideração a edificação e os lotes

(Figuras 25 e 26), onde a tipologia dos lotes e de unidades residenciais a ser

oferecida deveria contemplar a maior variedade possível de modelos, possibilitando

amplas escolhas dos moradores tanto em termos formais quanto de financiamento.

Ou seja, as tipologias baseavam-se nos perfis de demanda, capacidades de

pagamento, processos construtivos, ótima utilização do solo, cenários desejados de

desenvolvimento e no sistema de geração de subsídios cruzados. Outro ponto desta

estratégia trata-se da circulação e vias, considerando que estes elementos são

essenciais não apenas por definir a acessibilidade e os sistemas de infra-estrutura,

mas também por serem os componentes mais fortes na orientação dentro do

assentamento e na cognição de sua imagem. Neste sentido, a implantação de uma

nova estrutura viária deveria promover uma clara hierarquia (largura, pavimentação,

mobiliário, usos marginais, etc.), respeitando a malha existente e os elementos

estruturais significativos. Já os quarteirões são elementos estruturais extremamente

importantes, a proposta tipológica para as novas áreas de aterro deve contar com

um largo escopo de determinantes, atingindo resultados satisfatórios em diversos

níveis, desde sócio-cultural a programáticos, a econômicos, e possibilitando a

implantação dos lotes, edificações, circulações e vias. Assim, os quarteirões

deveriam respeitar a tipologia de quarteirões existentes e seus padrões; prever

organização físico-espacial e números de famílias residentes, de forma a facilitar e

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incentivar os processos participativos; gerar forte sentido de lugar e identidade com

o grupo, e, maximizar a utilização do solo e da infra-estrutura, possibilitando a

implantação de circulação de redes.

Figura 25 – Tipologia dos lotes e unidades residenciais 1 Fonte: DEL RIO, 1991

Figura 26 – Tipologia dos lotes e unidades residenciais 2 Fonte: DEL RIO, 1991

Desta forma, estudos e considerações de vários outros aspectos deveriam

colaborar para a definição de uma intervenção real, como estudos profundos de

comportamento e percepção ambiental, por exemplo. Acredita-se que a

aplicabilidade da análise morfológica para programas e projetos habitacionais em

áreas faveladas ou novos conjuntos; em última instância, apresenta uma

metodologia que já gera resultados fisico-espaciais bem mais satisfatórios que os

tradicionalmente adotados (DEL RIO, 1991).

Se por um lado, o aumento não planejado da população é apontado como

um fator propagador da pobreza, da desigualdade, da deterioração ambiental, do

desemprego, e do desconforto econômico e social. Por outro lado, o crescimento

populacional é um fenômeno capaz de gerar conseqüências positivas para

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sociedade através do aumento da densidade populacional, propiciando economias

de escala, possibilitando a propagação de novas tecnologias, facilitando a inovação,

baixando o custo do transporte de produtos, e estimulando a demanda interna por

mercadorias.

Estes efeitos são diferentes em cada região do mundo, existem países onde

a carência de mão de obra é relevante, sendo, portanto, nestes países, necessário

um crescimento populacional para que se obtenha um crescimento econômico,

entretanto em países com grandes problemas de pobreza e desenvolvimento este

crescimento estimulará ainda mais o crescimento da pobreza, ou seja, o ideal seria a

implantação de programas de planejamento familiar (DEL RIO, 1991).

2.2.4 Considerações sobre as referências de projeto

Conclui-se que as políticas públicas devem atender a especificidade

regional de cada país. Sem ser analisado dentro de um contexto mais amplo, torna-

se difícil condenar ou apoiar o crescimento de assentamentos irregulares, pois não

se pode ignorar a influência recíproca entre o governo, a economia e o crescimento

populacional, política estas que são aplicadas visando um retorno em longo prazo,

visto que para se analisar os efeitos destas demandas de um tempo relativamente

longo para se ter idéia se estas medidas são apenas paliativas ou se realmente

estão trazendo algum efeito positivo.

Contudo, estes referenciais a cima citados têm a finalidade de promover

melhor conhecimento no que diz respeito a intervenções urbanas em favelas,

proporcionando informações necessárias para uma elaboração de ante projeto, a fim

de evitar falhas ocorridas nos mesmos, e adaptar ações bem sucedidas.

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3 META PROJETO

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3.1 INTERVENÇÃO URBANA

A intervenção urbana se define como o ato de intervir em um espaço urbanp,

ou seja, propor recursos adequados e convenientes para a área desejada, com o

propósito de fornecer soluções não para uma só pessoa, e sim para um conjunto de

pessoas que habitam o espaço. Para tanto, o espaço em estudo se trata da favela

denominada de Capitão Mor Gouveia.

3.1.1 Caracterização da área

A escolha do terreno e sua caracterização são indispensáveis para um

processo projetual. Para tanto é preciso localizá-lo no mapa, identificando suas ruas

ou avenidas de acesso, observando seus condicionantes naturais e sua topografia.

Analisando também seu entorno, buscando aspectos históricos do bairro, infra-

estrutura e aspectos urbanísticos. Desta forma a caracterização do terreno facilita a

distribuição dos lotes e construções.

■Caracterização do entorno

O terreno proposto para intervenção urbana encontra-se situado no bairro de

Felipe Camarão no qual tem limites com os bairros: Bom Pastor ao Norte, Guarapes

ao Sul, Cidade da Esperança e Cidade Nova ao Leste e São Gonçalo do Amarante

ao Oeste, todos estes localizados na região administrativa Oeste da cidade do Natal.

Para tanto é importante destacar em sua caracterização os bairros de Felipe

Camarão, onde o terreno esta inserido, o bairro do Bom Pastor, que se encontra

margeando de fronte com o mesmo, o da Cidade da Esperança e o Nossa Senhora

de Nazaré. Ressaltando seus aspectos históricos, arquitetônicos e de infra-estrutura

(Figura 27) (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

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46

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PARNAMIRIM

PARNAMIRIM

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MACAÍBA

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SÃO GONÇALODO AMARANTE

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EXTREMOZ

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SÃO GONÇALODO AMARANTE

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LEGENDA

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DO AMARANTESÃO GONÇALO

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DETALHAMENTO DO MAPADE FELIPE CAMARÃO

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8004002001000ESCALA GRÁFICA

Figura 27 – Regiões Administrativas e bairro de Felipe Camarão Fonte: PREFEITURA DO NATAL, 2005 – adaptado por GARCIA, 2006

Page 48: UnP CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - natal.rn.gov.br · Larissa Marinho; Jiji Calafange ... Bairros do entorno do terreno de Felipe Camarão ... 3.2.2 Definição dos programas

Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

47

DO AMARANTESÃO GONÇALO

BOM PASTOR

DE NAZARÉ

CIDADE DA ESPERANÇA

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GUARAPES

GUARAPES

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RUA PROJ. 42 RUA PROJ . XL-20RUA PROJ. HX-1

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TV. SANTA ISABEL

TV. SANTA ISABEL

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RUA PADRE CÍCERO

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RUA FRANCISCA CAMPOSTV. SÃO JOSÉ DA BARRA

TV. SÃO J OSÉ DA BARRA

RUA PROF. COUTINHO

RUA PROF. COUTINHO

RUA POTIGUARES

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RUA FERRO CARDOSO

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LIMITE ENTRE BAIRROSLIMITE INTER MUNICIPAL

LEGENDA

8004002001000

ESCALA GRÁFICA

ZPA 4 - ZPA8

ZPA - 4

ZPA - 8

O bairro de Felipe Camarão, denominado assim atualmente, deve-se em

homenagem a Felipe Camarão, índio Poti de nossa terra, por autoria de um vereador

em 1967.

As terras do bairro eram do poder da Viúva Machado, e em 1962, boa parte dessas

terras entre os bairros Guarapes e Felipe Camarão, foi vendida pela viúva Machado

(PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Assim de acordo com a SEMURB, o bairro de Felipe Camarão está contido na

Zona de Adensamento Básico, estabelecida pelo Plano Diretor de Natal, Lei

Complementar nº 07/94. Para esta Zona foram determinados o coeficiente de

aproveitamento máximo de 1,8 e a densidade máxima de 225 hab/ha (PREFEITURA

DO NATAL, 2005).

Nesse bairro, há duas áreas consideradas frágeis, do ponto de vista

ambiental, sendo estas a Zona de Proteção Ambiental-4 – ZPA-4, que apresenta

parte dos cordões dunares, regulamentada pela Lei 4.912/97 e a Zona de Proteção

Ambiental-8 – ZPA-8, que compreende o Rio Potengi e o manguezal, ainda não

regulamentado (Figura 28) (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

.

Figura 28 – Bairro de Felipe – ZPA 4, ZPA 8 Fonte: PREFEITURA DO NATAL, 2005 – adaptado por GARCIA, 2006

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

48

O bairro de Felipe Camarão apresenta uma tipologia de uso do solo

predominantemente residencial, em sua maioria residente a mais de 10 (dez) anos e

os demais remanescentes de outros bairros, tendo 98,07% destes morando

instalados em casas.

O bairro apresenta também uma forte tendência comercial e de serviços, com

micro e pequenas empresas efetivadas a mais de 05 (cinco) anos, sendo estes em

sua categoria divididos em 4,96% indústrias, 57,14% comércio, 35,42% serviços e

2,48% estrutura dos 100%, (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

A população residente por sexo esta dividido em 49,08% dentre 100% são de

homens, e os 50,92% restantes são de mulheres. Tendo sua faixa etária

predominante entre 00 mês a 40 anos (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

A infra-estrutura básica do bairro se encontra atendida pelos serviços públicos

de abastecimento de água sendo 94,50% de rede geral, rede elétrica, drenagem,

pavimentação, coleta de resíduos sólidos, telefonia e transportes públicos, sendo

distribuídos por ônibus e alternativos que fazem a rota de todo o bairro

(PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Possui também área destinada ao desporto com quadra e campo de futebol

localizados na Rua da Tamarineira e Rua Mirassol respectivamente (PREFEITURA

DO NATAL, 2005).

O bairro conta com serviços e equipamentos urbanos, como educação com

escolas e creches, sendo estas estaduais como Clara Camarão, municipais como

Irmã Dulce e particulares como Vovó Francisca, saúde com Unidade Mista e

Unidade Mista de Saúde da Família no âmbito municipal e estadual, e segurança

pública como Delegacia de polícia.

Conta também com, feiras livres como a “feira do Felipe Camarão”,

organizações comunitárias como associações de moradores; conselho comunitário,

clube de mães e grupo de idosos. Consta também de conjuntos habitacionais como

Jardim América; Lavadeiras; Vida Nova I e II; entre outros, loteamentos como

Reforma e assentamentos precários como a favela da Capitão Mor Gouveia

(PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Os bairros vizinhos ao de Felipe Camarão também devem ser observados para a

caracterização do entorno, tais como Bom Pastor, Cidade da Esperança e Nossa

Senhora de Nazaré, todos também situados na Região Administrativa Oeste (Figura

29) (PREFEITURA DO NATAL, 2005)

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Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

49

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QUINTAS

NORDESTE

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N. SRA. DE NAZARÉ

DIX-SEPT ROSADO

CIDADE NOVA

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PLANALTO

MACAÍBA

MACAÍBA

SÃO GONÇALODO AMARANTE

REGIÃO ADIMINISTRATIVA OESTE

SÃO GONÇALODO AMARANTE

LEGENDA

REGIÃO ADMINISTRATIVA OESTE

LIMITE DO BAIRRO FELIPE CAMARÃO

LIMITE ENTRE REGIÕES ADMINISRATIVAS

LIMITE INTERMUNICIPAL

80004000200010000

ESCALA GRÁFICA

BAIRROS VIZINHOS CARACTERIZADOSNO ENTORNO

Figura 29 – Bairros do entorno do terreno de Felipe Camarão Fonte: PREFEITURA DO NATAL, 2005 – adaptado por GARCIA, 2006

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Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

50

Assim, para todos os bairros que completam o conjunto do entorno, pode-se

observar que, de acordo com a SEMURB, os bairros estão contidos na Zona de

Adensamento Básico, estabelecida pelo Plano Diretor de Natal, Lei Complementar

nº 07/94 (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Apenas no bairro do Bom Pastor, existem áreas consideradas frágeis, do

ponto de vista ambiental, sendo esta a Zona de Proteção Ambiental-8 – ZPA-8, que

compreende o Rio Potengi e o manguezal, ainda não regulamentado. Todos os

demais não possuem ZPA’s (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Os bairros apresentam uma tipologia de uso do solo predominantemente

residencial, com uma forte tendência comercial e de serviços, principalmente nos

bairros do Bom Pastor, com feiras, cemitérios, comércios informais, dentre outros, e

o de Cidade da Esperança com DETRAN, peixarias, auto escolas, dentre outros

(PREFEITURA DO NATAL, 2005).

A infra-estrutura básica dos bairros se encontra atendida pelos serviços

públicos de abastecimento de água, drenagem, coleta de resíduos sólidos, telefonia

e transportes públicos, sendo distribuídos por ônibus e alternativos que fazem a rota

de todo o bairro.

Possuem também áreas destinadas ao desporto com quadras e campos de

futebol localizados em todos os bairros.

Conta com serviços e equipamentos urbanos, como educação com escolas e

creches públicas, saúde com Unidade Mista e Unidade Mista de Saúde da Família, e

segurança pública como Delegacia de polícia (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

Observou-se também, feiras livres, praças, organizações comunitárias como

associações de moradores; conselho comunitário, clube de mães e grupo de idosos

(PREFEITURA DO NATAL, 2005).

O bairro do Bom Pastor possui conjunto habitacional como o Santa

Esmeralda, loteamentos como Monte Líbano e assentamentos precários como o

Mereto.

No bairro da Cidade da Esperança existe conjunto habitacional como

Promorar, loteamento como Esperança e não possui assentamentos precários.

Já no bairro de Nossa Senhora de Nazaré apenas possui conjunto

habitacional como, por exemplo, o São Conrrado (PREFEITURA DO NATAL, 2005).

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Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

51

■ Caracterização do terreno

O terreno a ser utilizado neste trabalho encontra-se inserido no Bairro Felipe

Camarão, implantado no final da Avenida Capitão Mor Gouveia situado no lado

esquerdo em relação ao sentido de Natal – São Gonçalo do Amarante. A sua frente

esta o bairro do Bom Pastor e ao lado esquerdo a favela Capitão Mor Gouveia a ser

removida.

A Avenida Capitão Mor Gouveia, se torna limite entre os dois bairros, sendo

eles o de Felipe Camarão e o do Bom Pastor, ambos localizados na Zona Oeste da

cidade do Natal.

A acessibilidade do terreno é bastante privilegiada, visto que se encontra em

uma avenida de grande fluxo, Avenida Capitão Mor Gouveia, coletora, a qual esta

ligada diretamente com a Avenida Prudente de Moraes ao Leste, e com a Avenida

Presidente Ranieri Mazzili (BR-226) ao oeste, cortando com varias avenidas sendo

uma delas a Avenida Bom Pastor, além de estar cerca de 2,00 Km do Terminal

Rodoviário da cidade, localizado no bairro da Cidade da Esperança e bem próximo

da estação ferroviária (Figura 30). R

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ESCALA GRÁFICA

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Figura 30 – Planta de situação do bairro de Felipe Camarão Fonte: PREFEITURA DO NATAL, 2005 – adaptado por GARCIA, 2006

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52

O terreno proposto pertence ao Estado do Rio Grande do Norte como afirma

a Escritura Púbica de Compra e Venda, registrada no 1º Ofício de Notas, Bel Jairo

Procópio de Moura, no traslado – Livro Nº 125 nas folhas 77 a 79, datado de 13 de

Março de 1926. Sendo o outorgado comprador o Estado do Rio Grande do Norte.

O referido terreno constitui uma área total de 73.496,00m². Em se tratando de

uma área ampla, com curvas de níveis na parte posterior do terreno e com

equipamentos comunitários existentes em seu interior, como uma igreja evangélica,

um cemitério e ruínas de um antigo hospital terciário, será utilizada apenas a parte

frontal de seu terreno, no qual será desmembrada do total acima citada. Desta forma

a parte utilizada do terreno no ante projeto será suficiente para atender as

necessidades do mesmo e utilizara uma área livre de barreiras como uma enorme

ruína do hospital terciário, que ficara no terreno não utilizado.

O terreno desmembrado ficará com uma área referente a 30.060,55m², sendo

favorecido por se encontrar na parte frontal deste, no qual tem acessos diretos para

a Avenida Capitão Mor Gouveia. Sua topografia é plana e seus limitantes são a

Avenida Capitão Mor Gouveia de Frente, o terreno desmembrado do Estado e o

conjunto Nova Vida de fundo, área de terreno do estado à direita e a favela Capitão

Mor Gouveia a sua esquerda.

Croqui de desmembramento do terreno

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Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

53

No terreno desmembrado foram observados seus acessos principais,

limitantes e condicionantes naturais como ventilação natural e insolação com o

auxílio da carta solar. Estudos necessários para distribuição dos lotes, equipamentos

urbanos e comunitários de forma adequada no terreno.

Características do terreno

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

54

Avenida Capitão Mor Gouveia

FACE 1FACE 2

FACE 3

FACE 1

13 12141 516

1 7

18

11 1 0 98

7

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6° SUL

22 .12

21.1

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3.4

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1.521.5

22.6

22.1222.114.112 0.106 .1 0

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6° SUL

22 .12

21.1

9.2

23.2

8.3

2 1.3

3.4

16.4

1.52 1.5

22.6

22.1222.114.1120.106 .10

24.9

1 1.9

28 .8

1 3.8

24.7

22.6

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1 1 10 98

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21 .3

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22.6

22 .1222.114.1120.106.10

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13 .8

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O L

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1 1 10 98

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22 .1222.114.1120.106.10

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13 .8

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O L

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FACE 4

Estudo da insolação

FACE 1 FACE 2 FACE 3 FACE 4

SV 05:45 10:05

12:45 18:45

10:05 18:15

05:45 12:00

EQ 06:00 12:00

12:00 18:00

12:00 18:00

06:00 12:00

SI 06:15 15:00

10:40 17:45

15:00 17:45

06:15 10:40

SV – Solistício de Verão, EQ – Equinócio; SI – Solistício de Inverno.

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Andréa Paula Ferreira de Sousa Garcia

55

O terreno apresenta uma topografia relativamente plana, possuindo leves

elevações em seu plano, não chegando a alavancar grandes desníveis. Com isso,

evitará cortes ou aterros, economizando nos custos da obra e facilitando o processo

projetual.

Apresenta solo arenoso e vegetação rasteira, além de árvores de grande

porte distribuídas em todo o terreno, tais como mangueiras e cajueiros (Figura 31)1.

Planta topográfica e indicação das árvores

90°42'

94°20'

85°40'

89°18'

20010050250ESCALA GRÁFICA

Figura 31 – Planta topográfica e detalhada Fonte: SETHAS, 2004 – adaptado por GARCIA, 2006

1. Planta extraída do projeto de partido urbanístico da Secretaria do Estado do Trabalho da Habitação e da Assistência Social, no setor de Habitação precisamente na Subcoordenadoria de Regularização fundiária – SUREF.

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Em seu interior consta inserido, um cemitério de uso do Hospital Leprosário

São Francisco de Assis, situado ao lado do terreno proposto. O mesmo encontra-se

quase que totalmente destruído, com evidências apenas do piso da capela e

remanescentes de alguns túmulos, sendo ali depositados os corpos de indigentes

que tinham de ser removidos do hospital.

Funcionários integrantes da SEMURB desconhecem algum tipo de

documento que comprove legalmente a utilização deste cemitério, constando

apenas em seus arquivos uma planta do terreno com a localização do mesmo.

Encontra-se também inserida no terreno proposto, uma Igreja Evangélica do

Reino de Deus em uso, de fronte para a Avenida Capitão Mor Gouveia com os

fundos para o interior do terreno (Figura 32)¹.

Figura 32 – Cemitério do hospital leprosário São Francisco de Assis e igreja evangélica Fonte: SETHAS, 2004 adaptado por GARCIA, 2006

20010050250ESCALA GRÁFICA

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■ Caracterização da Favela Capitão Mor Gouveia

A favela a ser removida denominada Capitão Mor Gouveia localiza-se ao lado

esquerdo do terreno proposto para a sua remoção. Terreno este pertencente ao

Estado do Rio Grande do Norte, sendo estes apenas divididos por uma rua de barro

projetada pela própria favela e uma rede de alta tensão da COSERN.

De acordo com dados levantados na própria favela e na Secretaria do Estado

do Trabalho e da Assistência Social – SETHAS, no setor de assistência social, a

favela encontra-se hoje com um número exato de 105 (cento e cinco) famílias

alojadas em barracos e nas ruínas de uma antiga creche hoje desativada,

inaugurada pela Prefeitura da época. A favela originou-se após a invasão de

algumas famílias à já citada creche, posteriormente formando novos barracos em

torno da mesma. Assim formando um conglomerado de famílias vivendo de forma

sub-humana, umas por sobre as outras, em estado de total miserabilidade.

Posteriormente vindo a concretizar a favela (Figura 33)¹.

Figura 33 – Favela-Antiga Creche invadida pelas famílias Fonte: SETHAS, 2004 adaptado por GARCIA, 2006

20010050250ESCALA GRÁFICA

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Na favela, os barracos não possuem condição de habitabilidade, sendo

constituída de construções de papelão, madeiras, compensados, taipa, sem

compartimentos definidos, nem salubridade adequada, com seus banheiros e

cozinhas praticamente a céu aberto, tendo em vista que das 105 moradias apenas

03 (três) são contempladas com banheiros em estado precário, sendo estes, parte

integrante da antiga creche, e ainda 16 (dezesseis) unidades habitacionais

apresentam-se apenas com 01 (um) vaso sanitário, e apenas uma com fossa

séptica, ocorrendo, portanto, grandes riscos de doenças por meio de esgotos

lançados predominantemente na superfície entre os barracos (Figuras 34 e 35).

Figura 34 – Esgoto por entre os barracos 1 Figura 35 – Esgoto por entre os barracos 2 Fonte: GARCIA, 2006 Fonte: GARCIA, 2006

A favela apresenta uma tipologia de rua basicamente projetadas pelos

próprios moradores apenas para passagem dos mesmos, totalmente de barro e sem

nenhum saneamento. Assim impede a coleta de resíduos e a chegada de alguma

ambulância.

Constata-se também que, apenas 14 (quatorze) desses barracos são

contemplados com água encanada, e a instalação de energia elétrica nas

residências subnormais é exclusivamente feita através de ligações clandestinas.

Desta forma estes fatores existentes nas condições atuais, são um dos

responsáveis pela população estar em risco de incêndio e doenças (Figura 36).

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......... AV. CAPITÃO MOR GOUVEIA

...................... Área da favela Capitão Mor Gouveia

Área proposta para a remoção da favela

Figura 36 – Foto aérea do terreno e favela Fonte: SETHAS, 2005 adaptado por GARCIA, 2006

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1.2 Programa de Necessidades

O programa de necessidades trata da descrição das atividades propostas no

meta projeto. Desta forma tem o intuito de descrever as etapas do mesmo, a fim de

esclarecer ao leitor as propostas impostas para cada área intervida.

■ Definição da área de remoção

O Terreno onde se tem hoje instalada a referida favela denominada de

Capitão Mor Gouveia, receberá em sua área um espaço destinado ao lazer,

proporcionando as famílias removidas e a população de seu entorno uma forma de

bem estar.

No mesmo existe a antiga instalação de uma creche desativada, na qual foi

invadida, dando início a favela, estando esta hoje solidificada.

A proposta para esta creche será de revitalizá-la, e revertê-la em um galpão

de multi uso para serviços manuais como artesanato; trabalhos com reciclagem;

trabalhos de marcenaria, ao qual as famílias e os moradores da comunidade possam

utilizá-lo para trabalhos manuais, reciclagem, artesanatos, marcenaria dentre outras

funções.

A escolha da inserção deste galpão na área da antiga favela, se deve pela

preocupação de oferecer um tratamento para a área, tendo em vista a importância

da ocupação da mesma, oferecendo barreiras arquitetônicas que impeçam a futuros

moradores em alojar-se na área, pois a não criação destes equipamentos

favoreceria a ampliação desses moradores podendo tornar a ser uma nova favela,

como também evitar barulhos excessivos de ferramentas e maquinas trabalhando

dentro do conjunto habitacional.

Contudo, nesta área, além do galpão para trabalhos diversos, será proposta

também uma praça com largos passeios contendo mobiliário urbano adequado como

bancos de praças, lixeiras e iluminação pública, vegetação em abundancia, espaços

reservados pra exposições, espaço para playground e equipamentos de ginástica e

área de convivência entre os moradores, oferecendo bem estar, e passando a ser

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um equipamento necessário para as famílias removidas e moradores vizinhos, com

o propósito integrá-los com a população do entorno.

■ Tratamento da área de domínio de alta tensão

No terreno proposto, verifica-se a existência de uma linha de alta tensão da

COSERN, Companhia de Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte, que se

encontra no mesmo alinhamento do terreno na face oeste e em toda a sua extensão.

Para reconhecimento da área e soluções propostas para toda essa extensão,

foram feitas visitas in loco para melhor entendimento.

Para tanto foi também realizada uma visita a COSERN, para fins de melhor

entendimento do que se refere às possibilidades de execução de propostas para

essa extensão de todo o terreno. Contudo ficou esclarecido pelo Superintendente de

Operações da Concessionária, Walmary Pereira Nunes, que deve ser mantido um

limite de construção de 7,50 metros do eixo da linha de alta tensão, deixando assim

claro que é terminantemente proibida a construção de casas nesse limite, porém

ficando livre o acesso da população por baixo da referida linha de alta tensão.

No entanto, a proposta para esta área será um tratamento dado a toda essa

extensão, oferecendo aos moradores do conjunto uma horta comunitária, na qual

será rodeada por grades com o propósito de direcionar o tráfego dessas pessoas e

proteger de invasores nas horas que por ventura não haja cultivador. A horta

comunitária proporcionará também um meio de alto sustentação para as famílias de

forma que possam plantar e colher, servindo à si dessa colheita ou até mesmo

servindo os alimentos retirados dessa plantação, para creches em que seus filhos

estudem, bem como o incremento da renda mensal com lucros através de suas

vendagens.

Desta forma, a proposta da horta, servirá de certa forma para aliviar as

necessidades daqueles que não tem recursos suficientes para uma boa

alimentação.

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■ Partido Urbanístico a ser adotado - Conjunto habitacional e propostas de

atividades de produção

O conjunto habitacional a ser executado no terreno proposto compreende em

105 (cento e cinco) famílias em unidades residenciais com tipologias diferenciadas

para atender a diferentes famílias com números diversificados de membros.

As residências possuirão 03 (três) tipologias de unidades habitacionais, em

que será disseminado para cada tipo de família, de acordo com a sua real

necessidade, podendo os 03 (três) tipos chegarem a um padrão que poderão conter

até no máximo 03 (três) quartos.

Assim, de acordo com o cálculo da densidade no terreno, observou-se que

não há necessidade de verticalizar as edificações, contudo as casas serão de um só

pavimento, com tamanhos mínimos de cada ambiente exigido pelo Código de Obras

da cidade do Natal, fiscalizado pela SEMURB, em se tratando de um conjunto

habitacional de interesse social.

Suas casas terão tipologias diferenciadas, tanto em sua distribuição quanto

em sua fachada, recebendo cores distintas oferecendo identidade aos moradores de

cada casa. existindo também possibilidades de futuras ampliações já denominadas

no projeto.

As casas serão distribuídas no terreno de forma que todas recebam os fatores

climáticos de ventilação e insolação adequados. As casas serão geminadas

formando blocos de 02 (duas) casas, visando a diminuição do custo da obra.

Os blocos ficarão intercalados de forma que proporcionem privacidade, visto

que em se tratando de casa de um só pavimento, poderia ocasionar desconfortos

provocados por coincidências de janelas ou portas, com essa preocupação foi

elaborado um modelo de janela com 04 (quatro) folhas e de giro, sendo a arte de

baixo com veneziana e a parte de cima com vidro, favorecendo a iluminação natural.

Desta forma o morador terá a possibilidade de administrar o posicionamento da

janela, oferecendo privacidade e não se privando dos benefícios climáticos de luz e

vento.

Os percursos dos pedestres formados entre os blocos de casas serão curtos

formando surpresas, consistindo estas, em vãos livres proporcionando áreas de

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convivências entre os moradores, uma vez que os mesmos utilizam as calcadas

como extensão de suas casas.

No entorno do terreno observou-se à existência de equipamentos

comunitários num raio de aproximadamente 200m (duzentos metros), como creches,

escolas, paradas de ônibus e alternativos, estação ferroviária e vários comércios

informais.

Desta forma para o conjunto habitacional, foram propostos equipamentos de

segurança como posto policial, oferecendo conforto e segurança para as famílias;

Horta comunitária, oferecendo complementação na alimentação tanto das

famílias quanto das creches próximas vizinhas, elaborando um programa de apoio

oferecendo uma parcela de sua produção as mesmas, contribuindo também no

aumento da renda mensal das famílias;

Lavanderia comunitária, oferecendo também um aumento da renda mensal

das famílias, disponibilizando a oportunidade das lavadeiras de lavar roupas para

fora como casas de famílias e também suas próprias roupas. Desta forma as donas

de casa recebem a oportunidade de trabalhar próximas as suas residências, bem

como as deixando mais confortadas em relação a seus filhos que por ventura não

tenham onde deixá-los em algum dos turnos;

Galpão para trabalhos manuais como de marcenaria, artesanato, reciclagem

e outros, oferecendo aos aposentados ou aqueles que não conseguem emprego a

oportunidade de trabalhar e vender seus produtos no mercado, aumentando também

a sua renda mensal. A escolha do local do galpão se deu em função de ficar um

pouco afastado do conjunto, desta forma os trabalhos poderão ser executados sem

perigo de poluição sonora e resquícios de sujeiras. O galpão será quase que

totalmente aberto com espaços reservados apenas para guarda de utensílios

pessoais,

Espaço para convívio, reservado para programas em famílias de lazer e

entretenimento, com local para relaxamento e programas de incentivos às famílias

com palestras, aulas de yoga, aulas de educação física. Todos os programas de

incentivo as famílias serão do tipo voluntárias.

Para tanto a importância de oferecer oportunidades de trabalho, renda e lazer,

como também disponibilidade das donas de casas trabalharem próximos de suas

casas, e de proporcionar a essas pessoas a integração com a sociedade e melhorar

a expectativa de vida das mesmas.

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Croqui do zoneamento da área

3.2 INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA

A intervenção arquitetônica tem como propósito, descrever as áreas

afetadas, com a finalidade de apontar propostas para a mesma de acordo com as

necessidades impostas, sugerindo soluções viáveis a fim de obter o ante projeto.

3.2.1 Caracterização das famílias a serem removidas

As famílias existentes hoje na favela para serem removidas são

contabilizadas em 105 (cento e cinco), de acordo com dados recolhidos na SETHAS,

no setor de assistência social.

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Para tanto foi elaborado pelo setor a cima citado, um cadastro, no qual foi

realizado recentemente pelas assistentes sociais um levantamento na favela com o

intuito de arrecadar informações de quantidade de membros na família existente na

favela; renda per capita mensal; situação de abastecimento de água, energia elétrica

e BWC não existentes nos casebres, bem como a situação de moradia nos barracos

dentre outras.

Contudo foi observado que nenhuma das famílias possuem renda per capita

superior a R$ 100,00 (cem reais) mensais, e que o recolhimento desta renda se da

com trabalho informal nas proximidades da favela, em sua maioria trabalhos

temporários, os denominados “biscates”. Desta forma a remoção da referida favela,

que comumentemente não se aplica, por motivos maiores interferindo na rotina da

população, neste não alterara de certa forma, pois a relocação será para um terreno

vizinho assim não alterando em sua rotina.

Com este levantamento observou-se a quantidade de membros existentes em

cada família, dos cento e cinco casebres, de forma a beneficiar a contemplação de

casas de acordo com a necessidade de cada caso.

O resultado desse levantamento indica que das 105 (cento e cinco) famílias

27 (vinte e sete) possuem 03 (três) pessoas, 28 (vinte e oito) possuem 04 (quatro)

pessoas, 14 (quatorze) possuem 05 (cinco) pessoas, 09 (nove) possuem mais de 05

(cinco) pessoas e finalmente 27 (vinte e sete) moram sozinho ou apenas o casal.

Desta forma após a coleta desses dados pode-se observar a necessidade da

elaboração de tipologias diferentes de casas. No qual atendesse a demanda das

famílias.

Gráfico 01 – Membros nas famílias Fonte: GARCIA, 2006

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3.2.2 Definição dos programas de necessidades por tipo de unidade habitacional

A definição do programa de necessidades por tipo de unidade habitacional se

deu em função do levantamento citado anteriormente. Desta forma observou-se a

importância de elaborar 03 (três) tipologias de unidades habitacionais, de forma que

atendessem aos diferenciados tipos de famílias.

Contudo foi elaborado um embrião de quarto, sala, BWC, cozinha e área de

serviço, todos ambientes com tamanhos mínimos exigidos pela norma.

O mesmo embrião poderia chegar a possuir mais dois tipos diferentes de

plantas. Sendo elas com 02 (dois) ou 03 (três) quartos no máximo.

Tipologia 01 – 01 quarto

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Funcionograma da tipologia 01

Pré - dimensionamento da tipologia 01

AMBIENTE QUANTDADE ÀREA ÁREA TOTAL

QUARTO 01 10, 15m² 10, 15m²

SALA 01 11, 93m² 11, 93m²

COZINHA 01 4, 64m² 4, 64m²

BWC 01 2,40m² 2, 40m²

VARANDA 01 8, 87m² 8, 87m²

Á. SERVIÇO 01 3, 20m² 3,20m²

TOTAL DE ÁREAS 43, 90m²

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Tipologia 02 – 02 quarto

A Tipologia 02 tem a possibilidade da ampliação de mais 01 quarto,

dependendo da necessidade da família.

A ampliação desse segundo quarto pode ser inicialmente, uma construção no

recuo lateral de 3,00m existente no lote, como também se pode optar pela retirada

da varanda passando a existir no local da mesma o quarto.

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Funcionograma da tipologia 02

Pré - dimensionamento da tipologia 02

AMBIENTE QUANTDADE ÀREA ÁREA TOTAL

QUARTO 02 10,15m² 18, 15m²

SALA 01 11, 93m² 11, 93m²

COZINHA 01 4,64m² 4, 64m²

BWC 01 2,40m² 2, 40m²

VARANDA 01 8, 87m² 8,87m²

Á. SERVIÇO 01 3,20m² 3,20m²

TOTAL DE ÁREAS 49,20m²

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Tipologia 03 – 03 quarto

A Tipologia 03 tem a possibilidade da ampliação de mais 01 quarto, somando

03, ou ainda a possibilidade de 02 quartos e um comércio. A ampliação desse

terceiro quarto ou comércio dependerá da necessidade da família. A ampliação para

um comércio só será possível se na tipologia 02 a família optou por um quarto

substituindo a varanda, assim terá o recuo lateral para a construção do comércio.

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Funcionograma da tipologia 03

Pré - dimensionamento da tipologia 03

AMBIENTE QUANTDADE ÀREA ÁREA TOTAL

QUARTO 03 10,15m² 26,15m²

SALA 01 11,93m² 11,93m²

COZINHA 01 4,64m² 4,64m²

BWC 01 2, 40m² 2,40m²

Á. SERVIÇO 01 3,20m² 3,20m²

TOTAL DE ÁREAS 48,30m²

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■ Memorial descritivo

O memorial descritivo trata da exposição dos materiais empregados no ante

projeto, de forma a subsidiar o mesmo com detalhes específicos. O memorial

descritivo esta dividido em 03 (três) etapas, tais como a primeira sendo o piso,

descrevendo sua execução, o segundo se trata da descrição da parede, no qual

relata revestimento; pintura, e o terceiro trata da descrição do teto, relatando o

material empregado dentre outras especificações.

PISO

O contrapiso será executado com argamassa de cimento, areia grossa e brita,

com espessura mínima de 5 cm, em toda unidade habitacional. Deverá ser

compactado com malho, devendo antes da sua aplicação, serem removidos todos os

entulhos por acaso existentes.

O piso será executado em cimentado liso, com argamassa de cimento e areia

média, com espessura mínima de 2 cm e deverá ficar nivelado.

Quando da sua aplicação, o contrapiso deverá encontrar-se inteiramente limpo,

abundantemente molhado e com as juntas de dilatação fixadas de acordo com o

projeto.

Será executado em toda unidade habitacional, no entanto, o piso da área do

banheiro terá uma declividade de 1% de forma a propiciar o escoamento d’água

para a caixa sifonada e para fora da casa, respectivamente. Será colocada cerâmica

somente nesta área.

O piso sob a bancada da pia deverá ser elevado 3 cm em relação ao nível do

piso da cozinha.

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PAREDE

As paredes serão construídas em tijolos cerâmicos, assentados segundo as

características fixadas nas normas brasileiras e com argamassa de cimento, cal e

areia média, terão dimensões indicadas no projeto.

Os elementos vazados como portas e janelas, serão assentados conforme

indicações no projeto.

As vergas serão executadas em concreto armado, sobre os vãos das portas.

As alvenarias de tijolos cerâmicos serão chapiscadas interna e externamente

com argamassa e espessura mínima de 5 mm.

Será aplicada a barra lisa, em todo o banheiro, cerâmica com altura de 1,50 m, e

sobre a pia; lavanderia e o lavatório, em toda sua extensão frontal e lateral na altura

de 0,40 m.

A argamassa será de cimento e areia média, queimada com desempoladeira de

aço e terá a mesma espessura do reboco, devendo ficar arestada com este.

Todas as paredes internas e externas deverão ser rebocadas, com argamassa

de cimento, cal e areia média com espessura mínima de 2 cm, sendo, sarrafeadas e

desempoladas com ferramentas adequadas. Após conferência da planicidade por

intermédio de uma régua de alumínio, este revestimento servirá de base para pintura

dos ambientes com este acabamento.

A caiação será aplicada internamente em 03 (três) demãos. Na parte externa

será aplicada pintura à base de cal com cores diferenciadas, em casas alternadas de

forma que nenhuma casa venha a ter a mesma cor que as casas lindeiras.

As esquadrias previamente aparelhadas e lixadas, receberão pintura esmalte em

duas demãos, na cor branca.

Deverão ser aplicadas alternadamente, de forma que nenhuma casa venha a ter

a mesma cor que as casas lindeiras.

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ESQUADRIAS

As janelas deverão ser do tipo venezianas, pivotante, em madeira vermelha

de lei, com marcos de mesma madeira com pingadeiras, devendo-se obedecer às

medidas do projeto, para altura e largura respectivamente. Serão compostas de 04

(quatro) folhas pivotantes.

As portas serão de giro todas medindo (80 x 210 cm) largura e altura

respectivamente. As caixas de portas serão simples, feitas com a mesma madeira

empregada nas portas, nas dimensões projetadas.

Possuirá sistema de ventilação do tipo boca de lobo, nos ambientes tais quais

BWC e cozinha, especificados no projeto.

TETO

A madeira usada será vermelha de lei, sendo rejeitadas pela fiscalização as

peças que apresentarem defeitos que impliquem na insegurança ou selamento da

estrutura da cobertura.

Os caibros terão espaçamento máximo de 0,40 m de eixo a eixo e ambos os

lados da parede deverão contar com caibros ditos de amarração, no seu encontro

com a cobertura.

Serão usadas duas ripas por telha. Nos beirais laterais deverão ser usadas ripas

superpostas.

As telhas serão coloniais

A cumeeira, as telhas-viradas e a beira-e-bica serão emboçadas com

argamassa de cimento, cal e areia. A beira e bica deverá ter bom acabamento de

modo a facilitar o escoamento das águas. O beiral será de 0,50 m conforme o

projeto.

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PECAS SANITARIAS

Lavatório

Deverá ser instalado lavatório de louça branco, tamanho pequeno, com válvula

incluída, fixado com parafusos e buchas de nylon, bem como torneira, engate e sifão

todos em plástico.

Tanque (lavanderia)

O tanque será pré-moldado em cimento, terá válvula e torneira em plástico e

ficará apoiado sobre alvenaria de tijolos ou placas de concreto armado com bom

acabamento e submetida à aprovação da fiscalização.

Pia Cozinha

A pia da cozinha será em mármore sintético, com 1,20 m, e terá válvula, torneira

e sifão plásticos, e ficará apoiada sobre alvenaria de tijolos ou placas de concreto

armado com bom acabamento e submetida à aprovação da fiscalização.

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4 CONCLUSÃO

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Os assentamentos estudados são exemplares para identificar as dinâmicas

habitacionais recorrentes nos diversos casos de favelização. Alguns em processo de

elitização e de transformações urbanas, outros em processo de estagnação ou

decadência do ambiente construído e outros em processo de expansão horizontal ou

vertical, ou representações simbólicas de bem viver e de status. Esta dinâmica, em

grande medida, envolve o uso e a ocupação residencial.

A mobilidade residencial das famílias não está associada a, apenas, uma

determinada localização no espaço e a busca de vantagens e desvantagens no

espaço. Tais questões se relacionam as satisfações individuais e das famílias, assim

como as suas necessidades e desejos associados a alterações de renda,

transformações sociológicas, simbólicas, dentre outras. Estas variáveis se modificam

através dos tempos e dão origem a novos hábitos e novas conformações espaciais

que incorporam aspectos utilitários dos imóveis e possibilidades de obtenção de

ganhos, em relação às alterações esperadas na estrutura urbana e, ao mesmo

tempo, definem os fluxos de famílias, no interior da cidade.

Em outras palavras, os fenômenos de mobilidade e migração intra-urbanas

geram movimentos espaciais das famílias, transformações de usos e outros

fenômenos. Tais eventos realçam a hierarquia dos espaços ocupados formando

nuances entre um extremo superior e outro inferior delineando uma espécie de

bipolaridade entre ricos e pobres.

Os movimentos das famílias, no espaço, relacionam-se diretamente com as

transações de compra e venda de imóveis e das conversões do uso do solo

promovidas pelos diversos empreendimentos, pelas incorporações imobiliárias,

ocupações informais e a fenômenos sociológicos advindos provocados pelos novos

hábitos e estilos de vida adquiridos que são conformadores de novas relações sócio-

espaciais.

Espera-se com este trabalho fornecer importantes subsídios para a gestão e

planejamento urbano, servindo para orientar investimentos desejáveis do setor

público, evitando o êxodo rural, fazendo um planejamento urbano adequado,

desapropriando terras improdutivas que não atinjam a função social da propriedade,

como também os investimentos do setor privado. Além disso, a busca deste

conhecimento, poderá guiar políticas e ações, que visem a recuperação de mais-

valias provenientes do espaço urbano.

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Favela Mor Gouveia - A intervenção urbana como instrumento de reconstrução do espaço

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REFERÊNCIAS

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