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Valores e Cultura 2011/2012 Docente: Marina Santos Página 1 «Em 1966, uma rapariga de dezassete anos chamada Fauziya Kassindja chegou ao Aeroporto Internacional de Newark e pediu asilo. Tinha fugido do seu país natal, o Togo, pequena nação do oeste africano, para escapar ao que ali as pessoas chamam «excisão». A excisão é uma intervenção desfiguradora por vezes chamada «circuncisão feminina», embora tenha poucas semelhanças com essa prática judaica. É frequentemente referida, pelo menos nos jornais de países ocidentais, como «mutilação genital feminina». De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a prática está disseminada por vinte e seis países africanos, sendo em cada ano objeto de «excisão» dois milhões de raparigas. Nalguns casos a excisão é parte de um elaborado ritual tribal, realizado em pequenas aldeias tradicionais, e as raparigas anseiam submeter- se a ele porque isso assinala a sua aceitação no mundo adulto. Noutros casos, a prática é realizada por famílias citadinas em jovens que lhe resistem desesperadamente Fauziya Kassindja era a mais jovem de cinco filhas de uma família muçulmana devota. O seu pai, proprietário de uma bem sucedida empresa de camionagem, opunha-se à excisão, e tinha a capacidade de se opor à tradição por causa da sua riqueza. As suas primeiras quatro filhas casaram sem ser mutiladas. Mas quando Fauziya tinha dezasseis anos, o pai morreu subitamente. Fauziya ficou então sob tutela do avô, que combinou um casamento para ela e se preparava para a submeter à excisão. Fauziya ficou aterrorizada e a mãe e a irmã mais velha ajudaram-na a fugir. A mãe, tendo ficado sem recursos, teve de pedir desculpas formais e submeter-se à autoridade do patriarca que ofendeu. Entretanto, na América, Fauziya foi detida durante dois anos enquanto as autoridades decidiam o que fazer. Por fim, foi-lhe concedido asilo, mas não sem antes se tomar o centro de uma controvérsia sobre a forma como devemos encarar as práticas culturais de outros povos. Uma série de artigos no New York Times favoreceu a ideia de que a excisão é uma prática bárbara merecedora de condenação. Outros observadores mostraram-se relutantes em ser tão perentórios - vive e deixa viver, afirmaram; afinal de contas, é provável a nossa cultura parecer igualmente estranha para eles. Vamos supor que estamos inclinados a afirmar que a excisão é má. Estaríamos nós apenas a impor os padrões da nossa própria cultura? Se o relativismo cultural estiver correto, isso é tudo quanto podemos fazer, pois não há um padrão culturalmente neutro a que possamos apelar. Mas, será isto verdade?» J. Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Gradiva, Lisboa, págs. 47-48 Atividade nº 1: a) Qual é o problema filosófico exposto no excerto? Justifica.

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  • Valores e Cultura 2011/2012

    Docente: Marina Santos Pgina 1

    Em 1966, uma rapariga de dezassete anos chamada Fauziya Kassindja

    chegou ao Aeroporto Internacional de Newark e pediu asilo. Tinha fugido

    do seu pas natal, o Togo, pequena nao do oeste africano, para escapar ao

    que ali as pessoas chamam exciso. A exciso uma interveno

    desfiguradora por vezes chamada circunciso feminina, embora tenha

    poucas semelhanas com essa prtica judaica. frequentemente referida,

    pelo menos nos jornais de pases ocidentais, como mutilao genital feminina.

    De acordo com a Organizao Mundial de Sade, a prtica est disseminada por vinte e seis pases

    africanos, sendo em cada ano objeto de exciso dois milhes de raparigas. Nalguns casos a exciso parte

    de um elaborado ritual tribal, realizado em pequenas aldeias tradicionais, e as raparigas anseiam submeter-

    se a ele porque isso assinala a sua aceitao no mundo adulto. Noutros casos, a prtica realizada por

    famlias citadinas em jovens que lhe resistem desesperadamente

    Fauziya Kassindja era a mais jovem de cinco filhas de uma famlia muulmana devota. O seu pai,

    proprietrio de uma bem sucedida empresa de camionagem, opunha-se exciso, e tinha a capacidade de

    se opor tradio por causa da sua riqueza. As suas primeiras quatro filhas casaram sem ser mutiladas.

    Mas quando Fauziya tinha dezasseis anos, o pai morreu subitamente. Fauziya ficou ento sob tutela

    do av, que combinou um casamento para ela e se preparava para a submeter exciso. Fauziya ficou

    aterrorizada e a me e a irm mais velha ajudaram-na a fugir. A me, tendo ficado sem recursos, teve de

    pedir desculpas formais e submeter-se autoridade do patriarca que ofendeu.

    Entretanto, na Amrica, Fauziya foi detida durante dois anos enquanto as autoridades decidiam o

    que fazer. Por fim, foi-lhe concedido asilo, mas no sem antes se tomar o centro de uma controvrsia sobre

    a forma como devemos encarar as prticas culturais de outros povos. Uma srie de artigos no New York

    Times favoreceu a ideia de que a exciso uma prtica brbara merecedora de condenao. Outros

    observadores mostraram-se relutantes em ser to perentrios - vive e deixa viver, afirmaram; afinal de

    contas, provvel a nossa cultura parecer igualmente estranha para eles.

    Vamos supor que estamos inclinados a afirmar que a exciso m. Estaramos ns apenas a impor

    os padres da nossa prpria cultura? Se o relativismo cultural estiver correto, isso tudo quanto podemos

    fazer, pois no h um padro culturalmente neutro a que possamos apelar. Mas, ser isto verdade?

    J. Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Gradiva, Lisboa, pgs. 47-48

    Atividade n 1:

    a) Qual o problema filosfico exposto no excerto? Justifica.

  • Valores e Cultura 2011/2012

    Docente: Marina Santos Pgina 2

    Sem o Homem no h cultura, mas sem

    cultura no h Homem.

    CULTURA = um todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenas, os artefactos, a arte, a moral, as leis, os costumes e todas as disposies e hbitos criados e adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade.

    Papua Nova Guin

    As culturas so constitudas por elementos instrumentais(materiais/fsicos) e ideolgicos (tradies, crenas, etc.).

    Padres de culturaPadres de cultura

    A relatividade cultural um facto:

    as diferentes comunidades humanas

    desenvolveram elementos culturais

    diferentes, isto , padres culturais distintos. Cada comunidade/

    grupo tem maneiras de sentir, pensar e agir especficas,que os

    distinguem dos demais.

    Padres culturais: modelos de pensamento, atitude e comportamento prprias de uma dada cultura, que orientam os processos de interaco social e enquadram as experincias individuais e colectivas.

    As atitudes e comportamentos individuais so fortemente influenciados pelos padres culturais: estes contribuem para a resoluo dos problemas prticos do quotidiano dos indivduos e dos grupos, para fomentar a coeso social e para a determinao da sua identidade prpria.

    A diversidade das culturas e dos seus valores so a expresso da originalidade e da pluralidade das identidades

    que caracterizam os grupos, culturas e sociedades humanas.

    ATITUDES FACE DIVERSIDADE CULTURAL (e RELATIVIDADE AXIOLGICA):

    1. ETNOCENTRISMO: atitude do sujeito que se limita a avaliar as outras culturas em funo da sua prpria

    cultura e dos valores desta => a sua cultura superior; no aceita as outras; intolerante.

    2. RELATIVISMO CULTURAL: atitude que defende a validade e a riqueza de qualquer sistema cultural

    => toda a avaliao depende do contexto; todas as prticas e costumes so bons/ aceitveis dentro do seu

    mundo; nega a existncia de valores objetivos, imparciais e universais.

    3. INTERCULTURALISMO: defende o respeito por todas as culturas e considera que todas as culturas tm

    algo de bom que pode enriquecer as outras => promoo do dilogo entre as culturas; busca de resposta a

    problemas universais. => MULTICULTURALISMO dentro de cada sociedade num mundo globalizado.

    O DILOGO INTER-CULTURAL uma atitude que promove a cidadania enquanto assegura e fomenta a

    defesa dos direitos humanos, das diferenas culturais e valores como a tolerncia e a justia.

    O que assegura o dilogo intercultural so os CRITRIOS* TRANSUBJETIVOS de valorao: permitem a

    convivncia enriquecedora daquilo que estimvel em vrias culturas. Ope-se ao relativismo: a Declarao

    Universal dos Direitos Humanos, por ex., atribui a todos os seres humanos vrios direitos de que estes devem

    beneficiar, mesmo que a sociedade em que vivem no os reconhea.

    Assim, a relatividade e subjetividade dos valores (o facto da valiosidade das coisas depender de cada indivduo

    e da cultura) pode ser ultrapassada, instituindo-se critrios* que dem valor/orientem a tomada de deciso e a ao

    das pessoas e dos povos, no sentido da defesa e respeito da humanidade.

    um modo de adaptao (mais rpido, verstil e eficaz do que a adaptao orgnica);

    um conjunto de respostas s necessidades e desejos humanos;

    informao (um conjunto de conhecimentos tericos e prticos que se aprende e transmite aos

    contemporneos e vindouros);

    um sistema de smbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e se confere significado vida;

    fator de humanizao (s com os outros adquirimos e atualizamos caractersticas humanas).

    * Critrio (do grego kritrion): padro que serve de base para que coisas e pessoas possam ser comparadas e julgadas.

    * Critrio transubjetivo de valorao: critrio para fazer juzos de valor que ultrapassa o ponto de vista de cada sujeito. Ao avaliarmos as coisas segundo critrios subjetivos, estamos a avali-las luz dos nossos gostos e preferncias pessoais. Para as

    avaliarmos segundo critrios transubjetivos, devemos adotar uma perspectiva imparcial.

  • Valores e Cultura 2011/2012

    Docente: Marina Santos Pgina 3

    TUDO RELATIVO... NO ?

    Uma mulher adltera apedrejada at morte - uma morte lenta e humilhante - num pas

    governado por uma verso da lei Sharia. Nos pases ocidentais, nenhuma lei aplicada atualmente contra o

    adultrio. Algumas pessoas considerariam o adultrio imoral, outras

    (possivelmente incluindo o marido) no veriam nada de errado nisso. Na

    Europa e em quase todo o lado, a grande maioria das pessoas julgaria o

    castigo por apedrejamento como horrendo e profundamente errado.

    Contudo, algumas pessoas acham que estes assuntos so relativos. O

    que ela fez foi errado em relao sua cultura, mas no foi assim to

    errado na cultura ocidental moderna. Em relao moralidade

    muulmana e lei daquele pas, ela foi corretamente castigada. ()

    Os relativistas culturais costumam estender essas relatividades moralidade. O que moralmente certo

    ou errado depende, segundo eles, da sociedade. Os relativistas expansivos (como eu lhes chamo) ainda

    expandem mais a relatividade, alguns at mesmo a todas as verdades. Dizem, por exemplo, Deus existe

    verdade para os crentes mas falso para os no crentes; ou a Terra plana era verdade para a maioria das

    pessoas na Idade Mdia, mas no verdade para ns agora. Eles podem argumentar que quando eu tento

    dizer que alguma coisa verdade em absoluto - quer dizer, no relativamente - tudo o que estou a fazer

    dizer que acredito. No posso sair da minha prpria pele e descobrir como as coisas so realmente. Alguns

    relativistas argumentam que so realmente no existe de forma alguma. tudo relativo.

    Ser que todos os valores e verdades so relativos?

    Discutivelmente, o relativismo parece ser mais persuasivo quando as verdades aparentes tm a ver com a

    moralidade - com o que ns devemos ou no fazer - do que quando tm a ver com o mundo que nos rodeia.

    O relativismo moral apoiado por muitos seculares ocidentais. Esses relativistas, em relao ao

    apedrejamento, por vezes concluem enganosamente que errado interferirmos com as prticas de outro

    pas. Se essa concluso proferida como uma afirmao no relativa, designadamente que interferir

    errado e ponto final, ento contradiz a afirmao de que todos os julgamentos morais so relativos. No

    podem agarrar-se consistentemente sua posio. Essa uma razo clara para rejeitar o seu relativismo.

    Talvez os relativistas morais estejam a dizer que errado, quanto aos valores de um grupo

    (presumivelmente o seu), interferir nos valores de outro pas. Se assim , posso achar interessante, mas,

    como se trata apenas de um assunto relativo, no me fornece uma boa razo para aceit-lo.

    Embora o relativismo parea ter uma relao natural com a tolerncia liberal - dentro do possvel, no

    interfira na vida dos outros - no existe razo de ser para isso. No podem coerentemente dizer s naes,

    ou faces de indivduos, que eles esto errados e ponto final quando impem os seus valores aos outros,

    pois essas naes podem muito bem valorizar a difuso dos seus valores (relativos) pelos outros. O facto de

    todos os julgamentos morais serem relativos no justifica que tiremos a concluso, ainda que de forma rela-

    tiva, que no devemos interferir nas prticas de outros pases, assim como no justifica o contrrio.

  • Valores e Cultura 2011/2012

    Docente: Marina Santos Pgina 4

    Uma vez que a moral considerada relativa, pe-se a questo: em relao a qu? sociedade em que

    vivemos? A subgrupos - faces, partidos polticos, unies, clubes? A alguma outra autoridade? A mim? Seja

    qual for a resposta, deveramos perguntar aos relativistas: a vossa resposta apenas relativamente

    verdade, ou seja, apenas verdade para vocs ou para o vosso grupo? Se for, ser que devo dar-lhe

    ateno? Se no for, ento vocs no so verdadeiros relativistas.

    Os estudantes por vezes professam uma crena nos relativistas. Eles vem-se confrontados com a

    insensatez da sua crena quando lhes fazem ver que se estiverem certos, no devem protestar que esteja

    errado que eu lhes d notas baixas. Os nossos trabalhos esto bons, insistem. Absolutamente, digo eu,

    mas como no existem valores no relativos, os vossos trabalhos merecem notas baixas, relativamente ao

    que sinto neste momento.

    Muitos radicais de esquerda so atrados pelo relativismo moral, porque querem respeitar a

    identidade cultural das outras pessoas. Isto leva-os difcil situao de tentarem enquadrar o seu

    relativismo no julgamento (certamente correto) de que as mulheres no deviam ser obrigadas a andar

    cobertas, submetidas a mutilaes genitais ou apedrejadas at morte. claro que, apresso-me a

    acrescentar, existem muitos males nas sociedades ocidentais: as mulheres sentem-se pressionadas a terem

    filhos, um homem ou a no terem homem nenhum.

    O respeito pela cultura e tradio no deve ser visto como implicando que todas as culturas e tradies

    devem ser respeitadas. Esse respeito implica que alguns aspetos so certos em absoluto, no apenas

    relativamente. A questo est em estabelecer os limites ou onde os encontrar.

    Ponha um relativista moral diante de uma criana inocente a gritar por estar a ser torturada. Pergunte-

    lhe se ele ainda pensa que o que est a ser feito apenas relativamente errado.

    Ponha um relativista expansivo nos carris antes da passagem de um comboio expresso. Pergunte-lhe se

    pensa mesmo que apenas relativamente verdade que ele est prestes a morrer.

    Peter Cave, Duas vidas valem mais do que uma?, Lisboa, Academia do Livro, 2008, pp. 85-89

    ATIVIDADE n 2 - A partir do texto, responde s seguintes questes:

    a) Qual o problema filosfico exposto no texto?

    b) Qual tese defendida pelo autor?

    c) Quais so os argumentos que o autor apresenta?

    d) Concordas com a posio do autor? Justifica.

    A relatividade caracteriza a vivncia dos valores. Assim, as preferncias e rejeies variam em

    funo da pessoa, do grupo social e, sobretudo, da cultura. Ser possvel, apesar disso, encontrar

    valores universalmente vlidos? O relativismo axiolgico defende que os valores de uma pessoa ou

    de um grupo so to bons e to vlidos como os de quaisquer outras pessoas ou grupos. Ora, tal

    teoria ser correta ou, mesmo tratando-se de valores como o bem, o belo ou a justia, os pontos vista

    no so todos iguais? No deveremos preferir sempre a verdade mentira ou o amor ao dio?

  • Valores e Cultura 2011/2012

    Docente: Marina Santos Pgina 5

    Relativismo moral:

    - Afirma que a verdade ou falsidade dos juzos morais sempre relativa a uma certa sociedade.

    - Um juzo moral verdadeiro numa sociedade, quando os seus elementos acreditam que

    verdadeiro; ou falso, quando estes acreditam que falso.

    - O certo e o errado, o bem e o mal, so meras convenes estabelecidas dentro de cada sociedade.

    Razes para defender o relativismo moral:

    1) O relativismo promove a coeso social. bom aquilo que a minha sociedade considera correto.

    Esta coeso fundamental para a sobrevivncia da sociedade e, assim, para o nosso bem-estar.

    2) O relativismo promove a tolerncia entre sociedades diferentes. Abstemo-nos de julgar os

    costumes e prticas de outras sociedades diferentes da nossa. Tal leva-nos a no ter qualquer impulso

    violento e destrutivo em relao aos outros povos e culturas.

    Objees ao relativismo moral:

    a) O relativismo moral conduz ao conformismo. Um conformista limita-se a agir de acordo com as

    ideias dominantes na sociedade. Ora, na ausncia de algum inconformismo, limita-nos a aceitar tudo

    mesmo o que objetivamente nefasto para ns e para a sociedade e, assim, no pode haver

    progresso moral.

    b) O relativismo moral s aparentemente promove a tolerncia entre culturas diferentes:

    A afirmao do valor universal da tolerncia incompatvel com o relativismo (pois se tudo

    relativo, tambm a prpria afirmao o );

    Um relativista teria de aprovar atitudes de extrema intolerncia, se estas fossem consideradas

    boas no interior de uma dada sociedade pela maioria das pessoas que a constituem.

    Atividade n 3

    1. Imagina que numa pequena sociedade fechada os jovens desejam aderir a hbitos ocidentais,

    como usar telemveis ou navegar na Internet. Os restantes membros da sociedade, que constituem

    a grande maioria da populao, so contra estes novos hbitos, que conduziro ao

    desaparecimento de tradies ancestrais. De acordo com o relativismo, o que devem fazer estes

    jovens? Porqu?

    2. As convices morais das pessoas variam muito de sociedade para sociedade. esta ideia

    que define o relativismo moral? Porqu?

    3. Na ausncia de critrios claros para determinar o que conta como sociedade, o relativismo

    permanece irremediavelmente vago e pode mesmo dar origem a juzos contraditrios. Esclarece

    esta objeo.

    Podemos chamar relativismo cultural ideia de que muitos costumes e prticas que variam de sociedade para sociedade (como os hbitos alimentares, as cerimnias de casamento ou o estilo de

    vesturio) so relativos cultura: no h uma maneira de comer, casar ou vestir, que seja universalmente

    melhor do que todas as outras.

    O relativista moral estende esta ideia, quase trivial, aos valores morais. Aplicada tica, no entanto, a ideia

    deixa de ser trivial e, pode mesmo ser perigosa