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CARLOS PEREIRA DA SILVA NETO O USO DA ARTERIOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA

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CARLOS PEREIRA DA SILVA NETO

O USO DA ARTERIOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA

JOÃO PESSOA - PB

2017

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CARLOS PEREIRA DA SILVA NETO

O USO DA ARTERIOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA

Dissertação apresentada ao IBRATI – Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, para a obtenção do título de Mestre.

JOÃO PESSOA

2017

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Dedicatória

Dedico este mestrado aos meus pacientes da Unidade de Terapia Intensiva, que foram primordiais ao desenvolvimento deste estudo, e todo o meu agradecimento a

Deus porque têm sido tudo em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Durante esse dois anos só tenho a agradecer a todos que passaram pelo meu

caminho e que com certeza deixaram um pouco de si.

Os momentos de alegria serviram para me permitir acreditar na beleza da

vida, e os de sofrimento, serviram para um crescimento pessoal único. É muito difícil

transformar sentimentos em palavras, mas serei eternamente grata a vocês,

pessoas imprescindíveis para a realização e conclusão deste trabalho.

Agradeço ao corpo docente, pelos ensinamentos, orientações, incentivo,

amizade e dedicação, não mediram esforços para me ajudar, sempre com uma

solução simples para os meus problemas que pareciam ser gigantes.

Á minha família que a todo instante esteve ao meu lado e compreendeu meus

momentos de ausência.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................................iLISTA DE SIGLAS.............................................................................................................................iiRESUMO...........................................................................................................................................iiiABSTRACT........................................................................................................................................iv

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................102. REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................................122.1 MORTE ENCEFÁLICA................................................................................................................122.2 EPIDEMIOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA.............................................................................132.3 LESGILAÇÃO SOBRE MORTE ENCEFÁLICA NO BRASIL.......................................................132.3.1 Termo de declaração de morte encefálica........................................................................152.4 MÉTODOS DE DIAGNÓSTICOS DA MORTE ENCEFÁLICA.....................................................172.4.1 Exames complementares....................................................................................................192.4.1.1 Eletroencefalografia...............................................................................................................192.4.1.2 Arteriografia............................................................................................................................202.4.1.3 Doppler Transcraniano...........................................................................................................202.4.1.4 Tomografia isotópica encefálica por emissão de fotón único.................................................202.5 ARTERIOGRAFIA COMO EXAME COMPROBATÓRIO DEFINITIVO........................................213. MÉTODOS....................................................................................................................................244. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................25

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................26

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Vascularização do encéfalo. Fonte: http://www.msdmanuals.com ...................... 22

Figura 2. Arteriografia na ME. Fonte: http://redenacional1.blogspot.com.br ....................... 23

i

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LISTA DE SIGLAS

CFM – CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

DTC – DOPPLER TRANSCRANIANO

EUA – ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

LCR – LIQUIDO CEFALORRAQUIDIANO

ME – MORTE ENCEFÁLICA

RM – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

SPECT -  SINGLE PHOTON EMISSION COMPUTED TOMOGRAPHY

TCE – TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO

ii

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RESUMO

NETO, CARLOS PEREIRA DA SILVA. O uso da arteriografia cerebral no diagnóstico de morte encefálica. 2017. Dissertação de Mestrado em Terapia Intensiva – Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, IBRATI. João Pessoa – PB. 2017

Por longos anos, a ausência irreversível da função cardiorrespiratória

espontânea foi considerado como um determinante da morte do indivíduo. No

entanto, com o desenvolvimento de terapia intensiva, especialmente a partir da

segunda metade deste século, observou-se que era possível a substituir essas

funções até agora reconhecidas como vitais. Através da pesquisa bibliográfica

descritiva, o presente estudo define a partir da resolução do CFM, os critérios

comprobatórios no diagnóstico da morte encefálica, enfatizando a importância de um

resultado preciso. Mais que possível, é necessária a certeza da parada irreversível

das funções encefálicas e, para tal, a arteriografia é a comprovação. O objetivo do

estudo, através da pesquisa bibliográfica exploratória é apresentar os meios de um

diagnóstico conciso e a arteriografia cerebral como o exame de diagnóstico

complementar mais preciso na identificação da morte encefálica.

Palavras chave: Morte Encefálica; Arteriografia; Medicina; Diagnóstico.

iii

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ABSTRACT

NETO, CARLOS PEREIRA DA SILVA. O uso da arteriografia cerebral no diagnóstico de morte encefálica. 2017. Dissertação de Mestrado em Terapia Intensiva – Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, IBRATI. João Pessoa – PB. 2017

For long years, the irreversible absence of the spontaneous

cardiorespiratory function was considered as a determinant of the death of the

individual. However, with the development of intensive therapy, especially from the

second half of this century, it was observed that it was possible to replace those

functions hitherto recognized as vital. Through the descriptive bibliographic research,

the present study defines, from the CFM resolution, the supporting criteria in the

diagnosis of brain death, emphasizing the importance of an accurate result. More

than possible, the irreversible cessation of brain functions is necessary and, for this,

arteriography is the proof. The objective of the study , through exploratory

bibliographic research is to present the means of a concise diagnosis and the

cerebral arteriography as the examination of more precise complementary diagnosis

in the identification of the encephalic death.

Keywords: Encephalic Death; Arteriography; Medicine; Diagnosis

iv

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1. INTRODUÇÃO

Por longos anos, a ausência irreversível da função cardiorrespiratória

espontânea foi considerado como um determinante da morte do indivíduo. No

entanto, com o desenvolvimento de terapia intensiva, especialmente a partir da

segunda metade deste século, observou-se que era possível a substituir essas

funções até agora reconhecidas como vitais. Isto levou a uma revolução no

conceito de morte, quando a atenção deslocou-se para definições com base na

perda permanente das funções cerebrais (Machado C.,2007).

A morte encefálica (ME), na natureza, é seguida a morte

cardiorespiratória. O projeto desenvolvido por Drinker e Shaw na década de

1930, em Boston, denomidado de pulmão de aço e sua aplicação por Lassen e

Ibsen, na década de 1950, em Copenhage, permitiu interromper

transitoriamente e artificialmente o processo que envolve perda de função do

tronco cerebral, parada respiratória e sequentemente parada cardíaca

(WIJDICKS Et al., 2008).

A instalação do respirador artificial, principalmente em pacientes com

traumatismo craniano grave ou hemorragia subaracnóidea, quer por

comprometimento da consciência, quer com objetivo de anestesia para

tratamento cirúrgico emergencial, antes que a hipertensão intracraniana pelo

edema cerebral do trauma ou secundária à isquemia relacionada com o

vasoespasmo lesione irreversivelmente o tronco cerebral, previne a parada

respiratória e retarda a morte cardiorespiratória. O uso de drogas vasoativas e

o controle metabólico artificial substituem outras funções vegetativas do

encéfalo e completam as medidas que sustentam algumas funções vitais do

corpo em ME (KIND L.,2009).

Os franceses foram determinantes a este novo aspecto. Um grupo de

Neurofisiologistas e neurocirurgiões de Lyon, n o final dos anos 50,

descreveram uma condição que chamada "morte do sistema nervoso",

caracterizada por: coma apnéico, ausência de reflexos tendinosos e tronco

cerebral, nenhuma actividade bioeléctrica espontânea e após estimulação

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elétrica profunda. Em pouco tempo, dois neurologistas, Mollaret e Goulon ,

Hospital Claude Bernard em Paris, estudando pacientes com lesões estruturais

intracranianos e com sequelas neurológicas após a parada cardíaca,

descreveu o mesmo status sob o termo comer dépassé (coma excedido), para

se referir a um estado singular além coma profundo. (Mollaret P, Goulon

M.,1959)

No Brasil, a Resolução CFM nº 1.480/97 definiu morte encefálica como

coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia,

consequência de processo irreversível e de causa conhecida, mantido por seis

horas nos maiores de dois anos, corroborado por exame complementar que

demonstre ausência de atividade elétrica cerebral ou, ausência de atividade

metabólica cerebral ou, ausência de perfusão sanguínea cerebral, excluídos

hipotermia e uso de depressores do sistema nervoso central (BRASIL,2005).

Existem diversos exames de imagem que podem ser utilizados para a

confirmação do diagnóstico de ME, tais como: o eletroencefalograma, a

arteriografia cerebral, a tomografia computadorizada, a monitorização da

pressão intracraniana, marcadores químicos do líquido cefalorraquidiano, o

doppler transcraniano e a cintilografia (MENESES ET AL., 2005).

Dentre os testes de diagnósticos instrumentais a fim de avaliar o fluxo

sanguíneo, a arteriografia cerebral teria o resultado mais preciso na

constatação da ME? Por apresentar alta sensibilidade e especificidade para

identificar fluxo sanguíneo encefálico a arteriografia documenta de forma

definitiva a ME

Do ponto de vista neurofisiológico a ME é facilmente compreensível, do

ponto de vista clínico, a simples possibilidade neurofisiológica da ocorrência

não autoriza a parada das medidas terapêuticas, nem tão pouco a retirada do

coração pulsátil destes pacientes. Mais que possível, é necessária a certeza da

parada irreversível das funções encefálicas e, para tal, a arteriografia é a

comprovação (MACHADO C., 2007).

O objetivo do estudo, através da pesquisa bibliográfica exploratória é

apresentar os meios de um diagnóstico conciso de ME e a arteriografia

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cerebral como o exame de diagnóstico complementar mais preciso na

identificação da ME.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MORTE ENCEFÁLICA

A primeira concepção de ME foi desenvolvida em 1959, por um grupo

de neurologistas franceses, pela condição clínica em que se encontrava um

encéfalo morto em um corpo vivo, denominada na época de coma dépassé

(além do coma). Caracterizava-se por imobilidade do globo ocular na posição

neutra, midríase não reagente à luz, ausência de reflexo de piscamento,

ausência de reflexo de deglutição, queda do queixo, ausência de resposta

motora a qualquer estímulo, hipotonia muscular, arreflexia tendínea, reflexos

plantares equivocados, retenção da contração ideomuscular com edema

muscular, incontinência esfincteriana, ausência de automatismo medular,

ausência de respiração espontânea após descontinuação da ventilação

artificial, colapso cardiovascular imediato após descontinuação da infusão de

noradrenalina, distúrbio da termorregulação e silêncio eletroencefalográfico

(MOLLARET P, GOULON M., 1959; WIJDICKS EFM ET AL., 2008; SHELLEY

MW,2009).

Após anos de discussões sobre esse tema, foi criada, em 1981, nos

Estados Unidos da América (EUA), uma comissão presidencial que definiu a

morte como a cessação irreversível das funções circulatória e respiratória ou a

parada irreversível do funcionamento de todo o encéfalo. Esses critérios são

utilizados atualmente para se realizar o diagnóstico da ME (RECH T., 2007)

No Brasil, esses critérios foram legalmente adotados em 1997, por meio

da Resolução nº 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina (CFM), a qual

define a ME como “a parada total e irreversível das funções encefálicas, de

causa conhecida e constatada de modo indiscutível”, constituindo morte para

efeitos clínico, legal e/ou social. Dessa forma, a evolução do conceito de ME foi

fundamental para viabilidade da doação de órgãos, uma vez que,

diagnosticada mediante critérios legais e pré-definidos, segue-se a manutenção

das funções vitais para efetivar o transplante (BRASIL,2005).

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É necessário garantir uma adequada preservação e posterior viabilidade

desses órgãos, para potencializar o número de transplantes com o doador

falecido, até a extração. Isso implica investimentos em materiais e

equipamentos especializados, equipe de profissionais capacitados que saibam

identificar e diagnosticar precocemente a ME, e, principalmente, reconhecer as

alterações fisiológicas apresentadas por esse paciente (WESTPHAL GA,

2011).

2.2 EPIDEMIOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA

Entre as principais causas de ME estão o Acidente Vascular Encefálico,

o Trauma Cranioencefálico, o Tumor de Sistema Nervoso Central e a

Encefalopatia Anóxica. Estima-se que a proporção dos casos de morte

encefálica seja de 60 para cada milhão de habitantes por ano, correspondendo

a 12% das mortes que ocorrem na Unidade de Terapia Intensiva de um grande

hospital geral. No Brasil, no 1º trimestre de 2014, foram notificados 2.214 casos

de morte encefálica, onde o TCE mostrou um percentual expressivo entre

homens jovens e economicamente ativos, vale salientar que apesar das

campanhas educativas realizadas em todo o país sobre a prevenção de

acidentes de trânsito, esses eventos ainda respondem como uma das

principais causas de mortes no Brasil. (SANTOS, 2012; ABTO,2014).

Considerando a relevância da prevalência da morte encefálica para a

saúde coletiva, e sua estreita relação com a doação de órgãos, dados

referentes às possíveis causas de morte encefálica são tidos como uma

ferramenta importante para um planejamento direcionado às ações dos

serviços de saúde. Tais ações são viabilizadas por meio de Políticas Públicas

voltadas para a prevenção e intervenção adequadas, considerando doenças de

base que podem resultar ou influenciar em um quadro de morte encefálica

(SANTOS Et Al., 2012; GROSSI Et Al.,2014).

2.3 LEGISLAÇÃO SOBRE MORTE ENCEFÁLICA NO BRASIL

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Em 1997, a nova Lei nº 9.434/9719que dispõe sobre a remoção de órgãos,

tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá

outras providências, em seu Capítulo II, Art. 3º estabeleceu que:

“A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.”

Tornando legal a morte encefálica e elegendo o CFM como órgão

competente para estabelecer critérios de diagnóstico, e estabeleceu a vedação,

eticamente salutar, da participação de médicos envolvidos com as equipes de

transplante preservando a dignidade de escolha da família do possível doador.

A Resolução CFM nº 1.480/97 definiu morte encefálica como coma

aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia,

consequência de processo irreversível e de causa conhecida, mantido por seis

horas nos maiores de dois anos, corroborado por exame complementar que

demonstre ausência de atividade elétrica cerebral ou, ausência de atividade

metabólica cerebral ou, ausência de perfusão sanguínea cerebral, excluídos

hipotermia e uso de depressores do sistema nervoso central. Clinicamente são

necessários coma aperceptivo, pupilas fixas e arreativas, ausência de reflexo

córneo-palpebral, de reflexos oculocefálicos, de respostas às provas calóricas,

de reflexo de tosse, e apnéia. Também estabelece critérios para crianças entre

sete dias e dois anos e protocoliza a prova calórica e o teste da apnéia

(BRASIL,2005).

Termina estipulando que “constatada e documentada a morte

encefálica, deverá o diretor clínico da instituição hospitalar, ou quem for

delegado, comunicar tal fato aos responsáveis legais do paciente, se houver, e

à central de notificação, captação e distribuição de órgãos a que estiver

vinculada a unidade hospitalar onde o mesmo se encontra internado”.

Fundamentados na legislação referente aos transplantes de órgãos, havia

incerteza se os critérios de morte encefálica seriam utilizáveis em não-

doadores, especialmente em virtude de interpretação equivocada do Artigo 57

do então vigente Código de Ética Médica (Resolução nº 1.246/88), mantido na

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revisão e atualização de 2009 como Artigo 32 (Resolução nº 1.931/09), que

veda ao médico “deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e

tratamento à seu alcance em favor do paciente” (BRASIL,2005; OSELKA G.,

2007).

Na IV Conferência Nacional de Ética Médica, 2009, em São Paulo, onde

se revisou e atualizou o Código de Ética Médica, foi apresentada proposta

elaborada pela Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica que

incorporaria ao código o dever do médico de suspensão de tratamento em

casos de morte encefálica:

“É vedado ao médico manter por meios artificiais corpo em morte

encefálica, exceto nas situações em que se aguarde a retirada de

órgãos para transplante, gestante morta com nascituro viável, ou

manifestação contrária por escrito do representante legal do paciente

durante os procedimentos de constatação de morte encefálica,

segundo o protocolo do CFM, neste último caso comunicando às

autoridades sanitárias. Parágrafo único. É dever do médico esclarecer

ao representante legal do paciente os objetivos e consequências dos

procedimentos para a constatação da morte encefálica.”

A proposta, não acatada, faria com que a suspensão de procedimentos

passasse de “ética” à obrigação deontológica, passível de punição se não

realizada, ressalvadas situações de eventual conflito entre familiares e médicos

assistentes. Assim completou-se o conjunto normativo da ME no Brasil,

utilizando critérios de uso universal, exigindo disfunção encefálica irreversível e

exames complementares, impossibilitando falsos positivos.

2.3.1Termo de declaração de morte encefálica(Res. CFM nº 1480, de 08-08-97)

NOME: .

RG: . CPF: . SAME: .

NOME DO PAI: .

NOME DA MÃE: .

IDADE: anos meses dias DATA DE NASCIMENTO: / / .

SEXO: M F RAÇA: B N A M

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A. CAUSA DO COMA

a.1 Causa do coma: .

a.2 Causas do coma que devem ser excluídas durante o exame

- Hipotermia ( )SIM ( )NÃO

- Uso de drogas depressoras do sistema nervoso central ( ) SIM ( ) NÃO

Se a resposta for SIM a qualquer um dos itens, interrompe-se o protocolo.

B. EXAME NEUROLÓGICO

Atenção: verificar o intervalo mínimo exigível entre as avaliações clínicas, tabela abaixo:

Idade Intervalo

7 dias a 2 meses incompletos 48 horas

2 meses a 1 ano incompletos 24 horas

1 ano a 2 anos incompletos 12 horas

Acima de 2 anos 6 horas

Ao efetuar o exame, assinalar uma das duas opções SIM/NÂO, obrigatoriamente, para todos os itens abaixo.

ELEMENTOS DO EXAME NEUROLÓGICO Resultados

1º Exame 2º Exame

Coma aperceptivo (Glasgow 3) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Pupilas fixas e arreativas ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Ausência de reflexo córneo-palpebral ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Ausência de reflexos oculocefálicos ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Ausência de respostas às provas calóricas ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Ausência de reflexo de tosse ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

Apnéia ( ) SIM ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO

C. ASSINATURAS DOS EXAMES CLÍNICOS

(Os exames devem ser realizados por profissionais diferentes, que não integrantes da equipe de remoção e transplante).

1 – PRIMEIRO EXAME 2 – SEGUNDO EXAME

DATA: / / HORA: . DATA: / / HORA: .

NOME DO MÉDICO: . NOME DO MÉDICO: .

CRM: FONE: . CRM: FONE: .

END.: . END.: .

ASSINATURA: . ASSINATURA: .

D. EXAME COMPLEMENTAR – Indicar o exame realizado e anexar laudo com identificação do médico responsável

1. Angiografia

Cerebral

2. Cintilografia Cerebral

3. Doppler

Transcraniano

4. Monitorização da

pressão intra-craniana

5. TC com xenônio

6. Tomografia por emissão 7. EEG 8. Tomografia 9. Extração Cerebral 10. Outro (citar)

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de foton único por emissão de positrons de oxigênio

De acordo com a Resolução do CFM, nº 1480/97 o termo acima é utilizado em todos os casos de possíveis ME no Brasil, a partir deste termo será constatado a ME e/ou iniciar o protocolo de doação de órgãos.

2.4 MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA MORTE ENCEFÁLICA

A morte encefálica representa o estado clínico irreversível em que as

funções cerebrais (telencéfalo e diencéfalo) e do tronco encefálico estão

irremediavelmente comprometidas. Para iniciar o protocolo são necessários

três pré-requisitos: A – Coma com causa conhecida e irreversível (Causa deve

estar comprovada por TC/RM ou LCR); B – Ausência de hipotermia, hipotensão

ou distúrbio metabólico grave (PIA > 60, Tax > 36,5, 160 < Na <120); C –

Ausência de intoxicação exógena ou efeito de medicamentos psicotrópicos (12

horas – sedação/curare, 24 horas – barbitúricos).

O protocolo utilizado para diagnóstico da ME segue os seguintes

exames clínicos:

a) Exame neurológico

Coma sem resposta - Glasgow 3:implica descobrir por completo o paciente,

expondo os quatro membros. O estímulo doloroso deve ser realizado na face,

utilizando a região supraorbitária ou a articulação têmporo-mandibular. O

estímulo doloroso na face permite testar a via trigeminal aferente; se houver

qualquer reação motora, é sinal que o tronco encefálico não está

completamente comprometido. O estímulo doloroso sobre as unhas utilizando o

cabo do martelo de reflexo pode ser utilizado observando se ocorre alteração

da mímica facial. O estímulo no esterno ou nos mamilos não é o mais

adequado porque não testa vias do tronco encefálico e pode elucidar reflexo

medular, o que não exclui o diagnóstico de ME (SCHELEMBERG,2007).

O paciente com suspeita de ME apresenta-se com grave injúria neurológica,

que frequentemente lesa o diencéfalo e o tronco cerebral, impedindo que vias

inibitórias originárias do telencéfalo e do tronco possam atuar na medula.

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Consequentemente, os reflexos de origem medular são comuns nesses

pacientes. Após o diagnóstico de ME, quanto mais longo for o tempo em que

se mantém o suporte, mais possibilidades há de surgirem reflexos medulares

(SCHELEMBERG,2007).

Reflexos osteotendinosos, cutâneo-abdominal, cutâneo-plantar em

extensão ou flexão, cremastérico superficial e profundo, ereção peniana

reflexa, arrepio, sudorese, rubor, reflexos flexores de retirada dos membros

inferiores ou superiores, reflexo tônico-cervical e sinal de Lázaro (flexão dos

braços com ou sem apreensão) são todos sinais de reatividade medular e não

afastam o diagnóstico de morte encefálica (HERAN Et al.,2008; MACHADO,

2008).

b) Avaliação da pupila

De acordo com Casella (2003) Abre-se um dos olhos e aproxima-se o foco

luminoso pela lateral. A observação leva um minuto, para se certificar se não

há uma resposta mais lenta. Repetir o mesmo procedimento no outro olho. No

paciente em morte encefálica as pupilas não apresentam reflexo fotomotor,

estando dilatadas ou médio-fixas. Deve-se ter atenção ao histórico cirúrgico

oftalmológico, o uso de medicamento tópicos, atropina venosa (não altera a

contração) e trauma ocular ou da face.

c) Reflexo corneano

Casella (2003) o procedimento é estimula-se a córnea com um algodão. A

reação é ausente no individuo com morte encefálica.

d) Reflexo nauseoso

De acordo Casella (2003) o procedimento utiliza uma espátula é que

estimula cada lado da orofaringe e observa-se a ausência de qualquer

movimento da faringe ou do palato.

e) Reflexo da tosse Outro exame clínico utilizado segundo Casella (2003) é introduzir um

cateter na traquéia para estimular a carina. Observa-se a presença de tosse ou

movimento do tórax ou do diafragma. Na morte encefálica esse estimulo é

ausente.

f) Reflexo dos olhos de boneca

18

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Ainda Casella (2003) outra avaliação necessária é através da

movimentação passiva da cabeça no plano horizontal. No paciente em morte

encefálica a movimentação dos olhos é inexistente e está relacionada à

rotação do segmento cefálico.

g) Prova calórica

Outro exame que pode ser introduzido no protocolo de diagnóstico é a

prova calórica que através de membranas timpânicas sadias, coloca-se o

paciente com a cabeça na linha média e elevada a 30º, injetando 50 ml de

líquido (soro fisiológico ou água), próximo a zero grau C. Os olhos devem ser

mantidos abertos e observados por um minuto após o término da infusão. Se

não houver estimulo presente, tem-se a presença da morte encefálica.

h) Teste da apnéia

De acordo com Coimbra (2000) é um dos mais importantes testes utilizados

no protocolo de diagnóstico de morte encefálica, visa eliminar qualquer dúvida

se o cérebro parou de funcionar, a Comissão de Harvard elaborou o teste da

apnéia, que seria o desligamento transitório do respirador, para verificar se o

paciente volta a respirar sem a presença do aparelho. A ausência da

respiração mecânica provoca o acúmulo gradual de gás carbônico (CO2) no

sangue, provocando um estímulo conhecido ao centro respiratório, situado no

cérebro. Devido às preocupações causadas pelos efeitos que tem a

desoxigenação sangüínea, foi introduzido pré-oxigenação, antes de ser

desligado, o respirador lança oxigênio puro nos pulmões do paciente, para

elevar a concentração desse elemento no sangue. “São medidas preventivas,

onde o teste da apnéia foi prolongado de três para até 10 minutos, para tornar

suficientemente elevado o nível de CO2 no sangue. No Brasil, essas medidas

foram acrescentadas pela Resolução 1.480”. O teste da apnéia é realizado

somente após todos os outros é o exame derem positivos ao diagnóstico de

morte encefálica.

2.4.1 Exames complementares

O diagnóstico de ME é essencialmente clínico e em muitos países não é

necessária a realização de exames complementares. No Brasil, é obrigatória a

realização de pelo menos um exame complementar, demonstrando a

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inatividade elétrica, metabólica ou perfusional do encéfalo (WESTPHAL

GA,2011).

2.4.1.1 Eletroencefalografia

O eletroencefalograma foi o primeiro método usado para corroborar o

diagnóstico de ME e até hoje é o mais usado, tanto em nosso meio quanto no

mundo. Deve ser realizado com pelo menos oito derivações com impedância

entre 100 e 10.000 Ω, sensibilidade de ao menos 2 µV e duração mínima de 30

minutos. É compatível com o diagnóstico de ME quando mostra silêncio

isoelétrico (RECH T.,2007).

Em caso de atividade elétrica ou dúvidas quanto à qualidade técnica, é

prudente aguardar seis horas para a realização de novo EEG. Optando por

outro exame complementar, este poderá ser realizado imediatamente (RECH

T.,2007).

2.4.1.2 Arteriografia

A arteriografia cerebral, avalia a presença de fluxo sanguíneo na porção

intracraniana das artérias carótidas internas e vertebrais, é usada como

referência para comparação com novos testes gráficos. As desvantagens da

arteriografia são necessidades de transporte do doente para fora da UTI, de

infusão de contraste potencialmente nefrotóxico e de punção arterial. A

arteriografia cerebral das carótidas e vertebrais é considerada o exame de

maior precisão entre os exames complementares na ME e demonstra ausência

de perfusão encefálica (FERNANDES,2009)

2.4.1.3 Doppler Transcraniano

O Doppler Transcraniano demonstra a total ausência de perfusão

encefálica, vem sido utilizado como rotina de diagnóstico por permitir uma

análise rápida, à beira do leito (os aparelhos são portáteis), sem necessidade

de uso de drogas ou de equipes de técnicos, além de ser um exame não

invasivo (podendo ser repetido a qualquer momento), confiável (especificidade

de 100%), simples e de baixo custo (o custo do aparelho é menor em relação

aos outros métodos). É bem conhe- cido o fato de que a hipertensão

intracraniana é a causa mais freqüente de morte encefálica em pacientes com

traumatismos cranioencefálicos ou outras patologias neurocirúrgicas

(SEDIRI,2007).

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2.4.1.4 Tomografia isotópica encefálica por emissão de fóton único

A tomografia isotópica encefálica por emissão de fóton único (SPECT) é

considerada não invasiva, segura, utilizando-se o tecnécio (Tc) 99 m HMPAO

ou o Ceretec (ECD) como radioisótopo de escolha, e nunca foi referida como

causa de erro no diagnóstico de morte cerebral, se efetuada por um bom

especialista7. Esta técnica continua a ser utilizada imediatamente após o

exame neurológico, geralmente seis horas após a perda dessas funções,

sendo usada também em crianças. O SPECT revela por análise comparativa

dos hemisférios cerebrais e cerebelo a perfusão da microvasculatura encefálica

e celular por meio da união do tecnécio com a glutationa, o que muda o pH

intracelular (MUNARI Et Al., 2005).

2.5 ARTERIOGRAFIA COMO EXAME COMPROBATÓRIO DEFINITIVO

A arteriografia é uma modalidade da hemodinâmica que se baseia na

aquisição de imagens ao longo do tempo em uma determinada artéria

contrastada. Isso só é possível pela injeção de um fármaco radiopaco, uma vez

que os vasos, juntamente com o sangue, têm densidades semelhantes a dos

tecidos adjacentes, essa pouca diferença de densidade provoca baixa distinção

entre a artéria e os demais tecidos, o contraste injetado aumenta a atenuação

de raios X do sangue, o que possibilita que o vaso seja destacado

(SCHELEMBERG,2007).

O conceito de angiografia cerebral por cateterismo foi introduzido pela

primeira vez em 1921, pelo médico português ganhador do prêmio Nobel

Antônio Egas Moniz, e é considerada a segunda modalidade mais antiga de

imagem para a análise in vivo do sistema nervoso central

(pneumoencefalografia é a mais antiga) (MUNARI, 2005).

Ao longo das últimas duas décadas, os métodos de imagem vascular

cerebral não-invasivas, como o ultrassom doppler (US doppler), a angiografia

por tomografia computadorizada (CTA) e angiografia por ressonância

magnética (ARM) tornaram-se cada vez mais disponíveis, usado e efetivo.

Devido à melhora da resolução espacial, tempo de aquisição e pós-

processamento recursos para a reconstrução em 3 dimensões destes exames,

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o papel da angiografia cerebral digital com subtração (ACDS), mais invasiva e

cara, tem diminuído (SCHELEMBERG,2007).

Apesar de ser considerado um procedimento relativamente seguro, a

angiografia cerebral envolve o cateterismo arterial carotídeo e vertebral e,

portanto, traz um pequeno risco de complicações neurológicas graves

(MUNARI, 2005).

O encéfalo é vascularizado através de dois sistemas: vértebro-basilar

(artérias vertebrais) e carotídeo (artérias carótidas internas). Na base do crânio

estas artérias formam um polígono anastomótico, o Polígono de Willis, de onde

saem as principais artérias para vascularização cerebral (BEAR,2008).

As artérias vertebrais se anastomosam originado a artéria basilar,

alojada na goteira basilar. Ela se divide em duas artérias cerebrais posteriores

que irrigam a parte posterior da face inferior de cada um dos hemisférios

cerebrais (BEAR,2008).

As artérias carótidas internas originam, em cada lado, uma artéria

cerebral média e uma artéria cerebral anterior. As artérias cerebrais anteriores

se comunicam através de um ramo entre elas que é a artéria comunicante

anterior. As artérias cerebrais posteriores se comunicam com as arteriais

carótidas internas através das artérias comunicantes posteriores (BEAR,2008).

Figura 1: Vascularização do encéfalo

Fonte: http://www.msdmanuals.com

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A familiaridade com a anatomia vascular comum é essencial.

Entendimento da anatomia aberrante ou variante comum é fundamental para

evitar erros de interpretação (FRANK, 2006).

No Brasil, a arteriografia e o eletroencefalografia (EEG) isoelétrico,

desempenham importante papel como exames complementares à avaliação

clínica prevista no protocolo atual de determinação da morte encefálica,

permitindo a confirmação ou não da morte encefálica (FRANK, 2006).

Figura 2: Arteriografia na ME

Fonte: http://redenacional1.blogspot.com.br

A figura acima mostra a esquerda arteriografia de um cérebro com fluxo

sanguíneo e a direita representa o encéfalo sem fluxo, constatando a ME. Com

a interrupção da perfusão cerebral torna-se impossível o reestabelecimento das

funções.

Diante o exposto, o exame apresenta precisão, fechando um diagnóstico

definitivo de morte encefálica.

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3. MÉTODOS

Conforme Salomon (2004), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se em

conhecimentos proporcionados pela Biblioteconomia e Documentação, entre

outras ciências e técnicas empregadas de forma metódica envolvendo a

identificação, localização e obtenção da informação, fichamento e redação do

trabalho científico. Esse processo solicita uma busca planejada de informações

bibliográficas para elaborar e documentar um trabalho de pesquisa científica.

A f o n t e d e s t e s d a d o s f o i c o n s t i t u í d a voluntariamente,

considerando publicações consagradas (livros-textos), materiais de curso de

sociedades (ABTO – Associação Brasileira de Transplantes, e AMIB –

Associação de Medicina Intensiva Brasileira), artigos de periódicos específicos

sobre o tema, Base de Dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe

em Ciências da Saúde): produzida pela BIREME-Centro Latino-Americano e do

Caribe de Informação em Ciências da Saúde. Aborda a literatura relativa às

Ciências da Saúde das áreas de Medicina, Psicologia, Enfermagem,

Odontologia, Veterinária entre outras, publicada nos países da Região, a partir

de 1982. Contém artigos de periódicos de diversas revistas conceituadas da

área da saúde, além de outros documentos, como: teses, livros, capítulos de

livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e

publicações governamentais.

Estes materiais foram apreciados por meio de leitura analítica e de

síntese, classificando-os de acordo com categorias temáticas. As categorias

temáticas resultantes para atingir o objetivo proposto foram: Morte Encefálica;

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Repercussões Fisiopatológicas da ME; Sinais Clínicos/Tecnológicos da ME;

Arteriografia Cerebral; Conselho Federal de Medicina.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O diagnóstico de ME precisa ser entendido e conhecido por todos os

profissionais de saúde. Para isso, é fundamental que seja discutido

obrigatoriamente em todo currículo médico.

O diagnóstico da morte encefálica é algo muito sério, importante para o

paciente, para os familiares e para a busca de doadores de órgãos, portanto

qualquer dúvida o diagnóstico deverá ser postergado pelo tempo necessário.

Ao mesmo tempo a demora no diagnóstico da morte encefálica não é o

esperado, pois cada minuto que passa sem o diagnóstico, é um órgão a menos

que pode ser transplantado e uma vida que poderia ser salva. Por isso, é

necessária a familiaridade com os conceitos da ME, sua identificação correta e

rigorosa, com a precisão da arteriografia cerebral para definição do quadro e

agilidade no procedimento para o transplante.

A participação ética de todos os médicos nessa árdua missão

possibilitará o aumento substancial de doações para o transplante de órgãos e

tecidos.

 

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