T RIBUN A L D E JUST I Ç APODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2014.0000456572
A C Ó RD Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1011661-43.2013.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado RITEMA COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA..
A C O RD A M , em 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CARLOS VILLEN (Presidente sem voto), ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ E TORRES DE CARVALHO.
São Paulo, 4 de agosto de 2014.
M A R C E L O SE M E RR E L A T O R
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APELAÇÃO Nº 1011661-43.2013.8.26.0053 SÃO PAULO VOTO Nº 1251 2/6
APELAÇÃO nº 1011661-43.2013.8.26.0053APELANTE: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO APELADO: RITEMA COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA.COMARCA: SÃO PAULOVOTO Nº 1251
AÇÃO ORDINÁRIA. ICMS. Juros moratórios. Inconstitucionalidade da Lei Estadual nº 13.918/2009, a teor do decidido pelo C. Órgão Especial em Arguição de Inconstitucionalidade. Aplicação da taxa SELIC. Lei Estadual nº 10.175/1998. Manutenção da sentença. Recurso desprovido.
Trata-se de recurso de apelação contra r. sentença de
fls. 165/170, que julgou procedente ação ordinária ajuizada pela
apelada, por entender que a taxa de juros a ser aplicada em auto de
infração por ela recebido deve se limitar aos índices da taxa SELIC.
Condenou a apelante, assim, a expurgar os valores indevidamente
recebidos em virtude do auto de infração, e ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios no importe de R$ 1.000,00 (mil
reais).
Foram opostos embargos de declaração pela apelada
(fls. 189/193), que foram rejeitados (fls. 196).
Irresignada, apelou a requerida (fls. 174/186)
alegando que (i) os Estados podem legislar sobre taxas de juros,
cabendo à União apenas a edição de normas gerais; (ii) a aplicação da
taxa de juros fixada no art. 96 da Lei 6.374/89, com as alterações da Lei
13.918/09 não viola o ordenamento jurídico, já que se embasam nos
parâmetros das taxas médias pré-fixadas das operações de crédito
divulgadas pelo BACEN; (iii) a mesma lei e as Resoluções SF de nºs
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02/10, 11/10 e 98/10 estipulam que as taxas de juros podem ser
alteradas pelo Secretário da Fazenda e que não podem ser inferiores à
Taxa SELIC; (iv) a agravada não demonstrou concretamente que a taxa
de juros supera a taxa SELIC; (v) o art. 161, §1º, do Código Tributário
Nacional autoriza a incidência de juros de 1% ao ano sobre créditos não
pagos integralmente no vencimento, se outra não for adotada pela lei da
entidade tributante; (vi) a adoção de critério sem base legal, pela
agravada, fere o princípio da isonomia, insculpido no art. 5º, caput, da
Constituição e o princípio da legalidade, previsto no inciso II do mesmo
diploma; (vii) o Tribunal de Justiça não poderia ter analisado, em sede
de incidente de inconstitucionalidade, a incompatibilidade da Lei
13.918/09 em relação à Constituição, consoante entendimento esposado
pelo Supremo Tribunal Federal.
Recurso tempestivo.
Não foram apresentadas contrarrazões (vide fls.
196).
É O R E L A T Ó RI O .
Trata-se de ação ordinária com pedido liminar
proposta pela empresa apelada contra a Fazenda do Estado, em virtude
da execução de multa proveniente do AIIM nº 3.145.108-1, que impôs à
autora o pagamento do débito proveniente de ICMS do período entre
2006 e 2009, com juros e correção monetária.
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O inconformismo da apelante cinge-se à aplicação
das taxas de juros ao débito, uma vez que, segundo afirma a autora, os
juros aplicados pela Fazenda superam em muito a taxa SELIC, cuja
alíquota é definida pela União, o que seria inconstitucional, do ponto de
vista das competências legislativas estabelecidas aos entes pelo art. 24
da Constituição.
O Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação-ICMS foi instituído
pela Lei Estadual nº 6.374/89.
A Lei Estadual nº 10.175/98, por sua vez, instituiu a
aplicação da taxa SELIC aos impostos estaduais, à razão de 1% ao mês,
consoante disposto no art. 1º, §1º, da referida Lei, abrangendo, pois, o
ICMS.
Mais tarde, a Lei Estadual nº 13.918/09, por sua vez,
alterou a lei do ICMS paulista, instituindo, em seu art. 96, a aplicação
de taxas de juros na alíquota de 0,13% ao mês (§1º), cujo valor nunca
poderá ser inferior à Taxa SELIC (§5º). Denota-se, assim, a mudança na
sistemática do cálculo dos juros, que deixaram de ser equiparados à taxa
SELIC.
O magistrado singular, em respeito ao quanto
decidido pelo C. Órgão Especial deste Tribunal de Justiça, na Arguição
de Inconstitucionalidade nº 0170909-61.2012.8.26.0000, j. 27/02/2013,
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Des. Rel. PAULO DIMAS MASCARETTI, deu procedência à ação
para afastar a aplicação da Lei nº 13.918/2009 e determinar que os juros
moratórios devem ser limitados aos índices da taxa SELIC.
E é o caso de manutenção do decidido. Isso porque o
Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que juros de mora
são matéria de direito financeiro e que, por isso, a competência para
legislar é concorrente (art. 24, I, CF). Dessa forma, os Estados devem se
submeter às normas gerais, cuja competência é da União.
No julgado, ficou assentado que a União estabeleceu
norma geral que dispõe sobre juros de mora (Lei Federal nº 9.250/95) e,
por tal razão, os Estados não estão autorizados a legislar sobre índices
que extrapolem os juros nela previstos. Assim, o C. Órgão Especial
decidiu pela “inconstitucionalidade da interpretação e aplicação que
vêm sendo dadas pelo Estado” aos artigos 85 e 96 da Lei nº 6.374/89,
com a redação dada pela Lei nº 13.918/09.
Por isso, foi dada parcial procedência à arguição,
para conferir interpretação conforme a Constituição, “de modo que a
taxa de juros aplicável ao montante do imposto ou a multa não exceda
aquela incidente na cobrança dos tributos federais”.
Na atualidade o índice previsto na Lei Estadual nº
13.918/09 é superior ao previsto na Lei Federal nº 9.250/95, que prevê a
taxa SELIC. Todavia, pelas razões já expostas, esta não pode ser
excedida.
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APELAÇÃO Nº 1011661-43.2013.8.26.0053 SÃO PAULO VOTO Nº 1251 6/6
Essa é a jurisprudência adotada por esta Colenda
Câmara:
AGRAVO DE INTRUMENTO . Ação anulatória de débito fiscal.
Parcelamento. Juros de mora. Lei 13.918/09. Cálculo que deve
observar o decidido pelo C . Órgão Especial na Arguição de
Inconstitucionalidade nº 0170909-61.2012.216.0000. Decisão
que deferiu tutela antecipada. Recurso não provido. (Relator(a):
Antonio Carlos Villen. Comarca: São Carlos. Órgão julgador:
10ª Câmara de Direito Público. Data do julgamento: 10/03/2014.
Data de registro: 12/03/2014. Outros números:
20242369420148260000)
Irreparável, portanto, a r. sentença atacada.
Convém anotar, ainda, que a competência do Órgão
Especial para apreciação da constitucionalidade do ato legislativo em
questão deriva diretamente do art. 97 da Constituição, que institui
reserva de plenário para tanto.
Pelo meu voto, nego provimento ao recurso.
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