Existe uma natureza humana?

Prof. Ítalo Colares

I – A Questão Antropológica

• O que é o ser humano?

• A prioridade da questão antropológica seencontra no sentido filosófico, de princípio,fundamento. Ou seja, ao examinar a fundoqualquer teoria ou atividade humana, podemosencontrar a ideia de humanidade que asustenta.

O Conceito de humanidade varia conforme a cultura.

Quando a cultura sofre crises, ao romper com antigascertezas, o questionamento obriga as pessoas a buscaremnovas representações de si mesmas.

A busca filosófica, resultante da incerteza, expressa-se bemnas máximas de Sócrates: “SÓ SEI QUE NADA SEI” e“CONHECE-TE A TI MESMO”, que, em última análise,representam o projeto da razão nascente de estabelecercritérios não-religiosos para o conhecimento.

2 – As Diversas Concepções de Ser Humano.

• Do mesmo modo como compreendemos o ser humanoconforme as mudanças ocorridas na história, também éimportante entendermos como, por sua vez, essasconcepções influenciam outros modos de agir.

• É preciso estarmos atentos à antropologia filosóficaque se encontra subjacente.

3 – A Tradição Ocidental

A questão sobre o que é o ser humano tem preocupadoos filósofos desde tempos remotos.

Essencialistas, admitem existir uma natureza humanauniversal, idêntica na sua essência em todos os tempos elugares.

Os principais representantes dessa corrente essencialistasão Platão e Aristóteles.

Para PLATÃO, a verdadeira realidade encontra-se nomundo das ideias, lugar da essência imutável de todas ascoisas.

Para ARISTÓTELES, todo ser tende a tornar atual a forma que tem em potência.

Os seres humanos, também eles têm formas em potência a serem atualizadas, ou seja, a sua natureza essencial se realiza aos poucos, em direção ao pleno desenvolvimento daquilo que eles devem ser.

• SANTO TOMÁS DE AQUINO diz: “O bem objetivo, únicocapaz de proporcionar à natureza humana a felicidadeperfeita, é Deus. A razão, secundada pela revelação,mostra o caminho que se deve seguir para alcança-lo.

• O ser humano é concebido como criatura divina.

4 – Os Críticos das Concepções Essencialistas

No século XIX, o pensador alemão Karl Marx rejeitouexplicitamente a concepção de natureza humana e universal.Para ele, somos seres práticos e nos definimos pelo queproduzimos por meio do trabalho coletivo, o que significanão haver, de um lado, a essência, e, de outro, a existênciahumana.

Portanto, são as condições econômicasque definem os modelos sociais emcircunstâncias determinadas.

• No século XIX, outros pensadores se posicionaram contra aconcepção essencialista tradicional. Kierkegaard, Stirner eNietzsche refletiram a respeito da concretude da vidahumana na realidade cotidiana.

• A FENOMENOLOGIA, corrente filosófica fundada porHursserl, também se encaminhou nessa direção,influenciando, no século XX, filósofos como Max Scheler,Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty,entre outros.

Para SARTRE, existencialista francês, só as coisas e osanimais são “em si”, isto é, teriam uma essência. O serhumano, dotado de consciência, é um “ser-para-si”, ou seja,é também consciência de si.

Não existe uma natureza humana encontrada de forma igualem todas as pessoas, pois “O SER HUMANO NÃO É MAIS QUEO QUE ELE FAZ”.