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Ponderações sobre a Ciência e seus reflexos sociais, econômicos, políticos e culturais COMPILAÇÃO DOS EDITORIAIS PRODUZIDOS POR ALUNOS DA DISCIPLINA CIÊNCIAS DA NATUREZA DO 1 O SEMESTRE DE 2005 Apresentação dos textos produzidos pelos alunos dos cursos de Ciências da Atividade Física (CAF), Gerontologia (GER), Lazer e Turismo (LT), Obstetrícia (OBS) e Tecnologia Têxtil e da Indumentária (TTI), integrantes das Turmas 13 e 23 Organizador Prof Paulo Rogério Miranda Correia São Paulo, 8 de junho de 2005

Revista CN2005

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Revista da disciplina ACH0011 Ciências da Natureza, que reúne textos escritos por alunos ingressantes da EACH/USP Leste em 2005.

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Ponderações sobre a Ciência

e seus reflexos sociais, econômicos, políticos e culturais

COMPILAÇÃO DOS EDITORIAIS PRODUZIDOS POR ALUNOS DA

DISCIPLINA CIÊNCIAS DA NATUREZA DO 1O SEMESTRE DE 2005

Apresentação dos textos produzidos

pelos alunos dos cursos de Ciências da

Atividade Física (CAF), Gerontologia

(GER), Lazer e Turismo (LT),

Obstetrícia (OBS) e Tecnologia Têxtil e

da Indumentária (TTI), integrantes das

Turmas 13 e 23

Organizador

Prof Paulo Rogério Miranda Correia

São Paulo, 8 de junho de 2005

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ciências da natureza

Apresentação

É com muito orgulho que eu apresento essa compilação de textos sobre as Ciências da

Natureza, produzidos pelos alunos do 1o ano de diversos cursos de graduação da Escola de Artes,

Ciências e Humanidades. Atividade integrante da disciplina ACH0011, solicitou-se aos estudantes

que elaborassem um texto no formato de um editorial jornalístico apresentando um olhar crítico

sobre algum tópico discutido na sala de aula.

Os autores deveriam refletir sobre a ciência e a tecnologia, buscando explicitar sua

repercussão social, política, econômica e cultural. Apesar da seleção do tema ser livre, ela

deveria se basear num dos módulos da disciplina: Cosmologia e Sistema Solar (módulo 1),

Sistema Terra (módulo 2), A estrutura da matéria (módulo 3), Origem e evolução da vida

(módulo 4), DNA e biotecnologia (módulo 5) e Recursos Naturais (módulo 6). O caráter dessa atividade foi voluntário, fazendo parte apenas do conceito a ser

atribuído pelo professor na avaliação final dos estudantes (até 0,5 ponto a mais na média final).

A participação dos alunos foi significativa e vinte e seis editoriais são apresentados a seguir. As

discussões sobre as Ciências da Natureza abordaram os mais variados aspectos, refletindo o

rico panorama da sala de aula composta por estudantes de cinco cursos de graduação

diferentes: Ciências da Atividade Física (CAF), Gerontologia (GER), Lazer e Turismo (LT),

Obstetrícia (OBS) e Tecnologia Têxtil e da Indumentária (TTI).

Além de reafirmar a importância das disciplinas gerais na formação universitária desses

alunos, a consolidação dos textos mostrou que compreender o funcionamento e o papel da

Ciência é sim um tema que desperta interesse nas pessoas, independente da formação

específica a ser obtida no nível superior. Deve-se, portanto, prezar pela manutenção desse

espaço de questionamento mais amplo, que transcende a mera formação para o mercado de

trabalho. É papel da universidade formar cidadãos críticos, reflexivos e emancipados, capazes

de intervir e mudar a realidade. Nesse sentido, a proposição de disciplinas gerais deve ser

entendida como uma grande oportunidade de expandir os horizontes culturais dos estudantes,

permitindo que eles consigam compreender os complexos fenômenos que ocorrem

cotidianamente.

Termino, agradecendo todos aqueles que se esforçaram em cumprir essa tarefa, em

meio a tantas atividades que são propostas no 1o de faculdade. Parabéns a vocês, que se

permitiram refletir um pouco mais sobre o que é e para que serve a Ciência. Agora, esse

material poderá ser compartilhado com todos aqueles que também se interessam pelo assunto.

Boa leitura, boas reflexões.

Paulo Rogério Miranda Correia

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Índice

1. Para que e os porquês de se estudar Ciências da Natureza por Alberto Tufaile ............................................................................................04

2. Como se faz Ciência? por Fernando Jesús Carbayo Baz ........................................................................06

3. DNA e a era da revolução biotecnológica? por Andréa Gesseff ............................................................................................ 07

4. DNA e biotecnologia juntas para um mundo melhor por Carina Farias dos Santos ..............................................................................08

5. A questão ambiental por Cristiane Leite Costa .................................................................................... 09

6. Os buracos negros e a ciência por Ellen Garcia ................................................................................................ 10

7. A manipulação dos pequeninos por Jaqueline Aparecida Pinto ........................................................................... 11

8. Odisséia da ciência por Juliana Mayumi Schweinle Pinto Coelho ....................................................... 12

9. Os mistérios do Universo por Lucilene Rodrigues da Silva ..........................................................................13

10. Recursos sobrenaturais por Marli de Faria ............................................................................................ 14

11. Crer na evolução ou na criação? por Milena De Loco ........................................................................................... 15

12. Engenharia genética: breve reflexão por Natalia Arone Chinelato ..............................................................................16

13. Nanotecnologia: uma revolução tecnológica por Nathalia Anceloti ........................................................................................17

14. A nuvem de Oort por Pedro Jaroszczuk ........................................................................................ 18

15. O incrível mundo grego por Talita Nogueira Costa ..................................................................................19

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16. Efeito estufa em crise por Thalita Sarmento Facca ...............................................................................20

17. Nanotecnologia nas escolas? por Wyldner Furtado Pina .................................................................................21

18. Humanitarismo superficial por Adriana Kurdejak .......................................................................................22

19. Novos paradigmas da ciência por Ana Paula Ribeiro de Brito ..........................................................................23

20. “Há mais espaço lá embaixo” por Fernando Iglesias Temblas Jr ........................................................................24

21. Infinito: a ignorância do ser humano por Igor Gasparini .............................................................................................25

22. Essa tal de nanotecnologia por Letícia Maria Nietto ....................................................................................26

23. Reflexões sobre nanotecnologia por Miriam Masako Kanashiro ..........................................................................27

24. A inacreditável biotecnologia e os avanços do DNA por Natália Duzzi de Freitas ............................................................................. 28

25. Medicina para poucos por Neusa Hetsuko Kaneko Ueno ....................................................................... 29

26. Países investem na nanotecnologia por Samira Pereira Magalotti ............................................................................ 30

27. Efeitos do tsunami por Simone Poppe Guglielmo ...............................................................................31

28. Nanotecnologia: reinventando limites por Thais Reis Figueiredo ...................................................................................32

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Para que e os porquês de se estudar Ciências da Natureza Alberto Tufaile

EACH, USP Leste, São Paulo - Ao ingressar em qualquer curso de graduação o aluno deve se preparar para ouvir a questão: Por que você faz este determinado curso? Normalmente, um curso de graduação desenvolve uma maturidade intelectual no aluno sem precedentes, principalmente nos dois primeiros anos, enquanto que nos anos seguintes temos uma consolidação do conhecimento acumulado nas suas mais diversas perspectivas. Finalmente surge um desejo muito forte de finalizar o curso. Mas isso não ocorre de forma idêntica com todas as pessoas, pois além do desenvolvimento intelectual, temos também um desenvolvimento emocional que nos acompanha durante toda a nossa vida.

Acredito que muitos dos alunos passarão por desafios durante a realização desse curso e a pergunta inicial será feita durante esses momentos de desafio. Como seria muito pretensioso de minha parte dar respostas completas e inquestionáveis do porquê e para que estudar Ciências da Natureza, eu pretendo dar o depoimento de algumas pessoas que já pensaram sobre essas questões.

Em seu livro o valor da ciência o físico-matemático Henry Poincaré, escreveu em 1905 algo muito interessante sobre a importância de se estudar Astronomia: “Os governos e os parlamentos devem achar que a Astronomia é uma das ciências que custam mais caro: o menor instrumento custa centenas de milhares de francos, o menor observatório custa milhões; cada eclipse acarreta depois de si despesas suplementares. E tudo isso para astros que ficam tão distantes, que são completamente estranhos às nossas lutas eleitorais, e provavelmente jamais desempenharão qualquer papel nelas. É impossível que nossos homens políticos não tenham conservado um resto de idealismo, um vago instinto daquilo que é grande; realmente, creio que eles foram caluniados; convém encorajá-los e lhes mostrar bem que esse instinto não os engana, e que não são logrados por esse idealismo”. “Bem poderíamos lhes falar da Marinha, cuja importância ninguém pode ignorar, e

que tem necessidade da Astronomia. Mas isso seria abordar a questão por seu lado menos importante”. “A Astronomia é útil porque ela nos eleva acima de nós mesmos; é útil porque é grande; é útil porque ela é bela; é isso que se precisa dizer. É ela que nos mostra o quanto o homem é pequeno no corpo e o quanto é grande no espírito, já que essa imensidão resplandecente onde seu corpo não passa de um ponto obscuro, sua inteligência pode abarcar inteira e dela fruir a silenciosa harmonia. Atingimos assim a consciência de nossa força, e isso é uma coisa pela qual jamais pagaríamos caro demais, porque essa consciência nos torna mais fortes”.

Nesses trechos, Poincaré destaca algumas características importantes de uma ciência da natureza em particular, a Astronomia. A primeira está relacionada com a aplicação tecnológica da Astronomia na navegação marítima, enquanto a segunda relaciona-se com a compreensão da natureza e o nosso lugar no universo. Além disso, ele chama a atenção sobre as despesas suplementares que surgem depois de cada eclipse, pois outra característica importante da ciência é a de prever a ocorrência dos fenômenos estudados. Assim, podemos justificar o estudo das ciências da natureza baseadas em três aspectos principais: aplicação, previsão e compreensão. Não podemos deixar de notar a paixão de Poincaré pela Astronomia quando ele diz que sua utilidade reside também na sua beleza, chamando a atenção para o efeito estético dos fenômenos naturais sobre as pessoas. Um fenômeno que pode dar um bom exemplo do poder da estética sobre nós é a aparição de um arco-íris. Dificilmente a visão de um arco-íris deixa uma pessoa indiferente com relação ao resto do mundo, fazendo muitos esquecerem de seus afazeres imediatos e colocando-os em um estado de contemplação.

Um argumento comum para justificar o trabalho científico é baseado na idéia de que isso ajuda o desenvolvimento da tecnologia. Isso tem um certo fundamento, mas não deve ser considerado como único argumento para justificar a

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ciências da natureza ciência. O cientista brasileiro Henry Nussenzveig é um físico reconhecido internacionalmente na comunidade científica, escreveu livros didáticos que são utilizados em várias instituições de ensino, discutindo num destes livros sobre a relação entre a ciência e a tecnologia. Além disso, ele possui um carisma que atrai desde calouros até cientistas experientes, e nas suas apresentações ele deixa os auditórios lotados. O professor Nussenzveig enfatiza em um de seus livros a diferença de papéis entre a ciência e a tecnologia. Este é um aspecto que as pessoas precisam ter em mente: “A ciência desempenha um papel muito importante no mundo contemporâneo. Não era assim há poucas gerações atrás: o desenvolvimento científico tem-se acelerado enormemente. Tornou-se lugar comum dizer que vivemos numa sociedade tecnológica e medir o progresso pelo grau de desenvolvimento tecnológico. A tecnologia depende crucialmente da ciência para renovar-se, e também contribui para ela, mas não devem ser confundidas”. Uma comparação com outras áreas pode ilustrar a diferença entre um cientista e um técnico. Nas artes encontramos o artista e o artesão. Enquanto que o artista concebe a obra, o artesão conhece os métodos para a construção da obra. Algumas vezes o artista e o artesão são a mesma pessoa, como no caso de um pintor, que concebe uma paisagem ou um retrato, mas também sabe misturar as tintas corretamente para representar corretamente sua concepção. Outras vezes o artista pode ser diferenciado do artesão, como no caso da construção de um monumento, onde temos entalhadores de

mármore, fundidores e outros artesões trabalhando em conjunto com o artista que concebeu a obra. Da mesma forma cientistas e técnicos podem ter até o mesmo conhecimento, mas a atuação de cada um tem orientações diferentes. As ciências da natureza procuram compreender e prever os fenômenos da natureza. A tecnologia aspira aplicar técnicas para se atingir um objetivo muito bem definido, resolvendo problemas importantes nas nossas vidas. Ironicamente muitas das descobertas científicas são feitas por engenheiros, médicos e pessoas que não são classificadas como cientistas, enquanto que novas áreas tecnológicas são criadas por cientistas trabalhando em problemas extremamente abstratos. As reflexões sobre as Ciências da Natureza e sua importância para a sociedade não param por aqui. O presente texto simplesmente levantou algumas questões que, certamente, já justificam seu estudo por todos aqueles que buscam uma formação ampla. Em tempos onde a tecnologia invade nossas vidas, entender o funcionamento da Ciência, bem como os meios pelos quais os aparatos tecnológicos são produzidos, é fundamental para o julgamento consciente e crítico das ações da Ciência e da tecnologia no século XXI. Prof. Dr. Alberto Tufaile é doutor em Física Experimental pela Universidade de São Paulo. Fez estágios de pós-doutorado na USP e no Instituto Niels Bohr na Dinamarca. Atualmente, realiza pesquisas experimentais com sistemas caóticos e não lineares. Atua como professor e pesquisador vinculado ao curso de Licenciatura em Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental. e-mail: [email protected]

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Como se faz Ciência? Fernando Jesús Carbayo Baz

EACH, USP Leste, São Paulo - Hoje em dia ninguém mais se espanta ao olhar para o céu, alertado pelo barulho, e observar que um avião está flutuando no ar, mesmo sendo tão pesado. Tampouco ninguém se surpreende ao receber uma mensagem na tela do monitor de um microcomputador, escrita poucos segundos antes por uma pessoa no outro lado do planeta; nem se estranha de que no pão velho surja bolor. Todos sabemos que para estes fenômenos há uma explicação física ou biológica compreensível. O desenvolvimento da pesquisa científica faz possível fazer voar um avião, enviar uma mensagem por correio eletrônico e entender como se desenvolve o mofo no pão.

A quem corresponde o mérito de inventar um avião, ou um computador? Em raras ocasiões, uma única pessoa é responsável pelo desenvolvimento de alguma descoberta científica ou artefato tecnológico. Na maioria das vezes, trata-se de equipes de profissionais que começaram a desenvolver um projeto partindo de estudos e trabalhos anteriores realizados por dezenas ou centenas de pessoas.

Fazer ciência é executar um trabalho de pesquisa seguindo rigorosamente um conjunto de regras metodológicas. É o método científico, que consta basicamente de quatro fases: (1) observação de um evento; (2) formulação de uma questão; (3) estabelecimento de uma hipótese; e (4) teste dessa hipótese mediante um experimento.

Vamos discutir o método científico a partir de um exemplo simples. Os pés de algodão (algodoeiro) plantados em certo solo, muito pobre em enxofre, não florescem (observação). Será que a falta do enxofre no solo poderia ser o fenômeno responsável por isso? (formulação da questão). Para verificar cientificamente se essa é a causa, é necessário desenvolvemos um experimento: uma parte do terreno permanece inalterada; em outra parte do terreno adicionamos enxofre. Tentamos prever o resultado, que imaginamos ser este: os algodoeiros plantados no terreno inalterado continuarão sem florescer; aqueles em terreno com

enxofre produzirão botões florais (estabelecimento da hipótese). Executamos o experimento e comprovamos que, realmente, os algodoeiros começam a florir (teste da hipótese). Um dos aspectos interessantes do método científico é que ele permite a outro pesquisador repetir o experimento e comprovar a veracidade do efeito do enxofre sobre o algodoeiro nas mesmas condições experimentais.

Antes do desenvolvimento da ciência, as explicações para os fenômenos naturais eram, às vezes muito imaginativas e até engraçadas. Além disso, chegava-se às conclusões sem seguir esse método, de modo que não era possível comprovar a relação causa-efeito.

Para responder certas questões é muito difícil elaborar um método científico. Por exemplo, elucidar um evento ocorrido no passado e sem testemunhas, como a origem da vida ou do universo, eventos acontecidos há bilhões de anos e o quais não presenciamos porque na época não existíamos. Nesses casos usam-se evidências indiretas, vestígios de pistas que ainda podem nos ajudar a elucidar muitos eventos que intrigam a humanidade.

Fazer ciência é saciar a curiosidade do homem, privilegiando a razão e utilizando o método científico como maneira de produzir e validar novas descobertas e conhecimentos. O produto final de tudo isso, considerando todos aqueles que se dedicaram a esse empreendimento desde a renascença, é uma das mais ousadas construções humanas, responsável pelo progresso científico e tecnológico de nosso tempo. Prof. Dr. Fernando Jesús Carbayo Baz é doutor em Biologia pela Universidade de Salamanca, Espanha. Fez estágio de pós-doutorado na PUC-RS e realiza pesquisas em sistemática e filogenia morfológica e molecular de invertebrados. Atua como professor e pesquisador vinculado ao curso de Licenciatura em Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental. e-mail: [email protected]

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DNA e a era da revolução biotecnológica Andrea Gesseff

EACH, USP Leste, São Paulo - Na década de 40, com o estudo de suas bases modernas, a biologia molecular teve um importante papel na busca da estrutura e função das moléculas biológicas, que hoje sabemos, são os ácidos desoxiribonucléicos e ribonucléicos, os famigerados DNA e RNA tão em voga hoje em dia.

Somente em 1944 é que foi demonstrado por Avery, McLeod e McCarty que o ácido desoxirribonucléico (DNA) continha a informação genética há muito trabalhada por Mendel sem que o mesmo tivesse algum conhecimento da existência daquele ácido. Mas, somente em 1952, a partir de experimentos com vírus bacteriófagos, bem como com E. coli, Hershey e Chase provaram que o DNA tinha o controle das atividades celulares.

Hoje, após 52 anos de descoberta do DNA por James D. Watson e Francis H. C. Crick, é que vemos o Boom da ciência para as novas descobertas e inovações no campo da biologia molecular.

Com essas descobertas, houve uma re-interação entre as diversas áreas do conhecimento como história, química, física, estatística, matemática computacional, biologia, como já havia sido no passado, antes da atual segmentação do conhecimento, gerando uma grande rede de troca de informações e experiências, colocando o Brasil em uma posição de destaque, principalmente nas pesquisas médica e agropecuária, esta última com o seqüenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa no final do século passado.

Assim, com o desenvolvimento de modernas técnicas laboratoriais e industriais, almeja–se a produção de fármacos contra patologias genéticas, de novos medicamentos contra alguns tipos de câncer e até mesmo na solução de casos de paternidade desconhecida etc.

Outra aplicação da biotecnologia pela industria é o uso de microorganismos geneticamente modificados que produzam substratos de interesse econômico, como certos hormônios, combustíveis, tratamento de águas residuárias, produção de alimentos etc.

Desta forma, podemos dizer que com os avanços da pesquisas biotecnológicas novas fronteiras do conhecimento serão abertas, e com elas surgirão inúmeras possibilidades de aplicação desde a cura para determinadas doenças, melhorias de processos industrias, até estudos geográficos cronológicos e etnológicos, indo além do que imaginava o padre Mendel com suas pesquisas no século XIX. Andrea Gesseff é aluna do 1o ano do curso de Bacharelado em Gerontologia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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DNA e biotecnologia juntas para um mundo melhor Carina Farias dos Santos

EACH, USP Leste, São Paulo - Atualmente é muito comum vermos essas duas palavras destacadas em todos os meios de comunicação, no telejornal, nas revistas, nos jornais. São assuntos presentes também na escola, pois os alunos têm que saber o que esta acontecendo no mundo para eles mesmos darem continuidade depois as pesquisas e decidirem o que será melhor para sua vida.

Quem nunca ouviu falar em alimentos transgênico ou clonagem, essas palavras foram manchetes dos principais jornais do mundo, em entrou em discussão em todos os países, todos se perguntaram se os transgênicos não fazem mal à saúde até onde um homem poderia fazer outro, e são dúvidas que muitos ainda tem. Tanto os transgênicos quanto a clonagem são resultados das pesquisas realizadas com as moléculas de DNA, que possibilitou a manipulação de cada molécula. Mas sabemos que nada disso seria possível se não fosse a biotecnologia para auxiliar os pesquisadores do ramo.

Sem a biotecnologia não seria possível fazer os transgênicos, as clonagens, as pesquisas com células tronco, e outras descobertas na área médica, que possibilitarão futuramente na cura da AIDS, e outras doenças.

Porém sabemos que não é tão simples assim divulgar certas descobertas e experiências, pois a sociedade ainda reage com preconceito, muitas vezes porque possuem uma religião, muitos dizem que não mas sabemos que a religião interfere de modo significativo nos conceitos de um indivíduo, o que pode levar muitas pessoas serem totalmente contra pesquisas que envolvam células tronco, ou algo menos polêmico como os transgênicos, uma vez que se mexe com vegetais e não humanos.

Mas sabemos também que as pesquisas podem nos trazer muitos benefícios, quando for descoberta a cura da AIDS, boa parte dos africanos serão salvos dessa epidemia, e muitas verão que sua esperança não foi em vão, que não precisarão mais tomar tantos medicamentos diariamente. E se for descoberto um tratamento que acabe de uma vez por todas com os tumores, e que acabe com o sofrimento de quem tem que fazer quimioterapia.

Claro que se não for usado para benefício da humanidade, é melhor que nem se comece as pesquisas nesse aspecto, mas se for usado para trazer a cura dos doentes e para melhorar a qualidade de vida, a biotecnologia e as descobertas do DNA, serão muito bem empregadas.

Ainda serão necessárias muitas pesquisas para a cura de várias doenças, mas se todos se dedicassem um pouco a ciência, teríamos muitos benefícios para humanidade.

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A questão ambiental Cristiane Leite Costa

EACH, USP Leste, São Paulo - Os recursos naturais são classificados em renováveis e não renováveis. Porém, vamos analisar essa situação desde os antigos.

No início da existência o homem valia-se da colheita de plantas e frutos, da caça e da pesca de certos animais. Com o passar do tempo à população foi aumentando e a produção de alimentos também começou a crescer.

Devido ao avanço tecnológico os meios de produção foram s tornando mais complexos. Surgiram as indústrias. Mas a natureza continuou a ser a grande fornecedora de matérias-primas e produtos necessários à sobrevivência humana.

A utilização racional deles bem como sua conservação são fatores de extrema importância. Só que nem todas as pessoas pensam assim. Há uma série de cuidados que devem se tomados em relação ao solo à fauna e a flora.

A poluição de uma forma geral é um dos problemas mais graves enfrentado principalmente nos grandes centros urbanos. Um outro problema é a exploração descontrolada dos recursos não-renováveis.

À medida que são desenvolvidas novas técnicas que ampliem o conhecimento para utilização dos recursos naturais, os homens usam dessas novas técnicas para explorar ainda mais esses recursos. Porém, os recursos naturais não são os mesmos e não estão distribuídos homogeneamente por todo planeta, eles se organizam de forma bastante particular.

A intensidade da exploração desses recursos teve grande impulso após a Revolução Industrial. Desde então, formaram-se as sociedades altamente consumidoras, que fizeram a demanda por matérias-primas crescer, colocando em risco até alguns recursos considerados renováveis, como a água.

Nos dias atuais a questão ambiental tem tomado lugar de destaque junto a ONGs, Governos e Universidades.

Uma forma de controle dos impactos ambientais são as unidades de conservação, com uso e ocupação restritos e controlados.

Preservar e conservar são assuntos para reflexão. Encontrar soluções que permitam equacionar desenvolvimento e meio ambiente não é uma tarefa fácil. A questão é complexa que vai desde desenvolvimento de tecnologias e a aplicação das mesmas para recuperação de recursos degradados.

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Os buracos negros e a ciência Ellen Garcia

EACH, USP Leste, São Paulo - Os buracos negros estão a um passo de virar realidade. Os usos de instrumentos cada vez mais precisos e estudos mais aprofundados podem fazer com que os buracos negros tenham sua existência comprovada.

O telescópio norte americano Chandra (Nasa), em órbita, começou a procurar por emissões de raios X referentes aos buracos negros. Essa radiação é como se fosse a assinatura do buraco negro e indica que parte da energia ao redor desses corpos foi absorvida e “desapareceu” —algo que só pode ocorrer com buracos negros. Em terra o observatório Cangaroo 2, na Austrália, promete detectar outra radiação dos buracos negros, os raios gama.

Outra forma de encontrar esses corpos é através de ondas gravitacionais, previstos pela teoria da relatividade geral de Einstein (1915). O aparelho para detectar estas ondas está no EUA, e se chama Ligo. As ondas gravitacionais podem ser liberadas em colisões entre dois buracos negros.

As possibilidades de novas detecções de buracos negros fizeram com que o assunto voltasse a ser tema principal nas comunidades cientificas. Em fevereiro de 2000 o tema foi debatido no encontro anual da AAAS (Sociedade Americana para o Avanço da Ciência).

“Os buracos negros têm muitas

propriedades interessantes que indicam que eles podem trazer novas idéias para a possível unificação da teoria da relatividade e da mecânica quântica”, disse Roeland van der Marel, do Instituto de Ciência do Telescópio espacial, dos EUA. Marel estuda buracos negros através do telescópio Hubble, e participou do encontro.

Os buracos negros apareceram pela primeira vez nas equações de Einstein, e apesar de serem considerados “absurdos teóricos”, atualmente já são corpos bem conhecidos, pelo menos no papel, dos astrônomos e astrofísicos.

Mas mesmo assim, ninguém é capaz de afirmar que buracos negros, corpos pequenos e maciços, existam. O primeiro buraco negro no Universo foi descoberto em 1964, e ganhou esse nome três anos mais tarde, pelo físico John Wheeler. Depois disso, diversos outros prováveis buracos negros foram detectados no Universo.

Mais tarde, astrofísicos começaram a especular sobre buracos negros “normais” existentes, sendo estes supermaciços, com massas de ordem de milhões de massas solares. A Via Láctea, provavelmente, contém um desses corpos, com massa de 2 milhões a 3 milhões de sóis. Mas é difícil prever o que a astronomia pode vir a descobrir, provavelmente, em alguns anos saberemos mais sobre buracos negros. É esperar pra ver. Ellen Garcia é aluna do 1o ano do curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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A manipulação dos pequeninos Jaqueline Aparecida Pinto

EACH, USP Leste, São Paulo - Como se pensava antigamente os átomos eram partículas indivisíveis, porém hoje sabemos que esta teoria está meio “furada” e também, que já temos comprovações que existem partículas menores, e que estas podem ser manipuladas e conforme a evolução estão presentes no nosso dia-a-dia, conseqüentemente são provenientes de descobertas fantásticas, que estão transformando o mundo atual. Estamos nos referindo da nanotecnologia, a qual vem sendo englobada na vida cotidiana das pessoas cada vez mais, pois esta conta com uma tecnologia de ponta, e promete revolucionar a indústria e a economia. Hoje em dia, muitas pessoas ainda pensam que a nanotecnologia é uma ciência voltada para o futuro, porém esta já está nos envolvendo, tendo como exemplos à utilização de microprocessadores dos computadores como também os lasers, como formas simples da utilização da nanotecnologia em nosso país. Podemos inferir que esta trará informações necessárias para processos evolutivos importantíssimos em todas as áreas, pois como podemos manipular pequenas partículas, poderemos assim usufruir desses benefícios para desde uma promoção da qualidade de vida até uma simples manipulação para alterar a tecnologia.

Com o surgimento da nanotecnologia, o interessante é que os cientistas não pretendem miniatuarizar as coisas já inventadas, porém desenvolver novos mecanismos, alguns dos quais já foram criados pela natureza e podem ser compreendidos e copiados, Essa manipulação dos pequenos corpos já é uma evidência clara nas nossas vidas, porém o que precisamos é investir nesta tecnologia para podermos crescer como uma nação desenvolvida, pois sem tecnologia de ponta os países não conseguem seus lugares nos mercados mundiais. Tendo em vista um futuro melhor para o povo brasileiro poderíamos investir fortemente nas coisas que atualmente fazem a diferença no mercado mundial, pois assim quem sabe um dia seremos olhados como um país de primeiro mundo. Jaqueline Aparecida Pinto aluna do 1º ano de Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral de Ciências da Natureza na turma 13. e-mail:[email protected]

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Odisséia da ciência Juliana Mayumi Schweinle Pinto Coelho

EACH, USP Leste, São Paulo - Volta e meia Hollywood lança um novo filme mirabolante sobre um meteoro assassino que resolve se chocar contra a terra e acabar com a humanidade. Não é coincidência que o corpo celeste sempre colidirá com o solo americano – os norte-americanos têm uma mania de perseguição que não se restringe ao globo terrestre. Mas não é esse o ponto. Lá se vão mais de cem anos de cinema e conceitos básicos de ciência são violados constantemente nas superproduções, especialmente os que se referem ao que acontece no espaço sideral, ou seja, no vácuo além de nossa pequenina atmosfera.

Os raios laser emitem um som muito característico, e a luz (o laser é um feixe de luz muito peculiar) não emite som, seja aqui na Terra ou no espaço. Sem mencionar aquelas explosões envolventes das grandes batalhas siderais: uma série de pows, booms, e outras onomatopéias impossíveis. Em tempo – a luz pode “carregar” o som através da fibra ótica, mas isso é assunto para outra pauta.

Justiça seja feita: Stanley Kubrick respeitou o silêncio eterno do vácuo, em seu filme “2001 – Uma odisséia no espaço” (1968).

Não é necessário porém proibir as crianças de irem ao cinema, pelo contrário. Basta trazer para a sala de aula os filmes, mostrando a verdade através de algo que lhes interesse realmente – afinal, quem nunca brincou de Guerra nas Estrelas? Talvez esta seja a deixa perfeita para trazer o aluno para os braços da ciência. Mostrar-lhes o interesse que o homem sempre teve pelo céu e pelo que lá havia, todas as teorias de abóbada celeste e de deuses e de como os astros influenciavam a vida de babilônios, egípcios, gregos.

A observação dos astros levou a uma revolução agrícola (através da compreensão do ciclo das estações do ano e das cheias dos rios), e tal revolução mudou completamente a vida do homem. A astronomia, ainda fundida com a astrologia, foi talvez o primeiro esboço de ciência da humanidade. É necessário eliminar o medo generalizado, mostrar às pessoas que a astronomia não se resume a meteoros que perseguem a Terra, nem que ela fica restrita a um observatório onde vive um pobre cientista maluco. Há quem não creia que o homem chegou à lua, outras tantas não imaginam como funciona o sistema solar, muito menos concebem a existência de outras galáxias. Isso não é raro. Mas também não é impossível fazê-las se interessarem no assunto. Juliana Mayumi Schweinel Pinto Coelho é aluna do 1o ano do Curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Os mistérios do Universo Lucilene Rodrigues da Silva

EACH, USP Leste, São Paulo – Para a explicação do princípio do Universo, o homem vem propondo diversas teorias desde o começo dos tempos. Explicar, ou mesmo entender o seu início é algo muito complicado. O modelo aceito atualmente para a origem do Universo é o Big Bang (grande explosão). Mas como pode-se saber se este modelo está certo? Que provas existem?

Em 1929, o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu que o Universo se encontra em expansão, ele observou que as galáxias estão se afastando de nós. Essa foi a principal descoberta para a formulação da teoria do Big Bang. Se as galáxias estão se afastando, em algum momento estavam concentradas em um volume muito pequeno, dando assim o seu início. As galáxias se afastam em velocidades proporcionais às suas distâncias.

Para essa interpretação, são geradas muitas confusões. Para onde o universo está se expandindo? Se o Universo está em expansão, então ele tem uma borda e um centro?

O Universo não está contido no espaço, ele contém o espaço. A expansão do universo significa que as galáxias estão sendo carregadas pela expansão da geometria do espaço. Mas se o universo está em expansão, significa que ele é infinito, portanto não há bordas nem centro.

Essa confusão acontece porque imaginamos o universo em duas dimensões em um espaço com três.

Com a teoria da relatividade geral, proposta por Einstein, foi possível obter um melhor entendimento para o surgimento do universo. Einstein imaginou o universo o mais simples e simétrico possível, estático e com a geometria de uma esfera, sem nenhum ponto mais importante que o outro. A presença de corpos deforma a geometria do espaço, fazendo com que a trajetória de corpos vizinhos sejam aceleradas. A força da gravidade pode ser interpretada como o resultado da curvatura do espaço. Isso tudo é muito difícil de se imaginar principalmente porque somos muito pequenos, “um nada”, diante do universo. É difícil percebemos que o universo é tão imenso, se o que vemos é tão pouco. O universo possui grandes mistérios e para a ciência é importante que eles sejam desvendados. Nem todas as teorias propostas durante ao longo destes anos, foram corretas e nem todas serão comprovadas. Em ciência a imperfeição é uma necessidade, mesmo que o objetivo seja atingir a perfeição. Talvez o aspecto mais complicado e excitante de um modelo, não é o que ele pode explicar, e sim o que não pode. Lucilene Rodrigues da Silva é aluna do 1o ano do curso Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Recursos sobrenaturais Marli de Faria

EACH, USP Leste, São Paulo - Efeito estufa; buraco na camada de ozônio; crescimento descontrolado e exagerado da população; escassez de água; aquecimento global; perda da biodiversidade; desmatamento; desertificação; pesca predatória; poluição das águas e do ar; chuva ácida e lixo urbano, maiores preocupações da população contemporânea. Será? Temos hoje o protocolo de Kioto, assinado por 84 nações em 1997, que se comprometeram a reduzir a emissão de gases do efeito estufa, mas infelizmente o maior emissor não concordou com o acordo. Há mais interesses econômicos do que ambiental. Ainda não conhecemos essas preocupações plenamente, só vemos a ponta do iceberg. A população cresceu, mas ainda podemos construir mais um quartinho; o calor aumentou, mas ainda podemos nos bronzear antes das dez e depois das dezesseis horas; o sundown fator sessenta ainda suporta o buraco da camada de ozônio; a água vai acabar? Existe o Aqüífero Guarani; biodiversidades, ainda existem muitas espécies de animais e cada vez descobrem mais, é só ir ao Pantanal. A partir do momento que: não tivermos mais lugar para construir quartinhos e as pessoas forem se aglomerando; o bronzeamento se tornar uma queimadura; o sundown não proteger contra o câncer de pele; e o fracionamento rígido da água realmente acontecer, haverá grandes crises mundiais.

Países subdesenvolvidos em termos econômicos, mas, desenvolvidos em recursos naturais, como é o caso do Brasil, que é campeão em biodiversidade e um dos países com maior disponibilidade de água doce do mundo, sofrerá muito com a pressão dos países ricos, que farão de tudo para ter direito a esses recursos. Hoje brigamos por petróleo e amanhã por água. E o grande celeiro dessa guerra será o Brasil.

O fim dos recursos naturais é um problema longínquo, então por que se preocupar agora? Porque, se não resolvermos esse problema agora, eles se agravarão cada vez mais e não haverá condições para contê-los. Assim teremos que criar recursos sobrenaturais para conter as grandes potências econômicas. Por isso que é tão importante as grandes universidades do país investirem em pesquisa de ponta para que a qualidade de vida do nosso meio ambiente melhore consideravelmente em todo o mundo, conscientizando a população sobre a necessidade de preservar, reciclar, reduzir e economizar. Assim protegeremos o nosso país e as futuras populações nacionais e internacionais. Marli de Faria é aluna do 1o ano do curso de Lazer e Turismo e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Crer na evolução ou na criação? Milena De Lócco

EACH, USP Leste, São Paulo - A crença na evolução não é nova; não se originou com Charles Darwin. Mas, depois da publicação de seu livro A Origem das Espécies em 1859, os apoiadores desta idéia aumentaram muito em número. Nos países onde se dá muita ênfase à “ciência”, o ensino da evolução ocupa um lugar de destaque nos compêndios escolares. Ele é introduzido já nos primeiros anos e repetido e ampliado ano após ano.

A idéia básica da evolução é que toda a vida vegetal, animal e humana nesta terra se originou de formas de vida unicelulares, que se desenvolveram no mar há centenas de milhões de anos atrás. Os evolucionistas afirmam que os antepassados do homem incluíam tanto animais simiescos como peixes. Mas nem todos crêem nisso. Nem todos os educadores crêem na evolução, nem o fazem todos os cientistas. Há muitas pessoas que crêem que um Deus, o Todo Poderoso, criou a terra e que ele fez a vegetação, os animais e o homem. Crêem na criação.

Obviamente, há profundas diferenças entre a teoria da evolução e o relato de Gênesis. Os que aceitam a evolução argúem que a criação não é cientifica, portanto, não é digna de credibilidade. Acreditam que admitir a vida como produto da ação de uma inteligência superior, coloca a humanidade à mercê dos propósitos de entidades religiosas. Em tal circunstância não caberia ao homem pensar em responsabilidade pessoal e social, e tampouco na necessidade de cuidar do meio ambiente, o que seria um risco para a humanidade.

Por outro lado, os fiéis seguidores da Bíblia aceitam o simples fato de que a existência de um Deus Onipotente pode explicar o surgimento da vida. Esse grupo considera que condicionar o aparecimento da vida na Terra, e conseqüentemente do ser humano, aos acasos, é reduzir a importância do homem. O valor expresso na criação, com o homem criado à imagem e semelhança de Deus, dá outra dimensão à existência e a impregna de deveres e responsabilidades que contribuem para o aprimoramento moral e espiritual do indivíduo. O importante é ressalvar que a pergunta levada em conta neste editorial é mais do que uma questão diletante ou de mera curiosidade. A resposta que a pessoa der refletirá profundamente a sua atitude para com o seu próximo, os seus valores de moral e o seu conceito quanto ao passado, o presente e o futuro. Afinal, não é simples decidir se aceitaremos a evolução da inteligência humana como o produto de distúrbios aleatórios dos neurônios de possíveis ancestrais ou como criação única de um Ser Supremo e desconhecido. Milena De Lócco é aluna do 1o ano do curso de Lazer e Turismo e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Engenharia genética: breve reflexão Natália Arone Chinelato

EACH, USP Leste, São Paulo - A engenharia genética vem revolucionando a história da ciência. Com suas técnicas cada vez mais desenvolvidas, eles manipulam, duplicam e transferem partes de DNA, tendo seus maiores propósitos na agricultura, na medicina e na indústria.

Com o avanço dessa nova tecnologia, muitos organismos transgênicos, que são aqueles que apresentam uma parte de DNA de outro organismo dentre os seus genes, estão sendo produzidos com o intuito de se obter uma produtividade maior na agricultura e até mesmo na medicina e nas indústrias. O único problema desse avanço é que muitas vezes ele acaba caindo em mãos de pessoas de má índole que o utilizam de forma inadequada e prejudicial à sociedade.

Outro campo bem desenvolvido da engenharia genética é o da clonagem, mas afinal, o que é um clone? Clone é uma cópia idêntica de outro indivíduo, que foi produzido assexuadamente, ou seja, envolve apenas um pai, não apresentando estruturas reprodutivas especiais, e que possui o mesmo patrimônio genético do ancestral. Essa clonagem pode ser natural, quando a manipulação dos genes é feita sem interferência humana, como é o caso da bipartição das bactérias ou até mesmo dos gêmeos idênticos na espécie humana ou artificial, quando tem como origem a manipulação dos genes.

Os primeiros experimentos registrados da clonagem foram realizados em 1975, na tentativa sem sucesso de se clonar uma rã, porém em 1996 a clonagem da ovelha Bellinda, que deu origem a ovelha Dolly foi o auge da atuação da engenharia genética, já que além de ser o primeiro resultado positivo da clonagem, foram necessárias 276 tentativas até que a Dolly nascesse. Dolly morreu em 2003 depois de uma injeção letal tendo seu sofrimento abreviado, já que apresentava envelhecimento precoce apontado como umas das diversas conseqüências desconhecidas da clonagem.

A clonagem de animais pode ser extremamente valiosa para o homem, e dentre elas, destaca-se a produção de

medicamentos, o transplante de órgãos, a multiplicação de rebanhos e de animais em extinção.

Paralelamente aos avanços da clonagem, foi lançado em 1990 o Projeto Genoma Humano, com conclusão prevista para 2005. Esse ambicioso projeto visa mapear e identificar os 100.000 genes existentes em cada célula humana. Diante dos resultados obtidos através desses estudos, pode-se concluir que a engenharia genética tem todas as condições para contribuir de forma benéfica ao desenvolvimento humano, desde que não seja utilizada por pessoas e instituições com interesses financeiros ou escusos. Natália Arone Chinelato é aluna do 1o ano do Curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Nanotecnologia: uma revolução tecnológica Nathalia Anceloti

EACH, USP Leste, São Paulo - A idéia de utilizar estruturas atômicas construídas átomo a átomo foi proposta por Richard Feynman em um discurso datado de 1.959. Anos mais tarde Eric Drexler retomou a visão de Feynman em um ensaio que se teorizava a construção de um assemblador molecular.

A Nanotecnologia visa a compreensão e o controle da matéria na escala nanométrica ou, de forma mais abrangente, desde a escala do átomo até cerca de 100 nanômetros, que coincidentemente é a escala típica de um vírus.

A capacidade de manipular átomos abre novas perspectivas, permitindo a construção de nanomáquinas capazes de interagir com células humanas ou mesmo com componentes das células como o DNA. Além da medicina, diversas outras áreas como: ecologia, alimentação e bens de consumo em geral; sofreram impactos com a nanotecnologia.

No Brasil a nanotecnologia ainda está começando, mas já há resultados importantes, como a “língua eletrônica”, que foi desenvolvida por pesquisadores da Embrapa liderados pelo Dr. L. H. Mattoso e é um produto nanotecnológico, pois depende para seu funcionamento da capacidade dos cientistas de sintetizar (criar) novos materiais e de organizá-los, camada molecular por camada molecular, em um sensor que reage eletricamente a diferentes produtos químicos.

Porém tamanha revolução não poderia passar ilesa. Existem muitos medos com relação ao domínio da nanotecnologia. De acordo com alguns especialistas da área pode ser mais perigoso do que a clonagem humana, pois coloca em risco a própria existência humana.

Dentre as conseqüências causadas pela nanotecnologia há uma grande preocupação com sua capacidade armamentista. Atualmente vários países como Estados Unidos e Japão, já estão aplicando milhões de dólares em investimentos bélicos e alguns protótipos já estão funcionando.

Além disso, também pode haver conseqüências sociais tendo em vista que com a aplicação da nanotecnologia na medicina a expectativa de vida irá aumentar (como já está previsto que até o final deste século as pessoas cheguem até os 120 anos), caso os governos não se previnam o sistema social não conseguirá suportar o fato de pessoas viverem mais, acarretando a falência do sistema previdenciário.

Mais uma vez o ser humano se vê obrigado a assimilar uma nova tecnologia, capaz de revolucionar a medicina, a indústria de bens de consumo e de construção, mas também promete municiar infindáveis debates sobre o futuro da humanidade.

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A nuvem de Oort Pedro Jaroszczuk

Nos limites do Sistema Solar, existe uma enorme aglomeração de cometas, influenciada tanto pelo Sol como por outras estrelas. O dinamismo dessa nuvem de cometas poderá explicar questões como a extinção em massa da Terra.

É muito comum achar que o nosso Sistema Solar acaba na órbita do mais distante planeta, Plutão. Mas isso não acontece, pois a influência gravitacional do Sol, estende-se 3 mil vezes mais longe, no meio do caminho das estrelas mais próximas. Esse espaço não está vazio, ele é preenchido por um enorme reservatório de cometas, material residual da formação do Sistema Solar. Esse reservatório é conhecido por nuvem de Oort.

Esta nuvem de Oort é considerada a Sibéria do Sistema Solar, fria, respondendo pouquíssimo sob a autoridade central.

O Sol, embora ainda seja a estrela mais brilhante nesta região é apenas tão brilhante quanto Vênus no céu da Terra.

Na verdade, nós nunca a vimos como também até hoje nunca ninguém viu um elétron. Simplesmente inferimos a existência da nuvem de Oort, assim como a do elétron, por causa dos efeitos físicos que podemos observar.

No primeiro caso, esses efeitos estão relacionados à constante e lenta passagem dos cometas de longo período pelo nosso sistema planetário. E dessa forma a nuvem de Oort responde às perguntas feitas desde a antiguidade: O que são os cometas?De onde vêm?

Aristóteles previu ainda no século IV A.C., que os cometas eram nuvens de gases luminosos no alto da atmosfera terrestre.Já Sêneca sugeriu no século I D.C. que eram corpos celestes, que viajavam ao longo de sua própria trajetória através do firmamento.Em 1577 Tycho Brahe, astrônomo dinamarquês, confirmou a hipótese observando um cometa em várias localizações na Europa.

Em 1705, o astrônomo inglês, Edmond Halley compilou um catálogo com 24 cometas, argumentou que as órbitas deveriam ser longas elipses ao redor do Sol. De certo modo, a descrição de Halley sobre os cometas circulando em órbitas que se estendiam entre as estrelas, antecipou a descoberta da nuvem de Oort dois séculos e meio depois.

Em 1950, o astrônomo holandês, Jan Oort ficou interessado na questão. Ele reconheceu uma imensa nuvem esférica circundando o sistema planetário e estendendo-se parcialmente até as estrelas mais próximas.

A nuvem de Oort continua a fascinar os astrônomos, graças à mecânica celeste, a natureza reservou uma amostra do material da formação do Sistema Solar nesse distante reservatório. Pedro Jaroszczuk é aluno do 1o ano do curso de gerontologia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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O incrível mundo grego Talita Nogueira Costa

EACH, USP Leste, São Paulo - Os primórdios de nossa história científica é fortemente marcada pelo mundo grego. A noção grega de método científico com base para se fazer ciência era inexistente nessa época, tendo como parâmetro o modelo atual.No qual o desenvolvimento da pesquisa científica para que seja comprovada sua veracidade, devem seguir de forma rígida as normas do método científico.

A ciência pode se interpretada dentro de moldes estabelecidos matematicamente, e resultados obtidos em experiências realizadas em laboratórios. Porém, a forma como o homem sempre procurou entender racionalmente o comportamento dos fenômenos naturais, pode ser considerada como Ciência sendo observada a partir de conhecimentos muito remotos da antiguidade.

Desta forma, é inquestionável a contribuição da filosofia e do olhar atento dos gregos para desvendarem repostas aos dilemas da vida e os mistérios da natureza. Com seu espírito crítico e especulativo, buscaram explicações racionais dos processos e transformações da natureza e do próprio homem, distanciando-se das justificativas mágicas e religiosas de outros povos.

A mentalidade curiosa produziu teorias, linhas de pensamento, quebrando crenças e dogmas, desenvolvendo a filosofia (amor à sabedoria).Na Grécia se destacaram especialmente Sócrates, Platão e Aristóteles, que descendem da mesma escola filosófica –A Socrática.Por meio da razão e não do mito,esses pensadores criaram diversas teorias.

Sócrates (469-399 ac.) pregava a reflexão e a virtude como essenciais à vida.Criou a Maiêutica, método de perguntas e respostas para alcançar a sabedoria. Platão (429-347 ac.) acreditava numa realidade autônoma por trás do “mundo dos sentidos”.A partir dessa realidade criou a teoria do mundo das idéias. Por fim, Aristóteles (384-322 ac.) Pai da lógica defendia a existência do real independentemente das idéias (ao contrário de Platão) querendo pôr ordem nos

conceitos dos homens, afirmava que esses eram animais políticos.

Cabe ressaltar a cultura helenística pela sua fusão do grego com o oriental, que também trouxe grandes contribuições. Nas ciências, mesclaram – se todo aquele espírito especulativo dos gregos com a praticidade oriental. Somando – se assim nomes importantíssimos como Euclides, na geometria; Arquimedes na física (lei da alavanca hidrostática); Aristarco (heliocentrismo) e Ptolomeu (geocentrismo) na astronomia. Foi notável o progresso cultural dos gregos. Suas realizações chegaram aos nossos dias, servindo de base para estudos diversos da ciência, fundamentando conceitos e até mesmo reformulando as antigas teorias, estimulando cada vez mais novos cientistas e pesquisadores, que se tornam adeptos dessas linhagens de pensamento filosófico. Talita Nogueira Costa é aluna do 1o ano do curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Efeito estufa em crise Thalita Sarmento Facca

EACH, USP Leste, São Paulo - O efeito estufa é responsável pela temperatura média da superfície do planeta, e das condições para a existência de vida. Os riscos relacionados com o efeito estufa esta na sua intensificação, quanto maior for a concentração de gases deste, maior será o aprisionamento do calor, e conseqüentemente mais alta a temperatura média da Terra. Estamos adicionando cada vez mais gases de efeito estufa que não estão presentes naturalmente na atmosfera, como os clorofluorcarbonos (CFCs) e continuamos a destruir os agentes reguladores, cortando milhares e milhares de árvores por dia, deixando-as incapazes de substituir o dióxido de carbono pelo oxigênio. Os principais efeitos previstos para o aquecimento global da Terra são desequilíbrio na fauna e flora, grandes variações na temperatura e no ritmo de chuvas, aumento no nível do mar e a seca. Nesta quinta-feira (26/05/2005), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), alertou que o aquecimento global deve diminuir significativamente a oferta de alimentos em muitos países e aumentar o número de famintos no mundo.

A única solução para se evitar tais acontecimentos seria estabilizar o efeito estufa, e como primeira ação, para minimizar estes resultados catastróficos, seria necessário reduzir em 60% a emissão global de CO2.

Para resolver este problema em 1997, foi estabelecido o Protocolo de Kyoto, no Japão, que teve assinatura de 84 países. Cerca de 30 já o transformaram em lei, controlando os gases de efeito estufa. O pacto entrará em vigor depois que o protocolo for adotado em pelo menos mais 25 países. O documento prevê que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990.

Se o ritmo atual continuar, a concentração de CO2 duplicará até o final do século. O resultado será um aumento médio da temperatura da Terra em cerca de 1°C e elevação no nível dos mares em quase um metro. Nos últimos 50 anos, os Alpes na Europa perderam 50% de sua cobertura de gelo. O mundo sofreu 600 inundações nos últimos dois anos e meio, que mataram cerca de 19 mil pessoas e provocaram prejuízos de 25 bilhões de dólares isso sem contar o tsunami de dezembro na Ásia, que matou mais de 180 mil pessoas. Thalita Sarmento Facca é aluna do 1º ano do curso de Lazer e Turismo e freqüenta a disciplina geral de Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Nanotecnologia nas escolas? Wyldner Furtado Pina

EACH, USP Leste, São Paulo - Em uma parte da entrevista dada por Cylon Gonçalves da silva sobre a nanotecnologia o repórter pergunta a ele sobre como a nanotecnologia afetará a educação, que responde que vamos ter que educar nossas crianças a pensarem em termos de átomo desde a primeira série do primário, porém será isso possível?

Hoje sabemos que a maioria dos jovens que estão no ensino superior são “filhinhos de papai”, e sempre (ou quase sempre) estudaram em escolas particulares. Por quê? Porque a escola pública não consegue dar conta do ensino básico que temos hoje, agora imagine se precisarmos ensinar sobre átomo na primeira série do primário... As escolas já não dão conta do ensino que temos, se ele for maior ai que provavelmente nossos jovens não irão aprender mais nada.Uma aluna do terceiro ano do colegial me relatou que na escola ela estava aprendendo a colocar pontos no plano cartesiano, terceiro colegial, eu indignado com tal fato perguntei se ela já havia aprendido sobre ondas (na matéria de física), até porque é um assunto pequeno e de fácil entendimento, ela respondeu que não, como eu já esperava, e completou dizendo que só havia aprendido em física velocidade média e aceleração média no ano passado porque nesse ano não tinha professor de física na escola.

Conversa vai conversa vem, acabei descobrindo que essa aluna não sabia como achar porcentagens de qualquer número que fosse, com todos esses relatos fiquei curioso em saber quais eram suas notas na escola, pedi para ver-las, e para minha surpresa ela mantinha uma média oito,o que mostra que ela é uma ótima aluna, em sua escola.Espantado com o estado daquela aluna perguntei o que ela esperava para seu futuro, em relação ao ensino superior,ela me disse que não tinha dinheiro para pagar uma faculdade, então perguntei se ela já havia pensado em entrar em alguma faculdade pública, para minha alegria e desespero (por ela) ela me disse que sim e que provavelmente faria o vestibular nesse ano, perguntei então quais eram suas expectativas para esse vestibular que ela prestará,ela me respondeu que esperava o provável que não passaria. A pergunta que tanto me incomoda é como inserir mais matéria se as escolas não conseguem nem dar conta das que já temos, e a única certeza que temos é que não iremos passar no vestibular e termos um futuro decente. Wyldner Furtado Pina é aluno do 1o ano do curso de Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 13. e-mail: [email protected]

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Humanitarismo superficial Adriana Kurdejak

EACH, USP Leste, São Paulo - Somente ao ocorrer uma tragédia natural o mundo vira seus olhos para lugares abastados da Ásia?

Após o tsunami, milhões de pessoas ao redor do mundo sentiram-se comovidas com as mortes e estragos causados. Voluntários se deslocaram até os locais que foram mais atingidos, milhares de doações de remédios, alimentos e roupas foram feitas, além de shows e eventos beneficentes. Tais atos demonstram solidariedade perante a dor de um outro ser humano.

Não nego que foi algo avassalador, mas acho que não é só em momentos de tragédias que as pessoas devem notar que há algo de errado em algum país carente do mundo. Esses atos podem até ser considerados egoístas, feitos apenas na finalidade de achar que assim o mundo será algo melhor.Mas, pergunto: o que adianta ajudarmos uma pessoa apenas em um dia?O que acontece nos outros dias? A fome, a miséria não sumirão em apenas um dia.

Algo assim ,tão inesperado, serve de alerta para mostrar ao mundo que a natureza pode ser vingativa, cruel e tirar vidas em uma fração de segundos.Mas não é só a natureza que causa isso... a violência, a fome, também a causam.

O que fazer? Prevenir catástrofes naturais pode ser um pouco difícil, mas podemos ameniza-las, ou pelo menos retirar o maior número de pessoas dos locais, através de alertas de abalos sísmicos, que mostram com antecedência se há algum risco de tsunamis ou não, porém é algo que não tem eficácia 100% comprovada, mas é uma forma de evitar mais mortes.

Temos de aprender a ajudar o próximo por vontade de vê-lo melhor, de dar-lhe condições de viver melhor e não apenas como um ato feito sem pensar e que não envolve sentimentos na verdade. Pode até ser que muitas das pessoas que prestaram ajuda às vítimas do tsunami tinham intenções humanitárias, mas será que outras a tinham?

A consciência da ajuda deve ser usada diariamente, não apenas quando os noticiários da televisão mostram a cada segundo cenas mais alarmantes de pessoas sofrendo em meio ao terror causado por ondas nunca vistas antes por muitos.

Não notamos somente no caso do tsunami o exagero da mídia para se conseguir o maior número de pontos no Ibope, com uma falsa comoção.(Exemplos:Atentado de 11 de setembro, Atentado na Espanha)... os dados aumentam a tragédia, distorcem a realidade e acabam perdendo a intenção de alerta e alarde, e a tragédia vira um mero lazer, já que em todas as pessoas está enraizado o conceito de alta curiosidade pelas desgraças e a comoção momentânea.

Por um mês, ninguém tirava os olhos das reprises das imagens das ondas gigantescas, das explicações científicas sobre abalos sísmicos e choques de placas tectônicas, houve a repetição de imagens chocantes e tudo mais, mas agora, o que sabemos sobre as pessoas que ainda sofrem devido a perda de seus bens, de seus entes queridos?O que se sabe sobre os choques causados no meio ambiente local e na economia que em muitos desses países? Muita pouca coisa. E enquanto não ocorrer nada de mais grave por ali, deixaremos de conhecer a miséria que muitos presenciam todos os dias, bem antes do tsunami os atingir...

É triste saber que a tragédia é como se fosse um instrumento para selecionar ao acaso o país miserável do mês. Adriana Kurdejak é aluna do 1o ano do curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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Novos paradigmas da ciência Ana Paula Ribeiro de Brito

EACH, USP Leste, São Paulo - O mundo hoje consiste em trabalhar as idéias para orientar a produção de conhecimento no campo científico, não é tarefa fácil, pois existem muitos paradigmas dentro da mesma comunidade científica. A Nanotecnologia é um desses novos paradigmas. Consiste em fabricar, controlar e manipular a matéria (átomos e moléculas) em escala nanométrica, ou seja, num bilionésimo de metro. A manipulação da matéria em escala nanométrica, tem produzido efeitos positivos na área ambiental. As nanopartículas são capazes de remover contaminantes onde não há eficácia de outros processos químicos. Na área da saúde a expectativa em torno da Nanotecnologia também é muito grande. Cientistas estão tentando fazer um dispositivo que substitua parte lesada do cérebro de pessoas que ficaram com problemas de memória decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (derrame cerebral) e mal de Alzheimer. Também conseguiram desenvolver nano-aparelhos capazes de detectar um câncer em fase muito inicial. Acreditam que a Nanotecnologia vá revolucionar o diagnóstico, tratamento e prevenção do Câncer. Como tudo é novo e atravessa grandes transformações científicas e tecnológicas existe o sentimento de medo e esperança. A pergunta é: __ Quais os riscos à vida e ao meio ambiente a Nanotecnologia pode causar? Ainda não se sabe. Ao mesmo tempo que as vantagens são nítidas, há muita discussão sobre os aspectos negativos, pois muitas experiências, como por exemplo, as novas formas de carbono, como nanotubos, estão sendo produzidos pela primeira vez.

A Nanotecnologia tem sido divulgada pelos industriais e pelos governos como a próxima “Revolução Industrial”, a maior e a mais rápida do mundo. Muitas empresas já estão no mercado produzindo uma gama de produtos, como partículas usadas em cosméticos e atomizadores, chips, sensores e novas formas de carbono. Uma das preocupações do setor industrial está relacionada com a saúde e o meio ambiente para que ambas não se desviem do progresso da Nanotecnologia. A Nanotecnologia sendo um novo paradigma no qual a capacidade humana pode se estender a manipulação, controle e fabricação da matéria em precisões atômicas, sub-atômica e supra-moleculares, requer da comunidade científica cautela e ética, pois a vida humana e o equilíbrio do meio ambiente estão em primeiro lugar, uma vez que sem esses pilares não pode existir experimentos, ciência ou qualquer tipo de conhecimento. Ana Paula Ribeiro de Brito é aluna do 1o ano do curso de Gerontologia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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“Há mais espaço lá embaixo” Fernando Iglesias Temblas Jr

EACH, USP Leste, São Paulo - Já é visto no mundo mais uma nova corrida (que não são poucas) entre as grandes potências mundiais. Porém essa nova disputa busca desenvolver resultados cada vez menores, os menores possíveis, literalmente falando. Estamos falando da nanotecnologia.

A nanotecnologia é um dos novos investimentos dos médios e grandes países, que enxergam-na como uma revolução nas experiências cientificas. As nanotecnologias são os aparelhos tecnológicos na escala de um bilionésimo de metro, o nanômetro, que auxiliam a ciência do nanômetro, a nanociência, a desenvolver formas de se compactar ou usar certas matérias em ínfimas quantidades em uma grande produção.

Richard Feynman, o físico que em 1959 apresentou a nanociência para o mundo, já dizia que “há mais espaço lá embaixo”, que é possível condensar na ponta da cabeça de um alfinete os 24 volumes da Enciclopédia Britânica.

Após quase 46 anos da sua divulgação ao público, a nanociência tem sido um dos maiores investimentos científicos de vários paises. Somando alguns paises da Europa Ocidental, os EUA, o Japão, a Alemanha entre outros, já passa de 2,6 bilhões de dólares os investidos em nanociência e nanotecnologia, sendo que em 1997, só os EUA investiram a “bagatela” de 500 milhões de dólares.

No Brasil, o maior país da América Latina em investimentos na nanociência e na nanotecnologia, já investiu cerca de 50 milhões de dólares. Ele desenvolve suas pesquisas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).

Pensando em uma perspectiva positiva, a nanociência e a nanotecnologia vão revolucionar vários ramos de estudos, industrialização, produção, etc., ajudando a desenvolver soluções que em muitos casos são possíveis apenas através da modificação da matéria, assim como os japoneses fizeram para purificar a grafite do lápis, que agora é um dos mais exportados no mundo.

Mas como sabemos, o homem não é muito “bonzinho”, e que ele é capaz de transformar uma nova ciência ou uma descoberta em uma desgraça para toda a humanidade. Fica difícil acreditar que tal estudo seja algo totalmente benéfico, Albert Einstein sabe muito bem o que é isso (ou pelo menos soube).

Basta agora torcer para que os novos estudos sobre nanotecnologia e nanociência tragam novos conhecimentos, mas um conhecimento que não seja usado de forma equivocada, não se tornando negro e desastroso, mas sim trazendo melhorias para o mundo, fazendo com que o homem ainda tenha fé em si mesmo e em suas descobertas/invenções. Fernando Iglesias Temblas Jr. é aluno do 1o ano do curso de Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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Infinito: a ignorância do ser humano Igor Gasparini

EACH, USP Leste, São Paulo - Ao discutir Cosmologia, um primeiro debate vem à tona: o universo é infinito?

Desde sempre, dos gregos aos mais contemporâneos, a discussão existiu, porém uma resposta empiricamente comprovada ainda não há. As especulações são diversas; as opiniões de curiosos também. Entretanto, acredito que a infinidade das coisas é construída pelo homem ignorante. Na minha opinião, dizer que algo é infinito é assumir a incapacidade de se chegar lá. E falo isso com muita propriedade, tendo em vista, ao que concerne à Cosmologia, que descobertas são feitas a cada dia e que muito do que se conhece, outrora poderia parecer irracional. No mundo “pré-Copérnico”, o “universo” se resumia à Terra e o pensamento geocêntrico imperava. Apenas depois de muita discussão e resistência que o mundo passou a ser visto de outra forma. Acredito ser importante destacar que a conceituação do termo infinito advém da matemática - ciência criada pelo ser humano. O homem, aproveitando-se dos princípios dessa significação, passa a aplicá-lo nos fenômenos naturais – ciência observável pelo ser humano - e, portanto, cometendo um erro que, segundo os estudos da Lógica Sofística, caracteriza-se como generalização apressada.

Dessa forma, dizer que o universo é infinito é assegurar que o ser pensante, aqui presente, ainda não conseguiu desenvolver tecnologia suficiente para chegar ao fim desse sistema. Segundo a “Teoria Geral de Sistemas” (TGS), baseada na escola russa liderada por Avenir Uyemov, tudo pode ser visto, do ponto de vista ontológico, como sistema, como parte de um todo (atomismo). Isso significa que cada sistema está inserido em um ambiente, o qual é considerado um outro sistema; que, por sua vez está igualmente inserido num ambiente e assim por diante. Esses sistemas são considerados “sistemas abertos”, pois há troca de energia, matéria e informação com o “sistema ambiente”. O universo, segundo estudiosos da TGS, seria o único “sistema fechado”, uma vez que este seria o “último ambiente das coisas”. E, se há algo a mais, eu desconheço, ninguém conhece e, dessa forma, se ninguém sabe, por que considera-lo como infinito? Igor Gasparini é aluno do 1o ano do curso de Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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Essa tal de nanotecnologia... Letícia Maria Nietto

EACH, USP Leste, São Paulo - Está surgindo uma idéia que para alguns é “pura maluquice” e para outros é uma idéia revolucionária muito esperançosa. Esta nova idéia é conhecida como nanotecnologia. Mas o que seria essa tal de nanotecnologia??? Esta nova idéia consiste na manipulação dos átomos e na sua visualização, ou seja, partículas de tamanhos muito pequenos poderiam ser manipuladas pelo homem com grande facilidade. As expectativas para essa novidade são grandes, já que, praticamente coisas que antes consideradas impossíveis, agora estão chegando ao alcance do homem. Por exemplo, grupos de pesquisadores estão tentando reproduzir os fios expelidos pela aranha ao fazer a sua teia (aliás, as teias de aranha são invejadas pelas suas perfeições). Mas, atenção!!!!! Não é só porque os homens tentam imitar feitos da natureza, que os mesmos irão sair iguais. O máximo que se pode conseguir, é algo que se assemelhe à natureza. Nada sairá como um “clone” perfeito dessas experiências. A indústria farmacêutica também pode se beneficiar com tamanha novidade. Hoje remédios como os antibióticos, causam muitas vezes danos ao estômago devido à concentração muito forte de seus componentes. Com a nanotecnologia, o número de partículas presentes em antibióticos poderá ser diminuído e causará os mesmos efeitos dos antibióticos convencionais.

Vários elementos que estão surgindo no mercado já estão adotando a nanotecnologia. Alguns podem ser considerados verdadeiros “engenhocas modernas”, como as janelas auto limpantes que se adaptam ao meio em que estão expostas. Elementos da informática, estudos na biologia, até mesmo o grafite de sua lapiseira pode ter sido feito a partir da nanotecnologia... Mas, será que o Brasil é capaz de seguir esta tendência? As expectativas são enormes e várias universidades do país já estão iniciando projetos de pesquisas para implantar a nanotecnologia em poucos anos. No governo anterior, já até se estava estudando a possibilidade de liberação de verbas para estes estudos. Agora, apenas nos resta saber se conseguiremos agarrar esta nova possibilidade para que nosso país consiga ser reconhecido por nós mesmos e no exterior e que haja interesse de todos, não apenas dos estudantes universitários, seja de interesse das indústrias, do governo e da população em geral. Nos dias atuais, trabalhar em equipe e obter apoio de uma grande massa são elementos essenciais para que um sonho de progresso torne-se realidade. Letícia Maria Nietto é aluna do 1o ano do Bacharelado em Lazer e Turismo e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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Reflexões sobre nanotecnologia Miriam Masako Kanashiro

EACH, USP Leste, São Paulo - Nanociência e Nanotecnologia – áreas de pesquisa e desenvolvimento que permitem ao homem ampliar seu conhecimento e sua capacidade de ver e manipular a matéria a nível atômico, vem crescendo significativamente em diversos campos: saúde, agricultura, indústria, educação, segurança nacional, etc.

O impacto do elevado potencial do mundo das dimensões nanométricas sobre a vida das pessoas, sobre o mercado mundial é imenso e contínuo. Há vários desenvolvimentos ao alcance social tais como: na qualidade dos alimentos, no controle da ação dos princípios ativos de fertilizantes e pes-ticidas agrícolas pela nanoencapsulação, tornando as plantações saudáveis. A nanobiotecnologia conduz a eficácia na fabricação de vacinas e medicamentos, atua na área genômica, robótica, com a criação de sensores que poderão detec-tar precocemente células cancerígenas, novas infecções bacterianas ou virais, contribuindo em diagnósticos mais precisos e tratamentos imediatos e eficazes, o que é excelente, por exem-plo, para a prevenção do câncer de mama, que deveria ser mais divulgado e com exames gratuitos a todas as mulheres. Os recursos nanotecnológicos permitem respeitar e conservar o meio ambiente, pois utiliza-se menos matéria-prima, menos gastos em energia nos processos industriais, obtendo produtos de alta tecnologia e competitividade.

É fundamental investir nas necessida-des sociais, neste país tropical, rico em criatividade, de amplo espaço e abundância de recursos naturais. Crescerá o país que financiar e promover a educação tecnológica, incentivando a pesquisa. As conquistas serão profícuas e comercialmente lucrativas no presente e num futuro próximo.

Segundo Carmen I. Moraru, Universidade de Cornell (EUA), poderia erradicar a fome por meio de nanomáquinas que fabricariam alimentos molecularmente, sem a necessidade do campo, sementes, e trabalhador rural. Produzi-ria alimentos em grande escala e com qualidade. Possibilitando a oportunidade de refeições diárias e nutritivas. O Presidente Lula ficaria feliz se o projeto “Fome Zero” fosse realizado através dessa inovação, no entanto, será que o MST também iria gostar dessa nanomáquina?

Diante de tantas possibilidades, até que ponto pode-se gerenciar e controlar esse progresso criador? É necessário que a questão da ética prevaleça, como forma de segurança e proteção da humanidade e do universo. Observar a nova tecnologia que cria drogas eficientes contra as doenças, porém que resultam em graves efeitos colaterais (nanopatologias), assim como, atenção para aplicação militar (risco de bioterrorismo) onde os investimentos nos últimos anos vem aumentando. O homem sempre quer estar no poder e controle. Por que será? Freud saberia explicar.

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A inacreditável biotecnologia e os avanços do DNA Natália Duzzi de Freitas

EACH, USP Leste, São Paulo - Se há 50 anos falassem que haveria pequenos telefones capazes de tirar fotos e ao mesmo tempo enviá-las para outro, você acreditaria? Você acredita que daqui a alguns anos uma pessoa com um problema na formação de neurônios motores poderá ficar de pé e andar? A Biotecnologia hoje é a medicina do futuro, e com a descoberta do DNA, a decodificação do genoma humano e principalmente a “invenção” das células tronco, podemos acreditar na realização deste sonho.

Quando Francis Crick e James Watson descobriram a estrutura do DNA em 1953, não imaginavam quão longe sua descoberta iria. Essa simples molécula de dupla hélice guarda todas as informações genéticas dos organismos dentro das células. Graças a esses estudos fala-se em transgênicos, clonagem e Projeto Genoma. São várias as aplicações do DNA, e o futuro da molécula é ao mesmo tempo fascinante, promissor, polêmico, e, muitas vezes, aterrorizante.

Graças ao DNA, hoje, mães solteiras podem ter seus filhos reconhecidos pelos pais, e a solução de crimes e identificação de mortos foi facilitada. Outro exemplo seria a questão dos transgênicos, que apesar da polêmica sobre quão saudáveis seriam para nós e qual o seu impacto ambiental, podem graças à modificação e combinação genética criar plantas mais resistentes e, teoricamente, mais nutritivas. A partir do DNA, também criou-se o Projeto Genoma Humano que visa a identificação total dos genes que compõem o DNA humano. Se esses genes forem desvendados poderemos ter futuramente a cura para doenças que hoje são consideradas letais, e até mesmo sonhar com a descoberta e cura de doenças de bebês ainda no útero materno, ponto esse que afeta muito a ética. Pois assim como seria possível mexer em genes defeituosos, também conseguiriam mexer em genes de caracteres humanos, tornando possível a escolha desde a cor dos olhos aos aspectos físicos do bebê.

Tirando o fator ético e voltando para biomedicina, o maior avanço esperado é o uso de células tronco. Essas seriam capazes de se transformar em qualquer outra célula substituindo as células disfuncionais, assim como neurônios motores de uma pessoa paraplégica de nascença. A Biotecnologia e seus avanços no mundo da ciência médica trazem para o homem uma gama de recursos antes inimagináveis e inalcançáveis. O DNA e a descoberta de células tronco podem trazer ao homem, futuramente, a vida plena com a qual ele sempre sonhou. Natalia Duzzi de Freitas é aluna do 1o ano de Bacharelado em Tecnologia Têxtil e da Indumentária e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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ciências da natureza

Medicina para poucos Neusa Hetsuko Kaneko Ueno

EACH, USP Leste, São Paulo - Faltam apenas cinco anos aproximadamente, para que os “ricos” monetariamente, possam usufruir de mais um recurso tecnológico para diagnosticar, prevenir e combater o câncer. Tomei conhecimento dessa possibilidade através da revista GALILEU, edição de Dezembro/2004, que trazia uma reportagem sobre Médicos microscópicos. Trata-se das pesquisas na área de nanomedicina, onde estão sendo estudados e desenvolvidos dois tipos de nanorrobôs. Os orgânicos, fabricados a partir de estruturas de DNA e materiais orgânicos que, quando injetados na corrente sanguínea, terão a propriedade de identificar bactérias e vírus com ação negativa dentro do corpo e destruí-los. Os inorgânicos, com previsão de disponibilidade para 2015, terão aplicações mais amplas e complexas, tais como realizar cirurgias não invasivas e enviar medicamentos a células e órgãos específicos.

Caso você tenha pensado tratar-se de ficção científica, pode reconsiderar, porque já estão em fase de testes, os “nanoshells”, estruturas esféricas microscópicas que, quando injetadas na corrente sanguínea, carregam medicamentos diretamente para células cancerígenas, sem afetar as sadias. Se essas pesquisas obtiverem o êxito esperado, provocarão uma revolução na área da medicina. Entretanto, em oposição ao desenvolvimento tecnológico nessa área, temos a diminuição da acessibilidade das classes sociais menos privilegiadas ao serviço de saúde “digno”. Já ouvi alguns especialistas dizerem que “o alto custo dos tratamentos e equipamentos de última geração obriga as empresas da área de saúde a repassarem esses custos nas mensalidades dos associados”. Verdade ou não, esse aumento inviabiliza a participação de muitas pessoas nos serviços de saúde privatizados.

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Países investem na nanotecnologia Samira Pereira Magalotti

EACH, USP Leste, São Paulo - Ciente de que o momento é adequado para que o Brasil estabeleça um esforço coordenado de investimentos para apoiar uma iniciativa de longo prazo em nanociência e nanotecnologia, permitindo uma competição em igual nível com paises de todo o mundo, o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e tecnológico, está convocando interessados para apresentarem propostas onde obterão financiamento em atividades de pesquisa e desenvolvimento em nanociência e nanotecnologia. O projeto prevê a implantação de redes de pesquisa básica e aplicada em três áreas: Materiais nanoestruturados, nanobiotecnologia/ nanoquimica e nanodispositivos. O CNPq dispõe de R$ 3 milhões para financiar projetos selecionados que tenham sido apresentados por pesquisadores. A nanotecnologia, incluindo a nanobiotecnologia, tem sido divulgada pelas industrias e pelos governos como a próxima revolução industrial, a maior e a mas rápida do mundo. Mais de 450 empresas dedicadas a nanotecnologia já estão no mercado produzindo uma gama de produtos, como partículas usadas em cosméticos e atomizadores, produtos como chips e sensores. Ao mesmo tempo que suas vantagens são nítidas, alguns especialistas começam a atentar para o impacto dos nanomateriais na saúde do ser humano e na natureza. É preciso também que o setor industrial se empenhe para que as preocupações relacionadas á saúde e ao meio ambiente não se desviem do progresso dessa nova tecnologia pois a US National Science Foundation estima que, dentro de dez anos, todo o setor de semicondutores e a metade do setor farmacêutico, dependerão da nanotecnologia. Numa reunião realizada na Environmental Protection Agency (EPA), órgão do governo dos Estados Unidos para proteção do meio ambiente, pesquisadores relataram que foram encontradas nanoparticulas no fígado de animais em pesquisas. Segundo a EPA, elas podem vazar em células vivas e até entrar na cadeia alimentar.

Essa tecnologia também traz vantagens, na área ambiental. A manipulação da matéria na escala nanometrica, num bilionésimo de metro, tem produzido efeitos positivos nesta área. As resinas magnéticas tem a capacidade de remover metais de um meio aquoso, o que pode ser utilizado no tratamento de efluentes. As nanopartículas são capazes de remover contaminantes onde processos químicos não surgem efeito. Já na medicina, testes com nanocapsulas vêm sendo feitas pois poderiam agir diretamente em células especificas, evitando que as outras células ‘saudaveis’ não fossem afetadas. Com todo esse avanço tecnológico, há quem diga que a nanotecnologia é a garantia de desenvolvimento sustentável no mundo. Samira Pereira Magalotti é aluna do 1o ano do curso de Obstetrícia e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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ciências da natureza

Efeitos do tsunami Simone Poppe Guglielmo

EACH, USP Leste, São Paulo - A recente tragédia causada por ondas gigantes no Oceano Índico mostra que o homem é incapaz de prever o ataque do mais imprevisível dos desastres naturais.

A formação dessas ondas não pode ser impedida, já que elas se originam a partir do choque de placas tectônicas que flutuam sobre o manto terrestre na profundidade do oceano.

O tsunami, que atingiu uma grande extensão geográfica, matou mais de 100.000 pessoas em poucos minutos. e outras tiveram seus bens e pertences levados pela fúria dessas ondas. Hóteis de luxo foram destruídos, assim como vilarejos, aldeias e suas belezas naturais.

Os efeitos foram tão intensos, que chegaram a ser sentidos até em terras brasileitas, com alterações do nível do mar.

Este desastre afetou diferentes culturas, tanto a dos turistas ricos, quanto a dos moradores locais, que estão entre os mais pobres da Terra. Neste momento não houve diferenças, foram atingidos da mesma maneira e tiveram que lutar juntos com o mesmo objetivo: a salvação de suas vidas.

A maioria das vítimas vivia em países pobres, onde a tecnologia de previsão de catástrofes não é tão avançada, havendo dificuldades no alerta à população, o que explica a extensão da tragédia.

Se nessa região houvesse, como no Oceano Pacífico, um sistema de rastreamento com sensores instalados no fundo do mar e uma rede de alerta acionada via satélite, muitas vidas teriam sido salvas.

Além disso, nas áreas de risco, a população deveria ser muito bem instruída para perceberem os indícios da ocorrência dos tsunamis: tremores

da terra por um período prolongado ou recuo de quilômetros da água da praia em pouco tempo. Nestas situações dever-se-ia fugir o mais rápido possível para uma área alta ou para longe da costa.

Se por um lado essa catástrofe provocou um grande número de mortes, devastação de territórios e desestabilização da economia, por outro, tem demonstrado a colaboração de vários povos do mundo para a reconstrução dessas áreas.

Muitos países doaram produtos de primeira necessidade, e enviaram equipes de voluntários. Em Nova Zelândia, uma operadora turística propôs ajudar na reconstrução de Sri Lanka, que foi duramente atingida por esse maremoto, através de viagens com fins turísticos e de participação nas operações de ajuda.

Isto mostra que a solidariedade, apesar de escassa, ainda está presente em nosso planeta. Simone Poppe Gugliemo é aluna do 1o ano do curso de Lazer e Tursismo e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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Nanotecnologia: reinventando limites Thais Reis Figueiredo

EACH, USP Leste, São Paulo - A nanotecnologia, do prefixo grego nano que se refere à escala de um bilionésimo de metro (10-9 m), consiste na ciência dos materiais, processos e produtos cujas dimensões físicas encontram-se na faixa de 0,1 a 100 nanômetros. Representa uma das mais atuais e versáteis práticas científicas, cujo campo de conhecimento a configura como uma supradisciplina, a qual permeia a química, a física, a biologia, e a medicina.

O desenvolvimento e aperfeiçoamento da nanociência vêm permitindo a exploração de possibilidades, até então improváveis, o que esta sendo refletido no avanço de importantes áreas, como por exemplo, a área médica. Nessa, os principais avanços são observados na produção e no desenvolvimento de fármacos, os quais tornam-se cada vez mais específicos e potentes, evitando o desgaste do organismo com tratamentos muito longos. Outra importante área de atuação da nanotecnologia é a de engenharia de materiais, na qual a reestruturação em nível atômico de certas características dos materiais promove a obtenção de propriedades específicas, possibilitando o desenvolvimento de produtos que atendam de maneira exata as necessidades dos consumidores, bem como, o barateamento dos custos operacionais de produção.

Ou seja, a nanotecnologia configura-se como uma das maiores promessas da

atualidade, suas perspectivas abrangem as mais diversas áreas, e suas implicações são sentidas diretamente por nós, através de computadores cada vez mais rápidos, carros que apresentam maior eficiência na conversão de energia, e menor produção de resíduos e poluentes, drogas mais potentes e específicas, maior rapidez da Internet, filtros para proteção (“screening”) contra raios ultravioletas, produtos cosméticos, etc. Mas o nanomundo não é tão cor-de-rosa assim, junto a essas “infinitas” possibilidades, constroem-se dificuldades, tais como a democratização do acesso aos avanços tecnológicos, o controle e fiscalização de práticas relacionadas à clonagem, ao desenvolvimento de armamentos (químicos e biológicos), e a produção de transgênicos. Portanto, como tudo na vida, e a nanotecnologia não foge à regra, é de extrema importância avaliar os “prós” e “contras”, pesar os benefícios e os riscos, e afastar as ideologias étnicas-religiosas no momento de se tomar decisões que irão afetar a todos, de mulçumanos a americanos, de palestinos a israelenses, de grandes autoridades no assunto a nós, reles mortais. Thais Reis Figueiredo é aluna do 1o ano do curso de Ciências da Atividade Física e freqüenta a disciplina geral Ciências da Natureza na turma 23. e-mail: [email protected]

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