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De 12-11-2012 a 18-11-2012
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Transparência
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REVISTA SEMANAL ↘ 12.11 - 18.11_2012
Revista de Imprensa19-11-2012
1. (PT) - Público, 13/11/2012, Vale e Azevedo fica preso em Lisboa após esgotar recursos no Reino Unido 1
2. (PT) - Jornal de Notícias, 13/11/2012, Nove generais angolanos acusam jornalista de calúnia 3
3. (PT) - Jornal de Negócios, 13/11/2012, Angola acusa Portugal de conspiração 5
4. (PT) - i, 13/11/2012, Secretas. Silva Carvalho é o único fora da presidência do Conselho de Ministros 6
5. (PT) - i, 13/11/2012, Rafael Marques é arguido 7
6. (PT) - i, 13/11/2012, Lisboa - Vale e Azevedo preso, depois de quatro anos em Londres 8
7. (PT) - i, 13/11/2012, Dez anos de prisão para José Diceu 9
8. (PT) - Diário Económico, 13/11/2012, Investigação do MP prejudica relações com Angola 10
9. (PT) - Diário de Notícias, 13/11/2012, Pedida demissão de diretor regional 12
10. (PT) - Diário de Notícias, 13/11/2012, Dez anos e dez meses de prisão para ex-ministro José Dirceu 13
11. (PT) - Público, 14/11/2012, PSD rejeita inquérito à aplicação das verbas da reconstrução pós-temporal 14
12. (PT) - Jornal de Notícias, 14/11/2012, PSD exige reação da Câmara a "cunhas" 15
13. (PT) - Jornal de Notícias, 14/11/2012, Procurador tem dúvidas sobre ligação de vereadora a fraude 16
14. (PT) - Jornal de Negócios, 14/11/2012, MP confirma investigação a angolanos 17
15. (PT) - i, 14/11/2012, Vale e Azevedo pode ser expulso de vez da Ordem dos Advogados 18
16. (PT) - i, 14/11/2012, DCIAP confirma inquérito a dirigentes angolanos 19
17. (PT) - Diário Económico, 14/11/2012, Funcionários do Estado devem declarar ofertas recebidas 20
18. (PT) - Diário Económico, 14/11/2012, DCIAP confirma investigação a dirigentes angolanos 21
19. (PT) - Diário de Notícias, 14/11/2012, Vereadora julgada por fraude fiscal 22
20. (PT) - Diário de Notícias, 14/11/2012, MP confirma investigação a angolanos 23
21. (PT) - Diário de Notícias, 14/11/2012, MP alivia autarca em fraude fiscal 24
22. (PT) - Diário de Notícias, 14/11/2012, Dirceu diz que sentença é injusta 25
23. (PT) - Correio da Manhã, 14/11/2012, MP atenua envolvimento de vereadora em fraude 26
24. (PT) - Correio da Manhã, 14/11/2012, Duras penas para homens de Lula 27
25. (PT) - Sábado, 15/11/2012, Tchizé teve de justificar 1,2 milhões 28
26. (PT) - Diário de Notícias, 15/11/2012, Recurso de Vale e Azevedo pode ditar em breve a sua libertação 31
27. (PT) - Correio da Manhã, 15/11/2012, Isaltino com passaporte a um passo de ser preso 34
28. (PT) - Sol, 16/11/2012, Recurso para ser libertado 35
29. (PT) - Sol, 16/11/2012, Inquérito causa alta tensão 36
30. (PT) - Sol, 16/11/2012, Acusado de burla ao BPN 38
31. (PT) - Jornal da Madeira, 16/11/2012, Novo líder da China promete combater a corrupção 41
32. (PT) - i, 16/11/2012, PS insiste me projecto lei sobre transparência activa 42
33. (PT) - i, 17/11/2012, Isaltino Morais. O atleta dos recursos 43
34. (PT) - i, 17/11/2012, "Fundos europeus promoveram comportamentos de corrupção que temos decombater" - Entrevista a Álvaro Santos Pereira
46
35. (PT) - Expresso, 17/11/2012, Condenação de Dirceu é considerada histórica 52
36. (PT) - Diário de Notícias, 17/11/2012, Duarte Lima conhece hoje acusação do caso BPN 53
37. (PT) - Correio da Manhã, 17/11/2012, MP pede condenação de 57 arguidos 55
38. (PT) - Público, 19/11/2012, Defesas vão tentar destruir acusação de burla qualificada 56
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Tiragem: 43576
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Vale e Azevedo fi ca preso em Lisboa após esgotar recursos no Reino Unido
Ex-presidente do Benfi ca chegou ontem e fi cou preso para cumprimento de mais de cinco anos de cadeia por burla e falsifi cação de documentos. Vale e Azevedo vai apresentar mais um pedido de habeas corpus
RUI GAUDÊNCIO
Não é a primeira vez que o antigo assessor jurídico de Pinto Balsemão é detido pelas autoridades
O ex-presidente do Benfi ca Vale e
Azevedo passou ontem a sua primei-
ra noite em Portugal em quatro anos.
Ficou a dormir no Estabelecimento
Prisional de Lisboa, depois de ter es-
gotado os recursos judiciais contra a
sua extradição do Reino Unido.
Burla e falsifi cação de documentos
são alguns dos crimes pelos quais foi
condenado a um cúmulo jurídico de
11 anos e meio, estando ainda pen-
dentes várias outras acusações. O
clube encarnado acusa o seu antigo
dirigente de branqueamento de ca-
pitais e abuso de confi ança. Mas en-
quanto a justiça portuguesa entende
que lhe faltam cumprir mais de cinco
anos da pena relacionada com a bur-
la e a falsifi cação de documentos, Va-
le e Azevedo argumenta que o tempo
que passou com residência fi xa em
Londres, com o passaporte apreen-
dido e obrigação de pernoitar em ca-
sa, equivalem a prisão domiciliária,
devendo por isso ser descontado no
cumprimento da pena. Daí que uma
das tentativas que a sua advogada irá
fazer passe por um pedido de liber-
dade condicional, por alegado cum-
primento de cinco sextos dos 11 anos
e meio. Também será apresentado
mais um pedido de habeas corpus
baseado neste e noutros pressupos-
tos. Um anterior pedido do mesmo
género teve na passada semana res-
posta negativa por parte do Supremo
Tribunal de Justiça, que considerou
que, não se encontrando na altura
Vale e Azevedo preso — ainda estava
no Reino Unido —, não podia invocar
semelhante fi gura legal.
Foram vários os casos que levaram
à condenação do antigo assessor jurí-
dico do primeiro-ministro Pinto Bal-
semão no início dos anos 1980. Um
deles relaciona-se com a apropria-
ção de uma verba de 193 mil contos
(perto de um milhão de euros) prove-
nientes da transferência do guarda-
redes russo Serguei Ovchinnikov do
Alverca para o Benfi ca, usados na
compra em Itália do iate de luxo
Lucky Me através de uma empresa
off shore com sede nas ilhas Virgens
Britânicas, alegadamente pertencen-
te ao advogado. Já no caso Ribafria,
que se reporta a factos ocorridos em
1993 e 1994, está em causa a apro-
priação ilícita de 1,5 milhões de eu-
ros numa operação de transferências
bancárias para o Luxemburgo que
se destinaria a conseguir vantagens
fi scais para dois empresários do ra-
mo da cortiça clientes numa eventu-
al transmissão aos herdeiros. Vale e
Azevedo foi igualmente condenado
no processo Euroárea pelo desvio de
cinco milhões de euros no negócio
da transacção dos terrenos da Ur-
banização Sul na Luz e o centro de
estágio do Seixal. Por fi m, no caso
Dantas da Cunha fi cou provado que
falsifi cou vários documentos, como
procurações, para conseguir hipote-
car à revelia do seu proprietário um
imóvel situado na Praça do Areeiro,
em Lisboa.
Vale e Azevedo é ainda arguido
num processo em que é acusado
de apropriação indevida de mais
de quatro milhões de euros do Ben-
fi ca, branqueamento de capitais e
abuso de confi ança, entre outras
coisas. Efectuado à sua revelia, este
julgamento prossegue hoje, com a
audição de José Capristano e António
Sala, membros da direcção de Vale
e Azevedo.
A representante legal do ex-pre-
sidente do Benfi ca garantiu que foi
ele quem ontem se entregou às au-
toridades inglesas, que por sua vez
o depositaram nas mãos de dois ins-
pectores da Judiciária. Mas segundo
fonte da Procuradoria da Coroa Bri-
tânica, havia esgotado os recursos
legais para impedir a extradição. Vale
e Azevedo tem ainda outro proces-
so em tribunal, que começará a ser
julgado amanhã no High Court, para
ser impedido de assumir cargos de
administrador em empresas britâ-
nicas por acção fraudulenta. Trata-
se de uma consequência da falência
declarada, em 2009, da empresa de
que era presidente, a V&A Capital
Limited. com Lusa
JustiçaAna Henriques
“Um dos maiores burlões da história”
Dantas da Cunha congratula-se com prisão
Proprietário de um imóvel no Areeiro, em Lisboa, vendido por Vale e Azevedo sem o seu consentimento, o
empresário Dantas da Cunha considera o ex-presidente do Benfica “um dos maiores burlões da história de Portugal”. “Acredito que os seus dias de impunidade chegaram ao fim”, diz, numa declaração enviada à agência Lusa. “Fruto dos seus esquemas e da sua mente ‘maquiavélica’, deverá ter escondido os milhões que roubou”, observa, acrescentando que a
recompensa das “dezenas de vítimas do burlão” não irá além de o verem atrás das grades, uma vez que “não vão receber um tostão” do arguido. “Os familiares de todas estas vítimas não terão a mesma sorte e as mesmas regalias financeiras que a família de Vale e Azevedo terá, fruto dos seus crimes”, conclui, salientando que muitas destas pessoas não possuem meios para recorrerem aos tribunais. No entender de Dantas da Cunha, Vale e Azevedo “destruiu a vida de muitas famílias em Portugal e no estrangeiro”.
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Tiragem: 43576
País: Portugal
Period.: Diária
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Vale e Azevedo preso em Lisboa após esgotar recursos em Londres p12
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Investigação do MP prejudica relações com AngolaA abertura de um inquérito-crime contra dirigentes angolanos “prejudica as relaçõescom Portugal”, escreveu ontem, o “Jornal de Angola” em resposta à notícia avançadapelo Expresso. Em causa está a abertura da investigação do Ministério Públicoportuguês a três altos dirigentes do regime angolano - Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola (na foto), o general Hélder Vieira Dias (“Kopelipa”), chefeda Casa Militar do Presidente angolano, e Leopoldino Nascimento, consultorde “Kopelipa” - por suspeitas de fraude e branqueamento de capitais.
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Tiragem: 45851
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Edgar Silva, representante do PCP na Assembleia da Madeira
A Assembleia Legislativa da Madeira
rejeitou ontem, com os votos contra
do PSD, a proposta de lei do PCP pa-
ra constituição de uma comissão de
acompanhamento da Lei de Meios a
fi m de monitorizar a aplicação das
verbas concedidas pelo Estado para
as obras de reconstrução na sequên-
cia do temporal que varreu a região
em 20 Fevereiro de 2010.
A iniciativa do PCP mereceu os
votos favoráveis dos restantes par-
tidos da oposição, que acusaram o
governo regional de não dar priori-
dade ao realojamento das vítimas do
temporal e gastar parte das verbas
da solidariedade nacional em obras
sem utilidade. A marina do Lugar
de Baixo, na Ponta do Sol, foi um
dos casos criticados, não só por nela
terem sido gastos 20 milhões desvia-
dos da Lei de Meios, como também
pela derrapagem fi nanceira que re-
presenta. Orçamentado em menos
de 30 milhões, o custo da infra-es-
trutura triplicou e ultrapassa os 100
milhões, devido a obras executadas
para ultrapassar problemas de segu-
rança que levaram ao seu encerra-
mento logo depois da inauguração,
em 2004.
“Usurparam também verbas para
fazer um cais de acostagem no Fun-
chal e para outros fi ns que não es-
tão especifi cados na lei”, denunciou
Hélder Spínola (PND). “Há obras,
PSD rejeita inquérito à aplicação das verbas da reconstrução pós-temporal
como o cais no aterro, que estão a
ser feitas sobre cadáveres de pessoas
que pereceram no temporal, com
o dinheiro que estava destinado a
ajudar as vítimas”, lamentou Victor
Freitas, líder do PS.
A criação urgente de uma comis-
são para aferir o grau de execução
da lei foi justifi cada por Edgar Silva
(PCP) com o atraso, passados quase
dois anos sobre a catástrofe, na re-
construção de muitas localidades e
povoações afectadas, sendo “gritante
a disparidade ente o arranjo das zo-
nas mais centrais e turísticas, e a qua-
se total ausência de intervenções nas
zonas mais altas e periféricas onde
vive a população mais carenciada”.
No debate, Jaime Filipe Ramos
(PSD) disse ser dispensável a comis-
são, atendendo à fi scalização já feita
pelo Tribunal de Contas. Revelou que
a Madeira ainda não recebeu os 265
milhões do Fundo de Coesão, pre-
vistos na lei, devido à sua inscrição
indevida no OE de 2010.
A Lei de Meios, aprovada pelo Go-
verno de José Sócrates, fi xava um pa-
cote fi nanceiro de 1040 milhões, com
uma comparticipação de 740 milhões
durante o quadriénio 2010/13, com
o objectivo de assegurar as obras de
reconstrução, apoiar as vítimas e di-
namizar as empresas atingidas. Con-
sistia em transferências do Orçamen-
to do Estado (200 milhões), Fundo
de Coesão (265), Banco Europeu de
Investimento (250), PIDDAC (25) e do
Orçamento Regional (340 milhões,
incluindo dádivas particulares).
Enriquecimento ilícitoO PSD rejeitou também ontem um
projecto de proposta de lei, da au-
toria do PCP, que visava o “controlo
público dos rendimentos e patrimó-
nio dos titulares de cargos políticos
e altos cargos públicos”. A oposição
votou favoravelmente. O diploma,
defendeu Edgar Silva, criava regras
de controlo de enriquecimento ilí-
cito e também fi scalizava os rendi-
mentos dos titulares de cargos polí-
ticos depois de deixarem essas fun-
ções. Pretendia “garantir que estes
não sejam ‘recompensados’ depois
de exercer tais cargos”.
“Se o PSD-Madeira nada tives-
se a temer, aprovava a proposta”,
afi rmou Hélder Spínola (PND). Mas
Medeiros Gaspar (PSD) ripostou
que a iniciativa nada resolve em re-
lação ao combate à corrupção e ao
enriquecimento ilícito. “Todo este
mecanismo é ridículo”, assegurou,
lembrando que “a corrupção em
Portugal é tratada de forma displi-
cente, que é perdoar”.
MadeiraTolentino de Nóbrega
Maioria social-democrata chumbou também proposta de lei sobre enriquecimento ilícito
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País: Portugal
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País: Portugal
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Âmbito: Economia, Negócios e.
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Corte: 1 de 1ID: 44727282 14-11-2012
Guilherme D’Oliveira Martins preside aoConselho de Prevenção da Corrupção.
CORRUPÇÃO
Funcionários do Estadodevem declarar ofertas recebidasO Conselho da Prevenção da Corrupção recomenda que sejamcriados mecanismos de acompanhamento e de gestão dos conflitosde interesses no sector empresarial do Estado, como manuaisde boas práticas ou declarações das ofertas recebidas no exercíciodas funções. O Conselho, presidido por Guilherme d’Oliveira Martins,aprovou na passada quarta-feira em reunião esta recomendaçãopublicada ontem em Diário da República.
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Tiragem: 18100
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Corte: 1 de 1ID: 44727158 14-11-2012
Márcia Galrãomarcia.galrao@economico.pt
O Ministério Público (MP) informouontem que “corre uma investigação” aaltos dirigentes angolanos, mas quenesse inquérito não foram constituídosquaisquer arguidos. O DepartamentoCentral de Investigação e Acção PenalDCIAP), dirigido por Cândida Almeida,não adianta mais pormenores sobreeste processo-crime, justificando quese encontra “em segredo de justiça”.
O activista angolano Rafael Marquesjá havia confirmado à Lusa que o Minis-tério Público português tinha em cursoum inquérito-crime, do qual é testemu-nha, sobre o envolvimento de altos diri-gentes angolanos em crimes de bran-queamento de capitais. Segundo o Ex-presso, trata-se de Manuel Vicente,vice-Presidente de Angola e ex-admi-nistrador da petrolífera Sonangol; o ge-neral Hélder Vieira Dias, mais conheci-do como “Kopelipa”, ministro de Esta-do e chefe da Casa Militar do Presidenteangolano, José Eduardo dos Santos; eLeopoldino Nascimento, consultor dogeneral “Kopelipa”.
Em Janeiro - e, depois, novamenteem Julho -, Rafael Marques depôs comotestemunha numa queixa apresentadapor um cidadão angolano residente emPortugal, que versava “uma longa lista”,de duas dezenas de cidadãos angolanoscom “investimentos e propriedades emPortugal” e que incluía “membros da fa-mília presidencial” angolana, entre osquais Welwitschea José dos Santos (co-nhecida como “Tchizé” dos Santos),uma das filhas do Presidente angolano.
Por outro lado, os nove generais an-golanos que Rafael Marques processouem Angola por “actos quotidianos detortura” nas zonas de extracção minei-ra das Lundas apresentaram queixa emPortugal contra o activista, que respon-derá por “calúnia e injúria”.
Os partidos têm estado em silênciosobre este assunto, mas ontem o Blocode Esquerda quebrou o tabu, com o lí-der parlamentar a dizer que o regimeangolano, “quando começa a ser donode parte de Portugal”, sente “dificulda-des” ao perceber que “ainda funciona oEstado de direito em Portugal”.
“Quando vêem algumas das principaisfiguras investigadas por parte do Mi-nistério Público sentem-se mal”, afir-mou Luís Fazenda, referindo-se ao edi-torial do Jornal de Angola de segunda--feira, em que se afirma que a aberturade um inquérito-crime “prejudica asrelações entre Portugal e Angola”.
Para o ‘Jornal de Angola’ “as elitespolíticas portuguesas odeiam Angola esão a inveja em figura de gente” e oeditorial considera que as referidaselites “vivem rodeadas de matilhasque atacam cegamente os políticosangolanos democraticamente eleitos,com maiorias qualificadas”. “Essebanditismo político tem banca em jor-nais que são referência apenas por fa-zerem manchetes de notícias falsas ousimplesmente inventadas”. ■
Cândida Almeida adianta que não foram constituídos arguidos. O activista Rafael Marques diz sertestemunha no inquérito e admite que pode estar em causa alegados crimes de branqueamento de capitais.
Pau
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O Departamento Central deInvestigação e Acção Penal
DCIAP), dirigido por CândidaAlmeida, não adianta
mais pormenores sobreeste processo-crime,
justificando que se encontra“em segredo de justiça”.
DCIAP confirma investigaçãoa dirigentes angolanos
Os partidos têm estado emsilêncio sobre este assunto,mas ontem o Blocode Esquerda quebrouo tabu, com o líderparlamentar a dizer que oregime angolano, “quandocomeça a ser dono departe de Portugal”, sente“dificuldades” ao perceberque “ainda funcionao Estado de direito”.
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Tiragem: 45851
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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País: Portugal
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Tiragem: 45851
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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País: Portugal
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País: Portugal
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Tiragem: 159027
País: Portugal
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Novo líder da China prometecombater a corrupçãoO novo líder da China, Xi Jinping, prometeu ontem «fazertodos os esforços» para combater a corrupção e outros«problemas urgentes» do país, exortando o Partido Comu-nista Chinês a «não descansar à sombra dos seus louros».«Sob novas condições, o nosso partido enfrenta muitosdesafios sérios e há também muitos problemas urgentesdentro do partido que precisam de ser resolvidos, particu-larmente a corrupção, o divórcio do povo, formalismos eburocratismo», disse Xi Jinping ao apresentar à imprensaa nova «liderança central» do país. «Temos de de fazertodos os esforços para resolver estes problemas. Todo opartido deve estar em alerta total», acrescentou.Foi o primeiro discurso público de Xi depois de ter sidoeleito secretário-geral do PCC. 1 lu
sa
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NEGÓCIO DOS SUBMARINOS
O julgamento das contra-
partidas dos submarinos
vai arrancar hoje, mas as
defesas já começaram o
ataque cerrado à acusação
do Ministério Público que
imputa a três gestores alemães de
uma poderosa multinacional (Horst
Weretecki, Antje Malinowski e
Winfried Hotten) e a sete portugueses
ligados a empresas que fabricam com-
ponentes para a indústria automóvel
(Pedro Ramalho, António Lavrador,
Filipe Moutinho, Jorge Gonçalves,
Rui Santos, António Roquette e José
Medeiros) crimes de burla qualifi cada
e falsifi cação de documentos.
Os advogados de defesa vão con-
centrar o ataque na alegada burla
qualifi cada, já que este é o crime
mais grave (punido com pena de pri-
são entre dois e oito anos) e o que
pode levar os arguidos à cadeia. Se
este ilícito caísse, mas a falsifi cação
de documentos fosse provada, difi cil-
mente os gestores cumpririam prisão
efectiva, já que a pena máxima é de
três anos de cadeia, que habitual-
mente fi ca suspensa.
As armas estão, por isso, aponta-
das para o crime de burla qualifi cada,
sendo o objectivo de várias defesas
demonstrar que as contrapartidas
“fi ctícias”, como lhe chama o Minis-
tério Público, foram entretanto substi-
tuídas por outros projectos reais. Por
isso, consideram que o Estado portu-
guês não teve um prejuízo, um requi-
sito essencial do crime de burla. Isto
porque antes de o contrato das con-
trapartidas ter terminado o primeiro
prazo de execução, em Outubro deste
ano, o Estado, através do Ministério
da Economia, substituiu quase todos
os projectos de contrapartidas.
Corrupção em investigaçãoA acusação sustenta que o consórcio
alemão que vendeu os dois subma-
rinos a Portugal não teve interven-
ção na captação de alguns destes
negócios e projectos, como se tinha
obrigado, fazendo, contudo, crer ao
Estado português que o fi zera. Este
tipo de contrato, designado de con-
trapartidas, é usualmente associa-
do à compra de material de defesa e
pretende compensar a economia do
Estado comprador face ao avultado
investimento feito (muitas vezes es-
tes projectos incluem a transferência
de tecnologia que permite ao Estado
comprador fazer a manutenção do
material). Contudo, uma directiva
europeia, que ainda não está trans-
posta em Portugal, vem proibir este
tipo de mecanismo de compensação,
esperando-se que o preço dos mate-
riais de defesa desça alguns pontos
percentuais, já que a captação dos
negócios tinha um custo para os
vendedores que o incorporavam no
preço fi nal do equipamento.
O colectivo de juízes das Varas Cri-
minais de Lisboa poderá não aceitar
a ausência de prejuízo do Estado por-
tuguês, já que um parecer do Conse-
lho Consultivo da Procuradoria-Geral
da República (PGR) foi chamado a
pronunciar-se sobre esta questão,
tendo defendido que, mesmo que as
contrapartidas fossem substituídas,
isso não afastaria o crime de burla. “A
substituição das pré-contrapartidas
fi ctícias por acordo entre o Estado e
o adjudicatário, o consórcio alemão,
não afastaria a prática do crime de
burla qualifi cada”, lê-se no parecer
publicado no Diário da República no
ano passado. Isto porque se consi-
dera que o prejuízo existiu, mas foi
entretanto compensado.
Chamam-se pré-contrapartidas
porque foram concretizadas antes
da assinatura do contrato, em Abril
de 2004, pelo então ministro da De-
fesa, Paulo Portas, tendo permitido
que a caução de 121 milhões de euros
que o consórcio alemão estava obri-
gado a depositar fosse reduzida para
106,5 milhões.
“Pode, porém, (...) conduzir à ex-
tinção da responsabilidade crimi-
nal, caso se verifi quem os restantes
pressupostos ou condições – além
da reparação integral dos prejuízos
– a concordância do ofendido e do
arguido e não haver dano ilegítimo
de terceiro”, afi rmam os nove ma-
gistrados que assinaram o parecer.
Até agora não parece, contudo, ha-
ver qualquer orientação no sentido
de o Estado desistir da queixa contra
os dez acusados. O parecer admite
ainda que a substituição das con-
trapartidas não repara totalmente o
prejuízo do Estado, o que, a ter efei-
tos no processo-crime, seria apenas
como eventual atenuante da pena.
Foram, aliás, estes especialistas que
Processo das contrapartidas dos submarinos começa hoje a ser julgado. Esta é a segunda vez que responsáveis de uma poderosa multinacional alemã, a Ferrostaal, são julgados por crimes relacionados com a venda de equipamento militar
sugeriam que o Estado substituísse
as contrapartidas fi ctícias por outras
reais antes do fi nal de Outubro, como
veio a acontecer, e que não esperasse
pelo desfecho deste caso. “Porém, ao
invés, se se aguardar pelo desfecho
do processo-crime, o Estado poderá
já não conseguir dirimir as questões
relativas ao contrato de contraparti-
das”, alerta-se no parecer.
Apesar do Conselho Consultivo da
PGR, a defesa dos três alemães já en-
tregou um requerimento a solicitar
que o tribunal notifi que o ministro da
Economia para disponibilizar o con-
trato de renegociação das contrapar-
tidas, em que se substituíram todos
os negócios que faltavam executar
(com excepção da recuperação da
empresa energética Koch Portugal)
e se alargou o prazo fi nal do acordo.
A defesa não terá entregue cópia do
contrato, cujos termos diz desconhe-
cer, porque haverá uma claúsula de
confi dencialidade que poderá obstar
Defesas vão tentar destruir acusação de burla qualificada
Mariana Oliveira
Advogados de Defesa após conhecerem a decisão instrutória do processo
A substituição das pré-contrapartidas fictícias por acordo entre o Estado e o consórcio alemão não afastaria a prática do crime de burla qualificada Parecer da PGR
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168milhões de euros foi o que o Estado pagou ao consórcio bancário que financiou a compra dos dois submarinos
832milhões de euros foi o preço final que o consórcio alemão recebeu pelos submergíveis comprados por Portugal
PEDRO CUNHA
o, em Janeiro de 2011
PERGUNTAS E RESPOSTAS
De que são acusados os arguidos?Os dez arguidos são acusados de dois crimes: burla qualificada e falsificação de documentos. Em causa está o facto de os acusados alegadamente terem feito crer ao Estado que os negócios que mantinham com empresas alemãs tinham na base a intervenção da Man Ferrostaal, uma das firmas que integram o consórcio que vendeu os submarinos. Isso permitiu que tais negócios fossem contabilizados como contrapartidas. O Ministério Público defende que estes negócios se enquadravam no âmbito das habituais relações comerciais das ditas empresas e diz que o Estado foi lesado em 34 milhões de euros.
Quem são os acusados?São dez. Três alemães ligados a uma das três empresas que integraram o consórcio que vendeu os submarinos a Portugal e sete gestores portugueses cujas empresas fazem parte do agrupamento de empresas que fabricam componentes para a indústria automóvel (Acecia) que ficou com uma grande fatia dos projectos de contrapartidas dos submarinos. Os alemães são Horst Weretecki, representante da Man Ferrostaal que acompanhou a execução do programa de contrapartidas, Antje Malinowski, sua subalterna, e Winfried Hotten, o responsável que antecedeu a Weretecki. Os portugueses são Pedro Ramalho, na altura dos factos presidente da Simoldes; António Lavrador, então administrador da Ipetex; Filipe Moutinho, então presidente da Sunviauto; Jorge Gonçalves, da Amorim Industrial Solutions e então presidente da Comissão Executiva da Acecia; Rui Santos, então director comercial da Inapal Plásticos, António Roquette, então presidente da Inapal Plásticos, e José Medeiros, da Comportest.
Quem defende os arguidos? Estão envolvidas algumas das maiores sociedades de advogados do país. Os três
alemães e a Man Ferrostal são representados por advogados da Uría Menendez/Proença de Carvalho; outros três arguidos são defendidos pela Trocado, Perry da Câmara, Durães Rocha & Associados. O antigo juiz Amílcar Fernandes, advogado de Valentim Loureiro no Apito Dourado, faz equipa com António Cândido Natário na representação de Filipe Moutinho e Jorge Gonçalves. Miguel Cameira defende António Roquette e Rui Santos.
Esta é a única investigação aos submarinos?Não. Este inquérito surgiu a partir de um outro que investiga desde 2006 suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e branqueamento de capitais na aquisição dos submarinos. Esta investigação, que continua em segredo de justiça, tenta esclarecer as circunstâncias em que o Estado português comprou ao consórcio alemão dois submarinos, existindo suspeitas de que os representantes do Estado conduziram as negociações e celebraram o contrato de aquisição de forma a favorecer o consórcio alemão, por este lhes ter proporcionado vantagens patrimoniais relevantes. O Ministério Público tenta seguir o rasto de 30 milhões de euros pagos à Escom, antiga empresa do grupo Espírito Santo que foi contratada pelo consórcio para definir e negociar os projectos de contrapartidas. O Ministério Público suspeita de que parte dos 25 milhões de lucro que a Escom teve com este negócio terão servido para financiamento partidário ao CDS-PP. Este processo chegou a ter um arguido, Bernardo Diniz Ayala, advogado que trabalhava na sociedade de Sérvulo Correia (que assessorou juridicamente o Ministério da Defesa na compra dos submarinos), mas entretanto as eventuais responsabilidades penais do advogado no caso foram arquivadas. O inquérito prossegue agora sem arguidos.
à sua divulgação pública. A Ferrosta-
al também é parte no processo-cri-
me, sendo representada pelo mesmo
escritório de advogados que os seus
ex-responsáveis.
Recorde-se que um original deste
contrato, na posse do alemão que
representou a Ferrostaal, terá sido
roubado de um carro, no centro de
Lisboa, no passado dia 1 de Outubro
(dia em que foi assinado) enquanto o
responsável jantava com um amigo.
O visado participou o furto à GNR de
Sintra e o caso está a ser investigado
pela Polícia Judiciária por se tratar
de documentos de Estado.
Esta é a segunda vez que respon-
sáveis da Ferrostaal são julgados por
crimes relacionados com a venda de
equipamento militar. A partir da in-
vestigação portuguesa à venda dos
submarinos, a justiça alemã conde-
nou no fi nal do ano passado dois ex-
executivos da Ferrostaal a dois anos
de prisão, com pena suspensa, e ao
pagamento de coimas por suborno
de funcionários públicos estrangei-
ros, na venda de submarinos a Por-
tugal e à Grécia. A Ferrostaal, arguida
no mesmo processo, reconheceu as
práticas ilegais e aceitou pagar uma
coima de 140 milhões de euros à
justiça alemã. Em Portugal, a inves-
tigação das suspeitas de corrupção,
que começou em 2006 (e deu ori-
gem ao inquérito que chega agora a
julgamento), ainda se mantém em
segredo de justiça e, neste momento,
sem arguidos. A equipa que investi-
gou o caso foi entretanto decapitada
durante a instrução do processo das
contrapartidas, após a divulgação
pública da relação amorosa entre a
procuradora adjunta, Carla Dias, que
auxiliou a titular dos dois inquéritos,
e o presidente da Inteli, José Rui Fe-
lizardo, que foi perito durante três
meses na investigação à compra dos
submergíveis e indicou os peritos no
processo das contrapartidas.
Está, neste momento, a correr
o prazo para que o consórcio
alemão pague os 1,3 milhões
de euros que o Ministério
da Defesa reclama a título
de penalidades por atrasos
na entrega dos dois submarinos.
O valor representa pouco face aos
832,8 milhões de euros que o Estado
português pagou ao consórcio ale-
mão pelos submergíveis. O ministro
Aguiar-Branco já notifi cou o forne-
cedor, mas este ainda não pagou a
multa. “Enquanto não for feita a en-
trega defi nitiva do último submari-
no, continua aberto o prazo para o
pagamento”, adiantou ao PÚBLICO
o assessor de imprensa do ministro
da Defesa, Nuno Maia.
A decisão foi tomada na sequência
de um parecer do Conselho Consulti-
vo da Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca (PGR), que esclareceu o ministério
sobre as regras contratuais que deve-
riam ser usadas para calcular o mon-
tante das penalidades. No parecer, os
magistrados dizem que o atraso foi
de 59 dias na entrega provisória do
primeiro submarino e de 19 dias no
caso do segundo, porque as penali-
dades só se começam a contar três
meses após ter terminado o prazo
de entrega de cada equipamento. “O
Estado português pode proceder à
aplicação, junto do fornecedor, das
penalidades contratuais pelo atraso
na entrega dos submarinos e pelo in-
cumprimento defi nitivo das especifi -
cações técnicas até ao momento da
libertação da caução, o que, por sua
vez, deve ocorrer até 30 dias após o
fi m do período de garantia [um ano
após a recepção provisória]”, lê-se
nas conclusões do parecer da PGR,
homologado pelo ministro Aguiar-
Branco no passado dia 12 de Junho
Estava previsto que a recepção
defi nitiva do segundo submarino,
o Arpão, ocorreria a 1 de Julho. Mas,
devido a pequenos problemas no
equipamento, o Estado recusou-se
a validar a entrega usando os 45 dias
previstos no contrato para especifi -
car defeitos do equipamento, o que
aconteceu em Agosto.
Estado multa consórcio em 1,3 milhões
Mariana Oliveira
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NEGÓCIO DOS SUBMARINOS
RUI GAUDÊNCIO
Primeiro dia vai ser marcado pela faltade tradução simultânea pedida pela defesa
Juíza aceitou pedido dos arguidos alemães, mas a sala onde vão arrancar as audiências não tem condições para fazer tradução simultânea. Técnico poderá ter de traduzir frase a frase, atrasando julgamento
O julgamento ainda não co-
meçou, mas já há várias ba-
talhas que se adivinham.
A defesa dos três arguidos
alemães que hoje deverão
comparecer no início do
julgamento das contrapartidas dos
submarinos, no Campus da Justiça
de Lisboa, pediu antes das férias
judiciais que o tribunal aceitasse a
tradução simultânea das audiências
em que estarão presentes os seus
clientes. Assim evitar-se-ia o recurso
a uma tradução por resumo ou por
frase, que inevitavelmente tornará o
julgamento mais demorado. A juíza
presidente, Judite Fonseca, acedeu
ao pedido, mas é sabido que o julga-
mento começa hoje numa sala que
não possuiu condições técnicas para
se realizar a tradução simultânea.
O PÚBLICO tentou junto da Procu-
radoria-Geral da República (PGR) e
do Conselho Superior de Magistra-
tura informações sobre as condições
em que o julgamento irá começar,
mas não obteve dados. A PGR ale-
gou que não tem responsabilidades
sobre a tradução, não sabendo infor-
mar se a profi ssional que traduziu a
acusação para alemão e esteve pre-
sente em algumas das audiências de
instrução iria acompanhar agora o
julgamento. O Conselho Superior da
Magistratura não conseguiu respon-
der em tempo útil, o que ocorreu
igualmente com a porta-voz do Mi-
nistério da Justiça, só ontem contac-
tada pelo PÚBLICO. Se o orçamento
das Varas Criminais de Lisboa não
comportar as despesas de tradução,
necessariamente avultadas (já que a
tradução simultânea exige um míni-
mo de dois profi ssionais que se vão
revesando), terá de ser o Ministério
da Justiça a aprovar uma verba espe-
cífi ca para o efeito. A libertação do
dinheiro está a cargo do Instituto de
Gestão Financeira e Infra-Estruturas
Mariana Oliveira
da Justiça, que, por vezes, demora al-
gum tempo a aprovar essas verbas.
Apesar de o pedido da defesa ter
sido feito antes das férias judiciais,
que começam a 15 de Julho, a respos-
ta da juíza que preside ao colectivo só
chegou a 7 de Novembro, o que terá
dado apenas uma semana e meia ao
tribunal para resolver esta questão.
Mesmo assim, e não tendo os advo-
gados sido informados sobre como
ia ser resolvido o problema, os juízes
não responderam a um pedido de al-
gumas defesas que pretendiam adiar
o início do julgamento. Por isso, hoje
os dez arguidos e os seus advogados
terão de estar presentes nas Varas
Criminais de Lisboa, sem se saber,
contudo, se o julgamento prossegue
amanhã e depois de amanhã, dias em
que já estão agendadas sessões.
Hoje, a primeira sessão será inevi-
tavelmente marcada por esta ques-
tão, que poderá impedir a progres-
são do julgamento ou atrasar o seu
normal andamento. Os advogados
dos arguidos alemães já informaram
o colectivo, através de um requeri-
mento, de que não aceitarão a tradu-
ção por resumo, o método utilizado
habitualmente pelos tribunais. Nes-
tes casos, os intervenientes do pro-
cesso, sejam arguidos, advogados
ou magistrados, interrompem com
frequência as suas declarações para
que o tradutor faça o resumo do que
foi dito. Face à sensibilidade do caso,
a defesa já adiantou que não aceita
este tipo de tradução e, no mínimo,
exige que a tradução seja feita frase
a frase, o que pode transformar um
julgamento de alguns meses num
caso que dure anos.
Não é a primeira vez que se levan-
tam problemas com as traduções
neste caso. Em Janeiro do ano pas-
sado, o juiz do Tribunal Central de
Instrução Criminal Carlos Alexandre
afi rmou no dia em que decidiu levar
todos os arguidos a julgamento que
não tinha dinheiro para pagar a tra-
dução das 950 páginas da decisão
instrutória. “Vamos pedir um orça-
mento à tradutora nomeada neste
processo e esperamos que seja pos-
sível fazer a tradução”, disse Carlos
Alexandre, que logo a seguir adian-
tou “que por si só o tribunal não tem
verba para pagar esta despesa”.
Na fase de instrução, os alemães
puseram em causa a qualidade da
tradução feita da acusação, um ar-
gumento que levou o Ministério Pú-
blico a explicar que a técnica, uma
funcionária da PGR, estava devida-
mente habilitada para o efeito e já
tinha feito inúmeras traduções sem
qualquer problema. À lista de pre-
tensos erros apontados pela defesa,
as procuradoras do Departamento
Central de Investigação e Acção Pe-
nal argumentaram que se tratava de
“diferentes palavras e/ou expressões
na tradução”, que podiam ser utili-
zadas sem retirar qualquer sentido
ao texto. Pelo que se nos apresenta
absolutamente indiferente a opção
que se tomar”, sustentaram, rejei-
tando as irregularidades invocadas
pelos advogados de defesa. O juiz
Carlos Alexandre não relevou esse
argumento, tendo confi rmado a acu-
sação nos mesmos termos em que
ela tinha sido proferida pelo Minis-
tério Público.
O julgamento, cujo início esteve
previsto para 17 de Setembro, foi
adiado pela juíza Judite Fonseca,
colocada na 6.ª Vara Criminal só em
Setembro, para se poder inteirar do
processo com 40 volumes e mais de
uma centena de apensos.
Julgamento começa hoje numa sala que não possuiu condições técnicas para se realizar a tradução simultânea
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O Estado terá que interpor
uma nova acção judicial
se quiser manter o pedido
de indemnização civil, em
que reivindicou quase 34
milhões de euros aos dez
arguidos do processo-crime das
contrapartidas e às várias empresas
envolvidas neste caso, incluindo
as três sociedade que compõem o
consórcio alemão que vendeu os dois
submarinos a Portugal.
A novidade decorre de uma deci-
são da juíza Judite Fonseca, da 6.ª
Vara Criminal de Lisboa, que acei-
tou, numa decisão proferida há dias,
retirar o problema da indemnização
do julgamento criminal. No despa-
cho, a juíza argumenta que, depois
de analisar as inúmeras questões
levantadas pelas defesas, está con-
vencida da “extrema complexidade”
da matéria e insiste que se corria o
risco de retardar o processo-crime
que já se arrasta desde 2008 e se
refere a factos ocorridos maiorita-
riamente em 2004.
A magistrada diz que a a opção de
julgar o pedido cível nos tribunais
criminais, como é a regra sempre
que a indemnização decorre de um
processo-crime, poderia ser prejudi-
cial para o próprio pedido do Estado.
As defesas fi caram satisfeitas com a
decisão, que lhes retira para já a pres-
são de terem de pagar uma indemni-
zação brutal no fi m do processo-cri-
me. E muitos advogados mostram-se
optimistas quanto à possibilidade de
o Estado desistir deste pedido. Isto
porque, ao assinar um contrato de
renegociação das contrapartidas, no
passado dia 1 de Outubro, o Estado,
através do ministro da Economia,
reparou grande parte (alguns consi-
deram todos) dos prejuízos que de-
correram da alegada burla imputada
pelo Ministério Público. Logo, não
fará sentido manter a reivindicação
integral dos 34 milhões de euros,
um montante que corresponde ao
valor acrescentado nacional (VAN)
que aqueles projectos deveriam ter
gerado na economia portuguesa.
Um parecer do Conselho Consulti-
vo da Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca, publicado no Diário da República
em Julho do ano passado aconselha-
va o Estado a substituir as contrapar-
tidas fi ctícias (ver texto principal)
como ocorreu. Mas já nessa altura
se alertava que, ao fazê-lo, isso teria
consequências no montante de in-
demnização exigida pelo Estado. “A
substituição das pré-contrapartidas
fi ctícias, nos termos desenhados,
coloca-se, é certo, no plano da re-
lação contratual, aliás, de natureza
administrativa, estabelecida entre o
Estado e o German Submarine Con-
sortium. Mas, naturalmente, verifi -
cando-se aquela ‘substituição’, tal
não poderá ser ignorado no cômputo
da indemnização a fi xar no processo
crime”, lê-se no parecer assinado por
nove magistrados.
Outro argumento usado pelos es-
pecialistas para defender a substitui-
ção dos projectos ditos fi ctícios foi o
facto de, na hipótese do Ministério
Público não conseguir condenar os
arguidos pelo crime de burla, o tri-
bunal não poder conhecer o pedido
de indemnização cível.
Para a defesa, esta questão deve-
rá ser discutida em tribunal arbitral
porque não se trata de um proble-
ma de responsabilidade contratual
que no âmbito do acordo assinado
entre as partes deve ser dirimido por
árbitros.
Estado terá que interpor novaacção se quiser reivindicar 34 milhões de euros
Mariana Oliveira
Mais acções à vista em torno dos submarinos
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JULGAMENTO, DIA 1ACUSADOS NO CASO DOS SUBMARINOS TENTAM DESTRUIR ACUSAÇÃO DE BURLADestaque, 2 a 5
RUI GAUDÊNCIO
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