Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 31-32

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Princípio da não tautologia incumprido

Planificar, anotar ideias antes de começar

Não fazer tão em cima do joelho

Alguns fizeram sobre outros poemas

Citaram toda uma estrofe (e não um verso)

Ler bem os enunciados

Não deixar de referir Bréchon mas talvez não o transcrever demasiado.

Leram mesmo o texto do poema?

Duas antíteses:

Epopeia (mas do fracasso, não, portanto, de glória);

Escrita feliz (boa), para dar conta da infelicidade.

modificador do grupo verbal

Sancho e Lívio discutem um com o outro sobre cavalos.

Que fazem eles um com o outro?Discutem sobre cavalos.

Sancho e Lívio discutem um com o outro sobre cavalos.

complemento oblíquo

*? Que fazem eles sobre cavalos? Discutem um com o outro.

A terminação mos da 1.ª pessoa do plural (andamos, andámos, andaremos, andámos, andávamos, andarmos, andaríamos) não é nenhum pronome, é um sufixo que nos dá informação sobre pessoa/número (dantes, chamávamos-lhe desinência pessoal) que integra a palavra. Não há, é claro, nenhum hífen a separá-lo do verbo.  

And á va mos radical vogal temática sufixo sufixo de TMA pessoal

T E M A

Basta flexionarmos a forma verbal nas outras pessoas para termos a certeza de que é uma palavra única:

quando eu fizerquando tu fizeresquando ele fizerquando nós fizermosquando eles fizerem

É verdade que também há expressões com o pronome -mos (contração de me + os), que deverá ficar separado do verbo por um hífen. Exemplo: «Tens os lápis? Dá-mos.»

Podes experimentar substituir pela 3.ª pessoa do complemento indireto (lhe): Dá-lhos.  Podes substituir por um nome a parte do complemento direto: Dá-me os lápis.

É mais comum o pronome -nos. (E nota que não há nenhum sufixo nos, portanto nos depois de verbo será decerto -nos.) Este pronome nos pode ser complemento indireto ou direto: «Dá-nos o lápis.» / «Deixa-nos sozinhos»  É substituível por lhe ou por o.Dá-lhe o lápis. / Deixa-o sozinho.

Há ainda um outro pronome -nos, que resulta de -os estar a seguir a uma nasal e precisar de uma consoante de ligação:

«Comam os kínderes» pronominaliza-se assim: [*Comam-os] > Comam-nos

As formas do Pretérito Imperfeito do Conjuntivo terminam em asse, esse, isse (repara que são palavras graves, como se vê de o a e o e serem tónicos): andasse, comesse, partisse:  Para verificar que é uma forma verbal simples, flexiona-se:

se eu andasse se tu andassesse ele andassese nós andássemosse eles andassem

A diferença relativamente às formas (indeterminadas) com um pronome -se é notável pelo som (a ou e finais — mesmo seguidos de hífen — são átonos):

anda-se || come-se || parte-se

Outro erro frequente relaciona-se com pronomes que estão em ênclise (portanto, depois dos verbos) depois de formas que terminavam em -r, -s, -z. Repara que a terminação do verbo cai (-r, -z, -s > Ø), passando o pronome a ter um l inicial (o, os, a, as > lo, los, la, las).

Pronominalizemos o complemento direto: 

Vou comer as castanhas. > Vou comê-las.

Tu bebes o leite com deleite. > Tu bebe-lo com deleite.

Amália vai amar aquela mala. > Amália vai amá-la.

Fez o merdelim do tepecê. > Fê-lo 

Nota que, frequentemente, é preciso pôr acento gráfico na vogal antes do hífen.

Problemas mais sofisticados vêm da mesóclise (que se usa apenas com o Futuro e com o Condicional).  Pronominalizemos os complementos diretos:

Entornarei o vinho sobre o linho impecável da mesa. || Entorná-lo-ei sobre o linho impecável da mesa.

Devoraria com gula trinta javalis meigos se tivesse dentes capazes. || Devorá-los-ia com gula se tivesse dentes capazes.

Amarão todas as moças bonitas do mundo. || Amá-las-ão.

Pontapearemos os dinossauros com charme. || Pontapeá-los-emos com charme.

Traríamos o passaporte dos duendes. || Trá-lo-íamos.

Diria o sermão. || Di-lo-ia.

Diluiria o diluente. || Diluí-lo-ia.

Corrijamos estas formas incorretas: * Comerá-se bem neste talho. || Comer-se-á bem neste talho.

* Zangarias-te comigo. || Zangar-te-ias comigo.

* Veremos-vos no inferno. || Ver-vos-emos no inferno.  

Complete-se, tendo em conta o que fica dentro dos parênteses: Se eu olhasse («Olhar» no Imperfeito do Conjuntivo) para cima, veria um céu toldado.

Olha-se (Presente do Indicativo e pronome de indeterminação) e vê-se só hipocrisia e penicos de prata.

Se comêssemos («Comer» na 1.ª pessoa do plural do Imperfeito do Conjuntivo) dicionários, não ficávamos com mais vocabulário.

Vês estas belas osgas? Leva-as (Imperativo de «Levar» + complemento direto pronominalizado) ao dentista.

Levamos as aulas muito a sério. Levemo-las («Levar» na 1.ª pessoa do plural do Presente do Conjuntivo + complemento direto pronominalizado) mais a brincar.

«Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada.» (vv. 1-3)

Tédio existencial 

«Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. / Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria» (vv. 46-47)

Associação da inconsciência à felicidade 

«Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? / Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!» (vv. 33-34)

Atitude de autoanálise 

«Fiz de mim o que não soube, / E o que podia fazer de mim não o fiz» (vv. 59-60)

Atitude de autoanálise

«Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada» (vv. 25-26)

Inadaptação à vida 

«Come chocolates, pequena» (v. 44)

Evocação nostálgica da infância 

«À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo» (v. 4)

Oposição sonho-realidade 

«Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.» (v. 14)

Oposição sonho-realidade 

«Não, não creio em mim» (v. 40)

Tédio existencial 

«Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz» (vv. 92-93)

Associação da inconsciência à felicidade 

«Estou hoje dividido entre a lealdade que devo / À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, / E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro» (vv. 22-24)

Oposição sonho-realidade 

«Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, / Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (vv. 50-51)

Dor de pensar 

«Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (v. 51)

Inadaptação à vida 

«Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes» (v. 49)

Associação da inconsciência à felicidade

No texto de Valter Hugo Mãe, o narrador faz intervir como personagens figuras referidas pelo sujeito poético de «Tabacaria», o Esteves e o próprio dono da tabacaria. Também parece ser protagonista Pessoa, identificável com o nosso poeta. Pelos vistos, em A máquina de fazer espanhóis, o autor inspirou-se no universo pessoano, como aliás já tinham feito outros escritores (por exemplo, entre outros, José Saramago, em O ano da morte de Ricardo Reis).

TPC — Lê «Camões e Pessoa: cantores do Império» (p. 197); «Pessoa e o novo sonho português» (p. 199); «A organização simbólica de Mensagem» (p. 203).