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ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 46

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«Não sei ser triste a valer» (p. 160)

Na primeira quintilha, o poeta declara a sua incapacidade para ser, verdadeiramente, triste ou alegre. Esta incapacidade deve relacionar-se com o facto de pensar (incompatível, portanto, com «ser», com sentir).

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Tal como as flores florescem sem querer, também o poeta pensa, tem consciência. Morrerá como as plantas («Quando o Fado a[s] faz passar, surgem as patas dos deuses / E a ambos nos vêm calcar»). Até lá, resta às plantas florir e ao poeta pensar.

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«Cansa sentir quando se pensa» (160)

Pensar traz cansaço ao sentir. Reporta-se o poema, portanto, à dor de pensar, provocada pela intelectualização do sentir.

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A incapacidade de viver a vida («não poder viver assim»), o enigma do ser («não sei quem hei-de ser»), a ilusão do real («Pesa-me o informe real») são outros motivos pessoanos. O verso final é um paradoxo, tão ao gosto de Pessoa, que renega o que se disse atrás e é quase contrário do primeiro verso da terceira quadra: «Tudo isto me parece tudo».

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«Sonho. Não sei quem sou neste momento» (160)

Todo o poema parece ser a expressão do desconhecimento do eu («Não sei quem sou neste momento»). Esse desconhecimento conjuga-se com a desistência, a anulação completa: o verso «Nada quero nem tenho nem recordo» nega qualquer futuro, presente ou passado.

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«Bóiam leves, desatentos» (p. 162)

O sujeito poético observa-se a si mesmo. Observa os seus pensamentos — que considera irrelevantes («coisas vestindo nadas»; «pós»; «leve mágoa», «breve tédio») — como se estes tivessem existência autónoma.

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«Tudo que faço ou medito» (162)

Ao confrontar o que deseja fazer com o que consegue realizar, o sujeito poético nota a total falta de coincidência: «Querendo, quero o infinito. / Fazendo, nada é verdade.». Isso provoca-lhe repugnância: «Que nojo de mim me fica!». Vê-se como um mar de sargaço, fragmentado. Enfim, o poema é um exercício de auto-análise, em que o próprio conhecimento de si parece revelar a impossibilidade do conhecimento: «Não o sei e sei-o bem».

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