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ETEHL - RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS: TÉCNICO DE ESTRUTURAS NAVAIS CAPÍTULO 2 LEI DE HOOKE - ELASTICIDADE A LEI DE HOOKE O cientista inglês Robert Hooke, em 1660, foi quem estabeleceu a Lei Física que recebe o seu nome, relacionando a Tensão atuante num material com a Deformação sofrida pelo mesmo. Para pequenas deformações, Hooke estabeleceu que existe proporcionalidade linear entre a tensão atuante e a deformação ocasionada por ela, criando um fator de proporcionalidade denominado Módulo de Elasticidade Longitudinal (E) do material, ou Módulo de Young . Sendo o material bem elástico, a proporcionalidade estabelecida pela Lei de Hoke se estende por grandes valores de deformação, o que somente ocorre nos caso das borrachas, molas e afins. Para os metais em geral, essa proporcionalidade se dá apenas para deformações relativamente pequenas. Em alguns deles, nem se pode dizer que haja proporcionalidade, caso em que os pesquisadores arbitram uma constante de proporcionalidade, como se verá adiante. O gráfico ao lado é resultante de um ensaio de tração realizado num aço de baixo carbono típico. No eixo vertical, são lançados os valores da tensão normal aplicados no corpo de prova ( = F / A) e, no horizontal, os valores das deformações específicas ( = l / l o ). 21 9946-6660 23 = E x Os valores realmente medidos são os da força aplicada (F) e os das deformações sofridas pelo corpo de prova (l). A transformação

0 Cap 02 Res Mat - Lei de Hooke 34

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trabalho sobre resistencia dos materiais

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RESISTNCIA DOS MATERIAIS X

ETEHL - RESISTNCIA DOS MATERIAIS: TCNICO DE ESTRUTURAS NAVAIS

CAPTULO 2

LEI DE HOOKE - ELASTICIDADE

A LEI DE HOOKE

O cientista ingls Robert Hooke, em 1660, foi quem estabeleceu a Lei Fsica que recebe o seu nome, relacionando a Tenso atuante num material com a Deformao sofrida pelo mesmo.

Para pequenas deformaes, Hooke estabeleceu que existe proporcionalidade linear entre a tenso atuante e a deformao ocasionada por ela, criando um fator de proporcionalidade denominado Mdulo de Elasticidade Longitudinal (E) do material, ou Mdulo de Young.

Sendo o material bem elstico, a proporcionalidade estabelecida pela Lei de Hoke se estende por grandes valores de deformao, o que somente ocorre nos caso das borrachas, molas e afins.

Para os metais em geral, essa proporcionalidade se d apenas para deformaes relativamente pequenas. Em alguns deles, nem se pode dizer que haja proporcionalidade, caso em que os pesquisadores arbitram uma constante de proporcionalidade, como se ver adiante.

O grfico ao lado resultante de um ensaio de trao realizado num ao de baixo carbono tpico.

No eixo vertical, so lanados os valores da tenso normal aplicados no corpo de prova ( = F / A) e, no horizontal, os valores das deformaes especficas ( = l / lo).

Alguns pontos de interesse devem ser destacados no grfico Tenso x Deformao, aqui repetido para facilitar a consulta pelo aluno:

1. O trecho do grfico situado entre a origem e a regio assinalada com a letra A uma reta (ou se aproxima muito de uma reta) e onde se aplica a Lei de Hooke.

Portanto, nesse trecho que vale a relao .

(equao da reta: y = ax + c)

2. Os aos, em geral, apresentam, na regio marcada por A, um comportamento irregular em sua curva tenso x deformao. Esta regio denominada escoamento.

A tenso associada a esse ponto denominada tenso de escoamento. Esta a tenso informada pelas normas e que utilizamos para fazer os clculos de resistncia mecnica da pea, pois no interessa ao projetista que haja deformao permanente nas peas calculadas. Considera-se que no haver deformao permanente na pea enquanto a tenso atuante estiver abaixo da tenso de escoamento.

A sua representao feita por e ou por y (do ingls yield).

3. Limite de Proporcionalidade: um pouco antes de iniciar o escoamento, o ponto P assinala o fim da proporcionalidade entre a tenso e a deformao. Teoricamente, a partir deste ponto que cessa a linearidade entre a tenso e a respectiva deformao.

4. O ponto final do grfico, marcado com um X, assinala o valor da tenso com o material rompeu-se no ensaio de trao. A tenso associada ao ponto X denominada tenso de ruptura. representada por r.

As normas tambm informam esse valor. Ver o extrato abaixo da norma ASTM A-131 correspondente ao Ao Naval.

5. Elongao: trata-se do valor total da deformao sofrida pelo corpo de prova durante o ensaio de trao, calculada em percentagem do valor inicial do corpo de prova. As normas tambm informam esse valor.

A LEI DE HOOKE PARA MATERIAIS FRGEIS

Materiais frgeis ou muito duros, como o ferro fundido, no apresentam a regio de escoamento em seu grfico tenso x deformao. A curva obtida nos ensaios desses materiais tem a aparncia mostrada na figura ao lado.

Para contornar o problema da falta de escoamento, foi convencionado adotar-se um ponto de escoamento obtido da seguinte forma:

1. Traa-se uma tangente curva tenso x deformao pela origem (A);

2. Marca-se, sobre o eixo , a deformao correspondente a 0,2% da deformao total (B);

3. Pelo ponto B, traa-se uma paralela a A, at tocar a curva, determinando o ponto C;

4. O ponto C o limite de escoamento do material.

A figura da prxima pgina nos mostra o esquema de uma mquina para a execuo de ensaios de trao ou compresso. O vdeo que veremos em sala, em adio, nos dar uma melhor compreenso do funcionamento deste equipamento de ensaio.

Esquema Tpico de um Equipamento de Ensaio de Trao/Compresso

ELASTICIDADE

Vimos acima que a relao entre as tenses e deformaes nos leva a concluir que, at o limite de proporcionalidade P, a tenso varia linearmente com a deformao especfica , o que nos permitiu escrever:

sendo a constante de proporcionalidade E denominada mdulo de elasticidade longitudinal (ou mdulo de Young) do material. Este mdulo tem a mesma dimenso de tenso e, para o ao, E = 210 x 109 N/m2 = 210.000 MPa).

Vamos, agora, relacionar a deformao sofrida por um corpo fora que originou essa deformao, supondo que o corpo seja uma barra com comprimento inicial l0.

Substituindo, na equao acima, por N/A e por l/l0, temos:

Observa-se tambm, experimentalmente, que as deformaes transversais (so proporcionais s longitudinais (), ou seja:

relao que define outra propriedade elstica do material, o coeficiente de Poisson o sinal negativo caracteriza o fato de que as deformaes laterais tm sentidos opostos as deformaes longitudinais). O coeficiente de Poisson uma grandeza adimensional (que para a maioria dos materiais varia entre 0,25 e 0,33, tendo o valor 0,30 para o ao).

Observaes experimentais atravs de ensaios de toro, permitem constatar que as tenses tangenciais () so proporcionais s deformaes por distoro (), at certos limites, ou seja:

sendo G o mdulo de elasticidade transversal (ou mdulo de rigidez) que, para o caso dos corpos fluidos, tem valor nulo.

A compatibilidade geomtrica dos deslocamentos lineares e distores de um elemento permitem estabelecer uma relao entre as propriedades elsticas acima definidas, a saber:

Tenses Admissveis. CoeficienteS de Segurana.

As tenses atuantes nos elementos de uma estrutura ou mquina devem ser mantidas suficientemente afastadas dos valores limites do material, a fim de se obter certa margem de segurana para compensar as simplificaes feitas nos esquemas de clculo, na incerteza nos valores dos carregamentos admi-tidos e nas propriedades mecnicas dos materiais utilizados, e ainda, visando a salvaguarda contra danos materiais e contra pessoas decorrentes de um acidente.

As tenses que sero consideradas como limites so especficas para cada caso. Por exemplo: no ao para molas, a tenso limite a de proporcionalidade; ao estrutural, a tenso limite a de escoamento; no ferro fundido, a tenso limite a de ruptura.

Por exemplo, a tenso normal mxima de trabalho que se admite atuar num elemento carregado chamada tenso admissvel, e dada por:

onde a tenso normal e n o coeficiente de segurana, parmetro adimensional que introduzido no projeto e cujo valor baseado na experincia do projetista e em normas tcnicas reguladoras.

O valor do coeficiente de segurana n pode ser obtido pela multiplicao de trs fatores cumulativos, atravs da expresso:

n = k1 . k2 . k3 O fator k1 est relacionado s propriedades dos materiais utilizados.

O fator k2 funo da natureza e do controle do carregamento admitido.

O fator k3 depende da gravidade dos danos pessoais e materiais que possam surgir de um possvel acidente.

As tabelas abaixo apresentam os valores para os fatores k que podem ser utilizados no projeto de estruturas e mquinas.

Na construo de elementos de mquinas com materiais metlicos, os coeficientes de segurana utilizados variam, em geral, entre 1,5 e 2,0. Em estruturas de madeira ou de concreto, normalmente, so adotados coeficientes de segurana entre 2 e 4, enquanto que, para construo em pedra, esses coeficientes podem atingir valores entre 4 e 6. Neste curso, os valores de n sero sempre fornecidos.

As normas tcnicas costumam estabelecer os critrios para a escolha de tais coeficientes.

EXERCCIOS

1- Resposta: l aprox 0,015 cm

2 - Resposta: aprox. 750 N

3 - Resposta: aprox. 1.630 N

4 -

Resposta: aprox. 50 MPa

5 -

Resposta: 4 mm

6 -

Resposta: Carga de Ruptura: 98.000 N

7 -

8 -

Bibliografia

1. Resistncia dos Materiais Apostila, SENAI. Rio de Janeiro, 2008.

2. Resistncia dos Materiais Apostila, Carlos F. Pamplona. Rio de Janeiro, 2006.

3. Resistncia dos Materiais William A. Nash, McGraw-Hill. Rio de Janeiro, 1982.

r

e

C

A

B

0

8

1 cilindro e mbolo

2 bomba hidrulica (medidor de vazo)

3 mesa (chassi) mvel

4 corpo de prova para trao

5 corpo de prova para compresso

6 mesa (chassi) fixa

7 manmetro (medidor de presso)

8 fluido hidrulico

6

5

4

3

2

7

1

x

x

= E x

l

E

A x

=

________

N x

l

E

________

A

=

l0

N

________

N

N

l = l0 + l

l0

P

l

Ex

l0

t

LQ

0,5m

2,5m

3m

Considerar a viga com 32 kg/m.

G

G = E / 2(1 + )

Usar Ferro Fundido Cinzento e Coeficiente de Segurana igual a 3,5

Resposta: 2,4 mm

(laminado a frio)

1040

adm = lim / n

Danos Materiais/Pessoais

K3PGGMGPG1,51,82,0G2,02,53,0MG2,53,04,0

Tipos de Cargas

K2BRMEsttica1,01,52,0Cclica1,52,02,5Dinmica

(choque)2,02,53,0

Propriedades dos materiais

K1BRMB1,02,03,0R1,52,53,5M2,03,04,0

Legenda:

Materiais - B: Bom; R: Regular; M: Mau;

Danos Materiias e Pessoais PG: Pouco Grave; G: Grave; MG: Muito Grave.

0

Os valores realmente medidos so os da fora aplicada (F) e os das deformaes sofridas pelo corpo de prova (l). A transformao para e se d em seguida, automati-camente ou por ao do pesquisador.

A

Elongaol l) x 100

= E x

r

e

X

Curva Tenso x Deformao

PAGE 31PAULO S. C. AGUIAR 21 9946-6660 [email protected]