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17 DE JULHO DE 2007 497º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense – AGROPACTO – TEMA: “Situação e Perspectivas da Cadeia Produtiva do Caju, no Mundo, no Brasil e no Ceará” PALESTRANTE: Engenheiro Agrônomo LUCAS ANTONIO DE SOUSA LEITE, Chefe Geral do Centro Nacional de Pesquisa Agroindústria Tropical da EMBRAPA. DEBATEDOR: Dr. MANOEL EVANGELISTA NETO, Gerente de Negócios da Agência Fortaleza-Centro do Banco do Nordeste do Brasil S/A

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17 DE JULHO DE 2007

497º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense – AGROPACTO –

TEMA: “Situação e Perspectivas da Cadeia Produtiva do Caju, no Mundo, no Brasil e no Ceará”

PALESTRANTE: Engenheiro Agrônomo LUCAS ANTONIO DE SOUSA LEITE, Chefe Geral do Centro Nacional de Pesquisa Agroindústria Tropical da EMBRAPA.

DEBATEDOR: Dr. MANOEL EVANGELISTA NETO, Gerente de Negócios da Agência Fortaleza-Centro do Banco do Nordeste do Brasil S/A

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SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Bom-dia a todos. Vamos iniciar nossa reunião. Convidamos o representante do Banco do Brasil, como anfitrião, para compor a Mesa; o

Subsecretário de Ciência e Tecnologia, Dr. Mauro; Deputado Hermínio Resende; representante do Bando do Nordeste; Dr. Sebastião Alves Teixeira, da Universidade; Dr. Jurandir Picanço, representando a FIEC; representante da SDA, Dr. César, por gentileza. Também o representante do Sebrae.

Quero cumprimentar a todos, pedir desculpas por não ter estado aqui na semana passada, em função de minha viagem a Brasília, de última hora.

O último ciclo foi relativo à defesa agropecuária, um ciclo de quatro palestras, com apresentação de um relatório que realmente vale à pena ser lido e que vamos mandar para algumas pessoas, para considerações e depois estamos pensando em se distribuir pelo auditório, não sei se teremos condições de fazer isso, porque é muito extenso. Mas, pelo menos para todas as autoridades ele será remetido. Estamos aqui combinando com o Deputado Hermínio como é que isso seria entregue às autoridades maiores.

Hoje estamos iniciando um novo ciclo de palestras, que foi interrompido, sobre a cultura do caju. Dada a importância da cultura no Estado do Ceará, este ciclo será longo. Não estou aqui com o detalhamento do ciclo, mas consta de uma primeira palestra sobre aposição do caju no mundo, no Brasil e no Ceará, que será apresentada pelo Dr. Lucas Leite. Teremos um debatedor do Banco do Nordeste, Dr. Manoel Evangelista Neto.

Depois teremos um outro painel que tratará especificamente da cajucultura no setor rural, a produção primária do caju. Esta será feita pelo Carlos Prado, representando os produtores e como debatedor, o Targino Bomfim.

Teremos um painel só sobre a indústria, aproveitamento da castanha e seus derivados, LCC e etc., depois do pedúnculo, a de arranjo institucional, que será feita pelo Mavignier França, e ao final teremos o fechamento dos painéis.

São esses cinco painéis, que mostram a importância que temos dado ao assunto. Nós solicitamos ao Deputado Hermínio para verificar se teríamos condições de fazer a apresentação dos resultados na Assembléia Legislativa. Poderemos até adotar a apresentação do GIAP sempre na Assembléia, dada repercussão que isso traz. Se poderíamos encontrar espaço para fazer essas apresentações. Certamente não seria na semana subseqüente, porque é preciso um certo tempo para a comissão que compõe o GIAP fazer o relatório. Isso acontecerá praticamente no final de agosto, ou início do mês de setembro. É o Crisóstomo que vai coordenar este GIAP, e será o relator do grupo.

Com esse sistema estamos implantando, em caráter definitivo a nova sistemática, que se demonstrou bastante eficaz, porquanto tem início, meio e fim. Agora é o GIAP entender que teria que ser inclusive o cobrador das ações, porque nós temos que tentar, todos aqueles que estão ligados à problemática se sentem responsáveis pela sua solução estão sempre presentes nessas reivindicações.

Quero fazer um apelo. Temos pessoas aqui que têm seu público no interior e que deveriam estar aqui para esta reunião. Poderíamos tentar trazer caravanas nos municípios, mas é preciso que haja a iniciativa. Porque os produtores teriam que estar aqui presentes, no Agropacto, e não só os produtores como meu amigo João Batista, o Carlos Prado, produtores de posses e de extensões de áreas maiores. Nós gostaríamos de trazer produtores médios, principalmente, e aqueles que forma atendidos pelo Projeto Caju, da Federação e do Sebrae.

Convidar o Dr. Lucas Leite, para iniciar a sua palestra. Eu acho que o Lucas dispensa apresentação, porque principalmente aqui neste Agropacto é um dos mais atuantes membros do nosso público e que tem colaborado de forma extremamente proativa conosco. SR. LUCAS ANTONIO DE SOUSA LEITE: Bom-dia a todos. bom-dia, meu amigos! Agradecemos, inicialmente à liderança do Dr. Torres de Melo, em determinar esse tema Caju para essa série de painéis do Agropacto. Essa relevância da cultura, a importância que ela tem para o Estado do Ceará, por si só já diz dessa determinação do Dr. Torres em incentivar esse ciclo de apresentações.

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Nós, da Embrapa, nos sentimos muito motivados a participar desse processo, pela oportunidade única de reunirmos nessa linha de trabalho, uma série de discussões que ao final vão trazer contribuições importantes para consolidar essa atividade no Ceará, no Nordeste e no Brasil. Como foi anunciado, estamos hoje trabalhando um panorama mais geral, um pano de fundo. Esse trabalho vai ser seqüenciado por outros painéis, que vão ter a oportunidade de aprofundar os segmentos e sistemas que vão ser tratados. Então, hoje não vamos cobrir todos os detalhes, todas as bases da atividade, porque isso será objeto de painéis subseqüentes. Mas, será importante trabalharmos esse pano de fundo, para começarmos a refletir, para depois podermos orientar os trabalhos. Nós tivemos para elaboração desta apresentação, uma contribuição importante, do Dr. João Crisóstomo, do Pedro Felizardo, do Fábio, e de tantos outros colegas da Embrapa. Vamos tratar de alguns antecedentes, traçar um breve diagnóstico, fazer uma mostra de tecnologias atuais e em desenvolvimento, para mostrar um pouco a potencialidade; apresentar alguns desafios, algumas propostas e uma sinalização de uma visão de futuro, que certamente será bastante melhorada ao final dos trabalhos. O caju tem uma relevância grande para nós, porque tem origem nordestina. E, encontramos, já a partir dos anos após o descobrimento, o registro de guerras ente tribos, pelo domínio das áreas do cajueiro. Isso é uma coisa que está na nossa história, mostrando já o caju como uma cultura estratégica para a sobrevivência dos indígenas, ao ponto dessa promoção de guerras pelo domínio das áreas. A partir dos navios negreiros, o caju foi levado para Goa, de onde se disseminou pela Índia e pela África. A Índia foi realmente quem primeiro fez o beneficiamento da castanha, visando exportação. Isso ocorreu em 1905.

Nesse período se levava quase dois meses para que uma partilha de amêndoa da Índia chegasse a Londres ou Paris. Essas amêndoas eram acondicionadas em caixas feitas com mangueiras e invariavelmente chegavam no destino cheias de fungos, com as amêndoas já ardidas. Em 1907 essas exportações foram abortadas, elas não faziam sentido, porque não havia tecnologia para garantir a preservação. Veio a primeira Guerra Mundial e após esta, a tecnologia de injeção de CO2 em latas permitiu o retorno dessa atividade. Vejam aí que, na verdade, temos ainda tecnologia do CO2 utilizada, apesar de se utilizar muito o vácuo. Isso foi na década de 1920, século passado. O domínio dessa tecnologia aqui viabilizou as amêndoas chegarem em bom estado. Com isso, à véspera da segunda Guerra Mundial, a Índia já exportava 13 mil toneladas de amêndoas, praticamente sozinha no mercado. O Brasil entrou nesse jogo em 1940, não pela exportação de amêndoa – interessante isso! – entrou no jogo a partir da necessidade do LCC. Quer dizer, com a segunda Guerra Mundial, o suprimento de LCC, que na época era estratégico para fabricação de lonas de freio, para óleo para motores de alta rotação, para tintas e vernizes, etc. Então, com o suprimento da Índia sendo complicado pela guerra, os Estados Unidos buscaram no Brasil o suprimento dessa matéria-prima. A Brasil Oiticica aqui do Ceará, foi criada em 1934, foi quem realmente deu vazão ao atendimento dessa necessidade. Dizem até que as primeiras partidas de LCC foram obtidas a partir das prensagens de castanhas sem tirar a amêndoa, quer dizer, amêndoa era refugo. A partir daí teve um período de incentivos à Brasil Oiticica, mas concentrou muitas das exportações em cima de mamona e oiticica e não deu muita atenção ao LCC, até porque esse LCC começou a ser restringido a partir do crescimento da matriz energética do petróleo. Portanto, só após 1960, aí já com o incentivo da Sudene, que nasceram as empresas que ainda hoje estão aí, como a Cione e a Cipa, que passaram a processar a castanha visando à exportação do LCC. Até 1983, basicamente a geopolítica do caju teve a exportação de amêndoa estava concentrada: o Brasil exportava para os Estados Unidos e a Índia exportava para a URSS. Então, existia uma divisão muito clara, e uma certa comodidade, tanto para a Índia como para o Brasil, que cada um tinha o seu mercado e destino já sacramentado. Nos anos 1990 o Vietnam entrou nesse mercado, como veremos na seqüência.

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Aqui, um breve relato sobre a Índia: - Atividade controlada pelo Estado, com foco em mão-de-obra intensiva e baixos salários, com

metade do suprimento, mais da metade, oriunda de compras juntas a países africanos. Esse aqui é um fator histórico que a Índia sempre dominou, outros países produtores, no sentido de organizar seu processamento a partir da compra da matéria-prima. - A Índia tem o Estado como fomentador, quer dizer, as políticas de reflorestamento, de aproveitamento de áreas marginais, compras governamentais, conselho de promoção de exportações, que é muito competente em fazer o marketing da amêndoa indiana. - Tem problemas, como às vezes nós, aqui no Brasil, quer dizer, os planos qüinqüenais deles, a Índia estaria produzindo cinco vezes o que ela anunciou. Mas, na verdade, são planos superdimensionados, que nunca, efetivamente, vão para campo da forma que são planejados. - Há também uma política de domínio da produção de outros países. Quer dizer, onde há castanha, Índia chega, comprando com preços elevados, até fragilizar uma possível indústria local. A África é um atestado disso. Tem uma estrutura de acabamento centralizada. Isso permite realmente faze rum trabalho de controle de qualidade final, e de promoção das exportações. - Tem manufatura descentralizada. O que dá uma capacidade muito grande de absorver matéria-prima de outros países, promover o processamento, sem necessariamente ter custos industriais mais elevados. Exportava, até 1982, comodamente para a URSS.

- A partir de 1983, ela passa a incomodar o Brasil de forma muito mais direta, com o acirramento pela disputa do mercado dos Estados Unidos.

No Vietnam: - Atividade controlada pelo Estado com foco em mão-de-obra intensiva / baixos salários. É

basicamente a mesma situação que ocorre para a Índia. - Posicionamento no pós-guerra: exportador de commodities. O Vietnam passa a produzir caju,

cacau, café, arroz, de forma muito competente, em termos de usos de tecnologias e colocando realmente o País como um exportador de commodities.

- Até década de 1980 não produzia caju. Praticamente não produzia, e foi uma arrancada fenomenal na década de 1990.

- Década de 1990: produção tecnificada – avanço para 2º produtor mundial, o que rapidamente fez com que o País chegasse ao segundo colocado mundial, desbancando, no caso, o Brasil.

- Ação coordenada e bancada pelo Estado. - Fábricas com uso intensivo de mão-de-obra. De forma que o modelo, tanto indiano como o do Vietnam, estão muito calcados nessa visão de uma

atividade voltada à exploração de baixos salários. O que, no longo prazo, é uma coisa que não se sustenta, e é oportuno para nós pensarmos exatamente alternativas que elevem a capacidade realmente de articularmos e organizarmos uma atividade que seja sustentável.

Dos dois países, maiores concorrentes nossos, nós temos um traço comum, que eles centram toda atividade deles na castanha, praticamente não trabalham o pedúnculo, que é sub-aproveitado. Nós temos então que olhar essa coisa de uma forma diferente, buscar faze ruma construção mais consolidada par ao Brasil nessa atividade, para fazer frente a essa concorrência.

No Brasil: - Base agrícola em grande parte extrativista. Hoje, infelizmente, ainda uma boa parte dessa área

nossa, desse nossos pomares, tem um tratamento de abandono, colocada como extrativista. - Plantios incentivados (SUDENE, IBDF, Campanhas Estaduais), a partir dos anos 1960. - Fábricas incentivadas (SUDENE) – castanha e pedúnculo. - Exportava comodamente para os EUA até 1982. - Mercado acirrado a partir de 1983. Então, vemos que em termos de nascedouro, o caju, tanto no Brasil como na Índia, no Vietnam,

tiveram sempre a questão do Estado muito fortemente centrado. O que acontece é que no Brasil, nós fomos deixando de ter esses apoios governamentais, e hoje temos que pensar nessa atividade de forma sustentável a partir da sua capacidade de se auto-determinar.

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Esse, para mim, é o grande desafio, quer dizer, nós estamos com concorrência lá fora, que têm apoio de políticas estaduais, bancadas pelo Estado e que nós temos que, a partir do nosso conhecimento, inteligência e capacidade de articulação, buscar tornar sustentável uma atividade, dentro desse parâmetro de competição.

Esse quadro resume a produção mundial de castanha e amêndoa de caju, dados de 2006:

Nessa primeira coluna, nós temos a produção mundial de castanhas. Então, o Brasil tem 295 mil

toneladas; os países da África Oriental, com 152; Indonésia, mais Cambodja, mais Tailândia, com 115. É a produção concentrada no período de setembro a janeiro.

Nos países que produzem no período fevereiro/junho, na Índia, temos a Índia com 320 mil toneladas, o Vietnam com 280 mil toneladas e a África Ocidental, com 476. Então, a África Ocidental, os Países da África Ocidental são os maiores produtores do mundo, totalizando 1 milhão 638 mil toneladas de castanha.

Agora, vejam nessa segunda coluna o que faz a diferença em termos dos países que compram castanha: quer dizer, o Brasil não compra matéria-prima; a África Oriental vende 97 mil toneladas, das 152 que produz; a Indonésia, Cambodja e Tailândia vendem 103, das 115 que produzem; a Índia adquire, além das 320 que produz, 555 mil toneladas; o Vietnam adquire 100, o que já o coloca numa condição de segundo colocado em relação ao Brasil. A África Ocidental praticamente vende toda a sua produção, de 476, vende 455.

Quer dizer, hoje, grande parte dessa indústria centrada na castanha, ela tem um movimento muito forte na questão da compra da matéria-prima. Há que se olhar, nesse processo, questões importantes como rastreabilidade, para países que vão adquirir matéria-prima de terceiros, dificilmente vão ter condição de assegurar qualidade na ponta, nos seus produtos, em função dessa especificidade.

Por outro lado aqui, vemos a questão da produção de amêndoas. Aqui falamos de mil caixas, e o Brasil,a partir dessas 295 mil toneladas, teve produção de 2 milhões 950 mil caixas, com consumo interno de 350 mil caixas e exportação de 2 mil e 600.

A África praticamente produz e exporta praticamente tudo, quer dizer, um consumo interno

basicamente inexistente; Indonésia, Cambodja processou e exportou tudo, o consumo interno é praticamente inexistente.

A Índia possibilitou a produção de 8 milhões 750 mil caixas, e vejam, um consumo interno de 4 mil caixas. Isso faz uma diferença muito grande! Vejam a situação do Brasil, que praticamente consome um

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percentual bem pequeno, quase toda nossa amêndoa para exportação, e a Índia, além de se ro maior comprador de castanhas do mundo, é um dos maiores consumidores da amêndoa, e também o maior exportador. Então, essa condição é realmente diferenciada.

O Vietnam, 3 milhões e 800 mil caixas, consumo interno também muito irrisória, mostrando aquela questão do poder aquisitivo interno como uma coisa que limita a sua capacidade de auto-desenvolvimento. E uma exportação de 3 milhões 760 mil caixas.

A África ocidental também tem consumo interno bastante pequeno e toda a castanha que lhe sobra é exportada.

Sendo que atualmente, no ano de 2006, tivemos uma produção mundial de 16 milhões 380 mil caixas, sendo quase 12 milhões de caixas destinadas ao mercado de exportação.

Certamente no painel relacionado com a indústria, o Dr. Antonio José vai trabalhar bastante isso, ma sé importante aqui lembrar que a amêndoa de castanha de caju é uma das mais populares nozes da categoria snack. Quer dizer, aparte de consumo como nozes de tira-gosto.

Aqui é um quadro trabalhado pela Nielsen, onde eles mostram que a amêndoa de castanha de caju está na segunda colocação em relação à questão de valor e também à quantidade de amêndoas dentro do mercado de nozes. Só perde aqui para o amendoim, que não é uma noz, mas entra nesse mercado, principalmente devido à atratividade de preço.

Em termos de quantidade, o amendoim tem um percentual bastante elevado, mas isso não se reflete na questão do valor.

E vejam que o grande, digamos assim, onde está realmente a concorrência da castanha de caju, estaria na mistura de nozes, onde a própria amêndoa de castanha de caju é utilizada como um fator de atração, um atrativo.

O Antonio José tem uns resultados recentes de pesquisas feitas nos Estados Unidos, e vou mostrar exatamente essa importância que a castanha de caju tem em termos de preferência.

No entanto, esse despertar, digamos, para trabalhar o marketing da amêndoa da castanha de caju se deve também a uma sinalização da Nielsen, que observou que a taxa de crescimento da amêndoa tem decrescido.

Olhando aqui o vermelho, que é o caju, a castanha de caju, ela a partir de outubro, novembro de 2005, ela passa a ter um crescimento negativo. Embora que a demanda de amêndoas esteja também decrescendo. Só que o caju tem caído mais.

Isso nos Estados Unidos, que é o principal consumidor. Então, esse aspecto aqui acho que foi o que acendeu a luz vermelha para que ocorresse a reunião

recente, agora em maio, na Flórida, reunindo a Índia, o Vietnam e o Brasil, para discutir uma estratégia para trabalhar o marketing do caju, associado à questão da saúde, pela grande vantagem que tem a amêndoa de castanha de caju, em termos de alimento nutracêutico.

Então, essa perspectiva aqui nos dá realmente uma sinalização importante para se trabalhar mais o marketing.

A questão do consumo, América do Norte, os Estados Unidos, o Canadá, um pouso o México, continuam realmente na liderança, com 50% da amêndoa consumida no mundo; a Europa, com 29%; Ásia e outros, com 21%.

Nós vamos estar tratando aqui, durante esses painéis do Agropacto, dessa cadeia produtiva, digamos assim, num primeiro momento trabalhar os insumos, o sistema de produção; depois, a indústria da castanha; depois a indústria do pedúnculo; e vamos entrar num quarto seminário, discutindo o ambiente institucional e organizacional.

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O mais importante desse processo é entendê-lo como dinâmico, onde as transações entre os

diversos segmentos é que vão fazer a diferença. Então, acho que a grande expectativa que nós temos é que cada segmentos desses vá trazer a sua

problemática, as suas demandas, suas potencialidades, e que busquemos exatamente fazer essa costura, fazer esse trabalho de relacionamento – como melhorar esse processo de relacionamento.

Uma das grandes questões que temos com relação a essa cadeia do caju é a dificuldade de articulação, a falta de políticas públicas, de organização da demanda.

Nós vamos, mais à frente, sinalizar que tivemos sempre grandes ações voltadas para a oferta, como distribuição de mudas, fazendo campanhas para aumentar a área plantada, mas poucas ações voltadas para trabalhar o alinhamento da demanda, a articulação e o melhor relacionamento entre os diversos atores que fazem a cadeia produtiva.

Então, nós precisamos superar exatamente o que chamamos de círculo vicioso desse agronegócio, que é um pequeno produtor isolado, não-tecnificado, com baixo nível tecnológico, que vende sua produção por meio de atravessadores e com isso aufere preços baixos e necessariamente não consegue ofertar uma matéria-prima de boa qualidade. Quer dizer, está crescendo a quantidade de castanhas com problemas, com pragas, com restos de cultura, com uma série de outros atributos que depreciam essa matéria prima.

Com essa matéria-prima de baixa qualidade, há uma limitação do rendimento industrial, o que afeta a qualidade final da indústria. E a indústria, hoje, recebe preços reprimidos, não só pela questão do câmbio, também pelo acirramento da concorrência. O que limita também o repasse de preços ao produtor.

Então, nós temos aqui um círculo vicioso no qual vimos insistindo há muito tempo. É um aspecto até que queremos chamar à atenção, porque eu acho que o principal resultado que se

espera dessa ênfase que está sendo dada ao caju, ao trabalho que vamos fazer nessas próximas semanas é exatamente como nos livrarmos desse ciclo vicioso. E certamente a nossa inteligência via sinalizar para que simplesmente não fiquemos aumentando a dose do remédio. Já estamos calejados de estar fazendo sempre a mesma coisa, sem conseguirmos nos livrar daquilo. É importante termos essa referência e pensarmos nesse processo, em como sair desse ciclo vicioso.

Temos hoje, como gargalos principais:

Insumos Produtores

Indústriado

pedúnculo

Indústria

da t h

Caju in natura Mercado local e nacional

Mercado local e nacional

Mercado de exportação

CADEIA PRODUTIVA DO CAJU

Ambiente institucional e organizacional (crédito, pesquisa, ATER, câmbio, comercialização, exigências sanitárias, demais normas e regulamentos)

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- Concorrência, depreciação da ACC e problemas cambiais. Um acirramento da concorrência. A entrada do Vietnam realmente desequilibrou bastante.

- Desperdício do pedúnculo (cajueiro gigante x alternativas de usos). Quer dizer, sempre se fala nisso, mas fica aquela coisa ad eternum, sem solução

- Preço elevado das mudas enxertadas (insumo básico). Isso, muitas vezes, por falta de uma política pública.

- Produtor: baixa produtividade e rentabilidade. Quer dizer, tem que se atacar esse problema de forma a buscar realmente uma solução.

- Desarticulação da cadeia produtiva (atravessadores, qualidade). Os atravessadores são colocados como um mal necessário, mas que são, na verdade, comerciantes que, ao buscar melhoria de lucro, eles comprometem a qualidade, eles depreciam a matéria prima junto ao produtor e tentam vender com preços mais elevados junto à indústria, o que torna realmente um processo que não carrega preocupação com qualidade. É sobre coisas dessa natureza que vamos ter que nos debruçar.

Mesmo com todas essas questões, nós destacamos que o caju é realmente uma cultura muito

estratégica. Por quê? - Produz na entressafra das demais culturas (set – dez). É o período mais crítico do ano e é onde está

sustentando muitos municípios, com oferta postos de trabalho na fase mais crítica da agricultura, e também gera empregos industriais (suco, doces, castanha).

- Safra flutua menos que as demais culturas (feijão, milho...), são culturas que sofrem muito com essa flutuação, e o caju flutua muito menos, a safra é relativamente estável.

- Recordista na pauta de exportação do Ceará. Inclusive sem importar praticamente nada. Então, o que vemos realmente aqui é que se jogou todas as fichas no caju, como grande solução, no

entanto, ele está presente aqui, em termos de receita, no final do ano. O desafio nosso é como preencher esses outros meses com atividades que sejam complementares e que possam, efetivamente, colocar, aproveitar a condição estratégica de ser uma cultura que está produzindo na fase mais crítica, quando nada se produz.

Então, esse é o grande diferencial: em vez de olhar o caju como ele só, ou estar focando só a castanha, é buscar preencher essas lacunas com outras atividades complementares e fazer então dessas atividades, uma condição estratégica de complementação da renda, da geração de emprego e da construção da riqueza do País.

Eu vou passar agora de uma forma mais rápida, a uma mostra de tecnologias atuais em desenvolvimento, que ao meu ver são importantes para situarmos as possibilidades e trabalhos que estão sendo feitos, de forma a mostrar potencialidade dessa atividade.

Então, uma primeira sinalização é o cajueiro-anão precoce. Nós temos, no conhecimento de todos, o cajueiro comum, com alturas bastante elevadas, comprometendo a qualidade do fruto ao cair no chão. E temos, desde 1983, clones de cajueiro-anão precoce, que permitem ter um controle maior dessa produção e produtividade, e ter um maior padrão, pela vantagem que esses clones oferecem. São onze, e estamos lançando mais dois este ano e certamente essa é uma riqueza importante que deve ser usada nessa exploração.

A questão do zoneamento pedoclimática do cajueiro é outro fator importante. As tecnologias de produção de mudas, de substituição de copas, do avanço da irrigação, controle

fitossanitário. Hoje nós temos trabalhos envolvendo já biologia molecular para fazer o controle de pragas. De formas que temos uma base de informação importante, que permite exatamente ter maior tranqüilidade em termos de produção.

Tecnologia de pós-colheita. O Dr. Carlos Prado foi pioneiro em utilizar essa tecnologia. Dada fragilidade do caju, em termos de armazenamento (menos de 4 dias), com a tecnologia pós-colheita, isso é possível ser elevado a 21 dias, o que abre um nicho de mercado interessante para muitos produtores.

Aqui uma imagem da Ceagesp, em São Paulo, tem o caju presente nas mesas dos grandes centros do País.

A questão do desenvolvimento de equipamentos, nós estamos hoje com uma máquina decorticadora automática no forno, praticamente, já desenvolvida todas as etapas da máquina, e estamos com apoio do Banco do Nordeste fazendo o desenvolvimento do sistema de alimentação semi-automático, coma nossa unidade de

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instrumentação agropecuária, com apoio também da Unicamp, e a parceria com uma empresa de Ribeirão Preto, fabricante de equipamentos de automação.

No LCC temos a parceria da UFC, olá o trabalho do Professor Carioca, que tem avançado bastante. A pasta da amêndoa de caju, como também uma tecnologia que hoje já está sendo analisada para

ser lançada como negócio. O pedúnculo, certamente não temos muitas estatísticas, mas vamos te rum painel só sobre a

indústria do pedúnculo e isso vai permitir que ampliemos a capacidade de exploração de todos esses produtos que podem efetivamente agregar renda ao produto. Aí estamos falando da fibra, do hambúrguer, de produtos à base de extrusão, da barra de caju, produtos tradicionais que podem ser melhor organizados em termos de produção; os não-tradicionais, como a desse corante, que está incubado, como uma possibilidade muito atrativa como pigmento natural, dentro de um mercado muito interessante; a exploração do caju com possibilidades culinárias. E estamos com pesquisas muito interessantes, no sentido da identificação dos compostos fenólicos, aprofundando conhecimento desse produto, trazendo a questão da caracterização de adstringência, fazendo a caracterização da atividade anti-oxidante. Isso como apelo de alimento funcional constitui aspecto realmente muito relevante.

A questão dos aromas, utilizando todo marcador de processamento. E para mostrar, temos hoje a

caracterização química e o correspondente desses aromas dentro do suco clarificado do caju. Isso pode abrir uma perspectiva bastante interessante, em se trabalhar o suco desodorizado, mantendo as suas qualidades nutricionais, e também entrar no mercado de aromas, a partir do seqüestro desses aromas.

A questão de análise para certificação de origem é também outro fator importante. Como também a questão da segurança alimentar, que é tão centrada, não só no controle de fungos que podem ocorrer nas amêndoas, como também toda a orientação feita pela produção integrada do caju.

LC-MS

quercetin 3-O-rhamnoside

[M]+ (m/z) = 433

+

rhamnose

quercetina

MS/MS (m/z)

303

146

Identificação dos compostos fenólicos

OOH

OHOH

OHOH O

PPeessqquuiissaass eemm aannddaammeennttoo

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Tecnologias voltadas para uso de membranas, utilizando mircrofiltração, obtendo realmente resultados muito interessantes, comparativamente às metas tradicionais, uso de tecnologia para armazenamento do suco natural, em condições de ambiente natural. Isso pode permitir realmente, uma mudança importante, por exemplo, na indústria da cajuína, quer dizer, esse produto entabuado, ele ser usado ao longo do ano, quebrando digamos assim, essa questão de fábrica de cajuína ser só fábrica de fundo de quintal; há possibilidade também, aí, fazendo análises setoriais, voltados para a questão de mistura de suco, aqui trabalhando goiaba, maracujá, acerola também, de forma que, esses tipos de estudos, nos dão a condição de sinalizar qual a percepção do consumido, a preferência em termos de determinado produto e se fazer também, com essa mistura, um melhor balanceamento de nutrientes, voltados para a questão funcional de alimentação.

A questão do pigmento já falei, e em síntese, a coisa seria transformar todas essas alternativas, todos esses avanços de conhecimentos, num negócio realmente sustentável. E um exemplo disso, foi a recente decisão do Presidente Nacional do Conselho do Sesi, de doar uma unidade móvel para ampliar esse trabalho. Estamos em um processo de licitação, mas há sinalização de que uma unidade móvel desse porte aqui, seria utilizada com os demais parceiros, para fazer a difusão dessas informações, principalmente de processamento, para garantir o suprimento de ingredientes, de matéria prima, para o fabrico, digamos assim, de práticas, que pudessem alimentar esse processo e a demanda.

Então, nós teremos um grande desafio nessa linha de explorar esse mercado, de uma forma mais ampla, não concentrar isso só no negócio da castanha. E para isso, estamos sugerindo dois eixos básicos: diversificar a produção, e aqui no sentido de utilizar consórcios, associação com outras culturas e associação com a pecuária, no sentido de preencher aquele espaço, digamos assim, do calendário, em termos da produção e avançar na questão do aproveitamento integral do cajueiro; não só da castanha, do pedúnculo, da lenha, da goma e de tantos outros.

Só ressaltando aqui que a superação desse atraso, ele não pode se dar com os mesmos remédios do passado. Quer dizer, nós tivemos um foco no passado em incentivos fiscais, distribuição de mudas, o plantio por castanha e tivemos como resultado, um crescimento da produção, mas não tivemos um crescimento da produtividade nem da rentabilidade do produtor.

Então, nesse presente e na construção desse futuro, nós precisamos organizar o equilíbrio da oferta e da demanda. Quer dizer, organizar a demanda, alinhar a demanda. Por exemplo, a produção de mudas, se nós tivermos um planejamento, tivermos uma demanda organizada, uma política pública, podemos ter uma redução de preço significativo. O desenvolvimento de insumos e novos produtos também, voltados como uma estratégia, para agregação de valor. O marketing, como um fator também, diferencial, desse processo. Com isso, nós vamos tendo um foco de organização na demanda, poder realmente organizar a oferta, em termos da produção de mudas e da qualidade, diversificação da produção, de aproveitamento integral e de uma articulação melhor das políticas públicas.

Já partindo aqui para o final, nós colocamos algumas propostas que seriam exatamente, de promover a diversificação da produção, dentro dessa linha que nós falamos,d e associação, de consórcios.

Organizar a demanda de mudas enxertadas. Isso aqui é um fator que no próximo painel vai ser bastante discutido; promover o aproveitamento integral do cajueiro. Aí nós temos realmente, muita novidade e podemos trabalhar muitas perspectivas.

Promover a ampliação e qualidade do consumo. Quer dizer, esse marketing que nos reportamos, relacionado com o Sindicaju, certamente, vai ser um fator diferencial. Produtos tradicionais e novos no mercado interno. Quer dizer, a barra de cereal, o próprio xarope, o suco funcional, uma compota qualificada. Quer dizer, têm vários produtos que estão surgindo e que precisam ser melhorados.

A retirada da amêndoa imprópria ao consumo do mercado turístico local. Quer dizer, isso depõe contra a expansão do nosso negócio.

Consolidar a imagem e identidade do produto. É um fator importantíssimo ter essa marca para o Ceará, principalmente, fomentar o processamento do caju e outras frutas, para viabilizar matérias primas.

Nós aqui estamos colocando, que não dá para fazer processamento, só do caju. Você olha para a indústria da castanha, ela compra a castanha para se manter produzindo durante o ano; quando olhamos para a indústria do suco, ela compra o caju, mas compra também, outras frutas. Então, não dá para pensar indústria, funcionando 3, 4 meses por ano. Isso é uma condição fundamental.

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O Dr. Jair Meneguele falou daquela unidade móvel, a primeira coisa que ele perguntou: “Temos condição de ter matéria prima durante o ano todo?” Matéria prima para os ingredientes, os pratos, para arte culinária. Essa é uma condição essencial.

Desenvolver novos produtos. Estamos hoje com o encapsulamento, usando a goma com pigmentos, aroma, coisas, a própria fibra dietética, que está na bancada da pesquisa para ser trabalhada, como empreendimento; articular os serviços públicos, como uma forma realmente, de organizar a demanda e orientação.

Eu termino, expressando aqui uma visão trabalhada assim de uma forma bem rápida, mas só para dar um sentido de que, nós, talvez. No final desse exercício, aqui desses painéis do AGROPACTO, possamos aprimorar uma visão e depois, trabalharmos, no sentido de alcançá-la.

Então, colocando aqui, que o Estado do Ceará, será referência mundial do caju. A exploração do cajueiro será realizada de forma moderna e competitiva, suplantando o atraso, pela exploração extrativista, possibilitando o aproveitamento integral do caju, amêndoa de superior qualidade, derivados do pedúnculo e do LCC com valor agregado, modelos agrícolas diversificados e auto-sustentável, com atividades complementares, viabilizando lucratividade para todos os agentes envolvidos na sua cadeia produtiva, potencializando as gerações de emprego, renda, impostos, o turismo e divisas para o Estado e para o País.

Eu inclusive, vendo essa questão da imagem, essa questão do turismo, como um fator realmente que pode ser um diferencial importante, deixaria como última palavra, a idéia de se criar um grande museu do caju? E esse museu, ele serviria e aí temos que trabalhar toda a nossa história do caju e projetar tora uma condição de futuro, para que possamos efetivamente, ter um orgulho dessa atividade, que está no princípio da nossa história, que pode efetivamente, ajudar a construir a riqueza e funcionar o Ceará e o Nordeste. Inclusive, se essa idéia vingar, acho que uma pessoa importante para ser contatada, seria o Jaime Aquino, eu imaginei, quando pensei no museu, pensei numa pedra fundamental, colocada pela Fundação Jaime Aquino, como uma coisa importante, para realmente, tornar um lastro e dar orgulho pra os cearenses e os brasileiros, nessa questão relacionada com uma cultura tão importante, como o cajueiro.

Eu acho que me excedi um tanto. Então, agradeço e fico à disposição, pra depois aprofundarmos alguma questão. Muito obrigado. (Aplausos) SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Nós cumprimentamos o Dr. Lucas e faremos as referências, após ouvir a palestra do Dr. Neto, que fará uma avaliação, ou acrescentará algo, naquilo que foi por acaso, omitido pelo Lucas.

Dr. Neto, a palavra é sua.

SR. MANOEL EVANGELISTA NETO: Muito obrigado, um bom-dia a todos: Eu acho que depois dessa palestra extremamente importante que o Dr. Lucas deu aqui, pouco

teríamos que acrescentar nesse aspecto mais global. O que gostaríamos apenas, de destacar, com relação ao Banco do Nordeste, é que casa muito bem

toda essa explanação feita, a partir da metade em diante, na diversificação, na busca de soluções, para os produtos oriundos do caju.

Então, o Banco do Nordeste entende perfeitamente isso, ele trabalha, no sentido de buscar junto aos demais órgãos, a superação desses gargalos que são apresentados em toda a cadeia produtiva. Uma das ações importantes nesse aspecto, é o apoio à pesquisa. O banco dispõe de recursos, através de alguns fundos, que poderíamos destacar, que, nos últimos 7,8 anos, foi disponibilizado para pesquisa, através desses fundos, pelo Banco do Nordeste, um valor superior a 4 milhões de reais. É uma visão do Banco que se faz extremamente necessária, o desenvolvimento de pesquisas, o aprofundamento da geração de novas tecnologias de produção e de beneficiamento, para que realmente, o produtor possa se viabilizar.

Nesse aspecto, tem um fato interessante. Ontem eu estava na Agência e atendi um produtor do Município de Horizonte, que foi financiado pelo Banco do Nordeste, uma operação em 2001, para implantação de cajueiro-anão precoce. E ontem ele veio saber, porque tem uma parcela ainda para pagar este ano, no final do ano e veio saber quanto é que seria uma previsão aproximada dessa parcela. E aí nós fomos conversando e ele colocava para mim, que já pagou aproximadamente, 40% do valor do financiamento que ele tomou e ele disse

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ontem, já tinha falado outras vezes, que ontem afirmou que teve, ao longo desse pagamento que vem fazendo, cada pagamento, se desfazer de algum ativo seu, para poder complementar, porque a produção não vem correspondendo, para gerar o retorno efetivo do crédito. Inclusive ele disse outra coisa ontem, Lucas. “Olha, até 1 ano e meio atrás, estávamos conseguindo vender o pedúnculo para São Paulo e esse mercado fechou. Não tem mais ninguém aqui hoje atuando no Estado do Ceará, para fazer essa compra do pedúnculo, para São Paulo”. Eu conheço, por exemplo, lá do Horizonte, do Pacajus, alguns produtores.

Há uma ascendência em termos de financiamento, um crescimento agora, nesses últimos 3 anos. Até porque houve um crescimento em todas as linhas de financiamento do Banco. O banco teve um período aí com poucos financiamentos, mas houve uma tendência significativa na área de crescimento na área de financiamento para o caju, de 2003 até agora, 2006.

Se analisarmos de 2000 a 2006, 95% das contratações de financiamento do Banco para caju, se concentram no ano de 2006. Vamos ter baixo nível de financiamento nos anos de 2000 a 2006. O Estado que vem se destacando nesses últimos anos em termos de demanda, é o Rio Grande do Norte, superando inclusive, o Ceará, na parte do financiamento para a cajucultura.

Um outro dado: nós financiamos de 2001 a 2006, aproximadamente, 150 milhões de reais, pra a cultua do caju, o Banco do Nordeste. 95%, como já disse, foi do segundo semestre de 2005 a ano d e 2006; foi nesse curto período. Desse montante, aproximadamente, 120 milhões foram para investimento e o restante, para custeio, 30 milhões.

Uma outra coisa interessante em termos de dados, é que desse montante, 104 milhões, aproximadamente, foram através da linha de financiamento do Pronaf, quer dizer, o mini e pequeno produtor rural. Nós estamos vendo um vazio dos maiores produtores, dos geradores realmente, de maior volume. É muito pequena a demanda de crédito para esses financiamentos.

Então, era isso que teríamos que acrescentar e colocar mais uma vez, o Banco do Nordeste, ao inteiro dispor naquilo que for necessário, para que se trabalhe, não só o financiamento, mas todo apoio à cadeia produtiva. O Banco entende a cajucultura, como uma cadeia extremamente importante. E nesse aspecto como o Lucas coloca, no consócio, na complementação, na geração da receita naquela período que não tem outro tipo de receita para o produtor. Ela é fundamental, para viabilizar melhor esse produtor, principalmente, esse cinturão que sta aqui, onde se explora o caju. Nisso aí, ficamos à disposição, para outros esclarecimentos. Muito obrigado. (Aplausos) SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Quero chamar atenção, para o Seminário do Caju, aqui está o bunner, que acontecerá em Aracati, de 25 a 27 de outubro. O seminário passou a ser itinerante e o Município que ganhou com melhores condições para atendê-lo, foi Aracati, e um seminário que tem dado uma boa repercussão, porque trata especificamente, do problema do caju e com uma grande participação. Eu aqui quero fazer uma referência especial ao esforço que o Araripe tem desenvolvido, para o êxito desse programa, co o apoio sempre incondicional da Embrapa, do Sebrae e da nossa entidade, a Federação e do Senar. Nós queremos agradecer agora, a palestra do Dr. Lucas e os comentários do Banco do Nordeste, através do Neto e dizer, que, o debate será realizado, o tempo é bastante generoso para ele e vamos apenas pedir que haja um disciplinamento. Nós não gostaríamos de ouvir palestras paralelas, gostaríamos de ouvir perguntas específicas, claras, objetivas. Gostaria então, de abrir as inscrições. Com a palavra o Dr. Aníbal. SR. ANÍBAL ARRUDA: Eu quero parabenizar o Dr. Lucas pelos conhecimentos demonstrados. Mas, a sua palestra foi muito acadêmica e nós devemos ser práticos. Eu me lembro, eu e o Dr. Valdino, procuramos o Dr. Torres de Melo, há 9 anos, sobre a carnaúba e o caju e ele disse: “Freqüente o AGROPACTO”. Eu nem sabia da existência. Há 9 anos eu venho freqüentando. Eu quero dizer para o Dr. Lucas, o seguinte: A realidade nossa nós só aproveitamos 5% do pedúnculo. A pergunta: Por que, já que nós temos uma gama enorme de utilização. Sabe por que é? Faz 9 anos de pesquisa. A nossa propriedade da família, produz 200 toneladas de castanha. Eu nunca consegui aproveitar o pedúnculo. Depois de pesquisas e conversar com eles, eles vão para debaixo do cajueiro, manda os filhos, tiram a castanha

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e deixam o caju para a vaca, aquele porco preto e os carneiros comerem o pedúnculo. Agora, você sabe que um ruminante comendo um pedúnculo com o suco, cria caroço no lume, que dá o mal seco, é uma estupidez. Eu estou há 5 anos mostrando para eles, fazendo reuniões e eles estão vendo que o gado deles não engorda, porque come caju. Enquanto nós não quebrarmos esse paradigma de que o ruminante comento o caju, o pedúnculo com suco, em que o tanino vai dar o lume, você não consegue com que eles criem. Eu fiz a seguinte proposta para eles: 10 centavos pelo quilo de pedúnculo. Não consegui comprar 1 quilo. O que estou fazendo agora? Criei uma oficina-escola, estou montando, onde vou apanhar o caju por minha conta, já que eles deixam lá. E a experiência que venho fazendo e já estive na Embrapa- Sobral, porque o BNB doou 100 mil reais para a Embrapa- Sobral, para estudar a palha de carnaúba, como ração pra ruminante. Até agora, eu telefono todo dia e não tenho resposta. Mas, eu já fiz a seguinte experiência. O pedúnculo do caju tem 13% de proteína, eu seco o caju. Então, o ideal é você aproveitar o pedúnculo do caju como ração para ruminante. Essa a grande possibilidade de você quebrar o paradigma, porque para cajuína, o caju não pode sr lavado, senão, a cajuína não fica boa, tem que ser tirado no pé. Então, o caju que fica no chão, pode servir para ração. Essa a idéia que dou. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO : Eu agradeço ao Dr. Aníbal. Com a palavra Dr. Peixoto. SR. ANTÔNIO BEZERRA PEIXOTO: Bom-dia a todos: Cumprimentar a Mesa, na pessoa do Deputado Hermínio e dizer da alegria de ouvir que tamanha e bela exposição do Lucas e do Neto. Mas, Lucas, a minha vivência na cajucultura, mostra que há uma lentidão muito grande, no trabalho de substituição de copa. Vejam, 95% do pedúnculo ainda é desperdiçada. O efeito que ele teria na produção, na produtividade, na geração de emprego, seria muito grande. Eu lembro que em 1992, eu trabalhava com o empresário João Batista, aqui presente e fomos à Embrapa, pra discutirmos uma parceria, para fazer a substituição de copa, num pomar de 3, 4 mil plantações e eu lembro que tivemos dificuldade, por conta do custo financeiro de fazer aquilo. Já são passados 15 anos e eu vejo com tristeza, que o trabalho de substituição de copa do cajueiro avançou muito pouco. O que fazer Lucas, em termos de políticas públicas, para que esse trabalho seja acelerado? SR. COORDENADOR TORRES DE MELO : Com a palavra Trajano, por favor. SR. JOSÉ TRAJANO: Vamos por etapa. Pessoal, o DVD que foi gravado aqui está pronto. Eu recebi um telegrama do Alvore me parabenizando e convidando alguém aqui do Pacto que queira ir para algum evento dele. É de graça, tem passagem de ida e volta e hospedagem. Está aqui uma obra prima, 20 reais, não é de graça, porque teve custo. Nós queremos agradecer a vocês todos que estão aqui, e aqui tem um DVD muito bem feito, muito bem elaborado, que é uma verdadeira aula de seqüestro de carbono e o etanol, principalmente, na cajucultura, que é a maior floresta que temos aqui, com relação ao carbono. Está aqui. Sabem quem é o garoto propaganda desse projeto? Quer saber, Dr. Torres de Melo? Sr. Engenheiro Dr. Cid Ferreira Gomes, Governador do Ceará. É o meu garoto propaganda, para explorar em qualquer lugar do mundo, com o meu DVD. Não, com o nosso DVD, porque não é meu, eu apenas idealizei. Foi feito aqui, o garoto propaganda está aqui. Falar do caju com o Trajano, faz até pena. Olha aqui uma obra prima da cajucultura. Um livro de arte. Aqui tem as soluções da cajucultura, Mas, fica para a próxima. Senhores, o Deputado Ariosto Holanda, ao longo da sua vida, até que enfim, acertou na vida. E sexta-feira nós estávamos almoçando e ele disse: “Trajano, está aqui aquele fato que você vem me cobrando, que são as mini fábricas, mini-usinas de beneficiamento para álcool. Está aqui. Projeto de Lei”. São 5 páginas, não vou ler para não demorar muito. Mas, vamos ter usinas de beneficiamento do pedúnculo do caju. Da mamona não, mas da mandioca e do pedúnculo do caju, nós vamos ter. Porque sem projeto, sem aprovação no Congresso nacional e sem dinheiro, sem subsídio, sem financiamento, não existe. Então, eu dei um ao Dr. Lucas, vamos debater esse assunto, está aqui. Não sou nenhum irresponsável, para trazer o nome do Deputado Ariosto

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Holanda, que é o pai do projeto das mini destilarias de álcool, seja lá para que for, até 10 mil litros. É um negócio sério; isto aqui é a solução do Nordeste, para resolver o problema da agricultura familiar. Então, Dr. Torres, muito obrigado. O assunto é sério, vamos discutir isto aqui e o pedúnculo do caju, por pior que seja a sua produção, não é possível ouvir o Aníbal dizer aqui, que 95% são desperdiçados. Vamos juntar esse caju e jogar dentro dessas mini-usinas e um desses que têm álcool. Não faz cachaça de álcool? Ou não existe álcool de caju? Por que não podemos aproveitar? E o Deputado se comprometeu e pediu que eu falasse aqui com o Dr. Torres de Melo e com todos nós aqui, que ele vem para o debate, fazer a apresentação e exposição desse projeto, que está rolando lá na Câmara Federal. Ele disse que pedisse ao Dr. Torres de Melo que na hora em que convidassem, ele estaria aqui. É o Ariosto Holanda o pai do projeto das mini destilarias de álcool. Muito obrigado e vamos votar o cajueiro-anão precoce, a substituição de copas e vamos aproveitar essa oportunidade, convidar quem tem dinheiro, que é justamente o Governo do Estado e trazer a pessoa certa, para dizer: vou topar a parada da revolução da cajucultura, porque eu acho que é por aí. Corta o cajueiro velho, vende a madeira e vamos fazer com que haja o novo precoce. Você sabe disso, não é Lucas? Eu luto por isso. Eu acho que o consórcio da mandioca com o caju, Peixoto, com o novo cajueiro e tendo a usina de fundo de quintal para fazer álcool, sem tr que vender só para a Petrobrás, o negócio vai funcionar. É uma luta, vai ser uma guerra, o Ariosto mesmo disse, que vai ser uma luta aprovar isso e essas usinas virem pra o Nordeste, com tudo que tem direito. Mas, Dr. Lucas, vamos trazer o Ariosto, vamos debater, vamos botá-lo na linha de frente, nessa fase da cajucultura, se é que isso é um projeto que pode ser útil para a cajucultura. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado, Trajano. Eu queria pedir, não é repreendendo o Trajano, mas que não houvesse palestras, que pudéssemos nos ater ao assunto, fazer uma pergunta objetiva, para que nós tenhamos os resultados esperados, senão, vamos passar das 10 horas, fica meia dúzia de pessoas, porque cada perguntador acha que tem o tempo à vontade. Eu vou ser agora inflexível; fazendo 3 minutos, eu corto a palavra. Infelizmente, não tenho aquele dispositivo que corta o som. Dr. Lucas, a palavra é sua. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: Agradeço aí então. Vemos que esse ciclo de palestras com o caju, vai ser muito instigante, pelo número de escritos e pelo tipo de envolvimento das pessoas, que são todas entusiastas do caju e todas realmente vão trazer suas propostas, suas sugestões. Eu gostaria então, de encaminhar a resposta para o Aníbal, porque realmente, essa questão da ração do caju, é uma alternativa muito interessante. Nós já temos trabalhos feitos pelo colega do Rio Grande do Norte, José Simplício, que avançou bastante nisso, temos também, já unidades de demonstração, sendo instaladas aqui no Ceará. De forma que, acredito sim, nessa sua maneira que trabalha aí, nessa sua oficina-escola, realmente, de trabalhar o caju e principalmente esse caju que é deixado a campo. Uma parte que avançou nesse trabalho, é do resíduo da indústria. Só que o resíduo da indústria é um percentual muito pequeno, é menos de 10%. Então, o que temos que trabalhar, é nesse caju que realmente, é deixado a campo. Com relação ao Peixoto, a questão da substituição de copas realmente é uma tecnologia que exige uma certa especialidade. Você tem que fazer o corte, tem que saber esperar a rebrota, tem que saber ter a competência para fazer a enxertia e isso normalmente, em nível da pequena produção, não é possível. Existem empresas viveristas já credenciadas, para fazer esse tipo de trabalho, que os limites são poucos e existe também a falta de uma política pública, que estimule isso aí, que faça essa organização. Nós estamos hoje com um pomar bastante senil e temos que refletir muito seriamente nessa questão. Se renovar com novas mudas, erradicando a cultura como um todo e aproveitando aí a lenha, como um ativo, ou fazer partir, para a substituição de copas. Eu acredito que é uma alternativa que deve ser pensada e jogada como uma proposta interessante. Com relação ao Trajano, que está trazendo aqui o Projeto de Lei do Deputado Ariosto Holanda, eu estive conversando com o Dr. Ariosto na semana passada e ele perguntava exatamente sobre essa questão do álcool do caju, nós temos uma análise que mostra que como uma atividade isolada, esse rendimento do álcool do caju, não é tão atrativo. Evidentemente, se trabalhado dentro de uma perspectiva de consórcio, da mesma forma estamos pensando um consórcio com amendoim, no caso para aumentar o rendimento da atividade, como a questão do biodiesel. Pode-se pensar na questão da mandioca, que já é um consórcio também, tradicional, como o cajueiro,

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no sentido de elevar a questão da produtividade do álcool. Mas, eu acho que neste momento, todas as atividades devem ser realmente contabilizadas pelo GIAP, de forma que possamos, no final, ter uma maturação de todas essas propostas, no sentido de construir propostas e soluções equilibradas e sustentáveis. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Com a palavra o Deputado Hermínio, para o novo ciclo de perguntas. SR. DEPUTADO HERMÍNIO RESENDE: Bom-dia a todos. Quero parabenizar os palestrantes, Dr. Lucas, Dr. Neto, por essa excelente aula que acabamos de receber. Serei muito objetivo, Dr. Torres. Eu, por várias vezes, estive lá com o Sr. Jaime Aquino e ele me dizia que o grande problema que tem com o pedúnculo é a conservação. E eu queria saber se a Embrapa tem algum estudo e se é viável economicamente essa conservação do pedúnculo, para podermos ter alimento durante todo o ano. E um comentário de 2 minutos, Dr. Torres de Melo. Eu vejo um grande problema na cultura do caju: a renovação desses cajueiros. Nós sabemos que é um plantio em torno de 45, 50 anos. E eu vou sugerir à Mesa Diretora da Assembléia, para fazer um projeto de indicação para o Governador Cid Gomes, no intuito de subsidiar o pequeno e o médio produtor de caju, para renovação desses cajueiros. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Nós é que agradecemos e achamos muito oportuno. Sobre esse assunto de substituição de copa, eu não sei se o José Ismar poderia acrescentar alguma coisa, sobre o problema da lenha. Ele ficaria inscrito para o outro bloco. Eu pediria, é uma exceção, porque é uma coisa nova que ele vai propor, não sei onde vamos incluir isso. Acho que no próximo debate, na próxima palestra, na parte de introdutor de produção, propriamente dito. Com a palavra, Picanço, por gentileza. SR. JURANDIR PICANÇO: Bom- dia a todos. Primeiro eu gostaria de parabenizar a excelente palestra que ele conseguiu condensar informações tão importantes, principalmente para nós, que não convivemos o dia a dia do setor. E eu sei até que é uma ousadia muito grande, estar me pronunciando aqui no meio de tantos conhecedores. Mas, eu reconheço, que a cajucultura tem uma importância para a economia do Estado e o que nós mais observamos, é que não há um tratamento compatível com essa importância. Gostaria de focar um dos pontos da a palestra do Lucas: a desarticulação da cadeia produtiva. Nós temos um produto de tanto valor, a castanha, num espaço, aonde não há o entendimento, não há um compartilhamento dos problemas entre os produtores e os processadores da castanha. Esse passo, normalmente, essa articulação pensa-se que poderá ser exercido pelo Governo. O Governo, aonde eu convivi por 40 anos no serviço público, tem uma característica, que temos que reconhecer. O Governo não dá continuidade aos bons projetos, há sempre a tendência da inovação e da mudança. Quantas e quantas iniciativas nós assistimos e iniciativas positivas, para o incentivo da cajucultura? E quantas iniciativas foram suspensas, foram modificadas e hoje o que nós vemos? Desde o descobrimento que estamos aqui caminhando com o caju e vemos essa desarticulação da cadeia. Eu entendo que há necessidade de se organizar alguma entidade, algum organismo, que tenha como foco, a promoção da cajucultura, independente da ação de Governo, mas evidentemente, para estimular a todo esse aparato que já existe, voltado para a cajucultura. A oportunidade que se tem do ambiente da Embrapa aqui, é propício a isso e o financiamento do Banco do Nordeste e de toda estrutura compatível com esse processo, é inaceitável que tenhamos chegado até agora, com essa desarticulação, onde o entendimento entre o produtor e o processador, só se dá na hora de estabelecer o preço da castanha. Existe isso, esse ponto da desarticulação e eu foco como sendo a questão principal a ser equacionada. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Por gentileza, Chico.

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SR. CHICO DO CALCÁRIO: Eu cumprimento a Mesa, em nome do Dr. Lucas e pela belíssima palestra. Na hora em que eu me dirigia, ouvi aqui uma palavra, lá vai vender calcário. Claro, é lógico. Pessoal é o seguinte: Hoje se fala no meio do pessoal de castanha, que o preço está baixo, o dólar está baixo, o preço não vale nada da amêndoa de castanha. Então, nós não temos produtividade. Ou nós vamos ter consciência de tratar os nossos pomares, torná-los produtivos. Então, não vai sair do que estamos propondo, com essas palestras que estão sendo dadas, muita coisa boa que têm mostrado aqui, mas acontece que continua no mesmo. Para eu não me alongar muito aqui, peço ao Deputado Hermínio, que vai solicitar do Governo do Estado essa parte de renovação de copa, que no seu relatório lá para o Governo, que começasse pela pequena, média agricultura familiar, a utilização dos corretivos. Eu não vou mais nem falar em calcário, mas dos corretivos, para ver se conseguimos alavancar a nossa produtividade. Porque se não colocar, não vamos alavancar de jeito nenhum. O que nós precisamos é produzir castanha. Nós temos talvez, os maiores pomares do mundo e todos esses pomares que estão aqui, da praia até a divisa do Rio Pirangi, toda essa divisa precisa ser trabalhada. Agora, se não se trabalha, se não se alimenta a planta, da maneira como é para se alimentar, não vai tr produtividade de maneira boa. Agora, eu gostaria e vou pedir ao Professor Lucas, através das suas palestras, algum lugar aonde já são do corretivo do calcário, para alavancarmos a nossa produtividade. Porque não adianta você botar uma planta nova, se você não vai dar o alimento dessa planta, equilibrar o PH dela e que não tem. Aí não vai ter anda, vai continuar a mesma coisa. Ao Banco do Nordeste também, pediria ao Deputado que chegasse junto ao Banco, que abrisse uma linha de crédito. E o que se nota na cajucultura, é que está todo mundo quebrado, sem crédito. A realidade é essa aqui. Vamos pegar esse pessoal que está nessa situação, que está todo mundo complicado, para ver se conseguimos alavancar, porque se não houver uma fonte de recurso novo, para injeção de novo nesse negócio aí, vai continuar na mesma coisa, ninguém vai sair da estaca zero. A castanha está num preço bom, o dólar está num preço bom, agora, a produtividade nossa, quem produzir 200 quilos de amêndoas por hectare, não justifica isso mais não, não compensa mais apanhar não, essa vida é um extrativismo. Não adianta fazer isso aí. Obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO : Obrigado Chico. Com a palavra Dr. Lucas. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: Deputado Hermínio Resende, foi muito oportuno o seu questionamento, com relação a essa questão da conservação do pedúnculo. Nós hoje temos bastante informação, não estou falando aí sói da questão do pedúnculo in natura, essa questão de cadeia de frios, de atmosfera modificada. Estou falando também de desdobramento desse pedúnculo, para aproveitamento em termos de culinária, em termos de matéria prima para a indústria, em termos de outras possibilidades, como pigmento, como a questão do aroma e outros usos mais novos. Mas, acho que a questão fundamental desse processo, não é que você tenha a tecnologia em si, a possibilidade de fazer isso, mas tornar isso viável. Nós recebemos há um mês uma solicitação da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, para a questão do xarope do caju. E nós estamos trabalhando; ainda não demos essa resposta, porque a resposta não pode sr dada só sobre o caju, porque o caju representa uma safra de 3, 4 meses e não tem nenhuma atividade industrial que se sustente se processando durante 4 meses, tem que ser estendido isso para viabilizar negócios e a partir daí descentralizar para mini-destilarias e unidades de processamento de frutas, que possam redundar em frutas desidratadas, em matérias-primas que possamos formular, como barra de cereais, fornecer para merenda escola. Então aí começamos a trabalhar a organização da demanda, viabilizando então a oferta. Então, acredito que demãos estar, nesse processo, avançando nessas questões, mas de uma forma sempre pensada, não no sentido de simplesmente levar a uma solução de oferta, mas buscar alinhar uma solução de demanda. Finalizando essas ações do caju, o senhor vai ter possivelmente até outras idéia de levar ao Governo propostas como essa da renovação dos cajueiros. É uma coisa básica, mas certamente vão aparecer outras questões importantes e interessantes para consolidar a atividade.

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Agradeço a manifestação do Dr. Picanço e realmente acho que ele foi no ponto. Nós tivemos um trabalho, anos atrás, sobre a plataforma do caju, se discutiu muito a produtividade do cajueiro como grande causa, e temos nessa linha que o senhor apresentou, a desarticulação da cadeia produtiva como que um fator básico, que não dá a liga. Então, acho que nestes seminários, vamos ter a oportunidade de discutir todas as dificuldades, potencialidades e sair desses seminários com a consolidação de uma proposta realmente de cadeia produtiva articulada. E aí eu acredito que nessa linha consigamos, efetivamente, avançar. Ao Chico, a questão de corretivo é básica, acho que no próximo seminário vamos estar discutindo o sistema de produção e fornecimento de insumos, vai se ro ponto alto para aprofundar essas questões. Mas, concordamos totalmente, essa produtividade que está aí, é em parte pela forma de não se manejar adequadamente a cultura, e certamente a falta de corretivo, de fertilizante, aquele mito de que o cajueiro é, antes de tudo, um forte, que não precisa de nada. Isso tem que ser desmistificado, para que possamos fazer uma cajucultura moderna e conseqüente. SR. MANOEL EVANGELISTA NETO: Quero dizer que o Banco do Nordeste dispõe de linhas de financiamento para a cajucultura, desde o custeio, investimento à agroindústria, para toda a cadeia. Para os mini produtores, pronafianos, todas as linhas do Pronaf e o FNE Rural, que atende perfeitamente, com taxas de juros a partir de 5% ao ano. Em relação ao que o Chico falou, o Banco do Nordeste só financia o cajueiro-anão precoce, inclusive obedecendo ao pacote tecnológico da Embrapa. Tem que ser clone, certificado, tem que ser o pacote tecnológico inteiro, em termos de correção de solo, daquilo que for necessário. Essa é a função e ação do Banco do Nordeste na cajucultura, ele cumpre fielmente a necessidade de uma renovação e de um melhoramento nos aspectos tecnológicos e de um pacote que venha gerar a produtividade que se espera. E é necessário inclusive para que ele pague o financiamento; quando o banco analisa, o faz pelo lado do produtor, mas também pelo lado de banco. Então, não tem sentido financiar a cajucultura da forma tradicional. O Banco financia qualquer ação que seja para modernizar e melhorar a produção de cajucultura, inclusive substituição de copas. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Passamos a outro bloco. Targino, por gentileza. SR. EGBERTO TARGINO BOMFIM: Bom-dia a todos. Quero parabenizar ao colega Lucas pela maneira objetiva como apresentou o tema, e fazer uma observação e uma pergunta. Com relação ao zoneamento pedoclimático, que foi citado como sendo uma das tecnologias que se trabalha, hoje, com o caju. E que temos tido uma série de problemas com zoneamento, em função da escala; daquela escala, que tem aquela escala de 1 para 2 milhões. E o que está acontecendo? Como o Lucas frisou, o caju é uma cultura que tem uma vantagem comparativa muito culturas nobres. E o que está acontecendo com o zoneamento? Nós temos muitas áreas no Estado, com vocação de clima, com vocação de solo, que não estão sendo cobertas pelo zoneamento, em função da escala. Então, isso é uma questão que acho que tem que ser resolvida: é o Ministério da agricultura junto com a Embrapa, junto com a Secretaria de Agricultura e tentarmos dessa forma, diminuir esse problema. Porque o que vemos são muitos produtores que chegam de determinado município, que sabemos que as propriedades deles têm muitas condições de plantar caju, mas eles na vão ter os benefícios para plantar caju, porque a área não é zoneada. Então, isso é uma coisa que poderia ser discutida, aqui em um desses dias que vamos ter da cajucultura. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado. Com a palavra João Batista. SR. JOÃO BATISTA PONTES : Bom-dia companheiros: Sou produtor de caju e queria fazer uma indagação. Primeiro, comentando para o Dr. Lucas: se não dá para o aproveitamento do pedúnculo, ou subproduto do caju da maneira como se desejaria, como está planejado, como está feito, como a Embrapa pesquisou e mostrou? Tudo é muito bonito, muito válido, tudo muito bem aceito, mas é porque quando eu estou produzindo, está todo mundo produzindo. É aquele problema sério. Como é que você vai vender, vai vender a quem? Por exemplo, no caso do fruto de mesa. O Dr. Manoel, do

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Banco do Nordeste, falou que um produtor chegou, estava terminando de pagar a conta e disse para ele que chegou a vender o pedúnculo lá em Horizonte e que não estava vendendo mais. É porque não tem consumo. Na minha Região de Cascavel, tem um Mané fruta que compra e leva para São Paulo, mas durante o período da safra, que são 3 meses, teoricamente, ou 4, ele compra 1 mês ou 20 dias. Aí termina e diz que não compra mais, porque encheu tudo lá, deu a doença, não sei o quê. E aí tem uma característica, Dr. Lucas. É que eu vendo uns pedúnculos bonitos aqui, dos novos tipos da Embrapa, mas que só botam o amarelado e o paulista não compra, porque diz que é subproduto. Aí tem que ter o vermelhinho e quem não plantou o vermelhinho, não vende caju. É a história que estou falando e é verdade, porque é da minha região e em qualquer município, é a mesma coisa. Então, o que indaguei aqui foi sobre mudança de copa. A minha situação, digamos, o que vou fazer? Arrancar o cajueiro, ou fazer a mudança de copa? Vamos fazer a mudança de copa. O primeiro problema que eu sentiria, era o que fazer com a madeira. Diz aqui o Dr. José Ismar, que qualquer projeto de mudança de copa, está previsto, um podamento que seja, você fazer o podamento, pelo custo da madeira que você tirou para vender, porque hoje, o Ibama liberou para vender. Mas, acontece que você já hoje, sem grandes projetos para mudança de copa, as cerâmicas não estão mais comprando madeira, porque têm madeira para o ano todo e digamos, teoricamente, se tenho 300 mil pés, você botando 4 toneladas por pé, para o cajueiro adulto dá tranqüilamente 4 ou mais toneladas o pé. Eu tirei 1 milhão e 200 mil toneladas de madeira de cajueiro para vender. Vou vender a quem, meu Deus do Céu? Como é que vai sr isso aqui? Só que você não vai fazer num mês, num ano, vai fazer em 10, 20 anos. Quer dizer, vai ficar uma cultura difícil. Todos os incentivos são válidos, são bons, como tem hoje na primeira página do Diário, dizendo aqui, o Incentivo pronafiano, plantar mamona e tudo, isso é muito válido, é muito aceito. Agora, mesmo, estamos atrás de conseguir com que a Conab compre a castanha do pronafiano, que é uma maneira indiretamente, de nos ajudar. Mas, agora, o que fazer? O sujeito tem uma proposta, tem quem diga aqui? O que eu ia fazer com essa madeira toda? Eu agradeço. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado João Batista. Com a palavra José Ismar. SR. JOSÉ ISMAR: Vou tentar ser o mais rápido possível. Dr. Lucas já colocou aí de uma forma extremamente competente as informações, que eu acho que os interessados na cajucultura estão com certeza, eu diria, até apreensivos, porque no momento, a cajucultura tem algumas dificuldades aí, para de fato trabalharmos, no tocante aos problemas que estamos revendo aí, com relação aí ao Mercado Internacional, o próprio aproveitamento interno, como já foi muito bem comentado aqui. Mas, vou tentar ser muito rápido, com relação à questão do aproveitamento da madeira. Em primeiro lugar, queria comentar aqui com o João Batista, que nós estivemos há uns 2, 3 meses, lá no Sindicato da Indústria de Cerâmica e o pessoal que estava na ocasião, inclusive, o Dr. Hermano Franco, vice-Diretor da Fiec, ele deixou bem claro que no momento em que houvesse a madeira, eles comprariam. A indústria de cerâmica, na verdade, ávida aí com relação à questão do aproveitamento da lenha e da substituição de copa, e não teria nenhuma dificuldade. Eu acho que é mais com relação à parte de organização que dificulta um pouco, a questão da logística, mas se tem madeira em quantidade, não tenha dúvida que a indústria de cerâmica ela adquire. Inclusive, está adquirindo aí, uma quantidade imensa da Serra, da Cascaju. Nós estivemos lá, eles estão fazendo um projeto muito grande, na Fazenda Retiro Grande e eles não estão tendo nenhum dificuldade, com relação à questão do aproveitamento da madeira. Pelo menos, isso foi constatado nessa nossa ida lá. O segundo ponto, nós estamos vendo se trabalhamos dentro de uma visão, para se aproveitar essa madeira, com fios mais nobres, a questão relacionada com a degradação; do aproveitamento da madeira, para utilização como composto orgânico. Inclusive, tem um projeto desse que está sendo financiado pela Universidade e pela Coelce e que eles estão trabalhando lá na Universidade Estadual do Ceará, num trabalho já relativamente avançado, do aproveitamento de podas urbanas, para fins de uso em compostagem orgânica. Então, no caso do cajueiro, fica mais fácil ainda, chegarmos e trabalhar dentro de uma visão de uma quantidade muito grande dessa madeira, que logicamente, vai sobrar na ocasião em que se faça a substituição de copa. Outro ponto também, é a questão relacionada também, com o aproveitamento da madeira, porque têm tecnologias nessa questão de briquetagens, que poderemos perfeitamente utilizar. Têm indústrias de briquetes lá no Sul, logicamente, que a quantidade de madeira que eles trabalham, é uma quantidade muito grande. Não sei

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se a quantidade de madeira que você colocou aí, que era muito grande para a substituição de copa, ela não será pequena para uma indústria dessa de briquete? Então, essas questões todas, elas deverão ser estudadas na nossa opinião, pelo grupo que vai na verdade, fazer propostas, pra o Estado e logicamente, para as Instituições, que vão compor essa articulação da cadeia produtiva. Então, têm oportunidades, com relação ao aproveitamento da lenha, através da substituição de copa. Ainda tem uma outra questão. O Governo, hoje mesmo eu estava lendo o jornal, ele está lançando um programa aí, para 60, 70 mil hectares, para a questão relacionada com o biocombustível e a substituição de copa é uma oportunidade, para integrar com esse programa. Eu acho que é possível chegarmos e trabalhar, com as culturas que o Governo vai trabalhar agora; com amendoim, gergelim e girassol principalmente, na Região do Litoral, se trabalhar em cima dessa vantagem. Eu diria, é acoplar ao programa de substituição de copa, com o programa de biocombustível. E finalmente, no tocante ao que o Dr. Lucas levantou, a questão relacionada com o museu, eu estava conversando com o Secretário Adjunto da Ciência e Tecnologia e ele comentou. “José Ismar, você pode utilizar o seu espaço e informar que a Secretaria de Ciência e Tecnologia, pode apoiar a questão relacionada com o museu da cajucultura”. E finalmente, as outras questões que foram levantadas aqui pelo Dr. Lucas, logicamente, volto a dizer, foram levantadas com muita competência, nós não vamos mais nos alongar, porque têm outros inscritos. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu agradeço ao Dr. José Ismar. Queria lembrar ao auditório. Nós teremos 5 ciclos de palestras. Então, muita coisa não pode se esgotar hoje. Esse assunto de aproveitamento, substituição de copa, tudo isso será o objeto principal da próxima palestra, que será apresentada da parte da produção primária e do aproveitamento. Então, aguardem um pouco a ânsia de querer esgotar a assunto, hoje. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: É que o caju é instigante mesmo, Dr. Torres o pessoal fica realmente ansioso. Então, cada segmento vai ser dissecado e aí é oportuno fazer esse aprofundamento. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Agora, que não deixem de analisar isso na próxima reunião, porque lá é o foco. Aqui é o que vamos fazer para o produtor sobrevier. Com a palavra Dr. Lucas. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: Eu agradeço o questionamento do Targino e queria dizer só dizer o seguinte, Targino. Esse zoneamento que falamos, que está realmente, baseado numa escala muito grande, 1 para 2 milhões, hoje estamos falando aí, do pedoclimático. E esse pedoclimático, ele está sendo hoje trabalhado em alguns Estados, que já estão fazendo a sua avaliação de 1 para 100 mil e isso dá um ganho diferencial muito grande. Infelizmente, o Ceará ainda não avançou nessa linha, mas já têm alguns Estados, como Pernambuco, que já fez a sua escala de 1 para 100 mil. Agora, no que você se reportou com relação ao zoneamento, é o zoneamento de risco climático. Esse sim é que é feito pela área de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e é o que dá a vinculação, com a questão do crédito. E nesse caso aí, o que ocorre é o seguinte: Se há um produtor, uma mancha de solo, uma região dentro de um determinado município, que tem a possibilidade, a Emater tem a capacidade realmente, de dar esse aval, o caminho é fazer o encaminhamento via Secretaria, para o MAPA; Dr. Francisco Metidiere, que é o Coordenador desse programa no MAPA, tem uma empresa contratada pelo Ministério, que faz a checagem e com isso incorpora. Então, na verdade, nós temos no zoneamento de risco climático, uma sinalização e esses detalhes ou aprimoramento desses processos, podem ser feito via exatamente, uma demanda local. O João Batista coloca uma questão, sobre exatamente, saturação de mercado. Veja João, nós estamos trabalhando com essa série de informações que passam aí por parte da Embrapa, muitas delas ainda em bancada de pesquisa, mostrando um potencial. Só que esse potencial, ele amplia a nossa capacidade de avançar nos mercados. Quer dizer, uma coisa é você só ter cajuína, outra coisa, é você ter cajuína, o suco, ter o suco qualificado, a compota, ter a fibra dietética, o pigmento, o aroma. Então, o que estamos vendo é que temos hoje

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um elenco de informações, de conhecimentos, que podem se transformar em produto. Agora, isso depende de um processo de empreendedorismo. Quer dizer, a atividade produtiva, o agente produtivo, é que vai ter realmente, que trabalhar nessa ligação, digamos assim, de transformar o conhecimento, em um produto realmente, de mercado. E aí, é claro que, na hora em que todo mundo passa a vender esse caju in natura, o mercado satura. O Dr. Carlos foi pioneiro nisso e acho que hoje ele já desativou grande parte da sua atividade, porque muita gente já entrou nesse mercado. Então, esses cuidados têm que ser feitos, pelo agente produtivo. E aí é importante termos essa sintonia, mas o que estamos tratando aqui, é que estamos abrindo um leque de alternativas, para serem trabalhadas. E aí, na hora em que você interioriza um processo industrial de aproveitamento do pedúnculo, mas complementando a utilização de outras frutas, para essa atividade funcionar durante todo o ano e que, ativa um mercado, por exemplo, de merenda escolar, quando olhamos o mapa de desnutrição do Ceará, você fica estarrecido, com a riqueza que você tem de produção e a pobreza que você tem na boca dessas crianças. Então, tem que se mapear exatamente, essas oportunidade se construí-las. Agora, não é só o resultado da pesquisa, a pesquisa é só um sinalizador. O empreender, a capacidade de fazer a inovação, acontecer, é uma coisa que envolve políticas públicas, tem que ser uma coisa que envolve o protagonismo da iniciativa privada e também, a informação da Universidade e da Embrapa. Estou falando aqui da Embrapa, porque é a empresa que estamos vinculados. José Ismar, na verdade, fez uma intervenção mais de esclarecimento, não fez nenhuma pergunta; ajudou-me aqui, porque deu uma informação muito importante, mostrando exatamente, que quando se fala de uma tecnologia, não se fala exatamente, que vou substituir toda a copa de uma vez e ter essa madeira estrangulando o mercado; tem que ter um planejamento, tem que ter a busca de novas alternativas, como ele sinalizou aí, tem que ter o briquete, na questão da compostagem orgânica, na questão da lenha, na questão da associação, ou da carona com programas, como o de biocombustível. Então, essa resposta do José, está muito claramente aí, o tipo de comportamento que devemos ter. Exatamente, buscar nessas novas alternativas, um equilíbrio, parda que possamos explorar a coisa de uma forma sustentável. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Passamos a palavra agora, par ao Dr. Crisóstomo. SR. JOÃO CRISÓSTOMO: Bom- dia: Vou falar rapidamente, sobre o que foi dito aqui. Tenho um rápido comentário e duas perguntas: O primeiro é sobre a Índia. Se ela controla a produção de vários Países, mas hoje devemos lembrar, que ela já tem capital também, no Brasil. Segundo alguns colegas da Universidade e da Embrapa também, economistas, essa entrada desse capital estrangeiro em cada País, ele constitui uma forte ameaça, no tocante inclusive, de passar a controla o mercado, num segundo momento. Então, o Brasil hoje vive essa ameaça já, com esse capital já na nossa indústria, inclusive, aqui no Brasil. O outro comentário, é que, os principais responsáveis pela produção de caju no Ceará, foi citado aqui, nós queríamos destacar. São produtores de 1 a 10 hectares e de 10 a 100 hectares. Os dados que nós temos eles são responsáveis por cerca de 70 a 75%, da produção do Estado. Portanto, fica como sugestão, isso fica demonstrado, que é importante uma ação de política pública, política de desenvolvimento tecnológico, dirigido sobretudo, a esse público. Então, aqui vêem as minhas indagações. Se esses produtores são os principais responsáveis pela produção, eu indago aqui ao representante do Bando do Nordeste, do Estado e também, ao Presidente da Associação dos Produtores de Caju: Como fazer, que estratégia, para que esses produtores que respondem por 75% da produção do Estado, sejam mais envolvidos, tanto nesta reunião, nos painéis que virão a seguir, como também, no final, com as recomendações que sairão dessa seqüência de painéis, como, que tipo de política pública e que tipo até de assistência técnica por parte do Estado e por parte de outras organizações, poderiam ser contemplados esses produtores, de modo a aumentar a sua rentabilidade? Eu gostaria de ouvir isso, durante as respostas e deixar como sugestão. A outra pergunta também à Mesa. Houve aqui há 3 semanas, a reunião presidida pela Aprece, com a participação do Senador Inácio Arruda. Eu gostaria de saber como está o andamento dos compromissos que foram assumidos, durante aquela reunião, porque no final nos entendemos, que as sugestões que emanarão

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desses eventos, desses painéis, serão também encaminhadas, não só ao Governador do Estado, como às autoridades Federais, inclusive, ao Senador Inácio Arruda, já que ele disse que assumiu a bandeira do caju. Agora, aqui direto ao Dr. Neto, do Banco do Nordeste. Ele comentou que dentre os 3 Estados do Nordeste, produtores de caju, o que está mais avançado, em termo de tomada de empréstimo, sobretudo, para os pequenos e médios produtores, é o Estado do Rio Grande do Norte. Eu indago: O senhor tem conhecimento da estratégia do Rio Grande do Norte, para que venha apresentando esse maior avanço em relação ao Ceará, principalmente e como essa estratégia poderia ser trazido para o Ceará, somando-se a outras, que vão sair desse encontro que estamos fazendo no momento? Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Com a palavra Arthur, por gentileza. SR. ARTHUR MARCOS DOS SANTOS: A minha pergunta ao Dr. Lucas, vai exatamente, envolvendo a questão do zoneamento. A pergunta objetivamente é: em que a Embrapa pode contribuir ou apoiar esse trabalho do MAPA, sobre o zoneamento agrícola. Faço essa pergunta, porque este ano tivemos um problema realmente, com o zoneamento do caju, aqui no :Estado do Ceará. Assim como o Banco do Nordeste, o Banco do Brasil realiza operações de custeio de investimento, seja Pronaf, seja operações do Banco, ou linhas do BNDES, na área da cajucultura. E as regras do Pronaf prevê eu o Estado, aonde está zoneado, você só pode aplicar os recursos do Pronaf, naquele município que está indicado no zoneamento. Este ano, a Portaria de zoneamento do caju, ela excluiu se não me engano, 17 município, ou 27. Dr. Francisco Sombra do MDA, tinha ele de memória. Então, o que isso provocou? O Banco tinha feito operações do Pronaf nesses municípios, essas operações, por eles terem sido excluídos do zoneamento, foi bloqueada a renovação automática desses custeios. Quer dizer, agricultores familiares que estavam lá, cultivando o caju, foram excluídos da renovação automática, porque a Portaria do zoneamento excluiu aqueles municípios. Mas, tudo bem, foi por uma orientação técnica, não é mais indicado para o zoneamento. Mas aí, a surpresa é que, depois de uma articulação, esses municípios voltaram para o zoneamento. Quer dizer, com uma Portaria complementar, devolveu os municípios para o zoneamento, mas aí, o estrago já estava feito. As operações não foram renovadas automaticamente e as agências eu fizeram isso, tiveram que refazer o contrato, chamar as pessoas novamente para fazer aquele estudo, aquela operação. Porque o Pronaf prever renovações automáticas até por 5 anos. Então, o produtor de caju ou de outra cultura, que está zoneado e que faz um custeio, se ele não alterar a área, nem a atividade dele, ele tem uma renovação automática, evitando mais burocracia. Então, nesse sentido, a pergunta é o que a Embrapa pode contribuir nesse trabalho que o MAPA faz, de zoneamento, até porque existe essa questão toda do referencial de cálculo. Obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Com a palavra Eduardo. SR. EDUARDO QUEIROZ DE MIRANDA: Bom-dia a todos: Primeiramente gostaria de parabenizar o Dr. Lucas pela brilhante apresentação. Mas, ficamos preocupados e o assunto é muito palpitante. Antes Dr. Torres, gostaria só de informar, que temos alguns produtores aqui, que foram assistidos pelo nosso projeto lá, da cajucultura. O Luiz, produtor de mudas, lá em Cascavel, aqui presente e o próprio Araripe, que Coordena o Caju Nordeste. E não poderia esquecer o meu Vice-Presidente, Flávio Saboya e o nosso Presidente lá de Amontada, Humberto. São os 4 produtores assistidos pelo projeto, que estão ainda a espera de um novo projeto. Dr. Lucas, a preocupação nossa, no meu entender, a Índia consome até mais do que produz e aí, a minha indagação, é sobre, qual é o nível de satisfação do produtor de castanha de caju, da Índia. Como é que ele se comporta com essa logística de venda para a indústria. O que nós poderíamos estar copiando? De fato, lá existe todo um arsenal que beneficia isso. É mão-de-obra barata, é a produtividade que é alta e que é um gargalo nosso. Nós temos que aprender a fazer o nosso dever de casa. O Chico colocou isso aqui muito bem. Nós fizemos a análise de 100 amostras de solo e o nível de fósforo nosso, é em torno de 1 miligrama por decímetro cúbico de solo. E a planta necessitaria, pelo menos de 13 e 1, foi o nível detectado no nosso solo. Se ela pudesse se levantar e sair correndo, eu tenho a impressão que ela sairia ali correndo do solo. Mas, são essas as minhas indagações e acho que essas outras informações virão.

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E aí, o nosso João Crisóstomo colocou muito bem. Vamos convocar os produtores para que esse documento sair daqui representado, por todos os cajucultores do Estado do Ceará. Convidar os vizinhos, para que venham participar, porque acho que houve pouca mobilização. Nós fizemos o possível, mas ainda foi pouco. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu queria fazer uma complementação a pergunta do nosso amigo Crisóstomo. Eu queria saber como foi que se estabeleceu, me parece que foi estabelecido. Calculou-se a área das propriedades, 100 hectares e em função dessa área, a produção seria 75%. Agora, eu queria saber, porque eu posso ter uma média propriedade, com uma produtividade mais elevada e se há alguma amostragem para saber a produtividade, em função do tamanho da propriedade. Porque você está dizendo que o pequeno produtor é que produz. Poderia ser, a maior área é de pequeno produtor? Então, eu gostaria de tr essa dúvida tirada, porque ela pode distorcer os dados. Queria fazer uma pergunta ao Banco do Nordeste: qual é o percentual de aplicação na média propriedade e se ele sabe qual a razão porque, essa média, esse percentual vem caindo graficamente, qual a razão que justifica isso? É uma complementação às perguntas que foram feitas nesse bloco. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: As questões do Crisóstomo estão mais direcionadas para o Banco, para a questão dos produtores do Estado. Dr. Torres, depois vou ficar devendo essa questão da Aprece, com relação ao Senador. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu tenho condições de responder isso aí. SR. LUCAS ANTÔNIO DE SOUSA LEITE: Então, isso aí, o senhor fala, depois. Eu só gostaria de dizer, com relação ao que o Crisóstomo colocou, é que estamos agora vivendo o senso e a oportunidade vai ser exatamente, de tirar os noves fora dessa questão. Porque o senso vai buscar na sociedade, identificar exatamente, linkar a produção com o tamanho da área e isso certamente, deve clarear bastante, essa sinalização que o João colocou aí. Arthur, essa questão do zoneamento, risco climático, é de competência do MAPA, inclusive, a questão de portaria, é trabalhada pela Coordenação lá do MAPA e nós sentimos realmente, sentimos o drama dessas exclusões. Quando isso acontece, os Prefeitos ficam ligando para a Embrapa; Tivemos manifestações de várias regiões, inclusive de outros Estados, o pessoal do Piauí, o pessoal do Rio Grande do Norte. Para você ter uma idéia, no ano passado, a Serra do Mel, que é um dos maiores municípios produtores do Rio Grande do Norte, não entrou na Portaria. Quer dizer, é uma loucura. Agora, o que nós na Embrapa poderemos fazer, realmente e nesse caso, quando somos contatados, de imediato, fazemos o contato com o Francisco Metidiere, que eles têm uma empresa contratada para fazer essa revisão. Às vezes, são informações, as pessoas não trabalham com a cultura, não conhecem, pegam informações secundárias de clima, rodam o sistema e dá aquele resultado. Isso eu acho que o MAPA já tem sentido que é um desastre muito grande, causa transtornos, fica muito presente assim a imagem da Embrapa. Dizer assim: A Embrapa entende do caju e nos tirou. Então, isso causa para nós uma apreensão muito grande e temos procurado agilizar. Inclusive, na época, ao invés da empresa contratada, era o centro de informática lá, para agricultura, em Campinas, eu já tinha o telefone do chefe lá, ligação direta, porque nesse caso do Rio Grande do Norte, quando ocorreu, ainda era com ele lá e com uma ligação, no outro dia, ele já resolveu o problema. Mas, o caminho é exatamente, o mapa da mina é o MAPA, porque é quem tem realmente, a competência e é o órgão oficial para fazer essa substituição. Nós podemos ajudar, nesse sentido. Olha, realmente, esse município já dá esse atestado e essa informação, podemos fazer de pronto. Com relação ao Eduardo, realmente, esse envolvimento dos produtores, a articulação da cadeia produtiva, acho que é o fator realmente, é o diferencial dessa nova etapa que estamos começando a vivenciar, a partir de hoje. Quando você olha os dados da Índia, realmente, é um negócio assustador. A Índia tem aquele consumo interno, porque eles têm também, uma parte da população de média alta renda, que é equivalente à população brasileira e nós aqui temos um tratamento muito desigual; o Brasil tem um mercado interno significativo importante potencial e que não é explorado. Já há a conveniência dessa exportação d e 90% das amêndoas, passando o da produção, vai ser da indústria, vale muito questionar muito isso aqui. Porque a

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indústria explora tão pouco a questão do mercado interno, por que temos essa realidade aqui do náutico e do mercado central, com amêndoas de péssima qualidade, sujando, digamos assim, todo o negócio? Por que para esse turista é colocado o produto de pior qualidade? Quando na verdade, quando vamos para um Estado, um País que tenha orgulho do seu produto, você vai para consumir o que há de melhor. Aqui é o contrário. Você coloca aquela amêndoa de péssima qualidade e totalmente, inadequada ao consumo. Eu costumo até brincar, que às vezes, o turista inadvertidamente, que consome esse produto e toma um uísque falsificado, ele adoece e pensa que foi do uísque e foi da castanha, porque o número de atendimento de turistas, com o problema gástrico intestinal devido a castanha, é muito elevado. Castanha e queijo de coalho, são os dois vilões daqui desse processo. Então, quando estamos falando em trabalhar a imagem, ter um museu, ter uma base, para se construir, mostrar a história e construir um futuro mais promissor, é exatamente, nesse sentido, de resgatar a imagem de ter orgulho do nosso produto e fazê-lo com qualidade, fazê-lo exatamente, com condições de que ele venha se expressar na mesa interna e na mesa externa. Então, toda essa questão aí, o produtor indiano, possivelmente, ele não come amêndoa, quem come é a classe média e alta da Índia. Mas, o Estado está fazendo a sua subvenção, tema que eles plantios e têm Estados que são mais avançados nessas coisas e outros menos, mas o fato é que, há uma produção significativa, meio estagnada. Você não vê ainda passar dessas 300 mil toneladas, nós vemos é ela comprar mais castanha. O fato que o João colocou. Já tem indiano aqui, tem. E se não cuidarmos em nos organizarmos, vamos ficando solapados, porque a estratégia desde o nascedouro dessa indústria, é de realmente, estabilizar, fazer a coisa explorar em nível de extrativismo, ter uma presença de Governo fomentando. E acho que o Brasil teve isso de início, mas agora, tem a possibilidade de dar esse salto e fazer essa diferenciação, só que não pode ser com o mesmo remédio. Dr. Crisóstomo, com relação à participação do Estado, nós gostaríamos de fazer um relato bem rápido para entender o que o Dr. Jurandir falou. Os programas públicos são muito difíceis, porque não dão continuidade ao processo. O Férrer ainda hoje brincou comigo. Cadê o item 6? Lembra, uma reunião em que o Dr. Raimundo de Matos, na ocasião Vice Ministro, com o Carlos Matos e eu na ocasião, como delegado, nós deferimos uma série de programas. O José Ismar fez um trabalho junto com o pai e outras pessoas mais. Dr. Maurício solicitou esse documento. Dr. Almir teve ocasião de visitar lá o Dr. Carlos Prado, junto com a Embrapa, com muito interesse que se fizesse realmente, um programa, de intensificar essa situação toda; torres de Melo se lembra disso, fizemos várias reuniões e o processo não houve continuidade, a verdade é essa, por várias razões, inclusive, o Paz se recorda, do último convênio que foi feito com o Ministério da Agricultura e a Secretaria e com respeito à mudança de copa. O que é certo, é que, nós temos uma expectativa que agora com esse documento do GIAP, com essa responsabilidade que hoje pela manhã o Torres de Melo colocou aqui, muito certa, que os responsáveis por essa comissão, dêem continuidade, fiquem cobrando, fiquem em cima, fiquem insistindo, para que a coisa não pare. Os documentos estão feitos, os diagnósticos existem, tudo está pronto e o Estado não dá continuidade, o Estado como um todo, o setor público, não dá continuidade. Quem são os culpados? Eu acho que agora, com essa nova sistemática da Federação da agricultura, do AGROPACTO, e que documentos são elaborados, de como deve ser feito, quando deve ser feito e por que deve ser feito e com a continuidade, com a cobrança das pessoas, acho que temos uma maneira de chegar lá, porque os assuntos voltam, retornam e não se dá realmente, continuidade ao processo. Eu acho que muita coisa, o Estado pode fazer, mas a experiência mostra, lamentavelmente, que não se dá continuidade, a um programa dessa envergadura, como é o caso da cajucultura. Então, eu acho que o Estado pode, com decisão política, como o Deputado Hermínio colocou aqui, solicitando ao Governo que se envolva nesse processo, mas principalmente, o documento do GIAP, eu acho que o Estado pode se envolver junto com os produtores e dar realmente, uma renovação desse quadro que está aí tão caótico, que há mais de não sei quantos anos, continua do mesmo jeito. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Com a palavra, o Dr. Neto. SR. MANOEL EVANGELISTA NETO: O Crisóstomo indagou qual a estratégia que o Rio Grande do Norte utilizou. Na realidade, o que aconteceu com o Rio Grande do Norte, foi um crescimento nas operações do Pronaf, abertura de novas áreas, de alguns assentamentos e isso, foi que fez com que nesses últimos 2 anos, o Rio

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Grande do Norte tivesse uma demanda de crédito maior do que o Ceará. Não há propriamente, uma estratégia diferenciada. Isso também, responde em grande parte, a pergunta que o Torres de Melo colocava. Por que a demanda? O Pronaf representou nesses 3, 4 anos de operação, aproximadamente, 88% e alguma coisa, das operações da demanda de crédito, para o setor da cajucultura. Por que o outro público não pronafiano não está demandando? Primeiro, houve uma mudança significativa em torno do programa Pronaf, ele passou a ser muito mais abrangente. Hoje você tem um público muito maior inserido no Pronaf. Nós temos o Pronaf desde o A, na área de assentamento, até o Pronaf que foi criado recentemente, que é o E. E ele já pega um conjunto de produtores, que anteriormente, estava inserido num espaço intermediário, entre um e o outro. Então, com o crescimento da linha do Pronaf, hoje na realidade, o crescimento dos volumes de crédito para ele. Quanto aos produtores mais tradicionais, que não se enquadram no Pronaf, acho que está havendo uma timidez, ou uma falta de consciência de investimento. Possivelmente, os produtores, aqueles que não têm o perfil, não se enquadram com o Pronaf, a sua grande demanda de crédito, seria para a substituição de copas e não vemos na verdade, o entusiasmo, nenhuma demanda, nenhuma coisa mais forte, nessa substituição de copas. Por isso, o crescimento tem sido em pequenas áreas, áreas até de 2,4,5 hectares, que é o pessoal ligado ao programa Pronaf. Obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu agradeço e tinha algumas propostas a fazer, mas em face da observação do Eduardo, aqui ao meu ouvido, vou deixá-las, para fazer na palestra dos produtores, e é uma proposta, tentativa de viabilização da atividade, em função daquilo que foi abordado aqui, que é o problema da lenha, é o problema da culinária, o problema da pecuária integrada. Então, seria mais da próxima palestra. Vou dar algumas informações. Fiquei muito feliz em saber, que o Zuza hoje está aqui, representando o Conselho de Desenvolvimento Econômico e pela primeira vez, freqüenta nessa qualidade oficial, este AGROPACTO. Isso é muito importante, porque este segmento, é onde o agronegócio está bastante forte no Estado do Ceará, se considerarmos a situação da indústria. Agora, fazer somente um esclarecimento, com relação, já que foi feita a pergunta, o Antônio José responderia melhor do que eu. Mas, o que houve como conseqüência da reunião com o Senador Inácio Arruda aqui, no Banco do Brasil, inclusive, neste auditório? O Férrer estava presente, ele está ali ainda, redundou numa audiência com o Dr. Nelson Machado, que é Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, parece que no dia estava respondendo interinamente, pelo Ministério, e essa Audiência foi solicitada pelo setor industrial, liderada pelo Presidente do Sindicato da Indústria de Caju, que é o Antônio José e o Dr. Férrer acompanhando, como homem do INDI e eu fui convidado, obviamente, tudo isso liderado pelo Senador Inácio Arruda, foi quem solicitou audiência e aconteceu na quarta-feira essa audiência. Eu fui convidado na condição de representante do setor primário. A audiência foi muito agradável e extremamente, frustrante. O expediente apresentado pelo setor industrial, analisava vários aspectos e eu vou analisar os aspectos, mostrando as respostas que foram dadas. Eu mostro a situação do setor, a importância dele, a exportação, que é de 85% da sua produção é destinada a exportar ao mercado externo, somente 15%, para o mercado interno e demandaram o empregador e exportador líquido não importa nada, como ficou caracterizado aqui na exposição do Lucas. Então, o ambiente muito agradável, mas as respostas muito incisivas e claras. Eu até felicitei o Ministro, pelo fato de não estar nos enganando. Porque acho que melhor que ele falasse, como ele falou. Então, o primeiro problema que foi tratado, foi com relação a desoneração da folha de pagamento, considerando que o setor era muito empregador e a resposta, foi esquecer. Esse é um assunto que não tem a mais mínima possibilidade, palavras deles; mas que não tem a mais mínima possibilidade de ter prosseguimento, dado o momento político, da necessidade de manter o INSS funcionando e todos esses assuntos. Foi assim a resposta, com relação a esse problema. Eu tinha isso escrito lá e esqueci de trazer para cá, vou tentar de cabeça, lembrar. O crédito não foi tratado, porque foi comparado o problema da indústria têxtil com o nosso e o Antônio José, disse, que o problema deles é mais da área creditícia e o nosso problema é mais de natureza econômica. E aí, tratou da Lei Kandir. Nós somos exportadores e somos isentos do ICMS e a Lei Kandir manda para o Estado, quer dizer, esse dinheiro não volta para as empresas que têm o crédito, mas não recebem o crédito. Então, esse é um problema. A Lei Kandir já foi revogada, ms o Governo Federal continua mandando o dinheiro para o Estado. Esse é um problema do Dr. Cid, só resolve esse problema, com o Dr. Cid. Essa foi a resposta, com relação a isso.

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Eu inseri nas perguntas, na exposição, o problema da taxa de juro, com relação ao crédito para as empresas têxteis e calçadistas, que isso traria uma taxa de juro inferior a do FNE, em alguns casos e que o Governo era useiro e vezeiro em fazer isso e com essa, o voto FNE só muda a taxa de juro a cada ano. E uma mera Resolução do Banco Central, Conselho Monetário Nacional, muda a taxa de juro para o restante do País e para aquelas entidades citadas. E aí, o FNE fica em condições inferiores a de juros praticados em outras regiões. Que a Fazenda tivesse mais cuidado, ao fazer assim, verificasse qual é o reflexo. Porque a mudança só ocorre pela Lei, que ainda não foi revogada, quando houver uma variação superior ou inferior a 30% da TJLP, coisa que eu não espero, Sr. Ministro, que venha a acontecer outra vez. Ele pediu que endereçássemos um expediente a ele, versando sobre esse assunto, que ele achava importante. E nós já pedimos a CNA que fizesse, em nome de todas as Federações da Região. Aí foi tratado do problema do PIS/COFINS. Esse foi o único assunto, que mereceu assim uma atenção e uma promessa de resolver. Antes do PIS/COFINS, que é a única boa, resolveram deixar para o fim, veio o problema do preço, a depreciação do preço, problema de política cambial, essa coisa toda, ele pura e simplesmente, disse, não era, vou usar a palavra privilégio, não era um privilégio da castanha de caju, que estava acontecendo no País inteiro, era um problema de natureza Nacional, e que o Governo não tinha condições de fazer políticas compensatórias e não tinha condições de tratar de setores específicos. E passou então, para o PIS/COFINS, que era outro assunto, que foi mostrado que a indústria estava para comprar unicamente, porque como todos nós sabemos, o PIS/COFINS, quando você compra na cadeia, você credita no estágio da compra e se beneficia e só o valor agregado é que incide no PIS/COFINS, isso não exige, quando a compra é feita de produtor rural, pessoa física. 99% da produção brasileira, é feita por produtor rural, pessoa física. Então, a indústria tem o crédito presumido, crédito presumido só pode ser utilizado para o pagamento de PIS/COFINS, o PIS/COFINS, o Governo estabelece que a exportação é isenta de PIS/COFINS e 80% é exportado, então, você tem um crédito que não é crédito, eu chamei e disse: Ministro, o senhor vai me desculpar, isso é um cheque sem fundo. O Governo está expedindo cheque sem fundo. Mas isso, o ambiente permitia a observação. Ele não ficou zangado, pelo contrário achou graça. Na realidade, ele reconheceu que era. Então, ele está dando cheque sem fundo para a indústria e a indústria não sabe o que fazer com esse crédito e inclusive, vai para o seu ativo e influi no resultado e ele vai pagar Imposto de Rende, sobre o crédito pódio. Eu não usei pódio usei sem fundo, foi mais leve. Então, este foi o resultado da audiência. Para mim, o maior resultado foi para o setor privado. E está aí, não vai resolver nem o nosso problema, nem do Banco, nem do Governo e que nós teríamos que ter um estudo completo. E sem a Fazenda participando de um grupo de trabalho, que ela nunca quis participar, nós não íamos solucionar. Ele achou que o assunto merecia uma audiência especial e nós estamos tentando contratar, ou a Fundação João Pinheiro, ou o Instituto Joaquim Nabuco, para fazer uma análise completa. Queria até que o Banco, se fizesse a indicação de um outro setor, porque o João Pinheiro nos contatos feitos, parece que não é experto no assunto, quem é que seria um outro instituto ou uma fundação, ou aquele que conheça a Região do Nordeste e seria capaz. O ETENE, se não tivesse o viés, vamos dizer, de ser parte do problema, era o ideal. Mas, não tem condições de fazer com o ETENE, por isso. Se aqui é o CAEN, ou outro órgão, que teria condições de fazer esse trabalho para nós ou outro órgão, outro Estado. Esse foi o resultado da audiência e o final da nossa reunião. Agradeço a todos que vieram aqui e felicito os expositores, pela magnífica manhã que nos proporcionaram. Está encerrada a reunião. (Aplausos)