37095700 Crimes Contra Administracao Publica

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  • 7/22/2019 37095700 Crimes Contra Administracao Publica

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    Crimes Contra Administrao Pblica

    tais crimes esto inseridos na categoria dos crimes prprios, pois a lei exige uma caractersticaespecfica no sujeito ativo: ser funcionrio pblico. Os crimes funcionais podem ser prprios eimprprios

    . Essa subdiviso entre os crimes funcionais no se confunde com a classificao do pargrafo

    anterior.Crimes funcionais prprios

    so aqueles cuja excluso da qualidade de funcionrio pblico torna o fato atpico. Ex.:prevaricao.

    Crimes funcionais imprprios

    so aqueles em que, excluindo-se a qualidade de funcionrio pblico, haver desclassificao

    para crime de outra natureza. Ex.: peculato, que passa a ser furto. A doutrina chama essamodificao atipicidade relativa.O Cdigo de Processo Penal traz um rito diferente para os crimes praticados por funcionriopblico (arts. 513 a 518), em que existe a defesa preliminar antes do recebimento da denncia.

    1. Conceito de funcionrio pblico

    De acordo com o art. 327 do Cdigo Penal: Considera-se funcionrio pblico, para os efeitospenais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego oufuno pblica.

    O pargrafo primeiro dispe quem so os funcionrios pblicos, por equiparao. So eles:quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal e quem trabalha paraempresa, prestadora de servio, contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpicada Administrao Pblica.

    Entidade paraestatal entendida, majoritariamente, como a administrao indireta autarquia,empresa pblica, sociedade de economia mista e fundao pblica.

    Uma posio minoritria, restritiva, entende que entidade paraestatal somente a autarquia.Sndico da massa falida, inventariante, curador e tutor, no so funcionrios pblicos.Funcionrio de cartrio funcionrio pblico.Funcionrio do Banco do Brasil funcionrio pblico, pois o Banco do Brasil uma sociedadede economia mista.Funcionrio dos Correios funcionrio pblico, pois o Correios uma empresa pblica.

    Se o interesse em questo for o da Unio, a competncia ser da Justia Federal.

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    Crimes Contra Administrao Pblica

    O conceito de equiparao, para a doutrina majoritria, s abrange os casos em que ofuncionrio for autor do crime. A comparao no pode ser aplicada quando o funcionrio forvtima.

    3. Causas de Aumento de Pena Artigo 327, 2., do Cdigo Penal

    Segundo o artigo 327, 2., do Cdigo Penal as causas de aumento da pena decorrem quandoo autor do crime exerce: cargo em comisso (cargo de confiana); cargo de direo ou assessoramento de rgos da administrao direta, sociedade deeconomia mista, empresa pblica e fundao instituda pelo Poder Pblico.

    4. Concurso de Agentes

    Um particular pode responder por peculato em concurso de agentes com um funcionriopblico.O particular deve ter conscincia e vontade (dolo) em relao ao agente do tipo, ou seja, devesaber que esse possui a condio de funcionrio pblico. Caso contrrio, transforma-se emresponsabilidade objetiva, o que proibido.Fundamento: segundo o art. 30 do Cdigo Penal so comunicveis as circunstncias decarter pessoal quando elementares do crime. Ser funcionrio pblico circunstncia pessoale elementar do crime.

    Se o particular no souber que o outro funcionrio pblico, responder por outro crime.Exemplo: furto.

    PECULATO

    Peculato Doloso

    Peculato-apropriao

    : art. 312,caput

    , primeira parte.Peculato-desvio

    : art. 312,caput

    , segunda parte.

    Peculato-furto

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    Crimes Contra Administrao Pblica

    : art. 312, 1..Peculato mediante erro de outrem

    : art. 313.

    2. Peculato Culposo

    O peculato culposo est descrito no art. 312, 2., do Cdigo Penal.

    3. Consideraes Gerais Sobre Todos os Tipos de Peculato

    1. Objetividade jurdica

    Visa-se proteger a probidade administrativa (patrimnio pblico). Esses crimes so chamadoscrimes de improbidade administrativa.

    2. Sujeito ativo

    Sujeito ativo o funcionrio pblico.

    3. Sujeito passivo

    Sujeito passivo o Estado, visto como Administrao Pblica. Pode existir um sujeito passivo

    secundrio (particular).4. Peculato-apropriao

    - apropriar-se;- funcionrio pblico;- dinheiro, valor, bem mvel, pblico ou privado;- posse em razo do cargo;- proveito prprio ou alheio.

    Elementos objetivos do tipoO ncleo apropriar-se, ou seja, fazer sua a coisa alheia. A pessoa tem a posse e passa a agircom se fosse dona. O agente muda a sua inteno em relao coisa.O fundamento a posse lcita anterior.No caso de posse em razo do cargo: na verdade, a posse est com a Administrao. O bemtem de estar sob custdia da Administrao. Exemplo: um automvel, apreendido na rua, vaipara o ptio da Delegacia. Um policial militar subtrai o toca-fitas. Ele praticou peculato-furto,pois no tinha a posse do bem.

    Se o funcionrio fosse o responsvel pelo bem, seria caso de peculato apropriao.

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    Se o carro estivesse na rua, seria furto.Exemplo: em uma repartio pblica, um funcionrio furta a carteira de outro crime de furto.

    Se um funcionrio de uma repartio entra em outra repartio e dali subtrai um bem, crimede peculato- furto.No peculato-apropriao e no peculato mediante erro de outrem h apropriao, ou seja, aposse anterior; a diferena est no erro de outrem.

    2. Objeto material

    Dinheiro, valor ou bem mvel. Tudo que for imvel no admitido no peculato. O crime queadmite imvel o estelionato.

    Bem mvel, no Direito Penal, possui um conceito mais amplo do que no Direito Civil, pois tudo aquilo que se pode transportar.Valor qualquer coisa que tenha valor econmico.P.: Um funcionrio pblico usar outros funcionrios subordinados para prestao de servioparticular configura peculato?R.: No. Funcionrio no valor, dinheiro, nem bem mvel. Est fora do objeto material. Podeser improbidade administrativa (enriquecimento ilcito).

    P.: E se o agente for um prefeito?R.: Samos ento do Cdigo Penal e vamos para o Dec. n. 201/67 (art. 1., inc. II) que tipifica aconduta de prefeito que usa funcionrio pblico.

    3. Consumao

    A consumao do peculato-apropriao se d no momento em que ocorreu a apropriao:quando o agente inverteu oanimus

    , quando passou a agir como se fosse dono.

    4. TentativaTeoricamente possvel, mas na prtica difcil comprovar.P.: O sndico pratica crime de peculato-apropriao?R.: No, seu crime o de apropriao indbita, pois ele no funcionrio pblico. O mesmo sediz em relao ao inventariante e ao depositrio judicial.

    5. Peculato-malversao

    O peculato-malversao ocorre quando o bemparticular

    estiver sob custdia da Administrao Pblica.

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    1. Objeto material

    Bem particular sob posse da Administrao Pblica.Malversao significa m utilizao.

    P.: Algum tem de fazer um depsito judicial e atendido por um funcionrio que lhe diz paradeixar o dinheiro que ele prprio, funcionrio, far o depsito. O funcionrio se apropria dobem. Que crime ele praticou?R.: No peculato, porque o dinheiro ainda no estava na posse da administrao. Elepraticou estelionato.P.: Se a vtima entrega o dinheiro para o funcionrio porque o banco j fechou e o funcionrioapropria-se da importncia, qual o crime praticado?R.: No caso de peculato, nem de estelionato, pois no houve posse pela Administrao

    Pblica; , sim, caso de apropriao indbita.P.: Um funcionrio da Prefeitura estava sem receber salrio h trs meses. Ele apropria-se dedinheiro da Prefeitura. Que crime praticou?R.: Peculato-apropriao, pois o bem pblico e estava na posse do funcionrio.

    6. Peculato-desvio Artigo 312, Segunda Parte, do Cdigo Penal

    No peculato-desvio o que muda apenas a conduta, que passa a serdesviar

    .

    Desviar alterar a finalidade, o destino.Exemplo: existe um contrato que prev o pagamento de um certo valor por uma obra. Ofuncionrio paga esse valor, sem a obra ser realizada. Nesse caso h peculato-desvio.Liberao de dinheiro para obra superfaturada tambm caso de peculato-desvio.

    Elemento subjetivo do tipo

    O elemento subjetivo do tipo a inteno do desvio para proveito prprio ou alheio.O funcionrio tem de ter a posse lcita da coisa.Se algum desviar em proveito da prpria Administrao, haver outro crime, qual seja, uso ouemprego irregular de verbas pblicas (art. 315 do CP).P.: O proveito pode ser moral?R.: Sim, no h exigncia de o proveito ser patrimonial; pode ser proveito moral, como, porexemplo, obteno de prestgio ou vantagem poltica.

    P.: A aprovao do Tribunal de Contas tem alguma influncia?

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    R.: No, pois no tem fora judicial. O Tribunal de Contas no tem o dever de ficarinvestigando crimes; portanto, no tem influncia penal a sua aprovao ou no.

    7 . Consumao e tentativa

    A consumao ocorre no momento em que o bem for efetivamente desviado crime formal , no importando se a vantagem visada foi conseguida ou no.A tentativa possvel.P.: Funcionrio tem a guarda de um bem e resolve us-lo para fins particulares;posteriormente, devolve-o nas mesmas condies de uso. Qual o crime praticado?R.: Dolo de uso no dolo de apropriao. Tambm no desvio (definitivo). No peculato-apropriao, nem desvio, nem furto. Em regra esse peculato-uso no configura crime.

    Podemos falar em improbidade administrativa. Excees:- Prefeito, pois cai no Dec. n. 201/67, art. 1., inc. II, que tipifica o crime.- Se o funcionrio pega dinheiro e depois devolve houve apropriao e depois ressarcimento(e no devoluo). Dinheiro bem fungvel o uso de bem fungvel configura crime depeculato porque h apropriao.

    8 . Peculato-furto Artigo 312, 1., do Cdigo Penal

    Funcionrio pblico que,embora no tendo a posse

    do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtrado, em proveito prprio

    ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionrio. Nesse caso aplicada a mesma pena.A conduta subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteo da vtima, de sua disponibilidade. Umaoutra conduta possvel a de concorrer dolosamente.No basta ser funcionrio pblico; ele precisa se valer da facilidade que essa qualidade lheproporciona (a execuo do crime mais fcil para ele). Por facilidade, entende-se crach,segredo de cofre etc.

    Um funcionrio pblico pode praticar furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou no, afacilidade.

    Consumao e tentativa

    O crime consuma-se com a efetiva retirada da coisa da esfera de vigilncia da vtima.A tentativa possvel.

    9. Peculato Culposo Artigo 312, 2., do Cdigo Penal

    So requisitos do crime de peculato culposo: a conduta culposa do funcionrio pblico e queterceiro pratique um crime doloso, aproveitando-se da facilidade provocada por aquela

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    conduta.Restries: O pargrafo refere-se ao

    caput. De acordo com o 2. crime de outrem. o peculato-apropriao, desvio ou furto.O funcionrio vai facilitar culposamente o peculato doloso de outrem. A jurisprudnciamajoritria amplia tal entendimento: a expressocrime de outrem

    abrange todos os crimes patrimoniais cuja vtima seja a Administrao Pblica.P.: Se a conduta culposa do funcionrio causou dano Administrao Pblica, pode-se falar

    em peculato culposo?R.: No, pois no h crime de outrem.No basta haver dano; deve existir crime de outrem.

    Consumao e tentativa

    Peculato culposo crime independente do crime de outrem, mas estar consumado quando seconsumar o crime de outrem.No h tentativa de peculato culposo, pois no existe tentativa de crime culposo.

    Se o crime de outrem tentado, ser respondido por tentativa. O fato atpico para ofuncionrio pblico.

    Reparao de danos no peculato culposo Artigo 312, 3., do Cdigo Penal

    a devoluo do objeto ou o ressarcimento do dano. preciso ficar atento para as seguintes regras: Se a reparao do dano for anterior sentena irrecorrvel (antes do trnsito em julgado

    primeira ou segunda instncia), extingue a punibilidade. Se a reparao do dano for posterior sentena irrecorrvel (depois do trnsito em julgado),ocorre a diminuio da pena, pela metade.Ateno:

    no peculato doloso no se aplicam essas regras.P.: Qual o efeito da reparao do dano no peculato doloso?R.: Para qualquer crime doloso, os efeitos so os seguintes:

    Arrependimento posterior (art. 16 do CP) se for anterior ao recebimento da denncia,reduo da pena de 1/3 a 2/3.

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    Crimes Contra Administrao Pblica

    Se ocorrer depois do recebimento da denncia, atenuante genrica do art. 65, inc. III, b,do Cdigo Penal. Se depois da sentena, atenuante inominada do art. 66. O acrdo pode reconheceratenuante que a sentena no reconheceu.

    10. Peculato Mediante Erro de Outrem Artigo 313 do Cdigo Penal

    Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro deoutrem.O peculato mediante erro de outrem erroneamente chamado peculato estelionato.No um estelionato, pois o erro da vtima no provocado pelo agente.O ncleo do tipo apropriar-se (para tanto, preciso posse lcita anterior).

    Na verdade, um peculato-apropriao.O ncleo do estelionato obter.O erro de outrem tem de ser espontneo; e o recebimento, por parte do funcionrio, de boa-f.No h fraude.Exemplo: pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta e paga a mais. O funcionriorecebe o dinheiro sem perceber o erro. Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente trata-se de peculato mediante erro.

    Exemplo: pessoa paga duas vezes ou em lugar errado. O funcionrio recebe de boa-f. Depoispercebe o erro e, em vez de devolver o dinheiro ouencaminhar a questo para que a falha seja sanada, apropria-se da importncia.Trata-se de peculato mediante erro de outrem.O funcionrio se apropriou de algo que j estava com a Administrao Pblica.P.: possvel concurso de agentes no peculato mediante erro de outrem?

    R.: Sim. O ncleo apropriar-se, e no receber.Exemplo: funcionrio descobre que A pagou R$ 10.000,00 a mais e procura o chefe parainform-lo; esse lhe diz para cada um ficar com R$ 5.000,00.

    Observao:

    particular pode ser partcipe.

    Elemento subjetivo

    O elemento subjetivo o dolo de se apropriar.

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    Crimes Contra Administrao Pblica

    Consumao

    O crime consuma-se no momento da apropriao, ou seja, no momento em que o agentepassa a agir como se fosse dono.

    TentativaA tentativa possvel.Observao

    Os artigos 313-A e 313-B do Cdigo Penal, includos pela Lei n. 9.983/2000, no tm ligaocom o crime de peculato, e sim tratam de crimes ligados informtica.

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