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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ENQUANTO ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 1   Administr ação Pública enquanto organização administrativa o Referimo-nos à Administração em sentido orgânico, ainda que não haja total coincidência entre noções, na medida em que há entidades que não integram a Administração Pública em sentido orgânico, dado tratarem-se de pessoas colectivas de Direito Privado ou órgãos de Estado com outra função predominante (como sucede com a Assembleia da República, que exerce predominantemente as funções política e legislativa, sendo a função administrativa meramente auxiliar); o Portanto, a Administração em sentido orgânico abarca as pessoas colectivas públicas e os serviços administrativos sob dependência de órgãos administrativos. o Distinção entre pessoas colectivas públicas e pessoas colectivas privadas 2   Desde logo, importa referir que o Direito ordenador das pessoas colectivas públicas é o Direito Público. Depois, revela-se importante explanar outras características suplementares das pessoas colectivas públicas: y Constituídas por Lei ou acto público; y Não gozam do direito de auto-dissolução; y Dotadas de poderes de autoridade; y Gozam de isenções fiscais; 1 Os apontamentos apresentados foram recolhidos em aulas teóricas de Direito Administrativo I, minist radas pela Exmo. Prof. Doutor Luís Filipe Colaço Antunes, na Fa culdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP), no ano lectivo 2010/2011.  2 Entendem-se por pessoas colectivas privadas, nomeadamente, as associações públicas, as fundações públicas de Direito Privado e as sociedades comerciais.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ENQUANTO ORGANIZAÇÃO

ADMINISTRATIVA1 

  Administração Pública enquanto organização administrativa 

o  Referimo-nos à Administração em sentido orgânico, ainda

que não haja total coincidência entre noções, na medida em

que há entidades que não integram a Administração Pública

em sentido orgânico, dado tratarem-se de pessoas colectivas

de Direito Privado ou órgãos de Estado com outra função

predominante (como sucede com a Assembleia da República,

que exerce predominantemente as funções política e

legislativa, sendo a função administrativa meramente

auxiliar);

o  Portanto, a Administração em sentido orgânico abarca as

pessoas colectivas públicas e os serviços administrativos sob

dependência de órgãos administrativos.

o  Distinção entre pessoas colectivas públicas e pessoas

colectivas privadas2   Desde logo, importa referir que o Direito ordenador

das pessoas colectivas públicas é o Direito Público.

Depois, revela-se importante explanar outras

características suplementares das pessoas colectivas

públicas:

y  Constituídas por Lei ou acto público;

y  Não gozam do direito de auto-dissolução;

y  Dotadas de poderes de autoridade;y  Gozam de isenções fiscais;

1Os apontamentos apresentados foram recolhidos em aulas teóricas de Direito Administrativo I,

ministradas pela Exmo. Prof. Doutor Luís Filipe Colaço Antunes, na Faculdade de Direito da Universidade

do Porto (FDUP), no ano lectivo 2010/2011. 2

Entendem-se por pessoas colectivas privadas, nomeadamente, as associações públicas, as fundações

públicas de Direito Privado e as sociedades comerciais.

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o  Critérios para determinar quando se trata de pessoa

colectiva pública ou pessoa colectiva privada 

  Na maior parte dos casos, o legislador não esclarece a

qualificação da pessoa colectiva, remetendo para o

intérprete tal tarefa. Mas mesmo quando o legislador ofaz, coloca-se o problema de saber se prevalece o

«nomen iuris» ou o regime definido para essa pessoa

colectiva;

  Verifica-se uma violação do princípio da personalidade

 jurídica, ao nível jurídico-constitucional, na definição de

um «nomen iuris» desconforme com a finalidade,

meios de financiamento e modo de criação da

entidade. Veja-se o exemplo da Universidade do Porto

(Fundação Pública de Direito Privado);

  Importa efectuar uma interpretação restritiva do artigo

198.º, alínea b) CRP, relativo à lei orgânica do

Governo, salientando que é a Assembleia da República

o órgão legislativo  par excellence;

  O legislador foi criando um conjunto de entidades

multiformes e híbridas, o que dificulta a qualificação de

uma pessoa colectiva como pública ou privada. Note-se

que, muitas vezes, se aplica a uma entidade um regime

de direito público e de direito privado, em função da

questão em causa;

  Podemos qualificar as pessoas colectivas públicas como

primárias/necessárias3 (Estados, Regiões Autónomas,

Autarquias Locais) e derivadas.

3Pessoas colectivas públicas de fins múltiplos, cuja densificação resulta directamente da CRP ou da lei,

directamente.

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o  Critérios de distinção das pessoas colectivas 

  Critério da iniciativa (pública ou privada), quanto à

sua criação 

  Critério da finalidade ou do interesse (público ou

privado), quanto à natureza finalística ou teleológica    Critério dos poderes exorbitantes ou de autoridade 

y  Contudo, nenhum destes critérios, de  per si , se

revela suficiente para efectuar a distinção. Opta-

se, portanto, por um critério de natureza mista;

y  Segundo Diogo Freitas do Amaral, são pessoas

colectivas públicas as que são criadas por

diploma de Direito Público, que prosseguem

interesses públicos e assumam poderes de

autoridade públicos;

y  Já na opinião de Vital Moreira, são pessoas

colectivas públicas as que são criadas por

iniciativa pública e apresentam os predicados

essenciais de uma pessoa colectiva de Direito

Público (prerrogativas e poderes de autoridade).

Cai, portanto, o critério do interesse público.

Desde logo, podemos apresentar uma crítica

essencial a este critério, pois o facto de a

Administração Pública actuar, crescentemente,

desprovida de poderes de autoridade, não

significa que deixe de prosseguir interesses

públicos ( publicid ade passiv a);

y  Na óptica de Colaço Antunes, constituem

critérios fundamentais o critério da iniciativa

quanto à sua criação e o critério do interessepúblico prosseguido, com especial relevo para

este último;

y  A Administração Pública, em sentido objectivo,

releva mais a natureza da prossecução do

interesse público (elemento essencial e critério

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dirimente da função desempenhada) do que o

modo de criação ou até o exercício de

prerrogativas especiais. Note-se que este critério

fundamental da natureza teleológica pode

constituir o travão do processo de« priv at ização» da Administração Pública;

y  O ordenamento comunitário de fins gerais

necessitará de um Direito Administrativo forte, o

que justifica a noção de que «o Direi t o

Comuni tário  publici ta e o Direi t o Int erno

 priv at iza»;

y  Mesmo o critério da personalidade jurídica

pública/privada começa a revelar-se insuficiente.

As pessoas colectivas de Direito Privado, que

prosseguem interesses públicos, beneficiam de

normação de Direito Privado geral ou limitado;

y  Às pessoas colectivas de Direito Público, é

normalmente associada uma personalidade

  jurídica de geometria variável, parcial. Já em

relação às pessoas colectivas de Direito Privado,

parece intocável a personalidade jurídica una;

y  Hoje, temos pessoas colectivas de Direito Público

com substrato privado, regendo-se pelo Direito

Privado. Tal sucede com as associações públicas;

y  Por outro lado, verifica-se que pessoas colectivas

de Direito Privado apresentam substrato público,

como sucede com as sociedades gerais (ou

privadas) de capitais públicos;

y  Revela-se cada vez mais difícil detectar se

estamos perante um acto administrativo (cuja

modalidade de invalidade é, em regra, a

anulabilidade) ou um negócio jurídico (cujo

regime-regra de modalidade de invalidade é a

anulabilidade. Importa salientar as diferentes

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consequências de invalidade do facto

 juridicamente relevante;

y  A recuperação ou recodificação do princípio da

legalidade/ juridicidade surgirá do ordenamento

comunitário, sendo recepcionado peloordenamento nacional, em plena fase de

interestadualidade normativa e de

transformação do Direito Administrativo.

  Tipologia ( tipicidade) das Pessoas Colectivas Públicas  

o  Será que as entidades de natureza híbrida gozam de poder

discricionário equivalente às restantes, sendo adiscricionariedade «limi t e» e «fund ament o» da sua

actividade?

  Entende-se que não, devendo o controlo jurisdicional

dos Tribunais Administrativos e Fiscais ser mais

intenso, pois não se lhes reconhece liberdade de

decisão na prossecução do interesse público;

  Não lhes sendo reconhecida uma capacidade jurídica

geral, poderão suceder mais casos de nulidade (pode

tornar-se mais frequente) do que anulabilidade (vício-

regra), por exemplo, por violação da Lei;

  Ao nível da interpretação jurídica, não há regras

  jurídicas especiais em Direito Administrativo, mas

também não será possível recorrer aos cânones

hermenêuticos contidos no Código Civil. Ora, não é

possível fazer uma interpretação actualista de um acto

administrativo individual e concreto;

  Aproximação entre contratos privados celebrados pela

Administração (a Administração não é um sujeito

privado t out  cour t ) e contratos administrativos.

Também não se admite interpretação, na medida em

que não há uma relação de plena paridade, pois a

Administração não perde os poderes exorbitantes.

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o  Não é exacto falar na pessoa colectiva pública (o Estado);

o  As pessoas colectivas públicas detêm prerrogativas públicas e

estão vinculadas de modo indelével à prossecução do

interesse público (artigo 266.º CRP);

o  Verificam-se diferenças entre pessoas colectivas públicasquanto à(ao):

  Composição;

  Substrato (público ou privado);

  Âmbito de funções (fins gerais ou sectoriais, sendo

estes últimos de natureza instrumental);

  Natureza jurídica;

  Relação quanto ao ente público maior (Estado) 4 

o  Ente público maior (Estado) 5 vs. Entes públicos menores

  Diogo Freitas do Amaral, no seguimento de Marcello

Caetano, fala em «ent es  públicos subordinados» como

entes públicos menores. Trata-se de uma designação

incorrecta, na medida em que as autarquias locais não

estão subordinadas, em princípio, a controlo ou

superintendência do Estado. Tal apenas sucede em

situações excepcionais, no caso de colisão entre

interesse nacional/regional e interesse local,

prevalecendo o primeiro; 

  O Estado (órgão parajurisdicional) efectua uma tutela

de mera legalidade sobre as autarquias. Contudo, dada

a necessidade de imparcialidade e independência,

deveria a tutela ser entregue, em termos teóricos, aos

órgãos jurisdicionais administrativos e fiscais. Por outro

lado, em termos práticos, as autarquias locaisbeneficiam de extensa discricionariedade

administrativa quanto à determinação do

4 Verifica-se uma diferença, por exemplo, entre Autarquias Locais e Empresas Públicas: as primeiras

estão sujeitas a tutela de mera legalidade do Estado; as segundas estão sujeitas a superintendência etutela de legalidade e de mérito do Estado (artigo 199.º, alínea d) da CRP)5

Falamos, neste caso, no Estado-Administração, como ordenamento de fins gerais, no plano interno

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ordenamento territorial, esquecendo a sua orientação

teleológica de protecção do interesse público. A

discrepância só deve ser ditada pelas características

próprias dos municípios; 

  Os entes públicos menores constituem as restantesformas de Administração territorial (Regiões

Autónomas6 e Autarquias Locais7), com população e

território, dotadas de atribuições gerais mais limitadas

ao âmbito territorial, funcional e da matéria. O seu

reconhecimento depende da Constituição e da Lei,

exercendo o Estado uma tutela de mera legalidade.  

o  Entes territoriais vs. Entes funcionais (critério do território)8 

o  Institutos Públicos vs. Corporações Públicas (critério do

vínculo ou natureza profissional)9 

  Tendência para a aproximação entre associações e

fundações públicas. Podem existir entidades de

natureza mista (híbridas), como por exemplo as

Universidades Públicas.  

y  Na óptica de Marcelo Rebelo de Sousa, estamos

perante « pessoas colect iv as cor  por acionais»; 

y  Na visão de Jorge Miranda, trata-se de uma

«figur a mista»; 

y  Do ponto de vista de Colaço Antunes, as

Universidades agregam funcionários e utentes,

rejeitando a ideia de que se tratam de

corporações. Considera, por seu turno, que

existem institutos públicos especiais, como por

exemplo as Universidades Públicas tradicionais,dotadas de autonomia administrativa, financeira

e estatutária (artigo 76.º, n.º2 CRP). 

6Beneficiam de autonomia política e administrativa.

7Apenas lhes são conferidas atribuições de natureza administrativa.

8Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.

9Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.

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  Os Institutos Públicos comuns integram a

Administração Indirecta; 

  Importa distinguir associações públicas de associações

de entidades públicasy  Associações Públicas agregam particulares e

pessoas jurídicas privadas, apresentando um

substrato de natureza privada; 

y  Associações de entidades públicas constituem

consórcios públicos, de cooperação

interadministrativa, apresentando um substrato

de natureza pública. Por exemplo: Associação

Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e

Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).  

o  Entes públicos dependentes vs. Entes públicos

independentes10 

  Aplica-se à relação entre entes públicos infraestaduais

e o Estado (ente público maior, em antonomásia)

  Princípios constitucionais relativos à organização administrativa11 

o  Princípio da desconcentração e descentralização

administrativa (artigo 267.º, números 1 e 2 CRP)

  O princípio da desconcentração consiste na

distribuição de competências por vários órgãos dentro

da mesma pessoa colectiva pública. Uma pessoa

colectiva própria é concentrada quando as

competências decisórias estão no superior hierárquico,sendo desconcentrada quando as competências

decisórias são partilhadas pelo superior hierárquico e

os restantes órgãos.

10Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.

11Estes princípios estão na origem da criação de vários sectores de organização. Remete-se para o

quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.

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y  Distinção entre desconcentração vertical e

desconcentração horizontal 

o  Desconcentração vertical (privilegia-se a

ideia de proximidade às populações , para

melhor resolução das questões e maiorqualidade, celeridade e correcção da

actividade administrativa)

  Funcional 

  Burocrática  

  Territorial (criação do Governador

Civil)

o  Desconcentração horizontal (distribuição

de tarefas entre ministros, nos vários

ministérios)

y  Distinção entre desconcentração originária e

desconcentração derivada 

o  Desconcentração originária (transferência

de competências entre órgãos pela Lei. Por

exemplo: de Ministro para Director-Geral)

o  Desconcentração derivada (realizada por

«delegação de  poderes» , implica relação

de competência entre delegante e

delegado. A Lei permite a delegação de

poderes, transmitindo-se o exercício de

competências. Contudo, a competência

continua no órgão delegante (artigo 39.º

CPA). Trata-se de uma relação int ui t u

 personae. 

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  O princípio da descentralização (conceito polissémico)

pode assumir diferentes sentidos:

y  Em sentido amplíssimo (excessivo), constitui um

processo de divisão ou repartição de

atribuições12

por várias pessoas colectivaspúblicas. Prevalece o critério da personalidade

  jurídica, confundindo-se com o critério da

desconcentração;

y  Em sentido amplo, entende-se que o monopólio

da actividade administrativa encontra-se

repartido por várias entidades infraestaduais,

gozando de um certo grau de autonomia, face à

Administração estadual. Adiciona-se um

elemento de autonomia substantiva face ao

Estado;

y  Adoptando um sentido material mais genuíno,

este princípio exige o reconhecimento de

comunidades sub-estaduais, capazes de gerir

autonomamente os seus interesses públicos

(auto-gestão de interesses públicos próprios),

através de órgãos de governo por si eleitos

(auto-governo e auto-administração) para além

da personalidade jurídica e da autonomia

administrativa e financeira (que também têm as

entidades administrativas da Administração

Indirecta). Trata-se do reconhecimento e

ampliação da Administração Autónoma, cujos

entes não estão sujeitos a superintendência ou

tutela de mérito, estando submetidas apenas a

controle de mera legalidade.o  Descentralização em sentido  pró prio

descentralização administrativa territorial

e não-territorial (ou corporativa) 

12 Note-se que se trata de uma distribuição de finalidades ( competências).

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o  Descentralização  por serviços, im pró pria,

ou «devolução de poderes»  

  Sistema em que os interesses

públicos do Estado são postos pela

Lei e prosseguidos por pessoascolectivas dependentes, criadas e

controladas pela Administração

Principal;

  Distribuição e especialização de

tarefas;

  Dá lugar à criação da Administração

Indirecta;

  Órgãos de direcção designados pelo

Governo, podendo ser demitidos

por ele, sujeitos a controlo

acentuado de legalidade e de mérito

(através da superintendência e da

tutela de autoridade e de mérito);

  Entes de natureza auxiliar ou

instrumental.

o  Princípio da subsidiariedade 

  De inspiração comunitária (artigo 5.º TUE), mas com

consagração constitucional no artigo 6.º CRP;

  Deve-se dar preferência aos entes públicos menores,

em prejuízo da Administração do Estado (ente público

maior), a não ser que, por razões técnicas ou

económico-financeiras, o interesse público seja melhor

prosseguido pelo ente público maior;  Reconhecimento de competências às entidades

infraestaduais;

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  Concorre com o princípio da descentralização para

dilatar/expandir a noção de Administração Autónoma

(local e autonómica13);

  Por força deste princípio, pode haver uma

transferência de competências que não resultadirectamente do princípio da descentralização

(aprofundamento de competências), pois constituem

tarefas que não correspondem às competências

específicas dos órgãos locais e regionais;

  Já não existe o Estado como ordenamento geral de fins

gerais, dada a transferência de competências a nível

supra-nacional e infra-estadual;

  Sucede uma heresia a nível jurídico-constitucional, em

que o Estado, delegando competências em órgãos

infraestaduais, não abdica, na realidade, do exercício

das mesmas (por exemplo: na Educação, a propósito da

avaliação dos professores).

  Administração territorial do Estado 

o  Administração Directa14 

  A actividade administrativa é levada a cabo pelos

serviços próprios da pessoa colectiva;

  Dirigida pelo Governo, enquanto órgão superior da

Administração Pública, nos termos dos artigos 182.º e

199.º CRP;

  Estrutura administrativa organizada de modo piramidal

(relação de hierarquia);

  Composta por órgãos centrais e órgãos regionais e

locais 

y  Órgãos centrais (com competência sobre todo o

território nacional Ministérios e Direcções-

Gerais);

13Artigos 227.º (Regiões Autónomas) e 257.º (Regiões Administrativas) da CRP.

14 Ver Lei Orgânica do XVIII Governo Constitucional (Decreto-Lei 321-2009, de 11 de Dezembro)

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y  Órgãos regionais e locais (Administração

Periférica, composta, nomeadamente, pelos

Governadores Civis e pelas Comissões de

Coordenação e Desenvolvimento Regional).

o  Administração Indirecta 

  A actividade administrativa é levada a cabo por

entidades administrativas instrumentais, controladas

pela «Administ r ação-mãe ;

  Constituída por pessoas colectivas de fins específicos

do Estado (da Administração Nacional), com natureza

instrumental e artificial (  ficções jurídicas );

  Estas entidades não prosseguem interesses próprias,

mas antes interesses da «Administ r ação-mãe»;

  As entidades não definem a sua própria organização

administrativa e atribuições, não deixando, contudo, de

ser Administração do Estado;

  Tais entidades dispõem de órgãos próprios, são

dotadas de personalidade jurídica e dispõem de

autonomia administrativa, praticando actos

impugnáveis contenciosamente e de autonomia

financeira, ainda que auxiliados por verbas

provenientes do Orçamento Geral do Estado, na

medida em que dispõem de orçamento próprio e

receitas (e despesas) próprias;

  As entidades administrativas instrumentais são alvo de

superintendência (poder de orientação) do Estado, que

fixa directas e orientações para garantia a boa gestão;

  Institutos Públicos vs. Empresas Públicas

y  Em ambos os casos, apresentam uma baseinstitucional, sendo que, relativamente aos

institutos públicos, surgiram situações atípicas de

delegação de competências por parte do Estado

que, contudo, não abdica da sua titularidade e

exercício;

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y  No que concerne às empresas públicas, podemos

verificar a existência de Entidades Públicas

Empresariais (E.P.E.)15, dotadas de personalidade

 jurídica, e as sociedades de capitais públicos.

o  Administração Autónoma 

  Colectividades territoriais infraestaduais,

caracterizadas pela auto-administração dos interesses

públicos locais, através de órgãos eleitos (auto-

governo), independentes da Administração do Estado

(não há superintendência, hierarquia ou tutela de

mérito);

  Existência e reconhecimento de interesses próprios das

colectividades;

  Existência de órgãos representativos, ao abrigo do

princípio da electividade e do princípio da

representatividade;

  Autonomia face ao Estado;

  A existência da Administração Autónoma prende-se

com o facto de haver entidades infraestaduais, com

interesses próprios, de natureza político-

administrativa, promovendo-se, deste modo, o

pluralismo;

  Por Administração Autónoma, entende-se a

Administração de interesses públicos próprios de certas

colectividades infraestaduais, de natureza territorial ou

funcional (profissional), por intermédio de pessoas

colectivas públicas, dotadas de personalidade jurídica

própria, dotadas de poderes administrativos próprios,que exercem por responsabilidade própria, apenas se

verificando uma tutela de mera legalidade por parte da

Administração do Estado;

15Por exemplo: Hospital de São João, E.P.E.

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  Elementos constituintes da Administração Autónoma  

y  Existência de colectividades infraestaduais, às

quais se reconhece o desempenho de funções e

tarefas administrativas, que se legitimam pela

prossecução de interesses próprios dessascolectividades;

y  Grau significativo de identificação entre

indivíduos da comunidade, através da residência

(autarquias locais) ou da profissão (corporações);

y  Caracterização indelével da Administração 

o  Prossecução de interesses próprios da

colectividade, que não se confunde com os

interesses a nível nacional;o  Administração levada a cabo pelos

administrados, através dos representantes

(representação indirecta) ou

directamente. Gozam de auto-governo e

auto-administração, o que permite

distinguir da Administração Indirecta;

o  Reconhecimento de uma enorme e

efectiva independência aos órgãos

autárquicos responsáveis pela prossecução

de interesses próprios da colectividade

que representam. Portanto, respondem

directamente perante a comunidade que

representam.

  A Administração Periférica (ou Regional e Local) é composta,

nomeadamente, pelas Comissões de Coordenação e

Desenvolvimento Regional (CCDR) e pelos Governadores Civis,

subordinados à autoridade central;

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  Institutos Públicos (Administração Indirecta) 

o  Não definem a sua orientação, sendo alvo de

superintendência estadual;

o  Não prosseguem interesses e atribuições próprias, mas antes

fins específicos da Administ r ação-mãe;o  Os seus órgãos são nomeados e susceptíveis de demissão

pelo Governo;

o  Sujeitos a tutela de legalidade, para verificação da

prossecução dos fins conferidos;

o  Os institutos públicos integram a Administração Pública do

Estado, enquanto as empresas públicas fazem parte do Sector

Empresarial do Estado (SEE).

  Relação entre Administração do Estado e Administração

Autónoma 

o  Verifica-se uma perversão da tutela do Estado sobre a

Administração Autónoma, que vai mais além da mera

legalidade;

o  A Administração Autónoma prossegue interesses públicos

próprios de certas colectividades sociais, de modo livre

(apenas condicionado pela tutela de mera legalidade do

Estado, não sendo, portanto, totalmente independente),

estando dotada de auto-governo (órgãos de governo

próprios) e auto-administração (dotadas de poderes

administrativos próprios, exercidos livremente; auto-

determinação e auto-definição, sem intervenção

heterónoma; vontade imanente ao ente autónomo) e isentas

de tutela de mérito ou de superintendência;

o  A constituição de uma Administração Autónoma fica a dever-se à complexidade da sociedade, ao reconhecimento de

colectividades infraestaduais e ao pluralismo social;

o  No que concerne ao controlo jurisdicional do cumprimento

da legalidade pela Administração Autónoma, ela devia

competir, teoricamente, aos Tribunais Administrativos e

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Fiscais, admitindo-se uma tutela de mérito do Governo, em

situações excepcionais, em que importa fazer prevalecer o

interesse público primário. Contudo, esta tutela excepcional

de mérito do Governo nunca pode incidir nas atribuições e

decisões próprias da Administração Autónoma;

o  Administração Autónoma (pelo critério do território)

  Territorial o território faz parte da sua própria

definição. Dotada de garantia institucional (artigo 235.º

e seguintes CRP), gozando também de autonomia

regulamentar;

  Não-territorial (funcional ou corporativa) o território

não entra no substrato público, ainda que não seja

totalmente irrelevante para delimitar territorialmente

a sua área de acção (por exemplo: Casa do Douro).

Dotada de garantia constitucionalmente facultativa (na

dependência de Lei), sendo a Lei a fixar as faculdades

que lhes são conferidas.

o  Dimensões da autonomia Administração Autónoma16 

  Reconhecimento de personalidade jurídica;

  Autonomia administrativa:

y  Prática de actos susceptíveis de impugnação

directa nos tribunais17;

o  Ausência de necessidade de recurso

hierárquico (necessário18 ou facultativo19)

16 Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.17

 Necessidade de leitura do CPA em conformidade com os artigos 59.º números 4 e 5 CPTA e artigo

268.º, n.º4 CRP18

O recurso hierárquico necessário ainda se encontra em vigor, desde que não contrarie a tutela

 jurisdicional efectiva e a desconcentração administrativa. Ainda assim, admite-se como argumento paraarguir a inconstitucionalidade do recurso hierárquico necessário o facto de se tratar de uma «aut o-

t ut el a cont enciosa indirecta», sendo que a fiscalização da legalidade dos actos é da competência dos

tribunais.19

O recurso hierárquico facultativo constitui, hoje, o regime-regra, nos termos dos artigos 166.º, 167.º e

seguintes CPA, estando assim na disponibilidade do interessado.

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administrativo, para o superior

hierárquico;

o  As garantias impugnatórias necessárias

privilegiam o fortalecimento do poder da

Administração, em vez de constituíremuma garantia dos particulares.

  Autonomia financeira:

y  Autonomia patrimonial

y  Autonomia orçamental

y  Autonomia de tesouraria

y  Autonomia creditícia

y Poderes tributários autárquicos

  Autonomia normativa: possibilidade de emissão de

regulamentos autónomos (por exemplo: posturas

municipais artigo 241.º CRP) com eficácia externa (

regulamentos independentes do Governo);

  Autonomia disciplinar interna;

  Autonomia sancionatória;

  Autonomia organizatória: definição da organização dos

seus serviços;

  Autonomia estatutária;

  Autonomia de orientação;

  Auto-governo: no que concerne à Administração

Autónoma não-territorial, participam pessoas

representativas dos interesses económicos e sociais

(autoridades externas), como forma de co-

administração.

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o  Relações jurídico-administrativas entre os vários sectores da

organização administrativa20 

  A hierarquia é um elemento comum à organização

administrativa do Estado, das Regiões Autónomas e das

Autarquias Locais;  O artigo 199.º, alínea d) da Constituição consagra

expressamente a tutela exercida pelo Governo.

  Os subordinados assumem deveres de obediência,

poder disciplinar, informação e cooperação no que

concerne às relações jurídico-administrativas com os

seus superiores.

y  Hierarquia relação inter-orgânica da mesma

pessoa colectiva pública;

 

y  Superintendência e tutela relações

intersubjectivas entre órgãos de pessoas

colectivas distintas.

  1.ª Hierarquia

y  Modelo de organização vertical;  

y  Relação entre dois ou mais órgãos da mesma

pessoa colectiva pública, realizando atribuições

comuns; 

y  Relações entre órgãos ligados por um vínculo

  jurídico de hierarquia, que confere ao superior

hierárquico o poder de direcção e ao subalterno

o dever de obediência; 

y  O típico poder da relação jurídica hierárquica é o

poder de direcção, isto é, a capacidade de o

superior hierárquico emitir comandos jurídicos a

todos os órgãos a ele subordinados. 

o  Comandos jurídicos

  Ordens assumem natureza

concreta e jurídica; 

20Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.

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  Instruções assumem carácter geral

e abstracto, com vocação

prospectiva; 

  Directivas conferem liberdade de

acção ao subalterno. 

y  O poder de direcção não carece de consagração

expressa na Lei, decorre de ser um elemento

imanente da relação jurídica hierárquica; 

y  O poder de direcção pode incidir sobre todas as

matérias da competência dos subalternos,

mesmo quando estes últimos gozam de

discricionariedade administrativa, delimitando o

poder discricionário do subalterno;  

y  Mesmo quando o superior hierárquico não goza

de competência para produzir actos com eficácia

  jurídica externa, mesmo assim pode emitir

ordens ou instruções21; 

y  Deveres inerentes ao poder de direcção

o  Dever de obediência (principal dever)

implica três requisitos: 

  Ordem ou instrução que emana de

um legítimo superior hierárquico; 

  Ordem ou instrução que incida

sobre matéria de serviço;  

  Ordem ou instrução que assuma a

forma legal. 

o  Constituem excepções ao dever de

obediência (em que há uma presunção deculpa): 

  Artigo 271.º, n.º3 CRP o dever de

obediência não pode resultar na

prática de um crime; 

21 Note-se a diferença entre competências partilhadas e competências exclusivas.

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  Artigo 134.º CPA o dever de

obediência não pode resultar na

prática de um acto nulo.  

o  Mesmo que, em outras situações nãodescritas, o acto praticado pelo superior

hierárquico seja ilegal, existe dever de

obediência. Nestes casos, compete ao

subalterno cumprir o «dever de res peitosa

re presentação». 

  Exerce um dever de reclamação

prévia, para denunciar a ilegalidade

do acto; 

  Ainda que o acto tenha de ser

cumprido imediatamente, para

prossecução de interesse público

superior, deve o subalterno

reclamar por escrito, a título

posterior. 

y  Acção de responsabilidade contra os danos

causados

o  Deve ser dirigida contra a Administração

ou contra a Administração e o subalterno,

cumulativamente, salvaguardando, deste

modo, mais garantias patrimoniais;  

o  No caso de processo exclusivamente

contra o subalterno, poderá este último

invocar «exclusão de res ponsabilid ade»,como fundamento de improcedência da

acção proposta contra o próprio?  

  Não pode, na medida em que os

elementos cumulativos

determinantes apresentados têm

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apenas eficácia interna, não sendo,

na generalidade, do conhecimento

do lesado. Caso fosse admitido,

seria uma denegação de justiça ao

autor da acção.   O subalterno deve chamar ao

processo a Administração e o

superior hierárquico; 

  Se o subalterno tiver assumido a

responsabilidade, pode intentar

uma «acção de regresso» contra a

Administração, reavendo os

montantes dispendidos.  

o  Se a acção for intentada contra a

Administração (artigo 22.º CRP e Lei n.º

67/2007, de 31 de Dezembro

responsabilidade solidária), poderá a

Administração intentar uma acção contra

o subalterno? 

  Poderá, contudo a «acção de

regresso» será improcedente, por

efeito da «exclusão de

res ponsabilid ade». 

y  Poderes do superior hierárquico

o  Supervisão

  Relação jurídica quase orgânica

entre órgão supervisionante e órgão

supervisionado;   Poder de actuação sobre os actos do

órgão supervisionado, anulando ou

suspendendo os actos praticados

pelos subalternos. Por exemplo:

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entre órgão Câmara Municipal e

seus membros; 

  Difere da superintendência,

verificável nas relações entre

Administração do Estado eAdministração Indirecta.

o  Poder de inspecção fiscalização de

serviços; 

o  Poder disciplinar aplicação de sanções

previstas na Lei, por violação do conteúdo

funcional imposto por Lei;  

o  Reapreciação de actos anteriormente

praticados pelos subalternos

  Anulação (mesmo que o subalterno

tenha competência exclusiva

artigo 174.º CPA); 

  Suspensão (artigo 142.º CPA) 

o  Decisão de conflitos de competências

positivas ou negativas entre órgãos

subalternos (artigos 42.º e 43.º CPA

definir qual o órgão competente).  

  2.ª Superintendência

y  Poder conferido pela Lei às Administraçõesprincipais de fixar objectivos e de guiar a

actuação das entidades dependentes (institutos

públicos) que constituem a Administração

Indirecta; 

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y  Poder de orientação sobre as entidades

submetidas à superintendência;  

y  A Administração principal pode emitir:  

o  Directivas comandos de natureza

genérica, vinculativos aos objectivos pré-determinados. Podem conferir liberdade

quanto aos meios a seleccionar;  

o  Recomendações constituem conselhos

que não são acompanhados de sanção (

directivas) pelo incumprimento de

objectivos pré-determinados. 

y  Não carece de previsão na Lei para cada caso, namedida em que é parte integrante da noção de

Administração principal. De todo o modo, a Lei-

Quadro dos Institutos Públicos (Lei 3/2004, de 15

de Janeiro) prevê, no artigo 42.º, a

superintendência sobre institutos públicos, assim

como a Lei-Quadro das Empresas Públicas

dispõe, no artigo 11.º, o exercício de

superintendência sobre empresas públicas.  

  3.ª Tutela

y  Poder de intervenção e de controlo que uma

pessoa colectiva pública tem sobre a gestão de

outra, com vista a assegurar o controlo da

legalidade e de mérito;  

y  Implica duas pessoas colectivas públicas: a

entidade tutelar e a entidade tutelada;  

y  A tutela tem de se encontrar expressamente

prevista na Lei. 

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y  Tutela quanto ao fim

o  Legalidade controlo da legalidade da

actuação da entidade tutelada;  

o  Mérito incide sobre a conveniência e

oportunidade das decisões tomadas para aprossecução do interesse público. 

  Sobre a Administração Autónoma, é

exercida uma tutela de mera

legalidade; 

  Sobre a Administração Indirecta, é

exercida uma tutela de mérito e de

legalidade, sendo esta última mais

intensa face àquela que é exercida

sobre a Administração Autónoma.

Trata-se de uma tutela sobre o

poder jurídico vinculado e de

natureza discricionária, diversa

daquela que é exercida sobre a

Administração Autónoma (controlo

sucessivo das decisões, para

verificar se foram actos de boa

gestão tutela de mérito). 

y  Tutela quando ao conteúdo

o  Inspectiva fiscalizar o funcionamento

dos serviços, do comportamento dos

funcionários, acesso às contas edocumentos; 

o  Integrativa emissão de pareceres

vinculativos e aprovação dos actos da

autoridade tutelada. 

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  Note-se a diferença entre

autorização e aprovação. 

y  Autorização trata-se de

requisito a  priori da validade; 

y  Aprovação trata-se de umrequisito a   post eriori  da

prática de um acto,

desencadeando eficácia

externa do acto.  

o  Revogatória consiste em revogar e

anular os actos praticados pelas entidades

tuteladas; 

o  Supletiva/substitutiva no caso de

omissão da autoridade tutelada, a

autoridade tutelar assume a prática do

acto legalmente devido, assumindo a

responsabilidade.  

y  Tutela sobre a Administração Autónoma,

constante do artigo 242.º CRP

o  Aplica-se não só à Administração

Autónoma territorial, como também à

não-territorial (funcional, associativa,

profissionais), tal como previsto no artigo

29.º da Lei das Associações Públicas

Profissionais (Lei n.º6/2008, de 13 de

Fevereiro). o  Anteriormente, as ordens profissionais

gozavam de imunidade tutelar, o que

significava que gozavam de maior

autonomia do que as Administrações

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Autónomas, implicando, sempre que se

 justificasse, o recurso à tutela contenciosa.  

  A tutela de mérito sobre a Administração Autónoma só é exercidaem situações excepcionais, quando importa evitar o

constrangimento de interesses públicos nacionais essenciais;

  Análise da Administração do Estado 

o  Verifica-se uma profunda descentralização do Estado, através

das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais;

o  Denota-se uma coabitação da Administração do Estado com a

Administração Local, em serviços administrativos locais(escolas, repartições das Finanças) e regionais (universidades,

serviços tributários, institutos politécnicos, forças de

segurança);

o  Governo 

  Órgão superior da Administração Pública do Estado

(artigo 182.º CRP);

  Nos termos do artigo 199.º CRP, são competências do

Governo:

y  Alínea c) assegurar a boa execução das leis

através de regulamentos;

y  Alínea d) assegurar o bom funcionamento

  jurídico (cumprimento da legalidade) e

administrativo (alíneas a) e d)) da Administração

Pública.

  Prossecução dos interesses públicos previamente

definidos e qualificados por Lei;

  Exercício da sua actividade em funcionamento colegial

(para assuntos de maior importância e nos casos

previstos na Lei) ou pessoal (através do ministro

competente em razão da matéria);

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  Os Ministros dispõem de competência regulamentar,

sancionatória, de contratação, de direcção e supervisão

da Administração Directa do Estado e de

superintendência e de tutela sobre as pessoas

colectivas públicas da Administração Indirecta;  Nos termos do artigo 133.º, n.º2, alínea a) do CPA,

constitui acto nulo (mais grave do que a anulabilidade,

vício-regra) todo aquele que não esteja incluído nas

atribuições dos Ministérios ou pessoas colectivas a que

o seu autor pertença. Os ministros têm iguais

competências, mas diferentes atribuições;

  Ao abrigo do artigo 183.º CRP, constituem elementos

constitucionalmente necessários no Governo: Primeiro-

Ministro, Ministros e Secretários de Estado. Por outro

lado, são elementos facultativos ou eventuais os Vice-

Primeiros-Ministros e os Sub-Secretários de Estado.

y  Compete ao Primeiro-Ministro dirigir o

funcionamento (coordenação) do Governo,

função que também pode ser concretizada

através do Conselho de Ministros (artigo 200.º,

número 1, alíneas a) e b) CRP).

  O Governo dispõe de competência exclusiva quanto à

sua própria organização e funcionamento, ao abrigo da

autonomia político-legislativa do Governo (artigo 198.º,

n.º2 CRP lei orgânica do Governo Constitucional).

Devemos efectuar uma interpretação restritiva deste

artigo, na medida em que em a definição das b ases

gerais do estatuto das empresas públicas e das

fundações públicas é uma matéria abrangida pelareserva relativa de competência legislativa da AR;

  Verificava-se nos anos 70, 80 e inícios dos anos 90 um

excesso de ministérios, dado tratar-se de uma

Administração constitutiva. Desde então, denota-se

uma retracção do Estado (a partir de meados dos anos

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exercício de funções de acompanhamento

e execução de políticas públicas. Quando a

função dominante seja a inspectiva, os

serviços de controlo, auditoria e

fiscalização designam-se inspecções-geraisou inspecções regionais, quando se trate,

respectivamente, de serviços centrais ou

periféricos;

o  Coordenação remete para os artigos

17.º, 18.º e 19.º. Consistem na promoção

da articulação entre serviços onde a

necessidade de coordenação é

permanente. Os serviços de coordenação

podem ser intra ou interministeriais,

devendo o diploma que os cria especificar

qual o membro do Governo de que

directamente dependem, no caso de

terem natureza interministerial.

y  No que concerne aos serviços executivos e de

controlo e fiscalização, tem-se que a organização

interna deve ser adequada às respectivas

atribuições, obedecendo aos seguintes modelos

(artigo 20.º): estrutura hierarquizada e estrutura

matricial.

o  O artigo 21.º refere-se aos regimes de

estrutura hierarquizada: estrutura interna

hierarquizada (n.º1), estrutura nuclear(n.º2) e estrutura flexível (n.º3);

o  Já o artigo 22.º diz respeito à estrutura

matricial, sendo que o n.º1 refere que este

modelo é adoptado sempre que os

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serviços possam desenvolver-se

essencialmente por projectos.

y  O artigo 28.º consagra expressamente apossibilidade de criação de estruturas de

prossecução de missões temporárias (estruturas

temporárias), que apresentam as seguintes

características:

o  Existência efémera;

o  Dependência de serviços pré-existentes

(por exemplo: Secretaria-Geral);

o  Serviços pré-contratualizados.

y  Ao nível do Governo, podem ser criadas

Comissões inter-ministeriais, onde,

predominantemente, surge o Ministério das

Finanças.

o  Administração Periférica do Estado (Regional, Distrital e

Concelhia) 

  Agem sobre a égide dos serviços centrais dos

Ministérios, o que revela uma dependência directa

(relação jurídica de hierarquia);

  As entidades que a integram exercem as suas

competências numa área geográfica delimitada

(circunscrição territorial);

y  Divisão Administrativa Geral (base territorial)o  Regiões (Norte, Centro, Lisboa e Vale do

Tejo, Alentejo e Algarve)2425;

24Importa não confundir estas regiões com as Regiões Administrativas, previstas na Constituição da

República Portuguesa (desde o texto originário), mas que não se encontram concretamente instituídas.25

As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (também prestam apoio aos municípios) e

os Governadores Civis constituem as mais importantes figuras da Administração Periféricas.

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o  Distritos (18 distritos);

o  Concelhos (308 concelhos)

y  Divisão Administrativa Especial (depende do

ramo da Administração)o  Circunscrições territoriais, ao nível

florestal;

o  Bacias hidrográficas, ao nível dos recursos

hídricos.

  Critérios para delimitar a área territorial de

competência

y  Agrupamento de distritos (base territorial da

Saúde, Educação e Segurança Social)  

y  NUTS II26 (unidades territoriais para fins

estatísticos, nos termos do Direito Comunitário). 

o  É este o critério que se aplica às CCDR;  

o  Alguns municípios contidos em distritos

não integram a NUT que decorreria da

aplicação do primeiro critério.

  Governador Civil27 

y  Trata-se de um órgão singular, ao contrário das

CCDR, que constituem órgãos colegiais; 

y  Tem como base territorial o distrito;  

y  Representa o Governo na área do distrito,

exercendo as funções e competências definidas

por Lei (artigo 2.º do Decreto-Lei 252/92, de 19

de Novembro); 

26 Em Portugal Continental: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve + Região Autónoma dos Açores e

Região Autónoma da Madeira 

27 Ver Decreto-Lei 252/92, de 19 de Novembro (Estabelece o estat ut o orgânico,  pessoal as com petênci as

e o regime do Governador Civil )

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y  É nomeado e exonerado pelo Governo, sob

proposta do Ministro da Administração Interna,

de quem depende hierarquicamente (artigo 3.º

do Decreto-Lei 252/92, de 19 de Novembro); 

y  Assume as competências elencadas no artigo 4.ºdo referido diploma:  

o  Enquanto Representante do Governo 

(n.º1) 

  Proximidade dos cidadãos  

o  No exercício de poderes de tutela (n.º2) 

o  No exercício de funções de polícia (n.º3) 

  Tomar as providências necessárias

para manter a ordem e segurança

pública, requisitando, quando

necessário, os serviços das forças

policiais (alínea a) do n.º3);  

  Conferir autorizações e licenças para

o exercício de actividades, tomando

em consideração a segurança dos

cidadãos (alínea b) do n.º3).  

o  No exercício de funções de protecção civil 

(n.º4) 

  Desencadear e coordenar acções de

protecção civil de prevenção,

socorro, assistência e reabilitação.

o  Outras competências (n.º5) 

y  Nos termos do artigo 8.º do diploma, o

Governador Civil, em situações de urgência, podeassumir poderes ad ex t r a, que exorbitam a

circunscrição legal; 

y  Ao abrigo do artigo 6.º do diploma, dos actos do

governador civil cabe recurso contencioso (devia

ler-se «im pugnação cont enciosa») e ainda,

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facultativamente, recurso hierárquico para o

Ministro da Administração Interna;  

y  De acordo com o artigo 7.º do diploma, a 

viol ação dos regul ament os d a com petênci a do

Governador Civil const i t ui cont r a-ordenação punível com coima , nos t ermos d a lei ger al . 

  A divisão administrativa especial é extensa e demasiado complexa,

face à sua definição mal conseguida;

  As Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de Nível II (NUTS II)

coincidem grosso modo com o agrupamento de distritos, mas

importa notar as excepções verificáveis.

  Comissões de Coordenação e Desenvolvimento

Regional (CCDR)

y  Encontram-se reguladas pelo Decreto-Lei

n.º134/2007, de 27 de Abril, que procede à

revogação de um diploma de 2004;  

y  Nos termos do artigo 1.º deste diploma legal, as

comissões de coordenação e desenvolvimentoregional são serviços  periféricos da

administração directa do Estado  , no âmbi t o do

Ministério do Ambient e, do Ordenament o do

T erri tório e do Desenvolviment o Regional 

(MAOT DR), dotados de autonomia

administrativa e financeira; 

y  Trata-se de um órgão colegial que ocupa um

lugar relevante na organização administrativa

directa do Estado; 

y  Têm um conteúdo de atribuições assaz amplo,

funcionando como interface entre Administração

Central e Administração Local;  

y  Assumem um papel relevante nos Planos

Urbanísticos de Desenvolvimento Regional;  

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y  Ao abrigo do artigo 3.º (âmbito territorial) do

diploma, a área geogr á fica de act uação de cad a 

CCDR corres ponde à circunscri ção t erri t ori al de

nível II d a  Nomencl at ur a d as Unid ades

T erri t ori ais  par a Fins Estat íst icos ( NUTS  ) docont inent e;

y  Constituem um serviço ou organismo que tem

uma componente participativa considerável.

o  De acordo com o artigo 9.º, n.º1 do

diploma, o conselho regional   é o órgão

consul t ivo d a CCDR re presentat ivo dos

v ários int eresses e ent id ades relev ant es

 par a a  prossecução dos seus fins. O n.º2 do

mesmo artigo apresenta a composição do

Conselho Regional. 

2-Compõem o conselho regional:

a) Os presidentes das câmaras municipais abrangidas na áreageográfica de actuação da respectiva CCDR;b) Dois representantes das freguesias da área de intervenção darespectiva CCDR, indicados pela Associação Nacional de Freguesias

(ANAFRE);c) Um representante de cada entidade com assento na comissãopermanente de concertação social do conselho Económico e Social ;d ) Dois representantes das universidades sedeadas na região,nomeados pelo conselho de reitores;

e)Um representante dos institutos politécnicos sedeados na região,

designado pelo conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos; f ) Um representante da Associação Nacional das Regiões de Turismo ;g) Dois representantes das organizações não governamentais do

ambiente, a indicar pela respectiva confederação nacional;h) Dois representantes das associações de desenvolvimento regional ,a serem indicados pela Associação Nacional das Agências deDesenvolvimento Regional;

i ) Um representante das associações de desenvolvimento local, a serindicado pela Federação Portuguesa de Associações deDesenvolvimento Local;

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 j ) Um representante das associações cívicas com expressão regional, aser indicado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento

Local;l ) Até quatro representantes de entidades regionais ou nacionaisrelevantes, não incluídas nas alíneas anteriores, a serem designadas

pelo conselho regional, sob proposta do presidente da CCDR;m) Até quatro individualidades de reconhecido mérito na região, aserem designadas pelo conselho regional, sob proposta do presidenteda CCDR. 

o  O artigo 5.º consagra a composição da

CCDR. 

Artigo 5.º

(Órgãos)1Cada CCDR é dirigida por um presidente, coadjuvado por dois vice-presidentes, cargos de direcção superior de primeiro e segundo grau,respectivamente .2São ainda órgãos das CCDR:a) O fiscal único;

b) O conselho de coordenação intersectorial;c) O conselho regional.

y  A proliferação de serviços periféricos da

Administração do Estado pode justificar a

existência de CCDR, efectuando a coordenação

dos serviços dos ministérios e institutos públicos

em cada circunscrição.

  Análise da Administração Autónoma Regional 

o  Pontifica o princípio da autonomia político-administrativa,diferindo das autarquias locais, que apenas beneficiam de

autonomia administrativa;

o  Gozam de poder legislativo e político;

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o  A Administração Autonómica é completamente

independente da Administração do Estado, diferentemente

da Administração Local;

o  Os órgãos de Governo próprios exercem poderes de direcção 

(sobre a Administração Directa das Regiões Autónomas),superintendência e mérito (sobre a Administração Indirecta

das Regiões Autónomas);

o  Podem existir institutos públicos e empresas públicas

regionais.

  Ao nível da Administração Local, admite-se a existência

de empresas públicas locais, fundações públicas de

Direito Privado, mas não podem existir institutos

públicos locais. Por isso, denota-se a criação de

empresas públicas sem fins empresariais para contrair

a impossibilidade de criação de institutos públicos

locais.

o  A propósito da Administração Autónoma Regional, importa

considerar a seguinte legislação:

  Artigos 225.º e seguintes CRP;

  Estatutos Político-Administrativos das Regiões

Autónomas dos Açores e da Madeira (leis reforçadas);

  Leis de âmbito nacional;

  Leis e regulamentos regionais.

o  O Governo Regional constitui o principal órgão

administrativo, sendo composto por Secretarias Regionais 

(equivalentes aos Ministérios do Governo nacional), dirigidas

pelos Secretários Regionais. Importa ainda considerar as

Direcções Regionais e as Secretarias de serviços;o  No caso específico dos Açores, podem haver serviços

administrativos desconcentrados (Administração Periférica),

em virtude da questão territorial da distância entre ilhas;

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o  Nas Regiões Autónomas, as autarquias locais estão sujeitas a

tutela regional, que difere da tutela de mera legalidade do

continente;

o  A Administração do Estado tem apenas uma intervenção

política na Região Autónoma;o  Representante da República (artigo 230.º CRP)

  Anteriormente designado Ministro da República, vela

pela aplicação da Constituição e verifica o exercício

regular da actividade por parte do Governo Regional;

o  Verifica-se uma profunda descentralização para serviços das

Regiões Autónomas;

o  A intervenção estadual é limitada, restringindo-se aos

serviços públicos essenciais, como são a segurança, as Forças

Armadas e a Educação e Ensino Superior (Universidade e

Institutos Politécnicos);

o  As receitas fiscais obtidas pelas Regiões Autónomas revertem

inteiramente a favor das mesmas;

o  Importa considerar os três níveis de Administração nas

Regiões Autónomas:

  Administração Estadual;

  Administração Regional;

  Administração Local (dependente da Administração

Regional).

  Análise da Administração Autónoma Local 

o  Constituem colectividades de pessoas e território;

o  Importa considerar a seguinte legislação ao nível das

autarquias locais:  Lei n.º159/99, de 14 de Setembro (Estabelece o quadro

de transferência de atribuições e competências para as

autarquias locais);

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  Lei n.º169/99, de 18 de Setembro (Lei das Autarquias

Locais Regime jurídico de funcionamento, dos órgãos

dos municípios e das freguesias).

o  A acção dos órgãos administrativos autárquicos desenvolve-se numa circunscrição territorial;

o  Prosseguem a realização das atribuições conferidas, isto é, o

exercício dos interesses públicos locais (específicos e

próprios);

o  Beneficiam de uma autonomia meramente administrativa;

o  A autonomia materializa-se no destacamento de atribuições,

cabendo a gestão da autonomia administrativa às autarquias

locais;

o  Elementos constituintes das autarquias locais

  Porção de território nacional; 

  Aglomerado populacional; 

  Prossecução de interesses públicos próprios e diversos

dos interesses públicos nacionais; 

  Desempenha funções administrativas próprias, que se

  justificam na realização de interesses públicos das

comunidades infra-estatais (autarquias locais); 

  Existência de órgãos eleitos e representativos , de

acordo com o princípio democrático. 

o  Fontes normativas

  Constituição da República Portuguesa (artigos 235.º e

seguintes). Nos termos do n.º2 do artigo 235.º CRP, as

autarquias locais são pessoas colectivas territoriais, que

prosseguem interesses públicos próprios; 

  Lei n.º159/99, de 14 de Setembro (Estabelece oquadro de transferência de atribuições e competências

para as autarquias locais);

  Lei n.º169/99, de 18 de Setembro (Lei das Autarquias

Locais Regime jurídico de funcionamento, dos órgãos

dos municípios e das freguesias).

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o  Constituem autarquias locais os municípios e as freguesias.

Podemos ainda considerar as regiões administrativas,

formalmente previstas na Constituição, mas dependentes de

referendo favorável para a sua criação material;o  Regime fiscal, património e finanças próprias das autarquias

locais (artigo 238.º CRP)

Artigo 238.º CRP(Património e finanças locais)

1. As autarquias locais têm património e finanças próprios.

2. O regime das finanças locais será estabelecido por lei e visará a justarepartição dos recursos públicos pelo Estado e pelas autarquias e anecessária correcção de desigualdades entre autarquias do mesmo grau .

3. As receitas próprias das autarquias locais incluem obrigatoriamente as

provenientes da gestão do seu património e as cobradas pela utilizaçãodos seus serviços.

4. As autarquias locais podem dispor de poderes tributários, nos casos enos termos previstos na lei.

o  Poder Regulamentar (artigo 241.º CRP)

Artigo 241.º CRP

(Poder regulamentar)

As autarquias locais dispõem de poder regulamentar próprio nos limitesda Constituição, das leis e dos regulamentos emanados das autarquias de

grau superior ou das autoridades com poder tutelar.

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o  Tutela Administrativa (artigo 242.º CRP)

Artigo 242.º CRP(Tutela administrativa)

1. A tutela administrativa sobre as autarquias locais consiste na

verificação do cumprimento da lei por parte dos órgãos autárquicos e éexercida nos casos e segundo as formas previstas na lei.

2. As medidas tutelares restritivas da autonomia local são precedidas deparecer de um órgão autárquico, nos termos a definir por lei.

3. A dissolução de órgãos autárquicos só pode ter por causa acções ouomissões ilegais graves. 

o  O regime jurídico das autarquias locais encontra-se disperso 

por vários diplomas ordinárias, para além da CRP, o que acusa

um défice de codificação. Três factos fundamentais

fundamentam esta posição:

  Indefinição quanto ao sistema de governo das

autarquias locais. Admite-se a eleição directa e

separada dos membros da Câmara Municipal e da

Assembleia Municipal, que constituem os principaisórgãos, para além do Presidente da Câmara Municipal

do município (autarquia local principal). A Câmara

Municipal constitui o órgão colegial executivo da

pessoa colectiva pública, detendo competências e não

atribuições (conferidas ao município);

  Âmbito das atribuições dos municípios não se

encontra verdadeiramente sedimentado , ainda que o

artigo 13.º da Lei n.º159/99, de 14 de Setembro

apresente um elenco taxativo e generoso de

atribuições. Tal solução fez cair a tese da cláusula geral

que prevalecia anteriormente;

  Turbulência face às Finanças Locais.

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Estas razões têm justificado uma ausência de

codificação do Direito das Autarquias Locais. Note-se

que as Autarquias Locais desempenhavam, no Estado

Liberal de Direito, a função administrativa do Estado.

O Código Administrativo de 1936-1940 vigorou até1974, tendo sido aquele com maior longevidade. Com

as alterações introduzidas em 1976, através de

legislação sectorial, gerou-se uma «selv a de normas».

o  Tipologia e órgãos das autarquias locais  

  Municípios (principais autarquias locais)

  Freguesias  

  Regiões Administrativas (constitucionalmente

previstas)

o  A matéria relativa às autarquias locais é alvo de reserva de

competência legislativa da Assembleia da República, como

decorre do artigo 164.º, alíneas b), m) e r) e artigo 165.º, n.º1,

alínea q), ambos constantes da Lei Fundamental.

o  Freguesias  

  Autarquias locais infra-municipais;

  Compete-lhes o exercício das funções administrativas e

a prossecução dos interesses públicos da circunscrição

paroquial;

  Nos termos do artigo 244.º CRP, são órgãos

representativos da freguesia a assembleia de freguesia 

e a junta de freguesia;

y  Ao abrigo do artigo 3.º e seguintes da Lei dasAutarquias Locais, a assembleia de freguesia:

o  É o órgão deliberativo da freguesia (artigo

3.º LAL);

o  É eleita por sufrágio universal, directo e

secreto dos cidadãos recenseados na área

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de freguesia, segundo o sistema de

representação proporcional (artigo 4.º

LAL);

o  A constituição da Assembleia da Freguesia

depende do número de eleitores (artigo5.º LAL);

o  Assume, nos termos do artigo 17.º LAL:

  Funções eleitorais, procedendo,

nomeadamente, à eleição dos

vogais da junta de freguesia;

  Funções de orientação geral,

indicadas por normas gerais de

interesse geral para a freguesia e

exercício do poder tributário;

  Funções de acompanhamento e

fiscalização;

  Funções de decisão superior.

y  Ao abrigo do artigo 23.º e seguintes da Lei das

Autarquias Locais, a junta de freguesia:

o  É o órgão executivo colegial da freguesia,

constituído por um presidente e por

vogais, sendo que dois exercerão as

funções de secretário e tesoureiro (artigo

23.º, números 1 e 2 LAL);

o  Apresenta uma composição que depende

do número de cidadãos eleitores (artigo

24.º LAL);

o  Assume, nos termos do artigo 34.º LAL:  Competência executiva (alínea a) do

n.º1 do artigo 34.º LAL);

  Competência de gestão (alíneas b) e

d) do número 1 do artigo 34.º LAL),

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bem como a gestão permanente de

bens e serviços a seu cargo.

o  Municípios   Pessoa colectiva pública de fins gerais;

  Autarquia local principal, que prossegue os interesses

públicos da circunscrição concelhia;

  Beneficia de auto-governo (através de órgãos eleitos e

representativos) e auto-administração;

  Composição e órgãos

y  Assembleia Municipal: de natureza deliberativa; 

y  Câmara Municipal: de natureza executiva; 

y  Presidente da Câmara Municipal

o  A Assembleia Municipal e a Câmara

Municipal (órgãos colegiais) encontram-se

constitucionalmente consagradas,

enquanto o Presidente da Câmara

Municipal encontra-se legislativamente

prevista.  

o  Nos termos do artigo 53.º LAL, a

Assembleia Municipal assume: 

  Funções de orientação geral (n.º1

do artigo 53.º LAL) 

  Funções de acompanhamento e

fiscalização da Câmara Municipal 

(n.º2 do artigo 53.º LAL)  

  Funções de direcção superior, depoderes retirados ao domínio da

Câmara Municipal e do seu

Presidente; 

  Funções tributárias. 

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A Assembleia Municipal aprova os

Planos Municipais de Ordenamento

do Território, nomeadamente o

Plano Director Municipal (PDM),

directamente impugnável junto dosTribunais Administrativos e Fiscais.

o  Nos termos do artigo 64.º LAL, a Câmara

Municipal assume: 

  Competências de natureza

executiva (alínea b) do n.º1 do

artigo 64.º LAL); 

  Funções gestionárias do pessoal,

bens e serviços; 

  Funções decisórias, materializadas

na adopção de actos e na

celebração de contratos

administrativos.  

o  Nos termos do artigo 68.º LAL, o

Presidente da Câmara Municipal assume: 

  Competências de carácter

executivo e decisório;

  Funções presidenciais e

representativas, a nível externo e

interno da Câmara Municipal.  

o  Regiões Administrativas (artigos 255.º e seguintes CRP)

  Autarquias locais supra-nacionais;  Realizam, ao nível intermédio, de interesses públicos

das populações residentes nas circunscrições

territoriais;

  Com a sua criação, visa-se acabar com as assimetrias

regionais;

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y  Não fazem sentido num Estado que já delegou

competências nas autarquias locais, além de

exigirem «massa crí t ica»;

y  Importa eliminar a «Administ r ação par alel a»;

y  Se constituídas materialmente, tornar-se-ãopessoas colectivas de Direito Público, dotadas de

diversas capacidades, nomeadamente

administrativa e económica;

y  Os órgãos representativos da região

administrativa são a assembleia regional e a

  junta regional (artigo 259.º CRP), sendo que,

  junto de cada região, pode haver um

Representante do Governo (artigo 262.º CRP).

o  Não há hierarquia entre as autarquias locais, ainda que, nos

termos do artigo 241.º CRP, se constate uma hierarquia entre

regulamentos das diferentes autarquias locais;

o  Nos termos do artigo 251.º CRP, os presidentes de Junta de

Freguesia integram a Assembleia Municipal, assim como, ao

abrigo do artigo 260.º CRP, a Assembleia Regional é composta

por membros das Assembleias Municipais da mesma área;

o  As autarquias locais realizam atribuições gerais, que se

materializam na prossecução de interesses públicos da

comunidade local, ao abrigo do:

  Princípio da desconcentração;

  Princípio da subsidiariedade;

  Princípio da generalidade (prossecução dos interesses

públicos próprios assumidos pela generalidade dos

órgãos desta circunscrição).

o  Nos termos do artigo 13.º da Lei n.º159/99, de 14 de

Setembro, é conferido um elenco taxativo, extenso e

generoso de atribuições aos municípios, que substitui a

cláusula geral anterior;

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o  O legislador ordinário goza de uma relativa margem de

discricionariedade nas atribuições a conferir às autarquias

locais, dada a fórmula imprecisa utilizada pelo legislador no

artigo 235.º, n.º2 CRP ( int eresses  pr óprios d as  po pul ações

res pect iv as);o  A autonomia de poder regulamentar, de carácter geral, das

autarquias locais radica na ideia de poder normativo

democrático. Na opinião de José Carlos Vieira de Andrade, tal

noção pode gerar um estabelecimento elástico do sub-

princípio da reserva de lei. Note-se o exemplo dos Planos de

Urbanização do Ordenamento do Território, que são normas

administrativas e confinam intensamente o direito de

propriedade (direito fundamental). Deste modo, há uma

invasão da matéria de Direitos, Liberdades e Garantias (DLG)

e de Direitos Económicos, Sociais e Culturais (de natureza

análoga aos DLG), sob reserva relativa de competência

legislativa da AR (artigo 165.º, n.º1, alínea b) CRP).

o  Nos termos do artigo 112.º, n.º 7 CRP, existe a necessidade

de Lei habilitante que defina a competência subjectiva e

objectiva do regulamento;

o  Ao abrigo do artigo 240.º CRP, o referendo local incide sobre

matéria da competência dos órgãos autárquicos.

  Assume carácter vinculativo, mas não decisório;

  Não se elabora uma norma administrativa (fonte de

Direito). No caso de incumprimento;

  No caso de incumprimento do sentido de voto revelado

no referendo, verifica-se um facto passível de

declaração de nulidade, ao abrigo do artigo 11 5.º CRP.

o  Autonomia financeira das autarquias locais    Elaboram Orçamento próprio, beneficiando de receitas

próprias, afectadas para despesas próprias;

  Constituem impostos próprios das autarquias locais o

Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o Imposto

Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

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(IMT). Constituem uma fonte de financiamento das

autarquias locais, através do pagamento de taxas. Em

virtude da insuficiência do financiamento proveniente

do Orçamento de Estado, justifica-se a elevada

construção urbanística admitida.

o  Serviços administrativos municipais 

  Serviços administrativos municipais em  sentido

estrito: constituem serviços da Administração Directa

do Município e que dependem directamente dos

órgãos municipais, nomeadamente a Câmara

Municipal. A montante, estudam e preparam decisões

dos órgãos municipais; a jusante, executam decisões.

Por exemplo: as Secretarias;

  Serviços municipalizados: constituem serviços

desprovidos de personalidade jurídica, mas dotados de

autonomia financeira e de gestão. Realizam serviços

públicos locais, como por exemplo: fornecimento de

água, saneamento básico, electricidade, serviço de

transportes, gás.

y  Dotadas de Conselho de Administração

privatístico;

y  Diogo Freitas do Amaral designa-as como

«em presas públicas munici  pais»;

y  Responsabilidades imputáveis aos municípios;

y  Deram lugar à Administração Indirecta da

Administração Autónoma Local e à constituição

de «em presas  públicas munici  pais», realidade

em vias de desaparecimento. São dotadas depersonalidade jurídica e de autonomia

financeira;

y  Privatizaram-se os serviços da Administração

Directa das Autarquias Locais e concessionaram-

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se serviços públicos a empresas privadas e a

empresas públicas estaduais;

y  Note-se a criação de empresas municipais em

número excessivo, muitas delas sem objecto

empresarial, havendo até empresas que sesobrepõem.

o  Tutela Administrativa 

  O Estado exerce uma tutela limitada de mera

legalidade, no que concerne às atribuições próprias das

autarquias locais, nos termos da Lei n.º27/96, de 1 de

Agosto (Regime Jurídico da Tutela Administrativa).Trata-se de uma tutela essencialmente inspectiva;

  Contudo, também nada impede que o Estado efectue

uma tutela integrativa, desde que:

y  Esteja prevista na Lei;

y  Haja respeito pelo princípio da

proporcionalidade;

y  A compressão dos poderes locais não exceda o

estritamente necessário.

  A tutela de mera legalidade é menos intensa do que

aquela que se verifica na Administração Indirecta, na

medida em que a tutela de legalidade sobre esta última

também incide sobre a actividade discricionária e não

apenas sobre a actividade administrativa regular;

  Pode, excepcionalmente, haver uma tutela de mérito,

quando actos praticados pelos entes autónomos

podem ferir interesses públicos nacionais relevantes;

  A Lei n.º27/96, de 1 de Agosto é limitada, porque

apenas consagra a tutela inspectiva (  menos), mas,

por outro lado, contempla os fundamentos e meios de

dissolução dos órgãos ( mais , nos artigos 8.º e 9.º da

Lei).

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y  O artigo 10.º da mesma Lei admite causas

desculpatórias para a não aplicação de sanções

pela prática de acções ilegais ou pela verificação

de omissões;

y  As medidas administrativas de naturezasancionatória são da responsabilidade dos

Tribunais Administrativos de Círculo (artigo 11.º

da Lei);

y  Regime processual de perda de mandato e de

dissolução de órgão, em sede de tutela

contenciosa (artigo 12.º da Lei)

o  Acção avulsa 

o Acção administrativa especial 

  Importa efectuar uma interpretação

correctiva da expressão «recurso

cont encioso de anul ação» (que já

não existe), adoptando a

denominação « pedido de

im pugnação do acto».

y  Assume carácter urgente 

(artigo 15.º, n.º1 da Lei), em

virtude de estarem, em causa,

direitos fundamentais de

participação política;

y  Se for considerado

absolutamente urgente, pode

haver decisão no prazo

máximo de 48 horas.

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  Institutos Públicos28 

o  Constituem pessoas colectivas públicas do tipo institucional,

porque assentam sobre uma representação de substrato

material ( associações públicas, com substrato pessoal),

tendo sido criadas para assegurar ou concretizar os finsadministrativos, pertencentes ao Estado ou a outros entes

públicos;

o  Ao nível do Direito Comparado, verifica-se a distinção entre:

  Institutos públicos com carácter económico, comercial

ou industrial 

  Institutos públicos  pro priamente ditos (com funções

administrativas)

y  Verificou-se o desagregamento da primeira

figura apresentada, gerando-se uma nova figura

pública as entidades públicas empresariais

(E.P.E.). Trata-se de pessoas colectivas de Direito

Público, mas de gestão privada e ordenadas pela

Lei das Sociedades Comerciais (Direito Privado);

y  Os institutos públicos não gozam de consagração

constitucional, mas apenas consagração legal, à

excepção das universidades (artigo 66.º, n.º2

CRP autonomia estatutária);

o  Anterior classificação dos Institutos Públicos

  1 Serviços Personalizados: entidades mais

instrumentais, dotados de autonomia administrativa e

financeira;   2 Fundos ou Fundações : destinados à concretização

de relevantes interesses públicos. Por exemplo:

institutos de Segurança Social;  

28 Ver Lei-Quadro n.º3/2004, de 15 de Janeiro, sucessivamente alterada.

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  3 Estabelecimentos Público: podem ter natureza

cultural, cultural ou funcional, não impondo custos

para o utilizador. Por exemplo: museus e bibliotecas

com personalidade jurídica, hospitais públicos.  

Actualmente, nos termos do artigo 4.º da Lei-Quadro,

apenas os serviços personalizados e fundos ou

fundações são considerados institutos públicos. Os

estabelecimentos públicos foram absorvidos nas

restantes categorias.

o  Funções desenvolvidas pelos Institutos Públicos

  De natureza prestacional (por exemplo: cuidados de

saúde e serviços educativos); 

  Regulatórias (por exemplo: autoridades reguladoras);  

  De Fomento e desenvolvimento económico (por

exemplo: Instituto de Apoio às Pequenas e Médias

Empresas e ao Investimento IAPMEI) 

o  Os institutos públicos estão sujeitos a tutela e

superintendência governamental (artigos 41.º e 42.º da Lei-

Quadro);

o  São criados por acto legislativo;

o  Não existe um regime especial para cada instituto público,

devendo o mesmo constar do acto legislativo.

o  Órgãos próprios e necessários   podem ser nomeados ou

extintos pelo Governo.

  Conselho Directivo (órgão principal, previsto no artigo

18.º e seguintes da Lei-Quadro);

  Conselho Fiscal (órgão de fiscalização, previsto noartigo 26.º e seguintes da Lei Quadro);

  Conselho Consultivo (órgão consultivo, quando existir,

previsto no artigo 29.º e seguintes da Lei-Quadro).

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o  Constitui regime comum dos Institutos Públicos a

Administração Indirecta.

  Contudo, nos termos do artigo 48.º e seguintes da Lei-

Quadro, encontra-se previsto um regime especial dos

Institutos Públicos, que abarca:y  a) As universidades29 e escolas de ensino

superior politécnico;

y  b) As instituições públicas de solidariedade e

segurança social;

y  c) Os estabelecimentos do Serviço Nacional de

Saúde;

y  d ) As regiões de turismo;

y e) O Banco de Portugal e os fundos quefuncionam junto dele

y   f ) As entidades administrativas independentes 30.

  Empresas Públicas31 

o  Por empresas públicas em sent ido am plo, entende-se todas

as organizações económicas de fim lucrativo criadas com

capitais públicos plenos ou maioritários, independentemente

da sua configuração jurídica, e sob a direcção e

superintendência de órgãos da Administração Pública, com

vista à promoção de bens e serviços destinados ao mercado.

Em sent ido est ri t o, note-se que são dotadas de personalidade

 jurídica e de autonomia de gestão;

o  Podemos considerar dois tipos de empresas públicas (artigos

23.º e seguintes do Decreto-Lei n.º558/99, de 27 de

Dezembro):

29Fazem também parte da Administração Autónoma Institucional.

30Fazem também parte da Administração Independente. São institutos públicos personalizados, de

criação anglo-saxónica (agencies americanas) consagrados constitucionalmente no artigo 277.º, n.º3

CRP. Note-se que as agencies americanas tinham um objecto díspar daquele que motivou a sua criação

na Europa.31

  Ver Decreto-Lei n.º558/99, de 27 de Dezembro, sucessivamente alterado, nomeadamente pelo

Decreto-Lei n.º300/2007, de 23 de Agosto.

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  Entidades Públicas Empresariais (E.P.E.): a maior parte

das empresas nacionalizadas pós-25 de Abril de 1974

assumiram esta forma, ainda que com gestão privada.

Prosseguem relevantes interesses públicos, dotadas de

ius im perium, desde que previstos no seu Estatuto.y  São criadas por decreto-lei;

y  Estão dotadas de autonomia financeira e

autonomia de gestão;

y  As entidades públicas empresariais têm um

capital ou fundo público, designado «capital

estatutário», detido pelo Estado e destinado a

responder às respectivas necessidades

permanentes (artigo 26.º do Decreto-Lei);y  Nos termos do artigo 27.º do Decreto-Lei, as

entidades públicas empresariais compreendem

um órgão de administração (Conselho de

Administração), nomeado pelo Conselho de

Ministros, sob proposta do Ministro da tutela, e

um órgão fiscal (Conselho Fiscal). Nas entidades

gestoras de serviços públicos, pode haver um

Conselho Consultivo;

y  Ao abrigo do artigo 29.º do Decreto-Lei, cabe ao

Governo definir os objectivos gerais a

progressiva pela entidade pública empresarial na

sua actividade;

y  As entidades públicas empresariais deram lugar,

na sua maioria, às sociedades comerciais de

capitais públicos.

  Sociedades comerciais de capitais públicos:

desprovidas de ius im perium, regem-se pelo Direito

Privado.

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  Empresas Públicas (continuação) 

o  Sociedades comerciais de capitais públicos 

  Regime Jurídico do Sector Empresarial do Estado e

Empresas Públicas (artigo 5.º) 

y  Natureza societária;y  Capital representado em partes sociais,

designadamente acções;

y  Reguladas pela Lei das Sociedades Comerciais;

y  Têm constituído a maioria das empresas

públicas, desde o processo de privatização

iniciado nos anos 80.

y  Composição e orgânica (artigo 9.º e 10.º)

o  O Estado não exerce o seu poder por via

administrativa (actos do Ministro da

tutela), mas antes por via da Assembleia-

Geral, na qualidade de accionista;

o  Compete ao Estado propor e tomar as

decisões atinentes à gestão da empresa,

incluindo a designação dos

administradores.

y  Note-se a situação particular das entidades de

composição mista (de capitais mistos),

equiparadas às entidades públicas, nos termos

do artigo 3.º;

y  Empresas públicas encarregadas da gestão de

serviços de interesse económico geral (artigo

19.º, n.º2)

o  Devem ser entendidas como empresas de

serviços públicos, embora a Lei as designe

como empresas públicas encarregadas da

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gestão de serviços de interesse económico

geral;

o  Fornecem prestações aos particulares, em

regime de serviço público (por exemplo:

gás, saneamento).

  Regime Jurídico do Sector Empresarial Local32 

y  O quadro conceptual e jurídico devia ser comum

ao do Regime Jurídico do Sector Empresarial das

Regiões Autónomas, algo que não sucede;  

y  O sector empresarial local é composto por

sociedades comerciais controladas

conjuntamente por empresas públicas, que

podem ser: 

o  Empresas municipais; 

o  Empresas intermunicipais; 

o  Empresas metropolitanas.  

y  As empresas regem-se pela presente lei, pelos

respectivos estatutos e, subsidiariamente, pelo

regime do sector empresarial do Estado e pelas

normas aplicáveis às sociedades comerciais

(artigo 6.º); 

y  A criação das empresas, bem como a decisão de

aquisição de participações que confiram

influência dominante, nos termos da presente

lei, compete (artigo 8.º, n.º1):  

o  a) As de âmbito municipal, sob proposta

da câmara municipal, à assembleiamunicipal;  

o  b) As de âmbito intermunicipal, sob

proposta do conselho directivo, à

assembleia intermunicipal, existindo

32Lei n.º53-F/2006, de 29 de Dezembro

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parecer favorável das assembleias

municipais dos municípios integrantes;  

o  c) As de âmbito metropolitano, sob

proposta da junta metropolitana, à

assembleia metropolitana, existindoparecer favorável das assembleias

municipais dos municípios integrantes. 

y  No que concerne à delegação de poderes, os

municípios, as associações de municípios e as

áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto

podem delegar poderes nas empresas por elas

constituídas ou maioritariamente participadas

nos termos da presente lei, desde que tal conste

expressamente dos estatutos. (artigo 17.º, n.º1);  

y  O sector empresarial local faz parte da

Administração Indirecta das Autarquias Locais.  

  No que concerne às entidades reguladoras independentes, de

inspiração anglo-saxónica, importa esclarecer o seguinte:

o  As agencies americanas visavam a ampliação da intervenção

da Administração Federal, em pleno Estado Liberal de Direito;

o  As entidades reguladoras independentes criadas na Europa,

nomeadamente as agencies comunitárias (sob a égide da

Comissão Europeia), promovem uma retracção da

intervenção estadual.

  Associações Públicas (ou corporações públicas)33 

o  Pessoas colectivas de Direito Público, criadas por um acto de

natureza pública (por regra, uma Lei), com naturezaassociativa, com órgãos eleitos e representantes legitimados

pela colectividade, imunes de controlo de mérito ou

superintendência. Estão, quanto muito, sujeitas a uma tutela

de legalidade, ao abrigo da Lei n.º6/2008, de 13 de Fevereiro.

33 Ver Regime das Associações Públicas Profissionais (Lei n.º6/2008, de 13 de Fevereiro)

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Antes desta lei, elas gozavam de uma certa imunidade

tutelar;

o  Elementos constitutivos 

  Existência de uma colectividade de pessoas, associadas

a uma profissão (ex: ordens profissionais);  Criadas por um acto do poder público ou por um acto

baseado numa Lei;

  Assumem uma natureza associativa, relacionada com o

exercício de uma determinada profissão;

  Beneficiam de auto-governo;

  Definem a sua própria orientação administrativa;

  Sujeitas a mera tutela administrativa de legalidade;

  Co-habitação entre interesses públicos e privados,

sendo estes últimos das categorias profissionais, mas

também considerados interesses públicos.

o  Regime Jurídico 

  Estatuto constitucional 

y  Trata-se de um estatuto importante,

expressamente previsto no artigo 267.º, n.º4

CRP;

y  Obedece a determinadas características que vêm

definidas na disposição constitucional:

o  Satisfação de necessidades específicas;

o  Não podem exercer funções de

associações sindicais;

o  Organização interna de respeito pelos seus

membros e eleição democrática dos seus

órgãos;

o  Reserva relativa de competência legislativada Assembleia da República, quanto à sua

criação (artigo 165.º, n.º1, alínea s) da

CRP);

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o  Note-se, por exemplo, que o Estatuto da

Ordem dos Advogados constitui um acto

legislativo da Assembleia da República.

  Poderes próprios e específicos y  Princípio da unicidade: só pode haver uma única

associação em relação a uma ordem profissional;

y  Poder de inscrição obrigatória para o exercício

de determinada profissão;

y  Poder de imposição de quotização obrigatória  

para os seus membros.

 Deveres 

y  Dever de colaboração com o Estado em tudo o

que lhes seja solicitado, sem prejuízo da sua

autonomia e independência.

  Regime jurídico dualista, isto é, as associações públicas

regem-se pelo Direito Público e pelo Direito Privado;

  As associações públicas podem criar actos

administrativos directamente impugnáveis;

  Beneficiam de autonomia administrativa e financeira,

mas não estatutária. 

  Nos termos do artigo 3.º do Regime das Associações

Públicas Profissionais, as ordens e câmaras

profissionais estão sujeitas a um regime de Direito

Público no desempenho de tarefas públicas. Ao abrigo

do n.º2 do mesmo artigo, em tudo o que não estiver

regulado nesta Lei e na respectiva lei de criação, bemcomo nos seus estatutos, são subsidiariamente

aplicáveis às associações públicas profissionais, com as

necessárias adaptações, as normas e os princípios que

regem os institutos públicos, no que respeita às suas

atribuições e ao exercício dos poderes públicos de que

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gozem, e as normas e os princípios que regem as

associações de direito privado, no que respeita à sua

organização interna, respectivamente. Note-se a

distinção entre associações privadas e associações

públicas, na medida em que estas últimas manifestamo poder administrativo através da «delegação de

 poderes»;

  Ao abrigo do artigo 4.º do mesmo diploma, são

atribuições das associações públicas profissionais:

y  a) A defesa dos interesses gerais dos utentes;

y  b) A representação e a defesa dos interesses

gerais da profissão;

y  c) A regulação do acesso e do exercício da

profissão, nomeadamente através do código

deontológico;

y  d ) Conferir, em exclusivo, os títulos profissionais

das profissões que representem;

y  e) Conferir, quando existam, títulos de

especialização profissional;

y   f ) A elaboração e a actualização do registo

profissional;

y  g) O exercício do poder disciplinar sobre os seus

membros;

y  h) A prestação de serviços aos seus membros, no

respeitante ao exercício profissional,

designadamente em relação à informação e à

formação profissional;

y  i ) A colaboração com as demais entidades da

Administração Pública na prossecução de fins de

interesse público relacionados com a profissão;

y   j ) A participação na elaboração da legislação

que diga respeito às respectivas profissões;

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y  l ) A participação nos processos oficiais de

acreditação e na avaliação dos cursos que dão

acesso à profissão;

y  m) Quaisquer outras que lhes sejam cometidas

por lei.

  No artigo 5.º do referido diploma, encontra-se

consagrado o princípio da especialidade, consagrando-

se que a capacidade jurídica das associações públicas

profissionais abrange a prática de todos os actos

  jurídicos, o gozo de todos os direitos e a sujeição a

todas as obrigações necessárias à prossecução do seu

objecto;

  Tal como plasmado no artigo 6.º do regime, as

associações públicas profissionais são criadas por lei,

ouvidas as associações representativas da profissão;

  Ao abrigo dos artigos 8.º e 9.º do diploma, as

associações públicas profissionais gozam de autonomia

administrativa, no exercício de poderes públicos, bem

como de autonomia patrimonial e financeira;

  As associações públicas profissionais observam o

princípio da separação de poderes, sendo seus órgãos

necessários (artigo 15.º, n.º1):

y  a) Uma assembleia representativa, com poderes

deliberativos gerais, nomeadamente em matéria

de aprovação do orçamento e do plano de

actividades, de projectos de alteração dos

estatutos, de aprovação de regulamentos, de

quotas e de taxas, de criação de colégios de

especialidade, ou de celebração de protocoloscom associações congéneres;

y  b) Um órgão executivo colegial , que exerce

poderes de direcção e de gestão,

nomeadamente em matéria administrativa e

financeira, bem como no tocante à

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representação externa dos interesses da

associação;

y  c) Um órgão de supervisão, que vela pela

legalidade da actividade exercida pelos órgãos

da associação e exerce poderes de controlo,nomeadamente em matéria disciplinar;

y  d ) Um órgão de fiscalização da gestão

patrimonial e financeira, que inclui um revisor

oficial de contas.

  Os estatutos das associações públicas profissionais

podem prever a existência de um presidente ou

bastonário, como presidente do órgão executivo oucomo órgão autónomo, com competências próprias,

designadamente de representação externa da

associação (artigo 15.º, n.º2);

  Os estatutos podem prever ainda a existência de

outros órgãos, designadamente reuniões alargadas,

em congresso, para deliberar sobre questões de

carácter geral, bem como órgãos técnicos e

consultivos (artigo 15.º, n.º3);  A denominação dos órgãos é livremente escolhida

pelo estatuto de cada associação pública

profissional, ressalvada a designação «bastonário»,

que é privativa de presidente das ordens (artigo

15.º, n.º5);

  A assembleia é eleita por sufrágio universal e pelo

sistema de representação proporcional, nos círculos

territoriais definidos nos estatutos, podendo porém

incluir uma representação das estruturas regionais,

se existirem (artigo 15.º, n.º6);

  Quando directamente eleito, o presidente ou

bastonário é eleito nos termos previstos na

Constituição para a eleição do Presidente da

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República com as necessárias adaptações (artigo

15.º, n.º7).

  As associações públicas profissionais exercem poder

regulamentar e disciplinar (artigos 16.º e 17.º). Oexercício do poder disciplinar pode conduzir, em ul t ima 

r at io, à interdição do exercício de profissão;

  O exercício em regime liberal de profissão organizada

em associação pública profissional fica condicionado a

inscrição prévia, salvo se regime diferente for

estabelecido na lei de criação, podendo a lei estender a

obrigação de inscrição a todos os profissionais, ou

impor pelo menos uma obrigação universal de registo

profissional. (artigo 21.º, n.º1);

  As associações públicas profissionais não estão sujeitas

a superintendência governamental nem a tutela de

mérito, ressalvados, quanto a esta, os casos

especialmente previstos na lei. As associações públicas

profissionais estão sujeitas a tutela de legalidade

idêntica à exercida pelo Governo sobre a administração

autónoma territorial. (artigo 29.º, números 1 e 2);

  As decisões das associações públicas profissionais

praticadas no exercício de poderes públicos estão

sujeitas ao contencioso administrativo, nos termos das

leis do processo administrativo. (artigo 30.º, n.º1)

  Entidades administrativas independentes 

o  Integram a Administração Independente e não são alvo de

orientação heterónoma;o  Em sentido amplo, podiam integrar a Administração do

Estado, das Regiões Autónomas e Autarquias Locais, desde

que o Estado não actue na função comunitária (prossecução

de interesses públicos a nível supranacional), mas apenas no

seu âmbito nacional (função nacional). Contudo, na maior

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parte dos casos, o Estado actua no exercício da função

comunitária, em Administração compósita, nomeadamente

em matéria de concorrência (promoção de concorrência leal

e sem ajudas indevidas do Estado) e protecção do ambiente;

o  Justificações da sua criação:   Lógica de criação atende à necessidade de

desgovernamentalizar e despolitizar certas esferas

administrativas onde se geram, fundamentalmente,

factos económicos e financeiros;

  Tutela mais efectiva e plena de direitos fundamentais  

(por exemplo: Comissão Nacional de Eleições;

Comissão Nacional de Protecção de Dados; Comissão

de Acesso aos Documentos Administrativos; Entidade

Reguladora para a Comunicação Social);

  Legitimação profissional e técnica, pela qualidade dos

seus membros, numa orientação dogmática, dada a

sua independência (ainda que se caminhe para um

«aut o-engano», como se verifica em relação às

suspeitas de cartelização de preços entre gasolineiras,

o que revela a actuação precária da Autoridade da

Concorrência);

´

o  Características mais relevantes: 

  Não se confundem com a Administração Autónoma, na

medida em que estão livres de controlo de mérito e

superintendência, nem com a Administração Indirecta,

pois não são entidades instrumentais ou dependentes;

  Desenvolvem tarefas administrativas do Estado, que se

isenta do seu exercício e controlo;  Podem ser de criação pela AR ou pelo Governo,

conforme os casos:

y  Assembleia da República criação de entidades

de protecção de certos direitos fundamentais;

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y  Governo criação de autoridades reguladoras

independentes, sendo os seus membros

nomeados pelo Governo. Tais membros não

recebem ordens do Governo, nem o

representam. Sobre tais entidades, apenas poderecair uma tutela de legalidade.

  Os membros de tais entidades têm mandatos mais

prolongados em relação aos membros que integram a

Administração Indirecta, sendo irresponsáveis e

inamovíveis pelas suas decisões;

  As entidades administrativas independentes não

obedecem a qualquer orientação, sendo que, pela sua

actividade, responde o Governo, junto do Parlamento.

Gozam de uma considerável autonomia financeira;

  Poderes importantes 

y  De regulação: podem emanar regulamentos

independentes;

y  De sancionamento: por exemplo, a aplicação de

sanções às entidades bancárias pela CMVM;

y  De polícia: fiscalização e supervisão.

o  As entidades que desenvolvem poderes de

regulação e sancionamento designam-se

por autoridades administrativas

independentes. Podemos considerar dois

tipos destas autoridades:

  Autoridades reguladoras

independentes: no campo

económico e financeiro, nãointervindo nos serviços já regulados

e disciplinados. São criadas pelo

Governo e os seus membros são

eleitos pelo Governo. Por exemplo:

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CMVM, ANACOM, ERSE, Banco de

Portugal;

  Autoridades de garantia de certos

direitos fundamentais: criadas pela

AR, sendo os seus membros eleitospela AR. Por exemplo: CNE, CNPD,

CADA, ERC.

  Limitações aos poderes 

y  Não têm poder normativo no âmbito de reserva

de Lei;

y  Não têm poderes jurisdicionais e

parajurisdicionais dos Tribunais Administrativos.

  Outras observações relevantes 

y  Não assumem a forma normal de organização

administrativa;

y  Não têm cumprido, de forma cabal, as suas

atribuições, em virtude da acção desenvolvida

pelo Governo, que desvirtua a ideia de

imunidade.

  Entidades administrativas de Direito Privado  

o  Constituem formas de privatização formal da Administração,

que se distinguem da despublicização, isto é, a perda do

vínculo de prossecução de interesses públicos. Trata-se de

uma privatização técnica, relacionada com os instrumentos

 jurídicos que a Administração utiliza;o  Estamos perante pessoas colectivas com estatuto

formalmente privado, que se regem, no essencial, pelo

Direito Privado, nomeadamente em matéria de

responsabilidade patrimonial ou de matéria contratual, e com

fiscalização da actividade pelos Tribunais Comuns;

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o  Mas, ainda assim, são entidades administrativas que integram

a Administração Pública, como sejam as fundações públicas

de Direito Privado ou as sociedades comerciais de capitais

públicos. Note-se, contudo, que tais entidades estão sujeitas

a controlo público, assim como beneficiam de financiamentoestatal;

o  Recorde-se a possibilidade de existirem sociedades de

capitais mistos, equiparadas a entidades de natureza pública,

e de fundações mistas;

o  Formas de privatização formal 

  1.ª Forma   Privatização na forma de actividade  

y  Entidades com personalidade pública, que

recorrem a instrumentos de Direito Privado (por

exemplo: Entidades Públicas Empresariais).

Recorrem a formas de Direito Privado Civil, das

Sociedades Comerciais, do Trabalho (por

exemplo: contratos individuais de trabalho,

recorrentemente celebrados pelos institutos

públicos;

y  Entidades com estatuto jurídico-público;

  2.ª Forma Privatização na forma de organização 

y  Trata-se do tipo de privatização mais dura, na

medida em que desaparece o estatuto jurídico-

público do respectivo ente, o elemento clássico e

essencial. Estamos perante pessoas colectivas de

Direito Privado (e não de Direito Público);

y  Tal sucede com as entidades administrativas de

Direito Privado.

  3.ª Forma Exercício de funções públicas por

particulares  

y  Estamos perante a denominada «Administ r ação

delegad a», em que se verifica a delegação de

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funções públicas, nomeadamente, a

concessionários.

o  No caso particular da Fundação Universidade do Porto,entende-se que estamos perante uma violação do princípio

constitucional da reserva administrativa de entidade

pública. Neste exemplo concreto, verifica-se que o «nomen

iuris» (Fundação) não se coaduna com o escopo estritamente

público das universidades, atendendo à sua estrutura

organizativa, como também na medida em que é sujeita a

controlo de mera legalidade, é alvo de financiamento público,

destina-se à prossecução de fins públicos e foi criada por

decreto-lei (acto legislativo);

o  Nestes termos, tende-se a considerar que se verifica a

supremacia da «for ça normat iv a dos f act os» face ao Direito;

o  Ainda assim, estas entidades administrativas de Direito

Privado estão sujeitas aos princípios fundamentais da

actividade administrativa, inclusive à vinculação aos Direitos

Fundamentais, que constitui uma vinculação jurídico -pública.

Tais vinculações devem ser apreciadas pelos Tribunais

Administrativos, nos termos do artigo 266.º CRP e dos artigos

3.º a 10.º do CPA;

o  O exercício de tarefas públicas administrativas por

particulares tende a vulgarizar-se. Os particulares gozam da

possibilidade de participação em órgãos de actividades

públicas, com contornos, actualmente, de envolvência com

poderes decisórios, podendo mesmo atingir a gestão plena de

serviços públicos, tal como sucede com hospitais públicos;

o  No que concerne aos contratos de concessão (de obraspúblicas, de bens do domínio público), verifica-se a

transferência, por parte de uma entidade pública, da

exploração de tais bens e serviços a privados, durante um

certo período de tempo (algumas vezes bárbaro, com

excessiva longevidade). Têm-se constatado a celebração de

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contratos de concessão em matéria de infra-estruturas e de

redes tradicionais (energia, telecomunicações,

estabelecimentos de saúde, escolas).

  Delegação de poderes com forma de auto-administração (artigo

267.º, n.º6 CRP)

o  Jurídico-públicos  

o  Jurídico-privados: são mais comuns. Veja-se os exemplos das

Federações Desportivas, dos Conselhos Vitivinícolas

Regionais, das Câmaras de Comércio e Indústria. Contudo,

não deve ser a forma regra de exercício da actividade

administrativa.

  Formas de cooperação interadministrativa 

o  Jurídico-Pública : por exemplo, associações de município e de

freguesia (com natureza pública). Nos termos do regime de

criação e quadro de competências das comunidades

intermunicipais de Direito Público (artigos 247.º e 253.º CRP e

artigo 1.º, n.º2, alíneas a) e b) e artigo 2.º da Lei n.º11/2003,

de 13 de Maio), podemos considerar:

  Comunidades intermunicipais de fins gerais pessoas

colectivas de direito público, constituídas por

municípios ligados entre si por um nexo territorial;

  Associações de municípios de fins específicos

pessoas colectivas de direito público, criadas para a

realização de interesses específicos comuns aos

municípios que as integram.

Nestes casos, não estamos perante associações

públicas, mas antes consórcios públicos (orientação

diversa daquela que é defendida por Diogo Freitas do

Amaral e Jorge Miranda).

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Nos termos do artigo 8.º do referido diploma,

constituem órgãos da comunidade: a assembleia

intermunicipal; o conselho directivo; a comissão

consultiva intermunicipal.

Na Lei n.º10/2003, de 13 de Maio, encontram-se

consagradas o regime de criação, o quadro de

atribuições das áreas metropolitanas e o modo de

funcionamento das Áreas Metropolitanas, que

constituem formas de intermunicipalismo. Visa-se a

criação de áreas metropolitanas por todo o país,

podendo ser Grandes Áreas Metropolitanas (GAM) ou

Comunidades Urbanas (ComUrb). O artigo 3.º desta lei

apresenta os requisitos territoriais e demográficos.

o  Jurídico-Privada: por exemplo, associações de entidades

públicas, regidas pelo Direito Civil.

  Formas de cooperação inter-orgânica 

o  Com forma mais ou menos homogénea: por exemplo,

empresa pública intermunicipal;

o  Com natureza diversa: por exemplo, fundações surgidas por

acção de privados.

Por exemplo, os municípios participam no Conselho Regional

das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional

(CCDR).

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  Órgãos administrativos 

o  Dirigem as pessoas colectivas públicas, tomando as decisões

que lhes são imputáveis, através do exercício de

competências atribuídas por Lei;

o  As pessoas colectivas públicas têm, em geral, vários órgãos,mas podem ser monoorgânicas (1 único órgão). Quanto têm

vários órgãos, há uma separação de competências;

o  Classificações dos órgãos 

  1.ª Classificação Órgãos singulares vs. Órgãos

colegiais 

y  Órgãos singulares: têm, apenas, um único titular

(por exemplo: Presidente da Câmara Municipal);

y  Órgãos colegiais: têm, pelo menos, três ou mais

membros, estando sujeitos às normas previstas

nos artigos 14.º e seguintes CPA.  

  2.ª Classificação Órgãos centrais vs. Órgãos locais 

y  Órgãos centrais: exercem competências em todo

o território nacional (por exemplo: Governo);

y  Órgãos locais: exercem competências dentro de

uma determinada circunscrição administrativa

(por exemplo: Autarquias Locais).

  3.ª Classificação Órgãos  primários vs. Órgãos

secundários vs. Órgãos vicários 

y  Órgãos primários: a Lei atribui-lhes competência

própria para praticar actos sobre determinada

matéria;

y  Órgãos secundários: só têm competência no

âmbito da «delegação de poderes» ;

y  Órgãos vicários: actuam em substituição dos

órgãos primários (artigo 41.º CPA).

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  4.ª Classificação Órgãos re presentativos vs. Órgãos

não re presentativos 

y  Órgãos representativos: os titulares destes

órgãos são livremente eleitos pelo método de

eleição. Por exemplo: eleições para a CâmaraMunicipal e para a Assembleia Municipal,

realizadas separadamente;

y  Órgãos não representativos: são todos os

restantes órgãos.

  5.ª Classificação Órgãos activos vs. Órgãos

consultivos vs. Órgãos de controlo 

y  Órgãos activos: fazem parte da «Administ r ação

 Act iv a», na medida em que tomam decisões e

têm capacidade para as executar;

y  Órgãos consultivos: auxiliam, os órgãos activos,

a tomar as decisões, através de pareceres

obrigatórios (vinculativos ou não vinculativos

artigo 98.º CPA) ou facultativos. Se o parecer for

vinculativo, o órgão decisório não se pode

afastar do conteúdo;

y  Órgãos de controlo: têm por missão fiscalizar a

regularidade do funcionamento de outros

órgãos.

  6.ª Classificação Órgãos  permanentes vs. Órgãos

tem porários (ou «ad hoc») 

y  Órgãos permanentes: exercem as competências

de forma permanente;

y  Órgãos temporários (ou «ad hoc»): criados para

actuar apenas durante um certo período.

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o  Atribuições vs. Competências  

  Atribuições: cabem às pessoas colectivas públicas (ex:

municípios), que existem juridicamente para prosseguir

fins ou interesses públicos previamente definidos pela

Lei;  Competências : cabem aos órgãos (ex: câmaras

municipais, para realizar os fins das pessoas colectivas

públicas a que pertencem, sendo dotadas dos poderes

funcionais conferidos pela Lei (determinação de

competências por Lei), ao abrigo do princípio da

legalidade.

o  Nas pessoas colectivas privadas, admite-se a fixação com

autonomia das suas atribuições;

o  Quanto às competências, vigora o princípio da especialidade,

na medida em que o órgão exerce as competências no âmbito

das atribuições conferidas à pessoa colectiva pública que

integram;

o  Os órgãos encontram-se duplamente limitados pelas

atribuições e competências , na medida em que:

  A violação de atribuições gera um vício de

incompetência absoluta, conducente a declaração de

nulidade;

  Não podem executar competências de outros órgãos,

no âmbito das mesmas atribuições, caso contrário

estamos perante um vício de incompetência relativa,

cuja consequência é a anulabilidade.

o  A organização do Estado estrutura-se, nomeadamente,através de Ministérios, que são formalmente órgãos, mas

constituem igualmente pessoas colectivas públicas, dotadas

de atribuições, repartidas pelos diferentes Ministérios.

  Note-se que os Ministérios são compostos por órgãos,

sendo o ministro o principal;

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  Os Ministérios têm competências praticamente

idênticas entre ministros. Aquilo que varia é o

conjunto de atribuições (fins ou interesses públicos

prosseguidos);

  Na Lei das Autarquias Locais (LAL), verifica-se adistribuição de competências pelos diferentes órgãos

(Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Presidente

da Câmara Municipal), para a prossecução das mesmas

atribuições.

o  Relação entre meios e fins 

  Meios: órgãos com competência para a prossecução

dos fins;

  Fins: atribuições a que as pessoas colectivas públicas

estão inalienável e imprescritivelmente obrigadas a

cumprir.

o  Violação de atribuições e competências 

  Atribuições: um acto de um Ministério que viole as

atribuições de outro Ministério é nulo, por vício de

incompetência absoluta;

  Competências: um acto de um Conselho Directivo que

viole as competências de outro órgão (no âmbito da

mesma pessoa colectiva) é anulável, por vício de

incompetência relativa.

o  Princípio da legalidade em sentido estrito 

  É a Lei que atribui, modifica e extingue competênciasdos órgãos;

  As competências não se presumem, pois têm de

constar expressamente da Lei, que as confere aos

órgãos;

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  As competências não são modificáveis, quanto ao

conteúdo ou quanto ao órgão que a desenvolve;

  As competências são inalienáveis e irrenunciáveis

(artigo 29.º CPA), na medida em que não pode haver

renúncia de competência, sem prejuízo da delegaçãode poderes e da substituição (figuras afins).

o  «Delegação de Poderes» ou de competências inter-orgânica 

(artigo 35.º e seguintes CPA)

  É a Lei que atribui competências a um órgão, admitindo

que este delegue as mesmas noutro órgão, da mesma

pessoa colectiva;

  Natureza jurídica da «delegação de poderes»  

y  Alienação ou transferência de competências: o

acto de delegação de poderes transfere os

poderes para o órgão delegado, através de Lei

habilitante;

y  Autorização: a Lei habilitante confere uma

competência originária, mas condicionada, ao

órgão delegado (virtualmente competente),

necessitando da devida autorização do órgão

delegante;

y  Transferência do exercício de competência : não

há alienação de competências, mas uma mera

transferência do exercício de competências do

órgão delegante para o órgão delegado.

o  A competência continua a caber na esfera

  jurídica do órgão delegante, sedo que o

órgão delegado actua sobre arepresentação do órgão delegante;

o  O órgão delegante pode fixar directas

vinculativas, revogar o acto do delegado

ou avocar o procedimento;

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o  Encontra-se consagrada no nosso regime

 jurídico do CPA.

  Nos termos do n.º1 do artigo 35.º CPA, é exigida

habilitação legal para delegação específica depoderes, isto é, uma Lei habilitante. Caso contrário,

seria uma renúncia de competência e o acto é nulo.

y  Nos termos dos números 2 e 3 do mesmo artigo,

a delegação de poderes é sempre possível,

tratando-se de actos de administração

ordinária, quando conferida por certo órgão em

favor do seu inferior hierárquico, adjunto ou

substituto, ou por um órgão colegial em favor do

seu presidente (salvo, neste último caso, se lei

especial estabelecer uma particular repartição de

competências entre esses órgãos). Neste caso,

há dispensa da exigência de habilitação legal .

Constitui exemplo de acto de Administração

ordinária a assinatura de um certificado ou carta

de curso;

y  Contudo, não basta a lei habilitante, na medida

em que esta apenas confere a faculdade ao

delegado para poder exercer ou não as

competências. Também é necessário um acto de

delegação de poderes (artigo 35.º, n.º1 CPA).

  Relação entre órgão delegado e órgão subdelegado  

(artigo 36.º CPA) 

y  1.ª Subdelegação: o órgão delegado delega as

competências o órgão subdelegado, não sendonecessário habilitação legal, mas basta que a Lei

não a proíba e que o delegante autorize o

delegado a subdelegar (artigo 36.º, n.º1 CPA); 

y  2.ª Subdelegação: as competências

subdelegadas no subdelegado podem ser

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subdelegadas. Não é exigível autorização do

delegante. Impõe-se que o delegante ou

subdelegante não tenham proibido a

subdelegação ou que a Lei a não impeça.  

  Requisitos do acto de delegação (artigo 37.º CPA) 

y  No acto de delegação ou subdelegação, deve o

órgão delegante ou subdelegante especificar os

poderes ou os actos que o delegado ou

subdelegado pode praticar (n.º1). Impõe-se uma

enumeração explícita e específica (de forma

positiva) dos poderes e actos passíveis de serem

praticados; 

y  Os actos de delegação e subdelegação estão

sujeitos a publicação em Di ário d a Re pública (II

Série) ou, tratando-se da administração local, no

boletim da autarquia, e devem ser afixados nos

lugares do estilo quando o tal boletim não exista.

A falta de publicação constitui um vício de

incompetência relativa, implicando a ineficácia

 jurídica do acto anulável (n.º2).  

  Menção da qualidade de delegado ou subdelegado  

(artigo 38.º CPA) 

y  O órgão delegado ou subdelegado deve

mencionar essa qualidade em todos os actos

praticados ao abrigo da delegação ou

subdelegação de poderes;  

y  Trata-se de uma formalidade importante quantoàs reacções de natureza administrativa e

contenciosa. 

o  Os actos praticados pelo delegado são

sempre susceptíveis de impugnação para o

órgão delegante, em sede de recurso

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hierárquico impróprio e facultativo , nos

termos do artigo 158.º, n.º2, alínea b) CPA

e do artigo 176.º CPA. Se houvesse

hierarquia, seria em sede de recurso

hierárquico necessário; o  Note-se, contudo, que a delegação de

poderes elimina a hierarquia que

houvesse e não constitui qualquer

hierarquia onde não havia.