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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO NAS SÉRIES INICIAIS Por: Angelita de Jesus Gonçalves de Oliveira e Silva Orientadora Professora: Maria Esther de Araújo Oliveira Brasília 2007

A Inclusão nas Séries Iniciais - avm.edu.br e necessidades educacionais especiais de crianças com deficiências na educação infantil, assim como discute alguns aspectos da política

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO NAS SÉRIES INICIAIS

Por: Angelita de Jesus Gonçalves de Oliveira e Silva

Orientadora

Professora: Maria Esther de Araújo Oliveira

Brasília 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO NAS SÉRIES INICIAIS

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Arteterapia.

Por: Angelita de Jesus Gonçalves de Oliveira e Silva

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar

forças para que eu conseguisse atingir os

meus objetivos; à professora Maria Esther de

Araújo Oliveira, por ter me auxiliado em todo o

processo do trabalho monográfico. Agradeço

ainda meus amigos e familiares em geral, que

sempre estiveram presentes, em todos os

momentos de minha caminhada, e

principalmente durante a realização deste

curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que

estiveram presentes em todo o meu processo

de ensino-aprendizagem e por compartilharem

de sua paciência e dedicação durante todo o

tempo em que estive envolvida neste projeto,

por ter tido paciência e ter me ajudado nos

momentos difíceis pelos quais passei durante o

meu curso, me auxiliando sempre.

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem a pretensão de mostrar como está

atualmente a transformação dos sistemas educacionais para a inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais, sobretudo, nas séries iniciais do chamado

Ensino Fundamental. Tal transformação significa uma mudança na gestão da educação

que possibilite o acesso às classes comuns do ensino regular e a ampliação da oferta

de atendimento educacional especializado que propicie a eliminação de barreiras para

o acesso ao currículo. Desta forma, pretende-se ainda analisar como o movimento da

educação inclusiva fez aflorar a defesa dos direitos das pessoas com deficiência, dando

visibilidade para sua situação de exclusão no processo educacional. Focaliza ainda as

possibilidades e necessidades educacionais especiais de crianças com deficiências na

educação infantil, assim como discute alguns aspectos da política nacional, diretrizes e

projeto pedagógico para inclusão de crianças com necessidades especiais em escolas

da rede pública de ensino.

PALAVRAS-CHAVE: 1. Inclusão; 2. Séries Inicias; 3. Professor; 4. Aluno; 5. Escola

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METODOLOGIA

Esta pesquisa será realizada preconizando os métodos qualitativos, pois os

mesmos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza

social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento

do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender

métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais

entre pessoas, e entre pessoas e sistemas.

Portanto, para a utilização deste método qualitativo, pretende-se fazer um estudo

de caso dentro de uma instituição de ensino a fim de saber como se dá à formação do

professor considerado inclusivo, sendo assim, usar-se-á de instrumento que se baseia

em questionário a ser aplicado, sobretudo aos professores recém formados, com o

intuito de saber se estes professores estão trabalhando a inclusão em séries iniciais ou

se seguem a linha da maioria dos professores, ou seja, profissional preparado técnica e

materialmente para ensinar.

Neste sentido, para buscar fundamentar este trabalho, pretende-se usar a

Metodologia de pesquisa qualitativa, pois para respaldar o tema proposto “A Inclusão

em Séries Iniciais”, usar-se-á diversos livros, artigos, revistas, sítios da Internet

devidamente referenciados, sendo que todo o material utilizado neste trabalho tende a

ser de caráter informativo.

Portanto, para a utilização deste método qualitativo, pretende-se fazer um estudo

de caso dentro de uma instituição de ensino (Escola Classe 04 de Planaltina DF),

entrevistando 05 (cinco) professores das séries iniciais, sendo 03 (três) novatos, ou

seja, formados recentemente e 02 (dois) antigos, que trabalham no processo ensino-

aprendizagem há mais tempo, a fim de saber como eles trabalham a Inclusão do aluno

com alguma dificuldade de aprendizagem em sala de aula.

Sendo assim, usar-se-á de instrumento que se baseia em questionário a ser

aplicado aos professores, com o intuito de saber qual os métodos que estes

professores estão utilizando para que ocorra a chamada inclusão do aluno, ou seja, a

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tendência é observar se estes profissionais estão preparados técnica e materialmente

para trabalhar com a inclusão dos alunos em séries iniciais.

Neste sentido, para buscar fundamentar este trabalho, pretende-se usar a

Metodologia de pesquisa qualitativa, pois para respaldar o tema proposto “A Inclusão

nas Séries Iniciais”, usar-se-á diversos livros, artigos, revistas, sítios da Internet

devidamente referenciados, sendo que todo o material utilizado neste trabalho tende a

ser de caráter informativo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A ESCOLA COMUM E A ESCOLA ESPECIAL E SEU

COMPROMISSO EDUCACIONAL 12

CAPÍTULO II - OS FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO 19

CAPÍTULO III - INCLUSÃO DE CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS 26

CAPÍTULO IV – ESTRATÉGIA METODOLÓGICA 31

4.1 – IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS 31

4.2 – Estudo do Caso 33

4.3 – RESULTADOS 33

4.4 – Discussão dos Resultados 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

ANÉXO I 45

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INTRODUÇÃO

Até que ponto o professor do ensino regular com alunos com necessidade

educacionais especiais, sobretudo, nas séries iniciais, devido ao seu despreparo podem

desenvolver satisfatoriamente sua prática pedagógica estando desarticulado de uma

rede de apoio especializada?

As escolas tradicionais não dão conta das condições necessárias às mudanças

propostas por uma educação aberta às diferenças, pois não são concebidas para

atender à diversidade e têm uma estrutura rígida e seletiva no que diz respeito à

aceitação e a permanência de alunos que não atendem às suas expectativas

acadêmicas clássicas e conteudistas.

Existe um consenso emergente de que crianças e jovens com necessidades

educacionais especiais devem ser incluídas em arranjos educacionais feitos para a

maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola inclusiva. O desafio que

confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma

pedagogia centrada na criança e capaz de bem-sucedidamente educar todas as

crianças, incluindo aqueles que possuam desvantagem severa.

Investimentos em escolas especiais existentes deveriam ser canalizados a este

novo e amplificado papel de prover apoio profissional às escolas regulares no sentido

de atender às necessidades educacionais especiais. Uma importante contribuição às

escolas regulares que os profissionais das escolas especiais podem fazer refere-se à

provisão de métodos curriculares às necessidades individuais dos alunos.

O problema mais difícil enfrentado pelos professores é a insegurança frente ao

novo, pois influi na sua prática pedagógica em sala de aula, quando se deparar com as

necessidades educacionais especiais, como organizar as aulas, propiciar o

desenvolvimento e aprendizagem, manejar eficazmente as diferenças e outras

demandas que possa vir a ser apresentado na educação inclusiva, com a insuficiência

de material didático-pedagógico, que limita o avanço na construção do processo

ensino-aprendizagem.

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Este trabalho tem como objetivo geral averiguar se dentro da comunidade

escolar o desconhecimento e o despreparo dos profissionais quanto as necessidade

educacionais especiais do aluno, favorece e acentua os preconceitos, mitos, tabus e

rejeição a este aluno. Sabendo que a escola também socializa os alunos não somente

através daquilo que ensina no currículo explicito, mas muito no que é transmitido no

currículo oculto.

Tem ainda como objetivos específicos:Mostrar os conceitos de Escola Inclusiva;

Verificar se as escolas consideradas inclusivas atendem as necessidades educativas

especiais de todos os sujeitos-alunos;Identificar as diferenças entre o ensino inclusivo

educação especial.

Sendo assim, este trabalho parte da premissa de que as crianças com qualquer

deficiência, independente de suas condições físicas, sensoriais, cognitivas ou

emocionais são crianças que têm necessidade e possibilidade de conviver, interagir,

trocar, aprender, brincar e serem felizes, algumas vezes, de forma diferente. Essa

forma diferente de ser e agir é que as torna ser único, singular.

A proposta pedagógica, numa visão construtivista do conhecimento, tem no

aluno e nas suas possibilidades, o centro da ação educativa. Assim, o processo

pedagógico é construído a partir das possibilidades, das potencialidades, daquilo que o

aluno já dá conta de fazer. É isto que o motiva a trabalhar, a continuar se envolvendo

nas atividades escolares, garantindo, assim, o sucesso do aluno e sua aprendizagem.

Essa é uma tarefa que deve ser compartilhada entre o professor do ensino regular e do

especial. Tem este último a função de ser mediador e articulador do projeto de inclusão. A

participação e cooperação dos pais, terapeutas ou serviços especializados são fundamentais para

que se atinja o objetivo de promoção do desenvolvimento global e o avanço no processo de

aprendizagem desses alunos.

Para chegar a um parecer favorável em relação ao tema proposto, faz-se necessário um

aprofundamento do mesmo. Sendo assim, pretende-se utilizar a pesquisa bibliográfica a fim de dar

respaldo ao assunto a ser abordado, utilizando também um questionário a ser entregue há alguns

professores da chamada “Escola Inclusiva”, localizada em Planaltina DF, para saber como os

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professores trabalham a questão da inclusão de seus alunos, não somente os que possuem alguma

necessidade especial, como também os alunos considerados normais.

O objetivo deste questionário a ser aplicado será para saber como se dá a interação entre os

alunos (normais e que possuem alguma dificuldade de aprendizagem) assim como saber como se

dá a interação professor e aluno.

Sendo assim, chegar-se-á ao consenso ou não de que a Educação Infantil, não só de

crianças com deficiências, é uma situação educativa complexa que exige uma análise lúcida e crítica,

acerca dos contornos do contexto escolar, das condições concretas existentes, dos conteúdos

propostos e das estratégias e alternativas metodológicas que atendam as necessidades de

desenvolvimento, de interação, comunicação, autonomia, socialização e participação nas brincadeiras

e atividades lúdicas.

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CAPÍTULO I

A ESCOLA COMUM E A ESCOLA ESPECIAL E SEU COMPROMISSO

EDUCACIONAL

De acordo com Sassaki (1997), a inclusão escolar é o mais novo paradigma

educacional e defende a matrícula de todos os alunos na escola regular,

preferencialmente na classe comum, inclusive para os provindos da Educação Especial.

A escola regular deve estar apta para receber todos os alunos, independente das

características que possam apresentar. Para o autor, ela é o espaço educacional que

deve ser usufruído por todos. Os alunos não devem mais ser deixado de “fora da

escola” e mais do que isso, não devem mais ser segregados em espaços escolares

diferenciados ou mesmo excluídos dentro da classe comum.

O princípio fundamental desta política é de que o sistema regular deve atender a

diversidade do alunado, isto é, todos os que se encontram excluídos, freqüentadores da

escola. Este atendimento inclui, necessariamente, o atendimento dos alunos

considerados deficientes, tanto físicos, visuais, auditivos e mentais na escola regular

(BRASIL, 2001).

“A inclusão escolar é vista como a melhor alternativa para os alunos

segregados da escola regular, já que ela: representa um passo muito

concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares

para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que

pertencer é um direito e não um status privilegiado que deva ser

conquistado”. (SASSAKI, 1997, p.18).

Rodrigues (2006) informa que é defendido no discurso atual que as escolas com

propostas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas dificuldades de seus

alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando

uma educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, modificações

organizações, estratégias de ensino, recursos e parcerias com as comunidades.

Segundo o mesmo autor, a inclusão exige da escola novos posicionamentos que

implicam num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que o

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ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações

pedagógicas à diversidade dos aprendizes:

De acordo com o autor, para atender a diferença na sala de aula devemos

flexibilizar as práticas pedagógicas. “Os objetivos e estratégias de metodologias não

são inócuos: todos se baseiam em concepções e modelos de aprendizagem. Assim, se

não propormos abordagens diferentes ao processo de aprendizagem acabaremos

criando desigualdades para muitos alunos” (RODRIGUES, 2006, p.305-306).

Já Perrenoud (1995) informa que é necessário, portanto, que as situações de

ensino-aprendizagem sejam organizadas de maneira que possam atender

satisfatoriamente as necessidades educacionais de todos os alunos:

“Diferenciar o ensino é organizar as interações e atividades de modo

que cada aluno se defronte constantemente com situações didáticas

que lhe sejam mais fecundas. Implica, pois, o desenvolvimento de

caminhos diversos para que os alunos consigam atingir as metas

escolares, por meio de um acompanhamento e percursos

individualizados” (PERRENOUD, 1995, p. 28-29).

Perrenoud ainda comenta que entende-se que o conhecimento sistematizado

pela educação escolar deve oportunizar aos alunos idênticas possibilidades e direitos,

ainda que eles apresentem diferenças sociais, culturais e pessoais, efetivando não

apenas a igualdade de oportunidades, mas, principalmente, oferecendo a eqüidade de

condições.

No entanto, Mendes (2001) comenta que com a implementação da atual Lei de

Diretrizes e Bases (LDB/1996) e a clara intenção do princípio inclusivo que a

fundamenta, a adoção e a implementação de currículos abertos e flexíveis, que

atendam à diversidade do alunado presente na escola, passou a ser objeto de

discussão nas diretrizes curriculares e nos cursos de formação continuada dos sistemas

de ensino.

O mesmo autor considera que as dificuldades de aprendizagem dos alunos que

apresentam deficiências, altas habilidades/superdotação e condutas típicas

manifestam-se como um contínuo, incluindo desde situações leves e transitórias que

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podem ser passíveis de intervenção pedagógica por meio do desenvolvimento das

estratégias metodológicas utilizadas, cotidianamente, até situações mais graves e

permanentes que requerem a utilização de recursos e serviços especializados para sua

superação.

“O atendimento desse contínuo de dificuldades requer respostas

educacionais adequadas, envolvendo a flexibilização curricular que

pode configurar poucas ou variadas modificações no fazer pedagógico,

visando remover as barreiras que impedem a aprendizagem e a

participação dos alunos que apresentam dificuldades em seu processo

de escolarização”. (MENDES, 2001, p. 38).

Para Vigotski (1996), é um equívoco afirmar que um aluno apresenta

necessidades educacionais especiais apenas porque manifesta um atraso cognitivo,

deficiência visual ou física, sem levar em conta que a situação de cada aluno frente à

aprendizagem escolar pode ser muito diferente, com respostas surpreendentes em

alguns casos.

Para o autor, o objetivo é que o princípio da flexibilização curricular seja

incorporado em todos os níveis e modalidades de ensino, a fim de que não tenhamos

que, novamente, à exemplo de outras épocas, materializar propostas específicas,

diferenciadas, voltadas apenas a alguns grupos de alunos.

Entretanto, na visão de Antunes (2001), encontra-se que ao contrário do que

imagina a maioria dos educadores, adaptações curriculares não são desenvolvidas

apenas pelos professores, em sala de aula, mas devem ser desenvolvidas em

diferentes níveis de atuação:

“nos Sistemas de Ensino (Secretaria Estadual e Municipal) – quando

são desenvolvidas ações que promovam a acessibilidade, a

contratação de profissionais de apoio, a formação continuada de

professores, as mudanças na matriz curricular, a implantação e

implementação de uma rede de apoio, entre outros”. (ANTUNES, 2001,

p. 87).

Já no parecer de Faleiros (2001), no Projeto Político-Pedagógico da escola –

quando envolvem ações em que estejam contemplados todos os segmentos da

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comunidade escolar, além daquelas diretamente relacionadas ao planejamento e

execução dos componentes curriculares:

a) conteúdos programáticos (o que ensinar);

b) objetivos (para que ensinar);

c) seqüência temporal dos conteúdos (quando ensinar);

d) metodologia de ensino (como ensinar);

e) avaliação do processo ensino-aprendizagem (o quê, como e quando avaliar).

(FALEIROS, 2001, p. 121).

O mesmo autor ainda considera que no planejamento do professor (sala de aula)

– quando estiverem implicadas a utilização de estratégias metodológicas, atividades e

recursos que melhor respondam as necessidades individuais dos alunos que

apresentam dificuldades de aprendizagem.

Por outro lado, de acordo com o MEC/SEESP (BRASIL, 2000, p. 10), são

denominadas adaptações curriculares de grande porte aquelas que se referem às

ações cuja implementação dependem de decisões técnico-político-administrativas, que

extrapolam a área de ação específica do professor, e que são da competência formal

de órgãos superiores da Administração Educacional Pública. As adaptações

curriculares de pequeno porte dizem respeito às ações sob a responsabilidade do

professor, nos componentes curriculares desenvolvidos em sala de aula.

Retomando às idéias de Sassaki (1997), encontra-se que mesmo que não

tenhamos, oficialmente sistematizadas, as diretrizes curriculares para a educação

básica que respondam às demandas sociais presentes na escola da

contemporaneidade, a flexibilização curricular e os mecanismos para identificação de

necessidades educacionais especiais têm sido alvo das discussões realizadas no

programa de capacitação permanente da SEED.

O mesmo autor considera ainda que é importante ressaltar que a inclusão

escolar, além de promover as oportunidades de socialização para o aluno, deve

também proporcionar um ambiente de ensino-aprendizagem para que todos os alunos

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tenham acesso ao seu desenvolvimento pleno, o que inclui a conquista de

competências, conhecimentos e habilidades que possam ser úteis para a sua vida

futura. E, para que isto ocorra, o professor deve saber elaborar um plano de ensino

individualizado, com adaptações de acessibilidade e pedagógica ao currículo;

desenvolvimento de estratégias de ensino diferenciadas; bem como novas formas de

avaliação, as quais demandarão, certamente, conhecimentos e tempo por parte do

professor da classe comum.

De acordo com Amaral (1998), esta nova demanda de trabalho pode ser difícil

para o professor, visto que no Brasil ainda persiste um sistema educacional em que as

classes são bastante numerosas, existe a escassez de recursos pedagógicos;

professores que dobram ou mesmo triplicam de turno, o que pode inviabilizar o seu

tempo para a preparação dos planos individualizados de ensino; falta de motivação

decorrente da baixa remuneração salarial, condições de trabalho etc.

Amaral ainda comenta que para o sucesso da inclusão escolar dos alunos com

necessidades especiais na rede comum de ensino os recursos provindos da Educação

Especial devem ser utilizados, como uma rede de apoios para os professores e alunos

com necessidades especiais matriculados na escola regular. O especial na educação

pode assim ser compreendido:

Retornando às considerações de Mendes (2001) encontra-se que se tem previsto o

especial na educação referindo-se a condições que possam ser necessárias a alguns

alunos para que viabilize o cumprimento do direito de todos à educação.

“O especial refere-se às condições requeridas por alguns alunos que

demandam no seu processo de aprendizagem auxílios ou serviços não

comumentes presentes na organização escolar. Caracterizam estas

condições, por exemplo, a oferta de materiais e equipamentos

específicos, a eliminação de barreiras arquitetônicas e de mobiliário, as

de comunicação e sinalização e as de currículo, a metodologia adotada

e, o que é fundamental, a garantia de professores especializados, bem

como a formação continuada para um conjunto de professores

especializados”. (MENDES, 2001, p.18).

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Para Rodrigues (2006), a inclusão escolar ocorra é necessário que a escola

regular ofereça para os alunos ótimas condições de ensino-aprendizagem, sendo

necessário, então, modificações na sua estrutura, principalmente no que diz respeito ao

oferecimento dos serviços da Educação Especial na escola regular e na classe comum:

“Se vamos pedir às escolas para diversificar sua resposta e criar

serviços adaptados a populações que antes nunca lá estiveram, é

essencial que mais recursos e materiais sejam endereçados a escola. A

educação inclusiva pressupõe uma escola com uma forte confiança e

convicção de que possua os recursos necessários para fazer frente aos

problemas”. (RODRIGUES, 2006, p.310).

Por outro lado, Bueno (1997), indica que dentro desta perspectiva, o trabalho

colaborativo pode ser compreendido como uma rede de recursos a ser utilizado pelo

professor da educação regular para o sucesso escolar dos alunos com necessidades

especiais. A proposta de trabalho colaborativa visa proporcionar o desenvolvimento de

práticas pedagógicas inclusivas mais bem-sucedidas, uma vez que propõem uma

parceria de trabalho entre profissionais da educação especial e profissionais da

educação comum. Segundo o autor, o objetivo desta parceria de trabalho é o

desenvolvimento de metodologias de ensino, adaptações curriculares, modelos de

avaliação, etc, mais adequadas para o sucesso da aprendizagem e socialização do

aluno com necessidades especiais na instituição escolar regular.

Neste estudo, considera Bueno, foi utilizada a proposta de trabalho colaborativo

conhecida como ensino colaborativo ou co-ensino. O ensino colaborativo deve envolver

uma parceria de um professor do ensino comum e de um professor da educação

especial. A atuação desta parceira de trabalho deve ocorrer dentro de um mesmo

espaço físico: a classe comum. “No entanto, os professores também podem se

encontrar em outros espaços para realizarem planejamento, trocarem opiniões,

experiências etc. Esta modalidade de trabalho pode ser considerada uma alternativa

para as classes especiais e para as classes de recursos, em que o aluno com

necessidades educativas especiais vai freqüentar o mesmo espaço que os demais, não

sendo, portanto, segregado”. (BUENO, 1997, p.6).

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Segundo Gately e Gately (2001), para que possa ocorrer a colaboração deve

haver igualdade entre os profissionais envolvidos e a colaboração deve ser voluntária.

Ambos os profissionais envolvidos devem estabelecer os objetivos esperados para o

aluno, aceitação mútua de responsabilidades e o julgamento comum das decisões

principais, ou seja, o professor de educação especial e professor da classe comum se

responsabilizam pelo planejamento e avaliação do ensino para um grupo misto de

estudantes com alunos com necessidades especiais incluídas.

Espera-se, com isso, consideram os autores, que os profissionais envolvidos

trabalhem juntos e dividam o planejamento, a apresentação, a avaliação e o manejo da

classe visando à construção de ambientes de ensino-aprendizagem mais satisfatórios

para os alunos com necessidades especiais. Dentre os benefícios do co-ensino, pode-

se citar o fato de a colaboração oferecer oportunidades para capitalizar conhecimentos

especializados e gerais entre ambos os profissionais envolvidos.

Desta forma é correto afirmar que a parceria de co-ensino possibilitou o

desenvolvimento de um ambiente de ensino-aprendizagem mais adequado para as

reais necessidades do aluno com necessidades especiais.

Em outras palavras, chega-se ao consenso de que tanto as escolas especiais quanto

as escolas comuns podem ser espaços de segregação se, em seu interior, não forem

discutidas e problematizadas as concepções de sujeito e aprendizagem colocadas em

prática.

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CAPÍTULO II

OS FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO

De acordo com Camelo (1999), o papel fundamental da educação no

desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se, ainda mais, no despertar do

novo milênio, e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a

formação de cidadãos. Vivemos numa era marcada pela competição e pela qualidade,

em que progressos científicos e avanços tecnológicos definem exigências novas para

os jovens que ingressarão no mercado de trabalho. Tal demanda impõe uma revisão

dos currículos da formação profissional que orientam o trabalho realizado no dia-a-dia

pelos educadores e especialistas em educação do nosso país.

Segundo o mesmo autor, o direito do aluno com necessidades educativas

especiais e de todos os cidadãos à educação é um direito constitucional. A garantia de

uma educação de qualidade para todos implica, dentre outros fatores, um

redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também

na valorização das diferenças.

Camelo completa seu raciocínio afirmando que esta valorização se efetua pelo

resgate dos valores culturais, os que fortalecem identidade individual e coletiva, bem

como pelo respeito ao ato de aprender e de construir. Fala-se aqui de uma escola que

se prepara para enfrentar o desafio de oferecer uma educação inclusiva e de qualidade

para todos os seus alunos.

Na visão de Gasparetto (2001), considerando que, cada aluno numa sala de aula

apresenta características próprias e um conjunto de valores e informações que os

tornam únicos e especiais, constituindo uma diversidade de interesses e ritmos de

aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa

de construir um novo conceito do processo ensino-aprendizagem, eliminando

definitivamente o seu caráter segregacionista, de modo que seja incluído neste

processo todos, que dele, por direito, são sujeitos.

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Se a educação é direito de todos, pondera o mesmo autor, nesse “todos” está

incluída a pessoa com deficiência; se é dever do Estado, deve este promovê-la de

modo que todos tenham acesso à educação (educação inclusiva); se a escola é o

“espaço no qual se deve favorecer a todos os cidadãos, o acesso ao conhecimento e o

desenvolvimento de competências, ou seja, a possibilidade de apreensão do

conhecimento histórico produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício

efetivo da cidadania”, deve essa escola estar adaptada e equipada com recursos

arquitetônicos, humanos e pedagógicos para receber todas as pessoas que compõem a

diversidade dessa sociedade.

“Educando todos os alunos juntos, as pessoas com deficiências têm

oportunidade de preparar-se para a vida na comunidade, os

professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade

toma a decisão consciente de funcionar de acordo com o valor social da

igualdade para todas as pessoas, com os conseqüentes resultados de

melhoria da paz social. Para conseguir um ensino inclusivo, os

professores em geral e especializados, bem como os recursos, devem

aliar-se em um esforço unificado e consistente”. (GASPARETTO, 2001,

p. 124).

Mattos (2000) informa que diante da educação inclusiva como direito

fundamental, é bem verdade que atualmente o Poder Público tem aceitado a matrícula

do aluno com deficiência no ensino regular. E nem poderia ser diferente, porque o

mandamento constitucional, como dissemos, é nesse sentido e também porque a

recusa, sem justa causa, da matrícula da pessoa com deficiência no ensino regular é

tida como crime, conforme art. 8.º, inciso I, da Lei n.º 7.853/89* . Porém, o que temos

verificado, é que esse aluno chega até a escola, ainda que com dificuldade, devido à

falta das adaptações arquitetônicas, mas não tem participado satisfatoriamente do

aprendizado, pois lhe faltam os recursos pedagógicos e humanos (atendimento

educacional especializado) para que consiga interagir com o professor, com os colegas

de classe, com os funcionários da escola e com os demais alunos.

*A Lei 7.853/89 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE.

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O autor ainda comenta que mesmo sendo dever do Estado, este delegou às

escolas particulares a incumbência de educar. Todavia elas devem observar as

condições fixadas pelo art. 209, da Constituição Federal, que, em seu inciso I, aponta o

dever de cumprirem as normas gerais da educação nacional, dentre as quais aquelas

que apontam o direito da pessoa com deficiência em estudar na escola regular, ainda

que privada. Na prática, porém, o que vemos é resistência de boa parte do ensino

privado quanto à inclusão da pessoa com deficiência na escola regular, utilizando,

dentre outros argumentos, o de que essa obrigação pertence tão somente ao Poder

Público, o que, às vezes, é chancelado por representantes deste.

Ou seja, segundo o mesmo autor, há falta ou precariedade de investimento

público e privado (quanto às escolas particulares) no oferecimento do atendimento

educacional especializado às pessoas com deficiência para que elas possam ser

incluídas no ensino regular, tal qual determinou a Constituição Federal que, repetimos,

estabeleceu como direito fundamental a educação inclusiva.

Já para Silva (2005), em razão das dificuldades que as escolas regulares

enfrentam hoje em dia, diante do desafio da inclusão da pessoa com deficiência, seus

pais ou responsáveis e mesmo muitos diretores de escolas, acabam defendendo a idéia

de que o melhor para o aluno com deficiência é estudar nas escolas especiais, posto

que elas estão melhores equipadas com recursos materiais e humanos para os

acolherem, embora em grande parte, não ofereçam conteúdo pedagógico, limitando-se

a ensinarem noções de higiene, alimentação e comunicação, sem preocuparem-se em

qualificá-los para vida em comunidade e para o trabalho. Sendo assim, na visão da

autora:

“o direito fundamental à educação inclusiva é do educando e não do

Estado, da sociedade ou da família (art. 205, C.F.). Não podemos nos

esquecer, também, que as escolas especiais, como escolas que são,

devem ter conteúdo pedagógico e se preocuparem com a transmissão

da educação de qualidade. Elas têm importante papel no processo de

transposição da fase de educação “exclusiva” para a da educação

inclusiva, pois o conhecimento técnico específico que possuem podem

e devem servir como rede de apoio às escolas regulares e às pessoas

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com deficiência para que isso aconteça com sucesso”. (SILVA, 2005, p.

19).

Ademais, ainda pondera a autora, em geral, locais segregados são prejudiciais

porque alienam os alunos. Os alunos com deficiência recebem, afinal, pouca educação

útil para a vida real, e os alunos sem deficiência experimentam fundamentalmente uma

educação que valoriza pouco a diversidade, a cooperação e o respeito por aqueles que

são diferentes. Em contraste, considera Silva, o ensino inclusivo proporciona às

pessoas com deficiência a oportunidade de adquirir habilidades para o trabalho e para a

vida em comunidade. Os alunos com deficiência aprendem como atuar e interagir com

seus pares no mundo ”real”. Igualmente importante, conclui a autora, seus pares e

também os professores aprendem como agir e interagir com eles.

“Sem dúvida, a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor

social da igualdade. Ensinamos os alunos através do exemplo de que,

apesar das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Em contraste

com as experiências passadas de segregação, a inclusão reforça a

prática da idéia de que as diferenças são aceitas e respeitadas. Devido

ao fato de as nossas sociedades estarem em uma fase crítica de

evolução, do âmbito industrial para o informacional e do âmbito nacional

para o internacional, é importante evitarmos os erros do passado.

Precisamos de escolas que promovam aceitação social ampla, paz e

cooperação”. (SILVA, 2005, p. 22).

Por outro lado, Libâneo (2003) considera que é simplesmente discriminatório que

alunos com deficiências devam conquistar o direito ou estar preparados para serem

incluídos na educação regular. Não é absurdo esperar que os pesquisadores

educacionais provem que eles podem ser beneficiados da educação em turmas

regulares, enquanto outros alunos têm acesso irrestrito ao ensino simplesmente porque

não têm esse rótulo. Nenhum aluno deveria precisar ser aprovado em um teste ou

esperar resultados de pesquisa favoráveis para viver e aprender como membros

regulares da vida escolar comunitária. O ensino inclusivo faz sentido e é um direito

básico – não é algo que alguém tenha de conquistar. Quando as escolas incluem todos

os alunos, a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade, com os

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resultados visíveis da paz social e da cooperação.....Quando as escolas são

excludentes, o preconceito fica inserido na consciência de muitos alunos quando eles

se tornam adultos, o que resulta em maior conflito social e em uma competição

desumana.

Ainda segundo Libâneo (op. cit.) o pleno desenvolvimento da pessoa humana, na

educação inclusiva, virá com o aprendizado do respeito à igualdade e à diversidade,

livre do preconceito e da discriminação. Trará conquistas dos valores morais, pessoais,

espirituais e culturais, bem como a troca de experiências e a convivência social e

comunitária, culminando com a capacitação intelectual e profissional. Propiciará ao

aluno sem deficiência a convivência com as diferenças, cooperando para o aprendizado

da tolerância e do respeito às limitações do outro. Convém, aqui, mencionar que a LDB,

em seu art. 3.º, inciso IV, prevê dentre os princípios do ensino o respeito à liberdade e

apreço à tolerância.O enriquecimento pessoal, com a inclusão, não é, portanto, só da

pessoa com deficiência, mas também da que não a tem.

A educação inclusiva completa o mesmo autor, capacitando intelectual e

profissionalmente a todos, inclusive as pessoas com deficiência, possibilitará a inclusão

de todos no mercado de trabalho e este, como direito social e fundamental (art. 6.º,

“caput”) , no dizer de José Afonso da Silva, “é o meio mais expressivo de se obter uma

existência digna”.

Em outras palavras, Libâneo adverte que é importante mencionar, ainda, que um

dos fundamentos da ordem econômica é a valorização do trabalho humano, tendo

como finalidade a existência digna, baseando-se nos princípios da soberania nacional e

da redução das desigualdades regionais e sociais (art. 170, da Constituição Federal),

ou seja, tudo isso coincide com os objetivos da República Federativa do Brasil.

Já no parecer de Guimarães (2002), encontra-se que só que para que a pessoa

consiga trabalho (direto social), necessário se faz que ela receba a educação e a

educação tal qual disposta como direito fundamental, ou seja, a educação inclusiva (na

diversidade), pois somente por meio dela é que todos (pessoas com e sem deficiência)

serão qualificados para o trabalho (art. 205, CF) e todos (pessoas com e sem

deficiência) terão oportunidade de encontrarem trabalho e com ele alcançarão a

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dignidade e, automaticamente, levará à erradicação da pobreza e da marginalização, à

formação de uma sociedade livre, justa e solidária, contribuindo para que o país

alcance o desenvolvimento e a soberania nacional e reduza as desigualdades

regionais e sociais.

Guimarães ainda adverte para o fato de que a educação inclusiva, por fim,

efetiva a cidadania, pois, conferindo à pessoa humana, com e sem deficiência, todos os

direitos fundamentais, fará com que ela faça parte de uma sociedade livre, justa e

solidária para cuja formação contribuiu.

Sendo assim, utilizando as suas próprias palavras, o autor informa que:

“ao Ministério Público cabe a defesa do direito à educação da pessoa

com deficiência no ensino regular, devendo isso ser prioridade de

atuação de toda a instituição, pois por meio da educação inclusiva

todos os demais direitos fundamentais serão alcançados”.

(GUIMARÃES, 2002, p. 38).

Já Stainback e Stainback (1999) consideram que os representantes do Ministério

Público são seres humanos, na maioria “sem deficiência” - o que reforça a idéia da

exclusão social - e, por não terem convivido ao longo de sua formação pessoal e

educacional com pessoas com deficiência, não é difícil que tragam incutido em suas

mentes pré-conceitos que atingem a grande parte da população formada pelas pessoas

ditas “normais” ou “sem deficiência”.

Os autores citam como exemplo: a inclusão do deficiente no ensino regular

talvez não seja o melhor para ele e para os alunos que não têm deficiência: para estes,

porque verão diminuir o ritmo escolar, já que terão que conviver com pessoas

“especiais” em sua sala de aula, as quais demandarão maior atenção do professor que,

por sua vez, não avançará tanto nas aulas para poder possibilitar que o aluno com

deficiência acompanhe os ensinamentos. Para estes, porque, como os professores não

estão preparados para recebê-los, não acompanharão as aulas e acabarão sofrendo o

isolamento.

Diante de tudo o que fora exposto neste capítulo, não é difícil concluir que a

mudança do paradigma da não inclusão da pessoa com deficiência deve acontecer

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também no Ministério Público para que assim ele possa, efetivamente, indicar, dentre

suas prioridades, a defesa desse direito fundamental, cobrando dos Poderes Públicos e

da sociedade a efetividade da educação inclusiva, possibilitando às pessoas com e sem

deficiência de conviverem entre si na escola regular, que, para incluir e dar educação

de qualidade, deverá rever seus conceitos e métodos de ensino e avaliação, deixando

de estimular a competição para se preocupar com a formação de cidadãos.

Ou seja, chega-se ao consenso de que as dificuldades para concretização da

inclusão educacional são muitas, mas elas não podem servir de pretexto para não

avançarmos. Mas não podemos desanimar com as dificuldades encontradas para

efetivação da educação inclusiva, pois não se muda, de uma hora para outra, o

paradigma da exclusão para o da inclusão. O importante é que temos visto movimentos

freqüentes e propulsores para a implementação da educação para todos na escola

regular.

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CAPÍTULO III

INCLUSÃO DE CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS

De acordo com Santos (1997), a educação e os cuidados na infância são

amplamente reconhecidos como fatores fundamentais do desenvolvimento global da

criança, o que coloca para os sistemas de ensino o desafio de organizar projetos

pedagógicos que promovam a inclusão de todas as crianças.

A autora comenta ainda que a inclusão é um trabalho efetivo e em grupo,

devendo haver um envolvimento entre educadores, coordenador, pais e crianças. Não

há como agir com a criança mesmo pequena, sem considerar suas vontades, suas

necessidades, seus medos e seus sentimentos. As mudanças substanciais em geral

despertam ansiedade. Daí a importância de um trabalho consciente e responsável pela

infância nestas instituições.

Já na visão de Padilha (1997), encontra-se que a pessoa com deficiência nem

sempre foi valorizada e respeitada pelos seus diferentes, por muito tempo representou

segmento totalmente ignorado, sendo, portanto, vítima de abandono, rejeição, maus-

tratos e até mutilações.

A mesma autora ainda informa que foi apenas a partir do século XX que

começou a ter uma melhor aceitação do deficiente, momento em que se iniciou a sua

desinstitucionalização e educação escolar. Até este período eram segregados e

praticamente privados de convívio social. Entretanto, verifica-se que as conquistas

ainda foram poucas, pois o preconceito, a ignorância e a discriminação ainda são muito

fortes em relação ao deficiente e a deficiência.

Pode-se afirmar, segundo as idéias de Padilha que mesmo depois de muitas

discussões em torno da inclusão social, continua o deficiente sofrendo pelo estigma e

pelo preconceito de sua diferença. Existe todo um discurso pró à inclusão em vários

segmentos da sociedade, dentre os quais no ambiente escolar.

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Pain (1985) dá seu parecer afirmando que a inclusão no contexto escolar é algo

que vem se efetivando, mesmo que a duras penas, buscando superar toda uma história

de isolamento, discriminação e preconceito.

A autora comenta ainda que toda criança precisa da escola para aprender e não

para marcar passo ou ser segregada em classes especiais e atendimentos à parte. A

trajetória escolar não pode ser comparada a um rio perigoso e ameaçador, em cujas

águas os alunos podem afundar. Mas há sistemas organizacionais de ensino que

tornam esse percurso muito difícil de ser vencido, uma verdadeira competição entre a

correnteza do rio e a força dos que querem se manter no seu curso principal.

Por outro lado, nota-se claramente que esta é uma realidade que retrata a

alienação histórica do sistema educacional com relação às crianças e adolescentes

com deficiência, mas que não justifica a rejeição ou a segregação. Quando a pesquisa

identifica neste cenário, um quadro positivo de crianças bem sucedidas

educacionalmente reforça ainda mais a visão da necessidade de uma reforma estrutural

na educação.

Dessa forma, considera Porter (1995) que o desafio da educação brasileira é a

implementação da política de inclusão educacional de promoção do acesso e da

qualidade, com a organização de escolas que atendam a todos os alunos sem nenhum

tipo de discriminação, escolas que valorizem as diferenças como fator de

enriquecimento do processo educacional, transpondo barreiras para a aprendizagem e

a participação com igualdade de oportunidades.

Porter comenta também que a transformação dos sistemas educacionais para a

inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais significa uma mudança

na gestão da educação que possibilite o acesso às classes comuns do ensino regular e

a ampliação da oferta de atendimento educacional especializado que propicie a

eliminação de barreiras para o acesso ao currículo.

Nesse sentido, considerando as indagações de Adorno (1995), vê-se claramente

que uma nova gestão dos sistemas educacionais que priorize ações de ampliação da

educação infantil, o desenvolvimento de programas para a formação de professores, a

adequação arquitetônica dos prédios escolares para acessibilidade e a organização de

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recursos técnicos e de serviços que promovam a acessibilidade pedagógica e nas

comunicações.

Segundo Adorno, o movimento da educação inclusiva fez aflorar a defesa dos

direitos das pessoas com deficiência, dando visibilidade para sua situação de exclusão

no processo educacional. Dessa forma, os avanços aqui apresentados mostram que os

sistemas educacionais estão em processo de transformação e refletem uma nova visão

do direito à educação que começa a transpor a concepção tradicional de ensino,

alterando as concepções sobre a educação das pessoas com deficiência, exigindo uma

mudança na formação de professores e um planejamento para organização dos

recursos necessários para efetivar a educação inclusiva.

Por sua vez Cagliari (1998) considera que as escolas de ensino regular recusam

a matrícula e estimulam as famílias a procurarem uma escola especial. Quando isso

não ocorre, os professores reagem porque não se sentem preparados ou em condições

de dar assistência individualizada, principalmente nas séries iniciais.

O mesmo autor comenta que a incorporação da diferença/deficiência decorrerá

de uma nova concepção de escola e de sociedade desejadas e a serem transformadas

no quotidiano. Os educadores estão inevitavelmente implicados neste movimento. Para

fazer frente às exigências de uma escola inclusiva, será primordial construir novas

competências. Neste sentido, a formação e o aperfeiçoamento profissional cumprem

um papel preponderante.

Já Moll (1996) trás a idéia de que os educadores das Séries Iniciais e Ensino

Fundamental, em sua grande maioria, ainda não foram preparados para lidar com

discursos multifacetados e heterogêneos em sala de aula, esse fato pode ser indicador

da construção das falas silenciadas e da padronização homogênea de comportamento.

Desta forma, Moll ainda afirma com suas próprias palavras, que:

“A criança que vive num ambiente estimulador vai construindo

prazerosamente seu conhecimento do mundo. Quando a escrita faz

parte de seu universo cultural também constrói conhecimento sobre a

escrita e a leitura. Ler é conhecer. Quando mais tarde ela aprender a ler

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a palavra, já enriquecida por tantas leituras anteriores, apropriar-se á de

mais um instrumento de conhecimento do mundo”. (MOLL, 1996, p.69).

Já de acordo com Cocco e Hailer (1996), se analisarmos cada criança que

pertence a uma instituição educacional, encontraremos particularidades que jamais

poderiam ser desconsideradas tanto para o processo ensino aprendizagem bem como

para o convívio e bem estar social ou do grupo.

Entendendo, consideram os mesmos autores, a criança como alguém em

desenvolvimento, compreende-se que não se age com ela como se esta não

interagisse. A criança mesmo pequena tem suas vontades, suas necessidades e

desejos que precisam ser considerados, compreendidos e respeitados. Toda ação

precisa ser refletida, discutida antes de ser praticada. Neste sentido, é a criança antes

de qualquer pessoa, precisa ser questionada e ouvida por alguém no qual ela confie,

pois é ela que vai se desligar de um grupo no qual interagia tentar criar um novo vínculo

com outras crianças.

Os autores ainda informam que o remanejamento da criança para outra turma

pode parecer para nós adultos algo normal, sem maiores complicações. Porém para a

criança representa uma perda de algo significativo naquele momento, que são os

colegas, o educador, os brinquedos, as brincadeiras, o próprio ambiente onde de certa

maneira já estava adaptada lhe expressava conforto, segurança, acolhimento.

De acordo com Klingner e Vaughn (1999), a inclusão vai ocorrer no novo grupo,

desde que haja compreensão por parte de quem conduz, isto significa mudar a maneira

de ver e de agir não somente com o novo membro do grupo, mas com todos.

Segundo Klingner e Vaughn,

"incluir significa convidar aqueles que (de alguma forma) tem esperado

para entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar o nosso sistema e que

encorajem todas as pessoas a participarem da completude de suas

capacidades – como companheiros e como membros." (KLINGNER e

VAUGHN, 1999, p.137).

Morrison (2000) aponta uma grande diferença entre integrar e incluir. Utilizamos

equivocadamente essas duas palavras como sinônimos. Integrar comporta um conceito

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de prontidão, ou seja, estar apto a algo para "passar a diante". Incluir refere-se a

mudanças que envolvem tanto o currículo bem como a dinâmica pedagógica dos

educadores.

De acordo com o autor, de nada adianta um preparo com o intuito de integrar a

criança no novo grupo se este novo grupo não considerar todas as mudanças que

ocorrerão com essa criança. Essas mudanças podem trazer muitos sentimentos

diferentes, como ansiedade, medo, tristeza, frustração ou culpa caso não sejam

compreendidas.

Na visão de Odom, Deklyen e Jenkins (1984) informam que inclusão não é e

nunca foi uma tarefa fácil, tanto por parte do sujeito a ser incluso bem como do grupo

que irá receber esse sujeito e dos educadores. A tentativa é válida principalmente

quando o educador compreende, reflete e se coloca na posição do outro. Praticar uma

pedagogia consciente é posicionar-se diante desses momentos conflituosos que

ocorrem durante a prática docente de maneira a resolvê-los, alicerçado numa educação

comprometida com a história social de cada membro que neste ambiente convive,

produz e reproduz história.

Sendo assim, é correto afirmar que só podemos cultivar a inclusão numa

experiência inclusiva. Só podemos cultivar uma prática pedagógica inclusiva e para

todos se assim for vivenciado, mas, para vivenciar, precisamos buscar ou refletir sobre

nossas ações, sobre nossas experiências. Cada um de nós é responsável por

compreender as regras ou princípios que conduzem sua forma de pensar. A rua de

acesso à inclusão não tem um fim porque ela é em sua essência, mais um processo do

que um destino.

Em outras palavras, o papel da inclusão está além de aceitar as diferenças, ele

tem início numa tomada de consciência por parte daquele que está inicialmente mais

próximo dos alunos ou crianças: o educador, independente da faixa etária em que

trabalha, ou seja, em creche, pré-escola, ensino fundamental, etc. Este, precisa buscar

algum referencial que o faça compreender a inclusão na sua complexidade, esta

complexidade que envolve tanto o sentimento daquele a ser incluso como também a

postura da instituição e da família frente a esta questão.

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CAPÍTULO IV

ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS

Para a realização deste trabalho fez-se necessário a utilização da metodologia

considerada qualitativa, pois para respaldar o tema proposto A Inclusão em Séries

Iniciais, foi necessário recorrer a alguns professores que lecionam na Escola Classe 04

de Planaltina DF, com o intuito de saber a opinião deles sobre o tema. A escola da

escola citada acima se deu pelo fato de que os professores desta instituição são

considerados inclusivos.

Sendo assim, escolheu-se 05 (cinco) professores para responder ao questionário

(Instrumento em Anexo I) abordando questões relativas ao tema proposto por este

trabalho. Tendo ainda como intuito de saber qual os métodos que estes professores

estão utilizando para que ocorra a chamada inclusão do aluno, ou seja, a tendência é

observar se estes profissionais estão preparados técnica e materialmente para trabalhar

com a inclusão dos alunos em séries iniciais? Destes professores, 03 (três são recém

formados) e 02 (dois) são professores antigos da rede pública de ensino.

Para garantir a imparcialidade e veracidade das questões respondidas, os

professores preferiram não serem identificados pelos nomes verdadeiros, portanto,

optou-se em utilizar apenas as iniciais dos nomes dos entrevistados, mantendo assim, o

anonimato.

4.1 – IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS

1º Entrevistado

Nome: L. D. S.

Idade: 34 anos

Sexo: Feminino

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Formação: Geografia pela UnB

Leciona em Turma: 1ª Série

2º Entrevistado

Nome: J. P. S.

Idade: 24 anos

Sexo: Masculino

Formação: Pedagogia pela UNIP

Leciona em Turma: 2ª Série

3º Entrevistado

Nome: P. R. S.

Idade: 27 anos

Sexo: Feminino

Formação: História pela UFRJ

Leciona em Turma: 2ª série

4º Entrevistado

Nome: B. T. D.

Idade: 35 anos

Sexo: Feminino

Formação: Pedagogia pela UnB

Leciona em Turma: 1ª Série

5º Entrevistado

Nome: P. H. S. D.

Idade: 28 anos

Sexo: Masculino

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Formação: Pedagogia pela Faculdade de Formosa

Leciona em Turma: 2ª Série

4.2 – ESTUDO DO CASO

Em uma conversa clara e esclarecedora, contei à diretora da Escola Classe 04

de Planaltina - DF sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso e pedi-lhe permissão

à Suelene para deixar-me conversar com alguns dos seus professores. A diretora

simpaticamente concedeu-me este privilégio e me indicou os cinco professores que

poderiam colaborar com o trabalho.

Nesse sentido, fui encaminhado à sala dos professores e fui apresentado aos

cinco professores do Ensino Fundamental que me ajudariam nesta pesquisa. Expliquei

aos professores do que se tratava a pesquisa e entreguei-lhes o questionário do tipo

aberto contendo 10 questões, todas de caráter pessoal, e pedi-lhes para que os

mesmos respondessem com paciência.

Assim, sentei-me em uma cadeira e esperei que os mesmos respondessem as

questões (segue em anexo I o questionário na íntegra). Segue os resultados apontados

pelos professores, abaixo.

4.3 – RESULTADOS

01 – A quantos anos você leciona e quanto tempo você trabalha especificamente

nesta escola?

L. D. S.– Já estou lecionando a aproximadamente 12 anos e estou a 04 anos nesta

escola.

J. P. S.– Leciono a exatamente 04 anos, e nesta escola a apenas 1 ano e meio.

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P. R. S. – Dou aulas a 07 anos pela fundação educacional e estou nesta escola a 03

anos.

B. T. D – Já estou na fundação há 15 anos e nesta escola a 5 anos.

P. H. S. D – A seis anos eu leciono e já estou nesta escola a 3 anos e meio.

02 – Você se considera um professor inclusivo?

L. D. S. – Sim, claro, sempre trabalhei com a adversidade.

J. P. S. – A proposta desta escola é ser mesmo inclusiva, então sou sim um professor

inclusivo.

P. R. S. – Claro, esta escola é inclusiva.

P. H. S. D – Esta é a proposta da escola, não só desta, mas de todas, serem inclusivas.

B. T. D – A primeira vez que me propuseram para que eu trabalhasse com essa

proposta, confesso que me assustei, hoje já estou mais adaptada. (comentar)

03 – Atualmente em sua turma, você tem algum aluno deficiente ou que apresenta

alguma Dificuldade de Aprendizagem?

L. D. S. - Sim, tenho uma menina que é D. M. (Deficiente Mental)

J. P. S. – Nesta turma não, mas na passada eu trabalhei com um menino que tinha

todos os sintomas de uma criança com TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção com

Hiperatividade).

P. R. S. – Sim tenho uma aluna que apresenta Déficit de Atenção.

P. H. S. D – Sim tenho uma aluna que apresenta um quadro típico de Dislexia.

B. T. D – Graças a Deus não. Ano passado trabalhei com três alunos com Deficiência.

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04 – Em caso de resposta positiva na questão anterior, informe como trabalha

com este aluno?

L. D. S. – Trabalho com a minha aluna de forma um pouco diferenciada dos demais, no

entanto, tento ser o mais imparcial possível.

J. P. S. – Como eu disse, trabalhei com alguns alunos D. A. (com Dificuldades de

Aprendizagem) na turma passada, e sempre que podia elaborava aulas específicas

para trabalhar com eles.

P. R. S. – A minha aluna que apresenta D. A. Não necessita de cuidados especiais,

apenas um pouco mais de paciência e orientação.

P. H. S. D – Sempre que posso faço um trabalho de leitura juntamente com esta aluna,

no entanto, como o tempo em sala é pouco e não posso dar atenção especialmente

para ela, sempre que posso estou vindo à escola fora das aulas e trabalho na biblioteca

com ela, dando-lhe toda a atenção devida e trabalhando especificamente a leitura e a

escrita.

B. T. D – (Não respondeu).

05 – E quanto à interação entre professor e aluno, como se dá neste processo

inclusivo?

L. D. S. – Em meu caso de forma natural, pois sempre ajo com os meus alunos sem

distinção.

J. P. S. – Não vejo distinção entre meus alunos, seja em caso especial ou em caso de

crianças comuns. Também não aceito que o trate diferente de forma alguma.

P. R. S. – Não existe, pelo menos entre meus alunos, um a quem dou mais atenção, ou

a quem prezo mais que o outro, todos são iguais aos meus olhos.

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P. H. S. D – Valorizar o diferente é sempre um aprendizado importante para a vida da

gente, eu particularmente não vejo distinção entre um aluno normal e outros com

deficiências.

B. T. D – Bem, na verdade o que pesa é o preconceito, juro que a primeira vez em que

tive que estar frente ao problema relacionado à inclusão, fiquei com medo, hoje não

mais, ainda que eu saiba que o trabalho dobra e que não concorde muito com o método

que a escola utiliza a inclusão.

06 – Em sua formação você aprendeu que tinha que trabalhar com o “diferente”

quando terminasse o seu curso?

L. D. S. – Não, na faculdade tive algumas aulas sobre o tema necessidades

educacionais especiais, mas não de uma forma que digamos formal.

J. P. S. – Sim, na minha formação eu tive sim aulas sobre a inclusão, inclusive aulas

sobre libras (para trabalhar com alunos com dificuldades auditivas), entre outras aulas.

P. R. S. – Não, acredito que esse tipo de curso é dado apenas em faculdades de

pedagogia ou outra do gênero, então como cursei uma faculdade para trabalhar com

alunos um pouco maiores, não tive essas aulas na faculdade, no entanto, como a

proposta desta escola é trabalhar a inclusão de alunos com necessidades especiais,

realizei alguns cursos para aprender mais sobre as Dificuldades de Aprendizagem e

sobre as Doenças Mentais.

P. H. S. D – Sim tive sim várias aulas relacionadas ao assunto inclusão. No meu curso

tive diversas matérias sobre como tratar o aluno considerado normal e o aluno com

necessidades especiais. No entanto, pouco ou nada que aprendi no curso eu uso

atualmente. Pois agora trabalhando mais com a inclusão em si, noto que a proposta

não é saber a diferença entre um aluno e outro, e sim fazer com que todos sejam iguais

pelo menos dentro da sala.

B. T. D – Nunca tinha ouvido falar em inclusão antes de vir para esta escola. Aqui ouvi

por exemplo, o termo D. A. (Dificuldade de Aprendizagem) e D. M (Deficiência Mental)

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antes nunca tinha ouvido, por isso eu me assustei bastante. Na faculdade em que

cursei ensinavam a ser professor como um todo e não diferenciado.

07 – E quanto à interação aluno-aluno, você nota alguma diferença dentro de sala

de aula?

L. D. S. – É comum que crianças normais queiram ficar próximas umas às outras, mas

os meus alunos tiram de letra a diferença existentes entre eles.

J. P. S. – Trabalhar a cabeça da criança considerada normal em relação à criança com

necessidades especiais é sempre complicado, mas com o tempo acabam se adaptando

umas às outras e no final tudo dá certo.

P. R. S. – No início sempre há aquela inibição entre as crianças, olham diferente para o

coleguinha com necessidades especiais, mas com o tempo ele aprende que interagir é

o melhor caminho. Claro que sempre há o preconceito, mas trabalho sempre a questão

da interatividade entre eles.

P. H. S. D – É complicado trabalhar com a diversidade, mas apenas no começo, logo

eles acostumam-se uns aos outros e até se auto-ajudam o que é muito bom. Há alguns

alunos que sempre falam piadinhas a respeito do problema do colega, mas nada muito

constrangedor que não possa ser resolvido dentro da própria sala de aula.

B. T. D – Na verdade o termo que uso é sempre o mesmo, ou seja, criança é sempre

criança. Elas sempre se entendem.

08 – E quanto a famílias das crianças, aceitam o fato de que os seus filhos têm

que estar com crianças com necessidades especiais?

L. D. S. – Na verdade trabalhar a cabeça dos pais torna-se mais complicado do que

trabalhar com os seus filhos, mas no final, depois de uma boa conversa acabam

cedendo.

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J. P. S. – A família das outras crianças sempre estranham o fato de o filho estar em

contato com uma criança “diferente”, mas no final acabam entendendo.

P. R. S. – Mexer com a família do aluno considerado normal é sempre mais difícil, a

aceitação demora um pouco, sempre na primeira reunião do ano vem a famosa

pergunta sobre os “doentes”, os “doidos”, os “anormais”... Mas eles acabam

entendendo o ponto de vista da escola e no final tudo dá certo.

P. H. S. D – A família do aluno sempre acha um absurdo deixar o filho em contato direto

com os outros alunos com necessidades especiais, mas não têm alternativas, e acabam

cedendo.

B. T. D – Não me importo com o que a família fala ou deixa de falar dos meus alunos, o

importante é que os seus filhos, dentro da escola estão seguros.

09 – Algum pai já tirou o filho da escola por se tratar de uma escola que trabalha

com o “diferente”?

L. D. S. – Sim, somente neste ano foram transferidos 2 alunos meus.

J. P. S. – É uma pena que exista isso, já aconteceu de pais quererem tirar os filhos da

minha turma, no entanto, sempre digo para eles que não adianta, pois o propósito de

toda escola hoje, da rede pública é trabalhar com a inclusão.

P. R. S. – Sim, já retiraram sim, mas alguns acabam voltando atrás com a sua opinião.

P. H. S. D – Não, este ano não retiraram nenhum aluno da escola, mas no ano

passado, perdi dois dos meus alunos, por que os pais achavam que eles não deveriam

estar em salas com alunos D. M.

B. T. D – Este ano não retiraram nenhum aluno da minha classe.

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10 – Para finalizar, o que você diria para os professores que trabalham com

alunos considerados “normais” em relação a trabalharem com alunos com

alguma necessidade especial?

L. D. S. – Eu diria que ele tem que ter muita paciência, muita dedicação e que no final

verão que não é tão difícil assim quanto todos nós pensamos.

J. P. S. – Diria para terem muita calma, paciência, fazer um plano de ensino que

abranja todas as crianças, sem dar preferência a nenhum.

P. R. S. – Diria que trabalhar com a adversidade é um desafio, mas no entanto, não é

impossível, pois o professor deve aprender junto com o seu aluno.

P. H. S. D – Falaria para ele que ensinar é um processo complicado tanto para alunos

“normais” quanto para algum aluno com necessidades especiais. Então ele deve

entender primeiro o conceito de adversidade, e montar seu trabalho em cima deste

conceito.

B. T. D – Eu acho que não diria nada, ninguém nunca disse nada para mim, é apenas

trabalhar o dia a dia. No início a gente fica com medo mesmo, mas depois acaba

passando. Se tiver que dizer algo, que seja: tenha paciência.

4.4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Através deste questionário e diante das respostas claras dos professores em

questão, pode-se notar que os mesmos estão verdadeiramente engajados no propósito

de trabalhar a inclusão, ainda que a professora B. T. D. A mais velha entre os

professores, depois de responder o questionário me confidenciou que não se sente à

vontade ainda com esta nova proposta da escola. Quando perguntada o porque, ela

respondeu que nunca tinha trabalhado com crianças diferentes e isso a assustou um

pouco no início, hoje, entretanto, depois de pegar uma turma que segundo a

professora, cheia de “diferenças”, ela disse que aprendeu a trabalhar, deixou fluir,

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apenas deu segmento a seu trabalho como se tivesse trabalhando com uma turma

somente de alunos “normais”. A partir de então perdeu o medo e trata todos os alunos

como um conjunto.

Percebe-se também que a maior parte do preconceito dentro de uma instituição

“Inclusiva” como a escola em questão, parte dos próprios familiares dos alunos. Assim

como os professores têm respostas para todas as questões, sentiu-se claramente que a

professora B. T. D., ainda tem alguma restrição em trabalhar com alunos com alguma

dificuldade.

Atualmente várias escolas trabalham com a inclusão, no entanto, a preparação e

a adaptação dos professores considerados inclusivos ainda é muito lenta e gradativa,

como é o caso de B. T. D., no entanto, é correto afirmar que o dia-a-dia do professor,

em qualquer escola, pouco ou nada muda com a chegada dos alunos com

necessidades especiais, o que muda mesmo é a cabeça do professor em trabalhar com

a adversidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo, percebeu-se que atualmente todas ou quase todas as

escolas da rede pública de ensino estão se preparando para receber as crianças com

necessidades especiais.

Viu-se ainda que trabalhar com a adversidade é coisa que assusta, sobretudo,

aos professores mais antigos, onde a preparação e a aceitação de trabalhar a diferença

é sempre mais complicada.

Sendo assim, chega-se ao consenso de que trabalhar com alunos com alguma

necessidade especial nas séries iniciais torna-se mais fácil do que trabalhar com alunos

que entram na escola tardiamente, pois uma boa base escolar é primordial para o

crescimento destes alunos.

Os preconceitos existem sim, como verificado no estudo de caso, no entanto,

este preconceito parte em sua maioria de dentro das famílias dos alunos considerados

“normais”. Ainda que os mesmos alunos, não tenham preconceitos e acabam aceitando

estudar com o colega com necessidades especiais.

Desta forma, é necessário, destacar o papel desempenhado pelo professor na

tarefa de propiciar situações que permitam integrar harmoniosamente afetividade e

conteúdos específicos, evidenciando a inseparabilidade desse processo.

Todavia, não se pode esquecer que a sociedade brasileira é feita por pessoas

humanas e, dentre estas, a diversidade é enorme. Há pessoas de diferentes etnias,

cores, sexo, origem, ideologia, religião, dentre outras diferenças, das quais fazem parte

as pessoas com e sem deficiência.

Desta forma, conclui-se que a escola inclusiva é aquela que se constrói, a partir

da permanente interação entre os vários atores educacionais, partilhando

responsabilidades e estimulando a colaboração e o convívio fraterno e solidário. Esta

escola deve estar empenhada em mudar para atender a toda gama de necessidades

educacionais identificadas, sem levar em conta as condições sociais, físicas, mentais e

de saúde de seu alunado.

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DA ESCOLA CLASSE 04 DE

PLANALTINA

IDENTIFICAÇÃO

Nome: Idade: Leciona em Turma: Sexo: Formação:

QUESTIONÁRIO

01 – A quantos anos você leciona e quanto tempo você trabalha especificamente

nesta escola?

02 – Você se considera um professor inclusivo?

03 – Atualmente em sua turma, você tem algum aluno deficiente ou que apresenta

alguma Dificuldade de Aprendizagem?

04 – Em caso de resposta positiva na questão anterior, informe como trabalha

com este aluno?

05 – E quanto à interação entre professor e aluno, como se dá neste processo

inclusivo?

06 – Em sua formação você aprendeu que tinha que trabalhar com o “diferente”

quando terminasse o seu curso?

07 – E quanto à interação aluno-aluno, você nota alguma diferença dentro de sala

de aula?

08 – E quanto a famílias das crianças, aceitam o fato de que os seus filhos têm

que estar com crianças com necessidades especiais?

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09 – Algum pai já tirou o filho da escola por se tratar de uma escola que trabalha com o “diferente”?

10 – Para finalizar, o que você diria para os professores que trabalham com

alunos considerados “normais” em relação a trabalharem com alunos com

alguma necessidade especial?