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A. J. S. Loureiro - O Toque Do Shofar

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Livro O toque do Shofar, do G.'. M.'. do GOBAM, A. J. S. Loureiro 33.

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O BRAZIL ACREANO

O TOQUE DO SHOFAR

ANTONIO JOS SOUTO LOUREIRO

O TOQUE DO SHOFAR

VOLUME I

MANAUS - AMAZONAS

2004

FICHA CATALOGRFICA

SUMRIO

PREFCIO

09

O SHOFAR

10

MAONARIA ESCOLA

12

A SEDE DO GOEAM

15

O INCENSO

16

A ALQUIMIA

18

AS MUSAS

33

A LIBERTAO DOS ESCRAVOS NO AMAZONAS 37

O BANQUETE MANICO

39

AS BOAS MANEIRAS

42

O CORDEIRO

48

OS EVANGELHOS

50

PITGORAS

52

O ALFABETO

54

A ABERTURA DO ALCORO

55

AS DUAS FACES DA MOEDA

56

PO DOCE

57

OS SEFIROTES OU A RVORE DA VIDA

58

OS ARCANOS DO TAROT

59

ESCOLAS FILOSFICAS

68

DA ANGELOLOGIA E DA ESCATOLOGIA 71

OS MISTRIOS GREGOS

76

ANTIGAS HERESIAS

81

A CAIXA DE PNDORA

86

OS QUATRO TIPOS FEMININOS

87

O MARTELO

88

O MANUSCRITO RGIO

89

A MINHA LOJA-ME DE LAHORE

92

BAS

95

O NATAL DE 2000

98

O CORVO

101

A POMBA

102

A GRUTA DE JOO BATISTA

103

O MESSIANISMO

104

O CENSO DE 2000 E A MAONARIA

105

A MAONARIA BRASILEIRA E A DVIDA

EXTERNA - O FUTURO E A ESPERANA

107 A ESCOLHA

108

SIMBOLISMO I

110

AS VIRTUDES E OS VCIOS

113

FILOSOFIA MEDIEVAL

147

AURORA CONSURGENS

156

A RETALHAO DO AMAZONAS

159

PLANTAS NA MAONARIA

163

OS FILSOFOS DA MATRIA

169

O BIG BANG E A FORMAO DOS ELEMENTOS 171

LILITH

174

LAVOISIER, O PAI DA QUMICA MODERNA 176

A LEI DE MALTHUS

178

A VIOLNCIA

180

VON LIEBIG E OS ADUBOS

184

JOHAN MENDEL E A HEREDITARIEDADE

187

AS OITO PORTAS DA JERUSALM

188

A EVOLUO DA QUMICA

189

A EVOLUO DA FSICA E DA MATEMTICA 190

RENOVAR

192

OS ASSASSINOS

194

SO BERNARDO, O ABADE DE CLARAVAL 196

PALAVRAS DE ORDEM PARA 2002

199

PREFCIO

Este talvez venha a ser o primeiro livro abordando assuntos filosficos para-manicos publicado, no Amazonas. Teve por base o folheto quinzenal O Shofar, publicado anexo ao Boletim do Grande Oriente do Estado do Amazonas, no perodo em que fui seu Gro-Mestre, com a finalidade de enriquecer e auxiliar as Lojas da Jurisdio, em seus tempos de estudo obrigatrios, e foi to grande a sua aceitao, que resolvemos edit-lo sob a forma de livro.

Ele abrange assuntos antigos e modernos, procurando trazer a nossa Ordem para mais perto deste sculo, em que a Cincia est sendo considerada uma vontade do Grande Arquiteto do Universo, que Deus, como sempre pensamos, pois, na busca da Verdade, o pesquisador vai descobrindo ser ela uma emanao do Ser Supremo, a medida que so conhecidas as verdadeiras causas dos fenmenos naturais.

Os assuntos esto desordenados propositadamente, para no cansar a leitura. Serviro para ilustrar os nossos irmos e se constituiro em uma leitura apropriada para aqueles que desejam ascender na escalada manica, na busca da Regenerao.

Esperamos que esta obra seja do agrado de todos os maons do Estado do Amazonas e tambm do pblico dito profano.

Oriente de Manaus, 7 de setembro de 6004 da V:.L:.

O Autor

O TOQUE DO SHOFAR

O nome shofar foi o escolhido para o nosso noticirio, que ser publicado sempre que houver um assunto interessante a divulgar. Essa palavra significa trombeta, em hebraico, sendo um instrumento de sopro feito dos chifres do carneiro tocado, em diversas oportunidades, nas sinagogas, inclusive no dia do Ano Novo, para despertar as pessoas da sua letargia espiritual, convocando-as ao arrependimento.

Existem diversos toques emitidos pelo shofar, conforme a liturgia judaica, geralmente realizados em duas partes, sendo a segunda para confundir o demnio, levando-o a pensar que est comeando o dia do Juzo Final.

Nesse ltimo dia, o profeta Elias ou o anjo Miguel, ningum sabe, um deles soar o Divino Shofar Dourado retirado do grande carneiro celeste, dando o toque de reunir das almas, para a Ressurreio e para o grande dia do Julgamento. E elas viro cavando por debaixo da terra at sairem, no monte das Oliveiras, e muitas conseguiro atravessar o vale de Josaf, por uma corda, chegando grande praa do Templo, que baixar dos cus, novo como no tempo de Salomo.

No centro da praa estar a Grande Balana da Pesagem, avaliando o valor positivo ou negativo de nossos atos: vcios, paixes e virtudes.

No Cristianismo, aparecem evidentes influncias dessas antigas ideias. Cristo sofreu a noite de sua priso, no monte das Oliveiras, e o Apocalipse escrito por Joo, um de nossos festejados, contem uma nova viso desses ltimos dias.

O Julgamento a carta XX do Tarot, representada por um anjo vestido de vermelho, soprando uma trombeta dourada, um sol radiante, um tmulo aberto e um relvado com uma trindade, todas figuras simblicas expressivas, indicando um chamamento s mudanas, aos novos tempos, Ressurreio, Esperana e regenerao do ser humano.

O shofar pode ser feito do chifre de qualquer animal, exceto do boi, por causa do bezerro de ouro. Ele j foi tocado por bocas celestes, na libertao de Isaac, substitudo por um cordeiro, e no monte Sinai, quando Moiss recebeu os Mandamentos.

Servia aos judeus para aclamar a posse dos seus reis, incitar converso, anunciar os decretos, lembrar a destruio do Templo, advertir sobre a necessidade da prtica do Tor, suscitar sentimentos de humildade, evocar o Dia do Juzo, reforar a Esperana na reunio dos dispersos, e participar da Ressurreio.

Deus revelou-se, no Sinai, atravs de troves, relmpagos e pelo som do shofar, cujo clangor foi to forte, que o povo tremeu, no acampamento. E nos ltimos tempos Jav mandar toc-lo e vir com as tempestades do sul.

O shofar que iniciamos a tocar, neste momento, o do chamamento dos maons a repensarem a Maonaria, procurando traz-la de volta aos seus princpios mais verdadeiros.MAONARIA-ESCOLA

OTETRAGRAMA

A Maonaria uma escola filosfica voltada para a regenerao do ser humano, e isto est claramente definido nas iniciaes, quando o recipiendrio resolve conscientemente ou no, pois muitas vezes deixamos de instru-lo, abandonar e renunciar aos erros e aos enganos do mundo profano, para ingressar em uma nova conduta de aperfeioamento moral, tico e intelectual, adquirindo progressivamente uma nova viso do Mundo, das coisas e do Universo, e um novo comportamento diante da Humanidade.

Embora suas origens talvez sejam anteriores s do Cristianismo, ela est influenciada pelo Evangelho de So Joo e contem uma utopia apocalptica similar desse apstolo.

O Templarismo, um dos seus elos ocultos, previa, para os iniciandos, alm dessa mudana de comportamento, a doao de todos os seus bens Ordem, a submisso total disciplina e hierarquia da instituio, a vida monstica, a castidade, a dedicao exclusiva e um quotidiano comunitrio, passando a serem providos pelos recursos do Templo. A partir de ento, uma das principais obrigaes de seus integrantes seria a proteo militar dos cristos, em todos os caminhos, estradas e rotas martimas ou terrestres de peregrinao, e particularmente nas trs principais do mundo medieval: Santiago de Compostela, Roma e Jerusalm.

Os Templrios foram o brao armado da Igreja, os protetores dos peregrinos, o banco de emisso de ordens de pagamento para um grande nmero de cidades estratgicas, onde possuam casas e, com os Cavaleiros de So Joo, que forneciam a hospedagem nessas rotas, as duas mais importantes sociedades poltico-econmicas, religiosas e militares do tempo das Cruzadas.

Com a perda do seu prestgio blico e das suas finalidades, pelo encerramento das Cruzadas, a Ordem dos Pobres Soldados do Templo do Rei Salomo foi dessacralizada e jogada na clandestinidade, tornando-se uma das razes de numerosas sociedades secretas modernas.

Como a dos templrios, embora j sem os rigores extremos de outrora, pela lassido geral dos costumes, as nossas iniciaes continuam semelhantes, em tudo o que se compromete com a regenerao moral, o aperfeioamento intelectual, o progresso social e a disciplina hierrquica, para vencermos aquilo que leva o ser humano degradao.

O que chamamos de telhamento contem grande parte dos fundamentos filosficos dos graus simblicos, que continuaro em toda a vida manica. E, a cada grau , a cada vu que se abrir, estudaremos as virtudes embelezadoras das nossas vidas e os vcios, que degradam o esprito humano, visando bem conhec-los, para melhor combat-los, e aprenderemos ainda a dominar as nossas paixes e a vencer as viscissitudes da vida, com estoicismo e disciplina, sem choramingas.

O significado real do telhamento, to primordial para a entrada da verdadeira Maonaria em nossos coraes, foi sendo esquecido, substitudo por outras facetas dos nossos estudos, tornando-se enigmtico, repetido decoradamente sem uma finalidade objetiva e sob presso emocional, impedindo a sua real compreenso e prejudicando o aprendizado de um dos mais bsicos conceitos da escola moral manica, os verdadeiros alicerces para a compreenso do seu arcabouo completo, o da prtica das Virtudes.

Est claro que a Maonaria no se resume apenas a isso, temos outros files importantssimos de estudo nesta nossa antiqussima organizao e, embora se queira dar a ela pouco mais de duzentos e cinqenta anos, existem evidncias de um passado muito mais antigo, por ser a herdeira de todas as sociedades iniciticas secretas de cunho patriarcal existentes, desde que o homem comeou a cuidar dos animais domsticos, a viver nas estepes e a acreditar na existncia de um esprito criador.

O nosso telhamento constitudo pelos seguintes princpios:

A aceitao de So Joo Batista, como o precursor, e do Evangelho Gnstico de So Joo Evangelista.

A organizao das Lojas hierarquicamente filiadas a potncias regulares.

O direito visitao.

A construo do templo interno, pela prtica das virtudes e abandono dos vcios.

A disseminao da Amizade, Paz e Prosperidade entre todos.

O domnio estico das paixes e a prtica da disciplina moral e hierrquica.

A submisso da vontade particular geral, desde que legtima.

A crena no Grande Arquiteto do Universo, que Deus.

Esses os ensinamentos bsicos do grau inicial, que, na qualidade de Gro-Mestre Estadual, creio devam ser sempre revigorados, para o bem geral, alem de outros estudos como: o do simbolismo dos instrumentos, das alfaias e dos ornamentos, o das atribuies hierrquicas, a rememorao e o estudo dos passos da cerimnia de iniciao, as explicaes ritualsticas, a preparao para a Liberdade, Igualdade e Fraternidade conscientes, o polimento dos aprendizes at possuirem o conhecimento e a compreenso necessrios para passarem ao grau seguinte, e no somente o simples cumprimento do interstcio, que serve apenas para marcar o tempo mnimo de permanncia no grau, at que chegue a hora da elevao daqueles que alcanarem objetivo real da Maonaria, prontos para servi-la, e no para serem por ela servidos, o que apangio dos aproveitadores, que querem tudo e no do nada.

(Escrito para a Introduo de um livro do irmo Sevalho, ainda indito).

A SEDE DO GOEAM

A 28 de abril de 2000 adquirimos o imvel onde ir funcionar o GOEAM, aps as adaptaes e as reformas necessrias, sito rua Monsenhor Coutinho, n 513, no centro da cidade. Aps vinte anos, vamos ter a nossa sede prpria, adquirida com os recursos decorrentes de uma austera administrao, de uma grande conteno de despesas e das contribuies de todos os que colaboram com a nossa administrao.

Foram anos de economia, sem o que no teramos chegado a este ponto, mas ainda iremos necessitar da cooperao de todos, venerveis, autoridades e obreiros, no sentido de efetuarem os pagamentos de suas contribuies do exerccio ou das atrasadas com pontualidade.

Solicitem ajuda ou contribuam com as suas Lojas, para que possamos, sem maiores sacrifcios, pagar o que ainda falta e renovar as instalaes, pois afora as contribuies normais das anuidades, os que quiserem podero antecipar valores, aps a regulamentao do assunto, se isto for necessrio.

O prdio foi adquirido por R$85.000,00, sendo R$45.000,00 em moeda corrente e mais duas promissrias de R$20.000,00 avalizadas pessoalmente pelo Gro-Mestre, a vencerem aos trinta e sessenta dias de data. Possui mais de duzentos metros quadrados de construo slida, com nove salas, alm de quintal, ptio lateral e uma loja, que ser adaptada para servir de templo.

Estamos iniciando as reformas e vamos necessitar da ajuda de todos, pois pela primeira vez teremos um local apresentvel aos obreiros que nos visitam, com o Grande Oriente do Estado do Amazonas crescendo cada vez mais, melhorando a sua representatividade.

O INCENSO

O incenso representa o perfume da santidade, possuindo efeitos similares alfazema e s folhas do loureiro, capazes de purificar um ambiente.

Em hebraico chamava-se lebonah, e, em grego, lbanos, correspondentes forma olbano, proveniente da resina do arbusto Boswellia carterii, sendo importado da Arbia Saudita, da ndia e da frica Oriental, desde os tempos bblicos.

No Oriente, foi usado nos sacrifcios e para espantar os maus espritos, no Egito, na Babilnia, na Prsia e em Creta, no culto aos mortos, e em Roma, para endeusar os governantes, este o verdadeiro motivo da recusa dos cristos em utiliz-lo, at ser reabilitado como oferta sacra.

As fumaas perfumadas foram outrora a nica maneira de fazer subir aos Cus as splicas deste mundo. Seria uma forma de relacionar o que est em cima, com o que est em baixo, e o fumo dos sacrifcios, o cheiro da carne assada e do incenso, sempre foram agradveis ao olfato de Jav.

Por elevarem-se ao firmamento, as fumaas simbolizavam a subida das almas, ou das preces, nas oraes dos fiis. Tambm, pelo princpio da impenetrabilidade da matria, a fumaa podia expulsar as entidades nefastas de um ambiente.

Entre os israelitas oferecia-se incenso unicamente a Jav, correspondendo a sua adorao, ou para apaziguar a sua Divina Clera. No Cristianismo, apareceu entre os presentes trazidos pelos Trs Reis Magos, na visitao ao Menino Jesus. No Apocalipse, vinte e quatro velhos empunharo taas de ouro, com perfumes, representando as preces dos santos, e uma delas conter incenso.

O turbulo o aparelho que se usa para incensar durante as cerimonias. Antigamente de prata, hoje de alumnio, constitudo por correntes, com um pegador, que serve para balanar este fogareiro com brasas, nele se colocando o incenso, a produzir fumaa de odor agradvel.

O seu movimento pendular cruciforme lembra-nos o sacrifcio de Cristo, na cruz e, em crculo, oferendas a serem remetidas a Deus.

Eles podem conter relevos do pssaro Fnix ou dos trs jovens da fornalha (Sadraque, Mesaque e Abdenago). Tambm neles podem estar representados Melquisedeque, Aaro, Samuel, os santos Estevo, Vicente e Loureno, e as cenas da penitncia de Pelgio.

Alm do incenso, as oferendas de fumaa cheirosa sempre foram realizadas com a queima de produtos similares como o sndalo, na China, o copal, na Amrica Central, as folhas de loureiro, alo, mirra, alfazema ou mastique e as carnes queimadas, nos sacrifcios de egpcios, judeus, gregos, romanos e cristos.

A eles acrescentaremos alguns produtos bem brasileiros, como o breu branco, o tabaco e a resina da r cunuaru, todos produzindo fumaas, elevando pedidos, expulsando maus espritos e trazendo a felicidade.

No devemos esquecer a fumaa das piras morturias indianas, feitas com sndalo, carregando as almas dos defuntos para o alto.

Quase todas essas substncias, quando inaladas em grandes quantidades, produzem alucinaes de diversos tipos, como as que aconteciam com as pitonisas do templo de Apolo, em Delfos, ao mascarem as folhas do loureiro e ao inspirarem a fumaa resultante da sua queima, postadas diante de uma fenda de rocha de onde subiriam vapores vulcnicos, nos tempos mais remotos.

Na Maonaria Simblica, usamos o incenso nas cerimonias especiais de alguns ritos, como as de Pompas Fnebres, as de Adoo de Lowtons e as de Sagrao de Templos.

Incensar algum tecer-lhe os elogios alm dos necessrios, verdadeiros ou no, com o sentido de quebrar o nimo do homenageado e como tal um vituprio.

A ALQUIMIA

A Alquimia a arte da transformao de um material grosseiro, impuro e inicial, em outro perfeito e purificado. Isto incluia tanto o aspecto qumico, nas vs tentativas de transformar metais inferiores em ouro, como o simblico-filosfico, o da transformao de um ser bruto, em uma nova mentalidade polida.

Pelo atual avano do conhecimento humano sabemos que a Alquimia jamais atingiria os seus objetivos de transmutao, e entendemos que o melhor ouro por ela produzido no foi o metal amarelo, to cobiado pela maioria dos falsos alquimistas, mas a expresso simblica do aperfeioamento moral e intelectual, alm das belssimas figuras alegricas e simblicas, confusas, grotescas e pavorosas, para os leigos, mas que nos levam meditao e a aproximam da Maonaria, da Astrologia e do Rosacrucianismo. Apesar do empirismo, os experimentos aleatrios desses desvairados alquimistas levaram descoberta de numerosos compostos qumicos e medicamentosos at hoje em uso.

uma arte com milhares de anos de existncia e sempre atraiu personalidades de todos os tipos: os materialistas visando apenas obter ouro, para enriquecerem, os ingnuos, acreditando piamente no que praticavam, embora a maior parte fosse de trapaceiros, fraudulentos e velhacos realizadores de falsas experincias, para o engodo dos ricos ambiciosos. Existiam ainda os que se interessavam pelas tcnicas qumicas, os que nela viam valores cristos e os que buscavam novos medicamentos. O certo que autores, inclusive Jung, rejeitaram a sua faceta cientfica, aceitando-a apenas pelo seu contedo simblico-filosfico.

A palavra Alquimia teria origem no artigo rabe al, associado palavra queme, significando terra preta, como era conhecido o Egito, graas ao negro solo de aluvio o depositado, nas vrzeas, durante as enchentes do rio Nilo. Este limo negro, extremamente frtil, equivaleria matria prima, pois se transformava em grande quantidade de vegetais e alimentos, e os gros se multiplicavam de maneira espantosa, demonstrando um poder sobrenatural. Por isso a Alquimia foi denominada de Arte Egpcia ou Arte Negra, embora tivesse outros nomes como Sagrada Filosofia, Arte Real e Grande Obra, aplicadas tambm Maonaria, talvez por ser ela o seu brao espiritual.

A palavra tambm poderia ter origem no grego quima, significando fuso de metais, ou em quimos, suco de plantas.

No Extremo Oriente os seus praticantes buscavam o elixir da longa vida, enquanto a cultura mediterrnica procurava a pedra filosofal capaz de transmutar os metais, que poderia ser uma pedra, um p, uma tintura ou um elixir, agindo tanto no plano fsico, como no espiritual, capaz de produzir a transformao pessoal.

prtica alqumica buscava transformar a prima matria na pedra filosofal ou da sabedoria. Essa matria prima devia ser submetida a uma srie de fenmenos, geralmente comeando pelo calor ou pela destilao, no existindo mtodos ou frmulas prvias. As reaes aguardavam momentos astrolgicos antecipadamente determinados e se repetiam as destilaes desnecessariamente por centenas de vezes.

Pensava-se que o calor liberava os princpios masculinos e femininos da matria levando-a morte ou nigredo, aps o que ela podia ressurgir colorida, como a criana ou cauda do pavo, e a seguir, recebendo lquidos, branqueava-se sob a forma de elixir do primeiro grau, a pedra branca feminina transformadora dos metais em prata, ou avermelhava-se, a tintura masculina produtora de ouro, a rosa vermelha.

A ordem das operaes alqumicas variava de autor para autor. George Ripley, na obra Twelve Gates, apresentou as operaes como um castelo redondo de doze portas e relacionou-as na seguinte ordem:

Calcinao, a queima a seco ( Pulverizao, a triturao do material calcinado ( Soluo, a mudana do seco para o lquido ( Separao, o sutil separado do grosseiro ( Conjuno, a unio de naturezas contrrias ( Putrefao, a regenerao dos corpos mortos pelo calor ( Congelamento, o branqueamento fixando a pedra branca ( Cibao, a alimentao da matria seca ( Sublimao, a passagem do corpo espiritual ao material ( Fermentao, a ativao do material ( Exaltao, a gerao de poder ( Projeo, a ao de usar a pedra filosofal para transformar.

Outros exemplos dessas sequncias aparecem como belssimas ilustraes no livro Pleasure Garden, de Daniel Stolcius, da Bomia, com cerca de cento e sete gravuras e poemas alqumicos.

A teoria alqumica tinha o conceito do tempo circular, sempre voltando ao princpio, um cosmo cclico em eterna repetio. Assim a cosmologia e a cosmogonia de Hermes previam um Universo em esferas concntricas, em que as centelhas divinas cairiam at o seu centro, a Terra, onde ocupariam um corpo humano material e, conforme os atos praticados em vida, voltariam a subir esfera por esfera: Lua, Mercrio, Vnus, Sol, Marte, Jpiter e Saturno, at retornarem a Deus. Todos os seres e at os minerais possuiriam essas centelhas ou partculas do Criador, que detinham o poder da transmutao, sendo elas a busca da Alquimia.

NOMENCLATURA

Vamos destacar alguns verbetes mais importantes, para uma melhor compreenso do assunto, pois as informaes que nos chegam s vezes so desordenadas e confusas, nos milhares de livros, que dela tratam.

Matria Prima

Semelhante terra preta, como o lodo do Nilo, extremamente frtil, uma substncia inferior de grande fora nutritiva, criadora e transformadora, repleta de partculas divinas capazes de serem obtidas por mtodos alqumicos, sendo esta a interpretao inicial do nigredo.O esterco tambm correspondia matria prima, pois dele o escaravelho extraia a vida, por gerao espontnea, antes de que se soubesse ser ele apenas um local de deposio de ovos daquele inseto.

A matria prima estaria relacionada ao sapo e ao ouroboros, a serpente que morde a sua prpria cauda, simbolizando o tempo circular ou cclico. As suas quatro patas seriam os quatro metais imperfeitos: cobre, ferro, estanho e chumbo, e as suas trs orelhas os vapores sublimados: salix, mercrio e enxofre.

O material bsico, a substncia que encerra tudo o que necessrio, para que o processo alqumico ocorra, seria formado pelos quatro elementos, mantidos em suspenso por um quinto, etreo, a quintessncia.

Mercrio Filosfico

O princpio feminino, a rainha, a lua, a rosa branca, que transforma os metais inferiores em prata.

Enxofre Filosfico

O princpio masculino, o sol, o rei, que sob a forma de rosa rubra transformaria os metais inferiores em ouro.

Sal ou Salix

O catalisador que faz unir o mercrio e o enxofre filosficos.

Leo Coroado

O smbolo dos aspectos masculinos fixos da matria primordial.

guia Coroada

A figurao da natureza voltil feminina.

Serpente Coroada

A representao da matria primordial.

Drago Alado

Uma forma de representao do fogo.

O DRAGO ALADOOs Quatro Elementos

So as substncias primordiais, que combinadas entre si, em propores diversas e especficas, originam todos os tipos de matria, com o seu equilbrio mantido pela quintessncia.

Fogo - quente e seco, gasoso e fixo, representado pela salamandra.

Terra - fria e seca, slida e fixa, indicada por animais terrestres como o leo e o touro

Ar - quente e mido, gasoso e voltil, simbolizado por aves: corvo, cisne, pelicano, pomba e guia.

Agua - fria e mida, lquida e voltil, o solvente universal, figurada pela serpente e pela sereia.

Quintessncia

A substncia etrea que manteria os quatro elementos unidos e em equilbrio. Representada pela estrela de seis pontas, a combinao do ouro e da luz.

A Influncia Astrolgica ou Celeste

A Alquimia dava grande importncia aos astros, pois pensava-se que a sua posio no cu influenciava o futuro dos seres vivos, no tempo em que eles eram manifestaes dos prprios deuses. Os planetas favoreciam o crescimento dos metais, no interior da Terra, sendo esta a teoria geolgica alqumica, para a formao das rochas.

A Astrologia foi utilizada para a escolha de datas favorveis ao incio de uma experincia e qualquer Grande Obra deveria ser comeada sob o signo de ries. At o horscopo individual do alquimista influenciava o seu trabalho.

Os planetas relacionavam-se da seguinte forma com a Alquimia:

Lua

Prata

Mercrio

Mercrio

Vnus

Cobre

Sol

Ouro

Marte

Ferro

Jpiter

Estanho

Saturno

Chumbo

Esprito Universal

o fundamento do tudo e do que est em tudo, a centelha divina. Um pouco dele valeria mais do que qualquer remdio. Seria o agente primrio das transformaes, a Sofia que retornar e o ponto central de toda a Alquimia, que a liga Cabala e Maonaria, nesta recuperao da centelha divina presente em toda a criao, a partcula do Criador que deve ser encontrada, capaz de tudo transformar, que desceu Terra como est escrito na Tbua de Esmeralda, e que um dia retornar, o princpio mais importante da teoria alqumica e existente em quase todas as cincias hermticas.

A Tbua de Esmeralda

Seria uma esmeralda, talvez a que caiu da testa de Lcifer durante o seu despencamento, e o texto nela gravado contendo o credo dos alquimistas sobre as partculas ou centelhas divinas, existentes em toda a criao, s vezes rabiscados nas paredes dos laboratrios, ou fixados pelas mentes dos iniciados.

Tambm foi denominada de Tbua Smaragdina ou Tbua de Esmeralda de Hermes Trimegisto, apresentando o seguinte texto:

" Verdadeiro , sem falsidade certo e muito verdadeiro, que aquilo que est em cima igual quilo que est embaixo e que aquilo que est embaixo igual ao que est em cima, para realizar os milagres de uma nica coisa.

E como todas as coisas existiram por contemplao de uma s, todas as coisas surgiram desta nica coisa, por um simples ato de adaptao.

O pai dela o Sol, a me, a Lua. O vento carregou-a em seu tero, a Terra a sua ama de leite. o pai de todas as obras de maravilha, em todo o Mundo.

O poder dela perfeito. Se for lanada sobre a Terra, separar os elementos da Terra, daqueles do Fogo, o sutil do grosseiro.

Com grande sagacidade sobe delicadamente da Terra para o Cu. Desce de novo para a Terra e une, em si prpria, a fora das coisas superiores e das coisas inferiores.

Assim possuirs a glria do brilho do mundo inteiro e toda a obscuridade fugir de ti.

Esta coisa a forte fortaleza de toda a fora, pois vence a toda coisa sutil e penetra em toda a substancia slida. Assim foi o Mundo criado.

Consequentemente haver maravilhosas adaptaes, das quais a maneira esta.

Por esta razo eu sou chamado de Hermes Trimegisto, por que eu tenho trs partes da sabedoria de todo o Mundo.

O que eu tinha a dizer a respeito da operao do Sol, est completado".

A interpretao mais simples desse texto seria: H um criador nico para tudo o que existe e tudo surgiu dele por processos de adaptao ou de modificao. O mundo terreno foi criado com base nos mesmos princpios do mundo celeste ou espiritual. A energia primria foi gerada pelos princpios masculino e feminino, trazidos luz atravs do ar, do fogo, da gua e da terra. Esta energia, a da primeira substncia ou das partculas divinas, tem o poder de separar as foras sutis das grosseiras, de subir e descer entre o mais alto e o mais baixo, e de unir os opostos. Pode penetrar tanto nas substncias sutis, como nas grosseiras.

Tratados

Fala-se da existncia de mais de 50.000 tratados diferentes de Alquimia produzidos em todo o mundo.

Expresso Secreta

A Alquimia usava sinais especiais e a simbologia atravs de deuses, heris, animais verdadeiros e fantsticos monstros, quadros surrealistas e poemas cifrados, tudo para expressar veladamente as reaes alqumicas realizadas

O Vaso Alqumico

Pipetas, provetas, vasos e frascos de vidro, os alquimistas procuravam encontrar a dificlima embalagem, em que pudessem guardar o elixir ou a pedra filosofal, da terem ajudado a criar esses materiais de laboratrio.

INSTRUMENTOS ALQUMICOS

Pedra Filosofal/Elixir da Longa Vida

O produto final buscado por todos os alquimistas, a grande obra da Alquimia, podia ser um p ou uma substncia slida, como a pedra filosofal, capaz de transformar os metais inferiores em ouro ou em prata; ou solues, como o elixir da longa vida, a acqua vitae e o remdio universal, com o objetivo de dar a imortalidade ou a cura de todas as doenas, substncias obtidas da matria prima, por processos alqumicos, todas contendo concentrados de partculas do Criador.

Operaes Alqumicas

Os mtodos alqumicos foram registrados atravs de quadros simblicos e poemas, na realidade verdadeiras representaes artsticas das atuais frmulas e reaes qumicas, ou dos mtodos de obteno de produtos. Entre essas ilustraes as mais conhecidas so as de Flamel, de George Ripley (Twelve Gates) e de Daniel Stolcius (Pleasure Garden of Chemistry).

Um exemplo da frmula alqumica pode ser encontrado no antigo livro O Dilogo de Clepatra, semelhante a uma receita codificada, com termos conhecidos apenas pelos iniciados e praticantes:

"Tome dos quatro elementos o arsnio mais alto e mais baixo, o branco e o vermelho, o macho e a fmea, em igual equilbrio, de modo que possam ser juntados um ao outro. Isso por que, assim como o pssaro aquece os ovos, com o seu calor, e leva-os ao seu termo determinado. E quando a tiverem preparado e levado a beber as divinas guas, no sol e em lugares aquecidos, cozinhem-na em fogo lento, com leite virginal, mantendo-a afastada da fumaa. Depois fechem os ingredientes no Hades e mexam cuidadosamente at a preparao tornar-se mais grossa e no escorrer do fogo. Em seguida, tirem-na do fogo e, quando a alma e o esprito estiverem unificados e tornarem-se um s, projetem-na sobre o corpo de prata e tero o ouro, como nem os tesouros de reis contm."

Soluo

Atravs de pequenos versos ou de poemas, podia-se expressar um mtodo de obteno alqumico:

O quente leo prontamente devora

O sol do cu.

A bela ninfa traz, para esta ocasio,

Suas tenras flores.

Depois o homem gneo suar

E ficar quente no fogo.

Tambm resolver seu corpo

E o levar para longe, por meio da umidade

Expulsa o domnio conquistado

Pela fora do mencionado p,

Para que feliz e belo

O Mercrio dali possa sair

O poema foi expresso atravs de um quadro em que esquerda e ao fundo, est uma igreja seguida de um leo rampante devorando o sol, ambos no terceiro plano, e de uma jovem portando um ramo de seis flores junto a um forno, onde ferve um recipiente expelindo fumaa, no segundo plano, que vai envolver, com uma aura, o homem nu do primeiro plano. Talvez uma frmula de extrao de mercrio.

Alquimia x Medicina

Muitas vezes a Alquimia enveredou por caminhos errneos, como a descrio irreal das causas do catarro, pelo alquimista ingles Robert Fludd (1574-1637):

" Aqui vemos a gua convertida, pelo calor do fogo, em um vapor que sobe da vasilha e encontra-se com a tampa, cuja temperatura mais baixa faz com que ela se condense em gotas. O mesmo acontece com o corpo humano: o fleuma aguado origina-se na regio sul dos intestinos e, na doena, aquecido pelo fogo do fgado, sobe at a regio mais fresca da cabea, onde novamente se aglutina em gotculas quentes. Essas so as causas de resfriado, catarro e coriza, e desse fleuma na cabea, a pessoa sofre seus efeitos secundrios de dores de cabea, audio prejudicada e vertigem".

Estgios de Realizao

So os estgios seguidos por um material colocado em um cadinho, sob a ao do fogo, que pode se tornar preto ou putrefato, o nigredo; adquirir as cores reluzentes do arco ris, a cauda do pavo; ficar branco como a neve, o albedo, ou vermelho como a rosa, o rubedo.

Os animais representativos dessas fases seriam, pela ordem: o corvo, o pavo, o cisne e a fnix vermelha.

Atanor

a fornalha do alquimista. Grande Obra ou Culminao

Materialmente a procura da pedra filosofal, do elixir da longa vida ou do remdio universal. Sob o ponto de vista espiritual so noites indormidas e de estudos para o aprimoramento filosfico e a aquisio da Sabedoria, a leitura dos tratados e a sua localizao.

Os Alquimistas

As figuras dos antigos alquimistas poderiam ser assim estereotipadas:

OS ALQUIMISTAS

Magros e barbudos,

De negras tnicas estreladas,

Pudas, sujas e empoeiradas.

Chapus em cone pontudos.

Uns sinceros, outros charlates,

Sempre guiados por uma estrela,

Murmurando palavras esquisitas,

Encurvados sobre velhos livros, caldeires e atanores.

Dedos manchados de iodo, corrodos de cidos,

Olhos injetados, ardendo de fumaas,

Clicas saturnais, experincias intoxicantes,

Vida errante e perseguida.

Procurando pedras entre cinzas e excrementos,

Na v ideia de obter ouro e prata.

Ou o elixir da universal cura das doenas,

E retificando centenas de vezes a acqua vitae.

ALQUIMISTA - GRAVURA DO

SCULO 17, DE DAVID TENIERS

Ouro

Uma das buscas da Alquimia material. Seria uma forma simblica de apresentao do esprito universal e a evoluo final dos metais inferiores, no iderio alqumico.

AZOTH

Palavra contendo a primeira e ltima letras dos alfabetos latino (A-Z), grego (A-O) e hebraico (A-TAU).

VITRIOL

Iniciais da frase latina visando a transformao ou regenerao individual: visita interiorum terrae rectificando invenies operae lapidum ( visita o interior da terra e destilando encontrars a pedra da obra). Ao nos reformarmos interiormente encontraremos a nossa pedra, que nos transformar.

HISTRIA

A Histria da Alquimia comeou, no Egito, com a ideia de que o lodo do Nilo tinha o poder multiplicador sobre as sementes, transformando em vida a matria prima e com os trabalhos em ouro, a ourivesaria, uma exclusividade dos sacerdotes de Ptah, o deus dos fundidores e dos ourives, cujos templos foram verdadeiras oficinas e seus sacerdotes portavam ttulos como o de Grande Empunhador do Martelo.

Aquele deus confundiu-se com o Hermes grego e acabou dando origem a Hermes Trimegisto, o trs vezes sbio, grande filsofo e alquimista greco-egpcio

HERMES TRIMEGISTUS RECEBENDO A

VISITA DE SBIOS DO OCIDENTE E DO ORIENTE

Por isso a Alquimia floresceu, em Alexandria, onde apareceu o livro PHYSICA, escrito por Bolos de Mendes, por volta de 250 AC, constando de informaes sobre trabalhos de ouro, prata e pedras preciosas, e sobre a produo da prpura. Para este autor, ela fora criada por Demcrito, aquele que primeiro vislumbrou uma teoria atmica para os elementos, somente retomada nos tempos atuais.

Ali foi famosa Maria, a Judia, por volta de 100 DC, a criadora do Banho Maria, at hoje usado nos cozimentos delicados, nos laboratrios e na culinria. Foi seguida por Clepatra, com Os Dilogos de Clepatra e Os Filsofos, e a Produo de Ouro; por Zzimo de Panpolis, autor do livro Da Virtude, ensinando a interpretao alqumica dos sonhos, e por Stfanos de Alexandria, no sculo VII, depois de Cristo, com uma alquimia filosfica.

A Alquimia estava ento sendo praticada pelos tintureiros, com as tcnicas de tingimento, e pelos trabalhadores de metais. A copelao, a tcnica de refinar metais em cadinho, surgiu por este tempo. Tambm apareceram a destilao em alambiques, aperfeioada por Maria, a Judia.

Uma das suas bases tericas foi criada por Empdocles, em 450 AC, quando estabeleceu a existncia de quatro elementos, compondo todas as substncias: fogo, terra, gua e ar, o que, apesar de no ser uma verdade cientfica, influenciou e ainda influencia o pensamento humano.

Essa teoria foi alterada, em 350AC, por Aristteles, com uma ideia que permaneceu imutvel at o sculo XVIII, estabelecendo que cada elemento compunha-se de duas qualidades, existindo quatro delas: quente, fria, seca e mida.

Assim os elementos estavam classificados em: ar, quente e mido, fogo, quente e seco, terra, fria e seca, e gua, fria e mida.

Eliminando-se a qualidade mida do ar, este se transformava em fogo, constituindo este fato a teoria das transformaes. O ouro seria o ponto de equilbrio dessa teoria, com todos os metais capazes de nele se transformarem.

A Alquimia voltou Europa, pela Espanha, com os rabes, no sculo VII, aps terem eles estudado e traduzido as obras gregas de Alexandria.

Entre os mais famosos alquimistas rabes figuraram Calid Ibn Iazid, que viveu em Damasco, no sculo VI; Al Rhazi ou Razes, iraniano nascido em 864 DC, interessado na qumica prtica, na classificao das substncias e nas tcnicas de laboratrio, e o maior de todos Abu Abdala Jabir ibn Hayyan ibn Abdala as Sufi, o Geber, nascido, na Arbia, em 760 DC, cuja vida decorreu no Ir, onde morreu, em 815DC. O Corpus Jaburianus, que corresponderia sua obra, composto por duzentos e quinze livros, embora mais de trs mil tenham sido perdidos.

GEBER

Na Europa Medieval, a Alquimia foi ensinada nos conventos dominicanos e franciscanos, onde sempre havia um herbolrio e um manipulador de medicamentos.

Entre os franciscanos distinguiram-se Roger Bacon (1210-1292), mstico e astrlogo, Elias de Cortona , Boaventura de Ise, com o Liber Compostella, Robert Grossette, Arnaud de Villeneuve(1240-1311), com o Rosarum Philosophorum; Raymond de Lulle, Joo de Rupecissa, e at Nostradamus pertenceu a essa linha de pensamento.

Foram alquimistas os dominicanos: Vicente de Beauvais, com o Speculum Naturalis, de 1250, So Domingos, Albert de Bollstaedt (1193-1280) e So Toms de Aquino, com a Aurora Consurgens.

Em 1317, a Alquimia foi condenada, pelo papa Joo XXII, atravs da Bula Spondent quas non exhibent (Prometem o que no podem produzir).

ALQIMISTAS EM ATIVIDADE

No sculo XIV, destacaram-se Jean Cremer e Richard, com o Correctum Alchymiae, Hortolanus, Guilherme de Paris, Jean de Mehun, com o Romance da Rosa, e Nicolas Flamel (1330-1417), que fez fortuna misteriosa, diz o seu mito, aplicando-a na Caridade. Mais tarde, entre os agostinianos, apareceram John Dastin e Sir George Ripley (sculo XV), autor de The Compound of Alchimy onde est o trecho das Twelve Gates, que aprendeu a arte com os Cavaleiros Hospitalrios, em Rodes, onde tambm estudou Bernard de Trves (sculo XIV) e Thomas Norton, discpulo de Ripley e autor de The Ordinal of Alchimy (1477).

Foi nesta poca que viveu um dos maiores alquimistas, o clebre Theophrastus Bombastus von Hohenheim, o Paracelso (1493-1541), nascido em Zurique, abade do mosteiro de Sponheim, que tambm estudou Cabala, Rosacrucianismo e as doutrinas neoplatnicas da harmonia universal. Foi professor em Basileia, no aceitando Galeno, Avicena e Aristteles. Teve como discpulo o famoso Cornlio Agrippa.

No sculo XVI, foram alquimistas destacados Thomas Charnock (1524), John Dee (1527-1608), John Napier (1550-1617), o criador dos logartmos, e Miguel Sendivogius (1566-1636).

Na Itlia, apoiados pelos Mdicis, brilharam Marslio Ficcino, com o Corpus Hermeticus e Picco de La Mirandola.

Entre os aventureiros, destacaram-se Claude Louis, conde de Saint Germain (1700-1784) e seu discpulo o conde de Cagliostro, que fundou a clebre Maonaria Egpcia.

Mais modernos foram Cambriel, com o Curso de Filosofia Hermtica ou A Alquimia em 19 Lies (1843), Cyliani, com Hermes Desvendado (1832) e Fucanelli, com O Mistrio das Catedrais (1925) e As Moradas Filosofais (1929).

AS MUSAS

As Musas da Mitologia Grega foram as nove filhas de Zeus e Mnemsine, a Memria, cujo o culto estava relacionado com o de Apolo, da serem os espritos inspiradores dos poetas, msicos, astrlogos e historiadores, e, ao mesmo tempo, ninfas das montanhas e dos regatos.

APOLO

Outro monte famoso, o Parnaso, era a montanha de Apolo. Com 2.450 metros de altura, localizava-se, na Fcida, bem perto de Delfos, onde estava o seu templo, habitado pelas pitonisas, reveladoras do futuro, por meio de frases cifradas, aps terem aspirado o ar saturado pela fumaa das folhas do loureiro, a planta sagrada do deus, e mascado grande quantidade delas. Apolo tambm foi o padroeiro dos poetas, e, das faldas do Parnaso nascia a fonte Castlia, onde um dia afogou-se a ninfa do mesmo nome, e que fornecia gua ao templo, inspirando as mais belas composies aos poetas, quando dela bebiam. Na subida do Parnaso ficavam tambm as Fedrades, rochas de onde os sacrlegos eram empurrados, para a morte.

AS NOVE MUSAS

O monte central do culto das Musas localizava-se entre a Fcida e a Becia, o Hlicon, atingindo 1.750 metros de altura, entre o lago Copais e o golfo de Corinto. No seu cume havia um altar dedicado a Zeus e, na vertente norte, o vale das Musas, onde no interior de um bosque sagrado estava o Hieron ou Museu, o santurio das Musas, com seus altares e esttuas, mais tarde levados para Bizncio, por Constantino, de onde desapareceram.

Das encostas do Hlicon nasciam diversas fontes das quais a mais clebre foi a de Hipocrene, aberta por um coice do cavalo alado Plagos, e em torno da qual elas danavam e cantavam. Suas guas milagrosas tambm inspiravam os poetas e por causa delas as Musas ficaram conhecidas como Hipocrnides.

Sempre foram representadas como as belas jovens acompanhantes de Apolo, e, como o deus, inventoras de cantos e de numerosos instrumentos. Apolo Musageta com a ctara e uma coroa de louros dirigia os seus coros.

Foram elas:

CALOPE

A de belos olhos, como o seu nome sugere, foi a musa da Poesia pica e da Eloquncia, a me de Orfeu, representada com uma coroa de ouro, tendo uma trompa mo direita e um poema, esquerda, e, s vezes, uma tbua, um estilete e um rolo de papiro, para os discursos.

CLIO

Musa da Histria e da Epopia, cujo nome significa glria, coroada de louros, tinha em uma das mos uma ctara, ou trombeta, e na outra, um rolo de papiro, ou o livro de Tucdides, e por atributos o globo terrestre, sobre o qual descansava e o tempo, para mostrar que a Histria alcana todos os lugares e pocas, me de Jacinto.

RATO

Seu nome estava relacionado com o amor. Apresentava-se tangendo uma lira e coroada de mirtos e rosas. Outras vezes tinha mo direita uma lira e esquerda, um arco. Foi me do cantor Tamiris, musa da Elegia, das Poesias Lrica-Amorosa, Ertica e Anacrentica, todas por ela patrocinadas.

EUTERPE

Coroada de flores, tinha s mos uma flauta dupla, um caderno de msica ou outros instrumentos musicais. O seu nome significava bom divertimento, a que sabia agradar. Foi a musa da Msica e da Poesia Lrica.

MELPMENE

Coroada de pmpanos, portava mo esquerda uma mscara trgica. Gerou as sereias. Sendo a musa da Tragdia, s vezes estava representada segurando um cetro, uma coroa ou um punhal ensanguentado, outras vezes acompanhada pelo Terror e pela Piedade. Seu nome estava relacionado com o ato de cantar.

POLMNIA

A que cantava muitos hinos ou possua muita memria, a musa dos Cantos Religiosos e dos Hinos Sacros, pois tinha enorme facilidade de decorar. Inventou a Mmica e a Harmonia. Com Orfeu gerou Oeagro. Representada a meditar, com a mo direita sinalizando um discurso e a esquerda segurando um cetro ou um papiro escrito com a palavra suadere, significando dissuadir, foi a musa da Retrica

TLIA

Aparecia com uma grinalda de hera, tendo nas mos um cajado e uma mscara cmica. Calava borzeguins e com Apolo gerou os Coribantes. Nos primeiros tempos foi uma divindade agrcola, ensinando o preparo da terra e os cuidado com as sementes e o gado. Presidia os banquetes alegres e s mais tarde transformou-se na musa da Comdia e do Idlio. Seu nome significava florescer.

TERPSCORE

A que ama a dana, tinha a cabea coroada de grinaldas e diademas, rosto risonho, tendo s mos uma lira ou harpa, e tambm um casco de tartaruga com dois chifres. Tornou-se a musa da Dana e do Canto Coral.

URNIA

Vestida de azul e coroada por uma estrela, carregava um compasso em uma das mos e um globo com estrelas, na outra. Musa da Astronomia e da Geometria, foi amada por Apolo, sendo me de Lino e Himeneu.

Algumas dessas Musas podem ser admiradas em suas representaes, nos jardins do Teatro Amazonas ou na sua fachada.

A LIBERTAO DOS ESCRAVOS,

NO AMAZONAS

A Provncia do Amazonas antecipou-se quatro anos ao Brasil, no processo de libertao dos escravos. Neste trabalho destacou-se a Maonaria Amazonense, representada pela Loja Esperana e Porvir e pela Loja Amazonas, ento ambas da obedincia do Grande Oriente do Brasil (GOB), atravs da ao de muitos de seus obreiros, embora nelas existissem alguns importantes membros de tendncia escravista, o que seria de esperar em uma instituio pluralista.

importante lembrarmos que a escravido do indgena sempre preponderou sobre a do elemento negro, no Amazonas, chegando disfarada at o sculo XX, sob as formas do enfeudamento ou encomenda deles s ordens religiosas, das diretorias indgenas e do aviamento, este j no tempo do ciclo da borracha, apesar das numerosas tentativas pela sua liberdade, desde as leis do Marqus de Pombal, dando um posicionamento social mais favorvel aos casamentos mistos e sua prole, e libertando as aldeias do poder temporal religioso.

O Par por ser uma regio de agropecuria mais ativa, na poca colonial, recebeu muito mais escravos negros do que o Alto Amazonas, mais pobre, com maior disponibilidade de mo de obra indgena e de economia extrativista. Entre 1754 e 1820, mais de 50.000 escravos entraram pelo porto de Belm, dos quais 60% oriundos da regio de Guin-Bissau, e 40%, de Angola, sendo possvel que um nmero superior a 70.000 tenha alcanado a Amaznia, durante todo o perodo colonial e at 1853, quando foi remetida, para o Amazonas, a ltima leva de pouco mais de trinta negros contrabandeados, apreendida em Serinhaem, em Pernambuco, e em So Mateus, no Esprito Santo.

Diante desses fatos ousamos estabelecer uma participao negra, muito maior do que a comumente relatada, na composio tnica da populao amaznica, principalmente em torno de Belm, uma cidade que sempre teve maioria negra, no Maraj, no Tocantins e nas proximidades dos quilombos do Trombetas, Alenquer, Santarm e Turiau, pois os negros sempre fugiram, para o interior, onde eram acolhidos pelas tribos indgenas.. E hoje temos uma vasta populao de pele acobreada e cabelos lisos, alm de outras caractersticas somticas e algumas at enzimticas, a comprovarem a mistura das duas raas, com o surgimento de um grupo mais evoludo, no sentido mais exato que se deve dar miscigenao e que constitui a maior parte das populaes ribeirinhas.

Aqueles negros contrabandeados e apresados, pelo Governo Imperial, em 1853, foram entregues aos cuidados diretos dos Presidentes da Provncia do Amazonas, sob a denominao de africanos livres, para trabalharem nas obras pblicas ou nas colnias, mediante uma remunerao, at completarem o tempo de receberem a cidadania brasileira, o que s ocorreria, em 1864, no podendo, neste espao de tempo, serem vendidos ou leiloados, pois estavam sob a responsabilidade governamental. Essa figura do africano livre, depois cidado brasileiro, foi talvez uma ocorrncia nica em todo Brasil.

A Amaznia Ocidental possua entre 950 e 1500 escravos, na poca do Imprio, o que facilitaria as suas libertaes. Elas comearam, por volta de 1870, com o grupo emancipacionista criando fundos para a compra dos escravos aos seus proprietrios. Em 1881, apareceram as sociedades libertadoras, daqueles que lutavam pela libertao sem qualquer indenizao aos proprietrios. E ambas as correntes aqui tiveram ardorosos adeptos, como em todo o Brasil.

O Cear foi a primeira provncia a libertar os seus escravos, a 25 de maro de 1884, sem qualquer compensao monetria, pois ali os nimos estavam exaltados, pela venda dos negros cearenses para as plantaes de caf do Sul em franco progresso, alm de no existirem recursos para as indenizaes.

No Amazonas, os libertadores conseguiram avanos, mas acabaram suplantados pelos emancipacionistas, diante das grandes disponibilidades do Tesouro amazonense, geradas pelo ciclo da borracha, sendo o problema solucionado atravs da aquisio da maior parte dos escravos ainda existentes, pelo Governo Provincial, o que foi faustosamente comemorado, a 10 de julho de 1884, praa 28 de Setembro, estando no governo Theodureto Carlos de Farias Souto, maon regular, filiado Loja Esperana e Porvir, ento sob a jurisdio do GOB. Antes o municpio de Manaus j libertara os seus escravos, desde 24 de maio, antecipando-se Provncia.

O ato de Theodureto Souto s seria legalmente reconhecido, em 1887, quando foram encerrados os livros de registro de escravos da Alfndega de Manaus, apesar do trfico interprovincial j estar proibido h vrios anos.

O BANQUETE MANICO

O banquete manico o herdeiro de uma tradio de refeies em comum, praticadas em todas as antigas civilizaes, no sendo apenas uma reunio de gulosos, sem maiores finalidades, mas um rito de comunho e de aliana, um repasto mstico e filosfico, apesar de muitos nos considerarem uma legio de comiles, o que pode ser uma verdade parcial, pois alguns dos nossos glutes, pelo seu comportamento alimentar, nos banquetes festivos, poderiam passar maus pedaos, na companhia do frugal Joo Batista.

Tradicionalmente aps cada sesso deveramos ter os nossos banquetes fraternais, e uma pena que o costume v sendo abandonado, sob a alegao da falta de recursos, mas que na realidade refletem um desinteresse crescente, uma preguia lastimvel por tudo aquilo que possa originar um pouco de trabalho coletivo e voluntrio, do qual fugimos alegando mil e uma desculpas, apresentando uma centena de libis.

Este desvio necessita de uma correo adequada por parte de todos os venerveis, pois as refeies em comum reforam a amizade fraternal e j sabemos deste fato, desde o tempo em que os espartanos, na Grcia Antiga, participavam de um mingau de aveia comunitrio e dirio.

As vezes o banquete, que deveria ser leve e frugal, pelo adiantado da hora, em que se realiza, e pela idade dos participantes, constitudo de alimentos pesados e de libaes de cerveja, com ms consequncias para a sade, o bolso e o trabalho do dia seguinte, o que pode ser compensado com uma melhor adequao. Este seria o banquete trivial, o aps sesso.

Na Maonaria Simblica deveramos ainda ter grandes banquetes, congregando os nossos familiares e amigos, nas festas brancas dos solistcios, nas datas comemorativas principais, alm de outros fechados, aps as sesses magnas, e, sempre que as administraes o entendessem, um banquete ritualstico ou loja de mesa, cujo servio deveria ser feito pelos aprendizes, visando a disciplina e a humildade.

Antigamente existia uma verdadeira arte de mesa, que dispunha de tudo o que se fizesse necessrio, para que um banquete manico fosse realizado a contento. Os mestres de banquetes esmeravam-se na compra dos melhores produtos, na boa arrumao da mesa, no atendimento aos irmos e nos pratos de boa qualidade a serem servidos.

Hoje continuamos a ter, no Grande Oriente do Brasil, um ritual prprio para os banquetes, para as chamadas Lojas de Mesa, com um vocabulrio especial, mas poucos o praticam. Tambm os bons mestres de banquete tornaram-se raros e os aprendizes no mais so levados a treinar a humildade, pelo contrrio, so impelidos at rebeldia.

A mesa dos banquetes deve ter o formato de um U ou de ferradura, cuja volta corresponder ao Oriente e as duas extremidades ao Ocidente, e todos os utenslios cuidadosamente alinhados: os pratos prximos beira, e, a seguir as garrafas, os copos e os guardanapos, alm das flores, que deveriam estar sempre presentes. Uma fita vermelha ou azul, conforme o rito, deve indicar oponto de alinhamento dos copos. No Oriente, sentam-se o Venervel, os visitantes e as autoridadese os vigilantes ocupam os dois topos da mesa, conforme o rito, e, na volta da ferradura, o orador e o tesoureiro, o secretrio e o chanceler, tambm do lado conforme o rito. Os mestre de Cerimnia e de Banquete, ficam no interior da ferradura, que s deve ser ocupado quando no existirem mais lugares, e os seus ocupantes s podero acompanhar a ltima saudao. No caso de muitas pessoas, pode-se estabelecer uma mesa extra, entre as duas retas do U.

Os trabalhos so realizados no grau de aprendiz e todos os obreiros devem estar revestidos de sua insgnias. O venervel e os vigilantes devero portar os seus malhetes.

Durante a refeio seriam feitas libaes ou brindes, denominados de sades, por um certo nmero de vezes, no se podendo beber antes do primeiro.

As Lojas deveriam realizar pelo menos um banquete ritualstico anual, de preferncia no dia do solistciode inverno, o dia 23 de junho, no hemisfrio sul.

Existe um vocabulrio prprio para essas festas, que pode ser verificado no ritual adequado.

A ttulo de curiosidade transcrevemos o cardpio de um banquete realizado, na noite de 27 de dezembro de 1823, dia de So Joo Evangelista e do solistcio de inverno, na Loja Amis Runis, da cidade de Lille, na Frana, constando de grande variedade de pratos e de sobremesas, dele participando amigos e familiares, e relacionado com encerramento do ano manico.

LGUMES - SALADES - PETITS PATS A LA BECHAMELLE

PTITES FEVES - PATS TRUFE

POTAGES - BOUILLI - LANGOUSTES - ECREVISSES

QUEUE D`ESTURGEON - ANGUILLE A LA TARTARE

CTELETTES AUX TRUFFES - JAMBON ROTI ET DECOR

FILLET DE BOEUF - BOUDINS A LA RICHELIEU

VOLAILLES TRUFFES - CTELETTES DE MOUTON

ROTIS A REVENIR

QUARTIER DE CHEVREUIL - FAISANS - VOLAILLES

LIVRE - PERDREAUX - CANARDS SAUVAGES

GELE AU RHUM - GELE AU VIN - VOL AU VENT

MERENGUES - GATEAU DE SAVOIE

NOUGAT EM TOURBAN - GATEAU MILLE FEUILLES

CORBEILLE AUX NOIX - FRICANDEAU

TORTE A LA FRANCHIPANE

AS BOAS MANEIRAS

As boas maneiras fazem parte do aprendizado manico estando includas naquilo que outrora se chamou de cortesania, demonstrando com isso uma boa educao e o conhecimento de algumas regras bsicas de comportamento, da ser interessante a divulgao de alguma coisa sobre o tema, que sempre gera discusses, por isso foram includo no Manuscrito Rgio (Sculo XIV).

Os mestres de banquetes sempre foram os responsveis pela qualidade dos alimentos, a ordem dos pratos, a maneira da arrumao das mesas, o comportamento dos obreiros, no comer, no beber e no falar, em suma, em tudo o que fosse necessrio para o bom andamento dos nossos jantares e ceias festivos. O assunto est um pouco esquecido, mas devemos reviv-lo, para lembrar a necessidade de uma melhor disciplina dos maons, em nossas refeies comunitrias ou pblicas.

NOS RESTAURANTES OU SALES DE BANQUETE

1) A Mesa deve ter preferencialmente a forma de U ou de ferradura.

2) Os lugares das autoridades e dos dirigentes esto pr-estabelecidos, nos rituais, procure ocupa-los e instrua os que no saibam disso.

3) No se deve fumar durante as refeies, sendo tolerado na sobremesa.

4) Os cumprimentos efusivos e barulhentos devem ser abolidos.

5) Os pratos escritos em outras lnguas devem ser explicados, pelos garons.

6) No se deve falar alto e reclamar s o necessrio.

7) A comida regional deve ser apresentada aos visitantes, mas no deve ser o prato principal.

`A MESA

1) No devemos apoiar os cotovelos sobre a mesa, apenas os punhos chegam s bordas.

2) O guardanapo pode ser aberto sobre o abdome e, ao sair, deixe-o dobrado esquerda do prato.

3) Come-se discretamente e com a boca fechada, mastigando sem falar.

4) No devemos demonstrar sofreguido ou impacincia.

5) No sopre a sopa para esfri-la, nem faa barulho para tom-la.

6) No comente seus gostos por pratos.

7) Corte o po com a mo, e no o mergulhe na sopa, no ovo ou nos molhos.

8) No fale sobre doenas, tragdias, dietas ou de comidas que fazem mal, nem de coisas que causem nojo.

9) Use o garfo para cortar ou enrolar macarro, batatas, beterrabas.

10) No descanse o talher quando estiver comendo.

11) A faca para peixe destina-se a cortar e retirar as espinhas, no se devendo lev-la boca.

12) Os talheres no devem ser cruzados ao terminar a refeio e sim colocados paralelamente.

13) Se um talher cair ao cho, no se embarace, algum vir apanh-lo.

14) Converse com as pessoas ao seu lado.

15) No cochiche e nem grite para longe.

16) No elogie enfaticamente as comidas, nem pea receitas.

17) No se incline sobre o prato.

18) No arrume a comida no garfo com a faca.

19) No encha o prato, nem beba demais. A moderao faz parte da boa educao.

20) No misture, amasse ou revire a comida.

21) Quando a refeio est sendo servida americana pode-se repetir. Nos servios formais, s se o prato for reapresentado.

22) Entradas, peixes e sobremesas no se repetem.

23) Nos jantares cerimoniosos come-se pouco e nem se serve alface, a no ser cortada.

24) Alimentos desconhecidos no devem ser tentados, salvo se houver algum para ser imitado.

25) No troque de lugar.

26) Nos banquetes requintados no se servem cerveja, frios e saladas.

27) O usque tambm no deve ir mesa.

28) No se deve chegar atrasado, havendo para isso uma tolerncia de meia hora.

29) No pea licena para sair antes das autoridades maiores se retirarem ou antes que o venervel determine. Este um mau costume que tem aumentado consideravelmente em nosso meio, com a sada sem despedida ou de fino, o que no correto, alm de indisciplinado.

A ORDEM DOS PRATOS EM UM JANTAR FORMAL

De um modo geral os banquetes devem decorrer na

ordem seguinte:

Entradas - saladas e sopa (cremes de aspargos ou palmito) ou consom (frango, carne, cogumelos).

Peixes, crustceos ou moluscos

Carnes assadas ou aves.

Sobremesas

Caf e licores

COMIDAS ESPECIAIS

Abacaxi - com o garfo e a faca aos pedaos.

Banana - corte longitudinal com a faca, para retirar a casca e o fruto comido com o garfo.

Caviar - a ova do esturjo, um peixe do mar Cspio, especialmente preparada. Existem similares no Bltico, e a ova do acari-bod amaznico tambm d um caviar de boa qualidade. servido em tigelinhas acompanhado de torradas. Passe o caviar no po com a esptula e pingue limo. Leve boca com a mo.

Consom - um caldo servido em tigelas com duas alas. Inicie com colheradas e depois pegue pelas alas.

Couverts - retire o po com a mo, para o seu pratinho, e os pats ou pastas com a faca.

Escargot - segure a concha com a pina e com a mo esquerda. Tire o molusco com o garfo e o mergulhe no molho.

Espaguete - colher de sopa mo esquerda para ajudar a enrolar com o garfo.

Macarro - no deve ser cortado, mas enrolado com o garfo.

Ostras - pingue limo e retire com o garfo.

TERMOS DE MENUS

Embora a cozinha francesa tenha a sua principal origem nos pratos italianos de Florena, introduzidos pelos cozinheiros das duas rainhas Mdici, ela acabou tomando forma prpria e passou a dominar o mundo como smbolo de bom gosto. E por isso que a lngua francesa predomina no vocabulrio da culinria, da ser interessante conhecermos o significado de alguns dos seus termos:

A dor - peixe frito passado em farinha de rosca e ovo.

A l`Anglaise - carne mal passada.

A la Barnaise - um molho de cebolas picadas, gemas, vinagre e azeite ou manteiga usado para carnes e peixes.

A la Bordelaise - molho de vinho Bordeaux, champignons, alho e cebola.

A la Chateaubriand - costeletas ou bifes grossos, a la matre d`htel.

A la Crole - um molho de tomate, cebola e pimento.

A la Matre d`htel - molho de salsa, manteiga e suco de limo

A la Meunire - na manteiga derretida

A la Provenale - no azeite, alho, tomate e cebola.

A la Reine - caldo de galinha com creme e petit pois. A la Tartare - molho de picles, para peixes e camaro.

Au beurre fondue - na manteiga derretida.

Au gratin - peixe ao forno com queijo.

Au poivre - molho de pimenta com molho ingls, vinho e caldo de carne.

Au Thrmidor - molho de creme de leite, vinho branco e pur.

Antepasto - entradas

Batatas saut - batatas cozidas fritas na manteiga e na salsa.

Bouillon - sopa rala.

Brioches - pes especiais.

Bouillabaisse - sopa de peixes, crustceos e aafro.

Brochettes - espetos de carne, peixe ou camares.

Casserolle - ensopado.

Charlotte - gelatina cremosa, com biscoitos.

Consom - caldo.

Crpe - panqueca.

Croissants - pes em forma de crescente

Croutons - quadrados de po com manteiga, para sopas.

Dindon - peru.

Escalope - fil batido e em pequenos pedaos.

Fondant - acar com diversos ingredientes.

Fondue - queijo derretido.

Frapp - gelo picado.

Fricass - ensopado com molho grosso.

Gateaux - bolo.

Glac - sorvete.

Hors doeuvre - entradas.

Jambon - presunto.

Merengue - claras batidas em neve com acar e assadas no forno.

Minestrone - sopa de carne e legumes.

Mousse - creme.

Pat de foie gras - pasta de fgado de ganso.

Petit fours - bolinhos.

Ragut - ensopado de carne.

Sauce - molho.

Soupe a loignon - sopa de cebolas.

Volaille - galinha, frango, aves.

BEBIDAS

CHAMPAGNE - produzida a partir de 1660, na regio francesa do Marne, quando o abade Pierre Prignon, da velha abadia de Hautvillier, acompanhando a fermentao de um vinho branco, viu a rolha de uma garrafa estourar e, ao provar o seu contedo, pensou estar bebendo estrelas, sem entender que estava a frente de um novo vinho seguidamente aperfeioado e hoje uma especialidade francesa, da qual no se pode usar o nome.O verdadeiro champagne vem da regio de Champagne, com trs reas especiais: Avise, de uvas brancas, Rheims e Marne, de uvas com excepcional aroma ou bouquet.

Deve ser servida a uma temperatura de 6 a 8C, em taa especial de forma cilndrica ou fltte, segura pela haste..

Podem ser brut ou seco, demi-sec ou doce e doux ou muito doce e as melhores marcas so: Ayala, Bollinger, Brut Imprial, Don Prignon, Grande Cuve, Irroy, Laurent Perrier, Cristal, Moet Chandon, Paul Roger, Veuve Glicot e Pommery.

COGNAC - tambm originrio da Frana, sendo uma das mais nobres bebidas, envelhecida em barris de carvalho. bebido puro e aquecido, em clices do tipo balo, sendo mais prprio para os climas frios. As melhores marcas so: Curvoisier, Domecq, Fundador, Macieira e Martell.

LICORES - devem ser servidos meia hora aps o caf e geralmente dando-se a alternativa de dois tipos. Os mais conhecidos so:

De amndoas - Amadeus, Amaretto e Fra Anglico.

De aniz - Sambucca.

Bourbon - Benedictine.

De caf - Sheridans, Capucine, Tia Maria.

De canela - Parfait Amour.

De chocolate - Mozart.

De ervas - Stregga.

De groselha - Creme de Cassis.

De nozes - Nocello.

De laranjas - Curaao, Cointreau.

VINHOS - Na escolha deve-se levar em conta a regio produtora, a safra, a graduao e a qualificao. As garrafas devem ser armazenadas deitadas. Para consumir retire a rolha com cuidado e deixe o vinho respirar entre trs minutos e uma hora. Nem sempre a idade de um vinho lhe confere qualidade.

Os vinhos brancos devem ser bebidos at cinco anos, quando de safras especiais. Os nacionais s se mantm por dois anos. Os leves so servidos gelados entre 8 e 10C e os encorpados, entre 10 e 12C. Os tintos devem ser consumidos at cinco anos e abertos uma hora antes de serem servidos a 15C. Os ross, resfriados entre 8 e 12C.

Os vinhos mais conhecidos so:

Franceses

Brancos - Chablis, Pouilly Fuiss e Beaujolais

Ross - Anjou, Chateau de Selle.

Tintos - Chateau Neuf du Ppe, Ctes du Rhnne, Macon Superieur e Beaujolais-Rhnne.

Italianos

Brancos - Gavi dei Gavi, Verdichio, San Marino, Soave Classico.

Tintos - Chianti, Bertolli, Barbaresco, Volpolicella, Barollo, Amarone, Brunelo de Montalcino.

Espanhis

Tinto - Pinordt.

Ros - Marqus de Risca

Portugueses

Ros - Mateus

Branco - Grandj

Tinto - Granleve.

VINHOS DO PORTO - so uma exclusividade de Portugal, sendo oriundos de vinhedos de regies demarcadas, no rio Douro e remetidos para o Porto e Vila Nova de Gaia. Apresentam diversas classificaes, sendo os melhores os vintage, com quatro a seis anos de envelhecimento, os LBV (late botlled vintage), com quinze a cinquenta anos, e os colheita, vinhos de uma s safra, com reserva de dez, quinze e de at cinquenta anos ou Tawny de primeira. Seguem-se o Ruby, sem data de colheita ou lote, com trs anos, bem vermelhos, e os Tawny sem lote ou data, um pouco menos vermelhos. Existem os brancos secos, extra secos, meio doces, doces e muito doces ou lgrima.

As caves do Porto e de Vila Nova de Gaia so dezenas. As mais conhecidas em nossa regio sempre foram Andersen, Borges, Romariz, Ramos Pinto, Ferreirinha, Calem, Sandeman e Dom Jos.

O CORDEIRO

O cordeiro o smbolo da pureza e da candura. No Novo Testamento, Jesus comparado ao Bom Pastor, procurando as suas ovelhas desgarradas e conduzindo o seu rebanho, sendo ao mesmo tempo oferecido em sacrifcio, para a redeno da Humanidade, uma tradio arcaica do tempo em que os judeus passaram a trocar os seus primognitos a serem imolados, por carneiros, como no episdio de Abrao e Isaac, no monte Mori, evento que marcou o fim da queima dos primeiros filhos, nos tofs, os altares-fornos usados para o holocausto de crianas ao baal Moloque. Os judeus tambm degolavam cordeiros, na Pscoa, em comemorao aos eventos da sada do Egito.

Joo Evangelista, a guia de Cristo, assim descreveu, no seu Evangelho, o encontro de Jesus com Joo Batista: " No dia seguinte ele viu Jesus chegando e disse: eis o cordeiro de Deus, que tira os pecados do Mundo". No Apocalipse Joo tambm nos fala do cordeiro triunfante " que estava no alto, sobre a montanha de Sio".

Dentro das catacumbas romanas, que se estendem por quilmetros, no subsolo vulcnico de Roma, o cordeiro representava o Cristo e se portasse uma bandeira, passava a ser o smbolo da vitria da vida sobre a morte - a Ressurreio. O sangue do cordeiro, que marcou as portas das casas israelitas, no Egito, para evitar a entrada do Anjo da Morte procura de primognitos, foi uma repetio da velha histria de Abrao.

O CORDEIRO DA RESSURREIO

O aparecimento do carneiro ou do cordeiro nas religies dos povos mediterrnicos corresponde chegada da Era de ries, substituindo a do Touro, em decorrncia do fenmeno da precesso dos equincios, adiantando a cada dois mil e quinhentos e vinte anos uma constelao do Zodaco, que passava a indicar o incio da primavera. Foi por isso que os deuses carneiros tornaram-se os principais em muitas religies, como na do Egito, sob a forma de Amon-R e Knum. No Sinai, Moiss eliminou definitivamente o culto do touro proibindo-o, pois a estrela vermelha Aldebar, o olho do Touro Celeste, o olho de Jeov, deixara de marcar o incio da primavera, em decorrncia do fenmeno j citado.

O maon pode ser considerado um cordeiro sacrificial sempre pronto, para a imolao, pelo bem da Humanidade.

Estaramos todos prontos para tal ?

OS EVANGELHOS

O Novo Testamento est constitudo por quatro Evangelhos, sendo trs sinticos, muito semelhantes entre si, e o de Joo Evangelista, mais profundo.

OS QUATRO EVANGELISTAS EM

UM CDICE MEDIEVAL

O mais antigo deles seria o de Marcos, escrito entre os anos de 65 e 70 da nossa era interpretando os conhecimentos de Pedro. O autor acompanhou Paulo, na sua primeira viagem, visitando Quipre e Roma, onde os seus escritos foram muito difundidos entre os convertidos de origem romana. Marcos representado por um leo, smbolo do elemento fogo.

Simbolizado pelo homem, Mateus o elemento gua. Foi um coletor de impostos, em Cafarnaum, sendo o mais judaico dos quatro autores. Escreveu a vida de Cristo, entre os anos de 75 e 80. Para ele Jesus seria um novo Moiss.

Lucas, o touro, a terra, foi um mdico acompanhante de Paulo em suas viagens. Talvez tenha nascido em Antiquia, sendo um judeu helenizado, da o seu Evangelho tornar-se o mais querido pelos gregos. Foi escrito entre 75 e 80 DC e difundiu a Ressurreio e a opo pelos pobres e humildes.

Joo Evangelista, a guia, o ar, terminou de escrever o Evangelho especial, no ano 95. Pregou em feso, sendo influenciado pela filosofia grega e pelo gnosticismo pr-cristo. O seu Evangelho o mais esotrico de todos, talvez por ter sido escrito em uma poca posterior aos demais.

Joo tambm foi o autor do Apocalipse, compndio escatolgico tratando dos ltimos dias, do Juzo Final, da volta de Cristo e da Jerusalm Celeste, escrito entre 90 e 95 e dirigido s Sete Igrejas da sia Menor, um livro rico em alegorias, simbolismo e numerologia, com aterrorizantes quadros, um fortssimo chamamento para a regenerao.

Alm desses quatro Evangelhos muitos outros existiram, suprimidos com o tempo, a medida que a religio evolua, ou quando considerados sem sustentao. So os chamados Evangelhos Apcrifos, alguns perdidos, outros reencontrados entre os coptas do Alto Egito, restos de uma tradio que permanece viva, coexistindo com islamismo, nesse pas. Outros desapareceram na luta entre as igrejas de Pedro-Paulo e a dos dois Joes.

PITGORAS

Nasceu por volta do ano de 580 AC, na ilha de Samos, na Grcia, onde consultaram a pitonisa de Delfos sobre o seu destino, sendo dada a seguinte resposta " aquele que ser til a todos e por todos os tempos".

Aos dezoito anos foi mandado estudar, no Egito, pelo tirano Policrates, que o recomendou ao fara Amoses, para ser iniciado nos Mistrios. Ali, por no ser egpcio, foi refugado pelos sacerdotes de Helipolis e de Mnfis, e, com muita dificuldade conseguiu ser admitido nos Mistrios de Tote ou Hermes Trimegisto, em Tebas, com estudos durando vinte e dois anos, onde tambm aprendeu aritmtica.

Quando Cambises conquistou o Egito, foi deportado para a Babilnia, ali dedicando-se geometria, astrologia, filosofia dualista de Zoroastro, desenvolvendo a ideia do ponto primordial, a partir do qual surgiria a pluralidade, como est expresso na pequena tetrctis, a representao do fluxo da energia universal. Naquela cidade teve contato com as ideias indianas da transmigrao das almas.

Aps trinta e quatro anos fora da Grcia, Demcedes, o mdico grego de Cambises, conseguiu a sua libertao, tendo voltado para Samos, ento submetida a uma tirania, que o fez viajar para as novas colnias da Magna Grcia, paraa cidade de Crtona, no sul da Itlia. Nela iniciou suas palestras e acabou fundando uma escola de mistrios, que, aps uma oposio inicial, foi aceita, quando se verificou tratar-se uma instituio destinada formao de jovens, preparando-os para uma vida regrada, rumo a uma transformao ou regenerao, e que deveria ser espalhada por todo o Mundo.

A escola consistia de um templo dedicado s Musas, representadas em seus jardins, onde havia uma esttua central da deusa Hstia, portando o fogo sagrado permanentemente aceso, representando a luz.

Poucos eram os admitidos s aulas do mestre e somente aps cinco anos de estudos, j no segundo grau inicitico, isto acontecia. E Pitgoras sempre terminava as suas instrues com a frase " Magister dixit".

Os pupilos dividiam-se em acsticos ou ouvintes, proibidos de falar, somente escutando os ensinamentos durante dois a cinco anos, e gemetras, que podiam perguntar, ter acesso ao mestre e sua doutrina. Aps as provas iniciticas o candidato passava por quatro graus:

Preparao - os iniciados deviam to somente observar silncio, ouvir, estudar, aprender e praticar a humildade. No falavam com os mestres. Faziam oraes e participavam do crculo externo, o exotrico. Entoavam hinos, alimentavam-se frugalmente e executavam exerccios fsicos e danas sagradas.

Catarse (2 grau) - os discpulos eram admitidos ao ptio interno, recebendo aulas diretamente do mestre e passando a pertencer ao crculo interno ou esotrico. Aprendiam aritmtica, geometria, gramtica, palavras e sinais sagrados, e numerologia. Na astronomia seguiam o heliocentrismo, e a msica era considerada a principal arte, pois resultava da combinao de vibraes.

Perfeio (3 Grau) - ensinava-se a transmigrao das almas, a reencarnao e a metempsicose. Pitgoras ousava enumerar as suas diversas reencarnaes, no que foi muito contestado.

Epifania (4 Grau) - Instrua-se sobre a viso do alto, o matrimnio, o livre arbtrio, o moral e as virtudes.

Clon, um candidato no aceito por sua falta de qualidades, conseguiu levantar a populao de Crtona contra a Escola, em 500 AC, quando a invadiu e massacrou os estudantes e mestres, desconhendo-se do destino de Pitgoras, que no deixou obra escrita. Plato e Aristteles retornaram a muitas de suas ideias, continuadas pelos neoplatnicos e depois por Pico de la Mirandola, Giordano Bruno e Kepler. Para ele tudo emitia um som, inclusive os corpos celestes, e hoje sabemos que todo o Universo emite no sons, mas as irradiaes. A Maonaria, a Cabala e a Numerologia, foram muito influenciadas pela sua Escola.

O Teorema de Pitgoras, um dos segredos geomtricos da Maonaria Operativa, foi por ele descrito, pela primeira vez, no Ocidente, embora conhecido, na Babilnia, desde 1600 AC. Euclides foi o primeiro a demonstra-lo elegantemente na sua 47 Proposio, assim estabelecida: " nos tringulos retngulos, o quadrado da hipotenusa igual soma do quadrado dos catetos " , cuja representao geomtrica o smbolo do past master, em alguns ritos, e pelo qual podemos construir esquadros e cubos.

O ALFABETO

O incio o aleph inspirado,

Depois beth, a casa,

Ghemel, a retribuio

Daleth, a porta,

He, a esposa,

Vau, o torto,

Zain, as armas,

Heth, o medo dentro dos pesadelos,

Thet, a direo certa,

Jod, o amor fraternal,

De um ao dez, na Cabala.

II

Caf o vo do pensamento,

Lamed, a vontade de fazer,

Mem, a gua que mata a sede,

Nun, filhos e netos, duas geraes,

Samech, o abenoar,

Ain, o sofrimento do corpo,

Pe, o silncio da voz,

Zad, as dores da velhice,

Kuph, o rolar das estaes.

De dez em dez, chegamos a cem.

III

Rez, as privaes dos pobre,

Sin, o ranger dos dentes,

Tav, o final, a expirao.

IV

Eu sou o aleph, o princpio,

A primeira inspirao,

O movimento primeiro

Da hora do nascimento.

Eu sou o tav, o fim,

O ltimo alento,

A expirao da morte.

Entre o aleph e o tav est a vida

V

Eu sou o aleph, o princpio do alfabeto.

Eu sou tav, a ltima letra

Entre ns esto todas as letras,

Inclusive o verdadeiro Nome.

(1/11/1998)

A ABERTURA DO ALCORO

O NOME DE DEUS

Em nome de Deus, o Compassivo, o Misericordioso.

Todo louvor pertence a Deus, Senhor de todos os mundos.

O Compassivo, o Misericordioso, o Soberano do dia do juzo.

a ti que adoramos e a ti imploramos auxlio.

Mostra-nos o caminho reto.

O caminho dos que salvastes,

No o dos que castigastes,

Nem o dos que se extraviaram.

AS DUAS FACES DA MOEDA

Al Hariri (1054-1122) foi um dos primeiros escritores rabes a utilizar a prosa rimada e cadenciada, nos contos, como no que se segue:

" Estava eu um dia em uma assemblia de homens sbios, quando um coxo de aspecto miservel, mas de inconfundvel eloquncia, penetrou em nossa sala, descreveu o seu infortnio e implorou a nossa generosidade.

Tirei uma moeda de ouro do bolso e a prometi se ele pudesse elogi-la. E mal tinha acabado de falar nasceram de sua boca essas palavras semelhantes s prolas:

Que cor agradvel ! Uma moeda de ouro linda ! O ouro atravessa todos os pases e em toda a parte tem sempre o mesmo valor. Ele d contentamento e leva o homem ao triunfo, em todos os seus empreendimentos. Quantos homens, por seu intermdio, encontram escravos por todas as partes, quando sem ele deveriam trabalhar. Quantas preocupaes dissipa ! Quantas belezas seduz ! Quantos males alivia e cura ! E se os meus princpios religiosos no me impedissem, ousaria atribuir ao ouro o poder do prprio Deus.

Disse e estendeu a mo para receber a moeda. Entreguei-a ainda sob o efeito daquelas magnficas palavras e, rapidamente refletindo, retirei outra moeda igual do meu alforge dizendo que seria dele, caso improvisasse versos contrrios a ela. E ele comeou imediatamente:

Fora com essa moeda enganosa, que tem duas faces, como o hipcrita ! A infeliz cobia de possuir mais e mais ouro, arrasta o homem a cometer crimes, atraindo a maldio de Deus. Sem o ouro no haveriam opressor e oprimido. O avarento no franziria a sobrancelha, quando lhe pedissem abrigo. O credor no reclamaria do devedor. Nenhum temor inspiraria a lngua do invejoso. Alis h no ouro um defeito quase exclusivo dele, pois s til quando sai da mo do seu possuidor. Honra ao homem que o menospreza ! Honra quele que resiste s suas traioeiras sedues ! E se eu no fosse um homem religioso, consideraria a moeda, como o demnio solto na Terra.

Quando o improvisador acabou de falar exprimi-lhe a minha satisfao e ele me pediu a segunda moeda. Mordendo-a, voltou-se rindo e, foi ai, que eu percebi tratar-se do poeta Abu Zaid, coxeando por fingimento ". (Histria adaptada de Malba Tahan e do fabulrio rabe))

O PO DOCE

"Fath, pessoa importante de Mossul, estava em uma roda de amigos, quando passaram dois meninos, um levando um po simples e o outro, um po lambuzado de mel.

O primeiro pediu para provar o po doce, mas o seu possuidor respondeu-lhe:

S se te fizeres de cachorro.

Aceito e de agora em diante sou teu co, respondeu.

E depois de ganhar uma fatia do po aucarado, saiu de

quatro ps, a latir e a rosnar, em meio s gargalhadas gerais.

Fath, srio e triste observando a cena disse: se ele se conformasse com o que possua no teria se rebaixado. Fez-se de cachorro por um pedao de po doce. Amanh quando crescer, tudo far por um cargo pblico e possivelmente atraioar ou vender o seu Pas, por uma bolsa de ouro". (Do fabulrio rabe).

OS SEFIROTES OU

A RVORE DA VIDA

En o Esprito de Deus, o todo inexistente.

En Sof, o estado indefinido, o todo existente e o inexistente.

En Sof Aur, a Vontade de Deus

E o Pensamento desce do nada, como um relmpago,

Percorrendo os sefirotes,

As estaes processadoras do lampejo criador.

Flui para Kether, a Coroa,

Seguindo at Hokhmah, a Sabedoria,

E da para Binah, a Inteligncia.

Entre esses trs, o Mundo da Emanao primeva,

O Aziluth, onde esto os grmens da matria,

Sob a forma de fogos.

Ento Kav, o raio, cai para o Daat, o Abismo,

Resvalando em Hesed, a Misericrdia,

E estacionando em Gevurah, a Justia.

Levando a matria gnea do Aziluth,

Para o mundo da criao, o Beriah,

O ar, o catalisador deste estgio.

E a Sabedoria ao descer adquire atributos.

De Tiferet, a Beleza, para Nezah, a Firmeza tolerante,

At Hod, o Esplendor,

Que delimitam o lquido Yezirah,

Onde os modelos esfriam e comeam a se formar.

Passa ento por Yezod, a Fundao, e Malkut, o Reino,

E o Divino Lampejo toma forma no Asiyyah,

O mundo terroso em que vivemos.

Este o caminho do Pensamento Divino,

O relmpago do Nada Infinito para a Terra

A Sophia, o fluxo alimentador da Criao.

E a Ascenso um dia ocorrer levando-a de volta,

Para a Glria, para a sua Origem.

O outro lado, o Quelipot, o Mundo Contrrio,

Liberta negativas e estagnantes foras,

Tentando impedir a evoluo desse fluxo

Deus nos livre da sua ao.

OS ARCANOS DO TAROT

O Mago o iniciado, o aleph, Kether,

O ponto da transformao do pensamento divino.

Onde a emanao, o aion, comea a materializar-se,

Na sua descida para este Mundo.

A Sacerdotisa, a Sabedoria, a Sofia, Hokhmah.

E o beth, o dois, a casa da iniciao,

Com o vu de Isis pendurado entre colunas.

A alma do Mundo, a sua energia.

A Imperatriz o ghemel, Binah,

A me do Mundo, o trs, o tringulo, a trindade.

A inteligncia analtica de que somos dotados,

A Maat, a conscincia do Bem e do Mal.

O Imperador, o Poder, Hesed, o Sagitrio,

O quatro, o quadrado, os pontos cardeais, daleth,

A porta da Misericrdia e da Grandeza,

Onde se formam os altos sentimentos.

O Grande Sacerdote a luz criando a matria, Gevurah.

O cinco, o hei, a mo aberta para mostrar e deter,

O Pentagrama, a estrela de cinco pontas,

O homem completo com a cabea para o alto.

O Mago, o ponto sem dimenso.

A Sacerdotisa, a linha, o comprimento, a primeira dimenso.

A Imperatriz, o plano, comprimento mais largura.

O Imperador, o cubo, as trs dimenses.

O Grande Sacerdote, a quintessncia, o oculto.

O Amante vau, o seis, Tiferet, a Beleza, os Gmeos.

A encruzilhada entre as virtudes e os vcios, a escolha,

O corao onde antes se pensava estar o Amor.

A Estrela de Seis Pontas, a perda do Paraso.

O Carro o sete, o numero sagrado, Nezah

O Triunfo da disciplina sobre as Paixes e os Vcios.

A espada flamgera da esfinge da porta do Paraso.

Podendo o iniciado dirigir os corcis da Vitria e da Glria.

A Justia, chet, o oito, Hod, o Esplendor.

O equilbrio e o conhecimento do Mestre

Para tomar decises, distribuindo-as com cuidado.

No bom uso da Balana, ou na rigorosa definio pela Espada.

O Eremita, o cnico, o tet, o nove, Yesod, a Fundao.

As trades iniciticas esprito, intelecto e sentimento,

Luz, vida e amor; comeo, meio e fim,

A gnose e o fim de um ciclo, noves fora nada.

A Roda da Fortuna, o dez, yod, o Reino, Malkut.

A Terra girando em torno da Estrela Polar.

A roda do tempo que tudo consome,

Derrubando os pedestais da Soberba e do Obscurantismo.

A Fora, o kaf, o vinte, a elevao do pensamento,

A cadeia de unio, a soma da fora e da sabedoria dos irmos.

A fora do leo mudada de instinto em conscincia,

A caminho da verdadeira iniciao espiritual.

O Enforcado, o trinta, lamed, o conflito

Entre as cincias e as religies, o progresso pelas provaes.

E o homem liberto da tirania das paixes e das ideias,

Que chega para o caminho da Regenerao.

A Morte, mem, quarenta, uma passagem, o recomeo.

A matria volta ao p, ou renasce para um novo ciclo.

Novos aprendizados at o Absoluto,

A iniciao espiritual pelo caminho de baixo.

A Temperana a renovao pelo equilbrio, nun, cinquenta.

Nem quente, nem frio, nem muito, nem pouco,

Oscilando, vibrando, trazendo os extremos para o meio,

Levando o Progresso pelo caminho das resultantes.

P, Bafom, samech, o sessenta,

E a priso dos que optaram pelos vcios e paixes.

O pentagrama invertido dos instintos animalescos.

A opo pelo amoral.

A Torre, ain, setenta, o templo Soberba destrudo.

Torres da solido e da confuso, de marfim e da falsa santidade

Pela destruio e pelo sofrimento somos transformados,

A Fnix renovava-se pelo fogo, tambm a Natureza.

A Estrela, peh, o oitenta, Stela Maris, Istar e Vnus.

O destino traado no cu, no nascimento,

Estrela da Manh dos pastores precedendo o sol.

Estrela da Tarde, quando vai dormir no Atlas.

A Lua tsade, noventa, o ciclo de quatro semanas.

O olho que v a parte oculta.

Do quarto crescente lua cheia a vida cresce a noite.

Do minguante lua nova as sombras tudo escondem.

O sol, kuph, a luz, a Sabedoria, o cem, o girar das estaes.

O sol do Pelicano Cristo Salvador, o sol da Primavera,

O sol da iluminao pela gnose.

A luz que a maioria no contemplar.

O Julgamento, resh, duzentos, o toque de reunir,

Que ocorrer com o som do divino shofar dourado,

Clamando pelas almas, para a renovao,

Ou para a pesagem final de seus atos, bons ou maus.

Shin, trezentos, o Bobo, marca o fim do aprendizado.

Libertos dos vcios e das paixes,

Estamos prontos para uma nova vida aps a morte,

Para a Nova Jerusalm e o novo Templo, que descero Terra.

O Mundo, tav, a ltima letra, o quatrocentos, a passagem,

E circundado pelos quatro elementos, sob as simblicas formas

De anjo, o ar, e de guia, a gua, nos ngulos superiores.

De touro, a terra, e leo, o fogo, nos inferiores.

Foi pelos sefirotes que desceu a Criao,

Ocorrida com a palavra Eu Sou, dita acima da Coroa.

Se no existissem os sefirotes o Mundo desapareceria,

Perderia o canal de manuteno do fluxo vital.

Tudo o que foi mostrado tem o seu lado oposto. Deus nos livre.

Manobrado pelas foras negativas do outro lado. Deus nos livre.

Que chegam pelas emanaes dos no sefirotes. Deus nos livre.

E sobem de volta ao Quelipot. Deus o destrua.

Assim, pelo Tarot percorremos o caminho da Iniciao e da Regenerao, do Nascimento, da Morte e da Ressurreio, em que o arcano XI - O Enforcado representa o ponto mdio localizado exatamente no eixo do hlice da representao simblica e matemtica do infinito.

ESCOLAS FILOSFICAS

As quatro escolas filosficas, que rapidamente examinaremos neste captulo, influenciaram a filosofia manica, com os seus conceitos, sendo portanto do nosso interesse conhec-las, com maiores detalhes:

ESCOLA ESTICA

Fundada por Znon de Ction, por volta de 315 AC, tomou este nome pelo fato de se reunir ao p da Sto Poikile ou Colunata Pintada, cheia de afrescos de artistas famosos sobre a destruio de Tria, existente na gora de Atenas. Para eles o mundo constitua-se em um todo orgnico animado e dirigido por um princpio ativo, por uma inteligncia maior, que seria Deus, atuando sbre a matria. Ao fim de uma srie de ciclos o Universo seria absorvido pelo fogo divino e um novo perodo csmico repetiria o anterior.

Znon considerava que o homem deveria estar em harmonia com a Natureza e cultivar as virtudes, pois a prtica delas seria uma Lei Universal, a vontade de Deus e o caminho da felicidade. Os homens deveriam ser fraternos, sem distines de raa ou cor, praticando a benevolncia e a Justia, e se desligando do Mundo Exterior, acostumando-se autodisciplina, a ter uma vida tranqila, a praticar as boas aes, a cumprir os seus deveres, a exigir seus direitos, a suportar todos os infortnios com firmeza e sem choramingas, abstendo-se do mal, todos princpios contidos, na Maonaria.

Entre os esticos destacaram-se:

Cleantos de Assos, na Troas (330/231AC), foi o sucessor de Znon, possuindo o pensamento pantesta ao acreditar ser Zeus o esprito que governava e impregnava o Universo, sem semelhana com o da Mitologia.

Cresipos de Sloi, na Cilcia (280/204 AC), o sistematizador da doutrina.

Panaitios de Rodes (180/110AC), o amigo de Cipio Emiliano, que escreveu Sbre os Deveres e influenciou a formao dos romanos.

Possidnios de Apanhai, na Sria (131/51 AC), que viveu em Rodes escrevendo a continuao da Histria de Polcio, em 52 volumes.

Sneca (Lucius Annaeus Seneca), o Filsofo (4AC a 65DC), filho de Sneca, o Antigo, nascido em Crdoba, na Espanha. Escreveu Dilogos e Tratados Morais, cento e vinte e quatro epstolas, sete livros de cincias naturais e nove tragdias.

Epctetos de Hierpolis, na Sria (60/140 DC), o defensor das idias da vida tranqila e da prtica das boas aes. Para ele o homem deveria suportar as vicissitudes da vida, para aprimorar-se e abster-se de fazer o mal ,ao tentar manipular o prximo.

Marco Aurlio, o imperador de Roma, de 169 a 180 , o autor das Meditaes, em 12 volumes, aconselhando a autodisciplina e a resignao.

ESCOLA CNICA

Foi fundada, em 440 AC, por Antstenes, aluno de Scrates. Para ele a prtica das virtudes constitua-se no principal fundamento da felicidade, que alcanaramos ao libertar-nos dos desejos e das necessidades, atingindo a perfeio. Considerava Heracls um modelo e muito da sua filosofia inspirou-se nos ensinamentos de Buda.

A sua escola foi instalada no ginsio Cinosarges, dedicado a Heracls, dele recebendo o nome de cnica, embora tambm esteja relacionada ao nome Kion, o apelido dado a Digenes de Snope, uma cidade do mar Negro onde nasceu, embora tenha vivido muito mais tempo em Atenas e Corinto. Em Atenas morava no Metroon, um santurio Grande Me Cibele, localizado no Cerameics, onde se concentravam os cartrios, abrigando-se em um grande tonel de argila dentro do recinto do templo, quase nu e esmolando, em uma verdadeira vida asctica.

Ficou famo