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A Prosa de Ficção (1930/45

A Prosa de Ficção (1930/ 45 - unievangelica.edu.br · ... em termos de romance moderno brasileiro, ... conseqüência de ser talvez a que mais ... O ideal do menino mais velho é

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A Prosa d e Ficção (1930/ 45

“Represen ta , em term os d e rom an ce m od ern o bras ileiro , o p on to m ais a lto d a t en são en t re o eu d o escritor e a socied ad e q u e o form ou . Cad a p erson agem p rojet a as faces an gu losas d a op ressão d a d or, cad a obra é u m a ru p tu ra . Escreven d o sobre o s ign o d ialét ico por excelên cia d o con flito , Gracilian o com p ôs u m a sér ie d e rom an ces cu ja d escon t in u id ad e é s in tom a d e u m esp ír ito p ron to à in d agação à fra tu ra , ao p roblem a. Isso exp lica a d isp arid ad e d e lin gu agem . Cad a rom an ce é u m q u es t ion am en to n ovo, q u e p ropõe u m a lin gu agem ad eq u ad a.”

(Alfred o Bos i) Oscilan d o en t re a Ficção ( Caetés , São Bern ard o, An gú s t ia e Vid as Secas )

e a Au tobiografia (Mem órias d o Cárcere e In fân cia), O Realism o d e Gracilian o t em sem p re o carát er cr ít ico. O “h erói” é sem p re p roblem át ica e n ão aceit a o m u n d o, n em os ou t ros , n em s i m esm o.

Não h á p red om ín io d o region alism o, d a p aisagem . Es tes asp ectos só in teressem n a m ed id a em q u e in teragem com o p s icológico.

Os t raço m ais caracterís t ico d o es t ilo d e Gracilian o Ram os são: a econ om ia vocabu lar , a palavra in cis iva , q u e “cor ta com o faca”; a p referên cia d ad a aos n om es d e coisas ; o u so res t r ito d o ad jet ivo e a s in taxe cláss ica , q u e o ap roxim a d e Mach ad o d e Ass is e o d is t ân cia d o “à von tad e” d os m od ern is t as , q u an to ao aspecto gram at ical.

Gracilian o s itu a-se n o p ólo op osto d o pop u lism o d e au tores q u e exp loraram a vita lid ad e d o h om em s im p les n a bu sca d o p itoresco e d o m elod ram át ico . Su a op in ião é p elo d esp ojam en to , pelo ten so e p rofu n d o. Su a m od ern id ad e p ou co d eve aos m od ern is ta e às m od as lit erár ias , p eran te as q u ais fo i vis to com o in atu al e con servad or .

A)- Resu m o

Vid as Secas p er ten ce a u m gênero in term ed iár io en t re rom an ce e livro d e con tos . O p róp rio Au tor exp lica em car ta d atad a d e ju lho d e 1944 a José Con d é a con st ru ção d esse livro:

“... No com eço de 1937 u tiliz ei n u m con to a lem bran ça de u m

Cach orro sacrif icado n a Man içoba, in terior de Pern am bu co, h á m u itos an os, tran sform ei o velh o Pedro Ferro, m eu avô, n o vaqu eiro Fabian o; m in ha avó tom ou a f igu ra de sin h á Vitória , m eu s tio pequ en os, m ach os e fêm eas, redu z iram -se a dois m en in os ... Habitu ei-m e tan to a eles qu e resolv i aproveitá-los de n ovo. Escrev i “Sin ha Vitória”. Depois apareceu Cadeia . A í m e veio a idéia de ju n tar as cin co person agen s n u m a n ovela m iú da - Um casa l, du as crian ças e u m a cachorra , todos bru tos.

O livro possu i 13 cap ítu los a té cer to pon to au tônom os, m as q u e se ligam p ela rep et ição d e algu ns m ot ivos e t em as .

A1)- O p r im eiro cap ítu lo, Mu d an ça, é a h is tór ia d a ret irad a d e u m a fam ília , fu gin d o d a seca. Faz em p arte d ela Fabian o, su a esp osa Vitór ia , d ois filhos caracter iz ad os p elo Au tor ap en as com o “o m en in o m ais n ovo” e “o m en in o m ais velh o” e a cach orra Baleia, se bem q u e

“A in da n a véspera eram seis v iven tes, con tan do com o papagaio. Coitado, m orrera n a areia do rio, on de hav iam descan sado, à beira du m a poça: a fom e apertara dem ais os retiran tes e por a li n ão existia sin al de com ida . Baleia jan tara os pés, a cabeça, os ossos do am igo. E n ão gu ardava lem bran ça d isto”.

Neste cap ítu lo tem os a d escr ição d a ter ra ár id a e d o sofr im en to d a fam ília . As p erson agen s n ão se com u n icam ; ap en as d u as vez es o p ai, ir r it ad o com o m en in o m ais velh o, xin ga-o.Essa fa lt a d e d iálogos perm an ece p or tod o o livro, com o tam bém a in ten ção d e n ão d ar n om e às cr ian ças , para caracter iz ar a vid a m esq u in h a e sem sen t id o em q u e vivem os ret iran tes , qu e são in con scien tes d e su a s itu ação, em bora ain d a n esse p r im eiro cap ítu lo, Fabian o e Vitór ia son h em com u m a vid a m elh or :“Sin há Vitória , qu eim an do o assen to n o chão, as m ãos cru z adas segu ran do os joelh os ossu dos, pen sava em acon tecim en tos an tigos qu e n ão se relacion avam : festa de casam en to, vaqu ejadas, n oven as, tu do n u m a con fu são.”

Ad ian ta é Fabian o q u em son h a:“ Sin há Vitória vestiria u m a saia larga de ram agen s. A cara m u rch a de sin há Vitória rem oçaria ,as n ádegas bam bas de Sin h á Vitória en grossariam , a rou pa en carn ada de Sin h á Vitória provocaria a in veja das ou tras caboclas... – e ele, Fabian o, seria o vaqu eiro, para bem diz er seria o don o daqu ele m u n do...Os m en in os se espojariam n a terra fofa do ch iqu eiro das cabras ch oca lhos tilin tariam pelos arredores. A caatin ga f icaria verde”

A2) O segu n d o cap ítu lo, Fabian o, m ost ra o h om em em bru tecid o, m ais ain d a cap az d e an álise d e s i p róp r io. Tem a con sciên cia d e qu e m al sabe falar , em bora ad m ire os qu e sabem se exp ressar :

“ Na verdade fa lava pou co. A dm irava as pa lavras com pridas e d if íceis da gen te da cidade , ten tava reprodu z ir a lgum as em vão, m as sabia qu e elas eram in ú teis e perigosas .”

E ch ega à con clu são d e qu e n ão passa d e u m bich o.

A3) O terceiro cap itu lo é Cad eia . Aqu i, p ela p r im eira vez ap arece a figu ra d o Sold ad o Am arelo q u e m ais tard e volt ará s im boliz an d o sem p re a au torid ad e d o govern o. igu alm en te p ela p r im eira vez in s in u a-se a id éia d e q u e n ão é ap en as a seca qu e faz d e Fabian o e sua fam ília p essoas an im aliz ad as , Ele é p reso sem q ualq uer m ot ivo e torn a a an alisar sua s itu ação d e h om em -bich o. Ap en as , d essa vez , n ão tem m ais coragem d e son h ar com u m fu tu ro m elh or . Ao fim d o cap ítu lo, t em o-lo cien te d e su a con d ição d e h om em ven cid o e, p ior a in d a, sem ilu sões com relação à vid a d e seu s filh os :

“Sin há Vitória dorm ia m al n a cam a de varas. Os m en in os eram u n s bru tos, com o o pa i. Quan do crescessem , guardariam as reses du m pa trão in v isível, seriam p isados, m altra tados, m ach u cados por u m soldado am arelo.”

A4) – O Cap ítu lo segu in te in t itu la-se Sin h á Vitór ia. Se o n ível d e asp irações d o m arid o se resum e em saber u sar as palavras ad eq u ad as a u m a s itu ação, o d e Vitória é possu ir u m a cam a d e cou ro. Tam bém , essa cam a será m ot ivo d iversas vez es rep et id o n o d ecorrer d a obra, com o verem os ad ian tes . Além d e ser a p erson agem qu e m elh or ar t icu la p alavras e exp ressões , con seq ü ên cia d e ser t alvez a q u e m ais tem tem p o p ara p en sar , u m a vez q ue Fabian o t rabalh a o d ia tod o e à n oit e d orm e, sem ter coragem p ara d evan eios ou p ara fa lsear su a d u ra realid ad e, é ela caracter iz ad a com o esp er ta , a q u e d escobre q u e o p at rão rou ba n as con tas d o m ar id o ( n o cap ítu lo con tas).

A5) O m en in o Mais n ovo é o t ítu lo d o q u in to cap ítu lo. Tam bém ele p ossu i u m id eal n a vid a: o d e se id en t ificar ao p ai. No in ício d o cap ítu lo:

“Naquele ,m om en to Fabian o lh e cau sava gran de adm iração.”Ad ian te:“Eviden tem en te ele n ão era Fabian o. Mas se fosse? Precisava m ostrar qu e

podia ser Fabian o.”Em Segu id a:“ E precisava crescer, f icar tão gran de com o Fabian o, m atar cabras à m ão

de p ilão,traz er um a faca de pon ta n a cin tu ra la crescer, espich ar-se n u m a cam a de varas, fum ar cigarros de palh a, calçar sapatos de cou ro cru .”

E Fin alm en te:“A o regressar, apear-se-ia n um pu lo e an daria n o pá tio assim , torto, de

pern eiras, g ibão, guarda-peito e chapéu de cou ro com barbicach o. O m en in o m ais velh o e baleia f icariam adm irados.”

A6) No sexto cap ítu lo tem os O Men in o Mais Velh o:“ tin h am u m vocabu lário qu ase tão m in gu ado com o o do papagaio qu e

m orrera n o tem po da seca. Valia-se, pois de exclam ações e de gestos, e Baleia respon dia com o rabo, com a lín gua , com m ovim en tos fáceis de en ten der. Todos o aban don avam , a cadelin h a era o ú n ico v iven te qu e lh e m ostrava sim patia .”

O n ível d e asp irações d os com p on en tes d a fam ília d ecresce cad a vez m ais . O id eal d o m en in o m ais velh o é o d e ter u m am igo. Am iz ad e d e Baleia serve:

“ O m en in o con tin u ava a abraça - lá . E Baleia en colh ia-se para n ão m agoá-la , sofria a carícia excessiva .”

A7) Em In vern o tem os a d escr ição d e u m a n oite ch u vosa e os t em ores e d evan eios q u e ela d esp erta n a fam ília d e Fabian o. A chu va im u n d ava a casa d eles t am bém , m as eles sabiam q u e d en t ro em p ou co a seca tom aria con ta d e su as vid as ou t ra vez .

A8) Fes ta ap resen ta p rim eiram en te os p rep arat ivos d a fam ília em su a casa p ara ir à fes ta d e Natal n a cid ad e e em segu id a es ta se d ir igin d o à fes ta . É sen ão o m ais , u m d os m ais m elan cólicos cap ítu los o livro – é on d e as n ossas p erson agen s , em con tato com ou t ras pessoas , sen tem -se m ais , h u m ilh ad as , m esq u in h as e a té m esm o r id ícu las . Percebem a d is tân cia em q u e se en con t ram d os d em ais e is so lh es é n ovo m ot ivo d e h u m ilh ação. Res ta a Sin h á Vitór ia a so lu ção d o d evan eio:

“Sin h á Vitória en xergava, a través das barracas, a cam a de seu Tom ás da Bolan deira , u m a cam a de verdade.”

Para Fabian o, n ão h á esperan ças:“Fabian o ron cava de papo para cim a... Son hava agon iado... Fabian o se

agitava, sopran do. Muitos soldados am arelos tin h am aparecido, p isavam -lh e os pés com en orm e reú n as e am eaçavam -n o com facões terríveis.”

A9) Baleia con ta a m ort e d a cach orra . Caíra-lh e o p êlo, ela es tava pele e ossos , o corp o en ch era-se d e ch agas . Fab ian o resolve m atá-la p ara aliviar-lh e os sofr im en tos . Os filh o p ercebem a s itu ação, m agoad os e fer id os p or p erd erem u m irm ão:

“ Ela era com o u m a pessoa da fam ília: Brin cavam ju n tos os três, para bem diz er n ão se d iferen ciavam ...”

Percebe-se, a liás , q u e d os seis com p on en tes d a fam ília , Baleia é q u em , ao lad o d e Vitória , com m aior clarez a con segu e elaborar seu s d evan eios .

A 10) Con tas é ou t ro cap ítu lo m elan cólico. Se em Cad eia Fabian o con scien t iz a-se d e q u e h á n o m u n d o h om en s q u e, p or p ossu írem pos ição d iferen tes d a d ele, p od em m ach u cá-lo , se em Fes ta , os fam iliares p ercebem su a s itu ação in fer ior e d esajeit ad a a se sen t em r id ícu los , agora ch egam à con clu são d e q u e p essoas d e q u e pessoas com d in h eiro t am bém p od em ap roveit ar-se d eles . São d u as as reações d e Fabian o ao n otar-se rou bad o p elo p at rão: p rim eiro revolt a , d ep ois d escren ça e res ign ação. Vale a p en a ressalt ar n es t e cap itu lo q u e q u em p ercebe q u e as con tas d o p at rão es tão errad as é Sin h á Vitoria . Ela é caract eriz ad a com o a m ais argu ta e p ersp icaz d os seis viven tes d a fam ília .

A 11) Em Sold ad o Am arelo t em os u m a d escrição m ais p rofu n d a d essa p erson agem . Vê-se q u e, fis icam en te, é m en os for t e q u e Fabian o; m oralm en te é u m a p essoa corru p ta, ao p asso q u e Fabian o é h on es to; n o en tan to é por ele resp eit ad o e t em id o p or ocu p ar o lu gar d e rep resen tan t e d o govern o.

A12) O Pen ú lt im o cap ítu lo é o Mu n d o Coberto d e Pen as .A seca es tá p ara ch egar ou t ra vez p ren u n cian d o m ais m iséria e sofr im en to:

“ O Mu lu n gu do bebedou ro cobria-se de arribações. Mau sin al, provavelm en te o sertão ia pegar fogo.”

Fabian o faz u m resu m o d e tod as as d esgraças q u e têm m arcad o su a vid a. Há m u ito n ão sonh a m ais . Su es p roblem as agora são livrar-se d e certo sen t im en to d e cu lp a p or t er m atad o Baleia e fu gir d e n ovo:

“ Ch egou -se à casam com m edo, la escu recendo, e àqu ela h ora ele sen tia sem pre u n s vagos trem ores. Ultim am en te v iv ia esm orecido, m ofin o, por qu e as desgraças eram m u itas. Precisava con qu istar Sin h á Vitória , com bin ar a v iagem , livrar-se das arribações, explicar-se de qu e n ão pra ticara u m a in ju stiça m atan do a cach orra . Necessário aban don ar aqueles lu gares am ald içoados. Sinh á Vitória pen saria com o ele”

A 13) O u lt im o cap ítu lo é Fu ga. Con t in u a a an álise d e Fabian o a resp eito d a su a vid a. A esp osa ju n ta-se a ele, p en sam ju n tos p ela p rim eira vez . Vitoria é m ais o t im is ta q u e ele e con segu e t ran sm it ir u m p ou co d e p az e esp eran ças p or a lgu m tem p o. E é n u m a m is tu ra d e son h os , d escren ças e fru s t rações q u e term in a o livro . Graciliano Ram os t ran sm ite u m a visão am arga d a vid a d os ret iran tes :

“ O sertão m an daria para a cidade h om ens fortes, bru tos, com o Fabian o, sin há Vitoria e os dois m en in os.”

B) Observações :B 1) Vid as Secas com eça p or u m a fu ga e acaba com ou t ra . No in ício

d a leitu ra tem –se a im p ressão d e q u e Fabian o e su a fam ília fogem d a seca:

“ En trava d ia e sa ía d ia . A s noites cobriam a terra de ch ofre. A tam pa an ilada ba ixava , escu recia , qu ebrada apen as pelas verm elh idões do poen te.

Miu din h os, perd idos n o deserto qu eim ado, os fu gitivos agarraram -se as su as desgraças e o seu s pavores.”

O u lt im o cap ítu lo, Fu ga, d escreve cen a sem elh an te: “ A v ida n a faz en da se torn ara d if ícil. Sin há Vitoria ben z ia-se trem en do, m an ejava o

rosário, m exia os beiços fran z in do rez an do rez as desesperadas. En colh ida n o ban co do copiar, Fabian o esp iava a caatin ga am arela , on de as folhas secas se pu lveriz avam , tortu radas pelos redem oin h os, e os garran chos se torciam , n egros torrados. No céu az u l as u ltim as arribações, tin ham desaparecidos. Pou co a pou co os bich os se f in avam , devorados pelo carrapato. E Fabian o resistia , pedin do a Deu s u m m ilagre.

Mas qu an do a faz en da se despovoou , v iu qu e tu do estava perdido, com bin ou a v iagem com a m u lh er, m atou o bez erro m orrin hen to qu e possu íam , sa lgou a carn e largou -se com a fam ília , sem se despedir do am o. Não poderia n u n ca liqu idar aqu ela d ív ida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao m u n do, com o n egro fu gido.”

O Rom an ce.

“ decorre en tre du as situ ações idên ticas, de ta l m odo qu e o f im , en con tran do o prin cip io, fech a a ação n u m círcu lo. En tre a seca e as águ as, a v ida do sertan ejo se organ iz a , do berço á sepu ltu ra , a m odo de retorn o perpétu o.”

Mas será ap en as a seca o m ot ivo d essa fu ga? Vejam os: p ercebem os n o rom an ce a d escr ição d e d ois m u n d os: O m u n d o d e Fabian o e o Mu n d o com p osto p ela socied ad e. Do p r im eiro , faz em p ar te Fab ian o, Sin h á Vitór ia , o m en in o m ais velh o , o m en in o m ais n ovo, Baleia e p ap agaio . Do segu n d o, seu Tom ás d a Bolan d eira , o p ad rão d e Fabian o e o so ld ad o Am arelo . Acon tece q u e t an to as p erson agen s d o p r im eiro gru p o com o as d o segu n d o vivem n a m esm a região , sofren d o tod as a m esm a seca. Por q u e n ão foge d ela o p at rão

d e Fabian o? Porq u e é ele q u e p ossu i as t er ras e o d in h eiro, p orq u e é ele q u e em p rega os t rabalh ad ores segu n d o su as p róp r ias leis , faz en d o d eles m eros escravos sem q u alq u er d ireito a u m a vid a d ign a e in d ep en d en te:

“ O patrão atu al, por exem plo, berrava sem precisão. Quase n u n ca v in h a à faz en da, só botava os pés n ela para ach ar tu do ru im . O gado au m en tava, o serv iço ia bem , m as o proprietário descom pun ha o vaqu eiro n atu ral. Descom pu n h a porqu e podia descom por, e Fabian o ou v ia as descom posturas com o ch apéu de cou ro debaixo do braço, descu lpava a prom etia em en dar-se. Men talm en te ju rava n ão em en dar n ada, porqu e estava tu do em ordem , e o am or só qu eira m ostrar au toridade, gritar qu e era don o. Qu em tin ha dú v ida?

Caracter iz ad o com o d on o e op ressor , o p at rão n ão t em n ecess id ad e d e fu gir d a seca.

De seu Tom ás tam bém Fabian o sen te-se d is t an te. Porqu e seu Tom ás era cu lto , sabia com u n icar-se com p recisão, ao p asso q u e ele, Fabian o, só sabia gru nh ir e m al ar t icu lava u m a ou ou t ra p alavra.