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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PS-GRADUA˙ˆO EM ENGENHARIA DE PRODU˙ˆO FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA EM SISTEMAS DE DISTRIBUI˙ˆO VAREJISTA COM FOCO EM REDES COOPERATIVAS E FRANCHISING: UM ESTUDO EXPLORATRIO Dissertaªo submetida Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenªo do Grau de Mestre em Engenharia. ALAN BAUMEIER Florianpolis, 03 de setembro de 2002

ALAN BAUMEIER - CORE · 2016. 3. 4. · superiorfl (Porter, 1989), fiEstratØgia competitiva: tØcnicas para anÆlise da indœstria e da concorrŒnciafl (Porter, 1991), fiVantagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO VAREJISTA COM FOCO EM REDES

COOPERATIVAS E FRANCHISING: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia.

ALAN BAUMEIER

Florianópolis, 03 de setembro de 2002

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ALAN BAUMEIER

FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO VAREJISTA COM FOCO EM REDES

COOPERATIVAS E FRANCHISING: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de �Mestre em

Engenharia�, Especialidade em Engenharia de Produção e aprovada em sua forma

final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

______________________________

Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

______________________________

Prof. Nelson Casarotto Filho, Dr.

Orientador

______________________________

Prof. Osmar Possamai, Dr.

______________________________

Prof. Vladilen dos Santos Villar, Dr.

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A Deus que tudo criou, e que

zela pela vida.

Aos homens de boa vontade

que almejam um mundo

melhor.

A mãe terra que sustenta a

vida.

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AGRADECIMENTOS

• Agradeço primeiramente a Deus pela vida e pelo seu amor infinito.

• À Universidade Federal de Santa Catarina.

• À Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina.

• Ao meu pai Dr. Wilhelm Baumeier pelo pleno apoio e incentivo. A minha mãe

Joareza Baumeier pelo seu amor. A minha esposa Michele Valeska Méndez

Baumeier companheira desta jornada. Ao meu sogro Dr. José Méndez Iniguez

(in memorian) pelas lições de vida.

• Ao meu orientador Dr. Nelson Casarotto Filho pela sua dedicação, orientação

e informações prestadas.

• Aos professores da UFSC por compartilharem seus conhecimentos em prol

de uma sociedade melhor.

• Aos membros da banca examinadora, Dr. Vladilen dos Santos Villar e Dr.

Osmar Possamai pelas preciosas sugestões.

• A todas as pessoas que não tiveram o nome aqui citado, mas que, de alguma

forma contribuíram para a realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................10

1.1. Primeiras Impressões e Problemática.................................................................10

1.2. Objetivos..............................................................................................................11

1.3. Justificativas........................................................................................................12

1.4. Desenvolvimento e Metodologia.........................................................................15

1.5. Limitações...........................................................................................................16

2. COMPETITIVIDADE NO SETOR VAREJISTA......................................................17

2.1. História, desenvolvimento e perspectivas do comércio varejista no

Brasil..................................................................................................................19

2.2. A Globalização e o comércio moderno................................................................25

2.3. Teorias sobre a evolução estrutural do varejo................................................... 28

2.3.1.Teorias Cíclicas...........................................................................................28.

2.3.2. Teoria Ambiental........................................................................................29

2.3.3. Teoria do Conflito........................................................................................29

2.3.4. Interdependência entre as três abordagens teóricas: Cíclica, Ambiental e

do Conflito..................................................................................................29

2.4. Estratégias para a competitividade e sustentabilidade do comércio varejista com

loja.......................................................................................................................30

2.5. Classificação da estrutura do varejo...................................................................31

2.5.1. Tipos de sistemas de varejo com loja........................................................33

2.5.2. Lojas Independentes..................................................................................33

2.5.3. Cooperativa de Varejistas......................................................................... 34

2.5.4. Franchising.................................................................................................38

2.5.5. Redes Corporativas....................................................................................48

2.5.6. Rede Voluntária..........................................................................................48

2.5.7. Cooperativa de Consumidores...................................................................48

2.5.8. Conglomerado de Comercialização...........................................................49

2.6. Redes Associativas X Franquias.........................................................................49

2.7. Comentários Acerca do Capítulo........................................................................51

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5

3. ESTRATÉGIA COMPETITIVA...........................................................................53

3.1. Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva..............................................53

3.2. Vantagem Competitiva........................................................................................58

3.2.1. Modelo de Porter para análise competitiva.................................................59

3.2.1.1. Estratégias Genéricas de Porter.........................................................64

3.2.1.2. Cadeia de Valor de Porter...................................................................66

3.2.1.2.1. Atividades Primárias.................................................................69

3.2.1.2.2. Atividades de Apoio..................................................................70

3.2.1.2.3. Tipos de Atividades..................................................................71

3.2.2. Contribuição da Escola Empreendedora....................................................72

3.2.3. Contribuição da Escola do Aprendizado....................................................73

3.2.3.1. Estratégia Emergente e Estratégia Deliberada...........................74

3.2.3.2. Aprendizado e Competência Essencial.......................................76

3.2.3.3. Teoria do Caos...........................................................................79

3.2.3.4. Mecanismos de feedback..........................................................80

3.2.4. Valor Agregado............................................................................................81

3.3. Vantagem Competitiva Sustentável e Sustentabilidade......................................83

4. MODELO PROPOSTO.........................................................................................96

4.2. 1ª etapa do modelo � Planejamento Estratégico..............................................101

4.2.1. Criar as Estratégias..................................................................................119

4.2.2. Definir os Recursos..................................................................................120

4.3. 2ª etapa do modelo � Trade off.........................................................................120

4.4. 3ª etapa do modelo � Análise dos FVC.............................................................123

4.5. 4ª etapa do modelo � Feedback........................................................................124

5. FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO VAREJO.................................127

5.1. Os principais fatores de vantagem competitiva no varejo.................................127

5.1.1. Fatores Estratégicos................................................................................129

5.1.2. Fatores Operacionais...............................................................................138

5.1.3. Fatores Intrínsecos..................................................................................147

5.2. Considerações acerca do capítulo...................................................................156

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6. APLICAÇÃO DO MODELO.................................................................................158

6.1. 1ª etapa � Planejamento Estratégico...............................................................159

6.2. 2ª etapa � Trade off..............................................................������......159

6.3. 3ª etapa � Análise dos FVC.............................................................................159

6.3.1. Descrição dos FVC....................................................................................159

6.3.1.1. Fatores Estratégicos.........................................................................159

6.3.1.2. Fatores Operacionais.......................................................................162

6.3.1.3. Fatores Intrínsecos...........................................................................165

6.3.2. Verificar a compatibilidade dos FVC com o Planejamento Estratégico....166

6.4. Análise dos resultados obtidos.........................................................................167

7. CONCLUSÕES...................................................................................................169

7.1. Conclusões.......................................................................................................169

7.2. Sugestões para pesquisas futuras...................................................................172

8. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS.......................................................................174

ANEXO 1. citação....................................................................................................179

ANEXO 2. Painel de controle dos objetivos....................................................................................180

ANEXO 3. Diagrama de Mudge � Grau de Importância..........................................181

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1. Principais tipos de organizações de varejo com loja............................14

FIGURA 2.1. Esquema típico de um sistema de distribuição.....................................18

FIGURA 2.2. Transações com ou sem intermediário.................................................19

FIGURA 2.3 Perspectiva de crescimento para o setor varejista no mundo em um

período de 10 anos...............................................................................26

FIGURA 2.4. Formas alternativas para classificação descritiva da estrutura do varejo

com loja................................................................................................32

FIGURA 2.5. inter-relação entre atores de cooperativas varejistas...........................35

FIGURA 3.1. 5 Forças Competitivas que determinam a rentabilidade em um setor..62

FIGURA 3.2. Cadeia de Valor de Porter....................................................................66

FIGURA 3.3. Sistema de Valores de Porter � Empresa de uma única indústria.......68

FIGURA 3.4. De estratégia deliberada e emergente.................................................75

FIGURA 3.5. Ciclo de desenvolvimento das empresas.............................................85

FIGURA 3.6. Ciclo da vantagem competitiva............................................................86

FIGURA 4.1. Modelo dos Fatores de Vantagem Competitiva (FVC) e Vantagem

Competitiva Sustentável (VCS)...........................................................96

FIGURA 4.2. Etapas para aplicação do modelo.......................................................101

FIGURA 4.3. Metodologia para o Planejamento Estratégico..................................102.

FIGURA 4.4. Check list para análise do ambiente ................................................114

FIGURA 4.5. Indicadores de desempenho referentes ao Tema.............................119

FIGURA 4.6. Gráfico comparativo � Grau de Importância x Custos.......................123

FIGURA 5.1. Fatores de Vantagem Competitiva....................................................128

FIGURA 5.2. Exemplo de Inter-relações e Compartilhamento de custos entre

cadeias de valor no Sistema de franchising......................................140

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FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO VAREJISTA COM FOCO EM REDES

COOPERATIVAS E FRANCHISING: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Alan Baumeier setembro 2002

Orientador: Dr. Nelson Casarotto Filho Área de Concentração: Gestão de Negócios

Este trabalho descreve os principais fatores de vantagem competitiva (FVC) no

campo da estratégia empresarial, aplicados a sistemas de distribuição varejista,

centrado-se os sistemas de negócio do tipo �Franchising� e �Cooperativa de

varejistas�, visando a melhoria da competitividade frente às ameaças em um cenário

globalizado. A partir de uma revisão bibliográfica, acerca das principais teorias do

varejo e da estratégia empresarial foi construído um modelo para descrever os

principais fatores de vantagem competitiva, objetivando a vantagem competitiva

sustentável, de forma a minimizar os riscos.

Palavras-chave: Vantagem Competitiva, Estratégia Empresarial, Varejo.

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FACTORS OF COMPETITIVE ADVANTAGE IN SYSTEMS OF RETAIL DISTRIBUTION WITH FOCUS IN COOPERATIVE NETS AND

FRANCHISING: A EXPLORATORY STUDY

Alan Baumeier september 2002

Advisor: Dr. Nelson Casarotto Filho Area of Concentration: Business management This work describes the main factors of competitive advantage (FVC) in the field of

the enterprise strategy, applied the systems of retail distribution, centering the

systems of business of the type Franchising and Cooperative of Retailers, aiming at

the improvement of the competitiveness front the threats in a globalized scene. From

an extensive bibliographical revision, concerning the main theories of the retail and

the enterprise strategy a model was constructed to describe the main factors of

competitive advantage, objectifying the sustainable competitive advantage, of form to

minimize the risks.

Keywords: Competitive Advantage, Enterprise Strategy, Retail.

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CAPÍTULO 1 � INTRODUÇÃO 1.1. Primeiras Impressões e Problemática Lojas de varejo do tipo Franquia, por vezes chamadas lojas de Franchising, são

sistemas de distribuição de produtos e/ou serviços. Nelas um fabricante, atacadista

ou empresa de serviços (franqueador), dá a uma pequena empresa ou indivíduo

(franqueado) o direito de uso da marca e operação do negócio de varejo, de acordo

com uma relação contratual assumida entre as partes. Envolve também a

transferência de conhecimento do negócio: informatização, marketing, sistema

operacional, projetos, conhecimento técnico, treinamento, métodos de gestão,

logística. Enfim, todo o suporte necessário para o empresário que adquire o direito

de uso da marca. Percebe-se que estes requisitos exigem maior competência e que

são fatores críticos para atuar com maior sucesso e efetivar a competitividade no

varejo.

A evolução da globalização comercial, aliada à realidade econômica nacional vem

modificando a forma da concorrência, bem como os padrões de competitividade. As

empresas precisam competir em um cenário cada vez mais globalizado e atrelado

pelas exigências de uma sociedade que não aceita mais consumir apenas um

produto tangível para atender às suas necessidades, exige agora, também um

pacote de conveniências e vantagens. O advento das lojas virtuais e a chegada de

grandes redes internacionais que, aos poucos, estão entrando no mercado, vêm

assim somar-se aos fatores descritos, além dos fatores competitivos já existentes.

As estratégias de distribuição apresentam-se cada vez mais como um diferencial

competitivo para as empresas, sendo o elo principal entre a indústria e o

consumidor. A maior porção do comércio, é também a mais dinâmica, o varejo, onde

se observa uma rápida difusão de franquias, como alternativa para a estruturação de

um negócio próprio. Devido à baixa taxa de mortalidade e elevados índices de

crescimento, considera-se, como hipótese principal, que as lojas de franchising

apresentam um melhor desempenho do que as lojas independentes. Isto faz deste

canal de distribuição uma das melhores estratégias comerciais da atualidade, sendo

adotado neste trabalho como um modelo para a vantagem competitiva no comércio

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varejista. Contudo, não se pode deixar de observar novas formas de varejo que vêm

surgindo e se desenvolvendo como alternativa para implementação da

competitividade e sustentabilidade do setor. Como exemplo, pode-se citar as redes

de varejo e cooperativas entre varejistas. Este estudo visa, portanto, determinar qual

a influência do tipo de sistema de distribuição sobre a sua competitividade e

sustentabilidade (sobrevivência), e se esta relação pode ser descrita

metodologicamente.

Existe uma forte carência de modelos estratégicos que possibilitem esclarecer e dar

condições à micro e pequenos empresários para se desenvolver e manter uma

vantagem competitiva (VC). Pode-se dizer que a bibliografia acerca de

competitividade no comércio varejista é escassa, principalmente considerando a

análise de redes de distribuição, formas de melhorar a competitividade no setor e

aplicação de novas técnicas para a melhoria do processo.

Existe, contudo, grande variedade de material bibliográfico contendo diferentes

técnicas e ferramentas para proceder a investigação, análise e criação de uma

metodologia descritiva de modelos eficientes de gestão, tais como: Estratégia

Empresarial, Análise de Valor, Balanced Score Card e Benchmarking. Bem como, de

artigos que tratam pontos isolados acerca do assunto. Como referencias importante

pode-se citar: �Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho

superior� (Porter, 1989), �Estratégia competitiva: técnicas para análise da indústria e

da concorrência� (Porter, 1991), �Vantagem Sustentável� (Guemawat, 1990) e �A

dinâmica da estratégia competitiva� (Day, 1999).

1.2. Objetivos

Colocada a problemática, pode-se formular três hipóteses sobre as quais se

procurará trabalhar no sentido de comprovar o problema e propor alternativas de

solução.

A primeira delas é que não há atualmente uma descrição dos fatores de

competitividade no comércio varejista. A Segunda é que, muitos autores consideram

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o Sistema de Comércio Varejista por meio de Sistema de Negócio de Franquia como

sendo um modelo para a competitividade e sustentabilidade. A terceira é de que as

entidades ligadas ao comércio estarem encarando a melhoria da competitividade do

comércio em geral, como sendo plausível de soluções simplificadas, tais como, a

disposição linhas de crédito ou a formação de cooperativas com o único intuito de

obter um maior poder de barganha.

Este trabalho tem por objetivo principal e geral, desenvolver um modelo que

descreva os Fatores de Vantagem Competitiva (FVC) para o varejo.

Como objetivos complementares e específicos enumeram-se 5 outros:

1. Descrever o setor varejista e os principais sistemas de distribuição varejista

existentes;

2. Revisar a literatura para análise da indústria e da concorrência focando a

Estratégia Competitiva, com vistas ao cenário competitivo do setor varejista;

3. Descrever os fatores de vantagem competitiva do setor varejista, inserindo-os na

Estratégia Empresarial, e fazendo uma ligação entre o sistema de distribuição do

tipo franchising e cooperativa de varejistas.

4. Comparar as características de diferentes tipos de sistemas de distribuição

varejista com o modelo desenvolvido;

5. Constatar a consistência das estratégias percebidas, tal como fatores de

competitividade e de sustentabilidade em empresas comerciais varejistas, com um

aprofundamento nas empresas reconhecidas como paradigmas.

1.3. Justificativas

Durante muito tempo, as teorias econômicas privilegiaram a relação indústria-consumidor, dando ênfase geralmente a marca do produto sem preocupar-se com a rede de distribuição dos produtos, que era vista como uma atividade de baixo valor agregado. Porém, durante as três últimas

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décadas, o varejo vem evoluindo consideravelmente, principalmente motivado pelas exigências do consumidor e as pressões competitivas.(SPROESSER, 1999:19).

O varejo como atividade de intermediação das relações indústria x consumidor

assume uma função primordial na economia, sua forte influência sobre as

preferências dos consumidores faz dele uma atividade-chave dos sistemas

produtivos.

Embora as pequenas empresas contribuam com uma parcela significativa de postos

de trabalho. Segundo dados coletados no site do sebrae (www.sebrae.com.br), a

nível nacional, a taxa de mortalidade variou de cerca de 30% até 61%, no primeiro

ano de existência da empresa, de 40% até 68%, no segundo ano, e de 55% até

73%, no terceiro ano. Isto contrasta com dados contidos na Revista Empreendedor

(ago. 1999, p. 52), onde as estimativas preliminares são que 92% dos novos

empreendimentos no setor de franchising sobrevivem após os primeiros cinco anos.

Percebe-se, assim, a dificuldade de manter no mercado pequenos negócios

independentes. Sugerem, para a efetiva sobrevivência de empresas independentes,

formas de associação entre as empresas do setor varejista, de modo a buscar

vantagens competitivas (VC), tal como vem ocorrendo no sistema de franchising.

Esta nova tendência, de aliança estratégica de pequenos e médios empresários, já é

notada nas formas de associativismo que possibilitam o crescimento diante de uma

acirrada concorrência, como por exemplo, as cooperativas de farmácias no Rio

Grande do Sul e Santa Catarina (Agafarma).

Outro número, também do Sebrae, mostra que 50% dos pequenos negócios

brasileiros fecham antes de comemorar o primeiro aniversário. É sabido que uma

série de fatores levam a empresa ao sucesso ou ao fracasso. Quais os fatores que

desencadeiam esta mortandade prematura?

No setor comercial varejista, dentre os diferentes tipos de sistemas de distribuição

este trabalho destaca o estudo das principais formas de varejo com loja, conforme a

figura 1.1.

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TIPO CARACTERÍSTICAS GERAIS

(1)

LOJAS DE REDES

CORPORATIVAS

Duas ou mais lojas

Controle centralizado

Venda de Produtos similares entre elas Geralmente possuem capacidade de comprar grandes quantidades a

preço mais baixo

Geralmente têm recursos disponíveis para investimentos em melhorias

(2)

REDE VOLUNTÁRIA

Grupo de varejistas independentes patrocinados por um atacadista

Compra de grandes lotes Compartilhamento de merchandising

(3)

COOPERATIVA DE

VAREJISTAS

Grupo de varejistas independentes

Criação de uma organização central de compra

Adoção de esforços promocionais e estratégias conjuntas

(4)

COOPERATIVA DE

CONSUMIDORES

Empresa de propriedade de seus consumidores

Cooperados contribuem em dinheiro para abrir sua própria loja, votam

suas políticas e elegem um grupo gestor

(5)

ORGANIZAÇÃO DE FRANCHISING

Associação contratual entre um franqueador (fabricante, distribuidor ou

organização de serviço) e flanqueados (empresários independentes que compram o direito de operação de uma ou mais unidades do

sistema de franquia)

Baseadas em produtos, serviços ou método exclusivo de fazer negócio

em uma marca ou patente desenvolvida pelo franqueador.

(6)

CONGLOMERADO DE

COMERCIALIZAÇÃO

Combina várias linhas de varejo diversificadas sob propriedade central

Integração entre algumas funções das organizações (ex: distribuição,

administração)

Figura 1.1. Principais tipos de organizações de varejo com loja. (KOTLER, 1998, p.

499).

Maior atenção para este estudo, seguindo a figura 1.1., deverá ser dada

principalmente aos tipos (3) e (5), não deixando, contudo, de considerar a

importância do tipo (1), além dos empresários independentes. O conhecimento

destes tipos de organizações é fundamental para a definição e entendimento do

processo competitivo sob várias óticas de estratégias, preocupando-se,

principalmente, com a sustentabilidade do pequeno empresário local. A flexibilidade,

principal característica de lojas independentes, contrasta com o elevado grau de

padronização de lojas do tipo franchising, fazendo-se destacar outras formas de

sistemas de distribuição possuidoras de características peculiares. Entre elas pode-

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se citar as redes e as cooperativas. Observa-se a rápida difusão de franquias como

alternativa para a estruturação de um negócio próprio, e mais recentemente a

filiação em sistemas de cooperativas. Esse fenômeno, recente no Brasil,

corresponde à percepção de que para se atuar no varejo com sucesso, cada vez

mais, é necessária uma maior competência. Existem muitos atrativos para que o

pequeno empresário tenha interesse em aderir a sistemas de franchising e/ou

cooperativas. Muitos deles facilmente percebidos, tal como o acesso à tecnologia, ao

crédito, à economia de escala e aumentar o poder de barganha. Outro fator que deve ser considerado neste estudo é o avanço da globalização, que

tem gerado o agravamento dos fatores sociais (desemprego e desigualdade social).

Também a busca da efetividade operacional contribui para o agravamento deste

quadro, uma vez que as melhorias da competitividade passam necessariamente pela

redução dos custos, muitos dos quais estão vinculados à mão de obra.

Segundo Porter (1999, p. 9), cada um dos problemas sociais está vinculado, de

forma inseparável, com a economia e mais precisamente com a competição.

�O refinado conhecimento da competição, além de revelador, contribui com

abordagens concretas e funcionais para a busca de soluções. �(PORTER, 1999, p.

9).

Este trabalho tem a intenção de apresentar um conteúdo capaz de servir de base

para o melhor entendimento das estratégias competitivas no setor varejista. Ele

focaliza Redes de Cooperativas e o Franchising, com sugestões para a melhoria da

competitividade. Desta forma tem a intenção de subsidiar políticas e iniciativas de

órgãos públicos e privados, relacionados ao varejo, com informações que

contribuam com seu desenvolvimento e sustentabilidade.

1.4. Desenvolvimento e Metodologia A pesquisa bibliográfica, inserida em um estudo exploratório será a base para a

metodologia deste trabalho.

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Além deste capítulo introdutório, o trabalho, em seu capítulo 2, descreve o

desenvolvimento do comércio varejista no Brasil, bem como a visão sob a

perspectiva da globalização. Descreve ainda os tipos de sistemas de distribuição e

as perspectivas futuras para o setor.

O capítulo 3 descreve e analisa os fatores Estratégicos de criação de Vantagem

Competitiva e sua sustentabilidade, na visão dos principais estudiosos do tema, com

ênfase nas interpretações acerca do comércio varejista. Este capítulo visa revisar e

dissertar as teorias atuais na área de Planejamento Estratégico e Estratégia

Empresarial.

O capítulo 4 apresenta um modelo prescritivo para a análise e a escolha por parte

dos empresários, dos Fatores de Vantagem Competitiva (FVC), a fim de alcançar a

Vantagem Competitiva Sustentável (VCS).

O Capítulo 5 faz uma descrição dos FVC encontrados ao longo da revisão

bibliográfica a serem aplicados no modelo.

A fim de exemplificar uma das etapas do modelo, o capítulo 6 contempla a

aplicação pratica da análise dos FVC, em um mercado associado a uma cooperativa

de varejistas.

As conclusões e as recomendações são apresentadas no capítulo 7. 1.5. Limitações Este trabalho, devido ao seu caráter acadêmico, está voltado essencialmente para

análise de sistemas de distribuição varejista independente, formato de negócio de

franchising e cooperativa de varejistas. No entanto até mesmo estes sistemas

podem vir a apresentar uma grande variedade de modelos de gestão e porte.

O modelo desenvolvido e aqui apresentado, portanto, é genérico, e de possível

utilização em diversos setores comerciais com loja, e de pequeno porte.

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CAPÍTULO 2 � COMPETITIVIDADE NO SETOR VAREJISTA Este capítulo tem por objetivo a compreensão e a análise dos sistemas de

distribuição varejista, o seu desenvolvimento, as estratégias atualmente utilizadas e

as perspectivas futuras. Para tal, uma pesquisa bibliográfica, focando as teorias

referentes ao desenvolvimento, necessidades e perspectivas do comércio varejista

será a base do entendimento para posterior análise. As peculiaridades dos

diferentes tipos de sistemas de distribuição deverão ser objeto critico para uma

futura discussão.

Antes de iniciar o primeiro tópico do capítulo, é importante esclarecer o sentido dos

termos comércio varejista e/ou sistemas de distribuição varejista.

Kotler (1998, p. 465), descreve que o fabricante raramente vende seus produtos ao

consumidor final. Entre o fabricante e o consumidor final existem os canais de

marketing, que por sua vez recebem várias denominações tais como �atacado� e

�varejo�, os quais, em sua forma mais comum, compram e revendem as

mercadorias: são chamados comerciantes. �Canais de Distribuição� ou �Canais de

Marketing� (denominação utilizada por muitos autores) é definido segundo, Stern

apud Kotler (1998, p. 466) como:

�Conjuntos de organizações interdependentes que envolvem o processo necessário

para tornar um produto ou serviço disponível para uso ou consumo.�

Para Levi apud Cunha Jr. (1996, p. 87), a atividade de varejo é entendida como o

conjunto de operações de negócio que adiciona valor a produtos e serviços vendidos

para os consumidores para seu uso pessoal ou familiar. O Varejo é visto como o

negócio final em um canal de distribuição que liga fabricantes a fornecedores. De um

modo simplificado, os fabricantes fazem produtos para vender aos varejos ou

atacados, por outro lado, os atacadistas compram produtos de fabricantes para

revende-los a varejistas, enquanto os varejistas revendem produtos adquiridos de

fabricantes ou atacadistas para os consumidores finais. A função do atacado é

satisfazer as necessidades de varejo, por conseguinte a função dos varejos é

satisfazer as necessidades dos consumidores finais.

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A figura 2.1. demonstra um sistema típico de distribuição:

Figura 2.1. Esquema típico de um sistema de distribuição.(CUNHA JUNIOR,1996, p.

88).

Segundo Dias, apud Stanton (1997:37), o varejo compreende todas as atividades

diretamente relacionadas à venda de mercadorias ou serviços ao consumidor final,

para uso pessoal, não com fins comerciais.

Para Sroesser (1999:22), o produto físico pode ser considerado apenas uma parte

do produto ampliada proposto pelo varejista.

Percebe-se que o varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens ou

serviços aos consumidores finais, e que suas funções são múltiplas:

! Facilitador das relações entre o fabricante e o consumidor (KOTLER, 1998);

! Provedores de insumos aos consumidores (STERN apud KOTLER, 1998);

! Adicionando valor, a fim de aumentar a satisfação do consumidor (LEVI apud

CUNHA JÚNIOR, 1996);

! Vendendo os produtos que o cliente necessita para o uso pessoal (DIAS apud

STANTON, 1997);

! Ampliação das funções do produto físico (SPROESSER, 1999).

Demonstrando assim a indiscutível importância dos sistemas de distribuição varejista

às comunidades atuais.

FABRICANTE

DISTRIBUIDORATACADISTA DISTRIBUIDOR

VAREJISTA CONSUMIDOR

CLIENTE FINAL

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2.1. História, desenvolvimento e perspectivas do comércio varejista no Brasil

A história da troca de mercadorias começa após a auto-suficiência, quando as famílias antigas produziam e fabricavam o que necessitavam para seu próprio consumo. A constatação de que parte dos produtores produzia determinados bens mais facilmente que outros, permitiu o desenvolvimento de especializações. A especialização permitia a produção de excedentes daquilo que se fazia melhor e daí a tendência em trocar os excessos de um bem produzido por uma família com outros bens de outras famílias. Começou assim a comercialização e a formação de mercados. Surgiram a moeda e os intermediários como facilitadores de troca.(LAS CASAS, 2000, p. 14).

A figura 2.2. permite compreender a dificuldade das transações necessárias para

efetivar essas trocas, caso não houvesse intermediários:

Panelas

Chapéus Cestos

Sapatos FacasTrocas Sem Intermediários Trocas Com Intermediários

Figura 2.2. Transações com ou sem intermediário (LAS CASAS, 2000, p. 14).

A figura 2.2. demonstra, neste exemplo, que, com o intermediário, apenas cinco

viagens são necessárias para a distribuição de produtos; sem intermediários, são

necessárias 10. Portanto, a participação do intermediário no processo de troca traz

como uma das vantagens, a redução no número das transações realizadas. Além de

uma série de outros benefícios para o consumidor.

Segundo Las Casas (2000, p. 23-24), o desenvolvimento do comércio varejista no

Brasil ocorre a partir de um período de estagnação, quando o país dependia de

Portugal e a concentração dos mercados era muito baixa. O crescimento do

comércio teria ocorrido na época da república, coincidindo com a melhoria da infra-

estrutura das cidades, o crescimento industrial e o aumento na concentração

mercadológica, conforme descrito no anexo 1.

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Com as mudanças do cenário econômico brasileiro, após a implantação do Plano

Real e a conseqüente estabilização da economia, o setor varejista vem passando

por importantes mudanças. O antigo posicionamento do varejo, focado na política

de preços (importante em um cenário de alta inflação), deve ser revisto, e priorizar

também outros atributos do negócio.

�Ao longo dessas três últimas décadas, o varejo evoluiu de maneira significativa. O

desenvolvimento tecnológico, principalmente o da informática, permitiu o

desenvolvimento de novas técnicas de gestão, de logística e de controle de

qualidade cuja finalidade é a satisfação do consumidor. � (SPROESSER, 1999, p.

19).

Cymbaum (1999, p. 186) descreve o varejo como sendo a maior e mais dinâmica

porção do comércio. Nele observa-se a rápida difusão das franquias como

alternativa para estruturação de um negócio próprio. Isto reflete o fato de que os

requisitos para atuar com sucesso no varejo demandam maior competência

atualmente.

Outra evidência que exemplifica a busca de maiores qualificações competitivas é o

surgimento, em alguns setores do varejo, de associações entre pequenos

comerciantes. Tais associações atendem, em parte, à busca de tecnologias de

gestão mais desenvolvidas, como no caso das franquias. Mas na maioria das vezes,

a questão central é elevar o poder de barganha do empresário independente junto a

atacadistas ou fabricantes, de modo a viabilizar políticas comerciais competitivas,

diante de grandes redes que atuam num mesmo mercado.

Mais um exemplo a ser citado, como característico da mudança do ambiente

competitivo no varejo, é o contínuo crescimento das redes. Sendo empresas que

concentram maior capital que os demais concorrentes diretos nos mercados que

atuam, dispõem de meios para o acesso a tecnologias de gestão, preços de compra

e linhas de financiamento em condições mais favoráveis.

Esses fatores, aliados à economia de escala, permitem que as grandes redes

varejistas pratiquem políticas de preço e de crédito, e mantenham esforços de

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marketing, cuja competitividade tem levado a um contínuo aumento de fatia de

mercado. Assim, o crescimento das redes tem correspondido uma redução do

espaço do pequeno empresário varejista, com o concomitante crescimento de

franquias, associações e outras formas de cooperativas. A entrada de competidores

estrangeiros nesse mercado também representa um aspecto de grande importância

a ser considerado.

�O capital multinacional, que tem intensa presença em vários ramos de atividade,

com ênfase nos setores industriais, bancário e extrativista, apenas recentemente

vêm internacionalizando sua estratégia no setor varejista e, nos últimos anos,

alcançando mercados emergentes como o Brasil.� (CYUMBAUM, 1997, p. 186).

Isso se deve à saturação dos mercados dos países desenvolvidos. Empresas

multinacionais, Mc Donald�s, Blockbuster e várias outras redes trouxeram novos

modelos de gestão e operação de loja que abalaram profundamente os segmento do

varejo em que ingressaram, forçando os competidores locais a buscar um novo

patamar de excelência. Mesmo segmentos que ainda não sofreram a entrada

desses novos competidores começam a modificar sua postura diante da mera

possibilidade de vir a enfrentar um competidor deste padrão, para isso faz-se

necessário a revisão de suas estratégias.

Na década de 90 destacou-se a implantação do Código de Defesa do Consumidor e

as mudanças introduzidas na economia através do Plano Real. Porém, outro fator

que vêm afetando o varejo é a inserção da economia globalizada, deixando o setor

em uma posição equivalente aos demais ramos de atividade econômica. Devido à

importância deste fenômeno, será dedicado um tópico especial à globalização e ao

comércio varejista.

Outro fato importante é o aumento da expectativa e do grau de exigência dos

clientes quanto à satisfação de suas necessidades, referentes a produtos, serviços e

atendimento. Isto pode ser explicado em grande parte pelos fatos descritos

anteriormente (globalização e aumento da concorrência). E apoiado ainda pela lei de

defesa do consumidor que ajuda a aumentar a consciência do consumidor sobre os

seus direitos, elevando, assim, os padrões de qualidade exigidos.

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Por outro lado, vem surgindo e crescendo formas de comercialização alternativas,

como às de venda face-a-face e auto-serviço, baseadas em mídia como telefone,

televisão, correio e computador.

Historicamente, associado à expansão do capitalismo e a urbanização, o comércio

exerceu importante papel na formação da classe média. Até hoje permanece como

elemento fundamental de sua constituição, tanto pela expressiva quantidade de

postos de trabalho que mantém, quanto pela estimulação que exerce sobre o

espírito empreendedor. Configurando-se como o mais influente meio de constituição

de um negócio próprio. Este pode ser considerado um ponto fundamental no escopo

deste trabalho, em que, um dos objetivos é mostrar os fatores de vantagem

competitiva e sustentabilidade, fundamentais para que os pequenos comerciantes

prosperem a curto e a longo prazo.

Por oferecer poucas barreiras à entrada de novos empreendedores, pelos mínimos

recursos (capital, recursos humanos, conhecimento) exigidos e pela base

tecnológica envolvida. O setor varejista abre espaço para o surgimento de um

grande número de empresas. Entretanto, estas condições têm se alterado, o perfil

de empresas familiares, que resistiu durante muitos anos à profissionalização e ao

avanço das técnicas administrativas que aconteceram em outros ramos.

O varejo oferece hoje um amplo leque de serviços, tais como a seleção de produtos,

o transporte, a estocagem, a marcação de preços, a apresentação, o atendimento,

os serviços pós-vendas, dentre outros, que constituem atividades integrantes dos

sistemas produtivos. Diferente do passado, o varejo é visto atualmente como uma

atividade importante. Sproesser (1999, p. 20) destaca as funções de

desenvolvimento mercadológico e de avaliação das necessidades dos

consumidores.

No momento atual até mesmo as empresas já solidificadas e com um histórico

exemplar têm um futuro imprevisível. Para Ângelo (1997, p. 17), o varejo no Brasil é

um setor econômico multifacetado, que se modifica e se moderniza

incessantemente.

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Conforme McCarthy e Perreault apud Dias (1997, p. 37):

�a natureza do varejo e sua taxa de mudança estão relacionadas ao estágio e à

velocidade do desenvolvimento econômico do país�.

Sob este ponto de vista, tratar-se-á neste trabalho as peculiaridades relacionadas a

realidade do Brasil, considerando que as diferenças, principalmente de natureza

econômica, cultural e a atual fase de desenvolvimento não aconselham a

comparação com outros paises.

Dias (1997, p. 37), enfatiza o fato de que nos Estados Unidos o varejo tende a ser

mais variado e mais maduro do que na maioria dos outros países, existindo

similaridades com cidades como São Paulo que é mais desenvolvida. Ressaltando

ainda:

�A defasagem média entre um novo formato de varejo norte-americano e brasileiro

gira em torno de 20 anos.�

O varejo necessita continuamente adaptar-se às mudanças culturais, tecnológicas,

econômicas e, sobretudo, acerca de sua competitividade.

França (1997, p. 224), destaca que, com o desenvolvimento do comércio virtual, o

varejo com loja tende a perder boa parte do potencial competitivo. E que, certamente

o varejo com loja passa por um momento de quebra de paradigmas, que foram

respeitados por um longo período de tempo. Segundo Nogueira apud França (1997,

p. 224), alguns dos novos paradigmas que surgiram para orientar o varejo são:

• A atenção volta-se do produto para o cliente. (Exemplo: clubes de compra);

• Operação com o chamado preço global, decorrente da soma de custos e

lucro. Daí a necessidade de controlar e reduzir custos para trabalhar com

preço baixo e com lucro;

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• O abastecimento local evolui para o abastecimento global. (envolve logística);

• A expansão por vendas dá lugar à expansão por resultados, por exemplo,

ferramentas de controle e técnicas de gestão que proporcionem lucratividade

superior. Em outras palavras, não adianta vender muito se a rentabilidade for

insuficiente para manter o negócio;

• Além de oferecer produtos, como fazem todas as empresas varejistas, surge

a necessidade de encantar os clientes, por exemplo, pela oferta de serviços

diferenciados. A loja precisa ser um local de lazer, além de local de compras;

• Vender com o objetivo de manter ou de fidelizar os clientes;

• Orientação do negócio pelo conceito do valor, mescla o preço pago pelo

produto e fatores intangíveis, como qualidade, serviços e conveniência. Aliás,

dadas às dificuldades da vida nas grandes metrópoles, pagar por

conveniência não é mais algo que incomoda o consumidor. Ou seja, o cliente

deseja é perceber uma boa relação entre custo/benefício da compra;

• O isolamento empresarial tende a ser substituído pela parceria, inclusive entre

empresas varejistas;

• Surge o novo tipo de �loja no cliente�, ou de colocar produtos e serviços onde

está o cliente, sem se ater apenas aos clientes que vêm até a loja.

Abre-se, portanto um leque de opções para novos tipos de sistemas de distribuição

que estão surgindo e/ou transformando-se, bem como uma infinidade de novas

tecnologias de apoio à gestão comercial. Isto reflete um elevado grau de

complexidade e a necessidade de quebrar paradigmas, efetuando-se constantes

mudanças neste novo contexto.

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2.2. A globalização e o comércio moderno Devido a tratar-se de um fenômeno complexo e multifacetado, não está no intuito

deste trabalho o entendimento detalhado das causas da globalização, porém, é

indiscutível o fato de que ela vem afetando todos os setores. Não se deve, portanto,

ignorar este fenômeno, que é útil neste momento para analisar e melhor entender o

processo de desenvolvimento do comércio varejista no Brasil.

Atualmente, o mundo assiste uma série de transformações econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e culturais. Os mercados estão sendo abertos, com a queda das barreiras protecionistas, ocorrendo uma livre circulação de produtos, pessoas, capital e tecnologia nas nações inseridas neste processo. Os avanços tecnológicos estão trazendo muitas inovações em todos os setores, inclusive no comercial, e hábitos que já poderiam se considerados tradicionais (como por exemplo, fazer compras) passam por um processo de modificação, atualização ou substituição total. (por exemplo: Vendas a distância, com o auxilio do computador, telefone ou fax). (FRANÇA, 1997, p. 220).

Num momento de aumento de concorrência global, as estratégias de distribuição

apresentam-se cada vez mais como diferencial competitivo para as empresas.

Mostrando a necessidade de perceber e implementar novos conceitos.

O processo de globalização tem, recentemente, repercutido no varejo, abalando as

empresas brasileiras, a curto, a médio e em longo prazo. Este processo é

multidimensional, haja vista a globalização econômica, a tecnológica, das empresas,

dos produtos, dos serviços, enfim, todas essas dimensões influenciam de alguma

maneira o setor.

Segundo Nakamura (1997, p. 140), hoje se vê a saturação dos mercados mais

desenvolvidos do mundo. Estão tornando-se supersaturados do ponto de vista de

oferta no varejo, constituindo-se num mercado com poucas perspectivas de

crescimento. Nakamura aponta, ainda, que, segundo dados do Banco Mundial, nos

próximos 10 anos, a perspectiva de crescimento econômico no setor varejista segue

a figura 2.3:

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Países Perspectiva de crescimento (%)

China 10 a 12

Ásia 8

América Latina 5 a 7

Japão 2,5 a 3

Europa Ocidental 2 a 3

América do Norte 2 a 3,5

Figura 2.3: Perspectiva de crescimento para o setor varejista no mundo em um período de 10 anos (NAKAMURA, 1997, p. 140).

Observa-se na figura 2.3, que as perspectivas maiores de crescimento estão nas

regiões em desenvolvimento (China, Ásia e América Latina). Os países

desenvolvidos estão cada vez mais focando seus interesses nestas regiões,

denominadas emergentes.

�O Brasil, que atualmente se apresenta como uma economia estável, com

perspectiva de crescimento de 5% a 6% em 10 anos, está se tornando alvo para

grupos varejistas estrangeiros.� (NAKAMURA, 1997, p. 141).

As principais conseqüências são, que cada vez mais o mercado brasileiro está se

tornando mais competitivo, mais integrado com a tecnologia e com a economia

global, mais profissionalizado e dispondo de um maior número de operadores

internos do mercado internacional. Diante disso, as pequenas empresas são

obrigadas a reagir. Com poucos recursos elas deverão desenvolver capacidades

que as tornem competitivas. Enquanto isso, nas empresas maiores já se observa

uma mudança na posição estratégica e a reestruturação organizacional de seus

negócios, visando a preparação para a concorrência internacional.

A profissionalização do mercado, entendida como a qualificação requerida dos

indivíduos em termos de conhecimentos técnicos, habilidades interpessoais e atitude

empresarial são citadas por Cymbaum (1997, p. 188):

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1. Os Conhecimentos Técnicos dizem respeito ao domínio de atividades

relacionadas a:

o Finanças;

o Logística;

o Marketing;

o Informática;

o Legislação.

Estas ferramentas são fundamentais, no sentido de otimizar e aproveitar os recursos

e oportunidades em um ambiente competitivo.

2. As Habilidades Interpessoais referem-se à capacidade de gerenciar pessoas,

mantendo um clima motivacional favorável e estimulando o desenvolvimento de

equipes. Envolve também a capacidade de relacionar-se com parceiros,

conduzindo processos de negociação em termos de suprimentos e de associação

em favor de interesses comuns.

3. A Atitude empresarial envolve:

o Planejamento;

o Gerenciamento de Recursos;

o Análise e assunção de riscos;

o Tomada de decisão;

o Entre outras aptidões essenciais à liderança empreendedora.

Estas questões remetem, as aptidões humanas necessárias atualmente para

administrar um negócio. Assumindo que muitas destas aptidões têm aplicação e

relevância recente no setor varejista. Isto indica a própria evolução do varejo, onde,

em um passado não tão distante, as habilidades requeridas para administrar os

negócios eram mínimas. Atualmente tomam a forma de uma rede intrincada de

habilidades, disciplinas e novas tecnologias, continuando a evoluir em proporção

relativa ao desenvolvimento e competitividade do setor.

�As empresas de varejo brasileiras precisam fazer algumas alterações estruturais

que lhes garantam uma posição estratégica mais consistente diante dos pontos

fortes da concorrência internacional�.(FAMÁ, 1997, p. 218).

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Atualmente, o segmento varejista atravessa uma fase de mudanças e de

adaptações, com o surgimento de novos formatos de lojas, novas formas de

inserção com os agentes externos e o desenvolvimento de modelos de gestão.

Gerando uma infinidade de opções de formatos, estratégias e modelos que se não

bem administrados surtirão efeitos nulos, se não negativos frente a este novo e

complexo cenários que está se formando. Desta forma este trabalho buscará ser um

guia das ações necessárias à compreensão destes fatores necessários a

alavancagem da competitividade no setor varejista brasileiro.

2.3. Teorias sobre a evolução estrutural do varejo

Dias (1997, p. 38) cita que, o estudo das teorias sobre a evolução do varejo foi

inicialmente realizado por Malcolm P. McNair em 1958. Existem diversas

classificações e propostas acerca destas teorias, contudo, Brown reuniu as teorias

básicas sob três abordagens principais:

1. Teorias Cíclicas;

2. Teorias Ambientais;

3. Teorias do Conflito.

O conhecimento básico e a análise destas três teorias se fazem necessários, pois a

sua inter-relação é a base para a análise do varejo sob o ponto de vista de seu

desenvolvimento.

2.3.1. Teorias Cíclicas Segundo Dias (1997, p. 39), as teorias cíclicas sugerem que a mudança acontece

de maneira rítmica, seguindo um ciclo até retornar aos padrões iniciais. As teorias

cíclicas podem ser divididas em:

1. Teoria da Roda do Varejo: baseada em preços e serviço, e proposta por Mc.Nair

em 1958;

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2. Teoria da Sanfona: centrada na oferta de sortimentos, e proposta por Brand em

1963;

3. Teoria do Ciclo de Vida do Varejo: fundamentada na teoria de ciclo de vida dos

produtos, e proposta por Davidson, Bates e Bass em 1976.

2.3.2. Teoria Ambiental

Dias (1997, p. 39) cita que, nesta abordagem, as mudanças no varejo acontecem em

função da operação da instituição no ambiente As principais representantes desse

conjunto de teorias são:

1. Teoria da Seleção Natural: baseada no cliente, proposta por Dressmann em 1968;

2. Teoria dos Sistemas Ecológicos: parte da visão do ambiente, e foi proposta em

1981 por Markin e Ducan.

2.3.3. Teoria do Conflito Segundo Dias (1997, p. 39), esta teoria foca a rivalidade interinstitucional, que

ocorre quando aparece uma nova forma de varejo. A mais evidente é a Teoria do

Processo Dialético, que se baseia na competição entre varejistas. Esta teoria foi

proposta por Gist em 1968.

2.3.4. Interdependência entre as três abordagens teóricas: Cíclica, Ambiental e

do Conflito. Dias (1997, p. 39), destaca o fato da interdependência entre as três abordagens,

justificando-a pelo fato de que estas não apresentam uma explicação completa para

a evolução institucional do varejo.

Este fato confirma a complexidade relativa do estudo e a pesquisa neste setor.

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Gera-se assim, a necessidade da combinação entre as teorias, tal como Dias (1997,

p. 39) exemplifica:

• Ciclo-Ambiente;

• Ciclo-Conflito;

• Ambiente-Conflito;

• Ambiente-Ciclo-Conflito.

Estas teorias buscam compreender de que forma o varejo evolui, agregando uma

importante contribuição no entendimento de sua evolução. Este fato é um dos

pilares para o incremento na sustentabilidade dentro do conceito de Vantagem

Competitiva Sustentável. De maneira a formar-se um corpo teórico capaz de explicar

a evolução dos formatos de varejo com vistas a perspectivas futuras. Contudo, deve-

se deixar claro serem estas teorias apenas explicações parciais para um fenômeno

complexo.

�Apesar de não haver um modelo especifico que possa explicar completamente a

dinâmica do varejo, estes conceitos contribuem de forma inicial para uma análise

situacional da empresa no contexto em que se insere. Sendo este contexto

constantemente mutável e turbulento�. (DIAS, 1997, p. 40).

2.4. Estratégias para a competitividade e sustentabilidade do comércio

varejista com loja

Dias apud Semenik (1997, p. 37), apresenta a abordagem que diz:

�a função fundamental do varejo refere-se, à manifestação do conceito de marketing

no exato momento em que o consumidor doméstico fará a compra�.

Determinando-se, assim, a importância do varejo, uma vez que ele é um elo

fundamental entre o fabricante e o cliente, e, desta maneira, grande responsável

pelo sucesso das vendas.

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Muitos fabricantes desenvolveram produtos altamente aceitáveis e os promoveram de forma eficiente para o consumidor final, mas tiveram seu programa de marketing fracassado porque não entenderam a figura do varejista: suas funções, atitudes, métodos de operação e seus problemas. DIAS (1997, p. 37).

A iminência da necessidade do conhecimento das causas e dos fatores de

competitividade torna-se fundamental também no sentido varejo �

fabricante/atacadista.

Nakamura (1997, p. 142), buscando enfatizar a necessidade de profissionalização

do varejo, cita que:

�um pequeno empresário deve planejar uma estratégia de marketing da mesma

forma que qualquer outro administrador.�

2.5. Classificação da estrutura do varejo

A descrição do mercado varejista é costumeiramente determinada pelos tipos

institucionais. Dias (1997, p. 40) salienta que a literatura utiliza os termos Instituição

Varejista, Formato e Tipo como sinônimos, e assim também será tratado aqui. Dias

observa ainda que:

�à medida que um formato se consolida, ocorre a padronização das estratégias de

marketing e das características operacionais (localização, tamanho, tipo de serviço,

margem de lucro, mercadorias, políticas de preço, entre outros)�.

Dias (1997, p. 42) demonstra, formas alternativas para classificação descritiva da

estrutura do varejo, conforme demonstrado na figura 2.4. Sendo de interesse aqui, o

varejo com loja do tipo de propriedade, como segue:

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VAREJO COM LOJA Tipo de linha de

produto Tipo de

Propriedade Grau de esforço

de compra Tipo do Serviço

oferecido

Estratégia de preços

Tipo de localização

-Loja de

departamentos

-Loja de

descontos

-Loja de

conveniências

-Loja de variedades

-Feiras ou

mercado de

pulgas

-Pontas de

estoque

-Superlojas

-Hipermercados -Supermercados

-Loja de

especialidades

-Loja

independente

-Loja de cadeias

ou redes

-Loja de

fabricante -Franchising

-Cooperativa de

varejistas

-Cooperativa de

consumidores

-Loja de

conveniência

-Lojas de compra

comparada

-Lojas

especializadas

-Auto-serviço

-Serviço

limitado

-Serviço

Pleno

-Loja de

descontos

-Ponto de

estoque

-Centro

comercial de

bairro -Shopping

center

regional -Shopping

center

comunitário -Shopping

center de

vizinhança

Figura 2.4. Formas alternativas para classificação descritiva da estrutura do varejo com loja (DIAS, 1997, p. 42).

Para Dias (1997, p. 43), o varejo Tipo de Propriedade faz referência à forma de

controle exercida em uma organização. Assim, será abordado neste trabalho o �Tipo

de Propriedade�, uma vez que além de estar diretamente relacionado com a forma

que uma organização é controlada, é este tipo que determina a forma de operação e

estratégias seguidas. No próximo tópico far-se-á um aprofundamento destes tipos de

sistemas de varejo com loja, destacando suas principais características e

peculiaridades de sua forma de operação e suas estratégias.

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33

2.5.1. Tipos de sistemas de varejo com loja

A separação dos varejistas por classe possibilita o conhecimento dos padrões

estratégicos e dos formatos operacionais característicos para cada tipo de varejo.

Dias (1997, p. 40) complementa que, os contrastes e peculiaridades de cada tipo de

sistema varejista se dão, justamente, pela diversidade de formas de operação e

estratégias.

�A classificação de varejo por tipo de loja proporciona uma ampla visão das

oportunidades estratégicas no nível varejista de distribuição�.(DIAS, 1997, p. 40).

Há uma grande variedade de tipos de sistemas varejistas, para simplificação e

interesse da realidade local, este estudo enfatiza os seguintes formatos de varejo

com loja:

1. Lojas Independentes;

2. Cooperativa de Varejistas;

3. Organização de Franchising;

4. Redes Corporativas.

Contudo, não é sensato deixar de considerar outros tipos de sistemas de

distribuição, principalmente devido ao fato de que, porventura outros tipos ainda

desconhecidos no Brasil tenham uma perspectiva futura de serem potencialmente

competitivos e adaptáveis à realidade brasileira. Assim, na medida do possível,

buscar-se-á descrever outros tipos de sistemas de distribuição varejista, que venham

a contribuir para o desenvolvimento do comércio varejista através do uso de novos

formatos de negócio.

2.5.2. Lojas Independentes

Dias (1997, p. 47), afirma que as lojas independentes são caracterizadas por ter

apenas uma loja, podendo ser encontradas em qualquer comunidade.

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Las Casas (2000, p. 27) define lojas independentes como lojas de apenas um

estabelecimento. Constituindo a grande maioria do comércio varejista atualmente.

Caracterizada pela simplicidade administrativa e freqüentemente pelo atendimento

personalizado aos clientes. São geralmente especializadas.

Este tipo de organização parece estar fadada ao fracasso, se estiver competindo em

setores de rápido crescimento. Uma alternativa viável para este tipo de empresa

seria a especialização ainda maior ou, como se verá mais adiante, através de

cooperativas de varejistas.

2.5.3. Cooperativa de Varejistas

A busca de parceiros externos é fato crescente para a busca da melhoria da

competitividade das empresas...A cooperação favorece desta maneira não só o

custo, mas também outros objetivos estratégicos, com vistas a obter as vantagens

competitivas. Pressupõe-se uma série de vantagens alcançadas através de fatores

que podem ser compartilhados, como, equipamento, tecnologia, pessoal e

financiamentos, que corresponde em grande parte aos acordos de cooperação em

P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), Marketing, Administração Financeira, Gestão

Administrativa e Gestão de Recursos Humanos.

Kotler (1998, p. 499) descreve as Cooperativas de Varejistas como sendo a união de

varejistas independentes que criam uma organização central de compra e adotam

esforços promocionais conjuntos. Tanto a existência de economias de escala como

de efeito de experiência atuam favoravelmente à cooperação.

Para Las Casas (2000, p.28), cooperativas varejistas são agrupamentos de

varejistas independentes. Cada um operando sua loja, mas tomando certas decisões

em conjunto, como compra e promoção. A vantagem é a possibilidade de varejistas

independentes gozarem certos benefícios dos varejistas em cadeia, como preços

reduzidos em função da compra em escala, status de cliente de maior porte e,

conseqüentemente maior atenção dos fornecedores.

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35

A figura 2.5. mostra um exemplo de formas de relação entre os atores de uma

cooperativa varejista com três empresas:

Figura 2.5. inter-relação entre atores de cooperativas varejistas.

A figura 2.5 demonstra o nível de complexidade que pode ser alcançado para a

administração de um negócio em função da inter-relação entre os organismos

externos e internos.

As Redes de Cooperação reúnem empresas que possuem objetivos comuns, em

uma entidade juridicamente estabelecida, mantendo, no entanto, a independência e

a individualidade de cada participante. Sendo assim, a formação de uma rede

permite a realização de ações conjuntas facilitando a solução de problemas comuns

e viabilizando novas oportunidades. As empresas que integram uma rede

conseguem reduzir custos, dividir riscos, qualificar produtos e serviços e ter acesso à

tecnologia. As empresas organizadas em rede criam estruturas de suporte

(instrumentos de ação conjunta) como:

• Central de negócios: permite conquistar condições mais vantajosas. Com um

volume maior de negócios, conquistam-se novos mercados, caem os custos na

� Clientes � Fornecedores � Prestadores de serviço � Universidades � Organizações de crédito � Organizações de capacitação (Universidades, Institutos, etc) � Consultores � Concorrentes � Centros técnicos � Organizações de classe

Centro administrativ

o da cooperativa

Empresa 1

Empresa 2

Empresa 3

Organismos Externos

Cooperativa de Varejistas

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36

compra de matéria�prima, ajustam-se prazos de pagamento e pode-se buscar

mais qualidade nos produtos adquiridos. Resultado: fica mais fácil oferecer ao

consumidor preços acessíveis e produtos melhores;

• Marketing Compartilhado: a central de marketing possibilita desenvolver

campanhas publicitárias para a rede, melhorando a comunicação com os

consumidores, fortalecendo a marca e firmando um conceito comum;

• Central para alianças: é possível estabelecer parcerias com fornecedores,

distribuidores, prestadores de serviços, consultoria para recursos humanos, entre

outros. Dessa maneira, as empresas se qualificam e podem competir com mais

força no mercado;

• Benefícios às empresas integradas em redes:

o Permite a definição de estratégias conjuntas;

o Preserva a individualidade e protege os dados das empresas;

o Valoriza marcas e possibilita marketing compartilhado;

o Reduz custos e riscos de investimentos;

o Intensifica a comunicação e o acesso à informação;

o Amplia a escala produtiva e as dimensões de mercados;

o Facilita o acesso ao crédito e à capacitação gerencial.

A formação de uma rede de cooperação requer que as empresas adotem

instrumentos semelhantes na gestão dos seus negócios.

Este tipo de sistema de distribuição é uma alternativa para os varejistas

independentes, pois divide custos e riscos obtendo desta forma maior

competitividade. Casarotto Filho (1998, p. 19) salienta que deste modo as pequenas

empresas podem continuar sendo pequenas com maior competitividade.

A cooperação deve ser entendida como um sistema onde empresas se unem com o

objetivo de realizar o equilíbrio entre os seus interesses e o de outros participantes.

Sendo muitas as vantagens para quem ingressa neste tipo de sistema, desde o

compartilhamento de tarefas até a busca de soluções coletivas.

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37

Embora existam ganhos advindos da eficiência coletiva e das economias de

colaboração em experiências, contudo, é sensível a existência de barreiras culturais

para as relações de solidariedade para nossa sociedade.

Outras vantagens que não aquelas baseadas em custos, mas nas literaturas de

economia industrial, teoria das organizações e estratégia empresarial, pode estar

associada à formação de alianças com os seguintes objetivos estratégicos:

• Vantagens baseadas na busca da complementaridade: a conveniência de

ações conjuntas (�estratégia de simbiose�) que exploram a

complementaridade dos recursos ou competências das empresas. Por

exemplo, rede de vendas conjuntas, para aumentar a penetração em novos

mercados ou ampliá-lo nos mercados atuais;

• A criação de um poder de compra: acordos que permitem aos participantes

reduzir custos de suprimentos ou aumentar seu poder de mercado, em função

do peso econômico, da imagem e da reputação de sua organização (rede);

• A constituição de bases ampliadas: certas atividades, como, por exemplo,

P&D, arriscadas e onerosas, normalmente não estão ao alcance de empresas

com baixa capacidade financeira, como é, em geral, o caso das pequenas

empresas. Nestes casos a cooperação com outras empresas pode permitir a

obtenção de recursos externos e a aquisição ou acumulação de competências

tecnológicas, ao mesmo tempo em que reduz riscos;

• A ampliação do conhecimento: a rapidez e a complexidade das mudanças,

principalmente tecnológicas, torna praticamente impossível a uma única

empresa deter todos os conhecimentos necessários ao seu sucesso

competitivo. Através de um processo de aprendizagem coletiva pode-se gerar

os conhecimentos e as informações necessárias a cada membro.

Alguns fatores podem limitar a implementação de um sistema de cooperativas,

dentre os quais destacam-se:

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• A necessidade de uma �cultura de cooperação�, com objetivos coletivos,

normas, regras ou hábitos a serem respeitados no interior do sistema

formado, identificando a rede como uma instituição;

• A necessidade de ações globais e coordenadas visando a criação de relações

cooperativas entre todos os atores;

• A busca dos objetivos comuns a toda rede, em detrimento de objetivos

meramente individuais;

• A fidelidade nas relações, principalmente nas interfirmas, não deixando que

se rompa facilmente, como por exemplo, no caso do fornecedor oferecer um

preço um pouco menor.

A união proporciona a sinergia que se transformará para todos os componentes do

sistema em vantagens competitivas muito significativas, tais como: ganhos de

escala, no que se refere à ampliação de mercado e ao maior acesso aos recursos;

agregação de valor, obtido através do domínio de marca; melhorias gerencias e

desenvolvimento tecnológico; dentre tantos outros fatores que serão descritos no

decorrer do trabalho.

2.5.4. Franchising

O sistema de negócio de franchising é a cada dia mais difundido e reconhecido

devido aos seus inúmeros casos de sucesso no setor varejista. Este tópico

fundamenta este sistema que vêm se apresentando como a principal forma de obter

sucesso, não só devido às peculiaridades que este tipo de negócio envolve, mas

também devido ao seu amadurecimento. Não é o objetivo aprofundar-se em todo o

contexto do franchising, mas sim, nos principais tópicos referentes as variáveis que

possam influenciar a competitividade no setor comercial varejista.

Foster (1995) cita que no início dos anos 90 o franchising não parou de crescer,

considerado por alguns economistas o mais importante pilar do varejo hoje. Lopez e

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Vecchi (2000, p. 13) alertam que o franchising não pode mais ser confundido como a

fórmula mágica de expansão contínua e infalível de pequenos negócios de

inabalável sucesso.

�Nem o franchising é fórmula infalível de sucesso, nem é um fenômeno típico de

micros e pequenas empresas.� (LOPEZ, 2000, p. 13).

Segundo Foster (1995), o franchising é uma invenção americana, cuja etimologia da

palavra têm origem no francês franc = livre. Franquear significa conceder, mediante

uma taxa, o direito de uso de uma marca ou de comercializar um determinado

produto. Uma franquia une um empresário experiente a um empresário inexperiente.

O franchising é a prática de conceber franquias em conjunto com sistemas

operacionais, mercadológicos ou gerenciais padronizados. No franchising de produto

e marca, o franqueador garante apenas o direito de vender o produto sob aquela

marca. No franchising de formato de negócio envolve uma combinação de marca,

propaganda, treinamento, manual operacional, procedimentos gerenciais

sistemáticos e outros componentes. Uma franquia de formato de negócio tem quatro

componentes básicos:

1. Uma identidade: marca;.

2. Um sistema operacional, ou um formato de negócio;

3. Um sistema de apoio;

4. Um relacionamento financeiro constante.

A identidade e o formato do negócio são propriedades do franqueador. O

franqueador fornece um sistema operacional segundo o seu formato de negócio, tal

como o conhecimento e aprendizado, bem como um sistema de apoio que atua no

sentido de fornecer os recursos para o franqueado. Estes fatores exigem não só um

relacionamento financeiro constante, mas atualmente, também um relacionamento

com base na comunicação e troca de informação.

Kotler (1998, p. 499) descreve as Organizações de Franchising, como uma

associação contratual entre um franqueador (fabricante, atacadista ou organização

de serviço) e franqueados (empresários independentes que compram o direito de

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40

posse e operação de uma ou mais unidades do sistema de franquia). Normalmente

estas organizações são baseadas em algum produto, serviço ou método exclusivo

de fazer negócios, em uma marca ou patente desenvolvida pelo franqueador. O

franchising vem se alastrando nos mais diferentes setores de negócios, tais como

fast-foods, vídeo locadores, farmácias, locadoras de automóveis, hotéis, salões de

beleza, butiques, lojas de produtos de perfumaria e cosméticos, sapatarias, dentre

uma infinidade de outros produtos e serviços.

Cyumbaum (1999, p. 186) observa a rápida difusão das franquias como alternativa

para estruturação de um negócio próprio.

A observação deste fenômeno corresponde à percepção de que os requisitos para

atuar com sucesso no varejo demandam de maior competência atualmente. A

abertura de um negócio a partir da adesão a um sistema de franquia tem como

principais atrativos: o acesso a tecnologias de localização de pontos, gestão de

estoques, marketing, treinamento, entre outras. Tais tecnologias vêm se

configurando como fatores críticos para o sucesso num nível significativamente mais

elevado que o anteriormente enfrentado por empreendedores independentes.

Diversos métodos vêm sendo empregados para incrementar a produtividade global

de redes varejistas, entre os quais se destacam: mudanças no mix de produtos,

incremento do treinamento, no redesenho de loja, no aumento e aprimoramento dos

equipamentos no ponto-de-venda, nas mudanças na composição das equipes de

loja, no aumento do nível de informatização e na introdução de incentivos à força de

vendas.

Foster (1995) salienta que uma marca famosa e um grande número de unidades

franqueadas não garantem o sucesso em franchising. Entre as vantagens ao adquirir

uma franquia, Foster destaca:

# A segurança que os consumidores sentem em estabelecimentos já conhecidos,

evitando surpresas desagradáveis uma vez que todas as franquias são

padronizadas, o que Foster chama de �mesmice�;

# A maior facilidade de obtenção de empréstimos do que outros pequenos negócios;

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41

# Uma franquia tem mais possibilidade de sucesso do que qualquer negócio,

possibilitando assim mais chances de sobrevivência;

# Possibilita ao franqueador acesso a novos mercados geográficos.

Porém, apresenta também determinados pontos desfavoráveis:

# Sacrifício da independência empresarial em função da necessidade de conduzir o

negócio dentro das regras do franqueador, geralmente determinado por um

contrato.

Já é consenso que o franqueado deve possuir uma determinada personalidade que

possibilite a este trabalhar como um pseudopatrão, sendo capaz de trabalhar dentro

de esquemas e estratégias ditados pelo franqueador.

Foster (1995) define alguns atributos que são fornecidos do franqueador para o

franqueado:

# Marca comercial registrada: o franqueado recebe o direito de usar a marca

registrada, beneficiando-se da reputação e da imagem da empresa franqueadora;

# Treinamento: o franqueado recebe treinamento para a operação da franquia;

# Manual operacional: os segredos comerciais do franqueador, seu know-how e

experiência são documentados num manual operacional confidencial;

# Especificações, plantas e projetos: o franqueador fornece projetos arquitetônicos,

plantas, desenhos dos equipamentos, instalações e letreiros;

# Propaganda: através do pagamento de uma taxa mensal (royalties), que são

percentuais do faturamento pré-estabelecido, financia-se continuamente

campanhas nacionais ou regionais, beneficiando a todos os franqueados;

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# Apoio contínuo: à medida que os franqueadores aperfeiçoam seus sistemas

comerciais, eles compartilham as inovações com seus franqueados.

Foster (1995), avalia as características mais importantes a serem analisadas dos

franqueadores segundo as suas qualificações, definindo os seguintes fatores.

# Tempo de experiência no negócio: quanto mais tempo o franqueador tiver no

negócio, mais experiência tem para compartilhar com o franqueado;

# Tempo de operação da franquia: quanto mais tempo um franqueador estiver

envolvido com franchising, mais capacitado ele está para liderar a rede;

# Disputas ou outros problemas jurídicos anteriores: quanto menos processos

judiciais e complicações legais tiver tido o franqueador, tanto mais ético é provável

que ele seja;

# Ações cíveis ou expulsão de acionistas: um histórico de ações cíveis, envolvendo

fraude ou violação da lei da franquia, é uma bandeira vermelha. Se o pretendente

à franquia cometer a insensatez de comprar uma franquia de um réu condenado,

ou de alguém que já foi expulso de alguma associação de acionistas, este

provavelmente merece quaisquer conseqüências que lhe sobrevenham;

# Fatores relacionados ao know-how do ramo de atividade:

o Tempo no ramo de atividade: dá uma maior confiabilidade aos

franqueadores que foram bem sucedidos em seu próprio ramo de

atividade;

o Qualificações da equipe do franqueador: as credenciais da equipe do

franqueador são fundamentais para o apoio de que necessita o

franqueado;

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43

o Participação no mercado ou influência: quanto maior for a influência do

franqueador no mercado, tanto maiores serão sos benefícios para os

franqueados;

o Alcance da propaganda: franqueadores que já promovem campanhas

de propaganda nacionais ou regionais, e que já atingiram o consumidor

em sua área são mais propícios ao sucesso;

o Quantidade de unidades franqueadas: sugere-se para pessoas

agressivas nos negócios, que não precisam de muita orientação, dar

preferência às grandes organizações. Para quem necessita de

orientação pessoal, um franqueador pequeno, mas bem estabelecido

poderá ser melhor;

o Patrimônio líquido: o franqueador bem capitalizado tem um valor maior.

Em ocasiões de crise econômica, ele é capaz de guiar o franqueado

através das águas turbulentas da economia;

o Estabilidade financeira passada: prefere-se franqueadores cuja

empresa tenha tido um histórico estável, sem ter passado por inúmeras

re-estruturações, fusões e aquisições;

o Reservas de caixa para enfrentar as crises: mais peso deve ser dado

aos franqueadores que estiverem preparados para lidar com

emergências de caixa, se a economia ou o seu ramo de atividade der

uma reviravolta inesperada para pior.

• Outras qualificações:

o Qualidade do programa de treinamento;

o Manual operacional da franquia;

o Nível de satisfação dos outros franqueados;

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o Estilo administrativo.

Uma relação no tipo de negócio de franchising envolve uma relação de

interdependência entre o franqueado e o franqueador, onde, o pequeno franqueado

realiza uma série de atividades para a consumação das vendas. Por outro lado, o

franqueador precisa ser forte o bastante para dar um eficiente apoio administrativo

ao franqueado. Ou seja, um depende do outro para sua sobrevivência.

O franchising sob o ponto de vista legal No Brasil, o franchising foi definido sob o termo �franquia empresarial�. No qual o

franqueador cede ao franqueado o direito de uso da marca; de uso de tecnologia de

implantação; e administração do negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou

detidos pelo franqueador.

Segundo Foster (1995, p. 42), de um modo simplificado, qualquer relacionamento ou

oportunidade comercial é legalmente uma franquia. Se incluir licença de uso de

marca, padrões de qualidade, controles administrativos, apoio operacional e uma

taxa, assim definidos:

• Identidade valorizada: o franqueador oferece ao franqueado seu bom nome no

ramo. Uma identidade de sucesso é um dos pontos principais da oferta de uma

franquia. Grande parte do valor de identidade de uma franquia deriva de seu

reconhecimento e bom nome da organização franqueadora. As pessoas que

investem em franquias estão em busca de uma imagem de sucesso;

• Controle e apoio: os tipos de controle e apoio exercidos pelo franqueador incluem

um território exclusivo, treinamento na operação do negócio, seleção da

localização, técnicas de vendas, política de pessoal, apoio em propaganda e

produção e padrões de qualidade. O contrato formal entre o franqueador e o

franqueado descreve os direitos e obrigações de ambas as partes. As

recomendações, especificações e padrões de qualidade podem estar contidos

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num documento que recebe o nome de Manual Operacional, que é a �bíblia� do

franqueador. Ele documenta o formato do negócio e estabelece os padrões e as

políticas que todos os franqueados devem cumprir;

• Taxas e pagamentos: em troca da identidade valorizada e do sistema operacional

afinado, o franqueado paga ao franqueador, taxas dos seguintes tipos:

o Taxa inicial de abertura: Quanto maior a rede mais se pode esperar

pagar por ela;

o Royalties contínuos calculados sobre o faturamento bruto;

o Outras taxas para fins de propaganda, consultoria, remodelagem ou

outro tipo de apoio.

Há uma imensa variedade do nível de imagem, refinamento e sofistificação dentre as

organizações franqueadoras. Alguns franqueadores parecem agressivos,

organizados e profissionais. Outros metódicos, diligentes e durões. Outros ainda

parecerão rígidos e ansiosos para fechar o negócio. Desta forma, a decisão da

escolha de uma franquia tem três aspectos: o racional, o emocional e o financeiro.

Também há uma tendência em aplicar-se o modelo de gerenciamento de

Franchising em outros setores, como exemplificam Lopez e Vecchi (2000, p. 160) o

caso das Franquias Sociais que também trabalham em rede utilizando a mesma

metodologia, técnicas, conhecimento e experiências, cujo único objetivo e resultado

é o benefício social.

�Franchising com outro nome: Em alguns casos os investimentos anunciados como

franquias não possuem todos os componentes essenciais. Muitas ofertas

autodenominadas franquias são pouco mais que licenças de uso de marcas

comerciais ou territórios de vendas que custam muito caro.� (FOSTER, 1995, p. 45).

Foster (1995, p. 41) descreve que, em 15 de dezembro de 1994, foi decretada pelo

congresso nacional a lei declarando que sempre que o franqueador tiver interesse

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na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá ser fornecido, ao

interessado em tornar-se franqueado um documento denominado �Circular de oferta

de franquia�. O documento deve conter obrigatoriamente diversas informações

acerca do negócio, a fim de disponibilizar o máximo de informações sobre a

empresa ao pretendente. Entre elas estão: o histórico resumido, os balanços e

demonstrativos financeiros relativos aos 2 últimos exercícios, as indicação de

possíveis pendências judiciais, a descrição da franquia, o perfil do franqueado ideal,

as taxas e os royalties, a situação perante ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade

Industrial), o modelo do contrato padrão e pré-contrato. A Circula de Oferta de

Franquia deverá ser fornecida ao franqueado pelo menos 10 dias antes da

concretização da venda.

Segundo Foster (1995, p. 145), o contrato básico de franquia contém 15 partes.

Cada uma delas define um dos aspectos importantes no relacionamento entre

franqueador e franqueado:

1. Concessão da franquia: ela resume as razões de contrato e declara os objetivos

mútuos das partes que o assinam;

2. Marcas registradas: esta seção do contrato declara quem detém os registros das

marcas registradas associados à franquia, e lhe concede a licença de uso dos

mesmos. Obriga o fraqueado a proteger as marcas registradas do franqueador

contra infrações por parte de terceiros, concordando em usar as referidas marcas

apenas da maneira aprovada pelo franqueador;

3. Relacionamento entre as partes: um franqueado é o proprietário independente de

um negócio que faz um contrato com franqueador pelos serviços e benefícios

especificado. Ddesta maneira, cada parte é responsável pelas próprias dívidas,

impostos e compromissos;

4. Taxas e pagamentos: nesta cláusula, o franqueado concorda em pagar a taxa

inicial da franquia, royalties especificados e se compromete a pagá-los

pontualmente todos os meses;

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5. Treinamento e apoio: o franqueador compromete-se a fornecer um programa de

treinamento;

6. Sistema operacional: o franqueado não poderá comprar a franquia, aprender

todos os segredos do sucesso e depois vende-los a terceiros, nem pode iniciar um

outro negócio, sob um outro nome, usando os métodos que aprendeu com aquele

franqueador;

7. Implementação da franquia: o contrato de franquia costuma exigir que o

franqueado alugue e inaugure seu estabelecimento dentro de um determinado

prazo. O franqueado ou o franqueador se compromete em instalar todos

equipamentos, mobiliário, instalações, letreiro e estoque inicial para abrir o

negócio;

8. Imagem e padrões de administração do negócio: essa seção do contrato descreve

as obrigações, visando manter os altos padrões do franqueador em relação à

imagem e à administração do negócio;

9. Propaganda e marketing: exige que o franqueado use apenas os materiais de

propaganda e mídias que tenham sido desenvolvidos pelo franqueador;

10. Relatórios e auditorias: o contrato típico de franquia exige que o franqueado

mantenha todos os registros necessários para documentar suas obrigações

fiscais e calcular os pagamentos dos royalties. O contrato também pode dar ao

franqueador o direito de auditar os registros do franqueado a qualquer momento;

11. Transferência da franquia: a maioria dos contratos de franquia restringe a

possibilidade de venda da franquia. Se, por alguma razão o franqueado decidir

vender o negócio, deverá passar necessariamente pela aprovação do

franqueador;

12. Renovação: a maioria das franquias tem um contrato de prazo definido. Após um

certo período de tempo devem ser renovados. Rescisão: se o franqueado

abandonar o negócio, o franqueador pode tomar-lhe a franquia ou condenar o

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mesmo. Por outro lado, o franqueado poderá ter o direito de rescindir o contrato

se o franqueador deixar de cumprir com suas obrigações.

Os tipos de contratos podem variar de empresa para empresa, sendo estas

indicações apenas um exemplo dos itens que podem estar envolvidos.

2.5.5. Redes Corporativas

Kotler (1998, p. 499) descreve as lojas de Redes Corporativas como sendo a

existência de dois ou mais estabelecimentos, habitualmente de propriedade e

controle centralizados, que empregam uma central de compras e de merchandising

e vendem linhas de produtos similares.

As redes corporativas aparecem em todos os tipos de varejo, mas são mais fortes

em lojas de departamentos, variedades, alimentos, produtos farmacêuticos, calçados

e roupas femininas.

Seus tamanhos permitem que comprem em grandes quantidades a preços mais

baixos. Podem pagar pela contratação de especialistas para cuidar de áreas como

preço, promoção, propaganda, controle de estoque e previsão de venda.

2.5.6. Rede Voluntária

Kotler (1998, p. 499) descreve como sendo um grupo de varejistas independentes

patrocinados por um atacadista, engajado em comprar grandes lotes e compartilhar

o serviço de merchandising.

2.5.7. Cooperativa de Consumidores

Kotler (1998, p. 499) apresenta como sendo uma empresa varejista de propriedade

de seus consumidores. Começaram pela insatisfação dos consumidores em relação

aos serviços e produtos prestados pelos varejistas locais, ou em função de preços

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elevados ou de baixa qualidade dos produtos oferecidos. Os cooperados contribuem

em dinheiro para abrir suas próprias lojas, votam suas políticas e elegem um grupo

para dirigi-la. A loja pode estabelecer seus preços baixos ou normais e, neste caso,

os cooperados recebem dividendos com base em níveis individuais de compras.

2.5.8. Conglomerado de Comercialização

Kotler (1998, p. 499) define como sendo uma corporação que combina várias linhas

de varejo diversificados sob propriedade central, acompanhada de alguma

integração de suas funções de distribuição e administração.

2.6. Redes Associativas versus Franquias Devido a sua similaridade, é oportuna uma análise comparativa entre Cooperativas e

Franquias, possibilitando desta maneira enfatizar as características peculiares de

cada uma.

Quanto aos ganhos de escala, agregação de valor e vantagens competitivas, a

franquia também pode ser considerada uma rede.

Ambos os modelos enquadram-se dentro da Teoria Geral dos Sistemas, que fala

que as moléculas existem dentro de células (funcionários e demais colaboradores

dentro de uma empresa), as células dentro de um tecido (empresas dentro da rede),

tecidos dentro dos órgãos (rede dentro do mercado), e assim por diante. Segundo a

visão holística, a totalidade do conjunto (união de empresas), representa mais do

que a soma de suas partes individuais (empresas atuando separadamente), já que

elas disputam todas um mesmo mercado.

As distinções básicas entre rede cooperativa e franquia se dão no que se refere ao

tipo de autoridade, processo decisório, liderança e comunicação.

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Na aliança em franquia o processo decisório é de responsabilidade do franqueador.

As relações se dão em sentido vertical, existindo a figura do supervisor. Evidenciam-

se características de uma organização linear e centralizada, defendida pela teoria

clássica e pela administração científica, que fala sobre padronização e supervisão,

onde o grau de autoridade para decidir está concentrado no conselho de

administração, que é composto por um número restrito de pessoas. O tipo de

liderança é autocrática. É classificado, segundo a Escola Comportamental, como um

sistema �autoritário benevolente�. Desta forma, a rede de comunicação é

caracterizada como uma roda, onde a rapidez de influenciação é rápida e a

informação é transmitida de forma precisa, sendo a ênfase no líder (franqueador)

muito evidenciada e o moral do grupo (franquias) muito pobre.

A associação cooperativa está classificada pela Escola Comportamental como um

sistema �participativo�, que é totalmente descentralizado, democrático e aberto, onde

o sistema de comunicações é intenso, envolvente e aberto.

A respeito do tipo de autoridade, poder-se-ia dizer que a associação segue os

princípios da organização linha-staff, devido à presença e à importância das

comissões. Se fosse observado apenas o organograma, diria-se tratar de uma

organização centralizada, já que a assembléia é soberana, e assim, centralizadora

de poder. Entretanto, ela é composta por muitas empresas e todos os empresários

têm direito igual de voto. Assim, o presidente funciona apenas como um mediador

nos debate e tem participação praticamente igual aos demais. A divisão, criação e

crítica às atribuições ficam totalmente a cargo do grupo (assembléia ou comissões,

dependendo do caso). É ele quem define a composição e competência das

comissões. Sendo assim, o estilo de liderança é liberal e se trata de uma

organização descentralizada. As assembléias utilizam o enfoque participativo, o que

permite a discussão e uma completa reciclagem dos processos, fazendo um paralelo

com a �nova roupagem� da Administração por Objetivos. Além disso, o sistema de

administração participativo proporciona a homeostasia do sistema, permitindo que

algumas decisões, metas ou planejamentos sejam revistos conforme a reação

(retroação) do mercado. Porque há uma participação efetiva dos empresários, que

juntos têm uma percepção mais clara do mercado.

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Para isso é necessário que a rede de comunicação seja em forma de círculo, no

qual, devido ao tamanho do grupo e à necessidade de um consenso, a rapidez de

influenciação é lenta, para proporcionar acesso às informações para todas as

�células do sistema�. O moral do grupo é muito bom, devido à inexistência da figura

centralizadora do líder e, por isso, a flexibilidade para mudança no cargo é muito

rápida.

As redes associativas, em geral têm cadeias de comando mais curtas e

descentralizadas, proporcionando maior amplitude de controle e empowerment do

grupo. Sugerem também, maior número de atribuições às equipes de trabalho,

buscando mais participação e comprometimento entre as partes do sistema (que é

totalmente aberto) para a eficácia de suas atividades.

Através dessa análise, e segundo Chiavenato (2000, p. 404) pode-se dizer que o

sistema de redes associativas utiliza o estilo administrativo da Teoria Y. Este estilo

defende que os colaboradores devem ter autocontrole e autodireção, baseado na

confiança interpessoal, na sua liberdade e autonomia, na delegação de

responsabilidades e na descentralização de decisões. Para isso, deve-se confiar no

potencial criativo das pessoas proporcionado por uma administração democrática e

participativa.

2.7. Considerações acerca do capítulo Buscou-se mostrar no decorrer deste capítulo, o acelerado e complexo processo de

desenvolvimento do comércio varejista, destacando os principais tipos de sistemas

de distribuição. Deu-se ênfase nos Tipos de Negócio de Franquias e as

Cooperativas de Varejistas, sendo este último ainda pouco difundido no Brasil, mas

logicamente apresentando possibilidade de crescimento e sucesso em setores

específicos. O caso das franquias, apesar de ser um relacionamento de certa

complexidade, claramente infere vantagens a quem adquire uma franquia de boa

qualidade. Assim, o franchising não se caracteriza como meramente um contrato

entre as partes, mas sim um complexo sistema de apoio mútuo. Esta análise será

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mais abrangente nos próximos capítulos, onde estão descritos os diversos fatores de

vantagem competitiva que possibilitam um desempenho superior para cada caso.

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CAPÍTULO 3 � ESTRATÉGIA COMPETITIVA 3.1. Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva Este capítulo faz a apresentação das principais teorias modernas que regem a

Estratégia Competitiva, fundamentada a priori no campo da Estratégia Empresarial.

A partir de uma pesquisa bibliográfica expõe-se a visão dos principais autores e

escolas que abordam o tema. O intuito não é descrever os procedimentos para o

desenvolvimento da estratégia, mas sim, reconhecer fatores do âmbito destas

disciplinas que possibilitem às empresas varejistas criar e manter a vantagem

competitiva.

Toda empresa que compete em um determinado setor, possuí uma estratégia

competitiva, seja ela explícita (por meio de um processo de planejamento) ou

implícita (através das atividades diretas da empresa). As disciplinas de Planejamento

Estratégico e/ou Estratégia Empresarial são, portanto, de fundamental importância

uma vez que as empresas geralmente englobam cenários complexos. Possibilitando

assim, a análise, a comparação e o estudo, apesar da complexidade do varejo.

Uma vez que os objetivos deste estudo estão relacionados aos fatores de vantagem

competitiva no varejo, faz-se necessária a definição do termo �fator�, que segundo o Dicionário Aurélio significa: 1. Aquele que faz ou executa alguma coisa. 2. Aquilo

que contribui para um resultado. Desta forma, considera-se oportuno o uso da

palavra �fatores�. A 1ª definição é fundamental, uma vez que a estratégia

determinada deverá necessariamente ser implementada. Em relação a 2ª definição,

no sentido de algo que contribui para o resultado, no âmbito deste trabalho seria a

vantagem competitiva sustentável (VCS). O termo �Fatores Críticos de Sucesso�

que é de uso corrente na literatura tem a conotação similar a �Fatores de Vantagem

Competitiva�. Contudo, o segundo termo é mais adequado, pois está mais explicito

aquilo que se busca como resultado, ou seja, a Vantagem Competitiva Sustentável e

também por ser este termo mais abrangente do que o primeiro.

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A estratégia é algo complexo, e segundo Mintzberg (2000, p. 10), existem muitas

escolas e pontos de vista acerca de Planejamento Estratégico e Estratégia

propriamente dita, cada qual tem sua visão, bem como suas limitações. Ele descreve

as dez principais escolas, conforme sua ótica:

• Escola do Design � formulação de estratégias como processo de concepção;

• Escola do Planejamento � formulação da estratégia como processo formal;

• Escola do Posicionamento � formulação da estratégia como um processo

analítico;

• Escola Empreendedora: formulação da estratégia como um processo visionário;

• Escola Cognitiva: formulação da estratégia como um processo mental;

• Escola do Aprendizado: formulação da estratégia como um processo emergente;

• Escola do Poder: formulação da estratégia como um processo de negociação;

• Escola Cultural: formulação da estratégia como um processo coletivo;

• Escola Ambiental: formulação da estratégia como um processo reativo;

• Escola de Configuração: formulação da estratégia como um processo de

transformação.

Todas estas escolas, de certa forma, dão sua contribuição para a formação da

estratégia. Porém, algumas não são adequadas para alcançar os objetivos aqui

propostos, enquanto outras são vitais. Nenhuma destas escolas, isoladamente, pode

ser responsável pelo sucesso da estratégia. Assim, a visão de um mix de estratégias

será priorizada, buscando maneiras de combiná-las, selecionando a escolha das

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escolas e dos autores, bem como as semelhanças e conexões entre eles, em

sintonia com os objetivos propostos.

Infelizmente, como a maior parte das perspectivas estratégicas surgiu de disciplinas independentes, os teóricos abordam a estratégia com perspectivas diferentes, porém, às vezes, a compatibilidade entre as perspectivas é maior do que se imagina. (DAY, 1999, p. 23).

Mintzberg (2000, p. 34) em sua crítica a escola do design destaca a importância do

processo de aprendizagem na formação da estratégia. Isto leva a reconsiderar a

análise dos resultados de pesquisas publicadas pelo Sebrae, mencionadas

anteriormente, de que a grande maioria das pequenas empresas fecha suas porta

antes de completar dois anos. Pode-se concluir que há uma grande �quebra� por

falta de conhecimento. Portanto, a sustentação da empresa nos primeiros anos seria

um dos primeiros e principais fatores de vantagem competitiva. Esta

�sustentabilidade�, a curto prazo, no mínimo mudaria as estatísticas, e poderia ser

conseguida, por exemplo, com o apoio das entidades interessadas e a

conscientização das dificuldades para �alavancar� o negócio, o que já é sugerido

nestas pesquisas.

Mintzberg (2000, p. 36) prossegue em sua critica a escola do design, enfatizando a

necessidade de se fazer da estratégia um sistema integrado com a realidade. Isto é,

implementá-la na medida em que ocorre o aprendizado e não somente formatá-la

como sugere esta escola. Isto remete à necessidade de criação de mecanismos de

feedback eficientes, principalmente em ambientes �turbulentos� tal qual o mundo se

apresenta hoje (dinâmico e complexo). A estratégia deve caminhar lado a lado com

sua implementação e vice-versa.

�O importante é o desempenho da organização não seu planejamento�.

(MINTZBERG, 2000, p. 54).

Em seus livros, Michael Porter (escola do posicionamento), propôs técnicas para se

realizar a análise competitiva.

Porter afirmou que poucas estratégias-chave � como posições no mercado são desejáveis: as quais podem ser defendidas contra concorrentes atuais e

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futuros. Entende-se por facilidade de defesa que as empresas que ocupam essas posições têm lucros maiores que as outras empresas do setor. O que provê um reservatório de recursos com os quais elas podem expandir-se e, com isso ampliar e consolidar sua posição.(MINTZBERG, 2000, p. 69).

Outra premissa da escola do posicionamento é ficar com um número limitado de

estratégias ou categorias de estratégias (Estratégias Genéricas), por exemplo:

custos ou diferenciação do produto. A limitação gerada por este fato induz à

necessidade de realizar escolhas, ficando aqui convencionado chamar-se estas

escolhas de tradeoff�s, e assim restringir a implementação de fatores que contribuam

com a eficácia operacional e a qualidade dos serviços e produtos. Estes fatores

podem ou não vir a ser �Fatores de Vantagem Competitiva� dependendo do acerto

dos tradeoff�s. No varejo, pode-se citar como exemplo da necessidade de fazer

escolhas: no mix de produtos; nos veículos de comunicação utilizados para

propaganda; no perfil dos clientes; na tecnologia empregada.

Tradeoff�s são escolhas, que implicam em �abrir mão� de certas vantagens em favor

de outras, ou renunciar a algumas atividades, a produtos, a serviços, a áreas de

atuação, a estratégias (custo, diferenciação). Enfim, fazendo uma escolha clara

entre estes, em prol de um ou de outro. Também significa escolher o que não fazer.

Tradeoff é, portanto, o alicerce da estratégia e da sustentabilidade..

�As notas musicais são apenas 7, mas suas melodias são tão numerosas que não

podemos ouvi-las todas.� (SUN TSU apud MINTZBERG, 2000, p. 71).

�o uso hábil e prudente da força de combate capacitará o comandante a realizar a

missão com dispêndio mínimo de recursos. Este princípio... não significa poupar,

mas sim a alocação medida da força de combate disponível...�(SUMMERS apud

MINTZBERG, 2000, p. 73).

Este último parágrafo, oriundo de máximas militares, é um conceito especialmente

importante, pois refere-se a necessidade de estabelecer estratégias especificas para

cada situação ou necessidade. Enfatizando a desnecessidade de todos os recursos

disponíveis para obter o resultado desejado. O que daria um dispêndio muito além

das possibilidades reais.

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Mintzberg (2000, p. 74) salienta que outros autores de estratégia, também

embasados em máximas militares, consideram-nas verdadeiras minas de ouro da

estratégia competitiva. Observando semelhanças notáveis entre os negócios e o uso

de armamentos concebidos com o fim de lutar. Robert Katz apud Mintzberg (2000, p.

75) sugere que:

�a estratégia básica para todas as empresas deve ser de concentrar recursos onde

a empresa tem uma vantagem competitiva�.

Katz acrescentou que, para a pequena empresa:

a. Ataque quando o inimigo se retirar;

b. Não tire pleno proveito de todas as oportunidades;

c. Seja o mais inconspícuo possível;

d. Reaja rapidamente.

Mintzberg (2000, p. 76) salienta a importância das máximas militares ao mesmo

tempo em que pede cuidado ao utilizá-las, pois muitas vezes estas são óbvias e

podem não gerar resultados.

Day (1999, p. 63) aponta que, duas Perspectivas proeminentes das vantagens

competitivas são que elas resultam ou da posição da empresa na indústria ou de

seus recursos ou capacidades. De acordo com a abordagem das forças estruturais,

as vantagens resultam de se assegurar um custo justificável ou da posição de

diferenciação nos segmentos mais atraentes do mercado total. A visão baseada nos

recursos, ao contrário, relaciona um desempenho superior a recursos específicos e

de difícil reprodução que a empresa possui. Esses ativos e capacidades determinam

o grau de eficiência e eficácia do desempenho de uma empresa em suas atividades

funcionais. E destaca que, por outro lado, esses recursos são resultados de

investimentos passados feitos para melhorar a posição competitiva.

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3.2. Vantagem Competitiva Diz-se que uma empresa que obtém retornos financeiros superiores dentro do seu

setor a longo prazo goza de uma vantagem competitiva sobre seus rivais, este pode

ser um forte indicador de vantagem competitiva.

Porter (1980), afirma que um número limitado de estratégias (estratégias-chave) que

pudessem ser defendidas contra concorrentes atuais e futuros é desejável.

Provendo, desta forma, um maior lucro e consecutivamente um reservatório de

recursos com os quais pode-se podem ampliar e consolidar uma posição. Levando a

necessidade de análise da posição atual, e considerar os tradeoff�s para alcançar

uma posição única. Otimizando e concentrando os recursos disponíveis onde a

empresa tem ou pode desenvolver uma vantagem competitiva.

�A formação da estratégia é vista como um processo controlado e consciente, que

produz estratégias completamente desenvolvidas, a serem tornadas explícitas antes

da sua implementação formal�. (KATZ apud MINTZBERG, 2000, p. 75).

Em uma arena competitiva, as empresas procuram desenvolver e sustentar as vantagens competitivas sobre os concorrentes. As vantagens se baseiam nos ativos e nas capacidades da empresa que lhe garantem posições competitivas superiores. Em ambientes dinâmicos, as empresas devem focalizar cada vez mais as estratégias para a renovação das vantagens. (DAY, 1999, p. 59).

As obras de Porter, 1980 e 1985 oferecem uma base, e um conjunto de conceitos

importantes para a análise competitiva, os principais são: Modelo de Análise

Competitiva, Conjunto de Estratégias Genéricas e sua noção da Cadeia de Valor.

Nos últimos anos é também crescente a importância atribuída ao que Porter (1996)

define com Efetividade Operacional (OE), que basicamente se traduz em um

aumento de produtividade (Programas de Qualidade, Reengenharia, Benchmarking,

Just-in-Time, dentre tantos outros instrumentos e técnicas gerenciais). Diminuiu-se,

assim, a atenção dispensada pelos administradores ao desenvolvimento de

estratégias que possibilitam a criação de uma posição distinta no mercado,

edificando barreiras sutis que os protegerão de ameaças competitivas.

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�Estratégia é buscar uma vantagem competitiva sobre os concorrentes e, ao mesmo

tempo, diminuir a erosão das vantagens atuais.� (DAY, 1999, p. 59).

Segundo Porter (1989), a vantagem competitiva surge do valor que uma empresa

tem condições de criar para seus clientes, disponibilizando preços menores do que a

concorrência por benefícios equivalentes ou fornecer maiores benefícios que

justifiquem também um preço maior (preço prêmio). Qualquer atividade pode

contribuir para a alavancagem da vantagem competitiva, uma vez que fontes

potenciais de vantagem competitiva estão distribuídas em todas as partes da

empresa.

Deste modo, a análise das fontes de vantagem competitiva envolve uma série de

atividades, disciplinas e a inter-relação entre elas.

3.2.1. Modelo de Porter para a análise competitiva O uso do modelo de Porter se justifica, por enquadrar-se em um mix de estratégias,

como proposto anteriormente. Como representante da escola do posicionamento,

ele faz uma ampla análise do ambiente competitivo, e demonstra em suas teorias os

caminhos para alcançar a sustentabilidade.

Porter (1985) identifica cinco forças no ambiente competitivo que influenciam a

concorrência:

• Ameaça de Novos Entrantes: Para que novas empresas consigam entrar em um

determinado mercado é necessário que elas superem certas �barreiras de

entrada�, Porter (1999, p. 30) enumera seis sustentáculos das barreiras de

entrada:

1. Economias de escala: envolve escala de produção, de compras, de pedidos, de

marketing, produtividade e outras;

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2. Diferenciação: tal como, identificação com a marca, lealdade dos consumidores,

propaganda, serviços aos clientes, pioneirismo no setor e outras peculiaridades do

serviço;

3. Exigência de capital: o capital é necessário não só para investimentos iniciais ou

instalações físicas, mas também o é para muitas despesas irrecuperáveis, como,

propagandas, inovação tecnológica, sistemas de gerenciamento e controle,

prejuízos iniciais, e outros;

4. Desvantagens de custo independentes do tamanho: marca conhecida,

conhecimento do negócio, localização favorável, acesso aos melhores

fornecedores, enfim uma séria de pré-requisitos decorrentes da curva da

aprendizagem;

5. Acesso a canais de distribuição: reflete a transferência do poder do fabricante para

os canais de distribuição;

6. Políticas Governamentais: por exemplo, através de normas, leis, patentes e

regulamentações.

Quanto mais elevadas forem as barreiras, maior será a dificuldade de surgirem

novos concorrentes e mais cômoda será a posição. Enquanto barreiras baixas levam

a um aumento da competitividade, onde poucas coisas podem ser dadas como

certas. As empresas que estiverem interessadas em entrar no setor pensaram duas

vezes se:

• Poder de Barganha dos Fornecedores: os fornecedores podem ter poder em

diversas situações. Por exemplo: quando querem cobrar mais pelos seus produtos

e não há outros fornecedores para o mesmo produto, ou, o setor é dominado por

poucas empresas;

• Poder de Barganha dos Clientes: os clientes de uma empresa querem que os

preços baixem e a qualidade aumente. Sua capacidade em atingir seus objetivos

depende de quanto compram, da informação que dispõe, sua disposição para

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mudar de fornecedor, das opções de fornecedores disponíveis ou os compradores

representam uma ameaça concreta de integração para trás;

Tanto na relação Cliente x Fornecedor, como Fornecedor x Cliente a vantagem

pende para o lado de quem têm mais opções, assim como menos a perder com o

término da relação. Porter (1999, p. 37) salienta que:

�O poder de compra dos varejistas é determinado pelas mesmas regras, com um importante elemento adicional: eles são capazes de conquistar um expressivo poder de negociação junto aos fabricantes quando conseguem exercer alguma influência sobre as decisões de compra dos consumidores.�

• Ameaça de Produtos Substitutos: a possibilidade de substituição dos produtos ou

empresas pode ser alavancada pela variação de preços, da qualidade

(desempenho), pelo acesso a novos produtos e a propensão dos compradores

para substituir;

• Intensidade da rivalidade entre as empresas concorrentes: todos os fatores

anteriores convergem para a rivalidade, que pode ser vista como o cruzamento

entre guerra e diplomacia, onde as empresas manobram para conquistar

posições. Elas podem se atacar umas às outras ou concordar tacitamente em

coexistir, por vezes até formando alianças. Isto depende dos fatores anteriormente

discutidos. Por exemplo: A ameaça de produtos substitutos e o poder de barganha

dos fornecedores podem levar empresas a se unirem, tal como ocorre nas

cooperativas de varejo.

As 5 forças de Porter auxiliam à formulação de estratégias. Dada a gama das forças

externas possíveis, pode-se imaginar que a gama de estratégias possíveis é

também grande. Mas, Porter assume a posição oposta: somente umas poucas

�estratégia genéricas� sobrevivem à concorrência a longo prazo. Elas também

determinam a rentabilidade da indústria, pois influenciam os preços, os custos e os

investimentos necessários, que são os elementos básicos de retorno sobre o

investimento (ROI).

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Poder de Negociação dos Clientes

Poder de Negociação

dos Fornecedores

Ameaça de substitutos

�A competição num determinado setor se encontra arraigada na sua economia

subjacente e algumas forças competitivas vão bem além dos combatentes nele

estabelecidos�. (PORTER, 1999, p. 27).

Figura 3.1. 5 Forças Competitivas que determinam a rentabilidade em um setor

(PORTER, 1989, p. 4).

Algumas considerações são importantes acerca do modelo das 5 Forças de Porter:

1. Quanto mais fracas as forças, maior a possibilidade de um desempenho superior;

�A estratégia competitiva visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra

as forças que determinam a concorrência no setor.� (PORTER, 1999, p. 1)

2. O conhecimento das fontes subterrâneas de pressão competitiva constitui-se nos

pilares da agenda estratégica para a ação. Isto é, deve-se determinar as sutilezas

Concorrentes

Rivalidade entre as empresas

concorrentes

Clientes

Fornecedores

Novos Entrantes

Substitutos

Ameaça de novosentrantes

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referentes a cada uma destas forças, a fim de determinar-se os pontos fortes e os

fracos, com vista a ocupar uma posição distinta.

O potencial do setor dependerá, sobretudo, da configuração das futuras barreiras de entrada, da melhoria da posição do setor em relação aos substitutos, da intensidade final da competição e do poder conquistado pelos compradores e fornecedores. Por sua vez, essas características serão influenciadas por fatores como: o estabelecimento da identidade com a marca; as economias de escala ou as curvas da experiência, amoldadas pela mudança tecnológica; o custo de capital final e a extensão das despesas gerais nas instalações. (PORTER, 1999, p. 43).

As 5 forças determinam a rentabilidade da indústria em grande parte porque

influenciam os preços, os custos e o investimento necessário, que são os elementos

de retorno sobre o investimento.

Esta análise induz à reflexão acerca da necessidade de um balanceamento através

das escolhas entre as diversas possibilidades. A decisão de escolha entre as

possibilidades conhecidas como tradeoff, isto é, assumir através de processo

decisório e de exclusão de um em prol de outro, os fatores que potencializem o

desempenho do negócio. Porter (1989, p. 6) enfatiza que, a metodologia das 5

forças não elimina a necessidade de criatividade na busca de novas formas de

concorrência em uma indústria. Ao contrário, ela dirige as energias criativas dos

administradores para os aspectos da estrutura do setor que são mais importantes

para a rentabilidade a longo prazo. Desta maneira, as escolhas estratégicas podem

levar às empresas a melhorar ou piorar a sua posição dentro do setor.

A vantagem competitiva (VC) surge fundamentalmente do valor que o cliente está

disposto a pagar acima do seu custo. Porter (1989, p. 7) salienta que, a satisfação

das necessidades do comprador pode ser um pré-requisito para a rentabilidade da

indústria, mas não é, por si só, suficiente. A questão crucial na determinação da

rentabilidade é se as empresas podem captar o valor por elas criado para os

compradores, ou se este valor é capitalizado por outros. A estrutura do setor (5

forças), determina quem capta o valor.

�A estratégia é algo complexo. O impacto de uma estratégia é determinado não

apenas pela ação inicial da empresa, mas também pela interação da estratégia com

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concorrentes, clientes e outros protagonistas do ambiente competitivo�. (DAY, 1999,

p. 15).

Através da análise das 5 forças de Porter, é possível responder à pergunta

fundamental da estratégia: onde está a sua vantagem sobre seus rivais? Day (1999,

p. 32) observa que, em ambientes dinâmicos, as fontes e a natureza dessas

vantagens muitas vezes passam por mudanças rápidas. Day (1999, p. 58), alerta

para o fato de que muitas vezes supõe-se que as 5 forças desempenham papéis

bem definidos e estáveis. Porém é comum, atualmente, que os rivais colaborem

entre si ativamente, como nas cooperativas de varejo ou nas parcerias com

fornecedores e clientes. Alerta, ainda, para o fato da mentalidade de natureza

truncada desta análise, que é naturalmente contrária ao espírito de confiança,

compartilhamento de informações e tomada de decisões conjunta, que são os

elementos necessários em relações duráveis. De certa maneira é incongruente a

uma relação competitiva nos moldes de novos tipos de sistemas de distribuição, tal

como cooperativa de varejistas. Por este motivo denominadas como paradigmas,

pois dependem em grande parte de uma cultura favorável ao seu desenvolvimento.

3.2.1.1. Estratégias Genéricas de Porter

Porter afirmou que existem apenas dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir: baixo custo ou diferenciação, que combinadas com mais uma, o �escopo� de uma determinada empresa (a gama de segmentos de mercado visados) produzem três estratégias genéricas que alcançam um desempenho acima da média numa indústria: liderança de custo, diferenciação e �foco� (escopo estreito). Para Porter, ser tudo para todos é uma receita para a mediocridade estratégica e desempenho abaixo da média: as empresas precisam fazer uma opção para obter vantagem competitiva.(MINTZBERG, 2000, p. 83).

As estratégias genéricas são as seguintes:

1. Liderança em Custo: produtos de baixo custo. É realizado através de ganho de

experiência, investimento em instalações para a produção em grande escala, uso

de economia de escala e monitoração cuidadosa dos custos totais (gerenciamento

da qualidade total, downsizing, análise de valor e outros controles);

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2. Diferenciação: envolve o desenvolvimento de produtos ou serviços únicos, A

empresa pode oferecer qualidade mais alta, melhor desempenho ou

características únicas, que são fatores que podem justificar um preço mais alto;

3. Foco: esta estratégia procura atender segmentos de mercado estreitos. Pode-se

�focar�: grupos de clientes, linhas de produtos ou mercados geográficos. A

estratégia pode ser de �foco na diferenciação�, pela qual as ofertas são

diferenciadas no mercado almejado, ou de �foco na liderança em custo�, pela qual

a empresa vende a baixo custo no mercado almejado.

Apesar da coerência das propostas destas estratégias, Mintzberg (2000, p. 84) cita

alguns autores que contestam sua validade, indicando ainda exemplos de empresas

que seguiram estas estratégias e foram surpreendidas, como empresas que

seguiram estratégias amplas e obtiveram sucesso. Estes autores concluem que há

enormes recompensas para quem puder resolver os �dilemas de opostos�. Contudo,

não há sentido nesta discussão uma vez que apesar da adoção destas estratégias

podem ocorrer falhas, ou pontos frágeis na sua estruturação.

Guemawat (2000, p. 67) questiona: Até que ponto seriam comuns empresas com

duplas vantagens competitivas? Nos anos 90, o consenso geral, mas não universal

entre estrategistas, não enfatizava estratégias genéricas. Em vez disso, adotava-se

a idéia de que a posição competitiva precisa levar em conta um custo relativo e uma

diferenciação, e reconhece a tensão entre ambos. Por esta visão, o posicionamento

é um esforço para associar, ao máximo possível, custo e diferenciação. À medida

que aumenta a diferenciação, o mesmo se dá com o custo, na maior parte dos

casos; porém, a maior diferença entre os dois não ocorre necessariamente nos

extremos de baixos custos e altos preços. A posição ideal representa uma opção a

partir de um espectro de concessões entre custo e diferenciação, e não uma escolha

entre estratégias genéricas mutuamente exclusivas.

Porter afirmou que tais vantagens são raras, sendo normalmente baseadas em diferenças operacionais entre empresas que são facilmente copiadas. Outros afirmam que a rejeição das trocas entre custo e diferenciação representa uma forma fundamental para transformar a concorrência numa indústria. O debate continua até hoje. (GUEMAWAT, 2000, p. 67).

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3.2.1.2. Cadeia de Valor de Porter

A vantagem competitiva não pode ser entendida olhando-se a empresa como um todo. Ela provém das muitas atividades distintas executadas por uma empresa ao projetar, produzir, comercializar, entregar e prestar assistência técnica ao seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a posição relativa de custo de uma empresa e criar uma base para a diferenciação. A cadeia de valor desagrega uma empresa em suas atividades estrategicamente relevantes para compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação. (PORTER, 1980 apud GUEMAWAT, 2000, p. 64).

Porter (1985) introduziu uma estrutura que chamou de Cadeia de Valor. Ela sugere

que uma empresa pode ser desagregada em atividades (primárias e de apoio),

sendo que o modo como elas interagem é fundamental na geração dA vantagem

competitiva. A figura 3.2. mostra a cadeia de valor de Porter.

INFRA ESTRUTURA DA EMPRESA

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

AQUISIÇÃO

LOGÍSTICA INTERNA

LOGÍSTICA EXTERNA

MARKETING E VENDAS

SERVIÇOS

ATIVIDADES PRIMÁRIAS

ATIVIDADES DE APOIO

MAR

GEM

MARG

EM

Figura 3.2: Cadeia de Valor de Porter (PORTER, 1989, p. 35).

As atividades primárias estão diretamente envolvidas no fluxo de produtos até o

cliente e incluem logística de entrada (recebimento, armazenagem, etc.), operações

(transformações), logística de saída (processamento de pedidos, distribuição física,

etc.), marketing & vendas e serviços. As atividades de apoio existem para apoiar as

atividades primárias. Elas incluem suprimento, desenvolvimento tecnológico,

gerenciamento de recursos humanos e provisão da infra-estrutura da empresa (por

exemplo, finanças, contabilidade, administração geral, e outros).

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�uma empresa ganha vantagem competitiva, executando estas atividades

estrategicamente importantes de uma forma mais barata ou melhor do que a

concorrência� (PORTER, 1989, p. 31).

A palavra �margem� do lado direito da figura indica que as empresas alcançam

margens de lucro baseadas em como é gerenciada a cadeia de valor. As linhas

pontilhadas da figura pretendem demonstrar que todas as atividades de suporte

(com exceção da infra-estrutura) podem ser associadas a cada uma das atividades

primárias e também dar suporte a toda a cadeia. A infra-estrutura é mostrada

aplicando-se à cadeia inteira, em vez de a qualquer de suas partes.

Para Porter, a cadeia de valor provê uma maneira sistemática de examinar todas as atividades desempenhadas pela empresa e como elas interagem entre si. Em sua visão, a totalidade da cadeia de valor deve ser considerada. Por exemplo, ser o melhor em marketing pode não ser uma vantagem estratégica se isto não estiver bem coordenado com as operações. (MINTZBERG, 2000, p. 85).

A análise da cadeia de valor fracionando a empresa em seus vários setores

(direcionadores de custos) fornece as posições onde estão alocados os custos e

possibilita a sua mensuração e comparação com os demais concorrentes.

Guemawat (2000, p. 78�79) acrescenta que a vantagem competitiva provém de um

conjunto integrado de opções a respeito de atividade. Assim, segundo ele, uma

empresa cujas opções não se encaixem bem entre si terá pouca probabilidade de

sucesso. Esta visão do todo integrado possibilita o aumento das forças nas ligações

positivas, que se reforçam mutuamente, entre atividades que fazem o todo ser maior

que a soma das suas partes.

A Cadeia de Valor de uma empresa se encaixa em uma corrente maior de

atividades, que Porter denomina de Sistema de Valores, conforme demonstrado na

figura 3.3:

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Figura 3.3: Sistema de Valores de Porter � Empresa de uma única Indústria

(Porter, 1989, p. 32).

A figura do Sistema de Valores exemplifica a rota dos produtos, passando pela

Cadeia de Valor do Canal antes de chegar ao comprador. Os canais executam

outras atividades que afetam o comprador, bem como influenciam as atividades da

empresa. Sendo assim, não só o comportamento da Cadeia de Valores afeta a

vantagem competitiva, mas também o modo como a empresa se enquadra no

Sistema de Valores. Deste modo as inter-relações entre as diversas atividades da

Cadeia de Valor e do Sistema de Valor propiciam uma maior vantagem competitiva,

além daquelas oriundas de cada atividade de valor.

No varejo, o Sistema de Valores de Porter dá subsídios para o entendimento mais

refinado da relação entre fornecedores e canais, sendo muito importante para a

análise do Franchising onde existe a formação de uma espécie de coalizão realizada

através de um contrato mediador desta relação. Para a análise de Cooperativa de

Varejistas também é uma ferramenta fundamental para compreensão das relações

envolvidas.

Segundo Porter (1989, p. 33), as coalizões envolvem coordenar ou compartilhar

cadeias de valor com seus participantes, o que amplia o escopo efetivo da empresa.

A vantagem competitiva obtida através do bom gerenciamento da cadeia de valor e

da sincronia entre o sistema de valor, pode se dar basicamente de duas formas,

através da diminuição dos custos totais, derivada da otimização das atividades; e

pela ocupação de uma posição única frente aos concorrentes, através da

administração diferenciada de sua cadeia de valores.

No varejo algumas das atividades descritas na Cadeia de Valor não são executadas

diretamente, mas por outro lado, a sincronia de algumas atividades no âmbito de um

sistema de valor pode determinar formas indiretas de vantagem competitiva. Haja

Cadeia de Valor do Fornecedor

Cadeia de Valor da Empresa

Cadeia de Valor do Canal

Cadeia de Valor do Comprador

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vista a grande quantidade de atividades que é possível se executar no processo de

distribuição.

Porter (1989, p. 36�40) descreve as principais atividades de valor, de modo a

possibilitar sua identificação em Atividades Primárias e Atividades de Apoio.

3.2.1.2.1. Atividades Primárias São cinco categorias genéricas que estão envolvidas nas atividades primárias,

conforme foi demonstrado na figura 3.2. Sendo que cada categoria pode ser dividida

em várias atividades distintas que dependem do setor em que atua a empresa e da

estratégia.

• Logística Interna: atividades associadas ao recebimento, armazenamento e

distribuição de insumos, manuseio de material, controle de estoque, programação

de frotas, veículos e devolução para fornecedores;

• Operações: atividades associadas à transformação dos insumos no produto final,

como trabalho com máquinas, embalagens, montagens, manutenção de

equipamentos, testes, impressão e operações de produção;

• Logística Externa: atividades associadas à coleta, ao armazenamento e à

distribuição física de produto para compradores, como: a armazenagem de

produtos acabados; o manuseios de materiais; a operação de veículos de entrega;

o processamento de pedidos e programação;

• Marketing e Vendas: atividades associadas a oferecer um meio pelo qual

compradores possam comprar e induzi-los a fazer isto, como: a propaganda; a

promoção; a força de vendas; a cotação; a seleção de canal; as relações com

canais e a fixação de preços;

• Serviços: atividades associadas ao fornecimento de serviço para intensificar ou

manter o valor do produto, como: a instalação; o conserto; e o treinamento.

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Porter (1989, p. 37) observa que para uma empresa varejista, a logística externa

pode ser praticamente inexistente, sendo as operações a categoria vital. Marketing,

vendas e serviços também são atividades importantes neste caso. O controle de

estoques se destaca na logística interna.

�Em qualquer empresa, todas as categorias de atividades primárias estarão, até

certo ponto, presentes, e desempenham algum papel na vantagem competitiva�

(PORTER, 1989, p. 37).

3.2.1.2.2. Atividades de Apoio As atividades de apoio podem ser divididas em quatro categorias genéricas, também

apresentadas na figura 3.2. Tal como as atividades primárias dividem-se em uma

série de atividades distintas:

• Aquisição: refere-se à função de compra de insumos empregados na cadeia de

valor da empresa, e não aos próprios insumos adquiridos. Embora estes insumos

adquiridos estejam comumente associados a atividades primárias, eles estão

presentes em cada atividade de valor. Insumos adquiridos incluem matéria-prima,

suprimentos e outros itens de consumo, bem como, ativos em geral. A aquisição

pode ser dividida em atividades como qualificação de novos fornecedores,

aquisição de grupos diferentes de insumos adquiridos e supervisão contínua do

desempenho dos fornecedores. Emprega-se tecnologias que padronizam

procedimentos para lidar com vendedores, normas de qualificação e sistemas de

informação. A aquisição tende a se espalhar pela empresa inteira;

�Práticas de compra melhores podem afetar intensamente o custo e a qualidade dos

insumos adquiridos, bem como de outras atividades associadas ao recebimento e ao

uso dos insumos, e à interação com fornecedores�.(PORTER,1989, p. 38).

A citação anterior possibilita uma comparação prematura entre varejistas

independentes e redes. Em que as próprias forças competitivas, aliadas a uma maior

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escala, possibilitam um acesso mais fácil à tecnologias auxiliares de aquisição e

conseqüentemente uma maior vantagem competitiva.

• Desenvolvimento de Tecnologia: cada atividade de valor envolve tecnologia, seja

ela know-how, procedimentos e métodos, ou, a própria tecnologia envolvida nos

equipamentos. De uma maneira geral, o desenvolvimento de tecnologia consiste

em várias atividades que podem ser agrupadas em esforços para aperfeiçoar os

produtos e o processo. No setor varejista as tecnologias mais comuns

empregadas são relacionadas à automação de escritório, contudo, outras

tecnologias menos perceptíveis devem estar ali presentes, tal como, know-how de

atendimento e vendas e, mais recentemente, sistemas automatizados de pedidos;

• Gerência de Recursos Humanos: consiste nas atividades envolvidas no

recrutamento, na contratação, no treinamento, no desenvolvimento e na

compensação de todos os tipos de pessoal. A gerência de recursos humanos

apóia às atividades primárias e apóia e à cadeia inteira;

• Infra-estrutura da Empresa: consiste em uma série de atividades, incluindo

gerência geral, planejamento, finanças, contabilidade, jurídico e gerência da

qualidade. Diferente das outras atividades, a infra-estrutura da empresa apóia a

cadeia inteira.

3.2.1.2.3. Tipos de atividades Dentro de cada categoria de atividades primárias e de apoio, existem três tipos de

atividades que desempenham um papel diferente na vantagem competitiva:

• Direta: atividades diretamente envolvidas na criação de valor para o comprador,

como, operações da força de vendas, publicidade, projetos de layout,

recrutamentos, etc;

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• Indireta: tornam possível a execução das atividades diretas em uma base

contínua, como manutenção, programação, operação de instalações, gerência da

força de vendas, controle de vendas e estoque, etc;

• Garantia de Qualidade: garantem a qualidade de outras atividades, como,

monitoramento, inspeção, testes, revisão, verificação, etc.

Embora estas atividades muitas vezes se confundam, a correta discriminação de

cada uma delas é fundamental para a vantagem competitiva. Uma vez que as inter-

relações dentro de sistemas possibilitam a sua alocação na cadeia de valor

adjacente. Tal como ocorre no franchising, onde, por exemplo o franqueador executa

e compartilha com o franqueado muitas destas atividades.

�A vantagem de custo resulta se a empresa obtém um custo cumulativo da execução

das atividades de valor mais baixo que o custo da concorrência�. (PORTER, 1989, p.

58-59).

Porter (1989, p. 60) salienta que, as diferenças das atividades de valor entre

concorrentes levam à possibilidade de uma atividade ser a fonte de uma vantagem

ou de uma desvantagem no custo relativo. Ele sugere uma análise dos custos da

empresa e da concorrência, alocando os custos preferencialmente às atividades.

Desta forma, a vantagem competitiva sustentável do franchising provém

principalmente das inter-relações entre as atividades do franqueador e do

franqueado em um sistema de valores compartilhado. Bem como, a execução de

atividades indiretas (como exemplo, Marketing e Controle de Estoques) em um

sistema de cooperativa acarretara vantagens para seus associados. 3.2.2. Contribuição da Escola Empreendedora

A escola empreendedora considera a visão de um líder a parte central da estratégia.

Segundo Mintzberg (2000, p. 102), os defensores desta escola viam a liderança

personalizada, baseada na visão estratégica como a chave para o sucesso.

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�Esta visão ou individuo que a possui considera-se também um FVC, pois está

embasada no conhecimento e experiência do dono do negócio, ou seja, pessoa com

�perfil empreendedor��. (MINTZBERG, 2000).

Porém, deve-se estar atento para que o chefe não fique preso a detalhes

operacionais e perca de vista a estratégia; ou, ao contrário, o líder pode ficar nas

nuvens imaginando suas visões estratégicas, fazendo com que operações rotineiras

percam sua força por falta de atenção.

3.2.3. Contribuição da Escola do Aprendizado

Esta escola sugere que as empresas aprendem ao longo do tempo e que raramente os redirecionamentos estratégicos partem de um esforço formal, mas sim de decisões tomadas sem considerações quanto às conseqüências estratégicas, fazendo com que pequenas mudanças estratégicas a curto prazo produzam grandes mudanças de direção. (MINTZBERG, 2000, p. 134).

Seus preceitos possibilitam almejar os objetivos aqui propostos, uma vez que é vital

para a escola do aprendizado o fato de ela se basear na descrição em vez da

prescrição.

Um importante alavancador desta escola foi o conceito de Incrementalismo Lógico,

citado por Mintzberg (2000, p. 138):

A verdadeira estratégia tende a evoluir á medida que decisões internas e eventos externos fluem em conjunto para criar um novo e amplo consenso para a ação entre os membros-chave da equipe gerencial. Nas organizações bem dirigidas, os gerentes guiam pró-ativamente essas correntes de ações e eventos, de forma incremental, na direção de estratégias conscientes...os executivos bem-sucedidos que operam com o incrementalismo lógico formam as sementes de entendimento, identidade e compromisso dentro dos próprios processos que criam suas estratégias. Quando a estratégia começa a cristalizar-se em foco, partes suas já estão sendo implementadas. Através de seus processos de formulação estratégica, eles geraram um impulso e um compromisso psicológico com a estratégia, o qual faz com que ela flua na direção da implementação flexível. A integração constante dos processos incrementais simultâneos da formulação e implementação da estratégia é a arte central da administração estratégica eficaz.

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Esta posição intermediária colocada por Quinn, entre as escolas do design e do

posicionamento com a escola do aprendizado, é importante no sentido de que ele

indicou a necessidade de que paralelamente à implementação ocorra um

aprendizado consciente. Este aprendizado pode ser entendido como gerador de

feedback�s, os quais serão incorporados ao modelo proposto, mais adiante. O fator

preponderante para o gerenciamento destes feedback�s é descrito por Mintzberg

(2000, p. 138-139) e é embasado nas Prescrições para o Incrementalismo Lógico de

Quinn (1982).

3.2.3.1. Estratégia Emergente e Estratégia Deliberada Mintzberg (2000, p. 143) descreve dois tipos importantes de estratégias, e que são

importantes para tentar explicar o modelo proposto neste trabalho:

1. Estratégia Deliberada: focaliza o controle, certifica-se que as intenções gerenciais

são realizadas em ação. Esta estratégia condiz mais com as escolas do

planejamento, do design e do posicionamento, as quais enfatizam o controle

quase com a exclusão do aprendizado. Nestas escolas, a atenção organizacional

está presa à realização de intenções explicitas. (significando �implementações�),

não na adaptação dessas intenções a novas compreensões;

2. Estratégia Emergente: focaliza o aprendizado, entende que a execução das

ações não é regida pelas intenções, mas sim pelas necessidades ou

oportunidades do ambientes geradas ao acaso. Este conceito reconhece a

capacidade da organização para experimentar. Uma ação isolada pode ser

empreendida, o feedback pode ser recebido e o processo pode prosseguir até a

organização convergir sobre o padrão que passa a ser sua estratégia.

Há uma gama variada de formas que as estratégias podem assumir, da mais

puramente deliberada à inconveniente emergente, conforme exemplifica-se na

figura 3.4:

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Espécie de Estratégia

Principais Características

Planejada

As estratégias se originam em planos formais; existem intenções precisas,

formuladas e articuladas por uma liderança central, apoiada por controles

formais para garantir uma implementação livre de surpresas em ambiente

benigno, controlável ou previsível; as estratégias são as mais deliberadas.

Empreendedora As estratégias se originam na visão central; as intenções existem como

visão pessoal de um único líder e assim são adaptáveis a novas oportunidades; a organização sob o controle pessoal do líder, e localizada

em um nicho protegido no ambiente; estratégias amplamente deliberadas,

mas podem emergir em detalhes e mesmo na orientação.

Ideológica Estratégias originadas em crenças comuns; as intenções existem como

visão coletiva de todos os agentes, em forma inspiracional e relativamente

imutável, controladas de forma normativa através de doutrinação e/ou

socialização; organização freqüentemente pró-ativa em relação ao

ambiente; estratégias mais deliberadas.

Guarda-chuva As estratégias se originam em restrições; a liderança, em controle parcial das ações organizacionais, define os limites estratégicos ou alvos, dentro

dos quais outros agentes respondem às suas experiências ou preferências;

a perspectiva é deliberada; posições podem ser emergentes; a estratégia

também pode ser descrita como deliberadamente emergente.

Processo As estratégias se originam no processo; a liderança controla aspectos

processuais da estratégia (contratações, estrutura, etc.), deixando os

aspectos de conteúdo para outros agentes; estratégia parte deliberada,

parte emergente (e, mais uma vez, deliberadamente emergentes)

Desarticulada As estratégias se originam em enclaves e empreendimentos: agente(s) frouxamente ligado(s) ao restante da organização produz(em) padrões em

ações próprias na ausência das intenções centrais ou comuns, ou em

contradição direta com as mesmas; estratégias organizacionalmente

emergentes, sejam ou não deliberadamente emergentes.

Consenso As estratégias se originam em consenso: através de ajustes mútuos, os

agentes convergem sobre padrões que se tornam difundidos na ausência

de intenções centrais ou comuns; estratégias bastante emergentes.

Imposta As estratégias se originam no ambiente; este dita padrões em ações

através de imposição direta ou de opção organizacional implicitamente preemptiva ou limitadora; estratégias principalmente emergentes, embora

possam ser adotadas pela organização e tornadas deliberadas.

Figura 3.4: Da estratégia deliberada à emergente (MINTZBERG e WATERS,

1985p. 270 apud MINTZBERG, 2000, p. 144).

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A estratégia pode emergir de várias fontes e formar-se nos locais mais variados,

fazendo em alguns casos com que uma simples decisão torne-se a estratégia, não

necessariamente deve estar explicita.

Mintzberg (2000, p. 147) salienta que freqüentemente se associa estratégia

emergente com aprendizado, mas que, isto não está exatamente certo. Se estratégia

emergente significa, literalmente, ordem não pretendida, então os padrões podem

simplesmente se formar, movidos por forças externas ou necessidades internas, em

vez de por pensamentos conscientes de qualquer dos agentes. O verdadeiro

aprendizado tem lugar na interface de pensamento e ação, quando os agentes

refletem sobre o que fizeram. Em outras palavras, o aprendizado estratégico deve

combinar reflexão com resultado.

3.2.3.2. Aprendizado e competência essencial �O aprendizado é algo muito peculiar, uma vez que toda compreensão se origina da

reflexão e no exame do passado�. (WEICK, 1979, p.194 apud MINTZBERG, 2000, p.

149-150).

A citação anterior demonstra o fato, de que, o aprendizado é único, e que, para cada

setor existem as competências essenciais peculiares, que não podem ser repetidas

com sucesso em outros setores, bem como as múltiplas formas com que este

aprendizado ocorre.

Guemawat (2000, p. 128) defende que o aprendizado tende a ser mais inimitável

quando é tácito em vez de especificável, ou seja, quando não pode ser impresso.

Muito popular nos dias atuais, em especial entre os praticantes, é a visão de que a estratégia depende de aprendizado e este depende das capacidades. C.K. Prahalad e Gary Hamel são os maiores responsáveis pela disseminação desses conceitos na comunidade de negócios, principalmente através de uma série de artigos altamente influentes na Harvard Business Review, inclusive The Core competence of the corporation (1990). (MINTZBERG, 2000, p. 161).

O artigo de Prahalad e Hamel proporciona uma análise ao menos interessante e

conectada ao contexto deste trabalho.

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Prahalad (1990) enfatiza que a forma mais poderosa para se vencer a competição é

ainda invisível para muitas empresas, salientando que as reais fontes de vantagens

devem ser encontradas na capacidade da gerência consolidar tecnologias e nas

habilidades de produção de competências que possibilitem negócios individuais para

se adaptarem rapidamente às oportunidades em mutação. As competências

essenciais são o aprendizado coletivo na organização, especialmente como

coordenar as diversas habilidades de produção e integrar as múltiplas correntes de

tecnologias, ele cita a capacidade da Sony em miniaturizar. Este conceito dá uma

direção importante para este trabalho: de que no atual estado de desenvolvimento,

desempenhando diversas funções, é possível que se desenvolvam �competências�

especificas e singulares para cada tipo de varejo, tais como: marketing, compras,

entregas, propaganda e outras. A ênfase no desenvolvimento de competências

essenciais pode e deve ser traduzido para o varejo de forma a auferir vantagens

superiores a este setor.

Uma empresa alcança a adequação estratégica através do uso eficaz e da acumulação eficiente dos seus ativos invisíveis, tais como know-how tecnológico ou lealdade dos clientes... os ativos invisíveis que servem de ponto focal do desenvolvimento de estratégia e de crescimento, são difíceis de acumular, capazes de usos múltiplos e simultâneos e são, ao mesmo tempo, insumos e resultados das atividades da empresa, significando que eles alimentam a estratégia, mas também podem se acumular em conseqüência da mesma. (HIROYUKI ITAMI, 1987, p. 12-13,31 apud MINTZBERG, 2000, p. 162).

Prahalad e Hamel desenvolveram um conjunto semelhante de noções. Para eles, as

�raízes� da vantagem competitiva podem ser encontradas nas competências centrais

também conhecidas como competências essenciais, ou core competências da

empresa. No desenvolvimento deste pensamento, estes autores usam a imagem de

uma �árvore de competências�:

A corporação diversificada é uma grande árvore. O tronco e os principais galhos são produtos centrais, os ramos menores são unidades de negócios; as folhas, as flores e as frutas são produtos finais. O sistema de raízes que provê nutrientes, sustento e estabilidade é a competência central. Você pode deixar de ver a força dos concorrentes olhando somente para seus produtos finais, assim como deixa de ver a força de uma árvore se olhar somente para suas folhas. (PRAHALAD E HAMEL, 1990, p. 82 apud MINTZBER, 2000, p. 162-163).

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�Prahalad e Hamel afirmam que o segredo do sucesso não está em grandes

produtos, mas sim em um conjunto único de capacidades e recursos. Assim, a

vantagem competitiva deriva de capacidades profundamente enraizadas que estão

geralmente �ocultas�.� (MINTZBERG, 2000, p. 163).

Estes autores sugerem que existem três testes para identificar as competências

centrais de uma empresa:

1. Elas provêm acesso a uma grande variedade de mercados;

2. Devem contribuir significativamente para os benefícios percebidos pelo

consumidor final;

3. Devem ser difíceis dos concorrentes imitarem: um rival poderá adquirir algumas

das tecnologias que compreendem a competência central, mas considerará mais

difícil duplicar o padrão relativamente abrangente de coordenação e aprendizado

interno.

Mintzberg (2000, p. 163) cita que Tampoe (1994) desenvolveu uma lista de

verificação mais extensa para determinar se uma competência é central:

1. Ela deve ser essencial à sobrevivência corporativa a curto e a longo prazo;

2. Invisível aos concorrentes;

3. Difícil de imitar;

4. Exclusiva da corporação;

5. Misturar aptidões, recursos e processos;

6. Uma capacidade que a organização pode sustentar ao longo do tempo;

7. Deve ser maior que a competência de um individuo;

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8. Essencial para o desenvolvimento de produtos centrais e produtos finais;

9. Essencial à implementação da visão estratégica da corporação;

10. Essencial para as decisões estratégicas da corporação;

11. Negociável e comercialmente valiosa e em pequeno número.

Assim, os conceitos de competência essencial podem e devem ser aplicados ao

varejo moderno, contudo, há maior dificuldade no seu desenvolvimento para o

pequeno varejo independente devendo ser mais acessível a grandes redes, como no

caso do franchising ou cooperativas.

3.2.3.3. Teoria do Caos

A teoria do caos foi originalmente desenvolvida para as ciências físicas, para a compreensão de sistemas dinâmicos, complexos e não lineares. Ela representa a tentativa de mudança de um pensamento científico tradicional, baseado na decomposição de fenômenos complexos em elementos simples e previsíveis. Dessa maneira os cientistas poderiam entender melhor os turbilhões e vórtices que caracterizam o fluxo turbulento de um fluido. (LEVY, 1994, p. 168 apud MINTZBERG, 2000, p. 165).

O preceito principal da teoria do caos pode ser interpretado como a forma que os

fenômenos vão tomar, baseando-se em um suposto estado inicial. Um exemplo

simplificado seria, o de partindo-se de um estado inicial qualquer, o desenvolvimento

e conclusão deste estado será diferente caso se opte for por outro estado qualquer.

Em outras palavras:

�a ordem pode produzir o caos e o caos pode levar a uma nova ordem�.(STACEY,

1992:98-99 apud MINTZBER, 2000, p. 165).

Mintzberg (2000, p. 165) lembra que �por necessidade de um prego, o sapato foi

perdido; por necessidade de uma ferradura, o cavalo foi perdido�, e assim por diante.

Autores como Nonaka (1980) e Stacey (1992) apud Mintzberg (2000, p. 166)

consideram que as constantes perturbações que os empresários combatem contém

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importantes oportunidades criativas, as quais podem ser dominadas para a produção

de aprendizado que transcende as maneiras estabelecidas de pensamento

estratégico.

As principais lições que se pode tirar do conceito da teoria do caos, haja vista a

complexidade e a dinâmica do setor varejista. E que as empresas devem estar

preparadas para adaptações contínuas e que a falta de qualquer recurso ou

capacidade não deve ser deixado de lado a fim de se alcançar a vantagem

competitiva. Ainda, não deve ocorrer acomodação em vista a qualquer estabilidade

aparente.

Os estudos baseados na teoria do caos demonstram que através do conhecimento

de um fenômeno anterior é possível determinar, com certa precisão, os fenômenos

subseqüentes. Assim, torna-se essencial a adoção de estratégias simplificadoras

para orientar as decisões, haja vista que, nem mesmo um jogo de futebol, que tem

seu resultado imprevisível, é susceptível de vitória sem uma estratégia preliminar

simplificada. Isto também condiz com a importância atribuída à estratégia no sentido

de:

�permitir que se identifiquem padrões naquilo que poderia parecer uma mistura

caótica de idéias.�(GUEMAWAT, 2000 , p. 15).

3.2.3.4. Mecanismos de feedback

A dinâmica observada em todas as coisas, tal como se viu no tópico anterior, acerca

da teoria do caos, leva a considerar a importância de desenvolvimento de

mecanismos de feedback para o entendimento e adequação do modelo proposto.

Mecanismos de feedback são mecanismos de retroalimentação da informação.

Esses mecanismos podem tomar diversas formas, como por exemplo: a pesquisa

com clientes; a observação rotineira do mercado e assim por diante.

Guemawat (2000, p. 130) ajuda a explicar a necessidade de uso de mecanismos de

feedback uma vez que o varejo tem um cenário dinâmico e turbulento. Gerando a

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necessidade de que as empresas pensem continuamente em mudanças em suas

estratégias. Isto é, um foco contínuo na reconsideração das condições iniciais.

Nakamura (1997, p. 145), descreve a importância do uso de mecanismos de

feedback. Ele aponta o Marketing Direto como mecanismo para oferecer a

agressividade que os tempos atuais exigem, permitindo ao varejista adotar uma

postura ativa para conquistar e manter clientes: Identificando, cadastrando e

contatando seus clientes e potenciais clientes. Nakamura atribui o crescimento do

Marketing Direto à �desmassificação� do mercado, no qual existe um número

crescente de nichos com necessidades e preferências altamente individualizados.

�A pesquisa de satisfação do consumidor pode ser apontada como uma ferramenta

essencial na geração de conhecimento que a empresa possa vir a utilizar para criar

e manter vantagens competitivas�. (RÉVILLION, 2000, p. 39).

3.2.4. Valor Agregado A idéia de se estabelecer a maior ligação possível entre custos e diferenciação em

busca de agregar valor foi um acréscimo de Adam Brandenburger e Gus Stuart em

meados dos anos 90, apud Guemawat (2000, p. 67).

Estes autores consideraram três cadeias verticais de três estágios: fornecedores,

concorrentes e compradores. No lado da demanda, eles delimitaram a diferenciação

Na disposição do comprador de pagar por produtos ou serviços; no da oferta,

usaram a noção exatamente simétrica de custos de oportunidades do fornecedor,

que seriam as menores quantias que os fornecedores aceitariam pelos serviços e

recursos necessários à produção de insumos específicos.

Desta definição conclui-se que o valor total criado é a diferença entre a disposição

do cliente em pagar e o custo de oportunidade do fornecedor. O limite superior sobre

o valor conquistado por qualquer dos participantes é igual ao seu valor agregado.

Em outras palavras, seria o valor máximo criado por todos os participantes na cadeia

vertical, menos o valor máximo que seria criado sem aquele participante em

particular.

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Uma pergunta típica que se faz para comprovar se a empresa possui ou não valor

agregado é: Se a empresa �x� desaparecer alguém sentirá sua falta?

Segundo Guemawat (2000, p. 68), a resposta afirmativa a esta pergunta define não

só uma empresa com ótimos produtos, gerenciada pela singularidade e embasada

em competências distintivas, como tratam os conceitos mais antigos, porque é

baseada em um modelo explicito de interações entre compradores, fornecedores,

concorrentes e complementadores. Tal modelo oferece um marco para comparações

especialmente interessantes.

Numa indústria com estrutura �não-atraente�, os valores agregados dos concorrentes tendem a ser baixos, surgindo exceções somente no caso de empresas que conseguiram criar vantagens competitivas, isto é, obtiveram maior ligação que os concorrentes entre a disposição para pagar e os custos. (GUEMAWAT, 2000, p. 69).

Embora o parágrafo anterior trate de uma indústria com estrutura não atraente, é

necessário identificar oportunidades para aumentar a disposição de pagar mais que

os custos, ou reduzir os custos sem sacrificar a disposição de pagar. No varejo, uma

série de estudos tem sido feitos com este objetivo, através do conhecimento

aprofundado sobre o varejo e sua relação com os consumidores.

Este conceito vai além da Cadeia de Valor de Porter, atravessando as fronteiras da

empresa e buscando soluções para o equilíbrio entre as necessidades peculiares a

cada um dos participantes da cadeia vertical.

A criação de valor para o varejista pode tomar muitas configurações, no sentido de

aumentar os benefícios e reduzir custos. Como exemplo: a inovação tecnológica

com a busca de novos canais de distribuição como a internet; a margem de lucro e

giro; o reconhecimento da marca pelo consumidor e assim por diante.

Por outro lado a criação de valor para o cliente engloba também os benefícios

(Qualidade, Estima e Uso) em comparação com o preço, existindo portanto uma

infinidade de maneiras para buscar agregar valor para o cliente. Guemawat (2000:

74) salienta que qualquer atividade pode afetar a disposição de pagar do comprador.

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No caso do varejo pode se citar: melhoria do atendimento, localização, imagem da

marca, disposição e mix de produtos, layout da loja, facilidade de compra,

velocidade de entrega, condições de crédito, conveniência, entre outros. A

sinalização deste beneficio aos consumidores por uma estratégia promocional e

propaganda também influenciam na disposição do consumidor para pagar.

Guemawat (2000, p. 74-75) salienta ainda que, em inúmeros casos, a disposição

para pagar depende de fatores intangíveis e percepções de difícil mensuração,

como por exemplo, a aparência do produto para determinado cliente. Em vista disso

torna-se fundamental a comunicação com o cliente, buscando informações a seu

respeito, como ele vê a empresa, como fez para chegar até ela, enfim, buscar as

reais necessidades dos clientes e enquadrar a empresa nesta perspectiva. Diante

disso surgem novas ferramentas para a satisfação do consumidor, como é o caso da

personalização em massa, estratégia que a Levis utiliza para jeans

internacionalmente e que a Hering do Brasil está abordando.

Segundo Guemawat (2000, p. 70), a análise das atividades ou funções de uma

empresa possibilita (1) compreender se ela tem ou não valor agregado (2) identificar

oportunidades para melhorar seu valor agregado (3) prever futuras oscilações do

valor agregado. É importante considerar que a análise de valor é uma disciplina

especifica a qual não está no âmbito deste trabalho descrever, mas que é de

fundamental importância para a melhoria do valor agregado no varejo.

�De maneira genérica, uma empresa deve examinar seu sistema de negócios para

reduzir custos e aumentar a disposição para pagar, pelo menos junto a um

segmento de clientes.� (GUEMAWAT, 2000, p. 78).

3.3. Vantagem Competitiva Sustentável e Sustentabilidade A busca pela �Vantagem Competitiva Sustentável� (VCS), que se traduz em buscar

uma posição única e mais segura no mercado em relação às ameaças e as

pressões competitivas. A busca desta posição estratégica única depende de fatores

já estudados e descritos por autores como Pankaj Ghemawat, C.K. Prahalad, Peter

Senge, Michael Porter, Peter Drucker e outros. Elas visam principalmente a criação

de um valor único, em que a preocupação com a concorrência torna-se fato irrisório,

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contudo não descartável. Neste contexto, o objetivo deste estudo é definir as

estratégias sustentáveis, e não somente determinar fatores facilmente observáveis

de efetividade operacional. Contudo, não se deve dispensar a importância destes

que são os próprios recursos para a efetividade da estratégia.

Porter (1996) defende a tese de que somente por meio de um posicionamento

estratégico é que as empresas serão capazes de criar vantagens competitivas

sustentáveis a longo prazo, proporcionando resultados econômicos mais elevados.

Guemawat (2000) entende por Vantagem Competitiva Sustentável aquela que

sustenta o valor criado pela empresa. Desta forma, entende-se que a empresa deve

estar sempre dispondo deste valor único para o mercado. A disponibilidade de VCS

possibilita afirmar sempre positivamente a questão: Se minha empresa sair do

mercado alguém sentirá falta dela?

Day (1999, p. 59) alerta que poucas vantagens podem ser sustentadas

indefinidamente, pois o tempo acaba tornando-as obsoletas.

�Freqüentemente as empresas fazem escolhas estratégicas sem considerarem as

conseqüências a longo prazo para a estrutura do setor.� (Porter, 1989, p. 77).

A vantagem sustentável é conseguida quando se geram obstáculos aos esforços

dos concorrentes em imitar ou sobrepujar as vantagens implementadas, e investindo

na renovação destas vantagens e na descoberta de novas. Segundo DAY (1999:

33), este processo faz parte de um ciclo infinito de criação e erosão de vantagens

que deve ser dominado a fim de se obter lucratividade superior.

Guemawat (1986) sugere que se gerencie no sentido da singularidade, desenvolver

competências distintivas e criar uma vantagem competitiva.

Algumas teorias sobre o ciclo de desenvolvimento da empresa afirmam, que as

empresas, assim como os produtos, seguem um modelo previsível de

desenvolvimento, conhecido por ciclo de vida. Este inicia no seu nascimento,

representado por sua entrada no mercado, seguido por uma fase de crescimento,

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tempo

vend

as

CRESCIMENTO

NASCIMENTO

MATURIDADE

DECLINIO

depois de um certo tempo para a maturidade (fase de equilíbrio) e finalmente para o

declínio. Famá e Cesário (1997, p. 208) complementam que:

�é admissível que isso ocorra com uma empresa que é, em suma, um conjunto de

produtos que se renovam de tempos em tempos.�

Figura 3.5: Ciclo de desenvolvimento das empresas.

O tempo de duração de cada uma das fases do ciclo variaria de acordo com as

características da empresa. Dependendo de sua natureza, durariam semanas,

meses ou perduraria por décadas. Há exemplos de empresas que sobreviveram

séculos.

Contudo, como foi visto no capítulo anterior, as �teorias sobre a evolução estrutural

do varejo� dão indícios da complexidade de formas com que o mesmo se

desenvolve. Assim, algumas destas teorias mostram que a sustentabilidade deve ser

alcançada por meio de inovação continua tal qual citado pelas teorias cíclicas.

Casarotto (1998, p. 123) salienta que algumas fases do desenvolvimento de uma

empresa apresentam maiores riscos. Talvez esses riscos se concentrem no

momento de seu nascimento quando muitas debilidades naturais estão presentes.

Sendo este momento particular mais difícil devido à grande concentração de

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decisões que poderão comprometer ou facilitar o desenvolvimento futuro da

empresa.

Segundo Casarotto (1999, p. 123), em um ambiente complexo cada vez mais

competitivo, a escolha estratégica, a inovação tecnológica e o investimento em

propaganda, são fatores que expõem as empresa a situações de risco bastante

fortes.

As empresas interessadas em sobreviver e desenvolver-se em mercados internos ou internacionais caracterizados por uma forte pressão competitiva deverão inserir-se em sistemas organizados orientados a garantir as necessárias condições para a conquista de vantagens competitivas. (CASAROTTO, 1998, p.124).

Day (1999, p. 63) afirma que a criação e a manutenção das vantagens são obtidas

através de um ciclo contínuo, conforme ilustra a figura 3.6:

Fontes de VantagensAtivos superiores;Capacidades Superiores.

Investimentos emRenovações

Recompensas doDesempenho

Satisfação;Lucros;Fidelidade;Participação do Mercado.

Dinâmica CompetitivaCausa Erosão da Vantagem

Vantagens de Posição Obtidas

Valor superior do cliente.

Figura 3.6: Ciclo da vantagem competitiva (DAY, 1999, p. 64).

Neste processo dinâmico, Day (1999, p. 63-64) indica a necessidade de um

processo de renovação contínua, que deve ser obtido da seguinte forma:

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• Desenvolvimento de novos ativos;

• Melhoria das capacidades existentes através da melhoria contínua ou através da

reconfiguração radical dos processos atuais;

• Aquisição de recursos alternativos que ameaçam a posição atual da empresa;

• Investimentos para estender os recursos para novas arenas competitivas.

Mintzberg (2000, p. 93) faz uma critica à escola do posicionamento:

Algumas das mais famosas batalhas em negócios e na guerra foram vencidas não fazendo as coisas corretamente, seguindo a sabedoria aceita, mas rompendo com os padrões estabelecidos � criando as categorias... Algumas empresas ficam em casa e fazem �análise competitiva� outras saem e criam seus próprios nichos (o que as deixa sem concorrência para analisar � como o Mc Donalds por exemplo). A escola de posicionamento focaliza sua atenção em estratégias genéricas, em indústrias estabelecidas, em grupos já formados e em dados já factuais. O estudo de categorias já estabelecidas desencoraja a criação de novas categorias.

Dentro do estudo aqui proposto, acerca de um setor altamente dinâmico e complexo

esta observação de Mintzberg é altamente relevante uma vez que a criatividade

pode alavancar formas totalmente inovadores de se fazer negócio.

Guemawat (2000, p. 90-91) indica a imitação e a substituição como ameaças a

sustentabilidade do valor agregado de uma empresa. Em termos de estratégia de

negócios, a imitação pode ser vista como a difusão de modelos de negócios bem

sucedidos, definidos em termos de recursos empregados ou atividades executadas.

E a substituição, pode ser vista como a ameaça de perder o lugar para um modelo

de negócio diferente.

�Quando a imitação é ampla o suficiente para ameaçar transformar um modelo de

negócios supostamente único em algo genérico, isso, em geral, não prejudica o valor

agregado da(s) empresa(s) que originalmente desenvolveram esse modelo.�

(GUEMAWAT, 2000, p. 91).

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A citação acima remete a uma reflexão acerca do franchising, que está se tornando

excessivamente genérico. Muitas empresas especializadas na produção estão

interessadas em franquear seu negócio, sem uma experiência prévia do varejo.

Apesar da vantagem da marca, a falta de experiência provavelmente sacrificará os

resultados, a menos que este processo seja acompanhado por empresas altamente

especializadas nesta atividade.

Guemawat (2000, p. 93-96) descreve algumas barreiras para evitar a imitação, e

afirma que a imitação é menos ameaçadora quando barreiras múltiplas à imitação se

reforçam umas as outras:

• Economias de Escala: a barreira mais óbvia à imitação é aquela propiciada por

economias de escala, isto é, a vantagem de ser grande em um determinado

mercado;

• Economias de Escopo: as economias de escopo provêm das vantagens de ser

grande em mercados ou segmentos relacionados entre si. Por exemplo, se uma

empresa pode repartir recursos ou atividades entre mercados ou segmentos,

assegurando ao mesmo tempo em que seus custos permaneçam em grande parte

fixos;

• Aprendizado e Informações Privadas: por um lado à importância da curva da

experiência (ex: os custos tendem a cair em proporção que se aumenta o

aprendizado) e por outro as informações superiores baseadas no know-how que

se tornam de difícil acesso em escala variada;

• Contratos e Relacionamentos: esta relacionado a possibilidade de estabelecer

relacionamento formal entre diversos participantes do cenário em termos melhores

do que a concorrência;

• Elementos Externos à Rede: incluem elementos de escala, complementaridade

(escopo), efeitos de aprendizado e relacionamentos, que são todas as barreiras

anteriormente expostas, mas que provêm de relacionamentos externos;

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• Ameaças de Retaliação: a disposição para retaliar depende não só da vontade,

mas da capacidade para retaliar, sendo necessário dispor de recursos como, por

exemplo, liquidez, excesso de capacidade e marca. A retaliação de intrusos pode

se dar de diversas maneiras, entre elas destacam-se, a elevação dos

investimentos em promoção e propaganda, e baixando os preços;

• Prazos: mesmo com a ausência de todas as barreiras, a retaliação requer um

prazo mínimo. Quando esses prazos existem, eles obviamente retardam o impacto

da imitação. A possibilidade destes atrasos também pode impedir a imitação, em

especial quando o inovador montou um círculo virtuoso ou está continuamente

melhorando sua posição. Um exemplo disto é o pioneirismo de uma loja de varejo

em determinada região;

• Complexidade Estratégica: outro conjunto de barreiras à imitação abrange a noção

da complexidade. A diversidade de maneiras de se realizar atividades e até

mesma a própria cultura estratégica pode potencializar a complexidade de uma

empresa e a consecutiva compreensão de suas estratégias;

• Elevação do Nível: refere-se a elevação contínua do nível de valor agregado da

organização. Espera-se que a elevação do nível transforme a empresa em um

alvo móvel, de forma a aumentar as dificuldades ou os atrasos para os imitadores

em potencial.

A substituição também pode ameaçar o valor agregado de uma empresa. Guemawat

(2000, p. 96) explica que novos modelos de negócios podem substituir os antigos,

com isto, Guemawat acredita que a substituição pode representar uma ameaça

ainda mais mortal à sustentação do que a imitação. Ele cita alguns �pecados�

mortais para as empresas, que geram o risco da substituição: indolência, arrogância,

miopia, burocracia, política e assemelhados. Guemawat cita alguns caminhos a

serem tomados frente a uma ameaça de substituição: não responder, lutar, mudar,

recombinar, indecisão e colher.

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É fundamental a visão acerca das competências essenciais, ou seja, onde os

recursos acumulados em condições difíceis tendem a ser fortalecidos e suportar as

mais difíceis situações. Hiroyuki Itami (1987, p. 162) apud Mintzberg (2000, p. 162)

faz uma comparação entre as plantas (empresas) e o vento (situações de risco para

as empresas):

Os ativos invisíveis humanos da empresa precisam ser bem enraizados e fortes para sobreviver aos ventos da concorrência. Plantas assim resistentes não são encontradas com freqüência em viveiros; o mesmo acontece com ativos invisíveis resistentes... Os recursos precisam ser expostos ao áspero ambiente competitivo para que cresçam fortes e uma estratégia de extensão além dos limites pode ser a melhor maneira de faze-lo.

A citação anterior induz bem a interpretação do que viriam a ser as competências

essenciais (também conhecidas como �core competências�), que são os recursos

fortalecidos pelo foco e aperfeiçoamento dos mesmos.

Guemawat (1998) faz menção a um ponto importante referente a sustentabilidade.

Ele analisa a facilidade com que um concorrente consegue copiar as estratégias de

outros, fato este que vem se agravando com o aumento da competição nacional e

internacional. Ele sugere que as vantagens sustentáveis estão incluídas em 3

categorias: porte no mercado-alvo, acesso superior a recursos ou clientes e

restrições à opção dos concorrentes, como segue:

1. Porte no mercado alvo: é relacionado aos esforços para se manter líder e com a

maior fatia de mercado em determinados mercados, disponibilizando recursos

para sempre se antecipar ao movimento dos concorrentes. O porte é uma

vantagem somente se existirem fatores econômicos de larga escala, tais fatores

são três: escala, experiência e escopo:

a. Economia de escala: pode-se definir escala a níveis internacionais,

nacionais, e até mesmo regionais. No caso do varejo pode-se optar

pela estratégia de criar um monopólio local, criando força através de

fatores como, por exemplo, criar centros regionais de distribuição o que

torna os custos de distribuição menores. Inviabilizando assim a

possibilidade de entrada de concorrentes de outras lojas do gênero.

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Contudo, concorrentes podem vir a adotar esta estratégia em algum

momento; b. Efeitos da experiência: são baseados no porte ao longo do tempo e

não no porte em uma época em particular. A experiência é uma

espécie de investimento irreversível e especifico para cada mercado.

Pode-se então supor, que se varejistas independentes conseguirem se

manter por um tempo determinado o suficiente para que adquiram uma

experiência mínima estarão possibilitando a melhoria e otimização dos

procedimentos, dos custos, dos processos de inovação. Aumentando

as chances de sobreviverem no mercado. Uma pergunta que se deve

fazer neste ponto é: Quanto tempo é necessário para conseguir esta

experiência mínima? Este tempo é viável economicamente?

c. Economias de escopo: são derivadas de atividades em mercados não

inter-relacionados, isto é, a economia de escopo se baseia no

compartilhamento de recursos entre mercados, à medida que se

certifica de que os custos destes recursos permaneçam

preponderantemente fixos. Somente então pode a economia ser

afetada diluindo recursos por um maior número de mercados.

Guemawat (1998) cita que uma empresa buscando uma vantagem

sustentável de escopo não pode operar seus negócios como unidades

isoladas. As atividades têm de ser coordenadas e concessões devem

ser feitas em favor de contribuições oriundas de um negócio para o

sucesso de outro. Isto torna a economia de escopo difícil de ser

implementada.

Percebe-se que varejistas independentes encontrarão dificuldades para desenvolver

este tipo de vantagem, porém, atualmente já vem ocorrendo uma maior sinergia

entre fabricantes e varejistas possibilitando almejar este tipo de vantagem. O

franchising dispõe de certa maneira de vantagens oriundas do escopo, seja como o

fracionamento dos custos fixos entre franqueado e franqueadores, ou

compartilhamento de tecnologias, logística e marketing.

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2. Vantagens de acesso: O acesso preferencial a recursos e a clientes pode conferir

uma vantagem que não depende do porte. Esta vantagem ocorre devido a uma

disparidade de investimentos, sendo que os concorrentes sofreriam penalidades

se tentassem imitar o líder. Para que a vantagem de acesso ocorra é necessário

que se satisfaçam duas condições: Deve estar garantido por melhores termos do

que os concorrentes seriam capazes de conseguir no futuro; e a vantagem tem de

ser imposta a longo prazo. Como exemplo o acesso ao uso exclusivo de uma

marca, como no caso do franchising. Contudo, Ghemawat (1998) salienta que o

risco de se buscar vantagens de acesso sustentáveis é que elas podem

estabelecer amarras a um negócio com termos piores do que os existentes para

os rivais. Isto exemplifica bem o caso do franchising, onde o franqueado recebe

diversos benefícios, como acesso exclusivo ao uso de uma marca consolidada,

acesso a matérias de treinamento exclusivos e elaborados por uma equipe

experiente. Enfim, acesso exclusivo aos produtos, tecnologias e procedimentos

referentes ao negócio. Em contrapartida ele fica atrelado a um contrato de

franquia, no qual estão estabelecidas suas obrigações e seus deveres em todos

os aspectos do negócio. Impossibilitando assim que os franqueados tenham a

flexibilidade de um varejista independente de agir da maneira que melhor lhe

convier. As principais vantagens relacionadas ao acesso são:

a. Know-how: o acesso superior à informação pode refletir os benefícios

da escala e da experiência. Com mais freqüência à sustentação se dá

pelo know-how oculto, aquele que seus rivais não vêem. Por exemplo,

um ambiente operacional complexo, abastecimento de estoque de

baixo custo, pessoal extremamente capacitado, enfim, recursos e

procedimentos que, embora ocultos são competências essenciais.

Contudo, estes recursos devem permanecer em segredo, pois uma vez

que caiam nas mãos dos concorrentes deixam de ser vantagens. No

caso do varejo, um exemplo é a extrema preocupação com que os

franqueadores tratam os manuais do franqueado, que traz toda

informação pertinente para o negócio. Uma das principais funções do

franqueador é o fornecimento de know-how para a gestão do negócio;

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b. Insumos: somente se o fornecimento de mercadorias for limitado e a

empresa tiver direito de usá-lo em termos favoráveis obterá uma

vantagem competitiva de acesso. O termo �limitado� pode ser

interpretado de uma forma ampla, podendo auferir custos menores, ou

acesso exclusivo. Esta vantagem pode dar-se pela aquisição em larga

escala, ou contratos de exclusividade, por exemplo, tal como ocorre no

franchising onde é realizado um contrato para fornecimento exclusivo.

Este conceito também pode ser bastante importante para cooperativas

de varejo que conseguem obter um maior poder de barganha frente

aos fornecedores em relação aos varejistas independentes. Pode-se

também garantir acesso preferencial por meio de sua reputação, ou de

seus relacionamentos estabelecidos (clientes e fornecedores). Assim,

atributos como uma boa imagem da empresa pode em muito auxiliar

na busca desta vantagem;

c. Mercados: o acesso preferencial aos mercados de certa maneira é um

reflexo do acesso preferencial aos insumos. Porém, o acesso

preferencial a insumos se baseia mais na integração vertical e em

contratos. Enquanto o acesso preferencial a mercados se baseia em

mecanismos que se auto impõe tais como: reputação,

relacionamentos, custos repassados, complementaridade de produtos

e fidelidade. Muitas são as possibilidades de auferir este tipo de

vantagem, como por exemplo:

• Pioneirismo em determinado setor ou mercado;

• Evitar concorrência direta (estratégia regional ou atuação local);

• Buscar nichos.

As vantagens de acesso ao mercado são muito sensíveis a preferência do

consumidor, tais mudanças embora muitas vezes sutis podem enfraquecer uma

marca bem entrincheirada.

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3. Proporcionando opções: muitas vezes não se pode atribuir a capacidade de

sustentação somente ao porte e ao acesso. As opções disponíveis podem diferir

de concorrente para concorrente impossibilitando a repetição da estratégia.

a. Políticas Governamentais: para o varejo as possibilidades mais prováveis

seriam o ganho de licitação para atuar em determinado mercado e

políticas regionais que controlem novos entrantes;

b. Defesa: se os concorrentes estiverem restritos a investimentos feitos no

passado. Existe uma série de exemplos onde se pode auferir vantagens,

tal como a restrição de fluxos de caixa (liquidez) e a flexibilidade para tirar

proveito das oportunidades. Grandes gastos na estruturação do negócio

podem deixar brechas na defesa, como falta de recursos suficientes;

c. Atraso de resposta: está também relacionada à velocidade das ações e a

flexibilidade, possibilitando um período disponível de sustentabilidade.

Quanto maior o atraso de resposta, melhor, pois as vantagens existentes

se ampliam e as oportunidades para se criar novas vantagens se

multiplicam. Este fator pode ser auferido através de informações

preferenciais, aprendizado, melhores métodos e técnicas de gestão.

Ghemawat (1998, p. 39) destacou um conjunto de fatores que afetam a

sustentabilidade da vantagem competitiva, e enfatiza os seguintes pontos a

recordar:

1. Até mesmo jogado que ofereçam vantagens efêmeras talvez valham a pena

serem feitas, pelo menos para evitar uma desvantagem competitiva.

Concorrentes podem estar amarrados tentando atingir objetivos e lucros, presos

a uma estratégia corporativa ou simplesmente sendo mal gerenciados;

2. A sustentabilidade é maior quando baseada em diversas espécies de vantagem e

não em uma só. Ou a vantagem for grande, e quando existem poucas ameaças

advindas do ambiente;

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3. Nem todos os setores oferecem oportunidades iguais para sustentar uma

vantagem. Os setores que evoluem gradativamente oferecem mais espaço para

vantagens sustentáveis do que aqueles que são atingidos por dramáticas

mudanças na tecnologia ou na demanda. A sustentabilidade é mais acessível

em setores com mais de uma estratégia dominante, porque os concorrentes

podem não ter as mesmas opções;

4. É necessário estar alerta as mudanças do ambiente, bem como as opções dos

concorrentes a fim de se antecipar a eles em virtude de qualquer mudança,

empenhando-se onde exista um vigor maior.

A procura pela sustentabilidade envolve uma série de decisões sobre o grau em que

se está disposto a comprometer a empresa e operar de uma maneira específica.

Deve-se escolher a ênfase relativa que vai imprimir a duas coisas: comprometimento

para competir de uma certa maneira e reter a flexibilidade para competir com

eficácia de outras maneiras.

Entretanto, Porter (1996) alerta que a medida que se busca melhorar em todas as

frentes ocorre o distanciamento das posições competitivas viáveis, desta forma um

processo consciente é sempre aconselhável.

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96

CAPÍTULO 4 � MODELO PROPOSTO Com base em uma visão sistêmica das empresas e da teoria abordada. Para um

melhor entendimento e didática, fez-se necessário a criação de um modelo que

sugere como se dá a vantagem competitiva sustentável (VCS), através da

implementação dos fatores de vantagem competitiva (FVC), conforme a figura 4.1.

Ressaltando que o modelo é um processo contínuo, como pode ser observado

nesta figura:

Piora da Posição competitiva e m f u n ç ã o d e m á escolha/implementação de tradeoff�s, e aplicação de recursos. (DESEMPENHO NEGATIVO)

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

(PE)PLANEJAMENTO

FINANCEIRO

ESTRATÉGIAS RECURSOS (ATIVOS)

FVC

FVC

FVC

FVC

VCS

N Feed

back TRADE OFF`S

(DECISÕES) DESEMPENHO SUPERIOR

=SINGULARIADADE

Figura 4.1: Modelo dos Fatores de Vantagem Competitiva (FVC) e Vantagem

Competitiva Sustentável (VCS).

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O modelo demonstra que, para uma empresa atingir a �Vantagem Competitiva

Sustentável� é necessário que se parta de uma estratégia, que pode ser implícita ou

explicita, contudo, deve ser baseada na reflexão acerca dos resultados pretendidos.

�Uma estratégia deve se encaixar internamente de uma maneira que gere valor

agregado para a organização como um todo no ambiente em que

opera.�(GUEMAWAT, 2000, p. 115).

Para Hax e Majluf (1984:1), planejar é �a capacidade desenvolvida pelas empresas

para adaptarem-se continuamente às mudanças ambientais e essa capacidade não

é apenas uma resposta passiva aos fatores externos, mas ativa, criativa e uma

deliberada procura por condições que possam assegurar nichos lucrativos para os

negócios da empresa�.

Assim, é fundamental adequar-se os tradeoff�s de acordo com a estratégia

pretendida e também com os recursos disponíveis, implementando ao mesmo tempo

os �Fatores de Vantagem Competitiva�. Sem tradeoff�s não existe possibilidade de

um posicionamento, logo, não existe estratégia. Deste modo, pode-se simplificar

estes fatos através de um modelo genérico, como o descrito na figura 4.1.

Observa-se neste modelo, que, para que a vantagem competitiva sustentável ocorra

de fato, é preciso quebrar paradigmas a todo o momento. Reformulando

permanentemente aspectos de sua gestão, atividades e estratégias, o que é

denominado neste trabalho de fatores de vantagem competitiva (FVC).

Lopez e Vecchi (2000, p. 46) salientam que para que isto ocorra, a estrutura da

empresa deve, estar montada sobre uma base bastante flexível, sem amarras inúteis

e em condições de se adaptar, a todo e qualquer momento a novas estratégias.

O modelo pode ser traduzido para um cenário dinâmico. A disposição dos FVC em

forma de escada busca identificar a necessidade de implementação de FVC de difícil

imitação e de competitividade superior, e amparado pelo encaixe entre estes fatores.

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Guemawat (2000, p. 117) cita a ênfase dada por Porter (1996), da estratégia

definida como um padrão. Porter tem três argumentos: primeiro, a estratégia deve

ser distinguida da �eficácia operacional� (execução), porque envolve a escolha de

um conjunto de atividades fundamentalmente diferente para entregar uma

combinação única de valor, em vez de executar essencialmente o mesmo conjunto

de atividades melhor que os concorrentes. Segundo, as opções a respeito das

atividades que devem ser executadas, precisam encaixar-se para produzir uma

vantagem competitiva. Terceiro, a adequação estratégica entre muitas atividades é

fundamental não só para a vantagem competitiva, mas também para a

sustentabilidade das vantagens. Desta forma, estas definições são os pilares que

sustentam este modelo. Guemawat (2000, p. 117) destaca o terceiro argumento de

Porter: em que a inimitabilidade de um modelo de negócio bem sucedido ao longo

do tempo é mais bem explicada em termos das ligações transversais entre

atividades. A noção de encaixe pode ser entendida através da Cadeia de Valor de

Porter ou até mesmo pelas competências essenciais de Hamel e Prahalad em que

as diversas atividades devem ser interdependentes para se criar um valor único

As empresas devem definir claramente sua missão, visão e cultura, para que possam, a partir delas, estabelecer suas estratégias internas e externas e assim chegar aos processos principais e, só então, manualizar as atividades correspondentes. Existe a necessidade de planejar cuidadosamente antes de executar, operar ou treinar... Para que as análises colhidas no mercado ou as informações dos clientes (internos ou externos) sejam realmente aproveitadas e incorporadas ao dia-a-dia da empresa, deve ser criado um sistema chamado de retroalimentação, em que essas informações trilham um caminho lógico, sendo avaliadas e imediatamente transformadas em atividades que devem ser corrigidas ou incorporadas aos processos. Isso traz uma melhoria a mais ao produto, serviço, atendimento, resultado, ou a qualquer outro aspecto da empresa que seja percebido pelos clientes. A administração dessas melhorias requer, portanto, uma equipe de pessoas com perfil mais inovador e realizador, não podendo a empresa somente contar com os �fazedores� de coisas, conforme as atividades descritas nos manuais. (LOPEZ e VECCHI, 2000, p. 46).

Desta maneira, fica demonstrado que a retroalimentação das informações é

fundamental para manter ativo o ciclo de inovação e mudanças em sintonia com as

estratégias. Isto significa dispor de mecanismos eficientes de feedback.

�Visão e estratégia continuam sendo fundamentais, mas não bastam, caso não

exista preparo, agilidade, coragem e recursos para mudar no ritmo necessário, que

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nos permite sempre acompanhar a evolução dos fatos e do mercado�.(LOPEZ E

VECCHI, 2000, p. 57).

A citação anterior remete a iminente necessidade de dispor de recursos para a

implantação e implementação das inovações, que podem ou não ser fatores de

vantagem competitiva, como mostra o modelo. Não só uma má escolha dos FVC

pode levar a resultados nulos ou negativos, em função dos recursos empregados

para sua implementação, mas também pela falta de implementação dos FVC

indispensáveis.

�Os investimentos em comprometimento e em capacidades podem, devido à sua

natureza irreversível conduzir à emergência e persistência de vantagens (ou

desvantagens) especificas da empresa.�(GUEMAWAT, 2000, p. 123).

As empresas devem estar em sintonia com as novas exigências do mercado.

Mantendo-se atualizadas em termos de conhecimento e informações. Pois, a

globalização permite o surgimento de movimentos rápidos de mudança de cenários

e o consecutivo aumento da competitividade.

�Conhecimento e conseqüentes informações são hoje a chave para a

competitividade e único caminho para a constante redefinição estratégica,

necessária para acompanhar os tempos atuais�. (LOPEZ e VECCHI, 2000, p. 61).

�Em recente artigo, Tom Peters defende a �destruição e reconstrução cíclica� das

empresas, lembrando que tudo na vida é formado por ciclos e em termos de

empresa parece claro que seus ciclos são cada vez menores.� (LOPEZ e VECCHI,

2000, p. 67). �Já não basta só ter uma boa marca, se a rede não se adaptar às mudanças de

realidade.� (LOPEZ e VECCHI, 2000, p. 67).

Todas estas citações enfatizam uma só necessidade, a busca constante pela

melhoria e aprimoramento do setor, de forma a permanecer atualizado. Uma série

de pesquisas tem demonstrado as necessidades correntes e atributos que são FVC,

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que, uma vez definida a sua real necessidade, podem e devem ser implementados,

sem perder de vista a necessária flexibilidade para os casos de mudanças e

inovações.

Porter (1989, p. 193) salienta que a sustentabilidade não provém apenas de fontes

de vantagem, mas também do seu número, e conclui que a vantagem derivada de

um ou dois fatores (atividades de valor) fornece um excelente alvo para a imitação.

Faz-se necessário, para se atingir a VCS, que as empresas acumulem um certo

número de FVC que interajam e se reforcem mutuamente. Contudo, Porter (1989, p.

108) descreve uma armadilha referente ao raciocínio incremental que pode levar a

empresa a uma situação de estagnação, enquanto a reconfiguração baseada em

feedback, pode direcionar a um patamar competitivo completamente novo.

É importante ficar clara a motivação dos empreendedores, frente a um sonho

possível de se realizar. A explicitação do negócio, sua missão, visão e estratégias

através do exercício do pensamento estratégico, do conhecimento do macro-

ambiente e do negócio. Visto que uma empresa só existe para atender uma

demanda da sociedade e é com base nisso que deve ser feito o alinhamento da

estratégia. O processo contínuo de avaliação e ajuste da estratégia à realidade é de

extrema importância, bem como o processo de planejamento, execução, controle e

ações corretivas é essencial.

A fim de proporcionar uma visão mais ampla do modelo, incluindo os métodos que

podem ser utilizados, o que não limita a escolha de outros, e também dos resultados

que podem ser esperados de cada passo. Na figura 4.2. são descritas as etapas, os

passos, os resultados e os métodos a serem utilizados. As etapas estão descritas de

forma linear, em razão das limitações físicas para sua apresentação, no entanto, a

idéia do modelo é de aplicação contínua, como já representado.

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Etapa Passo Resultado Método

Formar equipes Consultor ou Planejador

Equipe apta para implementar o modelo com auxilio de um planejador

Reunião

Análise do Ambiente

Determinar o negócio, a missão, os princípios, a visão e os objetivos Core-competências; Estratégias genéricas;

Reunião

Criar as Estratégias

Estratégias Genéricas de Porter; FVC mais importantes

Reunião Análise dos FVC

1 Planejamento Estratégico

Determinar os

Recursos

Mensurar os recursos necessários para implementação dos FVC

Custeio dos FVC necessários Orçamento Descrição da necessidade financeira e humana.

2. Decisão - Tradeoff

Definir mecanismos de tomada de decisão

Priorizar as escolhas Análise da matriz Grau de Importância x Custo

Descrever os FVC Verificar a existência dos FVC

Reunião 3 Análise dos FVC

Verificar compatibilidade dos

FVC com o Planejamento Estratégico

Posicionamento compatível com o Planejamento Estratégico

Reunião

4 Controle - Feedback

Determinar mecanismos de

controle

Informações Controle dos indicadores

Figura 4.2. Etapas para aplicação do modelo 4.2. 1ª etapa do modelo � Planejamento Estratégico

Vasconcellos Filho e Pagnoncelli (2001) descrevem uma metodologia para a

realização da 1ª etapa do modelo, o Planejamento Estratégico. Este modelo, por ser

bastante simplificado, é ideal para aplicação em pequenos negócios. Embora, exista

uma variedade de metodologia para a realização do Planejamento Estratégico, esta

metodologia pode ser aqui utilizada para exemplificar a forma de aplicação do

modelo proposto, e se constituí dos seguintes passos (Figura 4.3):

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Figura 4.3. Metodologia para o Planejamento Estratégico (Adaptado de

Vasconcellos, 2001).

A metodologia descrita por Vasconcellos (2001) provê uma rota para o planejamento

estratégico. Direcionando a ações para uma perspectiva de longo prazo. Sua

simplicidade torna possível a adaptação para empresas de todos os portes.

1° Passo: Definição do Negócio

Esta definição não deve confundir o Negócio com o produto ou serviço da empresa.

Torna-se imprescindível responder as seguintes perguntas:

- Qual é o nosso Negócio?

- Qual deverá ser o nosso negócio no século XXI?

Os principais benefícios quando se define o Negócio corretamente são:

- Ajuda a focar no diferencial competitivo;

- orienta os investimentos;

- orienta o marketing;

Negócio

Missão

Princípios

Análise do Ambiente

Visão

Objetivos

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- orienta o treinamento;

- orienta o posicionamento estratégico;

- orienta a terceirização;

- ajuda a identificar quem é concorrente;

- ajuda a conquistar mercado;

- ajuda a criar mercado futuro;

- evita a miopia estratégica

Para definir o Negócio da empresa é necessário estar atento a várias regras, uma

delas é definir o principal benefício esperado pelo cliente. Por exemplo, o negócio do

Vip Mercado Mart Plus é �abastecimento e conveniência�.

Para definir o negócio Vasconcellos (2001, p.53) sugere três etapas:

1ª Etapa: Identificar o Negócio atual

Deve se orientar pelas seguintes perguntas:

1ª Pergunta: Quem é mesmo o seu cliente?

Esta pergunta deve responde, quem é que faz a escolha de comprar.

2ª Pergunta: Qual é o benefício que o seu cliente efetivamente procura ao comprar

ou usar seu produto ou serviço?

O cliente definido na primeira pergunta só permanecerá como cliente se as suas

expectativas forem atendidas, para tal, é preciso saber dele, e somente dele quais

são estas expectativas, fazendo a seguinte pergunta a ele: Qual é o principal

benefício por ele esperado?

3ª Pergunta: Quais são e quais serão nossos concorrentes?

Esta pergunta visa definir quem vai atender as expectativas referentes a pergunta

anterior. Deve-se procurar identificar também as tendências, como por exemplo

novos entrantes.

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2ª Etapa: Checagem da consistência do Negócio atual

É necessário checar se a definição do Negócio está de acordo com as tendências

para o século XXI, dentre as quais:

- globalização da concorrência;

- capital Intelectual valendo mais do que o capital financeiro;

- virtualização do mundo;

- diferenciação pela inovação;

- tempo valendo mais do que o dinheiro;

- crescente consciência ambiental;

- padronização dos produtos;

- concentração de empresas;

- aumento da violência social;

- aumento do trabalho sem vínculo empregatício;

- aumento da informalidade nas empresas;

- crescente desregulamentação;

- valorização do indivíduo;

- valorização da qualidade de vida.

Neste sentido a questão que deve ser respondida é: Como o Negócio atual, sua

empresa terá sucesso no século XXI? Se a resposta a esta questão for negativa,

Vasconcellos (2001, p. 56) sugere que se reveja o Negócio.

3ª Etapa: Adequar o Negócio aos novos paradigmas

Depois de concluídas as duas primeiras etapas praticamente se concluí a definição

de Negócio. Porém, Vasconcellos (2001, p. 57) dá algumas dicas:

- Não focar o Negócio em seus produtos ou serviços, mas sim nos benefícios que o

Negócio proporciona aos clientes, evitando assim uma espécie de miopia

estratégica;

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- Perguntar ao cliente qual o principal benefício que ele busca ao adquirir seus

produtos ou serviços;

- Definir o Negócio em termos mais amplos. Como por exemplo, o Negócio das Lojas

Colombo que é �soluções em comercialização de bens e serviços�. Buscando,

desta forma não focar demais no negócio atual;

- Ter visão de longo alcance, isto é, vislumbrar oportunidades de negócios que

através das competências atuais também podem ser trabalhadas;

- Não basta definir o Negócio, é preciso divulgar para a equipe, clientes e parceiros,

de modo que todos estejam bem informados e em sintonia.

2° Passo: Definição da Missão

Segundo Vasconcellos (2001, p. 77), já em 1987, 60% das empresas, no grupo das

500 maiores da revista Fortune, já tinham a declaração de Missão. Conclui-se,

portanto que hoje o percentual é bem maior. Constatando ainda, a popularização da

missão, sendo portanto uma ferramenta ao alcance dos micro e pequenos

empresários, e surtindo os seguintes benefícios:

- Orienta a �partida�, ou seja, somente com a definição de uma missão é possível

estabelecer políticas, desenvolver estratégias, concentrar recursos e definir o foco,

com vistas a um ótimo desempenho;

- Evita a armadilha do sucesso: os dirigentes das empresas precisam ter

sensibilidade e humildade para, mesmo tendo sucesso, perceber as mudanças e

tendências do ambiente e incorpora-las a sua ;

- Orienta o comportamento para o futuro, dando uma perspectiva de longo prazo;

- Motiva e retém talentos;

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- Orienta para a formulação de objetivos, possibilitando a criação de objetivos claros

e dentro da realidade;

- Ajuda a aumentar a produtividade;

- Serve como referência para a alocação de recursos;

- Serve como ponto focal para os funcionários se identificarem com o propósito da

organização.

O conceito de Missão, Vasconcellos (2001, p. 85) é:

�Razão de existir da empresa no seu Negócio�.

Este conceito refere-se, a constatação de que várias empresas podem atuar dentro

de um mesmo Negócio, porém se distingue a sua Missão.

Para se definir a Missão, Vasconcellos (2001, p. 85) sugere 3 etapas:

1ª Etapa: Identificar a Missão atual

As perguntas que se deve responder são:

O que faz a empresa?

Como ela faz?

Onde ela faz?

Com qual responsabilidade social? Como um exemplo, Vasconcellos Filho (2001, p. 86) cita a Localiza:

A Localiza, fundada em 1973, é a maior locadora de veículos da América do Sul,

atuando em 12 países, com 56 unidades próprias e 410 franqueadas segundo o

Guia de Oportunidade de Franchising 2001, e aproximadamente 23.000 veículos,

que em 1998 faturou R$ 320 milhões, com a seguinte missão:

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�Encantar clientes em aluguel de carros e administração de frotas, buscando a

excelência�.

O que faz Localiza?

Resposta: Aluga carros e administra frotas.

Como ela faz?

Resposta: Encantando clientes.

Onde ela faz?

Resposta: Não se especificou limitações geográficas.

Com qual responsabilidade social? Resposta: : Não foi especificado.

2ª Etapa: Checagem da consistência da Missão atual

É necessário que cheque se a Missão está de acordo com as tendências para o

século XXI descritas no tópico anterior.

A pergunta a ser realizada agora é: Com a Missão atual a empresa terá sucesso no

século XXI. Em caso de resposta negativa deve-se rever a Missão.

3ª Etapa: Adequação da Missão ao Século XXI

Vasconcellos (2001, p. 88) sugere utilizar as seguintes perguntas facilitadoras:

O que a empresa deve fazer?

Como deverá fazer?

Onde deverá estar fazendo?

Com qual responsabilidade social deverá atuar?

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Para apoiar no processo de definição da Missão, Vasconcellos (2001, p. 89) dá

algumas dicas:

- A Missão deve ser a �carteira de identidade� da empresa. Isto é, algumas Missões

servem para qualquer empresa, ou seja não trazem nenhum beneficio pois foi

explicitada de uma forma incorreta. Portanto a Missão deve ter a �cara da

empres�, como por exemplo a Missão McDonald`s:

�Servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, em um ambiente limpo e

agradável�.

- A Missão deve explicitar o Negócio da empresa;

- Deve ser concisa e objetiva, isto é, deve ser de fácil memorização, como exemplo a

Missão, do Citibank:

�Oferecer serviços financeiros, em qualquer país, desde que legais e rentáveis.�

- A Missão depois de ser explicitada deve ser detalhada, isto é, para que o

entendimento da Missão seja uniforme para todos é necessário detalhar as

palavras-chave contidas nela. Como exemplo a Missão da Natura:

�Nossa razão de ser é a criação e a comercialização de produtos e serviços que

contemplem e promovam o binômio bem-estar/estar-bem.�

Detalhamento da Missão Natura:

Bem-estar: É a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo próprio, com

seu corpo. Estar-bem: É a relação empática, bem-sucedida, prazerosa, do indivíduo com o seu

mundo.

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- Não basta explicitar a Missão, é preciso divulga-la para a sociedade, para os

funcionários, para os fornecedores, enfim, usar dos meios para comunicação para

sua divulgação;

- É preciso fazer com que a Missão ocorra, não bastando apenas explicitar e

divulgar. Para isso é preciso boa vontade, dedicação, disciplina, persistência e

investimento de tempo e de dinheiro.

Um exemplo de Missão no setor varejista é o da Dunkin`Donuts:

�Aumentar a satisfação e a lealdade do cliente através do serviço rápido, de

produtos frescos em um ambiente limpo e acolhedor�.

3° Passo: Definição dos Princípios

Vasconcellos (2001, p. 129), descreve que segundo pesquisas realizadas com as

empresas classificadas entre as 500 maiores pela revista Fortune, e que

permanecem desde 1980, que um dos fatores aos quais elas atribuem seu sucesso

é a explicitação dos seus Princípios e Valores. Porém, além da explicitação e da

divulgação dos Princípios, Vasconcellos alerta para que eles sejam levados a sério,

não os desrespeitando jamais. Quando o assunto é levado a sério, os seguintes

benefícios podem ser alcançados pela empresa:

- Criar um diferencial competitivo;

- Balizar o processo decisório;

- Orientar o comportamento;

- Balizar as estratégias;

- Orientar o recrutamento, a seleção e o treinamento;

- Fundamentar a avaliação.

O conceito de Princípio, para Vasconcellos (2001, p. 139) é:

�Balizamento para o processo decisório e comportamento da empresa no

cumprimento da sua Missão�.

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Observa-se que os Princípios, também podem receber outras denominações

equivalentes, como: Valores, Credo, Política e Filosofia.

Para se definir o Princípio, Vasconcellos (2001, p. 139) sugere 3 etapas:

1ª Etapa: Identificação e explicitação dos Princípios

A principio, é fundamental identificar os traços marcantes do comportamento cultural

da empresa, suas crenças e seus valores.

Os Princípios só serão úteis se forem praticados por todos na empresa, logo, para

que sejam praticados é preciso que sejam assimilados. Desta forma, devem ser

poucos (em torno de 4) e redigidos de forma clara e concisa. Pela concisão,

Vasconcellos (2001, p. 141) destaca o exemplo de Princípio da Wal-Mart:

- Bom senso e simplicidade;

- Estimular os associados;

- Cliente é rei;

- Dedicação a uma cultura homogênea.

2ª Etapa: Checagem da consistência dos Princípios

A checagem deve ser realizada levando em consideração as tendências relevantes

para o século XXI, conforme descrito nos passos anteriores:

Um exemplo de empresa que segue os Princípios de acordo com estas tendências é

a Dunkin`Donuts:

- Simpatia;

- Alegria;

- Rapidez;

- Limpeza;

- Conveniência

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111

3ª Etapa: Adequação dos Princípios ao Século XXI

Após verificar a consistência dos princípios com as tendências do Século XXI é

necessário, em caso de discrepância, substituir ou até mesmo incluir novos

Princípios.

Para apoiar no processo de definição dos Princípios, Vasconcellos (2001, p. 145) dá

algumas dicas:

- Tornar os Princípios inesquecíveis, isto é, redigindo de uma forma que torne-se

fácil a sua memorização, como no exemplo da McDonald`s:

Qualidade

Serviço

Limpeza

Valor

Assim, quando as pessoas querem se referir aos princípios dizem apenas QSLV.

Outro exemplo seria sob a forma de Slogan, como por exemplo a rede catarinense

de mercados, Angeloni:

�A estrela é você.�

- Detalhar os Princípios;

- Não basta explicitar, é preciso divulgar;

- Não basta divulgar é preciso praticar e respeitar.

Um exemplo de Princípio no varejo é o da Drogaria Araújo:

- Ética

- Qualidade

- Parceria

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4° Passo: Análise do Ambiente

Analisar o ambiente significa utilizar um conjunto de técnicas que permitem

identificar e monitorar permanentemente as variáveis competitivas que afetam a

performance da empresa. Como, por exemplo, os pontos fortes e fracos e as

ameaças e oportunidades.

Para Rank (2001, p. 88), esta análise pode ser efetuada na própria empresa, em

reunião com o proprietário-dirigente e os funcionários que interferem de maneira

mais intensa nos rumos da organização. O proprietário-dirigente deve selecionar os

participantes. O número de pessoas dependerá da estrutura da empresa. Se houver

alguém com conhecimento de marketing, essa pessoa coordenará os trabalhos,

caso contrário, um consultor deve ser contratado para essa tarefa. As reuniões

devem ser repetidas de tempos em tempos conforme um critério estabelecido pela

empresa já que, para conhecer o mercado é necessário monitorá-lo constantemente

buscando informações em jornais, revistas, conversas com pessoas do setor,

associações de classe, pesquisas com consumidores, benchmarking, etc. Cada

empresa deve determinar qual o melhor método para si, e a periodicidade deve ser

definida de acordo com a velocidade das mudanças para o ambiente em que a

empresa está inserida.

Para analisar e monitorar o ambiente, Vasconcellos (2001, p.198) sugere seis

etapas:

1ª Etapa: Definir a abrangência do ambiente a ser analisado.

Deve-se considerar como referência o Negócio, a Missão e os Princípios da

empresa.

2ª Etapa: Definir o que analisar no ambiente.

Para esta etapa é necessário responder as seguintes perguntas;

1ª Pergunta: Quem é mesmo o nosso cliente?

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2ª Pergunta: Quais são mesmo os nossos concorrentes?

3ª Pergunta: Quais são os nossos Públicos Relevantes?

Os Públicos relevantes de uma empresa são aqueles, que de alguma forma

influenciam na atuação da empresa, eles podem ser:

- Clientes;

- Fornecedores;

- Equipe;

- Governo;

- Mídia;;

- Concorrentes;

- Distribuidores;

- Acionistas;

- Comunidade;

- Outros.

A seguir deve-se classificar estes grupos em aliados e rivais. 3ª Etapa: Identificar o Cenário Referência para a empresa

Baseando-se nas tendências para o futuro, deve-se fazer um esforço para

vislumbrar como serão as coisas no futuro.

4ª Etapa: Levantar as Informações Relevantes sobre a empresa

5ª Etapa: Descrever o resultado da Análise do Ambiente

Rank (2001, p. 88), para simplificar estas etapas criou um check list dos quesitos a

serem analisados, conforme a figura 4.4:

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Análise do Ambiente Externo Mercados Analisar os vários mercados, industrial, nacional, internacional, governamental ou de

consumidores finais a fim de verificar quais deles é possível atender. Fornecedores Atentar para detalhes como capacidade de fornecimento, pontualidade da entrega,

possíveis greves ou tendência de elevação de preços. Intermediários de Mercado

Conhecer como os intermediários (empresas que ajudam a promover, vender e distribuir os produtos) estocam, exibem, entregam os produtos, como fazem propaganda, como negociam afim de encontrar pontos falhos ou diferenciais. As empresas de distribuição (transportadoras) também precisam ser investigadas, assim como agências de propaganda e marketing, a fim de acompanhar-se a qualidade dos serviços.

Público Público é qualquer grupo que tenha interesse ou que cause impacto na capacidade da empresa de alcançar seus objetivos (governo, órgãos de defesa do consumidor, imprensa, instituições financeiras, comunidade, público em geral ).

Ambiente Competitivo

Todas as organizações que poderiam potencialmente criar valor para os clientes de determinada empresa fazem parte do ambiente competitivo. É necessário que se conheça sua oferta de valor, como o concorrente opera, que mercados atende. É importante determinar também como é o tipo de concorrência (concorrência pura, monopólio, oligopólio, concorrência monopolista) a fim de orientar as estratégias. É relevante também avaliar como os concorrentes podem afetar o setor e a organização, o que pode ser feito classificando as forças competitivas em: rivalidade entre concorrentes existentes, ameaça de novos ingressantes, ameaça de produtos substitutos, poder de barganha dos fornecedores e poder de barganha dos compradores (PORTER, 1993).

Ambiente Econômico

Esse ambiente é composto de todos os aspectos relacionados a economia em geral que podem influenciar seriamente os negócios. Inclui ciclos de negócios (recessão, recuperação e prosperidade), inflação, taxa de juros, disponibilidade de obtenção de empréstimos, renda per capita, poder de compra dos consumidores, distribuição de renda, padrões de gastos, índice dedesemprego, aumento de impostos etc.

Ambiente Político e Legal

São todas as leis, regulamentações e pressões políticas que afetam de alguma forma a empresa, agências governamentais que fiscalizam o setor ambiental, de alimentos e medicamentos, código de defesa do consumidor e lei de abertura de mercado.

Ambiente Natural

O ambiente natural é composto de todos os recursos naturais disponíveis para a organização ou afetados por ela. Situações como falta de matérias-primas, rompimento da camada de ozônio, proteção das matas, aumento do custo de energia, petróleo, descoberta de energias alternativas como a solar, gás natural e vento, aumento dos níveis de poluição, lixos químicos, instalação de centros de reciclagem, invenção de produtos biodegradáveis, intervenção governamental no gerenciamento dos recursos naturais como fiscalização rígida do governo precisam ser observados.

Ambiente Tecnológico

Todo e qualquer conhecimento científico, inovações e invenções que possam resultar em produtos ou serviços desejados pelos cliente, assim como novos meios de interação (internet, celulares pré-pagos) que vão surgindo não podem ser ignorados pelas empresas porque representam para elas um sério risco de perder seus clientes.

Ambiente Social

São todos os aspectos relacionados as pessoas de uma sociedade e seus valores, crenças e comportamentos. Podemos listar idade, tamanho, localização e densidade da população, tamanho da família, constituição da família, sexo, raça, ocupação, escolaridade, hábitos, migrações, clima, costumes, comportamento de compra etc. As tendências também são importantes, porque podem trazer oportunidades ainda não percebidas. São elas: � encasulamento � tendência de ficar em casa, necessidade segurança (entregas a domícílio, home theater, DVD�s, trava para veículos, identificador de chamadas, babá eletrônica); � formação de clãs � formar grupos de pessoas com os mesmos interesses (grupo de truco, costura, happy hour); � pequenas indulgências � se permitir pequenos luxos acessíveis (champagne francesa, pães frescos); � aventura da fantasia � simular aventuras (turismo de aventura, realidade virtual);

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� revanche do prazer � fugir das regras e fazer algo proibido (comer feijoada, doces, sorvete com crocante e marshmallow); � ancoragem � volta as raízes espirituais (música gospel, CD�s e vídeos religiosos); � egonomia � produtos personalizados (bicicleta feminina, fio dental mais fino, carro personalizado, assento auto-ajustável); � femininamente � manter relacionamentos mais pessoais e amigáveis, tratar as pessoas de forma diferenciada (parques para as crianças, creches); � homencipação � mais liberdade para os homens (salão de beleza masculino); � noventa e nove vidas � produtos ou serviços que nos façam economizar tempo (secretária eletrônica, refeições para se fazer no carro); � sair fora � obter satisfação pessoal gostando do que se faz (abandonar um emprego ou sistema de ensino deplorável); � viver - mais qualidade de vida (cerveja sem álcool, adesivo para deixar de fumar); � volta ao passado � trazer mais leveza a vida, voltar a ser criança (montanhismo para pessoas acima de 55 anos, canoagem); � consumidor vigilante � consumidores mais exigentes (reposição, café e biscoitinhos de graça, sortear brindes); � queda de ícones - questionamento de verdades absolutas (mudança na estrutura da família, mais divórcios, filhos que cozinham e fazem compras); � salve o social � consciência social e ambiental (gás natural, ecologia, proteção as baleias).

Análise do ambiente interno Pessoal Analisar a capacidade, a motivação e o conhecimento dos funcionários e do

proprietário-dirigente. Analisar o desempenho dos setores da empresa, detectando pontos fracos e fortes e verificar se estão interligados com o objetivo comum de satisfazer os clientes.

Capacidade Produtiva

Analisar a tecnologia empregada, a capacidade de produção, a qualidade dos produtos, o Setup, o ciclo de produção, etc.

Capital Analisar a capacidade de endividamento, o capital disponível para investimentos, a capacidade de obtenção de linhas de crédito, etc.

Figura 4.4. Check list para análise do ambiente. (RANK, 2001, p. 88). A autora sugere uma análise profunda dos requisitos mencionados. O objetivo desta

análise é verificar os pontos favoráveis ou desfavoráveis da relação empresa x

ambiente. 5° Passo: Definir a Visão da empresa

Para Vasconcellos (2001, p. 217), os seguintes benefícios são alcançados ao se

explicitar uma Visão para a empresa:

- Apóia a parceria empresa / empregado na construção do futuro;

- Promover a inovação;

- Funciona como �bússola�;

- Reduz a dependência da empresa com os líderes;

- Tira a empresa da zona de conforto;

- Motiva e inspira a equipe;

- Orienta o planejamento da sua atuação na cadeia produtiva;

- Mobiliza para programas de qualidade;

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- Complementa a Missão;

- Orienta os objetivos;

- Orienta os investimentos.

Desta maneira, a Visão pode funcionar como um �sonho� ou um �desafio

estratégico�. A grande diferença entre os dois conceitos (sonho e desafio

estratégico), é que o primeiro é fruto da imaginação de um empreendedor visionário,

enquanto o segundo nasce de um processo participativo. De um modo genérico, o

que se quer com a definição da visão é definir onde a empresa quer chegar e o

como se espera que ela seja.

Para se definir a Visão deve-se primordialmente consideradas as tendências futuras.

Deve ser explicitada de forma clara e inspiradora, levando a equipe a concentrar

todos os recursos na efetivação do futuro visualizado.

Para que se assegure que a Visão está claramente definida é necessário que se

respondam as seguintes perguntas:

- A Visão fará as pessoas se moverem naquela direção?

- As pessoas continuarão a se mover mesmo sem os líderes atuais?

- A Visão irá criar o nível necessário de comprometimento da equipe?

Segundo Vasconcellos (2001, p. 231) pesquisas demonstram que só 1% do sucesso

depende da Visão, enquanto 99% dependem da adesão da equipe que a Visão

consegue gerar. Para isso a Visão deve funcionar como uma espécie de Desafio

Estratégico, que irá mobilizar talentos, competências e recursos.

Contudo é imprescindível, que a Visão este amparada por um senso estratégico,

para que não haja apenas vontade, mas sim praticidade para fazer acontecer.

As seguintes características são sugeridas por Vasconcellos (2001, p. 233) para se

definir a Missão:

- Focalizada no futuro;

- Ágil;

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- Modifica-se diante de novos desafios;

- É o aonde a empresa vai;

- Orienta a estratégia;

- Energiza a empresa;

- É aquilo que se deseja ser;

- É desafiadora.

Vasconcellos (2001, p.233) dá algumas dicas para o sucesso desta etapa:

- Motivar os funcionários;

- Ser criativo na declaração da Visão;

- Explicitar;

- Divulgar;

- Fazer com que todos se comprometam;

- A Visão deve ser flexível para que possa se ajustar ao ambiente;

- Persistir.

Um exemplo de Visão no setor varejista é o da Wal-Mart:

�Dar às pessoas comuns a chance de comprar as mesmas coisas que as pessoas

ricas compram.�

6° Passo: Definir os Objetivos da empresa

Vasconcellos (2001, p. 268) conceitua Objetivos como:

�Resultados que a empresa deve alcançar, em prazo determinado, para concretizar

sua Visão sendo competitiva no ambiente atual e no futuro.�

Os Objetivos devem ter as seguintes características:

- Ser desafiantes, porém viáveis;

- Ter prazo definido;

- Ser mensuráveis;

- Ser coerentes entre si.

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São 4 etapas necessárias para a definição dos Objetivos da empresa:

1ª Etapa: Definir o horizonte dos Objetivos

Os Objetivos, tal qual a Análise do Ambiente deve delimitar limites, podendo ter um

horizonte menor.

2ª Etapa: Escolher Temas

Deve-se escolher os Temas mais pertinentes a empresa. Considerando as

tendências para o século XXI, Vasconcellos (2001, p. 270) sugere os seguintes

Temas para definir Objetivos:

- Crescimento;

- Participação de Mercado;

- Produtividade;

- Qualidade;

- Inovação;

- Resultado econômico financeiro.

Não sendo necessário que as empresas definam Objetivos para todos estes Temas,

pois, principalmente se tratando de pequenas empresa torna-se inviável a obtenção

de informações acerca de todos estes Temas.

Vasconcellos cita ainda o Balanced Score Card, que é uma ferramenta que

complementa os indicadores financeiros tradicionais, mensurando o desempenho

empresarial a partir de novas perspectivas:

- Clientes;

- Processos Internos;

- Aprendizado.

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3ª Etapa: Definir os Indicadores de desempenho

Os Indicadores de desempenho são definidos com base nos Temas, e avaliam os

resultados alcançados.Alguns exemplos de Indicadores de desempenho para o

varejo referentes aos seus Temas podem ser descritos na figura 4.5:

Tema Indicadores de desempenho

Crescimento Pode ser medido pelo faturamento, em dólares, reais ou em unidades vendidas.

Participação de mercado

É medido pelo faturamento da empresa em relação ao faturamento do setor. É inviável para o pequeno varejo.

Produtividade Vendas por m2 . Qualidade Satisfação da equipe e satisfação do cliente. Inovação Percentual do faturamento aplicado em novas tecnologias. Resultado

Econômico-financeiro a) Lucro Líquido: Receita Líquida; b) Lucro Líquido: Patrimônio Líquido; c) Receita Líquida: Patrimônio Líquido;

Figura 4.5. Indicadores de desempenho referentes aos Temas (Vasconcello, p. 270).

4ª Etapa: Preencher o Painel de Controle dos Objetivos

Vasconcellos (2001, p. 273) sugere o preenchimento de um painel de controle para

melhor organizar, facilitando a sua visualização e controle, os temas, indicadores de

desempenho e horizonte dos Objetivos, conforme Anexo 2.

4.2.1. Criar as Estratégias Porter (1991) descreve uma metodologia para a criação de estratégia especificas

para cada negócio, para que ocupem uma posição distinta no mercado, e que ele

denomina Estratégia Genéricas. A metodologia de Porter, pela sua simplicidade e

fácil entendimento é recomendada para aplicação em empresas de qualquer porte.

Porter afirmou que existem apenas dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir: baixo custo ou diferenciação, que combinadas com mais uma, o �escopo� de uma determinada empresa (a gama de segmentos de mercado visados) produzem três estratégias genéricas.(MINTZBERG, 2000, p. 83).

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As estratégias genéricas são as seguintes:

- Liderança em Custo: produtos de baixo custo;

- Diferenciação: envolve o desenvolvimento de produtos ou serviços únicos, A

empresa pode oferecer qualidade mais alta, melhor desempenho ou

características únicas, que são fatores que podem justificar um preço mais alto;

- Foco: esta estratégia procura atender segmentos de mercado estreitos.

A escolha de cada tipo de estratégia, está fortemente embasado na determinação

dos FVC, haja vista, a posição de destaque que esta etapa ocupa no modela.

Portanto, o conceito de Estratégia proposto neste trabalho, está diretamente

relacionado a etapa de Análise dos FVC, esta etapa deve ser realizada o mais

detalhada e coerente possível.

4.2.2. Definir os Recursos

Definir recursos não se trata de preparar orçamentos detalhados, mas sim de

trabalhar com números redondos, que permitam analisar a viabilidade dos Objetivos

e Estratégias propostos. Para tal, sugere-se responder as seguintes questões:

- Quanto custa implantar o FVC;

- Existe ou pode-se captar estes recursos.

Como este é um processo contínuo, ferramentas como o fluxo de caixa podem

permitir a mensuração dos recursos necessários. Bem como, a Análise dos FVC

indica os Recursos Humanos necessários.

4.3. 2ª etapa do modelo � Tradeoff As �escolhas� são originarias das Estratégias e dependem dos Recursos, desta

forma faz-se necessário a criação de um mecanismo de priorização das Estratégias.

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Decidir entre vários FVC é uma das etapas básicas para este modelo, sendo que

normalmente o processo decisório significa optar por diversas alternativas viáveis

oferecidas. Todos os FVC influenciam uma decisão, sendo que estes fatores

englobam os aspectos mais diferenciados do negócio, muitos dos quais intangíveis

ou difíceis de medir.

Considerada a complexidade do processo decisório, e a importância das decisões

estratégicas, parece lógico aplicar uma modelagem para tentar balancear, de modo

racional e compreensível os vários FVC. Esta modelagem se caracteriza como um

método chamado �Apoio ä Decisão Multicritério�. Sua intenção é levar ã melhor

seleção entre as alternativas existentes, ponderando todos os FVC e Recursos,

buscando conduzir a decisão que permita obter os melhores resultados.

O Processo ou Método de Análise Hierárquico (AHP � Analytic Hierarchc Process),

foi escolhido por se tratar de um método objetivo e viável para empresas de

pequeno porte. Este método, porém foi adaptado para o modelo aqui desenvolvido.

Ele se baseia no estabelecimento de comparações par-a-par entre critérios/atributos

considerando características objetivas e subjetivas, segundo uma escala absoluta de

valores.

Este modelo deve �incluir e medir todos os fatores importantes, qualitativa e

quantitativamente mensuráveis, sejam eles tangíveis ou intangíveis�. Basicamente, o

modelo trata da �decomposição por hierarquias e síntese pela identificação de

relações através de escolha consciente�. Visa a obtenção de escalas de medidas

para fenômenos desestruturados nas atividades gerenciais, usando julgamentos

comparativos de pares de fatores,

O método proposto tenta responder duas questões:

· Como estruturar hierarquicamente as funções de um sistema?

· Como medir os impactos de cada elemento na hierarquia?

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O método da análise hierárquica trabalha com autovalores nas comparações

paritárias, permitindo que seja ajustada �uma escala numérica, em especial em

áreas novas em que medidas e comparações qualitativas sejam ainda inexistentes�.

Após a hierarquização do problema, inicia-se a fase de avaliação com a comparação

par a par, entre os atributos, e também entre as alternativas. Por meio desta

comparação serão determinadas as importâncias relativas de cada atributo e

alternativa,também conhecidas como pesos, sugere-se atribuir pontos a cada FVC e

atribuir o custos para cada um deles, em seguida colocando os valores em um

gráfico.

Primeiramente sugere-se usar os FVC mais importantes, fazendo uma lista também

com as ações relativas a cada um destes FVC. Atribuindo-se a seguir uma letra a

cada uma destas ações. Para que as ações sejam priorizadas é necessário

determinar o Grau de Importância de cada uma delas, para isso utiliza-se um

Método de Avaliação Numérica Funcional, como por exemplo um Diagrama de

Mudge.

Este método visa determinar uma hierarquia entre as ações. Ele se baseia para isto

numa análise comparativa entre as Ações, duas a duas, até que todas sejam

comparadas entre si. A pergunta utilizada para isto é: A ação A é mais importante

que a B? E assim por diante. E quanto mais importante? Para isto foram atribuídos

pesos conforme mostra o Diagrama de Mudge no anexo 3.

Em seguida é preciso determinar os custos para cada ação.Tanto os custos, como o

Grau de Importância devem ser expressos em percentual para posterior

comparação, conforme demonstrado no gráfico do tipo Compare, exemplificado na

figura 4.6:

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Gráfico Compare

02

468

1012

1416

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S Tações

Cus

to(%

)

GI(%

)

GI (%) Custo(%)

Figura 4.6. Gráfico Comparativo � Grau de Importância x custo. A análise do gráfico Compare é aqui sugerida, uma vez que mostra a relação entre o

custo e o Grau de Importância de um FVC. Possibilitando assim tomar uma decisão

a mais acertada possível.

É importante ressaltar, que este tipo de análise deve estar fortemente embasado em

informações oriundas dos mecanismos de feedback.

4.4. 3ª etapa do modelo � Análise dos FVC A Análise dos FVC pode ser realizada com uma pesquisa semi-estruturada ou

reuniões com os responsáveis pela direção da empresa.

Para auxiliar na consecução desta etapa foi redigida no próximo capítulo (Capítulo 5)

a descrição de todos os FVC encontrados no decorrer deste trabalha. Desta

maneira, estes FVC servem de guia para as empresas que buscam a VCS

(Vantagem Competitiva Sustentável). Contudo, devido a dinâmica e a complexidade

do setor e ao surgimento de novos conceitos, esta lista pode estar incompleta.

Sigere-se que, a partir da descoberta de outros FVC estes também sejam

considerados nesta etapa.

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4.5. 4ª etapa do modelo � Feedback

Baseado no modelo de Rank (2001), pode-se transferir para esta etapa para o

conceito defendido por Rank, o da criação de um SIM (Sistema de Informação de

Marketing).

É importante que os sistema de informações (mecanismo de feedback) proposto

neste trabalho esteja mais voltado para informações acerca dos FVC, configurando-

se assim, em um SIFVC (Sistema de Informações dos Fatores de Vantagem

Competitiva). Uma vez que, entende-se que os FVC, por proporcionar uma visão

sistêmica do negócio, sejam mais abrangentes do que o conceito de marketing.

Para Rank (2001, p. 90) criar um SIM é adotar uma cultura de busca, registro e

utilização da informação a fim de obter bases concretas para a tomada de decisão. É

preciso, primeiramente, que o proprietário-dirigente acredite nela e passe a trabalhar

junto aos seus funcionários para conseguir sua adesão, pois tomar decisões

baseadas no empirismo não é mais suficiente.

É preciso dispor de histórico. Esse histórico é composto pelas ações empreendidas

pela empresa e por outras empresas, e necessita estar registrado a fim de

proporcionar consultas futuras, o que compreende a criação de um banco de dados.

As informações necessárias ao aprendizado estão em todos os lugares:

� contabilidade interna � dados como contas a pagar, lucratividade, investimento,

fluxo de caixa, compras realizadas, vendas por área, vendedores e clientes podem

fornecer importantes informações;

� inteligência de marketing � informações obtidas através de jornais, revistas,

relatórios, palestras, congressos, exposições, bibliotecas, cursos, feiras,

vendedores, grupos profissionais, informalmente, relatórios do governo, bandos de

dados computadorizados etc;

� pesquisas de marketing � realizadas com clientes e com não clientes ;

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� outras empresas � através de benchmarking � ler a respeito de outras

organizações, visitar ou telefonar para elas;

� os próprios empregados � muitas vezes as informações com empregados são

desprezadas, e, portanto, devem ocorrer reuniões periódicas em função do

conhecimento que eles detém.

O primeiro passo seria reunir os próprios funcionários periodicamente a fim de trocar informações com eles. Em seguida consultar os registros internos e criar controles para os dados importantes ainda não registrados com o objetivo de criar um histórico das informações relevantes ao negócio. É essencial nesta etapa, criar controles não excessivamente burocráticos e sim fáceis e simples de manter. (RANK, 2001, p. 71).

Deve-se pesquisar junto a associações de classe, revista do setor,��jornais, Internet,

ouvir rádio, ver televisão, enfim, estar sempre atento à qualquer informação relativa

ao tipo de negócio em questão.

Todas as informações são importantes, mas a mais relevante é a colhida

diretamente dos clientes da empresa. Por isso, devem ser organizadas pesquisas

periódicas a fim de monitorar sua satisfação. Essa pesquisa deve ser planejada de

acordo com a Análise dos FVC e pode ser realizada por um funcionário na saída da

loja, ou no caixa. As informações a serem coletadas devem estar relacionadas aos

FVC analisados.

Para pequenas empresas sugere-se que o banco de dados pode compreender deste

a implantação de um fichário de clientes, arquivos de planilhas de cálculo ou até

processadores de texto, sistemas próprios criados especificamente para a empresa

ou sistemas mais sofisticados disponíveis no mercado. É essencial que o método,

seja ele qual for, surta o efeito esperado pela empresa e seja, ao mesmo tempo,

compatível com o seu nível de conhecimento, estrutura e capital.

É necessário também proporcionar recursos para que os dados sejam analisados

quando à qualidade e credibilidade, transformados em quadros e gráficos,

condensados e disseminados ou seja, proporcionar as informações adequadas a

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cada um dos funcionários, de acordo com as suas necessidades a fim de facilitar a

tomada de decisão e a realização de suas tarefas.

No Sistema podem ser registrados os dados obtidos na avaliação do ambiente, da

empresa, os resultados de pesquisas com clientes, o resultado das ações de

benchmarking realizadas, os dados internos sobre vendas, faturamento,

pagamentos, enfim, todos os dados importantes. É de suma importância que todos

os integrantes da organização tenham acesso às informações que lhes sejam úteis e

que realmente utilizem-nas.

Todos os integrantes da organização devem ser responsáveis pela alimentação do

Sistema. O desafio consiste em manter as informações atualizadas, pois é dessa

premissa que dependerá a eficácia das decisões � dados condizentes com a

realidade.

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127

CAPÍTULO 5 � FATORES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO VAREJO 5.1. Os principais fatores de vantagem competitiva no varejo

Uma das principais perguntas deste trabalho é: O que são Fatores de Vantagem

Competitiva (FVC)? Pode-se agora responder este conceito como:

FVC são, capacidades, comprometimentos, inovações, melhorias, ferramentas,

funções, métodos e/ou quaisquer outros meios implícitos ou explícitos que

adequados a uma estratégia, dispondo de recursos e implementados de acordo com

esta estratégia, seu somatório e encaixe possibilite um desempenho superior em

relação aos concorrentes no setor.

O somatório e o encaixe destes fatores deverá levar à sustentabilidade neste setor,

conforme foi demonstrado pelo modelo prescrito.

O modelo (figura 4.1.), mostra uma forma dinâmica para tratar a Vantagem

Competitiva Sustentável (VCS) e se propõe a explicar como os FVC surgem e como

devem ser desenvolvidos para fazer emergir esta vantagem.

Apesar da importância do �somatório� dos FVC pode-se ir mais além, a pratica

demonstra e a teoria do caos explica que FVC isolados também podem determinar o

sucesso ou o fracasso. Devido a isto, o profundo conhecimento do negócio é

fundamental para se identificar e implementar todos os possíveis FVC, visto que a

falta de algum deles poderá trazer prejuízos a empresa.

Porém a pergunta principal que se faz é: Quais são os FVC?

Buscou-se no decorrer da pesquisa bibliográfica reconhecer FVC que pudessem ser

aproveitados no varejo, seja para o desenvolvimento de novos tipos de propriedade

de sistema varejista ou incrementação dos já existentes.

Para uma melhor organização e compreensão os fatores foram classificados em três

tipos primários:

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128

1. FATORES ESTRATÉGICOS;

2. FATORES OPERACIONAIS;

3. FATORES INTRÍNSECOS.

Embora estes fatores muitas vezes possam relacionar-se e confundir-se, foram

assim classificados devido a observação de uma maior identidades entre estes

fatores primários e aqueles que os complementam.

Desta forma, os Fatores Estratégicos são mais relacionados ao processo estratégico

em si. Os Fatores Operacionais aos mecanismos ou ferramental que permite um

bom gerenciamento das atividades e sua execução realizada com qualidade e

eficiência. Os fatores intrínsecos são relacionados a características peculiares e que

geralmente têm origem endógena. Pode-se assim resumi-los:

Fatores Estratégicos

- Aprendizagem; - Concentração das forças e recursos; - Diferenciação; - Encaixe entre as atividades; - Estratégia; - Foco, enfoque, segmentação ou nicho; - Localização; - Mix de produtos e disponibilidade; - Posição; - Preço; - Sinergia entre os participantes.

Fatores Operacionais

- Custos; - Escala; - Flexibilidade; - Inovação tecnológica e melhoria contínua; - Inter-relações; - Mecanismos de feedback; - Propaganda, promoção, publicidade e marketing; - Recursos, capacidades e ativos.

Fatores Intrínsecos

- Acesso a mercados, insumos e know-how; - Barreiras à entrada e à saída; - Competência do administrador; - Criatividade; - Experiência; - Fatores intangíveis; - Marca; - Oportunidade; - Poder de barganha; - Valor agregado; - Competências distintivas de marketing;

Figura 5.1: Fatores de Vantagem Competitiva.

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129

5.1.1. Fatores Estratégicos • Aprendizagem

A aprendizagem necessita de tempo para que o resultado apareça. Entretanto, há

uma maior alavancagem dos efeitos da aprendizagem com o aumento da escala. No

caso do varejo poderia ser a escala de propaganda, de vendas, de negociações, de

logística externa, de cobrança, enfim, todo incremento em qualquer atividade da

empresa gera um aumento percentual equivalente na aprendizagem. O know-how é

um atributo observado no franchising, atribuindo-se muito de seu sucesso estar

embasado na aprendizagem, e aliada a uma maior escala em seu sistema

administrativo. Esta última devido ao número de unidades sob o mesmo controle.

O aprendizado não é exclusivamente emergente, podendo existir uma metodologia

para otimizá-lo. Geralmente ele é o acúmulo de pequenos aperfeiçoamentos ao

longo do tempo, mas, também pode ser acelerado com o estabelecimento de metas.

A aprendizagem aumenta a eficiência dos custos, diminuindo todos os tipos de

custos, desde projetos e construção de pontos de venda até a otimização das

atividades em geral.

Outro ponto, referente à aprendizagem é o que Porter (1989, p. 67) denomina de

�vazamentos�, que ocorrem quando informações da saem da empresa. Assim, o

índice de vazamentos também determina a vantagem competitiva relacionada a

aprendizagem. Daí a importância que o franqueador dá a manutenção do sigilo do

Manual do Franqueado através de cláusulas contratuais rigorosas.

• Concentração das forças e dos recursos

Concentrar forças e recursos significa orientar os tradeoff�s frente a atual

configuração dinâmica e complexa do comércio varejista, com o objetivo de não

alocar esforços e recursos em atividades que não gerem resultados, e sim naqueles

que estejam adequados a uma estratégia.

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A vantagem competitiva, definida por Porter (1989), discrimina diferentes tipos de

estratégias genéricas (custo e diferenciação), mostrando a necessidade de se

reconhecer todas as atividades de valor. Adequando-as a uma estratégia com o

intuito de direcionar os recursos para o estabelecimento coerente das atividades

fundamentais a serem executadas.

• Diferenciação

Produtos e serviços únicos, aliados com a marca, know-how, propaganda,

experiência, entre outras peculiaridades na prestação do serviço podem auxiliar na

diferenciação, mas muitas vezes não satisfazem as expectativas do cliente. Pois,

geralmente tornam a empresa diferente, mas não diferenciada a ponto de gerar uma

singularidade que os consumidores valorizam, haja vista a forma limitada como este

conceito é entendido.

�A singularidade não resulta em diferenciação, a menos que seja de valor para o

comprador.� (PORTER, 1989, p. 121).

Segundo Porter (1989, p. 113) a diferenciação é proveniente das atividades que uma

empresa executa e do modo como afetam o comprador. Ela surge da cadeia ou do

sistema de valores da empresa. Logo, qualquer atividade de valor constitui uma

fonte potencial de singularidade e desta forma repercute seus efeitos em quaisquer

outras atividades.

O estabelecimento de padrões de operacionalização, o treinamento, a conveniência

a disponibilização de material publicitário são fatores que aumentam a diferenciação

e que fazem parte da política do franchising. Evitando eventuais frustrações,

aborrecimentos e esforço; e elevando o nível de satisfação do comprador para

atender suas necessidades.

Outras políticas que resultam em singularidade podem ser: as características dos

produtos, os serviços (por exemplo, crédito, entrega ou garantia); os índices de

gasto com publicidade, com a tecnologia envolvida e com o treinamento.

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131

O status e o prestígio também são necessidades importantes. Neste sentido, a

marca, a imagem, a apresentação, a localização e a publicidade são alguns dos

diferenciais importantes.

Os elos com fornecedores, e dentro da cadeia de valores, são fundamentais para a

singularidade, uma vez que o modo como é executada uma atividade afeta o

desempenho de outra. Por exemplo, os elos com fornecedores podem diminuir o

tempo para o lançamento de uma promoção, o volume de estoques, o lançamento

de novos produtos e agilizar o processo de feedback, desta forma auxiliando nos

esforços de vendas.

Outros fatores de vantagem competitiva que estão intimamente relacionados com a

diferenciação são:

• Oportunidade: ser o primeiro a adotar uma imagem ou linha de produtos;

• Localização: localização mais conveniente;

• Aprendizagem e vazamento: a singularidade de uma atividade pode ser o

resultado da aprendizagem para executá-la da melhor maneira. Segundo Porter

(1989, p. 117), para que a diferenciação seja sustentável é necessário dispor de

uma aprendizagem patenteada, isto impossibilita que vazamentos acabem com

ela. No franchising, o manual do franqueado é exemplo de uma ferramenta que

agiliza o aprendizado;

• Integração: a tecnologia da informação já possibilita a integração entre

fornecedores e outros canais, aumentando assim as possibilidades de diferenciar-

se através da ampliação de suas atividades de valor;

• Escala: o número de lojas pode tornar um serviço mais conveniente de diversas

formas, uma delas, como no caso do franchising, é tornar o atendimento mais

padronizado, conseqüentemente mais confiável em qualquer loja de uma mesma

rede. Isto é, o cliente recebe o mesmo serviço onde quer que se encontre.

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132

O custo da diferenciação também deve ser equacionado, de forma que o preço-

prêmio pago pela diferenciação deve ultrapassar o seu custo. Na maioria das vezes

a busca da diferenciação envolve maiores custos, porém, pode ocorrer que haja uma

vantagem de custo a partir da diferenciação. Como, por exemplo, um sistema

automatizado de controle de estoque pode agilizar o processo de atendimento

(diferenciação) ao mesmo tempo em que reduz custos.

• Encaixe entre as atividades

Todas as atividades que a empresa executa devem se encaixar entre si e entre a

cadeia de valor do sistema na qual está inserida para formar os elos que otimizam e

coordenam as atividades. A Cadeia de Valor de Porter é uma ferramenta eficaz para

o entendimento deste fator, sendo ela uma coleção de atividades interdependentes.

Estes elos são muitas vezes numerosos. Alguns são óbvios, por exemplo, praticas

de aquisição quase sempre afetam a qualidade do produto.

Porter (1989, p. 45) descreve que uma boa coordenação dos elos entre as

atividades, bem como dos tradeoff`s relacionados podem reduzir custos. Por

exemplo, o nível de estoque da empresa, com um sistema de entrada de pedidos

interativo pode reduzir o tempo das vendas; entregas freqüentes de fornecedores

podem reduzir o estoque e as contas a receber.

Porter (1989, p. 45) salienta ainda, que o custo ou o desempenho das atividades

diretas é melhorado através de maiores esforços em atividades indiretas. E que,

custos mais elevados na organização de fabricação, por exemplo, podem resultar

em custos mais baixos nas organizações de vendas ou de serviços. Bem como a

maneira que os fornecedores executam as atividades dentro da cadeia de valores.

Estes fatos descrevem o que pode ser outra forma de obter vantagem competitiva no

franchising. Via de regra o franqueado deverá receber todo o suporte relacionado às

atividades indiretas, ficando ele responsável pelas atividades diretas. Estes elos são

chamados de elos verticais, pois deve ocorrer uma interação entre as atividades do

fornecedor (franqueador) e do canal (franqueado), bem como uma marca registrada

comum pode ser compartilhada. De modo semelhante, os canais podem

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desempenhar muitas outras funções, tal como marketing e assistência técnica. Com

a formação destes elos, ambos são favorecidos, pelos múltiplos pontos de contato

que se supõe existir. Assim, existem muitas opções relativas às atividades de valor

que a própria empresa executa e as que ela compra, de forma que a administração

dos elos com os fornecedores pode reduzir o custo total.

Cooperativas de varejistas também podem dispor de inter-relações a fim de reduzir

custos e acentuar a diferenciação, através do compartilhamento de aquisição, de

logística, de propaganda, e assim por diante.

Contudo, Porter (1989, p. 51-52) alerta para os custos provenientes do

compartilhamento, que podem se configurar, dependendo do caso, em perdas. Para

isto é necessário descrever as inter-relações entre as unidades empresariais e suas

implicações.

Porter (1989, p. 46) descreve a difícil tarefa de determinar os elos, uma vez que

muitas vezes eles são sutis. Determinando assim a necessidade de sistemas de

informação, o que é impraticável para o varejista independente, restando-lhe

desenvolver elos óbvios.

Porter (1989, p. 46) salienta ainda que, a administração de elos é uma tarefa mais

complexa do que administrar as próprias atividades de valor. Devido à dificuldade

para se reconhecer e administrar elos, a habilidade para fazê-lo, freqüentemente

produz uma fonte sustentável de vantagem competitiva por si só, pois é sutil e de

difícil percepção pelos concorrentes. Somente através de modernos sistemas de

informação abrem-se novas possibilidades.

�Compartilhar e integrar têm, contudo, custos que podem anular seus benefícios.�

(PORTER, 1989, p. 49).

Com esta citação Porter indica a necessidade do bom senso, enfatizando a

importância de que empresas independentes busquem outras formas de vantagem

competitiva, como, por exemplo, estreitando seu escopo ou nicho de mercado.

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134

• Estratégia

É fundamental a configuração de uma estratégia ideal, de uma forma deliberada e

de preferência explicita. É ela que possibilitará as decisões de outros FVC.

Cunha Jr., Luce e Lund (2000, p. 235-236) enfatizam que, embora os modelos

criados pelos estudiosos da estratégia, como Porter, Guemawat e Prahalad,

possuírem proposições diferenciadas, eles convergem para uma conclusão em

comum:

�Organizações de varejo de sucesso empregam uma estratégia de marketing mix

claramente definida e integrada, denotando-se a importância do planejamento e da

adoção de estratégias de nível funcional de marketing.�

A pesquisa realizada por Cunha Jr., Luce e Lund (2000, p. 250) confirma que:

�a clara definição de estratégia é o primeiro passo rumo à criação de vantagens

competitivas sustentáveis que possibilitarão a distinção da empresa no segmento de

produto/mercado, protegendo-a das ameaças do contexto competitivo.�

Cunha Jr., Luce e Lund (2000, p. 250) constatam ainda que os varejistas que

estabelecem estratégias funcionais de marketing possuem um maior número de

competências distintivas. Diferenciando-se mais facilmente dos competidores, e

conseqüentemente, auferindo resultados superiores. Mostrando assim, que as

empresas que apenas reagem ao mercado (�a deriva�) possuem a pior performance.

Desta maneira, concluem que, o sucesso das empresas é o reflexo direto de um

processo de mapeamento competitivo, da identificação das variáveis externas e

internas que influenciam a empresa. E, a utilização dessas informações para o

desenvolvimento, implementação, análise e controle de estratégias, como base para

a criação de vantagens competitivas sustentáveis.

Estes conceitos confirmam o que Porter (1989, p. 22) defende: A estruturação de um

plano de negócios enfatizando custos e preços é incorreta. Em vez disso uma

compreensão da estrutura industrial e da vantagem competitiva é o que determinará

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a rentabilidade. Sendo assim, a estratégia de uma empresa é o caminho para a

vantagem competitiva que determinará seu desempenho. • Foco, enfoque, segmentação e nicho

Uma das formas de se diferenciar, de obter escala, concentrar forças e recursos,

ocupar uma posição e intensificar o aprendizado é manter o foco, tal como em

nichos de mercado, preço e produtos.

A segmentação é a chave para a análise de negócios, para o posicionamento

estratégico e para a alocação de recursos. Ela identifica explicitamente o domínio de

atuação da instituição, esclarecendo onde ela deve agir e onde ela não deve atuar.

Levando em consideração a identificação das diferenças nas necessidades do

consumidor. Faz-se, portanto a utilização dos mecanismos de feedback, permitindo

a empresa identificar os segmentos e ajustá-los ao seu programa de marketing,

bem como o conhecimento e controle dos atributos como os que seguem:

- Conhecimento dos clientes potenciais;

- Conhecimento das tendências do ramo de atividade;

- Conhecimento dos clientes atuais;

- Seleção dos produtos ou novas linhas de produtos;

- Habilidade em diferenciar o sortimento de produtos e de serviços das lojas;

- Layout da loja e apresentação do produto;

- Imagem da loja.

Os consumidores geralmente não são todos semelhantes, variando de acordo com:

a demografia, os hábitos, o status, os contatos sociais, a idade, o nível de

escolaridade, o tamanho da família, a localização, a cultura, o tamanho, a geração, a

personalidade, a lealdade, a renda, entre outros. Enfim, uma série de características

que diferenciam os consumidores, gerando uma variedade de maneiras para

segmentá-los. Um segmento poderia também ser definido com base na variedade de

produtos (segmentação na linha de produtos ou serviços), como: o tamanho físico,

as características tecnológicas, a embalagem, o preço e o desempenho, sendo que,

estes atributos podem estar inter-relacionados entre si. De uma forma geral, a

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tendência da segmentação é enfocar diferenças observadas nas variedades de

produtos (ou serviços) e nos consumidores.

Porter (1989, p. 13) define que se o segmento�alvo de um enfocador não for

diferente de outros segmentos, então a estratégia de enfoque não terá êxito. Assim

a estratégia de enfoque geralmente busca segmentos que não estão sendo bem

servidos por concorrentes com alvos amplos em que o enfoque pode ser

sustentável.

Haja vista, a grande variedade de formas para a segmentação, a identificação de

uma nova forma de segmentação pode se constituir em grande vantagem.

Contudo, Porter (1989, p. 247) adverte, que as estratégias de enfoque por si só não

são suficientes para obter vantagem competitiva. Os segmentos escolhidos devem

envolver consumidores com necessidades diferentes ou exigir uma cadeia de valor

diferente daquela que serve a outros segmentos.

• Localização

�As vantagens competitivas de uma localidade consistem na qualidade do ambiente

que ela proporciona para a consecução de níveis elevados de produtividade.�

(PORTER, 1999, p. 342).

A localização permite que os clientes potenciais possam ter rápido e fácil acesso em

relação à concorrência, podendo estar relacionado à proximidade ou as facilidades

de transporte, por exemplo. Souza (1999, p. 187) aponta que:

�a escolha de uma localização de um estabelecimento varejista é talvez a única e

mais importante decisão de um empresário nos tempos modernos.�

A escolha da localização para uma loja envolve uma infinidade de fatores. Alguns,

extremamente sutis, como exemplo, a adequação do tipo de produto ao clima de

determinada região, dentre outros mais explícitos como o potencial de demanda.

Porter (1989, p. 75) cita que a escolha da localização envolve tradeoff�s, reduzindo

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alguns custos e elevando outros, muitas vezes relacionados a economias de escala.

Assim, as empresas podem auferir vantagem com a escolha correta ou mudança na

sua localização. Contudo, no varejo para garantir uma boa localização é necessária

uma �oportunidade� antecipada, de forma que o ponto pretendido esteja disponível.

As vantagens de uma oportunidade antecipada podem ainda ser reforçadas por

economias de escala e pelos efeitos do aprendizado. • Mix de produtos e disponibilidade

A falta de um produto pode deixar consumidores potenciais frustrados, a menos que

parta de uma decisão estratégica o não interesse em atender às necessidades de

determinada classe de consumidores.

É necessário estar atento a um sortimento adequado de forma a atender às

necessidades e anseios do consumidor.

• Posição

Envolve a análise de todo o ambiente externo e interno, no âmbito de uma estratégia

bem definida, de forma a ocupar uma posição singular no mercado.

O estudo realizado por Cunha Jr., Luce e Lund (2000, p. 250) sugere que as

empresas que �aprofundam� suas estratégias conseguem diferenciar-se mais

facilmente no mercado. Possuem desempenho superior ao daquelas que não

apresentam comprometimento com as estratégias propostas (�Em Cima do Muro�).

Essa constatação evidencia que o processo estratégico vai além da simples seleção

das estratégias, indicando que o comprometimento da organização com as mesmas

é fator fundamental para a obtenção dos resultados esperados.

• Preço

Daud (1999, p. 230) cita uma pesquisa realizada, cujo resultado prevê que o

principal motivo que levam as pessoas à compra é o preço, com 43-47% dos

entrevistados.

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O preço é definido não só com base nas estratégias (de baixo preço), mas também

de uma série de fatores operacionais, e da relação entre os vários FVC.

Porter (1989, p. 148) salienta que, mesmo empresas diferenciadas serão

abandonadas pelos compradores caso o preço atinja uma cifra demasiado alta. • Sinergia entre os participantes

O conhecimento da Cadeia de Valor de Porter possibilita a visão da empresa

atuando como um todo, em que as estratégias estão voltadas para os mesmos

objetivos, possibilitam a redução de custos e a diferenciação.

Marques e Noronha(2001, p. 179), destacam a importância do elo existente entre

varejistas e fornecedores, uma forma disto ocorrer é quando os fornecedores

auxiliam o varejista a obter um melhor desempenho em determinada atividade. Por

exemplo, no caso de uma empresa que distribui embalagens disponibilizar um

mecanismo de reposição que minimize o uso de estoques, como um sistema just-in-

time de mercadorias, ou fornecendo material de propaganda.

Uma outra sinergia importante é a que deve existir entre o varejista e seus clientes.

Uma tendência recente é a fidelização dos clientes com o objetivo de aumentar esta

sinergia. 5.1.2. Fatores Operacionais • Custos

Envolve uma política de custos, bem como um custeio profissional e responsável. A

avaliação correta dos custos, sua mensuração e classificação são atributos

indispensáveis. As ferramentas que auxiliam o seu entendimento no campo da

estratégia empresarial, como a Cadeia de Valor de Porter, buscam interpretar a

origem e orientar para as soluções baseando-se na inter-relação entre os diversos

condutores de custo. As economias de escala, procedimentos otimizados como

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�aquisição�, por exemplo, e o monitoramento cuidadoso dos custos unitários e totais

é fundamental. A curva da experiência é o ponto de partida para a diminuição dos

custos. Mas, segundo Porter (1989, p. 57) ela ignora muitos dos condutores

importantes do comportamento do custo e encobre relações importantes entre eles,

tal como, o compartilhamento de custos com outras empresas.

Porter (1989, p. 15, 57) descreve que a redução de custos nem sempre envolve um

sacrifício na diferenciação, sendo até mesmo vital para estratégias de diferenciação

porque um diferenciador deve manter o custo próximo da concorrência. O uso de

práticas mais eficientes, bem como novas tecnologias, além de aumentar a

diferenciação, diminuem também os custos gerais. Porém, ele também enfatiza que

uma empresa que busque uma liderança no custo deve dispor de sistemas de

controle rígidos, de poucas despesas indiretas, da busca de economia de escala e

dedicação à curva da aprendizagem.

Um fator importante de vantagem competitiva no franchising está provavelmente na

inter-relação e compartilhamento de custos, tal como demonstra a figura 5.1. A

figura 5.1. exemplifica parte do compartilhamento dos custos de um sistema de

franchising fictício, onde a Gerência de RH provê treinamento e assistência a

seleção; a Logística Externa trabalha no sentido de minimizar estoques e garantir a

disponibilidade de mercadorias; e a função de Marketing e Vendas pode também ser

compartilhada como, por exemplo, com os custos de Propaganda, Merchandising,

Projeto de Layout e assim por diante.

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140

INFRA ESTRUTURA DA EMPRESA

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

AQUISIÇÃO

LOGÍSTICA INTERNA

LOGÍSTICA EXTERNA

MARKETING E VENDAS

SERVIÇOS

ATIVIDADES PRIMÁRIAS

ATIVIDADES DE APOIO

MAR

GEM

MARG

EM

INFRA ESTRUTURA DA EMPRESA

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

AQUISIÇÃO

LOGÍSTICA INTERNA

LOGÍSTICA EXTERNA

MARKETING E VENDAS

SERVIÇOS

ATIVIDADES PRIMÁRIAS

ATIVIDADES DE APOIO

MAR

GEM

MARG

EM

Figura 5.2: Exemplo de Inter-relações e Compartilhamento de custos entre cadeias

de valor no Sistema de Franchising (PORTER, 1989).

Por outro lado, percebe-se, que muitos destes custos compartilhados no franchising,

não são disponibilizados ao pequeno varejo independente.

�A vantagem de custo resulta se a empresa obtém um custo cumulativo da execução

das atividades de valor mais baixo que o custo da concorrência�. (PORTER, 1989,

p.59).

Outro fator que determina os custos é citado por Porter (1989, p. 68), como o

�Padrão de Utilização da capacidade�, tendo em vista que os custos fixos das

atividades irão declinar à medida que há um aumento da utilização e vice-versa.

Este conceito pode ser particularmente importante no varejo, principalmente nos

modernos shopping centers onde os custos de locação são baseados no metro

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141

quadrado. Assim, mecanismos para manter estoques reduzidos e layout funcional

são necessidades reais. Desta forma, no pequeno varejo independente a

minimização dos custos fixos também representa um FVC. • Escala

Está relacionada com o aumento das vendas, do aprendizado, com os recursos,

capacidades e ativos. O aumento das campanhas de marketing, da produtividade,

das compras, das vendas, do poder de barganha com fornecedores em preço, do

prazo e da qualidade. O aumento da escala repercute em um aumento equivalente

no aprendizado, deste modo sendo FVC complementares.

A importância das economias de escala tem se mostrado crescente na atividade de comercialização de bens e serviços, uma vez que conferem melhor posição de barganha para quem as pratica; possibilitam diluir despesas e operar com margens de lucratividade por produto mais competitiva. (NEVES, 1997, p. 58).

Uma comparação interessante é a feita entre o franchising e cooperativas de

varejistas. As economias de escala oriundas da aquisição configuraram em

estratégia básica para as cooperativas. Enquanto no franchising, apesar da

existência deste fator, não é totalmente certo que ele se configure em uma vantagem

para o franqueado. O franqueado atua como um varejista independente, estando à

mercê do poder do franqueador. Desta forma não conseguindo exercer nenhum

poder de negociação sobre o franqueador, a menos que existam mecanismos

preventivos para este risco. Estes podem ser, um conselho de franqueados ou

cláusulas especificas de contrato para o repasse da minimização dos custos com o

aumento da escala. Este último provavelmente não é sequer cogitado pelos

interesses dos franqueadores. Para que isto ocorresse de fato, seria necessário o

conhecimento dos custos do franqueador, o que é praticamente inviável.

No caso das cooperativas de varejistas, é necessário estar atento as políticas de

aquisição, com o objetivo de influenciar a negociação. Para tal, Porter (1989, p. 97)

destaca uma série de medidas especificas para intensificar o poder de negociação

com os fornecedores:

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• Aumentar poder de negociação nas compras, mantendo o número de fontes

suficiente para garantir a concorrência, mas suficientemente pequeno para ser um

comprador importante para cada fonte;

• Selecionar fornecedores especialmente competitivos entre si, e dividir compras

com eles;

• Variar a proporção de negócio concedida a fornecedores no decorrer do tempo, a

fim de garantir que eles não o considerem uma concessão de direito;

• Solicitar propostas ocasionais a novos fornecedores, tanto para testar preços de

mercado como para reunir inteligência tecnológica;

• Intensificar a influência da escala das compras através de contratos baseados no

volume anual com entregas em fases, ao invés de fazer compras menores

freqüentes;

• Apontar executivos de compras de alta qualidade para permitir práticas mais

sofisticadas de compras;

• Investir em informações para compreender melhor as condições do mercado e os

custos dos fornecedores;

• Práticas de compras devem ainda: promover a redução dos custos dos

fornecedores; ajudar os fornecedores quando necessário com o desenvolvimento

de tecnologia; e encorajar práticas dos fornecedores que reduzam o custo da

empresa por meio de elos.

• Flexibilidade

Mudanças rápidas exigem respostas rápidas. Podendo ser alcançada com um

melhor fluxo de informações, aprendizado, melhores métodos e técnicas de gestão.

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Para Sproesser (1999, p. 29), outros fatores que auxiliam no aumento da

flexibilidade podem ser a terceirização ou estabelecimento de alianças estratégicas,

para atividades a montante, como o transporte de mercadorias e a propaganda.

Estes estão se tornando cada vez mais freqüentes entre os varejistas.

Neves (1997, p. 70) lembra que, a flexibilidade não reside somente na capacidade

de se mobilizar prontamente para disponibilizar produtos. Mas também em se estar

atento a sinais de necessidade de mudança e na disposição de adotar

procedimentos, métodos e ações que reflitam a consciência destes sinais. Devendo

haver disposição para sistematicamente repensar o negócio e suas características.

Revendo objetivos para se mover na direção correta. Mudando o que for necessário,

seja na estrutura, seja na forma de fazer as coisas. Neste sentido, mecanismos

feedback são importantes como ferramentas de apoio à flexibilidade.

Em épocas de menor demanda, ou, a venda de produtos sazonais, são situações

que envolvem a necessidade de adequar-se. Para isto é necessário que ocorram

mudanças, que podem acontecer de várias formas, como: aumentar o mix de

produtos, reduzir preços, seleção de compradores com demanda mais estável,

diminuir custos e assim por diante.

• Inovação tecnológica e melhoria contínua

A inovação tecnológica e a consolidação das tecnologias são hoje ferramentas

indispensáveis para qualquer tipo de negócio. Atuando em toda a estrutura das

organizações. O seu acompanhamento e implementação, baseado nas escolhas

corretas, é muito importante para o aumento da produtividade e da qualidade.

Em estudos recentes sobre 18 empresas norte-americanas bem-sucedidas ao longo do tempo, Loeb (Batterman, 1998) concluiu que a característica comum, presente em todas as empresas pesquisadas, era a habilidade de promover inovações. A inovação pode significar desde avanço tecnológico até o conceito mais amplo de melhoria contínua, podendo acontecer desde o desenvolvimento de novos produtos e serviços até a promoção de melhoria contínua e inovação dos processos de vendas, entrega, transporte, logística. Para Drucker (1996) organizações inovadoras são aquelas que promovem um processo de inovação sistemática, consistindo na busca, intencional e organizada, de mudanças e na análise das oportunidades que tais mudanças poderiam oferecer para inovações econômicas e sociais... o autor observa ainda que as empresas que têm sucesso, possuem uma

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administração voltada para a inovação, que é complexa, mas vital para o sucesso da organização...�Porter (1991) refere-se a dois tipos básicos de inovação que alteram a dinâmica de competição do mercado: inovação no marketing e inovações no processo (que são provenientes das mudanças na forma como o produto é feito ou que o serviço é fornecido). Já as inovações no marketing incluem, principalmente no varejo, as mudanças nos produtos e/ou serviços que uma empresa desenvolve, como também as inovações na comunicação visual, na ambientação das lojas, etc. No varejo, as inovações no processo são aquelas que modificam os processos de operacionalização das lojas, seja por meio de novos métodos de gestão de informações, de pessoas, de logística e distribuição de mercadorias, seja por outros processos que visem aumentar a produtividade e eficiência no varejo. (FEITOSA e JORGE NETO, 2001, p. 97-98).

Em seu estudo Feitosa e Jorge Neto (2001, p. 107) concluem que a inovação possui

uma relação direta e positiva com o desempenho, possibilitando assim afirmar que,

as empresas mais inovadoras obtêm melhor desempenho.

Uma das principais características da inovação no varejo é tornar o produto mais

facilmente acessível ao consumidor, o que muitas vezes se traduz em aumentar a

conveniência para ele. As vantagens advindas do conceito de �conveniência� vêm a

cada dia se consolidando no atual cenário varejista.

A inovação tecnológica atua no sentido de diminuir custos e também na

diferenciação, difundindo-se por toda a cadeia de valor. Conforme Porter (1989,

p.156) a aquisição envolve procedimentos e tecnologias para colocar pedidos e para

fazer a inter-relação com fornecedores. A gerência de recursos humanos conta com

tecnologia para motivação e treinamento; a infra-estrutura conta com automação de

escritório; e assim por diante. Neste sentido a tecnologia da informação é

particularmente importante, pois sistemas de informação são empregados em

programação, controle, avaliação e outras atividades. Segundo Porter (1989, p. 157-

158), a tecnologia que pode ser aplicada a uma atividade de valor geralmente é o

resultado de outros fatores, como escala, oportunidade ou inter-relações com

fornecedores. Para que uma empresa consiga dispor de tecnologia capaz de

melhorar a forma de executar suas atividades, em relação aos concorrentes, é

necessário dispor de outros fatores.

No caso do franchising, em que o fornecimento de tecnologias de gestão se dá

através do licenciamento. A inter-relação natural (franqueado x franqueador) já é

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motivo suficiente para o desenvolvimento de sistemas de informação. Melhorando a

performance e a manutenção dos padrões necessários, tal como já vem ocorrendo

com as principais marcas nacionais.

Por outro lado, devido à disseminação acelerada de novas tecnologias, existe a

possibilidade de que varejistas independentes encontrem formas totalmente novas

de buscar vantagem competitiva baseando-se nas tecnologias existentes.

Os aperfeiçoamentos no processo, no atendimento, no layout, entre outros, podem

reduzir custos com o aumento das economias de escala, redução de insumos e de

mão de obra. O desenvolvimento tecnológico pode aumentar o controle,

programação mais confiável, diminuir tempo de pedidos, entregas e estoques e

outras dimensões que elevam o valor para o consumidor através da diferenciação.

A inovação tecnológica assume um papel importante na vantagem competitiva do

varejo. Mudanças comuns, no modo que uma empresa executa atividades ou

combina tecnologias, podem aumentar ou diminuir a vantagem competitiva.

O franchising disponibiliza acesso à tecnologia para os empreendedores que,

sozinhos, não teriam capacidade de explorar tais tecnologias, seja por falta de

recursos, seja por falta de qualificação.

• Inter-relações

A inter-relação de atividades de valor entre empresas com objetivos comuns é uma

forma de alcançar escala e envolve o compartilhamento de know-how a fim de

otimizar o aprendizado.

Este conceito é especialmente importante no varejo moderno, visto a possibilidade

de sua aplicação prática em redes de qualquer espécie. As inter-relações criam

vantagem competitiva quando aumentam a diferenciação e reduzem os custos.

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• Mecanismos de feedback

Marques e Noronha (2000, p. 173) apontam a Pesquisa de Satisfação do

Consumidor como uma ferramenta para criar e manter a vantagem competitiva,

principalmente devido ao seu caráter de essencialidade. Sendo que, o conhecimento

das necessidades do consumidor é um assunto complexo e é atributo do setor de

marketing. A satisfação das necessidades dos clientes com maior precisão pode

também diminuir custos, como, por exemplo, o de estoques.

Contudo, os mecanismos de feedback não estão somente relacionados à satisfação

do consumidor e ao marketing, mas trata-se do monitoramento e avaliação

sistemática de todos os FVC. Para tal, ferramentas relacionadas a sistemas de

informação também contribuem no desempenho deste fator.

• Propaganda, promoção, publicidade e marketing

Frente a atual realidade competitiva é necessária uma eficaz comunicação com os

consumidores.

Nakamura (1997, p. 142) salienta que os consumidores não saberão da existência

de uma empresa se eles não forem informados e acreditarem que ela possa

satisfazer seus desejos. Ele considera a propaganda mais como um investimento do

que uma despesa, que servirá para aumentar as vendas, divulgar as promoções e

produtos, atrair clientes, melhorar a imagem de uma marca, entre outras funções.

A propaganda é um instrumento muito utilizado pelas empresas e é importante para a consolidação e o crescimento do negócio, mas o varejista tem à disposição dezenas de outras formas para fazer as mensagens chegarem até seu público alvo. Se trabalharem em um mix de ferramentas promocionais, num planejamento rigoroso, o sucesso virá mais fácil. O nome do negócio, a vitrine, a embalagem e a atmosfera da loja também colaboram para este fim. O uso combinado, inteligente e afinado de uma série de ferramentas de comunicação é a forma mais rápida de consolidação de uma marca, o que significa ocupar um espaço importante no coração e na mente dos clientes.(NAKAMURA, 1997, p. 158-159).

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Desta maneira, a perfeita comunicação da marca, e dos produtos com o consumidor

é fundamental para que ele se identifique com estas características. Segundo Porter

(1989, p. 148) nem sempre os compradores são capazes de discernir inteiramente

diferenças entre as empresas.

• Recursos, capacidades e ativos

Os ativos e recursos disponíveis a curto prazo são vitais, e possibilitam a

implementação das decisões. O acesso a novos recursos, tais como financiamento,

empréstimo, a liquidez e a concentração maior de capital possibilita a alavancagem

dos outros FVC e a recuperação em momentos de dificuldade. Bem como a

implementação dos FVC necessários a curto, médio e longo prazos, facilitando

assim as possíveis correções estratégicas.

Este capital não se restringe somente ao capital financeiro, mas também ao capital

humano. Este último ganhando reconhecimento do seu valor mais recentemente. Os

recursos humanos também devem estar afinados a estratégia de modo a atuar.

Sendo responsáveis diretos pelo recrutamento, a seleção, o treinamento e a geração

das condições de trabalho no sentido de formar funcionários diferenciados e

aumentando a fidelidade dos clientes.

Deste modo, mesmo que as empresas possam ter boas idéias, isto não é suficiente,

se não possuem os recursos necessários para implementá-las.

5.1.3. Fatores intrínsecos

• Acesso a mercados, insumos e know-how

Pioneirismo e um potencial de demanda alto podem evitar concorrência direta. Por

exemplo, estratégia regional ou a busca de nichos.

O acesso preferencial a insumos e know-how, pode ocorrer no franchising, em que

as facilidades para a aquisição são maiores. Porém, estes fatores também podem

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ser alavancados com o aumento de escala e da consolidação de uma relação

favorável com fornecedores.

As empresas formam alianças estratégicas para desenvolverem novas tecnologias, entrar em novos mercados e/ou reduzir custos de fabricação. As alianças muitas vezes são o meio mais rápido e eficiente de atingir objetivos e podem ser importantes não apenas pelo acordo imediato, mas também porque criam oportunidades adicionais e não previstas que abrem novas portas para o futuro. (FEITOSA E JORGE NETO, 2001, p. 94).

O know-how é adquirido instantaneamente no caso do franchising, sendo outra

alternativa o seu desenvolvimento através da aprendizagem e experiência.

• Barreiras à entrada e à saída

As barreiras à entrada estão basicamente retratadas na Estrutura das 5 Forças de

Porter. As barreiras à saída, impostas ou existentes, dificultam até mesmo a entrada

de novos concorrentes.

Dentre as principais barreiras à saída destacam-se o capital investido e o próprio

apego, devido ao status que a propriedade de um negócio pode proporcionar.

• Competências do administrador

São competências do administrador, o conhecimento do negócio, a experiência e

outros atributos relacionados às disciplinas de liderança e empreendedorismo. Tais

competências são peculiares a cada empreendimento, e são requisitos quase

sempre necessários, até no caso de franquias, que muitas vezes selecionam os

franqueados com base em seu perfil.

Canedo e Kruglianskas (1999, p. 131) analisam a relação do perfil do empreendedor

e o desempenho do negócio. Eles listam as principais incompetências relacionadas

à falta de habilidade do administrador que podem levar a maioria dos pequenos

empreendimentos ao fracasso:

o Falta de experiência gerencial do empreendedor;

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o Conhecimento inadequado do mercado;

o Localização inadequada;

o Erros gerenciais no desenvolvimento do negócio;

o Capitalização excessiva em ativos fixos;

o Inadimplência de credores;

o Ineficiência de marketing e vendas;

o Excessiva centralização gerencial do empreendedor;

o Crescimento mal planejado;

o Erro na avaliação da reação dos concorrentes;

o Posicionamento errado do produto ou serviço no mercado � imagem, propaganda,

promoção, canais de distribuição e preço;

o Abordagem incorreta de vendas;

o Escolha do momento errado para iniciar o empreendimento;

o Falta ou erros de planejamento do empreendimento � projeção de vendas, de

custos e do fluxo de caixa.

• Criatividade

Frente ao novo cenário que se configura, de mudanças rápidas faz-se necessária a

criatividade para buscar novas maneiras de fazer negócios e buscar soluções.

Contudo, pode-se considerar que a criatividade, embora importante para o varejo, é

um conceito estreito no âmbito da estratégia empresarial, baseando-se, geralmente

em estimativas simplistas. Desta forma a �análise de cenários�, descrita por Porter

(1989, p. 411-443) é um instrumento fundamental para aprimorar a criatividade do

planejamento estratégico. Aumentando bastante a probabilidade da criatividade ser

aplicada conscientemente, para que ocorra uma repercussão positiva no futuro.

• Experiência

A experiência já é descrita de longa data como sendo geradora de aptidões

gerenciais superiores, bem como redutora de custos devido, sobretudo, ao aumento

da escala, ao aprendizado e à inovação tecnológica.

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• Fatores intangíveis

Dependem de outros atributos já descritos e que são de difícil mensuração, pois

muitas vezes estão relacionados ao valor agregado e a competência administrativa.

Como exemplo, o aprendizado, cuja forma mais importante descrita anteriormente é

o aprendizado tácito.

• Marca

Quando dois produtos são absolutamente iguais, com as mesmas características de fabricação, um com marca fraca e outro contendo a etiqueta de uma marca forte, vibrante, consagrada, respaldada por excelentes ações no campo da comunicação publicitária e promocional, é evidente que o consumidor irá preferir esta, pagando inclusive um pouco a mais, por sentir que, atrás dela, há valores agregados que lhe dão uma personalidade especial. Ele não compra só o produto, mas sua representação e o status que lhe confere. (SIMONI, 1997:73 apud DAUD, 1999, p. 24).

Segundo Semenik e Bamossy (1995) apud Oliver (2000, p. 200), a marca serve

para a diferenciação dos produtos, a segmentação de mercado, a atribuição de

preços, a comunicação, a estratégia de distribuição e busca a conquistar a lealdade

dos consumidores.

O desenvolvimento da marca passa necessariamente pelo desenvolvimento da

imagem da empresa, ou seja, o modo como a empresa quer ser percebida pelos

consumidores.

• Oportunidade

As empresas de varejo em geral podem conseguir vantagem competitiva graças a

uma brecha deixada pela concorrência, isto pode ocorrer de diversas formas,

pioneirismo no mercado e nichos não explorados são alguns exemplos.

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A oportunidade de dispor de uma marca já conceituada, acesso a produtos

diferenciados e novas tecnologias também podem configurar a vantagem, tal como

ocorre no franchising.

Um pequeno varejista independente, contudo, pode não conseguir melhorar sua

reputação, sendo o primeiro a mover-se, por lhe faltarem os recursos para tornar

público o seu pioneirismo.

• Poder de barganha

As relações vantajosas de aquisição são geralmente advindas do poder de barganha

do comprador e estão principalmente embasadas em seu tamanho e na sua

concentração.

Assim, no caso das franquias é definido pelo tamanho, enquanto a concentração

define o poder no caso das cooperativas.

• Valor agregado

A disposição de o cliente pagar por determinada mercadoria depende das suas reais

necessidades. Tais necessidades vivem mudando e podem estar relacionadas a

uma variedade enorme de funções, tais como, preço, atendimento, mix de produtos,

imagem, marca, propaganda, etc.

Este fator está também relacionado à singularidade da empresa frente ao mercado,

ou seja, como ela sinaliza o seu valor. Seja através de publicidade, da embalagem,

da reputação, da decoração, da aparência dos empregados, do estilo, do porte, do

layout e da imagem. Deste modo, as sinalizações, ou como o cliente percebe a

empresa determina também o valor agregado, além daqueles relacionados à

prestação do serviço em si e à necessidade de uso de um determinado produto.

O valor agregado sugere uma relação vantajosa entre os participantes, e pode se

dar de diversas maneiras, no sentido de valor para o comprador. Pode-se citar: a

facilidade de estacionamento,os produtos na medida certa para as necessidades, as

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exposições atrativas, os serviços rotineiros, o preço, um local limpo, a atenção no

atendimento, entre muitos outros atributos.

Para manter a clientela, já não é suficiente que a loja venda os produtos que o

consumidor consome, mas sim oferecer outros atributos que agreguem valor,

geralmente sob a forma de serviços e facilidades para o cliente potencial; não

esquecendo a importância da �sinalização� neste processo.

• Competências distintivas de marketing

A pesquisa realizada por Cunha Jr., Luce e Lund (2000, p. 250) identifica que as

criação das competências distintivas de marketing sustentáveis a longo prazo

pressupõem o suporte, além das habilidades e dos recursos necessários sugeridos,

de estratégias funcionais de marketing bem definidas e do comprometimento da

organização.Tais competências quando superiores e em maior número do que as

dos concorrentes, criarão condições para que a organização atinja performance

superior em relação a seus concorrentes.

Cunha Jr. e Luce (1999, p. 40) abordam fatores relacionados a Competências

distintivas em marketing, que são de quatro tipos: foco no cliente, operações e

controle, sortimento e apresentação.

1) Foco no cliente Qualidade no serviço ao cliente: caracteriza-se por identificar elementos

relacionados a fatores internos e externos, que influenciam o conhecimento e o

atendimento das necessidades dos clientes (consciência dos pontos fortes da loja e

das tendências de mercado):

• Tratamento dispensado às reclamações dos clientes;

• Conhecimento dos clientes potenciais;

• Conhecimento das tendências do ramo de atividade;

• Consciência dos pontos fortes da loja;

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• Conhecimento dos clientes atuais;

• Política de crédito;

• Garantia e trocas;

• Entregas;

• Facilidade de acesso: envolve a proximidade das residências até a localização;

• Estacionamento;

• Atendimento;

• Rapidez.

2) Operações e controle

Cunha Jr. e Levi (1999, p. 46) apontam como sendo a mais importante competência

distintiva de marketing. Indicando que aquelas empresas que conseguem executar

bem, além de planejar, as atividades de gestão de marketing obtêm resultados

superiores:

• Conhecimento dos concorrentes;

• Controle e avaliação da promoção de vendas;

• Habilidade de segmentar/atingir mercados;

• Alocação de recursos financeiros;

• Implementação/Execução dos planos;

• Treinamento dos empregados;

• Resultados obtidos com propaganda;

• Alocação (distribuição) dos recursos financeiros;

• Implementação /execução de planos;

• Precisão das previsões de vendas e de lucros;

• Empacotamento;

• Atendimento;

• Nível de automação.

3) Sortimento

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Qualidade dos produtos: refere-se à necessidade de disponibilizar aos clientes os

produtos adequados, no local procurado e no momento desejado. Busca ajustar os

serviços e produtos às necessidades dos clientes:

• Seleção de novos produtos e novas linhas de produtos;

• Capacidade para disponibilizar os produtos procurados pelos clientes;

• Habilidade em diferenciar o sortimento de produtos e de serviços nas lojas.

4) Apresentação Ambiente da loja: a apresentação visa criar um ambiente adequado para o contato

entre o cliente e as mercadorias oferecidas, através de:

• Layout da loja;

• Apresentação dos produtos;

• Imagem da loja;

• Limpeza da loja;

• Área de vendas: uma loja de tamanho adequado para proporcionar conforto e

comodidade;

• Envolvimento cívico;

• Merchandising: segundo Fernandes (1999, p. 216), o merchandising é a venda

sem palavras, isto é, usando as próprias embalagens, os expositores, os

equipamentos, o espaço de venda da loja, ou outra forma de propaganda

�indireta�;

• Consciência dos pontos fracos da loja;

• Localização da loja;

• Esforços publicitários;

• Organização do espaço e ambiente;

• Exposição dos produtos;

• Iluminação: segundo Fernandes (1999, p. 213), a iluminação faz com que as cores

sejam percebidas de diversas maneiras.

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�A iluminação deve ser adequada para permitir a identificação dos produtos, atrair a

atenção para os detalhes, motivar as compras, guiar os consumidores e até mesmo

criar uma atmosfera teatral�(ISRAEL, 1994 apud FERNANDES, 1999, p. 213).

• Arquitetura das instalações;

• Estacionamento;

• Fácil localização e manuseio dos produtos;

• Climatização interna;

• Iluminação dos produtos;

• Espaço para circulação;

• Boas condições dos equipamentos e mobília;

• Vitrine;

• Mobília;

• Display;

• Layout (circulação);

• Logomarca: reflete a personalidade e representa a organização, envolve

elementos de indicação de qualidade, valor, originalidade e confiança;

• Comunicação visual;

• Cor da loja: segundo Fernandes (1999, p. 213) deve servir de pano de fundo para

a apresentação dos produtos.

Deve-se, portanto, considerar as competências distintivas em marketing, também

como sendo fatores de vantagem competitiva, sendo que são requisitos essenciais

para a estruturação estratégica. Notadamente, todos estes fatores têm a

possibilidade de se inter-relacionarem com uma gama enorme de peculiaridades (e

grau de performance), gerando assim uma infinidade de possibilidades de estruturar

o negócio.

�O claro estabelecimento das competências distintivas de marketing proporciona

performance superior.� (CUNHA JR e LUCE, 1999, p. 46).

Tais fatores são importantes, pois auxiliam a tarefa de proporcionar uma experiência

agradável e única aos clientes.

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• Outros fatores de vantagem competitiva

Existem outros atributos além dos já citados que devem ser observados tais como:

conforto, segurança, lazer e higiene.

Fernandes (1999, p. 206) saliente que cada vez mais, o consumidor se sente atraído

por ambientes que lhe tragam conforto, segurança, satisfação e que o afaste das

pressões do cotidiano.

5.2. Considerações acerca do capítulo

Quanto maiores as ameaças advindas do ambiente, maior será a necessidade de

implementação de FVC. As implantações de FVC, não são simplesmente inovações,

uma vez que devem estar embasados em uma estratégia conforme demonstra o

modelo proposto. Desta maneira, pode-se concluir que inovação é diferente de

fatores de vantagem competitiva, apesar de que o segundo não pode existir sem o

primeiro. A definição das estratégias (independente de sua variante) a curto, médio e

longo prazo é fundamental para a implantação/implementação destas inovações a

fim de que elas efetivamente se transformem em FVC. O que basicamente se traduz

em obter eficácia operacional aliada a um posicionamento estratégico. A superação

dos paradigmas, logicamente embasada em um planejamento estratégica conduzirá

a uma VCS.

�O importante é que as nossas empresas estejam abertas para absorver tudo o que

existe de novo e que possa representar uma melhoria ou um salto em direção a uma

maior atualidade, porque o resto do mundo não irá esperar por nós.� (LOPEZ e

VECCHI, 2000, p. 60).

O modelo mostra ainda, que os FVC devem ser complementares, e ampliados

dinamicamente.

Para se alcançar a VCS é necessário dispor, além de recursos financeiros e

operacionais, profissionais capacitados e com todas as qualidades e habilidades

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necessárias para o sucesso, tais como: criatividade, empreendedorismo, capacidade

de aprendizado rápido, flexibilidade. Enfim, uma equipe profissional multidisciplinar

que tenha a capacidade de administrar todas os setores da empresa, o que se

traduz em um eficiente desenvolvimento dos recursos humanos.

Segundo Guemawat (2000, p. 124-125) os comprometimentos das capacidades

ocorrem quando poucas grandes decisões envolvem pesadas mudanças em

dotação de recursos. Estes comprometimentos são importantes demais para serem

subordinados à estratégia existente: eles precisam ser analisados em profundidade,

porque representam pontos de verificação importantes nos quais uma organização

deve estar preparada para revitalizar toda a sua estratégia. Dá-se ênfase neste

conceito, pois o comprometimento pode ser uma estratégia importante para

enfrentar substitutos. Porém, os comprometimentos podem levar a um desempenho

persistentemente inferior (caso fracassem), assim como a um desempenho superior

sustentado. Apesar de os FVC possibilitarem um desempenho superior, e conseqüentemente a

sustentabilidade da empresa, existem armadilhas que podem levar a uma

desvantagem competitiva. Configurando-se desta forma, em Fatores de

Desvantagem Competitiva, que pode ser desencadeado por diversos fatores, tanto

do âmbito do ambiente competitivo, como das escolhas estratégicas da empresa.

Grande parte destas armadilhas está descrita em Porter(1989).

Os FVC, tal como a própria definição sugere, são apenas fatores, e, portanto

dependem de outros aspectos relativos ao negócio, a concorrência e ao ambiente

competitivo como um todo. Não se deve considerar, portanto, que a existência de

alguns destes fatores isoladamente seja suficiente para alcançar a VCS. Por

exemplo, uma empresa ser segmentada não garante vantagem competitiva frente a

uma empresa com alvo amplo de muitos segmentos, uma vez que a segunda pode

contar ainda com a contribuição de fatores como a escala, inter-relação entre

atividades e baixo custo.

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CAPÍTULO 6 � APLICAÇÃO DO MODELO O Mercado XYZ ltda, está localizada no município de Criciúma, no estado de Santa

Catarina. Foi criada em 1991, é constituída por uma única loja e participa de uma

cooperativa de varejistas com o objetivo de aumentar o poder de barganha junto aos

fornecedores.

Com 22 funcionários, sendo 16 permanentes e 6 da família, fatura aproximadamente

70.000,00 Reais / mês.

Justifica-se a opção pelo Mercado XYZ ltda para aplicação de uma parte do modelo

(Análise dos FVC) pelas razões abaixo descritas:

- A empresa é do setor varejista;

- está inserida em um sistema de cooperativa com o intuito de aumentar o seu

poder de barganha;

- é de pequeno porte;

- possuí vários funcionários, permitindo desta forma contemplar questões referentes

à distribuição de atividades de uma forma mais ampla do que com apenas 2 ou 3

funcionários, pois a distribuição das atividades é muito maior.

Para exemplificar o modelo, escolheu-se a etapa com a qual este trabalho contribuiu

mais significativamente, a Análise dos FVC.Contudo, esta etapa contempla relações

com as demais etapas. Permitindo desta forma obter resultados e sugerir ações

direcionadas aos objetivos específicos.

A pesquisa foi realizada em sua plenitude com o proprietário-dirigente.

Os principais pontos referentes à insatisfação na gestão do seu negócio são:

- Impostos elevados;

- Carga horária: por ser um estabelecimento de pequeno porte não consegue

acompanhar o horário das grandes redes que se estende até as 22:00. Estando

limitado ao horário comercial, das 8:00 às 20:00 nos dias de semana.

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159

Embora seja vizinho de um mercado de maior porte, não existem preocupações com

a concorrência.

6.1. 1ª etapa � Planejamento Estratégico O entrevistado não possuí, e desconhece totalmente o assunto. Porém, percebeu-se

ao longo da pesquisa nuances estratégicos, embora de forma emergente e implícita. Não existe um planejamento financeiro. No caso das vendas ficarem abaixo das

expectativas, recorre-se ao uso de promoções.

6.2. 2ª etapa � Decisão (Trade-off) Como não existe planejamento estratégico, logo, não há maneira de haver um

mecanismo de tomada de decisão eficiente, baseando-se em tradeoff`s. Desta

maneira as decisões são geralmente tomadas com base no aprendizado, no

empirismo e intuição.

6.3. 3ª etapa � Análise dos FVC 6.3.1. Descrição dos FVC 6.3.1.1. Fatores Estratégicos - Aprendizagem Embora a empresa tenha sido criada em 1991, já com um bom tempo no mercado.

Soma-se a esta experiência, mais 17 anos, tempo em que o proprietário-dirigente

atua no ramo.

- Investimentos em propaganda, em rádio, televisão, esportes (futebol e bocha),

panfletagem e carro de som também auxiliam no aumento da aprendizagem. A

empresa investe aproximadamente 1% do seu faturamento em propaganda.

Porém, o investimento aumenta no fim de ano, com a realização de promoções e

sorteio de brindes. Aacredita que não adianta fazer muita propaganda, isto é, fora

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160

da sua região (bairro), pois não vai gerar mais resultado. Devido ao tamanho da

loja, pois a empresa busca atender somente o mercado local;

- Não existe estabelecimento de metas de quaisquer espécies, no sentido de

melhoria. Somente faz promoção quando as vendas não são suficientes.

- Existe escala em compras, derivado do poder da cooperativa.

- Concentração das Forças e Recursos - Há uma concentração maior no atendimento; - Não há funcionários suficientes para que haja concentração em atividades

especificas; - A entrada de promotores, oriundos dos fornecedores possibilitou a redução do

quadro de funcionários, de 25 para 20; - Não há planejamento estratégico. - Diferenciação - O grau de diferenciação é muito baixo;

- Os maiores esforços neste sentido são:

o Slogan � �Parceiro da economia�;

o Padrão de cores � azul e branco;

o Sacolas personalizadas;

o Uniforme � camisa amarela.

- Entrega a domicilio;

- Crédito: Cheque pré-datado e carnê para 30-35 dias;

- Promotores de venda: recolocação de produtos, limpeza, marcar preço, levantar

estoque;

- Localização: de fácil acesso e com estacionamento.

- Encaixe entre as atividades

- Principalmente em aquisição, com aproximadamente: 20% da cooperativa e 80%

na própria empresa.

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161

Devido a difícil tarefa para se determinar os encaixes (Porter, 1989, p. 46), torna-se

inviável o aprofundamento neste fator.

- Estratégia

- Não existe de forma deliberada e explicita.

- Foco, enfoque, segmentação ou nicho - NICHO:

- Consumidores Locais (bairro);

- Classe social � baixa renda.

-

- PREÇO: Baixo preço;

- ATENDIMENTO: Funcionários felizes;

- PRODUTOS: Busca sempre ter um produto substituto de baixo preço.

- Localização - com estacionamento;

- fácil acesso;

- proximidade do mercado-alvo;

- próximo a: parada de ônibus, igreja, posto de saúde e colégio.

- Mix de produtos e disponibilidade - Dificilmente falta algum produto, as faltas estão principalmente associadas as

marcas, porém, geralmente existe um produto similar. Quando não há o produto

manda-se um funcionário buscar no concorrente e vende-se a preço de custo;

- Nos sábados o proprietário-dirigente trabalha junto aos clientes buscando colher

informações acerca das suas necessidades. Anotando em um caderno.

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- Posição Não há estratégia, logo, não há comprometimento com uma posição

estratégica.

- Preço O preço é bastante competitivo, segundo observações dos clientes. E é claramente

auxiliado pelo poder de barganha da cooperativa.

- Sinergia entre os participantes COM FORNECEDORES:

- Provêm material publicitário (folders, cartazes, bandeiras, etc.);

- Parceria para reduzir custos com panfletos (promoções);

- Recolocam produtos nas prateleiras e contam estoques.

COM CLIENTES:

- Carnê para pagar em 30 dias, para quem não têm cheque. (fidelizar);

- Slogan � �Parceiro da economia�.

6.3.1.2. Fatores Operacionais - Custos - Não existe sistema de custeio padrão e nem de controle (estoque). Sendo o

controle de estoques baseado mais no ambiente econômico, usando o seguinte

raciocínio:

�Quando aumenta a inflação � aumenta o estoque. E quando diminui a inflação

busca diminuir estoques�.

- A busca de diminuir custos só ocorre no sentido de reação:

�Se as vendas caem, diminuem-se os custos�. Como?

- A cooperativa contribui significativamente para a redução dos custos;

- O volume de despesas indiretas é considerado baixo

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- Escala - Volume total de vendas é de aproximadamente R$80.000,00 (Oitenta mil Reais);

- Cooperativa auxilia na escala de compras, adquirindo aproximadamente

R$550.000,00 (Quinhentos e cinqüenta mil Reais) de um Mix específico que é

repassado sem nenhum custo (exceto uma mensalidade) para os associados.

- Flexibilidade - Existe um certo grau de parceria com fornecedores envolvendo as seguintes

funções:

- Promoção: degustação de novos produtos, cursos de culinária;

- Consignação.

- Devido ao porte, as mudanças são facilitadas;

- Existe mediana rapidez e disposição para mudar;

- Existe caixa disponível, na forma de capital de giro. 5% da receita

(aproximadamente R$ 4.000,00 mensais) é reservado mensalmente para capital

de giro.

- Inovação Tecnológica e Melhoria Continua - Há busca intencional pela inovação: Feiras, Seminários, Revistas;

- Há informatização no processo de vendas;

- O nível de automação é alto. Isto se deve ao baixo custo do hardware e

acessibilidade;

- Não há aplicação de novos métodos de gestão (Balanced Score Card,

Benchmarking, Planejamento Estratégico, etc);

- Não existe a busca para aumentar a qualidade e a produtividade de modo

consciente e orientado. (Melhoria Continua, Kaizen, TQC e outros);

- Mecanismos para gera conveniência: Pesagem no caixa diminui custos ao mesmo

tempo em que reduz uma atividade para o cliente;

- Não há tecnologia para aquisição;

- Uso da internet para comunicação com a Central de Compras;

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- Inter-relações Não há compartilhamento de know-how e nem com fornecedores.

Devido a complexidade para efetuar esta tarefa, não foram medidas as inter-

relações na cadeia de valores da empresa - Mecanismos de feedback - Não existe indicadores de desempenho (crescimento, lucratividade e outros);

- A pesquisa com consumidores é feita de forma não planejada. (O proprietário

conversa esporadicamente com os clientes).

- As informações externas advém principalmente de revistas (Supermercado

Moderno; e Hipermercado), de cursos e de seminários.

- Propaganda, Promoção, Publicidade e Marketing - Existe uma forma ampla de comunicação com os clientes através de propaganda,

em rádio; em jornal; em panfletagem; na televisão; em carro de som; em cartazes

na loja; nas sacolas personalizadas; no carnê personalizado. E por meio de

promoção: brindes (chaveiro, boné, caneta, calendário, etc) e sorteios (bicicleta).

- Aproximadamente 1% da receita é investido em propaganda mensalmente;

- Existe um slogan:

�Parceiro da economia�.

- A marca (nome) já está bem estabelecido e reconhecido pelo público-alvo;

- A atmosfera da loja (iluminação, pintura, equipamentos, etc) pode ser considerado

deficiente. Porém as condições de limpeza e organização são boas.

- Recursos, Capacidades e Ativos - Existe recursos para aplicação a curto prazo (próprio);

- Existe a possibilidade de acesso a financiamento (Sebrae), porém prefere não

usar;

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- Não existe técnicas avançadas para seleção, treinamento, e outras atividades dos

Recursos Humanos. No final do ano os funcionários ganham uma cesta básica

como motivação.

6.3.1.3. Fatores Intrínsecos - Acesso a Mercados, Insumos e Know-how - O acesso ao Mercado é baseado na estratégia regional;

- O acesso Insumos é apoiado principalmente pela cooperativa. Sendo praticamente

inexistente qualquer forma de relação favorável com fornecedores (por exemplo

contratos e parcerias);

- O Know-how é acessado através de feiras, seminários, cursos e revistas; - Barreiras à entrada e à saída - Capital investido é de aproximadamente R$ 600.000,00 (Seiscentos mil reais).

Valor considerado alto para uma empresa de varejo deste porte;

- Há aprendizagem.

- Competência do administrador - O administrador tem um amplo conhecimento do negócio. Trabalha a

aproximadamente 20 anos neste tipo de negócio. Possibilitando assim,

desenvolver um conhecimento tácito significativo a partir da sua aprendizagem

ao longo do tempo.

- Criatividade Este é um fator de análise muito subjetiva e de difícil mensuração, e não será

considera nesta análise.

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166

- Experiência Idem o FVC Competência do Administrador.

- Fatores Intangíveis Este é um fator de análise muito subjetiva e de difícil mensuração, e não será

considera nesta análise.

- Marca - A marca é forte na vizinhança.

- Oportunidade Este é um fator de análise muito subjetiva e de difícil mensuração, e não será

considera nesta análise.

- Poder de barganha - Existe, e está principalmente vinculado a cooperativa.

- Valor agregado O valor agregado é principalmente derivado dos baixos preços.

6.3.2. Verificar a compatibilidade dos FVC com o Planejamento Estratégico Embora não exista um Planejamento Estratégico de uma forma explicita, constatou-

se que o Mercado XYZ dispõe de uma série de FVC. Portanto, a explicitação do

Planejamento Estratégico seria primordial para a correlação entre estes.

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167

6.4. Análise dos resultados obtidos

A seguir apresenta-se a análise dos resultados referente à etapa 3 do modelo, a

Análise dos FVC.

Embora sem uma estratégia deliberada e explicita, existem fragmentos de

estratégia, porém de forma emergente e implícita. Tais fragmentos, estão

espalhados por vários FVC, como: em propaganda e marketing (slogan); na

localização (próximo ao público-alvo); reduzir custos (Inovação tecnológica, encaixe

entre as atividades); no preço baixo; no mix de produtos (direcionado ao público-

alvo); na sinergia com os fornecedores (reduzindo custos com material publicitário);

em escala (reduzindo custos através da cooperativa); entre outros.

Embora a cooperativa, a qual está associado o Mercado XYZ tenha como única

finalidade, a de atuar como uma Central de Compras, isto é, aumentar o poder de

barganha para aquisição. E, portanto, se encaixe no tipo mais simples deste tipo de

sistema, mostrou-se que a associação, mesmo nesta forma simplificada aufere

outros FVC importantes para a sustentabilidade do negócio, além do poder de

barganha. A cooperativa, portanto, contribui para a existência dos seguintes FVC

analisados no Mercado XYZ:

- Aprendizagem: a escala em compras aumenta a aprendizagem nesta atividade;

- Encaixe entre as atividades: em aquisição;

- Preço: auxiliado pelo poder de barganha da cooperativa;

- Sinergia entre os participantes: reduzindo custos;

- Custos: de aquisição;

- Escala: auxiliado pelo poder de barganha da cooperativa;

- Inovação Tecnológica: uso da internet para comunicação com a cooperativa;

- Acesso à insumos;

- Poder de barganha.

Isto não só corrobora o fato de que o sistema de cooperativa de varejista aufere

maiores vantagens aos seus associados, mas também demonstra que o nível destas

vantagens pode aumentar com o amadurecimento deste tipo de relação. Através da

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Análise dos FVC, pode-se determinar outros tipos viáveis de FVC a serem

implementados como atividades atribuídas à Central da Cooperativa. Desta maneira,

edificando barreiras aos concorrentes e incrementando a VCS (Vantagem

Competitiva Sustentável), conforme demonstrado no modelo aqui proposto.

Demonstrou-se através da Análise dos FVC, que existe uma relação entre os FVC e

a forma de atuar da empresa, bem como, com a sua estratégia. Embora o Mercado

XYZ, não possua uma estratégia deliberada e explicita, os FVC alocados de uma

forma empírica, porém coerente, demonstram que a sua forma de atuar, corroborada

pela sua sustentabilidade ao longo de 10 anos, não acontece ao acaso,

A Análise dos FVC demonstrou ser uma ferramenta eficaz para compreender a

empresa de uma forma ampla. Porém, é importante salientar que esta ferramenta

tem seu poder potencializado quando todas as etapas do modelo proposto estiverem

otimizadas. Embora constatado que o Mercado XYZ, possua os FVC necessários a

sua sobrevivência, faz-se necessário sugerir a execução das outras etapas do

modelo proposto neste trabalho, para que consiga crescer de uma forma profissional

e planejada.

Sugere-se ainda, que a Central de Compras (Central da Cooperativa), crie outras

atividades, de uma forma planejada e contínua. Com o objetivo de auferir mais FVC

aos seus associados.

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169

CAPÍTULO 7 � CONCLUSÕES

O objetivo prático do trabalho é nortear empresas e indivíduos ligados ao varejo

acerca das opções disponíveis e a forma de implementação dos fatores de

vantagem competitiva (FVC) para auferir um desempenho superior no negócio

(VCS).

O modelo (figura 4.1) parte do pressuposto da complexidade da análise estratégica

para o varejo e destaca a importância da implementação de FVC com base em uma

estratégica e recursos disponíveis.

7.1. Conclusões

O modelo proposto demonstra como a implementação dos FVC tende a gerar um

círculo virtuoso de vantagens, que podem continuamente melhorar a posição no

sentido da sustentabilidade e elevação do seu valor agregado.

O modelo demonstra ser útil no processo de explanação pedagógica, e é cabível a

qualquer estrutura de varejo, mostrando os aspectos positivos e negativos em se

optar por vias estratégicas diferenciadas.

A classificação e descrição dos FVC possibilita reconhecê-los e aplicá-los de acordo

com cada situação a partir de uma visão sistêmica.

Demonstrou-se que a formação de cooperativas de varejistas não é exclusivamente

importante para aumentar o poder de barganha. Também auxilia na obtenção de

recursos a serem alocados nas inovações que visam suprir os FVC. Isto, geralmente

não seria possível para um varejista independente, visto a complexidade e o grau de

mudanças que o varejo apresenta atualmente e a necessidade da implementação de

diversos FVC interdependentes.

Demonstrou-se que existe a possibilidade de uma empresa independente a VCS, se

for administrada por uma pessoa com características empreendedoras, ou seja,

altamente capacitado, experiente e competente em um negócio, ou forma de fazer

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170

negócio totalmente inovadora. Isto daria inicialmente uma certa vantagem, da qual

poderia se tirar proveito para crescer.

Pode-se fazer uma previsão, de que a cooperação, que hoje é comum ocorrer no

nível Fabricante x Varejo (Franchising) e Varejo x Varejo (Cooperativa) de um

mesmo setor, tende a tomar novas formas tal como Varejo x Varejo de setores

diferentes. Intensificando assim a alavancagem e aprimoramento dos FVC descritos.

A literatura estudada aponta que, o sistema de negócio do tipo franchising por

apresentar um crescimento notável, é alvo de imitação. Existindo assim, a

possibilidade de que muitos candidatos a franqueadores não disponham dos fatores

que influenciam positivamente a vantagem competitiva (FVC). Desta forma

configurando sistemas de negócios varejistas medíocres. Enquanto muitos dos

primeiros a ingressar neste sistema aproveitam-se dos FVC já existentes para

implementar os novos FVC exigidos pelo mercado.

Devido a possibilidade de um desempenho inferior, há necessidade de excelência

na execução da estratégia. Para isso é necessário que a empresa esteja preparada

e disponha de recursos operacionais, humanos e financeiros para implementar os

FVC especificados.

Guemawat (2000, p. 105) salienta que a formação de um ambiente cooperativo

depende em grande parte de um contexto cultural e histórico. As afirmações de

Guemawat levam à conclusão que o conceito de cooperativa esta distante do

conceito de franchising, uma vez que o primeiro depende de confiança (cultural) para

funcionar. Enquanto o segundo é baseado no rígido segmento de um contrato legal,

este sim enfatizado pelo poder das forças existentes no setor. Embora não se

descarte a possibilidade de criação deste tipo de cultura no franchising.

Um dos fatos mais importantes que emergem deste trabalho é a visão holística que

o mesmo faz sobre o varejo. Abre-se, assim, uma nova perspectiva no campo do

comércio varejista e possibilitando-se novos estudos e aprofundamento sobre o

tema.

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171

Haja vista o risco assumido ao se realizar tradeoff�s, para isso o conhecimento de

mecanismos de tomada de decisão eficazes são fundamentais para o sucesso do

negócio.

Mostrou-se a necessidade de se desenvolver mecanismos de feedback, visando

entender como pensa e age o consumidor. Para em seguida elaborar uma estratégia

mercadológica ao mesmo tempo em que se dispõem de flexibilidade para adaptar-se

as mudanças.

A etapa de Análise dos FVC realizada junto ao Mercado XYZ demonstrou que a

associação a um sistema do tipo cooperativa, mesmo com o único intuito de obter

poder de barganha proporciona muitos outros benefício e FVC além daquelas

pressupostos. Podendo-se concluir, que a busca, por parte da central da

cooperativa, por outras atividades e FVC poderá incrementar ainda mais os

bencefícios em forma de FVC.

Demonstrou-se a complexidade e a difícil tarefa para se chegar ao sucesso.

Recomenda-se que os órgãos ligados ao fomento e apoio de micro e pequenas

empresas utilizem as melhores práticas e métodos, no sentido de seleção e

treinamento de empreendedores, e no apoio aos empresários já estabelecidos na

busca dos FVC. Para tal, sugere-se buscar meios de avaliar as pessoas ou

empresas que procuram apoio nestas instituições. Após, auxiliar com ferramentas e

métodos administrativos eficientes e modernos, utilizando o modelo proposto. Para o

novo empreendedor uma eficiente, análise de investimentos e então o fomento de

forma intensa nos primeiros anos são vitais, uma vez que é neste período que se dá

o aprendizado.

Devido ao grande número de fatores e ao grau de complexidade demonstrado para

tratar deste assunto, conclui-se que sustentabilidade (VCS) é algo que têm que ser

construído com base na racionalidade e que raramente se forma por �coisas boas�

que acontecem às empresas com sorte.

Este trabalho não abordou a análise da concorrência, não só por este tipo de análise

estar condicionada à estratégia, mas principalmente pelo caráter complexo do

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pequeno varejo, onde este tipo de análise se torna inviável, devido à dinâmica e ao

grande número de concorrentes.

A complexidade e diversidade das disciplinas envolvidas no âmbito da Estratégia

Empresarial, aliada à complexidade e dinâmica do varejo, proporcionam um alto

grau de dificuldade para o seu entendimento. Tornando este trabalho, com a

descrição dos FVC do varejo, muitas vezes fragmentado, impreciso e incompleto.

Porém, este estudo remete à possibilidade de que os administradores, gerentes e

estudiosos comecem a repensar o varejo sob esta ótica, vislumbrando assim um

futuro mais previsível para os negócios. Espera-se que este estudo possa vir a

contribuir não com o aumento da competitividade, mas sim com o aumento da

qualidade de vida, através da melhoria dos serviços prestados à comunidade.

7.2. Sugestões para pesquisas futuras

O modelo foi desenvolvido a partir de revisão bibliográfica, considerando sistemas

de distribuição varejista com foco em Franchising e Cooperativa de Varejistas. Ficam

as recomendações para:

1. Validar o modelo através de estudo de caso em um sistema varejista do tipo

franchising.

2. Investigar formas de aplicação do modelo na prática, com vistas a como proceder

para a tomada de decisão e implementação dos FVC com base nas estratégias

pretendidas. Como exemplo:

! Através de uma pesquisa com consumidores e/ou gestores de varejo, identificar

o grau de importância de cada um dos fatores de vantagem competitiva, fazendo

um comparativo com a implementação dos seus custos, visando priorizar sua

implementação;

! Investigar os mecanismos que levam os indivíduos a optar por um negócio

próprio; e quais atributos levam as pessoas a optar por um negócio independente

ou uma franquia;

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! Determinar as diferenças de lucratividade e sustentabilidade entre os diversos

tipos de varejo de um mesmo setor;

! Comparar as diferenças entre direcionadores de custos dos diferentes tipos de

varejo baseando-se na Cadeia de Valor de Porter, explorando, também as

ligações entre as Cadeias de Valor de fornecedores e varejistas.

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174

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Anexo 1. Citação

�O comércio no Brasil, na época da colônia, era dependente de Portugal. Os

portugueses controlavam as operações em sua conquista. O comércio brasileiro foi

estabelecido na alavancagem das produções agrícola, pecuária e mineração. A

cultura do Pau-Brasil e do açúcar corresponde a um período de crescimento no

Brasil; posteriormente, o gado e a mineração ocuparam outro período de

crescimento seguidos da cultura cafeeira, que praticamente mudou o destino do

país. A cultura cafeeira proporcionou uma época de crescimento do século XX e a

primeira parte que originou o crescimento atual. Como o comércio está em grande

parte atrelado à indústria, que permite a freqüência da oferta, percebe-se a

dificuldade inicial do varejo brasileiro. A inexistência de infra-estrutura, como

estradas e meios de transporte, e a concentração para formar uma base de mercado

faz surgir também no Brasil a comercialização pelo �peddler� (caixeiro-viajante). Só

que no caso brasileiro o varejo era feito pelo tropeiro, o peddler nacional. Foi durante

o Segundo Império que surgiram as estradas de ferro e apareceram as estradas

definitivas, desenvolvendo-se também as comunicações. Nesta época surgiram as

primeiras casas de comércio varejista de maior porte. O crescimento do comércio

brasileiro ocorreu na época da República. Cita-se na história como um dos

importantes comerciantes Irineu Evangelista de Sousa, mais tarde conhecido como

Barão e Visconde de Mauá. Foi um grande comerciante e entre suas conquistas

comerciais inclui-se uma das mais importantes casas comerciais. A partir desse

período, uma série de novos varejistas aparece no Brasil comprovando essa

tendência de crescimento. Em 1871 é fundada a Casa Masson. Em 1906, as Lojas

Pernambucanas com especialidade em tecidos. Em 1912, a Mesbla. Percebe-se

que, pela evolução histórica tanto do varejo brasileiro como o de outros países, eles

estão diretamente relacionados ao cenário em que se assentam à infra-estrutura das

cidades. Além disso, necessitam principalmente de uma concentração

mercadológica que pressupõe a existência de pessoas, dinheiro, autoridade para

comprar e, evidentemente, disposição para comprar. Adicionalmente à facilidade de

transporte e comunicações, assim, é determinante para o crescimento varejista o

próprio desenvolvimento das cidades.� (LAS CASAS, 2000 : 23-24).

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Anexo 2. Painel de controle dos objetivos

PAINEL DE CONTROLE DOS OBJETIVOS

Atual Resultados Planejados TEMAS INDICADORES DE DESEMPENHO 1°ano 2°ano 3°ano 4°ano 5°ano

Tema Indicadores de desempenho

Crescimento Faturamento Produtividade Vendas por m2

Qualidade Satisfação da equipe e satisfação do cliente

Inovação % do faturamento aplicado em novas tecnologias

a) Lucro Líquido: Receita Líquida

b) Lucro Líquido: Patrimônio Líquido

Resultado Econômico-

financeiro

c) Receita Líquida: Patrimônio Líquido

Fonte: Vasconcellos (2001, p. 274).

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Anexo 3. Diagrama de Mudge � Grau de Importância

Pesos: 5 = Muito importante 3 = Moderadamente mais importante 1 = Levemente mais importante

B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T nota (%) Dec A B3 A3 A1 E1 F1 A5 A3 I3 A1 A5 A3 A1 A1 A3 A5 A5 A1 S3 A1 38 6,7 5,1 B B5 B5 B3 B3 B5 B5 B1 B5 B5 B5 B3 B5 B5 B5 B5 B3 B1 B3 75 13,3 10,0 C D1 E3 F3 C5 H1 I5 J1 C5 C1 M3 N1 O1 C3 C1 R3 S5 T3 15 2,7 2,0 D E3 F3 D5 D1 I3 J1 D5 D1 M1 N1 D1 D3 D3 R1 S3 T1 20 3,5 2,7 E F1 E5 E3 I1 E1 E5 E3 E1 E3 E3 E5 E5 E1 S1 E1 43 7,6 5,7 F F5 F3 I1 F1 F5 F3 F1 F3 F3 F5 F5 F1 S1 F1 44 7,8 5,9 G H5 I5 J5 G1 L5 M5 N5 O5 P3 Q5 R4 S5 T5 1 0,2 0,1 H I5 J1 H5 H1 M1 N1 O1 H3 H3 R1 S5 T3 18 3,2 2,4 I I3 I5 I5 I3 I3 I5 I5 I5 I3 S1 I3 60 10,6 8,0 J J5 J3 M1 J1 J1 J3 J3 R1 S3 T1 24 4,2 3,2 K L5 M5 N5 O5 P5 Q5 R5 S5 T5 0 0 0,0 L M3 N1 O1 L1 L1 R3 S5 T3 12 2,2 1,6 M M1 M1 M5 M3 M1 S3 T1 30 5,3 4,0 N N1 N3 N3 R1 S3 T1 21 3,7 2,8 O O3 O3 R1 S5 T1 19 3,3 2,5 P Q1 R5 S5 T5 8 1,4 1,1 Q R3 S5 T5 11 1,9 1,5 R S3 T1 28 4,9 3,7 S S3 64 11,3 8,5 T 35 6,2 4,7 Total 566 100

Dec= Escala de 1- 10 Pegar o maior valor e dar peso 10 e relativizar as demais ações via regra de três. Pergunta: A ação A é mais importante que a função B? Quanto?