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ÍNDICE 1 EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL.....................2 1.1 Histórico..........................................2 1.2 Histórico no Brasil................................3 1.3 Projeto em Alvenaria Estrutural....................4 1.4 Concepção Estrutural...............................5 1.5 Tipos de Alvenaria.................................7 1.6 Modulação.........................................12 1.7 Patologias em Alvenaria Estrutural................18 1.8 Principais Anomalias..............................21 1.9 Considerações Finais..............................24 2 SISTEMA DE CIMBRAMENTO METÁLICO......................26 2.1 Obra Visitada.....................................26 2.2 Escoramento Metálico..............................26 2.3 Definição.........................................29 2.4 Vantagens da Utilização...........................30 2.5 Projeto e Reescoramento...........................30 2.6 Sistemas de Cimbramento Metálico..................32 2.6.1 Escoras (ou sistema pontual)...................32 2.6.2 Torres metálicas...............................33 2.6.3 Mesas Voadoras.................................34 2.7 Campo de Utilização dos Cimbramentos Metálicos....34 2.8 COMPONENTES.......................................35 2.8.1 Escoras........................................36 2.8.2 Torres.........................................36 2.8.3 Vigas metálicas................................36 2.8.4 Treliças.......................................36 2.9 Condições Gerais para o Cimbramento Metálico......36 2.10 Cuidados Durante a Instalação....................37 1

Alvenaria Estrutural

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Page 1: Alvenaria Estrutural

ÍNDICE

1 EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL.....................................................2

1.1 Histórico..............................................................................................................2

1.2 Histórico no Brasil..............................................................................................3

1.3 Projeto em Alvenaria Estrutural.........................................................................4

1.4 Concepção Estrutural..........................................................................................5

1.5 Tipos de Alvenaria..............................................................................................7

1.6 Modulação........................................................................................................12

1.7 Patologias em Alvenaria Estrutural..................................................................18

1.8 Principais Anomalias........................................................................................21

1.9 Considerações Finais........................................................................................24

2 SISTEMA DE CIMBRAMENTO METÁLICO.....................................................26

2.1 Obra Visitada....................................................................................................26

2.2 Escoramento Metálico......................................................................................26

2.3 Definição...........................................................................................................29

2.4 Vantagens da Utilização...................................................................................30

2.5 Projeto e Reescoramento..................................................................................30

2.6 Sistemas de Cimbramento Metálico.................................................................32

2.6.1 Escoras (ou sistema pontual).....................................................................32

2.6.2 Torres metálicas.........................................................................................33

2.6.3 Mesas Voadoras.........................................................................................34

2.7 Campo de Utilização dos Cimbramentos Metálicos.........................................34

2.8 COMPONENTES.............................................................................................35

2.8.1 Escoras.......................................................................................................36

2.8.2 Torres.........................................................................................................36

2.8.3 Vigas metálicas..........................................................................................36

2.8.4 Treliças......................................................................................................36

2.9 Condições Gerais para o Cimbramento Metálico.............................................36

2.10 Cuidados Durante a Instalação......................................................................37

2.11 Normas Técnicas...........................................................................................38

2.12 Dimensionamento do Escoramento Metálico...............................................38

    

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Page 2: Alvenaria Estrutural

1 EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

1.1 Histórico

A Alvenaria como material estrutural é um método construtivo muito

antigo. As paredes de pedra e tijolos cerâmicos eram usadas desde a

antigüidade, podendo-se citar dentre as grandes obras executadas:

- Pirâmides (2600 AC): 3 grandes pirâmides construídas com blocos de pedras.

A maior mede 147 metros de altura com base quadrada de 230 metros. Foram

utilizados aproximadamente 2,3 milhões de blocos de peso médio igual a 25

kN.

- Farol de Alexandria (280 AC): construído numa das ilhas do porto de

Alexandria, tinha 134 metros de altura e foi destruído por um terremoto no

século XIV.

- Catedral de Reims (século XIII): em estilo gótico, utiliza vãos relativamente

grandes, com peças apenas comprimidas. Amplo interior em arcos que

sustentam o teto, apoiados em pilares esbeltos, contraventados por arcos

externos.

- Edifício Monadnock (1890): edifício de 16 andares e 65 metros em Chicago,

com paredes de 1,80 metros de espessura. Considerado ousado para a época,

teria espessuras de paredes da ordem de 30 cm se dimensionado com os

procedimentos atuais. Com o advento do desenvolvimento industrial, novos

materiais surgiram e ocuparam os espaços na construção, especialmente o aço

e o concreto armado, entre 1900 e 1960. A alvenaria foi substituída pela

versatilidade, esbeltez e desempenho destes novos materiais.

Foi a época das estruturas aporticadas. Nos anos 50, a alvenaria

ressurgiu na Europa, como estrutura – não armada - e também com função de

vedação. Há registros de um edifício de 13 andares e 42 metros na Suíça, com

paredes de 37,5cm e 15cm (externas e internas respectivamente, diferença

provável em 7 funções de aspectos de conforto térmico). Nos EUA ela era

normalmente utilizada com armadura, devido à possibilidade de sismos.

Atualmente se executam edifícios de até 22 andares na Europa e EUA.

O limite teórico, em função dos materiais, estaria entre 30 e 40 pavimentos.

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Page 3: Alvenaria Estrutural

1.2 Histórico no Brasil

A alvenaria demorou a ser utilizada no Brasil. Em 1966 foram

construídos os primeiros edifícios com blocos de concreto, de 4 pavimentos. A

primeira grande obra foi o Central Parque Lapa, um conjunto de 4 prédios com

12 andares, em alvenaria armada com blocos de concreto. Em alvenaria não-

armada, apenas em 1977 foram construídos edifícios de 9 pavimentos com

blocos sílico-calcários de espessura igual a 24 cm nas paredes estruturais.

Os primeiros empreendimentos tinham tecnologia americana (blocos de

concreto e bastante armadura, devido aos terremotos naquele país).

Inicialmente surgiram muitas patologias, decorrentes da adaptação da

tecnologia importada à mão de obra local, aos materiais e ao clima. A utilização

decaiu até 1986, depois de muitas obras arrojadas terem sido executadas.

Conjuntamente aos blocos de concreto, surgiram os blocos sílico-

calcário (Prensil) e os blocos cerâmicos especiais para uso estrutural.

Paralelamente, desenvolveu-se o processo para normalização do uso da

alvenaria estrutural pela ABNT.

Os anos 90 foram marcados pela busca do aperfeiçoamento da

alvenaria estrutural, no sentido de se minimizar patologias, melhorar as

técnicas construtivas e o cálculo estrutural, para se obter uma edificação de

boa qualidade com redução de custos. Diversas pesquisas se realizaram,

fundindo-se a tecnologia americana (blocos de concreto) com a filosofia

européia (alvenaria não armada).

Atualmente, para prédios usuais (em formato H), alguns limites médios

podem ser citados:

- Alvenaria não armada sem amarração: 4 a 5 pavimentos

- Alvenaria com paredes amarradas: 8 pavimentos

- Alvenaria estrutural com Fbk de 8 MPa: 10 pavimentos

- Fbk de 12 MPa: 13 pavimentos

- Fbk de 15 MPa: 18 pavimentos

- Limite de aparecimento de tensões de tração: 10 a 12 pavimentos

- Limite para paredes com blocos de 14 cm: 17 a 20 pavimentos.

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Page 4: Alvenaria Estrutural

Estes valores se referem a obras sem transição (sem subsolos ou

pilotis). Hoje, entretanto, a transição não é mais um fator limitante. É possível

se executar prédios altos sobre estruturas de concreto nos sub-solos ou

térreos, desde que a arquitetura permita a localização adequada dos pilares.

1.3 Projeto em Alvenaria Estrutural

O projeto de um edifício de alvenaria estrutural se desenvolve de

maneira um pouco diferenciada dos projetos usuais com estrutura em concreto

armado, pois a integração entre os diferentes tipos de projeto (e projetistas) é

maior. Em um projeto com estrutura convencional de concreto armado,

usualmente o projeto arquitetônico é definido antes dos projetos de estrutura,

elétrica e hidráulica. No caso da alvenaria estrutural os projetos devem ser

desenvolvidos em conjunto.

Figura 1. Esquema do desenvolvimento de um projeto.

Para o projeto em alvenaria estrutural algumas informações são

fundamentais:

• Bloco: dimensões, componentes disponíveis (bloco padrão, canaleta, bloco

jota, etc) – definem modulação e dimensões dos cômodos;

• Posição e dimensão das aberturas (portas, janelas, quadro de luz e força, etc)

– influenciam a distribuição de cargas entre as paredes;

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Page 5: Alvenaria Estrutural

• Projeto das instalações hidráulicas: consideração de paredes hidráulicas não

estruturais;

• Definição de paredes removíveis não estruturais;

• Projeto de instalações elétricas; tipo de laje; altura do pavimento; tipo de

escada; térreo com ou sem pilotis.

1.4 Concepção Estrutural

Conceber uma estrutura consiste em se determinar, a partir de uma

planta básica, as paredes portantes e não-portantes, relativas às cargas

verticais e horizontais, considerando aspectos de utilização da estrutura e

simetria, entre outros. Definido o sistema estrutural, determinam-se às ações

verticais (cargas) e horizontais para o dimensionamento.

A função da estrutura nos edifícios é canalizar as ações externas para o

terreno onde o prédio se apoia. Deve garantir que as tensões internas sejam

adequadamente resistidas pelos materiais constituintes, e garantir a

estabilidade e rigidez de cada parte e do conjunto. A concepção dos sistemas

estruturais passa pela análise de arranjos, configurações (rigidez) e

vinculações (estabilidade) convenientes; análise dos materiais, das seções e

das resistências.

Em alvenaria estrutural os esforços são obtidos através de análise

estrutural. Da mesma forma que as estruturas em concreto ou aço, a alvenaria

estrutural também exige o projeto estrutural. Porém, a concepção do projeto

em alvenaria estrutural requer procedimentos e conhecimentos diferentes

daqueles empregados em estruturas reticuladas. A filosofia e os processos são

diferentes; é importante pensar alvenaria.

Em relação à estabilidade, a norma inglesa recomenda (BS 5628):

- Assegurar sempre a compatibilidade entre elementos e componentes.

- Para um projeto sólido estável, considerar o tipo de arranjo em planta

(estáveis, instáveis, precários – celular, cruzado, duplo cruzado, complexo), os

encontros entre paredes que se interceptam e demais partes da estrutura.

- Verificar todas as forças laterais, resistidas pelas paredes paralelas ou

transferidas entre elas pela laje.

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Page 6: Alvenaria Estrutural

- Considerar uma carga horizontal distribuída igual a 1,5% da carga

permanente total.

Os sistemas estruturais em alvenaria podem ser classificados segundo

alguns tipos notáveis, como se descreve a seguir (de acordo com o tipo de laje

a distribuição das paredes).

- Arranjo simples: plantas retangulares e alongadas, com paredes externas não

portantes na maior direção (para colocação de grandes caixilhos) e lajes

armadas numa direção (pré-moldadas) apoiadas nas paredes transversais. Na

direção longitudinal o contraventamento é obtido com paredes de corredor,

escadas, etc. Utilizadas em edifícios baixos destinados a hotéis, escolas,

hospitais, etc;

- Arranjo duplo: as lajes também são armadas em uma direção, porém as

paredes estão distribuídas nas duas direções Utilizadas em edifícios

residenciais de baixa altura;

- Arranjo celular: plantas gerais, com todas as paredes portantes, possibilitando

lajes armadas em duas direções, que lhe confere maior estabilidade lateral e

melhor distribuição de pressão no solo. Usadas em edifícios de maior altura em

geral;

- arranjo complexo: combinação dos anteriores (por exemplo, quando se

precisa de alguns painéis externos não portantes).

Figura 2. Tipologias de alvenaria estrutural

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Page 7: Alvenaria Estrutural

1.5 Tipos de Alvenaria

Em Alvenaria Estrutural não se utilizam pilares e vigas, pois as

paredes chamadas de portantes compõem a estrutura da edificação e

distribuem as cargas uniformemente ao longo das fundações. Atenção para

armações e grauteamento dos blocos quando houver.

A alvenaria pode ser classificada das seguintes formas:

Não-armada – tipo de alvenaria que não recebe graute, mas os reforços

de aço (barras, fios e telas) apenas por razões construtivas - vergas de portas,

vergas e contravergas de janelas e outros reforços construtivos para aberturas

- e para evitar patologias futuras: trincas e fissuras provenientes da

acomodação da estrutura, movimentação por efeitos térmicos, de vento e

concentração de tensões.

Figura 3. Alvenaria não armada.

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Page 8: Alvenaria Estrutural

• Armada ou parcialmente armada - tipo de alvenaria que recebe reforços em

algumas regiões, devido a exigências estruturais. São utilizadas armaduras

passivas de fios, barras e telas de aço dentro dos vazios dos blocos e

posteriormente grauteados, além do preenchimento de todas as juntas

verticais.

Figura 4. Alvenaria Armada ou parcialmente armada.

• Protendida - tipo de alvenaria reforçada por uma armadura ativa (pré-

tensionada) que submete a alvenaria a esforços de compressão. Esse tipo de

alvenaria é pouco utilizado, pois os materiais, dispositivos e mão de obra para

a protensão têm custo muito alto para o nosso padrão de construção.

Fixar a espera da barra ou cabo de protensão nas fundações,

Levantar a parede encaixando os furos dos blocos na barra,

Prever furos nas fiadas de caneletas,

Na altura da emenda da barra os trechos são conectados e protegidos;

Segue-se a alvenaria até a última fiada;

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Page 9: Alvenaria Estrutural

Após 14 dias aplica-se a protensão com um torquímetro lembrando-se

de engraxar as barras,-

Efetua-se a medição e o grauteamento da ancoragem.

Figura 5. Alvenaria Protendida.

No sistema alvenaria, a alvenaria não-armada de blocos vazados de

concreto é a que apresenta maior potencial de utilização, devido à economia

proporcionada e ao grande número de fornecedores de blocos de concreto. É

usada especialmente em edifícios residenciais empregando-se paredes de 14

cm e resistência de 1 MPa para cada pavimento acima do nível considerado,

em média.

A alvenaria de blocos cerâmicos também vem ganhando mercado, com

o aparecimento de fornecedores confiáveis para blocos de resistências de até

10 MPa. Hoje ainda tem seu uso concentrado em prédios de poucos

pavimentos, mas deve competir com os blocos de concreto para edifícios de

média altura (até oito pavimentos) rapidamente.

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Page 10: Alvenaria Estrutural

As principais vantagens da alvenaria estrutural em relação às

edificações com estruturas usuais de concreto são:

- ECONOMIA: redução de até 20% do custo da obra, devido à redução de

fôrmas, do número de especialidades de mão de obra e dos revestimentos. O

sistema concorre técnica e economicamente com aço e concreto.

- RAPIDEZ: a execução é rápida, limpa e segura, com redução de sub-

construtores e materiais.

- RACIONALIZAÇÃO: o sistema induz à racionalização de diversas atividades

(as instalações, por exemplo – a ausência de rasgos ou intervenções

significativas, que seria uma desvantagem numa análise simplista, é, na

verdade, uma vantagem, por eliminar improvisações e desperdícios).

O projeto e o detalhamento são fáceis (além de ser flexível, pois se

baseiam numa unidade de pequena dimensão). O sistema é durável e

apresenta bom isolamento térmico-acústico.

Os principais cuidados a serem tomados na alvenaria estrutural são o

treinamento de mão de obra, os cuidados mais rigorosos na fiscalização (já que

a execução deve ser mais cuidadosa) e a necessidade de interação entre

projetistas (arquitetura, estrutura e instalações - coordenar projetos). Uma

limitação do sistema é a impossibilidade de se adaptar a arquitetura para um

novo uso.

Figura 6. Análise das Vantagens

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Page 11: Alvenaria Estrutural

1.6 Modulação

A modulação consiste no uso de uma base de comprimento ou volume

como referência de dimensão, que determina uma série de relações

proporcionais a ela. Em alvenaria estrutural pode ser definida como o acerto

das dimensões em planta e do pé-direito da edificação, em função das

dimensões dos blocos, de modo a reduzir ao máximo corte ou ajuste para se

executar a parede.

A coordenação modular é a técnica que permite relacionar as medidas

de projeto com as demais medidas modulares, por meio de um reticulado

espacial de referência.

A modulação é fundamental para que a edificação resulte econômica e

racional. Na sua ausência, os enchimentos são freqüentes (existe a premissa

de não se cortar os blocos), acarretando acréscimo de mão de obra e piora no

resultado no dimensionamento (consideração de paredes isoladas –

conseqüência inevitável dos grauteamentos).

As principais vantagens da modulação são: organização dimensional,

racionalização de projeto e execução, incentivo da intercambialidade,

padronização, aumento da precisão e contribuição para a melhoria do

desempenho e qualidade.

Para se conseguir uma modulação adequada é preciso considerar a

medida dos blocos desde a concepção dos espaços. As dimensões da

arquitetura devem considerar a análise dos espaços conjuntamente com as

dimensões dos blocos. Posteriormente, deve-se ainda considerar os aspectos

estruturais, definindo-se as paredes estruturais (em função de apoios de lajes e

existência de pilotis) para se chegar à modulação definitiva.

Modulação Horizontal

A modulação racionalizada passa pela definição das dimensões do

bloco. Hoje se modulam inclusive as paredes de vedação. Na alvenaria

estrutural, a dimensão modular é a dimensão real do bloco mais a espessura

da junta (que funciona como elemento de ajuste). Para uma correta amarração

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Page 12: Alvenaria Estrutural

(ou como condição para a coordenação), deve-se obedecer a seguinte relação:

comprimento = 2 * espessura + junta.

O módulo M de um bloco refere-se ao comprimento real do bloco mais a

espessura J da junta. Na nomenclatura usual, o comprimento real de um bloco

valeria, portanto, 2M – J, conforme o esquema da figura abaixo. As juntas mais

comuns têm 1cm e daí advém que os comprimentos reais dos blocos terão

seus comprimentos nominais reduzidos de 1 cm. Num processo desenvolvido

para uma grande construtora nacional, os blocos foram preparados para juntas

de 0,5 cm, existindo então blocos com 14,5 cm, 29,5 cm e 44,5 cm.

Para os blocos modulares, sempre haverá uma solução de amarração

que atenda à quadrícula de 12,5cm ou 15cm ou 20cm (entende-se por

quadrícula modular de referência ao quadriculado com espaçamento entre

linhas e colunas igual a M ou MM – multimódulos, que serve de orientação para

elaboração do projeto coordenado modularmente, tanto em planta como em

elevação). Para a espessura de 15cm (preferida), quando for possível usar o

bloco de 45 cm nos cantos os detalhes são mais simples. Caso não se use os

blocos de 45cm, a junção dos blocos na borda pode ser realizada com o

esquemas alternativos.

No entanto, para o bloco de 15x40 (preferido) o problema é maior, sendo

necessário usar blocos especiais em cantos e bordas. Esta solução é

inadequada do ponto de vista da continuação das fiadas e de posicionamento

dos septos. Outra opção é utilizar blocos especiais de 34cm. Pode-se usar

ainda os blocos de 54cm, que facilitam o esquema de fiadas de borda, mas são

raros no mercado e são muito pesados para manipular.

Ainda no caso da impossibilidade de se usar o módulo de 15cm quando

a espessura for de 14 cm, a dimensão do ambiente depende da posição

relativa dos blocos nos cantos das paredes. Nestes casos, pode-se trabalhar

com múltiplos de 20, 20 + 5, e 20 + 10.

É muito comum também o uso de blocos de ajuste para se diminuir um

ambiente. Por exemplo, se deseja reduzir a dimensão em 5 cm, pode-se usar

um bloco de 35 no lugar do de 40 no meio da parede, observando-se que

aumentam os cuidados na execução e o custo deste bloco.

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Page 13: Alvenaria Estrutural

Figura 7. Modulação horizontal

Figura 8. Modulação portas internas e blocos 45º.

Modulação Vertical

Há dois tipos de modulação vertical. Piso a teto e piso a piso. No

primeiro caso, as paredes externas terminam com um bloco J (com uma das

paredes maior que a dimensão convencional), ajustando-se a altura da laje.

Nas paredes internas usam-se blocos canaletas comuns. A Figura 20 mostra

estes detalhes. Entretanto, quando a modulação é trabalhada com múltiplos de

20cm (pé-direito de 2,6m ou 2,8m) eles não são necessários.

Quando a modulação se refere à distância piso-piso, o bloco J das

paredes externas tem altura menor que o convencional numa de suas paredes,

para acomodar a altura da laje, e nas paredes internas usam-se blocos

compensadores para ajustar a distância piso-teto, não modulada.

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Page 14: Alvenaria Estrutural

Registra-se que nem sempre o bloco J pode ser fornecido. Pode-se

então usar fôrmas auxiliares e/ou cortar os blocos canaletas comuns na obra,

obtendo-se blocos J ou compensadores com relativa facilidade.

Figura 9. Modulação vertical.

Figura 10. Modulação em cantos e amarração em T.

Tipos de Modulação

Modulação de 15x30

Nesse tipo de modulação o bloco inteiro tem dimensão de 14x29cm,

sendo a dimensão modular igual às dimensões do bloco mais argamassa de

1cm, ou seja, 15x30cm. Essa é a modulação mais recomendada, pois o

comprimento modular é igual ao dobro da largura modular, permitindo uma

amarração perfeita entre os blocos. Para modular os cômodos, basta criar uma

malha quadricular de 15x15cm e dispor os blocos sobre essa malha, pois todas

as dimensões horizontais serão múltiplas de 15cm. Nos encontros de parede

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Page 15: Alvenaria Estrutural

são dispostos blocos com comprimento modular de 45cm para permitir a

amarração.

Figura 11. Modulação 15x30

Modulação de 15x40

Esse tipo de modulação foi a primeira a ser utilizada no Brasil e tem o

inconveniente do comprimento não ser proporcional à largura do bloco. Para

ser possível a amarração direta entre paredes é necessária a utilização de

blocos especiais de 14x34cm e de 14x54cm. As dimensões dos cômodos são,

na maior parte, múltiplas de 20cm, havendo alguns casos em que as

dimensões ficam diminuídas de 5cm.

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Page 16: Alvenaria Estrutural

Figura 12. Modulação de portas, janelas, vergas e contra-vergas.

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Page 17: Alvenaria Estrutural

Figura 13. Modulação 15x40

1.7 Patologias em Alvenaria Estrutural

Cuidados no projeto e na execução das obras evitam problemas nos

edifícios construídos com alvenaria estrutural. No entanto, quando as falhas

surgem, nem sempre é fácil detectar sua origem.

São geralmente decorrentes de deficiências de projeto, especificação de

material, execução, utilização ou da forma de manutenção do edifício.

Com base no diagrama idealizado pelo professor Ishikawa (diagrama de

causa e efeito), podemos avaliar as eventuais anomalias que possam ocorrer,

relacionando-as a uma ou mais características da qualidade não-atendidas, de

forma a identificar os fatores que as geraram.

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Page 18: Alvenaria Estrutural

Pode-se relacionar os seguintes cuidados a serem adotados:

MATERIAL

• Critérios de qualificação técnica dos fabricantes de blocos estruturais.

• Qualificação técnica dos fabricantes.

• Especificação técnica, mediante normas técnicas e cadernos de encargos

(acordo prévio).

Por exemplo, no caso de blocos vazados de concreto, deve-se, com base na

norma brasileira NBR 6136, especificar: resistência à compressão; umidade;

absorção de água e características dimensionais;

• Para argamassa de assentamento e grautes, deve-se, com base na norma

brasileira NBR 8798, especificar: dosagens; retenção de água (argamassas) e

resistência à compressão;

• Os demais materiais utilizados (aço, cimento, cal hidratada, agregados,

aditivos e água) devem ser especificados conforme suas normas técnicas.

• Pedido de compra: deverá conter as especificações técnicas previamente

acordadas entre as partes.

• Controle de recebimento e estocagem.

METODOLOGIA

• Normas: é necessário introduzir o uso de normas técnicas aplicáveis na

aquisição e emprego de materiais, na contratação de serviços, e na construção

em geral, uma vez que esta é uma exigência prevista no artigo 39, item VIII do

Código de Defesa do Consumidor, que afirma: “é vedado ao fornecedor de

produtos ou serviços colocar no mercado de consumo, qualquer produto ou

serviço em desacordo com as Normas da ABNT ou de qualquer outra entidade

credenciada pelo Conmetro”.

• Projetos: projeto arquitetônico contendo detalhes construtivos com relação a

medidas específicas quanto às condições de habitabilidade (térmica, acústica e

de umidade);

Projeto estrutural com base em teorias atuais, fundamentadas em base

experimental sólida.

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Page 19: Alvenaria Estrutural

• Normas técnicas e cadernos de encargos, contendo inclusive procedimentos

de execução.

• Procedimentos de recebimento de materiais e serviços.

• Procedimentos com relação ao recebimento de outras atividades que possam

intervir na execução dos trabalhos e no desempenho como um todo (interfaces:

lajes, contrapiso, instalações em geral etc).

• Manual do proprietário: deverá conter os procedimentos de uso adequado e

eventuais restrições, cuidados na manutenção e limpeza, orientações para a

pintura, seja interna ou externa, periodicidade e especificações dos produtos

recomendáveis.

MÁQUINAS

• É indispensável colocar, imediatamente, máquinas (ferramentas) simples à

disposição dos operários.

• A máquina humana deve ser cada vez mais inteligentemente utilizada.

• O emprego de pequenas e eficientes ferramentas, irão melhorar a qualidade e

produtividade.

• Os equipamentos utilizados nos processos construtivos, verificações de

serviços, e ensaios deverão estar conforme procedimentos e devidamente

calibrados.

MÃO-DE-OBRA

“A qualidade começa pela educação e acaba na educação. Uma empresa que

progride em qualidade é empresa que aprende, que aprende a aprender” (prof.

Ishikawa).

MEIO AMBIENTE

Nas fases de projeto e execução, deve-se atentar para a preservação do meio

ambiente.

É necessário entender que o lixo das cidades não pode ser constituído de

entulho de obras. Melhor dizendo: desperdício, que cria junto com o lixo

domiciliar esconderijo, alimentação, ambiente propício para a criação de

roedores, insetos e de agentes transmissores de doenças infecto-contagiosas.

Os principais fatores de desperdício podem ser resumidos em:

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Page 20: Alvenaria Estrutural

• perda de material e retrabalho, por falta de qualidade dos materiais, falta de

qualificação da mão-de-obra e alta rotatividade, e falta de projeto específico;

• perda de cerca de 20% de material utilizado no nivelamento de paredes fora

de prumo ou em revestimento de paredes que apresentam variações de

espessura.

• armazenamento inadequado de materiais no canteiro de obras.

1.8 Principais Anomalias

• Fissuras: as fissuras ocupam o primeiro lugar na sintomatologia em alvenarias

estruturais de blocos vazados de concreto. A identificação das fissuras e de

suas causas é de vital importância para a definição do tratamento adequado

para a recuperação da alvenaria.

A configuração da fissura, abertura, espaçamento e, se possível, a época de

ocorrência (após anos, semanas, ou mesmo algumas horas da execução),

podem servir como elementos para diagnosticar sua origem.

Considerando-se as diferentes propriedades mecânicas e elásticas dos

constituintes da alvenaria, e em função das solicitações atuantes, as fissuras

poderão ocorrer nas juntas de assentamento (argamassa de assentamento

vertical ou horizontal) ou seccionar os componentes da alvenaria (blocos

vazados de concreto).

Outros fatores podem influenciar o comportamento das alvenarias:

• Qualidade dos blocos: dimensões incorretas, falhas na porosidade e

acabamento superficial;

• Argamassa de assentamento: consumo de aglomerantes, retenção de água e

retração;

• Alvenarias: geometria do edifício, esbeltez, eventual presença de armaduras,

existência de paredes de contraventamento;

• Recalques diferenciais em fundações;

• Movimentações higroscópicas e térmicas.

As Figuras 14, 15 e 16, apresentam um resumo das diferentes configurações

das fissuras ocorridas em alvenaria estrutural e as prováveis causas geradoras

de cada uma destas tipologias.

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Page 21: Alvenaria Estrutural

Figura 14. Fissuras verticais

Figura 15. Fissuras inclinadas

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Page 22: Alvenaria Estrutural

Figura 16. Fissuras horizontais

• Eflorescências: a eflorescência é decorrente de depósitos salinos,

principalmente de sais de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalinos-

terrosos (cálcio e magnésio) na superfície de alvenarias, provenientes da

migração de sais solúveis nos materiais e componentes da alvenaria. Elas

podem alterar a aparência da superfície sobre a qual se depositam e em

determinados casos seus sais constituintes podem ser agressivos, causando

desagregação profunda, como no caso dos compostos expansivos.

Para a ocorrência da eflorescência devem existir, concomitantemente, três

condições: existência de teor de sais solúveis nos materiais ou componentes,

presença de água e pressão hidrostática necessária para que a solução migre

para a superfície. Portanto, para evitar esse fenômeno, deve-se eliminar uma

das três condições.

22

Page 23: Alvenaria Estrutural

Com relação à segunda condição para existência de eflorescência, nota-

se que a água pode ser proveniente da umidade do solo; da água de chuva,

acumulada antes da cobertura da obra ou infiltrada por meio das alvenarias,

aberturas ou fissuras; de vazamentos de tubulações de água, esgoto ou águas

pluviais; da água utilizada na limpeza e de uso constante em determinados

locais.

Por fim, com relação à pressão hidrostática, verifica-se que o transporte

de água por meio dos materiais e a conseqüente cristalização dos sais solúveis

na superfície ocorrem por capilaridade, infiltração em trincas e fissuras, perco-

lação sob o efeito da gravidade, percolação sob pressão por vazamentos de

tubulações de água ou de vapor, pela condensação de vapor de água dentro

das paredes, ou pelo efeito combinado de duas ou mais dessas causas.

A remoção das eflorescências sobre a superfície da alvenaria só poderá

ser realizada após a eliminação da causa da infiltração de água (umidade) e

secagem do revestimento, sendo então procedida escovação da superfície e,

se necessário, reparo de eventual região com pulverulência.

• Infiltrações de água

• Infiltração pelos componentes da alvenaria

• Infiltração pelas juntas de assentamento

• Infiltrações relacionadas a outros fatores

1.9 Considerações Finais

A normalização exerce papel preponderante no desempenho em países

altamente industrializados, como Alemanha e Japão. Essas nações, que após

a II Guerra Mundial construíram, partindo do nada, todo seu parque industrial, e

ingressaram na época atual como grandes potencias industriais, utilizaram a

tecnologia como força motriz e as normas técnicas como lastro. Portanto, deve-

se incentivar o processo de normalização do setor, visando a fornecer

subsídios técnicos aos projetistas, engenheiros, arquitetos, construtores e

usuários, de modo a obter melhorias de qualidade e a conseqüente redução de

anomalias.

23

Page 24: Alvenaria Estrutural

24

Page 25: Alvenaria Estrutural

2 SISTEMA DE CIMBRAMENTO METÁLICO

2.1 Obra Visitada

Obra Visitada: R.528 HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Rua João Julião, 331 – Paraíso – São Paulo – SP

CEI: 51.203.93272-73

Construtora: RACIONAL ENGENHARIA LTDA.

Endereço: Av. Chedid Jafet 00222, Bl D 3 AND – V. Olimpia – São Paulo - SP -

CEP: 04.551-065

CNPJ: 43.202.951/0001-56

Inscr. Municipal: 1.076.606-5

Empresa de Cimbramento Metálico: DOKA BRASIL FÔRMAS PARA

CONCRETO LTDA.

Rua Guilherme Lino dos Santos, 756 – Jd. Flor do Campo – Guarulhos – SP –

CEP: 07.190-010

CNPJ: 29.958.527/0001-05

Inscr. Estadual: 336.372.504.113

2.2 Escoramento Metálico

O escoramento metálico é composto por peças de aço galvanizado ou

alumínio e é uma solução com grande capacidade de suportar cargas. O

sistema chega pronto ao canteiro para ser montado, diminuindo o tempo de

instalação e o desperdício de materiais.

Para escorar vigas, por exemplo, utilizam-se poucos itens, que se

encaixam facilmente, sem exigir muita força nem o uso de ferramentas

adicionais.

São cruzetas, quadros, cornetas, forcados reguláveis, conectores, pinos e

perfis fornecidos a partir de um projeto que leva em conta as condições da obra

e a carga que as torres terão de suportar.

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Page 26: Alvenaria Estrutural

Em comparação com o sistema de madeira, esse tipo de escoramento é

mais durável, preciso e não é necessário improvisar nada. Por isso, uma

recomendação importante é seguir à risca as orientações do fornecedor,

principalmente sobre a carga que suporta por área. Quando for necessário

modificar o escoramento durante a instalação, deve-se buscar orientação do

fornecedor.

Da mesma maneira, embora as peças que compõem o sistema sejam

muito resistentes, é importante tomar cuidado quando for guardá-las, para

evitar perder ou estragar alguma peça. Os componentes costumam ser

alugados para as construtoras e, concluído o serviço, devem ser todos

devolvidos. O que estiver faltando é cobrado.

Cimbramentos de aço apresentam benefícios em relação ao uso de

madeira, como facilidade de montagem e desmontagem. É preciso, porém,

avaliar os termos de locação sobre danos, número de peças necessário e

transporte.

 É possível apostar num estágio de desenvolvimento da construção civil

que permita a execução de obras sem o uso - ou com uso restrito - de

cimbramento. Enquanto não chegamos lá, os escoramentos são

indispensáveis.

As tecnologias metálicas de escora atendem bem os requisitos de

segurança e custos, o que tem ampliado o uso desse sistema. "Temos sentido

maior aceitação do escoramento metálico", observa o gerente de negócios da

Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Alexandre Pandolfo.

Os catálogos dos maiores fornecedores apresentam componentes que

atendem às exigências mais comuns em obras de edificações. Para essas

obras de maior porte, que exigem soluções menos padronizadas, as empresas

trabalham com planejamentos executivos, que levam em consideração a

complexidade e a dinâmica da concretagem.

Em relação aos similares em madeira, o sistema metálico tem como

principais características maior precisão, confiabilidade elevada, menor impacto

ao meio ambiente e maior capacidade de reuso e de carga, acarretando em

menos pontos de apoio e facilidade de circulação. O sistema também propicia

maior produtividade para montagem e desmontagem, com peças que não

ultrapassam os 35 kg.

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Page 27: Alvenaria Estrutural

Figura 1 - Os benefícios mais significativos dos escoramentos metálicos são a maior precisão,

maior capacidade de carga e possibilidade de inúmeras

reutilizações

Normalmente os contratos são assinados em regime de locação e o custo é

calculado pela quantidade de peças utilizada no tempo. A compra é pouco

comum, ocorrendo mais no caso de escoras, que podem ser reutilizadas em

outras edificações. Nesse caso o comprador deve ter cuidado com a

manutenção e avaliação das condições das peças.

No aluguel são, geralmente, contemplados outros serviços, como o projeto de

escoramento e reescoramento. "Os sistemas metálicos estão dentro dos

subsistemas do cimento e do aço, então temos que oferecer serviços variados

com benefícios evidentes", argumenta Pandolfo referindo-se ao alto custo dos

insumos citados.

Apesar disso, os contratos dificilmente prevêem os serviços de

montagem e desmontagem, que ficam a cargo do cliente. A razão se mostra na

descontinuidade desses trabalhos, que dependem do andamento de outras

etapas.

A supervisão, no entanto, é de responsabilidade da fornecedora, que assina o

projeto a ser aprovado pelo projetista estrutural. O engenheiro de estruturas

Enio Canavello Barbosa, da Edatec, conta que a supervisão no momento do

serviço de montagem é importante porque visualmente é difícil precisar a

27

Page 28: Alvenaria Estrutural

capacidade de carga de cada escora. "Às vezes as empresas mandam o

projeto para checagem sem informar a capacidade de carga das peças", conta.

Os equipamentos devem ser devolvidos nas mesmas condições em que

foram entregues. As condições de armazenamento e utilização são

determinantes para tanto. Os sistemas, conta Pandolfo, são concebidos para

utilização sem uso de força. As equipes devem respeitar o projeto e as

instruções de manuseio.

2.3 Definição

Os cimbramentos com escoras tubulares ajustáveis são compostas por

escoras tubulares ajustáveis que são muito utilizadas nas construções de baixa

altura, em substituição aos montantes de madeira. Podem ser utilizados nas

concretagens de lajes de coberturas de galerias, bueiros de concreto,

reservatórios, em muros de arrimo dentre outros.

Compõem – se de dois tubos deslizando um por dentro do outro: o tubo

interno com diâmetro de 1 ½ “ e o externo com diâmetro de 2”

O tubo interno é apoiado e sua altura é regulada através de um pino

metálico que o atravessa em furos feitos a espaços regulares.

O pino metálico é apoiado numa luva rosqueada com alças, colocadas na

extremidade superior do tubo externo, que permitirá o ajuste milimétrico da

altura da escora.

28

Figura 2 - Os escoramentos foram a primeira opção para a execução de obras em altura e, mesmo com o surgimento de tecnologias como os

balanços sucessivos, ainda se mostram economicamente vantajosos para edificações, por exemplo.

Page 29: Alvenaria Estrutural

A carga admissível por escora é, em geral, determinada esperimentalmente

pelo fabricantes, devendo ser consultados os respectivos catálogos quando da

elaboração do projeto de escoramento.

Existem também, no mercado, escoras sem luvas intermediárias. Nessas, o

pino se apóia diretamente na parede do tubo externo e o ajuste fino do

comprimento se obtem com um forcado ou com peça de apoio ajustável,

posicionada na extremidade superior do tubo interno.

2.4 Vantagens da Utilização

Facilidade de manuseio: não requer mão-de-obra especializada para

operação;

Simplicidade: utiliza somente quatro peças;

Segurança: não há desprendimento das escoras metálicas;

Comodidade: trabalha-se com espaçamento entre escoras de 1,80m;

Rapidez: menor tempo de montagem e desmontagem das fôrmas de

escoramento das lajes planas;

Economia: 0,8 escoras metálicas por metro quadrado, trazendo assim

uma redução do número de peças por metro quadrado.

Possibilidade de muitos reaproveitamentos;

Possui elevada resistência (obsorção de carga);

Ocupa pouco espaço no armazenamento do canteiro;

Impedem deslocamentos excessivos das bordas, evitando patologias

nos subsistemas (alvenaria, revestimentos e etc.);

Favorecem a arquitetura dos projetos;

Redução no consumo de forma e mão de obra em relação aos sistemas

convencionais.

2.5 Projeto e Reescoramento

Se por um lado o escoramento depende da conclusão de outros serviços,

por outro define o ritmo dos trabalhos. Quanto maior a qualidade e a precisão

dos sistemas, mais tempo liberam para a execução de etapas como a

concretagem, que exige quantidade considerável de mão-de-obra.

29

Page 30: Alvenaria Estrutural

É pouco provável que todo o projeto de cimbramento esteja concluído ao

se iniciar a obra. Os prazos cada vez mais restritos empurram o planejamento

para momentos antes da execução. "Quanto mais apertado o prazo, mais

afinado tem que ser o relacionamento entre calculista, construtora e empresa

de escoramento", alerta Enio Barbosa, calculista da Edatec.

O dimensionamento é feito pelo fornecedor e considera todas as cargas

permanentes e acidentais a que estão sujeitas as estruturas e escoras. Ainda

assim, a participação - e aprovação - do calculista é fundamental, pois é ele

quem sabe como a estrutura trabalha e que tipo e volume de carga agüenta.

Para Barbosa, ao contrário do que afirmam algumas empresas de

escoramento, a carga não é transferida para os pilares após o início da cura.

Ele explica que, enquanto as escoras não são removidas ou aliviadas, a carga

permanece apoiada, podendo flambar com a carga extra.

A observação é válida porque as lajes não foram projetadas para

absorver o peso de outros pavimentos. Diferentemente do que ocorria antes, as

escoras não são retiradas e recolocadas para o reescoramento. Em edificações

trabalha-se, atualmente, com uma faixa de escoras não removíveis. Isso

aumenta a produtividade, mas requer atenção quanto ao incremento de cargas

em decorrência das concretagens subseqüentes.

O advento dos metais trouxe precisão e agilidade ao escoramento e

reduziu a pressão sobre cada componente. Os cimbramentos mais comuns,

que não diferem muito entre os diversos concorrentes, possuem ajustes finos,

normalmente rosqueáveis. Os cimbramentos de madeira necessitam de

elementos de apoio, como caixas de areia. Para abaixá-las em alguns

centímetros retirava-se os tampões das caixas, por onde vazava a areia.

A diminuição nos prazos é responsável, também, pela preocupação com

a reescora. Os andares têm de ser liberados o quanto antes para os trabalhos

de acabamento e, muitas vezes, ainda não atingiram resistência suficiente para

receber cargas elevadas. Assim, têm que transferir as cargas para os andares

inferiores, com mais idade e resistência. Por vezes a construtora prefere

contratar um técnico em concreto para atingir uma resistência antes de certo

tempo. É o que conta Barbosa, explicando que, "não é só o projeto que

importa, às vezes temos que olhar os ensaios para saber a resistência".

30

Page 31: Alvenaria Estrutural

A desmontagem das escoras deve ser planejada e respeitar as

orientações do engenheiro de estruturas. A forma como a estrutura irá começar

a trabalhar determina as deformações que vai sofrer. "Uma solução

malresolvida na estrutura vai ocasionar problemas futuros", observa o

engenheiro Alexandre Pandolfo.

Em todos os casos, mas principalmente em obras de grandes vãos é

recomendável atentar para a forma de trabalho das vigas. A escora, quando

acionada, é o ponto de apoio. O cuidado na retirada evita o surgimento de

trincas e o comprometimento da estrutura. O calculista Enio Barbosa explica

que, em todos os casos, é importante sempre retirar as escoras do centro para

as extremidades e do balanço para o pilar.

2.6 Sistemas de Cimbramento Metálico

Podemos dividir os sistemas de cimbramentos metálicos em três tipos:

2.6.1 Escoras (ou sistema pontual)

Elementos verticais isolados e fáceis de montar, necessitando apenas

de elementos que os deixem em pé durante a montagem, normalmente

conhecidos como tripés. Sua área de abrangência varia normalmente de 1,5 a

4,5 metros de altura, sendo que, entre 3 e 4,5 metros geralmente devem ser

contraventados.

A capacidade de carga, a precisão do nivelamento e a durabilidade, dão

às escoras metálicas largas vantagem em relação às de madeira. Além disto, a

estabilidade dimensional possibilitada pelas escoras metálicas as faz

recomendada para requisitos da qualidade onde não se aceitam deformações

(caso da .laje zero.).

Outra vantagem das escoras metálicas é que, em determinados

sistemas, são acoplados às suas cabeças descendentes (drop heads) que

possibilitam a desforma de todo o sistema de distribuição de cargas sem que a

escora seja removida, não havendo a perda de contato da escora com a laje.

Isto confere uma segurança contra deformações impostas em idades baixas do

concreto e a possibilidade do reaproveitamento das fôrmas e do vigamento de

31

Page 32: Alvenaria Estrutural

suporte. Para tanto são utilizadas tiras de sacrifício ou reescoramento que

ficam presas até a retirada da escora.

Já para as escoras de madeira são normalmente utilizados pontaletes.

Sua capacidade de carga é baixa dependendo do tipo de madeira, gerando

grande concentração de peças sob a laje escorada dificultando o trânsito.

O nivelamento é feito através de sistemas de cunhas de madeira. A

madeira não é recomendável quando se buscam atender requisitos da

qualidade muito rígidos, já que ela sofre deformações até em função das

condições atmosféricas e são de difícil ajuste quando há variação no pé direito.

Conjuntos de pontaletes e sarrafos são utilizados para a confecção de .garfos.

largamente usados no escoramento de vigas de borda. Para as vigas internas,

os mais indicados são as escoras metálicas.

2.6.2 Torres metálicas

Elementos verticais múltiplos, ligados entre si (ou seja, contraventados)

formando quadros. Mais complexos de montar do que as escoras, porém com

uma capacidade de carga maior, resultando em menos pontos de apoio. Sua

área de abrangência é praticamente ilimitada, iniciando normalmente em 1,0

metros de altura até dezenas de metros. Para grandes alturas as torres são

contra-ventadas entre si.

As torres metálicas montáveis, são encontradas sob várias formas,

diferindo no tipo de ajuste, encaixe das peças, diagonais, tamanhos e diâmetro

dos tubos metálicos.

O princípio de funcionamento é, sempre, sistemas tubulares em que as

peças são interligadas formando quadros.

Normalmente suportam mais carga que os sistemas pontuais, vencem alturas

maiores, são mais estáveis, apresentando um peso maior e um número maior

de elementos.

Sua utilização nas edificações é feita normalmente em trechos de pé-

direito maior, em que as escoras não têm aplicação e também em vigas de

periferia, onde podem ser produzidas plataformas de trabalho com guarda

corpo acoplado, garantindo segurança ao operário.

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Page 33: Alvenaria Estrutural

2.6.3 Mesas Voadoras

Os sistemas de distribuição de carga e de suporte (escoramento) são

unificados. São integrados, também, os escoramentos de vigas e laje. É

encontrado sob a forma tubular (semelhante às torres) ou de alumínio,

formando grandes treliças.

Trata-se de um complexo metálico rígido e/ou protendidas indeformável,

transportado por inteiro (inclusive, com a fôrma incorporada), em que se ganha

agilidade, tempo e mão-de-obra. O seu uso depende principalmente das

características do projeto (lajes planas e/ou protendidas são candidatas natas)

e da necessidade de uma grua com razoável capacidade de carga para sua

movimentação.

2.7 Campo de Utilização dos Cimbramentos Metálicos

Nos últimos vinte anos, os cimbramentos metálicos assumiram uma posição

de relevância, explicável pelas seguintes razões:

Pequena mão-de-obra de montagem e desmontagem;

Grande capacidade portante, permitindo a execução de vãos grandes,

torres elevadas, etc.;

Possibilidade de repetidas utilizações, mediante padronização dos

elementos;

Preço da madeira subiu mais que o dos outros materiais, tornando-a

menos competitiva.

Os cimbramentos metálicos são, geralmente, empregados em sistemas

racionalizados, disponíveis por locação.

Existem diversos tipos de cimbramento metálicos leves, destinados a andaimes

de acesso ou suporte de obras leves. Para obras pesadas, utilizam-se treliças

desmontáveis de grande capacidade de carga, torres metálicas, etc.

Os cimbramentos mais complexos, dos tipos usados em pontes grandes,

são hoje feitos, em sua maioria, com produtos metálicos racionalizados, de fácil

montagem e grande capacidade de carga.

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Page 34: Alvenaria Estrutural

A rapidez de montagem requer pouca mão de obra e desmontagem do

cimbramento metálico, além do seu grau de reaproveitamento, uma mesma

escora pode ser usada em vários prédios sem deformar ou quebrar, por isso

que a maioria das empresas de escoramento metálica aluga os seus

equipamentos.

A tendência da construção civil brasileira em trabalhar cada vez mais

com sistemas e menos com produtos ou insumos de forma isolada está

atingindo, em cheio, o segmento de escoramentos metálicos. As perspectivas

apontam para a inserção da tecnologia de cimbramento nos sistemas de

fôrmas.

As empresas de escoramento têm estudado formas de adaptar o

sistema alemão de escoramento ao ritmo de obra aqui do Brasil, encontraram

no sistema uma maneira de aumentar em até três vezes a produtividade da

fôrma de laje.

Composto de chassis de alumínio forrados com compensado plastificado, o

sistema permite a montagem de lajes sem a necessidade de cortes, pregos e

emendas. De montagem simples - é formado apenas por painéis e escoras

possuindo roscas que permitem um nivelamento milimétrico da laje.

Proporciona ainda perfeito acabamento, dispensando o revestimento.

2.8 COMPONENTES

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Page 35: Alvenaria Estrutural

2.8.1 Escoras

Equipamentos de aço que permitem regulagens de altura. São compostas

de tubo-base e flauta. Indicadas para escoramento e reescoramento

predial. Acessórios: copo de regulagem fina, pino-trava, suporte superior

para fundo de fôrmas, forcado simples e duplo para fixação de peças de

madeira e tripé para estabilidade.

2.8.2 Torres

Conjunto de elementos modulares com encaixes macho-e-fêmea que permitem

a formação de torres com alturas variadas. Indicadas para lajes e vigas de

médio e grande porte. Acessórios: forcado e macaco para apoio de vigas

metálicas e nivelamento, trapézio, diagonal horizontal para contraventamento,

travessa de extremidade para ligação dos quadros às torres, mão-francesa que

permite dois apoios simultâneos por poste, pino-trava e placa-base para apoio.

2.8.3 Vigas metálicas

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Page 36: Alvenaria Estrutural

Perfis metálicos em "U" com grande capacidade de carga e enrijecidas com

sarrafos de madeira e fixadas por parafusos. Podem ser usadas como vigas

principais ou como barrotes.

2.8.4 Treliças

Elementos de dimensões variadas que, compostas, permitem vencer grandes

vãos. Indicadas para gabaritos de passagem, passarelas e coberturas.

2.9 Condições Gerais para o Cimbramento Metálico

Os cimbramentos metálicos devem atender normas vigentes para

estrutura metálica. As peças metálicas devem ter espessura mínima de 2,0

mm, exceto no caso de tubos com abraçadeira de aperto, nos quais a parede

deve ter espessura mínima de 3,0 mm.

Os contraventamento de perfis metálicos não devem ser feitos com

escoras de madeira encunhadas, em face de dificuldade de se conseguir um

aperto efetivo e permanente das cunhas.

Os apoios das vigas metálicas sobre peças rígidas, como blocos de

concreto ou sobre outras peças metálicas, devem sempre ser intercalados com

material deformável, em geral pranchas de madeira, podendo usar também

laminas de borracha. Essas peças deformáveis permitem pequenas rotações

associadas com as flechas das vigas, distribuindo regularmente as pressões

sobre o material subjacente.

Os fabricantes de escoramentos padronizados, geralmente, fornecem aos

engenheiros projetistas os elementos necessários para que eles possam

utilizar o material conscientemente e com eficiência. Os materiais são

especificados, e as principais propriedades geométricas das seções tubulares,

de modo que os projetistas possam conferir as cargas admissíveis proposta

pelo fabricante.

Os cimbramentos projetados com estruturas metálicas convencionais são

dimensionados atendendo normas vigentes para estrutura metálicas. Nas

combinações envolvendo cargas principais (peso escorado + peso próprio),

sobre cargas distribuídas e vento, as tensões admissíveis usuais podem ser

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Page 37: Alvenaria Estrutural

acrescidas em 20%. Nos cimbramentos, as flechas das vigas podem ser

limitadas a 1/300 do vão.

2.10Cuidados Durante a Instalação

A montagem do cimbramento é feita pela equipe da construtora, sob

supervisão técnica do fornecedor. O projeto de montagem deve ser seguido

rigorosamente com relação ao posicionamento das torres, escoras e vigas,

obedecendo aos espaçamentos máximos determinados. Haroldo Miller conta

que os erros mais comuns se devem a adaptações na montagem,

desrespeitando o projeto do fornecedor.

A qualificação da mão de obra é outro ponto crítico, bem como erros na

execução de travamentos e erros na sequência de montagem. O professor da

Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Bruno

Ribeiro, lembra ainda que é preciso verificar as condições do piso e, em

terrenos sem contrapiso, utilizar placas de apoio.

2.11Normas Técnicas

NBR 15696:2009 - Fôrmas e Escoramentos para Estruturas de Concreto

- Projeto, Dimensionamento e Procedimentos Executivos.

NBR 8800:2008 - Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de

Aço e Concreto de Edifícios.

NBR 14931:2004 - Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento

2.12Dimensionamento do Escoramento Metálico

Cuidados a serem tomados no dimensionamento do escoramento

Tanto o escoramento de alumínio quanto o de aço precisam ser

dimensionados em função das características mecânicas de cada material. É

importante observar também o tipo de terreno, quando o cimbramento for

executado diretamente sobre o solo, sem piso concretado.

Conforme a resistência do solo é preciso aumentar o número de escoras

para distribuir melhor o peso da estrutura. Esse cuidado muitas vezes não é

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Page 38: Alvenaria Estrutural

tomado por falta de integração entre o construtor, o fornecedor e o consultor de

solo.

Tipo de fôrma influencia no projeto do escoramento

Se você for usar, por exemplo, uma chapa de madeira suportada por um

cimbramento metálico, o espaçamento desse cimbramento deve ser coerente

para não permitir que a chapa deforme. Tem que haver uma compatibilização

entre um e outro.

Tipo de concreto também impacta no dimensionamento

A velocidade de concretagem e a trabalhabilidade do concreto

influenciam na pressão das fôrmas. Quanto mais fluido e mais rápido, maior a

pressão. Isso também pode afetar os espaçamentos entre as escoras. Se a

concretagem for muito rápida, esses espaços precisam ser menores.

Erros mais comuns

Problemas decorrentes de falhas no projeto têm sido raros, pois já

possuímos fornecedores com excelentes corpos técnicos no mercado. Os

problemas mais recorrentes são os relativos à devolução dos materiais,

normalmente por erros no recebimento, armazenamento, por mau uso, ou

pelos três motivos em conjunto. Isso tem causado enorme desgaste na relação

entre consumidores e fornecedores.

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Page 39: Alvenaria Estrutural

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