ANÁLISE CRÍTICA VIDAS SECAS

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  • 8/16/2019 ANÁLISE CRÍTICA VIDAS SECAS

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    Vidas Secas é uma obra linda e ao mesmo tempo chocante. Uma leitura que nos leva a

    imaginar muito além das palavras que contém no livro. Cada folha uma viagem diferente. O

    livro inteiro é uma expressão da “uestão Social!" come#ando pelo t$tulo. V%rias vidas

    tornam&se secas.

    ' obra é ambientada no sertão nordestino (século ))* e fala da vida simples e sofrida

    de uma fam$lia de retirantes que estão fugindo da fome e da seca" as duas principais

    express+es da “uestão Social!.

    ,abiano" Sinha Vit-ria" ,ilho mais velho" ,ilho mais novo e aleia. /ssa é a

    composi#ão principal da obra supracitada. Uma fam$lia t$pica que sofre as consequ0ncias do

    sistema capitalista.

    uando assisti uma parte do filme" tempos atr%s" 1amais imaginei tamanhas express+es

    da “uestão Social! tão fielmente retratadas. 2o1e posso di3er que estou com outra

     perspectiva de realidade.

    Uma das cenas que mais me marcou foi o in$cio" onde a fam$lia vem andando no sol

    quente sem %gua" sem comida e sem for#as" procurando uma sombra fresca para descansar.

    “[…] Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e

     famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousadobastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas

    ue procuravam uma sombra. ! folhagem dos "uazeiros apareceu longe, atravésdos galhos pelados da catinga rala.# (4'5OS" 6788. p. 79*

    's express+es da “uestão Social! mais gritantes que identifiquei foram: a seca (pior 

    no ;ordeste" pois acaba com a vida de muitos animais e pessoas*" a fome" a sede" a falta de

    emprego (no momento em que o rasil passava por processo de moderni3a#ão e tinha&se uma

    ideia de identidade nacional. ,abiano era desprotegido das rela#+es trabalhistas*" falta de

    habita#ão fixa e digna (pois a fam$lia de tempos em tempos se retirava fugindo da seca

     procurando comida e obrigava&se a ocupar fa3endas*" o não acesso < educa#ão (a fam$lia tinha

    uma educa#ão débil pela falta de oportunidades e escasse3*" a repressão e opressão do /stado

    contra as pessoas hipossuficientes (tratava as express+es da “uestão Social como caso de

     pol$cia e vilipendiava seus direitos* entre outras.

    /m rela#ão a fome" uma das passagens que registra esse momento:

    “[…] foram despertados por $aleia, ue trazia nos dentes um pre%.

     &evantaram'se todos gritando. O menino mais velho esfregou as p%lpebras,afastando peda(os de sonho. )inha *it+ria bei"ava o focinho de $aleia, e como

    o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do bei"o.#

    (4'5OS" 6788. p. 8=*

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    Outra imagem que ficou na minha cabe#a foi a morte da cachorra aleia. '

    cachorrinha estava doente" magra e com seus pelos caindo. ' fam$lia sem condi#+es de

    comprar remédios resolve sacrificar o animal" ato comum no ;ordeste. Sacrificar ou

    abandonar o animal doente na rua. aleia era sin>nimo de sobreviv0ncia para a fam$lia.

    ' seca" grande causadora da miséria" tida como um elemento natural" recrudesce a

    miséria social dos indiv$duos. /sta representada pela enorme explora#ão dos grandes

     propriet%rios de terras que enganavam os trabalhadores nordestinos.

    O fim do inverno (quadra chuvosa* remarca o fim da perspectiva de boa vida para

    fam$lia de ,abiano" fa3endo com que todo o ciclo recomece" agora" sem aleia. Seca mais

    fome d% fuga" desespero.

    “ouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esbo(ando. !comodar'se'

    iam num s-tio peueno, o ue parecia dif-cil a Fabiano, criado solto no mato.

    ultivariam um peda(o de terra. /udar'se'iam depois para uma cidade, e osmeninos freuentariam escolas, seriam diferentes deles.# (4'5OS" 6788. p.

    86?*

    'limenta&se a esperan#a de uma vida nova. Chegariam a uma terra diferente"

    “civili3ada! e desconhecida. Os ciclos (re*come#ariam.“0 o sert1o continuaria a mandar gente para l%. O sert1o mandaria para a

    cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, )inha *it+ria e os dois filhos.#(4'5OS" 6788. p. 86@*

    ' hist-ria remeteu&me um pouco minha fam$lia e minha região" ao esperar 

    ansiosamente pelo AinvernoB. ois o inverno no ;ordeste é somente no come#o do ano quando

    chove e todos ficam na expectativa que se1a uma boa chuva para aguar as planta#+es"

     principalmente" de milho" fei1ão&de&corda" batata e mandioca.

    “Olhou a catinga amarela, ue o poente avermelhava. )e a seca chegasse, n1o ficaria planta verde. !rrepiou'se. hegaria, naturalmente.# (4'5OS" 6788. p.

    6D*

     ;a contemporaneidade ainda identificamos as mesmas express+es da “uestão

    Social!" porém com outros aspectos" tendo em vista que os avan#os nas pol$ticas sociais nos

    Eltimos anos contribu$ram bastante para mudar esta realidade de muitas afamilias brasileiras"

     principalmente nordestinas.