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CURSO DE LICENCIATURA EM TERAPIA DA FALA
DANIELA DOS SANTOS ROMBA, Nº 48206
EVA MARIA MIGUEL VIEGAS, Nº47244
JOANA CARINA FERREIRA SANTOS, Nº 47634
MARIANA ESTÊVÃO GUERREIRO, Nº 47673
ANAMNESE
e respetivas justificações teóricas
FARO, ABRIL DE 2013
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
2 Anamnese e respetivas justificações teóricas
I - Folha de registo
Qual a data de observação, número do processo?
Na folha de registo estão presentes vários dados importantes numa anamnese,
tais como a data de observação, para que o terapeuta saiba a data inicial da consulta
a fim de perceber se há uma evolução positiva do caso; o número de processo para
um fácil acesso ao mesmo, caso seja necessário consultá-lo e o local de consulta
(casa, consultório, centro de saúde…)
Quem encaminhou a criança para a terapia da fala?
O encaminhamento também é um dos pontos relevantes, pois normalmente
quem encaminha são pessoas próximas do paciente, como por exemplo professores,
pediatras, entre outros. Assim sendo no percurso terapêutico com a criança em
questão, a parceria com a pessoa que encaminha é essencial para a evolução
terapêutica.
Quem fornece as informações?
Em relação a quem relata a história, outro ponto essencial para a orientação do
terapeuta, é importante identificar quem fornece a informação daquele caso para que
os dados sejam o mais viável possível; este informador pode ser o próprio paciente, ou
um acompanhante (pais).
II - Identificação da criança
Qual o nome da criança, lateralidade e data de nascimento?
Nesta parte da anamnese estão inseridos vários pontos importantes tais como
o nome da criança ou a alcunha que tem atribuída para assim haver aproximação
entre o paciente e terapeuta; a lateralidade, que é de grande importância para que
desde logo o terapeuta saiba a capacidade de formação de conceitos complexos,
como de espaço, visto existir uma relação entre lateralidade e especialização
hemisférica, o que pode acrescentar informação relevante no que toca a linguagem,
por exemplo no caso das P.E.D.L., existe perturbação da dominância hemisférica.
Outro ponto é a data de nascimento e idade que permite comparar o
desenvolvimento da criança com o desenvolvimento normal, isto porque a “linguagem
na criança passa por uma serie de etapas” (Torrescasana, 1989), no qual existem
períodos críticos, onde a criança tira as maiores vantagens das suas aprendizagens
(Sim-Sim, 1998). Ainda nesta questão da idade é relevante saber exatamente os
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3 Anamnese e respetivas justificações teóricas
meses da criança, dado que se verificam contrastes ao nível da aquisição dos
conhecimentos linguísticos de mês para mês (Sim-Sim, 1998).
Qual o sexo da criança, nacionalidade, naturalidade, morada e situação
escolar actual?
O sexo da criança é relevante devido ao facto de nos rapazes a probabilidade
de ter um diagnóstico de perturbação em relação às raparigas ser maior (Andrade,
2008). Também o desenvolvimento geral e os interesses são diferentes entre rapazes
e raparigas. A nacionalidade e naturalidade são informações indispensáveis, pois o
meio onde a criança está inserida influencia muito no seu desenvolvimento. “A
aprendizagem é uma mudança no comportamento resultante da experiência ou prática
e depende da interação entre fatores individuais e ambientais” (Revista neurociências,
2006), tal como fatores económicos, sociais, culturais, religiosos (Andrade, 2008)
acrescentando-se ainda a importância relativamente à língua materna, casos de
bilinguismo ou monolinguismo.
Deve-se perguntar qual a morada pois pode ser necessário enviar alguma carta
informativa aos pais sobre a situação terapêutica da criança, tal como o contacto que
facilita a comunicação entre os pais e a terapeuta sobre esclarecimento de alguma
dúvida que possa surgir.
A situação escolar atual, o local e o ano escolar são essenciais para que haja
compreensão por parte do terapeuta acerca do desenvolvimento de linguagem que
esta criança apresenta; assim fica também a conhecer o meio a que a criança está
habituada podendo incluir alguns recursos durante a intervenção que deixem a criança
mais á vontade.
Qual a filiação, fratria, agregado familiar e o prestador de cuidados?
Outro ponto importante é a filiação, pois ”é na família que a criança inicia o
processo de aquisição linguística” (Andrade, 2008), isto é, é devido aos indivíduos
familiares ou outras pessoas presentes no dia-a-dia da criança que esta desenvolve a
sua língua materna e linguagem oral, que é feita através da audição e imitação, dai
também a relevância de toda a informação dos pais, idade, nível económico,
naturalidade, profissão, capacidades financeiras, habilitações, visto que se os
cuidadores tiverem maiores habilitações, parte-se do princípio que as crianças serão
mais favorecidas do ponto de vista linguístico, ou seja, normalmente se os cuidadores
tiverem um grau de literacia mais elevado têm um nível linguístico elevado que
influenciará a criança num sentido positivo. O tempo disponibilizado pelos pais para a
estimulação escolar também influência nas competências linguísticas (Andrade, 2008).
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4 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Nos três últimos pontos inclui-se a fratria, o agregado familiar e do prestador de
cuidados. Em relação a fratria, saber o número de irmãos e as respetivas idades
contem informação importante no que diz respeito a perturbações de linguagem
presentes no meio do paciente, é importante realçar ainda que normalmente os pais
dão mais atenção aos primeiros filhos, logo estes terão um desenvolvimento linguístico
mais rápido que os mais novos (Andrade, 2008). Em relação ao agregado familiar, ter
conhecimento de quem vive com a criança e do número de habitantes é crucial, pois
consoante o número de membros irá interferir nos aspetos económicos e sociais. Se
os pais estão divorciados ou não é uma questão que pode levar a sentimentos de
abandono e raiva por parte da criança. Tudo isto é fundamental para a terapeuta se
aperceber se a criança apresenta algum trauma que possa ter conduzido a
consequências no desenvolvimento a nível da linguagem. Por fim é útil para o
terapeuta saber quem é o prestador de cuidados pois se eventualmente a criança não
se habituar ao espaço de intervenção, o terapeuta poderá solicitar a sua ajuda e pedir-
lhe que participe nas consultas para colocar a criança mais a vontade.
III - Motivo da consulta
Questionar o motivo da consulta é fundamental numa anamnese já que é a
razão pela qual a criança se dirige à consulta de terapia da fala, sendo por isso
essencial o terapeuta abordar os responsáveis pela criança sobre o mesmo. Esta
questão permite também a desmistificação de ideias e premissas básicas formadas
pelos pais, para que se consiga avançar com a intervenção.
Qual a época do aparecimento do problema? Há quanto tempo persiste?
Quem notou o problema? Como verificou o problema?
É então essencial questionar a pessoa que se encontra a responder à
anamnese acerca da época do aparecimento do problema, há quanto tempo o mesmo
persiste, quem detetou o problema e como o verificou, uma vez que esta informação é
fundamental permitindo ao terapeuta da fala ter uma noção da evolução do problema
ao longo do tempo, bem como a interação da criança com o problema, e ainda de
quem interage com ela. É também necessário perceber o modo como a pessoa que
notou o problema detetou o mesmo já que pode ser relevante perceber se foi um
problema que apareceu repentinamente ou progressivamente, dando informações
sobre o tipo de etiologia e patologia a que o possível problema está associado.
Qual pensam ser a(s) causa(s) desse problema?
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5 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Em relação à questão “Qual pensam ser a(s) causa(s) desse problema?”, é
fundamental que seja feita, já que auxilia na recolha de dados que visam identificar a
etiologia do problema, eliminando assim um leque de possibilidades para tal caso.
Notou evolução do problema?
É importante perguntar ao informador se notou evolução do problema, sendo
que a resposta vai mostrar se os pais têm perceção de alguma evolução ou
agravamento das dificuldades, ou se por outro lado ocorreu uma estagnação.
A criança tem consciência do seu problema? Qual a sua reação e atitude
face ao problema? Qual a atitude do educador/professor e dos colegas
face ao problema?
No que diz respeito às perguntas “A criança tem consciência do seu
problema?”, “Qual a sua reação e atitude face ao problema?” (se fica triste, se ignora,
…) “Qual a atitude dos pais face ao problema?” (se ignoram, confrontam ou confortam)
e “Qual a atitude do educador/professor e dos colegas face ao problema?”, (se os
colegas gozam, se notam, se compreendem…), são questões de enorme relevância
uma vez que permitem ao terapeuta da fala ter noção da situação, já que as respostas
irão fornecer ao mesmo informações acerca de possíveis modos de diminuir as
dificuldades e consequentemente resolver o problema em causa, além de informarem
sobre o meio envolvente e o apoio oferecido à criança, que podem estimular a
segurança e a confiança na mesma ou, por outro lado, inibi-la. Estas informações são
fornecidas exclusivamente através da opinião dos pais, sendo que as mesmas
perguntas na parte XI da anamnese (Atitudes), são preenchidas a partir da observação
feita pelo Terapeuta da Fala durante a sessão e conversa com a criança.
Recorreu anteriormente a consulta de terapia da fala? Se sim: Qual o
motivo? Qual o local da consulta? Com quem? Qual foi a duração da
intervenção? Que trabalho foi desenvolvido?
Finalmente, é crucial a formulação de questões que interroguem acerca da
existência ou não de outras consultas de terapia da fala, se sim: qual o motivo dessas
consultas, o local onde ocorreram, com quem, duração da intervenção, que tipo de
trabalho é que foi desenvolvido durante as mesmas, se durante essa intervenção
houve evolução e o porquê de ter deixado (se não for o caso do responsável pela
criança querer apenas ouvir uma segunda opinião) e atualmente o porquê de ter
voltado a ter consultas de intervenção. Este tipo de perguntas permitem ao terapeuta
da fala observar aspetos importantes na eventualidade de já ter existido uma
referenciação dos dados e uma avaliação feita anteriormente em relação às diferentes
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6 Anamnese e respetivas justificações teóricas
áreas, atividades e estratégias utilizadas no passado que possam atualmente ser úteis
à nova intervenção com o novo terapeuta da fala, sendo importante salientar que,
ainda assim, o novo terapeuta deve recolher os seus próprios dados no que diz
respeito à anamnese e à avaliação realizada, para que possa então planificar a
intervenção mais adequada e partir dessa linha de base. No entanto, se tiver as
informações registadas e as estratégias utilizadas na intervenção anterior será mais
fácil delinear a nova intervenção tentando evitar seguir percursos, utilizar materiais e
estratégias que anteriormente não resultaram.
IV – Antecedentes familiares
Na família há alguém com problemas visuais, auditivos, neurológicos ou
perturbações de fala e linguagem?
Nesta parte da anamnese estão incluídos vários pontos relevantes em relação
á família do paciente, como por exemplo os fatores genéticos, daí a importância de ter
conhecimento dos problemas de linguagem, auditivos, visuais e neurológicos que
possam interferir com os canais de interação (canais de input e output) ou com as
áreas neurológicas de processamento (área de Broca e Wernicke) do paciente. “As
dificuldades de aprendizagem são queixas frequentes e podem acompanhar diferentes
quadros neurológicos. A presença de histórico familiar constitui um fator de risco para
a ocorrência de tais dificuldades nas crianças.” (Lima, Mello, Massoni, Iramaia, Ciasca;
2006). É necessário saber se os pais são surdos ou se apresentam perdas auditivas
pois a criança não vai ouvir a linguagem oral correta, ouve articulações alteradas da
língua a nível fonológico, sintático, morfológico, portanto é aconselhável a colocação
desta criança num jardim-de-infância para a aprendizagem correta da língua pois em
relação a este problema, a interação da criança fica comprometida visto que os pais
não a conseguem ouvir. Em relação às perturbações de fala e linguagem, é importante
saber se no meio familiar do paciente há alguém que tenha alterações a esse nível
pois tal fator pode ser de risco, por exemplo se houver casos de dislexia de geração
em geração é muito provável que a criança também tenha, e leva a dificuldades no
desenvolvimento da linguagem ou de aprendizagem da leitura e escrita, outro exemplo
são os distúrbios da fluência. Alguns estudos concluem que um grande número de
casos de distúrbios da fluência tem etiologia genética, sendo que um ou mais
familiares os apresentava (Duarte, Crenitte & Lopes-Herrera , 2009).
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7 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Existem na família casos de consanguinidade, doenças hereditárias,
epilepsia ou paralisia cerebral?
Também é importante saber se na família existem casos de consanguinidade
pois quando os sangues são semelhantes pode causar um erro sobrecarregante no
ADN e gerar problemas a nível linguístico, saber as doenças hereditárias pois
são caracterizadas por transmitir-se de pais para filhos na qual se podem manifestar
problemas de linguagem, assim como nas doenças hereditárias a probabilidade do
paciente ter epilepsia é maior nos indivíduos com antecedente familiar da doença,
apesar de esta doença não ser genética. Por fim é relevante também o terapeuta ter
conhecimento se algum familiar sofreu alguma paralisia cerebral e saber quais as
áreas afetadas pois se os músculos que permitem da fala foram atingidos, haverá
dificuldade para comunicar os pensamentos ou as suas necessidades e assim
comprometer a interação com esta criança, que de alguma forma a poderá influenciar
a nível linguístico.
V – Antecedentes pessoais
Esta área é bastante importante, na medida em que é a partir daqui que
podemos descobrir alguns problemas que poderão ter surgido do período da gravidez,
parto e pós parto que desencadeiem atrasos ou outras manifestações que possam
comprometer um normal desenvolvimento da linguagem. De acordo com a
ASHA(1991), um dos fatores de risco para o desenvolvimento da linguagem é o risco
biológico que diz respeito a crianças que têm uma história de fatores biológicos
durante os períodos pré, peri e pós natal que podem acarretar sequelas no
desenvolvimento, acrescentando-se a possibilidade de ocorrer alterações neurológicas
que poderão aumentar a probabilidade de posteriores alterações no desenvolvimento.
Incluem-se neste grupo doenças metabólicas, deficiências nutricionais da mãe durante
a gravidez, baixo peso á nascença, anóxia e prematuridade.
Período pré natal (Gravidez)
No período pré-natal são registadas as características da gravidez visto que “o
período de gestação intrauterina constitui uma situação delicada no que diz respeito à
existência de condições indispensáveis a um desenvolvimento adequado e integral do
feto.” (Andrade, 2008) Para além do período de gestação, é importante saber o estado
psicológico da mãe assim como a exposição a comportamentos de risco e em que
contextos.
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8 Anamnese e respetivas justificações teóricas
A gravidez foi planeada?
Como se sentia emocionalmente?
Estas perguntas são importantes, já que os fatores emocionais também podem
afetar o feto e consequentemente relacionamento pós parto dos pais com a criança. “A
capacidade da mulher para se adaptar às mudanças e exigências da gravidez afeta a
saúde física e mental e parece influenciar, de igual forma, a saúde do feto em
gestação” (A. Conde e B. Figueiredo, 2003). Estudos mostram que a ansiedade, stress
e depressão na gestante estão associadas a abortos no início da gravidez e a
ocorrência de malformações craniofaciais, deficiências cardíacas na criança e
anomalias congénitas neonatais. Lobel e colaboradores(1992), encontraram uma
relação entre a ansiedade e stress durante a gravidez e a ocorrência de partos
prematuros e bebés de baixo peso. Assim, é pertinente investigar as atitudes
emocionais em relação à gravidez e ao feto e as crises intercorrentes da gestação
para perceber possíveis impactos no desenvolvimento da criança e da respetiva
linguagem.
Ocorreram complicações durante a gravidez?
Ocorrendo uma gravidez de risco, associada a várias complicações é normal
que, consequentemente possa haver um risco prejudicial à sua boa evolução,
arriscando a boa saúde da mãe e/ou do feto. Estas complicações podem originar
problemas graves, pós-parto, no bebé tanto a nível físico como psicológico.
Tinha hábitos de tabagismo/álcool/drogas?
Estudos realizados comprovam que o consumo de substâncias desaconselháveis
pode estar relacionado com alterações no desenvolvimento da criança. Em relação ao
tabaco, este é associado aos nascimentos de baixo peso, a uma incidência mais alta
de bronquite, asma, pneumonia, e otite média serosa. As deficiências congénitas que
afetam o coração, o cérebro e a cara são mais frequentes entre os filhos de fumadoras
do que entre os das não fumadoras. O tabagismo na mãe pode também aumentar o
risco da síndroma de morte súbita do lactente. (Manual Merck, 2013).
Relativamente à ingestão de álcool podem ocorrer malformações físicas e
psíquicas, atraso do crescimento intrauterino e pós natal e ocorrência de partos
prematuros. “O nascimento prematuro e o baixo peso constituem fatores de risco para
o desenvolvimento da criança que podem refletir-se ao nível da Linguagem pois,
nestes casos, ocorre atraso no desenvolvimento da dentição, má formação do esmalte
dentário e do palato, repercutindo-se nas estruturas bucais da criança”. (Ferrini, Marba
e Gavião, 2007, citado por Andrade, 2008).
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9 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Muitos tipos de drogas estão também associados a partos prematuros e de baixo
peso, assim como atrasos de desenvolvimento, e algumas malformações no feto.
Período perinatal (Parto)
Ainda em relação às questões de saúde, existem outros problemas que podem
condicionar o desenvolvimento da linguagem da criança desde muito cedo,
nomeadamente o que ocorre durante o nascimento.
Em relação ao período perinatal consideramos importante o registo do tipo de
parto, duração, por quem foi assistido e o local onde ocorreu. Segundo Andrade
(2008) o parto constitui um momento delicado e que marca o posterior
desenvolvimento da criança, de modo particular quando estão associadas situações
de risco. Uma das situações que pode causar problemas ao futuro desenvolvimento da
criança e, que por vezes é fator de risco do desenvolvimento da linguagem é a
duração do parto e a eventual falta de oxigenação cerebral.
Tipo de parto
Quanto aos tipos de parto podemos distinguir entre eutócico e distócico. O parto
eutócico é considerado um parto normal ou vaginal, que ocorre sem qualquer
intervenção instrumental. O parto distócico não ocorre de forma natural, sendo
realizado com recurso a instrumentos (fórceps e/ou ventosa) ou pelo processo
cirúrgico da cesariana e, o distócico com problemas, cujas características são as do
parto distócico, sendo no entanto acompanhado de situações anómalas, como por
exemplo, circulares de cordão, anóxia, entre outras (Andrade, 2008). Assim, estas
informações juntamente com a informação da duração do parto permitem-nos concluir
possíveis etiologias associados a problemas linguísticos ou de fala.
O parto foi assistido?
A questão do local e quem assistiu ao parto também é uma questão pertinente visto
que, é importante este ser realizado por pessoas qualificadas e em locais com
qualificações de modo a que não ocorram complicações que afetem o
desenvolvimento da criança.
Período pós-parto
1º Choro foi imediato?
Coloração da pele
Peso, comprimento e perímetro cefálico
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10 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Quando o choro imediato acontece indica-nos que a criança está bem e iniciou
devidamente a vida extrauterina. A pele do bebé deverá ser rosada. No entanto, nem
sempre todos os bebés nascem com essa cor. Se tiver uma cor arroxeada poderá ser
uma característica de que existe algo errado com a respiração e circulação sanguínea
(anóxia), que pode provocar lesões cerebrais em áreas da Linguagem. Caso o recém-
nascido apresente uma cor amarelada pode indiciar a presença de icterícia.
Quanto ao peso e ao comprimento médio à nascença estes rondam os 3,35kg e os
45 e os 56cm, respetivamente.
Escala APGAR
Este é um índice que nos permite perceber possíveis comprometimentos ao
nível do desenvolvimento da linguagem e tem a ver com a eventual falta de
oxigenação cerebral (daqui pode resultar, por ex: paralisia cerebral) aquando o
nascimento, por isso, para perceber a adaptação do recém-nascido à vida
extrauterina, é utilizado o Índice de APGAR.
“A Escala ou Índice de APGAR que consiste na avaliação de 5 sinais objetivos
do recém-nascido no primeiro, no quinto e no décimo minuto após o nascimento,
atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2, sendo utilizado para
avaliar as condições dos recém-nascidos. Os sinais avaliados são: frequência
cardíaca, respiração, tónus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele. O somatório
da pontuação (no mínimo zero e no máximo dez) resultará no Índice de APGAR e o
recém-nascido será classificado como sem asfixia (Apgar 8 a 10), com asfixia leve
(Apgar 5 a 7),com asfixia moderada (Apgar 3 a 4) e com asfixia grave: Apgar 0 a 2.”
(Andrade, 2008).
Houve necessidade de reanimação?
Necessitou de incubadora?
Sinais traumáticos?
Existiram complicações com a mãe e/ou com a criança?
Tendo em conta todas as complicações pós parto que podem surgir, o
terapeuta da fala deve inquirir sobre vários aspetos suscetíveis de comprometer o
desenvolvimento da linguagem, nomeadamente, necessidade de reanimação,
permanência em incubadora (que condiciona os estímulos emocionais e linguísticos
prematuros da criança), sinais traumáticos devidos a parto distócico (podem causar
traumatismos a nível do ouvido, faciais ou mesmo cerebrais) e por fim outras
complicações relevantes com a mãe ou bebé.
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11 Anamnese e respetivas justificações teóricas
VI – História Clínica
No que diz respeito à história clínica é importante que consigamos o maior número de
informação possível, pois existem vários problemas de saúde que condicionam o
desenvolvimento a nível da linguagem da criança (Andrade, 2008).
Após o nascimento, a criança encontra-se sujeita a uma série de situações de saúde
que poderão perturbar o seu desenvolvimento normal e consequentemente da
linguagem: doenças que podem causar lesões nos sistemas sensoriais, por exemplo
na audição (como as otites e outras viroses) e visão, no desenvolvimento motor e das
estruturas anatómicas (por exemplo no caso de patologias como a fenda palatina) e no
desenvolvimento neurológico (em situações de epilepsia ou doenças do degenerativas
do Sistema Nervoso Central) (Andrade, 2008).
A criança já foi acompanhada por outros profissionais de saúde?
É importante saber se a criança foi ou é atualmente acompanhada por algum
profissional de saúde que nos possa fornecer mais informações sobre o seu estado
clinico, para uma melhor avaliação. Assim como também é importante, caso seja
relevante para a nossa avaliação, a cedência dos respetivos relatórios clínicos.
Assinalar todas as doenças que a criança apresenta/apresentou
A criança, neste momento, apresenta algum problema?
Problemas auditivos/visuais?
Já fez algum exame auditivo/visual?
Em relação a alguns problemas que a criança possa apresentar, é importante
(e não pode faltar na anamnese) questionarmos problemas a nível da respiração, a
nível neurológico, auditivo e visual. Exemplos de problemas que podem comprometer
o normal desenvolvimento da linguagem passam pelas otites (audição) que podem
originar, quando mais graves, perdas auditivas flutuantes, doenças ou acidentes que
possam afetar a parte motora e as estruturas anatómicas, como as fendas palatinas e
o lábio leporino, interferências no sistema neurológico que alterem a capacidade da
fala, entre outros.
A visão e audição são os órgãos sensoriais de excelência para a aquisição e
desenvolvimentos da linguagem. É através do contacto ocular que se estabelecem as
primeiras interações e a maior parte da nossa aprendizagem. É ouvindo que nós
construímos o mundo dos sons que é a base da linguagem oral e escrita. É ouvindo os
outros que aprendemos a falar. (Sim-Sim, 1998)
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12 Anamnese e respetivas justificações teóricas
É devido a estes factos que existe uma grande importância em verificar a
audição e visão da criança, perguntando se esta já realizou algum tipo de rastreio, que
pode revelar dados sobre a existência de anomalia/comprometimentos destes aspetos
que podem afetar a aquisição/desenvolvimento da linguagem e/ou produção da fala.
Intervenções cirúrgicas e internamentos
Já tomou ou toma algum tipo de medicamentos? Qual a medicação e
motivo?
Tem as vacinas em dia?
Sabe-se que a hospitalização prolongada devido a cirurgias ou outros
problemas de saúde podem condicionar o desenvolvimento da linguagem, devido a
uma fraca estimulação linguística nesses períodos. Por isso é importante saber se a
criança já passou por esta situação e durante quanto tempo.
Outro problema tem a ver com os internamentos nos primeiros anos de vida
que vão implicar um corte ao nível da vinculação entre o bebé e a mãe, que
posteriormente poderá resultar em problemas ao nível da comunicação ou
integração/interação social. (Rappaport et all. 1981)
Devemos ter ainda em conta se a criança toma algum tipo de medicamentos, quais os
seus efeitos no seu desenvolvimento ou mesmo durante possíveis sessões
terapêuticas (no caso de ansiolíticos ou medicamentos para atenção e hiperatividade,
que condicionem a participação da criança nas atividades). É também pertinente a
questão da vacinação, pois esta é importante na medida em que protege a criança
contra o desenvolvimento de doenças infeciosas que podem alterar o desenvolvimento
normal.
VI - Desenvolvimento Psicomotor e sono
Desenvolvimento psicomotor
O desenvolvimento psicomotor é um conjunto de processos contínuos, sendo
que significa o desenvolvimento da capacidade motora, que é um aspeto claramente
evidente da evolução da criança nas diferentes etapas e que influencia a evolução
progressiva da organização mental, da inteligência, da capacidade de comunicar, da
socialização, da afetividade e de toda a aprendizagem a que uma criança é sujeita.
Existem várias etapas de aquisição de habilidades motoras ao longo da vida e
consequentemente a aquisição de padrões fundamentais de movimento, tornando-se
de vital importância para o desenvolvimento da criança.
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13 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Visto que o desenvolvimento dos padrões fundamentais segue uma sequência
de estágios, representando níveis graduais de proficiência e de controlo motor, esses
padrões constituem a primeira forma de ação voluntária no controlo de movimento e
podem ser definidos como o conjunto de características básicas (Roberton, 1977).
O normal desenvolvimento psicomotor define-se pelas várias fases de idade
em que se fazem as inúmeras aquisições e pela conformidade qualitativa dessas
aquisições. Depende da maturação do Sistema Nervoso Central que permite
conseguir obter uma completa coordenação neuromuscular e o desenvolvimento das
competências ocorrem no sentido céfalo-caudal.
É por isso muito importante que existam questões na anamnese relacionadas
com a psicomotricidade e que questionem a mesma, pois o estudo da evolução
motora da criança permite avaliar a sua normalidade (ou não) quando comparado com
o normal padrão de desenvolvimento, já que é a partir do momento em que a criança
mostra os primeiros reflexos que se pode formular uma avaliação ao nível da
motricidade que permita comparar com o padrão normal de desenvolvimento. No
entanto, é importante referir que apesar da maior parte das crianças passarem por
todas as etapas (uma criança pode passar do rolar ao andar com apoio sem passar
pelo gatinhar) seguindo uma ordem sequencial, já que por exemplo uma criança não
pode comer sopa sozinha sem que antes tenha adquirido a capacidade de conseguir
pegar numa colher, cada criança tem o seu ritmo de desenvolvimento e de aquisição e
desde que não se afaste do desvio padrão, não há motivo para alerta.
Por volta de que idade é que a criança adquiriu certos comportamentos?
Perguntas que interroguem em que idades a criança adquiriu certos
comportamentos são cruciais para que se consiga comparar com o normal padrão de
desenvolvimento e se observe se há, ou não, atraso no desenvolvimento psicomotor.
Quando apareceu o primeiro sorriso?
Por isso, são importantes perguntas como “Quando apareceu o primeiro sorriso?”.
De acordo com Inês Sim-sim (1998), com oito semanas de idade o bebé já possui
algum controlo dos músculos da face sendo possível registar sorrisos que
representam um passo significativo no processo interativo e com a manifestação do
palreio aparece o inicio de “pegar a vez” o que mostra que a criança interage, sendo
isto uma regra da comunicação, que sendo evidente a partir das oito semanas de
idade é um ponto positivo, uma vez que o primeiro sorriso é um dos primeiros sinais
de comunicação.
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14 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Quando surgiram os primeiros dentes? E a dentição completa? Utilizou
aparelho corretor dentário?
“Quando surgiram os primeiros dentes? E a dentição completa? Utilizou aparelho
corretor dentário?”. As alterações dentárias estão muitas vezes associadas a
perturbações da fala. Por isso, é importante conhecer a história da criança no que se
refere a dentes, sendo que os primeiros surgem normalmente por volta do oitavo e
nono mês de vida da criança. Caso tal não suceda, deve tentar perceber-se o porquê,
não esquecendo as diferenças individuais de desenvolvimento entre os indivíduos. Em
relação ao aparelho corretor dentário é importante perceber o porquê do seu uso, a
duração e há quanto tempo ocorreu essa utilização. Desta forma ficam a conhecer-se
as alterações existentes no passado, podendo-se relacioná-las com outros fatores. Há
ainda evidências de que o uso de aparelho requer adaptação tanto ao nível da fala
como da alimentação e é pertinente questionar se essa adaptação foi bem-sucedida
ou não.
Quando começou a segurar a cabeça? Quando começou a rolar? Quando
começou a gatinhar? Quando se manteve numa posição sentada?
Quando começou a agarrar e manipular objetos? Quando começou a
andar com apoio e sem apoio?
“Quando começou a segurar a cabeça?” - Em conformidade com o normal
desenvolvimento o controlo da cabeça ocorre por volta dos três a quatro meses de
idade; “Quando começou a rolar? Quando começou a gatinhar?” – habitualmente, as
crianças começam a rolar antes de gatinhar e começam a gatinhar por volta dos dez
meses, se bem que não têm necessariamente que passar pela etapa de gatinhar;
“Quando se manteve numa posição sentada?” - Por volta dos seis meses de idade já
se observa; “Quando começou a agarrar e manipular objetos?” - Ocorre por volta dos
quatro meses e normalmente aos onze meses de idade a criança dá os primeiros
passos com apoio e aos doze meses começa a dar os primeiros passos sem apoio/
começa a andar sozinha.
A criança apresenta movimentos anormais?
Em relação à pergunta “A criança apresenta movimentos anormais?” como por
exemplo tiques e/ou balanceamento é considerado um motivo de preocupação e, por
isso, tem que se descobrir a origem de tal para ajudar na resolução do problema.
Quanto aos movimentos anormais os mesmos também podem ser originados devido
ao baixo tónus que os músculos apresentam o que consequentemente poderá criar
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15 Anamnese e respetivas justificações teóricas
restrições motoras que irão afetar o desenvolvimento da linguagem, ou podem ser
sinais de algumas patologias, como por exemplo síndrome da la Tourette.
Verificaram algum(ns) problema(s) relacionados com a motricidade da
criança?
A pergunta “Verificaram algum(ns) problema(s) relacionados com a motricidade da
criança?” é importante que seja feita, pois dá informação ao terapeuta da fala de que
se os responsáveis pela criança estão atentos à criança e à sua psicomotricidade e se
consideram que existe algum motivo para alarme.
A criança controla os seus esfíncteres: anal, vesical, noturno e diurno?
Por fim, no que diz respeito ao controlo dos esfíncteres é importante que a criança
desde cedo tenha noção que deve preocupar-se com a sua higiene e manter-se limpa,
tendo para tal que aprender a controlar os seus esfíncteres. Ao adquirir esta
capacidade vai influenciar vários níveis e sectores da criança, que segundo Freud irá
ter repercussões na futura personalidade da mesma. É importante que por volta dos
dois anos de idade a criança já comece a ser capaz de controlar os seus esfíncteres
de forma consciente e voluntária pelo menos durante o dia e progressivamente
durante a noite, para que quando chegue à idade escolar já tenha estas capacidades
adquiridas e seja capaz de cuidar da sua própria higiene, por forma a sentir-se
valorizada, autónoma e autossuficiente o que vai influenciar grandemente o seu setor
emocional e a sua autoestima. Por outo lado, o não controlo dos esfíncteres em idades
avançadas também pode estar relacionado com traumas emocionais, o que será
relevante questionar pois trata-se de um marco do desenvolvimento que, não
acontecendo quando esperado, pode indiciar algum problema do foro fisiológico.
Sono
O tópico «sono» é fundamental integrar uma anamnese, pois ao estudar-se o
modo como o sono interfere na maneira de ser e vida da criança poder-se-á
compreender e obter justificações para certos comportamentos por parte da criança, já
que não interessa apenas o número de horas de sono de uma criança mas também a
forma como o sono decorre.
Atualmente com que é que a criança dorme?
Questionar com quem é que a criança atualmente dorme é importante, pois
apesar de uma criança ao nascer ser normal dormir na mesma divisão que os
progenitores, ou os seus responsáveis, para que as suas necessidades básicas sejam
mais eficaz e rapidamente satisfeitas, é essencial que à medida que a mesma cresce
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
16 Anamnese e respetivas justificações teóricas
passe a dormir noutro espaço afastada dos pais ou dos seus responsáveis para que
comece a ganhar um pouco de independência e maturidade psico-emocional.
Qual a hora habitual de deitar? Qual a hora habitual de levantar?
No que concerne às questões “Hora habitual de deitar” e “ Hora habitual de
levantar” são pertinentes uma vez que permitem ao terapeuta da fala saber quais os
horários familiares, para que consiga entender a organização familiar e a aptidão para
porem a criança a dormir às horas estipuladas. Ao ter a informação sobre as horas
que normalmente a criança se deita e a que horas a mesma acorda a terapeuta
consegue fazer uma estimativa do número de horas que a criança dorme e comparar
com o número de horas que é suposto uma criança de determinada idade dormir, e
verificar se efetivamente são as horas necessárias para que a criança consiga atingir
um bom desempenho e desenvolvimento intelectual. É importante referir que é
fundamental que uma criança tenha horários para dormir e acordar para que a mesma
tenha um bom desenvolvimento psicológico e simultaneamente para criar rotinas.
A criança tem comportamentos relacionados com o deitar?
Em relação às questões referentes aos comportamentos relacionados com o
deitar, como por exemplo: “Necessita de companhia”, “Tem medo do escuro” são
questões fundamentais que a terapeuta deve fazer, já que esta problemática pode
levar a perturbações ao nível comportamental e psicológico.
A criança tem comportamentos relacionados com o sono?
Questões respeitantes a “Comportamentos relacionados com o sono” são
cruciais existirem numa anamnese, já que é a partir delas que o terapeuta da fala
consegue avaliar vários fatores.
Qual o tipo de sono da criança? A criança é sonâmbula? A criança tem
pesadelos?
“Qual o tipo de sono? Sono agitado ou sono tranquilo?”, Na medida em que o
tipo de sono de uma criança vai influenciar o quotidiano da mesma, pois se uma
criança tiver normalmente um sono agitado vai sentir-se cansada durante o dia o que
vai ter repercussões; já uma criança que tenha um tipo de sono calmo, durante a noite
vai conseguir recuperar as energias, dando-lhe mais força para enfrentar as tarefas do
dia-a-dia. É igualmente importante numa anamnese constarem perguntas
relativamente ao sonambulismo e se a criança tem pesadelos, pois a partir das
respostas consegue-se também identificar o tipo de sono e se a criança dispõe das
condições necessárias para um bom desenvolvimento intelectual.
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
17 Anamnese e respetivas justificações teóricas
A criança acorda durante a noite?
Relativamente à pergunta se a criança “Acorda durante a noite?”, se a resposta
for positiva primeiramente deve-se tentar descobrir o motivo já que possivelmente a
criança pode apresentar ansiedade fruto de alguma mudança na sua vida. Se uma
criança não tiver um sono repousante, será muito provável que fique agitada e irá
mostrar comportamentos menos adequados derivados do sono e a nível de
desempenho terá dificuldades de concentração e atenção nas tarefas propostas
relacionadas como por exemplo com a aprendizagem.
A criança ressona durante o sono? A criança dorme de boca aberta? A
criança baba-se na almofada durante o sono?
É de igual importância questionar se a criança ressona, se dorme de boca
aberta e se durante a noite baba-se na almofada, já que estas respostas remetem
para o tipo de respiração da criança durante o sono (se é nasal, ou oral), e isso é um
fator importante que um terapeuta da fala tem que saber e ter em conta. Se a criança
apresentar algum destes pontos, isso poderá significar que o seu tipo de respiração é
oral. Apesar do tipo de respiração variar de criança para criança, o mais indicado é a
respiração nasal, na medida em que o tipo de respiração influencia as estruturas
orofaciais e, se o tipo de respiração for oral a criança poderá ficar com alterações
orofaciais, sendo por isso importante arranjar estratégias que ajudem a criança a ter
uma respiração em grande parte nasal.
A criança tem comportamentos relacionados com o acordar?
Finalizando, “Comportamentos relacionados com o acordar. Dificuldades em
acordar? Não se quer levantar?” são perguntas importantes uma vez que as respostas
dadas pelo informador permitem ao terapeuta da fala entender melhor se o sono da
criança é agitado ou tranquilo, pois se for agitado a criança irá sentir-se cansada e vai
ter dificuldades em acordar, ou se existem horários estabelecidos pelos pais para a
hora de deitar e se os mesmos de acordo com o horário habitual de levantar, perfazem
um número de horas suficientes de sono.
VIII - Alimentação e hábitos orais
A alimentação da criança, em particular nos primeiros anos de vida, é um dos
grandes motores do seu crescimento e desenvolvimento. Não só de um ponto de vista
físico, mas também emocional e psicológico, a alimentação é fundamental em vários
processos naturais do desenvolvimento.
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
18 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Assim, o terapeuta da fala deverá inquirir os pais sobre os padrões alimentares
da criança, desde a nascença até à atualidade, a fim de compreender melhor a
etiologia ou fatores que possam contribuir para alterações da linguagem e/ou da fala.
No que se refere aos hábitos orais, como a utilização da chupeta, o terapeuta
da fala deverá estar particularmente atento, pois também estes poderão estar na
origem ou contribuir para alterações, nomeadamente ao nível da fala.
Abaixo se justificam algumas questões relativas a alimentação e hábitos orais
que consideramos pertinentes colocar aos pais em situação de anamnese.
Mamou? Se sim, até que idade? Se não, porquê?
O aleitamento materno é de extrema importância. Segundo Valdés (1996), o bebé
tem a sua boca perfeitamente adaptada para mamar, funcional e anatomicamente, e o
processo de amamentação estimula as várias estruturas orais, promovendo o seu
desenvolvimento.
Além da sua relação com laços afetivos e comportamentos de vinculação, mamar
parece contribuir para o desenvolvimento craniofacial e das estruturas orais, evitando
problemas de oclusão e articulatórios, uma vez que despromove o uso da chucha e
biberão (que abordaremos mais à frente) como constatam Araújo, Silva e Coutinho
(2009).
Mas os benefícios do aleitamento materno vão além da estimulação física das
estruturas. Como sugerem Levy e Bértolo (2008), o leite materno parece ter um efeito
preventivo sobre as infeções gastrointestinais, respiratórias e urinárias e um efeito
protetor sobre as alergias. Assim, se conclui que as propriedades do leite materno
trazem benefício à saúde do bebé, evitando doenças que, quando experimentadas por
um longo período de tempo, podem afetar o desenvolvimento do mesmo.
Apesar de todos estes benefícios, e, novamente, de acordo com Levy e Bértolo
(2008), metade das mães que iniciam o aleitamento materno desiste de dar de mamar
durante o primeiro mês de vida do bebé, o que se entende como desmame precoce.
Marchesan (1998) defende que a amamentação deve ser mantida pelo menos até o
sexto mês de vida da criança. Assim, se justifica questionar até que idade mamou a
mesma.
Do mesmo modo, é de extrema importância perceber os motivos que levaram a
criança a não mamar (que poderão estar relacionados, por exemplo, com dificuldades
de sucção). Tal questão poderá introduzir dados importantes sobre a saúde ou
ambiente da criança, ambos importantes no desenvolvimento da linguagem.
Utilizou biberão até que idade? Utilizou chucha? Até que idade?
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19 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Com que idade começou a comer sozinho? Qual foi a reação da mãe em
relação à alimentação da criança? Teve alguma dificuldade na
alimentação?
A utilização do biberão e da chucha produzem efeitos semelhantes. Ambos são
concebidos de forma a simular o bico da mama, no entanto, há diferenças
significativas, o que confunde a criança. Esclareça-se que existem diversos tipos de
chuchas, uns mais e outros menos adequados.
Segundo Marchesan (1998), o biberão é responsável pela diminuição da ação
mandibular e alterações de sucção, o que poderá causar alterações no palato,
tornando-o ogival. Estas alterações podem estar na origem de dificuldades
articulatórias. O mesmo acontece com a chucha.
De acordo com Araújo, Silva e Coutinho (2009), tanto o biberão como a chucha
podem causar alterações no fechamento labial, hipotonia dos órgãos fono-
articulatórios e instalação de respiração oral. Referem ainda alterações nas arcadas
dentárias com má oclusão das mesmas. Estas alterações têm repercussões ao nível
da fala numa fase posterior, e por esse motivo o terapeuta da fala deverá interrogar os
pais acerca da utilização do biberão e da chucha.
A literatura disponível mostra-nos que existem alguns fatores que influenciam o
uso da chucha, tais como: as questões socioculturais, a insegurança da mãe em
amamentar, bem como as dificuldades e problemas na amamentação (Mascarenhas,
1999). Assim é pertinente questionar sobre a reação da mãe em relação à alimentação
da criança e dificuldades alimentares, sendo que a última pode ainda acrescentar
informação importante.
Guinsburg (1999) apresenta-nos no entanto alguns benefícios do uso da chucha,
tais como a inibição da hiperatividade e o controlo do desconforto do bebé. Os
movimentos de sucção representam assim uma forma de acalmar a criança, e por
isso, os pais e adultos permitem muitas vezes a utilização da chucha. Outros autores
defendem que a chucha e o biberão estimulam a musculatura, o que pode ser
benéfico.
A chucha e o biberão não são assim vilões indesejados, porém quando utilizados
em excesso e num período longo de tempo, podem ser prejudiciais à criança. Assim, é
opinião de vários autores que a chucha não deve ser utilizada depois dos 2-3 anos e
que o biberão deve ser utilizado só se a mãe não puder amamentar e no máximo até
ao aparecimento dos primeiros dentes (8º-9º mês de vida). Assim, é pertinente
perguntar aos pais a partir de que idade a criança começou a comer sozinha, a fim de
perceber se o biberão se manteve apesar de já não ser necessário (e também para
aferir acerca da autonomia da mesma).
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20 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Quando é que iniciou alimentação pastosa? Quando é que iniciou a
alimentação sólida? A criança foi alimentada por sonda?
Interessa ao Terapeuta da fala perceber quando foi introduzida a alimentação
pastosa e sólida já que “o bebé precisa experimentar consistência e texturas diferentes
que estimulem a proprioceção oral” (Gonzaléz e Lopes, 2000). Assim, fica clara a
importância de experiencias alimentares diferentes, que promovem o desenvolvimento
das estruturas orofaciais. Tome-se por exemplo as crianças com fendas palatinas, que
têm frequentemente falta de experiências orais e problemas alimentares. Estas
crianças podem apresentar dificuldades de utilização do aparelho oral que embora não
limitem o desenvolvimento da linguagem, podem ser importantes para questões de
fala.
Assim, se justifica questionar sobre a alimentação por via de sonda, a fim de
perceber se a criança teve ou não oportunidade de experimentar os alimentos e
estimular os órgãos fonoarticulatórios, como a língua, o palato e outros.
A alimentação sólida pressupõe mastigação, da qual falaremos à frente, mas
desde já se adianta que pode esta ser de extrema importância para o terapeuta da
fala.
A criança tem sensibilidade a algum alimento? Qual a comida preferida?
É importante perceber se existe sensibilidade a algum alimento. Esta informação
pode ser útil ao terapeuta da fala por dois motivos:
a. A criança pode ser sensível a algum alimento particularmente importante no
desenvolvimento das estruturas orofaciais. Tome-se por exemplo as crianças
com fenilcetonuria, que são extremamente sensíveis a qualquer tipo de
proteína e cuja alimentação está por esse motivo profundamente restringida,
não podendo assim experimentar algumas texturas e consistências
alimentares, o que como se viu anteriormente pode resultar em alterações
estruturais.
b. No caso de o terapeuta da fala ter de trabalhar com a criança a deglutição,
deverá ter em conta os alimentos aos quais a criança é sensível ou intolerante.
Do mesmo modo, saber qual a comida preferida da criança tem aplicabilidade já
que constituirá uma estratégia a utilizar, se houver necessidade de intervenção ao
nível da deglutição. Além disso, essa informação, quando cruzada com outras poderá
ajudar o terapeuta a perceber o padrão alimentar da criança ou problemas existentes.
Presentemente, a criança tem horas para comer?
Perceber se a criança tem ou não horas para comer, é importante no sentido em
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21 Anamnese e respetivas justificações teóricas
que avança informação sobre as rotinas e ambiente da criança. A inexistência de
rotinas é muitas vezes responsável por padrões alimentares inadequados.
Como é a mastigação da criança? Lenta/rápida? Unilateral/bilateral?
A mastigação é importante não só na fragmentação do alimento em partículas
menores, mas também no desenvolvimento dos maxilares, músculos e articulação
temporomandibular (ATM), bem como na manutenção das arcadas dentárias e
respetiva oclusão (Molina, 1989).
Tanigute (1998) descreve o desenvolvimento da mastigação em 3 fases distintas,
evidenciando a importância das diferentes estruturas na mesma:
a. Movimentos verticais, a língua amassa o alimento contra o palato;
b. Iniciam-se os movimentos laterais e a língua começa a lateralizar o alimento;
c. A mandíbula já realiza movimentos rotatórios, a mastigação é geralmente
bilateral e efetiva. (a partir de 1 ano de idade)
Os autores Padovan (1976), Wertzner (1990), Haruki, Kanomi, Morita, Kawabata
(1995) e Almeida & Chakmati (1996) defendem que «o tónus muscular, a precisão e a
coordenação dos movimentos dos órgãos fono articulatórios necessários para uma
boa fala, são desenvolvidos a partir da maturação das funções vitais de sucção,
mastigação, deglutição e respiração» (Diniz, 1999), mostrando assim a relação entre
mastigação e fala.
Sendo ponto assente que a mastigação está diretamente relacionada com o
desenvolvimento das estruturas orofaciais e fala, é importante que o terapeuta da fala
perceba o padrão mastigatório da criança, podendo este distinguir-se em
rápido/lento/normal e unilateral/bilateral.
O ritmo de mastigação, quando não normal, poderá evidenciar alguma dificuldade
ou esforço da ATM e outras estruturas.
Quanto a ser uni ou bilateral, a grande maioria dos autores considera que o padrão
ideal é do tipo bilateral alternado, pois proporciona um estímulo harmónico às várias
estruturas e confere eficiência à mastigação.
Algumas crianças poderão apresentar uma mastigação unilateral, com mais ciclos
mastigatórios de um dos lados (direito ou esquerdo), o que poderá causar
desarmonias musculares e dentárias e assimetrias faciais, que posteriormente podem
causar dificuldades de fala ou deglutição. As causas mais citadas para este tipo de
mastigação são: problemas dentários, periodontais, disfunção da ATM e dietas com
base em alimentos pastosos. Assim, o terapeuta da fala também deverá tentar
perceber o que está na origem do problema.
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22 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Dificuldades na deglutição do bolo alimentar? Engasgos frequentes ou
vómitos?
De acordo com vários autores, a deglutição é dividida em 3 fases: oral, faríngea e
esofágica. Se em alguma dessas fases o processo não ocorrer de acordo com a
normalidade, poderão existir engasgos ou vómitos. É conveniente lembrar que as
estruturas anatómicas das crianças são diferentes das dos adultos e que muitas delas
ainda não estão plenamente desenvolvidas, no entanto as dificuldades de deglutição
podem indiciar alterações anatómicas ou fisiológicas na criança (Brazelton, 1992).
Marchesan (1999) destaca ainda a importância do sistema neurológico no controlo
das várias estruturas associadas à deglutição.
Por estes motivos, o terapeuta da fala deverá tentar compreender como se
processa a deglutição na criança, a fim de perceber potenciais alterações anatómicas
ou fisiológicas, ou ainda neurológicas.
Rói as unhas? Range os dentes? Faz sucção digital, labial ou lingual?
Morde objetos? Briquismo?
Alguns hábitos orais são potencialmente perigosos. A onicofagia, chuchar na
língua, na bochecha, no lábio, no dedo ou em outros objetos, pode interferir no
desenvolvimento da criança (Andrade, 2012).
Como constata Andrade (2012) no seu estudo, as crianças com hábitos orais como
os descritos, e também utilização de chucha e biberão já atrás referidos, apresentam
mais frequentemente perturbações da linguagem, em particular ao nível da fala.
Em geral, as crianças abandonam a necessidade de sucção por volta dos 3 anos,
porém o hábito (especialmente se prolongado, frequente e após os 4 anos) de sucção
digital, lingual ou labial e até mesmo de objetos pode levar a alterações mandibulares,
alterações dentárias e má oclusão dental, hipotonicidade da musculatura labial
superior, alterações do palato, má posição da língua e respiração oral (Moresca e
Feres, 1994).
São problemas associados à onicofagia as disfunções da ATM e da arcada
dentária, bem como infeções.
O bruxismo e o briquismo também estão referenciados como potenciadores de
alterações estruturais por tensões musculares inadequadas.
Assim, torna-se importante perceber se a criança tem algum dos hábitos descritos,
que possam ter relação com a sua perturbação ou alteração.
Como é o encerramento da labial da criança? Unilateral? Bilateral? Não
faz?
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
23 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Perceber como é o encerramento labial da criança pode ser de muito interesse, já
que é sabido que o normal é que os lábios cerrem totalmente. Se a criança apresenta
um fechamento unilateral dos lábios, poderemos pensar que existe uma alteração das
estruturas orofaciais, nomeadamente hipotonicidade de um dos lados, o que como
vimos anteriormente poderá ser resultado de uma mastigação unilateral.
Caso a criança não faça fechamento labial ou tenha muitas dificuldades em fazê-
lo, poderemos estar perante um caso de alteração mandibular, como por exemplo
classe III de Angle com má oclusão dentária, ou de respiração oral, que deve ser
considerada com especial atenção.
Segundo Marchesan (1994) a respiração oral, pode provocar alterações
morfológicas na região dentofacial e consequentemente alterações da mordida, como
resultado de tensões musculares inadequadas sobre as estruturas craniofaciais. Ainda
segundo a autora, a respiração oral interfere com a postura da língua em ação e em
repouso, tornando-a inadequada. Quando respiramos pelo nariz, o crescimento e
desenvolvimento facial é estimulado pela ação da musculatura. Se, pelo contrário,
somos respiradores orais, essa estimulação ocorre de modo inadequado, o que pode
gerar desarmonias nas estruturas. (Fayyat, 1999). As probabilidades de existirem
distúrbios miofuncionais são mais elevadas no caso dos respiradores orais. Além
disso, há evidencias de que a respiração oral promove uma inadequada oxigenação, o
que pode justificar défices de atenção e de memória, que comprometem a
aprendizagem.
Salienta-se ainda a importância do encerramento labial durante a mastigação (e
não só em repouso). Se a criança não cerra os lábios durante esse processo, poderá
existir algum constrangimento das estruturas.
IX – Desenvolvimento da linguagem
A aquisição e o desenvolvimento da linguagem são de extrema importância e
devem ser questionados em anamnese. Estes processos evolutivos seguem padrões
universais e são sequenciados em etapas que constituem períodos cruciais. A partir
das respostas recolhidas na anamnese, pode obter-se informação relevante que
explique ou corrobore as dificuldades presentes. Assim, há uma série de questões que
devem ser colocadas aos pais e que se justificam abaixo.
O bebé reagia a estímulos sonoros? Como reagia o bebé quando a mãe
ou outros deixavam de falar?
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
24 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Ao questionar os pais ou os prestadores de cuidados da criança acerca da sua
resposta aos estímulos sonoros enquanto bebé, é possível compreender vários
aspetos. Desde muito cedo as crianças reagem aos sons. Além disso, é esperado que
a partir dos 3 meses as crianças dirijam o olhar para a fonte sonora e que a partir dos
seis meses percebam diferentes entoações. Uma criança que não reage a um ruído
alto ou que não procura a fonte sonora, por exemplo, poderá ter algum problema de
audição ou patologia como o autismo, que afetará posteriormente a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem.
Do mesmo modo é natural que ao deixar de ouvir a mãe ou outras pessoas, a
criança procure a interação. Por esse motivo, pode ser relevante questionar acerca da
reação do bebé ao silêncio. Salienta-se ainda que desde muito cedo, a criança é
capaz de percecionar os vários sons do seu meio ambiente, de reconhecer padrões
sonoros e de distinguir a voz humana (em particular das pessoas mais familiares) dos
demais sons, o que é um fator determinante do desenvolvimento fonológico.
Palrou? Pegava a vez? Verificaram-se comportamentos de imitação e
atenção conjunta? Verificou-se lalação? Quando surgiram as primeiras
palavras e quais foram? Em que idades se verificaram as etapas
referidas?
De acordo com Sim-Sim (1998), o desenvolvimento da produção de sons divide-se
em quatro etapas: o choro, o palreio e riso, a lalação e por fim, a utilização de silabas
não reduplicadas e cadeias prosódicas. Assim, o terapeuta da fala deverá procurar
compreender como ocorreram estas etapas na criança em questão.
De acordo com a autora anteriormente referida, o bebé com oito semanas de idade
já palra, produzindo cadeias de sons vocálicos e sons consonânticos, essencialmente
[k] e [g]. Também o riso surge por volta desta idade. Por volta das doze semanas,
surge então a «tomada de turno», que constitui uma regra básica da interação
comunicativa (pragmática) e que se manifesta através do palreio. A «tomada de vez»
é ainda considerada uma base cognitiva para o desenvolvimento da linguagem, pelo
que o terapeuta da fala deverá procurar compreender se a criança tinha esse tipo de
comportamento. O mesmo é válido para os comportamentos de imitação e de atenção
conjunta. Segundo Aimard (citado por Célia, 2003), a partir dos 2 meses, a criança é
capaz de fixar o rosto do adulto, perceber os movimentos faciais e imitar as suas
produções.
A lalação é a etapa seguinte, prolongando-se até aos nove/dez meses e
carateriza-se pela reduplicação de silabas, da qual resultam estruturas do tipo
consoante/vogal repetidas em cadeia.
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25 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Numa última etapa, a criança deixa de reduplicar as silabas, utilizando
monossílabos e protopalavras, que evoluem depois para palavras. As primeiras
palavras produzidas intencionalmente, com significado e de acordo com a convenção
surgem por volta dos doze meses. Assim, é importantes questionar os pais sobre cada
etapa do desenvolvimento da criança, a fim de perceber possíveis alterações. No caso
das primeiras palavras é relevante questionar quais foram, pois muitas vezes os pais
associam-nas à fase de lalação. De acordo com Costa e Santos (2003), existem
alguns critérios que devem ser tidos em conta para compreender se os sons que os
bebés produzem correspondem de facto a palavras. Assim, tem de existir coerência no
uso da palavra, os sons usados para a mesma devem ser de alguma forma
semelhantes à palavra, a produção deve ser espontânea e não resultado de uma
imitação e a palavra deverá ser utilizada para referir diferentes objetos do mesmo tipo,
não existindo subgeneralizações.
Fazia pedidos? A partir de que idade os começou a fazer? Como os fazia?
Fazia perguntas? Com que idade?
As crianças têm diversas formas de formular pedidos – os gestos e a oralidade são
um exemplo. A utilização de uma forma em detrimento da outra dependerá
normalmente da idade da criança e da sua capacidade para se expressar de forma
verbal ou não. De acordo com Sim-Sim (1998), o bebé antes dos 10-15 meses, dirige
a atenção ao objeto que deseja, abre e fecha as mãos e produz sons com um padrão
de entoação característico. Mais tarde, alterna o olhar entre o objeto desejado e o
adulto e produz um som insistente e prolongado, que se acompanha de gestos.
Quando a criança já conhece o nome do objeto, passa a usá-lo. Com o avançar dos
meses, será capaz de pedir não só objetos, mas também informações e clarificações.
Assim, é importante perceber de que forma a criança fazia pedidos e a partir de
que idade os começou a fazer. No caso de a criança utilizar constantemente a
linguagem não-verbal para se comunicar, em particular em idade superior a 3 anos, tal
facto poderá indiciar algum problema no desenvolvimento da linguagem, que deverá
ser explorado. Se por outro lado, a criança não faz qualquer pedido, poderá não existir
intenção de se comunicar, o que pode associar-se a algumas patologias.
É igualmente pertinente questionar os pais se a criança fazia perguntas e a partir
de que idade as começou a fazer. De acordo com Célia (2003), as crianças utilizam
frases interrogativas a partir dos 3 anos, formulando questões frequentemente. É
natural que as crianças as façam e isso revela o seu interesse em conhecer o mundo
e ampliar os seus conhecimentos. Uma atitude apática em relação ao meio deve ser
pesquisada.
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26 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Como é que comunicam com a criança? A criança compreende o que lhe
dizem? Quando não compreende, o que faz (pede esclarecimentos,
ignora...)?
De acordo com vários autores, nomeadamente Costa e Santos (2003), os adultos
têm uma forma característica de falar quando se comunicam com as crianças. Tendem
a usar um tom mais alto, recorrem a frases simples, utilizam muitas vezes a terceira
pessoa do singular, repetem palavras e frases constantemente, referem mais
situações do agora do que outros contextos e têm uma entoação «abebezada». De
acordo com Burnham et all (citado por Blackmore e Frith, 2009), as mães utilizam um
tom mais agudo ao dirigir-se a crianças e animais de estimação do que quando se
dirigem a adultos e prolongam as vogais ao dirigir-se a crianças. De acordo com
Menyuk (citado por Costa e Santos, 2003) não existem estudos sobre a função desta
forma de falar no desenvolvimento linguístico das crianças.
A abordagem da forma de comunicação entre os adultos e a criança é importante
no sentido em que o «maternalês» pode ser considerado um input linguístico
degradado que, se mantido por demasiado tempo, pode constituir dano. Por outro
lado, existem pais cujos esforços para se comunicar com a criança são mínimos, não
respondendo à mesma para que ela compreenda o que lhe é dito. Existem ainda
formas de comunicação alternativas, como a língua gestual, que devem ser
pesquisadas. Assim, torna-se também pertinente questionar se a criança compreende
o que lhe é dito, o que nos pode elucidar tanto sobre os pais como sobre a criança. A
grande maioria dos pais tenderá a responder que a criança tem total compreensão do
que ouve, o que muitas vezes não se verifica, pelo que a análise da resposta deverá
ser cautelosa. Alguns pais entendem que a criança não compreende o que lhe dizem e
nesse caso deverá tentar perceber-se o porquê e qual a reação da criança a essa
situação.
Como é que a criança comunica no seu dia-a-dia? Utiliza gestos, palavras
isoladas, frases simples, frases complexas, outras? Número de palavras
que a criança produz e número de palavras por frase?
É fundamental perceber como é que a criança comunica, tendo em conta os
padrões de normalidade. A partir dos doze meses a criança deverá começar a utilizar
palavras. É certo que existem diferenças temporais nas aquisições dos indivíduos,
porém existem marcos que quando não atingidos até determinada idade são motivo de
alerta.
De acordo com Sim-Sim, Silva e Nunes (2008), o desenvolvimento sintático e o
desenvolvimento lexical estão relacionados e as primeiras produções das crianças são
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
27 Anamnese e respetivas justificações teóricas
holofrásicas, existindo somente uma palavra por frase. Entre os quinze meses e os
dois anos de idade é esperado que o discurso da criança seja telegráfico, no qual se
verifica uma ordem sequencial de 2 a 4 palavras na frase, embora ainda não sejam
utilizados artigos, preposições e verbos auxiliares. A partir dos dois anos, o número de
palavras por frase aumenta e as regras sintáticas e morfológicas são usadas mais
corretamente, verificando-se primeiro processos de coordenação e depois de
subordinação, assistindo-se assim a produções de frases complexas.
Sendo que o desenvolvimento sintático e o desenvolvimento lexical têm uma
relação estreita, poderá ainda questionar-se qual o número de palavras que a criança
produz, assumindo-se desde já que que a criança conhece mais palavras que as que
expressa e que essa questão não será de fácil resposta para os pais. De acordo com
Owens (citado por Sim-Sim, 1998) é esperado que uma criança produza entre 200 a
300 palavras aos seus dois anos, mais de 1000 aos três e mais de 2600 aos seis
anos.
Se uma criança de 5 anos tem dificuldades em utilizar frases complexas, se
comunica essencialmente por gestos ou tem um léxico muito reduzido, poderemos
estar perante alguma perturbação do desenvolvimento da linguagem. A análise das
respostas obtidas dependerá da idade da criança que atende à consulta de terapia da
fala. Deverão ainda ser exploradas outras formas de comunicação.
O discurso que a criança produz é inteligível? Gaguez? Se sim, a partir de
que idade? As pessoas mais próximas compreendem a criança? E as
pessoas sem relação com a criança? Como reage a criança quando não é
compreendida?
O terapeuta da fala deverá questionar os pais ou prestadores de cuidados da
criança sobre a inteligibilidade do seu discurso. Se o discurso da criança é ininteligível,
poderá existir algum problema de fala ou linguagem que o terapeuta deverá procurar
compreender. Deverá ainda questionar-se se as pessoas mais próximas e se as
pessoas sem relação com a criança compreendem o que a mesma diz, para validação
da resposta obtida anteriormente. É natural que os pais compreendam o que é dito
pela criança, pois têm uma relação estreita e quotidiana com a mesma, porém as
pessoas sem ligação direta poderão ter dificuldades em compreendê-la, o que poderá
significar um discurso ininteligível. Cabe ao terapeuta da fala perceber o que motiva
essa ininteligibilidade. Refere-se que os problemas de articulação verbal estão muitas
vezes na base da ininteligibilidade e que por volta dos 5-6 anos a criança deverá ser
capaz de produzir todos os sons da língua. Também é pertinente compreender qual a
reação da criança quando não é percebida pelos demais e cruzar essa informação
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
28 Anamnese e respetivas justificações teóricas
com outros dados da anamnese para uma análise mais eficaz.
No caso particular da gaguez, o terapeuta da fala deverá abordar os pais sobre a
idade em que esta se tornou percetível. De acordo com Reis (s.d), a gaguez é um
«distúrbio da linguagem em que o individuo repete silabas, faz prolongamentos ou
pausas ao pronunciar as palavras». Ainda de acordo com a autora, existem dois tipos
de gaguez: a gaguez fisiológica e a de desenvolvimento, sendo que só a última é
patológica e merece atenção redobrada por parte do terapeuta da fala. Cerca de 75%
das criança entre os dois e os quatro anos apresentam gaguez fisiológica, explicada
pelo rápido fluxo de pensamentos que não é acompanhado pela produção de fala.
Quais são os parceiros comunicativos da criança? (pais, professora,
colegas, outras crianças…) Consegue manter o tópico de conversa?
O terapeuta da fala deverá procurar saber quem são os parceiros comunicativos
das crianças. Estes poderão ser os seus modelos linguísticos, o que já adianta alguma
informação sobre a linguagem da criança e também sobre as suas interações sociais.
Se o convívio social se restringe a poucos adultos, poderão ocorrer atrasos de
desenvolvimento (Célia, 2003). Os dados obtidos devem ser cruzados com outros para
melhor analise.
No que diz respeito à manutenção do tópico de conversação, este só é mantido se
o individuo possuir conhecimento acerca do mesmo e se tiver confiança e motivação
para o fazer. Se a criança é incapaz de manter o tópico, o terapeuta da fala deverá
procurar perceber o que motiva tal situação, que poderá ser por exemplo falta de
intenção de se comunicar, dificuldades de expressão ou compreensão, baixa
autoestima, vergonha, atrasos no desenvolvimento cognitivo, hiperatividade, entre
outras.
X -Escolaridade e socialização
A escolaridade e a socialização são fatores determinantes do desenvolvimento
da criança, nomeadamente do desenvolvimento da linguagem.
Numa primeira fase, o mundo da criança centra-se na família, mas a partir de
determinada idade, as relações de amizade com os colegas e com os educadores de
infância e/ou professores adquirem importância. Salienta-se que a família é o
elemento com maior responsabilidade no processo de socialização da criança, através
da qual a mesma aprende os comportamentos, habilidades e valores apropriados e
desejáveis na sua cultura (Steinber, citado por Reppold, Pacheco, Bardagi e Hutz,
2002).
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
29 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Em Portugal, a criança entra para a escola primária com 6 anos, mas antes
disso, já a maior parte das crianças frequentou o jardim-de-infância, tendo tido
experiências muito vastas e interagido com os colegas.
Ao ser submetidas a um ensino formal, desenvolvem-se cognitiva e
psicologicamente. Ao terapeuta da fala cabe entender este desenvolvimento e
perceber a resposta a estímulos por parte da criança, bem como a sua reação ao meio
que a rodeia.
Abaixo se justificam algumas questões relativas a escolaridade e socialização
que consideramos pertinentes colocar aos pais em situação de anamnese
Como é o relacionamento familiar? Com quem tem a criança relações
mais significativas? Como é a relação com irmãos/irmãs? Existe
alguma dificuldade específica de relacionamento?
Caraterizar o relacionamento familiar permite perceber o meio em que a criança
está inserida. É aceite que o meio ambiente, especialmente o meio linguístico, tem
grande importância no desenvolvimento da linguagem.
Muitos autores têm também mostrado que os filhos de pais perturbados são
também frequentemente perturbados a vários níveis. Os conflitos familiares, situações
de divórcio, entre outros, são fatores que interferem grandemente no desenvolvimento
da criança. (Smith, Cowie & Blades, 1998)
Do mesmo modo, é pertinente perguntar com quem a criança tem relações mais
significativas, a fim de aferir quem é o modelo da mesma, o que nos pode elucidar
acerca de alguns aspetos linguísticos e não só.
Se existem irmãos/irmãs, poderemos questionar-nos como é a relação entre eles.
Alguns estudos têm mostrado que existe uma competição natural entre irmãos, por
vezes inconscientemente fomentados pelos próprios pais (Ex: «o teu irmão tem boas
notas e tu não, porquê?», «o teu irmão consegue»), que quando levada ao extremo
pode ser prejudicial a um ou aos dois, verificando-se muitas vezes baixa autoestima, o
que pode inibir os comportamentos verbais.
Podem ainda existir dificuldades específicas de relacionamento, como por exemplo
com um avô em particular, que devem ser estudadas.
Habitualmente, quanto tempo gastam os pais por dia em atividades
conjuntas com o filho (fazer jogos, a conversar, etc.)?
Vários estudos comprovam que as crianças inseridas em ambientes estimulantes
têm geralmente mais facilidade de aprendizagem e desenvolvem-se mais rapidamente
que aquelas que têm pouco estímulo. Por isso, é conveniente perguntar aos pais
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
30 Anamnese e respetivas justificações teóricas
quanto tempo por dia dedicam a atividades com a criança, já que estas além de
fortalecer os laços entre pais e filhos, são estímulos importantes.
Requer muita atenção parental? Adapta-se facilmente às situações?
Expressa as suas necessidades e sentimentos? Faz muitas “birras”?
Chora excessivamente? É muito dependente dos adultos?
As questões acima apresentadas são relevantes, no sentido em que nos informam
da autonomia da criança. Se a criança requer muita atenção parental ou é muito
dependente dos adultos, provavelmente tem pouca autonomia na realização de tarefas
e exploração do meio, o que pode condicionar o seu desenvolvimento linguístico,
especialmente se os pais «colaborarem» com a criança, não a deixando experimentar
por si mesma várias situações, ou se a ignorarem. Assim, também é importante
perceber se os pais se preocupam exageradamente com a criança, incorrendo em
comportamentos de «mimo exagerado» que comprometem também a autonomia da
criança. De acordo com Rota (1991) há dois fatores implicados no equilíbrio das
crianças: o amor e autoridade. Assim, os pais devem estabelecer regras e promover a
realização de tarefas por parte da criança, e isso não anula de forma alguma o seu
amor pelos filhos.
Se a criança não é capaz de expressar as suas necessidades e/ou sentimentos, os
pais são obrigados a inferi-los, agindo muitas vezes antes de a criança ter de o fazer.
Assim, a criança deixa de ter motivação para se expressar, já que o adulto a
«percebe». As birras e o choro excessivo são uma forma inadequada de expressão, e
além de introduzirem dados sobre o desenvolvimento pragmático da criança
(especialmente as birras), podem também denotar alterações
psicológicas/comportamentais, que podem estar associadas a patologias, como por
exemplo o autismo. De acordo com Rota (1991), a birra representa uma manifestação
de impotência, quando a criança tem a sensação de não ser compreendida, o que
também pode relacionar-se com questões linguísticas.
Ri, mostra-se contente e satisfeita? Apresenta agressividade, apatia ou
teimosia? Parece desconfortável quando conhece pessoas novas? Perde
o auto controle frequentemente? Como é a criança no dia-a-dia? Adapta-
se facilmente às situações?
Perguntar acerca do psicológico da criança é de grande importância. Saber se a
criança está geralmente contente ou infeliz pode ajudar-nos a perceber a dimensão do
seu problema e como este a afeta no dia-a-dia. Será importante perceber o que motiva
essas emoções. Questionar as suas reações (agressividade, apatia, teimosia,
desconforto perante pessoas novas, descontrolo, etc.), pode ser-nos bastante útil a fim
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
31 Anamnese e respetivas justificações teóricas
de compreender o seu nível de adaptação às situações. Segundo Piaget, o
desenvolvimento intelectual é fruto das várias adaptações ao meio ambiente.
Além disso, alguns padrões comportamentais parecem estar associados a
algumas perturbações.
Costuma brincar onde e com quem? Quais as brincadeiras preferidas? E
os brinquedos preferidos?
É incontestável. A brincadeira tem um valor terapêutico na vida de uma criança.
Enquanto brinca, uma criança socializa, liberta energias, aprende… Sendo parte
integrante da vida dos mais novos, o terapeuta da fala deve explorá-la. Em primeiro
lugar, deve procurar saber onde e com quem costuma a criança brincar – se com
colegas da escola, se com os pais, se com primos… As brincadeiras serão diferentes
consoante o tipo de relação entre os dois que brincam e onde brincam.
O tipo de brincadeira exibida pela criança e os brinquedos preferidos surgem aqui
em destaque. Desde muito novas, as crianças gostam de brincar com base no que
conhecem da vida dos adultos. É o jogo simbólico, e para o terapeuta da fala é um
dado importantíssimo, já que nos dá informação relevante sobre a compreensão do
mundo por parte da criança. Além disso, estes dados podem ser úteis para efeitos de
intervenção terapêutica, funcionando como estratégia.
Frequentou creche? Se sim, a partir de que idade? Como foi a adaptação?
Se não, com quem ficou nos primeiros meses?
O terapeuta da fala deve questionar os pais sobre a frequência da criança em
creche e a partir de que idade. Alguns estudos têm evidenciado que a criança não
deve ser separada da mãe antes dos 6 meses, já que separação acarreta questões
emocionais, entre outras, porém a realidade é que as mães são obrigadas a fazê-lo
por motivos financeiros e profissionais. Esta separação levanta muitas implicações,
como o desmame precoce ou diminuição da frequência de aleitamento materno.
Assim, importa também compreender com foi a adaptação da criança à creche.
Se a criança não frequentou a creche, é importante saber com quem ficou nos
primeiros meses – se com a mãe, se com os avós, ama… - a fim de compreender as
implicações inerentes.
Com que idade entrou para o jardim-de-infância? Qual a instituição e
quem o educador(a)? Como foi a sua adaptação ao jardim-de-infância? Se
não frequentou o jardim-de-infância, com quem ficou?
De acordo com Sim-Sim (2008) “a educação pré-escolar, ainda que facultativa, é o
primeiro degrau de um longo caminho educativo com um peso decisivo no sucesso
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
32 Anamnese e respetivas justificações teóricas
escolar e social dos jovens”. No jardim-de-infância são introduzidos vários conceitos
que facilitam as aprendizagens posteriores. Estas instituições seguem as linhas
nacionais orientadoras das práticas educativas e introduzem às crianças algumas
noções como as letras, os números, as sílabas, entre outros, promovendo a
consciência fonológica e linguística e consequentemente a aprendizagem posterior da
leitura e da escrita.
Constituem ainda um local que facilita as interações sociais entre as crianças, a
atividade física e os momentos lúdico-didáticos, contribuindo assim para o
desenvolvimento global dos mais pequenos.
Por estes motivos, o terapeuta da fala deve questionar os pais acerca da
frequência ou não de jardim-de-infância. Deve ainda procurar saber que instituição
frequentou a mesma e quem foi o educador responsável, pois as atividades
desenvolvidas dependem desses fatores, entre outros. Além disso, o Terapeuta da
fala, poderá ter necessidade de entrar em contato com o educador para recolher
alguma informação.
Se a criança não frequentou o jardim-de-infância, é importante saber com quem
ficou. Esta informação pode explicar muitos dos comportamentos, linguísticos ou não,
da criança. Se a mesma ficou, por exemplo, com uma avó é provável que apresente
expressões inadequadas ou incorretas, típicas de pessoas mais idosas, como «eu di-
te» em vez de «eu dei-te».
Com que idade entrou para o 1º ciclo? Qual a escola? Qual o nome do
professor?
Em Portugal, as crianças entram geralmente para a escola primária com seis anos,
já que esta é a idade em que se pressupõe que a criança tenha concluído alguns
marcos do desenvolvimento e esteja, portanto, preparada. Por esse motivo, é
importante perceber com que idade entrou a criança no 1º ciclo, uma vez que algumas
crianças entram mais cedo (ou são submetidas ao ensino formal da leitura e da escrita
mais cedo, como no colégio João de Deus, p.e.) ou mais tarde do que o normal. Tanto
para as crianças que iniciam mais cedo a escola primária, como para as que iniciam
mais tarde, os motivos devem ser questionados.
O nome da escola e do professor é importante caso seja necessário que o
terapeuta da fala se reúna com o mesmo, com o objetivo de recolher dados ou
transmitir informação orientadora. Além disso, o ensino depende das escolas e dos
professores.
Como foi a sua adaptação ao 1º ciclo? A criança gosta de ir à escola?
Falta frequentemente à escola? Mudou de escola por alguma razão?
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33 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Houve mudança de professor por algum motivo? Como é a relação com
professor?
Tem alguma ideia acerca da qualidade da escola e dos professores?
Algumas crianças têm dificuldades em adaptar-se à nova instituição. Esta
dificuldade pode levar as crianças a não querer ir à escola e pode conduzir à
desmotivação, que por sua vez pode comprometer as aprendizagens. Faltar à escola
pode no entanto ter outros motivos que não a desmotivação ou má adaptação. É por
isso conveniente questionar se a criança falta frequentemente à escola e se sim,
porquê?
Por outro lado, se a criança já estava adaptada a uma escola e por algum motivo,
houve necessidade de mudar, poderá ter que se adaptar de novo, e corre o risco de
não conseguir. Além disso, pressupõe-se que a criança já estava habituada ao
professor. Alguns estudos psicopedagógicos mostram que, com a entrada na escola
primária, o professor torna-se modelo da criança e pode ser particularmente
desagradável ter que se separar do mesmo. Uma outra situação possível é que a
criança não tenha mudado de escola, mas tenha mudado de professor. Neste caso é
fundamental perceber o porquê.
Posto isto, fica claro que a relação professor-criança e vice-versa é muito
importante. Assim, justifica-se perguntar acerca do caráter da mesma.
Também pode ser útil perguntar aos pais se têm alguma ideia acerca da qualidade
da escola ou dos professores. Poderá existir algo importante a apontar, como o meio
social da grande maioria das crianças ou outras questões pertinentes.
Alguma vez reprovou? (Se sim, em que ano?) Alguma vez saltou um ano?
Se sim, em que ano? Tem mau aproveitamento escolar? A criança tem
dificuldades em que áreas?
A reprovação denota dificuldades ao nível da aprendizagem e deve ser tomada em
conta. O mau aproveitamento escolar também. Mas por si só, essa informação é
pouco relevante. O terapeuta da fala deve procurar saber quais as dificuldades da
criança. É diferente ter dificuldades de leitura e dificuldades de cálculo.
Mas nem só a reprovação é um caso que foge ao percurso normal. Algumas
crianças pulam um ou dois anos, por sugestão do professor. Entende-se que já
tenham adquirido as competências que são propostas adquirir no ano que frequentam.
No entanto, este salto é potencialmente perigoso, porque nem sempre as
aprendizagens estão consolidadas e por esse motivo, a criança pode sentir-se confusa
e ter dificuldades posteriores. Além disso, ocorre a mudança de professor e de
colegas, que já abordámos antes.
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34 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Foi avaliado para a educação especial? Tem ou teve apoio(s)
educativo(s)? Se sim, em que área?
Saber se a criança foi avaliada para a educação especial ou se usufrui de apoios
educativos ajuda-nos a conhecer as condições de educação da criança e se estão ou
não a ser dadas à mesma as ajudas necessárias, de acordo com as suas
características.
No caso de a criança não ter sido avaliada para a educação especial, poderá estar
a ser prejudicada na sua aprendizagem e avaliação (como nos casos de dislexia).
Qual a relação da criança com os colegas? Luta regularmente com os
colegas? Brinca com os colegas? Prefere brincar sozinha? Tem facilidade
em fazer amigos?
A relação da criança com os colegas é importante, uma vez que nos informa
acerca da sua socialização. Algumas crianças mostram-se muito tímidas, preferindo
brincar sozinhas, enquanto outras revelam comportamentos agressivos perante os
colegas.
Tanto um padrão como o outro pode indiciar alguma alteração psicológica ou
emocional, ou outras, e deve ser considerado. A agressividade em particular é uma
forma de expressão que deve ser devidamente analisada, uma vez que é
característica de algumas patologias frequentemente associadas à terapia da fala. O
isolamento por sua vez pode ser o retrato das dificuldades das crianças.
Frequenta atividades extracurriculares na escola? Frequenta algum
centro de atividades de tempos livros ou centro de estudo? (Se sim,
qual? Existem nessa instituição técnicos que ajudem a criança, com um
plano individual para a mesma? Se não, com que fica?)
Onde é que a criança faz os trabalhos de casa? Tem iniciativa para
realizar os trabalhos de casa? É ajudada a realizar os trabalhos de casa?
(Se sim, quem a ajuda? De que modo?)
A frequência em atividades extracurriculares pode promover a vivência de novas
experiências e aprendizagens, além de fomentar a interação com outras crianças. A
frequência de um centro de atividades de tempos livres ou centro de estudo têm o
mesmo valor, especialmente se existirem técnicos – professores, psicólogos, etc. –
que ajudem cada criança individualmente, de acordo com as suas características.
Caso a criança não frequente nenhum centro nem atividades extracurriculares, é
pertinente perguntar com quem fica, por motivos já bastante marcados ao longo de
toda a justificação.
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
35 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Relativamente aos trabalhos de casa, são de grande importância, porque
constituem a consolidação do trabalho feito em aula. É importante saber onde os faz,
se existe iniciativa e se é ajudada. Uma criança que não tem motivação ou autonomia
para realizar os trabalhos de casa pode estar a dar-nos um sinal de que algo não está
bem. Tome-se o exemplo das crianças com perturbações da leitura e da escrita, que
geralmente se recusam a fazer qualquer tipo de trabalho que envolva a leitura e a
escrita.
Se a criança faz os trabalhos de casa num centro de atividades de tempos livres, é
provável que os faça com ajuda. A grande questão é: que ajuda está a ser dada à
criança? É apropriada? A criança tem a oportunidade de realizar os exercícios ou a
ajuda dada retira-lhe essa chance? Se, por outro lado, a criança não tem ajuda
alguma, é possível que tenha dificuldades…
XI – Atitudes
São informações preciosas na medida em que é explícito o comportamento da
criança em contexto, são recolhidas informações acerca da comunicação verbal e não-
verbal que são parte integrante e imprescindível para uma correta avaliação.
Atitudes comportamentais da criança
Ao observar como se comporta a criança durante a sessão podemos adquirir
dados adicionais muito importantes e relevantes. Por exemplo neste primeiro item
conseguimos perceber certas características da personalidade e comportamento da
criança, que nos poderão ser uteis nas futuras sessões terapêuticas. Uma criança que
não para quieta durante toda a sessão, mesmo com repreensão dos pais, pode ter um
problema de hiperatividade ou sofrer de défice de atenção, o que pode interferir na
eficácia nas sessões terapêuticas.
Segundo Barkleym R. A. “A maioria das crianças hiperativas apresenta
dificuldades na aprendizagem, (…) as suas dificuldades de atenção, a falta de reflexão
e a incessante inquietação motora não favorecem a aprendizagem.”
A criança é comunicativa e estabelece contacto?
Alguns aspetos observáveis como o desviar do olhar da criança, o facto de
usar mais comunicação não-verbal do que verbal, ou resistir à comunicação são
características específicas de certos problemas, que nos podem dar indícios de
algumas patologias.
Interação com os prestadores de cuidados
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
36 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Quando existem relações sólidas, empáticas e afetivas, as crianças aprendem
a ser mais afetuosas e solidárias e acabam por ser mais comunicativas e por
desenvolver o seu relacionamento com outras crianças e com adultos. (T. B.
Brazelton, 2002)
Quando a criança tem um bom relacionamento com os pais, tem mais segurança
interior, que faz com que seja mais atenta, mais terna, confiante, facilita a capacidade
de estabelecer intimidade com os adultos e outras crianças.
Crianças que evitam o contacto com os pais, que são muito tímidas e não
estabelecem contacto visual, podem ter problemas emocionais importantes que
condicionam a sua atenção e interação social, dificultando assim a nossa futura
abordagem terapêutica.
A criança tem consciência do problema?
É importante saber se a criança tem conhecimento do seu problema, e em que
medida a afeta. Se a criança sabe qual o motivo da sua ida à Terapia da Fala e tem
consciência do seu problema, será mais fácil trabalhar com ela, pois à partida está
mais motivada e orientada para ultrapassar o problema.
Atitudes comportamentais dos pais/cuidadores
Os pais/cuidadores têm consciência do problema?
Atitudes Dos pais/cuidadores com a criança
Neste ponto é importante ter em atenção as atitudes dos pais, para
percebermos o seu envolvimento com o problema da criança, a sua consciência e a
motivação em resolve-lo. Também podemos inferir sobre o ambiente familiar,
agressividade, superproteção da criança ou o contrário, entre outros. Devemos tomar
atenção á relação com a criança, a má relação pode tornar mais lento o
desenvolvimento das habilidades mentais e sociais da criança e pode provocar
incapacidade de desenvolvimento (T. Barry Brazelton, 2002)
Podemos também neste ponto estar particularmente atentos á linguagem e
comunicação dos pais/cuidadores, a fim de perceber como interfere em algum
possível problema na criança, ou até descobrir a etiologia despistando algumas
patologias.
Quais as espectativas da criança em relação à Terapia da Fala?
Quais são as espectativas dos pais/cuidadores em relação à Terapia da
Fala?
É importante saber quais são as espectativas das crianças e dos
pais/cuidadores acerca das sessões e objetivos da Terapia da Fala.
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
37 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Espectativas muito altas para um problema grave deverão ser revistas, e
deverá ser explicado o problema da criança e o grau de funcionalidade esperado.
O Terapeuta da Fala não deve dar prazos, nem estabelecer um número certo
de sessões de tratamento, pois tudo depende da recetividade, motivação e evolução
da criança ao longo das sessões.
Em relação às espectativas da criança, é bom saber que esta está motivada e
tem boas espectativas, pois certamente será mais participativa e em princípio será
mais fácil trabalhar o seu problema.
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
38 Anamnese e respetivas justificações teóricas
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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro
40 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Apontamentos da disciplina de Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem,
lecionada pela docente Alexandra Mendonça, no ano letivo 2012/2013 – curso
de Terapia da fala, 1º ano - UalgESS
ANEXOS
PROPOSTA DE ANAMNESE
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
42 Anamnese e respetivas justificações teóricas
I – FOLHA DE REGISTO
Nome do observador: ____________________________________________
Data da observação: ___/___/___
Local da observação: ____________________________________________
Número do processo: ____________________________________________
Encaminhamento por:____________________________________________
Motivo do envio:_________________________________________________
Informações fornecidas por: _______________________________________
II – IDENTIFICAÇA O
Nome da criança:_________________________________________________
Data de nascimento: ___/___/___ Idade: ___A___M Sexo: F __ M __
Morada:_________________________________________________________
Nacionalidade:________________ Naturalidade:_________________
Lateralidade:
Destra ( ) Canhota ( ) Ambidestra ( )
Prestador de cuidados:
Nome:__________________________________________________________
Idade: _______ Grau de parentesco:_______________ Contacto:___________
Outros contactos importantes:_______________________________________
Filiação:
Nome do pai: ____________________________________________________
Idade: _______ Naturalidade:_________________________________
Habilitações:________ Profissão: ____________________________________
Local de Trabalho: ___________________________ Contacto:____________
Nome da mãe: ___________________________________________________
Idade: _______ Naturalidade:_________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
43 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Habilitações:________ Profissão: ____________________________________
Local de Trabalho: ___________________________ Contacto:____________
Estado Civil dos Pais: Casados___ Divorciados___
Outro: ____________
Fratria:
Tem irmãos: Sim ___ Não ___
Nº de irmãos: ___________ Idade (s): ___/___/___/___/___/___
Nome dos irmãos:
A: _____________________________________________________________
B: _____________________________________________________________
C: _____________________________________________________________
D: _____________________________________________________________
E: _____________________________________________________________
F: _____________________________________________________________
Ano(s) de escolaridade dos irmãos:
A: ____________________ D: ____________________
B: ____________________ E: ____________________
C: ____________________ F: ____________________
Agregado familiar:
Com quem vive:
Pai/Mãe ___ Pai ___ Mãe ___ Irmãos ___ Avós ___
Outros:_____________
Situação escolar atual:
Escola:_________________________________________________________
Ano que frequenta:_______ Contacto da escola:_____________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
44 Anamnese e respetivas justificações teóricas
III – MOTIVO DA CONSULTA
Época do aparecimento do problema:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Há quanto tempo persiste?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Quem notou o problema:
Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Educadores/Professores ( )
Outros: _________________________________________________________
Como verificou o problema?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
O que fizeram para lidar com essa situação?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Quais pensam ser a(s) causa(s) desse problema?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Notou evolução do problema? Sim ( ) Não ( )
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
45 Anamnese e respetivas justificações teóricas
A criança tem consciência do seu problema? Sim ( ) Não ( )
Se sim:
Qual a sua reação e atitude face ao problema?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Qual a atitude dos pais face ao problema?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Qual a atitude do educador/professor; colegas face ao problema:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Recorreu anteriormente a consulta de terapia da fala? Sim ( ) Não ( )
Se sim:
Qual o motivo?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Qual o Terapeuta e local:
_______________________________________________________________
Duração da intervenção:
_______________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
46 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Que trabalho foi desenvolvido?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Houve melhorias? Sim ( ) Não ( )
Porque deixou anteriormente a terapia da fala?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Porque quis voltar a ter consultas de terapia da fala?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Outras informações relevantes:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
47 Anamnese e respetivas justificações teóricas
IV – ANTECEDENTES FAMILIARES
Consanguinidade: Sim ( ) Não ( )
Existem familiares que possuam Perturbações de Fala ou de Linguagem?
S ( ) N ( )
Se respondeu sim, quem?
Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros: _________________
Que tipo de dificuldades?___________________________________________
_______________________________________________________________
Existe algum familiar com doenças hereditárias? S ( ) N ( )
Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( )
Outros ( ) Quais? _______________________________________________
Existe algum familiar com epilepsia? S ( ) N ( )
Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros ____________________
Existe algum familiar com Paralisia Cerebral? S ( ) Não ( )
Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros ____________________
Observações:____________________________________________________
_______________________________________________________________
Existe algum familiar com algum dos problemas abaixo descritos? Se sim,
quem?
Visuais: ________________________________________________________
Auditivos: _______________________________________________________
Motores:________________________________________________________
Neurológicos: ____________________________________________________
Psicológicos: ____________________________________________________
Outros: _________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
48 Anamnese e respetivas justificações teóricas
V – ANTECEDENTES PESSOAIS
Desenvolvimento Pré-Natal – Gravidez
Primeira gravidez? S ( ) N ( ) ______________________________________
Planeada? S ( ) N( ) _____________________________________________
Foi aceite? S ( ) N( ) ____________________________________________
Se não, Qual o estado emocional da mãe? Pensou em abortar?
_______________________________________________________________
Vigiada? S( ) N( ) _______________________________________________
De Risco? S( ) N( ) ______________________________________________
Ameaça de aborto? S( ) N( ) _______________________________________
Medicamentos: S( ) N( )
Quais?__________________________________________________________
Tempo de gestação: ___ semanas
Ocorreram complicações durante a gravidez? S( ) N( )
( ) Acidentes ( ) Doenças infeciosas ( ) Medicações ( ) Raio-X
( ) Hemorragias ( ) Psicológicas
( ) Outros: ____________________________
Tinha hábitos de tabagismo/ álcool/ drogas? S( ) N( )
Com que frequência?__________________________________
Período Peri-Natal - Parto
Parto: Local_______________ Duração ____________________________
Natural ( ) Provocado ( ) Eutócico ( ) Distócito ( ) - Fórceps ( ) Ventosa ( )
O Parto foi assistido? S( ) N( )
Complicações____________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Periodo Pós-Natal – Pós-Parto
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
49 Anamnese e respetivas justificações teóricas
O 1º choro foi imediato? S( ) N( )
Coloração da pele ao nascer: Rosada ( ) Roxa ( ) Amarela ( )
Peso à nascença: ________________
Comprimento à nascença: __________________
Perímetro cefálico:_______________
APGAR: 1ºm ______ 5ºm ______ 10ºm ______
Houve necessidade de reanimação? S( ) N( )
Necessitou de incubadora? S( ) N( ) Motivo__________________________
Duração________________________
Sinais traumáticos? S( ) N( )
Quais?________________________________________
Existiram complicações com a mãe e/ou com a criança? S( ) N( )
Se Sim, quais?___________________________________________________
VI – HISTO RIA CLINICA
Médico de Família______________ Contacto_______________
Pediatra___________________ Contacto___________________
A criança foi, ou é acompanhada por outros profissionais de saúde? S( ) N( )
Quais?__________________________________________________________
Exames/Relatórios________________________________________________
A criança já apresentou/apresenta alguma destas situações patológicas?
Meningite ( )___________________Rubéola ( )________________________
Rinite ( )______________________ Amigdalite ( )______________________
Sinusite ( )_____________________ Faringite ( )_______________________
Asma ( )______________________ Laringite ( )_______________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
50 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Alergias ( )____________________ Bronquite ( )_______________________
Doenças neurológicas ( )__________________ Outras ( )
_______________________________________________________________
Audição:
( ) Otites
_______________________________________________________________
( ) Problemas auditivos
_______________________________________________________________
( ) Tubos nos tímpanos
_______________________________________________________________
Já fez algum exame auditivo? S ( ) N ( )
Se sim, quando? __________________________
Resultado do teste:________________________________
Visão:
Problemas visuais: S ( ) N ( )
Já fez algum exame visual? S ( ) N ( )
Se sim, quando? ___________________________________________
Resultado:________________________________________________
Uso de óculos: S ( ) N ( )
Uso de lentes de contacto: S ( ) N ( )
A criança já sofreu quedas/traumatismos? S( ) N( )
Quais?_________________________Quando?_________________________
Intervenções cirúrgicas? S( ) N( )
Quais?_________________________Quando?_________________________
A criança já esteve internada? S( ) N( )
Motivo:_______________________
Quando e quanto tempo?____________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
51 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Já tomou, ou toma algum tipo de medicamentos? S( ) N( )
Qual a medicação e motivo?________________________________________
As vacinas estão em dia? S( ) N( )
_____________________________________
VII – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E SONO
Desenvolvimento psicomotor
Como era em bebé?
Apático ( ) Calmo ( ) Agitado ( )
Por volta de que idade é que a criança adquiriu os seguintes comportamentos:
- Primeiro Sorriso __________
- Primeiros dentes __________
- Dentição completa__________
- Reflexo de sucção __________
- Segurar a cabeça __________
- Rolar __________
- Gatinhar __________
- Sentar-se com apoio __________ Sem apoio __________
- Pôr-se de pé com apoio __________ Sem apoio __________
- Primeiros passos __________
- Subir escadas ___________
- Agarrar e manipular objetos __________
A criança apresenta movimentos anormais? S ( ) N ( )
Se sim, quais?
Tiques ( ) Balanceamento ( )
Outros:
_______________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
52 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Lateralidade
A criança prefere uma mão em relação à outra? S ( ) N ( )
Se sim, qual? __________
Controlo dos esfíncteres
- Anal: Nocturno ( ) Diurno ( )
- Vesical: Nocturno ( ) Diurno ( )
- Existiram regressões? Sim ( ) Não ( )
Verificaram algum(ns) problema(s) relacionado(s) com a motricidade da
criança? S ( ) N ( )
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Utilizou aparelho corretor dentário? S ( ) N ( )
Se sim, qual o motivo?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Outras informações relevantes:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Sono
Em bebé dormia bem? S ( ) N ( )
A criança atualmente dorme:
- Em quarto individual ( ) Se sim, desde que idade __________
- No quarto dos pais ( )
- Conjuntamente com os irmãos ( ) Se sim, desde que idade ___________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
53 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Hora habitual de deitar __________
Hora habitual de levantar __________
Comportamentos relacionados com o deitar:
- Necessita de companhia ( )
- Utiliza algum objeto para adormecer ( )
- Tem medo do escuro ( )
- Tem algum hábito especial para dormir? Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual?
_______________________________________________________________
- Outros:
_______________________________________________________________
Comportamentos relacionados com o sono:
- Acorda durante a noite ( )
- Baba-se na almofada ( )
- Dorme de boca de aberta ( )
- Ressona ( )
- Fala durante o sono ( )
- Tem pesadelos ( )
- Sonambulismo ( )
- Sono agitado ( )
- Sono tranquilo ( )
- Outros:
_______________________________________________________________
Comportamentos relacionados com o acordar:
- Dificuldades em acordar ( )
- Não se quer levantar ( )
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
54 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Outras informações relevantes:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
VIII – ALIMENTAÇA O E HA BITOS ORAIS
Alimentação
Mamou? S ( ) N ( )
Se sim, até que idade? ____________________
Se não, porquê?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Utilizou biberão até que idade? ______________________
Quando é que iniciou alimentação pastosa?
_______________________________
Quando é que iniciou a alimentação sólida?
__________________________________
A criança foi alimentada por sonda? S ( ) N ( )
( ) Gástrica ( ) Naso gástrica ( ) Oro gástrica
Quando? ____________________
Com que idade começou a comer sozinho?
___________________________________
Qual foi a reação da mãe em relação à alimentação da
criança?________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
55 Anamnese e respetivas justificações teóricas
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Sensibilidade a algum alimento?
_______________________________________________________________
Teve alguma dificuldade na alimentação?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Presentemente, a criança tem horas para comer? S ( ) N ( )
Tipo de mastigação:
( ) Lenta ( ) Rápida
( ) Unilateral ( ) Bilateral
( ) Ruidosa
Dificuldades na deglutição do bolo alimentar?
( ) Engasgos frequentes ( ) Vómitos
Hábitos orais
Onicofagia (roer as unhas): S ( ) N ( )
Bruxismo (ranger os dentes): S ( ) N ( )
Sucção digital, labial ou lingual: S ( ) N ( ) _____________________________
Morder objetos: S ( ) N ( )
Briquismo? S ( ) N ( )
Utilizou chucha? S ( ) N ( )
Até que idade?
__________________________________________________________
Encerramento labial:
( ) Bilateral ( ) Unilateral
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
56 Anamnese e respetivas justificações teóricas
IX – DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
O bebé reagia a estímulos? S ( ) N ( )
Como reagia o bebé quando a mãe ou outros deixavam de falar?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Palreio? S ( ) N ( ) Idade: ________________
Pegar a vez? S ( ) N ( ) Idade: _________________
Imitação? S ( ) N ( )
Atenção conjunta? S ( ) N ( )
Lalação? S ( ) N ( ) Idade: ________________
Primeiras Palavras:
Quais? _____________________________________
Idade _____________
Fazia pedidos? S ( ) N ( ) Idade _____________
Como?:
Oralmente? S ( ) N ( )
Gestos? S ( ) N ( )
Outros. Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Fazia perguntas? S ( ) N ( ) Idade _____________
ATUALMENTE
Como é que comunicam com a criança?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
A criança compreende o que lhe dizem? S ( ) N ( )
Quando não compreende, o que faz (pede esclarecimentos, ignora...)?
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
57 Anamnese e respetivas justificações teóricas
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Como é que a criança comunica no seu dia-a-dia?
Gestos: S ( ) N ( )
Palavras isoladas: S ( ) N ( )
Frases simples: S ( ) N ( )
Frases complexas: S ( ) N ( )
Outras? Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
O discurso que a criança produz é inteligível? S ( ) N ( )
Gaguez? S ( ) N ( ) Idade _____________
As pessoas mais próximas compreendem a criança? S ( ) N ( )
E as pessoas sem relação com a criança? S ( ) N ( )
Como reage a criança quando não é compreendida?
Observações:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Quais são os parceiros comunicativos da criança? (pais, professora, colegas,
outras crianças…)
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Consegue manter o tópico de conversa? S ( ) N ( )
Observações:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
58 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Número de palavras que a criança produz: __________________
Número de palavras por frase: ____________________________
X – ESCOLARIDADE E SOCIALIZAÇA O
Como caracteriza o relacionamento familiar?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Com quem tem a criança relações mais significativas?
_______________________________________________________________
Particularmente, como é a relação com irmãos/irmãs?
_______________________________________________________________
Existe alguma dificuldade específica de relacionamento?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Habitualmente (mãe e/ou pai), quanto tempo gasta por dia em atividades
conjuntas com o vosso filho (fazer jogos, a conversar, etc.)?
_______________________________________________________________
Requer muita atenção parental? S ( ) N ( )
Adapta-se facilmente às situações? S ( ) N ( )
Ri, mostra-se contente e satisfeita? S ( ) N ( )
Apresenta agressividade, apatia ou teimosia? S ( ) N ( )
Expressa as suas necessidades e sentimentos? S ( ) N ( )
Faz muitas “birras”? S ( ) N ( )
Parece desconfortável quando conhece pessoas novas? S ( ) N ( )
Perde o auto controle frequentemente? S ( ) N ( )
Chora excessivamente? S ( ) N ( )
É muito dependente dos adultos? S ( ) N ( )
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
59 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Como é a criança no dia-a-dia:
( ) Distraída ( ) Irrequieta ( ) Insatisfeita ( ) Desinteressada ( ) Impulsiva
( ) Hiperativa ( ) Atenta
Costuma brincar onde e com quem?
_______________________________________________________________
Quais as brincadeiras preferidas?
_______________________________________________________________
E os brinquedos preferidos?
_______________________________________________________________
Frequentou creche? S ( ) N ( )
Se sim, a partir de que idade?
__________________________________________________________
Como foi a adaptação?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Se não, com quem ficou nos primeiros meses?
____________________________
Com que idade entrou para o jardim-de-infância? ________________________
Nome da instituição: _________________
Nome do educador(a): ________________
Como foi a sua adaptação ao jardim-de-infância?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Se não, com quem ficou? __________________________________________
Com que idade entrou para o 1º ciclo? ________________________________
Escola: _______________________ Professor: ________________________
Como foi a sua adaptação ao 1º ciclo?
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
60 Anamnese e respetivas justificações teóricas
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Mudou de escola por alguma razão? S ( ) N ( )
Se sim, qual?
_______________________________________________________________
Houve mudança de professor por algum motivo? S ( ) N ( )
Se sim, qual?
__________________________________________________________
Alguma vez reprovou? S ( ) N ( )
Se sim, em que ano?
__________________________________________________________
Alguma vez saltou um ano? S ( ) N ( )
Se sim, em que ano?
__________________________________________________________
Tem mau aproveitamento escolar? S ( ) N ( )
Se sim, em que áreas?
______________________________________________
Foi avaliado para a educação especial? S ( ) N ( )
A criança gosta de ir à escola? S ( ) N ( )
Tem alguma ideia acerca da qualidade da escola e dos professores?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Falta frequentemente à escola? S ( ) N ( )
Se sim, porquê?
__________________________________________________
Verifica-se dificuldades em:
( ) Ler ( ) Coordenação motora ( ) Contar ( ) Calcular ( ) Memorização
( ) Escrever ( ) Atenção ( ) Concentração ( ) Distinguir cores
( ) Distinguir números ( ) Distinguir letras
Como é a relação com:
Professor(a): ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Difícil
Colegas: ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Difícil
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
61 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Luta regularmente com os colegas? S ( ) N ( )
Brinca com os colegas? S ( ) N ( )
Prefere brincar sozinha? S ( ) N ( )
Tem facilidade em fazer amigos? S ( ) N ( )
Tem ou teve apoio(s) educativo(s)? S ( ) N ( )
Se sim, em que área? _______________________________
Frequenta atividades extracurriculares na escola? S ( ) N ( )
Frequenta algum centro de atividades de tempos livros ou centro de estudo? S
( ) N ( )
Se sim, qual?
______________________________________________________
Existem nessa instituição técnicos que ajudem a criança, com um plano
individual para a mesma? S ( ) N ( )
Se não, com quem fica?
____________________________________________
Onde é que a criança faz os trabalhos de casa?
______________________________
Tem iniciativa para realizar os trabalhos de casa? S ( ) N ( )
É ajudada a realizar os trabalhos de casa? S ( ) N ( )
Se sim, quem a ajuda?
___________________________________________
De que modo?
________________________________________________
XI – ATITUDES
Atitudes comportamentais da criança: Tímida ( ) Alegre ( ) Triste ( ) Motivada ( ) Indiferente ( ) Atenta ( ) Irrequieta ( ) Outras ( ) _______________________________________________________________ A criança é comunicativa e estabelece contacto? S( ) N( ) _______________________________________________________________
Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira
62 Anamnese e respetivas justificações teóricas
Interação com os prestadores de cuidados _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ A criança tem consciência do problema? S( ) N( ) _______________________________________________________________
Atitudes comportamentais dos pais/cuidadores: Autoritários ( ) Alegres ( ) Motivados ( ) Comunicativos ( ) Indiferentes ( ) Outras ( ) _______________________________________________________________ Os pais/cuidadores têm consciência do problema? S( ) N( ) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________
Atitudes dos pais/cuidadores com a criança _______________________________________________________________ _______________________________________________________________
Quais as espectativas da criança em relação á Terapia da Fala?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ Quais as espectativas dos pais/cuidadores em relação á Terapia da Fala? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________