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HISTRIA

EPSTOLAS GERAIS(Tiago | 1-2 Pedro | 1-3 Joo | Judas)

Prof. Lucas W. Borges

EPSTOLAS GERAISProfessor Lucas W. Borges

PROGRAMA DA DISCIPLINA

EMENTA

A perspectiva histrica da atuao apostlica na elaborao de suas cartas a fim de ampliar a compreenso e a reflexo sobre as realidades da vida e dinmica das primeiras comunidades crists.

OBJETIVOS

Pontuar e situar historicamente as nuances e posies adotadas pelos apstolos e assumidas pela igreja do primeiro sculo de modo a permitir uma anlise sobre a realidade tendo como base a contextualizao histrica na aplicao eclesistica contempornea.

METODOLOGIA DE ENSINO

Aulas expositivas. A proposta fundamental que o aluno possa interpretar os textos bblicos dentro da historicidade do perodo apostlico e da aplicao dos textos na atualidade.

CONTEDO PROGRAMTICO

TiagoO autor

Destinatrios

Breve Introduo

1-2 PedroO autor

Destinatrios

Breve Introduo

JudasO autor

Destinatrios

Breve Introduo

1-3 JooO autor

Destinatrios

Breve Introduo

MTODO AVALIATIVO

A avaliao se dar por meio da leitura integral das epstolas gerais (Tiago, 1-2 Pedro, 1-3 Joo, Judas).

EPSTOLAS GERAIS

INTRODUO

As cartas gerais englobam Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III Joo e Judas, no entanto, neste mdulo, no estudaremos a carta aos Hebreus, em virtude de a estudarmos separadamente em outro mdulo. Estas 7 cartas que estudaremos tambm so chamadas catlicas, palavra latina que significa universal. A variao destas cartas comparadas s paulinas a de que o apstolo Paulo escreve suas cartas com um destinatrio bem definido, por exemplo, aos Romanos, aos Corntios, a Timteo e a Tito. Mesmo com sua amplitude e dogmtica passvel de aplicao a toda a Igreja, elas tm uma destinao especfica. Enquanto isso, as cartas gerais no possuem um destinatrio definido, sendo escritas para todo o corpo de Cristo.

Com exceo de II e III Joo, que podem ser claramente cartas pessoais, as demais tm sido reconhecidas, desde o quarto sculo, como as Epstolas Catlicas ou Gerais. Este ttulo refere-se a fato de que elas no so dirigidas a igrejas ou indivduos em particular, mas a um crculo mais amplo de pessoas ou Igreja como um todo.

O alemo Adolf Deissmann, telogo luterano (1866-1937) e professor de teologia da Universidade de Berlin, aps estudar vrios papiros, em cuja descoberta ele mesmo estava envolvido1 S para se ter uma ideia do envolvimento de Deissmann e descobertas arqueolgicas, em 1929, ele descobriu uma pele de camelo ressecada e pintada com um mapa surpreendente, enrolado em uma prateleira empoeirada do famoso Palcio Topkapi, em Istambul.

, fez uma diferenciao entre cartas e epstolas, considerando como cartas verdicas aquelas que foram endereadas a uma pessoa ou mais pessoas, e epstolas aquelas destinadas ao pblico. Para Deissmann, as cartas eram no-literrias, enquanto as epstolas eram uma forma literria artstica ou uma espcie de literatura que visava exposio ao pblico. Wegner distingue entre cartas, quando se trata de mensagem entre um remetente e um destinatrio conhecido, e epstolas como tratados a respeito de certos assuntos que, mesmo servindo-se da moldura de cartas, no se dirigem a remetentes especficos, e sim visam atingir, com sua mensagem, um crculo maior de leitores e leitoras.2 WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. So Leopoldo (RS): Editora Sinodal e Paulus, 2005 (4 Edio), p.182.

Embora tal distino deva ser vista com cautela, no deixa de ser interessante e vlida.

A maioria das cartas antigas encontradas tem uma forma bem semelhante s que temos nas pginas do Novo Testamento. Tais cartas se dividem basicamente em seis partes:

1. a apresentao do autor; 2. o nome do destinatrio ou endereado; 3. a saudao inicial; 4. um desejo ou aes de graas (orao); 5. o contedo da carta (corpo); 6. uma saudao final e despedida.

O desejo ou aes de graas (item 4) um elemento varivel, que, na maioria das cartas antigas, toma a forma de um desejo com orao (quase exatamente como III Joo 2), ou seno, falta totalmente (como em Glatas, I Timteo e Tito).3 FEE, Gordon D. e STUART, Douglas. Entendes o que Ls? So Paulo, Edies Vida Nova, fevereiro de 2001(2 edio), p. 31.

Se seguirmos a concepo de Deissmann, todas as cartas do NT que no possuem esses elementos formais deixam de ser verdadeiras cartas. Todavia tais cartas acabam sendo parcialmente epistolares na sua forma, visto que perceptvel a elaborao literria do seu contedo, mas explicitamente direcionadas a um grupo de pessoas.

Vejamos alguns exemplos

I Joo, apesar de claramente escrita para um grupo de pessoas (cf. 2.7, 12- 14, 19, 26), no tem nenhum dos elementos formais de uma carta.

Tiago e II Pedro, no contendo saudao final, o endereamento e as despedidas mais especficas, podem ser considerados os escritos do NT que mais se aproximam de uma produo literria para apresentao pblica, consideradas rigidamente epstolas. II Pedro mesmo se considera epstola em 3.1 (junto com I Pedro).

Internamente, alguns escritos do NT se autodenominam epstola:

Atos 15:30 Os que foram enviados desceram logo para Antioquia e, tendo reunido a comunidade, entregaram a epstola. (referindo-se a Carta do Conclio 15.23-29)

Romanos 16:22 Eu, Trcio, que escrevi esta epstola, vos sado no Senhor.

Colossenses 4:16 E, uma vez lida esta epstola perante vs, providenciai por que seja tambm lida na igreja dos laodicenses; e a dos de Laodiceia, lede-a igualmente perante vs.

I Tessalonicenses 5:27 Conjuro-vos, pelo Senhor, que esta epstola seja lida a todos os irmos.

II Tessalonicenses 3:14 Caso algum no preste obedincia nossa palavra dada por esta epstola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.

II Pedro 3:1 Amados, esta , agora, a segunda epstola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranas a vossa mente esclarecida...

imprescindvel notar que as cartas do NT, independentemente da distino que Deissmann faz, so documentos ocasionais, isto , elas foram ocasionadas por uma situao especial, numa circunstncia especfica que envolvia o leitor ou o prprio autor. A determinao deste contexto especfico que provoca o escrito constitui a maior parte dos problemas para a exegese nas epstolas.

Fee e Stuart ainda consideram que, apesar de irmos s epstolas em busca de uma teologia crist, e esto de fato carregadas com ela, devemos sempre conservar em mente que no foram escritas primariamente para fazer uma exposio da teologia crist. sempre teologia a servio de uma necessidade especfica.

TIAGO

O AutorTiago foi o irmo de Judas que escreveu a Epstola de Judas. Tiago o irmo de Jesus da parte da me. Marcos 6:3 diz que Tiago o irmo mais velho de Jos e Maria. Este Tiago no o apstolo, o irmo de Joo, porque ele morreu no ano 41 ou 42 d.C. (Atos 12:1-2).Joo diz (7:5) que os irmos de Jesus no creram dEle. Mas, em Atos 1:12-14, depois da Sua ressurreio, eles foram convertidos e este Tiago se tornou um grande lder e pastor da igreja em Jerusalm. Veja Atos 12:17, 15:12-13, 21:18, Glatas 1:19, 2:19, 12. O historiador Flvio Josefo nos conta que, em 62 d.C., Tiago foi martirizado.Os pais da igreja concordam que o autor era o irmo de Jesus.

Ocupava autoridade em Jerusalm (a tradio diz Bispo) (At 15:6-29, At 12:17).

O prprio Apstolo Paulo se reunia principalmente com ele (At 21:18).

Antes da ressurreio, ele rejeitava o ministrio de Jesus (Jo 7:5).

Alguns acham que ele s se converteu aps a ressurreio (I Co 15:7).

Foi assassinado pelos Judeus no ano 62 A.D.

Paulo o considera um dos 3 pilares da igreja (Glatas 2:9).

Os documentos no cannicos o mencionam como homem asctico e de muita orao.

DestinatrioTiago 1:1 diz que os principais destinatrios da carta so os judeus que se converteram ao cristianismo e que no moravam em Jerusalm. Breve introduoA Palavra de Deus nunca nos prometeu que no passaramos por dificuldades, ao contrrio, ela nos alerta, muitas vezes, que, enquanto estamos nesta terra, estamos sujeitos a passar pelos mesmos tipos de dificuldade que todos passam. As pessoas para quem Tiago escrevia estavam passando por problemas financeiros, problemas de sade e problemas de relacionamento (sofriam injustias). Alm disso, eles precisavam de mais orientaes quanto prtica da vida crist.A f precisa ser vivida, evidenciada, provada e praticada. Ela no pode ser apenas falcia.

1 PEDRO

O AutorO Autor o Apstolo Pedro (I Pedro 1:1).

Seu nome original era Simo, mas a ele foi dado o nome de Cefas (Pedro) (Mt. 16:18; Jo 1:42).

Esteve na transfigurao (Mateus 17:1-9).

Passou pela experincia de negar o envolvimento com Cristo (Mt 26:69-75).

Iniciou a pregao no Pentecoste (Atos 2:14).

Foi enviado a iniciar a pregao aos gentios. (Atos 10)

Evangelizou principalmente judeus (Gl. 2:8).

Foi corrigido por Paulo em Antioquia (Gl. 2:11).

Era casado, sua sogra foi curada por Jesus (Mateus 8:14), levava sua esposa no trabalho missionrio (I Co. 9:5).

Em Joo 21:18, consta uma aluso proftica ao fim de sua vida.

A tradio diz que foi morto crucificado de cabea para baixo.

Pensa-se que a carta foi ditada, provavelmente, a Joo Marcos, companheiro de Pedro em viagens.

DestinatrioOs destinatrios so forasteiros eleitos da Dispora no Ponto, Galcia, Capadcia, sia e Bitnia, as pessoas na regio da sia menor. Os destinatrios parecem ter sido, predominantemente, cristos gentios, porque somente de ex-gentios se pode afirmar: no passado, sua vida, na ignorncia, foi determinada pelas paixes (I Pe 1.14), foram redimidos da conduta v legada pelos pais (1Pe 1.18), outrora eram no um povo, agora, porm, so povo de Deus (I Pe 2.10) e basta que nos tempos passados realizastes a vontade dos gentios (I Pe 4.3s). No entanto, com certeza tambm cristos judeus faziam parte das igrejas s quais Pedro escreve. Isso condiz inteiramente com a ideia que j possumos acerca da atuao do apstolo Paulo na sia Menor. Breve introduoO prprio Pedro assinala a finalidade e o objetivo de sua carta: pretende consolidar nos destinatrios o reconhecimento de sua salvao, mostrando-lhes a magnitude de sua redeno atual e futura. A esse intento dedica-se o primeiro bloco (I Pe 1.1 - 2.10). O segundo bloco deve ajudar os destinatrios a vencer a vida cotidiana a partir da f, e at mesmo a penetrar mais profundamente nessa graa, para que em todas as situaes no mundo possam ser aprovados como discpulos de Jesus (I Pe 2.11-4.6). Na seo final, est em jogo o relacionamento com os irmos (I Pe 4.7- 5.14). Por isso Pedro revigora seus irmos, ajudando-os a se inserirem corretamente no corpo de Cristo.

II PEDRO

O apstolo Pedro, quando escreveu esta carta, j estava no final de sua vida, 30 ou 35 anos depois que Jesus havia sido assunto aos cus. Velho, sabia que pouco tempo lhe restava em vida (1:14); logo, logo, veria seu mestre na glria. O objetivo de sua primeira carta era preparar a igreja para a perseguio que se instalava. Agora, em sua segunda carta, ele deseja prevenir a igreja contra os falsos mestres.

A segunda carta de Pedro pode ser resumida nos seguintes pontos:

1. ficar longe dos falsos profetas;

2. ter as Escrituras como mxima autoridade do testemunho de Deus acima de testemunhos pessoas e de doutrinas pessoais;

3. aguardar a volta de Jesus Cristo;

4. desenvolver um novo caminhar nesta terra buscando a virtude, crescendo na graa e no conhecimento de Jesus.

I JOO

O AutorJoo o autor do quarto evangelho, de 3 cartas e do livro de Apocalipse.

Antes de seu chamado (por volta dos 24 anos de idade), era pescador, trabalhava com seu irmo Tiago em provvel sociedade com Andr e Pedro.

Segundo a tradio, depois da morte de Tiago (irmo de Jesus), Joo teria descido a feso e morado ali. Depois foi preso. Tertuliano disse que ele foi lanado em leo quente, mas no teria morrido e ento exilado na ilha de Patmos onde teria permanecido por 4 anos, onde teria escrito o Apocalipse. Depois desse perodo, teria retornado a feso onde morreria em 103 d.C. aos 94 anos.

De todos os discpulos, Joo talvez o que vai mais fundo no corao de Jesus, tanto seu Evangelho como suas cartas revelam sua maravilhosa intimidade com Deus.

DestinatrioJoo escreve a pessoas convertidas, aos cristos. possvel que ele tivesse uma boa familiaridade com eles, pois usa a expresso meus filhinhos aos seus destinatrios. A carta foi escrita por volta do ano 93 d.C. Breve IntroduoO contedo da carta nos d a entender que os cristos estavam sofrendo um constante assdio das heresias, principalmente as gnsticas. Muitos pregadores viajantes, a quem Joo chama de anticristos, andavam misturando os ensinos de Jesus com as doutrinas do gnosticismo.Gnosticismo (do Gr. Gnostiks = conhecimento) - Escola teolgica que floresceu nos primrdios do Cristianismo. Contrariando as pregaes dos apstolos, seus adeptos diziam-se os nicos a possurem um conhecimento perfeito de Deus. Seu arcabouo doutrinrio considerava a matria irremediavelmente m. Por isso, diziam que a humanidade de Cristo era apenas aparente. Os gnsticos foram muito combatidos pelo apstolo Joo que, em suas epstolas, fazia questo de mostrar ser o Senhor Jesus verdadeiro homem e verdadeiro Deus. O Gnosticismo defendia, particularmente, que: 1) o conhecimento superior virtude; 2) o verdadeiro significado das Escrituras est no sentido no literal e que s podem ser compreendidas por alguns poucos seletos; 3) o mal no mundo impossibilita que Deus seja o criador; 4) a encarnao coisa incrvel, porque a divindade no pode se ligar a nada que seja material - tal como o corpo; 5) a ressurreio da carne no existe.Esta doutrina resultou no Docetismo, ascetismo e antinominianismo. O Docetismo extremo defendia que Jesus no era humano sob qualquer aspecto, mas uma teofania meramente estendida, enquanto o Docetismo moderado considerava Jesus o filho natural de Jos e Maria, sobre o qual Cristo veio no momento do batismo. Ambas as formas da heresia foram atacadas por Joo na Primeira Epstola (I Jo 2:22; 4:2-3; 5:5-6). Alguns gnsticos praticavam o ascetismo porque criam que toda a matria era m. O ascetismo largamente praticada por monges de todas as ordens religiosas. Constitui uma srie de exerccios que tem como objetivo levar o homem realizao plena da virtude e mortificao de certos desejos da carne. O ascetismo no preenche os requisitos bblicos de uma vida verdadeiramente santificada (I Ts 5:23). O antinominianismo, ou a anarquia religiosa, era a conduta dos outros, uma vez que consideravam o conhecimento superior virtude (I Jo 1:8; 4:20).Joo defende o Evangelho das heresias e dos falsos mestres, citando algumas caractersticas dos verdadeiros seguidores de Jesus. Embora Joo pudesse citar vrios pontos, ele escolhe aqueles que eram pertinentes situao. Encontramos Paulo e, s vezes, os outros apstolos citando os nomes daqueles que esto minando a igreja, mas, na poca de Joo, era to comum j encontrar estes falsos profetas que Joo prefere citar as caractersticas de quem anda com Deus verdadeiramente a fim de que eles no fossem enganados. Joo fundamenta toda a sua carta em 3 pontos: 1. moral O verdadeiro seguidor de Jesus busca a Santidade. 2. social O verdadeiro seguidor tem amor prtico pelos irmos. 3. espiritual O verdadeiro seguidor profere a verdade revelada a respeito de Jesus Cristo, sendo filho de Deus, tendo vindo, morrido e ressuscitado para perdo dos nossos pecados. Joo afirma que toda tentativa de expresso de espiritualidade que no carrega estes elementos no pertence ao ensino dos apstolos nem revelao.2 JOODestinatrioO autor o apstolo Joo. Elese apresenta como o "Presbtero". Nos anos de sua velhice, Joo atuava como presbtero na Igreja de feso.Semelhanas bvias com I Joo e o Evangelho de Joo levam a crer que a mesma pessoa escreveu os trs livros.Dirige esta segunda epstola para a senhora eleita e seus filhos, indicando que a receptora era uma mulher crist cujos filhos perseveravam na f (v.4). Ele at inclui saudaes de suas sobrinhas e sobrinhos (13).Mas esta interpretao no tem conseguido ser a opinio da maioria dos estudiosos da Bblia. Muitos sugerem que a designao no denota uma pessoa em si, mas trata-se da personificao de uma igreja local, quer dizer: Joo est se reportando a uma comunidade crist, sob sua jurisdio. Seus filhos sos os membros da igreja, e os filhos da irm eleita so membros da igreja do lugar onde Joo est escrevendo. Uma concluso definitiva parece inatingvel, e a pergunta continua em aberto.Breve Introduo2 Joo se preocupa com a relao da verdade crist com a hospitalidade estendida queles mestres que viajam de igreja para igreja. Os falsos mestres, provavelmente do mesmo grupo que tratado em 1 Joo, estavam confundindo a comunho dos crentes. Portanto Joo deu instrues sobre quais mestres itinerantes acolher e quais recusar. Os verdadeiros cristos, que podiam ser reconhecidos pela ortodoxia de sua mensagem (v.10), so dignos de ajuda; mas os mestres herticos devem ser rejeitados. De outra forma, algum poderia, sem querer,estar contribuindo para a propagao da heresia, e no da verdade.Joo estimula a senhora eleita a continuar mostrando hospitalidade, mas tambm adverte e previne contra o abuso da comunho crist. Por toda a epstola, ele ressalta a verdade como a base e prova da comunho. Em especial, ele insiste em uma crena correta levando em considerao a encarnao de Cristo, e acusa aqueles que rejeitam essa realidade de terem ido alm da doutrina de Cristo (v.9). Ele incita os leitores a ficarem perto de Cristo, mantendo-se fiis na verdade.Joo apresenta tanto a divindade de Cristo (v.3) quanto sua humanidade (v.7). Qualquer pessoa que negue a verdade fundamental relacionada Pessoa divino-humana de Cristo no tem Deus (v.9). Joo encara a comunho como uma caracterstica distintiva da vida crist, mas no deixa dvidas de que a comunho crist impossvel onde a doutrina apostlica da Pessoa e a obra de Cristo seja negada ou comprometida.

3 JOODestinatrioJoo escreveu esta carta a seu generoso e afetuoso amigo Gaio, o tpico trabalhador cristo autntico, que dedicou seus bens e talentos ao Senhor. Sua casa estava sempre aberta para receber os irmos de f.No h como determinar com exatido quem era Gaio. H muitas pessoas com este nome mencionadas no Novo Testamento. Paulo menciona um Gaio na carta aos Romanos (16.23). Pode ser o mesmo citado na carta de Joo, mas isso no pode ser confirmado.O nome Gaio tambm citado em Atos 19.29; 20.4; I Corntios 1.14.As caractersticas de Gaio:- Digno de carinho (1-2).- Um cristo praticante, que anda na verdade (3-4).- Hospitaleiro (5-6).O lugar de residncia do destinatrio tambm desconhecido, mas provvel que fosse na regio em torno de feso, onde Joo residia na poca em que escreveu a epstola.Breve IntroduoO propsito da carta era:

a)elogiar a hospitalidade de Gaio.b)reclamar das atitudes de Ditrefes, um mestre local que se impunha como superior at mesmo ao apstolo Joo.c) elogiar Demtrio, provvel portador da Epstola. Demtrio levava de Joo uma recomendao, aparentemente estava mudando da igreja de feso, onde Joo era o lder, seguindo para a igreja onde Gaio se congregava. Mas Demtrio tambm podia ser um dos pregadores itinerantes a quem Ditrefes costumava negar hospitalidade.Joo comenta tambm que escreveu uma outra carta igreja de Gaio.A Terceira Carta de Joo caracterizada pela saudao, cumprimentos introdutrios e saudao final. Sem dvida, uma carta, mais especificamente uma carta de recomendao apresentando Demtrio ao destinatrio da epstola, Gaio.A importncia da hospitalidade. Se, por um lado, os herticos itinerantes estavam perturbando a f dos cristos, por outro lado, os genunos mestres da verdade estavam fazendo visitas s igrejas para fortalecer a f dos crentes. Na carta anterior, Joo proibiu a hospitalidade para os falsos mestres; nesta carta, ele estimula os irmos a hospedarem os pregadores da verdade. Mas existe um grave problema na igreja onde Gaio congrega: Ditrefes, uma pessoa dominante que se ope autoridade do apstolo. Ele, alm de no receber os missionrios, proibiu os membros da igreja de receb-los em suas casas, ameaando afastar da comunidade quem fosse contrrio sua ordenana. Joo, na carta, estimula Gaio a continuar sendo um anfitrio dos irmos missionrios e a repreender Ditrefes por sua conduta nada amorosa.O apstolo apresenta o problema criado por Ditrefes. No carter e na conduta, ele era inteiramente diferente de Gaio. Gaio descrito como algum que anda na verdade, ama os irmos, hospeda os estrangeiros. Ditrefes, por outro lado, visto como algum que ama a si prprio mais que os outros, que recusa acolhida aos evangelistas itinerantes e no permite que os outros o faam. Joo gostaria de visit-los e ento iria desmascarar Diotrefes, que se nega a receb-lo. Ditrefes se comporta como se fosse o dono da igreja. Age ditatorialmente e no respeita a autoridade de Joo.O presbtero deixa de lado a sua descrio sobre os problemas causados por Ditrefes para dar uma palavra de conselho pessoal a Gaio, seguida de uma recomendaosobre Demtrio. Ele escreve nos versculos 11 e 12: Amado, no sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem de Deus; mas quem faz o mal no tem visto a Deus. Todos do testemunho de Demtrio, at a prpria verdade; e tambm ns testemunhamos; e vs bem sabeis que o nosso testemunho verdadeiro. Exatamente como pensar em Ditrefes levou Joo a escrever a carta acerca de quem pratica o mal, a meno da prtica do bem parece fazer-lhe lembrar de Demtrio, pois dele todos do bom testemunho. De acordo com as tradies apostlicas, anos depois, Joo nomeou Demtrio bispo de Filadlfia.Joo diz que ainda tem muito o que escrever, mas prefere falar pessoalmente. A paz seja contigo, uma apropriada orao para Gaio, que tinha a difcil misso de exercer liderana em uma igreja em que Ditrefes estava provocando discrdia.

JUDASO AutorO autor se apresenta como Judas, servo de Jesus Cristo e irmo de Tiago (v.1).Judas um nome hebraico e grego comum entre os judeus. Dos assim chamados no Novo Testamento, os que mais probabilidades tm de ser autor da carta o apstolo Judas, filho de Tiago (Lc 6.16) ou Judas, o irmo do Senhor (Mt 13.55). Este ltimo o mais provvel. O autor no reivindica ser apstolo, e at mesmo parece ser diferente dos apstolos (v. 17). Alm disso, refere-se a si mesmo como irmo de Tiago (v.1). Em geral, uma pessoa dos dias de Judas se apresentaria como filho de algum, e no como irmo. O motivo da exceo aqui pode ter sido por causa da posio de destaque que Tiago desfrutava entre os cristos de Jerusalm (At 15), sendo um dos pilares da Igreja (Gl 2.9).Embora nem Judas nem Tiago se apresentem como irmos do Senhor, outros no hesitavam em se referir a eles dessa forma (Mt 13.55; At 1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19). Segundo parece, eles no pediam para serem escutados em razo do privilgio especial de serem membros da famlia de Jos e Maria. Alis, Maria tambm em nenhum momento reivindicou para ela o destaque por ser me do Senhor Jesus, sempre se portou como algum comum entre os discpulos (At 1.14). Judas pode ter sido uma das pessoas mencionadas por Paulo em 1 Corntios 9.5, na referncia ao ministrio ambulante dos irmos do Senhor.

Segundo Jernimo e Ddimo, algunsdos cristosno aceitavam a carta como cannica por causa da citao de escritos apcrifos (v. 9 e 14). Mas o bom senso tem feito reconhecer que um autor inspirado pode legitimamente fazer uso de escritos no cannicos para fins ilustrativos ou para matria historicamentefidedigna ou aceitvel por outras razes, sem com isso estar defendendo a inspirao dos escritos apcrifos. Sob a influncia do Esprito Santo, a Igreja chegou convico de que a autoridade de Deus est por trs da carta de Judas. O fato de a carta ter sido questionada, posta prova e ainda assim ser definitivamente aceita pelas igrejas mostra quo fortes so suas justas alegaes de autenticidade.Outra objeo quanto qualidade do grego usado nesta epstola ser melhor do que seria de se esperar de um Galileu. Entretanto a Galileia era bilngue, usavam grego e aramaico no sculo I, e sabe-se muito pouco sobre o grego de Judas para se concluir que ele no poderia ter escrito esta carta. Podemos aceitar, sem dvidas, que o autor da carta Judas, o irmo do Senhor

DestinatrioA designao das pessoas s quais Judas endereou a carta muito genrica (v.1). Podia aplicar-se aos cristos judeus, a cristos gentios ou a ambos. Onde moravam tambm no est indicado.

Breve IntroduoEsta carta reflete fortemente o meio social do cristianismo judaico do sculo I, como era de se esperar de um autor como Judas. Entre as evidncias para a origem judaica do autor, temos as suas muitas referncias ao Antigo Testamento, a sua familiaridade com a tradio apcrifa judaica e sua forte preocupao tica.Nos versculos 14 e 15, Judas faz uma citao quase literal de uma obra apcrifa popular chamadaLivro de Enoqueou1Enoque. A fonte que ele usa era familiar a seus leitores e seria til para confirmar seu tema do julgamento divino contra os mpios.O Livro de Enoque era um escrito muito respeitado nos tempos de Judas. O fato de no ser cannico no significa que no contenha verdades, e ser citado por Judas no significa que ele o considerasse inspirado.

A carta foi evidentemente escrita antes de tudo para advertir a Igreja contra os mestres imorais, os libertinos. Falsos mestres que estavam usando a liberdade crist e a livre graa de Deus como licena para a imoralidade (v.4). Segundo parece, esses falsos mestres estavam tentando convencer os crentes que, sendo salvos pela graa, eles adquiriam a liberdade para pecar, uma vez que seus pecados j no seriam contados. Judas considerava imperativo que seus leitores fossem prevenidos contra tais homens, preparando-os para fazer oposio s doutrinas pervertidas destes com a verdade a respeito da graa salvfica de Deus. Mas a estratgia de Judas mais do que somente uma oposio negativa. Ele exorta seus leitores para que cresam no conhecimento da verdade crist (v.20), para que tenham um testemunho firme pela verdade (v.3) e para procurarem resgatar aqueles cuja f estava hesitante (v.22-23). Esta receita para confrontar erros espirituais to eficaz hoje como quando a carta foi escrita.Em geral, h uma aceitao de que esses falsos mestres eram gnsticos. Embora essa identificao possa estar correta, deve tratar-se de precursores do gnosticismo plenamente desenvolvido, que s passou a existir no sculo II.Cristo ir julgar esses maus elementos como fez com os anjos cados (v. 3-4). O fermento do mal estava agindo entre os lderes. Em contraste com esses indivduos, encontramos os verdadeiros seguidores da f, erguendo bem alto a cruz de Cristo (v. 20-23).QUEM ERAM OS INTRUSOS:Homens mpios mundanos;Convertem em dissoluo a graa de Deus carnais;Negam o nico e Soberano Senhor, Jesus Cristo cticos;Rejeitam o governo da igreja e difamam autoridades superiores indisciplinados;Aduladores de outros lisonjeadores;Sensuais, que no tm o Esprito- estranhos.

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