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UNIP - 2013/2 – PROF. LISTER ALBERNAZ DIREITO PROCESSUAL PENAL RECURSOS E EXECUÇÃO PENAL 1 SENTENÇA 1. Conceito: Sentença é decisão do juiz que soluciona o conflito de interesses trazido ao judiciário. Ou seja, é a decisão que põe fim ao processo decidindo ou não sobre mérito da causa. 2. Função: Fazer valer a vontade da lei no caso concreto. Tem, pois, função declaratória do direito anteriormente estabelecido. 3. Requisitos da sentença (art. 381, CPP e 458, CPC): I - Relatório ou exposição: é a exposição sucinta da acusação e da defesa e não obrigatoriamente o histórico do processo. Nele devem constar os nomes das partes, a exposição sumulada da acusação e da defesa e as principais ocorrências surgidas durante toda tramitação do feito. É ele, portanto, a história relevante do Processo. Sentença sem relatório é ato processual nulo. Nulidade absoluta (art. 564, III, m, ou 564, IV do CPP). Obs: No juizado especial criminal, contudo, a lei dispensa o relatório (art. 81, § 3º, da Lei 9099/95). II - Fundamentação ou motivação: A fundamentação constitui a segunda etapa no ato de proferir a sentença. É nela que o juiz aprecia a prova, valorando-a de acordo com o seu livre convencimento. A fundamentação deve ser coerente, não pode ser contraditória. A falta ou deficiência de fundamentação, também, constitui nulidade absoluta (art. 564, III, "m"). Tem se decidido reiteradamente que a não apreciação de qualquer prova existente nos autos, bem assim a não apreciação das teses defensivas constitui nulidade da sentença, por carência de fundamentação (art. 93, IX, da CF). 1 Apostila atualizada até 6 de março de 2013, com as alterações das Leis 11.689/2008 (alterações no Tribunal do Júri), 11.690/2008 (alterações das disposições sobre as provas no Código de Processo Penal), 11.719/2008 (alteração do procedimento comum), 11.900/09 (interrogatório virtual) 12.403/11 (medidas cautelares). 1

Apostila Recursos e Execução Penal

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Page 1: Apostila Recursos e Execução Penal

UNIP - 2013/2 – PROF. LISTER ALBERNAZ

DIREITO PROCESSUAL PENAL

RECURSOS E EXECUÇÃO PENAL1

SENTENÇA

1. Conceito: Sentença é decisão do juiz que soluciona o conflito de interesses trazido

ao judiciário. Ou seja, é a decisão que põe fim ao processo decidindo ou não sobre

mérito da causa.

2. Função: Fazer valer a vontade da lei no caso concreto. Tem, pois, função

declaratória do direito anteriormente estabelecido.

3. Requisitos da sentença (art. 381, CPP e 458, CPC):

I - Relatório ou exposição: é a exposição sucinta da acusação e da defesa e não

obrigatoriamente o histórico do processo. Nele devem constar os nomes das partes, a

exposição sumulada da acusação e da defesa e as principais ocorrências surgidas

durante toda tramitação do feito. É ele, portanto, a história relevante do Processo.

Sentença sem relatório é ato processual nulo. Nulidade absoluta (art. 564, III, m, ou

564, IV do CPP).

Obs: No juizado especial criminal, contudo, a lei dispensa o relatório (art. 81, § 3º, da Lei 9099/95).

II - Fundamentação ou motivação: A fundamentação constitui a segunda etapa no ato

de proferir a sentença. É nela que o juiz aprecia a prova, valorando-a de acordo com o

seu livre convencimento. A fundamentação deve ser coerente, não pode ser

contraditória. A falta ou deficiência de fundamentação, também, constitui nulidade

absoluta (art. 564, III, "m"). Tem se decidido reiteradamente que a não apreciação de

qualquer prova existente nos autos, bem assim a não apreciação das teses defensivas

constitui nulidade da sentença, por carência de fundamentação (art. 93, IX, da CF).

1 Apostila atualizada até 6 de março de 2013, com as alterações das Leis 11.689/2008 (alterações no Tribunal do Júri),11.690/2008 (alterações das disposições sobre as provas no Código de Processo Penal), 11.719/2008 (alteração doprocedimento comum), 11.900/09 (interrogatório virtual) 12.403/11 (medidas cautelares).

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III - Parte dispositiva ou conclusão: É a aplicação do direito ao caso É nesta parte

que o juiz aplica a lei ao caso concreto, quer absolvendo, quer condenando o réu;

Obs: Parte autenticativa: Nela se indica lugar, dia, mês e o ano da prolação da sentença e assinatura do

juiz. O entendimento majoritário é de que a sentença sem assinatura do juiz é ato jurídico inexistente.

4. Espécies de Sentença:

4.1. CONDENATÓRIAS: são aquelas em que o fato típico, antijurídico e culpável fica

demonstrado no conjunto probatório dos autos, ou seja, é quando se julga procedente a

acusação, no todo em ou parte. Subdividem-se em:

* próprias (as que impõem pena a ser cumprida)

c) Efeitos da sentença penal condenatória recorrível:

* Efeitos genéricos (gerais) da condenação (Art. 91, CP)

I) Certeza de obrigação de reparar o dano resultante da infração (art. 63,

CPP).

II) a perda em favor da União dos instrumentos e produtos do crime utilizados

ou auferidos pelo agente com a prática do fato criminoso.

* Efeitos específicos da condenação (art. 92, CP)

1) perda do cargo, função pública ou mandato eletivo

2) incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela

3) inabilitação para dirigir veículo

4.2. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA: São aquelas que julgam improcedente a pretensão

punitiva. Podem ser próprias ou impróprias. Nas próprias há absolvição, por qualquer

dos motivos do art. 386, I a VII; ou impróprias (as que impõem pena, porém aplicam

medida de segurança – art. 386, § único, III, CPP); e as definitivas em sentido estrito:

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estas adentram o mérito, mas nem condenam, nem absolvem (ex.: as que extinguem a

punibilidade – art. 107, CP).

* Casos de ocorrência – O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte

dispositiva, desde que reconheça (art. 386, CPP):

I – estar provada a inexistência do fato: Ex.: provou-se que não

houve homicídio, o laudo foi forjado, pois a vítima apareceu no

dia do Júri viva, acusado de furto, mas depois a própria vítima

acha a res em sua casa;

II – não haver prova da existência do fato: Ex.: o réu confessou

o homicídio, porém não houve prova de sua materialidade. Ex: O

exame de corpo de delito, quer o direto, quer o indireto;

III – não constituir o fato infração penal: a prostituição não

pode ser punida; cheque pré-datado (art. 171, § 2º, VI, CP);

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal

- com a nova redação dada ao inciso IV, a hipótese não é mais de

dúvida, pois há certeza de que o réu não concorreu para o crime e

que, portanto, não pode ser responsabilizado civilmente.

V - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração

penal (Ex.: o réu provou, com seu álibi, que não estava no local

do crime, tampouco induziu, instigou ou auxiliou o autor a

praticá-lo);

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o

réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do

Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua

existência (Tais hipóteses se referem à existência de

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circunstâncias que excluam o crime ou que isentem o réu de pena.

Por outro lado, criou-se mais um fundamento para a absolvição: o

juiz deverá absolver o réu quando houver dúvida acerca da

existência de tais circunstâncias.) Ex.: provou-se que o réu

agiu: com erro de tipo escusável (ex: pensa que a mulher está

morta e se casa novamente); ou sob o manto de qualquer das causas

que excluam a ilicitude (art. 23, CP - legítima defesa, etc.), ou

sob o manto das excludentes ou dirimentes putativas; a

culpabilidade (erro de proibição, coação moral irresistível,

etc.) ou a pena (escusas absolutórias);

VII – não existir prova suficiente para a condenação: aqui

aplica-se o brocardo in dubio pro reo. Nas hipóteses em que não

há prova da autoria ou, ainda que haja, a prova é frágil,

contraditória ou espúria.

* Efeitos principais da sentença penal absolutória (art. 386, § único, CPP):

1) Inciso I: O primeiro deles, é o direito de liberdade que terá o réu, independentemente

de recurso da acusação, salvo se por outro motivo estiver preso.

2) Inciso II: ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas

(Havendo sentença absolutória, o juiz deverá, dentre outras providências mencionadas

no citado parágrafo, ordenar a cessação das medidas cautelares que foram

provisoriamente aplicadas, tais como o sequestro, o arresto e a hipoteca legal);

3) O inciso III admite a hipótese de aplicação da medida de segurança (art. 97, CP), na

hipótese de sentença absolutória imprópria, que reconhece a inimputabilidade do réu,

por doença mental, desenvolvimento mental incompleto (silvícolas inadaptados) ou

retardado (oligofrênicos) (art. 26, CP).

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* Efeitos civis da sentença penal absolutória (art. 66, CPP): Em princípio, se o juiz

penal proferir sentença penal absolutória, essa circunstância não é impeditiva da

propositura da ação civil. Ou seja, pode, inclusive o ofendido antecipar-se a propositura

da ação penal e ingressar no juízo civil (art. 64, CPP) postulando a satisfação do dano

em relação ao autor do crime e, se for o caso, em relação ao seu responsável civil (art.

932, CC).

Com a Lei 11.689/08, alterou-se o inciso IV ao art. 387, do CPP, que trata das

providências que devem ser adotadas pelo juiz na sentença condenatória. Como se

depreende da redação da lei, o valor a ser fixado na sentença a título de reparação de

danos é mínimo e não impede que a vítima ajuíze ação cível própria para

complementação do ressarcimento por parte do autor do crime.

5. ESPÉCIES DE SENTENÇAS

a) Sentenças Simples: são aquelas originadas por órgão jurisdicional monocrático ou

singular.

b) Sentenças Subjetivamente Complexas: são aquelas que reclamam intervenção de

mais de um órgão na apreciação das questões que integram a lide. Ex: Decisões do

Tribunal do Júri (Os jurados decidem o mérito e o Juiz de Direito

aplica a pena).

c) Decisão coletiva ou Subjetivamente Plúrima: é aquela proferida por um órgão

colegiado homogêneo, ou seja, todos possuem competência para a apreciação da

matéria a ser julgada. Ex: as decisões proferidas pelos Tribunais de

Justiça e Superiores, por meio de seus integrantes (Câmaras,

Turmas).

6. INTIMAÇÃO DA SENTENÇA: É o ato pelo qual se dá ciência às partes de que a

decisão foi proferida. (arts. 390 a 392, CPP):

Obs: Importância: começa a fluir o prazo para interposição de recurso.

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a) Partes presentes na audiência: As partes serão intimadas logo após o Juiz prolatar

a sentença. Daí começa a correr o prazo para recurso (a partir da aludida audiência).

b) Intimação do MP (art. 390, CPP), Defensor Público, Defensor Nomeado (Dativo)

e Curador Nomeado pelo Juiz: Devem ser intimados sempre pessoalmente, sob pena

de nulidade.

c) Intimação do réu (art. 392, CPP): Em casos de sentença condenatória as hipóteses

são as seguintes:

*pessoalmente: nos termos dos incisos I, II, do art. 392;

*p/ edital: nos termos dos incisos incisos IV, V e VI, art. 392.

Obs: Prazo do edital. Se a pena for igual ou superior a um ano, o prazo do edital será

de 90 dias; se inferior a 1 (um) ano, o prazo será de 60 dias.

d) Intimação do defensor:

1 - Em sentenças absolutórias: só ele é intimado. Se nomeado, pessoalmente;

se constituído, pelo diário, AR, etc.;

2 - Em sentenças condenatórias: Nos termos dos incisos II e III, do art. 392,

CPP

Obs: Incluiu-se o § único do art. 387, determinando-se que "O

juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o

caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar,

sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser

interposta".

Com isso restou superada a polêmica ainda presente sobre a

necessidade ou não do juiz demonstrar, na prolação da sentença, a

permanência dos requisitos autorizadores da prisão cautelar (§

único do art. 387, CPP). Para deixar clara essa opção, o

legislador revogou expressamente o art. 594 do CPP.

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EMENDATIO E MUTATIO LIBELLI

I – EMENDATIO LIBELLI (art. 383): O art. 383, CPP, redação original, foi modificado,

passando a ter "caput" e dois parágrafos. Quanto ao "caput", que tem o mesmo sentido

do anterior art. 383. Em relação à redação anterior, inclui-se a expressão "sem

modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa". Isso quer dizer que o juiz

deverá ficar vinculado à descrição típica feita na denúncia ou queixa, o que é

decorrência lógica da correlação entre a imputação e a sentença. Acrescentou-se § 1º,

para abrigar construção jurisprudencial (Súmula 337 do STJ: "É cabível a suspensão

condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da

pretensão punitiva"). Assim, doravante, "Se, em conseqüência de definição jurídica

diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz

procederá de acordo com o disposto na lei". E, em se tratando de infração de

competência de outro Juízo, a este serão encaminhados os autos (novo art. 383, § 2º,

CPP).

Obs: Princípio da Consubstanciação: Por esse princípio, o réu defende-se dos fatos e

não da capitulação penal constante da denúncia ou queixa.

II - MUTATIO LIBELLI (art. 384): Houve significativas alterações no instituto da mutatio

libelli. Assim, encerrada a instrução probatória, se o juiz verificar que é possível dar

nova definição jurídica aos fatos em razão de haver nos autos prova de elemento ou

circunstância não descrita na denúncia, o Ministério Público deverá aditar a sua

acusação, no prazo de 5 dias, o que poderá ser feito inclusive de forma oral, com

redução a termo nesse caso.

Não havendo aditamento, determina o novo § 1º do art. 384 que se aplique o

art. 28 do CPP. De qualquer forma, após o aditamento, a defesa terá 5 dias para se

manifestar. Houve, portanto, unificação dos prazos para defesa no caso de mutatio

libelli.

O aditamento, assim como a denúncia original, está sujeito a recebimento, ou

não, pelo magistrado. No caso do juiz não receber o aditamento, a persecução penal

prosseguirá (§ 5º) - conclui-se que, nessa hipótese, obviamente a sentença não poderá

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considerar os elementos ou circunstâncias colhidas durante a instrução e não

constantes da peça acusatória original.

Realizado o aditamento, a pedido de qualquer das partes, o juiz pode reabrir a

audiência de instrução, com designação de nova data para a inquirição de

testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e, por fim,

julgamento (§ 2º do art. 384, CPP). O número de testemunhas continua limitado a 3

(três), as quais devem ser arroladas no prazo de 5 (cinco) dias pelas partes (§ 4º).

O novo § 3º do art. 384, por seu turno, determina que as mesmas regras

relativas à mutatio libelli concernentes desclassificação jurídica para crime que enseje a

suspensão condicional do processo ou a competência de outro juízo, se aplicam

também no caso de ‘emendatio’.

Obviamente, o juiz, ao prolatar a sentença, deverá ficar adstrito aos exatos

termos do aditamento da denúncia (§ 4º).

DA COISA JULGADA

(res judicata).

Considerações Gerais: A LICC, em seu art. 6º, § 3º, define coisa julgada como:

"Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que

já não caiba recurso". Art. 5º, inc. XXXVI: "a lei não prejudicará o

direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".

1. Conceito: A coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da sentença, tornando

indiscutível a matéria dentro do processo em que foi julgada a lide (efeito preclusivo) e

em qualquer outro processo que surgir posteriormente.

2. Natureza jurídica: A coisa julgada não é efeito da decisão, mas a qualidade

atribuída a esses efeitos capaz de lhe conferir imutabilidade (que não pode ser

modificada).

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3. Fundamento (função): Visa a segurança jurídica e social, obstando que os litígios se

eternizem no tempo, não havendo mais possibilidade de recursos, ou porque houve

preclusão (perda do direito) ou porque se esgotaram todos os meios recursais

possíveis. Ou seja, é necessário colocar um ponto final nos processos.

4. Espécies: Existem duas espécies de coisa julgada.

a) Coisa julgada formal: é aquela que reflete a imutabilidade da sentença no processo,

seja porque precluíram os prazos recursais, seja porque se esgotaram todos os

recursos previstos na lei. Ou seja, impede nova discussão sobre o fato no mesmo

processo. A matéria está finda (decidida) no processo, de modo que o juiz não poderá

alterá-la ou modificá-la. Ex: O juiz que condenou o réu a 3 anos de reclusão por furto

simples, não poderá modificar sua própria decisão, passando o crime para furto

qualificado, caso se descubram novas provas.

b) Coisa julgada material. É quando a imutabilidade da sentença se projeta fora do

processo, obrigando outro juiz a acatar tal decisão, ou seja, proíbe-se a discussão fora

do processo em que foi proferida a decisão. Ex: Juiz de comarca diversa não poderá

julgar o réu pelo mesmo crime que já fora condenado.

Obs: O fundamento da coisa julgada material é a necessidade de estabilidade nas relações jurídicas. A

coisa julgada material, que é a imutabilidade do dispositivo da sentença e seus efeitos, tornando

impossível a rediscussão da lide.

6. Efeitos modificativos da coisa julgada material: Todavia, em nosso direito

processual penal, a imutabilidade da coisa julgada material não é absoluta, pois é

possível, em nosso sistema jurídico, a sentença penal condenatória transitada em

julgada ser atacada através das ações impugnativas e causas extintivas de

punibilidade:

a) Ações impugnativas: São os instrumentos autônomos destinados ao desfazimento

de decisões judiciais fora dos processos em que elas foram proferidas, com

estabelecimento de procedimento diverso daquele em que foi prolatada a decisão

impugnada). Ex: revisão criminal (arts. 621 e 626, CPP), e pelo habeas corpus (art. 648,

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incs. VI e VII, CPP - nulidade manifesta ou extinção da punibilidade ocorrida durante o

processo).

b) Causas extintivas da punibilidade: Também, a sentença penal condenatória

transitada em julgado pode ser destruída através de três causas extintivas da

punibilidade: a anistia (art. 107, II, CP), a prescrição retroativa (art. 110, § 2º do CP) e a

abolitio criminis (inc. III do art. 107 – é quando deixa de considerar determinado fato

como crime), todas elas com efeito retrooperante e demolidor da própria condenação

em si, com o desfazimento da perda da primariedade e de todos os demais efeitos

condenatórios do decisum, que, simplesmente, desaparece do mundo jurídico.

* Anistia – Tradicionalmente destinada aos crimes políticos, extinguindo-se a ação e a

condenação;

* Graça – É o indulto individual, alcançando todas as sanções impostas ao condenado;

* Indulto – É aquela que abrange sempre um grupo de pessoas.

5. Coisa julgada e Coisa Soberanamente Julgada.

a) Decisão absolutória: No processo penal pátrio, só as decisões absolutórias, com o

trânsito julgado, fazem coisa soberanamente julgada. Vale dizer, ainda que surjam

novas provas contra o réu, jamais pode ser reaberto outro processo para julgá-lo

novamente. Vedada a revisão pro sociedade.

b) Decisões condenatórias. No CPP, as decisões condenatórias fazem coisa julgada.

Isto significa que, mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o réu,

via revisão criminal, poderá rediscutir a matéria e obter uma decisão absolutória. E,

dependendo do caso, o HC poderá atacar a coisa julgada.

7. Requisitos para a argüição da exceção da coisa julgada: Para que seja proposta

a exceção de coisa julgada, basta que o réu e a narração do fato descrito como crime

de determinada ação penal sejam idênticas às de outra ação penal já proposta, com

sentença transitada em julgado.

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Page 11: Apostila Recursos e Execução Penal

DAS NULIDADES

1. Conceito: Nulidade é a sanção cominada pelo ordenamento jurídico ao ato praticado

em desrespeito às formalidades legais. É todo vício que macula o ato processual. A

nulidade por sua vez, dependendo da gravidade do vício processual, pode ser Absoluta

ou Relativa.

2. Classificação: As nulidades processuais classificam-se da seguinte forma:

a) Atos irregulares: ofende a norma legal infraconstitucional e não acarreta qualquer

consequência processual – Ex: denúncia oferecida fora do prazo legal, que pode

sujeitar o Promotor a PAD (Processo Admin. Disciplinar).

b) Ato inexistente: o vício é de tal monta que afeta até a própria existência do ato. Ex.

Sentença dada por quem não é juiz ou sem a assinatura do magistrado; sentença que

falte a parte dispositiva.

* Ato nulo é aquele que não produz efeitos até que seja convalidado;

* Ato anulável é aquele que produz efeitos até que seja invalidado.

c) Nulidade relativa: o vício ofende a norma legal, promovendo consequência

processual, porém, dependerá da arguição no momento oportuno e a efetiva

demonstração de prejuízo – ex. art. 572, 571 do CPP e 564, no tocante as formalidades.

Deficiência de quesito no Júri, que deve ser argüido após a leitura dos mesmos em

plenário, deve-se demonstrar o prejuízo.

c) Nulidade absoluta: se a ofensa for a norma constitucional, pois a obediência às

regras do “devido processo legal” é essencial à prestação jurisdicional.Ex.: inclusão de

qualificadora na sentença de pronúncia, que não esteja nem implicitamente narrada na

denúncia.

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Obs: a nulidade processual só produz efeito depois de declarada pelo Órgão Judicial, e atinge tão só os

atos inquinados, podendo ser aproveitados outros dentro do processo.

3. Natureza Jurídica: Trata-se de uma sanção processual.

4. Objeto: uma nulidade pode recair sobre um ato, procedimento ou sobre o processo

inteiro.

5. Diferença entre Nulidade Absoluta e Nulidade Relativa

A nulidade absoluta é irreversível, não se convalidando. Ela produz um ato

nulo, onde o prejuízo é presumido. Ex.: sentença sem fundamento, processo sem

defensor, etc.

A nulidade relativa é reversível, isto é, admite convalescimento, ou seja, é

sanável. Produz um ato anulável. O prejuízo não é presumido, ou seja, necessita ser

comprovado. Ex.: falta de curador no interrogatório do menor.

Obs: As nulidades do art. 564, III, são absolutas, salvo as indicadas no Art. 572 do CPP.

NULIDADES ABSOLUTAS NULIDADES RELATIVAS

Devem e podem ser reconhecidas de ofício,independentemente de alegação da parte, epoderá fazê-lo a qualquer tempo, emqualquer fase do processo ou grau dejurisdição, não se sujeitando a nulidadeabsoluta portanto, a preclusão.

Devem se apontadas, suscitadas pela parte,embora o juiz possa reconhecê-las de ofício, naforma do art. 251 do CPP, que cabe ao juiz zelarpela regularidade do processo, desde que hajaprova do prejuízo.

O prejuízo na nulidade absoluta é presumidoiures et iure, isto é, há uma presunçãoabsoluta de prejuízo, a ADA prefere chamarde prejuízo manifesto. Diz-se que na nulidadeabsoluta há prejuízo para o devido processolegal.

Para, o reconhecimento da nulidade relativa devehaver prova de prejuízo, na forma dos art. 563 queprevê o princípio do prejuízo, uma vez que não hánulidade sem prejuízo para a acusação ou para adefesa. E o art. 566 também diz respeito à nulidaderelativa.

E mais, o MP mesmo sendo parte nas açõespenais públicas, atua sempre como fiscal dalei, e deve sempre relatar as nulidadesabsolutas, pois a este interessa a prolação deuma sentença legal e justa, tendo o MP odever de zelar pelo devido processo legal.

O MP pode e deve apontar nulidades relativas,ainda que seu reconhecimento favoreça a defesa,ao réu, pois este é órgão estatal que zela pelaobservância das leis, interessa para estes oprocesso legal, justo, na forma do art. 565 queprevê que nenhuma das partes poderá argüirnulidade a que haja dado causa, ou que tenhaconcorrido, ou referente a formalidade cujaobservância só à parte contrária interesse. Aprimeira parte do referido artigo, a doutrina chamade princípio da lealdade processual no processopenal, pois ninguém pode se beneficiar da própriatorpeza. A parte final não se aplica a toda

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evidência ao MP a quem cabe zelar pelaregularidade do processo.

6. Princípios Fundamentais das Nulidades

6.1. Princípio do Prejuízo (art. 563, CPP): Não há nulidade se não houver prejuízo.

Esse princípio aplica-se à nulidade relativa, na qual precisa ser demonstrado o prejuízo,

pois, na nulidade absoluta, esse é presumido.

No processo penal, a falta de defesa acarreta a nulidade absoluta e

a defesa deficiente produz nulidade relativa (Súmula nº 523, STF).

6.2. Princípio do Interesse (art. 565, CPP): Ninguém pode alegar nulidade que só

interesse à parte contrária. Esse princípio só se aplica à nulidade relativa, pois a

absoluta pode ser alegada por qualquer pessoa.

Ninguém pode argüir nulidade para a qual tenha concorrido ou dado causa. Como

exceção o Ministério Público pode argüir nulidades que interessem somente à defesa.

6.3. Princípio da Instrumentalidade das Formas (art. 566, CPP): Não se declara a

nulidade de ato que não influiu na apuração da verdade real e na decisão da causa, e

também de ato que, apesar de praticado de forma diversa da prevista, atingiu sua

finalidade (art. 572, II, do CPP).

6.4. Princípio da Causalidade ou Consequencialidade (art. 573, § 1º, CPP): A

nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente

dependam ou sejam consequência. Todos os atos visam a sentença; os atos

processuais são entrelaçados entre si. Assim, se um ato é nulo, os demais que dele

dependam também o serão.

O juiz deve declarar expressamente quais são os atos contaminados.

Obs: Para o Tribunal reconhecer a nulidade relativa, ela deve ser apresentada nas alegações finais. Apenas

será anulada a sentença; a inquirição de testemunhas não precisa ser anulada.

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6.5. Princípio da Convalidação: Todas as nulidades no processo penal admitem

convalidação, até mesmo as absolutas. Somente as nulidades relativas precluem se

não argüidas no momento oportuno.

Entretanto, existem outras formas de convalidação além da preclusão. O Código

de Processo Penal elenca três formas de convalidação:

a) Ratificação: prevista no artigo 568, do CPP. É uma maneira de se convalidar a

nulidade decorrente de ilegitimidade de parte. Se a parte legítima comparecer e ratificar

os atos anteriormente praticados, a nulidade se convalida.

A ilegitimidade pode ser: ad causae ou ad processum.

- Ilegitimidade ad causae: Ex: o Ministério Público oferece denúncia em crime de

ação penal privada.

- Ilegitimidade ad processum: Ex: a queixa na ação penal privada é apresentada

pela vítima menor de 18 anos ou por um terceiro que não é o representante legal da

vítima.

A ratificação só é possível na ilegitimidade ad processum tratando-se essa de

nulidade relativa.

b) Suprimento: de acordo com o artigo 569 do CPP: “As omissões da denúncia ou da

queixa, ... poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.” É a maneira

de se convalidar possíveis omissões constantes na denúncia ou na queixa.

c) Substituição: segundo o artigo 570 do CPP é a maneira de convalidar nulidades da

citação, intimação ou notificação. Ex: réu processado é procurado em um dos seus

endereços, mas não é encontrado. Em vez de procurá-lo nos demais endereços, o juiz

ordena a citação por edital. No dia do interrogatório, o réu comparece para arguir a

nulidade da citação. Convalesce o vício e é aberto novo prazo para apresentação da

defesa. A medida deveria ter sido realizada de uma forma, mas foi substituída por

outra.

7. Do Procedimento da Nulidade em 1º Grau.

1. O juiz pode reconhecer qualquer nulidade de ofício (art. 251, CPP).

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Page 15: Apostila Recursos e Execução Penal

2. Se o juiz não reconhecer de ofício, as partes podem arguir a nulidade.

a) Nulidade absoluta - pode ser arguida em qualquer momento, mesmo após o

trânsito em julgado. A via jurídica é a revisão criminal ou habeas corpus.

b) Nulidade relativa - segue duas regras:

1. deve ser arguida no momento certo. O momento está no Art. 571 do

CPP. Perdido o Momento, ocorre a preclusão temporal. O Ato se

convalesce, está sanado.

2. é preciso comprovar o prejuízo.

8. Do Reconhecimento da Nulidade em 2º Grau: O Tribunal pode reconhecer

nulidade em grau de recurso, desde que as partes tenham pedido a nulidade do

recurso. Todavia, se ninguém pediu a nulidade, o Tribunal pode reconhecê-lo de ofício

em benefício do réu.

9. Legitimidade: qualquer parte pode argui-la (art. 565 do CPP), desde que:

a) não tenha dado causa a nulidade;

b) não tenha concorrido para a nulidade;

c) tenha interesse.

10. Efeitos da Declaração da Nulidade (art. 573 do CPP):

α) Os atos declarados nulos devem ser renovados ou refeitos.

β) O ato processual não afetado pela nulidade deve ser conservado,

preservado, mantido intacto.

χ) Os atos afetados pela nulidade devem também ser declarados

nulos. O juiz deve dizer quais os atos que foram afetados pela nulidade. Por exemplo:

citação nula, o processo estará totalmente nulo dela para frente. O Juiz pode dizer

que declara nulo o processo a partir das folhas de número tal. É a nulidade derivada

ou ineficácia contagiosa.

11. Recurso: quando o juiz anula o ato, é cabível o recurso em sentido estrito.

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Page 16: Apostila Recursos e Execução Penal

12. A incompetência do juízo é nulidade relativa ou absoluta? Depende de qual é a

incompetência do juízo. Ex: se for incompetência ratione materiae (justiça militar julga

crime comum), é nulidade absoluta. Se for incompetência ratione loci, a nulidade é

relativa.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Considerações Gerais: A palavra recurso vem do vocábulo latino recursus, que

significa corrida para trás, caminho para voltar, volta”, sintetizando recurso como sendo

”o direito público subjetivo de pedir o reexame de uma decisão”.

1. Conceito: É o meio processual voluntário ou obrigatório de impugnação de uma

decisão, utilizado antes da preclusão (perda do prazo), apto a propiciar um resultado

mais vantajoso na mesma relação jurídica processual, decorrente de reforma,

invalidação, esclarecimento ou confirmação; Em suma, é o pedido de reexame e

reforma de uma decisão judicial.

2. Razões: A falha humana e o inconformismo natural daquele que é vencido

(sucumbente) e deseja submeter o caso ao conhecimento de outro órgão jurisdicional;

ele instrumentaliza o princípio do “duplo grau de jurisdição”.

3. Finalidade: A finalidade principal é o reexame de uma decisão por órgão

jurisdicional de superior instância (apelação, RESE etc.) ou pelo mesmo órgão que a

prolatou (embargos de declaração, RSE no juízo de retratação etc.).

4. Classificação:

4.1. Quanto à fonte:

− constitucionais – são aqueles previstos no próprio texto da CF (ex.: HC, recurso

especial, recurso extraordinário etc.).

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Page 17: Apostila Recursos e Execução Penal

- legais – são aqueles previstos no CPP (ex.: Apelação, RSE, embargos de declaração,

infringentes ou de nulidade, revisão criminal, carta testemunhável etc.) ou em leis

especiais (ex.: agravo em execução etc.).

- regimentais – são aqueles previstos no regimento interno dos tribunais (ex: agravo

regimental).

4.2. Quanto a iniciativa:

- voluntários – são aqueles em que a interposição do recurso fica a critério exclusivo

da parte que se sente prejudicada pela decisão do juiz; é a regra no processo penal.

- necessários (ou “de ofício” ou anômalos) – em determinadas hipóteses, o

legislador estabelece que o juiz deve recorrer de sua própria decisão, sem a

necessidade de ter havido impugnação por qualquer das partes; se não for interposto a

decisão não transitará em julgado (ex.: da sentença que concede HC (art. 574, I, CPP);

da decisão que arquiva IP ou da sentença que absolve o réu acusado de crime contra a

economia popular ou contra a saúde pública).

4. Princípios Gerais dos Recursos:

− a) Fungibilidade – salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela

interposição de um recurso por outro (art. 579, CPP)

− b) Duplo grau de jurisdição: as partes têm direito a um segundo exame da

situação jurídica levada a julgamento, devendo, em regra, serem apreciados pelas

superiores instâncias.

− c) Unirrecorribilidade: para cada decisão judicial é cabível um único recurso.

Exceção: ocorre nos casos de interposição dos recursos especial e extraordinário, ao

mesmo tempo.

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Page 18: Apostila Recursos e Execução Penal

d) Variabilidade dos Recursos: Por esse princípio, a parte pode desistir de recurso

interposto.

Obs: O MP não desiste de recurso (art. 576, CPP).

e) Taxatividade dos Recursos: Os recursos devem ser previstos em lei, não se

admitindo que a parte requeira a reforma de uma decisão sem que haja previsão legal

de impugnação.

5. Pressupostos:

5.1.OBJETIVOS:

- cabimento/adequação: o recurso tem que ser cabível, ou seja, deve estar previsto

em lei, e adequado à espécie.

- observância das formalidades legais – a apelação e o RSE podem ser interpostos

por petição ou por termo; o recurso extraordinário, o recurso especial, os embargos

infringentes, os embargos de declaração, a carta testemunhável, o HC e a correição

parcial só podem ser interpostos por petição; outra formalidade que deve ser observada

é o recolhimento do réu à prisão, quando a decisão assim o determinar.

- tempestividade – deve ser interposto dentro do prazo previsto na lei; não se computa

no prazo o dia do começo, mas inclui-se o do término; os prazos são peremptórios e a

perda implica o não-recebimento do recurso; prazos: 15 dias (recurso extraordinário e

especial), 10 dias (embargos infringentes e de nulidade), 05 dias (apelação, RESE), 02

dias (embargos de declaração), 48 horas (carta testemunhável), não há prazo (revisão

criminal, HC);

- inexistência de fatos impeditivos: são elementos que impedem a propositura do

recurso: a) renúncia, b) e o não recolhimento à prisão nos casos que a lei exige (o art.

594 do CPP foi revogado expressamente pela Lei 11.719/08).

- inexistência de fatos extintivos: são elementos que extinguem o recurso interposto:

a) desistência; b) deserção (§ 2º, art. 806, CPP).

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Page 19: Apostila Recursos e Execução Penal

Obs: no caso da fuga do réu, depois de haver apelado – Ver Súmula 347, STJ.

5.2. SUBJETIVOS:

- legitimidade – o MP, o querelante, o réu/querelado, seu defensor ou procurador, o

assistente de acusação.

- interesse do recorrente – interesse na reforma ou modificação da decisão; está

ligado à ideia de sucumbência e prejuízo, ou seja, daquele que não obteve com a

decisão judicial tudo aquilo que pretendia.

6. Juízo de Admissibilidade ou de prelibação: Na teoria geral dos recursos, há um

órgão jurisdicional contra o qual se recorre, que é denominado juízo a quo, e outro

órgão jurisdicional para o qual se recorre, chamado juízo ad quem.

6.1. Juízo a quo: O efeito geral do juízo de admissibilidade no primeiro grau é o de

permitir, se positivo, a passagem para o julgamento do mérito ou de impedi-la, se

negativo.

6.2. Juízo ad quem: O Tribunal (Juiz “ad quem”), antes de julgar o mérito do recurso,

deve também analisar se estão presentes os pressupostos recursais (novo juízo de

admissibilidade); estando ausentes qualquer dos pressupostos não conhecerá o

recurso (Ex: Intempestividade); Todavia, se estiverem todos eles presentes, conhecerá

deste e julgará o mérito, dando ou negando provimento ao recurso (juízo de mérito ou

prelibação).

7. Juízo de Mérito ou Delibação (provimento): Em regra, o juízo de mérito do recurso

é da competência exclusiva do órgão jurisdicional superior, salvo determinação legal

expressa.

Vencido o juízo de admissibilidade pelo conhecimento do recurso, abrem-se

duas possibilidades: ou se lhe nega provimento, por entender-se infundada a

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Page 20: Apostila Recursos e Execução Penal

impugnação, ou se lhe dá provimento. Neste último caso, podem ocorrer duas

hipóteses: o órgão superior reforma a decisão recorrida, ou a anula.

Reforma-a, quando reconhece o error in judicando (ou seja, quando a

decisão recorrida não aplicou corretamente o direito material). Anula-a, ao verificar a

presença do error in procedendo (ou seja, quando a decisão recorrida não apreciou

corretamente questões processuais).

No primeiro caso — reforma da decisão, pelo mérito da causa (error in

judicando) — o objeto do juízo recursal coincide com o objeto do juízo de grau inferior;

assim, não podendo subsistir duas decisões com o mesmo objeto, a segunda substitui a

primeira, nos limites do conhecimento do órgão ad quem.

Na hipótese de provimento do recurso para anular a decisão recorrida, por

error in procedendo (procedimento), o julgamento do juízo ad quem não coincide

com o da jurisdição inferior nem o substitui: o que existe é a sua cassação, para que o

próprio órgão a quo, profira nova decisão.

8. Extinção normal dos recursos: Dá-se com o julgamento do mérito pelo tribunal “ad

quem”.

9. Extinção anormal dos recursos:

- desistência – ocorre quando, após a interposição e o recebimento do recurso pelo

juízo “a quo”, o autor do recurso desiste formalmente do seu prosseguimento; o MP não

pode desistir (art. 576, CPP).

- falta de preparo – não-pagamento das despesas referentes ao recurso (art. 806, §

2º).

Obs: * deserção – ocorre quando o réu foge da prisão depois de haver apelado (não se aplica mais – Ver

Súmula 347, STJ).

10. efeitos dos recursos:

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Page 21: Apostila Recursos e Execução Penal

* Devolutivo:– a interposição reabre a possibilidade de análise da questão combatida

no recurso, através de um novo julgamento. Ou seja, é a devolução ao órgão superior

para o reexame da matéria objeto da decisão.

* Suspensivo – a interposição impede a eficácia (aplicabilidade) da decisão recorrida; a

regra no processo penal é a não-existência deste efeito, sendo assim, um recurso terá

tal efeito quando a lei expressamente o declarar. Ex: art. 597, CPP.

* Regressivo (ou iterativo, diferido): a interposição faz com que o próprio juiz prolator

da decisão tenha de reapreciar a matéria, mantendo-o ou reformando-a, total ou

parcialmente; poucos possuem este efeito. Ex: RESE/ Agravo em Execução Penal/

Correição Parcial.

* Extensivo – havendo dois ou mais réus, com idêntica situação processual e fática, se

apenas um deles recorrer e obtiver qualquer benefício, será o mesmo estendido aos

demais que não recorreram. Ex: art. 580, CPP.

DOS RECURSOS EM ESPÉCIE

1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (art. 581, CPP).

1. Conceito: É o recurso mediante o qual se procede ao reexame de uma decisão nas

matérias especificadas em lei, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova

apreciação da questão, antes da remessa dos autos à segunda instância.

2. Competência para o julgamento: O recurso deve ser endereçado ao Tribunal

competente para apreciá-lo, mas a interposição far-se-á perante o juiz recorrido, para

que este possa rever sua decisão (juízo de retratação).

3. Prazos: O prazo será de cinco dias, a partir da intimação da decisão (art. 586, CPP).

Obs: No caso do inciso XIV, será de vinte dias, a contar da publicação da lista geral de jurados (CPP, art.

586, caput e seu § único).

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Page 22: Apostila Recursos e Execução Penal

4. Hipóteses de Cabimento: O recurso em sentido estrito cabe nas hipóteses previstas

no art. 581, do Código de Processo Penal. Assim, caberá recurso em sentido estrito da

decisão, despacho ou sentença:

I) que rejeitar a denúncia ou queixa. Cuida-se da hipótese de recurso contra decisão

interlocutória mista terminativa ou, simplesmente, sentença terminativa. Na situação

inversa, ou seja, de recebimento da denúncia ou queixa, é incabível esse recurso,

podendo o acusado valer-se do habeas corpus.

Exceções: Em se tratando de decisão que rejeita denúncia ou queixa que capitula

infração de competência do Juizado Especial Criminal, será também cabível apelação

para a Turma Recursal (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95).

II) que concluir pela incompetência do juízo. Trata-se da decisão pela qual o julgador

reconhece espontaneamente (ex officio) sua incompetência para julgar o feito, sem

que tenha havido oposição de exceção pelas partes (procedimento incidental), pois,

nesta última hipótese, o recurso terá fundamento no inciso III.

Obs: Havendo desclassificação na fase da pronúncia (art. 419) em crimes de competência do júri, cabível

a interposição do recurso com fulcro neste inciso.

III) que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição. O art. 95, do CPP,

enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, incompetência do juízo,

litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada.

IV) que pronunciar o réu. No primeiro caso, temos uma decisão interlocutória mista

não terminativa, que encerra uma fase do procedimento, sem julgar o mérito, isto é,

sem declarar o réu culpado.

V) que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir

requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou

relaxar a prisão em flagrante. A concessão da fiança, medida de contra-cautela, é

regulada pelos arts. 322 e seguintes, do CPP. A decisão pela qual o juiz confirma a

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Page 23: Apostila Recursos e Execução Penal

fiança arbitrada pela autoridade policial equivale à de arbitramento pelo magistrado,

sendo cabível o recurso em sentido estrito.

As partes podem insurgir-se contra a decisão ainda que para discutir somente

o valor da fiança exigida, quando o reputem insuficiente ou exagerado.

A fiança será cassada, em qualquer fase do processo, caso se reconheça não

ser ela cabível na espécie ou quando reconhecida a existência de delito inafiançável em

virtude de inovação na classificação da infração (arts. 338 e 339).

O recurso pode ser tirado, também, da decisão que conceder a liberdade

provisória ou relaxar prisão em flagrante.

Por outro lado, a decisão que decreta a prisão preventiva ou aquela que

indefere pedido de relaxamento do flagrante, bem assim a decisão que não concede a

liberdade provisória, são irrecorríveis, podendo ser objeto de impugnação por via de

habeas corpus.

VII) que julgar quebrada a fiança ou perdido se valor. Considera-se quebrada a

fiança nas seguintes hipóteses dos arts. 327, 328, 341, 344 do CPP. Decretada a

quebra da fiança ou o perdimento de seu valor, caberá recurso em sentido estrito.

VIII) que decretar a prescrição ou julgar por outro modo, extinta a punibilidade.

Reconhecida a existência de qualquer causa extintiva da punibilidade, é cabível o

recurso em sentido estrito. Ver art. 397, IV, CPP

Obs: As decisões proferidas em sede de execução, no entanto, são impugnáveis por via de agravo (art.

197, da LEP).

IX) que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa

extintiva da punibilidade. Passível de impugnação por via do recurso em sentido

estrito a decisão que desacolhe requerimento de reconhecimento de causa extintiva da

punibilidade.

X) que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. Proferida a sentença em

habeas corpus pelo juiz de primeiro grau, poderá ser interposto recurso em sentido

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Page 24: Apostila Recursos e Execução Penal

estrito. Possível a interposição em caso de concessão, denegação ou de julgar-se

prejudicado o pedido de ordem de habeas corpus.

Obs: A decisão concessiva da ordem, além de impugnável pelo recurso voluntário, está sujeita ao duplo

grau de jurisdição obrigatório (recurso de ofício), nos termos do disposto no art. 574, inciso I, do CPP.

XI) que conceder, negar ou revogar a suspensão da pena (art. 77, CP)

XIII) que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte. A decisão

pela qual o juiz declara nulo o processo, no todo ou em parte, é enfrentada pelo recurso

em sentido estrito (art. 564 e segs. CPP).

XIV) que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir. Anualmente, é organizada a

lista geral de jurados, que se publicará em novembro e poderá ser alterada de ofício ou

por reclamação de qualquer do povo, até a publicação da lista definitiva, que ocorre no

dia 10 de novembro de cada ano (art. 426, § 1º, CPP). A lista definitiva pode, então, ser

impugnada por via de recurso em sentido estrito, no prazo de 20 dias, dirigido ao

presidente do Tribunal de Justiça.

Obs: Podem recorrer o Ministério Público e qualquer do povo que tenha

interesse, em geral o jurado excluído ou incluído na lista (art. 426, CPP).

XV) que denegar a apelação ou a julgar deserta. Cabível o recurso em sentido estrito

da decisão que, por qualquer motivo, nega seguimento à apelação. Trata-se de decisão

por meio da qual o magistrado realiza juízo de admissibilidade do recurso.

Obs: Cuida-se de exceção à regra segundo a qual é cabível a carta testemunhável como meio de impugnar

decisão que nega seguimento a recurso. Assim, se o juiz não recebe o recurso em sentido estrito

interposto contra a decisão que negou seguimento à apelação, poderá a parte valer-se da carta

testemunhável.

XVI) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial.

Questões prejudiciais são as matérias que devem ser apreciadas pelo juiz antes de

julgar a lide principal, relativas a um elemento constitutivo do crime e que subordinam,

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Page 25: Apostila Recursos e Execução Penal

necessariamente, a decisão da causa. Em tais casos, há relação de dependência lógica

entre a questão prejudicial e a questão principal (ou prejudicada).

XVIII) que decidir o incidente de falsidade (art. 145, CPP). O dispositivo refere-se à

decisão proferida no processo incidente instaurado a pedido de alguma das partes para

constatar a autenticidade de documento que se suspeita falso.

Obs: Os incisos XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII foram “derrogados” pela Lei de

Execução Penal (Lei nº 7.210/84)

5. Efeitos: O recurso em sentido estrito provoca, em regra, provoca o efeito devolutivo,

isto é, a devolução do julgamento da matéria ao segundo grau de jurisdição, e o efeito

regressivo (iterativo ou diferido), que consiste na possibilidade de o próprio juiz

reapreciar a decisão recorrida (juízo de retratação).

Obs: A regra é a da não-produção do efeito suspensivo, sendo cabível apenas nas hipóteses elencadas no

art. 584, CPP. A interposição do recurso acarreta a suspensão dos efeitos da decisão impugnada.

2. APELAÇÃO (art. 593, CPP).

1. Conceito: É o recurso interposto da sentença definitiva de condenação ou

absolvição ou da decisão definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância,

com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente manutenção,

modificação parcial ou total da decisão, ou cassação do julgado em acolhimento a uma

eventual nulidade.

2. Finalidade: Levar à 2ª instância a apreciação da matéria decidida pelo juiz de 1°

grau. Portanto, constitui recurso manifestado pela parte que se julga prejudicada pela

decisão judicial prolatada no primeiro grau de jurisdição

3. Características:

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Page 26: Apostila Recursos e Execução Penal

a) recurso amplo – porque pode devolver ao tribunal o julgamento pleno da matéria

objeto da decisão;

b) instrumento residual – interposto somente nos casos em que não houver previsão

expressa de cabimento de RSE (princípio da uni-recorribilidade).

c) recurso preferível – cabível a apelação, não poderá ser interposto RSE contra parte

da decisão;

d) plena (recurso dirigi-se contra a decisão em sua totalidade) ou parcial (visa

impugnar somente em parte) – tem aplicação o princípio do “tantum devolutum quantum

appellatum”, segundo o qual só poderá ser objeto de julgamento pelo tribunal a matéria

que lhe foi entregue pelo recurso da parte;

e) principal (quando interposta pelo MP) e subsidiária ou supletiva (quando,

esgotado o prazo recursal para o MP, o ofendido, habilitado ou não como assistente,

interpuser o recurso);

4. Hipóteses de cabimento nas decisões do juiz singular (art. 593, CPP):

I - Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular -

Trata o dispositivo das sentenças nas quais o juiz julga o mérito da causa, pondo fim à

lide, declarando procedente ou improcedente a pretensão punitiva estatal.

II - Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular,

desde que não cabível o recurso em sentido estrito.- Compreende o dispositivo duas

espécies de decisão: as definitivas — que por fim à relação processual ou ao

procedimento, sem, contudo, condenar ou absolver o réu (ex.: que decide incidente de

restituição de coisas apreendidas; que concede a reabilitação), e as com força de

definitivas — que põem fim ao processo ou a uma fase processual, sem apreciar o

mérito (ex.: decisão que rejeita a denúncia ou homologa transação penal nos JEC`s;

decisão de pronúncia).

5. Hipóteses de cabimento nas decisões do tribunal do júri (art. 593, III, CPP):

a) Quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia: Trata esse dispositivo dos vícios

posteriores à pronúncia, uma vez que aqueles ocorridos anteriormente devem ser

objeto de recurso tirado contra a própria pronúncia, sob pena de preclusão. Ex: Podem

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Page 27: Apostila Recursos e Execução Penal

ser objeto de apelação, portanto, as nulidades relativas ocorridas após a pronúncia,

desde que alegadas oportunamente, bem como as nulidades absolutas,

independentemente de arguição em momento determinado. Na hipótese de ser dado

provimento ao recurso, o ato viciado, bem assim os ulteriores que dele dependam,

serão anulados e o réu submetido a novo julgamento.

b) Quando a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou à decisão dos

jurados - A sentença do juiz deve, obrigatoriamente, espelhar o veredicto dos jurados.

Caso haja discrepância entre aquilo que foi decidido pelos jurados e a sentença

proferida pelo magistrado, caberá apelação. Ex: Quando os jurados reconhecem uma

qualificadora e o juiz-presidente condena o acusado por homicídio simples.

c) Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de

segurança: Se a sentença ostentar erro ou injustiça no que se refere à aplicação da

pena ou medida de segurança, será apelável. Ex: Quando o juiz aplicar pena aquém do

mínimo legal, bem assim quando determinar a sujeição a tratamento ambulatorial em

razão de prática de crime apenado com reclusão (art. 96, do CP).

d) Quando for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos: É

quando a decisão dos jurados que se mostre manifestamente contrária à prova dos

autos. Entende-se por decisão manifestamente contrária à prova dos autos a que não

encontra qualquer suporte nos elementos de convicção existentes. (princípio da

soberania dos veredictos).

Obs: Cabível a apelação com esse fundamento (decisão manifestamente contrária à prova dos autos)

somente uma vez. Tal regra atinge ambas as partes, de modo que, caso uma tenha recorrido por tal

motivo, não poderá a adversária interpor nova apelação após o segundo julgamento. (art. 593, § 3º, CPP).

Obs: da decisão que impronunciar ou absolver sumariamente o réu, na primeira fase do escalonado do

Tribunal do Júri, caberá apelação (art. 416, CPP).

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Page 28: Apostila Recursos e Execução Penal

6. Prazo para interposição: 5 dias, a contar da intimação da sentença (cientificar réu e

defensor); no caso de intimação ficta (p/ edital: 60 dias, nas hipóteses de pena

inferior a 1 ano, e 90 dias, se a pena for superior a 1 ano);

Obs: Nos processos de competência do Juizado Especial Criminal (rito sumariíssimo) é de 10 dias,

devendo ser interposta por petição e acompanhada das razões de inconformismo.

7. Efeitos: devolutivo, ou seja, é a devolução da apreciação dos fatos (matéria) ao 2°

grau de jurisdição.

Obs: A sentença absolutória não tem efeito suspensivo, devendo o réu, se preso, ser colocado incontinenti

em liberdade (art. 596, caput, CPP).

Obs: Acresce a esses aspectos a ocorrência do efeito extensivo, no caso de concurso de agentes, a decisão

do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente

pessoal, aproveitará aos outros (art. 580, CPP).

8. Desistência: O Ministério Público não poderá desistir do recurso interposto (art. 576,

CPP).

9. Deserção (art. 595, CPP): Ocorre somente no caso de falta de pagamento das

custas recursais (art. 806, 2º, CPP).

10. Reformatio in Pejus (pior) – art. 617, CPP: havendo recurso apenas por parte da

defesa, o tribunal não pode proferir decisão que torne mais gravosa sua situação, ainda

que haja erro evidente na sentença, como, por ex., pena fixada abaixo do mínimo legal;

11. Reformatio In Pejus Indireta: Anulada sentença condenatória em recurso exclusivo

da defesa, não pode ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada (Efeito

Prodômico da Sentença). Ex: O réu condenado a um ano de reclusão apela e obtém a

nulidade da sentença; a nova decisão poderá impor-lhe, no máximo, a pena de um ano,

pois do contrário o réu estaria sendo prejudicado indiretamente pelo seu recurso.

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Obs: Exceção: A regra, porém, não tem aplicação para limitar a soberania do Tribunal do Júri, uma vez

que a lei que proíbe a reformatio in pejus (CPP, art. 617) não pode prevalecer sobre o princípio

constitucional da soberania dos veredictos (RT, 596/327) e pelo vício da incompetência absoluta.

12. Reformatio in Mellius (melhor): havendo recurso apenas por parte da acusação, o

tribunal pode proferir decisão mais benéfica em relação àquela constante da sentença –

Ex.: réu condenado à pena de 01 ano de reclusão; MP apela visando aumentar a pena;

o tribunal pode absolver o acusado por entender que não existem provas suficientes.

13. Princípio da Consunção: Art. 593, § 4º, CPP - quando for cabível a apelação, não

cabe o recurso em sentido estrito.

3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619, CPP)

1. Conceito: é o recurso dirigido ao órgão prolator da decisão, quando nela houver

ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão; cabível tanto da decisão de 1° grau

(embarguinhos – art. 382, CPP), hipótese em que serão dirigidos ao juiz, como de

decisões de órgãos colegiados (2° grau- art. 619, CPP), caso em que serão dirigidos ao

relator do acórdão.

2. Natureza jurídica: parte da doutrina afirma, acertadamente, que têm natureza

recursal, já que nada mais são do que meio voluntário de pedir a reparação de um

gravame decorrente de obscuridade, ambiguidade, omissão ou contradição do julgado;

pondera-se, por outro lado, que, uma vez que não possuem caráter infringente (não

ensejam a modificação substancial da decisão), pois se destinam a esclarecimentos ou

pequenas correções, não constituem recurso, porém meio de integração da sentença

ou acórdão.

3. Hipóteses de cabimento: se a decisão for obscura (quando não clara, inintelegível

em maior ou menor grau), ambígua (se uma parte da sentença permitir duas ou mais

interpretações, de forma a não se entender qual a intenção do magistrado), omissa

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(quando o julgador silencia sobre matéria que deveria apreciar) ou contraditória (se

alguma das proposições nela insertas não se harmoniza com outra).

Obs: No caso da Lei nº 9.099/95, os pressupostos são os seguintes: obscuridade, omissão, contradição e

dúvida (ao invés de ambiguidade).

4 . Legitimidade: o acusado, o MP ou querelante e o assistente de acusação.

5. Prazo para oposição: 2 dias, contados da intimação, perante o próprio juiz prolator

da sentença (art. 382), ou no caso dos Tribunais (art. 619); 05 dias (Juizado Especial

Criminal) (art. 83, § 1º, da Lei nº 9.099/95).

6. Efeitos: opostos os embargos, não continuam a correr os prazos para interposição

de outros recursos (interrupção); nos JECriminais há a suspensão dos prazos. Ver art.

538, CPC.

4. EMBARGOS INFRINGENTES (matéria de mérito) E DE NULIDADE

(matéria processual) - Art. 609, Parágrafo Único, do CPP

1. Conceito: são recursos exclusivos da defesa e oponíveis contra a decisão (em

apelação e RSE) não unânime de órgão de 2ª instância que causar algum gravame ao

acusado (desfavorável ao réu).

2. Prazo: 10 dias, da publicação no DOE.

3. Hipóteses de Cabimento

a) somente contra decisão de 2ª Instância;

b) Decisão proferida em Apelação, Recurso em Sentido Estrito ou Agravo em

Execução. Não cabe embargos em decisão que julga revisão criminal;

c) Decisão não unânime;

d)Desfavorável ao réu;

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Page 31: Apostila Recursos e Execução Penal

e) Um voto vencido em favor do réu.

4. Extensão dos Embargos: Os embargos não podem extrapolar os limites do voto

vencido. Se o voto vencido é parcial, os embargos serão parcial.

5. Características: é um recurso exclusivo do réu. Tanto o réu quanto o seu defensor

podem interpô-lo;

1. o recurso deve vir acompanhado das razões;

2. permite a retratação;

3. havendo empate, prevalece a decisão mais favorável ao réu;

4. tem efeito suspensivo;

5. HABEAS CORPUS ( art. 647 e segs. CPP).

1. Conceito: É o instrumento que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência

ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder

(liberdade de ir e vir).

2. Natureza jurídica: Trata-se de uma ação penal popular (embora esteja previsto

como recurso no CPP) com assento constitucional, voltada à tutela da liberdade de

locomoção, sempre que ocorrer qualquer dos casos elencados no art. 648, do CPP.

3. Espécies: O HC apresenta-se em duas modalidades distintas: liberatório e

preventivo.

a) Liberatório, corretivo ou repressivo: é aquele que destina-se a afastar

constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já efetivado, ou seja, o paciente

encontra-se segregado, preso, recolhido à prisão.

b) Preventivo: destina-se a afastar uma ameaça à liberdade de locomoção, ou seja, o

paciente encontra-se livre, porém, na iminência de ter a sua liberdade segregada. Nesta

hipótese, no caso de concessão da ordem deve ser expedido salvo-conduto.

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Page 32: Apostila Recursos e Execução Penal

4. Paciente: é a pessoa natural que está sofrendo ou na iminência de sofrer restrição a

sua liberdade de locomoção em face da coação ilegal. Essa pessoa denomina-se

paciente.

Obs: em se tratando de crimes contra o meio ambiente (Lei nº 9605/98), caso em que a pessoa jurídica

poderá figurar no polo passivo da ação penal, poderá ser impetrado HC para fins de trancamento da ação

penal, sendo, portanto, correto o pedido.

5. Legitimidade ativa (Impetrante): Pode ser impetrado por qualquer pessoa,

independentemente de habilitação legal ou representação de advogado. A parte que

interpõe o pedido denomina-se impetrante.

6. Legitimidade passiva (autoridade coatora): é aquela que determinou o ato

caracterizador do abuso ou da ilegalidade. Ou seja, autoridade coatora é aquele de

quem emanou a ordem (ex. lojas comerciais).

7. Hipóteses de Cabimento: As hipóteses de cabimento do HC encontram-se

enumeradas no art. 648, do CPP, senão vejamos:

a) Quando não houver justa causa (inciso I): A hipótese trata da falta de justa causa

para a prisão, para o inquérito e para o processo. Só há justa causa para a prisão no

caso de flagrante delito ou de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária

competente.

b) Quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina (inciso II): a

hipótese cuida do excesso nas prisões provisórias, e/ou referentes ao prazo para o

encerramento da instrução criminal que, em regra, é de 105 dias no procedimento

comum ordinário.

Obs: Tratando-se de crime da competência do Júri, pronunciado o réu, fica superada a alegação de

constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução (Súmula 21 do STJ).

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Page 33: Apostila Recursos e Execução Penal

Obs: Finalmente, não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução provocado pela

defesa (Súmula 64 do STJ).

c) Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo (inciso III): só

pode determinar a prisão a autoridade judiciária dotada de competência material e

territorial, salvo caso de prisão em flagrante. Ex. prisão alimentícia decretada por Juiz

criminal, ou vice-versa.

d) Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação (inciso IV): por exemplo,

sentenciado que já cumpriu sua pena, mas continua preso.

e) Quando não se admitir a fiança, nos casos em que a lei a prevê (inciso V): as

hipóteses em que a lei prevê a fiança (arts. 323, 324 e 335, do CPP).

f) Quando o processo for manifestamente nulo (inciso VI): a nulidade pode decorrer de

qualquer causa, como falta de condição de procedibilidade (representação nos crimes

de ação penal pública condicionada), ilegitimidade ad causam (ofendido propõe a ação

penal pública ou vice-versa) ou processual (menor de 18 anos propõe ação penal

privada), incompetência do juízo, ausência de citação ou de concessão de prazo para a

defesa prévia, alegações finais etc.

g) Quando já estiver extinta a punibilidade do agente (inciso VII): as causas extintivas

da punibilidade estão enumeradas no art. 107, do CP. Se anterior à ação penal, a

denúncia ou queixa não pode se recebida (CPP, art. 43, II).

8. Inadmissibilidade: É inadmissível a impetração de HC nos seguintes casos:

a) No caso de transgressão disciplinar militar (CF, art. 142, § 2º).

b) Visando exame aprofundado e valoração de provas. Ex. requerer a absolvição de um

crime após sentença penal condenatória;

c) para discutir pena de multa

d) durante o estado de sítio (CF, arts. 138, caput, e 139, I e II).

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Page 34: Apostila Recursos e Execução Penal

9. Legitimidade Passiva e Competência: Trata-se do coator. Normalmente é uma

autoridade. Mas também é cabível contra particular. Ex: quando um hospital prende o

paciente por não pagar a dívida pela internação.

a) habeas corpus contra autoridade policial - é julgado por juiz;

b) habeas corpus contra particular - é julgado por juiz;

c) habeas corpus contra Juiz - é julgado pelo Tribunal de Justiça;

d) habeas corpus contra Promotor - é julgado pelo Tribunal de Justiça;

e) habeas corpus contra ato isolado de Desembargador - é julgado pelo STJ;

f) habeas corpus contra ato do Ministro do STJ – é julgado pelo Ministro do STF

11. Efeitos:

a) a concessão de HC liberatório implica seja o paciente posto em liberdade, salvo se

por outro motivo deva ser mantido na prisão (art. 600, § 1º);

b) se a ordem de HC for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal,

será expedida ordem de salvo-conduto (licença escrita para transitar livremente) em

favor do paciente;

c) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do

momento e que se verificou a eiva (CPP, art. 652);

d) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta

impedirá seu curso normal;

e) a decisão favorável do HC pode ser estendida (efeito extensivo) a outros

interessados que se encontrem na situação idêntica à do paciente beneficiado (art. 580,

do CPP, aplicável por analogia).

12. Recursos

a) cabe recurso em sentido estrito da decisão do juiz que conceder ou negar a ordem

de habeas corpus (CPP, art. 581, X);

b) cabe recurso oficial da concessão — reexame obrigatório (CPP, art. 574, I).

6. DOS AGRAVOS

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Page 35: Apostila Recursos e Execução Penal

No Proc. Penal, os agravos de instrumento e de petição foram substituídos

pelo recurso em sentido estrito. Mesmo assim, o CPP prevê um recurso

(inominado) nos casos de indeferimento in limine das revisões criminais com as

características de agravo (art. 625, § 3º, CPP).

No STJ, após a CF/88 foi editado o RISTJ, que se refere ao agravo de

instrumento (arts. 253 a 254) e ao agravo regimental (arts. 258 e 259). Entretanto,

quanto a tais recursos nos Tribunais Superiores, o assunto foi regulado pela Lei nº

8.038/90, que institui normas procedimentais para os processos que tramitam perante o

STJ e STF.

1. Agravo em Execução Penal

a) Considerações Gerais: Foi introduzido pela Lei nº 7.210/84 (LEP) e tem esse nome

porque é admitido, apenas, nas hipóteses ali tratadas.

b) Procedimento (rito): É o mesmo do agravo de instrumento, ou ainda, segundo alguns,

adota-se o procedimento do recurso em sentido estrito, perfeitamente adaptado à teoria

dos recursos em matéria processual penal, e em que se permite, com maior celeridade,

o juízo de retratação do órgão jurisdicional a quo.

c) Prazo: 05 (cinco) dias (Súmula 700 do STF - “É de cinco dias o prazo para

interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal”).

3. Agravo Regimental

a) Considerações Gerais: Os Regimentos Internos dos Tribunais preveem o recurso de

agravo contra despacho ou decisão do respectivo Presidente do Tribunal ou de Turma,

ou, ainda, de relator, denominados de agravo regimental. Ex: Indeferimento liminar de

HC junto ao Tribunal de Justiça.

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Page 36: Apostila Recursos e Execução Penal

b) Procedimento (rito): É variável de regimento para regimento.

c) Prazo: Deve ser oposto no prazo de 05 (cinco) dias em petição dirigida ao prolator da

decisão impugnada, contendo a exposição do fato e do direito e das razões do seu

pedido de reforma. Não tem efeito suspensivo.

4. Agravo de Instrumento :

a) Considerações Gerais: Em matéria de Direito Processual Penal deve obedecer o

disposto na Lei nº 8.038/90.

b) Prazo: 5 (cinco) dias (art. 28, lei 8038/90).

c) Em caso de denegação do AI: Se o agravo de instrumento for denegado pelo

Tribunal a quo, a medida a ser tomada será a Reclamação (Lei nº 8.038/90, arts. 13 a

18) ou simplesmente a interposição de novo Agravo (arts. 28, § 5º, e 39, ambos da Lei

nº 8.038/90).

7. CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 639, CPP)

1. Conceito: é instrumento que visa promover o andamento de outro recurso que não

foi recebido ou que foi paralisado. Ex. Recurso em sentido, agravo em execução. É um

recurso subsidiário. Visa dar andamento a um outro recurso.

2. Natureza jurídica: apesar do CPP haver tratado da carta testemunhável no título

destinado aos recursos, prevalece o entendimento segundo o qual é mero remédio ou

instrumento para conhecimento de outro recurso.

3. Hipóteses de cabimento (art. 639, CPP):

I - da decisão que não receber o recurso na fase do juízo de admissibilidade;

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Page 37: Apostila Recursos e Execução Penal

II - da decisão que admitido o recurso, obstar à sua expedição e seguimento ao juízo

“ad quem”.

4. Aspectos Procedimentais:

É um recurso dirigido ao escrivão ou diretor do cartório.

Prazo - 48 horas (conta-se minuto a minuto). Na prática, conta-se 2 dias.

Não tem efeito suspensivo (art. 646, CPP).

O escrivão elabora um instrumento. Em seguida vem as razões e as contra-razões. Ato

seguinte, os autos vão ao juiz, que pode retratar-se. Se não se retratar, o recurso sobe

ao Tribunal.

Se a carta estiver bem instruída, o Tribunal pode julgar a Carta Testemunhável e o

Recurso que estava paralisado (art. 644, CPP).

5. Exceções: das decisões que denegam seguimento aos seguintes recursos caberá:

a) Denegação da apelação: cabe recurso em sentido estrito (art. 581, XV, CPP)

b) “ do Rec. Especial e Extraordinário: cabe agravo de instrumento (art. 28,

Lei n. 8038/90)

c) Denegação de embargos infringentes: cabe agravo regimental (RITJGO)

d) “ de protesto por novo júri: cabe HC, já que o protesto é apreciado pelo juiz a

quo.

6. Prazo: 48 horas.

8. REVISÃO CRIMINAL (art. 621, CPP)

1. Conceito: é instrumento processual exclusivo da defesa que visa rescindir uma

sentença penal condenatória transitada em julgado.

2. Natureza jurídica: Trata-se de ação de impugnação, prevalecendo o entendimento

segundo o qual tem ela a natureza de ação penal de conhecimento de caráter

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Page 38: Apostila Recursos e Execução Penal

desconstitutivo; ela é ação contra sentença, pois desencadeia nova relação jurídica

processual. Assim, seja ela ação penal constitutiva ou recurso especial-misto, o

importante é a análise da questão de fundo, a razão e a sua verdadeira natureza,

visando o asseguramento amplo do exercício de acesso à justiça, como um remédio

heroico para sanar prejuízos e reaver injustiças, como o habeas corpus, sua finalidade

é corrigir a prestação jurisdicional, erros, decisões ou prisões ilegais, sujeitando o

Estado à responsabilidade objetiva.

3. Finalidade: corrigir uma injustiça e restabelecer o status libertatis e o status

dignitatis.

4. Pressupostos:

1. existência de sentença condenatória. A sentença absolutória imprópria também

admite, pois fixa medida de segurança. Não importa a infração cometida e nem o

procedimento. Não cabe revisão criminal contra sentença absolutória própria e nem

contra decisão do juiz das execuções. Também não cabe contra decisão que

concede perdão judicial e decisão de pronúncia.

2. trânsito em julgado. Se ocorrer a prescrição da pretensão punitiva não é mais

possível entrar com revisão criminal, porque não existe sentença condenatória.

5. Prazo: não há prazo.

6. Legitimidade: O próprio réu ou por procurador legalmente habilitado, bem como, no

caso de falecimento do acusado, por cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. A

vítima não participa do processo de revisão criminal.

Não há que se falar em intangibilidade da coisa julgada ante os

imperativos de Justiça plena, real e absoluta. Por esta feita, o sistema penal processual

não permite a extinção da punibilidade pela morte do agente (“ex vi” do art. 107, I do

Código Penal), na hipótese de falecer a pessoa cuja condenação tiver de ser revista

(art. 631 CPP), para efeitos morais e pecuniários indenizatórios cabe aos herdeiros ou

sucessores legais pleiteá-la.38

Page 39: Apostila Recursos e Execução Penal

7. Pressupostos e oportunidade: deverá obedecer às condições de exercício das

ações em geral (legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido);

pressupõe a existência de sentença condenatória ou absolutória imprópria transitada

em julgado.

8. Hipóteses de cabimento (art. 621, CPP):

a) Sentença contrária ao texto da lei, refere-se a má interpretação da normas com

relação aos princípios reitores, a nível constitucional como infra-constitucional (a

sentença deve conter a exposições de fato e de direito – provas – e os dispositivos

legais em que se fundamenta - “ex vi” do art. 381, incs. III e IV CPP).

b) Sentença contrária as evidências dos autos é aquela condenação feita em base a

indícios, conjecturas, distorcida da verdade, divorciada dos elementos probatórios em

afronta aos ditames do direito e dos fatos “sub judice”. Referimo-nos ao juízo

monocrático – singular – como ao jurado popular (Tribunal do Júri – art. 593, inc. III

CPP).

c) A prova nova deve estar amparada por seu ineditismo, desconhecimento e

insuficiência de dúvida em relação a sua prestabilidade e capacidade de modificar a

coisa julgada, indicando especialmente que o condenado deveria ter sido absolvido ou

a pena ter sido aplicada de maneira

mais branda.

d) Lei nova mais benigna (cominação menor de pena) permite a postulação do recurso

de Revisão Criminal, isto é “novatio legis in mellius”, o que difere de “abolitio criminis”

onde automaticamente extingue e tranca a ação penal em todos os seus efeitos legais,

prevalece no direito democrático o princípio da aplicação da lei penal mais benigna.

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Page 40: Apostila Recursos e Execução Penal

I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à

evidência dos autos;

II – quando a sentença condenatória fundar-se em depoimentos, exames ou

documentos comprovadamente falsos;

III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do

condenado ou de circunstâncias que determine ou autorize diminuição da pena.

9. Competência:

1. STF e STJ - são competentes para julgar a revisão de suas próprias condenações;

2. TRF - é competente para julgar a revisão de suas próprias condenações e das

condenações dos juizes federais;

3. TJ - é competente para julgar a revisão de suas próprias condenações e das

condenações dos juizes de 1º grau, que são da sua competência recursal;

10. Aspectos procedimentais:

Réu solto não precisa recolher-se à prisão (Súmula 393 do STF).

Cabe ao réu provar o trânsito em julgado da sentença.

Ao autor da ação cabe provar o que alegou.

A revisão não tem efeito suspensivo.

O pedido pode ser indeferido liminarmente, seja pelo Presidente, seja pelo Relator.

Desta decisão cabe Agravo Inominado (Art. 625 do CPP).

O Tribunal querendo poderá converter o julgamento em diligências.

11. Efeitos das decisões: se julgada procedente, a decisão poderá acarretar

alteração da classificação da infração, a absolvição do réu, a modificação da pena

(redução) ou a anulação do processo; se julgada improcedente, só poderá ser

repetida se fundada em novos motivos. desclassificar a infração e impor pena menor;

s: Se o réu for absolvido na revisão criminal, todos os seus direitos são restabelecidos automaticamente.

12. Recursos Cabíveis:

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Page 41: Apostila Recursos e Execução Penal

1. Embargos de Declaração;

2. às vezes cabem Recurso Extraordinário e Recurso Especial;

3. jamais são cabíveis embargos divergentes ou de nulidade.

13. Indenização Civil: Quando o réu é condenado por erro judiciário, ele tem direito a

uma indenização civil. Cabe ao réu entrar com uma ação autônoma de indenização ou

pedir a indenização no próprio pedido de revisão (art. 630, CPP). Neste último caso, se

o Tribunal reconhecer o direito a indenização, ele não fixa o quantum. Cabe ao réu,

antes de executar a decisão, liquidá-la.

A responsabilidade objetiva de pagar a indenização é do Estado. Se a

condenação foi pela Justiça Federal, quem paga é a União. Já, se a condenação foi

pela Justiça Estadual, quem paga a indenização é o Estado-Membro.

14. Teoria da Afirmação: O autor da ação de revisão deve afirmar na inicial uma das

hipóteses legais de cabimento da revisão, sob pena de carência de ação.

15. Não cabe revisão criminal: para reexame de provas; para alterar o fundamento da

condenação.

9. RECURSO EXTRAORDINÁRIO (art. 102, III, CF)

1. Conceito: É o recurso destinado a devolver ao Supremo Tribunal Federal a

competência para conhecer e julgar questão federal de natureza constitucional,

suscitada e decidida em qualquer tribunal do país. Em outras palavras, é aquele

interposto perante o Supremo Tribunal Federal das decisões judiciais em que não mais

caiba recurso ordinário (art. 102, III, alíneas “a”, “b” e “c”, CF).

2. Finalidade: manter a supremacia da CF. Só cabe contra decisão judicial. Nunca

cabe contra decisão administrativa.

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Page 42: Apostila Recursos e Execução Penal

3. Hipóteses de Cabimento: estão elencadas no art. 102 da CF. Assim, cabe Recurso

Extraordinário:

1. quando a decisão contraria a Constituição Federal;

2. quando a decisão declara a inconstitucionalidade de Tratado ou Lei Federal;

3. quando a decisão julgar válida a Lei ou Ato de Governo Municipal ou Estadual Local

que conflita com a CF.

4. Repercussão Geral – art. 102, § 3º, CF e art. 543-A, CPC (Lei 11.418/06);

Obs: Recurso Extraordinário contra decisão das Turmas Recursais dos Juizados Criminais.

4. Requisitos do Recurso Extraordinário

1. esgotamento dos recursos ordinários (Súmula 281 do STF);

2. existência de uma questão jurídica constitucional. Não cabe Recurso Extraordinário

para discutir matéria fática. Também não cabe Recurso Extraordinário para reexame

de provas (Súmula 279 do STF);

3. Pré-questionamento da questão constitucional. A questão deve ser discutida no

acórdão recorrido. Se houve omissão no acórdão, deve-se entrar com Embargos de

Declaração (Súmula 356 do STF).

4. Repercussão Geral das Questões Constitucionais – art. 102, § 3º, CF

5. Legitimidade: Qualquer parte pode interpor Recurso Extraordinário, inclusive o

assistente do MP pode, mas somente nas hipóteses em que ele pode recorrer (Súmula

210 do STF).

6. Prazo: 15 dias (Lei nº 8.038/90, art. 26)

7. Recurso: Da decisão que denegar seguimento ao recurso extraordinário, caberá

agravo de instrumento dentro do prazo de cinco dias, endereçado ao STF (art. 28,

caput, Lei nº 8038/90).

8. Efeitos: Reza o art. 27, § 2º, da Lei nº 8.038/90, que os recursos extraordinário e

especial serão recebidos no efeito devolutivo, ou seja, carecem de efeito suspensivo.

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Page 43: Apostila Recursos e Execução Penal

Assim de acordo com recentes decisões dos Superiores Tribunais, a prisão do réu solto

somente será possível se presentes as hipóteses da prisão preventiva.

10. RECURSO ESPECIAL (art. 105, III, CF)

1 – Conceito: É o recurso destinado a devolver ao Superior Tribunal de Justiça a

competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional,

suscitada e decidida perante os Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos

Estados, do Distrito Federal e Territórios (art. 105, III e alíneas, CF).

2. Finalidade: uniformizar a aplicação da Lei Federal.

3. Hipóteses de Cabimento: art. 105 da CF. Só cabe contra decisões de Tribunais.

Não cabe contra decisões de Turmas Recursais. É cabível:

1. quando a decisão contraria Tratado ou Lei Federal ou nega-lhes vigência;

2. quando a decisão julga válida Lei ou Ato de Governo Local que contraria Lei Federal;

3. quando houver divergência jurisprudencial entre Tribunais diferentes (Súmula 13 do

STJ).

Obs: Súmula 291 do STF - o recorrente tem que comprovar a divergência.

4. Requisitos do Recurso Especial

1. existência de uma decisão de um Tribunal da Justiça Comum;

2. esgotamento das vias ordinárias;

3. existência de uma questão jurídica federal. Não cabe para discutir matéria fática.

Também não cabe para reexame de provas (Súmula 7 do STJ);

4. pré-questionamento. A questão deve ser discutida no acórdão recorrido. Se houve

omissão no acórdão, deve-se entrar com Embargos de Declaração (Súmula 211,

STJ).

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Page 44: Apostila Recursos e Execução Penal

5. Aspectos Procedimentais: Qualquer parte pode interpor Recurso Especial, inclusive

o assistente do MP pode, mas somente nas hipóteses em que ele pode recorrer.

6. Prazo: 15 dias (arts. 26, Lei nº 8.038/90).

7. Recurso Especial e Extraordinário: Quando cabíveis Recurso Extraordinário e

Recurso Especial, devem ser interpostos em petições diferentes. O Recurso Especial é

julgado em primeiro lugar, salvo se o Recurso Extraordinário for prejudicial.

8. Recurso: Da decisão que denegar seguimento ao recurso especial caberá agravo de

instrumento dentro do prazo de cinco dias, endereçado ao STJ (art. 28, caput, Lei

8038/90).

9. Efeitos: Reza o art. 27, § 2º, da Lei nº 8.038/90, que os recursos extraordinário e

especial serão recebidos no efeito devolutivo, ou seja, carecem de efeito suspensivo.

Assim de acordo com recentes decisões dos Superiores Tribunais, a prisão do réu solto

somente será possível se presentes as hipóteses da prisão preventiva.

11. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

1. Conceito: A CF/1988 previu as hipóteses de cabimento de recurso ordinário a ser

julgado, conforme as regras constitucionais, pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102, II,

da CF) ou pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, II, da CF).

A impugnação por via de recurso ordinário devolve o reexame de todas as

matérias decididas pelo tribunal recorrido, de fato ou de direito, respeitada a limitação

feita pela parte. Ostenta, portanto, efeito equivalente ao da apelação.

2. Recurso Ordinário Constitucional no STF: Tal recurso é cabível:

a) das decisões dos Tribunais Superiores que julgarem em única instância o mandado

de segurança, o habeas data, o habeas corpus e o mandado de injunção, desde que

denegatórios (art. 102, II, “a”);

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Page 45: Apostila Recursos e Execução Penal

b) das decisões referentes a crimes políticos, previstos na Lei de Segurança Nacional

(art. 102, II, “b”). No caso, o recurso é chamado de recurso criminal ordinário

constitucional. Lembrando ainda que a competência para julgamento destes crimes é

da Justiça Federal (CF, art. 109, IV).

3. Recurso Ordinário Constitucional no STJ: Tal recurso é cabível:

a) das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas em única ou última

instância, pelos Tribunais Regionais Federais, ou pelos tribunais dos Estados e do

Distrito Federal (art. 105, II, “a”);

b) das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas em única instância

pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal

(art. 105, II, “b”);

c) das decisões proferidas em causas em que forem partes Estado estrangeiro ou

organismo internacional de um lado, e, do outro, município ou pessoa residente ou

domiciliada no país (art. 105, II, “c”), ressaltando que esse dispositivo trata de recurso

em matéria cível, portanto, estranha ao Direito Processual Penal.

4. Prazo:

No STF: O procedimento relativo aos recursos ordinários das decisões

denegatórias de habeas corpus dirigidos ao Supremo Tribunal Federal está previsto no

seu Regimento Interno (RISTF). A interposição, acompanhada das razões do pedido de

reforma, deve dar-se no prazo de 5 dias, nos próprios autos em que se houver proferido

a decisão recorrida (art. 310).

No STJ: A Lei nº 8.038/90, que dispõe sobre as normas procedimentais do

recurso ordinário dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, estabelece regras distintas

para o processamento, de acordo com a natureza da ação. Em se tratando de decisão

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Page 46: Apostila Recursos e Execução Penal

denegatória de habeas corpus, o recurso deve ser interposto no prazo de 5 dias, com

as razões do pedido de reforma (art. 30).

Obs: Se se cuidar de decisão denegatória de mandado de segurança, o recurso será interposto no prazo de

15 dias, acompanhado das razões do pedido de reforma (art. 33).

EXECUÇÃO PENAL

LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (7.210/84)

1 – Conceito: A execução penal consiste no cumprimento da sentença penal transitada

em julgado, que impõe a pena ou medida de segurança. A LEP regula as normas e

estabelece as regras impostas ao condenado para o cumprimento da sanção. Trata-se

de um processo autônomo de execução, com a intervenção das partes do começo

ao fim.

Obs: A sentença penal condenatória transitada em julgado é o título legítimo e hábil para dar início ao

processo da execução da pena, não havendo necessidade de ser requerido pelo MP.

2 – Natureza Jurídica: A execução penal tem natureza híbrida ou complexa, com uma

fase judicial referente às providências para o cumprimento da penal feita pelo Juiz da

Execução Penal; e uma fase administrativa, já que compete aos órgãos da

administração a segurança pública (Poder Executivo)

3 – Finalidade da LEP: a finalidade principal da LEP é a de ressocialização do

sentenciado (art. 1º, LEP), com respeito à sua integridade física e moral (art. 5º, XLIX,

CF). Desta maneira o preso tem assegurados seus direitos nos termos dos arts. 40 e

41, da LEP.

4 – Espécies de Penas: A CF, em seu art. 5º, XLVI, estabelece as hipóteses de penas

a serem adotadas no direito processual brasileiro, quais sejam: a) privação da

liberdade; perda de bens; multa, penas alternativas. Além disso, o CP, no seu art. 32,

estabeleceu três gêneros de sanções penais:

46

Page 47: Apostila Recursos e Execução Penal

(a) privativas de liberdade: que poderá ser de detenção ou reclusão;

(b) pena de multa: que consiste no pagamento de determinada soma de dinheiro

dentro dos limites estabelecidos na lei, podendo ser imposta alternativa ou

cumulativamente com a pena privativa de liberdade;

(c) penas alternativas ou restritivas de direitos (substitutivas): É aquela definida na

Lei nº 9.714/98 ou Lei das Penas Alternativas, e que consiste na aplicação do direito

penal mínimo com a desprisionalização do condenado, estabelecendo como sanção as

prestações de serviços à comunidade, penas pecuniárias e perda de bens e valores.

Obs: Pena Pecuniária (ou conhecida por Multa Reparatória): é de caráter reparatório e consiste

no pagamento de dinheiro à vítima ou a entidades públicas com destinação social

5 – Regime de Cumprimento das Penas Privativas de Liberdade: O CP estabeleceu

que as penas privativas, reclusão ou detenção, poderão ser cumpridas nos seguintes

regimes:

a) Regime Fechado: Nessa hipótese, o condenado dá início ao cumprimento da sua

pena em presídio de segurança máxima ou média (art. 33, § 1º, “a” CP), quando a pena

imposta for superior a 8 anos (art. 33, § 2º, “a”, CP);

b) Regime Semi-Aberto: Nessa hipótese, o condenado dá início ao cumprimento da

sua pena em colônia agrícola ou industrial (art. 33, § 1º, “b”, CP), quando a pena

imposta for superior a 4 anos e não exceda a 8 anos (art. 33, § 2º, “b”, CP);

c) Regime Aberto: Nessa hipótese, o condenado dá início ao cumprimento da sua

pena em casa do albergado ou estabelecimento adequado (art. 33, § 1º, “c”, CP),

quando a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos (art. 33, § 2º, “c”, CP);

6 – Progressão do Regime Cumprimento das Penas Privativas de Liberdade: A

LEP estabeleceu a individualização das penas e o sistema progressivo (ou Sistema

Irlândes) de cumprimento das penas em períodos sucessivos em que,

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Page 48: Apostila Recursos e Execução Penal

progressivamente, vão sendo ampliados os benefícios do condenado. Assim, o

condenado pode iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, passando pelo

semi-aberto e aberto, até obter o livramento condicional (art. 112, LEP).

A progressão dar-se-á quando o sentenciado atender aos

requisitos objetivo e subjetivo (art. 112, LEP).

a) Requisito Objetivo ou Temporal: cumprimento de pelo menos 1/6 da pena (art.

112, LEP) ou, no caso de crimes hediondos 2/5 para o primário e 3/5 para o reincidente

(art. 2º, § 1º, LEP);

b) Requisito Subjetivo: bom comportamento carcerário ou também conhecido por

“mérito do condenado” (art. 33, § 2º, CP).

Obs: Com o advento da Lei 10.792/03, que alterou o art. 112 da LEP, para a comprovação do

bom comportamento carcerário basta o atestado ou relatório do Diretor do Estabelecimento

Prisional. Todavia, o STF já se posicionou no sentido de que nada impede o Juiz de determinar a

realização do exame criminológico (realizado por Junta Médica) quando entender necessário.

7 – Regressão de Regime: A execução da pena privativa de liberdade poderá regredir

para qualquer dos regime mais gravosos nas hipóteses do art. 118, I e II, da LEP:

I – praticar falta grave ou cometer crime doloso

II – sofrer condenação, por crime anterior, que somada ao restante da pena em

execução, torne incabível o regime;

8 – Livramento Condicional: Trata-se da hipótese em que o condenado poderá

cumprir sua pena mediante condições a serem estabelecidas pelo Juiz, nos termos do

art. 132, da LEP (ocupação lícita, não mudar de residência ou comarca

sem autorização judicial, etc), e desde que preenchidos os requisitos

objetivos (em regra, 1/3 cumprimento da pena) e subjetivos (bom

comportamento carcerário), nos termos do art. 83, do CP.

48

Page 49: Apostila Recursos e Execução Penal

9 – Remição de Pena (art. 126, LEP): A remição vem do Direito Penal espanhol

(redenção da pena pelo trabalho): Assim, o condenado que cumpre a pena em

regime fechado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho ou estudo, parte do tempo

de execução da pena.

A contagem do tempo será feita à razão de 1 (um) dia de pena por 3

dias de trabalho (§ 1º, art. 126, LEP) e, em caso de estudo 1 (um) dia de pena (que

equivale a uma hora, cf. art. 46, § 3º, CP) por 20 (vinte) horas de estudo.

Obs: Detração da Pena: significa descontar o tempo de enclausuramento provisório cumprido pelo

condenado por ocasião da execução da pena;

10 – Anistia, Graça e Indulto: São incidentes ocorridos durante o curso da execução

penal. Podem ser:

a) Anistia (art. 187, LEP): A palavra “anistia” vem do grego amnestía, que significa

esquecimento. Basicamente, anistia é o ato jurídico, por parte do Estado na forma do

Poder Legislativo, de perdoar uma ou mais pessoas que cometeram certos delitos,

sobretudo no âmbito político. Assim, o Estado torna as acusações sobre os

condenados, nula e sem nenhum efeito.

b) Indulto (art. 188 a 193): é um ato de clemência do Poder Público (Presidente da

República), previsto no artigo 84, XII, da CF, que consiste em perdoar condenados,

extinguindo as suas penas ou as diminuindo (comutação). O indulto é medida de

caráter coletivo e ocorre nos crimes comuns, desde que preenchidos os requisitos

objetivos e subjetivos estabelecidos em Lei. Tradicionalmente concedido quando da

comemoração do Natal.

c) Graça: É um espécie de clemência de ordem individual, já que alcança

determinada pessoa. A graça, forma de clemência soberana, destina-se a pessoa

determinada e não a fato, sendo semelhante ao indulto individual, tanto que a Lei de

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Page 50: Apostila Recursos e Execução Penal

Execução Penal passou a tratá-la como indulto individual e regula a aplicação do indulto

através do Art. 188 a 193.

Obs: ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE GRAÇA E INDULTO: A graça, sendo o indulto individual, só

alcança determinada pessoa, devendo ser, portanto, solicitada, mas isso não impede que seja concedida

espontaneamente pelo Presidente da República. Em quanto isso, o indulto é espontâneo e coletivo,

recaindo sobre fatos e abrangendo um número muito grande de pessoas.

11 – Órgãos da Execução Penal: aqueles previstos no art. 61, da LEP. O Juiz da

Execução Penal tem suas funções definidas no art. 66, da LEP.

12 – Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): É um conjunto de regras rígidas que

orienta o cumprimento da pena privativa de liberdade (quanto ao réu já condenado)

ou a custódia do preso provisório, de acordo com as regras estabelecidas no art. 52, da

LEP. Em regra, o RDD aplica-se aos presos que apresentem alta periculosidade.

De acordo com o caso concreto, o instituto pode assumir duas

feições, quais sejam:

a) o RDD "punitivo" (art. 52, caput e incisos, da LEP);

b) o RDD "cautelar" (art. 52, parágrafos 1º e 2º, da LEP).

Obs: O tempo máximo de duração do RDD será de 360 dias; o preso é mantido em cela individual 22

horas por dia, podendo ser visitado por até duas pessoas em uma semana, tomando um banho de sol por

dia de duas horas no máximo. Não é permitido ao preso receber jornais ou ver televisão, enfim qualquer

contato com o mundo externo.

12 – Recurso: Das decisões referentes ao processo de execução caberá Agravo em

Execução Penal (art. 197, LEP), no prazo de cinco dias (Súmula 700, STF).

Obs: Caberá, também, nas hipóteses do art. 581, incisos XII, XVII, XIX a XXIII, do CPP.

13 – Efeitos do Recurso de Agravo: Além dos efeitos devolutivo e suspensivo, o

agravo terá o efeito regressivo (juízo de retratação).

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Page 51: Apostila Recursos e Execução Penal

PRINCIPAIS PRAZOS PROCESSUAIS PENAIS

Inquérito PolicialRéu solto

Réu preso

30 dias

10 diasEntorpecentes (réu solto)

Entorpecentes (réu preso) - Lei nº

11.343/06

90 dias

30 dias

Prisão TemporáriaCrimes em Geral 5 dias + 5 diasCrimes Hediondos,

Tráfico, Tortura e Terrorismo

30 dias + 30 dias

Instrução CriminalProcedimento Comum Ordinário (réu

preso)

105 dias

Procedimento Comum Sumário (réu

preso)

75 dias

RepresentaçãoCrimes em Geral 6 meses

DenúnciaRéu solto

Réu preso

15 dias

5 diasEntorpecentes (réu preso e solto) art.

54 (Lei 11.343/06)

10 dias

Queixa CrimeCrimes em Geral 6 mesesCrimes de Imprensa 3 meses

Procedimento Comum (Ordinário) Defesa Prévia 10 dias Absolvição Sumária 10 dias Alegações Orais 20 min. + 10 min.

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Page 52: Apostila Recursos e Execução Penal

Memoriais 5 diasSentença Audiência ou 10 dias

Procedimento Comum SumárioDefesa Prévia 10 diasAbsolvição Sumária 10 diasDebates Orais 20 min. + 10 min.Sentença Audiência

Tribunal do JúriDefesa Prévia 10 diasAlegações Finais Orais 20 min. + 10 Min. Decisão de Pronúncia Oralmente ou em 10 diasDebates Orais 1 hora e 30 min.Réplica 1 horaTréplica 1 hora

RecursosApelação (interposição)

Apelação (razões)

Apelação (contra razões)

Apelação (Lei 9.099/95)

5 dias

8 dias

8 dias

10 diasRESE (interposição)

RESE (razões)

RESE (contra razões)

5 dias

2 dias

2 diasMandado de Segurança 120 diasHabeas Corpus Não temCarta Testemunhável 48 horasCorreição Parcial 5 diasEmbargos de Declaração 2 diasEmbargos Infringentes ou

Nulidade

10 dias

Revisão Criminal Não temRecurso Extraordinário ou

Especial

15 dias

ROC 5 diasAgravo de Instrumento (art.

28, Lei 8.038/90).

5 dias

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Page 53: Apostila Recursos e Execução Penal

BIBLIOGRAFIA

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