06-Legislação Penal Especial - LEI DE EXECUÇÃO PENAL

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL

9.

A EXECUO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Quando eu falo em sano penal, falo em: 1. 2. 3. 4. Pena privativa de liberdade Pena restritiva de direitos Pena de Multa Medida de segurana

As trs ltimas, estudamos no Intensivo II, quando falamos de teoria geral da sano. Com vocs hoje, eu vou estudar apenas a execuo da pena privativa de liberdade que a que mais cai em concurso. Sistemas Penitencirios Bsicos Ao estudar execuo das penas privativas de liberdade, temos que lembrar dos trs sistemas penitencirios bsicos e isso j caiu para primeira fase de delegado/SP. Quais sos os sistemas penitencirios bsicos? H trs:

a)

Sistema FILADLFIA O sentenciado cumpre a pena integralmente na cela, sem dela nunca sair. exatamente neste sistema que inauguramos as famosas solitrias. Tem gente que diz que o RDD um retorno ao Sistema Filadlfia. Isso absurdo! Aqui cumprimento de pena e RDD sano disciplinar! Quem diz isso, confunde as duas coisas. Sistema ALBURN ou ALBURNIANO (ou SILENT SISTEM) Neste sistema, o sentenciado, durante o dia, trabalha com os outros presos (em silncio), vedada a comunicao oral entre eles, recolhendo-se no perodo noturno para sua cela. Isso j caiu! importante saber que ele trabalha durante o dia em silncio. Por isso chamado o Silent Sistem. Foi nesse sistema que nasceu a comunicao por mmica e gestos entre os presos. Sistema INGLS ou PROGRESSIVO (ou IRLANDS) No Sistema Ingls, h um perodo inicial de isolamento. Aps esse estgio, passase a trabalhar durante o dia com os outros presos. O ltimo estgio da execuo cumprir a pena em liberdade. O Sistema Ingls cumpre a pena de forma progressiva. Por isso tambm chamado de progressivo. Foi o sistema que o Brasil adotou. Voc vai encontrar doutrina afirmando que o Sistema Ingls foi o que norteou o Sistema Irlands. Ento, tanto um como o outro servem como exemplos para o sistema brasileiro. que a doutrina diz que o Sistema Ingls fomentou o Irlands. O Sistema Irlands um aperfeioamento do Ingls.

b)

c)

Assim, fica fcil, mas na sua prova, vo perguntar simplesmente se o Brasil adotou o sistema Filadlfia, Alburniano ou Ingls e no que consiste cada um. Na prova vai cair, objetivamente, s o nome de cada sistema.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL O Sistema Ingls est no art. 112, da LEP: Art. 112 - A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progresso. (Redao dada pela L-010.792-2003) Temos que respeitar normas que vedam a progresso? No. Ento, deleta isso, pois isso est em total discrepncia com o STF que j decidiu que norma que veda a progresso inconstitucional. No existe mais no Brasil norma que veda a progresso. Essa ressalva j no existe mais. O Supremo decidiu: norma que veda a progresso cruel, desumana e degradante, pois fere o princpio da individualizao, etc. Norma que veda progresso fere o princpio da humanidade das penas, da individualizao das penas, da dignidade da pessoa humana. 10. REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA NO BRASIL Vamos lembrar os trs regimes de cumprimento de pena no Brasil:

Se o crime punido com recluso, os regimes iniciais so: fechado, semiaberto e aberto. Se o crime punido com deteno, os regimes iniciais so: semiaberto e aberto

Preste ateno: em regra, no existe regime inicial fechado para deteno. Mas h uma exceo e ns j vimos isso: A exceo est no art. 10, da Lei 9.034/95 (Lei dos Crimes de Organizao Criminosa). O art. 10 diz: Art. 10 Os condenados por crime decorrentes de organizao criminosa iniciaro o cumprimento da pena em regime fechado. E pouco importando se o delito punido com recluso ou deteno. E eu fiz o seguinte alerta: a maioria entende que o art. 10 inconstitucional, mas caiu exatamente a redao desse artigo para a Polcia Civil/SC. Ento, cuidado com isso! A maioria, no entanto, entende que inconstitucional. Eu falei que, em regra, no existe regime inicial fechado para deteno (e trouxe a exceo). Mas perfeitamente possvel ir para o fechado por meio da regresso. A possvel. Deteno no inicia no fechado, mas no significa que no possa ser cumprida no fechado. Ela pode ser cumprida no fechado por meio da regresso. Eu fiz essa introduo de regimes para que vocs leiam o art. 111 da LEP, que muito claro:

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Art. 111 - Quando houver condenao por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinao do regime de cumprimento ser feita pelo resultado da soma ou unificao das penas, observada, quando for o caso, a detrao ou remio. O juiz da execuo vai somar as penas e, com isso, poderemos ter um regime diferente daquele imposto pelo juiz da condenao. Ento, cuidado! O juiz da condenao pode ter imposto um regime semiaberto e outro semiaberto. Quando chegam as duas condenaes no juiz da execuo, ele, ao somar as duas penas, fala: isso no para o semiaberto! Ele vai para o fechado! Cuidado porque muito comum um preso ter vrias condenaes em processos distintos. Esses vrios processos, quando chegam para o juiz da execuo, ele deve somar as penas para determinar o regime de cumprimento. Se somar as penas e perceber que o regime no deve ser o da condenao, ele altera. Ento, cuidado com isso! Em ltima sntese, quem determina o regime de cumprimento de pena no o juiz da condenao, mas o juiz da execuo. 11. PROGRESSO DE REGIME

A progresso de regime um incidente de execuo penal que tem que ser resolvido. um fato incidental na execuo penal. Quem pode provocar o incidente? Quem tem legitimidade para provocar o incidente?

Ministrio Pblico O MP, percebendo que ele j cumpriu o requisito

objetivo temporal, o prprio MP pode requerer a instaurao do incidente de progresso.

Reeducando Ele, todo ano, tem um atestado de pena a cumprir.Quanto cumpriu e quanto falta cumprir. Ele controla o requisito temporal.

Advogado (Defensor Pblico que atua na execuo tambm) Juiz - O juiz pode determinar a instaurao do incidente de progressode ofcio ou tem que ser sempre provocado? Claro que ele PODE determinar o incidente de ofcio!

11.1. Progresso do regime FECHADO para o SEMIABERTOOs livros tratam de forma muito simplista e eu vou tratar o tema de forma muito mais aprofundada. Requisitos para a progresso: 1 Requisito: Condenao transitada em julgado

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL O que se tem a dizer sobre esse primeiro requisito que est no seu livro de doutrina? Ser que uma condenao transitada em julgado? No! Cuidado! possvel execuo provisria, desde que a condenao do preso tenha transitado em julgado para o Ministrio Pblico. E os fundamentos da execuo provisria so: Art. 2, nico da LEP Smula 716, do STF Resolues do CNJ

Falar em condenao transitada em julgado est ultrapassado. possvel a execuo provisria desde que a condenao tenha transitado para o MP. Essa concluso se extrai dos fundamentos supra. Vamos ler somente a Smula 716, do STF: STF Smula n 716 - DJ de 13/10/2003 - Admitese a progresso de regime de cumprimento da pena ou a aplicao imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trnsito em julgado da sentena condenatria.(DESDE QUE TENHA TRANSITADO EM JULGADO PARA O MP) 2 Requisito: Temporal

Exige cumprimento, em regra, de 1/6 da pena. Por que eu coloquei, em regra? Porque vocs j sabem que na Lei 8.072/90 (que est na iminncia de ser alterada novamente), o tempo de 2/5 para o primrio e de 3/5 para o reincidente. Est na iminncia de ser alterada e o prazo passar a ser de metade. No projeto novo, eles no diferenciam o primrio do reincidente (Demstenes Torre). Ele tem que cumprir 1/6 da pena imposta na sentena ou se essa puna suplantou 30 anos, cumprir 1/6 de 30 anos que o mximo de pena a cumprir no Brasil? Se ele foi condenado a 600 anos, teria que cumprir 100 anos, ou seja, no progride. Essa questo j est resolvida pela Smula 715, do STF: STF Smula n 715 DJ de 13/10/2003 - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Cdigo Penal, no considerada para a concesso de outros benefcios, como o livramento condicional ou regime mais favorvel de execuo. Ento, considera-se sempre a pena global e no a pena de 30 anos, caso a pena imposta na sentena ultrapasse esse patamar. O Cel. Ubiratan foi condenado a 630 anos. Ele j morreu, mas se tivesse que cumprir os 600 anos, ele iria cumprir totalmente a pena no regime fechado porque ele no ia conseguir progredir em 100 anos.

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3 Requisito:

Comportamento do preso

Cuidado com esse requisito. Foi pegadinha do MP/SP. Esse requisito ter que ser analisado antes e depois da Le 10.792/03: Antes da Lei 10.792/03 O terceiro requisito dizia respeito ao mrito do reeducando. Essa expresso mrito foi abolida. Est errado falar em mrito. Depois da Lei 10. 792/03 Agora, a expresso legal bom comportamento carcerrio. Isso foi pegadinha do MP em SP que falou que um dos requisitos era o mrito do reeducando. No! O requisito agora bom comportamento carcerrio durante a execuo. Vamos ver o art. 112, com a redao nova: Art. 112 - A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progresso. (Redao dada pela L-010.792-2003) Se algum falar que o requisito mrito, estar desatualizado h seis anos. O juiz com quem eu trabalho at hoje fala em mrito. Pergunta megathunder (certeza que vai cair): o atestado do delegado ou da autoridade penitenciria deixa dvidas se o reeducando apresenta ou no um bom comportamento carcerrio. O juiz faz ou no progredir? Eu quero saber se o incidente de progresso vigora in dubio pro reo ou in dubio pro societatis? Isso atualssimo porque envolve a tal da Suzanne Rischtoffen. Houve uma divergncia dos profissionais que trabalharam na progresso dela. Os assistentes sociais foram favorveis progresso. Os psiquiatras ou psiclogos que no foram favorveis. Nessa divergncia, deve prevalecer o in dubio pro reo ou in dubio pro societatis? Essa questo extremamente controvertida. Ns temos correntes para os dois lados. O que eu sugiro? Se voc for prestar defensoria, in dubio pro reeducando. Se for prestar MP, in dubio pro societatis. Para poder progredir, no pode haver dvida, tem que haver certeza de que ele no coloque em risco a sociedade. Se voc vai prestar magistratura, olha o que eu vou dizer: a jurisprudncia tende a aplicar o in dubio pro societatis. Eu falei que tende! No estou dizendo que essa a resposta do concurso. Se isso cair, tem que ser em segunda fase, para voc poder fundamentar. No pode cair uma questo dessa numa primeira fase. mas se cair em segunda fase, voc j em material para dizer que a doutrina e a jurisprudncia so divergentes. 4 Requisito: Oitiva do MP

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL O MP tem que ser ouvido. E se no ouvir o MP, qual a consequncia? Nenhuma. Se o MP se sentiu prejudicado, agrava. Mas vocs vo ver que esse agravo no tem efeito suspensivo. O que costuma fazer o MP? Entrar com o agravo e pede efeito suspensivo atravs de MS. Se o juiz conceder progresso sem ouvir o MP, no anula a deciso. O MP que deve recorrer. E esse recurso no tem efeito suspensivo. Se o MP quer dar efeito suspensivo a ele, pode faz-lo por meio do mandado de segurana. Isso s para os penalistas porque para os processualistas isso totalmente errado. O certo pedir uma antecipao de tutela recursal. No tem mais mandado de segurana. Pede-se o efeito suspensivo para o Presidente do Tribunal e acabou. Essa histria de efeito suspensivo via mandado de segurana o que se aplica no direito penal e processual penal, mas o processualista civil sabe que isso est errado, que desvirtuar o MS. O certo pedir tutela antecipada recursal. no: agravo execuo pleitear uma tutela antecipada recursal. 5 Requisito: Exame criminolgico

Cuidado! H corrente que diz que o exame criminolgico foi abolido do ordenamento jurdico. Cuidado! Vamos ver a antiga redao do art. 112, da LEP: Art. 112 - A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e seu mrito indicar a progresso. Pargrafo nico. A deciso ser motivada e precedida de parecer da Comisso Tcnica de Classificao e do exame criminolgico, quando necessrio. Esse e do exame criminolgico, foi abolido pela Lei 10.792/03: Art. 112 - A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progresso. (Redao dada pela L-010.792-2003) 1 A deciso ser sempre motivada e precedida de manifestao do Ministrio Pblico e do defensor. (Redao dada pela L-010.792-2003) 2 Idntico procedimento ser adotado na concesso de livramento condicional, indulto e comutao de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (Acrescentado pela L-010.792-2003)

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Onde est falando em exame criminolgico? No fala! Ento, prestem ateno: o quinto requisito o exame criminolgico. O que aconteceu? Temos que analisar antes e depois da Lei 10.792/03. Antes da Lei 10.792/03 O art. 112, da LEP, determinava o exame criminolgico. Depois da Lei 10.792/03 O art. 112, da LEP, silencia quanto ao exame criminolgico.

Em razo dessa mudana, temos duas correntes: 1 Corrente: para a progresso de O exame criminolgico foi abolido. No mais requisito regime.

2 Corrente: Apesar de o exame criminolgico no estar mais no art. 112, da LEP, continua presente no art. 8., da LEP. Se a inteno fosse abolir, teriam, tambm, alterado o art. 8 que ainda fala em exame criminolgico. Art. 8 - O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, ser submetido a exame criminolgico para a obteno dos elementos necessrios a uma adequada classificao e com vistas individualizao da execuo. Se a inteno era abolir, tinham que ter alterado o art. 8. e como no fizeram isso, a concluso que a segunda corrente extrai que o exame criminolgico passou a ser facultativo. Somente quando necessrio. Mas, Rogrio, a antiga lei j falava isso! Mas no era assim que a jurisprudncia interpretava: do fechado para o semiaberto, era um requisito sempre necessrio. Agora, no. Agora um exame facultativo. Essa a interpretao que prevalece no STF, no STJ. O exame passou a ser facultativo. Se eu falei que s cabvel exame criminolgico quando o juiz demonstrar necessidade, no existe mais espao para aquela deciso no seguinte sentido: determine-se exame criminolgico. Ponto. Essa deciso absurda porque no fundamenta a necessidade. O juiz tem que determinar o exame criminolgico fundamentando sua necessidade. Se o juiz j tem dados para progredir o reeducando, ele no pode determinar exame criminolgico meramente procrastinatrio. 6 Requisito: Pblica S para Crimes Praticados contra a Administrao

Neste caso, h que ser observado o art. 33, 4, do CP: 4 O condenado por crime contra a administrao pblica ter a progresso de regime do cumprimento da pena condicionada reparao do dano que causou, ou devoluo do produto do ilcito praticado, com os acrscimos legais. (Acrescentado pela L-010.763-2003)

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL um requisito que 99% dos candidatos esquecem.

11.2. Progresso do regime SEMIABERTO para o ABERTORequisitos: So os mesmos do fechado para o semiaberto, acrescidos das seguintes observaes: 1 Observao 1/6 da pena tem que incidir sobre a pena imposta na sentena ou devo desconsiderar a pena j cumprida no regime anterior? 1/6 da pena aplicada na sentena ou 1/6 da pena cumprida no semiaberto desconsiderando-se a pena cumprida no fechado? Ele foi condenado a 6 anos, por exemplo. No fechado, ele cumpriu 1 ano e progrediu para o semiaberto, faltando cumprir 5 anos. Na progresso do semiaberto para o aberto eu vou ter que considerar 6 anos ou 5 anos, que a pena restante a cumprir? Pena cumprida pena extinta! Voc vai considerar sempre o restante da pena a cumprir. O tempo que ele cumpriu no fechado est extinto! Voc vai considerar 1/6 em cima da pena que ele tem que cumprir no semiaberto. Ele cumpre 1/6 da pena desconsiderandose o tempo cumprido no fechado. 2 Observao Temos que atentar para os arts. 113, 114 e 115, da LEP, que so muito claros. Art. 113 - O ingresso do condenado em regime aberto supe a aceitao de seu programa e das condies impostas pelo juiz. Art. 114 - Somente poder ingressar no regime aberto o condenado que: I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de faz-lo imediatamente; II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indcios de que ir ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. Pargrafo nico - Podero ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no Art. 117 desta Lei. Sabe o que tem cado sobre o inciso I? Se o estrangeiro, em situao irregular no Brasil pode conquistar o regime aberto. A doutrina diz que no pode porque o estrangeiro em situao irregular jamais aqui poder trabalhar ou comprovar a possibilidade de faz-lo imediatamente. Por conta do inciso I, a doutrina nega a progresso para o aberto no caso do estrangeiro em situao irregular, j que no vai poder trabalhar no Brasil e nem vai conseguir provar a possibilidade de faz-lo. que, jamais, ele receber a sua carteira de trabalho. Observao importante: eu no estou dizendo que o que prevalece, mas recentemente o Supremo no concordou com essa discriminao, ou seja, no admitiu essa discriminao para estrangeiro em situao irregular no pas. A discriminao deve ser administrativa e no penal.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Eu no estou dizendo que isso que vai cair na sua prova porque prevalece, de maneira, inclusive, acentuada, a corrente que entende que o estrangeiro em situao irregular, por conta do inciso I no consegue galgar o regime aberto. Art. 115 - O juiz poder estabelecer condies especiais para a concesso de regime aberto, sem prejuzo das seguintes condies gerais e obrigatrias: I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; II - sair para o trabalho e retornar, nos horrios fixados; III - no se ausentar da cidade onde reside, sem autorizao judicial; IV - comparecer a juzo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. Preenchidos os requisitos, ele consegue conquistar a famosa Casa do Albergado. O regime aberto tem que ser cumprido na famosa Casa do Albergado, na famosa priso-albergue. Em SP no existe, mas em outros Estados uma realidade.

11.3. Observaes Gerais:a) Praticada a falta grave, qual a consequncia no que diz respeito progresso? Voc interrompe o lapso temporal. Voc zera o cronmetro. Ele volta a ter que cumprir novamente esse requisito. Cometida a falta grave pelo condenado no curso do cumprimento da pena, inicia-se a partir de tal data a nova contagem da frao (1/6, que tambm pode ser de 2/5 ou 3/5) como requisito da progresso (STF - HC 85141-0). b) Existe a progresso em salto?

Ele pode progredir do fechado direto para o aberto? Sai da masmorra para a Disneylndia? 1 Corrente: No possvel progresso em salto. No h previso legal, ferindo o sistema da ressocializao. Sair do fechado direto para o aberto voc fere todo o sistema da ressocializao. Voc est desconsiderando a necessidade de reeducar o condenado. 2 Corrente: S possvel a progresso em salto quando houver demora na transferncia do preso por culpa do Estado, ou quando o Estado no oferece vaga no regime conquistado pelo reeducando. Para essa corrente, s possvel a progresso em saltos em duas hipteses: quando ele deveria progredir do fechado para o semiaberto e o Estado demora horrores para fazer isso de forma que ele j conquistou o tempo para ir para o aberto ou ento quando ele conquistou o semiaberto e o Estado no oferece o sistema semiaberto. Ento, vai cumprir a pena no regime menos severo, que o aberto. a corrente do STJ.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL O STF no tem uma posio to firme como o STJ. Voc ainda encontra cmara de gs l dentro. Por incrvel que parea, porque costuma ser o contrrio. c) possvel progresso para quem est no RDD?

Olha que pergunta megathunder! A resposta : no. Mas os livros dizem que no podemos responder com um simples no. Voc no pode dizer que o tempo em que ele est no RDD no pode ser considerado para fins de progresso porque passa a ser um duplo apenamento. Resposta da doutrina: admitida, pela doutrina, a progresso para RDD, devendo o preso, contudo, primeiro cumprir a sano disciplinar para, depois, progredir de regime. o seguinte: o tempo que ele est no RDD est sendo computado para a progresso, mas ele s vai para o semiaberto depois que ele cumprir a sano disciplinar. Voc s no pode esquecer que esse tempo s comea a contar quando ele j est no RDD porque se praticou falta grave, zerou. Comeou no RDD. No esquece isso! A ele pode ficar l 360 dias. Olha que legal! 12. PRISO DOMICILIAR

S se admite priso domiciliar no regime aberto. Algumas pessoas, quando chegam no aberto, ao invs de cumprir a pena na Casa do Albergado podem cumprir a pena em priso ou no regime domiciliar. Isso j demonstra o qu? Do fechado, voc vai para o semiaberto e do semiaberto voc vai para o aberto e a regra voc cumprir o aberto em Casa do Albergado. Priso-albergue. Excepcionalmente, pode-se determinar a priso domiciliar. So as hipteses do art. 117, da LEP. Vocs j perceberam que priso domiciliar no se confunde com priso-albergue. Vamos ler o art. 117: Art. 117 - Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doena grave; III - condenada com filho menor ou deficiente fsico ou mental; IV - condenada gestante. Ficou claro que s se admite priso domiciliar para quem est no regime aberto! Isso significa que eu no posso aplicar regime domiciliar para quem est no fechado (como j tentaram fazer com o juiz Lalau). O regime domiciliar para quem j est no aberto. No cabe priso domiciliar para quem preso provisrio.

Tentaram fazer isso com a Suzanne Richtoffen, quando estava presa provisoriamente. Por que ela e no os outros tantos que no praticaram crimes to graves quanto ela? Cuidado! Priso domiciliar, s para quem est no aberto. No

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL abrange o fechado, no abrange o aberto e no abrange preso provisrio. s vezes voc at v um julgado maluco, mas isso ferir a lei de morte. Mas, cuidado! Tem-se admitido priso domiciliar para preso provisrio na falta de estabelecimento adequado, em caso de priso especial. Por exemplo, o advogado tem que ser preso em local do Estado Maior, em compartimento do Estado Maior. Se no tiver local apropriado para o cumprimento de priso provisria especial, tambm se tem admitido priso domiciliar. Tem-se admitido priso domiciliar na falta de Casa do Albergado.

Vamos ver se vocs anotaram direito: o art. 117 prev a priso domiciliar s para quem est no regime aberto. No existe priso domiciliar para quem est no regime fechado ou no semiaberto ou ao preso provisrio. Tem-se admitido priso domiciliar na falta DAE Casa do Albergado e para preso provisrio com direito a priso especial que o Estado no d. Depois do intervalo, a gente estuda os incisos do art. 117. (Intervalo) Beneficirios da Priso Domiciliar (Regime Aberto) Art. 117 - Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; Este primeiro beneficirio no foi ampliado pelo Estatuto do Idoso. Vocs sabem que pelo Estatuto do Idoso considera-se idoso quem tem idade igual ou superior a 60 anos. Aqui, s est abrangendo o idoso com mais de 70 e continua desse modo. No foi abrangido pelo Estatuto do Idoso. Essa, inclusive a posio do Supremo que diz: aquilo que o Estatuto quis alterar ele o fez expressamente. O que no alterou, permanece. Ento, vejam que o inciso I no se estende para todo e qualquer idoso. Somente para o idoso com idade superior a 70 anos. Cuidado com pegadinha em concurso! Art. 117 - Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se tratar de: II - condenado acometido de doena grave; Tambm faz jus a esse benefcio condenado acometido de doena grave, que aquela doena cuja cura ou tratamento incompatvel com a priso-albergue. Se o tratamento ou a cura for incompatvel no regime aberto, priso-albergue, vai para a priso domiciliar. Art. 117 - Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se tratar de: III - condenada com filho menor ou deficiente fsico ou mental; A deficincia aqui fsica ou mental. Apesar de a lei s se referir condenada, abrange-se o condenado desde que ele comprove a dependncia do filho para com ele. A jurisprudncia estende tambm ao condenado. Exemplo:

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL condenado vivo com filho deficiente que depende dele ter direito a trocar a priso-albergue pela priso domiciliar. Art. 117 - Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se tratar de: IV - condenada gestante. Esse rol exaustivo, somente tomem cuidado com as duas excees jurisprudenciais:

Se no tiver priso-albergue na cidade. Caso de preso provisrio com direito a priso especial e no h estabelecimento prprio.

Aconteceu recentemente isso com um advogado que ns prendemos. Ele, de cara, impetrou habeas corpus e o tribunal falou: vocs tm 24 horas para colocar esse advogado em estabelecimento adequado priso especial que ele merece sob pena de priso domiciliar. O juiz conseguiu em 2 horas. Est preso em Estado Maior e assim ficar por 90 dias. 12. REGRESSO DE REGIME A regresso est no art. 118: Art. 118 - A execuo da pena privativa de liberdade ficar sujeita forma regressiva, com a transferncia para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenao, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execuo, torne incabvel o regime (Art. 111). 1 - O condenado ser transferido do regime aberto se, alm das hipteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execuo ou no pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. 2 - Nas hipteses do inciso I e do pargrafo anterior, dever ser ouvido, previamente, o condenado. Vamos analisar. Quais so as observaes importantes a serem feitas no art. 118? 1 Observao: Se no possvel progresso em saltos por falta de previso legal, regresso em saltos possvel, nos termos do que prev o caput. Progresso em saltos, no (pois no tem previso legal, salvo quando a culpa do Estado naquelas duas hipteses), mas a regresso em saltos possvel, pois tem expressa previso legal. Voc pode ir do aberto para o fechado. 12.1. Hipteses de Regresso:

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; O que significa isso? Significa que dispensa condenao transitada em julgado. Basta praticar. Dispensa condenao pelo crime doloso praticado. Dispensa sentena pela falta grave praticada. Basta a prtica. O Supremo j analisou isso vrias vezes e decidiu que no fere o princpio da presuno de inocncia. Praticou fato definido como crime doloso, praticou fato definido como falta grave, regresso, independentemente do trnsito em julgado da sentena. II - sofrer condenao, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execuo, torne incabvel o regime (Art. 111). Voc est cumprindo pena em regime aberto e condenado a dez anos em regime fechado. O que vai acontecer com aquela pena do aberto? Vai ser somada e vai se transformar tambm em fechado. Quando for incabvel o regime em que voc se encontra diante da nova condenao, regresso. Voc est cumprindo 4 anos no aberto e condenado a mais 4 anos no aberto. 4 + 4 = 8. E 8 anos enseja o regime fechado, de acordo com o CPP. 1 - O condenado ser transferido do regime aberto se, alm das hipteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execuo ou no pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. O 1 traz duas hipteses de regresso: Frustrar os fins da execuo e No pagar a multa cumulativamente imposta.

Esta ltima causa est implicitamente revogada pela Lei 92.68/96. Essa lei transformou a multa em dvida ativa. Permitir regresso burlar essa lei. 12.2. O contraditrio e a ampla defesa na regresso A regresso pressupe contraditrio e ampla defesa? Cuidado com pegadinha em concurso. A resposta : em regra, sim. Olha o que diz o 2: 2 - Nas hipteses do inciso I e do pargrafo anterior, dever ser ouvido, previamente, o condenado. Ou seja, a hiptese do inciso II no tem a prvia oitiva do reeducando. Ou seja, em caso de crime doloso e falta grave, ampla defesa e contraditrio. No caso de frustrar os fins da execuo, contraditrio e ampla defesa. Mas no caso de nova condenao, no tem contraditrio e ampla defesa. S tem contraditrio ampla defesa no inciso I e no 1. 12.3. Regresso cautelar

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL possvel regresso cautelar? A exemplo da priso provisria e da priso cautelar, possvel regresso cautelar? Enquanto o juiz decide se voc deve ou no ser regredido, voc j pode esperar a deciso no fechado? A maioria admite regresso cautelar. Mas como a maioria justifica se no tem previso legal? Priso cautelar tem previso legal. RDD tem previso legal. Como fundamentar uma regresso cautelar? O juiz, dentro do poder cautelar que lhe inerente, no s pode como deve determinar de imediato o retorno do sentenciado ao regime mais severo, observando o fummus boni iuris e o periculum in mora. Isso o que prevalece. Mas voc, que vai prestar defensoria publica, vai concordar com isso? Voc vai ver um assistido seu ser liminarmente regredido, o que voc vai fazer? Habeas corpus. E vai alegar o qu? Art. 3, da LEP: falta de previso legal. Ele tem todos os direitos no retirados pela sentena ou pela lei. Sem ao tem previso legal, no tem regresso cautelar. A vocs vo dizer: o RDD tem previso legal, priso cautelar tem previso legal e regresso cautelar no tem previso legal. Ento, que venha uma lei prevendo. Ento, o argumento da defensoria : falta de previso legal. 12.4. O duplo apenamento na regresso Matria analisada pelo STJ recentemente: o preso pratica falta grave. Quais so as consequncias? Ele vai sofrer uma sano disciplinar. Alm disso, haver a interrupo do prazo para a progresso. Mas que isso: dependendo da falta grave, pode gerar, inclusive, a regresso. O que est parecendo aqui? Bis in idem. Tem gente que fala que absurdo, que o juiz vai ter que escolher se, diante da falta grave, aplica sano disciplinar, interrupo do tempo para a progresso ou se vai aplicar a regresso. Se o juiz optar pela regresso, no pode haver sano disciplinar e nem interromper o tempo para a progresso. E por a vai. O STJ analisou essa matria e rechaou o bis in idem: De acordo com o STJ, no h que se falar em bis in idem, ou duplo apenamento, pois a regresso de regime decorre da prpria LEP, que estabelece tanto a imposio de sano disciplinar, quanto a regresso em caso de falta grave. (REsp 939682/RS) 13. AUTORIZAO DE SADA

Aqui, vocs vo ter que anotar muito pouco porque vamos fazer um quadro bem legal. Primeira coisa que vocs vo ter que saber: autorizao de sada gnero que tem duas espcies: Permisso de Sada e Sada Temporria

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Cuidado com isso! Se o examinador estiver falando de autorizao de sada, estar se referindo s duas espcies! A Seo III, da LEP, trata Das Autorizaes de Sada e dividida em duas subsees: Da Permisso de Sada e Da Sada Temporria. Ns vamos comear com a Permisso de Sada. 13.1. Permisso de Sada Seo III - Das Autorizaes de Sada Subseo I - Da Permisso de Sada Art. 120 - Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisrios podero obter permisso para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I - falecimento ou doena grave do cnjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmo; II - necessidade de tratamento mdico (pargrafo nico do Art. 14). Pargrafo nico - A permisso de sada ser concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. Art. 121 - A permanncia do preso fora do estabelecimento ter durao necessria finalidade da sada. Mas Rogrio, preso definitivo em regime aberto no tem direito? Preso em regime aberto j est livre, leve e solto. S se recolhe noite. Preso provisrio tem direito permisso de sada. Sada temporria ele no tem. Exemplo de preso famoso que teve direito permisso de sada porque faleceu a esposa: PC Farias. Ele teve direito a sair e ir para o velrio da esposa e depois voltou. Exemplo de um preso famoso provisrio que saiu para tratamento mdico: Maluf. Quando foi submetido priso temporria, disse que estava mal do corao. Estava preso temporariamente, pediu permisso para tratar aquilo que ele considerava ser uma doena grave. Mas foi s uma pequena arritmia. Exemplo de um preso famoso provisrio que saiu para tratamento mdico: Rafael Ilha. Foi preso provisoriamente e saiu com escolta para uma lavagem e tirar a pilha que havia engolido e voltar ao estado de abstinncia. A doutrina estende para tratamento odontolgico. No limpeza! No qualquer tratamento. caso de dor de dente insuportvel e coisa desse gnero. Advogado, para de fazer pedido de permisso de sada para o juiz! No para o juiz! Falta interesse de agir na modalidade adequao. Voc tem que pedir para o diretor do estabelecimento. Voc est perdendo tempo em pedir para o juiz

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL porque o juiz vai remeter para o diretor do estabelecimento. Ento, o pedido administrativo. claro que, se negado, voc pode se socorrer do Judicirio. Pronto! Voc j sabe o que permisso de sada e j sabendo o que , voc no vai confundir mais com sada temporria. 13.2. Sada Temporria Art. 122 - Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto podero obter autorizao para sada temporria do estabelecimento, sem vigilncia direta, nos seguintes casos: I - visita famlia; II - freqncia a curso supletivo profissionalizante, bem como de instruo do segundo grau ou superior, na comarca do Juzo da Execuo; III - participao em atividades que concorram para o retorno ao convvio social. Art. 123 - A autorizao ser concedida por ato motivado do juiz da execuo, ouvidos o Ministrio Pblico e a administrao penitenciria, e depender da satisfao dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mnimo de um sexto da pena, se o condenado for primrio, e um quarto, se reincidente; III - compatibilidade do benefcio com os objetivos da pena. Art. 124 - A autorizao ser concedida por prazo no superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais quatro vezes durante o ano. Pargrafo nico - Quando se tratar de freqncia a curso profissionalizante, de instruo de segundo grau ou superior, o tempo de sada ser o necessrio para o cumprimento das atividades discentes. Ele tem que cumprir 1/6 ou no semiaberto ou eu tambm computo tempo de pena no fechado? Ele tem que cumprir 1/6 ou da pena no semiaberto para ter direito sada temporria ou 1/6 ou da pena, computando-se o tempo do fechado? Smula 40, do STJ: STJ Smula n 40 - DJ 12.05.1992 - Para obteno dos benefcios de sada temporria e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado. Dificilmente um livro alerta sobre essa smula. E ela vai estar no seu caderno. A primeira hiptese de cabimento a visita famlia, que o que o Ratinho chama de indulto do dia das mes, indulto da Pscoa. No tem nada a ver com isso.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Essa uma visita temporria, Ratinho! Indulto outra coisa, decorre de decreto presidencial, extinguindo a punibilidade e no tem nada a ver com isso aqui. A terceira hiptese de cabimento so as atividades de ressocializao. Aqui entra o Belo que, quando chegou no semiaberto pediu para fazer um show beneficente. Quem concede a autorizao para a sada temporria o juiz da execuo, ouvidos o MP e a administrao penitenciria que dir se ele apresentou ou no bom comportamento. Prazo da Sada Temporria Est previsto no art. 124. Cada sada temporria por prazo no superior a 7 dias. Pode ser por 1 dia, 2 dias, 3 dias, 4, 5, 6 ou 7. Superior a 7, no. E essa sada pode ser renovada por mais 4 vezes durante o ano. Ento, ele tem direito a uma mais 4 vezes. Ele tem direito a cinco sadas temporrias durante o ano. Ento, cuidado com o prazo para o concurso. Ele tem direito a 5 sadas por ano no mximo. Mas 35 dias, no mximo? Que curso esse que ele faz? impossvel voc fazer um curso em 35 dias. Ento, para isso, temos o pargrafo nico: o tempo de sada ser o necessrio para as atividades discentes. Revogao da sada temporria O art. 125, nico traz essa hiptese. A permisso de sada no tem hiptese de revogao. Art. 125 - O benefcio ser automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condies impostas na autorizao ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Pargrafo nico - A recuperao do direito sada temporria depender da absolvio no processo penal, do cancelamento da punio disciplinar ou da demonstrao do merecimento do condenado. Ento, perfeitamente possvel a revogao da sada temporria nessas hipteses. Caso famoso em que os condenados deram causa revogao da sada temporria: os meninos de Braslia que puseram fogo em um ndio. Eles, no semiaberto, pediram sada temporria para fazer faculdade: direito, odontologia e engenharia. A Globo filmou os trs, em pleno horrio de faculdade: um no Mc Donalds, com a famlia. O outro, no shopping e o outro na frente da faculdade, encostado no carro dele, se dando bem com uma moa. Essas imagens foram requisitadas pelo MP/DF que requereu a revogao da sada temporria. Mas, Rogrio, eles no podem voltar a sair, nunca mais? nico: eles podem voltar a sair, desde que demonstrem merecimento. uma revogao que permite nova concesso, desde que preenchidos os requisitos do nico. O quadro est completo e um dos poucos quadros que vocs tm que decorar: AUTORIZAO DE SADA PERMISSO DE SADA SADA TEMPORRIA

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Previso legal: Arts. 120 e 121 da LEP Previso legal: Arts. 122 e 125 da LEP Beneficirios: Beneficirios: Preso definitivo em regime fechado Somente preso no semiaberto ou semiaberto (preso no fechado e preso provisrio no tm direito) que: Preso provisrio o Tenha comportamento adequado o Cumpriu 1/6 da pena se primrio o Cumpriu da pena se reincidente o Comprove o nexo com a ressocializao (seja importante para a ressocializao Caracterstica marcante: Caracterstica marcante: Ocorre mediante escolta Sem vigilncia direta (no tem escolta) Hipteses de cabimento: Hipteses de cabimento: ) Falecimento ou doena grave Visita famlia (C.CADI Cnjuge, companheiro, Frequncia a cursos Atividades de convvio social, de ascendente, descendente, irmo) ) Necessidade de tratamento ressocializao mdico Autoridade competente analisar o pedido: Diretor do estabelecimento para Autoridade competente para analisar o pedido: Juiz da execuo (ouvidos o MP e a administrao penitenciria) Art. 123. Prazo da permisso de sada: Prazo da sada temporria: Prazo indeterminado (durao Art. 124 da LEP Vide obs. supra necessria finalidade da sada) Art. 121. 14. REMIO ARTS. 126 A 130 DA LEP Art. 126 - O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poder remir, pelo trabalho, parte do tempo de execuo da pena. 1 - A contagem do tempo para o fim deste artigo ser feita razo de 1 (um) dia de pena por 3 (trs) de trabalho. 2 - O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuar a beneficiar-se com a remio. 3 - A remio ser declarada pelo juiz da execuo, ouvido o Ministrio Pblico.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Na aula passada, eu falei pra vocs guardarem que o trabalho do preso estava na coluna dos direitos e tambm na coluna dos deveres porque o trabalho um misto de direito e dever. Vamos anotar isso: O trabalho carcerrio um direito e um dever do preso que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto (no alcana o aberto ou penas restritivas de direitos). direito porque ao preso deve ser assegurada a oportunidade de trabalho, pois, alm de se manter (ele recebe por isso), consegue diminuir o tempo de cumprimento de pena. um dever porque, se o preso no trabalha, deixa de obter uma srie de benefcios configurando falta grave Obs.: Considerando que a Constituio Federal veda trabalhos forados, a doutrina moderna no admite falta grave no caso de o preso se recusar a trabalhar. Clculo da remio (art. 126, 1) A cada trs dias trabalhados, desconta um dia de cumprimento de pena. Remio pelo estudo Agora, eu pergunto: a LEP previu a remio pelo estudo? Tem projeto de lei na marca do pnalti para ser aprovado. A LEP no previu, mas tem smula que admite. A Smula 341, do STJ admite a remio pelo estudo: STJ Smula n 341 - DJ 13/08/2007 - A freqncia a curso de ensino formal causa de remio de parte do tempo de execuo de pena sob regime fechado ou semiaberto. Remio ficta O preso quer trabalhar, mas no lhe do trabalho. O preso quer estudar, mas no lhe do estudo formal. E agora, posso aplicar o instituto da remio ficta? Anotem: os tribunais no tm admitido a remio ficta no caso de falta de trabalho ao preso. Essa uma briga da Fundao de Assistncia Penitenciria, da defensoria pblica, mas os tribunais no tm admitido. H um caso s em que a lei prev a remio ficta. Qual? Somente no art. 126, 2: 2 - O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuar a beneficiar-se com a remio. Isso remio ficta, mas tem previso legal! Lembram que eu falei que provocar acidente de trabalho falta grave? Se ele faz isso, ele est praticando um estelionato no instituto da remio. uma fraude no instituto da remio porque ele fica sem trabalhar por provocao e continua remindo a pena. Provocar acidente de trabalho, propositadamente, falta grave. Oitiva do MP Art. 126 diz que exigida e isso bvio. 14.1. Perda do tempo remido (art. 127)

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Art. 127 - O condenado que for punido por falta grave perder o direito ao tempo remido, comeando o novo perodo a partir da data da infrao disciplinar. Esse artigo importante. Vamos interpret-lo. Vamos supor que em janeiro ele tenha trabalhado 18 dias. A quantos dias de remio ele tem direito? 6 dias. Esses 6 dias vo para o juiz e o juiz homologa. Em fevereiro, ele trabalhou 15 dias. Ele ter direito a 5 dias remidos. O juiz homologa. Em maro, ele trabalhou 21 dias e ter direito a 7 dias remidos que o juiz vai homologar. O problema foi abril: ele trabalhou 9 dias e depois disso ele praticou falta grave. Quando ele fez isso, no ms de abril, ele j tinha 3 dias de remio. Ele vai perder os 3 dias que ainda no foram homologados. Ele perde s o que no foi homologado pelo juiz ou ele perde tudo, inclusive os j homologados pelo juiz? Essa questo foi discutida no Supremo. Uma primeira corrente diz que se o juiz homologou, j existe o ato jurdico perfeito. S poderia, eventualmente, perder os dias no homologados. Ento, vamos anotar: 1 Corrente: Sabendo que a CF garante ao cidado respeito ao direito adquirido, ato jurdico perfeito e coisa julgada, a falta grave faz com que o preso perca somente os dias remidos ainda no homologados. A defensoria publica briga muito por essa posio. 2 Corrente: O cometimento de falta grave implica na perda dos dias remidos, homologados ou no, sem que isso caracterize ofensa ao princpio da individualizao da pena e ao direito adquirido. A remio da pena constitui mera expectativa de direito, exigindo-se tambm a observncia da disciplina pelos internos. STF. No s prevalece a segunda corrente do Supremo, como smula vinculante. O Supremo, no s faz prevalecer, como chuta o balde! SMULA VINCULANTE N 9 (12/06/2008) - O DISPOSTO NO ARTIGO 127 DA LEI N 7.210/1984 (LEI DE EXECUO PENAL) FOI RECEBIDO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE, E NO SE LHE APLICA O LIMITE TEMPORAL PREVISTO NO CAPUT DO ARTIGO 58. O caput do art. 58 queria limitar a uma perda de 30 dias apenas. No. No tem isso. Ele perde tudo! Se f* e tem que se f* mesmo porque praticou falta grave e a tem mais que perder o benefcio. Comea a mostrar que voc tem bom comportamento dali em diante porque voc melou tudo! 14.2. Tempo remido na concesso de benefcios (art. 128) Art. 128 - O tempo remido ser computado para a concesso de livramento condicional e indulto. E progresso de regime vai ser considerada? O artigo no se referiu a outros benefcios. Apesar do silncio tem prevalecido aplicar-se tambm para efeito de progresso.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Observao: No existe remisso em medida de segurana.

14.3. Falsificao de atestado de trabalho (art. 130) Art. 130 - Constitui o crime do Art. 299 do Cdigo Penal declarar ou atestar falsamente prestao de servio para fim de instruir pedido de remio. Que crime pratica uma pessoa que falsifica o atestado de trabalho? Falsidade ideolgica. (Intervalo) 15. LIVRAMENTO CONDICIONAL A primeira coisa que vocs tm que perceber: o o o O livramento condicional um incidente de execuo. Nada mais do que Uma liberdade antecipada mediante certas condies. Preenchidos os requisitos, direito subjetivo do condenado. Isso no pressupe a passagem por todos os regimes de cumprimento de pena. Voc pode ter direito a livramento condicional, j no fechado e para a liberdade antecipada. No vai voc ficar pensando que s tem direito a livramento condicional quem est no aberto. No!

o O livramento condicional um desdobramento do Sistema Progressivo.

O livramento condicional est previsto na LEP e no CP e vou trabalhar muitos com os arts. 83 e seguintes do Cdigo Penal. Vamos comear pelos requisitos. 15.1. Requisitos a) Requisitos OBJETIVOS para fazer jus ao livramento:

1 Requisito: A pena imposta deve ser privativa de liberdade No existe livramento condicional para restritiva de direitos. Pode parecer bvio aqui. Mas na hora da prova, voc se depara com uma pergunta como essa, voc se confunde. 2 Requisito: A pena imposta deve ser igual ou superior a 2 anos Considera-se concurso de crimes para saber se a pena preenche esses requisitos? Sim. Considera-se o concurso de delitos. Olha o problema que vai cair no seu concurso: ru condenado a 1 ano e 11 meses. Esse ru reincidente e, se assim, no cabe sursis. Olha o que aconteceu: por ser reincidente no cabe sursis e pelo fato de a pena ter ficado inferior a 2 anos, no cabe livramento condicional. Ele foi condenado a 1 ano e 11 meses. Por no ter sido condenado a, pelo menos dois anos, no ter livramento condicional e

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL por ser reincidente no cabe sursis. Quer dizer que ele vai ficar a pena inteira no fechado, s tendo direito progresso? Pergunto: ele pode recorrer para aumentar em 1 ms essa pena dele para ter direito ao livramento depois de um rpido cumprimento? A doutrina diz que sim. um dos rarssimos casos em que o condenado tem interesse em aumentar sua pena. 3 Requisito: Requisito temporal Aqui ns temos que dividir.

o Se o condenado primrio e de bons antecedentes, ele tem que

cumprir mais de 1/3 da pena. No basta cumprir 1/3. Ele tem que cumprir mais de 1/3! o Se ele for reincidente, ele tem que cumprir mais de metade! o No caso de crime hediondo ou equiparado, ele tem que cumprir mais de 2/3. Vocs j estudaram isso comigo na Lei dos Crimes Hediondos porque ela diz: mais de 2/3, desde que no reincidente especfico. Na nossa primeira aula de legislao especial, estudamos isso. J estudamos o livramento condicional nos crimes hediondos. Vimos, inclusive, trs correntes sobre reincidente especfico. o Se ele for primrio de maus antecedentes Ele no se encaixa na primeira hiptese porque no tem bons antecedentes e no reincidente. Como fica? 1 corrente: Entende que, na dvida, o que mais favorvel ao ru. No silncio do legislador, a primeira corrente, aplica o in dubio pro reo. Se o legislador no previu primrio + maus antecedentes, vamos aplicar tambm a frao mais favorvel ao ru. a que prevalece. O juiz deve aplicar a frao de 1/3 2 Corrente: Se ele portador de maus antecedentes, ele vai ter que cumprir metade: in dubio no do ru. 4 Requisito: Reparao do dano

Temos aqui os requisitos objetivos. Mas para fazer jus ao livramento condicional, voc tem que fazer jus aos requisitos subjetivos. b) Requisitos SUBJETIVOS para fazer jus ao livramento: Comportamento carcerrio satisfatrio Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo para prover a prpria subsistncia

1 Requisito: 2 Requisito:

3 Requisito: Aptido mediante trabalho honesto

4 Requisito: No caso de crime praticado com violncia ou grave ameaa pessoa, constatao de que o condenado no voltar a delinquir. Como se constata isso? Exame criminolgico. E vocs j sabem: deve ser demonstrada a necessidade. No mais obrigatrio. Se o juiz tiver outros meios de constatar essa personalidade, dispensa-se o exame criminolgico. O exame criminolgico facultativo.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Livramento condicional uma aula um pouco chata porque muita coisinha que voc tem que decorar. Mas fundamental pra primeira fase porque sursis e livramento condicional despencam. 15.2. Processamento do Pedido de Livramento Condicional Temos que analisar aqui antes e depois da Lei 10.792/03.

o ANTES da Lei 10.792/03 O juiz, antes de decidir, ouvia:a) b) MP Conselho Penitencirio

o DEPOIS da Lei 10.792/03 O juiz, antes de decidir, ouve somente o MP.Cuidado! Conselho Penitencirio deixou de emitir parecer em livramento condicional. Mudaram a redao do art. 70, I, da LEP antes e depois da mudana: Art. 70 - Incumbe ao Conselho Penitencirio: I emitir parecer sobre livramento condicional, indulto e comutao de pena; Art. 70 - Incumbe ao Conselho Penitencirio: I emitir parecer sobre indulto e comutao de pena, excetuada a hiptese de pedido de indulto com base no estado de sade do preso; (Redao dada pela L-010.7922003) No se fala mais em livramento condicional. O Conselho Penitencirio perdeu essa finalidade.

a)

Livramento condicional: Perodo de Prova

O incio do perodo de prova se d com a audincia admonitria (audincia de advertncia) do art. 137, da LEP. Tem toda uma cerimnia, uma formalidade, que marca o incio do perodo de prova: Art. 137 - A cerimnia do livramento condicional ser realizada solenemente no dia marcado pelo presidente do Conselho Penitencirio, no estabelecimento onde est sendo cumprida a pena, observando-se o seguinte: Aqui marca o incio do livramento condicional. E ele dura at quando? O perodo de prova dura enquanto durar o restante da pena: o Perodo de prova = restante da pena.

Diferente do sursis, que tem um perodo de prova fixo: 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos. No livramento condicional, o perodo de prova varivel porque perdura o restante da pena a cumprir.

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b)

Livramento condicional: Condies

Quais so as condies que ele deve cumprir durante o perodo de prova? Condies OBRIGATRIAS s quais se sujeita o liberado: 1 Condio Obrigatria: Obter ocupao lcita dentro de prazo razovel. Por ocupao lcita a doutrina admite estudos tcnicos. No pressupe obrigatoriamente trabalho. 2 Condio Obrigatria: Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupao. Eu falei comunicar mensalmente? No. Fica a critrio do juiz da execuo: pode ser semanalmente, mensalmente, trimestralmente. Se na sua prova cair mensal est errado! Tem que estar escrito periodicamente. Qualquer coisa diferente disso, pode colocar falso. 3 Condio Obrigatria: No mudar da comarca sem autorizao. o que mais cai. Cuidado com isso. No mudar da comarca condio obrigatria. No mudar da residncia condio facultativa. Cuidado para no confundir. Condies FACULTATIVAS s quais se sujeita o liberado: 1 Condio Facultativa: No mudar de autorizao. aqui que reside a pegadinha do concurso. 2 Condio Facultativa: residncia sem

Recolher-se habitao em hora fixada.

3 Condio Facultativa: No frequentar determinados lugares. Vocs, de Vacaria, aquele lugar l na BR, com uma luzinha vermelha. 4 Condio Facultativa: fins da pena. Outras condies compatveis com os

O que eu quis demonstrar com essas condies obrigatrias e facultativas? As obrigatrias esto no rol taxativo e as facultativas, no rol meramente exemplificativo. Foi isso que caiu em concurso.

c)

Livramento condicional: Causas de Revogao

o que mais cai em concurso. O art. 86, do CP traz as causas de revogao obrigatria. E o art. 87 traz as causas de revogao facultativas. o assunto que mais cai. Causas de revogao OBRIGATRIAS Art. 86, CP: Revogao do Livramento Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentena irrecorrvel:

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL I - por crime cometido durante a vigncia do benefcio; II - por crime anterior, observado o disposto no Art. 84 deste Cdigo. 1 Causa de Revogao Obrigatria: Condenao definitiva por crime cometido durante o benefcio. A condenao tem que ser: definitiva + crime + cometido durante o benefcio. Consequncias: o No se computa na nova pena o tempo em que esteve solto. o No se concede novo livramento ao delito revogado (in casu, no crime de roubo) o No se admite soma das penas para observar o requisito temporal 2 Causa de Revogao Obrigatria: crime cometido antes do benefcio. Condenao definitiva por

Consequncias: o Computa-se na pena o tempo de liberdade. o Concede-se novo livramento ao delito revogado (in casu, roubo. Tem que cumprir novamente os requisitos) o Admite-se soma das penas. Reparem que a diferena nessas duas causas de revogao obrigatria que, no primeiro caso, o crime foi cometido durante o benefcio e no segundo, antes do benefcio. Preste ateno no exemplo: voc condenado a roubo por 9 anos. Depois que voc cumpriu 1/3, ou seja, 3 anos, voc vai ter direito ao livramento condicional. O perodo de prova desse livramento, ser o restante da pena, ou seja, 6 anos. O perodo de prova = 6 anos. Vamos supor que depois de ter cumprido 4 anos do perodo de prova, voc condenado a 1 ano por furto. Vai ter uma diferena grande se esse furto foi praticado antes do benefcio ou depois do benefcio. Ele ficou em liberdade 4 anos. Se o crime foi cometido durante esses 4 anos do benefcio, ele perde. como se ele nunca tivesse cumprido. Ele volta a cumprir pena. Se o furto foi praticado antes do benefcio, menos grave, pois no traiu a confiana do Juzo. Ento, o tempo de liberdade pena cumprida. Essa a primeira consequncia de ter sido cometido antes ou durante. Segunda consequncia: se o furto foi cometido durante o perodo de prova, vai haver a revogao do livramento do roubo e no cabe novo livramento do roubo. Se o furto foi cometido antes, revoga-se o livramento do roubo, mas cabe novo livramento para o roubo depois que ele preencher novamente os requisitos. O ltimo detalhe o mais importante porque o mais difcil. Vejam que ele no tem direito a livramento no furto porque a pena imposta tinha que ser de, pelo menos, dois anos. Mas se eu somar a pena do furto com o que ele tem para cumprir do roubo cabe livramento? A cabe, mas olha o detalhe: se o crime foi cometido durante o benefcio, eu no vou poder somar as penas para permitir o livramento para o furto. Se o crime foi cometido antes, eu vou poder somar as penas para permitir o livramento no furto.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL J deu para perceber o qu? Que um exatamente o oposto ao outro. As consequncias de uma revogao so opostas s da outra. Causas de revogao FACULTATIVAS Art. 87, CP: Revogao Facultativa Art. 87 - O juiz poder, tambm, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigaes constantes da sentena, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contraveno, a pena que no seja privativa de liberdade. Ou seja, se foi condenado pena restritiva de direitos ou multa. 1 Causa de Revogao Facultativa: condies obrigatrias ou facultativas Deixar de cumprir as

2 Causa de Revogao Facultativa: Condenado definitivamente por crime ou contraveno a pena de multa ou restritiva de direitos. Se ele for condenado a privativa de liberdade, a revogao obrigatria. Olha o que vai cair na sua prova: ele estava cumprindo livramento condicional foi condenado (condenao definitiva) por furto e a pena foi privativa de liberdade. Aqui, a revogao obrigatria ou facultativa? Revogao obrigatria! Segunda hiptese: ele estava cumprindo livramento condicional foi condenado (condenao definitiva) por furto, porm, a pena imposta foi restritiva de direitos. Revogao obrigatria ou facultativa? A revogao agora facultativa! Terceira hiptese: ele estava cumprindo livramento condicional foi condenado a contraveno penal a uma pena restritiva de direitos. A revogao facultativa! Quarta hiptese: ele foi condenado por contraveno penal a priso simples. A revogao obrigatria ou facultativa? A revogao s facultativa se ele foi condenado, mas sem pena privativa de liberdade. Ele tem que ser condenado, definitivamente, por crime ou contraveno, a pena de multa ou restritiva de direitos. A facultativa. Fora disso, no nem um, nem outro. Ento, essa hiptese lacuna. No tem previso legal. Ento, no gera revogao por falta de previso legal. E no adianta voc querer colocar como revogao facultativa porque isso analogia in malam partem. isso que vai cair na sua prova! Condenao superveniente por contraveno penal a priso simples no tem previso legal nem de revogao obrigatria e nem de revogao facultativa. Logo, lacuna no revoga! Sob pena de analogia in malam partem. No tem previso legal! O legislador esqueceu, cochilou.

c) Livramento condicional: Prorrogao do perodo de provaOlha o que diz o art. 89:

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Extino Art. 89 - O juiz no poder declarar extinta a pena, enquanto no passar em julgado a sentena em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigncia do livramento. Ns temos o art. 89 tratando da prorrogao do perodo de prova. Primeira observao: Crime cometido antes da vigncia do livramento no gera prorrogao. Somente crime cometido na vigncia do livramento. Segunda observao: Somente crime gera a prorrogao, no abrange contraveno penal. Terceira observao: Inqurito policial no gera prorrogao. Tem que haver processo pelo novo crime! Mero inqurito no basta. Tem que ter processo para poder prorrogar o livramento condicional.

d)

Livramento condicional: ExtinoArt. 90 - Se at o seu trmino o livramento no revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.

Pronto. No vou perder tempo. 16. AGRAVO EM EXECUO ART. 197, LEP Previso legal: Art. 197, da LEP Art. 197 - Das decises proferidas pelo juiz caber recurso de agravo, sem efeito suspensivo. Rito: Prev agravo? Absurdo! As decises do juiz da execuo, antes da LEP, desafiavam RESE. A veio a LEP e j imaginando, junto com a professora Ada, imaginando que fosse possvel fazer um Cdigo de Processo Geral. Ento, a LEP se adiantou e trouxe para o processo penal o recurso de agravo, sendo que ns no conhecamos esse recurso. E pior! Trouxe o recurso de agravo, sem destacar qual o seu rito. Ento, no silncio, o que se tem decidido? Que continua sendo do RESE. Prazo para a interposio: o do agravo de instrumento (de dez dias, esse recuso de merda) ou o do RESE, 5 dias? So 5 dias porque segue o RESE. Tem smula nesse sentido: Smula 700, do STF: STF Smula n 700 - DJ de 13/10/2003 - de cinco dias o prazo para interposio de agravo contra deciso do juiz da execuo penal. Essa smula colocou uma p de cal sobre o assunto. Ela confirmou que o rito o do RESE e confirmou que o prazo de interposio, portanto, de 5 dias.

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LFG LEGISLAO PENAL ESPECIAL Rogrio Sanches Intensivo II 12/12/2009 LEI DE EXECUO PENAL Efeitos do agravo execuo: o Em regra, devolutivo. o Ele tem tambm juzo de retratao porque segue o RESE e o Tem o efeito extensivo. Tem efeito suspensivo? O art. 197 fala em sem efeito suspensivo. E se quiser dar efeito suspensivo? O Renato deve ter falado pra fazer o qu? Mandado de segurana. Eu j esclareci o qu hoje? Mandado de segurana, no! A doutrina moderna tem falado o qu sobre isso? Tem que ser antecipao de tutela recursal. Vejam a nova Lei do Mandado de Segurana que no quer saber de ficar usando MS para essas merdas. Ela no quer que o MS seja desvirtuado. Ento, a doutrina moderna, os processualistas tm dito: se voc quer efeito suspensivo, pleiteie antecipao de tutela recursal. Agora, cuidado! Na sua prova vai cair o seguinte: tem um caso que o agravo execuo tem efeito suspensivo expressamente previsto! o art. 179, da LEP: Art. 179 - Transitada em julgado a sentena, o juiz expedir ordem para a desinformao ou a liberao. O art. 179 d efeitos suspensivo ao agravo quando ele recorre da deciso que desinterna ou libera o doente mental. Mas, Rogrio, eu no estou entendendo. No est escrito isso a! olha o que diz: s quando transitada em julgado a sentena que o juiz pode desinternar ou liberar. Isso significa o qu? Se o MP agravou, ele continua internado! Ele continua sob tratamento ambulatria. Voc tem que ler com cuidado o art. 179 para perceber que, neste caso, o agravo tem efeito suspensivo. S neste caso. Pegadinha de concurso! Vamos ler a contrario sensu: enquanto no transitada em julgado a sentena, ele no pode expedir ordem para liberao ou desinternao. Se o MP recorreu, ele no pode determinar a liberao ou desinternao porque o agravo, nesse caso, tem efeito suspensivo.

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