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 ESTRUTURAS 26 TÉCHNE 119 | FEVEREIRO DE 2007 D esde quando se cristalizou no Brasil a preferência pelo concre- to armado, for jou- s e o mi to da e s - tr utu ra duráv el, qua se e terna. S e - gundo o proj e ti s ta Francisc o Gra zia- no, ess a c ult ur a re monta a o perí odo coloni a l. "Naque la é poca , a s ca s a s e r am constr das com pedr ase e ram quas e in de str ut íveis", lembra Gra- ziano. Esse mito alimenta o desprezo pela manutenção e tem custado caro às obr as br as i l e i r as . Apes ar da re sis- tência e das características inigualá- ve i s do concreto armado, não s e pode esquecer de que se trata de um mate- r i al se nsível à agres s i vi dade do am- bi ent e . "As a çõe s de manute nção visa m, em geral, ga rantir pri ncipa l- mente a integridade das armaduras, que são mais sensíveis às agressões do meio ambiente quando e xpostas." Para garantir a saúde do edifício, o acompanhamento próximo da e volu çã o do compor t ame nt o da es - trutura pode exigir vistorias muito mais cedo do que se imagina e a in- t erval os bem menores . S eg undo es - pec i ali s t as , a pe ri odi cidade a dequa da se ri a acada cinco anos. "Ess eperí odo permite que se interrompa qualquer processo de degeneração que possa ter s e in ici ado na e s tr ut ura", a fi rma J os é Robert o Braguim, pre s i dente da Abece (Associação Brasileira de En- ge nharia e Cons ult ori a E str ut ur a l) . Mas alguns fatores podem in- Inspeção de rotina Para acom panhar de perto o desempe nho da estrutura e a evolução de eventuais patologias, devem ser feitas inspeções a cada cinco anos. Fundações e marquises não podem ser esquecidas fl uenc i a r esse in tervalo. O surgimen- to de trincas ou fissuras pode exigir inspe çõe s imediatas. O t ipo de util i- zação de um edifício é outro fator de agressividade que pode interferir nas i nspe çõe s. Uma edi fi ca çã o deut i li za - çã o públi ca , e vi dentemente de ve re- ceber uma atenção muito maior", concorda o presidente do Ibape-SP (I ns ti tu to Bras il e ir o de A va li a çõe s e P erí cia s de Eng e nharia), Tit o Lí vio Fe r reir a Gomide. Nos centros das grandes cidades, prédios c ent e nários , ori ginalmente re- s idenciais, pas s aram a r ec e ber comé r- cio, e s cri tóri ose até pe quenas fábrica s . "A mudança de destino de uso tam- bém pode ferir a estrutura em termos de ca rreg ame nto e agres sivi dade. São fatores que costumam ocorrer com o passar do tempo e que são deletérios para a estrutura",acrescenta Graziano. Projetos originais A pobreza de registros e docu- mentações é marcante nas edifica- çõe s br as ileiras , s eja nas públ i ca s, se j a nas pr i vadas . Os e ngenheiros s ão unânimes ao a fi r mar que, dos pré- dios mais antigos – com 20 anos ou ma is – que já vis toriaram, a ma ior ia não pos sui os projetos ori ginais. Nor malmente, a rec upe r a çã o dos projetos originais pode ajudar na anamnese (conhecimento da histór ia do e di cio, suas caracte- rísticas construtivas e sua concep- çã o de ut il izaç ã o). S e gundo Bra- gui m, da Abec e, is so não é ne ce ssa- riamente um obstáculo ao enge- nhe ir o que vistor ia a e s tr utu ra. Os demais dados disponíveis – entre- vi s t a s com usuá r ios, i nspe çõe s vi- Elementos estruturais que contêm tubulaçõe s em seu interior t êm um a probabilidade maior de sofrer infilt rações de água I nspeções dev em ocor rer, em média, a cada cinco anos. Mas surgimento de trincas na estrutura exige inspeções imediatas     F    o    t    o    s    :     d     i    v    u     l    g    a    ç     ã    o     M    a    r    c    e     l    o     S    c    a    n     d    a    r    o     l     i inspecao de estruturas.qxd 1/2/2007 15:36 Page 26

Artigo Techne Inspeção de Rotina

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Inspeção de rotina predial

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  • ESTRUTURAS

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    Desde quando se cristalizou noBrasil a preferncia pelo concre-to armado, forjou-se o mito da es-trutura durvel, quase eterna. Se-gundo o projetista Francisco Grazia-no, essa cultura remonta ao perodocolonial. "Naquela poca, as casaseram construdas com pedras e eramquase indestrutveis", lembra Gra-ziano.

    Esse mito alimenta o desprezopela manuteno e tem custado caros obras brasileiras. Apesar da resis-tncia e das caractersticas inigual-veis do concreto armado, no se podeesquecer de que se trata de um mate-rial sensvel agressividade do am-biente. "As aes de manutenovisam, em geral, garantir principal-mente a integridade das armaduras,que so mais sensveis s agresses domeio ambiente quando expostas."

    Para garantir a sade do edifcio,o acompanhamento prximo daevoluo do comportamento da es-trutura pode exigir vistorias muitomais cedo do que se imagina e a in-tervalos bem menores. Segundo es-pecialistas, a periodicidade adequadaseria a cada cinco anos. "Esse perodopermite que se interrompa qualquerprocesso de degenerao que possater se iniciado na estrutura", afirmaJos Roberto Braguim, presidente daAbece (Associao Brasileira de En-genharia e Consultoria Estrutural).

    Mas alguns fatores podem in-

    Inspeo de rotinaPara acompanhar de perto o desempenho daestrutura e a evoluo de eventuais patologias, devem ser feitas inspees a cada cinco anos.Fundaes e marquises no podem ser esquecidas

    fluenciar esse intervalo. O surgimen-to de trincas ou fissuras pode exigirinspees imediatas. O tipo de utili-zao de um edifcio outro fator deagressividade que pode interferir nasinspees. Uma edificao de utiliza-o pblica, evidentemente deve re-ceber uma ateno muito maior",concorda o presidente do Ibape-SP(Instituto Brasileiro de Avaliaes ePercias de Engenharia), Tito LvioFerreira Gomide.

    Nos centros das grandes cidades,prdios centenrios, originalmente re-sidenciais, passaram a receber comr-cio, escritrios e at pequenas fbricas."A mudana de destino de uso tam-bm pode ferir a estrutura em termosde carregamento e agressividade. Sofatores que costumam ocorrer com opassar do tempo e que so deletriospara a estrutura",acrescenta Graziano.

    Projetos originaisA pobreza de registros e docu-

    mentaes marcante nas edifica-es brasileiras, seja nas pblicas,seja nas privadas. Os engenheiros sounnimes ao afirmar que, dos pr-dios mais antigos com 20 anos oumais que j vistoriaram, a maioriano possui os projetos originais.

    Normalmente, a recuperaodos projetos originais pode ajudarna anamnese (conhecimento dahistria do edifcio, suas caracte-rsticas construtivas e sua concep-o de utilizao). Segundo Bra-guim, da Abece, isso no necessa-riamente um obstculo ao enge-nheiro que vistoria a estrutura. Osdemais dados disponveis entre-vistas com usurios, inspees vi-

    Elementos estruturais que contmtubulaes em seu interior tm umaprobabilidade maior de sofrerinfiltraes de gua

    Inspees devem ocorrer, emmdia, a cada cinco anos. Massurgimento de trincas na estruturaexige inspees imediatas

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    suais, histrico de ampliaes daedificao ou das intervenes demanuteno podem ser teispara conhecer a construo anali-sada. Caso necessrio, lembra o en-genheiro, as dimenses originaispodem ser recuperadas com medi-es in loco da largura e espessurade pilares e vigas, espessuras de re-

    Romilde Almeida de Oliveira professordo curso de Engenharia Civil da Unicap(Universidade Catlica de Pernambuco) e participou da Comisso de Diagnsticomontada pelo Crea-PE (ConselhoRegional de Engenharia e Agronomia)para investigar as causas do colapso doedifcio Areia Branca, ocorrido emoutubro de 2004 em Jaboato dosGuararapes. Ele nega que tenha havidonegligncia na inspeo da estrutura doedifcio, e revela que os problemas queresultaram no acidente estavam"escondidos" em uma regio raramentevistoriada: as fundaes. Das liestiradas do acidente com o Areia Branca,surgiram diversos seminrios tcnicos e

    documentos orientativos, como o check-list elaborado pela Abece.

    Houve negligncia na inspeo daestrutura do edifcio Areia Branca?No atribuo negligncia aosadministradores do edifcio durante suafase de utilizao. Durante todo o perodode 27 anos de uso, no houveidentificao de danos ou falhas emquaisquer elementos que tenhamchamado a ateno de moradores ou docondomnio. O prdio tinha problemas,que, no entanto, no eram aparentes.

    Onde ocorreram esses problemas?No acidente do Areia Branca, a causadeterminante do desabamento se deu nasfundaes, parte enterrada do edifcio. Foiexatamente a ruptura dos pilares na zonacompreendida entre o topo das sapatas e alaje do piso do subsolo, que sela toda area da edificao. Ou seja, uma regioque comumente no era visitada nosedifcios brasileiros. Principalmenteporque h uma grande dificuldade atranspor: uma inspeo desse tipo exigiria

    "No houve negligncia de inspeo no Areia Branca"

    quebrar todo o subsolo e destruiracabamentos bons.

    Quais foram as causas da ruptura?Havia falhas construtivas graves. Entreoutras, foram detectadas a mconcretagem das sapatas e dos pilares,m vibrao do concreto, utilizao de umconcreto poroso, com fator guacimentoelevado, trechos em contato permanentecom umidade, o que favorecia a corrosode armaduras e a deteriorao doconcreto. Um dos pilares falhou, depoisoutro, em razo da transferncia de carga,gerando um efeito domin.

    Segundo o perito, o edifcio Areia Brancacolapsou por falhas em suas fundaes,regio raramente vistoriada eminspees estruturais

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    Fissuras em alvenarias podem revelarproblemas mais srios, como flechasem vigas ou lajes

    Difceis de identificar em seusurgimento, corroso das armaduras sointensificadas quando ocorre odesplacamento do concreto

    vestimentos, extrao de testemu-nhos e anlises laboratoriais dotrao e da resistncia do concreto eexames de pacometria para locali-zao das armaduras.

    A falta dessa documentao, se-gundo Graziano, pode ser prejudicialem uma fase posterior do diagnsti-co dos problemas encontrados em

    um edifcio. "Para o engenheiro, importante saber a dimenso docomprometimento que uma patolo-gia significa, ou que atitudes correti-vas podem ser feitas com seguranano local", explica. "A construtora po-deria entregar junto com as chavestodos os projetos num CD, com a do-cumentao tcnica", sugere Jos Ro-berto Braguim.

    AtenoAs patologias mais comuns em

    estruturas de concreto armado soas trincas e fissuras, infiltraes ecorroso das armaduras. Entretanto,como geralmente os elementos es-truturais esto aparentes apenas emalgumas partes do edifcio, como notrreo ou nos subsolos, os engenhei-ros que realizam vistorias devemestar atentos a outros sistemas, comoas alvenarias e os revestimentos. Elesescondem a estrutura e interagemcom ela, e simples rachaduras ou

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    Confira os principais passos para arealizao das inspees sugeridos noPlano de Vistoria de Estrutura deEdificaes da Abece (AssociaoBrasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).

    INSPEO PRELIMINAR

    HHiissttrriiccoo ee aanntteecceeddeenntteessDados cadastrais: nome da edificao;endereo; data da construo; motivo dasolicitao; nome do sndico ou rgoresponsvel; agressividade do ambiente. Informaes gerais: nome daconstrutora; nome dos projetistas;utilizao da edificao x concepooriginal do projeto; caracterizao daedificao (nmero de pavimentos, tiposde lajes, tipo da fundao, etc.);verificao de registros de intervenesanteriores (data de execuo, empresaresponsvel, projeto, motivo e locais de interveno); anlise dosprojetos da edificao.

    QQuueessttiioonnrriiooDistribuio: um questionrio sucinto entregue, por meio do sndico ouadministrador, para os usuriosindicarem os problemas existentes nasunidades (fissuras em paredes ecermicas, problemas com portas ejanelas, deformaes, infiltraes, etc.).Filtragem: respostas recebidas soselecionadas para definio dasunidades a serem vistoriadas.

    MMaanniiffeessttaaeess ppaattoollggiiccaassLevantamento: a vistoria do edifciodeve levar em considerao aspectosimportantes como infiltraes de gua,corroso de armaduras, fissuras edeformaes em elementos estruturais,fissuras em alvenarias, descolamentosnos revestimentos. Deve ser feito oregistro por meio de fotografias e croquis.Classificao: classificar a gravidade dasmanifestaes patolgicas presentes nasestruturas vistoriadas, separando porelemento estrutural, localizao emicroclima (condies de umidade,

    presena de agentes agressivos, etc.).Detalhamento: definio dos pontos deinspeo detalhada. Nessa etapa, osaspectos mais importantes a seremconsiderados so os pontos crticos daestrutura, as condies de umidade, deinsolao, exposio a agentesagressivos etc.

    MMttooddooss ddee eennssaaiiooSeleo: nessa fase, sero definidos osensaios e procedimentos necessrios para ainspeo detalhada da estrutura. Anlise estrutural: verificar a localizaodas armaduras; determinar suas bitolas;verificar perdas de seo por corroso;checar dureza superficial do concreto;extrair testemunhos e realizar ensaios deresistncias compresso e de prova decarga, entre outros. Anlise de durabilidade: checar a medidado cobrimento de concreto sobre asarmaduras; seu potencial de corroso; suaresistividade eltrica; a taxa de corroso; aprofundidade de carbonatao e o teor deons cloreto. Com a extrao detestemunhos, deve-se fazer areconstituio do trao do concreto everificar ndices de vazios, absoro de guapor imerso e massa especfica.

    INSPEO DETALHADA

    DDiiaaggnnssttiiccoo ee pprrooggnnssttiiccooHipteses: nessa etapa, deve-se levantarhipteses e buscar evidncias que ascomprovem ou no, levando a umdiagnstico das patologias. Dependendodas condies de exposio da estrutura,pode ser necessria a investigao deataques de agentes qumicos, comoaes de cloretos, sulfatos e guasagressivas e cidas, carbonatao ereao lcali-agregado.Conseqncias: feito o diagnstico, necessrio buscar dados que permitamrealizar o prognstico da deteriorao daestrutura, ou seja, predizer asconseqncias da no realizao deintervenes de manuteno.Intervenes: necessrio investigar, emcampo, a ocorrncia de intervenes

    Check-listposteriores construo original,principalmente servios de reparo, reforoou obras que resultem no carregamentoadicional da estrutura.

    LOCAIS DE CONCENTRAO DOS TRABALHOS

    SSuuppeerreessttrruuttuurraa ((pprriinncciippaallmmeenntteeppiillaarreess))Verificar: infiltraes de gua,corroso de armaduras, fissuras edeformaes em elementosestruturais, fissuras em alvenarias,cobrimento das armaduras,carbonatao, teor de cloretos,segregao, ninhos de concretagem,m vibrao, porosidade e baixaresistncia do concreto.

    CCoobbeerrttuurraa ee llttiimmoo ppaavviimmeennttooVerificar: calhas, telhado emadeiramento, fissuras de origemtrmica, impermeabilizao,isolamento trmico.

    RReesseerrvvaattrriioo ee ccaassaa ddee mmqquuiinnaassVerificar: reservatrios inferior esuperior, dando prioridade s lajes detampa, checar vazamentos, existnciade trincas na ligao da estrutura deconcreto armado da laje da coberturae as alvenarias.

    JJaarrddiinneeiirraassVerificar: existncia de vazamentos,integridade da impermeabilizao,existncia de condensao.

    JJuunnttaass ddee ddiillaattaaooVerificar: condies do elastmero,obstrues com acabamentos,oxidao de armadura nas faces dedifcil acesso.

    FFuunnddaaeessCuidados: em edifcios construdosh mais de dez anos, deve ser feitainspeo nos elementos de fundao sapatas ou blocos ,independentemente de apresentaremsintomas ou no na superestrutura.

    Fonte: Abece (Associao Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)

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    Deve ser tomada uma amostragemmnima de 30% das sapatas ou blocose pescoos dos pilares. A fundaosempre dever ser inspecionadaquando houver indicadores depatologias, como trincas emanifestaes tpicas de recalques.Todos os pilares juntos s caixas depassagem ou que possuremtubulaes anexadas devero,obrigatoriamente, ser inspecionados.Recomenda-se, ainda, verificar o nveldo lenol fretico. Checar aslocalizaes do sistema de fossa, filtroe do reservatrio inferior, alm deverificar se h umidade nessas regies.

    SSuubbssoolloossVerificar: microambiente criado porsistemas finais de esgoto (sumidouros,caixas de visita, sistema de drenagem,valas de infiltrao, guas pluviais).

    Reservatrioe casa demquinas

    Fachadas

    Jardineiras

    Coberturae ltimo

    pavimento

    Superestruturas

    Juntas dedilatao

    Subsolos

    Fundaes

    FFaacchhaaddaassVerificar: o acmulo de umidadeem argamassas de revestimentosexternos, infiltraes atravs derejuntamentos, caixas de ar-condicionado, brises, ausncia dedrenagem de caixas de ar-condicionado, destacamento doselementos de revestimento.

    Corroso de armadurasNa vistoria de corroso das armaduras, oengenheiro deve ater-se mais s regiesda estrutura que estiverem submetidasa ciclos de molhagem e secagem, estrutura voltada para a fachada, lajesdescobertas, ps de pilares e locaisconfinados, como as garagens. Muitasvezes existe a necessidade de remoodo revestimento e do concreto paramelhor visualizao da manifestaopatolgica.

    desplacamentos de azulejos podemrevelar problemas mais srios, comoflechas em vigas e lajes ou infiltra-es em pilares. "Ao se constataranomalias em revestimentos, porexemplo, deve-se retir-los parafazer uma anlise diretamente na es-trutura", aconselha Gomide, doIbape. Outras reas merecem inspe-es obrigatrias, j que a dificulda-de de acesso pode esconder a evolu-o das patologias. o caso das jun-tas de dilatao, como lembra Bra-guim. "So regies em que podemocorrer infiltraes devido a umaimpermeabilizao malfeita."

    A inspeo das fundaes vem re-cebendo maior ateno nos ltimosanos, aps o desabamento do edifcioAreia Branca, em 2004, em Jaboatodos Guararapes (PE). At ento, erammuito raras essas inspees devido dificuldade de acesso. Recentemente,porm, a Abece, junto com outras en-tidades de engenharia pernambuca-nas, elaborou um check-list de vistoriade estruturas (ver ao lado), com umadiviso especial para as fundaes. Se-gundo o documento, adequado queas inspees sejam feitas a cada dezanos, em uma amostra de 30% dototal de pilares do edifcio. "Se, dessespilares, a maioria expressiva apresen-tar problemas significativos, ento de-ver ser feito o ensaio em todo o uni-verso", afirma Romilde Almeida deOliveira, um dos engenheiros que aju-daram a elaborar o check-list.

    A segurana de outro elementotambm vem chamando a ateno deengenheiros estruturais recentemen-te: as marquises. Tendo como funobsica a proteo de uma reacomum contra as intempries, essasestruturas so, por sua prpria natu-reza, um pouco mais sensveis sagresses do meio ambiente. Grazia-no explica que o principal compo-nente que lhe d sustentao a ar-madura negativa, que se encontra nasua face superior uma regio quepode acabar sendo esquecida emuma inspeo. E ele alerta: "A mar-quise uma estrutura isosttica. Se aarmadura falhar, ela cai mesmo".

    Renato Faria

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