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Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão Maria Inês Dias Pinto maio de 2020 Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto Maria Inês Dias Pinto Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto UMinho|2020

Assédio moral nas organizações - Universidade do Minho...assédio moral, também é constatado pela literatura que os termos apresentam significados muito próximos pelo que, no

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Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

Maria Inês Dias Pinto

maio de 2020

Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto

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Maria Inês Dias Pinto

maio de 2020

Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto

Trabalho efetuado sob a orientação daProfessora Doutora Carla Freire

Dissertação de Mestrado Mestrado em Gestão de Recursos Humanos

Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e

boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não

previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade

do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/

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Agradecimentos

Finalizada a investigação, no momento de apresentar o trabalho que foi desenvolvido neste

período de tempo não posso deixar de agradecer a todos aqueles que, de forma direta ou de forma

indireta, contribuíram para a sua concretização.

Primeiramente, tenho de começar por agradecer à minha orientadora, Professora Doutora

Carla Freire, que se mostrou dedicada e sempre disponível para me orientar em todos os momentos de

dúvidas e incertezas ao longo de todo este percurso.

Quero agradecer aos meus pais e ao meu irmão por todo o amor e por todo o esforço que

dedicaram à minha educação e ao meu desenvolvimento enquanto pessoa e enquanto estudante.

Aos meus familiares um obrigada por pacientemente sempre me impulsionarem e me fazerem

acreditar que seria capaz de terminar este trabalho. Por todo o carinho, obrigada.

Não posso deixar de mencionar os meus amigos que foram incansáveis ao me ajudarem na

divulgação dos questionários e que, acima de tudo, se mantiveram sempre próximos. Não há palavras

suficientes que expressem a minha gratidão por toda a motivação que me deram nos momentos mais

tensos e por toda a companhia que me fizeram no decorrer de todo este processo.

Finalmente, tenho de expressar o meu mais profundo agradecimento a todos os trabalhadores-

estudantes que se mostraram disponíveis para responder ao meu questionário e que colaboraram

neste estudo. Sem vocês, nada seria possível.

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Declaração de Integridade

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo

que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de

informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do

Minho.

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Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto

Resumo

O principal objetivo desta dissertação consiste em analisar a relação entre a liderança ética, a

liderança transformacional, o clima ético e o assédio moral e a relação entre a liderança

transformacional, a liderança ética e o clima organizacional ético. Foi aplicado um questionário a 223

trabalhadores-estudantes de várias universidades públicas e privadas portuguesas.

Foram estimados modelos de equações estruturais com o intuito de avaliar a relação entre as

variáveis e testar as hipóteses de trabalho elaboradas. Os resultados obtidos permitiram concluir que a

liderança ética está negativa e fortemente relacionada com o assédio moral e positivamente

relacionada com o clima ético. Conclui-se que o clima organizacional ético se relaciona de forma

negativa com o assédio moral. Adicionalmente, os resultados demonstraram que a liderança

transformacional se relaciona de forma positiva com as ocorrências de assédio moral e negativamente

com o clima organizacional ético.

Depois de discutidos os resultados, são apresentadas as principais contribuições teóricas e

práticas para as organizações portuguesas. Este estudo empírico contribui para a compreensão do

assédio moral com base na relação com a liderança (transformacional e ética) e com o clima

organizacional ético. Desta forma, a presente investigação para além de contribuir para a compreensão

do tema mostra-se relevante para as organizações, concretamente para a necessidade destas

formarem os seus líderes para assumir perfis de liderança ética.

Palavras-Chave: Assédio Moral, Clima Organizacional Ético, Liderança Ética, Liderança

Transformacional.

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Moral harassment in organizations - Context interferences

Abstract

The main purpose of this study is to analyse the relationship between ethical leadership,

transformational leadership, the ethical climate with moral harassment and the relationship between

transformational and ethical leadership with the ethical organizational climate. The questionnaire was

answered by 223 working students from several Portuguese public and private universities.

Structural equation models were estimated in order to evaluate the relationship established

between the variables and test the hypotheses developed. The results allowed us to conclude that

ethical leadership is strongly related to moral harassment and positively related to the ethical

organizational climate. It was found that the ethical organizational climate is negatively related to moral

harassment. Additionally, the results showed that transformational leadership is positively related to the

occurrences of moral harassment and negatively to the ethical organizational climate.

After the discussion of the results, the main theoretical and practical contributions to

Portuguese organizations are presented. This empirical study contributes to the understanding of moral

harassment based on the relationship with leadership (transformational and ethical) and with the ethical

organizational climate. In this way, the present investigation, not only contributes to the understanding

of the topic but also is relevant to organizations, specifically for the need to train their leaders to assume

ethical leadership profiles.

Keywords: Ethical Leadership, Ethical Organizational Climate, Moral Harassment, Transformational

Leadership.

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Índice Geral

Agradecimentos ................................................................................................................................... iii

Assédio moral nas organizações – Interferências do contexto .................................................. v

Resumo ................................................................................................................................................... v

Moral harassment in organizations - Context interferences ...................................................... vi

Abstract ................................................................................................................................................. vi

Índice de Tabelas ................................................................................................................................. ix

Capítulo 1 – Introdução ....................................................................................................................10

1.1. Pertinência do Estudo..................................................................................................................... 10

1.2. Contributos Académicos e Práticos ................................................................................................ 13

1.3. Objetivos e Estrutura da Investigação ............................................................................................. 13

Capítulo 2 – Revisão da Literatura .................................................................................................16

2.1. Conceito de Assédio Moral ............................................................................................................. 16

2.2. Perfil dos Agressores ...................................................................................................................... 22

2.3. Perfil das Vítimas ............................................................................................................................ 26

2.4. Teoria da Aprendizagem Social ...................................................................................................... 30

2.5.Teoria da Troca Social ..................................................................................................................... 32

2.6. A importância dos contextos de trabalho no assédio moral ............................................................ 33

2.6.1. A importância dos estilos de liderança nas situações de assédio moral ..................................... 38

Capítulo 3 – Desenvolvimento das Hipóteses e do Modelo Teórico ........................................53

3.1. Desenvolvimento das Hipóteses de Trabalho ................................................................................. 53

Capítulo 4 – Metodologia do Estudo de Investigação .................................................................60

4.1. Caracterização da Pesquisa ............................................................................................................ 60

4.2. Descrição do Método de Recolha de Dados ................................................................................... 61

4.3. Procedimentos adotados na Recolha dos Dados ............................................................................ 65

4.4. População e Amostra ...................................................................................................................... 66

4.5. Procedimentos para o Tratamento Estatístico ................................................................................ 72

Capítulo 5 – Análise e Apresentação dos Resultados .................................................................73

5.1. Análise Fatorial Exploratória ............................................................................................................ 73

5.1.1. Assédio Moral .............................................................................................................................. 73

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5.1.2. Liderança Transformacional ........................................................................................................ 75

5.1.3. Liderança Ética ............................................................................................................................ 77

5.1.4. Clima Organizacional Ético .......................................................................................................... 79

5.2. Análise Bivariada e Análise de Correlações .................................................................................... 81

5.2.1. Analise das correlações do Assédio Moral ................................................................................... 82

5.2.2. Análise das correlações da Liderança Transformacional ............................................................. 82

5.2.3. Análise das correlações da Liderança Ética ................................................................................. 83

5.2.4. Análise das correlações do Clima Organizacional Ético ............................................................... 83

5.2.5. Análise das correlações da Idade ................................................................................................ 83

5.3. Análise Fatorial Confirmatória ......................................................................................................... 86

5.3.1. Avaliação do Modelo .................................................................................................................... 86

5.4. Análise de Equações Estruturais ..................................................................................................... 89

Capítulo 6 – Discussão dos Resultados .........................................................................................95

6.1. A Liderança Ética ............................................................................................................................ 95

6.2. O Clima Organizacional Ético .......................................................................................................... 98

6.3. A Liderança Transformacional ........................................................................................................ 99

Capítulo 7 – Conclusão ...................................................................................................................102

7.1. Principais Conclusões ................................................................................................................... 102

7.2. Implicações Teóricas .................................................................................................................... 103

7.3. Implicações Práticas ..................................................................................................................... 105

7.4. Limitações e Indicações para Investigações Futuras .................................................................... 106

Referências Bibliográficas ..............................................................................................................108

Apêndice A .........................................................................................................................................120

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Síntese dos principais estudos sobre os estilos de liderança e o seu impacto no assédio

moral ................................................................................................................................................51

Tabela 2 - Características Sociodemográficas da Amostra ................................................................69

Tabela 3 - Análise de Componentes Principais - Escala do Assédio Moral..........................................74

Tabela 4 - Análise de Componentes Principais - Escala da Liderança Transformacional .....................76

Tabela 5 - Análise de Componentes Principais - Escala da Liderança Ética .......................................78

Tabela 6 - Análise de Componentes Principais - Escala do Clima Organizacional Ético ......................80

Tabela 7 - Matriz Correlacional .........................................................................................................85

Tabela 8 - Resultados da Análise Fatorial Confirmatória do Assédio Moral, Liderança

Transformacional, Liderança Ética e Clima Organizacional Ético .........................................................89

Tabela 9 - Indicadores de Ajustamento do Modelo 1 .........................................................................90

Tabela 10 - Modelo de equações estruturais para confirmação das hipóteses ...................................93

Índice de Figuras

Figura 1 - Modelo de Investigação ....................................................................................................59

Figura 2 - Modelo de Equações Estruturais ......................................................................................92

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Capítulo 1 – Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito do Mestrado em Gestão de Recursos Humanos,

da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e tem como objetivo perceber que

fatores influenciam o assédio moral nas organizações.

Foram várias as razões que motivaram o interesse por este tema. Em especial, e apesar da

sua pertinência e quantidade de estudos existentes a nível internacional, chamou-me à atenção

que em Portugal houvesse poucos estudos com o objetivo de analisar as situações de assédio

moral no local de trabalho. Sendo ainda importante destacar que Portugal foi considerado um

dos países da União Europeia onde uma grande percentagem de trabalhadores consideram que

foram sujeitos a um comportamento social adverso (Eurofound, 2019). Tendo consciência das

consequências negativas do assédio moral para as vítimas, para as organizações e para a

sociedade em geral e tendo presente que os casos de assédio moral afetam drasticamente a

vida familiar, pessoal e profissional, achei que seria útil contribuir para um maior entendimento

deste fenómeno e sugerir medidas no sentido de os minimizar no contexto organizacional. Desta

forma, o principal propósito desta investigação consiste em perceber de que forma os estilos de

liderança têm impacto no assédio moral, concretamente se existe uma relação entre os estilos

de liderança ética, transformacional e o clima organizacional ético nas situações de assédio

moral e se existe uma relação entre a liderança ética e a liderança transformacional e a

promoção de climas éticos.

Apesar de a literatura evidenciar diferentes nomenclaturas para se referir ao conceito de

assédio moral, também é constatado pela literatura que os termos apresentam significados

muito próximos pelo que, no presente trabalho o conceito de assédio moral será analisado tendo

em conta esta amálgama e será definido apresentando as diferenças e semelhanças com outros

conceitos, tais como o de bullying no trabalho, mobbing, entre outros.

1.1. Pertinência do Estudo

O papel dos líderes organizacionais é determinante para minimizar os comportamentos

negativos que surgem no ambiente organizacional e para ajudar os colaboradores a adotarem

atitudes positivas. Um dos comportamentos desviantes mais estudados é o assédio moral

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(Einarsen, Hoel, Zapf & Cooper, 2003), que tem várias consequências associadas tais como a

ansiedade e o stress e a nível organizacional, o aumento da desmotivação, do absentismo,

rotatividade e turnover.

Desta forma, com o propósito de erradicar estas consequências negativas, vários estudos

relacionam os estilos de liderança adotados pelos gestores com os casos de assédio moral,

sendo que podem inibir estas situações ou incentivá-las (O’Moore & Lynch, 2007; Yamada,

2008; Ertureten, Cemalcilar & Aycan, 2013). Mais concretamente, entre os estilos de liderança

são ressaltados os estilos de liderança ética e transformacional que reduzem os casos de

assédio moral e que apresentam um conjunto de comportamentos positivos que irão ser

seguidos pelos colaboradores. No que concerne ao estilo de liderança ética os estudos existentes

reforçam a ideia de que a liderança ética está negativamente relacionada com as situações de

assédio moral (Mayer, Kuenzi & Greenbaum, 2010) e que os líderes éticos são indivíduos morais

e justos que incentivam ações éticas da parte dos colaboradores. Em relação ao estilo de

liderança transformacional, tal como acontece no caso dos líderes éticos, os estudos concluem

que a liderança transformacional se relaciona de forma negativa com as situações de assédio

moral (Ertureten et al. 2013), uma vez que os líderes motivam os colaboradores no sentido de

serem autónomos e dão feedback de forma regular, ou seja, possuem um conjunto de

características positivas que reduzem o assédio moral nas organizações.

Neste seguimento, o desenvolvimento de um estudo neste campo de investigação é

pertinente para compreender de que forma os comportamentos de um líder ético e

transformacional influenciam os comportamentos de assédio moral e se existe uma relação

direta entre estas duas variáveis. De forma complementar, esta investigação pode ser útil para

as organizações e para os líderes para que estes compreendam os comportamentos e as ações

que devem tomar para extinguir os casos de assédio moral.

Muitos dos estudos existentes relacionam o ambiente organizacional ético com as situações

de assédio moral (Stouten, Baillien, Van den Broeck, Camps, De Witte & Euwema, 2010),

especificamente e de acordo com os vários estudos existentes na literatura, os colaboradores

expostos a um clima organizacional ético vivenciam menos situações de assédio moral. Isto é

explicado pelo facto de nos climas organizacionais éticos se promover comportamentos justos e

baseados em princípios éticos e morais que vão contra as situações de assédio moral. Assim

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sendo, o estudo desta relação é relevante, pois vai contribuir para a literatura e ajudar no

combate ao assédio moral.

O impacto dos estilos de liderança no clima organizacional também é um tema debatido na

literatura (Stouten et al. 2010), embora não tanto como a relação entre os estilos de liderança e

o assédio moral. Neste sentido, os estudos existentes consideram que a liderança ética está

positivamente relacionada com a promoção de climas éticos (Mayer et al., 2010; Demirtas &

Akdogan, 2015) e que a liderança transformacional se relaciona de forma positiva com climas de

trabalho que valorizam os princípios éticos (Engelbrecht, Van Aswegen & Theron, 2005). Tanto

os líderes éticos como os líderes transformacionais adotam atitudes e comportamentos que são

benéficos para o ambiente de trabalho, tornando-o ético e consequentemente conseguem

melhorar o local de trabalho e influenciar os comportamentos dos colaboradores. Os líderes

transformacionais têm a capacidade de perceber o que beneficia a organização como um todo e

não o que favorece somente as suas necessidades individuais, tendo estas preocupações um

impacto na definição do ambiente de trabalho como ético (Engelbrecht et al., 2005). Os líderes

éticos demonstram de uma forma explícita as práticas éticas que devem ser mantidas e atuam

como modelos éticos a ser seguidos (Mayer et al. 2010), fazendo assim com que o clima de

trabalho seja ético.

Ao longo das relações que foram descritas, os autores fazem referência a duas teorias

importantes, as teorias da aprendizagem social (Bandura, 1977) e a teoria da troca social (Blau,

1964). A teoria da troca social é utilizada para explicar as questões relacionadas com os estilos

de liderança e a teoria da aprendizagem social tem sido uma moldura importante para a

compreensão das questões relacionadas com o clima ético. Blau (1964), enfatiza o conceito de

reciprocidade, ou seja, os líderes garantem que os colaboradores se sentem valorizados e

consequentemente estes apresentam atitudes mais positivas no trabalho, existe uma troca social

entre o líder e o seguidor. Esta moldura teórica ajuda a compreender como os estilos de

liderança têm influência na relação social estabelecida com os colaboradores. De acordo com

Bandura (1977), a teoria da aprendizagem social evidencia que existe um processo de influência

entre os líderes e os colaboradores, os líderes promovem comportamentos e atitudes éticas e os

trabalhadores ao seguirem estes comportamentos promovem um clima organizacional ético.

Esta moldura teórica permite-nos compreender mais facilmente a influência que os estilos de

liderança têm no clima ético das organizações.

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Em harmonia com o que foi detalhado até ao momento, este estudo tem como objetivo

analisar a relação entre a liderança ética, transformacional e o clima ético com o assédio moral e

a relação entre a liderança ética e transformacional com o clima organizacional ético tendo como

enquadramento teórico a teoria da aprendizagem social (Bandura, 1977) e a teoria da troca

social (Blau, 1964).

1.2. Contributos Académicos e Práticos

A suspeita de que os casos de assédio moral nas organizações, atualmente, são cada vez

mais leva-nos a considerar que é importante contribuir para o estudo da relação entre os estilos

de liderança e do clima ético no assédio moral. Desta forma, acreditamos que o presente estudo

poderá contribuir para a compreensão do fenómeno e para o desenho de políticas e práticas no

sentido de o eliminar no local de trabalho.

As relações que serão abordadas neste trabalho têm sido bastante estudadas. A literatura

apresenta vários estudos sobre a temática, que tem provocado um interesse crescente. Contudo,

esta dissertação procura oferecer um modelo explicativo do assédio moral tendo como

pressuposto a influência do contexto de trabalho, ou seja, do estilo de liderança e do clima de

trabalho. Desta forma, propomo-nos a esclarecer a influência que a liderança ética,

transformacional e que o clima ético exerce sobre as situações de assédio moral e a influência

que os líderes transformacionais e éticos exercem no clima ético.

Para além deste contributo teórico, este estudo pretende contribuir também para a gestão

de recursos humanos no sentido de melhorar as práticas adotadas pelos líderes organizacionais.

1.3. Objetivos e Estrutura da Investigação

Elaborada a questão de investigação, é importante definirmos os objetivos associados ao

problema de investigação e que se pretendem atingir com a realização desta dissertação. Assim

sendo, determinamos os seguintes objetivos:

Objetivo 1: Compreender qual o impacto da liderança transformacional nas perceções de

assédio moral por parte dos colaboradores.

Objetivo 2: Compreender qual o impacto da liderança ética nas perceções de assédio

moral por parte dos colaboradores.

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Objetivo 3: Compreender o impacto da liderança transformacional no clima organizacional

ético.

Objetivo 4: Compreender o impacto da liderança ética no clima organizacional ético.

Objetivo 5: Compreender o impacto do clima organizacional ético nas perceções de

assédio moral por parte dos colaboradores.

Relativamente à estrutura do presente trabalho, este é composto por sete capítulos. Neste

primeiro capítulo efetuou-se a introdução ao estudo, onde foi apresentado o objeto de pesquisa,

os contributos para a teoria e para a prática, a pertinência do estudo, a questão de investigação

e os objetivos a alcançar.

No Capítulo 2, apresentamos a revisão da literatura e, portanto, o enquadramento teórico

sobre o tema, bem como alguns conceitos que constatamos serem importantes para se

compreender melhor a temática.

No Capítulo 3, são apresentadas as hipóteses de trabalho, formuladas através da revisão da

literatura e o modelo teórico, onde estão identificadas todas as variáveis usadas na pesquisa.

No Capítulo 4, é apresentada a metodologia do estudo. Neste capítulo, começamos por

caracterizar a pesquisa, a partir da descrição do método de investigação e das opções

metodológicas que foram adotadas no estudo. De seguida, explicamos o método de recolha de

dados escolhido, apresentamos o questionário e expomos as medidas que o integram.

Seguidamente, evidenciamos o método de abrangência da amostragem e os aspetos éticos que

acompanharão o estudo. Por fim, apresentamos os procedimentos utilizados para testar o

modelo e as hipóteses de trabalho.

No Capítulo 5, são apresentados os resultados que foram obtidos do tratamento estatístico

com recurso a dois programas, o SPSS e o AMOS. Começamos por apresentar a análise fatorial

exploratória e a análise fatorial confirmatória e, numa fase seguinte apresentamos os modelos

resultantes da análise de equações estruturais.

O Capítulo 6 é destinado à discussão dos resultados à luz das principais evidências

empíricas identificadas na literatura.

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O Capítulo 7 diz respeito às conclusões mais relevantes do presente estudo. Neste capítulo,

referimos quais as principais implicações teóricas e práticas, bem como as limitações do estudo

e as sugestões para investigações futuras.

Finalmente, apresentamos a lista de referências bibliográficas que foram utilizadas neste

trabalho e no apêndice o instrumento de recolha de dados (Apêndice A).

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Capítulo 2 – Revisão da Literatura

Neste capítulo os principais estudos teóricos e empíricos, realizados por diversos

investigadores, acerca dos conceitos elementares desta dissertação são revistos e expostos,

tendo em atenção a definição do conceito de assédio moral e dos diferentes estilos de liderança,

bem como das características do clima organizacional. Para auxiliar a pesquisa dos conceitos

centrais, será realizada uma revisão sobre o perfil das vítimas de assédio moral, o perfil dos

agressores e, por fim, a apresentação das teorias que servem de moldura teórica ao estudo, ou

seja, a Teoria da Aprendizagem Social1 e da Teoria da Troca Social2.

2.1. Conceito de Assédio Moral

Os casos de assédio moral no ambiente de trabalho cresceram exponencialmente nos

últimos anos (Einarsen et al., 2003).

De acordo com Bobroff e Martins (2013, p.252), o assédio moral “começou a ser visível

recentemente, à medida que a emergência das noções de direitos humanos e de cidadania

permitiram perceber a sua recorrência no mundo do trabalho”. Desta forma, para conseguirmos

atenuar e, principalmente, eliminar os casos de assédio moral é necessário perceber quais as

características que retratam e representam situações de assédio moral no trabalho.

Em meados da década de 80, o tema do assédio moral começou a ser debatido e

reconhecido como uma realidade no mundo laboral, sobretudo a partir do trabalho desenvolvido

pelo psicólogo e professor sueco Leymann (1990a).

Leymann (1990a), referiu que as práticas de assédio moral se baseiam numa comunicação

hostil e antiética, ocorrem frequentemente e por um longo período de tempo causando

transtornos psíquicos e sociais à vítima. Existem, de acordo com este autor também casos em

que o assédio moral é mútuo, até que um dos indivíduos se torne o elemento mais fraco e,

posteriormente, o oprimido.

Em França, foi a psiquiatra Marie France Hirigoyen (1999) que impulsionou os estudos

sobre o assédio moral. O livro de Hirigoyen (1999), tornou-se numa obra de referência quando

1 Social Cognitive Theory (Bandura, 1999).

2 Social Exchange Theory (Blau, 1964).

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se fala em assédio moral, pela definição desta prática como uma conduta abusiva que pode pôr

em risco o emprego de um indivíduo ou pode degradar o clima organizacional.

Existem vários termos para descrever os casos de assédio moral no local de trabalho, o

termo mobbing é mais utilizado nos Países Escandinavos, na Alemanha e na Itália,

seguidamente o termo assédio é maioritariamente usado na Finlândia, os termos agressão e

abuso emocional são mais utilizados nos Estados Unidos da América e, por fim, o termo bullying

é muito usado nos países do Norte da Europa, como na Inglaterra, mas é também utilizado na

Austrália (Pedroso, Limongi, Martins, Hrdlicka, Jorge & Cornetta, 2006; Saunders, Huynh &

Goodman-Delahunty, 2007; Andrade & Baptista, 2013).

Os autores que têm contribuído para a investigação do assédio moral no local de trabalho

ainda não definiram um conceito estabilizado, que seja possível de utilizar de uma forma

universal para descrever estas práticas (Pedroso et al., 2006).

Segundo Leymann (1996), o termo bullying refere-se a situações de violência física que

ocorrem nas escolas e raramente progridem para as relações adultas estabelecidas no trabalho,

enquanto que o termo mobbing representa ações mais dissimuladas que podem ocorrer no local

de trabalho. Leymann (1996), concentrou-se em aprofundar o conceito de mobbing referindo

que este é um fenómeno bastante complexo e que significa assediar um indivíduo, agredir

alguém ou aterrorizar psicologicamente os outros no local de trabalho. Esta prática está

associada à existência de agressões ao nível profissional que causam deterioração nas relações

profissionais, restrições e danos permanentes, sendo que estes danos são normalmente do foro

psicológico, moral ou físico.

A autora Marie France Hirigoyen (1999) começou por se especializar no conceito de

mobbing, mas como este termo era bastante usado internacionalmente e não tinha uma

tradução direta para as línguas latinas, criou a expressão assédio moral de forma a facilitar o

estudo sobre este tema. Para esta autora o assédio moral é uma forma de violência perversa

(Andrade & Baptista, 2013) que se manifesta no local de trabalho.

Os autores Sloan, Matyok, Schmitz e Short (2010), não estão de acordo com o

entendimento de Leymann (1996) e referem que as situações de bullying e de mobbing podem

ambas ocorrer no local de trabalho, sendo que o mobbing é uma forma extrema das ocorrências

de bullying, onde um ou mais funcionários atacam de forma sigilosa outro colaborador. O

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bullying e o mobbing são comportamentos que foram criados com o intuito de isolar, prejudicar

e magoar os indivíduos que são vítimas, sendo um tipo de comportamento que ocorre com mais

frequência nos setores da saúde, do serviço social e da educação. Quando ocorrem têm

consequências desastrosas para os indivíduos que são vítimas deste comportamento abusivo,

mas tem também consequências gravosas para a organização, que perde trabalhadores

talentosos. As consequências são a diminuição da produtividade e a desmoralização das equipas

de trabalho. Para que estes fenómenos deixem de ocorrer é necessário que exista uma mudança

radical ao nível da cultura organizacional, sobretudo dos ambientes que promovem a

desumanização dos colaboradores e a competitividade excessiva (Sloan et al., 2010).

Ertureten et al., (2013) e Vandekerckhove e Commers (2003), utilizaram na sua investigação

o termo mobbing, há semelhança da definição de Leymann (1996), para descreverem os

comportamentos repetidos de indivíduos ou de grupos que têm a intenção de prejudicar outros

colaboradores com quem trabalham. Os comportamentos de mobbing englobam situações onde

as fofocas, os boatos, os rumores e as insinuações maliciosas são uma constante para os

funcionários visados e segundo Shallcross, Sheehan e Ramsay (2008), este termo é usado para

descrever comportamentos criados em grupo, enquanto o termo bullying implica a existência de

atos individuais.

O bullying é um processo que faz com que o indivíduo que é confrontado fique numa

posição inferior e se torne alvo de atos negativos sistemáticos. Este conceito tende a ser utilizado

como sinónimo de outros termos como, mobbing e assédio (Shahbazi, Naami & Aligholizadeh,

2013). Thornton (2004), acrescenta afirmando que para além do termo bullying poder ser

denominado de assédio moral, também podem ser utilizados os termos violência no local de

trabalho e abuso emocional. Estes conceitos incluem uma ampla gama de comportamentos

insultuosos e intimidantes que diminuem a autoestima e a autoconfiança das vítimas (Thornton,

2004).

Os conceitos mobbing e bullying surgem assim na literatura como sinónimos do termo

assédio (Einarsen et al., 2003) e envolvem comportamentos ofensivos, cruéis e vingativos como

uma forma de humilhar um determinado funcionário ou um grupo de colaboradores. Einarsen et

al. (2003), acrescentam referindo que surgiram duas perspetivas distintas, na Europa aplicava-

se os termos bullying e mobbing (Ferris, Zinko, Brouer, Buckley & Harvey, 2007) e na América

utilizava-se o termo abuso emocional. Nos últimos anos, os estudos têm indicado que o bullying

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está, cada vez mais, a tornar-se na principal preocupação das organizações, pois representa a

maior ameaça ao nível emocional para os colaboradores. O bullying é caracterizado por existirem

comportamentos repetidos e indesejados, que poderão ser considerados, inicialmente,

insignificantes, mas que ao se acumularem podem revelar-se bastante violentos (Einarsen et al.,

2003). Estes comportamentos têm impacto a diferentes níveis nomeadamente no desempenho

profissional e na vida pessoal dos colaboradores (Di Martino, Hoel & Cooper, 2003).

Yamada (2008) considera que os termos bullying, mobbing e abuso psicológico descrevem o

mesmo tipo de situações, mas preferiu adotar o termo bullying uma vez que é mais recente e

uma tendência social e porque acredita que a população em geral é mais sensível a este

conceito. Os casos de bullying, abrangem os relacionamentos que envolvem diferenças ao nível

do poder, podendo ser relativas à hierarquia organizacional e/ou à dinâmica interpessoal, que

ultrapassaram uma linha bastante ténue e se tornaram abusivos (Yamada, 2008).

Atualmente, nas organizações é frequente existirem ambientes de trabalho hostis, onde

comentários ofensivos, críticas destrutivas e a existência de ameaças são comportamentos que

surgem com grande frequência (Einarsen, 2000). Einarsen (2000), refere que o termo mobbing

é um conceito que nos fornece uma conotação mais ampla sobre as ocorrências negativas no

local de trabalho e é utilizado para descrever as situações onde existe um comportamento

agressivo de forma sistemática, direcionado para um ou para um grupo de indivíduos (Salin,

2003), que poderão ser trabalhadores ou indivíduos em cargos organizacionais mais elevados,

por colegas de trabalho, subordinados ou superiores. As situações onde os dois intervenientes

detêm poder organizacional semelhante ou se a situação é um episódio isolado não se configura

como um caso de mobbing (Einarsen, 2000). Ao longo do seu trabalho Einarsen (2000), utilizou

os conceitos bullying e vitimização como sinónimos do termo mobbing.

De acordo com Mayhew e Chappell (2007), o termo violência no trabalho engloba também

um conjunto de comportamentos específicos tais como agressões, ameaças, abuso verbal e

comportamentos que levam a que as vítimas sintam níveis de stress elevados. A violência no

trabalho ocorre em todos os setores de atividade e constitui um problema relevante que

necessita de ser resolvido.

Segundo Harvey e Keashly (2005), os conceitos assédio psicológico e abuso emocional têm

o mesmo significado e, portanto, são utilizados de forma indiferente. A existência de casos de

assédio psicológico nas organizações pode ser atribuída à existência de um ambiente de

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hostilidade permanente, onde são utilizados comportamentos verbais repetidos e persistentes,

durante um período de tempo, com o intuito de atormentar, provocar e intimidar um

determinado indivíduo, que se sentirá constantemente incomodado com a intervenção do

agressor.

A principal diferença entre uma situação de mobbing e um conflito normal é a frequência e a

longevidade do que é feito, portanto, os episódios isolados de mobbing são vistos como atos

negativos únicos pois não são persistentes e contínuos (Leymann, 1996; Einarsen, 2000; Salin,

2003; Andrade & Baptista, 2013).

Assim, de uma maneira geral, podemos constatar que todos os conceitos descritos (bullying,

mobbing, violência no local de trabalho, abuso emocional, abuso psicológico, assédio emocional

e vitimização), com exceção do termo conflito normal, representam o mesmo tipo de ocorrências

negativas e apresentam significados semelhantes na literatura, revelando diferentes formas de

assédio moral. Desta forma, ao longo da revisão da literatura todos estes conceitos serão usados

como sinónimos. A principal diferença entre os termos mencionados está no local, no país, onde

são utilizados.

Em suma, o assédio moral no trabalho descreve-se como sendo “qualquer comportamento

abusivo (gesto, palavra, comportamento, atitude…) que atente, pela sua repetição ou pela sua

sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, pondo em

perigo o seu emprego ou degradando o clima de trabalho” (Hirigoyen, 2002, p.15).

Lima e Gunther (2016) afirmam que o conceito de assédio moral pode ser utilizado no

contexto educacional, laboral, familiar entre outros, sendo que no contexto laboral o assédio

moral pode ser cometido pelos gestores e pelos colegas de trabalho e é descrito como um ato

abusivo e que denigre os direitos dos trabalhadores.

No termo assédio moral, a palavra moral é utlizada pois as condutas de assédio diminuem o

lado ético do indivíduo, principalmente nas questões relacionadas com o desempenho

profissional. Ao adotar uma postura de intimidação com o intuito de afetar um trabalhador no

seu local de trabalho, o agressor assume um comportamento antiético que viola a dignidade e o

respeito em relação ao outro (Lima & Gunther, 2016).

O assédio moral no trabalho é uma ocorrência tão antiga quanto a existência humana

(Campos, Silva, Trevisan & Cruz, 2012). É considerado uma prática que usa de forma regular a

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humilhação e a perseguição, que causam vários danos nas vítimas e, quando visível, leva a que

haja uma degradação deliberada nas condições de trabalho. As consequências do assédio moral

ultrapassam a vida privada do funcionário, afetando a própria organização, a produtividade, o

desempenho da função e provoca em última instância perdas financeiras.

Andrade e Baptista (2013, p.1) definiram o assédio moral no trabalho como sendo um

“conjunto de comportamentos hostis dirigidos, sistematicamente, contra um ou mais indivíduos

causando um efeito de humilhação, intimidação e angústia”. Na definição de assédio moral

Andrade e Baptista (2013), destacam três dimensões importantes, a primeira dimensão refere-

se à repetição de forma sistemática destas ocorrências que se distinguem de discussões

pontuais entre funcionários, que podem surgir de forma natural no trabalho; a segunda

dimensão sugere que os atos de assédio moral são ofensivos, atentam contra a dignidade das

vítimas e fazem com que estas fiquem desacreditadas perante os outros colaboradores da

organização, o que causa uma elevada angústia; e a terceira dimensão revela que, como os atos

de assédio moral são feitos com bastante descrição, não existem provas concretas da

intencionalidade de algumas ações, fazendo com que as vítimas tenham dificuldade de se

defenderem. As situações de assédio moral reúnem comportamentos como a existência de

atentados às condições de trabalho, não permitir que as vítimas usufruam dos seus direitos

(horários, feriados), atentados à dignidade das vítimas, tais como menosprezá-las diante dos

seus colegas de trabalho, barreiras ao nível da comunicação, ignorar a presença das vítimas e

dirigir-se aos outros funcionários e violência verbal, gritar com a vítima em voz alta de maneira a

intimidá-la (Andrade & Baptista, 2013).

Thornton (2004) argumenta que as pessoas não precisam de ter acesso a uma definição

concreta de bullying, uma vez que desde a infância estamos expostos a este comportamento.

Muitos adultos sofreram beliscões e puxões de cabelo de outras crianças, a diferença com o

amadurecimento reside no facto de que essas crianças são agora adultos que conhecem as

repercussões que esses atos podem ter e, no local de trabalho, o tormento tende a ser mais

psicológico e verbal do que propriamente físico.

Ferris et al. (2007), consideraram que a definição de bullying apresenta dois contornos

diferentes. A primeira definição refere que o bullying é uma prática com o intuito de amedrontar

e ameaçar os indivíduos que são menores e que não têm muito poder, enquanto a definição de

acompanhamento relata que o bullying praticado pelos líderes demonstra que estes são

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indivíduos galantes e arrojados e que esta prática é estratégica e vai surtir efeitos positivos. Esta

distinção de Ferris et al. (2007), nomeadamente de que as situações de bullying podem ter

consequências positivas, é bastante particular e contrastante com a maioria das definições de

bullying apresentadas na literatura (Einarsen et al., 2003).

O mobbing pode ocorrer no sentido vertical descendente (um membro da chefia com mais

poder assedia um colaborador de uma posição hierárquica mais baixa), no sentido vertical

ascendente (um colaborador assedia um membro organizacional de um cargo superior), no

sentido horizontal (entre colegas de trabalho) ou pode ocorrer de uma forma mista, ou seja,

vertical e horizontal (Vandekerckhove & Commers, 2003; Lima & Gunther, 2016). De acordo

com Ertureten et al. (2013), o conceito de mobbing inclui, de forma inerente, uma noção de

desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas, sendo que o mobbing descendente (vertical)

surge como a forma mais comum (Vandekerckhove & Commers, 2003). Assim, como o mobbing

descendente é a forma mais usual nas organizações, para Vandekerckhove e Commers (2003),

é essencial perceber como funciona este tipo de comportamento levado a cabo por superiores

em relação aos subordinados, concretamente, as ações repetidas e deliberadas que resultam

em problemas físicos ou psicológicos. O mobbing descendente é destacado por estes autores

pela existência de abuso de autoridade e de poder e que coloca a questão ao nível da

organização, que não atua de uma forma ética. As mudanças organizacionais que ocorrem no

ambiente de trabalho são uma das principais causas para os casos de mobbing no local de

trabalho, embora Vandekerckhove e Commers (2003), não considerem que são as próprias

mudanças organizacionais o maior problema, mas sim as transformações desadequadas da

liderança e as transformações que ocorrem ao nível do poder, que resultam dessas mudanças

organizacionais. Em suma, o mobbing descendente no local de trabalho pode ser visto como

uma patologia que se associa ao poder e concretamente a momentos de mudança

organizacional.

2.2. Perfil dos Agressores

Conhecer o perfil e que tipo de atitudes que os agressores têm em situações de assédio

moral pode revelar-se útil na compreensão deste fenómeno. De acordo com Heloani (2004), de

uma maneira geral, é destacado o seu grau de frieza, racionalidade e de menosprezo para com

os trabalhadores subordinados, uma vez que sentem mais poder e até mesmo mais

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autoconfiança quando diminuem os outros. Contudo, todas estas características negativas

aparecem muitas vezes associadas ao facto de que, na realidade, os assediadores são indivíduos

extremamente inseguros quanto à sua competência profissional e podem exibir comportamentos

paranoicos, pois projetam nas suas vítimas as características que não conseguem aceitar em si

mesmos. De uma forma geral, estes indivíduos apresentam uma grande dificuldade em admitir

críticas e suspeitam sempre das intenções dos outros. Mesmo com todos estes traços negativos

tendem a ser admirados pela eficiência e eficácia que revelam no curto prazo. São competentes

e expeditos em ações que envolvem a política organizacional e bastante pragmáticos a tomar

decisões difíceis e polémicas, que por vezes constitui uma parcela considerável no quotidiano

das organizações (Heloani, 2004).

A literatura sobre bullying sugere que os agressores são, mais frequentemente, homens em

cargos supervisores e de gestão (Einarsen et al., 2003; Thornton, 2004; Yamada, 2008).

Thornton (2004) refere que a autoridade organizacional ainda é bastante associada aos

indivíduos do sexo masculino e que não é muito difícil transformar um exercício de autoridade

numa situação de abuso de poder. O problema não reside no facto de as posições de chefia

serem de uma forma geral masculinizadas, mas sim no facto de que as culturas organizacionais

estão de tal forma enraizadas que resistem constantemente a mudanças, não permitindo que a

noção de masculinidade nos órgãos de chefia seja renovada. Contudo, é difícil conseguir reunir

um conjunto de características específicas que descrevam concretamente o perfil dos

agressores, pois a maioria das informações disponíveis advém de testemunhos de vítimas

(Einarsen et al., 2003). Einarsen et al. (2003), referem também que os indivíduos com uma

autoestima muito elevada, mas instável, podem-se tornar agressivos quando sentem que outras

pessoas estão a ameaçar a sua autoestima. Assim, podemos associar um comportamento

agressivo a uma estratégia de manutenção da autoestima elevada.

Neuberger (1995), refere que alguns casos de bullying surgem devido à existência de um

comportamento micropolítico nas organizações. O poder é a principal ferramenta que influencia

a gestão de pessoas, principalmente quando surgem opiniões e posições antagónicas. Einarsen

et al. (2003), vão ao encontro das considerações de Neuberger (1995) e sugerem três

particularidades que um agressor apresenta, ou seja, utilizam o bullying como uma forma de

protegerem a sua autoestima, apresentam uma falta de competências sociais e apresentam um

comportamento micropolítico. O comportamento micropolítico é representado por indivíduos que

usam a autoridade que têm para a tomada de decisões não apenas pelo interesse

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organizacional, mas também pelo interesse pessoal. Estes processos de decisão são

considerados de caráter político, uma vez que para se conseguir ter poder na tomada de

decisões, muitas vezes, é necessário formar-se alianças e conspirar contra os concorrentes.

Assim, o comportamento micropolítico pode afetar negativamente outras pessoas, assumindo a

forma de bullying, assédio moral para proteger ou favorecer a posição na empresa.

Nas empresas, em situações de elevada concorrência interna, o bullying entre indivíduos em

posições de chefia é associado, frequentemente, a comportamentos micropolíticos. Esses

comportamentos utilizam estratégias específicas como melhorar de forma deliberada a posição

competitiva do agressor, tentam contornar as regras estabelecidas ou pretendem eliminar

colaboradores indesejados (Salin, 2001).

Matthiesen e Einarsen (2007), realizaram um estudo que concluiu que os agressores em

situações de bullying apresentam níveis de agressividade mais elevados do que as vítimas e

sugeriu que o comportamento micropolítico é o principal antecedente das situações de assédio

moral no local de trabalho. O comportamento micropolítico pode fazer com que exista stress ao

nível da função, do cargo que se está a desempenhar (role stress), mas o contrário também

pode existir, altos níveis de stress no desempenho da função podem levar à existência de um

comportamento micropolítico.

De acordo com Torres, Costa, Sant´Ana, Coelho e Sousa (2016), os agressores numa

situação de assédio moral podem tomar atitudes tais como: ignorar, de forma sistemática, a

presença do funcionário não deixando que este exprima a sua opinião e que possa dar

sugestões; criticar e fazer comentários desrespeitosos com o intuito de humilhar o colaborador;

excluir o funcionário de eventos sociais, como festas ou atividades organizadas pela empresa;

destituir o trabalhador das áreas que estavam a seu encargo e ordenar-lhe que realize funções

abaixo das suas competências ou até mesmo sobrecarregar o colaborador com muitas tarefas,

dando muitas vezes instruções erradas, com prazos que não poderão ser cumpridos.

Muitas vezes, os funcionários mais jovens podem sofrer partidas que muito rapidamente

passam de simples brincadeiras para uma agressão psicológica constante, sendo que, estes

ritos de iniciação são por vezes feitos quando chega um colaborador novo ao local de trabalho.

Os autores destas agressões de uma forma geral foram no passado vítimas deste tipo de

tratamento e, portanto, sentem que têm legitimidade para o fazer (Mayhew & Chappell, 2007).

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Hauge, Skogstad e Einarsen (2009), pretenderam com o seu trabalho perceber de que

forma é que fatores relacionados com o ambiente de trabalho, em especial fatores individuais e

fatores situacionais, podem levar um individuo a se tornar um agressor de bullying no local de

trabalho. Para conseguirem retirar conclusões basearam a sua investigação no modelo de

emoção-stressor acerca do comportamento contraproducente no trabalho, os stressors (agentes

que induzem stress nas pessoas) sentidos no ambiente de trabalho podem induzir emoções

negativas em determinados indivíduos, o que poderá levar a que estes se envolvam em

comportamentos agressivos, nomeadamente, bullying. Os fatores situacionais que foram

analisados foram os conflitos interpessoais, a autoridade nas decisões, a ambiguidade da função

e o conflito ao nível do cargo e os fatores individuais que foram considerados foram o sexo, a

posição hierárquica, a idade e o estatuto. Em relação aos fatores situacionais, os conflitos

interpessoais e os conflitos ao nível da função são os fatores que influenciam de forma

significativa, que um determinado indivíduo se torne um agressor de bullying. Hauge et al.

(2009), concluíram que, ser agressor depende do stress vivido no local de trabalho e da

exposição a situações de bullying. Glina e Soboll (2012), sugerem como medidas preventivas

estabelecer uma política efetiva contra o assédio moral, existir uma indicação clara das

consequências da violação das regras e dos valores organizacionais e haver um encorajamento

para as vítimas denunciarem os casos de assédio moral, assegurando que não irão existir

retaliações.

Ferris et al. (2007), referem que os líderes organizacionais que são politicamente mais

habilidosos na organização têm um maior conhecimento em relação às situações do seu

trabalho e às situações que envolvem o trabalho dos seus subordinados. Este conhecimento

pode fazer com que estes líderes usem práticas de bullying, em situações cuidadosamente

escolhidas, como um mecanismo de influência estratégico e assertivo programado para atingir

os objetivos propostos e melhorar a sua reputação, procurando minimizar assim as

consequências negativas e fomentar os resultados positivos. Os líderes organizacionais que têm

pouca habilidade política tendem a adotar uma forma de bullying mais tática e como não

conhecem tão bem a situação organizacional em que se encontram os seus trabalhadores

podem apresentar um comportamento de bullying mais clássico, gerando dessa forma

consequências negativas.

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2.3. Perfil das Vítimas

Os estudos existentes indicam que as vítimas de assédio moral não são pessoas doentes ou

frágeis, ao contrário do que os agressores em muitos casos tentam demonstrar. Normalmente,

são indivíduos sinceros que se posicionam nas organizações, indagam as atitudes com as quais

não concordam. Assim, pelo facto de não serem facilmente controlados, por não acatarem as

ordens sem questionamento, tornam-se alvo de agressões (Heloani, 2004).

Einarsen et al. (2003), referem que, tal como no caso dos agressores, as vítimas

apresentam certas características que promovem o desenvolvimento de casos de bullying, tais

como, a sua exposição, ao não se inserirem e apresentarem uma atitude diferente dos outros

membros de um determinado grupo; uma menor autoestima e convivência social e a existência

de conflito com as normas e regras do grupo. Este último aspeto ocorre, muitas vezes, pelo facto

de as vítimas saberem mais sobre uma determinada situação e, assim, insistem no seu ponto de

vista e não conseguem reconhecer perspetivas diferentes. Desta forma, esta característica pode

afetar a autoestima dos colegas e dos superiores da organização, pois as vítimas desafiam os

privilégios que possam existir, as normas informais e os fracos desempenhos.

As vítimas de assédio moral não são facilmente categorizadas, apresentam diferentes tipos

de personalidade e podem ser indivíduos fortes ou fracos. Os trabalhadores com sucesso

desencadeiam reações negativas de agressores inseguros, que sentem que a sua posição na

organização pode ser ameaçada. Outros indivíduos podem ser alvo de certos preconceitos com

base na raça, sexo, entre outras características (Yamada, 2008).

Mayhew e Chappell (2007, p.333), referem que “as vítimas de casos de bullying,

normalmente, são indivíduos jovens, novos na organização e sem qualquer poder”.

De acordo com o estudo elaborado por Matthiesen e Einarsen (2007), todas as vítimas de

bullying, mas especialmente as vítimas provocadoras, apresentam níveis mais baixos de

autoestima e de competências sociais em comparação com os agressores. As vítimas

provocadoras representam os funcionários que admitem já ter intimidado outros indivíduos no

local de trabalho e afirmam ser alvo de bullying e são um subgrupo das vítimas que manifestam

altos níveis de agressividade.

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Linton e Power (2013), analisaram se os agressores e as vítimas de bullying compartilham

traços de personalidade que são tipicamente associados apenas aos agressores, ou seja, se

possuem características de intimidação. Para obterem resultados, compilaram um conjunto de

traços de personalidade que são relativos empiricamente ou teoricamente a situações de

bullying, sendo eles o maquiavelismo, o narcisismo e o psicoticismo, que constituem a chamada

dark triad, o nível de agressão e a busca por sensações. Determinaram que as situações de

bullying estavam positivamente associadas a medidas de maquiavelismo, narcisismo, agressão,

busca por sensações e psicoticismo, sendo que as próprias vítimas dos casos de bullying

estavam, também, positivamente relacionadas com as medidas de maquiavelismo, narcisismo,

psicoticismo e agressão. O estudo constatou que a grande maioria dos agressores e uma grande

parte das vítimas detinham comportamentos de agressores e de vítimas pelo menos uma vez

por semana nos últimos 6 meses, sendo que as evidências indicaram que muitas vítimas de

situações de bullying são também agressores.

Glasø, Matthiesen, Nielsen e Einarsen (2007), analisaram as diferenças ao nível da

personalidade em dois grupos distintos, um grupo de vítimas de bullying e um grupo de

indivíduos que não eram vítimas de bullying. Para isso utilizaram o modelo Big Five que tem em

conta cinco características de personalidade, a extroversão (ser sociável e conversador), o

neuroticismo (estabilidade emocional), a abertura à experiência, a consciência (ser organizado e

confiável) e a amabilidade (ser compreensivo e agradável). Concluíram que existiam diferenças

significativas entre as vítimas de bullying e o grupo de indivíduos que não eram vítimas de

bullying em quatro das cinco dimensões da personalidade, as vítimas tendem a ser mais

neuróticas, menos agradáveis, mais conscientes e mais extrovertidas. No entanto, não existe um

perfil geral da personalidade das vítimas de casos de bullying, pois dentro do grupo das vítimas

os indivíduos apresentaram algumas diferenças nas dimensões da personalidade, um pequeno

grupo de vítimas apresentou ser menos extrovertido, menos agradável, menos consciente,

menos aberto à experiência e mais emocionalmente instável do que o grupo geral de vítimas.

Por fim, os autores finalizaram referindo que o estudo da personalidade das vítimas de bullying

não deve ser negligenciado, pois representa um fator importante na compreensão do fenómeno.

No entanto a noção de que a personalidade de um indivíduo pode ser um fator determinante

para uma pessoa se tornar vítima de bullying, pode ser vista como um círculo vicioso onde as

situações de bullying podem fazer com que ocorram mudanças de personalidade tornando a

vítima mais vulnerável e exposta a novos ataques.

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Há semelhança dos estudos de Glasø et al. (2007), o estudo de Coyne, Seigne e Randall

(2000), concluem que é importante examinar as diferenças de personalidade que possam existir

entre as vítimas de bullying e os indivíduos que não são vítimas. A amostra utilizada é composta

por 60 pessoas que são vítimas de bullying no local de trabalho e por 60 colegas de trabalho

que nunca foram vítimas de bullying. O estudo utiliza o Inventário de Personalidade (ICES) que

examina quatro fatores dos cinco fatores utilizados no Big Five Model, a extroversão, a

estabilidade emocional, a consciência e a independência (indivíduos obstinados e determinados

a atingir os objetivos). Durante a análise surgiram diferenças significativas entre os indivíduos

que eram vítimas e os indivíduos que não eram vítimas em todas as escalas do ICES. As vítimas

apresentaram evidências de serem menos independentes, menos extrovertidas, menos estáveis

e mais conscientes em comparação com os trabalhadores que não eram vítimas. Estes

resultados indicaram que os traços do Inventário de Personalidade ICES previam a condição dos

trabalhadores, se eram vítimas ou não de bullying e a estrutura de cinco fatores (Big Five Model)

pode auxiliar na descoberta dos colaboradores que apresentam uma maior propensão de

sofrerem bullying na organização (Coyne et al., 2000).

Trijueque e Gómez (2010), analisaram comparativamente as diferenças ao nível das

habilidades sociais, das estratégias de enfrentamento e do suporte social de dois grupos de

trabalhadores. Primeiramente, avaliaram a amostra total com base em três grupos de variáveis

(sociodemográficas, mobbing e sociowork) e constataram que tinham dois clusters

diferenciados, com dois conjuntos de trabalhadores, o tipo A (trabalhadores que não passaram

por uma situação de mobbing) e o tipo B (trabalhadores que passaram por uma situação de

mobbing no local de trabalho). Os autores propõem a existência de um vínculo entre certas

carências pessoais ou lacunas e os comportamentos de mobbing. Os resultados demonstraram

que os colaboradores que vivenciaram uma situação de mobbing dispunham de menos apoio

social, exibiam menos habilidades sociais e usavam um número elevado de estratégias de

enfrentamento em comparação com os trabalhadores que não passaram por um cenário de

mobbing. O ambiente familiar e social das vítimas de mobbing sofre naturalmente alterações e,

portanto, é expectável que as vítimas de mobbing disponham de menos apoio social.

O bullying no local de trabalho, a vitimização e as estratégias de enfrentamento utilizadas

pelas vítimas foram temáticas que os autores Jóhannsdóttir e Ólafsson (2004) decidiram

investigar. Ao analisarem de que forma as situações de bullying surgiam identificaram dois tipos

de bullying, o bullying geral e o bullying relacionado com o trabalho. As estratégias de

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enfrentamento que eram utilizadas dividiam-se em quatro grupos, a resposta assertiva (existe

uma contestação por parte da vítima), a busca por ajuda (procurar ajuda junto dos gestores, dos

colegas de trabalho ou dos sindicatos), o evitamento e não fazer nada, sendo que estavam

divididas em duas dimensões, as estratégias passivas e as estratégias ativas. Os resultados

mostraram que os homens utilizam menos as estratégias de procurar ajuda e evitamento em

comparação com as mulheres e têm mais probabilidade de usarem estratégias assertivas. O

aumento que se verifica das situações de bullying deve-se ao facto de se utilizarem

frequentemente respostas passivas e evasivas, ou seja, utiliza-se bastante a estratégia de não

fazer nada. No geral, as vítimas de bullying aplicam as estratégias de enfrentamento ativas na

fase inicial da ocorrência de bullying, mas à medida que as práticas de bullying se tornam mais

regulares e exaustivas as vítimas recorrem às estratégias de enfrentamento passivas.

As perceções dos funcionários acerca das condições sociais e organizacionais do ambiente

de trabalho e das experiências de bullying foi analisado por Jennifer, Cowie e Ananiadou (2003).

Este estudo incidiu em cinco grupos diferentes: gestores, professores, técnicos, operadores de

call center e engenheiros e concluiu que existia um grupo de indivíduos que são as vítimas/não

vítimas, ou seja os indivíduos que apresentam características que revelam que se podem tornar

vítimas se surgir uma situação propícia. Este grupo pode fornecer informações bastante

esclarecedoras sobre a forma como as práticas e as políticas da organização têm impacto de

forma negativa em todos os indivíduos que trabalham na empresa. As conclusões também

apoiaram a ideia de que alguns fatores sociais e organizacionais do ambiente de trabalho atuam

como preditores dos casos de bullying, como a ambiguidade nas funções e a existência de

conflitos nas relações de trabalho. O grupo de indivíduos vítimas/não vítimas revelaram um

elevado nível de ambiguidade de funções e um alto nível de conflitos nas relações de trabalho.

Smith, Singer, Hoel e Cooper (2003), realizaram um estudo no Reino Unido onde pediram

aos seus entrevistados que recordassem as suas experiências relacionadas com bullying,

vivenciadas na infância. Conseguiram encontrar uma associação entre as situações ocorridas na

infância e o bullying no local de trabalho, os indivíduos que foram simultaneamente vítimas e

agressores na infância ficaram mais expostos ao bullying no trabalho, seguidos pelas pessoas

que eram apenas vítimas na infância. Smith et al. (2003), concluíram que os indivíduos que

sofreram bullying na infância tinham mais probabilidade de serem vítimas de bullying no local de

trabalho.

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Segundo Torres et al. (2016), as características pessoais dos indivíduos ao nível da sua

personalidade não são os fatores mais determinantes para explicar os casos de assédio moral.

As características pessoais são importantes para se conseguir explicar determinadas atitudes,

mas é necessário combinar um conjunto de fatores no plano micro, meso (as condições de

trabalho e o clima organizacional) e macro (situações de crise económica e desigualdades ao

nível do poder e de género, entre outros) para se compreender este fenómeno.

2.4. Teoria da Aprendizagem Social

A teoria da aprendizagem social explica o comportamento humano através da ideia de

reciprocidade triádica (Bandura, 1999). Bandura (1999, p.3) menciona que a reciprocidade

triádica se refere à noção de que “fatores pessoais internos, na forma cognitiva, afetiva e

biológica, padrões de comportamento e eventos ambientais operam como determinantes de

interação que se influenciam de forma bidirecional”. Ou seja, há uma interação contínua entre

estes componentes (Swearer, Wang, Berry & Myers, 2014), sendo que o ambiente não é

entendido como uma identidade isolada. A teoria da aprendizagem social distingue três tipos de

estruturas ambientais, o ambiente imposto, o ambiente selecionado e o ambiente construído.

Esta teoria apresenta um aspeto social e um aspeto cognitivo, sendo que o aspeto social indica

que a forma como as pessoas pensam e se comportam é influenciada pelo ambiente social em

que se encontram e o aspeto cognitivo representa a ideia de que os atributos pessoais e os

processos de reflexão influenciam a forma como as pessoas percebem e se comportam nos

seus ambientes (Claybourn, 2011).

Porém, o facto de existir uma influência bidirecional entre os três componentes, pessoa,

ambiente e comportamento, não significa que os três atuam com a mesma força. A influência

exercida pelos três fatores de interação varia de acordo com as atividades que estão a ser

realizadas, de acordo com os indivíduos e de acordo com as circunstâncias sociais. Um exemplo

bastante ilustrativo desta ideia pode ser representado se um individuo decidisse aceitar um

trabalho em detrimento de outro (fator relativo ao comportamento) tendo como estímulo a sua

localização geográfica (fator ambiental) e não as suas atividades profissionais (fator pessoal),

neste caso o fator relativo ao ambiente exerce uma influência mais forte no comportamento do

que o fator pessoal (Bandura, 1986).

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Bandura (1999), acrescenta referindo que a teoria da aprendizagem social propõe uma

estrutura causal que contempla o desenvolvimento de competências assim como a regulação da

ação. Os padrões de comportamento são construídos através das estruturas de conhecimento

que representam os modelos, as regras e as estratégias de ação, que atuam como guias

cognitivos. Essas estruturas de conhecimento são formadas através dos estilos de pensamento,

dos comportamentos modelados e das instruções verbais. As pessoas, normalmente, moldam o

seu comportamento consoante as consequências que dele advém e consoante as consequências

que observam que os outros têm. Então ao observar resultados positivos as pessoas apercebem-

se que tipo de ações são adequadas em determinadas situações e ao observar resultados

negativos apercebem-se que deverão evitar essas ações. Contudo, as pessoas não são apenas

intérpretes e não atuam apenas consoante as experiências que vivenciaram, têm capacidade

cognitiva e elevada flexibilidade de simbolização que faz com que sejam capazes de criar e

regular as suas atividades (Bandura, 1986). Ou seja, os indivíduos podem atuar com a

intencionalidade de que as suas ações produzam efeitos no ambiente, mas também serão

transformados pelo mesmo (Azzi, 2011).

A teoria da aprendizagem social é importante para se conseguir perceber o nível de

complexidade dos comportamentos de bullying. Os casos de bullying foram descritos como

sendo um problema de relacionamento social, particularmente, entre os indivíduos e o ambiente

social que os rodeia, então será de admitir que pode existir uma relação entre a exposição a

situações de bullying e a continuidade desses comportamentos de bullying, ou seja esta ligação

acontece como consequência da aprendizagem social resultante da observação. Desta forma, a

teoria da aprendizagem social ajuda a perceber o comportamento dos agressores e permite

entender a magnitude das suas ações, bem como as estratégias de interação que estabelecem

com os outros (Swearer et al., 2014).

Claybourn (2011), realizou um estudo enquadrado na teoria da aprendizagem social,

especificamente sobre a desobrigação moral, explicando os processos através dos quais as

características do trabalho estavam relacionadas com o assédio moral. A desobrigação moral

que determinados indivíduos demonstram acontece quando estes não sentem remorsos pelas

ações prejudiciais que cometeram, não existe um julgamento moral das suas condutas (Azzi,

2011). Uma questão salientada em relação ao assédio moral, sob a perspetiva desta teoria,

consiste na necessidade de se conhecer as circunstâncias que motivam os indivíduos a

adotarem comportamentos de assédio moral (Claybourn, 2011). Desta forma Bandura (1986)

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refere que existem oito processos que explicam os comportamentos danosos que os indivíduos

cometem na relação que estabelecem com os outros, tais como a justificativa moral,

transformação de uma ação negativa numa conduta pessoal e socialmente aceitável; a

comparação vantajosa, quando as consequências de uma conduta negativa parecem menores

quando comparadas com atividades mais graves; a linguagem eufemística, utilização de uma

linguagem mais apropriada e respeitável para encobrir ações repreensíveis; a minimização,

ignorância ou distorção das consequências, as pessoas acreditam que os fins justificam os

meios e minimizam e negligenciam o mal que provocam; a desumanização, quando se retiram

das pessoas as suas qualidades humanas; a atribuição de culpa, as pessoas encaram-se como

vítimas sem culpa que são pressionadas a atuar de forma negativa porque foram provocadas; o

deslocamento de responsabilidade, os outros indivíduos também agem com as mesmas

intenções e a difusão de responsabilidade, os indivíduos veem as suas atitudes como resultado

de pressões sociais ou de imposições feitas por outros.

2.5.Teoria da Troca Social

A teoria da troca social indica que num processo de troca entre duas partes um indivíduo, de

maneira voluntária, fornece a outro indivíduo um determinado benefício e confia que a outra

parte irá retribuir com o mesmo tipo de benefícios, existindo assim um processo de

reciprocidade (Blau, 1964). Ou seja, o principal pressuposto centra-se no facto de as partes

envolvidas estabelecerem e manterem relacionamentos com a expectativa de que serão

recompensados (Lambe, Wittmann & Spekman, 2001).

De acordo com esta abordagem este processo de reciprocidade que é estabelecido gera

mais benefícios que custos, o que fortalece o sentimento de confiança e de justiça entre as duas

partes intervenientes (Blau, 1964). Os desequilíbrios de poder que possam surgir originam

relacionamentos instáveis, o que reforça a importância em existir interdependência para que se

mantenham as relações de troca social (Lambe et al., 2001). Lambe et al. (2001),

acrescentaram que os recursos utilizados num processo de troca entre duas partes podem ser

tangíveis (dinheiro) ou intangíveis (amizade).

A literatura existente salienta que a teoria da troca social é uma teoria influente na avaliação

das relações que são estabelecidas no ambiente de trabalho e os investigadores que colocam

em prática os princípios desta teoria são capazes de explicar bastantes fenómenos sociais (Blau,

1964; Cropanzano & Mitchell, 2005; Correio & Correio, 2017; Cropanzano, Anthony, Daniels &

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Hall, 2017). Blau (1964), afirmou que os comportamentos de cidadania organizacional surgem

quando os colaboradores vivenciam experiências positivas na organização, o que faz com que

estes retribuam com atitudes e comportamentos também positivos. No ambiente organizacional,

os trabalhadores que têm boas condições de trabalho adotam atitudes e comportamentos

acertados e dedicam-se para obterem bons desempenhos (Coskuner, Costur, Bayhan-Karapinar,

Metin-Camgoz, Ceylan, Demirtas-Zorbaz, Aktas & Ciffiliz, 2018). Segundo Cropanzano et al.

(2017), a teoria da troca social enfatiza que a ausência de algo que é positivo de forma hedónica

(justiça e a confiança) é claramente igual à presença de algo que é negativo de forma hedónica

(injustiça, desconfiança).

Parzefall e Salin (2010), referiram que a teoria da troca social detém mecanismos que

permitem entender as atitudes e os comportamentos dos trabalhadores, sendo eles a justiça

organizacional, a violação dos contratos psicológicos (acordo entre o empregado e o empregador

onde estão definidas as crenças, os termos e as condições da troca recíproca que será

realizada) e o suporte organizacional percebido. No que diz respeito à justiça organizacional as

perceções de injustiça por parte dos colaboradores representam uma parte fulcral das

experiências de bullying pois os funcionários sentem que não foram tratados com respeito, o que

faz com que consigam explicar de forma parcial as ocorrências de bullying no local de trabalho.

No que concerne aos contratos psicológicos estes quando são quebrados servem como

mecanismos explicativos dos casos de bullying, uma vez que o comprometimento e as

promessas foram rompidas.

Assim, as perceções das vítimas sobre as situações bullying podem ser influenciadas pelos

relacionamentos de troca social que são estabelecidos, uma vez que existe uma série de

mecanismos que têm impacto nessas ocorrências (Parzefall & Salin, 2010).

Em situações em que os casos de mobbing são feitos no sentido horizontal, se as vítimas de

mobbing sentirem apoio da parte da organização vão continuar a agir de acordo com a norma de

reciprocidade, a retribuir e a serem dedicados (Coskuner et al., 2018).

2.6. A importância dos contextos de trabalho no assédio moral

A literatura sobre os comportamentos de assédio moral tem associado à sua incidência as

caraterísticas do contexto de trabalho, ou seja, associam-se a climas de trabalho onde não existe

respeito, ética nem harmonia (Peduzzi, 2007) e a lideranças abusivas (Einarsen et al., 2003).

Por exemplo Aguiar (2008), ao longo da sua pesquisa percebeu a influência que um contexto

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organizacional mais stressante pode exercer na incidência de casos de assédio moral (Hauge et

al., 2009). A saúde do ambiente de trabalho é extremamente importante, um contexto

organizacional voltado para a competitividade (de forma desmedida), que utilize o emprego como

uma forma de chantagem e onde exista uma grande dominação por parte das chefias, permite

que haja espaço para a existência de casos de abuso de poder. Para se conseguir superar estes

obstáculos, é importante tentar melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores através de

melhores condições de trabalho, incentivar os funcionários a participarem em atividades lúdicas

e físicas, como exercícios de meditação e relaxamento (Aguiar, 2008). Nestes momentos de

descontração, todos os elementos da organização devem participar, todos os funcionários e

todos os indivíduos pertencentes aos cargos de chefia.

A identificação dos fatores organizacionais que favorecem e contribuem para o surgimento

de casos de assédio moral é fundamental para a compreensão do tema. Um clima

organizacional baseado numa comunicação eficiente, honesta e mutuamente respeitosa fará

com que os casos de bullying no ambiente organizacional sejam reduzidos (Yamada, 2008). Por

outro lado, há situações de conflito que decorrem da necessidade dos trabalhadores se

adaptarem a novas funções, pelo tipo de direção que têm, quando existe divergência de

interesses e objetivos. Assim, como a preocupação das chefias está nestes casos sobretudo

voltada para se atingir as metas propostas, mesmo quando são bastante ambiciosas, o não

cumprimento destes objetivos resulta muitas vezes em práticas consideradas de assédio moral,

na tentativa de desqualificar moralmente os indivíduos que não cumpriram o que foi

determinado (Marcondes & Dias, 2011).

Os casos de bullying no local de trabalho são uma constante e têm impactos negativos

significativos nos funcionários e na própria organização (McKay, Ciocirlan & Chung, 2010).

McKay et al. (2010), referem que nos processos de recrutamento e seleção e para ajudar os

trabalhadores a permanecerem na empresa é essencial que exista um ambiente organizacional

livre de intimidações e de bullying. Salientam também a importância que algumas variáveis têm

na preservação dos ambientes de trabalho contra a ocorrência de bullying, tais como o estilo de

liderança que é adotado, a cultura organizacional, a forma como as relações de trabalho são

formadas, as práticas de Recursos Humanos, a sua implementação e o grau de conhecimento

que os funcionários têm que lhes permita prevenir e reagir contra as situações de bullying.

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Hauge, Einarsen, Knardahl, Lau, Notelaers e Skogstad (2011), consideram que as condições

do ambiente de trabalho devem ser analisadas através dos grupos de trabalho e, posteriormente,

conseguimos averiguar de que forma é que essas condições promovem a existência de casos de

assédio moral. Os grupos de trabalho facultam informações sobre situações de bullying

observado, ou seja, observações independentes de indivíduos que não são alvo de bullying mas

que presenciam estas situações. O bullying observado e silencioso é considerado apropriado

para a incidência geral de assédio moral. Desta forma, o principal objetivo do estudo consistiu

em averiguar quais as características do grupo de trabalho que são preditores de bullying no

local de trabalho. As conclusões indicaram que o estilo de liderança e o stress ao nível da função

são as variáveis que mais influenciam o bullying.

Nos últimos anos, as empresas e os sindicatos têm dado particular atenção aos casos de

assédio moral, uma vez que o número de queixas contra as chefias tem aumentado, e cada vez

mais funcionários por todo o mundo relatam situações de assédio vivenciadas no local de

trabalho. O estudo de Jacoby, Falcke, Lahm e Nunes (2009), incide sobre o relato de duas

pessoas que sofreram bullying no trabalho, uma advogada com 48 anos e um vendedor com 50

anos. Os indivíduos aceitaram a proposta, pois consideraram que estavam a ser vítimas de

assédio moral. No final do estudo chegaram à conclusão, que apesar das profissões analisadas

neste estudo serem bastante distintas uma da outra, estas duas pessoas tinham alguns fatores

em comum, como o tipo de chefia. O facto de os supervisores terem um grande poder, fez com

que as vítimas sentissem que estavam desamparadas e que não tinham ninguém a quem

recorrer, a comunicação não era feita da melhor forma, não existiam regras bem definidas e

precisas e, tudo isto culminou, numa gestão ineficiente e desadequada. Para além disso, como

as vítimas perceberam que estavam a vivenciar uma situação de assédio moral, o desgaste a

nível psicológico e ao nível profissional foi mais evidente e mais difícil de ser ultrapassado.

O estudo de Machado, Ipiranga e Matos (2013), procurou analisar as variáveis que se

relacionavam com as práticas de assédio moral nas empresas. Para este efeito, basearam-se no

filme “Quero matar o meu chefe” para retirarem as informações que necessitavam e focarem os

momentos mais marcantes ao nível do assédio. O filme retrata várias situações no local de

trabalho, tendo três personagens principais, a primeira Nick, é um funcionário que deseja subir

de cargo dentro da organização, ser promovido, mas isso não acontece e o presidente da

empresa, em várias situações, humilha-o; Kurt um contabilista de uma empresa que lida com

um novo chefe bastante problemático e Dale um funcionário que tem sido assediado pela sua

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chefe. As três personagens trabalhavam em ambientes distintos, logo existem comportamentos

de assédio também distintos. Nick sofreu uma conduta mais direcionada para o fazer sentir-se

inferior sofrendo humilhações, com atentados contra a sua dignidade como críticas sobre a sua

vida pessoal e a criação de rumores sobre possíveis problemas psicológicos. Dale sofreu com

atitudes de cariz sexual (invasão da sua privacidade e assédio sexual) e violência verbal, foram

destacadas características físicas e crenças como forma de troça. É percetível que as relações

de trabalho estabelecidas entre as chefias e os trabalhadores são a principal fonte de casos de

assédio nas organizações, com a existência de práticas de coerção e utilização desmedida do

poder. A perceção das pessoas acerca das práticas de assédio moral, ressaltadas por episódios

do filme, indica que é importante que o tecido organizacional implemente mais ações para

conseguirem gerir estes conflitos.

Turte, Correa, Luz e Fischer (2012), consideraram que seria importante averiguar de que

forma os colaboradores mais jovens percecionavam o assédio moral no local de trabalho e quais

as estratégias que poderiam adotar para eliminarem esta conduta, uma vez que o ambiente de

trabalho tende a exercer uma grande influência nos adolescentes/jovens adultos em

comparação com os adultos. A amostra do estudo é constituída por 40 colaboradores, 22

homens e 18 mulheres, entre os 15 e os 20 anos de idade e os dados foram recolhidos através

de entrevistas individuais e coletivas. Os resultados obtidos demonstraram que os trabalhadores

mais jovens, efetivamente, detêm pouco ou nenhum conhecimento de estratégias para enfrentar

e resolver situações de assédio moral. Na maioria dos casos, os colaboradores optavam por

ignorar as situações de assédio moral que se sucediam e não relatavam estes acontecimentos a

ninguém. Os jovens trabalhadores que estavam mais informados sobre a lei e sobre os limites

das relações profissionais eram os mais eficientes a lidar com estes casos abusivos.

Claybourn (2011), procurou no seu estudo identificar possíveis relações entre as

características do trabalho, a satisfação, a desobrigação moral e o assédio moral no local de

trabalho. Este estudo suporta-se numa amostra de 133 colaboradores de uma universidade do

Canadá, professores e funcionários, com idades compreendidas entre os 19 e os 64 anos. Os

resultados mostraram que os funcionários insatisfeitos com o seu trabalho tendem a sentir-se

mal e a acreditarem que é aceitável prejudicar os outros e, também, forneceram evidências da

existência de relações entre o assédio moral e várias características do local de trabalho. Sendo

que, a existência de uma relação entre o assédio moral e certas características do local de

trabalho é explicada através da desobrigação moral, que é precedida pelas reações emocionais.

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Ou seja, a satisfação, a desobrigação moral e as características do local de trabalho surgiram

associadas a situações de assédio moral.

O assédio moral nas organizações é considerado um fenómeno multicausal (Salin, 2003), ou

seja, existem diferentes fatores que contribuem para a sua ocorrência. Esses fatores, associados

às situações de bullying, são distribuídos por três grupos distintos: a) os fatores relativos aos

antecedentes necessários para que o bullying ocorra, ou seja, as estruturas e os processos

facilitadores (tais como a perceção da existência de desequilíbrios de poder, insatisfação,

frustração); b) os fatores referentes às estruturas e aos processos motivadores (competição

interna, sistemas de recompensa); e c) os fatores relacionados com circunstâncias

desencadeantes (como mudanças organizacionais ou mudanças dos grupos de trabalho).

O estudo de Salin (2001), salientou as formas de bullying e o seu predomínio no local de

trabalho entre os profissionais que ocupam posições de liderança e de chefia. No estudo, foram

utilizadas duas estratégias distintas para medir o bullying. A primeira estratégia consistia em ter

no questionário uma definição do que representava uma situação de bullying e a segunda

estratégia foi utilizar uma versão ligeiramente modificada do Negative Acts Questionnaire, com

uma lista de 32 atos negativos que poderiam, potencialmente, representar situações de assédio

moral. O estudo concluiu, que os colaboradores em cargos de gestão ou especialistas estão

sujeitos a situações de assédio moral e que na primeira estratégia apenas uma percentagem

reduzida de indivíduos relataram que sofreram bullying de forma ocasional no último ano,

enquanto que com a listagem de atos negativos mais indivíduos relataram ter sido submetidos a

pelo menos um dos atos semanalmente no último ano. As situações de bullying mais

predominantes estavam relacionadas, por exemplo, com o estabelecimento de prazos irrealistas.

O estudo de Mathisen, Einarsen e Mykletun (2011), analisou a relação entre a personalidade

do gestor e os relatórios dos subordinados sobre as situações de bullying, ou seja, não se

focaram apenas no comportamento abusivo dos supervisores mas tiveram em consideração a

forma como os supervisores influenciaram as alegações dos trabalhadores sobre a ocorrência de

bullying. Podem existir pelo menos três relações entre as características de personalidade do

supervisor e os comportamentos do supervisor. Primeiramente, as ações do líder podem ser

interpretadas pelos colaboradores como um comportamento de bullying, existe uma conduta

agressiva, bastante hostil ou uma tentativa de excluir socialmente o trabalhador. Seguidamente,

ao se envolverem em comportamentos tão negativos os líderes podem usar essas situações para

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serem vistos como modelos que devem ser seguidos e vão criar uma cultura baseada no medo e

promover procedimentos negativos. Por fim, os gestores podem promover casos de bullying

quando compactuam ou recompensam os seus funcionários por terem comportamentos dessa

natureza e podem incentivar estes comportamentos quando não intervêm em conflitos

interpessoais entre os colegas de trabalho. O estudo utilizou o modelo Big Five e os funcionários

inquiridos identificaram os agressores como sendo os líderes com pouca consciência, alto nível

de neuroticismo e que exibiam níveis altos de exposição ao stress.

2.6.1. A importância dos estilos de liderança nas situações de assédio moral

Vários estudos indicam que o estilo de liderança influencia o assédio moral no local de

trabalho (Einarsen et al., 2003; O’Moore & Lynch, 2007; Yamada, 2008; Ertureten et al., 2013;

Shahbazi et al., 2013).

Um estilo de liderança autoritário ou autocrático, que se carateriza sobretudo pelo intuito de

alcançar resultados e metas muito elevadas parece estar mais associado ao assédio moral. Uma

forma de gestão autoritária pode criar um clima organizacional onde não há espaço para críticas

e propostas diferentes e onde o medo é um sentimento constante (Einarsen et al., 2003).

O’Moore e Lynch (2007), realizaram uma pesquisa na Irlanda com o intuito de averiguar o

impacto de diferentes estilos de liderança e do ambiente organizacional na prevalência de

situações de bullying. Numa amostra de 1057 indivíduos, os resultados evidenciaram que 6%

dos entrevistados indicou que sofria bullying frequentemente e 17% referiu que passava por

situações de bullying de forma ocasional. Das pessoas que sofreram bullying, 67% descreveu

que o estilo de liderança usado pela sua chefia era autocrático, 15% disse que era usada uma

liderança laissez-faire e 18% afirmou que os líderes se baseavam num estilo democrático. Os

resultados, mostraram que existem diferenças significativas entre os indivíduos que são vítimas

de bullying e os indivíduos que não são intimidados, principalmente ao nível das condições de

trabalho, do clima organizacional e do estilo de liderança adotado. O’Moore e Lynch (2007),

concluíram que os diferentes estilos de liderança são fundamentais para perceber as situações

de bullying e que estas se associam a ambientes de trabalho negativos, com uma elevada

incidência de stress e baixa satisfação com o tipo de liderança.

O estudo de Kiazad, Restubog, Zagenczyk, Kiewitz e Tang (2010), incidiu nas variáveis

associadas a um estudo de liderança abusiva e considerou o supervisor (os seus

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comportamentos de liderança e os comportamentos ao nível da sua personalidade) e as

características das vítimas (a sua autoestima e adequação à organização). O estudo concluiu que

o maquiavelismo do líder estava positivamente relacionado com a supervisão abusiva e as

perceções dos trabalhadores acerca dos comportamentos de liderança autoritária atuam como

mediadores na relação entre o maquiavelismo do gestor e a supervisão abusiva. Isto acontece

porque, ao se adotar uma liderança autoritária adotam-se comportamentos de ameaças e de

intimidação fazendo com que haja uma maior propensão para serem comportamentos

percebidos como abusivos. Também perceberam que a autoestima baseada na organização

mediava a relação entre a liderança autoritária e a supervisão abusiva, os funcionários com uma

baixa autoestima baseada na organização apresentavam uma maior probabilidade de se

aperceberem de níveis mais elevados de liderança autoritária, como comportamentos abusivos.

O estudo desenvolvido por Salin (2003), concluiu que o assédio moral progride quando a

chefia não intervém nos casos que testemunha. Existe uma relação entre o assédio moral e um

estilo de liderança débil, ou seja, os líderes fracos raramente agem nas situações de bullying

fazendo com que os agressores tenham uma menor possibilidade de serem identificados e

condenados.

Uma liderança socialmente inteligente poderá diminuir os casos de bullying existentes, uma

vez que “a presença de líderes socialmente inteligentes ajudará bastante a criar culturas

organizacionais saudáveis” (Yamada, 2008, p.7). O autor refere que as qualidades que mais se

destacam num comportamento socialmente inteligente são a empatia e a preocupação com os

outros (Yamada, 2008; Hutchinson & Hurley, 2013).

Hutchinson e Hurley (2013), analisaram o potencial da liderança socialmente inteligente em

atenuar os comportamentos de bullying no local de trabalho. A liderança socialmente inteligente

é baseada na inteligência emocional que assume comportamentos de autoconsciência e de

empatia, para além de que a inteligência emocional assume competências sociais como tentar

lidar com diplomacia com indivíduos e situações difíceis e modelar qualidades da equipa tais

como o respeito e a autonomia. Estas capacidades de inteligência emocional também podem ser

usadas noutros estilos de liderança, fazendo com que os líderes estejam mais alinhados com os

valores organizacionais. Hutchinson e Hurley (2013) perceberam, que os indivíduos que adotam

um estilo de liderança socialmente inteligente conseguem mitigar as situações de bullying, não

conseguindo porém eliminá-las totalmente.

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As ações de liderança têm duas componentes, a componente social e a componente

emocional. Dentro da componente social da liderança encontramos a inteligência social e

incluída na componente emocional identificamos a inteligência emocional (Kobe, Reiter-Palmon

& Rickers, 2001). O estudo desenvolvido por Kobe et al. (2001), analisou a inteligência

emocional e a inteligência social para explicar as variações que ocorrem nas experiências de

liderança. Os resultados comprovaram que tanto a inteligência emocional (apresenta

características como o controlo interpessoal e autoconfiança social) quanto a inteligência social

são responsáveis pelas variações que ocorrem nas experiências de liderança. Contudo, o uso da

inteligência emocional por si só não vai influenciar as atitudes de liderança, tem

obrigatoriamente de ser usada em simultâneo com a inteligência social para provocar variações,

a inteligência social desempenha um papel principal na liderança (Hutchinson & Hurley, 2013).

No estudo de Sheehan (1999), considerou-se que ao invés de se utilizar soluções que se

baseavam numa estrutura punitiva das situações de bullying poderia ser mais eficaz e eficiente

desenvolver as habilidades de inteligência emocional dos trabalhadores, em especial dos líderes

organizacionais. Estes ao adotarem um estilo de liderança baseado na inteligência emocional

vão usar habilidades que não irão prejudicar a saúde e o bem-estar dos membros da empresa

como, serem mais sensíveis às necessidades dos colaboradores e desenvolverem a sua

capacidade de observar e de intervir caso seja necessário resolver conflitos de uma forma

sensata.

No estudo de Shahbazi et al. (2013), o objetivo foi compreender se os componentes que

integram um estilo de liderança paternalista exercem influência nos casos de bullying no local de

trabalho, sendo que essas características são a benevolência, a moralidade e o autoritarismo.

Neste caso concluíram que as três características do estilo de liderança paternalista estão

relacionadas com o bullying, sendo que, os resultados sugeriram que a benevolência e a

moralidade estão negativamente correlacionadas com o bullying e o autoritarismo está

positivamente correlacionado.

A investigação relativa à forma como os estilos de liderança, em especial a liderança

paternalista, tem influência nos casos de bullying tem sido também objeto de interesse na

literatura. Por exemplo Soylu (2011), analisou as dimensões da liderança paternalista, como a

criação de um ambiente familiar no trabalho, estabelecer relacionamentos próximos e

individualizados com os seus subordinados, o envolvimento fora do local de trabalho, a procura

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da lealdade em troca de cuidados e a manutenção do estatuto e do nível de autoridade (Kim,

Yang & Hwang, 2006). Os estudos têm revelado que a dimensão paternalista da liderança,

particularmente a dimensão referente a esperar lealdade em troca de benefícios, está

positivamente relacionada com as experiências de bullying, os seja, os funcionários cujos líderes

esperam lealdade em troca dos benefícios que atribuem têm maior probabilidade de se

tornarem vítimas de bullying. Esta constatação apoia o argumento de que o favoritismo

promovido pela relação inversa entre esperar lealdade e desempenho, pode levar a que exista no

ambiente de trabalho níveis baixos de padrões morais, o que promove um maior índice de

incidentes de bullying. A dimensão relativa à criação de um ambiente familiar no trabalho está

negativamente associada aos casos de bullying, os líderes que promovem uma estrutura familiar

no trabalho têm menos ocorrências negativas associadas ao bullying. Isto indica que nem todos

os líderes paternalistas incentivam comportamentos abusivos ou de intimidação no trabalho e

que os líderes altruístas que se comportam como membros iguais aos seus subordinados

servem de exemplo de comportamentos éticos aceitáveis.

A liderança paternalista é um dos estilos de liderança mais usados pelos países

desenvolvidos apesar dos pontos negativos que lhe estão associados e os líderes paternalistas

adotam comportamentos bastante antagónicos, são benevolentes, mas por vezes existe uma

exploração excessiva dos trabalhadores, são autoritários e ao mesmo tempo estimulam os seus

funcionários e transmitem simultaneamente uma forte noção de empoderamento e

dependência. A relação entre o conceito de liderança paternalista e mobbing é complexa, pois os

líderes paternalistas têm conjuntamente cuidado com os seus funcionários e utilizam bastante

uma forma autoritária de liderar (Kim et al., 2006). Isto faz com que se por um lado o cuidado

com os trabalhadores faz com que as situações de mobbing não ocorram, por outro lado a

forma autoritária de liderar aumenta a probabilidade de existirem casos de mobbing (Kim et al.,

2006).

Os casos de bullying que ocorrem no ambiente organizacional podem ser evitados se os

elementos que integram os graus hierárquicos superiores intervirem, ou seja, se os líderes

sentirem que é importante eliminar este fenómeno que é tão prejudicial para a saúde e para a

vida profissional das vítimas (Thornton, 2004; Peduzzi, 2007; Stouten et al., 2010; Laschinger &

Fida, 2014). Stouten et al. (2010), demostraram que a liderança ética está negativamente

associada ao bullying, em especial a um antecedente das situações de bullying, o ambiente de

trabalho. As chefias éticas ao melhorarem a carga de trabalho dos funcionários (ambiente de

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trabalho quantitativo) e as más condições de trabalho (ambiente de trabalho qualitativo),

diminuem a incidência de situações de bullying. Os líderes éticos preocupam-se com o bem-

estar dos seus trabalhadores e, portanto, têm uma preocupação acrescida com o ambiente de

trabalho qualitativo e quantitativo, existe uma atenção em se manter a carga de trabalho dos

funcionários aceitável, para que estes sintam que são capazes e tenham a confiança necessária

para terem bons desempenhos.

Os casos de bullying no local de trabalho estão particularmente associados à liderança ética

(Ahmad, 2018). O trabalho desenvolvido por Ahmad (2018), pretende contribuir para a gestão

das situações de bullying no local de trabalho e procurou perceber como a liderança ética pode

ser um estilo de liderança eficaz para eliminar este problema em várias culturas. O trabalho

analisou a justiça interacional como um possível mediador para explicar a redução de casos de

bullying no local de trabalho quando os líderes adotam uma conduta ética. A justiça interacional

é a perceção de justiça que ocorre na interação de um funcionário com a chefia. Ao se

analisarem os efeitos diretos e indiretos da liderança ética nas situações de bullying, tendo como

mediador a justiça interacional, concluiu-se que os casos de bullying são reduzidos quando os

trabalhadores são liderados por chefias éticas, uma vez que estas promovem a justiça em todos

os parâmetros organizacionais e, em especial, nas funções que os colaboradores

desempenham.

Onorato (2013), analisa a relação entre um estilo de liderança antiética e os casos de

bullying. Neste caso os resultados confirmaram a hipótese da existência de uma relação forte

entre a liderança ética e o bullying em todas as secções da organização, tendo os autores

concluído que seria de esperar de um estilo de liderança antiética a incidência de casos de

bullying.

As práticas antiéticas (subornos, corrupção, questões relacionadas com a discriminação)

continuam a ser uma contante nas organizações. O estudo de Bello (2012) é uma importante

contribuição a este nível, na medida em que analisa o conceito de liderança ética, as

características que um líder ético apresenta, o impacto que o estilo de liderança ética tem no

desempenho dos funcionários e de que forma é que as organizações conseguem desenvolver e

transformar os seus líderes de modo a que estes não sejam apenas bons líderes ao nível

intelectual, mas também líderes eficazes que colocam em ação as suas decisões éticas. É

esperado que os líderes das organizações sejam indivíduos com um caráter forte, sejam

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exemplos para os seus trabalhadores, que liderem a empresa e os funcionários com valores que

coincidam com práticas éticas e que sejam sensíveis aos interesses dos seus colaboradores sem

propagarem o medo ou a necessidade de existir uma troca de favores. Os resultados

sublinharam que na relação entre a liderança ética e o desempenho dos colaboradores existem

duas variáveis importantes, a confiança e o comprometimento, sendo que a liderança ética está

positivamente relacionada com o aumento do desempenho dos trabalhadores.

Os líderes devem ser perante os funcionários as principais entidades a fornecer uma

orientação ética (Brown, Treviño & Harrison, 2005). Brown et al. (2005), analisaram as

características da liderança ética e como esta se relacionava com comportamentos positivos nas

organizações, e propuseram que a teoria da aprendizagem social poderia ser uma base teórica

para se entender a liderança ética. Os líderes éticos devem ser vistos como modelos de conduta

ética credíveis e legítimos (Bello, 2012), para isso devem adotar comportamentos apropriados

como serem honestos e altruístas. Desta forma, a liderança ética foi definida por Brown et al.

(2005, p.120), como sendo “uma demonstração de uma conduta normativamente apropriada

conduzida por ações pessoais e através de relacionamentos interpessoais, sendo divulgada aos

seguidores recorrendo a uma comunicação bidirecional, pela tomada de decisão e pelo reforço”.

A escala que desenvolveram para medir o construto tem revelado boas qualidades psicométricas

e os estudos que a têm aplicado revelaram que o estilo de liderança ética está relacionado com

comportamentos em que existe consideração pelas ações dos outros indivíduos, com a

honestidade, com o nível de confiança no líder, com a justiça interacional, com a liderança

carismática e com a supervisão abusiva. A liderança ética está, também, relacionada com outros

estilos de liderança e com características de líderes diferentes, contudo nenhum desses estilos

de liderança (liderança transformacional, liderança carismática) é abrangente o suficiente para

englobar todas as tarefas que um líder tem de cumprir. Brown et al. (2005), concluíram que a

adoção de um estilo de liderança ética tem benefícios como uma melhor perceção do tipo de

liderança dos líderes, um aumento da satisfação e um aumento da dedicação ao trabalho por

parte dos funcionários.

Johnson e Buckley (2015), analisaram a forma como as decisões antiéticas ocorrem nas

organizações e para isso, desenvolveram a temática da desobrigação moral, identificando

possíveis lacunas do pensamento sobre esta questão. A desobrigação moral é um fenómeno

interpessoal e quando um indivíduo se desliga moralmente remove mentalmente os vínculos que

existem entre as ações dos indivíduos e as possíveis consequências negativas/antiéticas. Ou

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seja, as associações mentais de ação-consequência que, normalmente, inibem as pessoas de

efetuarem atos antiéticos são inexistentes, fazendo com que os indivíduos sintam que podem

agir da forma que entendem uma vez que não existirão punições nem remorsos. Os líderes ao

deterem uma elevada capacidade para influenciar e implementar práticas podem ter um impacto

desproporcional nas organizações, pois detêm um poder significativo que influencia os

trabalhadores ao nível organizacional, mas também, ao nível social. Este desequilíbrio e a

influência adicional que os líderes exercem para se conseguir alcançar os resultados

organizacionais propostos, pode fazer com que a desobrigação moral tenha espaço para se

expandir entre os subordinados e nos próprios líderes. Desta forma, como os líderes têm

bastante impacto em fatores situacionais como o clima organizacional e a disposição moral dos

trabalhadores, as intervenções deverão ser no sentido de reduzir a influência que os líderes

exercem na desobrigação moral dos funcionários.

Francioli, Conway, Hansen, Holten, Grynderup, Persson, Mikkelsen, Costa e Høgh (2018),

procuraram estudar se um aspeto do ambiente psicossocial, a comunidade social no trabalho,

atua como mediador na relação entre a qualidade da liderança e os casos de bullying no local de

trabalho. Sendo que, a comunidade social no trabalho corresponde à forma como os

funcionários se sentem integrados na comunidade no local de trabalho e se vivem um clima

positivo onde existe cooperação entre todos. Os autores consideraram que era mais eficaz se se

focassem nas avaliações que os trabalhadores faziam de uma forma geral à qualidade da

liderança ao invés de avaliarem as suas perceções de um ou mais estilos de liderança

específicos. Os resultados demonstraram que na relação estabelecida entre a qualidade da

liderança e o bullying, a comunidade social no trabalho age como um importante mediador. A

qualidade da liderança desempenha um papel fundamental, pois pode estabelecer certas

condições de trabalho que fazem com que as situações de assédio moral possam ocorrer mais

frequentemente, como não se oferecer boas oportunidades de desenvolvimento, existir

insatisfação por parte dos funcionários, não haver planos de trabalho eficientes e não se resolver

conflitos.

A associação dos estilos de liderança como antecedentes das perceções dos casos de

bullying foi um tema que interessou Hoel, Glasø, Hetland, Cooper e Einarsen (2010), que

consideram que embora os líderes sejam, muitas vezes, considerados os principais autores dos

casos de bullying este tema não é muito debatido. Estes autores realizaram um estudo com o

propósito de examinar a relação entre o estilo de liderança e a perceção de vítimas e indivíduos

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que alegam ter observado uma situação de bullying no local de trabalho. Para isto, utilizaram-se

quatro estilos de liderança distintos: o castigo não-contingente, um estilo bastante imprevisível

onde os castigos são empregues nos termos dos líderes independentemente do comportamento

dos trabalhadores; a liderança laissez-faire, os líderes estão fisicamente no cargo, mas não

cumprem devidamente as suas funções; a liderança autocrática, que corresponde a um estilo de

liderança coercivo que pode ser operacionalizado de forma mais ou menos moderada e a

liderança participativa. Concluiu-se que as situações de bullying estão relacionadas com os

quatro estilos de liderança e que as vítimas de bullying e os indivíduos observadores têm

perceções diferentes deste fenómeno. Assim, o castigo não-contingente emergiu como o estilo

de liderança mais preditivo das situações de bullying vivenciadas pelas vítimas e a liderança

autocrática foi o estilo de liderança considerado mais preditivo dos casos de bullying observado,

ou seja, embora os observadores associem o assédio moral ao estilo de liderança autocrática, os

alvos de bullying relacionam-no com o estilo de liderança não-contingente. Isto sugere que as

vítimas de assédio moral identificam o bullying em primeiro lugar através das agressões e das

punições que são arbitrariamente impostas pelos líderes. A liderança laissez-faire foi associada

aos casos de assédio moral pelas vítimas e pelos observadores de bullying.

Tavanti (2011), analisou diferentes líderes tóxicos nas organizações, desde os líderes que

praticam bullying aos líderes narcisistas. Os líderes tóxicos existem e são bastante comuns nas

organizações e os seus comportamentos destrutivos e as suas características pessoais causam

vários transtornos aos seus funcionários. Adotam atitudes muito egoístas, não têm em

consideração o bem-estar dos seus trabalhadores e gerem uma organização através do medo,

usando ameaças diretas e indiretas, como por exemplo ameaçar um funcionário de que irá ser

demitido ou irá ter uma classificação baixa no nível de desempenho. Contudo, apesar de todas

estas facetas negativas algumas organizações promovem e toleram este estilo de liderança por

motivos económicos ou políticos que são imperativos e não pensam nas consequências e na

reputação da empresa a longo prazo, podendo ser os próprios trabalhadores a proteger este tipo

de líderes.

A perceção por parte dos gestores de que têm de aumentar, a todo o custo, a produtividade

e têm de maximizar os recursos que são limitados faz com que estes adotem uma postura

autoritária, que contribui para a normalização de um estilo de liderança corrosivo. Estes líderes,

sem estas obrigações poderão ser cidadãos civis, mas com estas condições inconscientemente

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têm comportamentos de bullying ao utilizarem um estilo de liderança corrosivo que é aplaudido

e confundido com uma boa administração (Thornton, 2004).

Dussault e Frenette (2015), realizaram à semelhança da investigação dos autores Hoel et al.

(2010), um estudo para testar a relação entre diferentes estilos de liderança adotados pelas

chefias e a perceção dos casos de bullying que ocorrem no local de trabalho. Dussault e Frenette

(2015), basearam-se num modelo bastante conhecido, o modelo de liderança multifatorial de

Bass (1985), que descreve a liderança de acordo com três dimensões, a liderança

transformacional, a liderança transacional e a liderança laissez-faire. A liderança

transformacional é caracterizada pelos líderes que utilizam o seu carisma para provocar

entusiamo nos trabalhadores e existe uma atenção individualizada das necessidades e das

habilidades de cada colaborador para conseguirem atingir o sucesso (Ertureten et al., 2013;

Nielsen, 2013). A liderança transacional é composta por dois elementos, as recompensas

contingentes, os líderes salientam e recompensam as ações positivas dos seus trabalhadores, e

o gerenciamento por exceção, quando os colaboradores não atendem às expectativas que foram

impostas os líderes fornecem feedbacks negativos, se por outro lado os objetivos são cumpridos

o líder deixa que os funcionários trabalhem normalmente, ou seja, este tipo de liderança envolve

um processo de transação entre o líder e o subordinado (Ertureten et al., 2013). Na liderança

laissez-faire, os líderes recusam-se a tomar decisões que são necessárias e evitam os conflitos

que têm de ser resolvidos, sendo considerado o estilo de liderança mais ineficaz (Hoel et al.,

2010; Nielsen, 2013). Os líderes que adotam uma liderança transformacional e transacional

podem criar condições que façam com que as situações de assédio moral sejam menos

frequentes, enquanto os líderes que adotam uma liderança laissez-faire têm mais conflitos que

podem promover casos de assédio moral. Os autores concluíram que a liderança

transformacional e a liderança transacional estavam negativamente relacionadas com o bullying

relativo ao trabalho, com o bullying referente a pessoas e o bullying fisicamente intimidador. A

liderança laissez-faire estava positivamente relacionada com os três parâmetros de bullying

mencionados anteriormente.

A liderança laissez-faire é um tipo de liderança destrutivo e contraproducente que demonstra

sistematicamente relações de stress no local de trabalho, bullying no trabalho e sofrimento

psicológico. Apresenta características de um estilo de liderança que detém líderes que não

assumem a sua responsabilidade, fazendo com que não consigam atender às expectativas dos

seus colaboradores e aos objetivos da organização. Esta liderança passiva pode ser interpretada

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como uma situação de bullying, pois os líderes falham em responder às expectativas claras e

pode ser interpretada pelos funcionários como um ato de negligência (Skogstad, Einarsen,

Torsheim, Aasland & Hetland, 2007).

Astrauskaite, Notelaers, Medisauskaite e Kern (2015), estão de acordo com Dussault e

Frenette (2015) em relação ao facto de a liderança transformacional dificultar a ocorrência de

situações de assédio moral no local de trabalho. Os líderes que adotam uma liderança

transformacional promovem um ambiente organizacional ético, promovem uma gestão eficiente

do stress e dos conflitos que possam surgir entre os funcionários, abordam questões

importantes como a autoestima dos trabalhadores e facilitam características especificas do

trabalho, promovem a autonomia dos seus colaboradores, tentam sempre dar feedback e

prezam para que a tarefa esteja devidamente explicada. Astrauskaite et al. (2015), procuraram

entender de que forma a liderança transformacional e as principais características do trabalho

atuam como impedimentos para que os casos de assédio moral não ocorram. Os líderes

transformacionais ao adotarem uma postura de incentivo e de ajuda aos seus funcionários

fazem com que as situações de assédio moral não existam, uma vez que as vítimas não se

encontram numa posição inferior relativamente aos agressores. Os resultados revelaram que a

probabilidade de existirem níveis elevados de assédio moral no trabalho estava negativamente

relacionada com a liderança transformacional e que a característica do trabalho referente à

autonomia atuava como mediadora parcial na relação entre a liderança transformacional e o

assédio moral, fazendo com que esta relação diminuísse quando esta característica do trabalho

era incluída na análise.

Nielsen (2013), analisou em que medida os estilos de liderança laissez-faire, liderança

transformacional e a liderança autêntica estavam relacionados com os casos de bullying nos

grupos de trabalho. A liderança autêntica é implementada quando os líderes adotam

comportamentos que promovem o desenvolvimento das capacidades psicológicas e um clima

ético. Assim, para existir um autodesenvolvimento positivo é necessário que haja transparência

na comunicação dos líderes com os seus subordinados. A investigação foi conduzida partindo do

pressuposto que os estilos de liderança poderiam ter associações diretas e associações indiretas

na ocorrência de bullying, sendo que as associações indiretas dependiam da perceção de

segurança, da coesão do grupo e de indicadores de bullying entre os subordinados. O estudo

concluiu que a liderança laissez-faire estava associada a um risco elevado de existirem

comportamentos de bullying. A liderança transformacional e a liderança autêntica estavam

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associadas a um baixo risco de exposição a comportamentos de bullying. Em relação às

associações indiretas, a associação entre a liderança transformacional e os casos de bullying foi

totalmente mediada por perceções de segurança, enquanto a associação entre a liderança

autêntica e as situações de bullying foi parcialmente mediada por perceções de segurança. A

coesão do grupo não atuou como mediador em qualquer um dos estilos de liderança e o assédio

moral. Este estudo destacou a importância de existir um recrutamento rigoroso e eficiente e de

desenvolver e treinar os líderes de uma forma adequada para que promovam nos seus

trabalhadores capacidades psicológicas e perceções positivas.

Warszewska-Makuch, Bedyńska, e Żołnierczyk-Zreda (2015), analisaram a liderança

autêntica e a forma como se relaciona com o apoio social e com os casos de bullying no local de

trabalho, e de que forma se relacionam com a saúde mental. A liderança autêntica apresenta

quatro dimensões, a transparência, a autoconsciência, um processamento equilibrado (avaliar

toda a informação que temos disponível e depois tomar uma decisão consciente) e um forte

senso moral. Estas quatro características dos líderes autênticos faz com que estes coloquem

regras éticas no ambiente de trabalho e que manifestem menor predisposição para atitudes

antiéticas ou incitar atitudes incorretas, como o bullying (Nielsen, 2013). O apoio social foi

destacado como uma variável importante neste estudo, pois a liderança ética intervém mais na

justiça organizacional e não no estabelecimento de relacionamentos de apoio social entre

supervisores e trabalhadores. A liderança ética foca-se essencialmente nas questões

relacionadas com a ética e a moral dos líderes, que não estão necessariamente relacionadas

com o apoio emocional prestado aos colaboradores. Quando se menciona o apoio dos

supervisores, fala-se na preocupação com o bem-estar dos funcionários e quando se destaca o

apoio dos colegas de trabalho realça-se a importância dos sentimentos de empatia e de vontade

de ajudar. Os indivíduos que sofrem bullying e que, simultaneamente, recebem pouco apoio

social tendem a manifestar problemas ao nível da saúde. Warszewska-Makuch et al. (2015),

constataram que o apoio social dos líderes atuou como moderador na relação entre a liderança

autêntica e o bullying, o apoio social dos colegas de trabalho moderou a relação entre o bullying

e a saúde mental e a liderança autêntica moderou a relação entre o bullying e a saúde mental

dos trabalhadores. No geral, a combinação de um estilo de liderança autêntica e a existência de

apoio social (principalmente da parte dos colegas de trabalho) desencoraja as situações de

bullying no local de trabalho.

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Os líderes desempenham um papel fundamental na promoção de ambientes de trabalho

positivos e no desencorajamento de comportamentos interpessoais negativos (Sloan et al., 2010;

Laschinger & Fida, 2014). Desta forma Laschinger e Fida (2014), analisaram a relação entre o

estilo de liderança autêntica e as experiências de bullying no trabalho e verificaram que a

liderança autêntica promove confiança e os seus líderes adotam comportamentos de cuidado e

atenção para com os seus subordinados, fazendo com que a probabilidade de existirem

comportamentos negativos no trabalho diminua. Este estudo demonstrou uma diminuição

significativa do bullying de forma longitudinal no local de trabalho ao se ter adotado uma

liderança autêntica pelo período de 1 ano e permitiu retirar conclusões mais firmes sobre as

causas de bullying.

Ertureten et al. (2013), analisaram também a relação entre os diferentes estilos de

liderança, a liderança transacional, a liderança transformacional, a liderança autoritária e a

liderança paternalista e os comportamentos de mobbing de superiores hierárquicos, ou seja,

agressões ao nível descendente e as atitudes organizacionais (satisfação no trabalho,

comprometimento organizacional) das vítimas de assédio moral. Os resultados da análise

demonstraram que a liderança transformacional e a liderança transacional diminuem a

probabilidade de existirem casos de mobbing, enquanto a liderança autoritária aumenta a

probabilidade desta ocorrência. Os líderes que adotam uma liderança transacional em

comparação com a liderança transformacional apresentam evidências de serem menos

suscetíveis aos episódios de mobbing, pois revelam características como a clareza de papéis,

expectativas de desempenho e critérios para resultados tangíveis quando as expectativas são

atendidas. A liderança paternalista estava negativamente e moderadamente associada ao

mobbing. Os resultados demonstraram, também, que os indivíduos que revelavam perceções

mais altas de mobbing descendente apresentavam baixa satisfação no trabalho, baixo

comprometimento afetivo, elevado comprometimento contínuo e elevada intenção de

rotatividade.

O conceito de liderança destrutiva estimulou o interesse de Ferris et al. (2007), na medida

em que analisaram as possíveis consequências negativas e positivas de comportamentos de

bullying de um líder estratégico, sendo esse líder encarado e visto como um agressor. Ou seja,

embora concordem que os casos de bullying no ambiente de trabalho podem ter alguns

antecedentes situacionais (Hauge et al., 2009) e disposicionais, consideraram que o bullying

pode ser um fator estratégico que os líderes utilizam para tentar influenciar outros indivíduos, de

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forma a que não apenas aumente o poder e a reputação dos agressores, mas também de forma

a aumentar o desempenho organizacional das vítimas de bullying e das pessoas que as rodeiam.

Os autores exploraram as consequências do bullying como comportamentos influenciadores que

são estrategicamente orientados para transmitir ideias particulares e exercer influência em

situações específicas, de modo a produzir resultados positivos. Os líderes que adotam esta

estratégia são considerados líderes calculistas e astutos que se tiverem uma explosão emocional

direcionada a um funcionário, este comportamento não é descontrolado nem irrefletido, muito

pelo contrário, esta explosão é um esforço controlado com o intuito de provocar certos

comportamentos que levarão a repercussões positivas. O bullying utilizado pelos líderes pode

surgir em formatos mais subtis como ameaças implícitas, que parecem menos hostis e menos

ameaçadoras. Esta investigação dos autores Ferris et al. (2007), foi bastante singular, na medida

em que colocam a possibilidade dos casos de bullying que ocorrem no ambiente de trabalho

terem consequências positivas e não somente negativas. Assim, esta perspetiva de que o

bullying exercido pelos líderes poderá levar a consequências positivas não vai ao encontro de

outros estudos da literatura nomeadamente dos estudos de Salin (2001), Marcondes e Dias

(2011) ou Francioli et al. (2018).

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Na Tabela 1 apresenta-se um sumário dos 13 estilos de liderança que foram mencionados

na revisão da literatura como sendo determinantes das situações de assédio moral no trabalho,.

Tabela 1 - Síntese dos principais estudos sobre os estilos de liderança e o seu impacto no

assédio moral

Estilos de Liderança Autores

Ertureten, Cemalcilar e Aycan (2013); Transformacional

Nielsen (2013);

Astrauskaite, Kern, Medisauskaite e Notelaers

(2015);

Dussault e Frenette (2015);

Transacional

Ertureten, Cemalcilar e Aycan (2013);

Dussault e Frenette (2015);

Nielsen (2013);

Autêntica Laschinger e Fida (2014);

Warszewska-Makuch, Bedyńska e

Żołnierczyk-Zreda (2015);

Einarsen, Hoel, Zapf e Cooper (2003);

Autoritária O’Moore e Lynch (2007);

Hoel, Glasø, Hetland, Cooper e Einarsen

(2010);

Kiazad, Kiewitz, Restubog, Tang e Zagenczyk

(2010);

Ertureten, Cemalcilar e Aycan (2013);

O’Moore e Lynch (2007);

Laissez-faire Skogstad, Einarsen, Torsheim, Aasland e Hetland (2007);

Hoel, Glasø, Hetland, Cooper e Einarsen

(2010);

Nielsen (2013);

Dussault e Frenette (2015);

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Democrática

O’Moore e Lynch (2007);

Débil

Salin (2003);

Sheehan (1999);

Socialmente Inteligente/Emocionalmente Inteligente

Kobe, Reiter-Palmon e Rickers (2001);

Yamada (2008);

Hutchinson e Hurley (2013);

Castigo não-contingente Hoel, Glasø, Hetland, Cooper e Einarsen

(2010);

Kim, Yang e Hwang (2006);

Paternalista Soylu (2011);

Ertureten, Cemalcilar e Aycan (2013);

Shahbazi, Naami e Aligholizadeh (2013);

Stouten, Baillien, Van den Broeck, Camps, De

Witte e Euwema (2010); Ética

Bello (2012);

Onorato (2013);

Johnson e Buckley (2015);

Ahmad (2018);

Participativa Hoel, Glasø, Hetland, Cooper e Einarsen

(2010);

Corrosiva/Tóxica

Thornton (2004);

Tavanti (2011);

Assim, ao concluir a revisão da literatura desta dissertação, posteriormente, passarei a

detalhar o estudo empírico realizado.

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Capítulo 3 – Desenvolvimento das Hipóteses e do Modelo Teórico

Neste capítulo, são desenvolvidas e apresentadas as hipóteses de trabalho, assim como

o modelo teórico subjacente. O desenvolvimento das hipóteses do estudo e do modelo teórico

encontram-se ancorados nas teorias da aprendizagem social (Bandura, 1977) e da troca social

(Blau, 1964) como se apresenta a seguir.

3.1. Desenvolvimento das Hipóteses de Trabalho

A literatura existente, apresentada no capítulo anterior, salienta a importância do

contexto de trabalho e das variáveis organizacionais na compreensão dos casos de assédio

moral (Salin, 2003; Machado et al., 2013). Concretamente, é fundamental perceber de que

forma os estilos de liderança adotados pelas chefias se relacionam com as situações de assédio

moral, que ocorrem no local de trabalho. Para conseguir perceber melhor esta relação,

adotamos a teoria da troca social (Blau, 1964), que representa um dos paradigmas mais

relevantes na compreensão dos comportamentos e das atitudes no âmbito organizacional,

especificamente na liderança (Cropanzano & Mitchell, 2005). Cropanzano e Mitchell (2005),

sugerem que numa situação de troca social existe a noção de que uma das partes necessita

confiar que a outra parte encarará os benefícios de forma recíproca, isto é, o indivíduo que

atribui determinados benefícios a outra pessoa acredita que receberá o mesmo tipo de

benefícios em troca, existe um processo de reciprocidade subjacente a uma relação de troca

baseada na confiança entre as partes. Na relação entre gestores e colaboradores de uma

organização é necessário que os primeiros transmitam confiança e tenham atitudes acertadas

para com os colaboradores para que estes adotem comportamentos positivos de forma

recíproca (Einarsen et al., 2003). Ou seja, mediante o tratamento que recebem dos líderes os

colaboradores tendem a apresentar melhores desempenhos e atitudes mais positivas no

trabalho ou, em contrapartida, poderão ajustar os seus comportamentos de forma negativa

como resposta a um tratamento que não consideram aceitável (Blau, 1964; Robinson, 2008). O

princípio de reciprocidade subjacente à teoria da troca social ajuda a compreender como os

estilos de liderança adotados pelas chefias têm influência na relação social estabelecida com os

seguidores e a forma como podem desencadear situações de assédio moral nas organizações.

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Para além do conceito de reciprocidade Parzefall e Salin (2010), salientam que a teoria da troca

social evidencia os conceitos de justiça e de violação dos contratos psicológicos (promessas e

compromissos que foram estabelecidos entre o empregado e o gestor de uma organização) que

contribuem para a formação de perceções dos trabalhadores sobre a qualidade das suas

relações de trabalho. As perceções de injustiça por parte dos trabalhadores representam um

forte antecedente das situações de assédio moral, uma vez que estes sentem que não foram

tratados com respeito. Da mesma forma, se existir uma violação dos contratos psicológicos há

uma quebra das promessas que foram feitas e gera-se um mecanismo pelo qual as situações de

assédio moral se conseguem propagar (Gibney, Zagenczyk & Masters, 2009). Estes termos

desenvolvidos pela teoria da troca social ajudam-nos a enquadrar a conduta dos líderes no

contexto das relações de trabalho e concretamente nos casos de assédio moral. Com base neste

enquadramento teórico, propomos a seguinte hipótese:

Hipótese 1: Os estilos de liderança influenciam a perceção de assédio moral por parte dos

colaboradores.

Tendo em conta a hipótese gerada, os estilos de liderança adotados pelos líderes podem

estar positivamente ou negativamente relacionados com as situações de assédio moral,

mediante o estilo de liderança que foi escolhido. Deluga (1992), constatou que um líder

transformacional estimula as trocas sociais, impulsiona os funcionários a superarem os seus

objetivos iniciais de desempenho e de interesses pessoais. Bass (1985) e Deluga (1990),

referiram que um líder transformacional apresenta características importantes como o carisma,

a capacidade de inspirar os outros, a capacidade de estimular intelectualmente e a consideração

por cada indivíduo. Estas características do líder transformacional vão ao encontro das

proposições da teoria da troca social, ou seja, os líderes transformacionais conseguem mais

facilmente criar uma relação positiva com os colaboradores e consequentemente obter da parte

destes comportamentos igualmente favoráveis. Astrauskaite et al. (2015), acrescentam que os

líderes transformacionais promovem um ambiente organizacional ético. De acordo com Judge e

Piccolo (2004), os líderes que adotam um estilo de liderança transformacional conseguem

moldar as atitudes e os comportamentos dos trabalhadores, uma vez que têm uma maior

capacidade de influenciar as suas decisões (Deluga, 1990). Assim Ertureten et al. (2013),

Nielsen (2013), Astrauskaite et al. (2015) e Dussault e Frenette (2015), concluíram que os

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gestores que adotam uma liderança transformacional conseguem criar condições que fazem

com que os casos de assédio moral sejam reduzidos, ou seja, a liderança transformacional está

negativamente relacionada com as situações de assédio moral. Com base nestes estudos, a

seguinte hipótese de estudo é proposta:

Hipótese 1a: A liderança transformacional está negativamente relacionada com as

perceções de assédio moral da parte dos colaboradores.

Os líderes éticos são pessoas com um grande sentido moral e são gestores que

promovem ações éticas nas suas organizações (Brown et al., 2005). A literatura indica que os

líderes que adotam um estilo de liderança ética estabelecem uma relação de maior

comprometimento a nível afetivo com os colaboradores (Loi, Lam, Ngo & Cheong, 2015). De

acordo com Brown et al. (2005), os líderes éticos tratam os colaboradores de forma justa e

respeitosa sendo vistos pelos mesmos como pessoas em quem podem confiar. Estas

características dos líderes éticos de acordo com a teoria da troca social pressupõe que os

colaboradores ajam em reciprocidade (Mayer, Kuenzi, Greenbaum Bardes & Salvador, 2009).

Segundo o autor Hansen (2011), as relações de troca social formam-se entre os líderes éticos e

os colaboradores e essas relações interferem em resultados importantes e nos comportamentos

dos colaboradores, sendo que os líderes éticos tendem a ser vistos como exemplos e na medida

em que adotam atitudes corretas inibem os colaboradores de terem comportamentos negativos,

como comportamentos de assédio moral. Os líderes éticos tendem a gerar resultados

construtivos para os seus colaboradores, uma vez que se inserem em padrões éticos elevados e

incentivam os funcionários a seguirem a mesma postura (Stouten et al., 2010; Hansen, Alge,

Brown, Jackson & Dunford, 2013). Assim o estudo de Stouten et al. (2010), indica que os líderes

éticos desencorajam e não toleram os casos de assédio moral, salientando as ações que são

apropriadas e as que não são. Em concordância o estudo de Ahmad (2018) conclui que as

situações de assédio moral são significativamente menores quando os colaboradores têm líderes

éticos, pois estes promovem uma conduta mais justa em toda a organização. Em suma, a

literatura indica que o estilo de liderança ética não se coaduna com a existência de casos de

assédio moral no local de trabalho, na medida em que estes líderes se preocupam

genuinamente com o bem-estar dos colaboradores (Stouten et al., 2010; Onorato, 2013; Ahmad,

2018). Depois desta discussão, formulamos a seguinte hipótese:

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Hipótese 1b: A liderança ética está negativamente relacionada com as perceções de

assédio moral pelos colaboradores.

A literatura indica que os estilos de liderança influenciam o clima ético das organizações

(Stouten et al., 2010). A teoria da aprendizagem social de Bandura (1977) revela-se

particularmente interessante na compreensão deste fenómeno. De acordo com Bandura (1977),

as pessoas aprendem através das interações que estabelecem com outras pessoas num

contexto social, primeiramente observam os comportamentos e depois tendem a incorporá-los

nos seus próprios comportamentos. Desta forma, se os líderes adotarem um comportamento

baseado na ética e na moral, e como são encarados pelos trabalhadores como modelos que

devem ser seguidos, vão ajudar a criar um clima organizacional onde as ações corretas são

valorizadas e esperadas (Mayer et al., 2010; Shin, 2012). Os autores Grojean, Resick, Dickson e

Smith (2004), afirmaram que o princípio da teoria da aprendizagem social referente à existência

de indivíduos vistos como exemplos, influencia indiretamente o clima organizacional ético através

do aumento da confiança nos líderes e da facilidade em existir congruência de valores. Os

líderes que adotam atitudes que são consistentes com os valores da organização apresentam

uma maior probabilidade de serem encarados como mais confiáveis. Com base nestes estudos

formulamos a seguinte hipótese de trabalho:

Hipótese 2: Os estilos de liderança influenciam o clima organizacional ético.

Os líderes que adotam uma liderança transformacional baseiam o seu estilo de liderança

em valores éticos como o altruísmo, que influenciam e inspiram os trabalhadores a seguirem as

mesmas atitudes. Estes comportamentos percecionados e reproduzidos pelos funcionários

representam situações em que a teoria da aprendizagem social está presente (Engelbrecht et al.,

2005). Engelbrecht et al. (2005), acrescentou que os gestores que adotam uma liderança

transformacional têm em atenção o que beneficia toda a organização e não o que favorece

somente as suas necessidades individuais, esta posição sobre a importância de existir um

comportamento ético contribui para a existência de um clima organizacional ético. O autor

Sagnak (2010), referiu que o estilo de liderança transformacional tem um elevado

desenvolvimento moral associado e que os comportamentos éticos podem ser tratados como os

pilares deste tipo de liderança, fazendo com que os colaboradores tenham também uma

conduta ética. Os líderes são os principais responsáveis por estabelecer normas éticas que vão

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orientar a conduta dos trabalhadores da organização, assim a liderança transformacional

contribui para o desenvolvimento de um clima onde existe justiça e orientação para o

desenvolvimento (Van Aswegen & Engelbrecht, 2009). Os líderes ao estabelecerem normas e

práticas éticas criam as condições para a existência de um clima de trabalho ético (Van Aswegen

& Engelbrecht, 2009). Assim, pode-se concluir através da literatura que a liderança

transformacional tem um efeito positivo no clima ético, ou seja, está positivamente relacionada

com o clima organizacional ético (Engelbrecht et al., 2005; Van Aswegen & Engelbrecht, 2009).

Por toda esta discussão, formulamos a hipótese de trabalho:

Hipótese 2a: A liderança transformacional está positivamente relacionada com o clima

organizacional ético.

Os líderes éticos apresentam duas componentes importantes, são considerados pessoas

morais, são vistos como indivíduos com características morais como a honestidade e com

princípios morais como a justiça e como líderes morais, ou seja, gestores com capacidade de

influenciar as perspetivas morais dos seus trabalhadores (Zhu, Avolio, Riggio & Sosik, 2011). De

acordo com Bandura (1977), os colaboradores aprendem a proceder através da observação dos

comportamentos dos seus líderes, assim sendo os autores Mayer et al. (2010), referiram que os

líderes éticos asseguram de forma explícita aos colaboradores que as práticas éticas têm de ser

mantidas na organização, atuando como modelos de comportamento ético. Ao se adotar um

estilo de liderança ética ajuda-se a criar um clima organizacional onde são valorizadas as

atitudes corretas, através da implementação de práticas e políticas que reduzem as más

condutas (Mayer et al., 2010). Estes pressupostos associados ao facto de a liderança ética ter

sido indicada como um fator antecedente dos climas éticos e um fator essencial na promoção

dos comportamentos organizacionais éticos (Shin, 2012; Shin, Sung, Choi & Kim, 2015),

permite-nos assumir que a liderança ética está positivamente relacionada com o clima

organizacional ético (Mayer et al., 2010; Demirtas & Akdogan, 2015; Shin et al., 2015). Assim,

foi formulada a hipótese seguinte:

Hipótese 2b: A liderança ética está positivamente relacionada com o clima

organizacional ético.

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A relação entre o clima percecionado nos locais de trabalho e as situações de assédio

moral que ocorrem nas organizações é também um tema que encontramos na literatura e que

tem despertado muito interesse (Peduzzi, 2007). Por exemplo Fritzsche (2000) e Appelbaum,

Deguire e Lay (2005) constataram que os colaboradores que trabalham em organizações com

climas éticos fortes apresentam uma maior probabilidade de assumirem comportamentos éticos

quando são confrontados com determinados problemas de natureza ética. Ou seja, isto

demonstra-nos que as organizações que adotam climas éticos conseguem influenciar a

ocorrência de comportamentos desviantes no local de trabalho e conseguem influenciar a

ocorrência de comportamentos éticos que deverão ser aplicados (Peterson, 2002). Peterson

(2002), acrescenta que os comportamentos de assédio moral podem ser considerados

desviantes, uma vez que são atos que prejudicam os outros membros da organização e violam

as normas e os valores. De igual forma o estudo de Bulutlar e Öz (2009), indica que os climas

organizacionais influenciam o assédio moral e que os casos de assédio regridem em empresas

que fomentam climas éticos. Neste sentido, e seguindo esta argumentação formulamos a

hipótese seguinte:

Hipótese 3: Um clima organizacional ético relaciona-se negativamente com as perceções de

assédio moral da parte dos colaboradores.

Na Figura 1 apresentamos o modelo de investigação elaborado e uma sistematização

da relação entre as variáveis em estudo.

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Assédio Moral

Liderança

Transformacional

Liderança Ética

Clima Organizacional

Ético

H1a

H1b

H2a

H2b

H3

Figura 1 - Modelo de Investigação

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Capítulo 4 – Metodologia do Estudo de Investigação

Nesta etapa da dissertação, pretendemos desenvolver o método de investigação e

apresentar as opções metodológicas que foram seguidas. Numa fase inicial, começaremos com

uma caracterização da metodologia utilizada ao longo do estudo. Seguidamente, expomos o

instrumento definido para a recolha de dados, indicando as escalas escolhidas e fundamentando

estas opções com o seu grau de fiabilidade. Num momento posterior, descreveremos quais as

questões éticas e formais que serão seguidas durante todo o processo de execução desta

dissertação. Por fim, concluímos com os procedimentos que vão ser utilizados para o tratamento

estatístico dos dados, para o teste do modelo de investigação e para o teste das hipóteses.

4.1. Caracterização da Pesquisa

No processo de investigação é importante que se escolha de uma forma consciente a

metodologia que se irá utilizar ao longo do desenvolvimento da dissertação, para que se consiga

evitar uma correspondência desadequada entre a metodologia e a questão de investigação.

Assim, tendo em conta que “a escolha da metodologia de investigação é um passo difícil no

processo” (Walker, 1997, p.149), e que a investigação deve conseguir combinar a abordagem

de pesquisa mais apropriada à questão de investigação (Walker, 1997), foi então definida a

abordagem quantitativa como a mais indicada para este estudo. Esta escolha da metodologia vai

ao encontro do objetivo da investigação, ou seja, verificar se existe uma relação de causalidade

entre as variáveis, para que se consiga formular um estudo empírico e obter dados rigorosos que

irão permitir retirar ilações, mais concretamente, testar as hipóteses formuladas e observar os

resultados obtidos.

Em relação ao tipo de metodologia de investigação, esta dissertação utiliza um estudo do

tipo transversal e correlacional. Entende-se por estudos transversais as situações onde os dados

são recolhidos apenas num momento específico, e são estudos utilizados para determinar a

prevalência de um determinado fenómeno. As principais vantagens deste tipo de estudo são a

rapidez e a facilidade em se obterem respostas e os baixos custos que estão associados, pois

são necessários menos recursos para executar o estudo uma vez que os dados são coletados

apenas uma vez. A principal desvantagem reside no facto de os estudos transversais não

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permitirem que haja uma diferenciação entre as causas e os efeitos, e também por não existir a

possibilidade de se averiguar possíveis mudanças que possam ocorrer ao longo do tempo

(Mann, 2003; Omair, 2015). Em relação aos estudos correlacionais, estes tentam determinar as

associações que surgem entre as variáveis existentes, tendo de haver duas ou mais variáveis

(Omair, 2015). Assim, como esta dissertação tem como base testar o modelo de investigação e

interpretar as possíveis relações que possam surgir entre as variáveis é um estudo do tipo

transversal e correlacional.

4.2. Descrição do Método de Recolha de Dados

Seguindo uma metodologia quantitativa, consideramos que o processo de recolha de

dados deve ser implementado através de um questionário que será aplicado a indivíduos que

são ou foram colaboradores de uma organização por um período de, pelo menos, 6 meses

consecutivos.

O questionário (Apêndice A) foi elaborado através de adaptações feitas a escalas

presentes na literatura. Neste seguimento, o questionário é formado por questões que assentam

em escalas de 5 pontos de Likert (1. discordo totalmente; 2. discordo; 3. não discordo nem

concordo; 4. concordo; 5. concordo totalmente) e está dividido em cinco partes.

A primeira parte do questionário é composta por 22 itens da escala Negative Acts

Questionnaire-Revised (NAQ-R) de Einarsen e Hoel (2001), uma adaptação da escala original de

Einarsen e Raknes (1997), designada por Negative Acts Questionnaire (NAQ). Esta escala tem

como objetivo identificar, com base numa lista de atos negativos associados a casos de bullying,

aqueles a que os colaboradores já foram expostos.

A escala NAQ veio substituir a escala Leymann Inventory of Psychological Terror (LIPT),

de Leymann (1990b), uma vez que esta última é menos adequada a pesquisas com a população

ativa em geral. Como o presente estudo se direciona aos trabalhadores das organizações em

geral, a escala NAQ é a mais adequada.

A versão revista da escala NAQ, Negative Acts Questionnaire-Revised (NAQ-R), surgiu

com o objetivo de melhorar os itens da versão original e por isso foi a escala escolhida para este

trabalho. Esta versão adaptada começou por ter 29 itens, posteriormente como alguns itens não

revelaram uma consistência relevante passou a ter 21 itens e, por fim, acrescentaram um outro

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item que tinha sido removido da escala original fazendo com que terminasse com 22 itens. A

escala adaptada (NAQ-R) de Einarsen e Hoel (2001), apresenta um formato de resposta Likert,

dividido em 5 alternativas de resposta: nunca, às vezes, mensalmente, semanalmente e

diariamente. As dimensões que apresentava inicialmente eram: o bullying pessoal e o bullying

relacionado com o trabalho, mas através da contribuição de estudos posteriores, passou-se a

considerar uma terceira dimensão, o bullying associado a comportamentos de intimidação física.

Todos os itens da escala são descritos sem nunca utilizar os termos bullying e assédio, para não

exercer qualquer tipo de influência nos participantes inquiridos.

Para efeito deste estudo, utilizamos 17 itens adaptados do NAQ-R associados a um

modelo de resposta Likert, com 5 opções: 1. discordo totalmente; 2. discordo; 3. não discordo

nem concordo; 4. concordo e 5. concordo totalmente. Os 5 itens que não foram utilizados no

questionário foram eliminados na aplicação do pré-teste, pois 3 itens não foram bem entendidos

pelos inquiridos e 2 itens foram assinalados como repetitivos.

Na dimensão do bullying pessoal foram considerados 9 itens. Um exemplo é: “Foi

sujeito(a) a uma carga de trabalho excessiva”. Na dimensão do bullying relacionado com o

trabalho foram considerados 5 itens tais como: “Foi-lhe pedido que executasse funções abaixo

do seu nível de competências”. Na dimensão do bullying associado a comportamentos de

intimidação física foram considerados 3 itens, tais como: “Foi sujeito(a) a comportamentos

intimidatórios como apontarem-lhe o dedo, invasão do seu espaço pessoal, empurrado(a),

bloquearam a sua passagem”.

A segunda parte do questionário é composta por 10 itens que os autores Ismail,

Mohamad, Mohamed, Rafiuddin e Zhen (2010) adaptaram da escala de Avolio e Bass (1991),

originalmente de Bass (1985), denominada Multi-factor Leadership Questionnaire (MLQ). Esta

escala tem como objetivo medir a perceção dos colaboradores relativamente à liderança

transformacional e sendo a versão reduzida tem a vantagem de ser mais fácil administrar.

Para a liderança transformacional foram usados 10 itens como por exemplo: “O líder

aumenta a vontade dos outros de trabalhar com maior dedicação” e “O líder considera cada

indivíduo como tendo necessidades, habilidades e aspirações diferentes, em relação aos outros”.

Também para esta variável foi utilizada a escala do tipo Likert de cinco pontos com uma

variação de opções entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente).

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A escala original do Multi-factor Leadership Questionnaire (MLQ) desenvolvida por Bass

(1985) continha inicialmente 73 itens. O questionário original foi aprimorado e reformulado

surgindo a versão Multi-factor Leadership Questionnaire (5x short) (MLQ-5X), com 45 itens.

Nesta versão mais reduzida, a liderança transformacional é medida em termos de influência

individualizada-atributo; influência individualizada-comportamento; motivação inspiracional;

estimulação intelectual e consideração individualizada. Esta escala utiliza na sua versão original

uma escala de resposta do tipo Likert que varia de 1 (nunca) a 7 (sempre).

A terceira parte do questionário é referente à liderança ética onde é utilizada a escala de

10 itens de Brown et al. (2005), com o intuito de avaliar as perceções dos colaboradores face

aos comportamentos éticos dos seus supervisores. Brown et al. (2005), queriam que a sua

escala fosse um instrumento que abrangesse de forma total a definição de liderança ética, ou

seja, que fosse composta por itens facilmente compreensíveis pelos trabalhadores e que fosse

concisa de forma a poder ser usada em vários contextos de pesquisa e de forma a não cansar os

inquiridos. Esta escala foi construída com o intuito de ser aplicada aos indivíduos que

representavam a autoridade imediata, os líderes diretos, que definiam as expectativas,

moldavam os comportamentos e geriam os desempenhos diários dos funcionários, embora os

itens desenvolvidos pudessem ser aplicados aos líderes formais, aos líderes informais e aos

líderes de todos os níveis organizacionais.

Assim sendo, a escala Ethical Leadership Scale (ELS) foi elaborada inicialmente com 48

itens. Após o primeiro estudo para avaliar a validade da escala, o número de itens foi reduzido

para 21 e, por fim, depois de receberem alguns contributos de outros estudos, Brown et al.

(2005) finalizaram a redução de itens para os 10 itens usados atualmente, uma vez que alguns

itens poderiam ser interpretados como confusos ou redundantes. A escala ELS final tem como

objetivo avaliar a perceção dos colaboradores face aos comportamentos de liderança ética nas

organizações.

A escala apresenta itens como: o líder “Define sucesso, não apenas pelos resultados em

si, mas também pela forma como estes foram obtidos” e “Disciplina os colaboradores que

violam princípios éticos”. Os itens representam comportamentos que se baseiam em princípios

éticos, ou seja, os líderes éticos são encarados como modelos atraentes e legítimos. Um

exemplo dessa conduta é: “Conduz a sua própria vida pessoal de uma forma ética”.

Relativamente à definição de líder ético como aquele que tem comportamentos normativamente

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apropriados, o seguinte item é ilustrativo desta ideia: “Toma decisões justas e equilibradas”. Por

outro lado o líder é entendido como aquele que destaca a mensagem ética e essa vertente é

medida no seguinte item: “Discute valores éticos com os colaboradores”. Por outro lado é

também alguém que estabelece relações interpessoais positivas através de comportamentos de

consideração, ou seja: “É uma pessoa de confiança” e “Quando toma decisões questiona os

subordinados sobre o que é mais correto fazer” (Brown et al., 2005). Para avaliarem os itens, os

inquiridos tinham à sua disposição 5 opções de resposta (1. discorda totalmente a 5. concorda

totalmente).

A quarta parte do questionário tem como intenção medir o clima ético de uma

organização, ou seja, analisar as perceções dos inquiridos sobre a forma como estes tomavam

decisões no que diz respeito a várias questões (eventos, procedimentos) que exigiam que se

usassem critérios éticos (Victor & Cullen, 1987). A escala utilizada, The Ethical Climate

Questionnaire (ECQ), foi inicialmente elaborada por Victor e Cullen (1987, 1988) com 26 itens

que são avaliados através de uma escala do tipo Likert com 6 opções de resposta: 0.

completamente falso; 1. principalmente falso; 2. parcialmente falso; 3. parcialmente verdadeiro;

4. principalmente verdadeiro e 5. completamente verdadeiro.

A versão mais atualizada do ECQ contém 36 itens, mas sendo que os 10 itens

adicionados ainda se encontram em processo de validação. O presente estudo baseou-se na

escala original, concretamente foram utilizados 22 itens da escala original pois os outros 4 itens

foram eliminados quando o pré-teste foi aplicado, os inquiridos relataram que 3 itens não eram

facilmente entendidos e 1 item foi considerado repetitivo. Para evitar julgamentos e perceções

moldadas pela afeição à organização, o questionário apresenta questões que enfatizam a

descrição e não os sentimentos que proporcionam nos inquiridos, ou seja, coloca os inquiridos

no papel de observadores que têm como função relatar e não avaliar.

Esta escala utiliza duas dimensões: os critérios éticos, utilizados no processo de tomada

de decisão e o locus de análise, ou seja, o grupo de referência. Os três critérios éticos usados

são: o egoísmo (E), a benevolência (B) e o princípio (P) e os três locus de análise são: o

individual (I), o local (L) (a organização) e o cosmopolita (C) (externo à empresa). Ao se proceder

à classificação cruzada entre os três critérios éticos e os locus de análise correspondentes,

obtemos nove dimensões teóricas de um clima ético (Victor & Cullen, 1988).

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As nove dimensões éticas definidas são: o interesse pessoal (EI) “Não há espaço para a

moral ou ética de cada indivíduo”; o lucro da organização (EL) “É esperado que os funcionários

façam qualquer coisa para promover os interesses da organização”; a eficiência (EC) “A maneira

mais eficiente é sempre a maneira certa”; a amizade (BI) “A principal preocupação é sempre o

que é melhor para a outra pessoa”; o interesse da equipa (BL) “A preocupação mais importante

é o bem de todas as pessoas da organização”; a responsabilidade social (BC) “É esperado que

faça sempre o que é certo para o cliente e para o público”; a moralidade pessoal (PI) “A opinião

de cada pessoa sobre o que é certo e errado é a consideração mais importante”; as regras e os

procedimentos operacionais padrão (PL) “É esperado que todos sigam as regras e os

procedimentos da organização”; e as leis e os códigos profissionais (PC) “É esperado que os

funcionários sigam de forma rigorosa os padrões legais ou profissionais”.

A quinta parte do questionário é composta por variáveis de caracterização dos

inquiridos, concretamente questões de caráter sociodemográfico, tais como a idade, o género, o

estado civil, as habilitações académicas, a função que desempenha ou que desempenhou na

organização, o tempo de serviço na organização, o setor e a área de atividade. Estas

informações vão permitir fazer a caracterização da amostra e o reconhecimento de

particularidades relevantes para o estudo.

Para tornar o questionário compreensível e claro, todas as escalas utilizadas assentam

no mesmo modelo de resposta, do tipo Likert com uma avaliação de 5 pontos, sendo que é

solicitado aos inquiridos que apontem o seu nível de concordância tendo como possibilidades de

resposta: 1. discordo totalmente; 2. discordo; 3. não discordo nem concordo; 4. concordo e 5.

concordo totalmente.

4.3. Procedimentos adotados na Recolha dos Dados

O questionário foi aplicado numa versão on-line a trabalhadores-estudantes do ensino

superior português que são ou foram funcionários de uma organização por um período de pelo

menos 6 meses consecutivos. A administração do questionário decorreu entre janeiro e fevereiro

de 2020, tendo uma duração média de resposta de 15 minutos. O questionário foi

acompanhado por uma carta de apresentação, onde era definido o tema do estudo, os principais

objetivos, o público alvo e algumas informações nomeadamente o tempo necessário para o seu

preenchimento. A carta de apresentação, para além de solicitar aos inquiridos a colaboração na

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resposta aos questionários, constituía também uma garantia de anonimato e confidencialidade

no posterior tratamento dos dados.

A escolha do questionário como método de recolha da informação teve como motivação

o facto de produzir resultados bastante diretos e ter como vantagem o facto de não ser muito

intrusivo, uma vez que coloca as pessoas livres da pressão que pode existir quando a

administração é presencial (McClelland, 1994). Como o tema deste estudo pode colocar os

inquiridos desconfortáveis, a escolha do questionário como método de recolha da informação

ajudou a fazer com que os inquiridos respondessem ao questionário de forma cómoda. Os

questionários foram disponibilizados em suporte digital e procedeu-se à divulgação do link de

acesso através do email geral dos alunos da Universidade do Minho, de modo a se conseguir

obter o maior número de respostas. Para se conseguir obter respostas de alunos de outras

universidades, cujo critério era inquirir apenas trabalhadores-estudantes com uma experiência de

trabalho de pelo menos 6 meses consecutivos, foi solicitada a colaboração de alguns inquiridos

que através de uma metodologia em “bola de neve” aplicaram o questionário nas suas

universidades a outros trabalhadores-estudantes .

Com o intuito de identificar possíveis erros e de perceber se existiam algumas

dificuldades na compreensão das questões que integram o questionário, foi realizado um pré-

teste a um número restrito de estudantes. Este processo permitiu depurar o questionário tendo

sido eliminados os itens que não eram suficientemente claros ou que foram considerados

repetitivos.

Terminado este processo, o questionário foi aplicado tendo sido obtidas 228 respostas.

Depois de os dados serem submetidos a uma inspeção prévia foram eliminados 5 questionários

que não estavam totalmente respondidos, o que levou a que se obtivessem 223 respostas

válidas. O passo seguinte foi a constituição de uma base de dados no programa SPSS para o

posterior tratamento estatístico.

4.4. População e Amostra

No que concerne à extensão geográfica da amostra, este estudo foi realizado a nível

nacional e apresenta respostas de, pelo menos, 4 universidades públicas e privadas

portuguesas, Universidade do Minho, Faculdade de Economia da Universidade do Porto,

Universidade Católica Portuguesa-Porto e Universidade Nova de Lisboa. A população desta

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investigação é constituída por trabalhadores-estudantes, que trabalham ou que tenham

trabalhado por um período de, pelo menos, 6 meses consecutivos na mesma organização.

Em relação à extensão da amostra, foi utilizada uma amostragem não probabilística por

conveniência e snowball. Quanto à primeira técnica mencionada, esta consiste em escolher uma

amostra da população que esteja disponível e esses elementos são escolhidos por uma questão

de facilidade ou conveniência, enquanto que a técnica de snowball consiste em primeiramente

selecionar uma amostra inicial e posteriormente, para se conseguir obter mais respostas,

solicitar a participação de outros indivíduos que pertençam à mesma população, desta forma a

amostra vai crescendo como se fosse uma “bola de neve”. Uma das desvantagens destas duas

técnicas centra-se no facto de poderem originar resultados enviesados, uma vez que alguns dos

inquiridos são indicados por pessoas íntimas ou amigos o que faz com que os resultados não

possam ser representativos da população. Contudo, estas duas técnicas apresentam a grande

vantagem de serem facilmente operacionalizáveis.

Da totalidade dos questionários aplicados, 223 são respostas válidas. Relativamente à

idade dos inquiridos, 2 (0,9%) indivíduos têm a idade mínima de 18 anos e 1 (0,4%) indivíduo

tem 59 anos (idade máxima). A idade média observada no seu conjunto é de 30 anos.

Em relação ao género dos inquiridos, 145 (65,0%) são do sexo feminino e 78 (35,0%)

são do sexo masculino.

No que concerne ao estado civil, 151 (67,7%) são solteiros, 10 (4,5%)

divorciados/separados, 58 (26,0%) são casados/união de facto e, somente, 4 (1,8%) viúvos.

No que respeita ao nível das habilitações académicas, 13 (5,8%) inquiridos detêm o grau

de bacharelato, 78 (35,0%) o grau de licenciatura, 33 (14,8%) o grau de pós-graduação, 94

(42,2%) o grau de mestre e 5 são doutorados (2,2%) .

Relativamente à função que os inquiridos desempenham/desempenharam na

organização, 11 (4,9%) indivíduos referiram que estavam a realizar um estágio, 10 (4,5%)

referiram trabalhar em lojas, 11 (4,9%) trabalham na restauração (serviço de mesa), 10 (4,5%)

são operadores de caixa, 7 (3,1%) operam no atendimento ao público, 7 (3,1%) são gestores de

projeto, 8 (3,6%) engenheiros, 10 (4,5%) gerentes, 6 (2,7%) trabalham como investigadores, 7

(3,1%) informáticos, 9 (4,0%) atuam numa função relacionada com recursos humanos, 7 (3,1%)

numa função relacionada com saúde, 10 (4,5%) exercem uma função relacionada com

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educação, 13 (5,8%) são administrativos, 16 (7,2%) técnicos de contabilidade/financeiros, 9

(4,0%) operários, 11 (4,9%) técnicos, 12 (5,4%) gestores, 11 (4,9%) analistas, 5 (2,2%) exercem

uma função relacionada com comunicação, 21 (9,4%) trabalham noutras funções e, por fim, 12

(5,4%) inquiridos não respondem.

Quanto à questão sobre o período de tempo em que os inquiridos

trabalham/trabalharam na organização, 57 (25,6%) indivíduos responderam menos de 1 ano,

118 (52,9%) entre 1 a 5 anos, 20 (9,0%) indivíduos referiram entre 5 a 10 anos e 28 (12,6%)

inquiridos afirmaram que trabalhavam há mais de 10 anos.

No que se refere ao setor, 172 (77,1%) inquiridos trabalham no setor privado e 51

(22,9%) no setor público.

Finalmente, em relação à área de atividade: 7 (3,1%) inquiridos trabalham na área da

construção, 19 (8,5%) no setor do alojamento, restauração e similares, 17 (7,6%) em atividades

de informação e comunicação, 21 (9,4%) em atividades financeiras, seguros e imobiliárias, 5

(2,2%) em atividades administrativas e dos serviços de apoio, 24 (10,8%) estão inseridos na área

da educação, 21 (9,4%) em atividades de saúde humana e apoio social, 41 (18,4%) no setor do

comércio e retalho, 7 (3,1%) na indústria automóvel, 6 (2,7%) nos serviços, 4 (1,8%) na área da

metalurgia e metalomecânica, 9 (4,0%) em informática, 27 (12,1%) inquiridos trabalham em

outras áreas e, por fim, 15 (6,7%) indivíduos não respondem.

Resumidamente, constatamos que a maior parte dos inquiridos é maioritariamente do

género feminino, tem uma idade média de 30 anos, encontra-se no estado civil solteiro, tem

habilitações ao nível do mestrado, desempenha funções de técnico de contabilidade/financeiro,

trabalha/trabalhou na organização entre 1 a 5 anos, do setor privado e tem como área de

atividade o comércio e retalho.

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69

Na Tabela 2 apresentamos a informação relativa aos dados de caraterização

sociodemográfica da amostra.

Tabela 2 - Características Sociodemográficas da Amostra

N %

Género Feminino

Masculino

145

78

65,0

35,0

Estado Civil Solteiro

Divorciado/Separado

Casado/União de facto

Viúvo

151

10

58

4

67,7

4,5

26,0

1,8

Habilitações Académicas Bacharelato

Licenciatura

Pós-graduação

Mestrado

Doutoramento

13

78

33

94

5

5,8

35,0

14,8

42,2

2,2

Função que

desempenha/desempenhou

Estagiário

Lojista

Serviço de mesa

Operador de caixa

Atendimento ao público

Gestor de projeto

Engenheiro

Gerente

11

10

11

10

7

7

8

10

4,9

4,5

4,9

4,5

3,1

3,1

3,6

4,5

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70

Investigador

Informático

Função relacionada com

Recursos Humanos

Função relacionada com

Saúde

Função relacionada com

Educação

Administrativo

Técnico de

contabilidade/financeiro

Operário

Técnico

Gestor

Analista

Função relacionada com

Comunicação

Outros

Não responde

6

7

9

7

10

13

16

9

11

12

11

5

21

12

2,7

3,1

4,0

3,1

4,5

5,8

7,2

4,0

4,9

5,4

4,9

2,2

9,4

5,4

Tempo de trabalho na

organização

Menos de 1 ano

Entre 1 a 5 anos

Entre 5 a 10 anos

Mais de 10 anos

57

118

20

28

25,6

52,9

9,0

12,6

Setor Público 51 22,9

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71

Privado 172 77,1

Área de atividade Construção

Alojamento, restauração e

similares

Atividades de informação

e comunicação

Atividades financeiras,

seguros e imobiliárias

Atividades administrativas

e dos serviços de apoio

Educação

Atividades de saúde

humana e apoio social

Comércio e retalho

Indústria automóvel

Serviços

Metalurgia e

Metalomecânica

Informática

Outros

Não responde

7

19

17

21

5

24

21

41

7

6

4

9

27

15

3,1

8,5

7,6

9,4

2,2

10,8

9,4

18,4

3,1

2,7

1,8

4,0

12,1

6,7

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72

4.5. Procedimentos para o Tratamento Estatístico

Findado o processo de recolha de dados, através da implementação on-line dos

questionários, passamos para uma parte crucial da investigação, o tratamento estatístico da

informação obtida.

Neste sentido, e tendo em conta que a investigação apresenta um caráter quantitativo, a

análise dos dados vai ser feita com o auxílio de dois programas estatísticos: o SPSS e o AMOS

(Arbuckle, 1997). Na fase posterior será efetuada a análise dos dados e de forma a facilitar este

processo, as variáveis presentes no questionário foram previamente codificadas e introduzidas

numa base de dados.

Primeiramente, procedemos à análise descritiva dos dados, o que permite ao

investigador caraterizar a amostra. Seguidamente, com a intenção de testar a dimensionalidade

das variáveis presentes no estudo procederemos a uma análise fatorial exploratória (SPSS) e

depois a uma análise confirmatória (AMOS). Depois de testado o modelo serão estimados

modelos de equações estruturais com o objetivo de testar as hipóteses do estudo (AMOS).

Assim sendo, nesta fase do estudo foram detalhadas e justificadas as opções

metodológicas que foram seguidas e as técnicas de amostragem estabelecidas. Além disso, o

instrumento utilizado para a recolha dos dados foi identificado e descrito sendo estruturado em

escalas validades pela literatura existente, alusivas ao assédio moral, à liderança

transformacional, à liderança ética e ao clima organizacional ético e tendo a última parte do

questionário sido destinada à caracterização da amostra.

No próximo capítulo procederemos à análise e apresentação dos resultados.

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73

Capítulo 5 – Análise e Apresentação dos Resultados

Nesta secção do trabalho, analisaremos os dados que foram obtidos através do tratamento

estatístico com recurso a dois programas estatísticos: o SPSS e o AMOS (Arbuckle, 1997). Desta

forma, iremos apresentar os dados resultantes da análise fatorial exploratória, da análise fatorial

confirmatória e dos modelos de equações estruturais. Estas análises permitirão testar as

hipóteses de trabalho desenvolvidas.

5.1. Análise Fatorial Exploratória

As escalas utilizadas neste trabalho foram submetidas a uma análise fatorial exploratória,

onde foram extraídos os componentes principais. Esta análise tem como objetivo reduzir o

número de variáveis que utilizaremos nas análises estatísticas subsequentes.

Na análise de componentes principais iremos considerar dois dos seus pressupostos

centrais: a medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett. A medida de

Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), também é denominada de índice de adequação da amostra, e o valor

de referência é que deverá ser superior a 0,50, uma vez que valores inferiores a este patamar

indicam que a análise fatorial é inapropriada (Damásio, 2012). Adicionalmente, o Teste de

Esfericidade de Bartlett tem de ser estatisticamente significativo. Da solução fatorial gerada

excluímos os itens com loadings abaixo de 0,50. Para analisar a fiabilidade de cada item

utilizamos o cálculo do índice de consistência interna, através do Alpha de Cronbach, onde os

fatores com valores iguais ou superiores a 0,70 são considerados adequados (George & Mallery,

2003).

5.1.1. Assédio Moral

Os itens da escala do assédio moral foram sujeitos a uma análise fatorial exploratória de

forma a conseguir analisar a dimensionalidade da perceção dos trabalhadores face às atitudes

que podem descrever situações de assédio moral. A construção da solução fatorial foi feita

através da extração de 1 fator.

Realizamos uma análise fatorial aos 17 itens da escala. A medida de Kaiser-Meyer-Olkin

(KMO) apresentou o valor de 0,94 e o teste de esfericidade de Bartlett revelou significância

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estatística (χ2 (136) = 2194,531, p <0,001), pelo que estes dois pressupostos iniciais indicam

que a análise é viável. Da análise de componentes principais extraiu-se apenas 1 componente

que representa cerca de 50% da variância total.

Na Tabela 3 é apresentada a matriz de componentes e os níveis de consistência interna

que foram obtidos para o fator. O fator em causa foi denominado por “assédio moral” (α=0,94),

pois os itens considerados indicam os comportamentos negativos a que os inquiridos foram

submetidos e que configuram casos de assédio moral. Na estrutura fatorial encontrada

consideramos apenas os itens com loadings acima de 0,50 e neste processo de extração dois

itens foram excluídos da análise por terem loadings abaixo do valor mínimo considerado. Sendo

eles o item 3 (r=0,467) “foram-lhe dadas tarefas com prazos não exequíveis“ e o item 2

(r=0,442) “foi-lhe pedido que executasse funções abaixo do seu nível de competências”.

Tabela 3 - Análise de Componentes Principais - Escala do Assédio Moral

Escala e Itens Loadings

Assédio Moral

12. É sujeito(a) a provocações excessivas e

sarcasmo.

9. Foi alvo de observações ofensivas sobre a sua

pessoa, sobre as suas atitudes ou a sua vida

privada.

11. É constantemente lembrado(a) dos seus

erros.

7. Foram espalhados rumores sobre si.

5. Foi humilhado(a) ou ridicularizado(a).

8. Foi ignorado(a) ou excluído(a).

17. Foi alvo de piadas realizadas por pessoas

com quem não se dá bem.

15. Fizeram pressão para não reivindicar algo a

que tem direito (p.e. licença médica, período de

0,846

0,820

0,818

0,781

0,770

0,750

0,740

0,733

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75

férias, despesas de viagem).

13. Gritaram-lhe ou foi alvo de ações de raiva

espontânea.

4. Há uma monitorização excessiva (controlo) do

seu trabalho.

14. Foi sujeito(a) a comportamentos

intimidatórios como apontarem-lhe o dedo,

invasão do seu espaço pessoal, empurrado(a),

bloquearam a sua passagem.

10. Recebeu dicas ou sinais de outras pessoas de

que deveria deixar o seu emprego.

6. Foram-lhe retiradas as principais áreas pelas

quais era responsável ou foram substituídas por

tarefas mais triviais ou desagradáveis.

1. As suas opiniões foram ignoradas.

16. Foi sujeito(a) a uma carga de trabalho

excessiva.

0,731

0,723

0,723

0,703

0,641

0,632

0,534

Variância Explicada 49,95%

Alpha de Cronbach 0,94

A escala adapta-se à medição da perceção dos funcionários das organizações sobre as

situações de assédio moral que possam ocorrer no local de trabalho, uma vez que o coeficiente

de consistência interna que foi obtido (α=0,94) é superior ao patamar recomendado pela

literatura (Nunnally, 1978; α>=0,70).

5.1.2. Liderança Transformacional

De maneira a conseguirmos analisar a dimensionalidade da liderança transformacional, os

10 itens que compõem a escala foram sujeitos a uma análise fatorial exploratória, pelo método

de componentes principais. A análise foi limitada a 1 fator.

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76

A medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), de adequação de amostragem, retratou o valor de

0,95 e o teste de esfericidade de Bartlett foi estatisticamente significativo (χ2 (45) = 1800,811,

p <0,001), o que nos indica que os primeiros pressupostos estão cumpridos e que a análise é

viável. Desta análise foi extraído 1 fator que explica 67,1% da variância total.

Na Tabela 4 temos a matriz de componentes principais com os loadings dos itens que

integram o fator e o valor de consistência interno obtido, através do cálculo do Alpha de

Cronbach. Nenhum dos itens analisados obteve loadings inferiores a 0,50, pelo que nenhum

item foi excluído da análise. O fator foi designado por “liderança transformacional” (α=0,94),

uma vez que os itens incluídos estão relacionados com a perceção dos colaboradores face à

liderança transformacional.

Os valores mais elevados nesta estrutura representam um maior nível de perceção dos

inquiridos face à liderança transformacional dos líderes.

Tabela 4 - Análise de Componentes Principais - Escala da Liderança Transformacional

Escala e Itens Loadings

Liderança Transformacional

7. Aumenta a vontade dos outros de trabalhar

com maior dedicação.

8.Orienta os outros a olharem para os problemas

de diferentes ângulos.

3. Pondera as consequências éticas e morais das

decisões excessiva.

10.Reexamina situações críticas questionando se

são apropriadas.

2. Investe o seu tempo a ensinar e a treinar.

4. Considera cada indivíduo como tendo

necessidades, habilidades e aspirações

diferentes, em relação aos outros.

5. É eficaz em atender às necessidades dos

0,880

0,879

0,872

0,868

0,861

0,852

0,846

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77

outros em relação ao trabalho.

9. Estabelece padrões desafiantes.

1. Gera orgulho nos outros por estarem

associados a ele.

6. Faz com que os outros façam mais do que é

esperado.

0,782

0,746

0,544

Variância Explicada 67,08%

Alpha de Cronbach 0,94

Os resultados demonstraram que o valor do Alpha de Cronbach e os loadings fatoriais

indicam que a escala tem qualidades psicométricas muito boas e que é adequada à mensuração

da perceção da liderança transformacional por parte dos colaboradores.

5.1.3. Liderança Ética

Os 10 itens da escala da liderança ética foram sujeitos a uma análise fatorial exploratória,

para se analisar a dimensionalidade do construto. A análise fatorial foi efetuada através da

análise de componentes principais e a construção da solução fatorial foi feita através da extração

de 1 fator.

Em relação à medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de adequação da amostragem obtivemos

o valor de 0,95 e o teste de esfericidade de Bartlett foi significativo (χ2 (45) = 2048,667, p

<0,001), o que faz com que estas duas premissas estejam cumpridas. Posteriormente, da

análise de componentes principais foi extraído 1 fator que explica 70,7% da variância total.

Na Tabela 5 observamos a matriz de componentes principais onde estão indicados os

loadings e o valor do Alpha de Cronbach. O fator foi denominado por “liderança ética” (α=0,95),

uma vez que os itens da escala relacionam-se com a perceção dos trabalhadores sobre este tipo

de liderança. Na análise dos loadings constatamos que nenhum item necessitou de ser excluído,

pois nenhum dos itens apresentou valores inferiores ao mínimo estipulado de 0,50. A construção

fatorial explica 70,7% da variância total.

Page 79: Assédio moral nas organizações - Universidade do Minho...assédio moral, também é constatado pela literatura que os termos apresentam significados muito próximos pelo que, no

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Os elevados valores encontrados nesta estrutura fatorial correspondem ao nível de perceção

dos colaboradores face aos comportamentos éticos dos líderes.

Tabela 5 - Análise de Componentes Principais - Escala da Liderança Ética

Escala e Itens Loadings

Liderança Ética

4. Tem em mente os melhores interesses dos

trabalhadores.

8. Dá o exemplo de como fazer as coisas de

forma mais ética.

5. Toma decisões justas e equilibradas.

6. É uma pessoa de confiança.

1. Ouve o que os colaboradores têm para dizer.

9. Define sucesso, não apenas pelos resultados

em si, mas também pela forma como estes foram

obtidos.

10. Quando toma decisões questiona os

subordinados sobre o que é mais correto fazer.

7. Discute valores éticos com os colaboradores.

3. Conduz a sua própria vida pessoal de uma

forma ética.

2. Disciplina os colaboradores que violam

princípios éticos.

0,908

0,902

0,891

0,889

0,873

0,864

0,843

0,794

0,773

0,631

Variância Explicada 70,69%

Alpha de Cronbach 0,95

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Posto isto, nesta perspetiva podemos constatar que o Alpha de Cronbach observado é

bastante elevado, excedendo os mínimos recomendados pela literatura e que a escala se adapta

bem à medição da liderança ética.

5.1.4. Clima Organizacional Ético

Para analisar a dimensionalidade do clima ético, a análise fatorial foi efetuada com os 22

itens que compõem a escala, através do método de componentes principais. A solução fatorial

obtida foi conseguida com a extração de 1 componente.

A medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) refletiu o valor de 0,84 e o teste de esfericidade de

Bartlett apresentou valores estatisticamente significativos, (χ2 (231) = 1976,436, p <0,001),

deste modo estes dois pressupostos estão cumpridos garantindo a qualidade da análise. Da

análise de componentes principais, foi extraído 1 componente que explica 27,8% da variância

total.

Na Tabela 6 podemos observar a matriz de componentes principais, com os respetivos

loadings e o valor do Alpha de Cronbach (α=0,88). O fator foi designado por “clima ético”, uma

vez que os itens estão relacionados com a perceção dos trabalhadores sobre como estes tomam

decisões baseadas em pressupostos éticos. Os itens com loadings inferiores a 0,50 foram

excluídos da análise, assim excluímos o item 2 (r=0,491): “é esperado que as pessoas sigam as

suas próprias crenças pessoais e morais”; o item 5 (r=-0,421): “não há espaço para a moral ou

ética de cada indivíduo”; o item 1 (r=0,361): “a principal responsabilidade das pessoas é

considerar a eficiência em primeiro lugar”; o item 9 (r=0,306): “a opinião de cada pessoa sobre

o que é certo e errado é a consideração mais importante”; o item 6 (r=0,216): “é muito

importante seguir estritamente as regras e os procedimentos da organização”; o item 8 (r=-

0,207): “as pessoas protegem os seus próprios interesses acima de outras considerações”, o

item 7 (r=0,084): “cada pessoa decide por si mesma o que é certo e errado”; e o item 3 (r=-

0,006): “é esperado que os funcionários façam qualquer coisa para promover os interesses da

organização”.

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Tabela 6 - Análise de Componentes Principais - Escala do Clima Organizacional Ético

Escala e Itens Loadings

Clima Organizacional Ético

18. A principal consideração é o que é melhor

para todos na organização.

10. A preocupação mais importante é o bem de

todas as pessoas da organização.

14. A principal preocupação é sempre o que é

melhor para a outra pessoa.

17. É esperado que os funcionários sigam de

forma rigorosa os padrões legais ou profissionais.

12. É esperado que as pessoas cumpram a lei e

os padrões profissionais para além de outras

considerações.

22. É esperado que faça sempre o que é certo

para o cliente e para o público.

4. Os trabalhadores cuidam uns dos outros.

15. Os colaboradores com mais sucesso seguem

as regras.

11. A primeira consideração é se uma decisão

viola alguma lei.

13. É esperado que todos sigam as regras e os

procedimentos da organização.

20. As pessoas com sucesso obedecem

estritamente às políticas da empresa.

16. A maneira mais eficiente é sempre a maneira

certa.

21. É esperado que cada pessoa, acima de tudo,

0,714

0,711

0,702

0,687

0,675

0,628

0,615

0,596

0,586

0,574

0,556

0,541

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trabalhe de maneira eficiente.

19. As pessoas são guiadas pelos próprios

princípios éticos.

0,524

0,505

Variância Explicada 27,76%

Alpha de Cronbach 0,88

Desta análise constatamos que a escala do clima organizacional ético se adequa à medição

do clima organizacional, apesar da variância explicada ser bastante mais baixa do que a obtida

da análise dos outros construtos o Alfa de Cronbach encontra-se acima do patamar

recomendado (α=0,88).

5.2. Análise Bivariada e Análise de Correlações

Nesta secção do trabalho iremos apresentar os resultados obtidos na análise de correlações

das variáveis do estudo. Para isso, adotamos o método de correlação Pearson uma vez que este

mede o grau de correlação linear entre duas variáveis quantitativas (Hair, Anderson, Tatham &

Black, 2005).

Na Tabela 7 podemos observar a matriz de correlações, com indicação da média, desvio

padrão e consistência interna dos fatores. Através da análise da matriz de correlações

conseguimos identificar o tipo de associação existente entre as variáveis.

Foram incluídas as variáveis assédio moral, a liderança transformacional, a liderança ética e

o clima ético, bem como as variáveis sociodemográficas (idade e tempo de trabalho). Estas

variáveis sociodemográficas foram incorporadas na matriz pois evidenciaram correlações

estatisticamente significativas, o que nos permite retirar conclusões importantes para a

confirmação do modelo de investigação.

Em relação aos valores das correlações, o critério estabelecido por Cohen (1988) foi o

critério adotado para avaliar a intensidade das associações entre as variáveis em estudo. Para

avaliar o grau de associação entre as variáveis consideramos que 0,10 < r < 0,29 a correlação é

fraca; 0,30 < r < 0,49 a correlação é moderada; e 0,50 < r < 1, a correlação é forte.

Page 83: Assédio moral nas organizações - Universidade do Minho...assédio moral, também é constatado pela literatura que os termos apresentam significados muito próximos pelo que, no

82

5.2.1. Analise das correlações do Assédio Moral

Pela análise de correlações contatamos que o assédio moral está correlacionado de forma

negativa e estatisticamente significativa, com a liderança transformacional (r= - 0,421; p <0,01),

com a liderança ética (r = - 0,519; p <0,01) e com o clima organizacional ético (r=-0,512;

p<0,01). O assédio moral correlaciona-se significativamente e positivamente com a idade (r =

0,303; p <0,01).

Estes resultados indicam que os casos de assédio moral diminuem quando os líderes

adotam estilos de liderança transformacional e ética. Os líderes que adotam estes dois estilos de

liderança tendem a enaltecer as atitudes que são corretas e a condenar as ações consideradas

erradas. A liderança ética é o estilo de liderança que tem uma maior influência nos

comportamentos de assédio moral por ser também a forma de liderar mais consciente e que

entende a necessidade de se eliminar as práticas antiéticas e de se fomentar a ética e a

moralidade nas organizações (Stouten et al., 2010; Ahmad, 2018). As organizações que

potenciam climas éticos tendem a diminuir a probabilidade de ocorrência de situações de

assédio moral (Bulutlar e Öz, 2009). A análise correlacional sugere ainda que os indivíduos com

mais perceção sobre os casos de assédio moral são os colaboradores mais velhos, uma vez que

tendo mais experiência de trabalho conseguem identificar mais facilmente situações irregulares e

erradas.

No que concerne às correlações existentes percebemos que a liderança ética e o clima ético

se encontram fortemente correlacionadas com o assédio moral mas com sinal negativo. Por seu

lado, a liderança transformacional também se correlaciona negativamente com o assédio mas de

forma mais moderada.

5.2.2. Análise das correlações da Liderança Transformacional

Nesta secção expomos os resultados da análise de correlação da liderança transformacional

com as demais variáveis do estudo. Tendo como suporte a matriz correlacional, percebemos que

a liderança ética (r =0,869; p<0,01) e o clima ético (r = 0,662; p <0,01) se correlacionam de

forma positiva e estatisticamente significativa com a liderança transformacional.

Estas correlações positivas demonstram que a liderança transformacional apresenta ligações

com a liderança ética. Ou seja, a perceção de liderança transformacional tende a ser maior

Page 84: Assédio moral nas organizações - Universidade do Minho...assédio moral, também é constatado pela literatura que os termos apresentam significados muito próximos pelo que, no

83

quando os colaboradores observam também comportamentos e atitudes de liderança ética.

Também, constatamos que os indivíduos tendem a apresentar uma perceção mais elevada de

liderança transformacional quando estão inseridos num clima organizacional ético, ou seja a

liderança transformacional tende a associar-se a um ambiente ético.

5.2.3. Análise das correlações da Liderança Ética

Através da análise da matriz correlacional conseguimos detetar algumas tendências em

relação ao tipo de associação entre a liderança ética e as outras variáveis. Constatamos que a

liderança ética estabelece uma forte correlação positiva, estatisticamente significativa, com o

clima organizacional ético (r= 0,707; p <0,01) e estabelece uma relação negativa,

estatisticamente significativa, com o tempo de trabalho (r=- 0,191; p <0,01).

A análise indica que os indivíduos que têm uma maior perceção de liderança ética

percecionam o clima da organização como sendo também ético. O clima organizacional tem

interferência na forma como os colaboradores percecionam os estilos de liderança, em especial,

num clima de trabalho ético estão implementadas medidas que estão de acordo com as normas

que um líder ético institui (Mayer et al., 2010). Adicionalmente, os resultados indicam que os

colaboradores com mais tempo de trabalho têm uma menor perceção de ética da parte dos

líderes.

5.2.4. Análise das correlações do Clima Organizacional Ético

Pela matriz de correlações concluímos ainda que o clima ético se correlaciona de forma

negativa e estatisticamente significativa com a idade (r= - 0,195; p <0,01).

Esta correlação negativa demostra que os colaboradores mais novos têm uma maior

perceção do clima organizacional como sendo ético e os mais velhos tendem a ter perceções

mais moderadas relativamente ao clima ético.

5.2.5. Análise das correlações da Idade

Por fim, considerando as correlações existentes entre a idade e as outras variáveis

verificamos que o tempo de trabalho (r = 0,637; p <0,01) se correlaciona naturalmente e de

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forma positiva com a idade. A análise positiva verificada entre as variáveis indica-nos que os

indivíduos mais velhos estão também há mais tempo na organização.

Em suma a associação das variáveis permitiu-nos compreender e avançar algumas

explicações sobre os dados todavia só as análises seguintes nos poderão dar indicações que nos

permitam testar as hipóteses de trabalho. Neste sentido, finalizada a análise correlacional,

passaremos na secção seguinte à análise fatorial confirmatória e depois à estimação de modelos

de equações estruturais que nos permitirão responder às hipóteses de trabalho.

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Tabela 7 - Matriz Correlacional

Média DP 1 2 3 4 5 6

1.Assédio Moral

2.Liderança Transformacional

3.Liderança Ética

4.Clima Organizacional Ético

5.Idade

6.Tempo de trabalho

2,49

2,98

2,99

3,19

30,13

2,09

1,01

1,06

1,08

0,69

9,35

0,91

(0,94)

-0,421**

-0,519**

-0,512**

0,303**

0,169*

(0,94)

0,869**

0,662**

-0,089

-0,151*

(0,95)

0,707**

-0,148*

-0,191**

(0,88)

-0,195**

-0,126

0,637**

Nota: *p < 0,005; **p < 0,001; DP = Desvio-Padrão; valores de consistência interna na diagonal

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5.3. Análise Fatorial Confirmatória

Nesta fase, as variáveis do estudo são sujeitas a uma análise fatorial confirmatória. Através

dos resultados desta análise conseguimos verificar se os itens de cada fator são os indicados

para medir com rigor as hipóteses de trabalho. Assim, para esta análise utilizaremos o programa

estatístico AMOS (Arbuckle, 1997).

5.3.1. Avaliação do Modelo

Para a análise fatorial confirmatória utilizamos o método de máxima verosimilhança e

avaliamos a qualidade de ajuste, a validade e a fiabilidade do modelo (Hair, Black, Babin &

Anderson, 2010).

Relativamente aos índices de ajuste do modelo, consideramos o Teste do Qui-Quadrado de

Ajustamento (χ2), o Índice de Ajuste Comparativo (Comparative Fit Index, CFI) e o Erro

Quadrático Médio de Aproximação (Root Mean Square Error of Approximation, RMSEA). O Teste

do Qui-Quadrado de Ajustamento (χ2) foi usado para medir se os parâmetros são diferentes de

zero, e se são significativos (Fornell & Larcker, 1981). A significância deste teste resulta do

tamanho da amostra, ou seja, quanto maior a amostra, maior a probabilidade de obter um χ2

significativo.

O Índice de Ajuste Comparativo (CFI) e o Erro Quadrático Médio de Aproximação (RMSEA)

permitem-nos aferir a qualidade de ajuste do modelo (Taasoobshirazi & Wang, 2016).

O RMSEA é uma das medidas mais utilizadas, que tenta corrigir a complexidade do modelo

e o tamanho da amostra, especificamente, tenta corrigir os problemas que possam surgir do uso

apenas da estatística χ2. O CFI é padronizado para que os valores variem entre 0 e 1, sendo

que o CFI deve ter valores superiores a 0,90 e o RMSEA valores entre 0,05 e 0,08, indicando

um bom ajuste do modelo (Hair et al., 2010).

No que concerne à fiabilidade dos fatores, consideramos os valores da Fiabilidade

Compósita (Composite Reliability, CR) que indica o grau em que os itens são consistentes com o

fator, ou seja, os fatores são considerados fiáveis se medirem consistentemente o fator de

interesse. A equação seguinte (Ʃ ) representa o somatório dos erros de mensuração e (Ʃ )

representa o somatório das cargas fatoriais. Este indicador é uma estimativa de consistência

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interna que sugere que valores de 0,70 ou superiores indicam boa confiabilidade e que valores

entre 0,60 e 0,70 podem ser considerados aceitáveis desde que os outros indicadores do

modelo sejam bons (Hair et al., 2010).

Equação 1:

Relativamente à validade, é usual verificar as validades convergente e discriminatória. A

Variância Média Extraída (Average Variance Extracted, AVE) permite-nos aferir a validade

convergente. Esta técnica consiste em averiguar se os itens indicadores de um certo fator

possuem uma elevada proporção de variância em comum e é calculada da seguinte forma:

Equação 2:

Nesta equação representa o somatório das cargas fatoriais e representa o número

de itens e para itens o AVE é calculado como o somatório das cargas fatoriais ao quadrado,

dividido pelo número de itens. O modelo converge para um resultado válido quando os valores

resultantes do AVE são iguais ou acima de 0,50. Se se verificar estes valores então existe

validade convergente (Hair et al., 2010).

Por fim, a validade discriminante é a extensão em que os itens que refletem um fator não se

correlacionam com outros fatores. Desta forma, a alta validade discriminante indica que um

construto é único e distinto dos outros (Hair et al., 2010). Para averiguarmos a validade

discriminante necessitamos de comparar a variância média extraída para cada fator com o

quadrado da correlação estimada entre esses fatores.

Considerando todos estes pressupostos, os resultados obtidos da análise confirmatória do

assédio moral revelaram um bom ajuste do modelo com χ2 (83) = 165,229, p <0,001; CFI =

0,959; RMSEA = 0,067. Todos os itens foram estatisticamente significativos em p <0,001 e

atenderam às diretrizes recomendadas para o ajuste do modelo de medição (Hair et al., 2010).

Os valores da validade convergente (AVE =0,538) e da fiabilidade compósita (CR =0,945)

apresentaram valores superiores aos recomendados pela literatura. Os resultados comprovaram

a existência de validade convergente.

Em relação à medida liderança transformacional a análise revelou um bom ajuste do modelo

com χ2 (33) = 69,227; CFI = 0,980; RMSEA = 0,070. Desta forma, todos os itens revelaram ser

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estatisticamente significativos em p <0,001 e atenderam às diretrizes apontadas para a

adequação do modelo. Os valores da análise de validade convergente e da fiabilidade compósita

foram estimados e os resultados indicaram que a liderança transformacional apresenta valores

acima do limite aconselhado, ou seja, AVE = 0,670 e CR = 0,952. Assim, podemos concluir que

para a liderança transformacional existe validade discriminante.

Relativamente à liderança ética a análise revelou um bom ajuste do modelo com χ2 (33) =

82,828; CFI = 0,976; RMSEA = 0,082. Todos os itens da escala foram estatisticamente

significativos e corresponderam às diretrizes sugeridas para o ajuste do modelo, o que fez com

que fosse considerado aceitável. Constatamos que a validade convergente (AVE = 0,706) e a

fiabilidade compósita (CR = 0,959) apresentaram valores acima do limite recomendado de 0,50

para a variância média extraída e 0,70 para a fiabilidade confirmando desta forma a presença de

validade convergente.

Por fim, os resultados da análise para confirmar a racionalidade da medida clima

organizacional ético evidenciaram um bom ajuste do modelo com χ2 (62) = 128,431, p <0,001;

CFI = 0,946; RMSEA = 0,069. Todos os itens foram estatisticamente significativos e atenderam

às diretrizes propostas. A avaliação da validade convergente, revelou que embora não se cumpra

com o valor mínimo recomendado, ainda assim, encontra-se próximo do indicado (AVE = 0,383).

A validade de convergência foi considerada adequada, apesar de inferior a 0,50, seguindo as

indicações de Hair et al. (2010), ou seja, este valor pode ser considerado quando CR é superior

a 0,70. Neste caso a fiabilidade compósita (CR = 0,895) excede o valor recomendado pela

literatura indicando validade discriminante.

Podemos concluir que os modelos de medida analisados são válidos e confiáveis, e que os

indicadores considerados não infringiram nenhum pressuposto essencial à sua confirmação.

O sumário dos resultados da análise confirmatória é apresentado na Tabela 8.

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Tabela 8 - Resultados da Análise Fatorial Confirmatória do Assédio Moral, Liderança

Transformacional, Liderança Ética e Clima Organizacional Ético

CFI RMSEA AVE CR

Assédio Moral 165,229 0,959 0,067 0,538 0,945

Liderança Transformacional 69,227 0,980 0,070 0,670 0,952

Liderança Ética 82,828 0,976 0,082 0,706 0,959

Clima Organizacional Ético 128,431 0,946 0,069 0,383 0,895

5.4. Análise de Equações Estruturais

Nesta secção, as variáveis em estudo foram submetidas a uma análise de equações

estruturais, com recurso ao programa estatístico AMOS (Arbuckle, 1997), para, posteriormente,

conseguirmos obter os resultados que ditarão a confirmação ou a rejeição das hipóteses de

trabalho.

A análise de equações estruturais (AEE) é uma análise que combina técnicas da análise

fatorial e de análise de regressão. É utilizada para analisar as relações estabelecidas entre

múltiplas variáveis latentes, através de um conjunto de equações, que descrevem todas as

relações entre os construtos envolvidos na análise. As relações descrevem as hipóteses de

trabalho formuladas entre as variáveis do modelo teórico (Pilati & Laros, 2007).

Através da estimação dos modelos de equações estruturais consideramos os coeficientes de

regressão (β) que irão medir a força de associação entre as variáveis latentes e desta forma

analisar se existe viabilidade para considerar a causalidade da relação estabelecida. Neste

processo iremos estimar as relações estabelecidas entre as variáveis latentes que são os

construtos do modelo teórico, através do método da máxima verosimilhança, ou seja, iremos

estimar os valores dos parâmetros que descrevem as relações entre os estilos de liderança

transformacional, liderança ética e clima organizacional ético na variável latente assédio moral.

Contudo, uma vez que existe sempre algum erro de medida que afeta a verdadeira estimativa do

coeficiente estrutural, a identificação dos erros de estimação permite corrigir o modelo global,

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sendo este capaz de explicar todas as relações existentes entre as variáveis do estudo (Pilati &

Laros, 2007).

Relativamente aos índices de ajuste do modelo, consideramos os seguintes indicadores: o

Qui-Quadrado/graus de liberdade (χ2/df), o Índice de Ajuste Comparativo (Comparative Fit

Index, CFI) e o Erro Quadrático Médio de Aproximação (Root Mean Square Error of

Approximation, RMSEA). São indicados na Tabela 9 os valores obtidos no modelo e os valores

de referência para cada indicador, sendo que o Qui-Quadrado/graus de liberdade (χ2/df), deve

ser inferior a 3; o CFI deve ter valores superiores a 0,90 e o RMSEA valores entre 0,05 e 0,08

(Hair et al., 2010), para que possamos considerar um bom ajuste do modelo.

Foi assim estimado o modelo 1, com todas as ligações entre as variáveis. Os resultados

obtidos revelaram um bom ajuste do modelo com χ2/df = 1,726, p <0,001; CFI = 0,90; RMSEA

= 0,057. Os resultados indicam que o modelo 1 é estatisticamente significativo em p <0,001 e

todos os valores de ajuste do modelo de medição estão acima do recomendado pela literatura

(Hair et al., 2010).

Tabela 9 - Indicadores de Ajustamento do Modelo 1

Medidas

Valor do Ajustamento

no Modelo

Critério de

Ajustamento

X²/df 1,726 Menor que 3

CFI 0,90 >0,90

RMSEA 0,057 Entre 0,05 e 0,08

Verificado o ajustamento do modelo, consideramos os valores dos coeficientes de correlação

(R), coeficientes de regressão estandardizada (Beta) e o coeficiente de regressão (R2). Tendo

como referência a Figura 2 podemos concluir que a liderança transformacional, a liderança

ética e o clima organizacional ético explicam 34% da variação do assédio moral.

Tendo em conta os valores do coeficiente de regressão estandardizado (β), observamos que

a liderança ética é a variável que melhor prediz o assédio moral (β= -0,58; p<0,01), seguida

pelo clima organizacional ético (β= -0,32; p=0,026), ambas com sinal negativo. No entanto

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verificamos também que a liderança transformacional prediz de forma positiva o assédio moral

(β=0,32; p<0,05). Assim, podemos concluir pelos valores que é suposto existirem casos de

assédio moral no local de trabalho quando não há uma liderança ética e quando não está

implementado um clima organizacional ético. Assim como, é mais comum haver situações de

assédio moral quando a chefia da organização adota um estilo de liderança transformacional.

No que concerne às relações estabelecidas entre os construtos (covariâncias), constatamos

que a relação entre a liderança transformacional e a liderança ética apresenta um coeficiente de

correlação elevado (r=0,91; p<0,01), sendo o mais elevado das três variáveis, a relação entre a

liderança ética e o clima organizacional ético apresenta um coeficiente de correlação também

considerado elevado (r=0,69; p<0,01) e, por fim, a relação entre a liderança transformacional e

o clima organizacional ético ostentou um coeficiente de correlação bastante mais baixo (r=0,16;

p<0,05).

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Nota: *p < 0,05; **p < 0,01

Figura 2 - Modelo de Equações Estruturais

Assédio Moral

Liderança

Transformacional

Liderança Ética

Clima

Organizacional

Ético

β= 0,32*

β= -0,58**

β= -0,32*

r= 0,69**

r= 0,91**

r= 0,16*

R²= 0,34

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Para confirmar ou rejeitar as hipóteses de trabalho anteriormente elaboradas iremos

considerar o valor do critical ratio (t-value). De acordo com este rácio, as relações estabelecidas

entre as variáveis devem apresentar um valor mínimo de 1,96 para serem consideradas relações

com um nível de significância aceitável e, se possível, devem apresentar um valor acima de 2,58

que é bastante melhor e, neste caso, a relação é significativa e adequada para a confirmação da

hipótese (Hair et al., 2010).

Assim sendo, este valor vem confirmar que a relação entre a liderança ética e o assédio

moral é significativa (t= -2,731; p<0,001), desta forma aceita-se a hipótese 1b, ou seja, que “a

liderança ética está negativamente relacionada com as perceções de assédio moral pelos

colaboradores”. A relação entre a liderança ética e o clima organizacional ético evidenciou um

valor do critical ratio acima do valor recomendado (t= 4,279; p<0,001), o que faz com que a

relação seja significativa e portanto reforça a confirmação da hipótese 2b, ou seja, “a liderança

ética está positivamente relacionada com o clima organizacional ético”. A relação entre o clima

organizacional ético e o assédio moral é estatisticamente significativa (t= -2,219; p<0,05), pelo

que aceitamos a hipótese 3, ou seja, “o clima organizacional ético relaciona-se negativamente

com as perceções de assédio moral da parte dos colaboradores”. Por outro lado, as hipóteses

1a “a liderança transformacional está negativamente relacionada com as perceções de assédio

moral da parte dos colaboradores” (t=1,789; ns) e 2a “a liderança transformacional está

positivamente relacionada com o clima organizacional ético” (t=1,114; ns) não apresentaram

valores do critical ratio aceitáveis e portanto foram rejeitadas.

Entre as três hipóteses confirmadas apenas a hipótese 2b é significativa em p<0,001 e

as hipóteses 1b e 3 são significativas no nível de significância de p<0,05.

Tabela 10 - Modelo de equações estruturais para confirmação das hipóteses

Relações Hipotetizadas β Padronizado T p-value

Clima Ético <--- Liderança Ética 0,691 4,279 ***

Clima Ético <--- Liderança Transformacional 0,157 1,114 0,265

Assédio Moral <--- Liderança Ética -0,576 -2,731 0,006*

Assédio Moral <--- Clima Ético -0,316 -2,219 0,026*

Assédio Moral <--- Liderança Transformacional 0,321 1,789 0,074

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Nota: β Padronizado indica os valores do coeficiente de regressão padronizado; t indica o critical ratio; p

significa o p-value; ***indica que é estatisticamente significativo num nível de significância p<0,001; *

indica que é estatisticamente significativo num nível de significância p<0,05

Podemos concluir que o modelo 1 contribui para a explicação do assédio moral. Os

valores revelaram um bom ajustamento do modelo.

Finalizada a análise e a apresentação dos resultados, que nos permitiram retirar ilações

sobre as hipóteses de trabalho, na próxima secção iremos proceder à discussão dos resultados

obtidos confrontando com as evidências teóricas e empíricas existentes na literatura.

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Capítulo 6 – Discussão dos Resultados

Neste capítulo, e tendo em conta os objetivos do estudo, que consistem em analisar as

relações existentes entre os estilos de liderança ética, transformacional e o clima organizacional

ético e os casos de assédio moral mas também explorar as relações existentes entre a liderança

ética e transformacional e o clima organizacional ético, iremos proceder à discussão dos

resultados obtidos, considerando os estudos e as evidências empíricas existentes na literatura.

6.1. A Liderança Ética

Existem na literatura muitos estudos que relacionam a liderança com comportamentos

não éticos nas organizações (Brown & Treviño, 2006; Walumbwa, Avolio, Gardner, Wernsing &

Peterson, 2008; Mayer et al., 2010) tais como o assédio moral (Einarsen et al., 2003; Yamada,

2008; Shahbazi et al., 2013). Os estudos que analisam a relação entre os estilos de liderança e

o assédio moral revelam que o estilo de liderança adotado pelos gestores tem impacto na

incidência de casos de assédio moral no local de trabalho (Einarsen et al., 2003). Consoante o

estilo de liderança são esperados impactos positivos ou negativos, ou seja, as situações de

assédio moral podem ser potenciadas ou minimizadas pelo estilo de liderança (Lynch &

O’Moore, 2007). Os contributos dos estudos sobre a liderança ética, em particular, têm sido

valiosos para entender o papel de liderança em relação ao comportamento antiético nas

organizações (Brown et al., 2005; Mayer et al., 2010).

Para um líder ser percebido como um líder ético, precisa ser percecionado como uma

pessoa moral e como um gestor moral (Treviño, Brown & Hartman, 2003). Como pessoa moral

é percebido como sendo honesto, confiável, justo, com princípios éticos na tomada de decisões.

É necessário que seja percebido como um gestor moral isto é alguém que faz esforços proativos

para influenciar o comportamento ético dos seguidores e faz da ética um assunto importante da

sua agenda (Treviño et al., 2003). Assim, os líderes éticos enfatizam valores éticos tanto na sua

vida pessoal como na sua vida profissional, neste sentido incentivam um comportamento ético e

justo no local de trabalho.

A teoria da aprendizagem social (Bandura, 1977, 1986) que serviu de moldura teórica

neste estudo, indica que as pessoas aprendem no seu local de trabalho quando observam outras

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atitudes, valores e comportamentos que consideram atrativos e credíveis e neste sentido tendem

a adotá-los e a incorporá-los no seu próprio comportamento (Bandura, 1977, 1986).

Um dos objetivos deste estudo consistiu em averiguar se os líderes que usam um estilo

de liderança ética minimizam os casos de assédio moral que ocorrem no ambiente de trabalho.

Assim, constatamos pelos resultados que obtivemos que a hipótese 1b “a liderança ética está

negativamente relacionada com as perceções de assédio moral pelos colaboradores” foi aceite,

e que vai ao encontro das indicações que são dadas pela literatura. Podemos assim afirmar que

a liderança ética, assente em práticas e normas que valorizam comportamentos éticos, inibe as

situações de assédio moral no local de trabalho.

A relação negativa entre a liderança ética e o assédio moral foi identificada em vários

estudos como por exemplo o de Onorato (2013) e o de Ahmad (2018), que corroboraram os

resultados que obtivemos. O estudo de Ahmad (2018), conclui que a liderança ética tem um

impacto negativo nas situações de assédio moral e que a exposição dos funcionários a esse tipo

de situações diminui de forma significativa com este tipo de liderança na medida em que os

líderes éticos promovem a justiça no trabalho. Visto que o assédio moral é uma prática antiética,

que viola os padrões de comportamento ético que devem ser seguidos no trabalho, a liderança

ética opõe-se por definição a este tipo de comportamento. Esta conclusão revela a importância

da liderança ética nas organizações, na medida em que os líderes servem de modelos

comportamentais para os seus seguidores, ou seja ao destacarem atitudes e comportamentos

éticos como os comportamentos que devem ser seguidos, diminuem as situações de assédio

moral no local de trabalho.

De acordo com Stouten et al. (2010), a liderança ética relaciona-se de forma negativa

com as situações de assédio moral, mas tendo como condutor o ambiente de trabalho. Esta

linha de investigação explora a importância da liderança ética no clima de trabalho sublinhando

a importância desta equação. Ou seja, os líderes éticos ao melhorarem as condições do

ambiente de trabalho dos seus colaboradores conseguem diminuir as ocorrências de assédio

moral. Este comportamento dos líderes éticos é essencial porque um ambiente de trabalho

stressante e desconfortável é considerado como uma das principais causas para o surgimento

de comportamentos desviantes, como o assédio moral. Estes argumentos dados por Stouten et

al. (2010), sublinham a importância de associar o clima ético à liderança ética, para verificar o

impacto nas situações de assédio moral.

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Um segundo objetivo desta dissertação consistia em analisar a relação entre a liderança

ética e o clima organizacional ético. Na literatura existem vários estudos que analisam esta

relação entre os estilos de liderança e o clima organizacional (Mayer et al., 2010; Stouten et al.,

2010;). O estudo de Stouten et al. (2010) concluiu que os estilos de liderança influenciam o

clima ético das organizações e que os líderes devem adotar estilos de liderança que beneficiem

a criação de um ambiente de trabalho ético e promotor de comportamentos justos.

Desta forma, através dos resultados que alcançamos podemos concluir que a hipótese

2b “a liderança ética está positivamente relacionada com o clima organizacional ético” foi

confirmada. Concluímos assim que o clima organizacional é moldado pelo tipo de liderança que

é adotado, sendo que quando os líderes assumem uma liderança ética o clima organizacional vai

ser de forma inevitável ético.

Os valores que um líder ético defende e os comportamentos que adota, como

comportamentos íntegros, honestos e justos, são fatores importantes que têm a capacidade de

moldar o clima organizacional (Demirtas & Akdogan, 2015). Se os líderes adotarem estas

atitudes e estes valores, então conseguirão criar um ciclo no qual o comportamento ético

promove a criação de um clima ético no trabalho, uma vez que conseguem influenciar as

relações sociais estabelecidas na organização.

Em concordância com o estudo de Mayer et al. (2010), a liderança ética está

positivamente relacionada com o clima ético. Num ambiente de trabalho ético os colaboradores

consciencializam-se da importância das questões éticas, permanece um desejo de manter os

altos padrões éticos como prioridade. Esta ideia é reforçada ainda no estudo de Shin et al.

(2015), que tal como outros autores, indica que a liderança ética promove um clima ético.

Quando os gestores de topo exibem características éticas o primeiro ímpeto que os funcionários

têm, de forma inconsciente, é corresponderem a esses mesmos princípios éticos e dessa forma

transformam o ambiente de trabalho num ambiente ético.

O estudo de Shin (2012), acrescentou a influência cognitiva neste processo, ou seja,

conclui que a orientação ética dos líderes promove o comportamento ético dos colaboradores,

na medida em que os fatores institucionais influenciam a cognição e os comportamentos dos

colaboradores da organização. Por outras palavras, quando os colaboradores estão de acordo e

partilham de perceções comuns sobre o clima ético da organização, tendem a ter uma

compreensão mais clara e aprofundada do comportamento ético e do que é esperado.

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Em síntese, confirmamos a hipótese 2b, ou seja, a liderança ética relaciona-se de forma

positiva com o clima organizacional ético. Estes resultados sublinham a importância que a

liderança ética apresenta no comportamento e no clima da organização. Em comparação com

as outras variáveis do estudo, a liderança ética é a variável que mais se correlaciona com o

assédio moral e com o clima organizacional ético, sendo que a relação entre a liderança ética e

o clima organizacional ético é a única significativa no nível de significância p<0,001.

6.2. O Clima Organizacional Ético

O clima ético é definido como “perceções holísticas” que os indivíduos têm em relação a

um conjunto de políticas, práticas e procedimentos éticos bem definidos na organização (Victor &

Cullen, 1988; Mayer et al., 2010). Desta forma, na gestão do clima organizacional ético

pressupõe-se a capacidade de influenciar os comportamentos e as atitudes éticas dos

colaboradores. A relevância da compreensão do clima ético nas organizações decorre deste

estar relacionado com vários tipos de comportamentos desviantes no local de trabalho (Peterson,

2002).

Surgiu assim, um dos objetivos deste estudo que consistiu em explorar a relação entre o

clima organizacional ético e o assédio moral, em particular, verificar se o clima ético se relaciona

de forma negativa com o assédio moral.

Pelos resultados que obtivemos, concluímos que a hipótese 3 “o clima organizacional

ético relaciona-se negativamente com as perceções de assédio moral da parte dos

colaboradores” foi aceite. Esta conclusão permite-nos inferir que ao se estimular um clima

organizacional ético conseguimos prever possíveis situações de assédio moral e somos capazes

de inibir a ocorrência dessas situações.

Esta relação negativa entre o clima organizacional ético e o assédio moral pode ser

explicada segundo Bulutlar e Öz (2009), pelo facto de um clima organizacional ético pressupor

regras e normas éticas completamente opostas aos comportamentos associados ao assédio

moral, pelo que estes não são tolerados pelos códigos de conduta ética. Assim, torna-se

essencial estimular a criação de climas de trabalho que se regem por normas éticas para

diminuir as situações de assédio moral.

Os resultados que obtivemos no presente estudo estão de acordo com os resultados

observados na literatura. A hipótese 3 foi confirmada e, portanto, os líderes ao promoverem

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99

climas éticos influenciam os seus colaboradores a adotarem comportamentos também éticos e

deste modo os casos de assédio moral são mais escassos.

6.3. A Liderança Transformacional

Dois dos objetivos desta dissertação centraram-se em analisar a relação entre o estilo de

liderança transformacional e as perceções de assédio moral que ocorrem no local de trabalho e

por outro lado, analisar também a relação com o clima organizacional ético.

Contrariamente à grande parte dos estudos existentes na literatura, a hipótese 1a ou

seja, “a liderança transformacional está negativamente relacionada com as perceções de

assédio moral da parte dos colaboradores” é rejeitada. Os resultados do nosso estudo indicaram

uma relação positiva entre o estilo de liderança transformacional e as perceções de assédio

moral nas organizações, ou seja, os líderes que adotam um estilo de liderança transformacional

promovem situações onde o assédio moral pode ocorrer.

Estes resultados não estão em linha com os resultados que diversos autores obtiveram,

como por exemplo Ertureten et al. (2013) que referiu que os gestores que lideram através de um

estilo transformacional têm uma probabilidade menor de identificarem nas suas organizações

casos de assédio moral. Ertureten et al. (2013), também constatou, na sua investigação, que em

comparação com o estilo de liderança transacional, a liderança transformacional não apresenta

uma correlação tão forte com a diminuição dos casos de assédio moral, não é o estilo de

liderança mais eficaz em reduzir o assédio moral nas organizações. Isto pode ser explicado pelo

facto de os líderes transformacionais não serem tão objetivos e diretos ao explicar aos seus

colaboradores quais as condições de desempenho que levam a punições ou recompensas,

fazendo com que os trabalhadores se possam sentir menos orientados por regras. Esta

característica dos líderes transformacionais associada ao facto de estes incentivarem bastante a

confiança e a autonomia dos colaboradores pode levar a que os trabalhadores se sintam

vulneráveis, ao invés de se sentirem mais seguros. Os funcionários ao se sentirem desta forma

podem tornar-se mais facilmente alvos de situações de assédio moral. Estes argumentos podem

ser relevantes para percebermos os resultados que obtivemos que, de facto, não são muito

comuns nas investigações presentes na literatura.

Nielsen (2013), confirmou que a liderança transformacional diminui o risco de exposição

a comportamentos de assédio moral, sendo que esta relação é mediada pela perceção de

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100

segurança no trabalho dos colaboradores. Ao contrário do que foi referido por Ertureten et al.

(2013), a presença de líderes com um forte sentido moral, preocupados e envolvidos no

ambiente de trabalho em que os seus trabalhadores atuam são aspetos importantes que levam

à diminuição dos casos de assédio moral no local de trabalho.

Em concordância com Nielsen (2013) os autores Astrauskaite et al. (2015) e Dussault e

Frenette (2015), concluíram que numa organização onde o estilo de liderança transformacional

está presente, existem menos casos de assédio moral, uma vez que os líderes transformacionais

dão feedback, promovem a autonomia e fornecem aos colaboradores as ferramentas

necessárias para estes se tornarem mais autónomos e empoderados. Assim, com os

funcionários a se sentirem mais empoderados na organização, as situações de assédio moral

são menos frequentes na medida em que as potenciais vítimas encontram-se numa posição de

igualdade em relação aos agressores e não numa posição inferior, sentindo-se valorizados e

respeitados.

O facto de não termos encontrado uma relação negativa entre os fatores

transformacionais da liderança e o assédio moral no trabalho como muitos estudos têm

testemunhado (Hepworth & Towler, 2004; Cemaloğlu, 2011; Nielsen, 2013; Astrauskaite et al.,

2015; Dussault & Frenette, 2015) pode estar relacionado com vários aspetos. Alguns estudos

medem a liderança transformacional tendo em conta o modelo completo de liderança

transformacional / transacional (Bass, 1985), outros medem apenas os fatores da vertente

transformacional como é o caso deste estudo. A transação e a transformação podem ajudar a

criar um clima de trabalho pouco amigo do assédio moral e a vertente transformacional afigurar-

se como mais instrumental e por isso mais propicia a comportamentos de assédio moral.

Em síntese, podemos concluir que os resultados obtidos, não sendo usuais, contribuem

para explorar outras ligações e explicações para a relação entre a liderança transformacional e o

assédio moral.

Pelos resultados que obtivemos referentes à relação entre a liderança transformacional e

o clima organizacional ético constatamos que a hipótese 2a “a liderança transformacional está

positivamente relacionada com o clima organizacional ético” é rejeitada, e que difere do que é

defendido por vários estudos. Ao contrário do que foi concluído neste estudo, Van Aswegen e

Engelbrecht (2009), constataram que a liderança transformacional estabelece uma relação

positiva com o clima ético. A influência, o estímulo intelectual e a motivação são algumas das

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características de um líder transformacional que ao seguir este tipo de liderança incentiva a

cultura organizacional a estimular o comportamento ético e a perpetuar um clima ético.

Em harmonia com este argumento os estudos de Engelbrecht et al. (2005) e de Van

Aswegen e Engelbrecht (2009), defendem que a liderança transformacional tem um efeito

positivo no clima ético, ou seja, os líderes transformacionais exercem um papel direto no

desenvolvimento de um clima organizacional ético. Esta relação positiva evidencia a importância

dos comportamentos adotados pelos líderes. Os líderes transformacionais necessitam de ser

movidos por motivos e ações altruístas assim como necessitam mostrar consistência nas suas

palavras e nas atitudes que tomam.

Os resultados obtidos originaram a rejeição das hipóteses que relacionavam a liderança

transformacional tanto com o assédio moral como com o clima organizacional ético. Estes

resultados podem ainda estar relacionados com questões culturais e com a própria tradução e

adaptação da escala original. A forma como foi entendida a liderança transformacional neste

estudo pode ter sido enviesada por questões relacionadas com a interpretação das questões ou

mesmo por estar a ser medida com outro estilo de liderança e neste sentido ter gerado uma

tendência de oposição entre a liderança transformacional e a ética. Tendo a transformacional ter

sido entendida como mais instrumental quando comparada com a liderança ética. No entanto

destes resultados podem abrir-se pistas para investigação futura.

Em suma, neste capítulo discutimos os resultados que obtivemos na relação entre a

liderança ética com o assédio moral e com o clima organizacional ético, na relação estabelecida

entre o clima organizacional ético e o assédio moral, bem como na relação entre a liderança

transformacional com o assédio moral e com o clima organizacional ético.

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Capítulo 7 – Conclusão

Neste capítulo final, vão ser apresentadas as conclusões mais relevantes do estudo, as

implicações teóricas e as implicações práticas desta investigação nas e para as organizações e,

finalmente, apresentamos as principais limitações do estudo e indicações para futuras

investigações.

7.1. Principais Conclusões

O modelo teórico desenvolvido neste trabalho teve como objetivo perceber quais os

estilos de liderança, nomeadamente, a liderança ética e a liderança transformacional, que

promovem e inibem as situações de assédio moral no trabalho e o clima ético nas organizações,

assim como, entender se o clima organizacional ético tem impacto neste comportamento

desviante.

Os resultados que foram alcançados permitiram-nos concluir que a liderança ética está

fortemente relacionada com o assédio moral e com o clima organizacional ético, o que significa

que os líderes que adotam uma postura ética e moral minimizam as ocorrências de assédio

moral e promovem um clima organizacional favorável e confiável. Os resultados também

confirmaram que o clima organizacional ético se relaciona de forma negativa como o assédio

moral, indicando que climas onde predominam valores e princípios éticos são menos propensos

à ocorrência de comportamentos de assédio moral. Por outro lado, constatamos que a liderança

transformacional contrariamente ao esperado não se relaciona de forma negativa com o assédio

moral mas sim de forma positiva e também não se relaciona positivamente com o clima ético.

Ao contrário do que era esperado atendendo a vários estudos encontrados na literatura, os

resultados da presente investigação indicaram que quando os gestores adotam um estilo de

liderança transformacional as situações de assédio moral são estimuladas e o clima

organizacional tem dificuldade em se tornar ético. Assim, através destes resultados percebemos

o destaque e a importância que a liderança ética representa para as organizações na medida em

que desincentiva comportamentos assediadores e contribui para um clima de trabalho mais

ético.

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Seguidamente, iremos destacar algumas implicações teóricas e práticas desta

investigação.

7.2. Implicações Teóricas

As conclusões que obtivemos nesta dissertação permitem-nos retirar várias implicações

teóricas, ou seja, os principais contributos para a teoria.

Constatamos que existe uma relação forte, de carácter negativo, entre a liderança ética e

o assédio moral no local de trabalho, o que vai ao encontro de vários estudos (Mayer et al.,

2010; Stouten et al., 2010). A literatura aliás tem associado de forma evidente a liderança ética

a comportamentos éticos (Brown et al., 2005).

A forma como a liderança ética tem impacto no assédio moral reforça a importância da

liderança nas organizações e da escolha do estilo mais adequado. Esta dedução também é

salientada por exemplo no estudo de Einarsen et al. (2003), indicando que o estilo de liderança

que os gestores adotam contribui para fomentar ou inibir as ocorrências de assédio moral no

trabalho.

Para que as situações de assédio moral sejam significativamente reduzidas os líderes

devem ser éticos e, portanto, devem estimular o desenvolvimento de certas características

relativas à liderança ética como a honestidade e a preocupação com as condições de trabalho

dos colaboradores. Desta forma, estes resultados constituem um avanço na compreensão do

tema estudado, pois um dos contributos que pode ser assinalado é a importância do efeito do

estilo de liderança no assédio moral no trabalho. A liderança ética quando comparada com a

liderança transformacional tem um impacto na redução de situações de assédio moral. Para

além disso, este estudo contribui para a literatura na medida em que a liderança ética não

necessita de estar associada ao clima organizacional ético para ter impacto nos casos de

assédio moral, como é destacado em alguns estudos (Mayer et al., 2010; Stouten et al., 2010).

Ou seja, as conclusões revelam uma relação direta e significativa entre a liderança ética e o

assédio moral contrariamente às conclusões obtidas por exemplo no estudo de Mayer et al.,

(2010). Através dos resultados que obtivemos, observamos que a relação entre a liderança ética

e o clima organizacional ético é também significativa. Os líderes ao adotarem um estilo de

liderança ético promovem um clima organizacional ético, uma vez que promovem atitudes e

comportamentos adequados baseados em fundamentos e princípios éticos e contribuem para

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inibir as situações de assédio moral. A contribuição deste estudo baseia-se então na evidência

empírica da relação direta entre liderança ética e o assédio moral e da relação direta entre

liderança ética e o clima organizacional. Estudos futuros devem explorar o efeito de mediação do

clima ético na relação entre a liderança e o assédio moral.

Pelos resultados que foram verificados, as situações de assédio moral no local de

trabalho são diminuídas se o clima de trabalho onde operam os funcionários for ético. Os

colaboradores que trabalham num clima organizacional ético evidenciam menos

comportamentos desviantes como o assédio moral, uma vez que o ambiente de trabalho

influencia os comportamentos dos funcionários que se sentem mais seguros e tomam atitudes

mais corretas em ambientes de trabalho íntegros e éticos. Assim sendo, podemos concluir que o

clima organizacional ético é também uma variável preditora importante quando se estuda a

temática do assédio moral, contribuindo desta forma para a literatura.

Por fim, observamos que a liderança transformacional está positivamente relacionada

com as situações de assédio moral, não indo ao encontro das conclusões destacadas por outros

autores (Ertureten et al., 2013; Astrauskaite et al., 2015). Os líderes ao adotarem um estilo de

liderança transformacional promovem os casos de assédio moral, e isto demonstra-nos que as

características associadas a um líder transformacional, que noutros estudos são capazes de

impedir o assédio moral, neste trabalho favorecem o assédio moral nas organizações. Como os

resultados observados não são comuns entre os estudos que investigam a relação entre a

liderança transformacional e o assédio moral, podemos assumir que esta dissertação é

pertinente para a literatura, uma vez que apresenta um novo ponto de vista acerca da liderança

transformacional que não é salientado por outros investigadores. Contudo, não podemos deixar

de salientar que os resultados obtidos, por serem bastante diferentes da maioria dos estudos e

do que esperávamos, podem ter sido enviesados por alguns fatores tais como questões culturais

ou mesmo enviesamentos percetivos.

Finalmente, constatamos que a liderança transformacional relaciona-se de forma

negativa com o clima organizacional ético. O clima organizacional não é beneficiado quando os

líderes adotam uma liderança transformacional, as características inerentes a este tipo de

liderança não melhoram as condições do clima de trabalho não o tornando ético. Mais uma vez,

esta conclusão não vai ao encontro das conclusões retiradas por outros investigadores abrindo

alguns caminhos para investigação futura.

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7.3. Implicações Práticas

Com base nos resultados que obtivemos, podemos retirar várias ilações de práticas e

comportamentos que poderão ser implementados nas organizações com o principal propósito de

eliminar as situações de assédio moral e, por sua vez, melhorar o ambiente de trabalho.

Percebemos que a adoção de um estilo de liderança ética é fundamental para eliminar

os casos de assédio moral no local de trabalho. O assédio moral tem consequências negativas

para as vítimas, a nível pessoal e para a organização traduzidas em custos. A nível pessoal, as

situações de assédio moral provocam nas vítimas problemas do foro psicológico como a

depressão, a ansiedade extrema e o stress, enquanto que na organização reflete-se na

diminuição da produtividade dos indivíduos afetados, no aumento da rotatividade, do

absentismo, dos conflitos e a longo prazo as vítimas podem deixar a organização (Einarsen,

2000; Ertureten et al., 2013). Posto isto, os gestores ao adotarem uma liderança ética

conseguem melhorar estas consequências que atormentam as vítimas de assédio moral e

conseguem melhorar a má conduta dos colaboradores. Primeiramente, as organizações na fase

de recrutamento e seleção de novos membros devem utilizar ferramentas que sejam capazes de

identificar o perfil ético dos candidatos. Sendo que essas ferramentas podem incluir testes de

integridade, dinâmicas que se foquem na resolução de dilemas éticos e entrevistas devidamente

estruturadas. Seguidamente, é fundamental que as organizações invistam na formação dos

líderes e em programas de formação para que estes possam desenvolver competências e

características éticas, ao longo da instrução os líderes devem aprender a comunicar, a seguir

comportamentos éticos, mecanismos que os transformem em modelos éticos a ser seguidos.

Outra forma consiste na aprendizagem de formas de recompensar e apoiar os trabalhadores que

se comportam eticamente. Se as organizações se concentrarem na seleção correta e numa boa

formação de líderes éticos, os comportamentos de assédio moral no local de trabalho podem ser

evitados (Mayer et al., 2010).

Constatamos, também, que quando estamos perante um clima organizacional ético as

ocorrências de assédio moral são mais escassas. Desta forma, o departamento de Recursos

Humanos da organização deve implementar práticas e normas que enfatizem o valor de ser um

colaborador ético, sendo que essa aprendizagem para além de ser feita através das próprias

experiências pode ser realizada através das recompensas e das punições. Estas práticas visam

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melhorar o comportamento éticos dos colaboradores e, consequentemente, transformar o clima

de trabalho.

Uma medida que poderia ser implementada pelas organizações com o intuito de

incentivar os líderes a procurarem soluções viáveis para resolverem as ocorrências de assédio

moral, seria a existência de avaliações periódicas do seu trabalho no apoio e resolução de

conflitos associados ao assédio moral através de, por exemplo, avaliações de desempenho.

7.4. Limitações e Indicações para Investigações Futuras

Sempre que se desenvolve um estudo de qualquer temática existem, inevitavelmente,

um conjunto de limitações que podem ter um impacto maior ou menor nos resultados obtidos,

independentemente da experiência do investigador. Neste seguimento, iremos apontar algumas

limitações subjacentes a esta dissertação.

Uma primeira limitação que pode ser considerada centra-se no facto da amostra ser não

probabilística por conveniência e, portanto, existe uma limitação na generalização dos

resultados, mesmo tendo um grande número de respostas é necessário ter em consideração a

natureza da amostra na interpretação dos resultados.

Seguidamente, o período de tempo para se realizar a dissertação por ser curto dificulta a

obtenção de um elevado número de respostas pelo facto de a aplicação dos questionários ter de

ser um processo agilizado quando, geralmente, é mais demorado e apresenta alguns

contratempos. Adicionalmente, por ser um tema sensível e que necessita de um cuidado

acrescido quando mencionado aos inquiridos, o processo de obtenção de respostas foi mais

difícil. Embora o número de respostas obtidas tenha sido bastante razoável, podemos pensar

que se o estudo tivesse uma maior abrangência os resultados poderiam ter uma expressão

diferente.

Os comportamentos de assédio moral foram avaliados tendo em conta a experiência

profissional de pelo menos, 6 meses consecutivos numa organização, o que pode ser

considerado uma limitação pois os indivíduos podem apresentar problemas em se conseguirem

recordar com precisão das situações de assédio moral por existir um período definido.

Finalmente, ao se utilizar uma metodologia transversal, embora nos permita ter um

rápido conhecimento da realidade, a recolha dos dados é realizada num único momento o que

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impossibilita acompanhar possíveis mudanças que podem ocorrer ao longo do tempo, ao invés

detemos uma visão estática da realidade. Estudos futuros devem atender à necessidade de

realizar estudos longitudinais mais competentes na redução de enviesamentos.

Neste trabalho contatamos, assim como diversos investigadores, que os estilos de

liderança têm impacto nas situações de assédio moral e como estamos a debater um tema tão

sensível e com consequências negativas para vítimas e organizações, acreditamos que este tema

continuará a ser explorado em futuras investigações. Esta dissertação incentiva o estudo desta

temática ao apresentar alguns caminhos para estudos posteriores. Futuras investigações devem

ponderar o uso de uma metodologia qualitativa ou até combinar as duas abordagens, para que

se consiga aferir com mais facilidade as perceções dos colaboradores relativamente às situações

de assédio moral.

Assim como, também, se poderia ter em conta relações indiretas que possam ser

estabelecidas e que tenham influência na relação direta entre as variáveis estudadas. Isto

poderia ser verificado se usássemos variáveis mediadoras que, potencialmente, influenciem as

relações que foram verificadas.

Em pesquisas futuras, se possível, os investigadores deveriam optar por utilizar outros

métodos de recolha de dados mais eficientes em averiguar perspetivas diferentes de

colaboradores em posições hierárquicas díspares e centrados em coletar dados tanto de vítimas

de assédio moral como dos seus agressores. Neste sentido, o uso do questionário como único

método de recolha de dados não deve ser entendido como uma única opção possível.

Concluída esta investigação, esperamos ter contribuído para uma melhor compreensão

dos conceitos que foram abordados e para as relações que estabelecemos entre os mesmos.

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120

Apêndice A

Instrumento de Recolha de Dados

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121

Questionário

Caro(a) Participante,

No âmbito do Mestrado em Gestão de Recursos Humanos da Universidade do Minho,

encontro-me a realizar um trabalho de investigação onde o presente questionário se destina a

recolher informação com o intuito de analisar as relações existentes entre os estilos de liderança

transformacional e ética e os casos de assédio moral e a relação entre o clima organizacional

ético e as situações de assédio moral que ocorrem no local de trabalho.

Neste seguimento, solicito a sua colaboração através do preenchimento deste

questionário e peço que leia e responda a todas as questões que lhe são colocadas de forma

cuidadosa e sincera. Para que responda de forma confortável, é assegurado o anonimato e a

confidencialidade das suas respostas.

A sua participação é de extrema importância, assim como é indispensável que responda

a todas as perguntas para numa fase posterior analisar corretamente os dados recolhidos.

O preenchimento do questionário tem uma duração aproximada de 15 minutos e

cada questão é acompanhada por algumas instruções, de forma a auxiliá-lo durante o seu

preenchimento.

Alerto para o facto deste questionário se destinar a indivíduos que são ou

foram funcionários de uma organização por um período de, pelo menos, 6 meses

consecutivos.

Agradeço, previamente, a sua colaboração e disponibilidade.

Maria Inês Dias Pinto

Contacto: [email protected]

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Parte I – O Assédio Moral

Relativamente às atitudes que possam descrever situações de assédio moral, marque,

cada uma das afirmações, com um círculo (o) ou uma cruz (x) no número que melhor retrata a

sua opinião. Para isso, utilize a seguinte escala:

Discordo Totalmente

Discordo

Não discordo nem concordo

Concordo

Concordo Totalmente

1

2

3

4

5

No seu local de trabalho…

1. As suas opiniões foram ignoradas. 1 2 3 4 5

2. Foi-lhe pedido que executasse funções abaixo do seu

nível de competências.

1 2 3 4 5

3. Foram-lhe dadas tarefas com prazos não exequíveis. 1 2 3 4 5

4. Há uma monitorização excessiva (controlo) do seu trabalho. 1 2 3 4 5

5. Foi humilhado(a) ou ridicularizado(a). 1 2 3 4 5

6. Foram-lhe retiradas as principais áreas pelas quais era responsável ou

foram substituídas por tarefas mais triviais ou desagradáveis.

1 2 3 4 5

7. Foram espalhados rumores sobre si. 1 2 3 4 5

8. Foi ignorado(a) ou excluído(a). 1 2 3 4 5

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123

9. Foi alvo de observações ofensivas sobre a sua pessoa, sobre as suas

atitudes ou a sua vida privada.

1 2 3 4 5

10. Recebeu dicas ou sinais de outras pessoas de que

deveria deixar o seu emprego.

1 2 3 4 5

11. É constantemente lembrado(a) dos seus erros. 1 2 3 4 5

12. É sujeito(a) a provocações excessivas e sarcasmo. 1 2 3 4 5

13. Gritaram-lhe ou foi alvo de ações de raiva espontânea. 1 2 3 4 5

14. Foi sujeito(a) a comportamentos intimidatórios como

apontarem-lhe o dedo, invasão do seu espaço pessoal,

empurrado(a), bloquearam a sua passagem.

1 2 3 4 5

15. Fizeram pressão para não reivindicar algo a que tem direito (p.e.

licença médica, período de férias, despesas de viagem).

1 2 3 4 5

16. Foi sujeito(a) a uma carga de trabalho excessiva. 1 2 3 4 5

17. Foi alvo de piadas realizadas por pessoas com quem não se dá bem. 1 2 3 4 5

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Parte II – A Liderança Transformacional

Para cada uma das afirmações coloque um círculo (o) ou uma cruz (x) no número que

melhor descreve o que sente em relação às atitudes que o líder da sua organização adota (nesta

questão e nas próximas deve reportar-se ao seu/à sua chefe).

Discordo Totalmente

Discordo

Não discordo nem concordo

Concordo

Concordo Totalmente

1

2

3

4

5

O líder da organização…

1. Gera orgulho nos outros por estarem associados a ele. 1 2 3 4 5

2. Investe o seu tempo a ensinar e a treinar. 1 2 3 4 5

3. Pondera as consequências éticas e morais das decisões. 1 2 3 4 5

4. Considera cada indivíduo como tendo necessidades, habilidades e

aspirações diferentes, em relação aos outros.

1 2 3 4 5

5. É eficaz em atender às necessidades dos outros em relação ao

trabalho.

1 2 3 4 5

6. Faz com que os outros façam mais do que é esperado. 1 2 3 4 5

7. Aumenta a vontade dos outros de trabalhar com maior dedicação. 1 2 3 4 5

8. Orienta os outros a olharem para os problemas de diferentes ângulos. 1 2 3 4 5

9. Estabelece padrões desafiantes. 1 2 3 4 5

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10. Reexamina situações críticas questionando se são apropriadas. 1 2 3 4 5

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Parte III – A Liderança Ética

De seguida, irá encontrar um conjunto de afirmações que podem representar atitudes

que o líder da sua organização adota. Desta forma, marque com um círculo (o) ou uma cruz (x)

no número que melhor traduz o que sente em relação a cada uma das afirmações (deve

reportar-se ao seu/à sua chefe).

Discordo Totalmente

Discordo

Não discordo nem concordo

Concordo

Concordo Totalmente

1

2

3

4

5

O líder da organização…

1. Ouve o que os colaboradores têm para dizer. 1 2 3 4 5

2. Disciplina os colaboradores que violam princípios éticos. 1 2 3 4 5

3. Conduz a sua própria vida pessoal de uma forma ética. 1 2 3 4 5

4. Tem em mente os melhores interesses dos trabalhadores. 1 2 3 4 5

5. Toma decisões justas e equilibradas. 1 2 3 4 5

6. É uma pessoa de confiança. 1 2 3 4 5

7. Discute valores éticos com os colaboradores. 1 2 3 4 5

8. Dá o exemplo de como fazer as coisas de forma mais ética. 1 2 3 4 5

9. Define sucesso, não apenas pelos resultados em si, mas também pela

forma como estes foram obtidos.

1 2 3 4 5

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10. Quando toma decisões questiona os subordinados sobre o que é mais

correto fazer.

1 2 3 4 5

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Parte IV – O Clima Organizacional Ético

Em relação às atitudes que retratam climas organizacionais éticos leia, atentamente,

cada uma das afirmações seguintes e coloque um círculo (o) ou uma cruz (x) no número que

retrata melhor a sua opinião relativamente à organização onde trabalha/trabalhou.

Discordo Totalmente

Discordo

Não discordo nem concordo

Concordo

Concordo Totalmente

1

2

3

4

5

Na organização onde trabalho ou trabalhei…

1. A principal responsabilidade das pessoas é considerar a eficiência em

primeiro lugar.

1 2 3 4 5

2. É esperado que as pessoas sigam as suas próprias crenças pessoais e

morais.

1 2 3 4 5

3. É esperado que os funcionários façam qualquer coisa para promover

os interesses da organização.

1 2 3 4 5

4. Os trabalhadores cuidam uns dos outros. 1 2 3 4 5

5. Não há espaço para a moral ou ética de cada indivíduo. 1 2 3 4 5

6. É muito importante seguir estritamente as regras e os procedimentos

da organização.

1 2 3 4 5

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7. Cada pessoa decide por si mesma o que é certo e errado. 1 2 3 4 5

8. As pessoas protegem os seus próprios interesses acima de outras

considerações.

1 2 3 4 5

9. A opinião de cada pessoa sobre o que é certo e errado é a

consideração mais importante.

1 2 3 4 5

10. A preocupação mais importante é o bem de todas as pessoas da

organização.

1 2 3 4 5

11. A primeira consideração é se uma decisão viola alguma lei. 1 2 3 4 5

12. É esperado que as pessoas cumpram a lei e os padrões profissionais

para além de outras considerações.

1 2 3 4 5

13. É esperado que todos sigam as regras e os procedimentos da

organização.

1 2 3 4 5

14. A principal preocupação é sempre o que é melhor para a outra pessoa. 1 2 3 4 5

15. Os colaboradores com mais sucesso seguem as regras. 1 2 3 4 5

16. A maneira mais eficiente é sempre a maneira certa. 1 2 3 4 5

17. É esperado que os funcionários sigam de forma rigorosa os padrões

legais ou profissionais.

1 2 3 4 5

18. A principal consideração é o que é melhor para todos na organização. 1 2 3 4 5

19. As pessoas são guiadas pelos próprios princípios éticos. 1 2 3 4 5

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20. As pessoas com sucesso obedecem estritamente às políticas da

empresa.

1 2 3 4 5

21. É esperado que cada pessoa, acima de tudo, trabalhe de maneira

eficiente.

1 2 3 4 5

22. É esperado que faça sempre o que é certo para o cliente e para o

público.

1 2 3 4 5

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Parte V – Dados Sociodemográficos

1. Idade: _______________________

2. Género:

Feminino ……………………………………………………………………………………………………...□

Masculino …………………………………...………………………………………………………………..□

3. Estado Civil:

Solteiro ………….…………………………………..…………………………………………………………□

Divorciado/Separado ………………………................................………………………………….□

Casado/União de facto……………………………………………………..……………………………..□

Viúvo ……………………………………………………………………………………………………………□

4. Habilitações Académicas:

Nota: Se possuir mais do que uma, responda somente àquela que for academicamente mais

elevada.

Bacharelato ………………………………………………...………………………………..………………□

Licenciatura …………………………………………………………………………………………………..□

Pós-Graduação…………………..…………………………………………..………………………………□

Mestrado ……………………………………………………………………………………………………...□

Doutoramento……………………………………………………………..………………………………...□

5. Função que Desempenha/desempenhou: ______________________________

6. Há quanto tempo trabalha na organização/quanto tempo trabalhou na

organização: ___________________

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7. Setor:

Público ………………………………………..………………………………………………….……………□

Privado ……………………..…………………………………………………….……………………………□

8. Área de atividade: ________________________________________________