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BRX-95/CON F.O06/7 Paris, 2 de Marqo de 1995 Original: franc&

/i ESCUTA DA AFRICA 0 desenvolvimento social as prioridades da Africa

RELATOR10 FINAL

UNESCO Paris, 6-l 0 de Fevereiro de 1995

BRX-95/CONF.006/LD.18

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BRX-95/CONF.006/7

RELAT6RIO FINAL

1. De 6 a 10 de Fevereiro de 1995, realizou-se em Paris, sob a @de da UNESCO, uma reuniao international denominada “A escuta da Africa”. 0 seu objective principal era o de permitir aos africanos iniciarem, em vesperas da Cimeira mundial para o desenvolvimento social de Copenhaga, convocada pelas Naqdes Unidas, tuna reflexao aprofundada sobre a problem&ica e as prioridades do desenvolvimento no seu continente face aos novos desafios do mundo. Uma reflexao que tenha em conta as li@es do passado, as exigencias do presente, OS imperativos do futuro e OS dados da conjuntura international, a fim de formular OS termos de uma polftica de desenvolvimento endogena que gamma o progress0 econbmico, social, politico e cultural das popula@es actuais e a sobrevivencia feliz, digna, pacifica, democratica e justa as gera@es futuras.

2. A consulta ‘&A escuta da Africa” reuniu Chefes de Estado ou seus representantes, responsaveis das agencias de coopera@o bilateral, organiza@es internacionais governamentais do sistema das Na@es Unidas, da Organiza@Io da Unidade Africana, do Banco Africano de Desenvolvimento e da Comissao Economica para a Africa, v.tias organizaqoes nao governamentais e personalidades independentes da sociedade civil, bem coma africanistas amigos que vem do mundo da educa@o, da ciencia, da cultura e da comunica@o.

3. OS participantes apreciaram em particular, na sessao de abertura, as comunica@es ferteis e construtivas e as mensagens de elevado alcance politico, filosbfico e moral apresentadas em nome de Sua Majestade o Rei de Marrocos e dos Chefes de Estado da Tunisia, Presidente em exercicio da OUA, da Argelia, do Benim, do Botswana, de FranGa, do Paquistao, do Togo e do Zaire, bem coma de responsaveis de instituisoes internacionais, tais coma o Secretirio-Geral das Na@es Unidas, o Secredrio-Geral da OUA, o Secretario Executive da CEA, o Presidente do BAD, o Secret&-io-Get-al do Commonwealth Secretariat e o da Agencia de Cooperaqao Cultural e Tecnica. Todos eles foram particularmente sensiveis a presen$a de Sria Excelhcia o Capit Blaise CompaorC, Presidente do Burkina Faso, cuja alocu@?io foi, pela sua eleva@o e pertinencia, simultaneamente urn incentive e uma contribui@o eloquente para a reflexao sobre a problematica apresentada.

4. Durante as sessoes seguintes, 0s participantes congratularam-se corn as mensagens de simpatia e de solidariedade dos Chefes de Estado ou de govern0 dos seguintes paises: Botswana, Madagascar, MoCambique, Ruanda, Sudao, Suazilandia, Zimbabwe. Durante a sessao de encerramento, ouviram corn particular aten@o a mensagem do Presidente Nelson Mandela, lido por S.E. Senhora D. Barbara Masekala, Embaixador da Africa do Sul, bem coma as alocu@es pronunciadas pelo Sr. Issa Diallo, Sub-Secretario-Geral das Na@es Unidas, pelo Sr. Lamari Mohamed Mohreza, Secretario-Geral a.i. do Movimento Pan-africano da Juventude, e pelo Sr. A. Badran, Director-Geral Adjunto interino da UNESCO.

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5. Ap6s terem homologado as designa@es respectivas da Senhora D. GraFa Machel e do Professor Iba Der Thiam nas qualidades de presidente e de relator da consulta “A Escuta da kiica”, OS participantes aceitaram conduzir a reflex50 sobre o tema da Consulta, dentro das cinco comissoes seguintes:

- Comissao I: Forma@o e partilha de conhecimentos: que escola, que universidade para a Africa de li.lllanh2?

- Comissao II : Ciencias, tecnologias e desenvolvimento duradouro. A Africa e o mundo.

- Comissao III : Regionaliza@o e desenvolvimento.

- Comissao IV : Comunica@o e desenvolvimento no meio rural. A dimensao cultural do desenvolvimento.

- Comissao V : Democratiza@o na vida quotidiana e desenvolvimento: a cultura da paz.

6. OS participantes insistiriam na gravidade da situa@o vivida pelas popula@es africanas no final do segundo milenario. Dentro de cinco anos, vai comeqar urn novo milenario corn novos modelos. Se as orienta@jes e as tendencias actuais se confirmarem, o stculo XXI set-5 o seculo das transforma@es prodigiosas, das muta@es aceleradas e das renova@es incessantes dentro de urn context0 econbmico, geopolitico e cultural fundamentalmente diferente do que a humanidade conheceu ate hoje. A ciencia, a tecnologia, a comunica@o e a informatica vao transformar fundamentalmente a estrutura do conhecimento e o destino individual e colectivo das popula@es mundiais. Corn a globaliza@o dos mercados e o refoqo crescente dos blocos regionais, o mundo vai entrar numa situa@io de exacerbada competi@o comercial, financeira e cultural e numa rivalidade cientifica e tecnologica corn uma amplitude ate hoje ignorada.

7. 6 certo que ta1 context0 vai fomentar ainda mais o desenvolvimento do individualismo e do egoism0 das na@es industrializadas. 0 auxilio international, onde tiver que se manter, 6 muito provavel que tenha condi@es drasticas inspiradas por preocupa@es de hegemonia ou tutela apenas disfarqadas, que tornarao a mobiliza@o difkil. Nao se trata de urn diagndstico pessimista mas sim da comprova@o pura e simples de uma realidade que traduziria ingenuidade e irresponsabilidade se se ignorasse apenas para se ter a consciencia tranquila.

8. A Africa devera cada vez mais contar corn as suas proprias forqas. Ha que desejar que esta situa@o lhe abra definitivamente OS olhos e lhe de uma consciencia esclarecida, para que possa deitar maos ao seu proprio destino e se convenCa que o seu futuro verdadeiro reside na capacidade dos seus filhos conceberem, forjarem e valorizarem OS mecanismos de uma renova@o de liberta@o e progresso, sem OS quais ela nunca podera participar nas relacdes internacionais coma parceiro fiavel, responsavel e respeitavel.

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9. I? evidente que o continente africano sofre ainda da pesada deficiencia que constituem OS quatro seculos de escravatura e o peso ainda vivo da domina@o colonial e neocolonial. 6 verdade que, de 1960 ad hoje, ele realizou no campo da educa@o, da ciencia, da cultura e da comunica@o, progressos inegaveis que assumem toda a sua dimensao se se comparam corn OS comportamentos registados, no curso da era colonial, durante uma sequencia temporal bem mais longa.

10. Mas OS participantes na Consulta entendem que OS resultados observados nao devem dissimular OS numerosos fracassos que o continente acumulou durante mais de trinta anos.

11. fi em Africa que temos o fndice de mortalidade geral e de mortalidade infantil mais elevados; a esperanga de vida mais curta; o indice de crescimento mais fraco do mundo; o mais baixo rendimento por habitante, o crescimento demografico mais forte. Notam-se igualmente no nosso continente indices de escolarizac;ao extremamente fracas e de analfabetismo particularmente elevados; urn sub-equipamento dcnico agudo; urn desenvolvimento embrionkrio dos meios de comunica@o. OS orGamentos consagrados a educa@o, a forma@o, a informa$Io e a satide estao sempre a diminuir, enquanto OS consagrados a defesa, a seguraya e aos armamentos nao deixam de aumentar.

12. A nossa administra@o esta muitas vezes gangrenada pela preferencia Ctnica, o sectarismo, o favoritismo, o nepotismo, a corrup@o, o absenteismo, a falta de zelo, OS baixos indices de rentabilidade e eficacia internas. OS desvios de erario ptiblico, OS esbanjamentos, as intrigas nao sao sufkientemente combatidos. fi certo que existem certas excep@es mas ha que reconhecer que elas em nada modificam o aspect0 geral da situa@o.

13. E disso todos somos responsaveis, a diversos niveis. fi em conjunto que nos devemos comprometer decidida e firmemente a inverter esta tendencia, formulando OS termos de outra politica de desenvolvimento endogeno que represente uma ruptura corn o passado. E podemos faze-lo desde que partilhemos determinadas certezas: a primeira C de que o nosso continente n5o 6 pobre contrariamente a uma ideia pre-concebida. Todos devemos saber que a Africa C o continente que mais riquezas tern o que significa que corn homens competentes e series, corn capitais e experiencia, pode elevar-se rapidamente ao nivel das outras partes do mundo, coma a America Latina e a Asia, independentes muito antes de 1960, estSo agora a faze-lo.

14. A segunda certeza 6 que a independencia n5o 6 urn fim so por si, mas sim urn meio que abre acesso a 1ibertac;ao national, ou seja, que permite assumir-se a si mesmo.

15. A terceira certeza C que a Africa jamais sera construida pelos estrangeiros, quaisquer que sejam de resto OS vmculos afectivos, culturais e pessoais e OS termos do contrato moral destinado a defmir as bases de uma parceria de tipo novo entre o nosso continente e a comunidade international. Pensando bem, a finalidade da assist&rcia 6 a de criar as condi@es de ir alem de si mesmo.

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16. A quarta certeza C que nenhum outro continente senao a Africa podera deitar maos ao seu destino. OS Africanos, e so eles, devem tomar a iniciativa da solusao dos seus problemas. A Africa nao C nem urn “continente perdido” nem urn “continente em perigo”, sede de uma comunidade incapaz de se elevar ate ao nfvel dos outros povos. Que representam trinta anos de soberania international na vida de uma na@o?

17. A quinta certeza C que, enquanto OS africanos nao estiverem seguros de si mesmos, dos seus irmaos e irmCis, da sua cultura, das suas capacidades e dos seus valores, jamais serao capazes de explorar a mina de criatividade e de capacidade de inven@o que neles esti latente.

18. A sexta certeza C que as tres dtcadas de dificuldades, de erros, de incertezas, de resultados negativos e de sucessos relativos que desrespeitaram o nosso continente nao foram vaos, se tivermos a coragem de fazer urn balanqo crftico, de fazer o nosso exame de consciencia, de reconhecer as nossas insuficiencias e as nossas fraquezas e dai tirar, corn humildade, todas as li@es corn vista a uma nova vida.

19. A s&ma certeza reside no facto que, apesar da necessidade de planos de ajustamento estrutural, esses planos terao de transformar-se rapidamente em verdadeiros planos de desenvolvimento baseados no crescimento, no pleno emprego e na equidade, concebido e realizado pelos nacionais, nomeadamente em proveito das categorias sociais mais desfavorecidas.

20. A oitava certeza C que qualquer centraliza@o do poder e a sua confisca@o por uma minoria no ambito de urn partido unico ou de urn partido-Estado C nociva. Trata- se de urn acto de mau desenvolvimento e de ditadura. Tern de ser combatida. A Africa tern necessidade de democracia porque ela C o elo que falta entre o desenvolvimento e a paz, a democracia entendida n5o coma urn modelo a copiar, mas sim coma urn objective a atingir.

21. A nona certeza e que enquanto a ideia de paz for ma1 tratada em Africa, OS esfor$os de desenvolvimento jamais terao OS efeitos que esperamos. Corn OS conflitos armados, as guerms civis, OS litigios fronteirisos, o tribalism0 e as rivalidades etnicas, as brigas politicas, a explora@o da religiao corn fins partidkrios, o realismo impoe- nos considerar a instabilidade politica e a guerra n5o coma epifenomenos, mas sim coma uma tendencia de fundo e persistente. Podemos inverter esta tendencia que dura ha 50 anos, mas vamos precisar de vontade politica inabalavel.

22. Por fim, face a Europa, as AmCricas, aos paises do Ocean0 indico e do Pacffico, que se constituem em blocos economicos comprometidos numa concork-rcia sem piedade, OS micro-Estados so tern a hipotese de contar coma entidades significativas e criveis se estiverem unidos. Corn 640 milhoes de habitantes hoje em dia, que serao mais de 1,2 biliao de consumidores dentro de 23 anos, temos de ter a certeza que a Africa corn as riquezas do seu solo, do seu subsolo, dos seus mares, das suas florestas, corn o seu potential turfstico e cultural, jamais podera ser marginalizada se OS seus filhos tiverem a necessaria capacidade de negociagao para vender vantagens tile evidentes.

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23. Para preparar esta nova era, a consulta “A escuta da Africa” evidenciou, nos sectores a seguir indicados, as recomenda@es concretas e urgentes que se seguem.

1. FORMAC~OEPARTILHADECONHECIMENTOS:OUEESCOLA, OUEUNIVERSIDADEPARAAAFRICADEAMANHA?

24. Ao levar em conta OS efeitos da crise que assola o continente desde o fii dos anos 70 e as suas consequ6ncias negativas para OS sistemas educativos, a aplica@o de planos de ajustamento estrutural que ignoram ou pdem de parte durante muito tempo a atribui@o de recursos financeiros consequentes aos sectores ditos sociais, a consulta “A escuta da k-ica” observou que ap6s ter conhecido urn period0 de expansao de cerca de 20 anos, o ensino e a forma@0 estio, de hB uns anos para c& marcados pelo aparecimento de grandes disparidades entre rices e pobres, cidades e campo, raparigas e rapazes, a que se v6m juntar a incapacidade dos sistemas educativos para evoluirem e se adaptarem is exiggncias de urn mundo que se transforma sem parar.

25. Na medida em que do que acaba de ser dito resulta que se estgo a n6r dtividas ao direito B educacZo e urn recuo da democratizacgo sob o efeito das desigualdades econ6micas e sociais, de certas tradi@es e de urn abrandamento da ac@Io do Estado, a Consulta recomenda

Aos Povernos africanos:

want0 & estratigia:

sendo a educa@o a condi@o do desenvolvimento da produtividade do trabalho, do dominio da fecundidade, da diminui@o da mortalidade infantil, do melhoramento da qualidade e da esperanga de vida, que OS governantes tomem consci&ncia desta realidade e dela tirem todas as conseqkncias. H6 pois que reconstruir OS sistemas herdados do regime colonial repensando as tinalidades, OS contetidos, as estruturas, OS mCtodos, a actuaG5o e OS valores, no Smbito de uma estratkgia de ruptura que no entanto nr?o deve confundir-se corn a rejei@o sistem&ica ou coin 0 niilismo cego.

a qualidade do ensino e a sua pertinencia em rela@o ao context0 socio- cultural devem ser considerados objectives fundamentais. A reforma deve por fkn fazer da educa@o das raparigas uma das was prioridades essenciais.

esta reforma do ensino deveri sempre ser levada a cabo em moldes globais e n5o sectoriais para dar ao sistema a SW coerkncia interna. a sua pertinencia estrutural e a sua unidade orgkica.

coma urn sistema educative se constrcii tarnbkm a partir de um quadro de valores, 6 judicioso, levando em conta as diferenqas qut e\isk,nl (ii* pais para pais, que se de lugar, nos conteild(js, ;I noyiit~\ L”o;~~I l’

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respeito devido B famflia, as redes de alianqas, a salvaguarda dos la$os de famflia e tambern a democracia, aos direitos humanos, a toler2ncia, ao respeito devido as minorias, as exig&rcias de uma gestao virtuosa do erario pdblico, ao sentido do Estado e do bem ptiblico; ao respeito do ambiente, ao respeito devido as leis e as institui@es; ao sentido de just&a e de igualdade, ao respeito devido a vida, ao gosto pela verdade; poder-se-ia acrescentar a cultura da paz, o espirito de dililogo coma manifesta@o do pluralismo e do direito a diferensa, o respeito da mulher, dos fracas e dos pobres; a abertura ao mundo modern0 e a participa@o nos progressos universais; a confian~a em si, na Africa e na sua cultura; a vontade de participar no desenvolvimento do pafs coma agente active, consciente e responsavel.

a reforma dos sistemas educativos set-6 a ocasiao para OS pa&es africanos redefinirem, em materia de financiamento da educa@o, novas estrat6gia.s de parceria que consistem numa partilha dos encargos e das despesas de educa@o entre o E&do, as regiGes, OS departamentos, OS municipios, as comunidades rurais e as familias, em bases negociadas em comum e mutuamente aceitkeis. Estes encargos poderiam dizer respeito nao s6 aos sakios, aos abastecimentos, a cobertura sanitaria, aos equipamentos pesados, 2 mao de obra, aos creditos de funcionamento, 21 constru@o de salas de aula, ao material didactico, mas tambern a habita@o, a manuten@o das instala@es, etc. I? evidente que ta1 partilha de fun@es, de responsabilidade e de compromissos de fmanciamento devera implicar uma participaC5o efectiva de todos OS parceiros na defti@o dos objectives e tarnbern das fmalidades e estrategias a todos OS mveis. De qualquer forma, a estabilidade dos quadros encarregados da implementa@o desta reforma C condi@o indispensavel para a sua eficacia.

auanto ao corpo docente

26. Como urn dos obstaculos que OS sistemas educativos africanos terao de enfrentar para aumentar o indice de escolariza$Io 6 o custo do corpo docente, a Consulta recomenda que se recorra a brigadas do saber, a professores suplentes, para diminuir OS custos de forma@o. Na mesma ordem de ideias, 6 necessario explorar a possibilidade de criar urn service civic0 national destinado aos jovens diplomados que poderiam assim ensinar mediante uma simples indemniza@o, durante urn ano ou dois, ao serviso do Estado.

27. A Consulta recomenda, alem disso, que se explorem as possibilidades que oferece o sistema de classes corn dupla supl$ncia ou corn v6rios niveis. Preconiza tambem que OS orventos atribuidos a defesa e a seguranp sejam reduzidos em proveito da educa@o.

28. A Consulta solicita por outro lado aos governos que tomem as iniciativas apropriadas para que, at6 ao final do seculo, 5 % do produto interno bruto sejam consagrados a educa@o no &mbit0 de uma politica que tenha por objective

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desenvolver recursos humanos que permitam ter em conta OS imperativos do desenvolvimento.

ouanto a0 ensino formal e nao formal

29. De qualquer forma, a Consulta propoe que se garantam pelo menos a cada alum) que entra no circuit0 formal quatro anos de estudos elementares ininterruptos, para evitar o regress0 do analfabetismo . Este ensino devera, na medida do possivel, ser efectuado na lingua materna da crianca de maneira a assegurar urn ensino bilingue num idioma de maior comunicacao.

30. Como o ensino nao formal oferece maior flexibilidade para a introdu@o de noGoes coma a nutricao, a educa@o para a saude, a educa@o para o ambiente e a utilizacao das lmguas nacionais, devera ser desenvolvido e adaptado as necessidades dos jovens nao escolarizados e dos adultos, nomeadamente das mulheres em meio rural. Mas nao deve constituir urn sub-ensino desvalorizado pela sociedade e pela comparacao corn 0 sistema formal.

31. A Consulta aprova as conclusdes da Conferencia de Jomtien sobre a educa@o para todos e recomenda que se de prioridade a educa@o de base (20 % do orpmento poderiam ser-lhe destinados). A Consulta propoe que se adopte uma lei sobre a obriga@o escolar em todos OS paises onde ainda nao existe.

32. No ensino secundario, 6 desejavel que se de relevo a urn ensino geral de qualidade, susceptive1 de garantir uma maior adaptabilidade. 0 ensino secundlirio devem alem disso outorgar urn lugar importante ao ensino profissional e tecnico, evidenciando a variedade dos segmentos e a profissionaliza@o das formacoes a partir de urn perfil de entrada e de saida minuciosamente elaborado.

33. Quanto ao ensino superior, a Consulta salientou, por unanimidade, a sua importancia e a necessidade de garantir a sua qualidade. J? necessario revitalizar o ensino superior em vesperas do seculo XXI. Para diminuir o seu custo, a Consulta propoe que se recorra, para OS estudantes, ao financiamento privado e aos emprestimos para estudos, nao obstante qualquer outra pista interessante.

auanto a UNESCO

34. A Consulta considera alem disso que a UNESCO devem auxiliar OS Estados africanos a elaborarem urn programa de regionaliza@o do ensino superior e de cria@io de centres regionais de aperfei$oamento. Estas estruturas deverao corresponder as preocupacoes de autenticidade africana e as finalidades especifkas que lhes serao atribuidas em materia de contribuicao na solucao dos problemas que as populaciies encontram na area do desenvolvimento quotidiano.

35. A Consulta recomenda a cria@o de cadeiras de ensino dos direitos da pessoa humana corn a finalidade de desenvolver a cultura da paz e a democracia. Na mesma ordem de ideias, o papel das escolas associadas UNESCO neste sector especifico deve ser substancialmente reforcado.

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auanto a empresa nrivada

36. Para libertar o Estado de determinadas tarefas que ate aqui lhe haviam sido atribuidas, a Consulta recomenda que o papel das associacoes religiosas sem distin@o seja reconhecido em materia de educa@o. 0 mesmo devera ocorrer quanto ao papel do sector privado. Corn efeito, a educa@o devera ser uma quest50 que diz respeito a toda a na@o. Ora, a escola para todos tambem devera ser assumida por todos.

auanto as elites

37. A Consulta convida as elites a tomarem consciencia da necessidade de que cada urn invista nesta tarefa, aceitando restituir a escola e a sociedade o que uma e outra lhes haviam dado, ajudando por sua vez OS seus irmaos e irmais.

38. A Consulta, alem disso, salientou a necessidade de tirar proveito das vantagens que oferecem 0 ensino a distancia e as novas tecnologias.

auanto aos financiadores

39. A Consulta recomenda aos financiadores dos paises desenvolvidos que aceitem a conversao da divida e do seu reembolso para frnanciar a educacao, coma repara@o da divida moral que tern para corn OS Africanos.

40. Mais geralmente, a Consulta convida OS fmanciadores a mostrarem maior interesse p&s questoes de educa@o e propoe a UNESCO a fornecer aos paises africanos uma m5o de obra experiente em materia de assessoria no moment0 das negociacoes corn OS parceiros do desenvolvimento.

41. A Consulta nao deixou de saudar o importante papel desempenhado pelas OrganizacSes Nao Governamentais (ONGs), grupos de homens e mulheres corn origens variadas, cuja colaborac;ao foi muitas das vezes benefica para o continente. As suas interven@es foram visiveis em todos OS sectores, a todos OS nfveis e em todas as circunstancias sob a forma de uma parceria satisfat6ria de muitos pontos de vista.

auanto as outras agencias do sistema das Nacoes Unidas

42. A outro nivel, as propostas da consulta “A Escuta da ki-icaf’ corn vista a uma solucao correcta dos problemas da escola e da universidade para a Africa de amanha, deverao ter em conta as prientacoes do Plano de ac@o revisto apli&vel a nivel das Na@es Unidas para a recupera@o economica e o desenvolvimento de Africa, que acaba dc adoptar a Assembleia Geral das Na@es Unidas atraves da sua resolu@o A/49/L.44/Rev.2, de 22 de Dezembro de 1994. Este plano de accao salienta a importancia da investiga@o, do ensino superior, do interc%nbio de informacoes, da cooperac;ao interuniversitaria, da promocao da qualidade e da inova@o, ja sem falar dos esforGos a realizar no ambito da educa@o preventiva para evitar o SIDA. A este respeito, a UNESCO deve desempenhar urn papel de agencia de

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coordena$Zo na implementa@o do programa prior-it&-io “Desenvolvimento dos recursos humanos e cria@o de capacidades” pelo sistema das Na@es Unidas.

43. Por tim, a Consulta recomenda que o auxflio alimentar seja utilizado coma recurso que permita ajudar e aliviar a crianga corn fome e convida o Programa Alimentar Mulldial (PAM), a Organiza@o Mundial da Sa6de (OMS) e a Organiza@o das Nac;c?es Unidas para a Protec$io da Infkcia (UNICEF) a intervirem neste sentido.

44. A import$ncia do desenvolvimento das linguas africanas, de forma a que o ensino, OS meios de comunica@o, OS jornais, etc. possam atingir as popula#jes. Temos de recomendar & UNESCO e aos Estados membros a cria@o de centres de investiga@o e de academias de linguas para desenvolver as linguas, a tim clue a educa@o, a pertin?ncia, a compreensllo, a autoconfiaya, etc. provenham da utiliza@o da prbpria lingua ao falar corn as m%es, OS pais, OS professores, etc.

II - CIi?NClA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DURADOURO - A AFRICA E 0 MUND~

45. A ComisGio II reflectiu sobre o tema ciZncia, tecnologia e desenvolvimento duradouro para a Africa e o mundo. Partindo da ideia de base que, apesar das sua diversidade, OS pa&es africanos tern em comum problemas que lhes impc7em a necessidade de se unirem para definir as suas estratigias comuns, a Consulta fez quest%) de afinnar h palTida que o dominio da leitura, da escrita e do c5lculo era o prC-requisito indispenshvel para o sucesso da aprendizagem das cihcias e da tecnologia. Apcis ter formulado este principio, a Consulta afirmou que a forma@o dos professores primkios para o ensino das ciencias era urn factor importante. 0 mesmo ocorre quanta h necessidade de dispor de uma massa clitica de investigadores.

46. Passando depois ao exodo dos quadros (30.000 Africanos titulares de Ph.d vivem fora do continente), a Consulta identificou as suas causas antes de propor ks autoridades a cria@o de urn meio cientifico e tecnol6gico incentivante, seguro e fecund0 e clue oferec;a aos investigadores africanos todas as condi@es de um desenvolvimento integral que permitindo urn regress0 rApid dos emigrantes aos seus pa&es de origem.

47. Abordando em seguida a questk~ da modicidade dos recursos, a Consulta recomenda que OS meios sejam postos em comum, bem coma o reforc;o dos intercsmbios, a coopera@?io cientifica a nivel regional e sub-regional e a constitui#o das redes. Salientou alCm disso a urgencia que hg em vulgarizar a ciencia e a tecnologia, corn a finalidade de as par ao alcance do grande ptiblico.

48. Naturalmente, a Consulta propas, na 5rea especifica da cikia e da tecnologia, que se fomentem centres de aperfei$oamento em que OS cientistas e OS investigadores possam beneficiar de uma forma@o, nas iireas prciprias B Africa em particular e 110s paises do Sul em geral.

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49. Tratando-se da investiga@o, a Consulta recomenda que nao se vincule obrigatoriamente a ciencia e a tecnologia ao meio ambiente, mas que se concentrem OS esforqos na produ@o de generos alimentfcios, na energia solar e nas fontes de energia renovaveis, na pobreza nas zonas rurais, na saude, na higiene, na alimenta@o e no alojamento. A Consulta recomenda corn insist&-rcia que as mulheres sejam mais amplamente associadas as actividades cientificas e tknicas, que as ONGs que ocupam estes segmentos sejam fmanceiramente apoiadas e que se faca todo o possivel para parar progressivamente a dependencia cientifica e tecnoldgica maci$a da Africa, ajuda-la a obter metodicamente todos OS conhecimentos uteis, todas as informa@es cientfficas e tecnoldgicas dispomveis no mundo, a recuperar de forma crftica e responsavel OS seus proprios conhecimentos tradicionais e a corrigir as relacoes internacionais de produ@o cientffica.

50, A Consulta recomenda ta.mbCm aos dirigentes que se certifiquem que o vinculo entre a investiga@o cientifica e a produ@o industrial seja sempre estabelecido. Reconhece o papel active que incumbe ao sector privado no fmanciamento da investiga@o cientifica.

51. Tratando-se da livre circula@o da informa@o, a Consulta preconiza que se recorra as novas tecnologias da informa@o para aperfeiqoar a comunica@o no mundo cientffico africano e observa que o ensino a distincia oferece possibilidades concretas nesses sectores.

Recomenda@es aos governos africanos

52. Dirigindo-se mais particularmente aos governos africanos, a Consulta recomenda a elabora@o de uma politica cientika coerente, bem coma a de urn plano de ac@o concrete a nfvel national e regional:

promo@0 a nivel do continente africano do ensino, da ciencia e da tecnologia a partir da escola primaria e dos centres de aperfeicoamento;

concretiza@o da determina@o politica de promover a ciencia e a tecnologia, sob a forma de bolsas, e a nivel dos estabelecimentos de ensino superior, tendo em conta o principio da igualdade das oportunidades e dos sexos ;

melhoramento, desenvolvimento e diversificaGao das infra-estruturas corn vista a alcanF a autonomia e a auto-sufici&rcia em materia de ciCncia e tecnologia ;

incentive a novas formas de auxilio adequadas e duradouras para OS investigadores e as equipas de investigadores africanos, corn vista a passar dentro do prazo de dez anos, da percentagem actual (urn investigador para 4.000 habitantes) a de urn investigador para 1.000 habitantes. Por conseguinte, sera necessario reforc;ar OS esfor$os ja despendidos nesta area pela UNESCO, pelo Banco Mundial e pela Unitio Europeia;

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dado o papel que o livro desempenha no ensino, na formac;ao, na investiga@o, na informac;ao geral e especializada, na express50 espiritual e cultural, a Consulta recomenda h UNESCO e aos paises africanos que concedam prioridade ao dominio da cadeia de fdbricacao (e de difusao) do livro em Africa, pelos Africanos, a tim de favorecer o process0 de autonomia face as produ@es externas;

a institucionalizacao de uma cultura da manutencao;

assegurar-se de que, at6 ao final do &culo, pelo menos 0,4 a 0,5% do PIB de cada pais africano se destinem 5 investiga@o para o desenvolvimento;

53. A Consulta recomenda por fim aos governos africanos que se esforcem par facilitar o acesso dos investigadores e dos professores universitirios africanos aos bancos de dados atraves das redes informaticas, proporcionando-lhes parceiros apropriados. A Consulta consider-a que incumbe aos governos africanos a implementacao das auto-estradas da informaeo cientifica e tecnol6gica indispensaveis para permitir aos investigadores africanos a comunica@o entre eles por urn lado, e por outro lado corn seus colegas das outras regioes do mundo.

A UNESCO e aos outros organismos de coopera@o tknica

54. A Consulta recomenda :

promover opera@es de gemina@o entre institutos e laboratorios de investigacao corn vista a estabelecer parcerias cientificas vihveis entre as comunidades cientificas do Norte e do Sul e entre as do Sul, nos sectores que OS interessam;

reforcar a accao dos organismos, das associacoes, das fundacoes e das academias corn vocacao cientifica, que se esforcam por dar maior visibilidade h investigacao em Africa, ultrapassando as barreiras linguisticas dentro e fora do continente, e OS obstkulos ligados 2s insuficiencias em materia de comunica@o;

contribuir para a detini@o de urn novo modelo de desenvolvimento endogeno orientado para as necessidades prioritarias das populacoes e concretamente realizavel, baseando-se nas suas proprias forcas;

a promocao a nivel do continente africano de mecanismos de luta contra as calatnidades naturais;

contribuir alem disso para a criac;ao de uma rede de informacoes fdcultando aos paises africanos o acesso 2 informa@o electronica. Incentivar por outro lado, a cria@o de redes sub-regionais atravh de serviqos electrhicos de mensagens;

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criar urn banco de dados e urn repertdrio dos institutos e redes de investiga@o existentes em Africa, corn a finalidade de facilitar a comunica@o e a troca de informa@es entre OS cientistas africanos. A Africa t urn todo. Este dado deve ser interiorizado por cada urn;

contribuir para a melhoria das condi@es ou para a cria@o de centres de aperfeicoamento e de programas de bolsas para o efeito;

fornecer urn auxilio substantial h mulheres cientistas dos pa&es africanos, nomeadamente atraves do sector africano da Organiza@o das Mulheres Cientistas do Terceiro Mundo (TWOWS);

dar prioridade B ciCncia e & tecnologia em Africa durante o pr6ximo exercicio bienal, e durante toda a vighcia da estratkgia a mkiio prazo da UNESCO. A este respeito, as aplica@es da energia solar e das outras fontes de energia renovfivel para urn desenvolvimento duradouro e a protec$io do ambiente devem ser alvo de particular interesse, mediante a instaura@io de urn programa solar africano;

solicitar ao PNUD que 3 % das verbas nacionais africanas sejam reservados ti investiga@o e ao desenvolvimento;

prosseguir OS esforCos para mobilizar OS recursos extra-orcamentais 110 Bmbito do Fundo lanGado pelo Director-Gem1 para o desenvolvimento das ciencias e da tecnologia em Africa.

III. REGIONALIZACAO E DESENVOLVIMENTO

55. No 2rnbito da Comissao III, a Consulta debruGou-se pormenorizadamente sobre o tema intitulado regionaliza@o e desenvolvimento.

56. Ap6.s ter afirmado novamente que o meio intemacionsl se caracteriza pela tendencia para a cria@o de grandes conjuntos regionais e de vastas zonas de comkrcio livre por urn lado, excluindo por outro lado OS pa&es mais pobres do comkrcio intemacional, e, por fim, a concentraC2o dos interctibios mundiais nas m%os da triade Estados Unidos - Europa - Japgo, a Consulta afirmou as suas convic@es de que OS micro-nacionalismos, as tens6es &nicas e comunitirias, as guerras civis, o exodo rural, OS movimentos de popula@o e a explos2o demografica 60 factores que militam a favor de uma coopera@o regional concebida coma urn factor determinante para a paz e a estabilidade do continente e uma condi$io indispensivel para o seu desenvolvimento.

57. A Consulta tomou perfeitamente consciencia do facto que a regionaliza@o sup6e a cria#o de urn clima de confianca, de solidariedade, de tolerhcia e de respeito mtituo dentro de cada Estado africano por urn lado e entre todos esses Estados por outro. Alkm disso, ela postula o respeito dos compromissos assumidos no 2mbito de um Estado de direito que se baseia na forp da lei. A partir das bases

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assim definidas, a regionaliza@o ser6 da compet&ncia das popula@es interessadas. Perrnitira entzo que todos OS Africanos aprendam a viver juntos, a conhecer-se, a respeitar-se, a falar-se, a conviver, a trabalhar em comum, a trocar bens e serviCos, a comunicar independentcmente da lingua, da rcligiao, da etnia ou da car da pele.

58. Abordando a estratkgia a implementar, a Consulta salientou a necessidade de realizar projectos comunit&ios baseados na proximidade geogrifica ou noutros critkios, de apoiar todas as institui@es comuns que tenham dado provas da sua eficiencia e de agir para aumentar a efickia das que sgo necesstias ao futuro do continente africano, embora sofram difkuldades passageiras.

59. A Consulta considera que a integra@o africana deve ser concebida de maneira pragm&ica, procedendo-se a transfercncias de responsabilidade e de soberania em favor das institui@es comuns, reforsando a coopera@o inter-africana, e a que deveri ser estabelecida corn as comunidades de origem africana dos outros continentes, sem esquecer a coopera@o horizontal Sul/Sul. Neste gmbito, a consulta “A escuta da hrica” aceitou a resolu&o da 49a sess2o da Assembleia Geral de convocar uma reuni2o de urn Grupo de peritos inter-governamentais sobre a coopera@o Sul-Sul em 1995.

60. A Consulta ref-lectiu pormenorizadamente sobre a necessidade de dar urn lugar no esquema de integra@o ao papel da sociedade civil coma protagonista do desenwlvimento, bem coma ao lugar que deve ocupar nos processes de decisso.

Recomenda@es aos governos africanos

61. Dirigindo-se mais particularmente aos governos africanos, a Consulta recomenda :

que se apoie corn efickia a ac@o das institui@es continent& tais coma a OUA, a CEA, o BAD, pagando as contribui@es, executando as suas resolu@es e recorrendo aos seus nas suas Qreas de competencia, a fim de lhes conferirem a autoridade necesskia;

prescrever a obriga@o para cada quadro africano de praticar pelo menos duas linguas de trabalho;

m generalizar a publica@o e a explora@o dos resultados das investiga@es nas linguas transfronteiriCas ou nas grandes linguas regionais africanas;

prosseguir a elabora@o e a execu@o de projectos sub-regionais e regionais nos sectores da educa@o, da ciencia. da cultura, da comunica#o e do desenvolvimento social;

efectuar urn levantamento das institui@es africanas de forma@0 de investigaqdes no knbito de uma melhor gestr?o da regionaliza@o.

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62. Depois de terminar esta etapa, ser6 necessdrio optimizar essas institu@es transformando aquelas que forem mais eficazes em centres regionais de aperfeiCoamento em temas especificos, esfor$ando-se em particular por:

decretdr, aplicar e fazer respeitar uma verdadeira politica de circula@o de bens e de pessoas;

asseyrar a forma@0 dos agentes encarregados da aplica@o desta politica num espirito de integra@o, de solidariedade e de fraternidade africana;

par definitivamente termo hs medidas destinadas $I expuls%o dos Africanos instalados noutro pais africano, facilitando a regulariza@o da situa@o das pessoas que Go estejam em conformidade corn as leis existentes;

incentivar a cria@o de empresas baseadas em parcerias africanas;

desenvolver, na k-ea da forma@o, da infra-estrutura, da comunica@o, etc., projectos integradores para lhes reduzir o custo e optimizar a efickia;

incentivar, facilitar e promover OS inter&rnbios de todos OS tipos entre as autarquias territoriais africanas;

elaborar e executar em comum a nivel regional ou sub-regional, estrat&ias de protec@o do ambiente, de explora@o em comum dos recursos naturais, nomeadamente nos sectores da energia, da hgua, das florestas, etc.

Recomenda@es hs elites intelectuais e politicas, & sociedade civil e As autarquias territoriais

63. Dirigindo-se mais particularmente a essas categorias, a Consulta recomenda- lhes:

,

que invistam corn determina@o e confianc;a na participago popular para o hito da integraeo, explicando-lhes as razdes, as vantagens e as consequSncias em termos de solidariedade, de coopera@o, de intercknbios mutuamente benSicos e de complementaridade;

,’ .’

_‘, : . .

que participem no aprofundamento da democracia a nivel national e regional, na promoC5o da tolersncia graqas 11 educa@o. na forma@0 dos cidadgos no dmbito de uma promo@0 da cultura da paz, que permitira sem d6vida urn melhor conhecimento das obriga@es, dos deveres e dos direitos de cada urn, uma melhor cornpreen& entre Africanos, garantindo uma convivencia serena e construtiva ;

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que recusem qualquer participa@o em actividades micro- nacionalistas, quaisquer exalta@es inconsequentes do sentiment0 national, qualquer politica de exclus5o dos outros Africanos, quer seja tribal, hica, linguistica, racial ou religiosa.

Recomenda@es dirigidas hs empresas privadas

64. Dirigindo-se Bs empresas privadas, a Consulta considera que devem desempenhar urn papel estrategico no exit0 do process0 de integra@o. Para al&m dos govemos e da sociedade civil, as empresas privadas devem conhecer-se, estabelecer normas de trabalho fundadas na eonfianp, na probidade moral, no respeito dos compromissos, no gosto pela eficiicia, na observa@o das regras e normas estabelecidas. Alkm disso, devem p8r em comum as suas informa@es, as suas experikkcias, OS seus capita+, OS seus quadros, as suas infra-estruturas, para realizar joint-ventures e explorar todas as pistas possiveis de coopera@o em todos OS dominios.

Recomenda@es & OUA, B CEA, ao BAD

65. A Consulta recomenda % OUA, B CEA e ao BAD que procedam ao inventirio exaustivo e 5 avalia@o critica das institui@es regionais’ e sub- regionais existentes, a fim de consolidar aquelas que tiveram OS melhores resultados e de propor as medidas adequadas destinadas a recuperar ou a suprimir as que apresentarem lacunas no seu funcionamento. Considera que esses tr2.s organismos devem efectuar todos OS esforgos necesstiios para obter Exito nas suas missdes ao serviso do continente.

Recomenda@es 1 UNESCO

66. A Consulta convida a UNESCO a colaborar corn a OUA, a CEA e o BAD no process0 de realiza@o do Plano de Lagos e no esforqo a promover para a realiza@o concreta e a implementa@o efectiva do Tratado de Abuja que institui a Comunidade Econhica Africana.

67. A Consulta solicita ao Director-Geral que procure o apoio financeiro neceskio aos centres de aperfei$oamento africanos.

68. Incentiva o desenvolvimento dos mercados culturais africanos mediante a procura, junto corn as autoridades locais, do financiamento que permita a cria$io das infra-estruturas de que as popula@es necessitam.

69. Recomenda, alCm disso:

a contribui@o da UNESCO para a cria@o de urn programa de AFROSAT corn vista a promover o interctibio de produtos culturais;

a intensifica@o da politica das redes na k-ea de competencia da UNESCO;

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a procura junto dos financiadores de meios extra-orgamentais clue permitam a cria@o de uma universidade africana atravks de satklite, destinada a desenvolver a cisncia e a tecnologia no continente.

- a contribui$io da UNESCO na organiza@o da nova Conferhcia de Berlin1 para combater a fragmenta do continente, o micro- nacionalismo, as guerms inter-t5tnicas e a divisk) da Africa em zonas de inflkncia.

Recomenda@o hs ag&ncias do sistema das Na@es Unidas

70. A Consulta recomenda as ag6ncias do sistema das Naqdes Unidas que se mantenham ao lado da UNESCO para apoiar sob formas mtiltiplas, nos sectores em que 60 competentes, OS programas sub-regionais e regionais iniciados pelos Estados africanos e as institui@es comuns que constituem as suas estruturas de acolhimento.

Recomenda@es SI comunidade financeira international

71. A Consulta recomenda B comunidade financeira international que d$ prioridade absoluta ao financiamento dos projectos de integra@o regional em Africa.

72. Que atribua, durante urn dednio, 0,7 % do PNB dos paises industrializados ao auxilio ptiblico, ao desenvolvimento da Africa em conformidade corn as resolu@es das Nac;Bes Unidas. Dirigindo-se mais especificamente ao Fundo Monet&-io International, a Consulta solicita-lhe que outorgue aos Estados africanos uma verba substantial sob a forma de direitos de tiragens especiais (facilidades ampliadas) para enfrentar OS problemas causados pela implementa@o de uma nova politica de desenvolvimento baseada na edifica@o de uma integra@o regional que abre perspectivas de coopera@o reforCada e promessas de crescimento f’uturo.

IV. COMUNlCACiiO E DESENVOLVIMENTO NO MET0 RURAL. A DIMENSAO CULTURAL ~0 DESENVOLVIMENTO ER/I AFRICA

73. A Comiss5o IV da consulta “A escuta da Africa” foi encarregada de examinar OS seguintes temas: comunica@o e desenvolvimento em meio rural: a dimenstlo cultural do desenvolvimento em Africa.

74. A0 avaliar a situa@o da comunica@o em Africa, a Consulta observou o seu fraco desenvolvimento e a sua implica@o limitada 110s esfor$os de desenvolvimento dos paises africanos. Neste sector. h6 um dtYicit proveniente do baixo nivel de prioridade concedido & comunica@o pelos governos africanos e & insuficikcia dos recursos destinados ao seu desenvolvimento.

75. Partindo desta observac;Bo, a Consulta proclamou o papel vital da comunica@o em todos OS aspectos do desenvolvimento e da actividade rural. Considera que este sector deve ser elevado B categoria de prioridade absoluta em

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todos OS sectores, dado que n3o pode haver desenvolvimento rural sem estratkgia de comunica@o levada a cabo corn inteligsncia e efickia.

76. Passando depois aos problemas do desenvolvimento de uma imprensa privada independente e pluralista em kica no decorrer destes liltimos anos, a Consulta, apesar de se regozijar corn o ntimero crescente de jornais e de esta@es de ridio, n5o deixou de realGar a insuficikkcia do contetido, o seu impact0 rest&o As cidades, as dimens2jes modestas de urn corpo de leitores essencialmente urbano. Esta observa@o levou a Consulta a defender a promo@o de uma imprensa independente em Africa, preocupada corn a qualidade das informa@es que divulga, tanto a nivel do contetido coma da apresenta@o. A Consulta considera que se devem implementar rapidamente, por iniciativa da UNESCO, programas de forma@0 destinados ao pessoal interessado. Abordando depois a quest20 fundamental da comunica@io em meio rural, a Consulta salientou o interesse que apresenta a intensifica@o dos esfor$os destinados a criar maior ntimero de jornais e de rklios comunitirios em zonas rurais. Estes instrumentos seriam evidentemente geridos, na medida do possivel, pelas popula@es envolvidas. Na mesma ordem de ideks, a Consulta salientou a necessidade de promover uma comunica@io participativa ao servi$o do desenvolvimento.

77. Quanto A responsabiliza@o das mulheres no sector da comunica@o, a Consulta salientou a necessidade de reforc;ar OS esforCos jh empreendidos para aumentar o papel nomeadamente sob a forma do acesso aos meios de comunicac;ilo social, mas tambCm da participa@o na gestso e no funcionamento dos jornais e das esta@es de ridio, tanto em meio urban0 coma rural.

78. No capitulo dos meios de comunica#o tradicionais, a Consulta realgou a importgncia do teatro popular, dos contadores, dos cores e dos grupos de cantores tradicionais. Aprecia o trabalho desses grupos, bem coma o papel que desempenham na revitaliza@o da cultura e na promo@0 de uma comuuica@io activa baseada em valores culturais. Observou por outro lado que as exposi@es e OS museus cram veiculos eficaws de transmiss2o da inforrnaG5o. 0 mesmo sucede corn OS serviqos postais, cuja interven@o permite a difus5o dos jornais a custos menos produtivos, inclusivamente nas zonas rurais. fi 6bvio que se lamentou a total dependhcia da Africa no campo da fabrica@ e da venda do material de comunica#o. OS protagonistas econ6micos afiicanos foram incentivados a investir neste sector para romper o monop<ilio exercido por forGas externas exercem sobre este material estratkgico.

79. Analisando depois o papel da comunica@o na democracia, a Consulta pediu 2 imprensa africana que contribuisse na medida das suas possibilidades, para a promo#o da democracia grac;as a urn &dig0 de born comportamento baseado em normas de govern0 sem qualquer autoritarismo ou opacidade. Para tanto, a Consulta considera que ;L liberdade de imprensa deve ser vigorosamente proclamada por todos OS Estados africanos e a protec@o dos jornalistas garantida por meio de medidas concretas e efectivas. A Consulta felicita o Director-Feral pelas actividades da UNESCO neste sector e incentiva-o a prosseguir nesta via.

80. Por fim, a Consulta, ao verificar o fosso em mat&a de comunica@o existente entre o continente africano e OS pa&es desenvolvidos, considera que OS dirigentes, o

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sector privado e OS empresarios da imprensa devem investir no sector das novas tecnologias da comunica@o, cujo dominio constitui urn impulso vigoroso na via do desenvolvimento.

Recomenda@es A UNESCO

81. Depois de afirmar estes principios, a Consulta recomenda:

que a UNESCO e as outrds organiza@es internacionais c;ooperem corn OS governos africanos para definir uma politica que faqa da comunica@o urn objective priorit&-io e fundamental do desenvolvimento;

que a UNESCO, em colabora@o corn outras organiza@es internacionais, convoque urn semi&i0 regional, 2 semelhanga do de Windhoek, ao qua1 seria confiada a missso de reflectir sobre a promo@o da comunica@o rural em hrica;

que a UNESCO, as outras organiza@es intemacionais e OS doadores bilaterais proponham OS seus serviCos aos governos africanos corn o fim de modificar OS programas e OS curriculos em vigor nas escolas de jornalismo em Africa e nos institutos de forma@0 para as profiss6es da comunica@o, tendo a preocupa@o de introduzir m6dulos relativos A forma@0 do pessoal que vai trabalhar em meio rural;

que a UNESCO alargue o seu programa de desenvolvimento e de produ@o de material de comunica@o a nivel local e fomec;a aos governos africanos, em colabora@o corn as outras organiza@es competentes, ajuda para a organiza@o de insta.la@es destinadas g produ@o deste tipo de material;

que a UNESCO convide OS govemos a fazerem todo o possivel para reforGar qualquer programa, destinado a facilitar o acesso da mulher aos meios de informa@o nomeadamente nas comunidades rurais:

que a UNESCO convide OS governos africanos a consagrarem mais recursos ao desenvolvimento da comunica@io.

que OS govemos africanos intensifiquem a utilizaG%o dos meios tradicionais de comunica@o ao serviso do desenvolvimento, nomeadamente dentro das comunidades rurais.

que, para parar corn a marginaliza@o do mundo rural, a UNESCO fomente OS centres de desenvolvimento e de cultura consagrados g difuszo do saber e aos interc$mbios de conhecimentos em meio rural, integrando a tradi@o oral e as

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praticas tradicionais na escrita, na leitura, na impress50 e no audiovisual.

82. Abordando depois a dimens cultural do desenvolvimento em Africa, a Consulta quis reafirmar a necessidade que a Africa e OS Africanos tEm de dar provas de independhcia e de iniciativa de pensamento e de ac$ao nos campos da reflexao, da inven@o, da produ@o de ideias, de conceitos, de valores, de simbolos e de referCncias.

Recomenda@es aos governos africanos

83. A Consulta convida de novo todos OS pa&es africanos a elaborar OS seus quadros de valores, para deles fazer a base e a inspirac;ao do seu desenvolvimento, e recomenda :

que suscitem, promovam,e facilitem a participa@o do sector privado, dos bancos, das companhias de seguros e dos mecenas no desenvolvimento cultural, adoptando as medidas apropriadas, incluindo incentives fiscais:

que tomem medidas concretas, urgentes e eficazes corn vista a proteccao dos arquivos e a promocao e salvaguarda das bibliotecas e dos museus;

que colaborem corn o sector privado, corn o objective de estabelecer indristrias culturais corn0 instrumentos de promocao do desenvolvimento cultural, de criacao de empregos e de promo@0 da indtistria turistica;

que deem neste 2mbito uma import8ncia especial a musica africana que se tornou uma actividade economica de primeiro plano, organizando nomeadamente urn festival pan-africano de musica;

que atribuam uma maior prioridade a cultura e ao seu desenvolvimento, aumentando sensivelmente a percentagem dos recursos nacionais destinada ao desenvolvimento da cultura;

que convidem as administracoes cientfficas nacionais e OS organismos cientfficos nacionais, regionais e internacionais a identificar, estudar, proteger e fazer conhecer o patrimonio cultural africano corn as suas facetas arqueolbgicas, arquitectonicas, dcnicas e espirituais;

que estimulem a dimensao cultural no desenvolvimento a nivel das politicas de planifica@o, das estradgias, da implementa@o, bem coma do acompanhamento e da avalia@o dos projectos;

que desenvolvam a cultura da democracia, associando todas as camadas da sociedade a forrnulacao das politicas, a programacao, a

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concepcao, a implementacao, ao acompanhamento e 3. avalia@o dos projectos;

que estimulem a forrnulacao e a implementacao de medidas concretas em proveito da participa@o das mulheres coma vectores estrategicos no desenvolvimento integrado das sociedades ;

que instituam urn sistema de micro-crklito para promover o artesanato.

OS participantes na consulta “A escuta da Africa” recomendam a inscricao do tema do combate a pilhagem, ao roubo e ao trafico ilkito do patrimonio cultural africano na agenda da proxima reuniao da Cimeira dos Chefes de Estado africanos

84. Dirigindo-se a UNESCO, a Consulta recomenda-lhe:

que explore a oportunidade de inscrever no seu programa a cria@o de urn col&io africano da cultura e do desenvolvimento para construir e consolidar as capacidades humanas e institucionais da Africa no que respeita a dimensao cultural do desenvolvimento;

que estude a possibilidade de elaborar urn acordo geral sobre a cultura e o desenvolvimento.

OS participantes na Consulta pedem ao Director Geral da UNESCO de prever urn estudo de factibilidade relativo a urn project0 de Conven@o sobre a protec@o do patrimhio cultural mobilih-io corn interesse geral.

OS participantes pedem ao Director Get-al da UNESCO de apoiar o programa AFRICOM relativo aos museus africanos.

85. A Consulta convida nor fim OS E&ados africanos a porem em comum OS meios de que disp6em no ambito de uma pohtica de integracao regional para, por urn lado, assinar acordos sub-regionais de turismo cultural e, por outro lado, empreender a produ@o de filmes e a produ@o de outros produtos culturais.

V. DEMOCRACLA A0 OUOTIDIANO E DESENVOLVIMENTO - A CULTURA DA PAZ

86. Tratando-se agora da questao relativa a democratizacao ao quotidiano, por urn lado, e a da cultura e da paz por outro lado, a Comissao V notou que o triunfo da liberdade e a aspiracao a democracia que se manifestamm em todo o mundo durante estes ultirnos anos, marcaram fortemente a atmosfera e o espirito da consulta <‘A escuta da Africa”. Apes ter notado que a democratizacao era a ordem do dia em toda a

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parte e em todo o continente, a Comissao V pas em relevo que 0 process0 desencadeado conheceu indiscutivelmente sucessos fabulosos, pois permitiu que povos ainda ontem estavam fechados no seu mutismo, na sua resignacao e na sua submissao, levantassem a cabeca e pressionarem OS governos, impondo-lhes novas rela$oes de forca.

87. Ditaduras que at6 entao se julgavam invenciveis, vacilaram antes de can-em. OS jovens, as mulheres, OS trabalhadores e a’ sociedade civil evidenciaram-se e tomaram o lugar de oligarquias corruptas e endurecidas que tinham raptado OS recursos dos seus paises durante dednios, sem se preocuparem minimamente corn a ruina da economia, corn as pilhagens das riquezas e corn o descontentamento social.

88. As conferencias nacionais impuseram transformacoes historicas. Em certos pafses, realizaram-se transic6es democraticas sem violencia.

89. Noutros lugares, o process0 democratico esta a desenrolar-se num context0 de fragilidade extrema devido, em particular, a falta de uma cultura democratica, a vivacidade e antagonismos tribais e etnicos, a fraqueza dos novos parlamentos e a persistencia de integrismos e de manifestacdes de violencia.

90. Esta situacao nao impediu a Consultz de afirmar que a liberdade continua a ser urn dado fundamental e que o imperativo democrirtico se& sempre urn objectivo essential em Africa. Tera de constituir a base das democracias nascentes. 6 uma garantia de paz, do respeito e da defesa dos direitos humanos.

91. Apes ter examinado as tarefas a levar a cabo para a promocao de uma cultura democratica a todos OS nfveis, graCas a educa@o, e as accoes a promover para reforcar o poder dos cidadaos face a prepotencia do Estado, a necessidade de dar as mulheres e aos jovens o lugar que lhes C devido na defesa dos valores democraticos, a Consulta entendeu que a promocao de uma sociedade democratica implica que a corrup@o seja combatida sem descanso, rompendo a cadeia de cumplicidade entre OS corruptores, OS corruptos e OS receptadores que desviam o dinheiro dos pobres, branqueando o da droga e da especulacao e beneficiando de proteccoes ocultas.

92. A Consulta explorou depois OS novos moldes de repensar a democracia em Africa, antes de se debrucar pormenorizadamente sobre a cultura da paz.

A Consulta pede que:

1. A UNESCO,

91. Considerando que a histh-ia e a cultura africana devem ser utilizadas coma fontes principais de inspiraeo democr6tica em Africa:

(a> denuncie OS ditadores em Africa coma inimigos da paz e da democracia;

(W insista junto dos Estados africanos para que estabelegam entre eles e a sua sociedade civil, urn contrato social corn base no qua1 esta devera, a

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partir de agora, ser associada a concep@o, formulacao e implementa@o das politicas nacionais;

cc> peca ao Director-Geral que convide urn grupo de peritos africanos para prepararem urn pacto africano sobre a democracia, o govern0 e o respeito dos direitos fundamentais dos humanos, que sera submetido, para aprova@o, a Conferencia Geral aquando da sua 28” sessiio.

Cd) peca corn forca a UNESCO para ajudar a criar meios de comunica@o social alternativos et independentes nos lugares em que OS governos dispoem de dominio absoluto dos meios de comunica@o;

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apoie OS esforcos dos Africanos corn vista a promocao de centres de investiga@o que permitam compreender melhor a dinknica das culturas africanas, corn vista a inscrev&las numa perspectiva de desenvolvimento favoravel a democracia e a paz;

favoreca o papel dos institutos de investigacao e das universidades na redefmi@o das politicas e das estrategias de desenvolvimento baseadas no desenvolvimento e na paz;

proceda a uma avaliacao rigorosa do impact0 das reformas economicas e das suas consequencias culturais nos jovens e nas mulheres;

vele pela qualidade dos investimentos culturais e dos programas de desenvolvimento cultural corn a participa@o de grupos vulneraveis;

participe plenamente em todos OS programas consagrados h educa@o para a democracia atraves da escola, coma laboratorio de ta1 ac@o;

prossiga OS esforGos corn vista a fazer avanpr a ideia de desarmamento em kica em rela@o estreita corn o desarmamento mundial;

participe na constitui@o de urn sistema de alerta previo, de preven@o e de solu@es dos conflitos;

de OS meios necesskios as ONGs que actuam no campo da defesa e da proteccao dos direitos das pessoas;

apoie as investigacoes interdisciplinares e interestaduais sobre a paz e a guerra, corn o fim de estabelecer uma ponte entre OS universitkios e OS governos;

faca todo o possivel para que se publique a Historia Geral da krica nas principais linguas africanas e nas linguas de comunica@o intetnacional (franc&, arabe, portugues), a fim de dar a conhecer OS recursos do passado cultural africano;

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(0) edite uma obra didWica sobre a cultura da paz;

(P) redinamize as suas comissoes nacionais, OS clubes UNESCO, as escolas associadas, as ONGs, as associaqoes privadas, publicas e outras, de forma a que se tornem verdadeiros estafetas das suas ac@es in loco;

2. Tratando-se da OUA, a Consulta propoe que esta organiza(;ao continental :

(a> se interesse mais a situacao dos Africanos sempre que seus direitos mais elementares sao desrespeitados e vele por que OS problemas da Africa sejam resolvidos prioritariamente pelos pr6prios africanos sem qualquer ingerencia externa;

(b) de a sua assistincia as associa@es que realizam, in loco, micro- projectos sobre o direito das pessoas em proveito das populacoes;

cc> obrigue OS lideres politicos africanos que n5o foram democraticamente eleitos a organizarem elei@es e a submeterem-se ao sufragio popular num prazo que nho deve exceder dois anos a partir da data da presente recomenda@io.

3. A Consulta pede h comunidade international que retire qualquer auxflio aos regimes ditatoriais.

4. Quanto 5s Na@es Unidas, a Consulta recomenda-lhes:

(a) que elaborem, sob a direccao da UNESCO, urn programa regional de educacao para a cultura da paz e para a prevencao dos conflitos em kica, baseado em investigacoes empiricas;

(b) que alarguem a no@o de paz contida na sua Carta de forma a que qualquer ameaca do Estado a paz civil e a concordia national seja considerada uma ameaca para a paz e a seguranca international;

5. Tratando-se dos Estados, a Consulta recomenda-lhes:

(a) que proporcionem as mulheres oportunidades iguais as dos homens no acesso a fun@es de direccao, de concepcao e de decisao a todos OS niveis das instituicoes e das administra@es publicas ou privadas;

(b) que implementem concretamente a plataforma de accao adoptada na Conferhcia regional de Dacar preparath-ia para a quarta Conferencia mundial de Pequim sobre as mulheres.

6. 0s participantes na Consulta:

(4 pronunciam-se contra a utilizacao da religiao e da etnicidade corn fins politicos e terroristas e apelam para o desenvolvimento dos valores

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(b)

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(4

morais e religiosos e da Ctica coma elementos e fermentos fundamentais da cultura da paz;

pretendem que a consulta “A escuta da k-ica” seja sancionada por uma declaracao especial sobre o genocidio no Ruanda, condenando fiiemente OS actos de terrorism0 de que sao vitimas populacoes egipcias e argelinas e OS actos de destruicao contra estabelecimentos ptiblicos, em particular escolares e universitkios;

saudam OS esforcos feitos pelo Govern0 angolano corn vista a apressar a concordia e a reconciliacao national corn base no protocolo de Lusaka;

saudam igualmente OS esforCos de reconciliacao national no Sudao, na Liberia, na Serra Leoa, no Burundi, na Somalia e na Eritreia e insistem para que as partes cooperem corn as institui@es regionais e internacionais que procuram encontrar solu@es pacfficas para 0s conflitos dos Estados anteriormente citados.

CONCLUSAO

94. Apreciando a dimensao exceptional que a consulta “A escuta da Africa” assumiu e consciente da importancia do trabalho levado a cabo a titulo de esperanca acompanhando as suas recomenda@es, OS participantes manifestaram por unanimidade o desejo de que esta reuniGo internacionai nHo fique sem seguimento coma algumas que a precederam.

95. 0 que a Africa aqui fez, graw a esta feliz iniciativa, n5o tern precedentes. A consulta “A escuta da Africa” deve mat-car urn novo arranque. Disso, todos somos responsaveis. Por esta razao, OS participantes recomendam que se constitua urn mecanismo de acompanhamento, fiscaliza@io e avaliaflo que tenha por objective a execucao das recomendacdes formuladas pela Consulta. 0 Director-Geral da UNESCO avaliara as modalidades e a periodicidade a observar.

96. Desde ja, esse mecanismo deve procurar:

(a> a instauracao das actividades previstas no programa 1994-1995 e relativas mais especificamente a orientacoes deftnidas durante esta Consulta, por exemplo: educacao basica, educacao & distincia, educacao das raparigas, novas tecnologias da informacao e da comunicacao, combate ao exodo rural, luta contra o SIDA, estudo do desenvolvimento e da dimensao cultural do desenvolvimento;

(b) a consideracao desses objectives em particular sob a forma de projectos especiais na elabora@o do project0 de programa e orqamento 1996- 1997 e das estrategias a media prazo para 1996-2001.

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2.5

97. Nesta reuniao em que se elaboram OS equiliirios do presente e as harmonias do futuro, OS participantes lanGam urn apelo aos paises que abandonaram a UNESCO para que voltem ao seu lugar para que a Africa possa beneficiar de uma solidariedade international plena e total, no ambito de uma organiza@o cujos objectives Go antes de mais a consolidacao e a solidariedade moral e intelectual da humanidade.

95. A consulta “A escuta da Africa” outorga poderes ao Director-Geral da UNESCO para comunicar estas conclusoes a Cimeira mundial para o desenvolvimento social, prevista em Copenhaga, de 6 a 12 de Marco de 1995.