107
PACOTE PREPARATÓRIO – TRT 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA – DIREITO ADMINISTRATIVO --------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br Olá! A nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de um tema presente em quase todos os editais de concursos públicos: atos administrativos. De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você concedesse uma atenção especial aos requisitos e atributos do ato administrativo, pois esses são os assuntos mais frequentes em provas. Ademais, também estudaremos os principais tópicos que envolvem a Lei nº 8.429/1992 (Improbidade Administrativa). No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum. Bons estudos! Fabiano Pereira [email protected] FACEBOOK: www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor "Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te impeça ou te atrase, de modo algum." (Eileen Caddy)

Aula 03

Embed Size (px)

Citation preview

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    1

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br

    Ol!

    A nossa aula de hoje extremamente especial, pois tratar de um tema presente em quase todos os editais de concursos pblicos: atos administrativos.

    De todos os tpicos que sero apresentados, gostaria que voc concedesse uma ateno especial aos requisitos e atributos do ato administrativo, pois esses so os assuntos mais frequentes em provas.

    Ademais, tambm estudaremos os principais tpicos que envolvem a Lei n 8.4291992 (Improbidade Administrativa).

    No mais, fico aguardando eventuais dvidas em nosso frum.

    Bons estudos!

    Fabiano Pereira

    [email protected]

    FACEBOOK: www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor

    "Direcione sua viso para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteam, no no futuro, mas

    imediatamente. Perceba que nada bom demais para voc. No permita que absolutamente nada te impea ou te atrase, de modo algum."

    (Eileen Caddy)

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 2

    ATOS ADMINISTRATIVOS

    1. Consideraes iniciais ............................................................. 03

    2. A distino entre atos administrativos, fatos da Administrao Pblica, atos da Administrao Pblica e fatos administrativos

    2.1. A expresso atos da Administrao ............................ 05

    2.2. A expresso fatos da Administrao .......................... 05

    2.3. A expresso fatos administrativos .............................. 06

    3. Conceito ................................................................................... 07

    4. Elementos ou requisitos do ato administrativo ......................... 08

    4.1. Competncia ou sujeito ................................................. 08

    4.2. Finalidade ..................................................................... 10

    4.3. Forma ........................................................................... 11

    4.4. Motivo ........................................................................... 12

    4.5.Objeto ou contedo ........................................................ 15

    5. Atributos do ato administrativo ................................................ 15

    5.1. Presuno de legitimidade ............................................ 15

    5.2. Imperatividade ............................................................. 17

    5.3. Autoexecutoriedade ...................................................... 28

    5.4. Tipicidade ..................................................................... 19

    6. Extino dos atos administrativos ............................................ 20 7. Convalidao de atos administrativos ....................................... 26 8. Reviso de vspera de prova RVP........................................ 28 9. Questes comentadas ............................................................... 31 10. Improbidade Administrativa .................................................... 79

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 3

    1. Consideraes iniciais

    Ao exercer a funo administrativa com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas primrias, a Administrao Pblica utiliza-se de um mecanismo prprio, que lhe assegura um conjunto de prerrogativas necessrias ao alcance das finalidades estatais: o denominado regime jurdico-administrativo.

    o regime jurdico-administrativo que garante Administrao Pblica a possibilidade de relacionar-se com os particulares em condio de superioridade, podendo impor-lhes decises administrativas independentemente da concordncia ou da aquiescncia, pois so necessrias ao alcance das finalidades estatais.

    Com o intuito de materializar as funes administrativas, ou seja, para realmente colocar em prtica a vontade da lei, a Administrao ir editar vrias espcies de atos, cada um com uma finalidade especfica, a exemplo de uma portaria, um decreto de nomeao de servidor, uma ordem de servio, uma certido negativa de dbitos previdencirios, uma instruo normativa, uma circular, entre outros.

    Apesar de ser regra geral, vlido esclarecer que nem sempre os atos editados pela Administrao sero regidos pelo direito pblico, pois, dependendo do fim visado legalmente, alguns atos podem ser praticados sob o amparo do direito privado.

    Diante disso, possvel concluir que a Administrao Pblica edita dois tipos de atos jurdicos:

    1) atos que so regidos pelo direito pblico e, consequentemente, denominados de atos administrativos;

    2) atos regidos pelo direito privado.

    Os atos administrativos editados pela Administrao esto amparados pelo regime jurdico-administrativo, portanto, expressam a sua superioridade em face dos administrados. Por outro lado, nos atos regidos pelo direito privado a Administrao apresenta-se em condies isonmicas frente ao particular, como acontece, por exemplo, na assinatura de um contrato de aluguel.

    Quando a Administrao deseja celebrar um contrato de locao (ato regido pelo direito privado, mais precisamente pelo Direito Civil) com um particular (deseja alugar um imvel para instalar uma unidade administrativa da Polcia Federal, por exemplo), essa relao bilateral consequncia de um acordo de vontades entre as partes.

    No referido contrato, as clusulas no foram definidas e elaboradas exclusivamente pela Administrao, existiu uma negociao anterior at que se chegasse a um consenso sobre o que seria melhor para as partes e, somente depois, o contrato foi assinado.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 4

    Pergunta: Professor Fabiano, ento correto afirmar que, nos atos regidos pelo direito privado, a Administrao jamais gozar de qualquer prerrogativa ou privilgio?

    No. Tenha muito cuidado com a expresso jamais, nunca, exclusivamente, somente, entre outras, pois excluem a possibilidade de excees, existentes s milhares no Direito.

    Como regra geral, entenda que, nos atos regidos pelo direito privado a Administrao encontra-se em uma relao horizontal em face do particular, ou seja, uma relao isonmica, em igualdade de condies. Desse modo, no ir gozar de prerrogativas.

    Todavia, em situaes excepcionais, tanto o direito privado como o Direito Administrativo (direito pblico) podem estabelecer prerrogativas (privilgios) Administrao, caso seja necessrio ao alcance do interesse pblico.

    Exemplo: Como estudaremos adiante, todos os atos regidos pela Administrao, inclusive os regidos pelo direito privado, gozam do atributo denominado presuno de legitimidade. Sendo assim, da mesma forma que ocorre em relao aos atos administrativos, os atos regidos pelo direito privado tambm so presumivelmente editados em conformidade com o direito.

    Pergunta: Professor, quando voc afirma que a Administrao Pblica pode editar atos regidos pelo direito pblico e pelo direito privado, voc est incluindo no conceito de Administrao tambm os poderes Legislativo e Judicirio?

    claro que sim. Lembre-se de que a funo administrativa tpica do Poder Executivo, mas no exclusiva. Portanto, os poderes Legislativo e Judicirio tambm podero exerc-la atipicamente.

    Ateno: Essas informaes sobre os atos regidos pelo direito privado so muito importantes para responder algumas questes em prova. Contudo, o nosso foco de estudo neste captulo so os atos administrativos, ou seja, aqueles regidos pelo direito pblico.

    Dificilmente voc ir encontrar uma prova de Direito Administrativo que no exija conhecimentos sobre o tema, principalmente sobre os requisitos e atributos do ato administrativo. Tente assimilar todos os conceitos que sero apresentados, bem como todas as questes que sero disponibilizadas ao trmino da aula, pois sero essenciais para o seu sucesso no concurso desejado.

    Aproveitando a oportunidade, gostaria de convoc-lo para participar do frum de dvidas. Tenho constatado que poucos alunos esto participando efetivamente do frum e isso dificulta a elaborao das prximas aulas, pois no consigo perceber a evoluo do curso.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 5

    No consigo saber, por exemplo, se a linguagem est sendo acessvel, se as questes de fixao do contedo esto sendo respondidas facilmente, enfim, preciso desse retorno.

    Caso voc no queira se manifestar no frum, envie o seu e-mail para [email protected].

    No mais, vamos voltar para o batente!

    2. A distino entre atos administrativos, fatos da Administrao Pblica, atos da Administrao Pblica e fatos administrativos

    Apesar das bancas no cobrarem esse tema com muita frequncia em suas provas, necessrio que voc conhea as diferenas conceituais existentes entre essas expresses.

    2.1. A expresso atos da Administrao

    Podemos definir como atos da Administrao todos os que so editados pela Administrao Pblica, sejam eles regidos pelo direito pblico ou direito privado. Nesse caso, suficiente que o ato tenha sido editado pela Administrao Pblica para ser considerado ato da Administrao.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro informa que podem ser includos como atos da Administrao: os atos de direito privado (a exemplo de uma doao ou locao); atos materiais (que envolvem apenas a execuo de determinada atividade, a exemplo de uma demolio); os atos de conhecimento, opinio, juzo ou valor (que no expressam uma vontade, e, portanto, no podem produzir efeitos jurdicos, a exemplo de atestados e certides); os atos polticos; os contratos; os atos normativos; e, ainda, os atos administrativos propriamente ditos.

    2.2. A expresso fatos da Administrao

    A expresso fato da Administrao utilizada para referir-se a determinados fatos ocorridos no mbito da Administrao Pblica e que no repercutem no mbito do Direito Administrativo.

    Se o servidor derramar um copo de caf em cima da toalha da mesa do refeitrio do rgo que trabalha, por exemplo, estaremos diante de um fato, um acontecimento. A princpio, esse fato no produz qualquer efeito no mbito do Direito Administrativo, pois suficiente que o servidor limpe a toalha, lave o copo e tudo est resolvido. Eis o fato da Administrao.

    De outro lado, se o caf estava muito quente e derrete a toalha da mesa, avaliada em R$ 100,00 (cem reais), esse mesmo fato ir produzir efeitos no mbito do Direito Administrativo, pois o servidor estar obrigado a restituir aos cofres pblicos o prejuzo causado.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 6

    Nesse caso, no teremos um simples fato da Administrao, mas sim um fato administrativo.

    2.3. A expresso fatos administrativos

    Apesar de o conceito de fato administrativo no ser pacfico na doutrina, penso que conveniente, para as provas de concurso, adotar o entendimento de Maria Sylvia Zanella di Pietro, que conceitua como fato administrativo o fato ocorrido no mbito da Administrao Pblica e que gera efeitos jurdicos no mbito do Direito Administrativo (a exemplo da obrigao do servidor restituir aos cofres pblicos o valor da toalha que derreteu com o caf derramado).

    O fato administrativo tambm pode ser entendido como uma consequncia do ato administrativo. Primeiro, edita-se o ato administrativo e, posteriormente, no momento de coloc-lo em prtica, de execut-lo, ocorre o fato administrativo, que tambm denominado de ato material da Administrao.

    Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas: O fato administrativo resulta sempre do ato administrativo que o determina, resultando do cumprimento de alguma deciso administrativa (FCC/Executivo Pblico Casa Civil/2010). Assertiva considerada correta pela banca examinadora.

    Exemplo: Imagine que um servidor, ao se deparar com um carregamento de produtos imprprios para o consumo (com prazo de validade expirado), tenha que efetuar a apreenso dos mesmos. Nesse caso, a apreenso dos produtos um ato material, ou seja, o servidor ir retirar os produtos do veculo que os transportava e lev-lo para o depsito do rgo pblico. Entretanto, a apreenso somente ocorreu em virtude da lavratura de um ato administrativo de apreenso.

    Ainda podemos citar como exemplos de fatos administrativos a limpeza de vias pblicas, uma cirurgia mdica realizada em um Posto de Sade do Municpio, a aula ministrada por um professor de Universidade Pblica, a edificao de uma obra, entre outros.

    2.3.1. Fato administrativo involuntrio

    aquele que decorre de um evento natural que produziu consequncias jurdicas no mbito do Direito. Podemos citar como exemplos a morte de um servidor, um raio que causou um incndio em uma repartio pblica, ou, ainda, o nascimento do filho de uma servidora.

    Pergunta: Nos exemplos citados, quais as consequncias jurdicas (efeitos jurdicos) que a morte e o nascimento podem produzir na Administrao?

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 7

    Bem, com o falecimento do servidor, ocorrer a vacncia do cargo e surgir o direito de seus dependentes receberem penso. Por outro lado, como o nascimento do filho de uma servidora, esta passar a usufruir da famosa licena-maternidade.

    2.3.2. Fato administrativo voluntrio

    Os fatos administrativos voluntrios so consequncia de atos administrativos ou de condutas administrativas que refletem os comportamentos e as aes administrativas que repercutiro no mundo jurdico.

    Segundo o professor Jos dos Santos Carvalho Filho, os fatos administrativos voluntrios se materializam de duas maneiras distintas:

    a) por atos administrativos, que formalizam a providncia desejada pelo administrador atravs da declarao de vontade do Estado;

    b) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as aes administrativas, sejam ou no precedidas de ato administrativo formal.

    3. Conceito

    So vrios os conceitos de ato administrativo formulados pelos doutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades. Entretanto, percebe-se nas provas de concursos pblicos uma maior inclinao pelo clssico conceito elaborado pelo professor Hely Lopes Meirelles, que assim declara:

    Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prpria.

    Analisando-se o conceito do saudoso professor, podemos concluir que o ato administrativo possui caractersticas bastante peculiares e, consequentemente, muito exigidas em provas de concurso:

    1) uma manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica: nesse caso, suficiente esclarecer que a Administrao no est obrigada a consultar o particular antes de editar um ato administrativo, ou seja, a edio do ato depende, em regra, somente da vontade da Administrao (pense no caso da aplicao de uma multa de trnsito, por exemplo).

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 8

    2) necessrio que o ato administrativo tenha sido editado por quem esteja na condio de Administrao Pblica: importante destacar que, alm dos rgos e entidades que integram a Administrao Pblica direta e indireta, tambm podem editar atos administrativos entidades que esto fora da Administrao, como acontece com as concessionrias e permissionrias de servios pblicos, desde que investidos em prerrogativas estatais.

    3) O ato administrativo visa sempre produzir efeitos no mundo jurdico: segundo o professor, ao editar um ato administrativo, a Administrao visa adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, ainda, impor obrigaes aos administrados ou a si prpria.

    Alm das caractersticas que foram apresentadas acima, lembre-se ainda de que, ao editar um ato administrativo, a Administrao Pblica encontra-se em posio de superioridade em relao ao particular, pois est amparada pelo regime jurdico-administrativo.

    4) O ato administrativo est sujeito exame de legitimidade pelo Poder Judicirio ou pela prpria Administrao Pblica: conforme analisaremos posteriormente, a Administrao Pblica poder exercer o poder (ou princpio) de autotutela sob os seus prprios atos. No mesmo sentido, constatado que um ato administrativo foi editado em desconformidade com o ordenamento jurdico vigente, o Poder Judicirio est autorizado a analis-lo, procedendo respectiva anulao, se for o caso.

    4. Elementos ou requisitos do ato administrativo

    Os elementos ou requisitos do ato administrativo nada mais so que componentes necessrios para que o ato seja considerado inicialmente vlido, editado em conformidade com a lei.

    No existe uma unanimidade doutrinria sobre a quantidade e as caractersticas de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto, como o nosso objetivo ser aprovado em um concurso pblico, iremos adotar o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os elementos dos atos administrativos: competncia, finalidade, forma, motivo e objeto.

    4.1. Competncia ou Sujeito

    O ato administrativo no cai do cu. necessrio que algum o edite para que possa produzir efeitos jurdicos. Esse algum o agente pblico (tambm chamado por alguns autores de sujeito), que recebe essa competncia expressamente do texto constitucional, atravs de lei (que a regra geral) ou, ainda, segundo o professor Jos dos Santos Carvalho Filho, atravs de normas administrativas.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 9

    Neste ltimo caso, o ilustre professor informa que em relao aos rgos de menor hierarquia, pode a competncia derivar de normas expressas de atos administrativos organizacionais. Nesses casos, sero tais atos editados por rgos cuja competncia decorre de lei. Em outras palavras, a competncia primria do rgo provem da lei, e a competncia dos segmentos internos dele, de natureza secundria, pode receber definio atravs dos atos organizacionais.

    Sobre a competncia, alm de saber que se trata de um requisito sempre vinculado do ato, importante que voc entenda ainda quais so as principais caractersticas enumeradas pela doutrina, pois muito comum encontrarmos questes em prova sobre o assunto.

    1) irrenuncivel: j que prevista em lei, a competncia de exerccio obrigatrio pelo agente pblico sempre que o interesse pblico assim exigir. No deve ser exercida ao livre arbtrio do agente, mas nos termos da lei, que ir definir os seus respectivos limites.

    2) inderrogvel: os agentes pblicos devem sempre exercer a competncia nos termos fixados e estabelecidos pela lei, sendo-lhes vedado alterar, por vontade prpria ou por atos administrativos, o alcance da competncia legal.

    3) Pode ser considerada improrrogvel: quando a agente pblico edita um ato que inicialmente no era de sua competncia, isso no significa que, a partir de ento, ele se torna o nico competente legalmente para exerc-lo, pois, provavelmente, o ato foi editado em razo de avocao ou delegao, ambos estudados anteriormente.

    4) intransfervel: como a avocao e a delegao esto relacionadas exclusivamente com o exerccio da competncia, vlido destacar que a sua titularidade permanece com a autoridade responsvel pela delegao, que poder ainda continuar editando o ato delegado, por exemplo.

    5) imprescritvel: o exerccio de determinada competncia pelo seu titular no prescreve em virtude do lapso temporal, independentemente do tempo transcorrido. A obrigao de exercer a competncia subsiste sempre que forem preenchidos os requisitos previstos em lei.

    Alm das caractersticas apresentadas, atente-se ainda para as regras bsicas previstas na Lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal), objeto frequente nas provas de concursos.

    1) Um rgo administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal, delegar parte da sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica, jurdica ou territorial;

    2) No pode ser objeto de delegao a edio de atos de carter normativo; a deciso de recursos administrativos; e as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade;

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 10

    3) O ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no meio oficial;

    4) O ato de delegao revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante;

    5) As decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-o editadas pelo delegado;

    6) Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior.

    Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas: A competncia administrativa, sendo requisito de ordem pblica, intransfervel e improrrogvel pela vontade dos interessados. Pode, entretanto, ser delegada e avocada, desde que o permitam as normas reguladoras da Administrao (FCC/Analista Judicirio TRT 9 Regio/2010). Assertiva considerada correta pela banca.

    Perceba que o erro da assertiva est no fato de ter afirmado que competncia exclusiva pode ser delegada, o que no verdade.

    4.2. Finalidade

    Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impe a necessidade de respeito ao interesse pblico no momento da edio do ato administrativo.

    Tenho certeza de que voc se recorda de que a finalidade do ato administrativo deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito para que este seja considerado vlido.

    Em sentido amplo, significa que todos os atos praticados pela Administrao devem atender ao interesse pblico. Em sentido estrito, significa que todo ato praticado pela Administrao possui uma finalidade especfica, prevista em lei.

    Apesar de a Administrao ter por objetivo a satisfao do interesse pblico, vlido ressaltar que, em alguns casos, podero ser editados atos com o objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, na permisso de uso de certo bem pblico (quando o Municpio, por exemplo, permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal para montar o seu estabelecimento comercial).

    Nesse caso, o interesse pblico tambm ser atendido, mesmo que secundariamente. O que no se admite que um ato administrativo seja editado exclusivamente para satisfazer o interesse particular.

    Dentre todos os requisitos do ato administrativo, o da finalidade o que mais condiz com a necessidade de observncia ao princpio da

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 12

    Sendo assim, em mbito federal existe norma expressa que impe a regra da forma escrita para o exerccio das competncias pblicas, o que nos leva a entender que, em regra, os atos administrativos devem ser formais.

    Em sentido amplo, a forma pode ser entendida como a formalidade ou procedimento a ser observado para a produo do ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei pode determinar expressamente outras exigncias formais que no fazem parte do prprio ato administrativo, mas que lhe so anteriores ou posteriores (exigncia de vrias publicaes do mesmo ato no Dirio Oficial, por exemplo, para que possa produzir efeitos).

    Ao contrrio do que ocorre em relao ao princpio da solenidade das formas, que impe a necessidade da vontade administrativa se exteriorizar por escrito, em relao formalidade ou procedimento, somente ser exigida uma dada formalidade se a lei expressamente determinar. Inexistindo lei impondo uma exigncia formal alm da exteriorizao escrita, no h que ser requerer qualquer procedimento complementar.

    Esse o teor do caput do artigo 22 da Lei 9.784/99, ao declarar que os atos do processo administrativo no dependem de forma determinada seno quando a lei expressamente a exigir.

    4.4. Motivo

    O motivo, que tambm chamado de causa, o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edio do ato administrativo.

    O motivo se manifesta atravs de aes ou omisses dos agentes pblicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da prpria Administrao, que justificam ou impem a edio de um ato administrativo.

    Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se necessrio que esteja presente o pressuposto de fato e de direito que autoriza ou determina a sua edio.

    a) Pressuposto de fato: o acontecimento real, uma circunstncia ftica concreta, externa ao agente pblico e que ensejou a edio do ato.

    Exemplos: a circunstncia ftica concreta que enseja a edio de um ato administrativo de desapropriao para fins de reforma agrria a improdutividade de um latifndio rural; a circunstncia ftica concreta que enseja a edio do ato que concede a licena-maternidade a uma servidora o nascimento do filho; a circunstncia ftica concreta que enseja a edio do ato concessivo da aposentadoria compulsria o implemento da idade de setenta anos, etc.

    b) Pressuposto de direito: o dispositivo legal em que se baseia a edio do ato. Em outras palavras, so os requisitos materiais estabelecidos na lei e que autorizam (nos atos discricionrios) ou determinam (nos atos vinculados) a edio do ato.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 13

    Exemplos:

    1) No ato de desapropriao para fins de reforma agrria, o pressuposto de direito para a edio do ato est no artigo 184 da CF/88, que assim declara: Compete Unio desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrria, o imvel rural que no esteja cumprindo sua funo social[...] . Foi o artigo 184 da CF/88 que fundamentou juridicamente a edio do ato.

    2) No ato concessivo de licena-maternidade, em mbito federal, o pressuposto de direito que autoriza a edio do ato o artigo 207 da lei 8.112/90, ao declarar que ser concedida licena servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuzo da remunerao.

    3) No ato concessivo da aposentadoria compulsria, o pressuposto de direito, em mbito federal, o artigo 186 da Lei 8.112/90, ao afirmar que o servidor ser aposentado compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de servio.

    4.4.1. Motivo e motivao

    necessrio que voc tenha muita ateno ao responder s questes de prova para no confundir motivo e motivao, que possuem significados diferentes.

    O motivo, conforme acabei de expor, pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edio do ato administrativo. Por outro lado, a motivao nada mais que exposio dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo.

    Exemplo: Na concesso de licena servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, j sabemos que o nascimento do filho corresponder ao pressuposto de fato e o artigo 186 da Lei 8.112/90 corresponder ao pressuposto de direito (ambos formando o motivo).

    Entretanto, a motivao somente passar a existir a partir do momento que o agente pblico do setor de recursos humanos declarar expressamente, por escrito, o pressuposto de fato e de direito que justificar a edio do ato.

    Para responder s questes de prova: Motivao a exposio ou indicao dos motivos, ou seja, demonstrao por escrito dos fatos e fundamentos jurdicos do ato (FCC/Analista Judicirio TRT 22 Regio/2010). Assertiva considerada correta pela banca.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 14

    4.4.2. Teoria dos motivos determinantes

    Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente pblico, no momento da edio do ato, deve corresponder realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrrio, comprovando o interessado que o motivo informado no guarda qualquer relao com a edio do ato ou que sequer existiu, o ato dever ser anulado pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio.

    O professor Celso Antnio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos motivos determinantes, afirma que os motivos que determinam a vontade do agente, isto , os fatos que serviram de suporte sua deciso, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocao de motivos de fato falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme j se disse, a lei no haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prtica do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calou, ainda quando a lei no haja expressamente imposto a obrigao de enunci-los, o ato s ser vlido se estes realmente ocorreram e o justificavam.

    Exemplo: Suponhamos que o Prefeito de um determinado Municpio tenha decidido exonerar o Secretrio Municipal de Turismo, ocupante de cargo em comisso. Entretanto, por ser colega do Secretrio e temer inimizades polticas, decidiu motivar o ato alegando a necessidade de reduzir a despesa com pessoal ativo (motivo) em virtude da queda no montante de recursos recebidos do Fundo de Participao dos Municpios.

    Porm, trs meses aps a exonerao do ex-Secretrio de Turismo, imaginemos que o Prefeito tenha decidido nomear a sua irm para ocupar o mesmo cargo, mas sem motivar o ato.

    Pergunta: No referido exemplo, ocorreu algum vcio (irregularidade) na exonerao do Secretrio Municipal de Turismo, j que o Prefeito sequer era obrigado a motivar o ato de exonerao?

    Sim. Realmente o Prefeito no era obrigado a motivar o ato de exonerao, pois se trata de cargo de confiana (em comisso), de livre nomeao e exonerao. Contudo, j que decidiu motivar o ato, a motivao deveria corresponder realidade, ser verdadeira e real, o que no aconteceu no caso.

    Como o motivo alegado (reduo de despesas) foi determinante para a edio do ato de exonerao, mas, posteriormente, ficou provado que ele no existia, dever ser anulado o ato por manifesta ilegalidade, seja pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio.

    No concurso publico para o cargo de Juiz do Trabalho do TRT da 18 Regio, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: No que diz respeito ao controle judicial dos atos administrativos, correto afirmar que, com base na Teoria dos Motivos Determinantes, o Poder Judicirio pode invalidar ato administrativo discricionrio, quando identificada inexistncia ou falsidade do motivo.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 15

    4.5. Objeto ou contedo

    O quinto requisito do ato administrativo, que pode ser discricionrio ou vinculado, o objeto (tambm denominado de contedo por alguns autores), entendido como a coisa ou a relao jurdica sobre a qual recai o ato. Trata-se do efeito jurdico imediato (primrio) que o ato administrativo produz.

    Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto o efeito jurdico que o ato produz. O que o ato faz? Ele cria um direito? Ele extingue um direito? Ele transforma? Quer dizer, o objeto vem descrito na norma, ele corresponde ao prprio enunciado do ato.

    Para os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, o objeto do ato administrativo identifica-se com o seu prprio contedo, por meio do qual a Administrao manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente situaes pr-existentes.

    Assim, continuam os professores, objeto do ato de concesso de alvar a prpria concesso do alvar; objeto do ato de exonerao a prpria exonerao; objeto do ato de suspenso do servidor a prpria suspenso (neste caso h liberdade de escolha do contedo especfico nmero de dias de suspenso dentro dos limites legais de at noventa dias, conforme a valorao da gravidade da falta cometida); etc.

    Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas: O objeto do ato administrativo o efeito jurdico imediato que o ato produz (FCC/Analista Judicirio TRE AP/2011). Assertiva considerada correta pela banca.

    5. Atributos do ato administrativo

    Como consequncia do regime jurdico-administrativo, que concede Administrao Pblica um conjunto de prerrogativas necessrias ao alcance do interesse coletivo, os atos administrativos editados pelo Poder Pblico gozaro de determinadas qualidades (atributos) no existentes no mbito do direito privado.

    No existe um consenso doutrinrio sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder s questes de provas, necessrio que estudemos a presuno de legitimidade ou veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.

    5.1. Presuno de legitimidade e veracidade

    Todo e qualquer ato administrativo presumivelmente legtimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princpios). Essa presuno consequncia da confiana depositada no agente pblico, pois se deve partir do pressuposto de que todos os parmetros e requisitos legais foram respeitados pelo agente no momento da edio do ato.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 17

    Por ltimo, lembre-se sempre de que do particular a obrigao de demonstrar e provar a ilegalidade ou possvel violao ao ordenamento jurdico causada pela edio do ato. Enquanto isso no ocorrer, o ato continua produzindo todos os seus efeitos.

    Esse o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, ao afirmar que essa presuno autoriza a imediata execuo ou a operatividade dos atos administrativos, mesmo que argidos de vcios ou defeitos que os levem invalidade. Enquanto, porm, no sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativos so tidos por vlidos e operantes, quer para a Administrao, quer para os particulares sujeitos ou beneficirios de seus efeitos.

    Para responder s questes da FCC: Um dos atributos dos atos administrativos tem por fundamento a sujeio da Administrao Pblica ao princpio da legalidade, o que faz presumir que todos os seus atos tenham sido praticados em conformidade com a lei, j que cabe ao Poder Pblico a sua tutela. Nesse caso, trata-se do atributo da presuno de legitimidade (FCC/Tcnico Judicirio TRF 1 Regio/2010). Assertiva considerada correta pela banca.

    5.2. Imperatividade

    A imperatividade o atributo pelo qual os atos administrativos se impem a terceiros, independentemente de sua concordncia ou aquiescncia.

    Ao contrrio do que ocorre na presuno de legitimidade, que no necessita de expressa previso em lei, a imperatividade exige autorizao legal e, portanto, no incide em relao a todos os atos administrativos.

    o atributo da imperatividade que permite Administrao, por exemplo, aplicar multas de trnsito, constituir obrigao tributria que vincule o particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros.

    Para responder s questes de prova: O professor Jos dos Santos Carvalho Filho considera os termos coercibilidade e imperatividade expresses sinnimas, ao declarar que significa que os atos administrativos so cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu crculo de incidncia (ainda que o objetivo a ser por ele alcanado contrarie interesses privados), na verdade, o nico alvo da Administrao Pblica o interesse pblico.

    Em virtude da unilateralidade, a Administrao Pblica no precisa consultar o particular, antes da edio do ato administrativo, para solicitar a sua concordncia ou aquiescncia, mesmo que o ato lhe cause prejuzos.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 18

    A doutrina majoritria entende que a imperatividade decorre do poder extroverso do Estado, que pode ser definido como o poder que o Estado tem de constituir, unilateralmente, obrigaes para terceiros, com extravasamento dos seus prprios limites.

    O poder extroverso pode ser encontrado, por exemplo, na cobrana e fiscalizao dos impostos, no exerccio do poder de polcia, na fiscalizao do cumprimento de normas sanitrias, no controle do meio ambiente, entre outros.

    5.3. Autoexecutoriedade

    A autoexecutoriedade o atributo que garante ao Poder Pblico a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judicirio.

    O referido atributo garante Administrao Pblica a possibilidade de ir alm do que simplesmente impor um dever ao particular (consequncia da imperatividade), mas tambm utilizar fora direta e material no sentido de garantir que o ato administrativo seja executado.

    A autoexecutoriedade no est presente em todos os atos administrativos (atos negociais e enunciativos, por exemplo), ocorrendo somente em duas hipteses:

    1) Quando existir expressa previso legal;

    2) Em situaes emergenciais em que apenas se garantir a satisfao do interesse pblico com a utilizao da fora estatal.

    Exemplo: Imagine que a Administrao Pblica se depare com a existncia de um imvel particular em pssimas condies, prestes a desabar e que ainda habitado por uma famlia de cinco pessoas.

    Nesse caso, a Administrao no precisar recorrer ao Poder Judicirio para retirar obrigatoriamente as pessoas do local, utilizando a fora se preciso for, pois est diante de uma situao emergencial, na qual a integridade fsica de vrias pessoas est em risco.

    Tambm podem ser citados como exemplos de manifestao da autoexecutoriedade a destruio de medicamentos com prazo de validade vencido e que foram recolhidos em farmcias e a demolio de obras construdas em reas de risco (zonas proibidas).

    Ateno: Conforme j informei, nem sempre os atos administrativos iro gozar de autoexecutoriedade e, para fins de concursos pblicos, a multa (ato administrativo) o exemplo mais cobrado em relao ausncia de autoexecutoriedade.

    Nesse caso, apesar de a aplicao da multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular no efetuar o seu pagamento a Administrao somente poder receb-la se recorrer ao Poder Judicirio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 19

    No concurso pblico para o cargo de Procurador do Municpio de Joo Pessoa/PB, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: ato administrativo produzido pela Administrao, no exerccio do poder de polcia, porm destitudo do atributo de autoexecutoriedade, a aplicao de multa ao infrator de norma relativa poluio sonora.

    Conforme nos informam os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a nica exceo ocorre na hiptese de multa administrativa aplicada por adimplemento irregular, pelo particular, de contrato administrativo em que tenha havido prestao de garantia. Nessa hiptese, a Administrao pode executar diretamente a penalidade, independentemente do consentimento do contratado, subtraindo da garantia o valor da multa (Lei n 8666/1993, artigo 80, inciso III).

    Por ltimo, necessrio deixar bem claro que os atos praticados sob o amparo do atributo da autoexecutoriedade podem posteriormente ser revistos pelo Poder Judicirio, sempre que provocado pelos interessados. Para tanto, basta que os interessados demonstrem que tais atos foram praticados de forma arbitrria, desproporcional, desarrazoada ou abusiva, por exemplo, para que o Poder Judicirio possa anul-los retroativamente.

    No concurso publico para o cargo de Tcnico Judicirio do TRT da 1 Regio, realizado em 2013, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: O atributo da executoriedade permite Administrao o emprego de meios de coero para fazer cumprir o ato administrativo.

    5.4. Tipicidade

    No existe consenso doutrinrio sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo. Todavia, como as bancas eventualmente utilizam o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaborao de questes, bom que o conheamos.

    Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

    Como possvel observar, o princpio da tipicidade decorre da aplicao do princpio da legalidade. Segundo o entendimento da professora di Pietro, para cada finalidade que a administrao pretende alcanar existe um ato definido em lei, logo, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

    Resumidamente falando, a professora entende que, para cada finalidade que a Administrao deseja alcanar, existe uma espcie distinta de ato administrativo e, portanto, inadmissvel que sejam editados atos administrativos inominados.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 21

    Sendo assim, necessrio ficar bem claro que os atos ilegais no originam direitos para os seus destinatrios. Entretanto, devem ser preservados os efeitos j produzidos em face de terceiros de boa-f (que no tm nenhuma relao com o ato nulo).

    Exemplo: os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino citam o caso de um servidor cujo ingresso no servio pblico decorre de um ato nulo (a nomeao ou a posse contm vcio insanvel). Imagine-se que esse servidor emita uma certido negativa de tributos para Joo e, no dia seguinte, seja ele exonerado em decorrncia da nulidade de seu vnculo com a Administrao. Os efeitos dos atos praticados entre ele e a Administrao devem ser desfeitos. Mas Joo, que obteve a certido, um terceiro, portanto, sua certido vlida.

    Grave bem as informaes abaixo sobre a anulao dos atos administrativos, pois, assim, voc jamais errar uma questo de prova sobre o tema:

    1) A anulao consequncia de uma ilegalidade, de um ato que foi editado contrariamente ao direito;

    2) A anulao de um ato administrativo pode ser feita pelo Poder Judicirio, quando for provocado pelo interessado, ou pela prpria Administrao, de ofcio ou tambm mediante provocao do interessado;

    3) A anulao possui efeitos retroativos (ex tunc) , ou seja, deixa de produzir efeitos jurdicos desde o momento de sua edio (como se nunca tivesse existido);

    4) A anulao no desfaz os efeitos jurdicos j produzidos perante terceiros de boa-f;

    importante esclarecer que alguns autores, a exemplo da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, costumam utilizar a expresso invalidao para se referir s hipteses de anulao do ato administrativo. De outro lado, alguns autores costumam valer-se da expresso invalidao como um gnero, abrangendo tanto as hipteses de anulao quanto de revogao, portanto, fique atento!

    6.1.1. Prazo decadencial para a anulao

    Apesar do dever imposto Administrao Pblica de anular os atos manifestamente ilegais editados pelos seus agentes, destaca-se que a legislao cuidou-se de fixar um prazo decadencial (que no admite suspenso ou interrupo) para que isso ocorra, conforme preceitua o art. 54 da Lei 9.784/1999:

    Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 22

    Assim, podemos concluir que a partir do momento que o ato ilegal praticado, passa a ser contado o prazo de cinco anos para que a Administrao Pblica possa promover a sua anulao. Ultrapassado o prazo de cinco anos sem a respectiva anulao, o ato administrativo ser automaticamente convalidado (no poder mais ser anulado), desde que o seu destinatrio esteja de boa-f.

    Fique atento ao responder s questes de prova, pois, no julgamento do recurso especial n 1.114.938/AL, de relatoria do Ministro Napoleo Nunes Maia Filho, o Superior Tribunal de Justia ratificou o entendimento de que antes da publicao da Lei 9.784/1999 (que ocorreu em 01/02/1999), a Administrao Pblica no possua prazo para a anulao de seus prprios atos. Todavia, com a publicao da Lei 9.784/1999, foi fixado o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para anul-los.

    Em relao aos atos editados antes da vigncia da Lei 9.784/1999, o Superior Tribunal de Justia entendeu que a Administrao Pblica tem o prazo de 5 anos, contados do incio de sua vigncia (01/02/1999), para providenciar a anulao. Caso contrrio, no poder mais anul-los.

    6.1.2. Necessidade de processo administrativo

    O atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, conforme se constata na deciso referente ao julgamento do Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n 710.085/SP, publicado no DJE em 05/03/2009, no sentido de que a anulao de ato administrativo no dispensa a instaurao de processo administrativo prvio, com a observncia dos princpios da ampla defesa e contraditrio, principalmente quando os efeitos da anulao repercutirem no campo de interesses individuais (de particulares).

    6.2. Revogao

    A revogao ocorre sempre que a Administrao Pblica decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurdico, um ato administrativo vlido, mas que deixou de atender ao interesse pblico em razo de no ser mais conveniente ou oportuno.

    No julgamento do Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n 710.085/SP, publicado no DJE em 05/03/2009, de relatoria do Min. Ricardo Lewandowski, o Supremo Tribunal Federal decidiu que embora a Administrao esteja autorizada a anular seus prprios atos quando eivados de vcios que os tornem ilegais (Smula 473 do STF), no prescinde do processo administrativo, com obedincia aos princpios constitucionais da ampla defesa e do contraditrio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 24

    O ato de revogao possuir efeitos ex nunc (para frente), ou seja, o servidor ir retornar ao trabalho somente aps a edio do ato revocatrio, sendo considerado como de efetivo gozo o perodo de trs meses que usufruiu da licena.

    Pergunta: professor, o que preciso saber para no errar nenhuma questo de prova sobre revogao?

    Anote a:

    1) Que a revogao consequncia da discricionariedade administrativa (convenincia e oportunidade);

    2) Que os atos invlidos ou ilegais jamais sero revogados, mas sim anulados;

    3) Que somente a Administrao Pblica pode revogar os seus prprio atos administrativos;

    4) Que a revogao produz efeitos ex nunc, enquanto na anulao os efeitos so ex tunc.

    Pergunta: professor Fabiano Pereira, ilimitado o poder conferido Administrao para revogar os seus atos administrativos?

    No! Existem alguns atos administrativos que no podem ser revogados, so eles:

    1) os atos j consumados, que exauriram seus efeitos: suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de frias a um servidor e que todo o perodo j tenha sido gozado. Ora, neste caso, no h como revogar o ato que concedeu frias ao servidor, pois todos os efeitos do ato j foram produzidos;

    2) os atos vinculados: se a lei responsvel pela definio de todos os requisitos do ato administrativo, no possvel que a Administrao efetue a sua revogao com base na convenincia e oportunidade (condio necessria para a revogao);

    3) os atos que j geraram direitos adquiridos para os particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada expressamente no inciso XXXVI do artigo 5 da CF/88;

    4) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a precluso de revogao da anterior.

    5) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso, os efeitos so estabelecidos diretamente na lei;

    Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas: Distingue-se a anulao do ato administrativo da revogao do ato administrativo porque, dentre outros fundamentos, a anulao deve ser promovida em caso de vcio de ilegalidade, enquanto a revogao pode se dar por critrios de oportunidade e convenincia (FCC/Auditor TCE RO/2010). Assertiva considerada incorreta pela banca examinadora.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 25

    6.3. Cassao

    A cassao o desfazimento de um ato vlido em virtude do seu destinatrio ter descumprido os requisitos necessrios para a sua manuteno em vigor. Nesse caso, deve ficar bem claro que o particular, destinatrio do ato, o nico responsvel pela sua extino.

    Exemplo: se a Administrao concedeu uma licena para o particular construir um prdio de 03 (trs) andares, mas este construiu um prdio com 05 (cinco) andares, desrespeitou os requisitos inicialmente estabelecidos e, portanto, o ato ser cassado.

    6.4. Outras formas de extino do ato administrativo

    Alm das hipteses de desfazimento do ato administrativo estudadas at o momento, que dependem da manifestao expressa da Administrao ou do Poder Judicirio, a doutrina majoritria ainda lista as seguintes:

    1) extino subjetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do sujeito destinatrio do ato. Por exemplo, se a Administrao concedeu ao servidor uma licena para tratar de assuntos particulares, mas, durante o gozo da licena, ele faleceu, considera-se extinto o ato, por questes bvias.

    2) extino objetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do prprio objeto do ato. Exemplo: se o particular possua permisso para instalar uma banca de revista em uma praa, mas, posteriormente, a praa foi destruda para a construo de uma escola, o ato de permisso consequentemente ser extinto.

    3) extino natural: ocorre aps o transcurso normal do prazo inicialmente fixado para a produo dos efeitos do ato. Exemplo: se foi concedida licena-paternidade a um servidor, o ato ser extinto naturalmente depois de 05 (cinco) dias (que o prazo legal de gozo da licena).

    4) caducidade: ocorre quando a edio de lei superveniente edio do ato administrativo impede a continuidade de seus efeitos jurdicos. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro cita como exemplo o caso de um parque de diverses que possua permisso para funcionar em uma regio da cidade, mas que, em razo de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatvel.

    Neste caso, o ato anterior que permitia o funcionamento do parque naquela regio (hoje proibida por lei) dever ser extinto, pois ocorrer a caducidade.

    5) contraposio: ocorre porque foi emitido ato com fundamento em competncia diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos so contrapostos aos daqueles. o caso da exonerao de servidor, que tem efeitos contrapostos ao da nomeao.

    6) renncia: neste caso, os efeitos do ato so extintos porque o prprio beneficirio abriu mo de uma vantagem de que desfrutava.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 28

    SUPER R.V.P.

    1. A Administrao Pblica edita dois tipos de atos jurdicos: a) atos que so regidos pelo Direito Pblico e, consequentemente, denominados de atos administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado;

    2. Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado pelo professor Hely Lopes Meirelles, pois ele muito cobrado em questes de concursos: ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prpria.

    3. So elementos ou requisitos do ato administrativo a competncia, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os trs primeiros so sempre vinculados e os dois ltimos podem ser vinculados ou discricionrios;

    4. O motivo, que tambm chamado de causa, o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edio do ato administrativo. O motivo se manifesta atravs de aes ou omisses dos agentes pblicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da prpria Administrao, que justificam ou impem a edio de um ato administrativo;

    5. Cuidado para no confundir as expresses motivo e motivao. O motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edio do ato administrativo. Por outro lado, a motivao nada mais que exposio dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo;

    6. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente pblico no momento da edio do ato deve corresponder realidade, tem que ser verdadeiro, pois, caso contrrio, comprovando o interessado que o motivo informado no guarda qualquer relao com a edio do ato ou que simplesmente no existe, o ato dever ser anulado pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio;

    7. No existe um consenso doutrinrio sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder s questes de provas, lembre-se da presuno de legitimidade e veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade;

    8. Todo e qualquer ato administrativo presumivelmente legtimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com a lei, alcanando todos os atos administrativos editados pela Administrao, independentemente da espcie ou classificao;

    9. A presuno de legitimidade ser sempre juris tantum (relativa), pois assegurado ao interessado recorrer Administrao, ou mesmo ao Poder Judicirio, para que no seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato, quando for manifestamente ilegal;

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 29

    10. A imperatividade o atributo pelo qual os atos administrativos se impem a terceiros, independentemente de sua concordncia ou aquiescncia. Ao contrrio do que ocorre na presuno de legitimidade, que no necessita de previso em lei, a imperatividade exige expressa autorizao legal e no pode ser aplicada a todos os atos administrativos;

    11. A autoexecutoriedade o atributo que garante ao Poder Pblico a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judicirio;

    12. Nem sempre os atos administrativos iro gozar de autoexecutoriedade e o exemplo mais comum em provas o das multas. Nesse caso, apesar da aplicao de a multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular no efetuar o seu pagamento, a Administrao somente poder receb-la se recorrer ao Poder Judicirio, no sendo possvel gozar da autoexecutoriedade;

    13. No existe um consenso doutrinrio sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo, mas, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaborao de questes, bom que voc o conhea. Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

    14. Para que voc possa responder s questes de concursos pblicos sem medo de ser feliz, lembre-se sempre de que um ato ilegal (contrrio ao ordenamento jurdico) deve ser sempre anulado, nunca revogado. Alm disso, lembre-se ainda de que a anulao desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judicirio (quando provocado) ou pela prpria Administrao (de ofcio ou mediante provocao);

    15. A anulao de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edio (como se nunca tivesse existido), pois no origina direitos;

    16) A revogao ocorre sempre que a Administrao Pblica decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurdico, um ato administrativo vlido e legal, mas que deixou de atender ao interesse pblico em razo de no ser mais conveniente ou oportuno.

    17. O Poder Judicirio, no exerccio de suas funes atpicas, tambm pode editar atos administrativos (publicao de um edital de licitao, por exemplo). Sendo assim, posteriormente, caso interesse pblico superveniente justifique a revogao do edital licitatrio, o prprio Poder Judicirio poder faz-lo;

    18. Ao contrrio do que ocorre na anulao, que produz efeitos ex tunc, na revogao os efeitos sero sempre ex nunc (proativos). Isso significa dizer que a revogao somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que j haviam sido produzidos;

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 30

    19. No podem ser revogados os atos j consumados, que exauriram seus efeitos; os atos vinculados; os atos que j geraram direitos adquiridos para os particulares; os atos que integram um procedimento e os denominados meros atos administrativos;

    20. A cassao o desfazimento de um ato vlido em virtude do seu destinatrio ter descumprido os requisitos necessrios para a sua manuteno em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular, destinatrio do ato, o nico responsvel pela sua extino;

    21. A convalidao (correo) de um ato administrativo somente pode ocorrer em relao aos vcios sanveis, pois, caso o ato apresente vcios insanveis, dever ser necessariamente anulado.

    22. O vcio de incompetncia admite convalidao, que nesse caso recebe o nome de ratificao, desde que no se trate de competncia outorgada com exclusividade;

    23. Em relao ao requisito forma, a convalidao possvel se ela no for essencial validade do ato administrativo;

    25. O prazo que a Administrao possui para anular os atos ilegais de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente (automaticamente) convalidado, salvo comprovada m-f do beneficirio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 31

    QUESTES COMENTADAS 01. (FCC/Tcnico Judicirio TRT 9 Regio/2013) A respeito dos atos administrativos, correto afirmar que a) o mrito do ato administrativo corresponde ao juzo de convenincia e oportunidade presente nos atos discricionrios. b) os atos vinculados comportam juzo de convenincia e oportunidade pela Administrao, que pode revog-los a qualquer tempo. c) os atos discricionrios no so passveis de revogao pela Administrao, salvo por vcio de legalidade. d) a discricionariedade corresponde ao juzo de convenincia e oportunidade presente nos atos vinculados. e) os atos vinculados so passveis de anulao pela Administrao, de acordo com juzo de convenincia e oportunidade.

    Comentrios

    a) Para responder s questes de prova, lembre-se de que o mrito administrativo nada mais do que a margem legal assegurada ao administrador pblico para tomar a deciso mais conveniente e oportuna ao interesse pblico, dentre as vrias alternativas possveis.

    O mrito administrativo somente estar presente nos atos administrativos discricionrios, pois nos atos vinculados a prpria lei se encarregou de fixar previamente todos os requisitos para a respectiva edio, eliminando, assim, eventuais margens de atuao do agente pblico. Assertiva correta.

    b) Se o ato administrativo vinculado significa que a lei estabeleceu previamente todos os requisitos necessrios sua edio. Assim, no pode a Administrao Pblica revog-lo, pois esta hiptese est fundada no juzo de convenincia e oportunidade administrativa (inerente aos atos discricionrios). Assertiva incorreta.

    c) Sempre que um ato administrativo apresentar vcio de legalidade, seja ele vinculado ou discricionrio, estar sujeito anulao e no revogao. Assertiva incorreta.

    d) No ato vinculado no h discricionariedade (margem de deciso para o agente pblico), pois a lei estabeleceu previamente todos os requisitos necessrios edio (competncia, forma, finalidade, motivo e objeto). Assertiva incorreta.

    e) Sendo detectada alguma ilegalidade, os atos administrativos realmente esto sujeitos anulao pela Administrao Pblica. Todavia, trata-se de um poder-dever, no se falando em juzo de convenincia e oportunidade (a Administrao Pblica, em regra, est obrigada a anular o ato). Assertiva incorreta.

    Gabarito: Letra a.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 32

    02. (FCC/Juiz Substituto TJ PE/2013) Considere a seguinte afirmao quanto a um ato administrativo: Nada impede a autoridade competente para a prtica de um ato de motiv-lo mediante remisso aos fundamentos de parecer ou relatrio conclusivo elaborado por autoridade de menor hierarquia. Indiferente que o parecer a que se remete a deciso tambm se reporte a outro parecer: o que importa que haja a motivao eficiente, controlvel a posteriori. Tal afirmao, no contexto do Direito brasileiro, a) correta, pois motivar ou no, em todo caso, faculdade discricionria da autoridade administrativa. b) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo veda que pareceres sejam invocados como motivos suficientes para a prtica de atos. c) equivocada, pois a Constituio Federal exige a motivao como elemento a constar textualmente dos atos administrativos. d) correta, compreendendo a motivao como elemento necessrio ao controle do ato administrativo, porm sem exageros de mera formalidade. e) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo exige que todo ato administrativo seja motivado pela autoridade que o edita.

    Comentrios

    A Lei 9.784/1999, em seu artigo 50, 1, dispe que a motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato, o que a doutrina convencionou chamar de motivao aliunde.

    Nesses termos, nada impede que a autoridade competente para proferir a deciso administrativa opte por fazer remisso aos fundamentos de parecer ou relatrio conclusivo elaborado por autoridade de igual, maior ou menor hierarquia. O que interessa, no caso em concreto, o que o ato administrativo seja efetivamente motivado, permitindo eventuais e futuras impugnaes. Gabarito: Letra d. 03. (FCC/Promotor de Justia MPE AL/2013) Permissionrio de cantina localizada em estdio municipal obteve autorizao do Municpio para venda de bebidas alcolicas no seu estabelecimento. Todavia, sobreveio lei estadual proibindo a venda e o consumo de bebidas alcolicas nos estdios de futebol localizados em territrio estadual. Dessa nova circunstncia decorrer a a) anulao da autorizao. b) revogao da autorizao.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 33

    c) superao da autorizao. d) caducidade da autorizao. e) cassao da autorizao.

    Comentrios

    Apesar de ter sido editada autorizao (ato administrativo) assegurando ao particular a prerrogativa de comercializar bebida em estdio municipal, posteriormente foi publicada lei estadual proibindo tal conduta.

    Por ser ato de hierarquia inferior, a autorizao deixar de produzir efeitos em face da lei estadual, j que o contedo de ambos os atos normativos so colidentes. Nesse caso, afirma-se que ocorreu a caducidade da autorizao, que se configura quando lei posterior apresenta contedo conflitante com o de ato administrativo anterior.

    Ademais, perceba que no h qualquer referncia a uma possvel ilegalidade do ato (que ensejaria a anulao). Tambm no existe afirmao de que no seria mais conveniente ou oportuno mant-lo (fato que motivaria a revogao). Por ltimo, destaca-se que a cassao somente ocorre quando o particular beneficiado diretamente pelo ato deixa de cumprir os requisitos necessrios sua manuteno, o que no se configurou.

    Gabarito: Letra d.

    04. (FCC/Juiz do Trabalho TRT 18 Regio/2012) No que diz respeito ao controle judicial dos atos administrativos, correto afirmar que, com base na Teoria dos Motivos Determinantes, o Poder Judicirio a) no pode invalidar atos administrativos discricionrios, salvo quando identificado desvio de finalidade. b) no pode invalidar ato administrativo por vcio de legalidade, quando presentes razes de convenincia e oportunidade que justifiquem a sua edio. c) pode invalidar atos administrativos cuja motivao tenha se tornado insubsistente, alterando, assim, o juzo de convenincia e oportunidade. d) pode invalidar ato administrativo discricionrio, quando identificada inexistncia ou falsidade do motivo. e) somente pode invalidar os atos administrativos vinculados se identificada no correspondncia entre as condies fticas e os requisitos legais para sua edio.

    Comentrios

    Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente pblico no momento da edio do ato deve corresponder realidade, tem que ser verdadeiro, pois, caso contrrio, comprovando o interessado que o motivo informado no guarda qualquer relao com a edio do ato ou que simplesmente no existiu, o ato dever ser anulado (invalidado) pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 34

    o que ocorre, por exemplo, quando a autoridade competente indefere o pedido de frias do servidor A, para o ms de janeiro, sob a alegao de que a escala do ms j estava fechada. Todavia, no dia seguinte defere o pedido do servidor B, nas mesmas condies, para usufruir frias no em perodo idntico.

    Ora, no restam dvidas de que o motivo escala fechada no existia, portanto, o ato administrativo que indeferiu o pedido de frias do servidor A para o ms de janeiro poder ser invalidado perante o Poder Judicirio.

    Gabarito: Letra d. 05. (FCC/Auditor Fiscal Municpio de So Paulo/2012) O Municpio constatou, aps transcorrido grande lapso temporal, que concedera subsdio a empresa que no preenchia os requisitos legais para a obteno do benefcio. Diante de tal constatao, a autoridade a) poder revogar o ato concessrio, utilizando a prerrogativa de rever os prprios atos de acordo com critrios de convenincia e oportunidade. b) dever anular o ato, desde que no transcorrido o prazo decadencial, com efeitos retroativos data em que o ato foi emitido. c) poder anular o ato, com base em seu poder de autotutela, com efeitos a partir da anulao. d) no poder revogar ou anular o ato, em face da precluso administrativa, devendo buscar a invalidade pela via judicial, desde que no decorrido o prazo decadencial. e) dever convalidar o ato, por razes de interesse pblico e para preservao do direito adquirido, exceto se decorrido o prazo decadencial.

    Comentrios

    Duas informaes relevantes devem ser destacadas antes de se fazer a anlise das alternativas:

    1 Foi concedido subsdio a empresa que no preenchia os requisitos legais (a concesso foi ilegal);

    2 A ilegalidade somente foi detectada depois do transcurso de grande lapso temporal (no foi informado o prazo exato).

    Ora, se o ato ilegal, no restam dvidas de que dever ser anulado pela prpria Administrao Pblica, com efeitos retroativos (desde a data da edio ex tunc), no exerccio do seu poder de autotutela.

    Entretanto, deve-se observar o prazo decadencial imposto Administrao Pblica para promover a anulao. Na esfera federal, por exemplo, o prazo que a Administrao possui para anular os seus atos ilegais de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente (automaticamente) convalidado (corrigido), salvo comprovada m-f do beneficirio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 35

    Gabarito: Letra b.

    06. (FCC/Analista de Controle Externo TCE AM/2012) O ato administrativo vinculado a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de legalidade, convenincia e oportunidade. b) pode ser revogado pela Administrao, por razes de convenincia e oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e assegurada a apreciao judicial. c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto de controle de legalidade pelo Judicirio e pela prpria Administrao. d) possui objeto, competncia e finalidade definidos em lei, cabendo Administrao a avaliao dos aspectos de convenincia e oportunidade para sua edio. e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judicirio em relao aos elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclusiva da Administrao a sua revogao por razes de convenincia e oportunidade.

    Comentrios

    Para Hely Lopes Meirelles, atos vinculados ou regrados so aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condies de sua realizao, ao passo que discricionrios so os que a Administrao pode praticar com liberdade de escolha de seu contedo, de seu destinatrio, de sua convenincia, de sua oportunidade e de seu modo de realizao.

    O ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos bsicos: competncia, forma, finalidade, motivo e objeto. Desse modo, sempre que a lei estabelecer e detalhar esses cinco elementos, no deixando margem ao agente pblico acerca da convenincia e oportunidade no momento da edio do ato, este ser vinculado.

    Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente pblico no possui alternativas ou opes no momento de editar o ato (discricionariedade), pois a prpria lei j definiu o nico comportamento possvel. Portanto, caso o agente pblico desrespeite quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o ato dever ser anulado pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio.

    O ato vinculado no suscetvel de revogao pela Administrao Pblica, j que o agente pblico no emitiu qualquer juzo de valor sobre a convenincia e oportunidade no momento de sua edio.

    Gabarito: Letra c.

    07. (FCC/Analista de Controle Externo TCE AP/2012) Em relao a seus prprios atos, a Administrao

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 36

    a) pode anular os atos eivados de vcio de legalidade, a qualquer tempo, vedada a repercusso patrimonial para perodo anterior anulao. b) pode anul-los, apenas quando eivados de vcio quanto competncia e revog-los quando identificado desvio de poder ou de finalidade. c) pode anul-los, por razes de convenincia e opor- tunidade, observado o prazo prescricional. d) no pode anular os atos que gerem direitos para terceiros, exceto se comprovado fato superveniente ou circunstncia no conhecida no momento de sua edio. e) pode revog-los, por razes de convenincia e oportunidade, preservados os direitos adquiridos.

    Comentrios

    A questo em epgrafe pode ser respondida aps uma simples leitura da Smula 346 do Supremo Tribunal Federal, que assim dispe: a administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

    Gabarito: Letra e.

    08. (FCC/Auditor TCE RO/2010) Distingue-se a anulao do ato administrativo da revogao do ato administrativo porque, dentre outros fundamentos, a anulao a) s pode ser promovida por ao judicial, enquanto a revogao pode se dar por meio de processo administrativo. b) dispensa, tanto quanto a revogao, a instaurao de processo administrativo, ainda que se trate de ato constitutivo de direito. c) funda-se em critrios de oportunidade e convenincia, exigindo a instaurao de processo administrativo, enquanto a revogao ocorre por vcios de ilegalidade. d) destina-se retirada de atos administrativos discricionrios, enquanto a revogao aplica-se exclusivamente a atos administrativos vinculados. e) deve ser promovida em caso de vcio de ilegalidade, enquanto a revogao pode se dar por critrios de oportunidade e convenincia.

    Comentrios

    a) Errado. A anulao de ato administrativo pode ocorrer atravs de processo administrativo instaurado no mbito da Administrao Pblica ou por meio de ao judicial proposta perante o Poder Judicirio.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 37

    b) Errado. No julgamento do Recurso Especial n 594.296/MG, de relatoria do Ministro Menezes de Direito, o Superior Tribunal de Justia decidiu que o procedimento administrativo que importe em anulao ou revogao de ato administrativo, cuja formalizao haja repercutido no mbito dos interesses individuais, deve assegurar aos interessados o exerccio da ampla defesa luz das clusulas ptreas constitucionais do contraditrio e do devido processo legal.

    c) Errado. Somente a revogao de ato administrativo funda-se em critrios de convenincia e oportunidade (discricionariedade administrativa). Por outro lado, lembre-se de que a anulao sempre decorre de eventual ilegalidade constatada no ato.

    d) Errado. Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas, lembre-se sempre de que atos administrativos vinculados no podem ser revogados. Nesse caso, somente se admite a anulao, caso seja constatada alguma ilegalidade.

    e) Correto. Ademais, importante destacar ainda que a anulao de ato administrativo ilegal pode ser promovida tanto pela prpria Administrao Pblica quanto pelo Poder Judicirio.

    GABARITO: LETRA E.

    09. (FCC/Tcnico Judicirio TRE AC/2010) Sobre a anulao do ato administrativo, considere:

    I. A anulao a declarao de invalidao de um ato administrativo ilegtimo ou ilegal, feita pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio.

    II. Em regra, a anulao dos atos administrativos vigora a partir da data da anulao, isto , no tem efeito retroativo.

    III. A anulao feita pela Administrao depende de provocao do interessado.

    Est correto o que se afirma APENAS em a) I. b) I e II. c) II. d) II e III. e) III.

    Comentrios

    Item I Correto. A anulao de ato administrativo pode incidir sobre atos ilegais (contrrios lei) ou atos ilegtimos (contrrios aos princpios gerais do Direito).

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 38

    Item II Errado. Para responder s questes da Fundao Carlos Chagas, lembre-se sempre de que a declarao de invalidao (anulao) produz efeitos retroativos (ex tunc).

    Item III Errado. A Administrao Pblica no precisa ser provocada para anular atos administrativos invlidos, podendo atuar de ofcio.

    GABARITO: LETRA A.

    10. (FCC/Analista Judicirio TRT 9 Regio/2010) Analise as seguintes assertivas acerca dos atos administrativos:

    I. A ilegalidade torna o ato passvel de invalidao pela prpria Administrao ou pelo Judicirio, por meio de anulao.

    II. O ato discricionrio no pode prescindir de determinados requisitos, como a forma prescrita em lei e o fim indicado no texto legal; pode, todavia, sem que a lei faculte eventual deslocao de funo, haver transferncia de competncia, por ser modificao discricionria.

    III. No podem ser revogados atos que exauriram os seus efeitos, pois a revogao supe ato que ainda esteja produzindo efeitos, como ocorre na autorizao para porte de armas.

    IV. O vcio de finalidade admite convalidao, sendo, portanto, hiptese de nulidade relativa.

    Est correto o que consta APENAS em a) I, II e IV. b) I e III. c) I e IV. d) II e III. e) II, III e IV.

    Comentrios

    Item I Correto. O professor Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que o pressuposto da invalidao exatamente a presena do vcio de legalidade. O ato administrativo precisa observar os seus requisitos de validade para que possa produzir normalmente os seus efeitos. Sem eles, o ato no poder ter a eficcia desejada pelo administrador, sendo passvel de nulidade pelo Poder Judicirio ou pela prpria Administrao Pblica.

    Item II Errado. A competncia fixada diretamente pelo texto legal, no sendo possvel a sua transferncia para outros rgos ou agentes pblicos. O que se admite a delegao, que ocorre em carter temporrio e desde que no exista vedao legal.

    Item III - Correto. Se o ato administrativo j produziu todos os seus efeitos (ato consumado), no h possibilidade de revogao.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 39

    Item IV Errado. O vcio de finalidade caracteriza hiptese de nulidade absoluta, no sendo possvel, assim, a respectiva convalidao.

    GABARITO: LETRA B.

    11. (FCC/Analista Judicirio TRE AP/2011) Considere as seguintes assertivas sobre o requisito objeto dos atos administrativos:

    I. sempre vinculado.

    II. significa o objetivo imediato da vontade exteriorizada pelo ato.

    III. na licena para construo, o objeto consiste em permitir que o interessado possa edificar de forma legtima.

    IV. como no direito privado, o objeto do ato administrativo deve ser sempre lcito, possvel, certo e moral.

    Est correto o que se afirma SOMENTE em a) II, III e IV. b) IV. c) I e IV. d) I, II e III. e) I e II.

    Comentrios

    Item I Errado. O requisito do ato administrativo denominado objeto pode ser tanto vinculado quanto discricionrio. Nos atos vinculados, todos os requisitos do ato administrativos so vinculados, inclusive o objeto. Nos atos discricionrios, somente o motivo e o objeto sero discricionrios, enquanto os demais sero vinculados.

    Item II Correto. O professor Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que o objeto, tambm denominado por alguns autores de contedo, a alterao no mundo jurdico que o ato administrativo se prope a processar. Significa, como informa o prprio termo, o objetivo imediato da vontade exteriorizada pelo ato, a proposta, enfim, do agente que manifestou a vontade com vistas a determinado alvo. Pode o objeto do ato administrativo consistir na aquisio, no resguardo, na transferncia, na modificao, na exteriorizao ou na declarao de direitos.

    Item III Correto. O objetivo imediato da licena, isto , a proposta do agente publico ao editar o ato realmente permitir que o interessado possa edificar de forma legtima.

    Item IV Correto. Caso o objeto do ato administrativo seja ilcito, por exemplo, estar sujeito anulao pela prpria Administrao Pblica ou pelo Poder Judicirio.

    GABARITO: LETRA A.

  • PACOTE PREPARATRIO TRT 2 REGIO ANALISTA JUDICIRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA DIREITO ADMINISTRATIVO

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 40

    12. (FCC/Analista Judicirio TRE AP/2011) Considere a seguinte hiptese: o municpio desapropria um imvel de propriedade de desafeto do Chefe do Executivo com o fim predeterminado de prejudic-lo. O exemplo narrado a) caracteriza hiptese de vcio no objeto do ato administrativo. b) corresponde a vcio de forma do ato administrativo. c) corresponde a vcio no motivo do ato administrativo. d) corresponde a desvio de finalidade. e) no caracteriza qualquer vcio nos requisitos dos atos administrativos, haja vista a competncia discricionria do Poder Pblico.

    Comentrios

    Qual a finalidade especfica de um ato administrativo de desapropriao? beneficiar os amigos ou prejudicar os inimigos do Prefeito? proporcionar o aumento de seu patrimnio pessoal? claro que no!

    O ato administrativo de desapropriao sempre possui como finalidade, em sentido amplo, a satisfao do interesse pblico. Em relao finalidade especfica, esta dever constar do prprio texto do ato, a exemplo da desapropriao de um imvel antigo para a construo de um museu, a desapropriao de um imvel tombado a fim de que seja reformado e preservadas as suas caractersticas originais etc.

    Como o texto da assertiva afirmou que a desapropriao foi realizada com o fim predeterminado de prejudicar um desafeto do Chefe do Poder Executivo, constata-se que a finalidade do ato no foi respeitada, ocorrendo um verdadeiro desvio de finalidade.

    GABARITO: LETRA D.

    13. (FCC/Analista Judicirio TRT 23 Regio/2011) No que concerne ao requisito competncia dos atos administrativos, correto afirmar que a) admite, como regra, a avocao, pois o superior hierrquico sempre poder praticar ato de competncia do seu inferior. b) no admite, em qualquer hiptese, convalidao. c) se contiver vcio de excesso de poder, ensejar a revogao do ato administrativo. d) sempre vinculado. e) no admite, em qualquer hiptese, delegao

    Comentrios

    a) Errado. O superior hierrquico somente poder avocar competncias atribudas a seus subordinados em carter excepcional. O art. 15 da Lei 9.784/1999, por exemplo, dispe que ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior.

  • PACOTE PREPA