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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MBA EM CONTROLADORIA E GESTÃO FINANCEIRA DELAINE APARECIDA DE SOUSA LEITE ELISÂNGELA MARIA BEZERRA SUZANE RODRIGUES DE LIMA AVALIAÇÃO DO VALOR JUSTO (VALUATION) DA EMPRESA NATURA S.A Mogi das Cruzes, SP 2016

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

MBA EM CONTROLADORIA E GESTÃO FINANCEIRA

DELAINE APARECIDA DE SOUSA LEITE

ELISÂNGELA MARIA BEZERRA

SUZANE RODRIGUES DE LIMA

AVALIAÇÃO DO VALOR JUSTO (VALUATION) DA EMPRESA NATURA S.A

Mogi das Cruzes, SP

2016

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

MBA EM CONTROLADORIA E GESTÃO FINANCEIRA

DELAINE APARECIDA DE SOUSA LEITE RGM 76298

ELISÂNGELA MARIA BEZERRA RGM 17008

SUZANE RODRIGUES DE LIMA RGM 59651

AVALIAÇÃO DO VALOR JUSTO (VALUATION) DA EMPRESA

NATURA S.A

Monografia apresentada ao curso de MBA de Controladoria e Gestão Financeira da Universidade de Mogi das Cruzes, como requisito parcial para aprovação do mesmo.

Prof.º Orientador: Dr. Alexandre H. de Quadros

Mogi das Cruzes, SP

2016

DEDICATÓRIA

Dedicamos esta monografia a Deus que

iluminou e guiou o nosso caminho em mais

essa jornada;

Aos nossos professores e em especial ao

nosso orientador Dr. Alexandre H. de

Quadros pela credibilidade e incentivo que

tornaram possível a conclusão desta

monografia;

Aos nossos pais, amigos e familiares pela

ajuda, paciência, carinho e apoio constantes

que fazem de nossas vidas valerem cada

vez mais a pena.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de

nossas vidas, е não somente nestes anos acadêmicos, mas que em todos os

momentos se mostrou o maior mestre que alguém pode conhecer.

A esta universidade, seu corpo docente, direção е administração que

oportunizaram а janela que hoje vislumbramos um horizonte superior, eivado pela

acendrada confiança no mérito е ética aqui presentes.

Agradecemos а todos os professores por nos proporcionar о conhecimento

não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no

processo de formação profissional, por tanto que se dedicaram а nós. А palavra

mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados aos quais sem nominar terão

os meus eternos agradecimentos.

Ao nosso orientador Alexandre H. Quadros, pelo suporte no pouco tempo

que lhe coube, pelas suas correções е incentivos.

Aos nossos pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.

Nossos agradecimentos aos amigos e companheiros de trabalhos que

fizeram parte da nossa formação е que vão continuar presentes em nossas vida

com certeza.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, о

nosso muito obrigado.

“As companhias prestam muita atenção ao custo de fazer alguma coisa. Deviam preocupar-se mais com os custos de não fazer nada.”

(Philip Kotler)

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo o estudo do método de Valuation através da técnica de fluxo de caixa descontado, seu desenvolvimento é baseado no estudo de caso de uma empresas líder no mercado de cosméticos no Brasil, a Natura S/A. Hoje a empresa se encontra em um mercado agressivo, onde precisa inovar para manter seu potencial. Saber o valor de mercado é essencial para ter uma visão do futuro da empresa e sua capacidade de gerar fluxo de caixa dentro de um mercado tão promissor. Para a análise de valor, usa-se as principais ferramentas do setor contábil e financeiro, como o DRE e o Balanço Patrimonial. Analisando essas duas ferramentas e aplicando o método de fluxo de caixa descontado pode-se concluir que a empresa opera em uma situação confortável e rentável, com uma taxa de crescimento de 3% nos últimos 3 anos, essa premissa baseia-se nas informações disponíveis no Balanço Patrimonial e DRE, não considerando o valor do patrimônio intangível, como marca e pessoas.

Palavras chaves: Valuation, fluxo de caixa, Natura, Contabilidade e Finanças

ABSTRACT

This thesis aims to study the Valuation method by the discounted cash flow technique, its development is based on the case study of a leading company in the cosmetics market in Brazil, Natura S / A. Today the company is in an aggressive market, which needs to innovate to maintain their potential. Knowing the market value is essential to have a vision of the future of the company and its ability to generate cash flow within a market as promising. For value analysis, you use the main tools of accounting and financial sector, such as the Income Statement and the Balance Sheet. Analyzing these two tools and applying the discounted cash flow method can be concluded that the company operates in a comfortable and profitable situation, with a growth rate of 3% in the last three years, this assumption is based on information available at balance sheet and Income Statement, not considering the value of intangible assets such as brand and people.

Keywords : Valuation , cash flow , Natura , Accounting and Finance .

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros analíticos 26

Tabela 2 – Índice de Endividamento – 2015 32

Tabela 3 – Demonstrativo – Fluxo de Caixa 37

Tabela 4 – Resultado Consolidado – Rentabilidade Média 37

Tabela 5 – Resultado Consolidado – Indicadores de Retorno 38

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 10

1.1 Problema ............................................................................................... 10

1.2 Justificativa ............................................................................................ 11

2 OBJETIVOS .......................................................................................... 12

2.1 Geral ..................................................................................................... 12

2.2 Específicos

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................. 13

3.1 Abordagem qualitativa .......................................................................... 13

3.2 Pesquisa exploratória, documentada e bibliográfica ............................ 13

4 REFERÊNCIAL TEÓRICO ................................................................... 15

4.1 Contabilidade ....................................................................................... 15

4.1.1 Balanço Patrimonial ........................................................................ 16

4.1.2 Demonstração do resultado do Exercício – DRE ............................ 17

4.2 Finanças ............................................................................................... 19

4.2.1 Administração Financeira ................................................................ 19

4.2.2 Análise e Planejamento Financeiro ................................................. 20

4.2.3 Índices de Análise Financeira .......................................................... 23

4.2.4 O Administrador Financeiro ............................................................. 26

4.3 O que é uma Avaliação de Empresas (Valuation)? ............................. 27

4.3.1 Métodos de Avaliação de Empesas (Valuation) .............................. 28

4.3.2 Método de Fluxo de Caixa Descontado – FCD ............................... 29

4.3.3 Qual a importância do Valuation? .................................................... 29

4.3.4 Onde é aplicado o Valuation? ......................................................... 30

4.4 Natura S.A ........................................................................................... 30

4.4.1 A empresa ....................................................................................... 30

4.4.2 Mercado de Ações .......................................................................... 31

4.4.3 Endividamento ................................................................................ 31

4.4.4 Loja física ........................................................................................ 32

4.4.5 Sustentabilidade ............................................................................. 33

4.4.6 Inovação ......................................................................................... 34

5 VALUATION DA EMPRESA NATURA S.A. ........................................ 36

5.1 Aplicação do método de Fluxo de Caixa Descontado (FCD) .............. 36

5.2 Resultados consolidados ..................................................................... 37

5.2.1 Rentabilidade média ........................................................................ 37

5.2.2 Indicadores de retorno ..................................................................... 38

5.3 Análise e discussões sobre o FCD e os resultados consolidados ....... 38

5.3.1 Análise do Fluxo de Caixa Descontado da Natura S.A ................... 38

5.3.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ........................................................ 39

5.3.3 Payback ........................................................................................... 40

5.3.4 Valor Presente Líquido (VPL) ......................................................... 40

5.3.5 Valor da Perpetuidade e Valor do Negócio ..................................... 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 42

REFERÊNCIAS........................................................................................... 44

ANEXOS .................................................................................................... 48

10

1. INTRODUÇÃO

A presente monografia trata-se da avaliação do valor justo da empresa Natura

S.A através do Valuation, empresa brasileira, que atua no setor de cosméticos,

perfumaria e maquiagem.

De acordo com Santos (2005), a avaliação de empresas representa uma das

principais tarefas executadas pelas áreas acadêmica e empresarial, a fim de se

calcular o valor de mercado das corporações a partir da coleta, análise e

monitoramento de informações detalhadas do risco de suas atividades operacionais.

E este assunto torna-se ainda mais evidente quando consideramos o cenário

caracterizado pela concorrência agressiva, elevada carga tributária sobre a

lucratividade entre outras dificuldades que as empresas enfrentam atualmente

perante o mercado.

Os avaliadores de empresas têm como foco os resultados empresariais e

avalia a eficácia da empresa através dos resultados periódicos obtidos. Segundo

Padoveze (2007), a apuração do valor da empresa é fundamental e afirma que:

O objetivo de qualquer empreendimento é criar valor para os acionistas, valor este que é gerado pelas operações, mensurado e evidenciado contabilmente pela Demonstração de Resultados. Os resultados obtidos refletem as decisões de investimentos do passado e, consequentemente, são avaliadores do desempenho dos responsáveis pela decisão. (PADOVEZE, 2007, p.465)

Deste modo, deve-se continuadamente mensurar o valor da empresa, para

monitorar o processo de criação de valor e a avaliação do desempenho dos

investimentos. Pois um investimento é realizado no pressuposto de gerar um

resultado que supere o valor investido, para compensar o risco de trocar um valor

presente certo por um valor futuro com risco de sua recuperação, conclui Padoveze

(2007).

1.1 Problema

Como estabelecer o valor justo da empresa Natura S.A através do Valuation?

11

1.2 Justificativa

Conforme Santos (2005), em virtude da globalização mundial, da

concorrência agressiva e outros fatores de riscos para as organizações abriu-se um

interessante campo para estudo, ao relacionar cada vez mais o valor de mercado da

empresa ao risco de sua atividade operacional.

Diante deste contexto econômico, podemos salientar que a ausência do

conhecimento do valor justo pode fazer com que muitas empresas sejam adquiridas

por investidores e/ou concorrentes por valores muitas vezes não compatíveis com

seus reais potenciais de geração de receitas sendo mais um motivo plausível para a

escolha da realização deste projeto. Neste sentido, entende-se que:

Os administradores que se concentrarem na construção de valor para o acionista criarão empresas mais saudáveis do que os que não o fizerem. Também pensamos que as empresas mais saudáveis levem, por sua vez, a economias mais sólidas, padrões de vida mais elevados e maiores oportunidades de carreira e de negócios para os indivíduos. (COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2002, p.3).

Para estabelecer o valor justo das empresas se faz necessário a utilização do

Valuation ou Avaliação de Empresas. Segundo Santos (2005), a avaliação de

empresas representa um dos principais procedimentos realizados pelas áreas

acadêmica e empresarial a fim de coletar, analisar e monitorar informações

detalhadas do risco de suas atividades operacionais.

Levando em consideração essas premissas, neste caso verifica-se que estudos

como este sempre serão de grande utilidade e interesse dos acionistas e

investidores por permitir ampliar as perspectivas sobre o negócio e assim aprimorar

a sua gestão.

Além disso, a realização deste projeto contribuirá para a geração de novos

conhecimentos, desenvolvimento de análise e senso crítico e melhor capacitação

dos alunos envolvidos neste estudo, podendo também criar novos campos de

trabalho em consultorias e futuras oportunidades de carreira empresarial no âmbito

de avaliação de empresas.

12

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Abordar as áreas relevantes que refletem de alguma forma a avaliação de

empresas.

2.2 Específicos

Compreender a definição e os métodos de Valuation;

Analisar a empresa Natura S.A, principalmente nos seus aspectos

econômicos, financeiros e tributários considerando seus quatro últimos

anos: 2012, 2013, 2014 e 2015.

Aplicar o método de Valuation mais viável para se calcular o valor justo da

empresa Natura S.A. em relação ao mercado.

13

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Abordagem qualitativa

O processo de avaliação de uma empresa consiste em mensurar dados reais

por meio da coleta e análise de informações detalhadas do negócio, para que se

possa compreender a situação econômico-financeira das empresas, seu

desempenho e principais riscos. Assim sendo, a monografia apresentada baseia-se

num estudo qualitativo.

De acordo com Gressler (2004), a abordagem qualitativa descreve e

apresenta a realidade tal como é em sua essência, sem o propósito de introduzir

informações suplementares nas análises. E afirma que:

A abordagem qualitativa difere, em princípio, da abordagem quantitativa, à medida que não emprega instrumentos estatísticos como base do processo de análise. Essa abordagem é utilizada quando se busca descrever a complexidade de determinado problema, não envolvendo manipulações de variáveis e estudos experimentais. Contrapõe-se à abordagem quantitativa, uma vez que busca levar em consideração todos os componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas, numa visão holística dos fenômenos. (GRESSLER, 2004, p.43)

As informações contidas neste trabalho serão com base em um estudo da

empresa Natura S.A diante de uma análise crítica de suas demonstrações

financeiras.

3.2 Pesquisa exploratória, documentada e bibliográfica

Para o tipo de pesquisa abordado nesta monografia, foram utilizados os

seguintes critérios:

Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória pelo fato de existirem ainda

poucos estudos sobre Valuation no âmbito empresarial, devido a sua complexidade

em determinar o valor de uma empresa. Vergara (2006), salienta que a investigação

exploratória não deve ser confundida com leitura exploratória, pois é realizada em

área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. E ainda, por sua

natureza de sondagem, essa pesquisa não comporta hipóteses que, todavia,

poderão surgir durante ou ao final da pesquisa.

14

Quanto aos meios, a pesquisa foi documental e bibliográfica pelas

informações para o processo de avaliação de empresas terem sido adquiridas

através da análise de documentos contábeis e financeiros reais e por esta

monografia ter sido desenvolvida com base em material publicado em livros, jornais

e outros meios.

Segundo Vergara (2006), a investigação documental é efetuada em

documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer

natureza, ou com pessoas: registros, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos,

balancetes, diários, comunicações informais e outros e a pesquisa bibliográfica é o

estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,

revistas, jornais, redes eletrônicas, ou seja, material acessível ao publico em geral.

15

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Contabilidade

A avaliação de uma empresa normalmente se inicia pela analise e estudos

das demonstrações contábeis e financeiras. Para que possamos iniciar esse

processo, se faz necessário o conhecimento prévio da contabilidade:

A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. (MARION, 2009, p.28).

Segundo Marion (2009), a contabilidade não deve ser realizada visando

somente atender às exigências do governo, mas, o que é muito mais importante,

auxiliar também os gestores a tomarem decisões.

A contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio,

busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da

eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas

pelo patrimônio da Entidade particularizada, a geração de informações quantitativas

e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, quanto monetários.

(Wikpédia.2016).

O principal objetivo da contabilidade é permitir aos usuários a avaliação da

situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer

inferências sobre suas tendências futuras. As principais funções da Contabilidade

são: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do

patrimônio em virtude da atividade econômica ou social que a empresa exerce no

contexto econômico.

Segundo Póvoa (2004), a contabilidade contém milhares de regras de acordo

com o lançamento a ser efetuado. No entanto, há sete leis contábeis que devem ser

promulgadas, a priori, a fim de ajudar a rebater certas críticas que costumam recair

sobre os contadores:

Para interpretar a informação que os contadores geram é preciso saber ler e

compreender principalmente as três principais Demonstrações Financeiras: Balanço

16

Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Fluxos

de Caixa (MBA em 10 lições, Cap3. apud MARION, 2009, p. 08).

4.1.1 Balanço Patrimonial

É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa (Ativo),

assim como as obrigações (Passivo Exigível) em determinada data. A diferença

entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido

pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da

empresa, quer gerado por esta em suas operações e retidos internamente.

O Balanço Patrimonial, preparado a partir de uma data específica, registra as categorias e quantias de ativos empregados pelo negócio e as obrigações devidas aos financiadores e proprietários. Também chamado de demonstração da condição financeira ou demonstração da posição financeira, o balanço sempre tem que igualar, por definição, o valor registrado dos recursos totais investidos naquele período(ativos) com as obrigações exigidas e patrimônio líquido (passivos) que sustentam esses recursos. (HELFERT, 2000, p.30)

Conforme Marion (2009), o Balanço Patrimonial é a ferramenta mais completa

gerada pela contabilidade. Através dele pode-se verificar a saúde financeira e

econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada.

O Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido mostram a origem dos recursos

que se acham investidos no Ativo. Especificamente, o Patrimônio Líquido não

representa nada de concreto. Quando a empresa é constituída, os sócios entregam-

lhe determinado Capital representado por dinheiro ou bens. Nesse momento, a

empresa possui apenas esses bens e o numerário que recebeu dos sócios, aponta

Matarazzo (1998).

Os passivos exigíveis são obrigações específicas que representam direitos dos financiadores sobre os ativos do negócio e têm prioridade de reembolso em relação aos proprietários. O patrimônio líquido registrado, com efeito, representam uma quantia residual dos proprietários, sobre os ativos remanescentes, após subtraídas todas as obrigações exigíveis.(HELFERT,2000,p.31).

Ainda segundo Helfert (2000), as categorias principais de ativos, ou de fundos

aplicados, são:

17

Ativos circulantes (bens e direitos que possuem um giro que acompanha o

curso normal do negócio, dentro de um período de um ano, tais como, caixa,

títulos negociáveis, contas a receber e estoques).

Ativos fixos (como terrenos, recursos minerais, edifícios, equipamentos,

maquinaria e veículos), que possuem uma vida útil maior que uma ano.

Outros ativos, tais como marcas, patentes e vários outros itens intangíveis.

As fontes principais dos fundos obtidos são:

Passivos circulantes, que são obrigações para com fornecedores, agências

governamentais de impostos e tributos, empregados e financiadores, a serem

saldadas dentro de um ano.

Passivos exigíveis a longo prazo, que são uma variedade de instrumentos de

dívida pagos além do período de um ano, tais como títulos de dívida,

empréstimos e hipotecas.

Patrimônio líquido que representa a quantia líquida registrada de capitais

fornecidos por várias classes de proprietários do negócio, como também os

lucros retidos após a distribuição de dividendos.

Os balanços patrimoniais são instrumentos estáticos, como uma fotografia,

pois refletem as condições da empresa na data de sua elaboração. Eles também

são cumulativos, porque representam os efeitos de todas as decisões e transações

que aconteceram desde o começo do negócio e foram sendo atualizados até a data

do último balanço apurado.

4.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE

A demonstração do resultado do exercício mede o desempenho ao longo de

um dado período, ou seja, entre dois instantes.

De acordo com Matarazzo (1998), a Demonstração do Resultado do Exercício

(DRE) é uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio

18

Líquido pelas operações da empresa. Todas as receitas e despesas se acham

comprometidas na Demonstração do Resultado, segundo uma forma de

apresentação que as ordena de acordo com a sua natureza, sendo um resumo do

movimento de certas entradas e saídas no balanço, entre duas datas, fornecendo

informações significativas sobre a empresa.

Ainda segundo Matarazzo (1998), a Demonstração do Resultado retrata

apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a

Demonstração do Resultado não importa se uma receita ou despesa tem reflexos

em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido.

A demonstração de resultado de exercício reflete o efeito das decisões operacionais da administração sobre o desempenho empresarial e o lucro ou prejuízo contábil resultante para os proprietários do negócio em um período específico de tempo. O demonstrativo de resultado é, assim, um suplemento necessário ao balanço patrimonial, pois explica o componente principal de mudança na conta do patrimônio líquido e fornece uma variedade de informações para avaliação de desempenho. (HELFERT, 2000, p.47).

No DRE, o ponto de partida é as receitas operacionais provenientes das

operações das atividades da empresa, seja ela um comércio, uma indústria e/ou

uma prestadora de serviços.

As Receitas Operacionais devem ser demonstradas por seu montante bruto,

de modo que fique consistente com o valor faturado a clientes. Para obter-se as

Receitas Operacionais Líquidas é preciso subtrair do montante das receitas, todas

as devoluções de vendas incorridas no período e o lucro ou prejuízo alcançado com

a diminuição dos custos apropriados nos produtos, mercadorias e/ou serviços

prestados, afirma Braga (2009).

Para um melhor entendimento, segue as considerações:

Lucro ou prejuízo bruto é o resultado bruto das operações, depois deduzidos os custos pertinentes, ou seja, é a diferença entre a receita operacional líquida e os custos operacionais da receita. Será lucro bruto quando a receita for maior que o custo, caso contrário, resultará um prejuízo bruto.(BRAGA, 2009, p.91)

O lucro ou prejuízo operacional é obtido pela dedução das despesas

operacionais (despesas com vendas e; ou comercialização, despesas

administrativas, financeiras e outras despesas/ receitas operacionais).

19

Conforme Braga (2009), o lucro ou prejuízo operacional corresponde à

diferença entre o lucro ou prejuízo bruto e as despesas operacionais. Se o lucro

bruto exceder ao montante das despesas operacionais, haverá lucro operacional;

caso contrário haverá prejuízo operacional.

A demonstração de Resultado de Exercício é a demonstração financeira que

apresenta um resumo das operações da empresa, para encontrar-se o resultado da

empresa, seja ele positivo ou negativo (lucro ou prejuízo). Faz-se as deduções das

despesas em relação as receitas auferidas no exercício social.

4.2 Finanças

A área de Finanças de uma empresa corresponde aos esforços do dia a dia,

visando atingir os objetivos dos proprietários e inserindo uma série de princípios

econômicos para maximizar a riqueza.

Finanças é a arte e a ciência de administrar fundos, ou seja, é todo dinheiro aplicado em ativos que em contra partida gera uma quantia igual à aplicada gerado por algum tipo de financiamento. Finanças nada mais é do que a grande responsável na manipulação de fontes monetárias, ou seja, tudo que expressar valor. (GITMAN, 2003, p.4)

Segundo Groppelli & Nikbakht (1998), é importante manter-se a par dos

novos avanços na moderna teoria de finanças tanto quanto em relação aos

desenvolvimentos praticados nos mercados financeiros. A área de finanças sido de

suma importância e requer atualização constante dos antigos conceitos. Os últimos

avanços nos métodos de avaliação podem ajudar a tomar melhores decisões. A

emergência dos novos instrumentos financeiros, tais como futuros financeiros,

opções e outros direitos condicionados sobre passivos, supre os administradores

com os métodos mais sofisticados e efetivos para avaliar e, quando necessário,

alterar decisões financeiras.

4.2.1 Administração Financeira

De acordo com Braga (1995), o principal objetivo da Administração Financeira

para as empresas é o aumento de seu lucro/rentabilidade para com seus

20

proprietários. Todas as atividades empresariais envolvem recursos financeiros e

orientam-se para a obtenção de lucros.

A Administração Financeira está diretamente ligada à Contabilidade uma vez

que utiliza dados contábeis para suas análises. Em um contexto geral a

Administração Financeira foca no estudo das instituições financeiras e nos mercados

financeiros, sobretudo em como eles operam dentro do sistema financeiro nacional e

global. Em uma visão restrita trabalha através do estudo do planejamento financeiro,

administração de recursos, capital de empresas e instituições financeiras.

Quando uma empresa pretende ingressar no mercado, enfrenta grandes

dificuldades para obter recursos financeiros seja ele próprio ou de terceiros; e

quando alcança, é em longo prazo. Diante desse cenário, o administrador financeiro

tem a função de multiplicar esses recursos até então escassos.

Sem capital que atenda às necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento ou para atender às operações do dia a dia, não podemos desenvolver e testar novos produtos, criar campanhas de marketing, comprar alimentos, manter ou construir novas empresas. O papel do administrador financeiro é assegurar que este capital esteja disponível nos momentos adequados, no momento certo e ao menor custo, se isso não ocorrer a empresa não sobreviverá. (GITMAN, 2003, p.2)

Conforme Gitman (2003), a área de Finanças está muito mais complexa e

avança a passos mais rápidos atualmente. Os mercados financeiros estão voláteis,

as taxas de juros podem elevar ou declinar acentuadamente, num período de tempo

muito curto. Essas mudanças afetam as decisões financeiras, ademais, há hoje

muito mais estratégias financeiras possíveis, e novos produtos financeiros que

surgem a todo instante.

4.2.2 Análise e Planejamento Financeiro

Segundo Costa (2010) a análise econômico-financeira tem por objetivo extrair

informações das demonstrações financeiras e dos demais relatórios a fim de

interpretar em termos quantitativos, o efeito das decisões de investimento e

financiamento tomadas pela empresa.

21

Conforme Gitman (2003), a análise e planejamento financeiro consistem na

transformação dos dados financeiros, de forma que possam ser utilizados para

monitorar a situação financeira da empresa. O principal objetivo é avaliar o fluxo de

caixa da empresa e desenvolver planos que assegurem que os recursos adequados

estarão disponíveis para o alcance dos objetivos.

A partir dessa premissa podemos concluir que o planejamento deve ser

flexível permitindo estratégias e alternativas para obter os melhores resultados

substituindo os planos existentes por novos planos, quando o atual não alcança o

esperado. O planejamento financeiro trabalha com prazos adequados para os

investimentos evitando expansão excessiva e gastos desnecessários. Utilizar os

recursos de forma adequada significa analisar todas as opções e selecionar a mais

lucrativa.

O planejamento financeiro, uma parte crucial da administração financeira, inclui a tomada diária de decisões para auxiliar a empresa nas suas necessidades de caixa. Planejamentos a longo prazo devem ser elaborados a fim de fornecerem orientação adequada à área de pesquisa e desenvolvimento e para propiciarem fundamentadas decisões de gastos de capital. Se isso for por bem administrado, será percebido pelos investimentos como fator de redução de risco e de aumento nos retornos esperados, concorrendo provavelmente para que o valor da empresa aumente. (GROPPELLI & NIKBAKHT, 1998, p.5)

A análise não pode estar focada somente em um indicador, mas sim em um

conjunto interligado de índices. Quando analisamos os índices de forma isolada

podemos ter conclusões equivocadas sobre a empresa, porém quando fazemos a

análise a partir de um conjunto podemos compreender melhor a real evolução da

situação econômica financeira da empresa.

Para Matarazzo (2010), a análise das demonstrações visa extrair informações

para auxiliar a tomada de decisão. O conhecimento pleno do significado de cada

conta facilita a busca de informações precisas.

A análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente o estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar, em consequência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para previsão de tendências futuras. (Neto,2002, p.98)

Assim a análise passa a ser um elemento útil nas transações das operações a

prazo de compra e venda de mercadorias.

22

Entre as principais demonstrações temos: Balanço Patrimonial,

Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração de Origens e Aplicações

de Recursos, Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (ou mutações do

Patrimônio Líquido), Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor

Adicionado.

Para ser feita a análise, deve averiguar se tem a posse de todas as Demonstrações Contábeis (inclusive Notas Explicativas). Também seria desejável ter em mão as Demonstrações Contábeis de três períodos. Com as publicações em colunas comparativas, tem-se de posse de uma única publicação, dois períodos: exercício atual e exercício anterior. (Marion, 2009, p. 22)

Para analisar o desempenho financeiro, a atratividade de investimento e a

situação de equilíbrio ou insolvência das empresas, utiliza-se a técnica de análise de

balanços que permite verificar “[...] a posição econômico financeiro atual, as causas

que determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras” (NETO, 2002, p.

43).

A análise de balanços é a análise mais importante para a empresa, é através

dela que podemos obter informações importantes sobre sua posição econômica e

financeira. São os analistas que tiram conclusões através de dados relevantes como

se a empresa analisada, em um determinado momento, merece crédito ou não, se

sua atividade operacional oferece uma rentabilidade que satisfaz as expectativas

dos proprietários, se irá falir ou se continuará operando, se a mesma tem

capacidade de pagar suas obrigações, se vem sendo bem administrada, entre

outros fatores.

Em verdade, a preocupação do analista centra-se nas demonstrações contábeis da sociedade, das quais extrai suas conclusões a respeito de sua situação econômico-financeira, e toma (ou influencia) decisões com relação a conceder ou não crédito, investir em seu capital acionário, alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem administrada, identificar sua capacidade de solvência (estimar se irá falir ou não), avaliar se é uma empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos gerados internamente etc.(Neto,2002, p. 48)

Assim sendo, dois fatores são importantes para à análise de balanços: a

qualidade das informações e o volume de informações disponibilizadas a quem for

analisar. Os relatórios contábeis, segundo Neto (2002), discriminam-se em

obrigatórios e não obrigatórios:

23

a) os relatórios obrigatórios são aqueles determinados pela legislação

societária, sendo mais conhecidos por demonstrações contábeis ou financeiras,

como o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração das Origens e Aplicações de

Recursos, e

b) Os relatórios não obrigatórios não fazem parte da estrutura básica das

demonstrações contábeis que devem ser formuladas para efeitos de divulgação,

sendo normalmente remetidos ao uso gerencial interno, como fluxos de caixa e

projeções de vendas.

Ao contrário das demonstrações financeiras, os relatórios de análise devem ser elaborados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que não o sejam, isto é, sua linguagem deve ser inteligível por qualquer mediano dirigente de empresa, gerente de banco ou gerente de crédito. É claro que isto não acontece com as demonstrações financeiras, que, aliás, não têm nenhuma preocupação nesse sentido. As demonstrações financeiras apresentam-se carregadas de termos técnicos e suas notas explicativas são feitas exclusivamente para técnicos, a tal ponto que permitem frequentemente manipulações. Assim, a análise de balanços deve assumir também o papel de tradução dos elementos contidos nas demonstrações financeiras. (Matarazzo,2010, p. 17)

4.2.3 Índices de Análise Financeira

Os Índices são uma relação entre contas ou grupo de contas das

demonstrações financeiras com visão ampla da situação Econômica Financeira da

Companhia:

[...] servem como identificadores que demonstram a potencialidade da empresa. São eles que dizem qual a liquidez da empresa de dispor de recursos para saldar suas dívidas, qual o endividamento da empresa com terceiros, qual o retorno sobre os investimentos dos acionistas, [...], entre muitas outras singularidades ativas de análise. (Teixeira Melo, 2011, p. 1).

Após abordarem a importância dos indicadores financeiros, Garrison, Noreen

e Brewer (2011), indicam que os índices não devem ser tratados como um fim, mas

como um ponto de partida. De modo que, para avaliarmos determinado fator

teremos que adotar padrões de comparação.

24

Correndo o risco de afetar a estrutura organizacional da empresa a

administração financeira deve ajudar a planejar e a controlar seu futuro.

O melhor caminho para acompanhar a evolução e identificar possíveis

deficiências na gestão dos negócios é fazendo análises através dos índices de

liquidez.

A liquidez é a capacidade que a empresa tem em pagar suas dívidas de curto

ou longo prazo. Pode ser considerada como um processo que ramifica o Balanço

Patrimonial, visando interpretar seus componentes.

A análise de liquidez é uma ferramenta utilizada para medir o quanto a

empresa tem para cada unidade monetária que ela deve.

Matarazzo (2010) diz que os índices de liquidez mostram a base da situação

financeira da empresa e que “não são índices extraídos do fluxo de caixa que

comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do

confronto dos Ativos Circulantes com as dívidas, procuram medir a estabilidade da

base financeira da empresa”.

Liquidez Imediata (LI) – Utilizado para análise da situação a curto prazo,

considera apenas: caixa, bancos e aplicações financeiras.

Fórmula:

LI= Disponível

Passivo circulante

Indica quanto a empresa possui de disponível para cada R$1,00 do Passivo

Circulante.

Liquidez Corrente (LC) – Calcula a capacidade da empresa em fazer frente

as suas obrigações no curto prazo.

Fórmula:

LC= Ativo Circulante

25

Passivo circulante

Indica quanto à empresa possuí de Ativo Circulante para cada R$ 1,00 do

Passivo Circulante.

Liquidez Seca (LS) – Calcula a capacidade de pagamento da empresa sem

usar de seus estoques. Ou seja:

O índice de liquidez seca é semelhante ao índice de liquidez corrente, com a única diferença que exclui os estoques do ativo circulante da empresa, por ser o ativo de menor liquidez. A baixa liquidez dos estoques resulta normalmente de dois fatores básicos: (1) vários tipos de estoques não podem ser vendidos facilmente porque são itens parcialmente completados, itens obsoletos, itens para propósitos especiais e assim por diante; e (2) São itens tipicamente vendidos a crédito, o que significa que eles se tornam duplicatas a receber antes de ser convertidos em caixa. (Gitman, 2003, p.110).

Fórmula:

LS= Ativo Circulante - Estoques

Passivo circulante

Indica quanto à empresa possuí de seu Ativo Líquido para cada R$1,00 de

Passivo Circulante

Liquidez Geral (LG) – Considera a situação de médio e longo prazo.

Formula:

LG= A. Circulante + Realizável L. Prazo

P. Circulante + Exigível L. Prazo

Indica quanto à empresa possui de Ativo Circulante mais Realizável em

Longo Prazo para cada R$1,00 de dívida total.

Na tabela 1 podemos ter a visão geral dos parâmetros analíticos pré-

estabelecidos para análise de desempenho financeira da empresa:

26

Tabela 1: Parâmetros analíticos

Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Geral

Índice Situação Índice Situação Índice Situação > 1,50 < 2,00 Excelente > 1,0 < 2,00 Excelente > 1,0 < 2,00 Excelente > 1,00 < 1,50 Boa > 0,8 < 1,00 Boa > 0,8 < 1,00 Boa

> 0,50 < 1,00 Regular > 0,40 < 0,80

Regular > 0,40 < 0,80

Regular

< 0,50 Ruim < 0,40 Ruim < 0,40 Ruim Fonte: Apostila Análise Econômica Financeira com Utilização de Índices (Página 7 )

4.2.4 O Administrador Financeiro

O sucesso do administrador financeiro está baseado no dilema: maximizar a

riqueza versus liquidez. Muitas vezes a busca por esse equilíbrio pode comprometer

a situação financeira da empresa, principalmente quando o administrador age de

maneira inoportuna e visualiza seu papel somente como aqueles que evita grandes

erros.

As atividades do administrador financeiro podem ser relacionadas às

demonstrações financeiras básicas da empresa. Suas atividades fundamentais são:

realizar análises e planejamento financeiro; tomar decisões de investimento; e tomar

decisões de financiamento.

Para obter uma administração conservadora o administrador deve direcionar

seus recursos para os ativos líquidos (caixas, bancos e ativos financeiros de alta

liquidez) elevando a liquidez imediata e diminuindo o risco no curto e médio prazo,

porém, se os investimentos forem direcionados para os ativos com prazo mais longo

(estoques, duplicatas a receber, etc), as vendas e a lucratividade provavelmente

crescerá e poderá implicar em inadimplência. Assim a liquidez imediata será menor

e o pagamento das dívidas no curto prazo dependerá da capacidade de geração de

recursos operacionais.

Segundo Costa (2010) quando falamos de risco a curto prazo, se a empresa

exagerar no conservadorismo, maximizando por muito tempo a sua liquidez

imediata, ela deixará de investir em ativos operacionais, o que poderá prejudicar a

sua competitividade no longo prazo.

27

Dessa forma cabe ao administrador encontrar o equilíbrio entre risco e retorno

sem exagerar na liquidez nem na rentabilidade, visando garantir o equilíbrio da

empresa e atingindo os objetivos básicos de maximizar a riqueza dos proprietários.

4.3 O que é uma Avaliação de Empresas (Valuation)?

O principal objetivo da Avaliação de empresas ou Valuation é estabelecer o

valor justo de uma organização.

Quando falamos em valor, obviamente, falamos principalmente em contabilidade e economia, em sua representação monetária. Ou seja, estamos atribuindo quantidade de moeda a algum ativo ou a alguma obrigação; consequentemente, a toda e qualquer receita ou despesa, ou então ganho ou perda. Finalmente, ao lucro (ou prejuízo). (MARTINS, 2001, p.22).

Conforme Santos (2005), a avaliação de empresas refere-se ao procedimento

indispensável que permite verificar de que forma o mercado está avaliando a

capacidade futura da empresa de gerar fluxos de caixa que lhes possibilitem receber

taxas de retorno acima do custo de oportunidade.

Diante de uma operação de compra e venda, Martelanc (2010) afirma que o

valor de um negócio é definido pelo processo de negociação entre o comprador e o

vendedor, porém o valor justo de uma empresa é estipulado pelos processos de

avaliação e representa o valor potencial de um negócio em função da expectativa de

geração de resultados futuros. O preço estipulado nessas negociações não precisa

necessariamente coincidir com o valor da empresa estabelecido por um método de

avaliação, pois cada comprador ou acionista pode calcular esse valor com base em

suas próprias premissas e critérios cabendo o vendedor aceitar a proposta, tentar

negocia-la ou continuar com a organização.

Martelanc (2010) ressalta que nenhum modelo de avaliação de empresa

fornece um valor único e preciso e sim uma estimativa do valor, pois as decisões

que afetam receitas, custos, despesas, investimentos e capital de giro associado às

mudanças ocorridas na conjuntura econômica local e global, influenciam nos

resultados da empresa e alteram seu valor. Neste contexto, a avaliação de

28

empresas irá estabelecer uma faixa de valores estimados que poderão ser

negociados.

Em termos de gestão, a avaliação de empresas é uma ferramenta que

contribui para o aperfeiçoamento do processo decisório e uma de suas aplicações é

avaliar o impacto das decisões estratégicas, financeiras e operacionais das

empresas, relata Martelanc (2010). Neste sentido, entende-se que:

A avaliação de empresas por meio da coleta e análise de informações detalhadas do negócio visa prover sinergias, reduzir impostos, garantir melhor economia de escala, melhorar as condições competitivas e expandir a participação de mercado da empresa investidora. Isso representa um meio para a empresa se fortalecer diante da crescente internacionalização das operações corporativas. (SANTOS, 2005, p.8).

A valorização do preço de mercado da empresa consiste em uma das

principais tarefas da administração financeira e para isso todos internamente devem

empenhar-se a fim de atingir a maximização da riqueza dos proprietários, afirma

Santos (2005).

4.3.1 Métodos de Avaliação de Empresas (Valuation)

Damodaran (2007, p. 6 e 443) coloca em termos gerais que existem quatro

tipos de avaliações para empresas ou ativos: a avaliação pelo fluxo de caixa

descontado, que relaciona o valor de um ativo ao valor presente dos fluxos de caixa

futuros previstos desse ativo; a avaliação relativa, que estima o valor de um ativo

analisando a precificação de ativos compráveis em relação a uma variável comum,

como ganhos, fluxos de caixa, valor contábil ou vendas; a avaliação por direitos

contingentes, que utiliza modelos de precificação de opções para medir o valor de

ativos que compartilham características de opção; e, por fim, avaliações baseadas

em ativos, em que se estima que os ativos possuídos por uma empresa valham

corretamente.

Em cada método de avaliação existe mais de uma técnica variável, sendo que

podem ser usadas de diferentes maneiras criando modelos de avaliações derivados,

permitindo uma maior adequação a cada tipo de empresa ou ativo que deve ser

avaliado.

29

4.3.2 Método do Fluxo de Caixa Descontado – FCD

O fluxo de caixa descontado é tido como aquele que melhor revela a efetiva

capacidade de geração de riqueza de determinado empreendimento.

Para Póvoa (2004), o método em si é considerado aparentemente simples:

projetar a futura geração de caixa de uma empresa, trazendo estes valores ao

tempo presente, utilizando uma taxa de desconto.

Ainda conforme Póvoa (2004), todo fluxo de caixa descontado deve conter o

máximo de detalhamento e o maior número possível de variáveis. Os analistas

tendem a usar o sistema de múltiplos comparativos em detrimento do de fluxo de

caixa descontado, devido à maior simplicidade do primeiro em relação ao segundo.

Todo fluxo de caixa descontado gerará um só valor, independente de quem está

comprando a empresa. Os analistas devem estimar o valor da empresa nas

condições ideais para chegar ao potencial de alta ou de queda da ação. deve-se

fazer fluxo de caixa sempre em reais (R$) para facilitar os cálculos.

Segundo Santos (2005), a técnica do fluxo descontado é uma das mais

utilizadas em cálculos de valor empresarial, porque incorpora os fatores que

interessam na avaliação do valor: fluxos de caixa e o custo de capital.

4.3.3 Qual a importância do Valuation?

Avaliar uma empresa é uma tarefa complexa e dinâmica, que não aborda

somente o que se determina nos demonstrativos contábeis, pois alem de analisar

esses, também considera importantes as condições do mercado. As técnicas de

Valuation têm como objetivo dar valor a uma empresa de forma justa, de maneira a

utilizar as informações fornecidas para que as melhores decisões sejam tomadas.

Segundo Martins (2001) ao avaliar uma empresa, objetivamos alcançar o

valor justo de mercado, ou seja, aquele que representa de modo equilibrado, a

30

potencialidade econômica de determinada companhia. Para Falcini (1995), o valor

da empresa serve como banalizador para a negociação entre compradores e

vendedores.

É comum que se faça o cálculo do valor da empresa quando há interesse em

fusões e aquisições, ou mesmo abertura de capital, ou ainda a entrada de um novo

sócio, é muito importante ter o valor justo da empresa para dar aos sócios uma

clareza sobre o tamanho do patrimônio e também para aproveitar a oportunidade de

investimentos que podem aparecer se o negócio tiver ajustado.

Empresas que estão cientes do seu valor tem facilidade em identificar

oportunidades e conseguem de forma mais rápida e fácil analisar se o momento é

de pegar dinheiro emprestado ou vender ações da empresa.

4.3.4 Onde é aplicado o Valuation?

O Valuation se destaca no meio corporativo, pois atende a necessidade de

conhecer o valor do empreendimento. As técnicas do Valuation se aplicam ás

operações de reestruturação societária, mercado de capitais, análise de aquisições,

gestão de carteiras, planejamento estratégico, análises de risco e viabilidade de

oportunidade de investimento, etc.

Para Damodaran (2014), a avaliação na gestão de carteiras, na análise de

aquisições e em finanças corporativas são as que apresentam um fator relevante e

útil numa larga gama de tarefas. Na gestão de carteiras representa um papel mínimo

para um investidor passivo e um papel grande para um investidor ativo. Na análise

de aquisições desempenha um papel central, quem fez aquisição tem que

estabelecer um valor justo para a empresa-alvo antes de apresentar uma proposta e

a empresa-alvo tem que determinar um valor razoável para si mesma. Já nas

finanças corporativas o objetivo é maximizar o valor da empresa.

4.4 Natura S.A

31

4.4.1 A Empresa

Em 28 de agosto de 1969, Luiz Seabra fundou a Indústria e Comércio de

Cosméticos Berjeaout Ltda. em sociedade com Jean Pierre Berjeaout, que viria a se

chamar Natura em poucos meses, devido à participação de ativos vegetais na

composição dos produtos.

A Natura é uma empresa brasileira que está presente em sete países da

América Latina e na França. Além da marca Natura, a empresa também possui a

marca AESOP que está distribuída em outros 14 países. Atualmente é a indústria

líder no mercado brasileiro de cosméticos, fragrâncias, higiene pessoal e venda

direta.

A empresa busca criar valor para a sociedade como um todo, gerando

resultados integrados nas dimensões socioeconômica e ambiental e assegura que

resultados sustentáveis são alcançados por meio de relações de qualidade, por isso

ela busca canais de dialogo abertos com todos os seus públicos.

Para desenvolver os seus produtos, a Natura mobiliza uma rede de pessoas

capazes de integrar conhecimento científico e o uso sustentável da rica

biodiversidade botânica brasileira.

A sede sua sede principal está localizada em Cajamar (SP), onde concentra a

fabricação da maior parte dos produtos e os escritórios administrativos.

4.4.2 Mercado de Ações

Em 25 de Maio de 2004, a empresa Natura abriu capital na Bovespa – Novo

Mercado. Foram distribuídas 18.582.856 ações ordinárias, nominativas, escriturais,

sem valor nominal, sendo 16.410.306 ações de titularidade dos Acionistas

Vendedores e 2.172.550 de titularidade da BNDESPAR, representativas de

aproximadamente 21,75% do capital social da Companhia, ao preço de R$ 36,50 por

Ação, perfazendo o montante total de R$ 678.274.244,00 (“Ações”).

32

4.4.3 Endividamento

De acordo com o relatório de desempenho da Natura de Março de 2016, a

empresa conforme a tabela abaixo, encerrou o exercício com um índice de

endividamento líquido (dívida líquida / EBITDA) de 1,30 frente a 1,03 no mesmo

período do ano passado. O endividamento líquido aumentou em função da queda do

EBITDA, uma vez que a dívida bruta manteve-se estável no 1T16 versus 1T15.

Tabela 2: Índice de Endividamento - 2015

Fonte: Site Natura

4.4.4 Loja Física

Em Abril de 2016, a Natura inaugurou sua primeira loja física no Brasil

localizado no Morumbi Shopping em São Paulo.

A definição do modelo da loja foi realizada de forma colaborativa, com a

participação dos próprios clientes, consultoras e colaboradores da Natura. O

processo começou em novembro de 2015, com a construção de dois protótipos de

loja na sede da Natura, em Cajamar, São Paulo. A escolha foi definida a partir dos

resultados de pesquisa de satisfação, e a Natura elegeu o projeto que proporcionou

a melhor experiência aos visitantes.

O modelo da loja também reflete o compromisso da Natura com a

sustentabilidade, a partir das escolhas dos materiais, desde as luminárias até o piso.

Toda a madeira da loja é de demolição, proveniente de fachada de casas do Sul do

33

país, a iluminação é em LED e as campanhas são apresentadas através de projeção

mapeada nas paredes, reduzindo o uso de papel.

Além da loja física, a Natura implementou outras iniciativas como parte de sua

estratégia multicanal, como a comercialização da linha Sou em farmácias e o

lançamento do aplicativo para dispositivos móveis Natura Sempre Presente. Desde

o fim de 2014, a companhia também mantém a plataforma de consultoria

digital Rede Natura.

Segundo o jornal G1, a Natura não informou o número de aberturas previstas para

2016. Em relatório a clientes no ano passado, o BTG Pactual projetou a abertura de 10

lojas este ano, a partir de abril, com investimento de R$ 3 milhões por unidade.

Figura 1: Primeira loja física

Fonte: Site Natura

4.4.5 Sustentabilidade

A relação da Natura com o meio ambiente se dá desde o início de sua

história, quando começou a desenvolver os seus produtos com matérias – primas

vinda da flora nacional.

Várias foram às ações sustentáveis realizadas no decorrer dos anos, no

entanto visando uma adequação ao cenário atual e projeções para o futuro, a Natura

iniciou em 2013 um novo ciclo de expansão dos negócios de maneira a ativar ainda

mais o potencial da rede de relacionamentos e ampliar o alcance do “bemestarbem”

por meio de novas categorias de produtos, marcas e meios de relacionamento com

o consumidor. Neste ano, foi lançada a linha SOU, com fórmulas sem excesso,

34

embalagem com 70% menos plástico e 60% menor emissão de CO2 estimulando a

reflexão do consumo consciente.

Em 2014, a Natura inaugurou o complexo industrial Ecoparque em

Benevides/PA e também foram selecionados para compor a carteira do Dow Jones

Sustainability Index (DJSI). Neste mesmo ano, a empresa lançou a Visão de

Sustentabilidade Natura 2050.

A nova visão de sustentabilidade está totalmente alinhada à estratégia do

negócio e pretende transformar a natura em uma empresa geradora de impacto

positivo em todas as dimensões de suas atividades, o que significa que a atuação da

companhia deve ajudar a tornar o meio ambiente e a sociedade melhores,

ultrapassando o atual paradigma de apenas reduzir e mitigar impactos.

A nova visão reúne um conjunto de diretrizes estratégicas para a construção de

impacto positivo até 2050 para todos os negócios da empresa, bem como as

ambições e os compromissos que deverão ser alcançados pela marca natura até

2020.

De acordo com a Revista Exame, em Setembro de 2015 a Natura foi

escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU)como uma das vencedoras

deste ano de um prêmio internacional que reconhece pessoas e instituições por sua

atuação no desenvolvimento sustentável. O Campeões da Terra, principal

premiação ambiental da ONU tem pela primeira vez uma empresa brasileira eleita.

A Natura foi escolhida pelas Nações Unidas por sua capacidade de

integração entre desenvolvimento econômico, social e ambiental, afirma Regina

Cavini, representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA). E pela frente, a Natura tem como metas reduzir emissões de

Gases do Efeito Estufa em 33% entre 2012 e 2020. Há ainda objetivos para

aumento da utilização de materiais recicláveis e maior utilização de fontes de

energia renovável, entre outros.

4.4.6 Inovação

35

Segundo a Revista Exame, a Natura é uma das dez empresas líderes

em inovação no mundo, de acordo com lista divulgada no site da revista Forbes em

2013. A companhia é a única brasileira citada entre as 25 mais inovadoras do

mercado.

Conforme a Natura, a empresa conta com uma rede de 7 mil colaboradores,

1,5 milhão de consultoras e consultores Natura, além de fornecedores e parceiros.

No que tange a inovação, a empresa acredita que isso seja um dos pilares para o

alcance de um modelo de desenvolvimento sustentável e seguindo esse prisma ela

busca criar valor para a sociedade como um todo, nas dimensões social, econômica

e ambiental.

A Natura também recebeu seu certificado B Corp.que fez com que a

companhia fizesse parte de uma rede global de empresas e organizações que

associam crescimento econômico à promoção do bem estar social e ambiental. “Ser

uma empresa B Corp fortalece o nosso compromisso com a sustentabilidade e

permite que a Natura ocupe uma posição de destaque no mercado”, afirmam.

36

5. VALUATION DA EMPRESA NATURA S.A

5.1 Aplicação do Método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

Para realizarmos a avaliação da empresa Natura S.A, inicialmente fizemos o

levantamento e análise dos dados referente ao seu desempenho histórico

considerando os seus demonstrativos financeiros dos anos de 2012, 2013, 2014 e

2015. Com base nesses dados, realizamos as projeções de despesas fixas e

variáveis, investimentos e receitas para compor as premissas dos fluxos de caixa

descontado. Para isto, foi adquirido uma planilha de excel específica em Valuation

como apoio para a realização dessas projeções e demais cálculos.

Nos investimentos consideramos as taxas de depreciação fiscais (padrão

fiscal) para a maioria dos bens, os que não possuíam taxas padronizadas foram

utilizados as do próprio balanço da Natura.

Para trazer os fluxos de caixa a valor presente, foi utilizada a Taxa de

Desconto de 15% e para a sua determinação fizemos uma comparação com a

média da Taxa Selic dos últimos 3 anos em 11,73%.

A Taxa Média de Atratividade (TMA) que é a taxa de juros que um investidor

se propõe a ganhar foi considerado em 15% mediante a comparação com a média

da Taxa Selic.

Diante da análise histórica, constatamos que os impostos sobre vendas giram

em torno de 25,5% e para o cálculo do Imposto de Renda e CSLL considerou-se o

percentual de 34% conforme a legislação vigente (25% + 10% de adicional para o

Imposto de Renda e 9% para a CSLL).

Segue abaixo o demonstrativo dos fluxos de caixa, observando que todos os

valores estão em milhares de Reais.

37

Tabela 3: Demonstrativo – Fluxo de Caixa

Fonte: Própria

5.2 Resultados Consolidados

5.2.1 Rentabilidade Média

Com base nos resultados do EBITDA obtidos por meio do demonstrativo dos

fluxos de caixa, foi constatada uma taxa de crescimento de 3% em 3 anos para a

empresa Natura S.A, ou seja, na média de 1% ao ano. Um crescimento razoável

mediante o porte e histórico da empresa.

Pela taxa de desconto utilizada de 15%, o resultado do seu fluxo de caixa livre

no último período foi de R$ 2.122.082 (em milhares de Reais).

Tabela 4: Resultados Consolidados – Rentabilidade Média

38

Fonte: Própria

5.2.2 Indicadores de Retorno

Para chegarmos ao valor total da empresa Natura S.A, foram calculados os

indicadores de retorno que também permitem uma visão do todo sobre o valor

potencial da empresa. Com os resultados obtidos, aos somarmos o seu valor

presente líquido e o valor da sua perpetuidade constatamos que o valor justo da

empresa Natura S.A é de R$ 12.644.085 (em milhares de Reais).

Tabela 5: Resultados Consolidado – Indicadores de Retorno

Fonte: Própria

5.3 Análises e discussões sobre o FCD e os resultados consolidados

5.3.1 – Análise do Fluxo de Caixa Descontado da Natura S.A

Conforme já exposto, optamos por utilizar o método de fluxo de caixa

descontado para obter a análise de resultado, para o valor de mercado atual da

empresa Natura. Nesta análise utilizamos como base os últimos 4 anos, sendo eles

2012, 2013, 2014 e 2015.

39

Conforme Damodaran (2005), a avaliação pelo fluxo de caixa descontado é

baseada em fluxos de caixa e taxas de desconto futuros.

De acordo com Abreu Filho (2012), utilizando este método é necessário

prever ou projetar a geração futura de caixa para o ativo e calcular o seu valor

presente na data zero. Para efetuar este cálculo o avaliador deve considerar uma

taxa de juros de desconto, que depende do tipo de ativo.

A avaliação por fluxo de caixa descontado se baseia na ideia de que o valor

de um ativo é o valor presente dos fluxos de caixa esperados daquele ativo,

descontados a uma taxa que reflita o grau de risco daqueles fluxos de caixa.

Nas premissas gerais da avaliação da empresa Natura foi utilizada a taxa

Selic como parâmetro para a determinação da taxa de desconto. A Taxa SELIC é a

taxa básica de juros da economia brasileira. Esta taxa básica é utilizada como

referência para o cálculo das demais taxas de juros cobradas pelo mercado e para

definição da política monetária praticada pelo Governo Federal do Brasil.

A taxa de desconto utilizada foi de 15%, esta taxa é a taxa de risco e reflete o

risco da empresa dar certo ou não no mercado.

Em termos de lucratividade, apesar das projeções de aumento no

faturamento, os fluxos de caixa apresentaram oscilações nos respectivos períodos,

devido às projeções de aumento nos custos, despesas e investimentos. Ainda, em

pesquisa, a empresa Natura esteve com um projeto de investimento em

infraestrutura logística e tecnologia digital visando ganhos de eficiência e melhora da

qualidade do seu serviço prestado.

5.3.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

A taxa interna de retorno, conforme Abreu Filho (2012) é a taxa de desconto

que iguala o valor presente das entradas e saídas de um projeto de investimento e o

mesmo deve obrigatoriamente ser maior do que a TMA do projeto.

40

A fórmula na TIR pode ser representada graficamente de forma genérica da

seguinte forma:

No caso da avaliação da Natura S.A a Taxa Interna de Retorno (TIR) foi de

62% sendo maior que a Taxa Média de Atratividade (TMA) de 15%, indicando assim

a sua viabilidade. Segundo Abreu Filho (2012), quanto maior a TIR, maior a

atratividade do projeto.

5.3.3 Payback

Segundo Samanez (2007), o Payback é um dos indicadores utilizados na

análise de retorno de projetos que indica o tempo de recuperação do investimento,

ou seja, quantos anos decorrerão até que o valor presente dos fluxos de caixa

previstos se iguale ao investimento inicial.

O Payback nesta avaliação já foi alcançado logo no ano 0, devido a empresa

Natura já ser uma empresa em crescimento e pelos cálculos e análises não terem

sido feitas desde sua fase inicial de projeto. Ou seja, o retorno total dos seus

investimentos já foi realizado em anos anteriores.

5.3.4 Valor Presente Líquido (VPL)

O Valor Presente Líquido (VPL) é o melhor procedimento para a comparação

de projetos diferentes com o mesmo horizonte de tempo, que equivale a um fluxo de

caixa de um projeto calculado a uma determinada taxa de desconto. Esta taxa de

desconto é uma taxa de juros que reflete a taxa de retorno exigida pelos investidores

para compensar os riscos.

Segundo Samanez (2007), a seguinte expressão define o VPL:

41

A regra decisória a ser cumprida ao aplicar o VPL é: empreenda o projeto se

o VPL for positivo.

Analisando o VPL da Natura constatamos que o valor foi positivo, e isto

significa que o capital investido poderá ser recuperado e remunerado a taxa de juros

exigida e a empresa gerará um lucro extra, ou seja, um resultado acima do custo do

capital na data zero, equivalente ao VPL.

5.3.5 Valor da Perpetuidade e Valor do Negócio

Em finanças designa-se por perpetuidade um ativo que proporciona um

rendimento fixo perpétuo. Segundo Hoji (2015), a perpetuidade pode ser

compreendida como um valor que se repete indefinidamente em intervalos

regulares. Pode ser um valor fixo (perpetuidade sem crescimento) ou um valor com

crescimento constante (perpetuidade com crescimento).

O conceito de perpetuidade é aplicado principalmente em análises de

investimentos e Valuation (avaliação de empresas), para conhecer a soma do valor

atual dos infinitos valores futuros.

A fórmula de cálculo da perpetuidade sem crescimento é:

Valor presente da perpetuidade = Valor perpetuidade

Taxa de desconto do fluxo

No caso desta avaliação, o VPL da perpetuidade da Natura S.A foi de R$

8.647.214.

42

Para o cálculo do valor do negócio, foi somado ao resultado do VPL da

perpetuidade, o resultado do Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 3.996.871.

Resultando assim o valor justo de mercado para a Natura. S.A de R$ 12.644.085.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta monografia foi possível encontrar o valor justo de mercado para

a empresa Natura. Para isto, foram abordadas conceitualmente as áreas relevantes

que refletem a avaliação de empresas como Contabilidade e Finanças, pois tivermos

que utilizar os demonstrativos da Natura pertinentes a essas áreas para realizarmos

todo o processo de Valuation como Balanço, DRE entre outros; Compreendemos a

definição e os métodos de Valuation que nos permitiram optar pelo método mais

viável para se calcular o valor justo de mercado para o negócio e por fim utilizamos o

método de fluxo de caixa descontado, como sendo o mais aceito e utilizado para a

avaliação de empresas, ou seja, a realização do Valuation. Os resultados obtidos

nesta avaliação possuem um papel importante, pois permitem ao investidor uma

visão ampla do potencial do negócio, além de auxilia-lo nas tomadas de decisões de

investimento.

Em análise, verificamos que a Natura de fato tem uma operação rentável, e

percebemos isto em cada projeção efetuada e análises financeiras realizadas.

Diante disso, concluímos que realmente se trata de uma empresa em constante

crescimento e que sua estratégia de mercado abrange além dos ganhos financeiros,

o crescimento sustentável, a oportunidade de desenvolvimento, qualidade e

inovação.

Nesta monografia, o modelo não consegue medir o valor do patrimônio

intangível (valor da marca, pessoas, conhecimentos entre outros). Podendo assim

distorcer a visão do valor da empresa real ou até mesmo existir uma diferença do

valor percebido pelo mercado e o valor calculado.

Porém, mesmo diante do que foi mencionado, podemos dizer que o resultado

encontrado foi satisfatório e compensador, para a empresa, para nossa análise e

aprendizagem sobre o valor de mercado mais justo da Natura. O valor encontrado

neste método foi de R$ 12.644.085 (em milhares de Reais) que foi a soma do seu

valor presente líquido e o valor da sua perpetuidade.

43

A elaboração desta monografia foi de grande validade no sentido de fortalecer

os nossos conhecimentos financeiros, a gestão empresarial, controles e análises

financeiras. Por sua vez, a avaliação de empresas é um processo que diversas

empresas estão sujeitas a passar e é de grande avalia para um gestor financeiro,

para que o mesmo consiga realizar a devida avaliação e determinar o valor justo do

seu negócio ou uma empresa para fins de investimento ou venda entre outros.

44

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ANEXOS

Anexo A – Gráfico de Despesas

Anexo B – Gráfico de Investimento

Anexo C – DRE – EBTIDA

R$5.459.507,93 R$6.156.958,45 R$6.665.878,80 R$7.311.493,35

Inicial (Ano 0) Ano 1 Ano 2 Ano 3

R$437.452,00 R$553.854,00 R$582.527,00

R$457.427,00

Inicial (Ano 0) Ano 1 Ano 2 Ano 3

R$4.333.263,54

R$3.886.680,68 R$3.867.996,10 R$3.987.093,47

Inicial (Ano 0) Ano 1 Ano 2 Ano 3

49

Anexo D – DRE – LAIR

Anexo E – DRE – Fluxo de Caixa Livre

R$4.474.443,54

R$4.262.472,98 R$4.187.625,94 R$4.169.367,45

Inicial (Ano 0) Ano 1 Ano 2 Ano 3

R$2.374.500,74 R$1.883.585,86 R$1.861.676,28

R$2.112.081,54

Inicial (Ano 0) Ano 1 Ano 2 Ano 3