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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-68 ADENILSON VIANA NERY-38, 40, 41, 42, 49, 70, 94, 99 ADRIANA GAMA DE SOUZA-10 ADRIANO ATHAYDE COUTINHO-9 ALBERTO CAMARA PINTO-10 ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-52 ALICE DESTEFANI SALVADOR-60 ALINE SIMONELLI MOREIRA-55 Allan Ferreira Bernardo-115 ALMIR MELQUIADES DA SILVA-2 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-85 ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-8 ANA MERCEDES MILANEZ-30, 81, 90 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-115, 119, 14, 57, 68 ANA PAULA CESAR-7 ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-39 ANA VALÉRIA FERNANDES-114 ANCELMA PENHA BERNARDOS-88 ANDERSON MACOHIN SIEGEL-60, 61 ANDRÉ DIAS IRIGON-6, 62, 98 ANDREA M. SANTOS SANTANA-37 ANDRÉIA DADALTO-36 ANNE LACERDA DE BRITO-55 antenor vinicius caversan vieira-5 Apolinário Atayde Blasco Pena-1, 32 Bernard Pereira Almeida-62, 98 BETHANIA ALVES DE ASSIS-10 BIANCA DIAS ECCARD-4 BRUNO MIRANDA COSTA-107, 114, 47, 65, 82 CAIO AFONSO CARDOSO-115 CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-39 CARLOS BERKENBROCK-104, 11, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 57, 58 CARLOS ROBERTO MARTINS-103 Carolina Augusta da Rocha Rosado-5 CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-108, 109, 110, 111, 82 CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-50 CLARISSE JORGE PAES BARRETO-120 CLEBER ALVES TUMOLI-86, 93 CLEBSON DA SILVEIRA-12, 13, 4, 44, 67 CLEMENTINO NUNES-63 DANIEL ASSAD GALVÊAS-66 DANIEL DIAS DE SOUZA-110 DANIEL FERREIRA BORGES-120 DIEGO BOMFIM FERNANDES-102, 16 DIOGO ASSAD BOECHAT-66 DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-15 EDUARDO GARCIA JÚNIOR-100 EFIGENIA CAMILO DA SILVA-19, 20, 53 ELINARA FERNANDES SOARES-33 ELLEN DE CASTRO ALVARENGA-118 ERALDO AMORIM DA SILVA-45 ERIKA SEIBEL PINTO-91 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-39

BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-68ADENILSON VIANA NERY-38, 40, 41, 42, 49, 70, 94, 99ADRIANA GAMA DE SOUZA-10ADRIANO ATHAYDE COUTINHO-9ALBERTO CAMARA PINTO-10ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-52ALICE DESTEFANI SALVADOR-60ALINE SIMONELLI MOREIRA-55Allan Ferreira Bernardo-115ALMIR MELQUIADES DA SILVA-2ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-85ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-8ANA MERCEDES MILANEZ-30, 81, 90ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-115, 119, 14, 57, 68ANA PAULA CESAR-7ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-39ANA VALÉRIA FERNANDES-114ANCELMA PENHA BERNARDOS-88ANDERSON MACOHIN SIEGEL-60, 61ANDRÉ DIAS IRIGON-6, 62, 98ANDREA M. SANTOS SANTANA-37ANDRÉIA DADALTO-36ANNE LACERDA DE BRITO-55antenor vinicius caversan vieira-5Apolinário Atayde Blasco Pena-1, 32Bernard Pereira Almeida-62, 98BETHANIA ALVES DE ASSIS-10BIANCA DIAS ECCARD-4BRUNO MIRANDA COSTA-107, 114, 47, 65, 82CAIO AFONSO CARDOSO-115CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-39CARLOS BERKENBROCK-104, 11, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 57, 58CARLOS ROBERTO MARTINS-103Carolina Augusta da Rocha Rosado-5CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-108, 109, 110, 111, 82CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-50CLARISSE JORGE PAES BARRETO-120CLEBER ALVES TUMOLI-86, 93CLEBSON DA SILVEIRA-12, 13, 4, 44, 67CLEMENTINO NUNES-63DANIEL ASSAD GALVÊAS-66DANIEL DIAS DE SOUZA-110DANIEL FERREIRA BORGES-120DIEGO BOMFIM FERNANDES-102, 16DIOGO ASSAD BOECHAT-66DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-15EDUARDO GARCIA JÚNIOR-100EFIGENIA CAMILO DA SILVA-19, 20, 53ELINARA FERNANDES SOARES-33ELLEN DE CASTRO ALVARENGA-118ERALDO AMORIM DA SILVA-45ERIKA SEIBEL PINTO-91ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-39

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ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-5EUGENIO CANTARINO NICOLAU-49EVANDRO JOSÉ LAGO-73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80EZUS RENATO SILVA CARDOSO-9FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-2FABIOLA DE FREITAS CARVALHO-120FELIPE CASTRO DE CARVALHO-115FELIPE MARTINS SILVARES COSTA-9FELIPE SILVA LOUREIRO-61FREDERICO AUGUSTO MACHADO-86GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-72GETULIO REIS-95GLAUCIA BENEVIDES CORRÊA LIMA-95GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-45Guilherme Nunes Moraes-59GUSTAVO CABRAL VIEIRA-106, 111, 118, 15, 18, 24, 25, 43, 46, 48, 59, 71HELTON TEIXEIRA RAMOS-34HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-38, 70HENRIQUE ROCHA FRAGA-37HERON LOPES FERREIRA-43Hordalha Gomes Soares Oliveira-7Isabela Boechat B. B. de Oliveira-23, 28, 50, 52, 61IZAEL DE MELLO REZENDE-30, 81, 90JAMILI ABIB LIMA-10JAMILSON SERRANO PORFIRIO-64JERIZE TERCIANO ALMEIDA-1, 32JOANA D'ARC BASTOS LEITE-106JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-69, 88JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-110, 84, 87JOSANIA PRETTO COUTO-114JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-105, 117, 120, 56JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-113, 116, 55, 60JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-67JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-41, 53, 54, 72JOYCE DA SILVA PASSOS-101, 105JULIANA LUCINDO DE OLIVEIRA-10JULIANA PAES ANDRADE-114JULIANA SANTANA PALOMÉ-36JULIO FERNANDES SOARES-71Kassia Ângelo Astolpho-14LEONARDO FERREIRA BIDART-47LEONARDO PIZZOL VINHA-35, 83LIDIANE DA PENHA SEGAL-117, 12, 65LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-15LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-108, 11, 110, 20LUCIANO BRANDÃO CAMATTA-109LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA-73, 74, 75, 77, 79, 80Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-33LUIZ CARLOS BISSOLI-109LUIZ HENRIQUE ANTUNES ALOCHIO-37LUIZ OTAVIO PEREIRA GUARCONI DUARTE-62, 98LUIZ TELVIO VALIM-10LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA-66MARCELA BRAVIN BASSETTO-16, 29, 51, 58MARCELA REIS SILVA-45MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD-66

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MARCELO MATEDI ALVES-35MÁRCIA CRISTINA ENGELHARDT BITTI-119MARCIA RIBEIRO PAIVA-34, 89MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO-120MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-54Marcos Figueredo Marçal-101, 103, 109, 26, 27, 36, 64, 92MARCOS JOSÉ DE JESUS-102, 19, 21MARIA APARECIDA LILA DASSIE-93MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-5MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-72MARIANA DE FRANÇA PESTANA-10MARIANA MARCHEZI BRUSCHI-85MARIANA MOULIN LEITE-9MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-30, 81, 90MARILUSA CARIAS DE PAULA-62, 98MAYARA AZEVEDO JACUNDA FERREIRA-102, 16MICHELLE FREIRE CABRAL-10Miguel Vargas da Fonseca-120MILA VALLADO FRAGA-1, 32NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-112, 9NEIDE DEZANE MARIANI-83NELSON TAVARES DOS SANTOS FILHO-29OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO-95Ozório Vicente Netto-9PAULA ALMEIDA RAMOS-14PAULA GHIDETTI NERY LOPES-38, 40, 42, 49, 70Paulo Henrique Martins Costa-2PEDRO GALLO VIEIRA-76, 78PEDRO INOCENCIO BINDA-2PRISCILA TAVARES DOS SANTOS-29RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-66RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-69RICARDO FIGUEIREDO GIORI-46RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO-93RODOLPHO RANDOW DE FREITAS-118RODRIGO COSTA BUARQUE-30, 8RODRIGO FIGUEIREDO-104, 23, 58RODRIGO NUNES LOPES-38, 40, 49, 70RODRIGO PANETO-93RODRIGO SALES DOS SANTOS-87RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-94ROGÉRIO FERREIRA BORGES-120ROGERIO SIMOES ALVES-34RONI FURTADO BORGO-108, 109, 111ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-81, 97SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-81SAYLES RODRIGO SCHUTZ-104, 11, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 57, 58SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-17, 63, 84, 90SIRO DA COSTA-6TAÍS MARIA ZANONI-89TARCIZIO PESSALI-109TATIANA DOS SANTOS MIRANDA-92TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-3, 35, 66THIAGO COSTA BOLZANI-104, 22, 96THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-40, 42THIAGO HUVER DE JESUS-60

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UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-99vanessa ribeiro fogos-5VANESSA SOARES JABUR-101, 105VERA LÚCIA FÁVARES-44VINICIUS DINIZ SANTANA-97Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-7VINICIUS SUZANA VIEIRA-107VITOR HENRIQUE PIOVESAN-109WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-102, 112, 16WILLIAM CHARLEY COSTA DE OLIVEIRA-95

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2013.000037 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

19/12/2013Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0003512-97.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003512-5/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES(PROCDOR: Apolinário Atayde Blasco Pena.) x MAURICIO ABDALLA GUERRIERI (ADVOGADO: MILA VALLADO FRAGA,JERIZE TERCIANO ALMEIDA.).Processo n.º 0003512-97.2008.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: UFES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTORecorrido: MAURÍCIO ABDALA GUERRIERIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AFASTAMENTO EM VIRTUDE DE LICENÇA PARACAPACITAÇÃO. ART. 102, DA LEI 8.112/1990. AFASTAMENTO CONSIDERADO COMO DE EFETIVO EXERCÍCIO.ADICIONAL DE FÉRIAS. PAGAMENTO DEVIDO. ILEGALIDADE DO REGULAMENTO. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 94-100, em razão de sentença (fls. 91-93) quejulgou procedente o pleito inicial, condenando-a a pagar ao recorrido, professor universitário, os adicionais de 1/3 (um terço)de férias nos períodos em que o mesmo estiver fruindo licença para capacitação. Sustenta em suas razões, que a PortariaNormativa SRH 02/98, do antigo MARE, atual Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, determina, em seu art. 4º,que o servidor licenciado ou afastado fará jus às férias relativas ao exercício em que retornar. Aduz, outrossim, que o art.102, VIII, “e”, da Lei nº 8.112/1990, considera como de efetivo serviço o afastamento em virtude de licença paracapacitação, conforme dispuser o regulamento. Alega que o adicional só seria devido se o servidor estivesse trabalhando.Afirma que não faz jus ao referido adicional o docente que se afasta de suas atividades e atribuições de ensino, pesquisa eextensão, tendo em vista que não pode o interesse individual se sobrepor ao interesse público. Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso.As contrarrazões encontram-se às fls. 113-120.Conforme art. 76, da Lei nº 8.112/1990, independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias,um adicional correspondente a um terço da remuneração do período de férias. O art. 77, § 2º, da mesma lei, estabeleceque é vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.A licença para capacitação está prevista no art. 102, inciso VIII, alínea “e”, da Lei nº 8.112/1990, dentre os afastamentosconsiderados como de efetivo exercício. Sem razão, portanto, a recorrente, ao afirmar que o adicional de férias só seriadevido se o servidor estivesse trabalhando. Note-se que a lei admite ser preponderante o interesse público no caso delicença para capacitação do servidor, ao considerar o referido afastamento como de efetivo exercício, não havendo falar empreponderância de interesse individual sobre o interesse público no pagamento do adicional de férias ao servidor afastadopara tal fim.Embora conste da referida alínea a ressalva “conforme dispuser o regulamento”, vale registrar que o regulamento nãopoderia, em hipótese alguma, sob pena de ilegalidade, conter disposição contrária ao texto legal, como fez a PortariaNormativa SRH 02/98, ao não considerar o afastamento em razão de licença para capacitação como de efetivo exercício –ao contrário do que reza o caput do artigo em comento -, para efeito de recebimento do adicional de férias.

Não merece reparo a sentença recorrida.

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Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Custas e honorários advocatícios devidos pela recorrente, estes, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator Designado

2 - 0000646-70.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000646-3/01) ARGENTINA COELHO DA SILVA (ADVOGADO: FABIANOODILON DE BESSA LURETT, Paulo Henrique Martins Costa, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo n.º 0000646-70.2009.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: JEF de ColatinaRecorrente: ARGENTINA COELHO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MORTE PRESUMIDA. DIB FIXADA NAPROLAÇÃO DA SENTENÇA. MORA QUE NÃO DEVE SER SUPORTADA PELO BENEFICIÁRIO. RECURSOCONHECIDO E NO MÉRITO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Este recurso inominado (fls. 77-87) foi interposto pela parte autora em face de sentença de fls. 73-76, que julgouprocedente o pedido de concessão de pensão por morte provisória à autora da ação em primeiro grau, fixando a data deinício do benefício na data da prolação da sentença (14.05.2013). Em razões de recurso, a parte autora alega que a data doinício do benefício deve ser fixada na data do requerimento administrativo, ou seja, em 24.06.2009.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 90-91.No caso sob apreço, a sentença recorrida declarou a morte presumida do esposo da autora, Sr. WALDIR FERREIRA DASILVA, para fins previdenciários, condenando o INSS a conceder pensão por morte provisória à viúva a partir da data daprolação da sentença.Embora o art. 74 da Lei 8.213/91 estabeleça que em caso de morte presumida a pensão por morte deverá ser fixada nadata da decisão judicial, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento no sentido de que a concessão do benefíciocomeça a contar desde a data do desaparecimento do segurado, considerando que o beneficiário não pode ser prejudicadopela burocrática prova do desaparecimento e a consequente demora no julgamento da ação. Vejamos:

�Processo: AgRg no Ag 1392672 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2011/0004214-2 Relator:Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (1150) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 17/10/2013 Datada Publicação/Fonte DJe 23/10/2013 Ementa PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO. MORTE PRESUMIDA. TERMO INICIAL DA PENSÃO. DEMORA NO JULGAMENTO DA AÇÃODECLARATÓRIA. SITUAÇÃO PREEXISTENTE. SÚMULA 7/STJ.

1. É certo que o art. 74 da Lei n. 8.213/1991 dispõe que a pensão por morte, no caso de morte presumida, será devida acontar da decisão judicial. 2. Entretanto, a Corte de origem fez constar do seu acórdão, que todos os elementos dos autosconcorrem para demonstrar a demora no julgamento da ação movida por cônjuge de desaparecido em que se visa declararausência para recebimento do benefício previdenciário. 3. De sorte que o direito de pensão por morte não deve ficar àmercê de burocrática prova do desaparecimento, sobretudo porque "o INSS não logrou ilidir os elementos de provaapresentados, os quais são suficientes para a declaração da morte presumida do cônjuge da autora, desaparecido desde30/12/1996", traduzindo situação preexistente, razão pela qual não justifica que o benefíciodecorrente da declaração judicial da morte presumida, seja devido tão somente a partir da decisão emanada da autoridadejudicial. 4. Nesse contexto, consoante afirmado na decisão agravada, eventual revolvimento desta argumentaçãodemandaria nova análise do conjuntofático e probatório dos autos, o que é inviável na via do especial, sob pena de afronta à Súmula n. 7/STJ. 5. Agravo

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regimental a que se nega provimento.

Pois bem. No caso dos autos, verifico que a recorrente propôs a ação em 10.09.2009 (fl. 01), tendo sido a sentençaprolatada apenas em 14.05.2013 (fl. 76). Entretanto, verifico também que o último contato da autora com seu esposo foi em26.04.2004 e que o boletim de ocorrência data de 19.02.2009 (fl. 19), aproximadamente cinco anos após odesaparecimento.Consta, ainda, que o esposo da autora recebeu aposentadoria por idade de 05.04.2001 até 31.12.2006, ou seja, por quasetrês anos após o seu desaparecimento.Assim, considerando as peculiaridades do caso em apreço, a data do início do benefício deve ser fixada na data da citação,qual seja, 16.03.2010 (fl. 35), quando, nos termos do art. 219 do Código de Processo Civil, o INSS foi constituído em mora.Portanto, voto para conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento para fixar a data da concessão do benefício depensão por morte presumida em 16.03.2010.Descabe condenação, neste caso, ante a reciprocidade sucumbencial de diminuta expressão em harmonia com o teor doEnunciado FONAJEF 99, in verbis: “O provimento, ainda que parcial, de recurso inominado afasta a possibilidade decondenação do recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência.”A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma daementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator Designado

3 - 0002566-62.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002566-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x MARLENE MARTINELLI.Processo nº 0002566-62.2007.4.02.5050/01– Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:MARLENE MARTINELLIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 73/77, em razão da sentença (fls.46-54) que julgou procedente o pedido para declarar indevida a cobrança da contribuição previdenciária sobre o terçoconstitucional de férias e condenar o recorrente à restituição das parcelas indevidamente descontadas a este título,ressalvada a prescrição qüinqüenal.Preliminarmente aduz ilegitimidade passiva. Sustenta que a incidência da contribuição social sobre o terço de fériasimpõe-se para que o sistema de previdência dos servidores públicos seja viável no plano financeiro e atuarial, ou seja,justifica com apoio no princípio da solidariedade. Alega, ainda, que devido ao princípio da legalidade a AdministraçãoPública Federal está adstrita aos preceitos estabelecidos em Lei e, por conta disso, somente pode garantir direitos evantagens previstos na legislação própria, não lhe sendo dado pactuar livremente como o faz um particular. Pretende areforma total do julgado.Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 91 vº).Relativamente à arguição de ilegitimidade passiva do Instituto Nacional do Seguro social – INSS, embora à luz dos artigos7º e 119, ambos do Código Tributário Nacional não se possa extrair a condição de sujeito ativo da exação em debate, tematuação de relevo no contexto, porquanto à autarquia cumpre a obrigação de não fazer, atinente à suspensão dosrecolhimentos que venham a ser considerados indevidos.Vê-se assim, que no plano fático, o fato gerador e suas conseqüências até chegar aos cofres da União estão sob seucontrole e autoridade, e, tal a densidade dessa autoridade, é certo que, não se mostra razoável nem recomendável, ante oteor do art. 47 do Código de Processo Civil, conjugado com o art. 10, da Lei nº 9.099/1995 e com o art. 1º, da Lei nº10.259/2001, excluí-la da relação jurídico-tributária. Portanto, desacolho a argüição. Nesse mesmo sentido é o julgado noâmbito do Superior Tribunal de Justiça a seguir transcrito:PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PEDIDO DE SUSPENSÃO DA RETENÇÃO. LEGITIMIDADE DA UNIVERSIDADEFEDERAL. PEDIDO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.1. Não havendo no acórdão omissão, contradição ou obscuridade capaz de ensejar o acolhimento da medida integrativa, talnão é servil para forçar a reforma do julgado nesta instância extraordinária. Com efeito, afigura-se despicienda, nos termosda jurisprudência deste Tribunal, a refutação da totalidade dos argumentos trazidos pela parte, com a citação explícita detodos os dispositivos infraconstitucionais que aquela entender pertinentes ao desate da lide.2. A fonte de validade da contribuição social destinada ao custeio do regime próprio de previdência dos servidores públicosfederais é extraída, atualmente, dos arts. 40, caput, 149, caput, e 195, inc. II, da Constituição da República (CR/88). Dessesdispositivos se extrai que a instituição do tributo é de competência da União, sendo a prestação descontada diretamentedos vencimentos dos servidores e repassada ao Fundo Previdenciário da União. Ademais, a União também é responsávelpela cobertura de eventuais insuficiências financeiras do regime decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários

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(art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 10.887/2004).3. A entidade ou o órgão ao qual esteja vinculado o servidor é responsável apenas pelo recolhimento da contribuição, que érepassada para a União, não integrando tais exações o patrimônio da pessoa jurídica responsável pela retenção.4. Quando se demanda em razão do recolhimento indevido da contribuição, deve-se indicar no polo passivo tanto aentidade responsável pelo recolhimento quanto a União. Isso porque cumpre àquela a obrigação de não fazer atinente àsuspensão dos recolhimentos indevidos, enquanto em relação à União se busca a condenação à devolução dos valores jávertidos.5. In casu, a demanda tem por objeto também a restituição do indébito tributário relativo à cobrança de contribuição socialprevista na Lei n. 9.783/99. Dessarte, a União Federal detém a legitimidade para figurar no polo passivo desta demanda, naqualidade de sujeito ativo do tributo e por ter recebido os valores (in)devidamente retidos dos vencimentos dos servidores,em razão de sua responsabilidade pelo custeio do regime próprio de previdência.Ao seu lado, deve figurar a entidade responsável pela retenção dos valores, em relação apenas ao pedido relativo àobrigação de não fazer (suspensão da retenção).6. "Por conseguinte, sendo a União destinatária dos recursos referentes ao custeio das aposentadorias e pensões dosservidores públicos, cabendo a ela restituir parcelas indevidamente descontadas, e sendo os descontos procedidos pelaUniversidade Federal de Santa Maria, ambas devem figurar no pólo passivo da presente demanda, formando-se, assim,litisconsórcio necessário, conforme dispõe o art. 47 do CPC" (REsp 670.651/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma,DJ 16/04/2007).7. No tocante à alegada necessidade de reforma do acórdão recorrido, para que os honorários sejam fixados em favorapenas da UFSC e da União, a parte recorrente não logrou apontar efetivamente quais os dispositivos de lei federal teriamsido violados ou negada a vigência, deficiência essa que não permite a exata compreensão da controvérsia. Aplicação daSúmula n. 284 do Supremo Tribunal Federal, por analogia.8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.(REsp 957.396/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe12/04/2010)A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Incidente de Uniformização Jurisprudencial, acolheu a

�Petição nº 7.296-PE e na linha da orientação do Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento segundo o qual nãoincide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, ante a natureza indenizatória, uma vez que não seincorpora à remuneração do servidor para fins de aposentadoria.Consigne-se, o direito ao adicional de ao menos um terço a mais que a remuneração normal foi estabelecidoconstitucionalmente como direito dos trabalhadores urbanos e rurais e estendido aos servidores públicos. Esse adicionaltem por objetivo premiar e proporcionar ao trabalhador no período de férias um aporte financeiro num momento de gastosexcepcionais. Assim, sua natureza não é remuneratória, mas indenizatória.Dentro dessa linha, a verba não se incorpora para fins de aposentação. Aqui tem lugar o raciocínio que lastreia areferibilidade ou retributividade, enquanto requisito ínsito às contribuições em geral; as quais se dirigem e por isso colocamcomo contribuintes específicas integrantes de determinadas categorias à conta da relação de causa e finalidade. Esse é otraço distintivo dos impostos (art. 167, inciso IV, da Constituição da República). Exceção parcial encontra-se no art. 195 daCR/1988, vez que determina que as contribuições sociais do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) serão custeadas

�por toda a sociedade .Nesse sentido, a jurisprudência a seguir transcrita:..EMEN: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-MATERNIDADE E FÉRIASUSUFRUÍDAS. AUSÊNCIA DE EFETIVA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PELO EMPREGADO. NATUREZA JURÍDICA DAVERBA QUE NÃO PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO. AUSÊNCIA DE CARÁTER RETRIBUTIVO.AUSÊNCIA DE INCORPORAÇÃO AO SALÁRIO DO TRABALHADOR. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. PARECER DO MPF PELO PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO ESPECIAL PROVIDOPARA AFASTAR A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O SALÁRIO-MATERNIDADE E ASFÉRIAS USUFRUÍDAS. 1. Conforme iterativa jurisprudência das Cortes Superiores, considera-se ilegítima a incidência deContribuição Previdenciária sobre verbas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do Trabalhador. 2. Osalário-maternidade é um pagamento realizado no período em que a segurada encontra-se afastada do trabalho para afruição de licença maternidade, possuindo clara natureza de benefício, a cargo e ônus da Previdência Social (arts. 71 e 72da Lei 8.213/91), não se enquadrando, portanto, no conceito de remuneração de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91. 3.Afirmar a legitimidade da cobrança da Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade seria um estímulo àcombatida prática discriminatória, uma vez que a opção pela contratação de um Trabalhador masculino será sobremaneiramais barata do que a de uma Trabalhadora mulher. 4. A questão deve ser vista dentro da singularidade do trabalhofeminino e da proteção da maternidade e do recém nascido; assim, no caso, a relevância do benefício, na verdade, devereforçar ainda mais a necessidade de sua exclusão da base de cálculo da Contribuição Previdenciária, não havendorazoabilidade para a exceção estabelecida no art. 28, § 9o., a da Lei 8.212/91. 5. O Pretório Excelso, quando do julgamentodo AgRg no AI 727.958/MG, de relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe 27.02.2009, firmou o entendimento de queo terço constitucional de férias tem natureza indenizatória. O terço constitucional constitui verba acessória à remuneraçãode férias e também não se questiona que a prestação acessória segue a sorte das respectivas prestações principais.Assim, não se pode entender que seja ilegítima a cobrança de Contribuição Previdenciária sobre o terço constitucional, decaráter acessório, e legítima sobre a remuneração de férias, prestação principal, pervertendo a regra áurea acimaapontada. 6. O preceito normativo não pode transmudar a natureza jurídica de uma verba. Tanto no salário-maternidadequanto nas férias usufruídas, independentemente do título que lhes é conferido legalmente, não há efetiva prestação deserviço pelo Trabalhador, razão pela qual, não há como entender que o pagamento de tais parcelas possuem caráterretributivo. Consequentemente, também não é devida a Contribuição Previdenciária sobre férias usufruídas. 7. Da mesmaforma que só se obtém o direito a um benefício previdenciário mediante a prévia contribuição, a contribuição também só sejustifica ante a perspectiva da sua retribuição futura em forma de benefício (ADI-MC 2.010, Rel. Min. CELSO DE MELLO);

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dest'arte, não há de incidir a Contribuição Previdenciária sobre tais verbas. 8. Parecer do MPF pelo parcial provimento doRecurso para afastar a incidência de Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade. 9. Recurso Especial provido

�para afastar a incidência de Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade e as férias usufruídas. ..EMEN: (RESP201200974088, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:08/03/2013 RDDT VOL.:00212PG:00153 RIOBTP VOL.:00287 PG:00176 RSTJ VOL.:00230 PG:00389 ..DTPB:.)..EMEN: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF.ALEGADA OFENSA À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97). NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃOPROVIDO. 1. "A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na linha de orientação adotada pelo Supremo TribunalFederal, revendo seu posicionamento, firmou compreensão segundo a qual não incide contribuição previdenciária sobre 'oterço constitucional de férias, verba que detém natureza indenizatória por não se incorporar à remuneração do servidor parafins de aposentadoria' (Pet 7.296/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 10/11/09)" (AgRg na Pet 7.207/PE, de minharelatoria, DJe 15/9/10) 2. Não caracteriza ofensa à reserva de plenário a interpretação dispensada por órgão fracionário deTribunal a dispositivo de lei que, mediante legítimo processo hermenêutico, tem sua incidência limitada. 3. Agravo

�regimental não provido. ..EMEN: (AGARESP 201201826431, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJEDATA:09/05/2013 ..DTPB:.)Destarte, não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que não houve participação de advogadoconstituído nesta causa, incabível a condenação da recorrente vencida em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator Designado

4 - 0001764-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001764-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x CONCEIÇÃO DA SILVA ALVES (ADVOGADO: BIANCA DIAS ECCARD.).Processo n.º 0001764-93.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : CONCEIÇÃO DA SILVA ALVESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 65-67, em razão de sentença (fls.56-61) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de R$ 677,68 (seiscentos e setenta e sete reais e sessenta e oitocentavos). Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 70 vº).

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

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Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 23-29. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 23) que a recorrida (65 anos) reside com seu esposo (61 anos) e dois filhos, Rackel da Silva Alves e Ezequielda Silva Alves, 32 e 30 anos de idade, respectivamente, à época da feitura do relatório (01.06.2009). Por sua vez, segundoa resposta ao quesito “4” (fl. 24), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria do marido da recorrida, no valor deR$ 600,00 (seiscentos Reais).

As despesas totalizam R$ 555,00 (quinhentos e cinquenta e cinco Reais), distribuídos entre contas de água, energia,telefone, gás de cozinha, alimentação e medicamentos. (fl. 24).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria; de alvenaria, piso de cerâmica, teto de laje, constituída por 05(cinco) cômodos e 01 (um) banheiro.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 68) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator Designado

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

5 - 0009879-74.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.009879-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x ELIANE COUTINHO DOS SANTOS(ADVOGADO: MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, vanessa ribeiro fogos, ESDRAS ELIOENAI

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PEDRO PIRES, antenor vinicius caversan vieira.).Autos n.º 0009879-74.2007.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUTORA APOSENTADO POR TEMPODE CONTRIBUIÇÃO DESDE 23/09/11 – INÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA NA MESMA EMPRESA EM 1981 - LONGOHISTÓRICO DE DOENÇAS INICIADO EM 2002 – CARACTERIZAÇÃO DA INVALIDEZ – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pelo INSS. A SENTENÇA o condenou a: (a) conceder à parteautora o benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez a partir de 10/09/2010, data da perícia judicial; e (b) Pagaro valor das prestações vencidas, a partir de 10/09/2010, descontados os valores auferidos a título de Aposentadoria porTempo de Contribuição.

Alega o INSS que: como restou claro pelo teor do laudo, a parte autora foi reaproveitada em outra função na mesmaempresa, função esta compatível com sua restrição laborativa; não se pode conceder aposentadoria por invalidez, visto quea parte autora estava aposentada por tempo de contribuição desde 23/09/11 e se encontrava trabalhando (emboraestivesse aposentada), conforme comprova o CNIS de fl. 238/239.

A autora, em contrarrazões, sustentou que é grande o valor entre a aposentadoria por tempo de contribuição e aaposentadoria por invalidez, em face da não incidência do fator previdenciário; que este benefício deve ser mantido; afirmaque foi demitido do trabalho em maio de 2012.

2. Pelo teor do relatório do CNIS, de fato a autora parou de trabalhar em maio de 2012, visto que a últimaremuneração que ali consta é a de abril de 2012.

Ora: a sentença foi proferida em 16/05/2012, determinando a concessão de aposentadoria por invalidez desde 10/09/2010,ou seja, da data da perícia judicial. Embora a autora, até então, estivesse trabalhando, depreende-se, pela própria narrativada sentença, que a função por ela exercida na empresa era de extrema restrição. Parece-me que, muito provavelmente, aempresa reaproveitou a parte autora nessa função em face do longo período em que ali laborava.

Transcrevo, abaixo, parte da fundamentação da sentença:

“... Foram realizadas duas perícias médicas judiciais. Em relação à primeira perícia (fls. 103), utilizada como fundamentopara a sentença de fl. 131, que por sua vez foi anulada pela decisão de fl. 145, constatou-se que a autora teria umaincapacidade parcial e temporária.Já a segunda perícia judicial realizada (fls. 178-185), foi constatada que a parte autora apresentava incapacidade laborativadefinitiva e total para sua função de operadora de máquina. Em resposta à pergunta sobre reabilitação, o perito informouque a autora poderia ser readaptada numa outra atividade/função (fl. 184), mas restringiu bastante seu desempenho,colocando diversas limitações.Não consta dos autos nada que indique que o réu tenha promovido a reabilitação da autora, nos termos do art. 89 eseguintes da Lei 8213/91. Desse modo, verifica-se que o benefício de auxílio doença que percebera até 17/07/2007 nãopoderia ter sido cancelado antes que fosse submetido ao processo de reabilitação, de acordo com o disposto no art. 62 daLei 8.213/91Por outro lado, a autora informou que havia sido reaproveitada por sua empresa empregadora na tarefa de desmanche debombons (fl. 178), mas que ainda assim a desempenhava com dificuldades, em razão de sua saúde.Portanto, apesar de incapacitada definitivamente para a função de operadora de máquina, a autora foi reaproveitada para afunção de desmanche de bombons, na qual permaneceu desempenhando seu mister desde a cessação de seu benefíciode auxílio-doença até sua aposentadoria por tempo de contribuição (17/07/2007 a 22/09/2011), informação trazida peloINSS às fls. 192-198.Assim, considerando que o próprio perito do Juízo informa que a parte autora sofre das doenças citadas na inicial, bemcomo que tais doenças são de natureza degenerativa e que a incapacidade é total para a função exercida e que para asdemais há grande limitação, bem como os laudos e exames médicos particulares juntados (fls. 31-91 e 161-163), quetambém confirmam a incapacidade autoral, entendo que a autora faria jus ao restabelecimento do benefício deauxílio-doença desde sua cessação indevida pelo INSS (17/07/2007) e a conversão em aposentadoria por invalidez, a partirda data da perícia judicial (10/09/2010 – fl. 172).Saliento, por oportuno, que a perícia médica judicial tem o condão de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojulgador, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade), bemcomo o próprio laudo pericial.Contudo, em relação ao período compreendido entre a cessação indevida de seu benefício de auxílio-doença (17/07/2007)até a data da perícia judicial de fls.177/185 (10/09/2010), não há o que se falar em condenação da autarquia previdenciáriapara restabelecer o benefício previdenciário de auxílio-doença e pagar as prestações atrasadas, pois a própria empresaempregadora reaproveitou a autora para outra função. Mesmo que essa nova atividade tenha exigido esforço físico além dasua capacidade, observo que houve efetivo exercício de atividade laborativa e pagamento de salários (fls.196/198).Quanto ao período posterior, as prestações vencidas devem ser compensadas com os valores auferidos a título de

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Aposentadoria por Tempo de Contribuição....”

A fundamentação da sentença é bastante para, por ela mesma, determinar a rejeição do recurso.

Repare-se que o Juízo registrou que “... apesar de incapacitada definitivamente para a função de operadora de máquina, aautora foi reaproveitada para a função de desmanche de bombons...”. Quanto ao desempenho dessa função, é elucidativoo relato contido nas contrarrazões ao recurso inominado, no sentido de que ali ficam os funcionários adoentados daempresa (fl. 245); e que inexiste a função de “desmanchador de bombom”, alegação que, registro, é bastante verossímil.

No mais, considerando o fato de a autora trabalhar na mesma empresa há muito tempo – desde 1981, cf. CNIS de fl. 132 –,e já apresentar histórico da doença em tela desde 2002 (a teor dos vários laudos apresentados, entre fls. 30/98; econsiderando o deferimento de auxílio-doença no referido ano de 2002 até 2007 (cf. fl. 132); estão a indicar que acontinuidade do exercício da atividade laborativa se deu porque a autora não tinha outro meio de subsistência. Porconseguinte, uma vez que a sentença deferiu a aposentadoria por invalidez, houve a concomitante dispensa da autora desua atividade laborativa.

3. Adotando como razões de decidir as declinadas na sentença, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pelo INSS fixados em 10% sobre o valor da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

6 - 0001516-56.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001516-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x TEREZINHA GOMES BARROS (ADVOGADO: SIRO DACOSTA.).Processo n.º 0001516-56.2011.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: TEREZINHA GOMES BARROSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 97-105, em razão de sentença(fls. 91-95) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada nadata do requerimento administrativo, a dizer, 01.06.2011, determinando a implementação do benefício dentro de 30 (trinta)dias, a contar da prolação daquele decisum; condenando, outrossim, a autarquia ré ao pagamento do valor das prestaçõesvencidas, observada a prescrição quinquenal.

Sustenta o recorrente, que os documentos acostados pela recorrida não comprovam o efetivo exercício de atividade ruralpelo período legalmente exigido. Argumenta, outrossim, a necessidade de existência de início de prova materialcontemporânea ao tempo labor, não admitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamentetestemunhal. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido nainicial.

As contrarrazões encontram-se às fls. 110-112.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carênciaesta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

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In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 04.01.1932 (fl. 12) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 01.06.2011 (fl. 11), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos autos: 1)certidão de casamento realizado em 1949, constando a profissão do seu marido como lavrador (fl. 13); 2) contrato deparceria agrícola firmado em 1999, constando a recorrida e seu filho como outorgados (fls. 14-16); 3) escritura pública decompra e venda de imóvel rural, datada de 2002, constando seu filho como comprador (fls. 17-20); 4) outros documentosrelativos à propriedade (fls. 21-22).

A certidão de casamento em conjunto com a documentação supracitada, donde se extrai a qualificação profissional domarido da recorrida (lavrador), constituem início de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validade

�probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.

Por seu turno, a prova testemunhal e o depoimento pessoal colhidos em audiência são no sentido do exercício de atividaderural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, daLei nº 8.213/1991. Por oportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou, em síntese, que é viúva há trinta anos. Depois do falecimento domarido, não teve outro companheiro. Quando o marido faleceu, o filho mais novo estava com quinze anos. Recebe pensãopor morte desde o falecimento do marido. Há quinze anos ela e o filho solteiro, que mora com ela, compraram um terrenoem Alegre/ES, de pouco mais de dois alqueires. Na propriedade cultivam café (uns quinze mil pés), milho, feijão e horta ecriação de galinhas. Na época de colheita, às vezes, chamam um companheiro para ajudar. Não tem gado na propriedade.Antes de adquirir esta propriedade, morava em Iúna/ES, na localidade de Bom Sucesso, já morava lá quando teve seusfilhos. Neste local, tinha uma propriedade de aproximadamente um alqueire e meio. Cultivava café, milho, feijão e arroz.Declara que há uns nove ou dez meses passou a ter mais dificuldades de trabalhar, por causa de problemas de saúde.Relata que antes de falecer, o marido trabalhava na roça. Afirma que no último ano colheu umas vinte sacas de café, seufilho é quem vende a produção, portanto não sabe a quanto foi vendido o café no último ano.”

A primeira testemunha ouvida, Sr. Ostogio Lucas de Oliveira, declarou, em síntese, que conhece a Autora desde quandoela era casada, conheceu também o marido dela. Declara que a Autora morava em Bom Sucesso, e a testemunha moravaem Iúna/ES. Se recorda de que a Autora e a família tinham uma propriedade rural, nesta localidade, que media entre cincoe dez alqueires. Afirma que, após o falecimento do marido, ela passou a receber pensão, mas, mesmo assim, continuavatrabalhando na roça. Relata que há uns quinze anos a Autora vendeu a propriedade rural em Iúna e comprou outra emCelina, município de Alegre/ES. Acredita que a Autora tinha um colono na propriedade em Iúna/ES, cujo nome não serecorda. Acredita que a propriedade atual da Autora, em Celina, tenha pouco mais de três alqueires. Declara que a Autoracultiva café e outras culturas, e tem algumas cabeças de gado (não se recorda quantas). Acredita que a Autora parou detrabalhar há um ano, por causa de problemas na perna. Na propriedade de Celina, se lembra de ter visto a Autoratrabalhando só com o filho. Questionado, informou que não conhece Sebastião Gomes da Silva.”“A segunda testemunha ouvida, Sr. Geraldo Ramilo Barramansa de Souza, relatou, em síntese, que conhece a Autora háuns quinze anos, quando ela foi ser sua vizinha em Celina. Declara que a Autora chegou lá com dois de seus filhos, mas háaproximadamente um ano um dos filhos saiu, e ela continuou trabalhando só com o outro rapaz. Relata que, quando eleschegaram, a propriedade já tinha uma lavoura (uns oito ou dez mil pés de café) e eles plantaram mais. Afirma, ainda, que,quando eles chegaram na propriedade, trouxeram alguns animais (cavalos e vacas), e que o gado é só para a despesa dafamília. Eles não vendem leite. Acredita que a propriedade da Autora tem um pouco mais de três alqueires. Pelo que serecorda, a Autora não tinha meeiros. Não se lembra o nome do proprietário que vendeu a terra para a Autora.”

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laboradona atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhalidônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova material

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abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de

�reformar o acórdão nessa parte, a restaurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERALPAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida aopleiteado benefício.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementasupra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

7 - 0002304-07.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002304-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ESTER MARQUES VIEIRA (ADVOGADO:ANA PAULA CESAR, Hordalha Gomes Soares Oliveira.).Processo n.º 0002304-07.2010.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: ESTER MARQUES VIEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 119-126, em razão de sentença(fls. 115-118) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixadana data do requerimento administrativo, a dizer, 26.04.2010, determinando a implementação imediata do benefício, por setratar de verba alimentar; condenando, outrossim, a autarquia ré ao pagamento do valor das prestações vencidas,observada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em resumo, que os documentos acostados pela recorrida não comprovam o efetivo exercício de atividade ruralpelo período legalmente exigido. Argumenta, outrossim, a necessidade de existência de início de prova materialcontemporânea ao tempo labor, não admitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamentetestemunhal. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido nainicial.

As contrarrazões encontram-se às fls. 133-139.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número de

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meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carênciaesta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 18.04.1955 (fl. 17) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 26.04.2010 (fl. 14), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou: 1) carteira dosindicato (fl. 21); 2) certidão emitida pela Justiça Eleitoral, constando sua ocupação declarada como trabalhadora rural (fls.24); 3) fichas de matrículas de filhos, constando sua profissão como lavradora (fls. 27/28); 4) notas fiscais em seu nome(fls. 29/31); 5) inscrição junto ao Cadastro Agropecuário da Secretaria da Fazenda (fls. 32/35); 6) declaração de exercíciode atividade rural emitida pelo Sindicato (fls. 39/40); 7) contrato de parceria agrícola firmado em 1999, constando a recorridae seu marido como outorgados, mencionando que desde o casamento em 1978 eles trabalham nesta propriedade (fls.44/45).

Pois bem. A documentação supracitada, donde se extrai a qualificação profissional da recorrida (lavradora), constitui iníciode prova material contemporâneo à época dos fatos.

Por seu turno, a prova testemunhal e o depoimento pessoal colhidos em audiência são no sentido do exercício de atividaderural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, daLei nº 8.213/1991. Por oportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que é casada há trinta e dois anos com o Sr. João César Vieira. Omarido está com cinquenta e três anos. Casou em Vitória. Logo após o casamento foi morar na roça, na localidade de AltoPerdição, em Iúna. Quando era solteira, trabalhou durante sete anos na Fábrica Braspérola (saiu de lá antes de casar),trabalhava como bobinadeira. O marido trabalhava num supermercado. Depois disto, ela nunca mais trabalhou em outraatividade. Depois, acha que em 1979 o marido trabalhou cinco meses em Vitória. Há uns dezessete anos (de 1992 a 1994)o marido trabalhou novamente em atividade urbana, numa serraria de mármores em Cachoeiro, por pouco mais de um ano.João Batista Vieira é seu sogro, que já é falecido. Afirma que atualmente seu marido herdou uma parte da propriedade (devinte e nove litros). Nesta propriedade, cultivam café, milho e feijão. Questionada se o marido trabalhou no Rio de Janeiro,afirma que não, nem conhecem a cidade. Está com cinquenta e cinco anos.”

“A primeira testemunha ouvida, Sr. Manoel Lima Monteiro, relatou que conhece a Autora há muitos anos, podendo afirmarque ela trabalha na roça.”

“A segunda testemunha ouvida, Sr. José Ribeiro de Almeida, declarou, em síntese, que conhece a Autora há uns vinte ecinco anos, quando adquiriu um terreno no local. Tem uma propriedade que faz divisa com a propriedade do marido daAutora. Declara que a propriedade era do sogro da Autora, depois que ele faleceu o terreno foi dividido, tendo o marido delaherdado uma parte. Pelo que sabe, a propriedade tem vinte e nove litros. Pelo que sabe, a Autora e seu marido nuncatrabalharam em outra atividade.”

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laboradona atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhalidônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de

�reformar o acórdão nessa parte, a restaurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL

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PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida aopleiteado benefício.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementasupra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

8 - 0006062-31.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006062-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x ODIVA FARIA PEREIRA (ADVOGADO: ANAMARIA DA ROCHA CARVALHO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo n.º 0006062-31.2009.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ODIVA FARIA PEREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - E M E N T AEste recurso inominado decorre da irresignação do réu da demanda em primeiro grau, em virtude da sentença (fls. 83-84) aqual julgou procedente pleito objetivando benefício de auxílio-doença rural retroativos ao período compreendido entre13.05.2008 a 31.01.2010.

A centralidade do dissenso brota do entendimento lançado na sentença no sentido de que a autora detinha a qualidade desegurada especial na época do requerimento administrativo. Sustenta a autarquia previdenciária que o esposo da autorapossui atividade de motorista desde 10/1995, sendo atualmente contribuinte individual com recolhimentos no ano de 2010,ao tempo da propositura da ação. Afirma, ainda, que já foi vereador do Município de Domingos Martins. Assim, alega querestou descaracterizado o regime de economia familiar.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 97).

De início, oportuno realçar considerações pontuais lançadas na r. sentença (fls. 83-84) in verbis:

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“(...) Para o auxílio-doença, o período de carência é de doze contribuições mensais, conforme art. 24 da Lei nº 8.213/91.Logo, a autora precisa comprovar exercício de atividade rural em regime de econômica familiar durante doze meses noperíodo imediatamente anterior ao requerimento ao requerimento. Importam, assim, apenas os fatos transcorridos entremaio/2007 e maio/2008.Nesse interstício, não há prova de que o marido da autora tenha exercido atividade urbana. Os extratos do CNISatualizados exibidos pelo INSS indicam exercício de atividade na prefeitura municipal somente até dezembro de 2004 (fls.75/82). As testemunhas confirmaram que o marido da autora parou de trabalhar na prefeitura há muitos anos e somenteestava trabalhando na roça, no próprio imóvel rural, junto com a autora, sem empregados permanentes, caracterizando,assim, o regime de economia familiar.”

Pois bem. O MM Juiz Federal prolator da sentença, conquanto em sua costumeira mestria tenha entendido suficientes osdepoimentos das testemunhas, permite a compreensão – dada a singularidade do caso – no sentido da necessidade deelucidar outros elementos fáticos para melhor avaliação jurígena da controvérsia.

Assim colocado, embora o depoimento das testemunhas tenha sido no sentido de que o marido da autora parou detrabalhar na prefeitura há muitos anos, o quadro ensejador da causa de pedir recomenda, nas circunstâncias, oportunizar odepoimento pessoal da autora, de modo a elucidar aspectos relacionados, por exemplo, com a caracterização ou não doregime de economia familiar.

Nessas condições, voto no sentido do encaminhamento do feito ao Juízo de origem para o fim de colher o depoimentopessoal da autora e assim esclarecer os aspectos fáticos acima gizados.

Acordam os membros da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do estado do EspíritoSanto, por unanimidade, para diligência complementar, encaminhar o processo ao Juízo de origem.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

9 - 0004434-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004434-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO CAETANO SILVARESCOSTA (ADVOGADO: FELIPE MARTINS SILVARES COSTA, ADRIANO ATHAYDE COUTINHO, MARIANA MOULINLEITE, EZUS RENATO SILVA CARDOSO, Ozório Vicente Netto.) x JUIZ FEDERAL DO 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERALx INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Mandado de Segurança nº 0004434-65.2013.4.02.5050/01Impetrante: JOÃO CAETANO SILVARES COSTAImpetrados: JUIZ FEDERAL DO 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

Neste mandado de segurança questiona-se a r. Decisão proferida à fl. 59 do processo n. º 0004434-65.2013.4.02.5050,pelo MM. Juiz Federal Leonardo Marques Lessa, por meio da qual foi indeferido o pedido de tutela antecipada paraconceder o acréscimo previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/91, ao entendimento de que não restou comprovado o requisito dofumus boni iuris tendo em vista que a matéria não está suficientemente pacificada a ponto de evidenciar verossimilhança aodireito alegado. Confira-se o teor do decisum:

“Quanto ao pedido de concessão de liminar, em que pese o entendimento jurisprudencial trazido aos autos pelo Autor, nãome parece que a matéria esteja suficientemente pacificada a ponto de trazer inegável verossimilhança ao direito alegado.Pelo contrário, trata-se de discussão complexa, sendo que, recentemente, o TRF da 5ª Região expôs entendimento opostoao defendido na inicial:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ASSISTÊNCIA PERMANENTE DE OUTRAPESSOA. ACRÉSCIMO DE 25%. ART. 45 DA LEI 8.213/91. IMPOSSIBILIDADE. CONVERSÃO EM PAOSENTADORIAPOR INVALIDEZ. DOENÇA SUPERVENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. ATO JURÍDICO PERFEITO. 1. Segundo o art. 45 daLei nº 8.213/91, o aposentado por invalidez que necessitar da assistência permanente de outra pessoa fará jus a um

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acréscimo de 25% no valor do benefício. O mesmo acréscimo não foi previsto para os outros tipos de aposentadoria. Daíporque não pode o Judiciário estender a vantagem a outros casos, sob pena de comprometer o equilíbrio atuarial efinanceiro do sistema previdenciário. 2. Tampouco é possível converter a aposentadoria por tempo de contribuição emaposentadoria por invalidez para, em seguida, conceder o acréscimo. Afinal, a concessão de aposentadoria se constitui emato jurídico perfeito, de forma que a autarquia previdenciária não pode ser compelida a rever tal ato sem que seja apontadanenhuma irregularidade. 3. apelação a que se nega provimento. (AC 00051577520124058400, Desembargador FederalEdílson Nobre, TRF5 – quarta Turma, DJE – Data: 21/02/2013 – Página 350) (destaquei)Desta forma, apesar da existência de fundado receio de dano irreparável – visto que, a princípio, o laudo de fl. 46demonstra a necessidade de auxílio permanente -, não me parece que o requisito do fumus boni iuris esteja demonstrado,razão pela qual INDEFIRO, por ora, o pedido de tutela antecipada.

Argumenta a impetrante que o lastro probatório e a argumentação da inicial comprovam suficientemente a concretude dodireito pleiteado, sendo o indeferimento da tutela antecipada, a seu ver, situação de error in judicando do impetrado, o queviabiliza o presente mandado de segurança.

Decido.

Trata-se, conforme relatado, de mandado de segurança impetrado contra ato judicial praticado pelo Juiz do 1º JuizadoEspecial Federal de Vitória que indeferiu pedido de tutela antecipada.

O impetrante ajuizou ação objetivando liminarmente a concessão do acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) previsto noart. 45 da Lei nº 8213/1991, em virtude de ser aposentado por tempo de contribuição e ser portador de doença deParkinson, necessitando de cuidados especiais e permanentes. Sendo seu pedido indeferido, impetrou o presente mandadode segurança.

A perspectiva de que se parte para a identificação das hipóteses de cabimento do mandado de segurança contra ato judicialnos Juizados Especiais Federais é a de que se trata de medida que apenas excepcionalmente se admite. Assim, nostermos do posicionamento do Superior Tribunal de Justiça ”(...) 2. A jurisprudência desta corte firmou-se no sentido de quea impetração de mandado de segurança contra ato judicial é medida excepcional, o que faz que a admissão do writencontre-se condicionada à natureza teratológica da decisão combatida, seja por manifesta ilegalidade, seja por abuso depoder. (...)” (STJ – 2ª Turma – RMS 28737-SP – Relator Ministro Castro Meira – DJE de 24.02.2010)

A decisão impugnada não se mostra manifestamente ilegal ou abusiva ao indeferir a tutela antecipada por não considerarpresentes os requisitos concorrentes indispensáveis à medida de urgência pleiteada pelo impetrante.

Noutro ângulo, o respeitoso entendimento da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência no sentido de que oacréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) constitui prestação de natureza assistencial, já que sua concessão independede contribuição previdenciária direta por parte do segurado, e assim, ser possível a sua extensão aos demais tipos deaposentadoria, tenho que ainda persiste a discutibilidade da questão, sobretudo por se fazer necessária, pelo menos, ademonstração no curso processual de que o impetrante necessita de assistência permanente de terceiros.

A concessão dessa vantagem previdenciária benesse prevista no art. 45 da Lei 8.213/1991, é feita de forma estritamentevinculada, cumprindo-se a determinação legal e com observância do conjunto probatório caso a caso.

Registre-se, outrossim, que o processo no 1º JEF encontra-se suspenso aguardando realização de perícia médica peloINSS, conforme requerido em contestação pela autarquia previdenciária.

Nessas condições, na forma do art. 10, caput, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009, voto para indeferir a inicial, eextinguir o processo, sem resolução de mérito, na forma do art. 267, inciso I, do Código de Processo Civil.

Com o trânsito em julgado e após as anotações pertinentes, dê-se baixa e arquive-se.

P.R. Intime-se, rapidamente.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo indeferir ainicial do presente Mandado de Segurança, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator Designado

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Assinado eletronicamente

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

10 - 0001686-52.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.001686-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS x INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DOESPÍRITO SANTO -IPAJM (ADVOGADO: MICHELLE FREIRE CABRAL, ALBERTO CAMARA PINTO, MARIANA DEFRANÇA PESTANA, JULIANA LUCINDO DE OLIVEIRA.) x HELI LEONARDO DE CASTRO (ADVOGADO: LUIZ TELVIOVALIM, JAMILI ABIB LIMA, BETHANIA ALVES DE ASSIS, ADRIANA GAMA DE SOUZA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo n.º 0001686-52.2009.4.02.5001/01 - Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTORecorrido : HELI LEONARDO DE CASTRORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA FORMA DA CERTIDÃOEXPEDIDA PELO INSS. POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Este recurso inominado (fls. 261-268) foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau, Instituto de Previdência dosServidores do Estado do Espírito Santo - IPAJM, em razão da sentença (fls. 250-252) que julgou procedente em parte apretensão e condenou o Instituto Nacional do Seguro social – INSS a emitir certidão de tempo de contribuição com ainclusão dos dois vínculos de filiação previdenciária (01/07/1976 a 01/10/2000 e 01/05/1985 a 01/05/1999) e com aincidência do fator de conversão 1,4 para atividade exercida até 28/04/1995, bem como condenou o IPAJM a averbar otempo de contribuição na forma da certidão emitida pelo INSS. O recorrente sustenta, em resumo, que não é possível aaverbação do tempo especial com adicional do fator 1,4, tendo em vista não haver previsão legal que reconheça esse tipode contagem para servidores estaduais no estatuto próprio.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 279-293.A controvérsia importa analisar a possibilidade ou não de averbação do tempo especial com a aplicação do fator 1,4 peloIPAJM.O recorrido da ação, atualmente servidor público do Estado do Espírito Santo, pretende ver averbado no IPAJM o tempo deserviço prestado como médico quando submetido ao regime celetista, período que entende laborado sob condiçõesespeciais (01/05/1985 a 01/05/1999).Não assiste razão ao recorrente. O servidor público, ex celetista, que exerceu atividade perigosa, insalubre ou penosa,assim considerada em lei vigente à época, tem direito à contagem de tempo de serviço para fins de aposentadoriaestatutária.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é nesse sentido, vejamos:Processo AgRg no Ag 932069 / SC -AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2007/0196862-9Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 11/12/2012Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ATIVIDADE INSALUBRE. AVERBAÇÃO. TEMPOESPECIAL. REGIME CELETISTA. POSSIBILIDADE. CERTIDÃO EMITIDA PELO INSS. PRESCINDIBILIDADE.O servidor público, ex-celetista, tem direito à contagem de tempo de serviço exercido em condições especiais na forma dalegislação anterior, ou seja, com o acréscimo previsto na legislação previdenciária de regência. Precedentes. 2. O art. 130do Decreto nº 3.078/1999 não impõe que o tempo de serviço para o Regime Próprio de Previdência seja, única eexclusivamente, comprovado por meio de certidão emitida pelo INSS. Ele pode ser demonstrado também por outros meiosde prova, aptos a formar o livre convencimento do magistrado 3. Agravo regimental improvido.

De igual modo o entendimento no âmbito do egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região:Processo: REOMS 67899 RJ 2004.51.01.009590-4 Relator(a): Desembargador Federal PAULO ESPIRITO SANTOJulgamento 16/04/2008 Órgão Julgador: QUINTA TURMA ESPECIALIZADA Publicação: DJU - Data::07/05/2008 -Página::337Ementa ADMINISTRATIVO - PROCESSUAL CIVIL - SERVIDORA PÚBLICA - EX-CELETISTA - REGIME JURÍDICOÚNICO – INSALUBRIDADE - CONTAGEM DE TEMPO INSALUBRE – DIREITO LÍQUIDO E CERTO. · Mandado deSegurança impetrado objetivando a conversão e averbação do tempo de serviço prestado sob o regime celetista, emcondições insalubres, bem como a expedição da certidão de tempo de serviço, com o cômputo do tempo especialdevidamente convertido em comum; · A impetrante tem direito à conversão e à averbação do tempo celetista, trabalhadosob condições insalubres, para fins de aposentadoria, ou seja, antes da edição da Lei nº 8.112/90. A norma de regênciaconverteu o regime da impetrante para estatutário; · Precedentes jurisprudenciais do Colendo Superior Tribunal de Justiçaacerca da matéria, reconhecendo a pretensão da Impetrante.Não merece reparo a sentença recorrida, a qual deve ser mantida por seus próprios fundamentos.

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Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos e ora fixados em 10%sobre o valor da causa atualizado (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

11 - 0104756-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104756-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO RODRIGUES DONASCIMENTO (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104756-93.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: JOÃO RODRIGUES DO NASCIMENTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 68-84, em razão da sentença (fls.63-65) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 89-101.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que a

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norma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 31.07.1990 – fl. 20). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 03.09.2013 (fl. 26), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 27, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

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A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

12 - 0000664-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000664-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x JOANÍCIO WERNERSBACH (DEF.PUB: LIDIANE DAPENHA SEGAL.).Processo n.º 0000664-69.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : JOANÍCIO WERNERSBACHRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊNCIA.REQUISITOS PREENCHIDOS. FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO OBJETIVO. MISERABILIDADE AFERIDA EMCONCRETO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 78-80, em razão de sentença (fls.69-72) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o recorrido não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vistaa renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido.

3. Foram apresentadas contrarrazões às fls. 89-93.

4. Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), coma redação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011),o benefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover àprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-sepessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, osquais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas; e, na forma do § 3º, incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ouidosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

6. No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Não se desconhece, também, que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do RecursoExtraordinário nº 567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidadedo § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso e mediante acurácia no atendimento aos requisitos constantes do art. 20, caput e §6º, da LOAS.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

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Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES).

Na perspectiva do mérito, vê-se que o recorrido é portador de paralisia cerebral desde o nascimento, sendo inclusive,interditado (fl. 20), necessitando da assistência permanente de terceiros. Destarte, sua patologia interfere em sua vida civilindependente.

De par com isso, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 41-48. No que tange à composição familiar, consta daresposta ao quesito “1” (fl. 46) que o recorrido reside com sua mãe (67 anos) e seu pai, 72 anos de idade à época da feiturado relatório (08.04.2010). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “5” (fl. 46), tem-se que a renda familiar advém daaposentadoria dos pais do recorrido, no valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) para cada um.

No tocante às despesas, extrai-se da resposta ao quesito “8”, que a família gasta em média R$ 100,00 (cem reais) comfralda geriátrica para o recorrido; R$ 180,00 (cento e oitenta reais) com seus medicamentos; R$ 160,00 (cento e sessentareais) com fisioterapia e R$ 290,00 (duzentos e noventa reais) com remédios para a mãe do recorrido (fls. 47-48).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria; de alvenaria, piso em cerâmica, telhado de amianto (Eternit),constituída por 07 (sete) cômodos; possui energia elétrica e é abastecida com água por meio de poço artesiano.

Os pais do recorrido efetivamente recebem benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 68) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelos genitores do recorrido a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Ainda que assim não fosse, verifica-se, no caso em apreço, elementos capazes de configurar a miserabilidade do recorrido.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

20. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Deixo de condenar o recorrente em honorários, nostermos da Súmula nº 421, do Superior Tribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

13 - 0002480-18.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002480-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x MARIA BELARMINA DE ASSIS.Processo n.º 0002480-18.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA BELARMINA DE ASSISRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 64-77, em razão de sentença (fls.58-60)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário um pouco acima de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões fl. 84

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Não se desconhece, também, que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do RecursoExtraordinário nº 567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidadedo § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso e mediante acurácia no atendimento aos requisitos constantes do art. 20, caput e §6º, da LOAS.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve

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sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES).

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 43-48. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “b” (fl. 46) que a recorrida (74 anos) reside com seu esposo, 81 anos de idade à época da feitura do relatório(24.08.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “d” (fl. 46), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

12. As despesas totalizam R$ 735,00 (setecentos e trinta e cinco reais), distribuídos entre conta de água, energia,alimentação, gás de cozinha e medicamentos (fl. 44).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside é própria; de alvenaria, constituída por 05 (cinco) cômodos, sendo dois quartos,uma sala, uma cozinha e um banheiro.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Ademais, verifica-se no caso em apreço, elementos capazes de configurar a miserabilidade.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que não houve participação de advogadoconstituído nesta causa, incabível a condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

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14 - 0003285-05.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003285-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMERO LOZZER RAMOS(ADVOGADO: Kassia Ângelo Astolpho, PAULA ALMEIDA RAMOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0003285-05.2011.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: ROMERO LOZZER RAMOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 21-34, em razão da sentença (fls.18-19) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 39-42.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicada

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em 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 01.04.1993 – fl. 15). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 26.04.2011 (fl. 14), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 18-19, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

15 - 0001604-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001604-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEONIR FERREIRAVENTURA (ADVOGADO: DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA, LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIO

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JUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0001604-63.2012.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: LEONIR FERREIRA VENTURARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 45-59, em razão da sentença (fls.41-42) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 63-64.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direito

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pelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 06.05.1991 – fl. 35). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 29.03.2012 (fl. 27), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 41-42, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

16 - 0000479-45.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000479-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDSON RAIMUNDOVALENTIM (ADVOGADO: WANESSA ALDRIGUES CANDIDO, DIEGO BOMFIM FERNANDES, MAYARA AZEVEDOJACUNDA FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVINBASSETTO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo

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2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0000479-45.2012.4.02.5055/01 - Juízo de Origem: VF de SerraRecorrente: EDSON RAIMUNDO VALENTIMRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 93-149, em razão da sentença (fls.89-90) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 154-171.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormente

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concedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 28.09.1992 – fl. 22). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 04.09.2013 (fl. 25), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Conquanto o magistrado sentenciante tenha deferido o benefício da Gratuidade de Justiça “exceto em caso de recurso” (fl.35), a abrangência do referido benefício deve ser elastecida à seara recursal, por ser essa a interpretação que mais secoaduna com o texto constitucional, ao prever em seu art. 5º, inciso LXXIV: “o Estado prestará assistência jurídica integral egratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Não pode, portanto, o aplicador do direito limitar garantiaprocessual constitucionalmente consagrada, impondo à parte ônus maior do que o previsto pelo próprio preceitoconstitucional.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº10.259/01.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

17 - 0104672-92.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104672-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANNA IGNEZ ZORZAL(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL

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Seção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104672-92.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ANNA IGNEZ ZORZALRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 82-98, em razão da sentença (fls.77-79) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 103-125.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazo

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de 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 01.02.1996 – fl. 75). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 29.08.2013 (fl. 32), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 33, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

18 - 0104228-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104228-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON PEREIRA CAMPOS(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

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Processo nº. 0104228-59.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ADILSON PEREIRA CAMPOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 73-89, em razão da sentença (fls.69-70) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 99-105.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado ao

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patrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 06.02.1992 – fl. 68). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 13.08.2013 (fl. 33), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 34, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

19 - 0000921-89.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000921-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO FELIX DE ARAUJO(ADVOGADO: EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0000921-89.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: PEDRO FELIX DE ARAUJORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 78-86, em razão da sentença (fls.75-76) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 90-96.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição do

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prazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 19.06.1995 – fl. 18). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 14.03.2013 (fl. 35), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 75-76, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

20 - 0000920-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000920-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO FELIX DE ARAUJO(ADVOGADO: EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0000920-07.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: PEDRO FELIX DE ARAÚJORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DA

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LEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 55-63, em razão da sentença (fls.52-53) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 67-79.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

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Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 19.06.1995 – fl. 48). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 14.03.2013 (fl. 34), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 52-53, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

21 - 0104869-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104869-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIO PINTO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104869-47.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: MARIO PINTO DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

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Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 74-90, em razão da sentença (fls.70-71) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 95-112.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º

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1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 28.01.1992 – fl. 20). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 10.09.2013 (fl. 29), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 70-71, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

22 - 0105671-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105671-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO VENTURA DAFONSECA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0105671-45.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: BENEDITO VENTURA DA FONSECARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 48-64, em razão da sentença (fls.44-45) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº

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1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 69-74.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63

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Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 22.09.1992 – fl. 21). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 10.10.2013 (fl. 29), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 30, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

23 - 0102229-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102229-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x CAROLINE GALIMBERTI SANTOS E OUTRO(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, RODRIGO FIGUEIREDO, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.).Processo nº 0102229-71.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorridos: CAROLINE GALIMBERTI SANTOS e MARIA MAFALDA B. GALIMBERTIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 87-105 em razão de sentença (fls.81-84) que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício da pensão por morte, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 110-115.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidade

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necessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir dos recorridos. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com a

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redação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício dos recorridos.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

24 - 0104772-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104772-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ MARIA DA SILVA(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104772-47.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: JOSÉ MARIA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 70-86, em razão da sentença (fls.66-67) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 90-91.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear a

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revisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 26.05.1992 – fl. 64). Contudo, a presente demanda

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somente foi ajuizada em 03.09.2013 (fl. 39), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 66-67, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

25 - 0104596-68.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104596-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELCIO BARBOSA(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104596-68.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: ELCIO BARBOSARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 54-70, em razão da sentença (fls.50-51) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 74-75.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entrada

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em vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 17.05.1993 – fl. 48). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 27.08.2013 (fl. 24), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fl. 50-51, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

26 - 0104946-56.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104946-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JULIO BAPTISTA(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104946-56.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: JULIO BAPTISTARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 44-60, em razão da sentença (fls.40-41) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 64-76.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado no

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dia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 21.01.1994 – fl. 38). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 12.09.2013 (fl. 25), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 40-41, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

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Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

27 - 0104782-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104782-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE COUTINHO FILHO(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0104782-91.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: JOSÉ COUTINHO FILHORecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 83-99, em razão da sentença (fls.79-80) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 103-115.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,

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28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)E mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral,assentando que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios do INSS até mesmo anteriores à Medida Provisória nº1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento: Sessãode 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 20.01.1993 – fl. 48. Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 04.09.2013 (fl. 54), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 79-80, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

28 - 0103865-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103865-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANKLIN MENDONÇA(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0103865-72.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: FRANKLIN MENDONÇARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 47-63, em razão da sentença (fls.42-44) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 108-118.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

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Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)E mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral,assentando que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios do INSS até mesmo anteriores à Medida Provisória nº1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento: Sessãode 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 28.01.1994 – fl. 41). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 01.08.2007 (fl. 27), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 28, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

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29 - 0009509-09.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.009509-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUARA VITORIA GOMESSOUZA (ADVOGADO: PRISCILA TAVARES DOS SANTOS, NELSON TAVARES DOS SANTOS FILHO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo n.º 0009509-09.2011.4.02.5001/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: LUARA VITÓRIA GOMESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 109-120, em razão da sentença (fls.106-107) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao deficiente físicoprevisto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta a recorrente, em resumo,que a condição de miserabilidade de seu grupo familiar restou demonstrada, uma vez que o valor auferido por seusgenitores é superior às suas despesas básicas. A deficiência é incontroversa.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 124-129.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita familiar, sobretudo a demonstração docritério miserabilidade. A deficiência da recorrente restou cabalmente configurada.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 77-82. No quetange à composição familiar, consta do relatório social que a recorrente (1 ano e três meses de idade, ao tempo do relatóriosocial) reside com sua mãe Luana Gomes dos Santos (25 anos) e seu pai Luan de Souza Santos (23 anos), que vivem emunião estável há dois anos. A renda do grupo familiar (quesito 3) é composta pelo salário recebido por seus pais, quesomados, chega-se ao valor de R$1040,00 (hum mil e quarenta reais).

A renda familiar é proveniente do salário percebido por seus pais Segundo a resposta ao quesito “2”, tem-se que a rendafamiliar é proveniente da aposentadoria recebida pelo esposo da recorrente no valor de um salário mínimo. Foi informadono relatório social elaborado em setembro de 2012 que o filho da recorrente estava desempregado, embora às fls. 54-59conste informação de que no mesmo mês ele estava empregado e auferiu renda de R$ 700,00 (setecentos reais).

A casa onde reside é alugada, de alvenaria, teto de laje e o piso de cerâmica. Possui 02 cômodos pequenos, 01 quarto, 01cozinha e 01 banheiro e está em boas condições de habitabilidade e higiene. As ruas possuem pavimentação, asfalto, redede esgoto, abastecimento de água e rede elétrica.

Com relação às despesas habituais esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$60,00 (sessenta reais) comconta de luz; R$350,00 (trezentos e cinqüenta reais) com alimentação; R$250,00 (duzentos e cinqüenta reais) commedicação; R$260,00 (duzentos e sessenta reais) com aluguel; R$90,00 (noventa reais) com plano de saúde; R$260,00(duzentos e sessenta reais) com a cuidadora da requerente – despesa custeada por terceiros.

Nesse diapasão, o quadro fático não denota situação de miserabilidade da recorrente que justifique a concessão dobenefício assistencial.

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza e “miserabilidade” são situações distintas.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 76, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

30 - 0005182-39.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005182-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x PRIMO ROQUE DONDONI (ADVOGADO: IZAELDE MELLO REZENDE, ANA MERCEDES MILANEZ, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0005182-39.2009.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : PRIMO ROQUE DONDONIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AVERBAÇÃO DETEMPO DE SERVIÇO PRESTADO NO EXTERIOR. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado (fls. 67-73) foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgouprocedente o pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Sustenta o recorrente, em resumo, que apretensão de averbação de período de trabalho na Argentina para fins de concessão de aposentadoria por tempo decontribuição não merece prosperar, em razão, em resumo, da falta de amparo legal porquanto a legislação vigente, oAcordo Multilateral de Seguridade Social do Mercosul não contempla essa possibilidade. Dessa forma, requer sejareformada a sentença proferida pelo “juízo a quo”, julgando-se improcedente o pedido.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 76-81.Pois bem. A sentença recorrida (fls. 62-64) condenou o INSS a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição (NB146.459.703-8), reconhecendo, para tanto, o período trabalhado pelo segurado na República Federal da Argentina sob ofundamento de que o direito à averbação do tempo de serviço incorpora-se no momento da prestação do serviço. Vejamos:(...) O novo acordo internacional realmente não contempla a aposentadoria por tempo de contribuição, mas ressalvouexpressamente os direitos adquiridos ao amparo do acordo bilateral revogado.Por mais que o autor, antes de 2005, não tivesse direito adquirido à aposentadoria por tempo de contribuição, já haviaadquirido, pelo menos, o direito à contagem do tempo de serviço. O direito à averbação de tempo de serviço incorpora-seimediatamente ao patrimônio do segurado no momento da prestação do exercício da atividade remunerada. Esseentendimento consolidado na jurisprudência para o caso de trabalhador brasileiro em território brasileiro deve ser estendidopara o caso do trabalhador brasileiro em território argentino até 2005, uma vez que o acordo internacional então vigentedava respaldo à aplicação da legislação previdenciária brasileira relativa a tempo de serviço aos brasileiros que tenhamtrabalhado na Argentina e regressado para o Brasil.Não se cuida, como quer demonstrar o INSS, de conceder aposentadoria não contemplada na legislação atual, qual seja,no Decreto nº 5.722/2006, mas sim de se reconhecer o período trabalhado na Republica Federal da Argentina pelosegurado (01/08/1979 a 27/02/1985) para fins de contagem normal de tempo de serviço para aposentadoria por tempo decontribuição, o que se encontra em consonância com o ordenamento jurídico brasileiro; em harmonia, diga-se com oprincípio tempus regit actum de largo emprego em nosso Direito Previdenciário.A propósito, vigia no período controvertido (1º.08.1979 a 27.02.1985) o art. VII do Decreto Legislativo CN 87.918/82, com oseguinte teor:Os períodos de serviço cumpridos em épocas diferentes em ambos os Estados Contratantes, poderão ser totalizados paraconcessão das prestações previstas no Artigo I. O cômputo desses períodos se regerá pela legislação do país onde tenhamsido prestados os serviços respectivos.Por outro lado, o Decreto nº 5722 de 13 de março de 2006, superveniente não poderia como quer o INSS, retroagir e tornarnula situação jurídica consolidada, e assim, em afronta à garantia constitucional do art. 5º, inciso XXXVI, primeira figura

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(direito adquirido).Portanto, não merece reparos a sentença recorrida, devendo ser mantida por seus próprios fundamentos.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, ante odisposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

91009 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA

31 - 0002026-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002026-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUÍZO FEDERAL DA VARAFEDERAL DA SERRA x JUÍZO FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO.Conflito De Competência N.º 0002026-72.2011.4.02.5050/01Suscitante: JUÍZO FEDERAL DA 1ª VF DA SERRASuscitado: JUÍZO FEDERAL DO 2º JEF DE VITÓRIARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

CONFLITO DE COMPETÊNCIA – CRITÉRIO FUNCIONAL-TERRITORIAL – COMPETÊNCIA ABSOLUTA –CONHECIMENTO DE OFÍCIO – RESOLUÇÃO Nº 24 DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO – VARAFEDERAL DA SERRA PERTENCENTE À REGIÃO DA CAPITAL DO ESPÍRITO SANTO – JUÍZO COMPETENTE: JUÍZOSUSCITANTE

1. Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal da Vara Federal da Serra/ES (fls.36-38) ante o Juízo Federal do 2º Juizado Especial Federal de Vitória/ES, afirmando ser incompetente para apreciação domérito da causa. Alega o suscitante que a competência para o julgamento é do foro onde está localizada a sede do INSS,in casu, no município de Vitória, por expressa determinação do art. 100, inciso IV, alínea “a”, do Código de Processo Civil.Sustenta que a competência é relativa, uma vez que a parte autora pode optar pelo foro de julgamento da causa. Por fim,argumenta que a incompetência desse jaez, ao contrário da absoluta, assume caráter prorrogável, desde que as partesomitam-se em alegá-la através de exceção de incompetência na primeira oportunidade em que lhes couber falar nos autos,sob pena de preclusão.

2. O Juízo suscitado, de sua parte, aduz que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região tem consolidado firmejurisprudência no sentido de que a competência das Varas Federais do interior é pautada no critério funcional-especial – enão no territorial –, o que importa dizer que a competência dessas varas é absoluta e improrrogável, cabendo ao Juízoincompetente declará-la de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição, a teor do disposto nos arts. 113 e 114 do Códigode Processo Civil. Seguindo essa orientação, declarou sua incompetência absoluta e determinou a redistribuição do feitopara a Vara Federal da Serra.

3. A ação originária foi proposta por LAYSE SIQUEIRA DE JESUS em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a majoração do seu benefício de auxílio alimentação. Referida ação foi ajuizada em28.02.2011. A autora encontra-se domiciliada no Município da Serra/ES.

4. Ressalta-se que a Vara Federal da Serra passou a existir em 15 de dezembro de 2010, conforme Ato nº 505, de20 de dezembro de 2010, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, data a partir da qual passou a ter competênciafuncional-territorial plena para processar e julgar todas as causas cíveis, inclusive as de competência do Juizado EspecialFederal.

5. A Resolução nº 24, de 11.10.2010, alterada pela resolução 30, de 01.12.2010, do Tribunal Regional Federal da 2ªRegião, dispõe sobre a competência territorial e em razão da matéria da Justiça Federal da 2ª Região. Em seu art. 5º,subdivide a região da Capital do Estado do Espírito Santo em especialidades, entre elas, a Vara Única da Serra. Já em seuart. 15, dispõe que a Subseção de Serra alcança a extensão territorial dos municípios de Serra e Fundão.

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6. Referida resolução, ao definir a competência da Vara Federal da Serra, quis incluí-la como pertencente à Regiãoda Capital do Espírito Santo, ou seja, considerou municípios que fazem parte da Região Metropolitana da Grande Vitória(como Serra e Fundão) como integrantes da “Capital”. Diferentemente, no Rio de Janeiro, qualificou diversos municípiospertencentes à Região Metropolitana (como Niterói, Duque de Caxias e São João de Meriti) como Subseções do interior.Tais competências foram definidas pela Presidência do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, com o fito de regulamentara matéria e de definir suas instalações.

7. Pois bem. O critério territorial define os limites geográficos em que cada órgão judicante pode exercer suaatividade jurisdicional. A competência assim firmada recebe o nome de competência territorial ou do foro. Foro é o lugaronde deve ser proposta a demanda, ou seja, a sede da lide. Na Justiça Federal, o foro equivale à Seção Judiciária, assimcomo, nos Estados, os foros correspondem às comarcas. Não se confunde com Juízo, que é uma unidade que se colocadentro do foro competente. Juízo competente é aquele, entre os vários existentes na mesma circunscrição (in casu, aRegião da Capital), que deve tomar conhecimento da causa, para processá-la e julgá-la. A competência dos juízes constituimatéria integrante da Organização Judiciária, revestindo-se, portanto, de caráter funcional e de natureza absoluta.

8. A competência da capital do Estado do Espírito Santo (Sede e Vara Federal da Serra), estabelecida naResolução nº 24/2010, trata de competência funcional-territorial, que utiliza critério administrativo de divisão de território,revestindo-se, assim, de caráter funcional. Não se trata de competência relativa, não podendo a parte livremente escolherdentre os diversos foros. Sendo a competência de natureza absoluta, já que fixada pelo critério funcional-territorial, deve aincompetência ser declarada de ofício ou a requerimento dos interessados, independentemente de exceção.

9. Em se tratando de competência funcional, a parte não tem a faculdade de escolha. Isto porque a referidaResolução dispõe que as Subseções da Capital e da Serra estão inseridas na Região da Capital (foro) e a sua competênciaserá determinada pelos territórios das respectivas regiões. O desmembramento territorial, implementando competênciasfuncionais em Regiões da Capital, é de natureza funcional e absoluta. Logo, a incompetência deve ser declarada de ofícioassim como procedido pelo Juízo Federal do 2º Juizado Especial Federal.

Nesse sentido:

“AGRAVO INTERNO. COBRANÇA DE SEGURO DPVAT. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA. Direito de submeter a decisãoao colegiado. Decisum que negou seguimento ao recurso de apelação, na forma do art. 557,caput, do CPC. Segundoentendimento do STJ, a ação de cobrança do seguro DPVAT possui natureza pessoal,sendo competente, a princípio, o forodo domicílio do réu, conforme art. 94 CPC. Todavia, a parte autora possui, ainda, a faculdade de propor a ação no foro deseu próprio domicílio, já que, sendo a relação de consumo, pode utilizar-se da prerrogativa prevista no art. 101, inc. I, CDC,benesse legal que vem em seu total favor e que, contudo, não a obriga a assim atuar. No entanto, em se tratando decompetência funcional, não tem a parte a faculdade de escolha. Isto porque o art. 94,§ 3º do CODJERJ reza que as VarasRegionais estão inseridas no Foro da Comarca da Capital e a sua competência será determinada pelos territórios dasrespectivas Regiões Administrativas. Logo, nos termos do § 7º do art. 94, do CODJERJ, a competência do juízo das varasregionais é de natureza absoluta, já que fixada pelo critério funcional-territorial, devendo a incompetência ser declarada deofício ou a requerimento dos interessados, independentemente de exceção. Ademais, no caso em discussão neste recurso,vem sendo adotado neste Tribunal de Justiça o entendimento de que a propositura da ação de cobrança de seguro DPVATfora do domicílio da parte autora afronta o princípio da boa-fé e o principio do juiz natural, e, como tal, constitui questão deordem pública, a justificar a apreciação de ofício pelo julgador. Assim, correta a decisão que declinou da competência emfavor de uma das varas cíveis regionais da Barra da Tijuca. Hipótese que se adequa aos ditames do art.557, §2º, do CPC.Inexistência de ilegalidade na decisão agravada, não se justificando a sua reforma. Desprovimento do recurso.” (AGRAVOINTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0017620-40.2011.8.19.0000 – 3ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DEJUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Relatora: Desembargadora Renata Machado Cotta – Julgado em04/05/2011 – Publicado em 13/05/2011, fls. 166/173, no DJERJ).

“Agravo interno em agravo de instrumento. Agravo de instrumento. Ação de cobrança. Seguro obrigatório de DPVAT.Declínio da competência para uma das varas cíveis regionais do Méier. Nos termos do § 7º do art. 94 do CODJERJ, acompetência dos juízos das varas regionais é de natureza absoluta, já que fixada pelo critério funcional-territorial, devendo aincompetência ser declarada de ofício ou a requerimento dos interessados, independentemente de exceção. Assim, corretaa decisão que declinou da competência em favor de uma das varas cíveis regionais do Méier. Recurso ao qual se negaprovimento” (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0038231-48.2010.8.19.0000 – 3ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DEJUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Relator: Desembargador Mário Assis Gonçalves – Julgado em 12/01/2011– Publicado em 28/01/2011, fls. 229/256, no DJERJ).

10. Nesse diapasão, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, buscando atender às necessidades dosjurisdicionados e aperfeiçoar a prestação dos serviços, vem delimitando a competência das subseções judiciárias, tendoefetivamente, inserido a Vara da Serra entre o Grupo de Varas Federais da Capital (Anexo I, inciso III, alínea ”a”, 17, daConsolidação de Normas da Corregedoria-Regional da Justiça Federal da 2ª Região).

11. Calha realçar, que no caso em apreço, a ação foi ajuizada 28.02.2001, data posterior à instalação da VaraFederal da Serra, que ocorreu em 15/12/2010 (Ato 505, de 20 de dezembro de 2010, do Tribunal Regional Federal da 2ªRegião).

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12. Portanto, conheço o Conflito Negativo de Competência, declarando competente para conhecer e julgar a causa oJuízo suscitante, qual seja, o Juízo Federal da Vara Federal da Serra.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOCONFLITO E DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE, na forma da ementa supra integrante dojulgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

32 - 0002510-45.2008.4.02.5001/01 (2008.50.01.002510-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIVERSIDADE FEDERALDO ESPIRITO SANTO - UFES (PROCDOR: Apolinário Atayde Blasco Pena.) x CELSON RODRIGUES E OUTROS(ADVOGADO: MILA VALLADO FRAGA, JERIZE TERCIANO ALMEIDA.).Processo n.º 0002510-45.2008.4.02.5001/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: UFES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTORecorridos: CELSON RODRIGUES, WALDIR DE MELLO BARRETO, GISELE BARBOSA RIBEIRO e LEONARDOCAMARARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AFASTAMENTO EM VIRTUDE DE LICENÇA PARACAPACITAÇÃO. ART. 102, DA LEI 8.112/1990. AFASTAMENTO CONSIDERADO COMO DE EFETIVO EXERCÍCIO.ADICIONAL DE FÉRIAS. PAGAMENTO DEVIDO. ILEGALIDADE DO REGULAMENTO. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 174-180, em razão de sentença (fls. 169-172) quejulgou parcialmente procedente o pleito inicial, condenando-a a pagar aos recorridos, professores universitários, osadicionais de 1/3 (um terço) de férias nos períodos em que os mesmos estiverem fruindo licença para capacitação.Sustenta em suas razões, que a Portaria Normativa SRH 02/98, do antigo MARE, atual Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão, determina, em seu art. 4º, que o servidor licenciado ou afastado fará jus às férias relativas aoexercício em que retornar. Aduz, outrossim, que o art. 102, VIII, “e”, da Lei nº 8.112/1990, considera como de efetivo serviçoo afastamento em virtude de licença para capacitação, conforme dispuser o regulamento. Alega que o adicional só seriadevido se o servidor estivesse trabalhando. Afirma que não faz jus ao referido adicional o docente que se afasta de suasatividades e atribuições de ensino, pesquisa e extensão, tendo em vista que não pode o interesse individual se sobrepor aointeresse público. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso.As contrarrazões encontram-se às fls. 195-201.Conforme art. 76, da Lei nº 8.112/1990, independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias,um adicional correspondente a um terço da remuneração do período de férias. O art. 77, § 2º, da mesma lei, estabeleceque é vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.A licença para capacitação está prevista no art. 102, inciso VIII, alínea “e”, da Lei nº 8.112/1990, dentre os afastamentosconsiderados como de efetivo exercício. Sem razão, portanto, a recorrente, ao afirmar que o adicional de férias só seriadevido se os servidores estivessem trabalhando. Note-se que a lei admite ser preponderante o interesse público no caso delicença para capacitação do servidor, ao considerar o referido afastamento como de efetivo exercício, não havendo falar empreponderância de interesse individual sobre o interesse público no pagamento do adicional de férias ao servidor afastadopara tal fim.Embora conste da referida alínea a ressalva “conforme dispuser o regulamento”, vale registrar que o regulamento nãopoderia, em hipótese alguma, sob pena de ilegalidade, conter disposição contrária ao texto legal, como fez a PortariaNormativa SRH 02/98, ao não considerar o afastamento em razão de licença para capacitação como de efetivo exercício –ao contrário do que reza o caput do artigo em comento -, para efeito de recebimento do adicional de férias.

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Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Custas e honorários advocatícios devidos pela recorrente, estes, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

33 - 0000041-70.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000041-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JONAS MENDES LINHARES(ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).Processo nº. 0000041-70.2008.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : JONAS MENDES LINHARESRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE EXERCIDA SOB CONDIÇÕESESPECIAIS. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. REGISTRO DE EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS.ELENCO DE AGENTES NOCIVOS CONSTANTES DOS DECRETOS N.º 53.831/1964, N.º 83.830/1979 E N.º 3.048/1999.ENQUADRAMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor da demanda em 1º grau, às fls. 93-96, em razão da sentença (fls.87-91) que julgou improcedente o pedido de concessão de aposentadoria especial. Sustenta o recorrente, que o PerfilProfissiográfico Previdenciário- PPP (fl. 18-20) comprova sua condição especial de trabalho, tendo em vista a exposição aagentes químicos nocivos durante o exercício de suas atividades. Alega que deveria ter sido feita perícia judicial paraavaliar sobre quais condições trabalhava. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedenteo pedido.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 98-104 .

Com relação ao reconhecimento e ao cômputo de atividade considerada especial, é importante salientar que, na vigênciados Decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979, bastava o enquadramento da atividade desenvolvida como exposta a um dosagentes nocivos (físicos, químicos ou biológicos) previstos no Anexo integrante ao Decreto ou o enquadramento pelacategoria profissional. Somente após o advento da Lei nº 9.032, em 28/04/1995 surgiu a necessidade de prova da realexposição do trabalhador/segurado aos agentes nocivos.

No caso em apreço, é possível identificar que o recorrente esteve, no período compreendido entre 08.08.1975 e12.05.1977, submetido a condições insalubres de trabalho e a agentes nocivos como: poeiras, umidade, calor, bem comoem contato direto com esgoto (fl. 17).

Consoante Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (fls. 18-20), no período entre 27.08.1979 e 28.04.2006 (data daemissão do PPP), as funções do recorrente, resumidamente, eram de aplicar dosagem de cloro líquido e cal hidratada,preparar solução de sulfato de alumínio e de cal, apanhar ácido fluossilícico, trocar cilindro de cloro e descarregar produtosquímicos. Na seção de registros ambientais, o PPP do recorrente registra a sua exposição, no referido período, aos fatoresde risco “ortotoluidina, ácido sulfúrico, zircônico e fluorsilíco”.

Embora o juízo a “quo” tenha concluído que o recorrente não faz jus ao cômputo especial do período em razão da ausênciade sujeição aos agentes químicos catalogados na relação de fatores nocivos constantes dos decretos regulamentaresaplicáveis, entendo que pelo menos uma das substâncias apontadas no PPP – “ortotoluidina”– pode, sim, subsumir-se àprevisão normativa de elementos descritos nos referidos atos.

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Com efeito, o Anexo II do Decreto n.º 83.830/1979 e o Anexo IV do Decreto n.º 3.048/1999 elencam como agente químiconocivo, dentre outros, o ortotoluidina e o cloro.

Pois bem. Acha-se demonstrado que o recorrente em sua atividade profissional estava exposto ao agente químicoortotoluidina, a poeiras e a lugares insalubres. Destarte, os períodos de 08.08.1975 a 12.05.1977 e de 27.08.1979 a28.04.2006, devem ser considerados como tempo de serviço especial.Confirmado o tempo de atividade especial, o histórico laboral do recorrente fica assim resumido:Nome:JONAS MENDES LINHARES

Data EntradaData SaídaDias trabalhadosBissextoCoeficienteDias Equivalentesamd

08/02/197512/05/1977825 1,401.155 3130

27/08/197928/04/20069.742 1,4013.639 37412

Total:14.794 40612

10. É possível concluir que até a data do requerimento administrativo do benefício, 09.05.2006, o recorrente já contavacom 40 anos, 6 meses e 12 dias de tempo de serviço, suficientes à obtenção do benefício de aposentadoria integral portempo de contribuição, para o qual são exigidos 35 anos de contribuição, na forma do art. 201, § 7º, inciso I, da Constituiçãoda República.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para condenar a autarquia o ente autárquico a conceder obenefício previdenciário de aposentadoria especial, no valor integral do salário de contribuição, no prazo de 30 (trinta) dias,devendo comprovar até o decurso final do prazo a implantação. São devidos atrasados desde a data do requerimentoadministrativo, a dizer, 09.05.2006 (fl. 10). Sobre as prestações vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e

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juros de mora à taxa de 1% ao mês a contar da citação. A partir dessa data, incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997,com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 em conformidade com recente decisão do Supremo Tribunal Federal.

13. Descabe condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Leinº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

34 - 0002859-32.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002859-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE PINTO DOS SANTOS(ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº 0002859-32.2007.4.02.5050/01 - Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: JOSÉ PINTO DOS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. SÚMULA 260 DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS. REVISÃO DE APOSENTADORIA PORINVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. ART. 58 ADCT. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado (fls. 121-126) foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau em razão da sentença (fls.117-118) que julgou improcedente a pretensão de revisão do cálculo da renda mensal da aposentadoria por invalidez, combase na revisão do auxílio-doença originário, consoante a Súmula 260 do Tribunal Federal de Recursos e art. 58 do ADCT.Afirma o recorrente, em resumo, preliminarmente, a não incidência de prescrição e decadência no caso. No mérito, alegaque a revisão do auxílio doença originários irá gerar reflexos em sua aposentadoria por invalidez.Não foram apresentadas contrarrazões (fls. 130).Como a Renda Mensal Inicial dos benefícios mantidos pela Previdência é calculada de acordo com as regras legaisvigentes quando da sua concessão, e uma vez que a data da aposentadoria do autor é 01/05/1978 (fl. 15), é incabível arevisão nos termos do artigo 202 da Constituição Federal e da Lei nº 8.213/91.O comando da Súmula 260/TFR consolidou o entendimento jurisprudencial de que a autarquia previdenciária, a partir daedição da Lei nº 6.078, de 30 de outubro de 1979, ao reajustar os benefícios previdenciários, aplicou critérios que geraramprejuízos de duas ordens para o segurado da previdência social. Por essa razão, diz-se que a referida Súmula compõe-sede duas partes. A primeira diz respeito ao prejuízo causado ao segurado por ocasião do primeiro reajustamento, ao seraplicada a proporcionalidade dos índices de reajustes previstos para a correção dos benefícios previdenciários. A segundaaborda o errôneo enquadramento nas faixas salariais de reajuste por não ter a autarquia considerado o salário mínimoatualizado.Contudo, a defasagem apontada nessa primeira parte da Súmula 260/TFR não atingiu todos os benefícios previdenciários.Tal critério não alcançou os benefícios enquadrados nas seguintes hipóteses: a) os concedidos anteriormente à Lei nº6.708/79 (DIB até 29.10.79), em razão de não existir distorção no primeiro reajuste, isto é, nesses casos, a autarquiaaplicou integralmente o índice previsto; b) os iniciados quando os reajustes eram semestrais e conferidos nos meses demaio e novembro de cada ano (DIB: Nov/79; maio e novembro/80; maio e novembro/81; maio e novembro/82; maio enovembro/83; maio e novembro/84 e maio e novembro/85), em virtude da aplicação integral do índice de reajuste para osbenefícios concedidos nesses meses, por coincidirem com a data de reajuste do salário mínimo; c) os iniciados nos mesesde março de 1986 e em janeiro, março, maio e junho de 1987, igualmente porque foram meses em que houve reajustes dosalário mínimo. Logo, aplicado integralmente o índice previsto; d) os iniciados em qualquer mês no período de agosto de1987 a abril de 1989 (DIB entre 07.08.87 a 04.04.89), por força do Decreto-lei nº 2.351, de 07.08.87, quando os reajustespassaram a ser mensais; e) e, os iniciados a partir de 05.04.89, em conseqüência da perda de eficácia da Súmula em

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referência.No que tange à segunda parte da Súmula 260 – o enquadramento nas faixas salariais de reajuste, considerando o saláriomínimo atualizado e não o revogado – a distorção atingiu, a princípio, os segurados que se aposentaram antes denovembro de 1984, porquanto a partir dessa data, por força da determinação contida no Decreto-Lei nº 2.171, de 13.11.84,a autarquia previdenciária, ao reajustar os benefícios previdenciários, passou a considerar o valor do salário mínimoatualizado. Posteriormente, essa distorção foi integralmente revista pelo INSS, alcançando o período, inclusive de novembrode 1979 a outubro de 1984, em obediência aos preceitos da Lei nº 7.604/87, que determinou a atualização dos benefíciosna forma corretamente estabelecida pelo Decreto-lei nº 2.171/84, e não na errônea interpretação do órgão, o que foiefetivamente cumprido e pago a todos os beneficiários, inexistindo diferenças devidas a esse título.Em abril de 1989 perdeu eficácia a Súmula 206 em face da revisão determinada no art. 58 do ADCT-CR, passando avigorar, temporariamente, o critério da equivalência em número de salários mínimos.Para a verificação se houve prejuízo pela não aplicação da Súmula 206 do TFR no caso concreto, foram apresentados oscálculos da contadoria do Juízo, fls. 109-114, donde se infere que o dispositivo foi corretamente aplicado, não havendo oque reajustar.Destarte, não merece reparo a sentença recorrida, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 118, nos termos do art. 55 “d”, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã ODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

35 - 0006367-49.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006367-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x MARLY FERREIRA DUARTE(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo n.º 2008.50.50.006367-4/01 - Juízo de Origem: 2º JEF VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARLY FERREIRA DUARTERelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T ARECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GDASS.POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO A APOSENTADOS E PENSIONISTAS. PAGAMENTO FIXADO EM PONTOS. TERMOFINAL DO PAGAMENTO NÃO FIXADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.Este recurso inominado (fls. 67-97) foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgouprocedente o pedido e condenou o INSS ao pagamento da Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social(GDASS) à parte autora, nos termos em que foi paga aos servidores da ativa, a serem apuradas entre os pontos que lheforam pagos no período, da seguinte forma:A partir de dezembro de 2003, a diferença apurada entre os pontos pagos à parte autora a título de GDASS e os 60 pontosdevidos (MP 146/2003, art. 19 c/c MP 199/04, art. 4º c/c MP 272/05);A partir de março de 2007, a diferença apurada entre os pontos pagos à parte autora a título de GDASS e os 80 (oitenta)pontos devidos, até que seja instituída nova disciplina para a aferição de avaliação de desempenho individual e institucionale concluído os efeitos do ciclo de avaliação (MP 359/2007 convertida na Lei 11.501/2007, art. 11, §11).2) Sustenta a recorrente que (i) o pagamento das diferenças, nos períodos anteriores à vigência da MP 359/2007, deve sedar entre os valores pagos à parte autora a título de GDASS e os valores correspondentes ao limite de 60% (sessenta porcento) dos valores da gratificação, e não em 60 (sessenta) pontos conforme determinado no dispositivo da sentença de fls.91-97; (ii) a condenação ao pagamento das diferenças contidas no item ‘b’ do dispositivo, deve possuir como termo final adata prevista no §11, do art. 11, da Lei nº 10.855/2004, com redação da MP 359/2007 (29/02/2008) ou à data da edição doDecreto regulamentador (30/06/2008), ou ainda à data do início dos efeitos do primeiro ciclo de avaliação de desempenhoindividual e institucional (30/04/2009).3) As contrarrazões foram apresentadas às fls. 109-116.4) A Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social (GDASS) foi instituída pela Lei 10.855/2004 (conversãoda MP nº 146/2003), sendo devida aos integrantes da Carreira do Seguro Social, a partir de 12/12/2003 (artigo 25 da MP nº146/2003), que é composta pelos integrantes do Quadro de Pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social (artigo 1º).

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5) A GDASS foi criada como vantagem remuneratória devida aos servidores ativos e inativos, tendo por base odesempenho institucional e individual de cada servidor. Contudo, os servidores inativos tiveram a base de cálculo fixada deforma distinta do pessoal em atividade. Essa opção do legislador seria justificada ante a impossibilidade de se aferir aprodutividade dos inativos para fins de cálculo de vantagem.6) Entretanto, a Lei 10.855/2004, em seu art. 19, estabeleceu que até que fosse editado o ato regulamentador do processode avaliação, previsto no art. 12, a GDASS seria paga aos servidores da ativa, indistintamente, em valor correspondente a60% de seus valores máximos por servidor. Posteriormente a Lei 10.997, de 16.12.2004, revogou o art. 19 da Lei10.855/2004, porém essa mesma Lei, no seu art. 4º repetiu o disposto no art. 19, mantendo a situação inalterada.7) Posteriormente, a Lei 11.501/2007 (conversão MP 359/2007) aumentou a quantidade de pontos (art. 11, § 11)estabelecendo que, a partir de 01/03/2007 até 29/02/2008 e até que fossem regulamentados os critérios e procedimentosde aferição das avaliações de desempenho individual e institucional, e processados os primeiros resultados da primeiraavaliação de desempenho, a GDASS seria paga aos servidores ativos, indistintamente, no valor equivalente a 80 pontos.8) Esta disciplina, estabelecendo pontuação única e geral, sem qualquer vinculação com a produtividade individual oudesempenho institucional, configurou verdadeira majoração de vencimentos, ainda que temporária, uma vez que devida atodo e qualquer servidor, independentemente do respectivo desempenho, sendo assim, extensível seu pagamento, combase no mesmo percentual, aos inativos e pensionistas.9) O direito da parte autora está respaldado no princípio da paridade entre servidores ativos e inativos, expresso no art. 7ºda Emenda Constitucional nº 41/2003.10) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE 476.279/DF e RE 572.052/RN, fixou entendimentos ao tratar daGDATA e da GDASST, vantagem disciplinada de forma similar à GDASS, quanto à possibilidade de extensão aos inativosde vantagens remuneratórias conferidas legalmente aos servidores da ativa de forma genérica, ante a falta deregulamentação.11) A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDASS, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão de a pontuação variar conforme desempenho individual e institucional e(2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída em certas situações, pela simples ocupação docargo.12) Asseverou-se que, para caracterizar a natureza pro labore faciendo da gratificação, é necessário que haja edição danorma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter degeneralidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.13) Por tudo isso, conclui-se que a GDASS deverá ser paga aos aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, entre12/12/2003 a 28/02/2007, no valor equivalente a 60% (sessenta por cento) de seus valores máximos pagos a título deGDASS, e, entre 01/03/2007 a até 29/02/2008 e até que sejam regulamentados os critérios e procedimentos de avaliação ,e processados os resultados da primeira avaliação, no valor equivalente a 80 pontos.14) Vale ressaltar que, segundo o §12, o resultado da primeira avaliação gerará efeitos financeiros retroativos, a partir doinício do primeiro período de avaliação, devendo ser compensadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor. Deforma que a partir do início do primeiro ciclo de avaliação desaparece o caráter genérico da vantagem atribuída ao servidorativo, uma vez que a pontuação genérica recebida (80 pontos) é provisória, sendo compensada a maior ou a menor ao finaldo primeiro ciclo de avaliação.15) Quanto à data fim, observa-se que a regulamentação dos critérios e procedimentos de avaliação efetivou-se, em01/07/2008, com a edição do Decreto nº 6.493, que estabeleceu que o primeiro ciclo de avaliação teria início trinta diasapós a data de publicação das metas de desempenho, o que se deu com a portaria nº 397/INSS/PRES, publicada em23/04/2009.16) Assim, encerrada a etapa de transição, ou seja, a partir do início do primeiro ciclo de avaliação, que se deu em23.05.2009, a GDASS deve ser paga aos servidores inativos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo art. 16 da Leinº 10.855/2004, vez que restabelecida sua natureza de vantagem pro labore faciendo.17) A portaria 39//INSS/PRES fixa para fins de cálculo da avaliação de desempenho institucional, o período de 01.05.2009 a31.10.2009 para apuração da idade média do acervo e avaliação das metas a serem atingidas pela Administração. Trata-seda estipulação de procedimento antecedente e preparatório do primeiro ciclo. Tanto é que o Decreto nº 6.493 estabeleceuque o primeiro ciclo de avaliação teria início somente após trinta dias da data da publicação das metas de desempenho, oque de fato, se deu com a Portaria nº 397/INSS/PRES de 23.04.2009.18) Sem embargo e considerando, doutra parte, o entendimento expresso no enunciado nº 105 das Turmas Recursais dosJEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011), enquanto não forcomprovadamente implementada a primeira avaliação relativa ao início do ciclo será devida a extensão aos inativos nosmesmos patamares percebidos pelos servidores em atividade. Comprovada a implementação da primeira avaliação o termofinal será em 22.05.2009.19) Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para condenar o INSS ao pagamento, respeitadaa prescrição qüinqüenal, da diferença apurada à título de GDASS entre os pontos pagos aos aposentados e pensionistas eaos seguintes pontos : a) 60% (sessenta por cento) do valor máximo da GDASS devidos entre 12.12.2003 (MPV 146/2003)e 28.02.2007 (Lei nº 11.501/2007, art. 11, §11); b) 80 (oitenta) pontos devidos entre 01.03.2007 até 22.05.2009, data doinício do primeiro ciclo de avaliação individual e institucional de que tratam os §§ 11 e 12 da Lei nº11.501/2007.20) Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, ante odisposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, à unanimidade, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

36 - 0000633-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000633-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANAEL CHAGAS(ADVOGADO: JULIANA SANTANA PALOMÉ, ANDRÉIA DADALTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0000633-49.2010.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ANAEL CHAGASRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº. 1.523-9/1997, POSTERIORMENTECONVERTIDA NA LEI Nº. 9.528/1997. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADAEM VIGOR DA NORMA QUE FIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 78-89, em razão da sentença (fls.74-75) que julgou improcedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do seu benefício previdenciário deaposentadoria por tempo de contribuição, em razão da decadência. Sustenta, em síntese, não restar decaído o seu direito.Pretende a reforma total do julgado.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 94.Antes, porém de analisar o presente caso, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convémsumariar o histórico da legislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997 foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.In casu, o benefício foi concedido em 11.10.1997 (fl. 12), ou seja, quando já vigia o novo prazo decadencial, introduzido pelaaludida Medida Provisória. E a demanda somente foi ajuizada em 12/02/2010, tendo transcorrido o prazo decenallegalmente previsto. Portanto incidiu a decadência.No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização - TNU, p. ex., no aresto a seguir transcrito:PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. REVISÃO DE ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DIREITO INTERTEMPORAL.CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. SUCESSÃO DE NORMAS REDUZINDO E AUMENTANDO O PRAZO. BENEFÍCIOCONCEDIDO APÓS 28/6/1997. 1. A partir de 28/06/1997, começou a correr o prazo decadencial de dez anos para arevisão dos benefícios previdenciários. O prazo decadencial foi reduzido para cinco anos a partir de 21/11/1998 e tornou aser aumentado para dez anos a partir de 20/11/2003. Quando sobreveio norma jurídica reduzindo para cinco anos o prazodecadencial em curso, prevaleceu a solução clássica de direito intertemporal concernente à retroatividade das leis sobreprazos prescricionais: se, para terminar o prazo antigo, falta tempo igual ou maior que o estabelecido pela lei nova,aplica-se esta, contando-se da data da sua vigência o novo prazo. Quando a lei tornou a aumentar o prazo de decadênciapara dez anos, a nova lei aplicou-se imediatamente, mas computando-se o lapso temporal já decorrido na vigência danorma revogada. 2. Para os benefícios concedidos até 27/06/1997, aplica-se o prazo de decadência de dez anos, contado apartir de 27/6/1997; para os benefícios concedidos a partir de 28/06/1997, ao final, sempre se aplica o prazo de decadênciade dez anos, contado a partir a partir do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. 3. OPresidente da TNU poderá determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questão de direito materialsejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo da distribuição doincidente de uniformização, para que confirmem ou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII, “a”, doregimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011. 4. Incidenteparcialmente provido. (PEDIDO 201071560008762, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, DOU 31/08/2012.)Esse entendimento acha-se consolidado no âmbito da TNU conforme se encontra na Súmula nº 64 daquele colegiadonacional. E mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussãogeral, e foi além, assentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios do INSS até mesmo anteriores à MedidaProvisória nº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso.

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Julgamento: Sessão de 16/10/2013.Portanto, não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 45, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

37 - 0001803-61.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.001803-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (ADVOGADO: HENRIQUE ROCHAFRAGA.) x MUNICÍPIO DE VITÓRIA (ADVOGADO: LUIZ HENRIQUE ANTUNES ALOCHIO.) x CARMEM NEVES SEIXASPINTO.Processo nº. 0001803-61.2007.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrentes: UNIÃO, ESTADO DO ESPÍRITO SANTO e MUNICÍPIO DE VITÓRIARecorrida: CARMEN NEVES SEIXAS PINTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T ARECURSO INOMINADO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DEMEDICAMENTO. LEGITIMIDADE PASSIVA. UNIÃO. MUNICÍPIO. ESTADO. RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recursos inominados interpostos pela UNIÃO às fls. 231-248, pelo Estado do Espírito Santo às fls. 249-250 epelo Município de Vitória às fls. 258-261, em razão de sentença (fls. 220-222) que julgou procedente o pedido defornecimento de medicamento.Sustenta a União, em suas razões, preliminarmente: a) impossibilidade jurídica do pedido em razão da indisponibilidade domedicamentos no Sistema Único de Saúde – SUS; b) ilegitimidade passiva e consequente incompetência da JustiçaFederal.No mérito, sustenta que o pedido deve ser julgado improcedente. Afirma que a União encontra-se atrelada, em todas assuas ações administrativas, às limitações orçamentárias e aos regramentos legais para compras diversas, especialmenteàqueles contidos na Lei nº 8.666/93, incluída a aquisição de medicamentos específicos para o atendimento de doençasraras ou que impõem tratamentos caros. Aduz que, na hipótese em comento, há verdadeira colisão entre o direito à saúdeindividual e à vida, de um lado, e o direito da coletividade, compreendendo as corretas e úteis ações de saúde coletiva.Conclui, alegando que nesta inevitável colisão de direitos deve prevalecer a saúde coletivamente considerada e a garantiade implementação de políticas públicas mínimas. Requer, caso não seja reconhecida a ilegitimidade passiva ad causam,que o pedido seja julgado improcedente.

O Estado do Espírito Santo alega, preliminarmente ilegitimidade passiva e, no mérito, sustenta que o medicamentopleiteado não faz parte da relação padronizada pelo Ministério da Saúde, devendo ser substituído por medicamentos quecontenham o princípio ativo constante da relação padronizada.

O Município de Vitória argui que os medicamentos à disposição do SUS possuem a mesma eficácia no tratamento. Alegaque não é razoável, havendo opção terapêutica no SUS, a imposição de opção de médico privado ou escolha do paciente.Pretendem assim a reforma do julgado.Não foram apresentadas contrarrazões (Fl. 266).

Preliminares rejeitadas. A impossibilidade jurídica do pedido condiz com algo que seja vedado no ordenamento jurídico. Aocontrário, o pedido autoral guarda relação com o direito fundamental à saúde, resguardado pela Constituição da República.Há legitimidade passiva dos entes demandados, porquanto o dever fundamental de prestação de saúde é solidário aosentes da federação.Quanto ao mérito, é sabido que o preceito do art. 196, da Constituição da República consagra o direito à saúde, impondo atodos os entes federativos o dever de assegurá-lo, mediante políticas públicas e econômicas que visem à redução do riscode doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção erecuperação. Deste modo, constitui dever constitucional da União, Estados e Municípios proporcionar atendimentoadequado em termos de saúde a todos os cidadãos, especialmente àqueles sem condições financeiras de custear otratamento de suas enfermidades.Por sua vez, a Lei nº 8.080/1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, aorganização e o funcionamento dos serviços correspondentes, determina que o Estado deve garantir a saúde a todos pormeio do Sistema Único de Saúde (SUS) que possui, dentre suas diversas atribuições, a competência de formular política de

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medicamentos, a fim de proporcionar tal assistência de forma integral e adequada. Merece, ainda, ser destacado o princípioda integralidade, previsto no artigo 7º, II, da Lei aludida, que estabelece que a assistência à saúde deve ser proporcionadapor um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos paracada caso em todos os níveis de complexidade.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentença merece ser mantida pelos próprios fundamentos.Portanto, conheço dos recursos e a eles nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários divididos igualmente entre os recorrentes,estabelecidos em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei 9.099/1995 conjugadocom o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecerdos recursos e a eles negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

38 - 0000633-72.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000633-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x CELILEA NOGUEIRA RIBEIRO(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY, RODRIGO NUNES LOPES, PAULA GHIDETTI NERY LOPES.).Processo n.º 0000633-72.2012.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : CECILEA NOGUEIRA RIBEIRORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 50-58, em razão de sentença (fls.40-44) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário equivalente a R$ 620,00 (seiscentos e vinte Reais). Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 64-65.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Page 67: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 25-29. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 26) que a recorrida (66 anos) reside com seu esposo, 68 anos de idade à época da feitura do relatório(04.12.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 26), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor de R$ 620,00 (seiscentos e vinte Reais).

As despesas com água e energia giram em torno de R$ 121,00 (cento e vinte e um Reais), além de gastos comalimentação, gás e remédios de uso contínuo (fl. 26).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é própria; simples piso de cerâmica, teto de laje, constituída por 05 (cinco)cômodos e 02 (dois) banheiros.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 39) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

39 - 0000616-38.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000616-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x MARIA HUPP CARVALHO (ADVOGADO: ANAPAULA DOS SANTOS GAMA, CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA.).Processo n.º 0000616-38.2009.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA HUPP CARVALHORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 94-96, em razão de sentença (fls.78-82)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Page 68: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 99)

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 51-54. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 51) que a recorrida (77 anos) reside com seu esposo (77 anos) e com a filha, 54 anos de idade à época dafeitura do relatório (25.03.2010). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “2” (fl.51), tem-se que a renda familiar advémda aposentadoria do marido da recorrida, no valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), o que correspondia, à época, aum salário mínimo.

As despesas totalizam R$ 479,44 (quatrocentos e setenta e nove reais e quarenta e quatro centavos), distribuídos entreconta de água, energia, gás de cozinha, alimentação e medicamentos (fl. 52).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria coberta por Eternit, piso de cimento cerâmico,constituída por 08 (oito) cômodos.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 41) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Page 69: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

40 - 0000686-53.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000686-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x MARIA VITALINA VALANDRO BRONZON(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY, RODRIGO NUNES LOPES, PAULA GHIDETTI NERY LOPES.).Processo n.º 0000686-53.2012.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA VITALINA VALANDRO BRONZONRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 62-70, em razão de sentença (fls.50-54)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 71-72

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 25-44. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl.25) que a recorrida (70 anos) reside com seu esposo (73 anos), com a filha (37 anos) e com a neta, 17 anosde idade à época da feitura do relatório (21.01.2013). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl.26), tem-se que arenda familiar advém da aposentadoria do marido da recorrida, no valor de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais), oque correspondia, à época, a um salário mínimo.

No tocante às despesas, extrai-se da resposta ao quesito “5”, que a recorrida possui gastos com remédio de uso contínuo,energia, gás, além das despesas básicas com alimentação, porém não consta do relatório social o valor total despendidocom as mesmas (fl. 28).

Page 70: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é da filha da recorrida; tem dois andares; piso frio; 1º pavimento cobertocom laje e o 2º com telha Eternit e forrado com PVC; constituída por seis cômodos; possui energia, água de poço artesianoe esgoto em fossa séptica.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 26) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

41 - 0000108-27.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000108-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x GENI RODRIGUES DOS SANTOS(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º – 000108-27.2011.4.02.5052/01 Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : GENI RODRIGUES DOS SANTOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 51-57, em razão de sentença (fls.41-44)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 63)

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), o

Page 71: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

benefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 16-17. No que tange à composição familiar, consta que a recorrida(66 anos) reside com seu esposo, 69 anos de idade à época da feitura do relatório (21.09.2011). Por sua vez, tem-se que arenda familiar advém da aposentadoria do marido da recorrida, no valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é do genro, Sr. Severino Soares de Oliveira; localizada na zona rural, dealvenaria, cobertura de telha, possui dois quartos, uma sala, cozinha, área de serviço e banheiro, com instalaçõeshidráulicas e elétricas.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 16) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

Page 72: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

42 - 0001160-58.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001160-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x LUCIA MEDINA BRANDAO (ADVOGADO:PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º 0001160-58.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : LUCIA MEDIANA BRANDÃORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 75-84, em razão de sentença (fls.66-70)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu companheiro receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 94-95

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 41-56. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “2” (fl.41) que a recorrida (68 anos) reside com seu companheiro, 90 anos de idade à época da feitura do relatório(11.07.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl.42), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado companheiro da recorrida, no valor de R$ 642,00 (seiscentos e quarenta e dois reais).

No tocante às despesas, extrai-se da resposta ao quesito “5” que a recorrida possui gastos com remédios de uso contínuo(fl. 43).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é cedida por um dos netos do seu companheiro. A casa é de veraneio;possui dois pavimentos com garagem no térreo. O primeiro com cozinha, sala, dois quartos e banheiro; O segundo comtrês quartos, sala, copa e dois banheiros; a mobília é organizada e arrumada, porém, nada que tem na casa pertence aocasal.

O companheiro da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 42) e conforme entendimentoacima esposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

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Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

43 - 0007330-52.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007330-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x FRANCISCA PORFIRIO DO NASCIMENTO SILVA(ADVOGADO: HERON LOPES FERREIRA.).Processo n.º 0007330-52.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : FRANCISCA PORFIRIO NASCIMENTO SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 77-86, em razão de sentença (fls.73-75)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário equivalente a um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 93-99

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso

Page 74: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 29-39. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl.36) que a recorrida (64 anos) reside com seu esposo, 78 anos de idade à época da feitura do relatório(16.02.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 37), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

As despesas totalizam R$ 871,83 (oitocentos e setenta e um reais e oitenta e três centavos), distribuídos entre conta deágua, energia, telefone alimentação e medicamentos (fl. 38).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é própria; de alvenaria, teto de laje, piso de cimento; é constituída por 05(cinco) cômodos.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 55) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

44 - 0003314-26.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003314-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x NAIR MARIA NEVES (ADVOGADO: VERA LÚCIAFÁVARES.).Processo n.º 0003314-26.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : NAIR MARIA NEVESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 99-101, em razão de sentença (fls.94-97) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

Page 75: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 115-118.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 53-65. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 57) que a recorrida (75 anos) reside com seu esposo (85 anos) e com seus filhos José Jesus Silva (50 anos)e Pedro Neves da Silva, 53 anos de idade à época da feitura do relatório (22.07.2009). Por sua vez, segundo a resposta aoquesito “4” (fl. 58), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria do marido da recorrida, no valor de R$ 465,00(quatrocentos e sessenta e cinco reais).

No tocante às despesas, extrai-se da resposta ao quesito “5”, que a recorrida gasta em média R$ 430,00 (quatrocentos etrinta reais) com medicamentos, alimentos e fralda geriátrica para o seu marido. (fl. 58).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é cedida pelo genro da recorrida, Sr. Antônio Roberto da Cunha; é dealvenaria, piso de cimento liso, telhado de amianto (Eternit), constituída por quatro cômodos, em condições razoáveis demoradia (paredes com infiltração, telhado com frestas etc).

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 54) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

45 - 0002525-24.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002525-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x JOSE DOMINGOS DA ROCHA (ADVOGADO: GLEISAPARECIDA AMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).Processo n.º 0002525-24.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JOSÉ DOMINGOS DA ROCHARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

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ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 91-100, em razão de sentença (fls.87-89) que julgou parcialmente procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idosoprevisto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que o recorrido não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude dasua esposa receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 102-106

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 62-63. No que tange à composição familiar, consta que o recorrido(74 anos) reside com sua esposa, 74 anos de idade à época da feitura do relatório (02.05.2010). Por sua vez, tem-se que arenda familiar advém da aposentadoria da esposa do recorrido, no valor de um salário mínimo mensal (fl 62).

As despesas totalizam R$ 406,00 (quatrocentos e seis reais), distribuídos entre contas de água, energia, gás, alimentação ealuguel (fl. 62).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside é alugada, de alvenaria, coberta por telhas de amianto, piso de cerâmica dequalidade inferior, constituída por 05 (cinco) cômodos; possui energia elétrica, água encanada e esgoto a céu aberto.

A esposa do recorrido efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 28) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pela esposa do recorrido a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Page 77: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

46 - 0006656-74.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006656-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x NAIR MELO PENHA (DEF.PUB: RICARDOFIGUEIREDO GIORI.).Processo n.º 0006656-74.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : NAIR MELO PENHARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 63-72, em razão de sentença (fls.58-60) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu companheiro receber benefício previdenciário equivalente a um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 77-86

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o mandado de constatação e anexos de fls. 41-45. No que tange à composição familiar,consta da resposta ao quesito “a” (fl. 42) que a recorrida (75 anos) reside com seu companheiro, 83 anos de idade à épocado cumprimento do mandado (07.10.2011). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “c” (fl. 45), tem-se que a rendafamiliar advém da aposentadoria do companheiro da recorrida, no valor de um salário mínimo.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é cedida pela Prefeitura; de alvenaria, teto de laje, piso em cerâmica,constituída por 06 (seis) cômodos, em péssimo estado de conservação.

O companheiro da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 57) e conforme entendimentoacima esposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo companheiro da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Page 78: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Deixo de condenar o recorrente vencido em honorários, nostermos da Súmula nº 421, do Superior Tribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

47 - 0002005-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002005-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x REGINA LUCIA SARTORIO PEREIRA(ADVOGADO: LEONARDO FERREIRA BIDART.).Processo n.º 0002005-96.2011.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : REGINA LUCIA SARTORIO BIDARTRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 57-60, em razão de sentença (fls.51-52) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 70-79.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o mandado de constatação e anexos de fls. 35-38. No que tange à composição familiar,

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consta da resposta ao quesito “a” (fl. 36) que a recorrida (65 anos) reside com seu esposo, 68 anos de idade à época documprimento do mandado (16.03.2011). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “c” (fl. 38), tem-se que a renda familiaradvém da aposentadoria do marido da recorrida, no valor de um salário mínimo.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é própria; de alvenaria, teto de laje, piso em cerâmica, constituída por 09(nove) cômodos: 3 quartos, uma sala, uma copa, 2 banheiros, uma cozinha, uma área de serviço.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 48) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

48 - 0006328-13.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006328-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x EFIGÊNIA MARIA COELHO NUNES.Processo n.º 0006328-13.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : EFIGÊNIA MARIA NUNESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 83-88, em razão de sentença (fls.69-72)que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20 daLei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário equivalente a um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Page 80: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 27-30. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 28) que a recorrida (67 anos) reside com seu esposo, 73 anos de idade à época da feitura do relatório(27.11.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 29), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

As despesas totalizam R$ 288,82 (Duzentos e oitenta e oito reais e oitenta e dois centavos), distribuídos entre aluguel,contas de água, energia e medicamentos (fl. 29).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside é alugada, de alvenaria, coberta com Eternit, fiação exposta, piso de madeira,constituída por 05 (cinco) cômodos; possui acesso aos serviços básicos de água encanada e esgoto sanitário.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 15) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que não houve participação de advogadoconstituído nesta causa, incabível a condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

49 - 0001115-51.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001115-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x JACI ALVES DE PAULA (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES.).Processo n.º 0001115-51.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : JACI ALVES DE PAULARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 57-61, em razão de sentença (fls.53-56) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o recorrido não preenche os requisitos legais para a concessão do benefício, tendo em vistaa renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude do seu filho maior incapaz receber benefício assistencialde amparo ao deficiente, no valor de um salário mínimo. Alega que tal renda deve ser computada, não se aplicando,portanto, o disposto no art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003, uma vez que referido benefício fora concedido combase em incapacidade e não com base em idade avançada. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido.

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Foram apresentadas contrarrazões às fls. 67-68.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 44-48. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 45) que o recorrido (66 anos) reside com sua esposa (50 anos), com o filho Isaac Dias de Paula (25 anos) edois netos: Gilcemar Lima de Souza Júnior e Marcos Vinícius de Paula Santos, 12 e 06 anos de idade, respectivamente, àépoca da feitura do relatório (08.06.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “2” (fl. 45), tem-se que a rendafamiliar advém do Benefício de Prestação Continuada – BPC à pessoa com deficiência, concedido ao filho Izaac, no valorde R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

As despesas totalizam R$ 556,30 (quinhentos e cinquenta e seis reais e trinta centavos) distribuídos entre conta de água,energia, gás de cozinha, alimentação e medicamentos (fl. 45).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria; de alvenaria, piso de cimento liso, telha de amianto, rebocointerno e externo, constituída por 06 (seis) cômodos; possui energia elétrica, fossa séptica e água encanada.

O filho da recorrida efetivamente recebe benefício assistencial no valor mínimo (fl. 30) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo filho da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

50 - 0005105-59.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005105-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x MARIA NUNES DE OLIVEIRA (ADVOGADO:CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).Processo n.º 0005105-59.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA NUNES DE OLIVEIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

Page 82: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 48-53, em razão de sentença (fls.41-43) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude desua mãe receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 59-62.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o mandado de constatação e anexos de fls. 17-21. No que tange à composição familiar,consta da resposta ao quesito “a” (fl. 18) que a recorrida reside com sua mãe, 80 anos de idade à época do cumprimento domandado (03.08.2011). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “c” (fl. 20), tem-se que a renda familiar advém daaposentadoria da mãe da recorrida, no valor de um salário mínimo.

No tocante às despesas, extrai-se da resposta ao quesito “e”, que a recorrida gasta em média R$ 210,00 (duzentos e dezreais) mensais com medicamentos (fl. 18).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria; de alvenaria, piso em cerâmica, teto de laje, constituída por 04(quatro) cômodos; possui energia elétrica, esgoto sanitário e água encanada.

A mãe da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 30) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pela mãe da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

51 - 0001173-63.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001173-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x KECIA LIMA DOS SANTOS.Processo n.º 0001173-63.2011.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : KECIA LIMA DOS SANTOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 91-106, em razão de sentença (fls.81-87) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude deseu pai receber benefício previdenciário no valor de R$ 662,00 (seiscentos e sessenta e dois reais). Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Manifestação do Ministério Público Federal à fl. 118.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 34-41. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 39) que a recorrida reside com seu pai (65 anos) e sua mãe, 62 anos de idade à época da feitura do relatório(13.01.2012). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 40), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado pai da recorrida, no valor de R$ 662,00 (seiscentos e sessenta e dois reais).

As despesas com alimentação são em média R$ 300,00 (trezentos reais) mensais. No tocante às contas de água e energia,não souberam precisar o valor por ocasião da visita domiciliar. (fl. 37).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é de alvenaria, piso em cerâmica, teto de laje, constituída por 07 (sete)cômodos; apesar de simples oferece boas condições de habitabilidade.

O pai da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 66) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não é

Page 84: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

considerada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que não houve participação de advogadoconstituído nesta causa, incabível a condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

52 - 0006054-65.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.006054-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA SOCORROCARVALHO CHAUVIN (ADVOGADO: ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0006054-65.2013.4.02.5001/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: MARIA SOCORRO CARVALHO CHAUVINRecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. FIXAÇÃO DA DIB NA DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Neste recurso inominado interposto às fls. 34-38 a autora da demanda em primeiro grau oferece sua irresignação em razãode sentença (fls. 29-31) que extinguiu o processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso I, c/c art. 295,inciso III, ambos do Código de Processo Civil, tendo em vista a ausência de requerimento administrativo.Foram apresentadas contrarrazões às fls. 52-54.A controvérsia assenta-se na necessidade ou não do prévio requerimento administrativo.Nas ações previdenciárias no âmbito dos Juizados Especiais Federais é necessária a prévia caracterização de lide paraatender à condição da ação relativa ao interesse de agir, na vertente utilidade/necessidade, o que se dá com o préviorequerimento administrativo, em que haja indeferimento expresso do pedido ou demora injustificável para sua apreciação.Entendimento contrário importa aumento extraordinário do número de demandas no âmbito dos JEFs, o que compromete aceleridade daqueles processos onde realmente haja lide e necessidade da intervenção do Poder Judiciário. Vejamos:PEDILEF 200672950205329 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL Relator: JUÍZAFEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA Sigla do órgão : TNU Data da Decisão: 24/04/2009 Fonte/Data daPublicação DJ 08/01/2010EmentaPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO SOBRE QUESTÃO DE FATO. SENTENÇA QUE JULGA EXTINTO O PROCESSO SEMRESOLUÇÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DE INTERESSE DEAGIR CARACTERIZADA. 1. Pedido não conhecido em relação aos acórdãos do STJ invocados como paradigmas porausência de similitude fático-jurídica, na medida em que a exigência de prévio requerimento administrativo para fins dedemonstração da existência de interesse processual no âmbito do microsistema dos juizados apresenta peculiaridades

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fático-jurídicas diversas daquelas relativas às varas federais comuns, como a maior acessibilidade aos Juizados Federais(sem a exigência do pagamento de custas e nem do acompanhamento de advogado) e a maior celeridade e informalidadedos Juizados Federais (que, para isso, pressupõem mais fortemente o prévio exame das questões na via própria: a viaadministrativa). Precedentes desta Turma Nacional (Proc. nº 2005.72.95.006179-0, Rel. Juiz Federal Alexandre Miguel, DJU26.10.2006; Proc. nº 2004.70.95.006951-2, Rel. Juiz Federal Valter Antoniassi Maccarone, DJU 08.09.2008). 2. Embora oacórdão recorrido trate de um caso de revisão de benefício já concedido, enquanto os acórdãos de Turmas Recursais dediferentes regiões invocados como paradigmas cuidem de casos de concessão de benefícios, há similitude fático-jurídicaentre os acórdãos contrastados considerando que a solução a ser dada a ambas as situações é idêntica. 3. A exigência deprévio requerimento administrativo em matéria previdenciária não é uma questão meramente processual, mas, sim, umaquestão de direito material afeta à própria garantia constitucional de amplo acesso ao Poder Judiciário. 4. No âmbito domicrosistema dos juizados, a solução é a mesma em relação à concessão de benefício previdenciário e em relação àrevisão sobre questão de fato não examinada no ato de concessão de benefício previdenciário: exige-se préviorequerimento administrativo para a caracterização de interesse processual legítimo. 4.1 Isto justifica a extinção do processosem resolução do mérito mediante indeferimento da inicial ou, se houver citação, após o decurso do prazo da contestação,se não houver a apresentação de contestação de mérito pelo INSS. 4.2 Isto não justifica a extinção do processo semresolução do mérito se houver contestação de mérito pelo INSS. 5. Em se tratando de revisão exclusivamente sobre critériode cálculo relativo a ato de concessão de benefício previdenciário, não se exige prévio requerimento administrativo, sendopúblico e notório que o INSS não admite este tipo de revisão. 6. Porém, uma exceção à exigência de prévio requerimentoadministrativo há de ser admitida: quando no caso concreto ficar evidenciada a falta de acesso do segurado ou dependenteprevidenciário ao próprio INSS (o que tem sido freqüentemente constatado no âmbito dos Juizados itinerantes,especialmente na Amazônia). Isto porque, neste contexto, o cumprimento desta exigência é impossível. 7. Aliás, essamesma linha de entendimento também se aplica em relação ao benefício assistencial de prestação continuada de que tratada Lei nº 8.742/93. 8. Pedido parcialmente conhecido e provido para fins de anulação da sentença para regularprocessamento e julgamento do feito.

Assim colocado, não se identifica interesse processual da recorrente, e, em conformidade com o art. 46 da Lei nº9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, voto no sentido demanter a sentença pelos próprios fundamentos.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas, nem honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistênciajudiciária gratuita na sentença (fls. 29-31), nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

53 - 0002555-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002555-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIETE CORREA RANGEL(ADVOGADO: EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0002555-23.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ELIETE CORREIA RANGELRecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 59-67, em razão da sentença (fls.55-56) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito.

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Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 72-89.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:

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Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)E mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral,assentando que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios do INSS até mesmo anteriores à Medida Provisória nº1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento: Sessãode 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 11.06.1997 – fl. 18). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 04.07.2013 (fl. 33), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 34, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

54 - 0002343-02.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002343-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x MARIA MARGARET BELMIRO LIMA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).Processo nº 0002343-02.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: MARIA MARGARET BELMIRO LIMARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 27-36 em razão de sentença (fls. 23-24)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença e/ou aposentadoria porinvalidez, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo operíodo contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 41-49.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento desta

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Turma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir da recorrida. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

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Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

55 - 0000466-27.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000466-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x EVA APARECIDA DE JESUSBIZINOTO (ADVOGADO: ANNE LACERDA DE BRITO, ALINE SIMONELLI MOREIRA.).Processo nº 0000466-27.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: EVA APARECIDA DE JESUS BIZINOTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 51-65 em razão de sentença (fls. 47-49)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença e/ou aposentadoria porinvalidez, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo operíodo contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 72-89.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagos

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e originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir da recorrida. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

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ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

56 - 0003606-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003606-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x CESAR BATISTA.Processo nº 0003606-69.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: CÉSAR BATISTARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 31-45 em razão de sentença (fls. 26-28)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença e/ou aposentadoria porinvalidez, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo operíodo contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 50).

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir do recorrido. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

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Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício do recorrido.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que não houve participação de advogadoconstituído nesta causa, incabível a condenação do recorrente em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

57 - 0104673-77.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104673-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON AZEVEDONASCIMENTO (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0104673-77.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ADILSON AZEVEDO NASCIMENTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 76-92, em razão da sentença (fls.72-73) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 97-100.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referida

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MP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 16.09.1993 – fl. 19). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 29.08.2013 (fl. 29), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 30, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

58 - 0102675-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102675-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENILDO NUNES GOMES(ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK, RODRIGO FIGUEIREDO, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo

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2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº. 0102675-74.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: BENILDO NUNES GOMESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 59-75, em razão da sentença (fls.55-56) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 80-92.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazo

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de 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 21.03.1997 – fl. 45). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 07.06.2013 (fl. 26), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fl. 55-56, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

59 - 0003788-55.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003788-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIA HELENA RODRIGUESDE CARVALHO (ADVOGADO: Guilherme Nunes Moraes.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

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Processo nº. 0003788-55.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: LUCIA HELENA RODRIGUES DE CARVALHORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL (STF) E EM SEDE DERECURSO REPETITIVO (STJ). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 61-65, em razão da sentença (fls.58-59) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 69-70.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é o

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direito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussão geral eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 29.09.1986 – fl. 15). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 26.09.2013 (fl. 55), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 58-59, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

60 - 0100648-55.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100648-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x BRUNO DA SILVA CHAGAS(ADVOGADO: ALICE DESTEFANI SALVADOR, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, THIAGO HUVER DE JESUS.).Processo nº 0100648-55.2012.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: BRUNO DA SILVA CHAGASRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991

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COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 58-72 em razão de sentença (fls. 54-56)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 76-88.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir do recorrido. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos os

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salários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício do recorrido.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

61 - 0101077-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101077-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x EDUARDO CIPRIANO (ADVOGADO: FELIPESILVA LOUREIRO, ANDERSON MACOHIN SIEGEL.).Processo nº 0101077-85.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: EDUARDO CIPRIANORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 64-80 em razão de sentença (fls. 60-62)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

Page 101: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 84-96.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte, resta demonstrado o interesse de agir do recorrido. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI do benefício daparte recorrida contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação do

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segurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício do recorrido.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

62 - 0001080-97.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001080-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ALEXANDRO RIBEIRO (ADVOGADO: Bernard PereiraAlmeida, MARILUSA CARIAS DE PAULA, LUIZ OTAVIO PEREIRA GUARCONI DUARTE.).Processo nº 0001080-97.2011.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF de CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: ALEXANDRO RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 41-46 em razão de sentença (fls. 37-39)que julgou procedente o pedido de revisão do cálculo do salário-de-benefício do auxílio-doença, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em resumo, a falta de interesse de agir, uma vez que o INSS determinara a realização administrativadas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 54-64.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

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Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do recorrido. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razãoé simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordo previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Não merece reparo a sentença recorrida, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos; ressalvando-se o abatimentode eventual quantia paga administrativamente a este título.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

63 - 0006591-16.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006591-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x DELVINA DE LOURDES VALIM(ADVOGADO: CLEMENTINO NUNES.).Processo n.º 0006591-16.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : DELVINA DE LOURDES VALIMRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADEE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 93-109, em razão de sentença (fls.85-89) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

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Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Alega que a recorrida não preenche os requisitoslegais para a concessão do benefício, tendo em vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude doseu esposo receber benefício previdenciário no valor de um salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 116-119

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 44-50. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “1” (fl. 48) que a recorrida (66 anos) reside com seu esposo, 65 anos de idade à época da feitura do relatório(12.12.2011). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “5” (fl. 48), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).

As despesas totalizam R$ 548,00 (quinhentos e quarenta e oito reais), distribuídos entre conta de água, energia, gás,alimentação e medicamentos (fl. 45).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é própria; de alvenaria, piso de cerâmica, teto de laje; constituída por 3(três) cômodos.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 45) e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

64 - 0002386-41.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002386-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x DARCI PIO MARTINS (ADVOGADO: JAMILSONSERRANO PORFIRIO.).Processo n.º 0002386-41.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: DARCI PIO MARTINSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 88-90, em razão de sentença(fl. 87) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada em12.03.2009, determinando a implementação do benefício na data da prolação daquele decisum. Sustenta, em resumo, queos documentos acostados pela recorrida não comprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período legalmenteexigido. Argumenta, outrossim, a necessidade de existência de início de prova material contemporânea ao tempo labor, nãoadmitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamente testemunhal. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 99).

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carênciaesta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

In casu, verifica-se que o recorrido nasceu em 23.12.1948 (fl. 17) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 12.03.2009 (fl. 45), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, o recorrido juntou: 1) contrato deparceria datado de 2006, constando ser meeiro do Sr. Jonas Seibel (fls. 25/26). Oportuno registrar que o recorrido é solteiroe não possui filhos, motivo pelo qual não possui certidão de casamento e/ou certidão de nascimento de filhos que possa serutilizado como início de prova material mais consistente.Pois bem. A documentação supracitada constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos.

Por seu turno, a prova testemunhal colhida em audiência é no sentido do exercício de atividade rural pelo tempo necessárioao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A testemunha José Francisco afirma que o autor trabalhou por mais de 30 anos no terreno do Sr. Henrique Jacobplantando principalmente café, na qualidade de meeiro; disse que o autor trabalhou ali até 2006 quando então passou atrabalhar com Jonas Seibel, onde continuou plantando principalmente café como meeiro. Vale registrar que a testemunhatambém trabalhou como meeiro de Henrique Jacob.”

“A testemunha Osvaldo afirmou que o autor trabalhou por mais de 20 (vinte) anos para o Sr. Henrique Jacob (a própriatestemunha também trabalhou para o Sr. Henrique Jacob), plantando principalmente café e que atualmente o autor estáplantando café no terreno de Jonas Seibel desde 2006”.

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laboradona atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhalidônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS

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IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de

�reformar o acórdão nessa parte, a restaurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERALPAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus o recorrida aopleiteado benefício.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementasupra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

65 - 0000141-86.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000141-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA ROSA DE NOVAES (DEF.PUB: LIDIANE DAPENHA SEGAL.).Processo nº 0000141-86.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA ROSA DE NOVAESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 77-91, em razão deacórdão proferido às fls. 69-73. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu emexpressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.

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Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 622,00) e a composição legal da família (recorrida e esposo)resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (rendaper capita = R$ 311,00; ¼ do salário mínimo = R$ 155,50.

15. Descortina-se no horizonte da autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único doart. 34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente desua incidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

(...)

24. No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 30) e contacom idade superior a 65 anos (78 anos à época do relatório social - 16.02.2012), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

66 - 0000724-71.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000724-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x YVON DE ARAUJO YUNG TAY(ADVOGADO: DIOGO ASSAD BOECHAT, RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS, DANIEL ASSAD GALVÊAS,MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº : 000724-71.2012.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : YVON DE ARAÚJO YUNG TAYRelator :Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO - INTEMPESTIVIDADE- RECURSO NÃO CONHECIDO.

Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ora embargante, em virtudedo acórdão de fls. 105-106 que deu parcial provimento aos embargos de declaração também interpostos pela autarquiaprevidenciária estabelecendo “como data base para incidência do novo valor teto objeto do Recurso Extraordinário nº564.354/SE, da relatoria da Ministra Carmem Lúcia, julgamento em 08/09/2010, DJe 15/02/2011, como 1º.06.1990, isto é,coincidente com a DIB”. Sustenta a embargante, em suas razões recursais, que o valor do teto na data da DIB é superior aovalor do benefício do autor, não fazendo, portanto, jus à recomposição postulada, porque sua RMI na data de início dobenefício (DIB) não esteve limitada ao teto no período da EC 41/2003. Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.Em juízo preliminar dos pressupostos de admissibilidade, verifica-se que a Procuradoria do INSS foi intimada em14.10.2013 (fl. 108). Enquanto que os embargos de declaração somente foram protocolizados em 29.10.2013 (fl. 109-111),portanto, foi manejado fora dos 05 (cinco) dias fixados no art. 49 da Lei n.º 9.099/1995 c/c art. 9º da Lei nº 10.259/2001.Nessas condições, não conheço do recurso pela intempestividade.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo nãoconhecer dos embargos de declaração opostos, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

67 - 0004734-32.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004734-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x MYRTHES ALCANTARA FADINI (ADVOGADO: JOSEROBERTO LOPES DOS SANTOS.).Processo nº 0004734-32.2010.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MYRTES ALCANTARA FADINIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 101-115, em razão deacórdão proferido às fls. 93-98. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu emexpressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 510,00) e a composição legal da família (recorrida e esposo)resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (rendaper capita = R$ 255,00; ¼ do salário mínimo = R$ 127,50).

15. Descortina-se no horizonte da autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único doart. 34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente desua incidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

(...)

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24. No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 34) e contacom idade superior a 65 anos (72 anos à época do relatório social - 19.10.2010), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

68 - 0000734-77.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000734-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARIA DA CONCEIÇÃO SUCELIMA (ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).Processo nº 0000734-77.2010.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA DA CONCEIÇÃO SUCE LIMARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls.98-112, em razão deacórdão proferido às fls. 90-95. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu emexpressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 545,00) e a composição legal da família (recorrida e esposo,exclusão da neta) resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do

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salário mínimo (renda per capita = R$ 272,50; ¼ do salário mínimo = R$ 136,25).

15. Descortina-se no horizonte da autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único doart. 34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente desua incidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

(...)

24. No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 22) e contacom idade superior a 65 anos (75 anos à época do relatório social - 04.06.2011), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

69 - 0002738-33.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002738-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x FLÁVIO SIMER(ADVOGADO: RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).Processo nº 0002738-33.2009.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: FLÁVIO SIMERRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 121-135, em razão deacórdão proferido às fls. 69-73. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu em

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expressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“3. De acordo com o relatório social de fls. 39/51, o grupo familiar do requerente é composto apenas por ele e sua mãe, aqual é beneficiária de pensão por morte, com renda mensal no valor de um salário mínimo (fl. 29). Registre-se, ainda, que orecorrido recebe pensão alimentícia que é descontada diretamente dos proventos de aposentadoria de seu pai. O relatóriosocial verificou a situação socioeconômica do recorrido e constatou que o mesmo reside em uma casa de alvenaria,composta de quatro cômodos e um banheiro, apresentando condições insalubres de moradia. A mãe do autor informouque, em decorrência da patologia que sofre, o recorrido não fala, tem crises nervosas, necessita de auxílio constante paradesenvolver as atividades diárias, fazendo uso de vários medicamentos (rivotril 2mg, navotrax 2mg e amplictil 100mg). Amãe do autor relatou, outrossim, que possui saúde frágil, possuindo hipertensão, artrose, reumatismo nas pernas,depressão, tendo realizado cauterização no útero.

4. Ora, a presente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como obenefício assistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, obenefício de pensão por morte com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário tambémnão deve ser computada para os fins da renda familiar per capita.

(...)

9. Desse modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensalpercebido pela mãe do autor, a título de pensão por morte, entendo que deve ser desconsiderado o valor proveniente desta,de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato este que atrai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

70 - 0001281-86.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001281-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x MARIA LEMOS DE OLIVEIRA(ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES, ADENILSON VIANA NERY.).

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Processo nº 0001281-86.2011.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA LEMOS DE OLIVEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 68-74, em razão deacórdão proferido às fls. 66. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu emexpressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Quanto à desconsideração da renda do cônjuge, cabe trazer recente entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal,quando do julgamento do RE 580.963/PR (Informativo 702, Plenário, Repercussão Geral): “No tocante ao parágrafo únicodo art. 34 do Estatuto do Idoso, o Min. Gilmar Mendes reputou violado o princípio da isonomia. Realçou que, no referidoestatuto, abrira-se exceção para o recebimento de dois benefícios assistenciais de idoso, mas não permitira a percepçãoconjunta de benefício de idoso com o de deficiente ou de qualquer outro previdenciário. Asseverou que o legisladorincorrera em equívoco, pois, em situação absolutamente idêntica, deveria ser possível a exclusão do cômputo do benefício,independentemente desua origem”.

Desconsiderada a renda proveniente de benefício previdenciário equivalente a um salário mínimo, a renda per capita é nula.Sendo assim, considero preenchidos os critérios ensejadores do benefício assistencial, estando a sentença proferida peloJuízo a quo subsumida ao entendimento externado pelo STF em sede de repercussão geral.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

71 - 0004180-63.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004180-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x GESSENY ANACLETA JENIER (ADVOGADO:JULIO FERNANDES SOARES.).Processo nº 0004180-63.2011.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: GESSENY ANACLETA JENIERRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Estes embargos de declaração foram opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 112-126, em razão deacórdão proferido às fls. 104-109. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto, aoflexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito da miserabilidade, incorreu emexpressa violação aos artigos 195, § 5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha realçar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“15. Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 545,00) e a composição legal da família (recorrida,esposo e filho) resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do saláriomínimo (renda per capita = R$ 181,67; ¼ do salário mínimo = R$ 127,50).

16. Descortina-se no horizonte da autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único doart. 34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente desua incidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

(...)

25. No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 64) e contacom idade superior a 65 anos (70 anos à época do relatório social – 24.06.2011), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.Ademais, oportuno mencionar que em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº567.985/MT, publicado em 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20da Lei nº 8.742/1993.

No que tange à regra da contrapartida (§ 5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações das

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partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

72 - 0000339-54.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000339-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x BASILIA CONCEIÇÃO DOS SANTOS(ADVOGADO: GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.).Processo n.º 0000339-54.2011.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : BASÍLIA CONCEIÇÃO DOS SANTOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 50-56, em razão de sentença (fls.42-46) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Invoca, dentre outros, o art. 195, § 5º daConstituição da República, onde se encontra gravada a “regra da contrapartida”, e seus arts. 2º e 44, esquadros do princípioda separação dos poderes. Alega que a recorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do benefício, tendoem vista a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo, em virtude do seu esposo receber benefício previdenciáriono valor de 01 (um) salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 61-65.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia é atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a aplicação analógica doparágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do benefício previdenciárioauferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído do cômputo da renda familiar.

No ponto, calha realçar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do Recurso�Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art.

34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Na perspectiva do mérito, vê-se o relatório social de fls. 33-36. No que tange à composição familiar, consta da resposta aoquesito “2” (fl. 33) que a recorrida (65 anos) reside com seu esposo, 67 anos de idade à época da feitura do relatório

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(23.06.2011). Por sua vez, segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 34), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoriado marido da recorrida, no valor R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco Reais), o que correspondia, à época, a umsalário mínimo.

As despesas totalizam R$ 330,00 (trezentos e trinta Reais), distribuídos entre conta de energia, telefone, alimentação emedicamentos (fl. 33).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside o casal é cedida pelo Sr. Jarbas, dono da propriedade rural; de alvenaria, piso decimento liso, com mobília simples, constituída por 05 (cinco) cômodos; possui instalações elétricas e hidráulicas.

O marido da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo e conforme entendimento acimaesposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos recebidos pelo marido da recorrida a renda familiar não éconsiderada, o que conduz ao deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

73 - 0101498-75.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101498-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARMI THEREZA ROSSI(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.).Processo nº 0101498-75.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CARMI THEREZA ROSSIRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 33-44, em razão da sentença (fls.29-31) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº

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11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 51-53.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral são

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passíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho da

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GDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 22, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

74 - 0102439-25.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102439-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRENE NETTO DE SOUZA(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.).Processo nº 0102439-25.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: IRENE NETTO DE SOUZARecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 55-66, em razão da sentença (fls.51-53) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 71-73.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

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Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomia

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àqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 26, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do

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recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

75 - 0101890-15.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101890-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VERA LUCIA CASTRO DOSSANTOS (ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRAMOREIRA.).Processo nº 0101890-15.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: VERA LÚCIA CASTRO DOS SANTOSRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 56-67, em razão da sentença (fls.52-54) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 73-75.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às

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atribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

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Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 25, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

76 - 0101862-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101862-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RUBENS MARQUES(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.).Processo nº 0101862-47.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: RUBENS MARQUESRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃO

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DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 46-57, em razão da sentença (fls.42-44) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta o recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 62-71.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme

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estabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

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ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 24, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

77 - 0101496-08.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101496-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARMANDO ANTONIO ROSSI(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.).Processo nº 0101496-08.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: ARMANDO ANTONIO ROSSIRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 33-44, em razão da sentença (fls.29-31) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta o recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência de

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repercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 53-55.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.

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1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas do

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caso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 22, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

78 - 0102434-03.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102434-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELOÍSA DE PAIVA BRÊTAS(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.).Processo nº 0102434-03.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: ELOÍSA DE PAIVA BRÊTASRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 46-57, em razão da sentença (fls.42-44) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 61-70.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

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Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serão

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revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 25, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

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79 - 0102436-70.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102436-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARMEM VAZ DA SILVA(ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.).Processo nº 0102436-70.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CARMEN VAZ DA SILVARecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 50-61, em razão da sentença (fls.46-48) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivasdiferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 67-69.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; e

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II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetivaanálise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado da

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primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação dacitada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 23, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

80 - 0102428-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102428-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NADIR DE PAIVALOURENÇO BRÊTAS (ADVOGADO: EVANDRO JOSÉ LAGO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDONOGUEIRA MOREIRA.).Processo nº 0102428-93.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: NADIR DE PAIVA LOURENÇO BRÊTASRecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPGPE. IMPOSSIBILIDADE DEEXTENSÃO AOS INATIVOS. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 52-63, em razão da sentença (fls.48-50) que julgou improcedente o pedido de equiparação, entre servidores ativos e inativos, dos pontos pagos a título deGratificação de Desempenho do Plano Geral do Poder Executivo - GDPGPE, bem como de pagamento das respectivas

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diferenças de vencimentos, devidamente atualizadas.

Sustenta a recorrente, em resumo, que até que sejam processados os resultados da primeira avaliação individual einstitucional dos servidores ativos, os inativos/pensionistas fazem jus à GDPGPE em valor correspondente a 80% (oitentapor cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conforme estabelecido no Anexo V-A da Lei nº11.357/2006. Assevera que a pretensão autoral deve ser analisada sob o pálio do princípio constitucional da paridade,previsto no art. 40 da CR/88, bem como das regras de transição constantes das Emendas Constitucionais nº 20/1998,41/2003 e 47/2005. Aduz, outrossim, que à gratificação em análise deve ser aplicado o mesmo entendimento firmado peloSupremo Tribunal Federal em relação à GDATA e à GDASST, no sentido de que as vantagens de caráter geral, concedidasaos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, conforme disposto no art. 40, § 8º, da CR/88. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, para ser julgada procedente a pretensão deduzida na inicial. Alternativamente,pugna pelo sobrestamento do feito até o julgamento do RE nº 631.389, em relação ao qual foi reconhecida a existência derepercussão geral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 68-70.

Inicialmente, indefiro o pedido de sobrestamento do feito. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matériano bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 631.389, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para oconhecimento e julgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Pois bem. Ajuizou o(a) recorrido(a) a presente demanda almejando a condenação da União à incorporação da GDPGPEaos seus proventos, com a mesma pontuação concedida aos servidores em atividade, bem como, ao pagamento dasdiferenças vencidas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.

Como tantas vezes assentado, em se tratando de prestações de trato sucessivo, incide a prescrição tão somente sobre asparcelas vencidas há mais de cinco anos contados do ajuizamento, nos termos do art. 3º c/c art. 1º do Decreto nº

�20.910/1931 (Súmula nº 85 do STJ).

Quanto ao mérito, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, substituta daGDPGTAS, instituída em favor dos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e auxiliar doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições dorespectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal, apresentou critérios diferenciados entre osservidores ativos enquanto não avaliados e os inativos. Tal ilação é confirmada pelo art. 7º-A da Lei nº 11.784/2008, quedispõe in verbis:

“Art. 7o-A. Fica instituída, a partir de 1o de janeiro de 2009, a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos doPoder Executivo - GDPGPE, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário eauxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes àsatribuições do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal ou nas situações referidas no §9o do art. 7o desta Lei, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenhoinstitucional. 1o A GDPGPE será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo VA desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009.§ 2o A pontuação referente à GDPGPE será assim distribuída:I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; eII - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional.§ 4o Para fins de incorporação da GDPGPE aos proventos da aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios:I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondentea 50 (cinqüenta) pontos do valor máximo do respectivo nível, classe e padrão;(...)§ 6o O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadaseventuais diferenças pagas a maior ou a menor.§ 7o Até que seja regulamentada a Gratificação de Desempenho referida no caput deste artigo e processados os resultadosda primeira avaliação individual e institucional, os servidores que integrarem o PGPE perceberão a GDPGPE em valorcorrespondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo, observada a classe e o padrão do servidor, conformeestabelecido no Anexo V-A desta Lei.§ 9o Até que se efetivem as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE serápaga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado peloservidor.”

Embora gratificações dessa espécie originalmente objetivassem incentivar o desempenho dos servidores no exercício dasatribuições do cargo, o posterior estabelecimento de pontuações fixas aos servidores ativos, independente de efetiva

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análise dos fatores de produtividade, acabou por conferir caráter genérico às vantagens e assim, ao fixá-las em valoresinferiores no que se refere aos inativos, culminou por violar o princípio da isonomia e outras garantias asseguradas aosservidores públicos inativos.

A respeito, o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento reiterado de que as vantagens que tenham caráter geral sãopassíveis de extensão a aposentados e pensionistas. Confira-se:

"GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICOADMINISTRATIVA - GDATA - INSTITUÍDA PELA L.10.404/2002: EXTENSÃO A INATIVOS: PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DAVANTAGEM. RE conhecido e provido, em parte, para que a GDATA seja deferida aos inativos nos valores correspondentesa 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos período de fevereiro a maio de 2002 e nos termos do art. 5º, parágrafo único, da L.10.404/2002, para o período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o art.1º da MPv. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta pontos)." (grifei) (RE nº 476.279-0/DF, rel. Min.Sepúlveda Pertence, j. 19/4/2007)

No mesmo sentido a orientação firmada na Súmula 68 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,segundo a qual as gratificações de desempenho embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam emgratificações de natureza genérica, extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela faltade regulamentação e de efetiva aplicação das necessárias avaliações de desempenho.

Desse modo, constatado o caráter genérico da gratificação, deve a mesma ser estendida aos servidores inativos (quetenham direito à paridade) na mesma proporção conferida àqueles que estão em exercício.

Cumpre registrar que embora a EC nº41/2003 tenha posto fim à regra de paridade, em seu artigo 7º garantiu a isonomiaàqueles que já estivessem aposentados ou que percebessem pensões ou, ainda, àqueles que houvessem implementado osrequisitos para obtenção de aposentadoria até a data da sua publicação (em 31/12/2003):

“Art. 7º. Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”

Dessa forma, não havendo razão para a distinção entre servidores ativos e inativos, com a imposição de limitação aosaposentados e pensionistas à percepção da vantagem em patamar inferior àquele deferido aos servidores da ativa, develhes ser garantido o direito à extensão, desde que comprovado que se enquadram nas hipóteses descritas nos artigos 3º e7º da EC nº 41/2003, ou seja, estarem aposentados ou perceberem pensões instituídas antes da publicação da emenda,ou, ainda, terem implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria pelas regras vigentes até a data dapublicação dessa emenda, ainda que não efetivamente aposentados.

Ocorre que, assim como ocorria com as suas antecessoras, também foi instituída em relação à GDPGPE uma regra detransição, prevista na Lei nº 11.784/2008, que em seu art. 7º – A, § 9º, assim estabeleceu: “§ 9o Até que se efetivem asavaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPGPE será paga em valorcorrespondente a 80 (oitenta) pontos, observados o posicionamento na tabela e o cargo efetivo ocupado pelo servidor.”.

Destarte, o direito à extensão da gratificação em análise aos inativos é cabível, na hipótese da gratificação em comento,somente até 1º de Janeiro de 2009, já que, nos termos do § 6º, do art.7º do diploma legal em referência, “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.” (sem grifos no original).

Desse modo, considerando que o pagamento da GDPGPE, de forma genérica, teve início em 1º de janeiro de 2009 (§ 1º doart.7º–A da Lei nº 11.784/2008), mas, tendo em vista que os efeitos do primeiro ciclo de avaliação retroagem a esta mesmadata, qual seja, 1º de janeiro de 2009, devendo ainda ser compensadas pelos servidores da ativa, após avaliados individuale institucionalmente, eventuais diferenças pagas a maior (aqueles que obtiverem avaliação inferior a oitenta pontos), não háque se falar em isonomia entre ativos e inativos, neste pormenor, uma vez que a data do início da percepção da GDPGPEcoincide com a data dos efeitos financeiros do primeiro ciclo de avaliação dos servidores em exercício.

Nessa trilha de raciocínio, recentemente pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DA GDPGPE AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.REGULAMENTAÇÃO GERAL. DECRETO N. 7.133/2010. AVALIAÇÃO COM EFEITO FINANCEIRO RETROATIVO.NATUREZA PRO LABORE FACIENDO. HONORÁRIOS. EQUIDADE. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.1. Nos termos do § 6º do art. 7º-A da Lei n. 11.357, de 2006, incluído pela Lei n. 11.784, de 2008, apesar de o efetivoprocessamento da avaliação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE)ocorrer em datas diversas e posteriores, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, data da criação da

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citada gratificação.2. O Decreto n. 7.133/2010 regulamentou a referida gratificação de forma genérica, e as portarias ministeriais trazem oscritérios específicos para avaliação, tendo função meramente regulamentadora, não podendo estabelecer prazo diversopara o início dos efeitos financeiros da primeira avaliação de desempenho, sob pena de manifesta ilegalidade.3. Assim, independente da data da implementação em folha dos resultados da primeira avaliação de desempenho daGDPGPE, por força de Lei, seus efeitos financeiros retroagem a 1º de janeiro de 2009, de modo que eventuais diferençaspagas a maior ou a menor, a esse título, serão necessariamente compensadas com os valores já recebidos, desde a datada sua criação. Isso porque, a gratificação é paga com natureza pro labore faciendo na medida em que se tem por base odesempenho específico e individualizado de cada servidor.4. Assim, não há falar, no caso da GDPGPE, de pagamento linear, e, consequentemente, não subsiste base legal para aequiparação entre ativos e inativos.5. Fixados os honorários pelo Tribunal de origem sob apreciação equitativa, de acordo com as peculiaridades fáticas docaso, sem que reste configurado valor excessivo ou irrisório, a revisão do quantum é inviável em sede de recurso especial,a teor da Súmula 7/STJ.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 1368150/PE, Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013) (grifei)

Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenações em custas e honorários, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 24, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

81 - 0003047-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003047-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AYLTON PEREIRA DOSSANTOS (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE, SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ANA MERCEDES MILANEZ,MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0003047-88.2008.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: AYLTON PEREIRA DOS SANTOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – CONVERSÃODE TEMPO ESPECIAL EM COMUM – RECURSO IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado (fls. 136-145) foi interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença (fls. 131-132)que julgou improcedente o pedido consistente na concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Em suas razõesrecursais, alega que nos períodos compreendidos entre 01.03.1965 a 31.08.1967, 15.06.1970 a 31.07.1970 esteve expostoa agentes nocivos químicos (hidrocarbonetos) e físicos (ruído), razão pela qual entende fazer jus à contagem do tempocomo especial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos aduzidos nainicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 149-152.

Até 05/03/1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, que regulamentou a Lei nº 9.032/1995 e a MP nº 1.523/1996(convertida na Lei nº 9.528/1997), a comprovação do tempo de serviço laborado em condições especiais, em virtude daexposição de agentes nocivos à saúde e à integridade física dos segurados, dava-se pelo simples enquadramento daatividade exercida no rol dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79 e, posteriormente, do Decreto nº 611/92. A partir dareferida data, passou a ser necessária a demonstração, mediante laudo técnico, da efetiva exposição do trabalhador a tais

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agentes nocivos, isso até 28/05/1998, quando restou vedada a conversão do tempo de serviço especial em comum pela Leinº 9.711/98. Todavia, se a pessoa exerceu atividade em condições especiais (exposição a agentes nocivos à saúde ouintegridade física), comprovada nos termos da legislação vigente à época da prestação do serviço, tem direito à conversãodo tempo especial em comum, para fins de concessão de aposentadoria por tempo de serviço.

A controvérsia cinge-se a comprovação de exposição a agentes nocivos nos períodos entre 01.03.1965 a 31.08.1967,15.06.1970 a 31.07.1970, para fins de conversão de tempo especial em comum.

A prova coligida embora demonstre exposição aos agentes nocivos aludidos pelo autor, não se presta a consubstanciar odireito à pretendida conversão, em razão do fato de a exposição a hidrocarbonetos ter se dado de forma habitual mas nãopermanente e ainda por não contar com a aferição do nível de ruído em índices superiores ao permitido pela legislação.

A lei exige a comprovação do tempo de serviço permanente em condições especiais que prejudiquem a saúde ou aintegridade física, uma vez que a categoria profissional do autor na qualidade de Mecânico e Auxiliar de Mecânico nãodetinha enquadramento no rol dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79. O autor não logrou êxito em demonstrar apermanência da exposição aos agentes químicos hidrocarbonetos. O laudo técnico emitido por Engenheiro de Segurançado Trabalho de fl. 56 expressa de forma clara que a exposição se dava de forma não permanente, razão pela qual restaprejudicado o reconhecimento do tempo como especial. O referido laudo assinado por profissional detentor deconhecimento técnico para tal é capaz de infirmar as informações lançadas nos formulários, que diferentemente do laudo,atestam o caráter de permanência da exposição (fls. 54-55).

Nos formulários de fls. 54-55 não constam medição dos níveis de ruído, o que inviabiliza de per si o reconhecimento dotempo de serviço como especial. Convém salientar que quando se fala em agente agressor “ruído” o ordenamento jurídicosempre exigiu laudo técnico para o reconhecimento de atividade especial, independentemente do período em que o laborfoi efetivamente exercido, o que não se verificou neste caso.

8. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo a quo, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

10. Custas e honorários advocatícios devidos pela recorrente, fixados em 10% (dez pó cento) sobre o valor corrigido dacausa, a serem pagos pelo recorrente, com base no art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

82 - 0006465-97.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006465-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DANILO ANTONIO MOREIRA(ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito Santo2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais1ª Relatoria

Processo nº: 0006465-97.2009.4.02.5050/01Recorrente: DANILO ANTONIO MOREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal Boaventura João Andrade

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. AVERBAÇÃO. ALUNO-APRENDIZ.

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REMUNERAÇÃO NÃO COMPROVADA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. IMPOSSIBILIDADE DEPRESUMIR QUE AS DESPESAS ORDINÁRIAS DA UNIÃO INCLUÍAM A REMUNERAÇÃO DE ALUNOS, AINDA QUEINDIRETAMENTE. IMPROVIMENTO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado (fls. 103-110) foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau em razão da sentença de fls.92-99, que julgou improcedente o pedido de cômputo dos períodos de 1969 a 1972 e 1974 a 1977 como tempo de serviçode aluno-aprendiz por não haver a comprovação da existência de remuneração decorrente da prestação de serviços. Orecorrente sustenta, em razões de recurso, que comprovou de forma induvidosa, através de certidões de tempo escolar,que exerceu qualidade de aluno aprendiz nos períodos de 01/03/1969 a 30/12/1972 e de 01/03/1974 a 30/12/1977,recebendo remuneração à Conta do Orçamento da União.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 114.

Dispõe o atual Regulamento da Previdência Social, Decreto nº 3.048/1999 em seu artigo 60, inciso XXII a seguinte redação:Art.60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros: XXII - o tempoexercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional realizado em escola técnica,desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo empregatício.(Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008).

Nestes termos, diferente dos regulamentos anteriores (Decreto nº 611/92 revogado pelo Decreto nº 2.172/97 que limitavama contagem como tempo de serviço de aprendizado profissional no período da vigência do Decreto-lei nº 4.073/42) alegislação em vigor, acima citada, nada dispôs sobre a limitação temporal para contagem de período de aprendizagemprofissionalizante em escolas técnicas como tempo de serviço, dispondo apenas que para se reconhecer é necessária acomprovação da remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo empregatício, restandodescaracterizada a atividade de aluno aprendiz que é essencialmente educacional.

Sendo assim, após a edição do Decreto nº 3.048, de 1999, a simples apresentação de certidão expedida pela escolatécnica profissionalizante, atestando que o segurado esteve matriculado na instituição e desempenhou atividades nacondição de aluno aprendiz, não é suficiente para autorizar a contagem daquele período como tempo de serviço para finsprevidenciários.

O STJ, bem como a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, já pacificaramentendimento no sentido de que há direito à contagem para fins de tempo de serviço do período laborado pelo alunoaprendiz em escola técnica federal, desde que reste comprovado que o autor recebia remuneração, mesmo que indireta, àsexpensas do orçamento da União Federal, admitindo-se para tanto, inclusive, o recebimento de alimentação, fardamento,entre outros.

Nesse mesmo sentido se encontram os termos do enunciado da Súmula n. 96 do Tribunal de Contas da União:

Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade dealuno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento,admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com aexecução de encomendas para terceiros.

8. Corrobora este mesmo entendimento o enunciado da Súmula nº 18 da Turma Nacional de Uniformização, cujo conteúdoestabelece que:

Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamentoda União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária.

9. No caso sob exame, foi juntado aos autos, Certidões de Tempo Escolar (fls. 25 e 26) compreendendo os períodos de01/03/1969 a 30/12/1972 e de 01/03/1974 a 30/12/1977, bem como Atestado Complementar a Certidão de Tempo Escolar(fls. 27 e 28). Ocorre que em nenhum dos casos restou comprovada a percepção pelo requerente, ainda que indiretamente,de remuneração ou qualquer outra espécie de contraprestação pecuniária às expensas do Orçamento da União, mormenteporque a simples afirmação de que as despesas ordinárias foram custeadas pela União, conforme se vislumbra nodocumento, não é suficiente para presumir tal fato. No mais, na própria certidão é informado que não houve nenhum vínculoempregatício. Cabe transcrever aqui o entendimento recente da jurisprudência:

EMENTA: PROCESSUAL. PREVIDENCIÁRIO. ALUNO-APRENDIZ. TEMPO DE SERVIÇO NÃO COMPROVADO.REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. 1. É possível o cômputo do tempo de estudante como aluno-aprendiz de escola públicaprofissional para complementação de tempo de serviço, objetivando fins previdenciários, desde que preenchidos osrequisitos da comprovação do vínculo empregatício e da remuneração à conta do orçamento da União. Precedentes. 2. Ascertidões que o agravante alega serem suficientes para comprovar o direito pretendido atestam apenas a freqüênciaescolar, não tendo sido, por conseguinte, demonstrado o preenchimento do requisito acerca da retribuição pecuniária àconta da União. 3. Agravo regimental não provido. ..EMEN:(AGARESP 201201864774, CASTRO MEIRA - SEGUNDATURMA, DJE DATA:15/02/2013 ..DTPB:.)

10. Desse modo, mediante análise do conjunto probatório dos autos, concluído que não restou comprovada a existência de

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vínculo empregatício ou retribuição pecuniária indireta, torna-se, portanto, inviável a pretensão judicial do autor.

11. Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

12. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade dajustiça na sentença de fls.92-99, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de dezembro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator DesignadoAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

83 - 0002055-30.2008.4.02.5050/03 (2008.50.50.002055-9/03) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x NEYDEOLIVEIRA PODESTA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA.).PROCESSO: 0002055-30.2008.4.02.5050/03 (2008.50.50.002055-9/03)

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA – INFORMAÇÕES - PERDA SUPERVENIENTE DE OBJETO - LIDE MANDAMENTALPREJUDICADA - SEGURANÇA DENEGADA.1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo INSS com pedido de liminar, em face de decisão proferidapelo Juízo do 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, que determinou a expedição de alvará de levantamento dos numerários jádepositados e as intimações necessárias para a retirada do mesmo, no prazo mínimo de 10 (dez) dias. Alega a impetranteque cuida o presente de inconformismo contra a decisão ilegal e inconstitucional emanada pela autoridade coatora, dedeterminar a liberação do numerário antes do trânsito em julgado, conforme se observa às fls.241. Requereu a concessãode medida liminar até que haja trânsito em julgado da decisão proferida nos autos da ação nº 0002255-30.2008.4.02.5050.É o relatório.2. Examinando o feito, depreende-se que o INSS interpôs Recurso Extraordinário contra decisão desta TurmaRecursal; que foi negado seguimento ao referido Recurso Extraordinário por decisão do então Presidente desta TR (JuizFederal Rogerio Moreira Alves); e que o INSS interpôs Agravo de instrumento contra a mencionada decisão.Contudo, analisando as informações coligidas no sistema informatizado desta SJ-ES, vejo que o referido Agravo deInstrumento já se encontra baixado e arquivado desde 19/10/2011. É que a Turma Recursal julgou prejudicado o agravo,referendando decisão monocrática proferida pelo Juiz Presidente. Eis o andamento a que me refiro:

0002055-30.2008.4.02.5050/02 Número antigo: 2008.50.50.002055-9/0291005 - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIOAutuado em 13/07/2010 - Consulta Realizada em 02/12/2013 às 14:57AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSPROCURADOR: NEIDE DEZANE MARIANIAGRAVADO : NEYDE OLIVEIRA PODESTAADVOGADO : LEONARDO PIZZOL VINHA E OUTROÓRGÃO RESP : 1ª Turma RecursalPresidente da 1ª Turma Recursal / ES - ROGERIO MOREIRA ALVESBaixa: Tipo - BAIXA - FINDO em 19/10/2011Distribuição Dirigida em 13/07/2010 para Presidente da 1ª Turma Recursal / ESObjetos: VENCIMENTOS OU PROVENTOS DE SERVIDORES PUBLICOS: GDASS--------------------------------------------------------------------------------Sessão de Julgamento ocorrida em 30/08/2011 às 14:10--------------------------------------------------------------------------------A Turma Recursal referendou a decisão monocrática que declarou prejudicado o Agravo de Instrumento em RecursoExtraordinário, nos termos do art. 6º, X, do Regimento Interno, proferida pelo MM. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves,Presidente da Turma.

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Movimentação Cartorária tipo AGUARDA TRANSITO EM JULGADORealizada em 10/10/2011 por JESFTED----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Em decorrência os autos foram remetidos para PROCURADORIA FEDERAL por motivo de INTIMACAO PESSOALA contar de 30/09/2011 pelo prazo de 15 Dias (Simples).Disponibilizado em 30/09/2011 por JESFTED (Guia 2011.001424) e entregue em 30/09/2011 por JESFTEDDevolvido em 10/10/2011 por JESFTED

3. O processo é físico. O andamento informa que os autos do agravo de instrumento estão baixados e arquivados;também se informa que houve intimação da Procuradoria Federal. Ante este contexto, resta evidenciado que ocorreutrânsito em julgado.Dentro desse contexto, houve perda superveniente do interesse de agir.4. Pelas razões expostas, EXTINGO O PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO, com base no disposto noart. 295, III combinado com os incisos I e VI do artigo 267, ambos do CPC.Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, na forma do art. 25, da Lei nº 12.016/2009.Intimem-se as partes e cientifique-se a autoridade impetrada.Decorrido o prazo legal, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

84 - 0004666-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004666-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x LUZIA DE FÁTIMA MOURA(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).Autos n.º 0004666-19.2009.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – DECADÊNCIA – PENSÃO POR MORTE ORIGINADA DE PENSÃO – TERMO INICIAL CONTADODA CONCESSÃO DO NOVO BENEFÍCIO – RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a revisar o salário-de-benefício dapensão por morte com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o períodocontributivo, desprezando-se os 20% menores; e também o condenou a pagar as diferenças incidentes sobre as prestaçõesnão atingidas pela prescrição qüinqüenal, com correção monetária e juros de mora contados a partir da citação com basenos índices oficiais de remuneração básica e de juros aplicados à caderneta de poupança, respeitado o limite equivalente a60 salários mínimos quanto às prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação.

2. O INSS, em seu RECURSO, alegou decadência do direito à revisão; argumentou que, “... por via indireta, aautora pleiteia revisão da aposentadoria do de cujus, que foi concedida em 05/08/1982, para que possa receber o valor desua pensão decorrente dessa revisão.” (fl. 44).

3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 626.489, em 16/10/2013 e em sede de repercussão geral,relator o Ministro Roberto Barroso, aplicou a decadência de 10 (dez) anos para a revisão de benefícios concedidos antes de1997. Decidiu a Corte que se aplica o lapso decadencial de 10 (dez) anos para o pleito revisional, a contar da vigência daMedida Provisória 1.523-9/97, aos benefícios concedidos antes dela. Afastou-se eventual inconstitucionalidade na criação,por lei, de prazo decadencial razoável para o questionamento de benefícios já reconhecidos. Considerou o Supremo que oEstado, ao sopesar justiça e segurança jurídica, procurasse impedir que situações geradoras de instabilidade social elitígios pudessem se eternizar. Asseverou-se que o lapso de 10 (dez) anos seria razoável, inclusive porque também adotadoquanto a eventuais previsões revisionais por parte da Administração. Analisou-se que o termo inicial da contagem do prazodecadencial em relação aos benefícios originariamente concedidos antes da entrada em vigor da Medida Provisória1.523/97 seria o momento de vigência da nova lei. Evidenciou-se que, se antes da modificação normativa podia o seguradopromover, a qualquer tempo, o pedido revisional, a norma superveniente não poderia incidir sobre tempo passado, de modoa impedir a revisão, mas estaria apta a incidir sobre tempo futuro, a contar de sua vigência.

4. Não há que se falar que se pretenda aqui uma revisão indireta do valor de uma aposentadoria concedida em1982.

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Conforme a tela INFBEN de fl. 18, o benefício da parte autora é uma pensão por morte, concedida em 24/01/2001.

É totalmente impertinente querer considerar a data do benefício que deu origem a essa pensão. A parte autora, por não sertitular daquela aposentadoria, sequer teria legitimidade para questionar qualquer aspecto do ato administrativo quedeterminara a sua concessão.

Não obstante, no que refere à pensão da qual a parte autora é titular, concedida em 2001, trata-se de ato administrativosubstancialmente novo e distinto daquele outro que dera origem à aposentadoria, ocorrido em 1982.

Evidentemente, o termo inicial do prazo decadencial é 24/01/2001, que é a DIB da pensão por morte da qual a parte autoraé titular.

Como a ação foi proposta em 2009, é evidente que não há que se falar em decadência.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

85 - 0005583-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005583-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x LUCIANA FURTADO DE MORAES (ADVOGADO: MARIANA MARCHEZIBRUSCHI.).Autos n.º 0005583-72.2008.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

1. A UNIÃO interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que a condenou a pagar R$21.005,69 à parteautora, “... correspondente ao subsídio do mês de outubro/2006...” (fl. 119). A autora é Procuradora da República erequereu a condenação da ré a pagar-lhe ajuda de custo decorrente de sua remoção, a pedido, da Procuradoria daRepública no Estado Amazonas para a deste Estado.

Alegou a recorrente: (i) incompetência do JEF por se tratar de anulação de ato administrativo; (ii) violação aos princípios damoralidade e da estrita legalidade, uma vez que não cabe pagamento de ajuda de custo quando a remoção ocorre apedido; (iii) não há como aplicar-se subsidiariamente as disposições da Lei nº 8.112/90 ao caso; (iv) deve ser observada aincidência do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

3. A matéria em exame já foi julgada pela 1ª Turma Recursal desta SJ-ES, em recurso por mim relatado. Trata-sedo Recurso nº 0005577-65.2008.4.02.5050/01, julgado na sessão de 14/11/2012. Eis o teor da ementa lavrada:

E M E N T A

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO CIVIL – REMOÇÃO A PEDIDO – INTERESSE PÚBLICO – LEI 8.112/90 –APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA - AJUDA DE CUSTO - PAGAMENTO DEVIDO – ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA TNU –JUROS DE MORA - 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM REDAÇÃO DATA PELA LEI Nº 11.960/2009 – APLICAÇÃO ÀS AÇÕESEM CURSO.Trata-se de recurso interposto pela União Federal contra sentença que julgou procedente o pedido, condenando-a aopagamento ao autor, Procurador da República, do valor correspondente ao subsídio do mês de outubro de 2006, a título deajuda de custo, em razão de sua remoção, a pedido, da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro para aProcuradoria da República neste Estado. Alega a recorrente que a incompetência do JEF, eis que o pedido importa nanecessidade de se anular ato administrativo consubstanciado no art. 6º do Edital nº 12/2006, segundo o qual “as remoçõesdecorrentes deste concurso ocorrerão sem qualquer ônus adicional para o Ministério Público Federal”. No mérito, invoca osprincípios da legalidade estrita e da moralidade administrativa, bem como o artigo 227, I, a e III, a da Lei Complementar75/93 - norma especial que afasta a aplicação subsidiária da Lei nº 8.112/90 -, e argumenta que o preenchimento da vagapor remoção depende única e exclusivamente da vontade pessoal do interessado. Em relação aos juros de mora, alega quedeve prevalecer o disposto no art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com a redação incluída pela MP 457, de 10/02/2009, convertidana Lei nº 11.960/2009. Contrarrazões às fls. 139/165.Não se trata de ação para anulação ou cancelamento de ato administrativo, ao contrário do que sustenta a recorrente, eisque o pedido não engloba a anulação do edital do concurso de remoção. Trata-se apenas de aferir se, à luz da legislaçãoem vigor, o autor faz jus à percepção da vantagem pretendida. Afastada, pois, a alegada incompetência do JEF.A Turma Nacional de Uniformização consolidou o entendimento de que há direito à ajuda de custo no caso do Procuradorda República removido em razão de concurso de remoção, por entender - com base no art. 287 da LC 75/93 - aplicávelsubsidiariamente a Lei nº 8.112/1990, cujo artigo 53 contém disposição geral aplicável aos servidores públicos civis daUnião, não conflitante com qualquer disposição especial do Estatuto do Ministério Público da União, bem como por

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entender que a remoção nessa hipótese (concurso de remoção) atende primariamente o interesse do serviço e apenassecundariamente o interesse do agente. Veja-se o acórdão:

DIREITO ADMINISTRATIVO. REMOÇÃO “A PEDIDO”. ALTERAÇÃO DE DOMICÍLIO. PROCURADOR DA REPÚBLICA.INAMOVIBILIDADE. CONCURSO DE REMOÇÃO (EDITAL). INTERESSE PÚBLICO. LEI Nº. 8.112/1990 (RJU).APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 287 E 277 DA LEI COMPLEMENTAR Nº. 75/1993 (LOMP).DIREITO À AJUDA DE CUSTO. PRECEDENTES DESTA TNU. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DO STJ EM RELAÇÃOÀ MAGISTRATURA. SIMETRIA. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. DEVOLUÇÃO À TURMA RECURSAL DEORIGEM, PARA ADEQUAÇÃO DO JULGADO. ARTS. 7º VII, “A” E 15, §§ 1º E 3º, DA RESOLUÇÃO CJF Nº. 22 DE 4 DESETEMBRO DE 2008 (RI/TNU).1 - Trata-se de Pedido de Uniformização interposto em face de acórdão que negou provimento a recurso inominado desentença que julgou improcedente pedido de pagamento de ajuda de custo por remoção “a pedido” de membro doMinistério Público Federal em decorrência de “Concurso de Remoção” promovido pela Instituição.2 - O acórdão recorrido fixou a tese de que apenas remoção “de ofício”, não “a pedido”, enseja o pretendido pagamento,nos termos do disposto no art. 277 da Lei Complementar nº. 75/1993 – Estatuto do Ministério Público da União – (“Osmembros do Ministério Público da União farão jus, ainda, às seguintes vantagens: I - ajuda de custo em caso de: a)remoção de ofício, promoção ou nomeação que importe em alteração do domicílio legal, para atender às despesas deinstalação na nova sede de exercício em valor correspondente a até três meses de vencimentos”). Fixou, ainda, a tese deque o tratamento exaustivo das hipóteses de pagamento de ajuda de custo pela LC nº. 75/1993, lei especial, afasta aaplicação, ainda que subsidiária, da Lei nº. 8.112/1990 – Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União –, leigeral, conforme art. 287, LC nº. 75/1993 (“Aplicam-se subsidiariamente aos membros do Ministério Público da União asdisposições gerais referentes aos servidores públicos, respeitadas, quando for o caso, as normas especiais contidas nestalei complementar.”).3 – omissis4 – omissis5 - O art. 277, I, “a”, da LC nº. 75/1993 não previu todas as hipóteses de concessão da vantagem ajuda de custo porremoção; com efeito, refere-se apenas àquela de ofício, de caráter eminentemente punitivo, fundada no interesse público edecidida pelo voto da maioria absoluta dos membros do órgão colegiado competente, assegurada ampla defesa. Não tendoa LC nº. 75/1993 tratado exaustivamente do tema, aplica-se subsidiariamente a Lei nº. 8.112/1990, como previsto em seuart. 287. O art. 53 dessa última lei contém disposição geral aplicável aos servidores públicos civis da União não conflitantecom qualquer disposição especial do Estatuto do Ministério Público da União, confira-se: “A ajuda de custo destina-se acompensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, commudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de ocônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede”.6 - Gozando os membros do Ministério Público da garantia constitucional da inamovibilidade (art. 128, § 5º, I, “b”, CF), suaremoção pressupõe manifestação de vontade, materializada na formulação de “pedido”. O edital publicado pelaAdministração, por sua vez, revela a existência de vagas e o interesse público em provê-las. A remoção nessa hipóteseatende primariamente o interesse do serviço e apenas secundariamente o interesse do agente. Fazem jus, portanto, osmembros do MPF ao pagamento de ajuda de custo quando a remoção no interesse público importa em alteração dodomicílio.7 - Precedentes da TNU: PEDILEF nº. 2006.51.51.002075-6, Rel. Juiz Federal Sebastião Ogê Muniz, DJU 18.2.2008;PEDILEF nº. 200251520015144, Relª Juíza Federal Mônica Sifuentes, DJU 29.9.2004.8 - Consolidação no STJ, ademais, de entendimento que acolhe idêntica ratio acerca do pagamento de ajuda de custo àmagistratura (art. 65, I, LC nº. 35/1979 – LOMAN), carreira simétrica à do Ministério Público (cf. CNJ, PP nº.0002043-22.2009.2.00.0000, Rel. Conselheiro Gilberto Valente Martins, pub. DJe 14.12.2010), verbis: “3. A jurisprudênciadesta Corte firmou-se no sentido de que o magistrado faz jus à ajuda de custo, seja na remoção ex officio, seja na levada aefeito a pedido do interessado, uma vez que em ambas está presente o interesse público. Precedentes: AgRg no REsp945.420/SC, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 27.9.2010; AgRg no REsp 779.276/SC, Rel. Celso Limongi(Desembargador Convocado do TJ-SP), Sexta Turma, DJe 18.5.2009; AgRg no Ag 1.354.482/SC, Rel. Min. Castro Meira,Segunda Turma, DJe 18.2.2011”. (Processo AgRg no AREsp 64318/RS - 2011/0242466-9, Segunda Turma, Rel. MinistroHumberto Martins, pub. DJe 5.3.2012).9 - Incidente de uniformização conhecido e provido. Devolução dos autos à Turma Recursal de origem para adequação dojulgado à premissa de direito uniformizada.10 - O julgamento deste incidente de uniformização, que reflete o entendimento consolidado da Turma Nacional deUniformização, resultará na devolução às Turmas de origem de todos os outros recursos que versem sobre o mesmoobjeto a fim de que mantenham ou promovam a adequação do acórdão recorrido à tese jurídica firmada, em cumprimentoao disposto nos arts. 7º VII, “a” e 15, §§ 1º e 3º, da Resolução CJF nº. 22 de 4 de setembro de 2008 (RI/TNU).(PEDIDO 200837007015970, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 20/07/2012.)4. Quanto aos juros de mora a sentença encontra-se em sentido contrário ao da jurisprudência pacificada na TNU,segundo a qual a norma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, se aplicaimediatamente a todas as ações em curso, independentemente de terem sido propostas antes ou depois da mencionadainovação legislativa. Nesse sentido, a partir de junho de 2009, nos débitos da Fazenda Nacional, qualquer que seja a suanatureza, incluídos os débitos previdenciários, devem ser observados os índices de correção monetária e juros de moraaplicáveis às cadernetas de poupança (PEDIDO 05048748820094058500, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA,DOU 01/06/2012).5. Recurso conhecido e provido em parte, apenas quanto aos juros de mora.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

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Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

4. Adoto as mesmas razões para concluir que, seja quanto à preliminar, seja quanto ao mérito, o recurso da UNIÃOnão merece provimento. Na mesma linha, o recurso também deve ser improvido no que refere aos juros de mora, quandose pleiteou a aplicação do disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. É que, emborano julgado anterior (ocorrido em 2012) eu tenha aplicado tal dispositivo, é certo que o STF, no início deste ano, reconheceua inconstitucionalidade parcial do mencionado dispositivo (ADI 4357). Logo, resta mantido o critério fixado na sentença.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno a União apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

86 - 0009718-64.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.009718-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.) x JOSE CORREA FILHO (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTOMACHADO.).Autos n.º 0009718-64.2007.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

SFH – SEGURO HABITACIONAL – LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO – SENTENÇA ANULADA.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL contra a sentença que lhecondenara a pagar indenização securitária prevista no contrato habitacional que celebrara com o autor.

2. As partes da ação são, apenas, JOSÉ CORREA FILHO e a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Na contestação,a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL alegou a configuração de litisconsórcio necessário com a CAIXA SEGURADORA S.A. Jáno recurso inominado, a CAIXA alegou ilegitimidade passiva ad causam.

3. Quando atuava na Vara Federal de Linhares, ao analisar caso similar ao presente ocorrido nos Autos n.º2010.50.04.000282-3, reconheci a configuração de litisconsórcio passivo necessário entre a CAIXA ECONÔMICAFEDERAL e a sociedade empresária que realizara o contrato de seguro, acessório ao contrato habitacional. Naqueleensejo, justifiquei a configuração do litisconsórcio necessário com base nas seguintes razões:

“2. Vejo a configuração de litisconsórcio passivo necessário entre a seguradora SUL AMERICA e a CAIXAECONOMICA FEDERAL.

Assim o é porque o contrato de seguro é adjeto ao contrato de mútuo celebrado entre cada autor e a CAIXA. Logo, arelação jurídica em questão é incindível, o que redunda em litisconsórcio necessário.

Neste sentido entendeu o TRF da 4ª Região quando do julgamento da Apelação Cível nº 2003.04.01.027444-4/SC, aoaverbar na ementa o que segue: “(...) A Caixa Econômica Federal é parte legítima para figurar no polo passivo da lide, umavez que a empresa pública figura como intermediária na contratação do seguro com a Caixa Seguradora, bem como é aresponsável pelo recebimento dessas quantias. A Sasse Cia. Nacional de Seguros Gerais igualmente é parte legítima paracompor o polo passivo da lide, uma vez que é a responsável pelo pagamento do prêmio em caso de comprovação desinistro. (...)” (TRF da 4ª Região, 3ª Turma, julgado em 03/11/2009).

Ainda que assim não fosse, havendo previsão de cobertura do FCVS, a CAIXA afigura-se como legitimada passiva, comoentendeu o TRF da 3ª Região no julgamento da Apelação Cível nº 2003.31.08.002462-4 (1ª Turma, DJF3 CJ1 de18/03/2011, p. 202).

Em conclusão: a competência para análise da causa é da Justiça Federal. (...)”

4. Com base nessas mesmas razões, reconheço a configuração de litisconsórcio passivo necessário entre a CAIXAECONÔMICA FEDERAL e a CAIXA SEGUROS S.A.

5. A sentença proferida é ineficaz, a teor do disposto no artigo 47 do CPC.

6. RECURSO PROVIDO para ANULAR a sentença. Os autos deverão retornar ao Juízo a quo, a fim de que o autorseja INTIMADO a PROMOVER A CITAÇÃO da CAIXA SEGURADORA S.A., sob pena de, não o fazendo, o processo serextinto sem julgamento do mérito, nos termos do parágrafo único do art. 47 do CPC.

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Sem honorários e sem custas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

87 - 0004685-25.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004685-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS.) x JOÃO LOPES DE MELO SOBRINHO (ADVOGADO: JOAOFELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).Autos n.º 0004685-25.2009.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

SFH – DEMORA NA EXPEDIÇÃO DO INSTRUMENTO PARTICULAR DE AUTORIZAÇÃO DE CANCELAMENTO DEHIPOTECA – DANO MORAL CONFIGURADO, CONFORME ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL PREDOMINANTE –RECURSO DA CAIXA IMPROVIDO.

1. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que a condenou a pagaraos autores R$3.000,00 a título de indenização por dano moral decorrente da demora na liberação do instrumento particularhábil a liberar a hipoteca que gravava os imóveis dos autores.

No curso da ação o instrumento foi expedido (Fl. 89/91).

A CAIXA alegou em seu RECURSO: que os autores foram beneficiados porque “... contrato que não tinha os requisitos parao FCVS, mas fio assim contratado, o que era inadmissível perante o referido fundo.” (fl. 120); que esse equívoco da CAIXAbeneficiou os autores, visto que “... o imóvel dos mesmos não foi quitado, pois o FCVS não cobriu quaisquer parcelas,deixadas em aberto pelos autores.”, e que a ela mesma (CAIXA) optou por “absorver o prejuízo, sem onerar os mutuários.”(Fl. 121). Também afirmou que os fatos não foram danosos; e que o valor arbitrado foi desproporcional.

2. Não me cabe aqui discutir se o contrato dos autores fazia ou não jus à cobertura pelo FCVS.

Pela argumentação da CAIXA, esse contrato não poderia ter cobertura do FCVS mas, equivocadamente, essa coberturadele constou. Então, ao que me parece, muito provavelmente sucedeu o seguinte: quando restou um saldo devedor, oFCVS recusou-se a pagá-lo, o que ocasionou a demora na resolução do problema, de modo que, ao fim e ao cabo, aCAIXA, premida pela circunstância de haver sido acionada judicialmente, deliberou ela mesma pagar o saldo devedor.

Essa conclusão resta evidente ao ler-se o teor do e-mail que consta nas fls. 97/98, enviado por três funcionários da CAIXAlotados no GICOT/VT, onde consta o seguinte:

1. Após liquidação do contrato o mesmo foi enviado a GIREV/RJ (antiga responsável pela Lib. Hipoteca), paraliberação da hipoteca, a qual não o fez, prestando a seguinte informação: “... por se tratar de contrato que perdeu acobertura do FCVS por se tratar de contrato que foi revendido pela CAIXA ao atual mutuário em 20/07/1994 portanto emdata posterior à data limite permitida pelo FCVS: 24/10/1993. Em função da informação citada ficamos impedidos de emitiro ofício de baixa de hipoteca.”

Não posso imputar aos autores culpa pela confusão ocorrida. Se se contratou, ainda que equivocadamente, cobertura dosaldo devedor pelo FCVS, essa cobertura tinha de ser de pronto efetivada se, ao final, restasse saldo devedor.

3. Conforme entendimento jurisprudencial dominante no TRF da 2ª Região, a excessiva demora na liberação doinstrumento apto a cancelar a hipoteca gera direito a uma reparação por dano moral. Nesse sentido, transcrevo osseguintes julgados:

PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. LEGITIMIDADE DA CEF. OFERECIDA PROPOSTA DEQUITAÇÃO CONTRATUAL. PAGAMENTO. BAIXA NA HIPOTECA NÃO EFETUADA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.MULTA POR DESCUMPRIMENTO. DANO MORAL. VALOR REDUZIDO. 1. A questão envolve a declaração de quitaçãototal de financiamento contratual para aquisição de imóvel e consequente liberação da hipoteca que incide sobre o mesmo,sob a alegação de que a obrigação já foi liquidada. 2. Nas causas sobre os contratos do SFH com cláusula do FCVS, com aextinção do BNH, a competência para gerir o Fundo passou à CEF, que tem legitimidade para integrar o polo passivo dademanda, afastada a legitimidade da União Federal. 3. Hipótese na qual o mutuário recebeu uma protosta de liquidação dosaldo devedor do imóvel, oferecendo descontos vantajosos de 30% ou 40% ou 50%, para aqueles que tivessem coberturapelo FCVS, sendo efetuado pagamento no valor de R$ 22.145,13 (vinte e dois mil, cento e quarenta e cinco reais e trezecentavos), como forma de liquidação antecipada do financiamento, em abril de 1998. Entretanto, mesmo passados mais deum ano e meio da efetiva da quitação do financiamento, ainda não havia sido dado baixa na hipoteca. 4. No final do ano de1999, a CEF enviou uma cobrança por atraso da primeira prestação vencida e não paga, relativa ao mês de abril de 1998,fixando prazo de vinte dias para cumprimento, sob pena de execução da dívida. Posteriormente, houve a comunicação de

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negativação do nome do mutuário nos cadastros de proteção de crédito. 5. A quitação não se deu por força do FCVS, comopretendeu fazer supor a ora apelante, mas através de quitação antecipada do contrato, possibilitada através de propostaofertada pela CEF, aos que possuiam contratos com cobertura pelo FCVS, como no caso do mutuário, sendo-lhe devida adeclaração de quitação e baixa no gravame. 6. A alegação de duplicidade de financiamentos em sede de apelação "jusnovorum" é descabida, considerando que a CEF não trouxe essa matéria em contestação e não houve debate no juízo aquo, em momento algum. 7. A determinação de cumprimento do julgado no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de multafixada em R$ 50,00 (cinquenta reais) por dia revela-se como escorreita, eis que a ora apelante recusa-se a cumprir oacordo fechado com o mutuário, há mais de um ano e meio, e o valor tem finalidade de cumprimento da decisão judicial. 8.Diante do pagamento da dívida em 1998, incumbia à CEF o dever de expedir o ofício necessário à averbação no Registrode Imóveis da quitação do contrato e cancelamento da hipoteca, sendo certo que, ante a multiplicidade de financiamentoshabitacionais concedidos, certa demora em tal procedimento é compreensível. 9. O transcurso de mais de um ano parafinalizar a expedição do ofício não se mostra aceitável, tornando imperativo constatar o nexo de causalidade entre aconduta da CEF e o dano causado ao apelando no sentido da demora suportada para obterem uma resposta da CEF. 10.Diante da responsabilidade civil contratual, o apelando faz jus à indenização a título de danos morais, cuja definição pormeio da noção de sentimento humano (dor, vexame, humilhação, ou constrangimento) é inadequada, sob pena de seconfundir o dano com a sua (eventual) consequência. 11. Apelação conhecida e parcialmente provida, para reformar, emparte, a sentença, condenando a CEF a pagar a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de indenização por danosmorais, cujo valor será acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, desde a citação, e até a data do efetivocumprimento da obrigação, além de correção monetária.(TRF da 2ª Região – 6ª Turma - AC 200051010021241 - APELAÇÃO CIVEL – 553335 – Relator Desembargador FederalGUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA. Fonte E-DJF2R - Data::03/09/2012 - Página::285/286)

CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. QUITAÇÃO DA DÍVIDA. DEMORA NO PROCEDIMENTO DE QUITAÇÃODO CONTRATO. RESPONSABILIDADE CIVIL DA CAIXA. DANO MATERIAL NÃO COMPROVADO. DANO MORALCONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. RAZOABILIDADE. DESCABIMENTO DE MULTA DIÁRIA ANTEEVENTUAL DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 461 DO CPC. 1. É objetiva aresponsabilidade contratual dos bancos, fundada na teoria do risco do empreendimento, segundo a qual todo aquele que sedispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços, tem o dever de responder pelos fatos evícios resultantes do empreendimento independentemente de culpa, sendo cabível, desse modo, a indenização dos seusclientes. inteligência dos artigos 3º, § 2º e 14, do CDC. 2. Consoante o Código de Defesa do Consumidor, o cliente dainstituição financeira é a parte mais fraca da relação de consumo. Logo, cabe ao banco elidir sua responsabilidade civil,comprovando que o fato alegado decorreu de culpa do cliente, força maior ou caso fortuito (art. 14, § 3º, do CDC). 3. Incasu, resta comprovado o nexo de causalidade entre a demora da CEF na liberação da hipoteca incidente sobre o imóvel,adquirido através de contrato de financiamento firmado pelas partes e os danos morais sofridos pelo Autor . 4. O Autor nãose desincumbiu do ônus de provar o fato constitutivo do seu direito, nos termos do artigo 333, I, do Código de ProcessoCivil, no que tange aos danos materiais supostamente sofridos. 5. O valor ora fixado em R$ 3.000,00 (três mil reais), a títulode danos morais, não propicia o enriquecimento ilícito do Autor e fica em sintonia com a realidade de demandas similaresexaminadas por este Tribunal. 6. Descabimento de multa diária ante eventual descumprimento da sentença recorrida.Incidência do disposto no artigo 461, caput, parte final, do CPC. 7. Afastada a sucumbência recíproca, uma vez que a CEFdecaiu em parte mínimo do pedido. 8. Apelação parcialmente provida, para condenar a CEF a pagar a quantia de R$3.000,00 (três mil reais), a título de indenização por danos morais, acrescida de juros e correção monetária, a seremcalculados de acordo com os termos da Resolução 134/2010-JF até o dia 29/06/2009 e, a partir de 30/06/2009, segundo odisposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/97, além dos honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação.Data da Decisão(TRF da 2ª Região – 5ª Turma - AC 200551510032304 - APELAÇÃO CIVEL – 399881. Relator Desembargador FederalALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES. Fonte E-DJF2R - Data::21/05/2013)

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. DEMORAINJUSTIFICADA NA LIBERAÇÃO DE HIPOTECA. DEPURAÇÃO DO CONTRATO. INOVAÇÃO EM SEDE RECURSAL.DANO MATERIAL E MORAL CONFIGURADOS. DEVER DE INDENIZAR. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REDUÇÃO.PROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO. 1. É objetiva a responsabilidade contratual dos bancos, fundada na teoria dorisco do empreendimento, segundo a qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimentode bens e serviços, tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento independentemente deculpa, sendo cabível, desse modo, a indenização dos seus clientes. inteligência dos artigos 3º, § 2º e 14, do CDC. 2.Consoante o Código de Defesa do Consumidor, o cliente da instituição financeira é a parte mais fraca da relação deconsumo. Logo, cabe ao banco elidir sua responsabilidade civil, comprovando que o fato alegado decorreu de culpa docliente, força maior ou caso fortuito (art. 14, § 3º, do CDC). 3. In casu, resta comprovado o nexo de causalidade entre ademora da CEF na liberação da hipoteca incidente sobre o imóvel, adquirido através de contrato de financiamento firmadocom a extinta empresa DELFIN RIO S/A - CRÉDITO IMOBILIÁRIO e os danos morais e materiais sofridos pelo Autor. 4. Naquestão da depuração do contrato, a CEF inovou na apelação, razão pela qual não se conhece dessa parte do apelo, naforma do artigo 264, parágrafo único, do Código de Processo Civil. 5. A caução de crédito hipotecário pela Delfin Rio S/Aem favor da CEF não é óbice à liberação da hipoteca do imóvel de mutuário que tenha comprovado a quitação de seufinanciamento, uma vez que ele não participou da referida relação e não pode ser penalizado por débito de terceiro. 6. Naconcepção moderna de reparação de dano moral prevalece a orientação de que a responsabilização do agente se operapor força de simples fato de violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo em concreto. Precedente doSTJ e deste Tribunal. 7. A indenização, a título de danos materiais, fixada na sentença, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil

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reais), é coerente com o efetivo prejuízo do Autor, o qual foi obrigado a restituir, em dobro, o sinal adiantado pelo promitentecomprador do imóvel, o que implica em restrição indevida ao direito de alienação do imóvel. 8. A indenização, a título dedanos morais, fixada na sentença, no valor de R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais), encontra-se acima do razoável, edeve ser reduzida para o patamar de R$ 3.000,00 (três mil reais), que não propicia o enriquecimento ilícito do Autor e ficaem sintonia com a realidade de demandas similares examinadas por este Tribunal. 9. Apelação parcialmente provida naparte conhecida, para reduzir o valor da indenização, a título de danos morais, para R$ 3.000,00 (três mil reais).(TRF da 2ª Região – 5ª Turma - AC 200351010266366 - APELAÇÃO CIVEL – 396587. Relator Desembargador FederalALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES. Fonte E-DJF2R - Data::10/05/2013)

4. À luz dos precedentes transcritos, o valor arbitrado na sentença é razoável.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso da CAIXA.

Condeno a CAIXA nas custas e no pagamento de honorários advocatícios no montante de 10% do valor da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

88 - 0002598-96.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002598-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ALESSANDRAGARCIA DOS SANTOS (ADVOGADO: ANCELMA PENHA BERNARDOS.).PROCESSO: 0002598-96.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002598-7/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão dobenefício assistencial de prestação continuada. O recurso da autarquia cinge-se a atacar a concessão de benefícioassistencial a membro de família com renda per capita superior a ¼ do salário mínimo, especialmente após o julgamento daADI 1232/DF que considerou tal critério constitucional. Sustenta que fugir ao critério da renda, como pretende a parteautora, levaria o magistrado a investir-se na função de legislador positivo. Alega violação ao art. 20, caput e § 3º da Lei nº8.742/93.

A flexibilização do critério objetivo previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742/93 foi analisada pelo Supremo Tribunal Federal nojulgamento do RE 567.985, objeto de repercussão geral. No voto do Pretório Excelso foi combatida a decisão tomada naADI 1232/DF, até então alvo de inúmeras reclamações por descumprimento. Ressaltou o Supremo que houve um processode inconstitucionalização do referido item impugnado diante de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outrosbenefícios assistenciais, tais como o Programa Nacional de Acesso à Alimentação, o Bolsa Família e o Bolsa Escola). Emvirtude destas alterações, o que era constitucional tornou-se inconstitucional, permitindo a declaração parcial deinconstitucionalidade, sem pronúncia de nulidade, do texto impugnado.

Diante disso, como a lei permaneceu inalterada, fixou-se o entendimento de que o critério objetivo deveria ser interpretadodentro da situação concreta apresentada para o magistrado, a fim de se avaliar o real estado de miserabilidade social dasfamílias.

Como o recurso do INSS impugna tão somente tal critério, requerendo a aplicação do entendimento firmado na ADI1232-1/DF – superado pela decisão no RE 567.985 – entendo que seu recurso deve ser desprovido. In casu, o magistradoagiu com acerto aplicando a lei à situação concreta, em flagrante consonância com os princípios da dignidade humana,solidariedade e assistência aos desamparados.

Recurso do INSS CONHECIDO E IMPROVIDO por encontrar-se a sentença subsumida ao entendimento externado peloSTF em sede de repercussão geral.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

89 - 0010559-59.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010559-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVANILTON RUFINO DEJESUS (ADVOGADO: TAÍS MARIA ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCIA RIBEIRO PAIVA.).

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Autos n.º 0010559-59.2007.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – PRESCRIÇÃO – MENOR –- RECURSO PROVIDO EM PARTE.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que condenou o INSS a revisar a RMI dobenefício do autor, com a aplicação, sobre os salário-de-contribuição anteriores a março de 1994, do percentual de 39,57%(IRSM).

Em seu RECURSO, a parte autora afirma que discordava da incidência da prescrição qüinqüenal, tendo em vista ser menorde idade (nascido em 20/07/1992).

2. O autor recebe pensão por morte previdenciária com DIB fixada em 08/03/2004 (fl. 13), derivada deaposentadoria por invalidez com DIB em 01/01/1997 (cf. extrato Plenus, fl. 26).

A ação foi proposta em novembro de 2007, quando o autor contava com 15 anos de idade.

A sentença determinou a incidência da súmula 85 do STJ, ou seja, excluiu da condenação as parcelas vencidas antes decinco anos da propositura da ação (fl. 66).

O recurso deve ser parcialmente provido.

Tratando-se de menores, contra eles não correm os efeitos da prescrição. Nestes termos dispõe a Lei de Benefícios, emseu artigo 79, verbis: “Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, naforma da lei.”

Contudo, ao ocorrer a transmissão da herança, os sucessores (menores ou não) recebem os direitos e obrigações dofalecido com todas as qualidades e eventuais vícios. Como é evidente, ninguém pode transferir mais direitos do que possui.Por conseguinte, ainda que a prescrição não corra contra o pensionista incapaz, ela corria em face de seu pai quando esteera vivo. Se houve prescrição de diferenças atrasadas para o pai do autor e instituidor da pensão, esses valores prescritos,que o pai do autor não poderia receber se vivo fosse – porque prescritos – também não podem ser recebidos pelo filhoapós o falecimento daquele.

Trata-se de mera aplicação do princípio segundo o qual ninguém pode transferir mais direitos do que possui.

O pai do autor faleceu em 08/03/2004, visto que essa é a data em que cessou o pagamento (DCB) da aposentadoria porinvalidez e a mesma data do início da pensão por morte (cf. fl. 26 e fl. 13).

Se o pai do autor faleceu em 08/03/2004, nessa data estavam prescritas as diferenças anteriores a 08/03/1999 (súmula 85,STJ e parágrafo único do artigo 103 da Lei 8.213/91).

Ou seja: em 08/03/2004, se o pai do autor não tinha direito a cobrar diferenças anteriores a 08/03/1999, seu filho, aoreceber a herança, também não podia cobrar diferenças anteriores à mencionada data.

A ação foi proposta em novembro de 2007; por incidência do artigo 79 da Lei 8.213/91 e do princípio segundo o qualninguém pode transferir mais direitos do que possui, o autor tem direito a receber todas as diferenças devidas desde a DIBde sua pensão por morte, bem como as diferenças devidas no benefício de aposentadoria por invalidez de seu pai desde08/03/1999, ou seja, no período anterior a cinco anos da data do falecimento de seu pai.

Inexiste o direito de crédito de receber diferenças anteriores a essa data (08/03/99) porque o autor não recebeu esse direitoquando a sucessão foi aberta.

Registro que, pelo que há nos autos, o autor é único sucessor (fl. 38).

4. Recurso PARCIALMENTE PROVIDO, condenando-se o INSS a revisar a RMI do benefício do pai do autor (NB1044511564) e do autor (NB 133865986-0, fl.37), com a aplicação, sobre os salário-de-contribuição anteriores a março de1994, do percentual de 39,57% (IRSM), sendo que a condenação abarca todas as diferenças devidas a partir de08/03/1999.

Sem custas e sem honorários.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

90 - 0001760-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001760-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x SCHMAR BALTAZAR(ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE, ANA MERCEDES MILANEZ, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOSSANTOS.) x OS MESMOS.Autos n.º 0001760-56.2009.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ALUNO-APRENDIZ NO PERÍODO ENTRE 01/03/1962 E 31/12/1965 – SENTENÇA PROFERIDA DEACORDO COM ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA TNU PELA SÚMULA 18 E NO JULGAMENTO DO PEDILEF2006.50.50.006245-4 – AGENTES RUÍDO E POEIRA – LAUDOS TÉCNICOS NÃO DATADOS E DESACOMPANHADOSDE HISTOGRAMA QUANTO AO RUÍDO – EXPOSIÇÃO AO AGENTE POEIRA DE TERRA NÃO CARACTERIZA DIREITOÀ APOSENTADORIA ESPECIAL – RECURSOS IMPROVIDOS.

1. O INSS e o autor interpuseram RECURSOS INOMINADOS contra a sentença que, julgando o pedidoparcialmente procedente, condenou o INSS a averbar o tempo de contribuição referente ao período de 01/03/1962 a31/12/1965 (período no qual o autor laborou como aluno-aprendiz); a revisar a renda mensal inicial da aposentadoria portempo de contribuição NB 100.335.541-0, com efeitos retroativos à data de início, do benefício, respeitada a prescriçãoqüinqüenal; e também a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestações mensais pagas desde20/02/2004.

A sentença também julgou improcedente o pedido de declaração de atividade especial nosperíodos de 19/05/1971 a 11/06/1973, 21/06/1973 a 18/12/1973 e 28/01/1976 a 23/08/1976.

Em seu recurso, alegou o INSS que: (i) com o advento da Lei nº 3.552/59, o principal requisito que passou a ensejar aaverbação do tempo de serviço prestado na qualidade de aluno-aprendiz, após a vigência do decreto-lei nº 4.073/42, foi acontraprestação pecuniária pelos serviços prestados; (ii) após o término da vigência do Decreto-lei nº 4.073/42 é necessárioque a prova encerre a certeza cristalina de que houve contraprestação pecuniária pelos serviços prestados; (iii) não tendo ointeressado obtido êxito em comprovar a existência de vínculo empregatício com o estabelecimento de ensino, nem orecebimento de contraprestação pecuniária pelos serviços prestados , nem de ter estudado em estabelecimento de ensinoenquadrado nas hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto 2.173/97, não há como se julgar procedente o pedido.

Já o autor, em seu recurso, irresignou-se contra o não-reconhecimento dos períodos de 19/05/1971 a 11/06/1973,21/06/1973 a 18/12/1973 e 28/01/1976 a 23/08/1976 como tendo sido laborados em condições especiais

Alegou o autor que estava sujeito ao agente nocivo poeira mineral; que esse agente está enquadrado no Código 1.2.10 doQuadro anexo ao Decreto nº53.831/64 e no Código 1.2.12 do Quadro anexo ao Decreto nº 83.080, de 24/01/79. Afirmouque “Restou claramente comprovado através dos DISES de fls. 46, 47 e 48 que o Autor, ora Recorrente ficava exposto aPOEIRA DE MINÉRIO.” Requereu a reforma da sentença, “... no que tange a improcedência da condenação do INSS aconverter os períodos de 19/05/71 a 11/06/73, de 21/06/73 a 18/12/73 e de 28/01/76 a 23/08/76 trabalhados peloRecorrente em condições agressivas, nocivas e perigosas à saúde na empresa Carioca Christiani Nielsen Engenharia S/A,exposto aos agentes nocivos poeira de minério, ruído, cal em pó, a fim de revisão de sua aposentadoria.” (fl. 142/143).

2. Recurso do INSS.

No que refere ao tempo laborado como aluno-aprendiz, a sentença deve ser mantida por seus fundamentos, visto que estáde acordo com o entendimento consolidado na TNU, seja pelo enunciado 18 da súmula da jurisprudência dominantedaquela Corte, seja pelo que se fixou no julgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (PEDILEF)nº 2006.50.50.006245-4 (julgado em 06/09/11).

Vejamos.

O enunciado 18 da TNU tem a seguinte dicção: “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebiaremuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode sercomputado para fins de aposentadoria previdenciária.”

Confirmando a diretriz assumida no enunciado 18, a TNU julgou o PEDILEF nº2006.50.50.006245-4, cuja ementa restouassim lavrada:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO- ADMINISTRATIVO. ALUNO APRENDIZ. CÔMPUTOTEMPO DE SERVIÇO DE ESCOLA TÉCNICA FEDERAL PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS. AUSÊNCIA DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL. COMPROVADA CONTRAPRESTAÇÃO INDIRETA. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Acórdão recorrido reformou em parte a sentença de primeiro grau para não reconhecer período comoaluno-aprendiz, em razão de suposta falta de contraprestação do trabalho.2. Há nos autos documentos que comprovam a remuneração indireta no período em que o autor foialuno-aprendiz de escola agrotécnica, eis que recebeu alimentação, pousada e assistência médico-odontológica, à custada União.

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3. Jurisprudência consolidada no STJ e nesta TNU (Súmula 18) acerca da possibilidade de cômputo do tempocomo aluno-aprendiz, para fins previdenciários, se comprovada remuneração, ainda que de forma indireta.4. Pedido conhecido e provido, com a determinação de devolução dos recursos com mesmo objeto às Turmas deorigem a fim de que, nos termos do art. 15, §§ 1º e 3º, do RI/TNU, mantenham ou promovam a adequação da decisãorecorrida.(TNU, PEDILEF nº 2006.50.50.006245-4, julgado em 06/09/11).

Enfim, à luz da jurisprudência, para que o aluno-aprendiz possa computar o tempo em que laborou nessa condição comotempo de serviço, é necessário que tenha havido remuneração, ainda que indireta; e esse fato tem de restar comprovado.

O INSS afirmou que não houve tal comprovação.

Não obstante, a sentença demonstrou que havia remuneração (ainda que indireta) e que esse fato foi comprovado pelo teorde uma certidão acostada aos autos. Eis o que afirmou a sentença a respeito desse ponto:

“... Quanto à onerosidade, está expressamente comprovada pela certidão, quando atesta que “os alunos dos CursosIndustriais Básicos realizavam, nas oficinas desta Escola, trabalhos sob encomendas de terceiros e a despesa com opagamento de mão-de-obra dos referidos alunos aprendizes era realizada à conta de recursos consignados anualmente noOrçamento da União, de conformidade com o artº 5º, do Decreto-lei nº 8.590, de 08 de janeiro de 1946. A partir de fevereirode 1959, com a vigência da Lei 3.552, de 16.02.59, a mão-de-obra dos alunos passou a ser remunerada com o pagamentodas encomendas de conformidade com o art. 32 e parágrafo único da supracitada Lei e não mais à conta da União”. ... (fls.121/122).

A certidão a que se refere a sentença foi emitida pelo Ministério da Educação em 28/06/1993 e consta na fl. 42. Pelo teordos documentos que lhe antecedem, denota-se que a referida certidão fora regularmente anexada, pelo autor, norequerimento administrativo que formulara perante o INSS.

O teor da certidão evidencia a existência de remuneração indireta. Trata-se de certidão emitida por órgão da União, ou seja,documento público, de modo que se deve presumir a veracidade do que nela consta.

Em conclusão: o recurso do INSS deve ser improvido.

3. Recurso do autor.

3.1. Embora na causa de pedir recursal o autor tenha se referido apenas aos agentes poeira de minério e cal em pó,no pedido recursal referiu-se também ao agente ruído. A sentença analisou a sujeição ao ruído e à poeira. Não se analisousujeição a cal em pó, mas esse agente nocivo não foi mencionado na causa de pedir veiculada na inicial.

À luz desse contexto, os agentes nocivos que devem ser avaliados como geradores ou não da caracterização da atividadeespecial são, apenas, poeira de minério e ruído.

3.2. Agente ruído.

Como bem anotou o Juízo a quo, o agente ruído não pode, no caso concreto, caracterizar a atividade como especial, vistoque inexistia laudo técnico. Eis a fundamentação da sentença a respeito desse ponto:

“O ruído é agente nocivo quantitativo (e não qualitativo), ou seja, só configura condição especial de trabalho quandoultrapassa o limite de tolerância. Somente um perito pode, para tanto, medir tecnicamente o nível de ruído. Por isso é queos laudos técnicos sempre foram necessários para permitir o enquadramento por exposição ao ruído, mesmo antes da MP1.523/96 (publicada em 14.10.96 e convertida na Lei nº 9.528/97), que instituiu a exigência de laudo técnico. Ocorre que osformulários DSS-8030 atestam que a empresa não dispunha de laudo técnico (fls.40/48). Logo, o enquadramento noCódigo 1.1.6 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64 é inviável. ...” (fl. 122)

Contudo, analisando os documentos anexados à inicial, percebo que o autor anexou laudos periciais, na sequenciaimediatamente posterior às folhas que contém os formulários anexados relativamente a cada período referido na inicial(formulários Dises-BE 5235 e DSS-8030).

É o que se infere do teor de fls. 51/52, 54/55, 57/58, 60/61 etc. Ali há vários laudos técnicos, todos subscritos pelo mesmoengenheiro de segurança do trabalho. Nos dois primeiros laudos consta a seguinte informação: “considerando que nãoforam feitas medições de ruído nas frentes de trabalho na época de construção e operação, avaliou-se algunsequipamentos utilizados em construção civil e montagens industriais, para estabelecimento dos níveis de ruído a queestavam expostos os empregados da Montreal Engenharia S/A naquela época.”

A teor dessa informação, depreende-se que os dois primeiros laudos são extemporâneos. Ou seja, foram realizados após oencerramento dos períodos laborativos a que se referem.

Ocorre que nenhum dos laudos indica a data em que foi lavrado.

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À luz desse contexto, em especial tendo em vista que após 11/10/2001 há exigência normativa a respeito da apresentaçãode memória escrita das medições de ruído (histograma), o que se deu por força do art. 173, III, da Instrução NormativaINSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, parece-me inviável aceitar tais laudos técnicos, uma vez que neles não háhistograma.

Em face do exposto e por fundamento diverso do adotado pelo Juízo a quo, entendo inviável reconhecer, no caso concreto,a nocividade relativamente ao agente ruído no que refere aos períodos de trabalho que são objeto da lide.

3.3. Agente poeira de minério.

No que refere a esse agente, eis a fundamentação da sentença:

“A poeira só era considerada agressiva quando composta de agentes químicos como sílica, silicatos, carvão ou amianto,enfim, partículas minerais cientificamente provadas como idôneas a infundir debilitação da saúde. O item 1.2.12 do Anexo Ido Decreto nº 83.080/79 é elucidativo a respeito. A poeira comum de terra não é, a princípio, fator físico que justifique aaposentadoria especial.” (fl. 122).

Os formulários de fls. 47 a 50 e 53 referem-se, simplesmente, ao agente “poeira” ou “poeira de obra”.

À luz desse contexto, nesse ponto concordo integralmente com o Juízo a quo.

4. Conclusão.

NEGO PROVIMENTO aos recursos inominados. Sem custas e sem honorários advocatícios.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91 - 0004500-84.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004500-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x BARTOLOMEU LOPES DA SILVA.Autos n.º 0004500-84.2009.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

1. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CAIXA) interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que a condenoua pagar à parte autora três (3) parcelas de R$ 40,00, relativos a depósitos feitos, a título de FGTS, pela empresa em que aparte autora trabalhava. Os depósitos são relativos aos meses de março a maio de 2004.

Alegou a recorrente o que segue:

“As competências de março, abril e maio de 2004 foram recolhidas pela Empresa GRUPO TAVARES SANTOS DESERVIÇOS ESPECIAIS DE VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA., mas estão pendentes de individualização peloEmpregador.Ao Empregador cabe a prestação de todas as informações necessárias em relação ao empregados a serem contempladoscomo os recolhimentos do FGTS para que ocorra a individualização nas contas vinculadas de cada empregado,encaminhando os arquivos das competências em questão.A Caixa, no presente caso, limita-se a processar os recolhimentos efetuados, individualizando os valores, desde que osarquivos enviados estejam corretamente validados e estritamente de acordo as guias pagas.Não cabe a condenação da Caixa em ações judiciais referentes a irregularidade causadas pelos empregadores no que serefere a recolhimentos de arrecadação de FGTS, uma vez que cabe ao empregador efetuar os recolhimentos e encaminharcorretamente as respectivas individualizações para regularização.Percebe-se que a Caixa é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da presente demanda, uma vez que se trata de típicarelação de trabalho a ser dirimida pela Justiça do Trabalho, onde são partes legítimas BARTOLOMEU LOPES DA SILVA eGRUPO TAVARES DE SERVIÇOS DE VIGILÊNCIA.A CAIXA, enquanto Agente Operador do FGTS, não se obsta à liberação das contas vinculadas –ADMINISTRATIVAMENTE. No entanto, os sacadores devem estar enquadrados em hipótese de saque, conforme artigo 20da Lei 8036/90, de 11/05/1990, apresentando para tanto, a documentação comprobatória....”

É o relatório.

2. A CAIXA é agente operador do FGTS. Reparo que, não obstante a empresa que empregava o autor-recorridonão ter individualizado os valores (especificado a quais fundistas pertenciam), o fato é que a referida empresa efetivouregularmente os depósitos fundiários no período de março a maio de 2004. Tal afirmação consta no recurso da CAIXA.

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A CAIXA não alegou insuficiência do valor depositado; ou que o valor depositado nesses três meses fosse muito inferior aoque fora depositado no trimestre anterior, evento que sugeriria um provável depósito a menor. Aparentemente, pelo queconsta do recurso, apenas não houve a individualização dos depósitos. Dentro desse contexto, inexistindo demonstração deque o sujeito passivo não arcou com o pagamento integral do tributo, não vejo como negar ao autor o direito ao saque dastrês referidas parcelas apenas pelo fato de que terceira pessoa (o sujeito passivo da exação tributária, qual seja, seuempregador) não cumprira obrigação tributária acessória (individualização dos depósitos).

Em suma, a sentença deve ser mantida por seus fundamentos.

3. NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Sem custas e sem honorários, visto que o autor não constituiu advogado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

92 - 0001700-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001700-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ATIARA MIRANDA MARIANO(ADVOGADO: TATIANA DOS SANTOS MIRANDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0001700-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001700-0/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 38/39, que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razõesrecursais, que mesmo possuindo mais de 21 anos de idade, está cursando universidade e ainda depende do benefício paraconseguir completar seus estudos, pois não consegue prover seu próprio sustento. Requer, diante disso, que o benefícioseja percebido até o término da formação acadêmica ou do alcance da idade limite de 24 (vinte e quatro) anos. Por talmotivo, requer a reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Conforme disposto no inciso I do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, o benefício de pensão por morte é devida para ofilho do segurado, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, não ampliando tal benefício para estudantes universitários.Assim sendo, o direito ao benefício de pensão por morte cessa quando o beneficiário completa 21 (vinte e um) anos deidade, salvo se for inválido, não havendo relevância o fato de ser estudante universitário, motivo pelo qual não existeprevisão legal de percepção da pensão vindicada.

Nesse sentido, o enunciado nº 30 dessa Turma Recursal dispõe que:

O fato do dependente do segurado falecido ser estudante universitário, não autoriza a prorrogação da pensão por morte atéos 24 anos de idade, levando-se em conta que, após esta data, há a possibilidade de prosseguimento dos estudosconcomitantemente ao desenvolvimento de atividades laborativas. Ademais, não se aplica na hipótese a regra prevista noart. 35, § 1º da Lei 9.250/95, tendo em vista que a norma se refere especificamente ao Imposto de Renda. (DIO - Boletimda Justiça Federal, 04/04/06, pág. 48).

Do mesmo modo, a Turma Nacional de Uniformização editou súmula de nº 37, na qual declara que “a pensão por morte,devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário”.

Segue, ainda, entendimento recente do Superior Tribunal de Justiça a respeito do tema:ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃOPOR MORTE. FILHO NÃO-INVÁLIDO. ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DA PRORROGAÇÃO DOBENEFÍCIO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Ajurisprudência do STJ já firmou o entendimento de que a pensão por morte é devida ao filho menor de 21 anos ou inválido,não sendo possível, em face da ausência de previsão legal, a prorrogação do recebimento desse benefício até os 24 anos,ainda que o beneficiário seja estudante universitário. 2. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no AREsp 68.457/DF, Rel.Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/08/2013, DJe 22/08/2013).Diante do exposto, de acordo com a legislação vigente, ao completar 21 (vinte e um) anos, a beneficiária perde a qualidadede dependente, não havendo que se cogitar a hipótese de extensão do benefício até que complete 24 (vinte e quatro) anosde idade ou até a conclusão de curso superior, por não possuir condições de prover seu sustento. Do mesmo modo, não hálacuna hábil a permitir interpretação diversa ou extensão para situações peculiares.

3. Pedido recursal alheio ao objeto da lide.

Em sua peça recursal, a recorrente requer a suspensão da exigibilidade do débito referente a 03 (três) meses de concessãodo benefício de pensão por morte, no valor de R$ 1.430,00 (hum mil e quatrocentos e trinta reais), auferidos após a data emque completou 21 (vinte e um) anos de idade, por erro administrativo. Verifico que a autora foi notificada em 12/12/2009,após o ajuizamento da presente ação, motivo pelo qual tal pedido não constou na peça inicial.

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A apreciação de tal pedido nesse momento extrapola os limites objetivos da lide, na qual se discute apenas a manutençãoda pensão por morte.

A análise da inexigibilidade de devolução do valor auferido indevidamente deve ocorrer em ação própria.

No que refere a esse pedido, NÃO CONHEÇO do recurso.

4. Recurso parcialmente conhecido; e, no que refere à parcela conhecida, IMPROVIDO.

Sentença mantida. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária daassistência judiciária gratuita (fl. 28).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

93 - 0000528-34.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000528-7/01) DELSON ASSIS CAZZELLI (ADVOGADO: MARIAAPARECIDA LILA DASSIE, RODRIGO PANETO.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVESTUMOLI, RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO.).PROCESSO: 0000528-34.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000528-7/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – ÍNDICES DE JANEIRO/1989 E ABRIL/1990 - COISA JULGADA EM AÇÃOCOLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁ RESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DEAGIR – DEMAIS ÍNDICES EXPURGADOS POR PLANOS ECONÔMICOS – SÚMULA 252 DO STJ – IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista a ausênciade requerimento administrativo prévio e considerando que a CEF iniciou, em 24/10/2005, procedimento de habilitaçãoadministrativa, com o objetivo de oferecer a todos os trabalhadores que possuíam contas vinculadas no Estado do EspíritoSanto, na época dos expurgos, o recebimento dos créditos devidos. Alega o recorrente que ação objetiva o creditamento naconta vinculada dos valores integrais e sem o deságio oferecido pela LC 110/2001 das correções relativas aos planos Verãoe Collor I, sendo que a habilitação administrativa o obrigaria a se sujeitar ao deságio e prazo de parcelamento.Esta Turma Recursal tem mantido sentenças de extinção sem resolução do mérito em casos análogos, fundamentadas nofato de que, atualmente, as diferenças oriundas dos expurgos inflacionários (referentes aos meses de janeiro de 1989 eabril 1990) calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidas administrativamente, mediante requerimento à própriaCEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC 110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Ressalte-se que, em juízo rescisório (Ação Rescisória nº 2001.02.01.031234-1), restou excluída da condenação da referidaação civil pública a aplicação dos índices de junho/87, março/90, maio/90 e fevereiro/91, não havendo que se falar emausência de interesse de agir quanto a tais índices. Conquanto o autor tenha sustentado, em seu recurso, o direito aosíndices relativos a junho/87, maio/90 e fevereiro/91 (fls. 85/86), o pedido inicial diz respeito apenas aos planos Verão eCollor I (fl. 04). A despeito disso, entendo oportuno esclarecer, quanto aos expurgos dos demais planos econômicos, o quesegue.O Supremo Tribunal Federal, pelo seu tribunal pleno, fixou o entendimento de que não há direito adquirido aos índicesexpurgados pelos planos econômicos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio/1990) e Collor II na atualização dos saldosdo FGTS (RE 226.855, rel. Min. Moreira Alves, DJ 13-10-2000, p. 00020). Quanto à atualização dos saldos do FGTSrelativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), entendeu o STF não haver questãode direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. Em facedisso, o Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, editou a Súmula 252, verbis: "Os saldos das contas do FGTS, pelalegislação infraconstitucional, são corrigidos em 42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quantoàs de abril de 1990, acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987, 5,38% (BTN) paramaio de 1990 e 7,00% (TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-7/RS)."Os índices referidos na Súmula 252, relativos a junho de 1987, maio de 1990 e fevereiro de 1991 são aqueles já aplicadospelo órgão gestor do FGTS às contas vinculadas, conforme Resolução do BACEN de nº 1338/1987 (LBC), Lei nº8.024/1990 (art. 22) e Medida Provisória nº 189/1990 (BTN) e Medida Provisória nº 294/1991, convertida na Lei nº8.177/1991 (TR), respectivamente.Conforme esclarecido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do RESP 581.855/DF, nenhum outro índice é devido

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aos fundistas além daqueles relativos a janeiro/1989) e abril/1990.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

94 - 0000999-24.2006.4.02.5052/01 (2006.50.52.000999-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x TERCIA ROSSINI FANTICELLI (ADVOGADO: ADENILSON VIANANERY.).PROCESSO: 0000999-24.2006.4.02.5052/01 (2006.50.52.000999-8/01)

V O T O / E M E N T A

1. Insurgem-se as partes autora e ré em razão da sentença de fls. 49/54, que julgou procedente o pedido inicialpara condenar o INSS na obrigação de conceder o benefício de amparo social a partir do requerimento administrativo feitoem 12/12/2005 (fl. 43), data próxima ao ajuizamento da ação.

2. O INSS (primeiro recorrente), em suas razões recursais, sustenta que a parte autora não preencheu os requisitoslegais, dispostos no art. 20 da Lei nº 8.742/93, para a concessão do benefício assistencial. Argumenta que o artigo 34 daLei nº 10.741/03 é restritiva à percepção de benefício assistencial concedido a idosos da mesma família, não autorizandointerpretação ampliativa para abranger benefícios previdenciários. Aduz, caso seja mantida a sentença, que seja fixada adata de início do benefício na data da sentença, tendo em vista que na esfera administrativa não seria possível fazer aaplicação analógica realizada pelo Juízo.

3. De outra parte, a autora (segunda recorrente) alega que a data de início do benefício (DIB) deve ser fixada em05/11/2003, data do primeiro requerimento administrativo e que antecede a DIB fixada pelo Juízo a quo.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

4. Quanto à desconsideração da renda do cônjuge, cabe trazer recente entendimento firmado pelo SupremoTribunal Federal, quando do julgamento do RE 580.963/PR (Informativo 702, Plenário, Repercussão Geral): “No tocante aoparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, o Min. Gilmar Mendes reputou violado o princípio da isonomia. Realçouque, no referido estatuto, abrira-se exceção para o recebimento de dois benefícios assistenciais de idoso, mas não permitiraa percepção conjunta de benefício de idoso com o de deficiente ou de qualquer outro previdenciário. Asseverou que olegislador incorrera em equívoco, pois, em situação absolutamente idêntica, deveria ser possível a exclusão do cômputo dobenefício, independentemente de sua origem”.

5. Desconsiderada a renda proveniente de benefício previdenciário equivalente a um salário mínimo, a renda percapita é nula.

6. A autora requereu seja a data de início do benefício (DIB) fixada na data do primeiro requerimentoadministrativo, ou seja, 05/11/2003 (fl. 13). Seu recurso deve ser provido em parte. Se é certo que a autora requereuadministrativamente a concessão do benefício de amparo ao idoso desde 05/11/03 (cf. fl. 13), também é certo que, nareferida data, não é viável aplicar-se o critério de interpretação definido no RE 580.963/PR ao caso. Com efeito, assimocorre porque, em 05/11/03 o Estatuto do Idoso ainda não se encontrava em vigor: a Lei 10.741 foi promulgada em1º/10/2003, mas só entrou em vigor 90 dias após a publicação, conforme dispõe seu artigo 118. Como a lei foi publicada noDiário Oficial do dia 03/10, depreende-se que entrou em vigor apenas no dia 1º/01/2004.

7. Em conclusão, a extensão do disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso nos casos em queoutro membro da família recebe não um benefício assistencial, mas um benefício previdenciário, é critério hermenêuticoque obviamente somente pode ser utilizado após o início da vigência da referida Lei 10.741/03, ou seja, somente pode serusado a partir de 1º/01/2004.

8. Em 1º/01/2004 a autora preenchia o requisito etário, tendo em vista cópia da carteira de identidade acostada aosautos (fl. 07); e, conforme relatório social juntado aos autos (fl. 32 – quesito nº 4), na referida data (1º/01/04), pode-seconcluir que a sua renda era nula, por incidência de aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.

9. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora, para fixar a DIBem 01/01/2004.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido (INSS) ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor da condenação.

Page 155: BOLETIM TR/ES 2013-037-SESSAO DIA 17-12-2013

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

95 - 0000358-76.2005.4.02.5050/01 (2005.50.50.000358-5/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES(PROCDOR: OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO.) x FABIANA ALEIXO STELZER (DEF.PUB: WILLIAM CHARLEYCOSTA DE OLIVEIRA.) x VANESSA ROZINDO NUNES (ADVOGADO: GETULIO REIS, GLAUCIA BENEVIDES CORRÊALIMA.).PROCESSO: 0000358-76.2005.4.02.5050/01 (2005.50.50.000358-5/01)

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – TROTE NA UFES – RESISTÊNCIA DA AUTORA À PARTICIPAÇÃO – ATO ILÍCITOCONFIGURADO – VIOLAÇÃO ART. 5º, INC. II DA CF/88 – DANOS MORAIS E MATERIAIS COMPROVADOS –OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR CONFIGURADA POR PARTE DA CO-RÉ QUE APLICOU TROTE NA AUTORA DA AÇÃO -EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DA UFES – AUSÊNCIA DE OMISSÃO RELEVANTE A ELA IMPUTÁVELQUE POSSA SER CONSIDERADA CONCAUSA DO FATO ILÍCITO - EXCLUSÃO DE MULTA POR LITIGÂNCIA DEMÁ-FÉ E MULTA POR DEMORA NO PROCESSO - RECURSOS DA UFES PROVIDO – RECURSO DA CO-RÉPARCIALMENTE PROVIDO PARA REDUZIR O VALOR DA CONDENAÇÃO POR DANO MORAL. SENTENÇAPARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO E PORFABIANA ALEIXO STELZER, em face da sentença de fls. 532/559, que julgou procedente os pedidos iniciais, condenandoas recorrentes ao pagamento de R$ 561,00 a título de dano material e R$ 27.900,00 a título de dano moral. A recorrenteUFES foi condenada ainda no pagamento de multa por litigância de má-fé no valor de R$ 300,00; multa por demoraindevida no processo no valor de R$ 5.580,00; e no pagamento de honorários advocatícios, pela suposta litigância demá-fé, no valor de R$ 5.580,00.

Alega a UFES, preliminarmente, que a sentença fixou valor de condenação maior do que o teto máximo estabelecido paraos Juizados Especiais Federais, pugnando pela reforma da sentença, a fim de que a quantia a ser paga limite-se a 60salários mínimos; que não houve má-fé de sua parte, pugnando, portanto, pela exclusão da multa por litigância de má-fé e,consequentemente, exclusão do dever de pagar honorários advocatícios, ou a diminuição do valor de tais condenações; eque seria descabida a indenização pela demora da tramitação do processo. No mérito, aduz que não possuiresponsabilidade sobre o suposto dano causado à recorrida, pois o ato ilícito foi praticado exclusivamente pela segundarecorrente, não existindo qualquer omissão de sua parte; alega também ausência de dano moral, sob o argumento de que arecorrida teria participado voluntariamente do trote e, por isso, não houve qualquer lesão à dignidade da pessoa humana,mas, se assim não for entendido, pugna pela redução do valor fixado na sentença. Requer, ainda, a exclusão do acréscimode 50% sobre o valor do dano fixado na sentença.

Já a recorrente Fabiana, alega, em suas razões recursais, que o derramamento do líquido violeta de genciana ocorreu poracidente, pois a recorrida teria agarrado seu braço de maneira surpreendente, fazendo com que o líquido derramasse; quenão há nos autos prova da existência de danos morais, devendo, assim, haver reforma da sentença para julgarimprocedente o pedido de dano moral, mas, se assim não for entendido, pugna pela minoração do valor arbitrado nasentença a quo. Aduz que os danos materiais não foram comprovados, mas se assim não se entender, pugna peladiminuição dos mesmos pela metade. Por fim, pede a reforma da sentença, no que tange ao valor das indenizações, já queteria condenado as recorrentes em patamar superior a 60 salários mínimos.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Eis o relatório do necessário. Passo a votar.

2. No dia 16/03/2004, os calouros do curso de Ciências Econômicas da UFES, dentre eles a autora, foram abordados,em sala de aula, por um grupo de veteranos do curso, dentre eles a recorrente Fabiana, para um trote surpresa. A recorridaalega ter afirmado sua intenção de não participar do trote à recorrente Fabiana, que não teria respeitado sua vontade,derramando, intencionalmente, violeta de genciana em seu rosto, sujando também, suas roupas, tênis e mochila. Já arecorrente Fabiana, afirma que derramou o líquido acidentalmente, por culpa da própria recorrida.

A UFES alegou que não foi omissiva diante do caso, pois teria realizado uma grande campanha contra trotes, antes doocorrido, aprovando, inclusive, a Resolução nº 13, em 2003, proibindo trotes que envolvam a participação de alunos ematos lesivos à propriedade e aos direitos coletivos ou individuais (fls. 27/28). Afirma que não é possível exigir dela mais doque foi feito, por se tratar de um ambiente universitário onde circulam mais de 12 mil alunos diariamente; e que, quando ostrotes ocorreram, instaurou procedimentos administrativos disciplinares para punir os faltosos.

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O derrame de violeta de genciana na recorrida e a participação de Fabiana são pontos confessados na lide (fl. 152). Resta,portanto, apurar se o derrame do líquido foi intencional ou se ocorreu acidentalmente; deve-se também, apurar a ocorrênciaou não de danos morais e materiais e a extensão dos mesmos causados à recorrida.

O depoimento de Fabiana aponta no sentido de que o derramamento do líquido ocorrera de forma acidental, como sedepreende de fl. 152, verbis: “... a autora se recusou a participar do mesmo; que em face de sua recusa, iria pintar-lhe; que,quando abriu o vidro de violeta para pintar-lhe, a autora segurou-lhe as mãos no momento em que houve o derrame;...”.Não obstante, esse depoimento parece-me inverossímil, à luz do que restou registrado no “Relatório de Ocorrência” lavradona UFES no dia do trote, onde consta que a autora desta ação estava “com tinta em todo o rosto atingindo olhos, nariz,boca e ouvidos, sujando toda a roupa.” (fl. 18). Parece-me impossível que um derramamento acidental do líquido,provocado (supostamente) por a autora ter segurado o braço de Fabiana visando evitar que esta lhe pintasse, tenha feitocom que Fabiana ficasse com “todo o rosto” e “toda a roupa” (cf. fl. 18) sujos de tinta.

Em suma, pelo teor do relato de fl. 18, subscrito pelo Diretor do DSG/PU/UFES, com certeza ocorreu um derramamentonão acidental, mas deliberado da referida tintura sobre a autora desta ação.

Essa conclusão esta de acordo com o teor dos testemunhos de outros alunos:

“que presenciou o trote, uma vez que era da turma da autora; que não presenciou o momento exato que em que Vanessafoi atingida pela Violeta de Genciana, pois apesar de se encontrar na sala naquele momento, havia muita gente na mesmae a testemunha tentava se evadir do local.” (fl. 223)

“que presenciou uma discussão entre Vanessa e Fabiana na qual Vanessa resistia à intenção de Fabiana de pintar-lhe coma Violeta de Genciana; que, em face da resistência de Vanessa, várias outras pessoas se aproximaram das duas tentandoconvencer Vanessa que se permitisse pintar; que Vanessa manteve a resistência de ser pintada.” (fl. 235)

“que Vanessa estava toda pintada de roxo; que seu rosto estava todo pintado e seus olhos avermelhados; que reclamavade ardência nos olhos.” (fl. 242)

Percebe-se que a recorrente Fabiana tinha efetiva intenção de pintar a recorrida e que esta expressou sua vontade de nãoser pintada. Mesmo demonstrando não querer participar do trote, a autora continuou sendo ameaçada pela recorrente e,qualquer ato de sua parte foi realizado em legítima defesa em face da injusta ameaça de ser pintada.

Entende-se, portanto, que a recorrente Fabiana violou um direito fundamental da autora, previsto no art. 5° caput e inc. II daCR/88, qual seja, a liberdade individual de optar por participar ou não de um trote e, assim, tem a obrigação de indenizar osdanos advindos de sua conduta ilícita.

Pelo exposto, a co-ré Fabiana deve ser condenada a indenizar a autora por danos materiais e morais. Nesse ponto, asentença deve ser mantida.

3. A UFES alega que não possui qualquer culpa no evento danoso, pois teria sempre orientado os alunos a nãopraticarem trotes envolvendo atos lesivos à propriedade e aos direitos coletivos ou individuais, inclusive com a proibição detais atos a partir da Resolução nº 13/2003. A maioria dos alunos ouvidos afirmou desconhecer tal Resolução e as políticasde trotes que existiriam na UFES (fls. 235, 236, 237 e 241).

Na petição inicial, a autora afirmou que “... houve omissão da Universidade na divulgação da Resolução nº13/2003...”, que é a norma interna a respeito do trote. Contudo, não me parece que a eventual omissão da Universidade emdivulgar essa norma seja concausa do evento danoso sofrido pela autora. A norma até poderia não existir que o fato ilícitonarrado na inicial – um trote aplicado contra a vontade da autora –, desde que comprovado, geraria direito a umacompensação por dano moral; mesmo porque um fato ilícito dessa ordem pode, inclusive, configurar delito deconstrangimento ilegal.

Pelo relato que há nos autos depreende-se que grande número de estudantes veteranos ingressou na sala de aulaem que se encontrava a autora. E isto se deu contra a vontade da Professora, que chegou a manifestar sua insatisfaçãopelo comportamento dos veteranos junto ao Colegiado do curso, conforme relatou em seu depoimento (fl. 416).

É certo que existe vigilância na Universidade, que evidentemente tem o escopo de proteger o patrimônio da mesmacontra furtos, depredações ou outros atos de vandalismo. Não obstante, não vejo como impor à UFES a responsabilidadede viabilizar, em toda a extensão de seus campi onde estudam e trabalham milhares de pessoas, uma espécie depoliciamento ostensivo que tenha o escopo de evitar eventuais agressões dessa espécie, ou evitar outros atos ilícitospraticados contra algum ou alguns alunos. A prestação de um serviço dessa ordem configuraria uma espécie depoliciamento ostensivo, o que é inviável exigir-se da co-ré.

Uma conduta omissiva da UFES que poderia ser concausa do evento seria a reiterada omissão em puniradministrativamente (v.g., com suspensões) os alunos veteranos que tenham praticado condutas similares. Mas aexposição a respeito de uma omissão dessa espécie não foi lançada como causa de pedir.

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Se é certo que se deve esperar que a UFES (assim como qualquer outra instituição de ensino superior) cobre deseus alunos uma postura correlata à sua idade, conscientizando-os de que podem ser responsabilizados por atos ilícitos – eisso somente pode ser feito por meio da punição de condutas ilícitas –, também é certo que não há nos autos elementossuficientes para concluir pela existência de reiterada omissão da referida autarquia no exercício de seu poder disciplinar.

Dentro desse contexto, o ilícito perpretado contra a autora pode ser qualificado como um fato exclusivo de terceiro; enão há nos autos elementos suficientes a demonstrar que a co-ré UFES, por meio de uma reiterada omissão em coibir atossemelhantes ocorridos anteriormente ao narrado na inicial, tenha praticado uma omissão relevante.

Em conclusão, o recurso da UFES deve ser provido, a fim de que o pedido contra ela dirigido seja julgadoimprocedente.

4. Valor dos danos materiais.

O valor da condenação em danos materiais deve ser mantido. A foto de fl. 22 mostra a autora no dia do derramamento davioleta de genciana e seus trajes estão de acordo com a listagem feita na petição inicial sobre o que foi perdido emdecorrência das manchas de violeta de genciana (fl. 09). Os valores apresentados estão de acordo com a razoabilidade edemonstram, aproximadamente, o custo de roupas comuns, não sendo razoável exigir que uma pessoa tenha guardadonotas fiscais de roupas, tênis e semelhantes, por não se tratar de produtos que possuem garantia.

5. Valor dos danos morais.

O valor da compensação pelo dano moral foi fixado em valor excessivo.

Embora se trate de um fato ilícito, é certo que a prática de dar “trotes” em alunos calouros ficou arraigada, de longa data,por um costume que é razoavelmente tolerado no corpo docente e geralmente incentivado por parte dos membros do corpodiscente. Dentro desse contexto, reputo como leve o dano moral sofrido.

Para mensurar o valor, adoto a orientação contida no enunciado n. 8 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisdo Rio de Janeiro, verbis:

Enunciado 8A quantificação da indenização por dano moral levará em consideração, ainda que em decisão concisa, os critérios aseguir, observadas a conduta do ofensor e as peculiaridades relevantes do caso concreto:

� �I) dano moral leve - até 20 SM; II) dano moral médio - até 40 SM; III) dano moral grave - até 60 SM.

Dentro desse contexto, reputo o valor de 10 (dez) salários mínimos (tendo em vista o valor atual do salário mínimo, ou seja,R$678,00) como suficiente para reparar o dano e inibir a prática de condutas similares.

6. Condenação da UFES em litigância de má-fé.

Não foi observada a ocorrência de litigância de má-fé por parte da UFES. O ouvidor da UFES, ao ter mencionado que ostrotes são atos brutais, falou de uma maneira geral, e não especificamente do caso em questão, emitindo uma opiniãopessoal que não pode vincular a Universidade. Além disso, a UFES, em suas alegações finais, não atacou fatoincontroverso, pois admitiu ter ocorrido o trote, questionando apenas o impacto deste na autora. Não ficou caracterizadoque a demora no processo se deu por parte da UFES, já que esta agiu dentro dos prazos concedidos pelo juízo a quo,sendo como causa da demora do processo a própria complexidade do assunto tratado nesta lide. Deve-se, portanto, seremretiradas a multa por litigância de má-fé e demora indevida no processo e a condenação da UFES em honoráriosadvocatícios.

7. DOU PROVIMENTO ao recurso da UFES, para julgar improcedente o pedido dirigido contra a referida autarquia; epara excluir a sua condenação em litigância de má-fé. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da co-ré Fabiana,apenas para reduzir a condenação em pagar compensação por dano moral ao patamar de dez salários mínimos (tendo porbase o valor atual do salário mínimo). Mantida a condenação da co-ré Fabiana a pagar danos matérias, no valor integraldesse dano mensurado na sentença.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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96 - 0000738-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000738-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x BENEDITA RUFINO VIEIRA.Autos n.º 0000738-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000738-0/01)

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra a sentença que julgou procedente opedido para condenar o réu a conceder de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuiçãoobtidos após a aposentação. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante.Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011).

Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentaçãomediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacional deUniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Sem custas. Sem honorários, uma vez que o autor não constituiu advogado.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

97 - 0005792-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005792-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x ANA SOARES DE MELO (ADVOGADO:VINICIUS DINIZ SANTANA.).PROCESSO: 0005792-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005792-9/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença o condenou a recalcular a RMI do benefício deaposentadoria por invalidez da parte autora na forma do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, bem como a revisar os benefíciosde auxílio-doença e aposentadoria por invalidez na forma do inciso II do mesmo artigo, fixando, ainda, novas rendasmensais iniciais, conforme cálculos elaborados pela Contadoria do juízo, e condenando a pagar à parte autora asdiferenças devidas, observada a prescrição qüinqüenal. O recorrente requer a reforma da sentença, com a extinção doprocesso sem resolução do mérito, ante a evidente falta de interesse de agir – ante os termos do Memorando-CircularConjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS e a ausência de requerimento administrativo –, quanto à revisão pelo art. 29, II, da Lei nº8.213/91, bem como a improcedência do pedido de revisão na forma do § 5º do mesmo artigo.

2. Quanto à revisão na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, a questão posta no presente recurso recebia tratamentouniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido de confirmar a sentença de extinção por ausência deinteresse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recurso consistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido pelo Memorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava aautarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios por incapacidade e pensões derivadas destes, assim como asnão precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, no Período Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendo revisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitentapor cento) maiores salários-de-contribuição. Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas doINSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante aausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. Assiste razão ao recorrente quanto à revisão da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez, com base no art. 29,§ 5º, da Lei nº 8.213/91, tendo em vista o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, com repercussão geral, nosentido de que apenas é aplicável nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futurobenefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, de maneira que o segurado nãoesteja no gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez. Emconsonância com essa exegese, o art. 55, II, da Lei nº 8.213/91 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como tempode serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a conversão emaposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo de salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos da

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relatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar, em parte, a sentença eexcluir da condenação a revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez com base no § 5º doart. 29 da Lei nº 8.213/91.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

98 - 0000932-86.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000932-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x REINALDO CAMPOS DE OLIVEIRA (ADVOGADO:Bernard Pereira Almeida, MARILUSA CARIAS DE PAULA, LUIZ OTAVIO PEREIRA GUARCONI DUARTE.).PROCESSO: 0000932-86.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000932-8/01)VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a revisar o benefício deauxílio-doença recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, com redação dada pela Lei nº9.876/99, bem como a pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal. O recorrente alega faltade interesse de agir, em razão de não ter o autor formulado requerimento administrativo, bem como pelo fato de ter sidocalculado o benefício conforme a previsão do referido dispositivo legal.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. Conforme se constata na carta de concessão do benefício (fls. 13/14), foram utilizadas, no cálculo dosalário-de-benefício, todas as vinte e seis contribuições. O mesmo se depreende das peças de fls. 30/35 e 54/57, pelo quenão assiste razão ao INSS ao afirmar que o benefício já foi calculados nos moldes requeridos pelo autor.

4. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

5. Custas ex lege. Condenação do INSS a pagar à parte autora honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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99 - 0000896-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000896-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA DO CARMO BARCELOS(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).PROCESSO: 0000896-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000896-2/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido e o condenou aconceder à autora o benefício de auxílio-doença com DIB em 22/02/2010 (data do requerimento administrativo) e DIP nadata da sentença. Foi concedida, ainda, a antecipação dos efeitos da tutela. Sustenta o recorrente que, ao contrário do queafirmado em sentença, não são fatos incontroversos a qualidade de segurado e carência, uma vez que houve impugnaçãona contestação na manifestação sobre o laudo pericial. Diz que, diante do apurado em perícia judicial e diante do quadrocontributivo da parte autora, resta claro que se filiou ao regime na mesma situação em que se encontra hoje. Aduz que aprópria parte autora confessou perante o servidor público (fl. 32) que nunca trabalhou e pagou o INSS por um ano para se“encostar”. Além disso, prossegue, por ocasião do requerimento de LOAS, em 2005, a parte autora já apresentavalinfedema em membros inferiores. Pede a reforma da sentença e a improcedência do pedido.

2. A autora, “braçal”, atualmente com 58 anos de idade, recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 05/01/2000 a31/05/2000 (fl. 66), tendo sido indeferidos todos os requerimentos posteriores de novos benefícios. A sentença concedeu obenefício requerido em 22/02/2010. Verifica-se, em consulta ao CNIS, que a autora contribuiu para a previdência socialcomo contribuinte individual no período de abril a julho de 1985 e de outubro de 2007 a agosto de 2012.

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos: laudos médicos de fl. 9, datados de 06/12/2010 e de 06/2011,emitidos pelo médico angiologista, que atestam incapacidade para exercer atividades laborais, em razão de linfedemarizomérico em membros inferiores; eco-color-doppler vascular (fl. 55), realizado em 30/05/2012.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 44/46 e 57/59), realizada em 13/02/2012, a autora foi examinada e diagnosticada cominsuficiência venosa crônica em membros inferiores, associada a linfedema de moderada intensidade. No histórico clínico,consta relato de trombose venosa profunda prévia, há cerca de 30 anos, que poderia ser um fato desencadeante. O peritoafirma que não é possível afirmar com precisão a data de início da doença, mas afirma que a doença existe há pelo menosdois anos. Conclui que a autora apresenta incapacidade temporária e parcial para atividades em ortostase prolongada oucom esforço físico exagerado, mas pode desempenhar atividades sentada ou deambulando, desde que não seja de formafreqüente. Afirma que a incapacidade existe há pelo menos 12 meses.

5. Uma vez que não há como precisar a data de início da doença (existente há pelo menos dois anos) e daincapacidade (existente há pelo menos um ano), não há como acatar a alegação do recorrente no sentido de que a autorase filiou ao RGPS na mesma situação em que se encontra hoje. Ressalte-se que a suposta “confissão” da autora de queteria contribuído para a previdência social por um ano para se “encostar”, além de ter sido feita em âmbito administrativo,não é corroborada pelas informações constantes do CNIS, que demonstram que a autora voltou a contribuir desde outubrode 2007.

6. Em 19/10/2005, a autora requereu a concessão de benefício de amparo a pessoa portadora de deficiência, que restouindeferido em razão de parecer contrário da perícia médica (fl. 26). Em consulta ao sistema PLENUS, obtém-se a seguinteinformação sobre histórico médico (HISMED) do benefício NB 515.042.789-2: “dados da perícia médica inexistente”. Assimé que não há como acolher a alegação do recorrente de que a autora pediu o referido benefício em razão da mesmadoença.

7. Não consta dos autos cópia da CTPS da autora, nem mesmo consta de sua qualificação, na petição inicial, referência auma ocupação habitual, mas apenas a expressão “braçal”, o que indica não haver mesmo uma ocupação habitual, tantoque a autora recolheu contribuições para o RGPS na qualidade de contribuinte individual.

8. Não havendo incapacidade total e permanente para toda e qualquer atividade laborativa, mas apenas incapacidadetemporária e parcial para atividades em ortostase prolongada ou com esforço físico exagerado, e não havendo, por outrolado, indicação da ocupação habitual da autora, nem mesmo nas contrarrazões ao recurso, entendo não estar demonstradasituação que enseje o recebimento de auxílio-doença. Com efeito, não se configura necessidade de restabelecimento nemde reabilitação para que a autora exerça atividades laborativas.

9. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e julgar IMPROCEDENTE o pedido.

10. Revogo a antecipação da tutela, pelo que resta prejudicado o pedido de fl. 100. Os valores recebidos pela autora nãodeverão ser devolvidos, em razão da natureza alimentar (Súmula 51 da TNU).

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

100 - 0001006-31.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001006-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIBANCO CRÉDITOIMOBILIÁRIO S.A. RIO (ADVOGADO: EDUARDO GARCIA JÚNIOR.) x MÁRIO AUGUSTO DA CONCEIÇÃO.PROCESSO: 0001006-31.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001006-8/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso interposto por Banco Itaú Unibanco S.A. em face da sentença que julgou procedente opedido e condenou as rés (CEF e Unibanco Crédito Imobiliário S.A.) a proceder à quitação do saldo residual devedor comutilização de recursos do FCVS, bem como à liberação da hipoteca gravada sobre o imóvel da parte autora. Alega orecorrente que a parte autora não pode se utilizar do FCVS, pois possuía outro financiamento de imóvel localizado nomesmo município, com cobertura do FCVS, sendo que o art. 3º da Lei nº 10.150/2000 deixa claro que o benefício somentepoderá ser concedido se o imóvel anterior tiver sido quitado por prazo máximo de 180 dias.

2. A matéria está pacificada no Superior Tribunal de Justiça, tendo sido julgada pela Primeira Seção, na sistemáticados recursos repetitivos, em acórdão que possui a seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE MÚTUO. LEGITIMIDADE. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SUCESSORA DOEXTINTO BNH E RESPONSÁVEL PELA CLÁUSULA DE COMPROMETIMENTO DO FCVS. CONTRATO DE MÚTUO.DOIS OU MAIS IMÓVEIS, NA MESMA LOCALIDADE, ADQUIRIDOS PELO SFH COM CLÁUSULA DE COBERTURAPELO FCVS. IRRETROATIVIDADE DAS LEIS 8.004/90 E 8.100/90. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULAS282 E 356/STF. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF.1. A Caixa Econômica Federal, após a extinção do BNH, ostenta legitimidade para ocupar o pólo passivo das demandasreferentes aos contratos de financiamento pelo SFH, porquanto sucessora dos direitos e obrigações do extinto BNH eresponsável pela cláusula de comprometimento do FCVS - Fundo de Compensação de Variações Salariais, sendo certoque a ausência da União como litisconsorte não viola o artigo 7.º, inciso III, do Decreto-lei n.º 2.291, de 21 de novembro de1986. Precedentes do STJ: CC 78.182/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ de 15/12/2008; REsp1044500/BA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJ de 22/08/2008; REsp 902.117/AL, Rel. MinistroTEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ 01/10/2007; e REsp 684.970/GO, Rel. Ministra ELIANA CALMON,SEGUNDA TURMA, DJ 20/02/2006.2. As regras de direito intertemporal recomendam que as obrigações sejam regidas pela lei vigente ao tempo em que seconstituíram, quer tenham base contratual ou extracontratual.3. Destarte, no âmbito contratual, os vínculos e seus efeitos jurídicos regem-se pela lei vigente ao tempo em que secelebraram, sendo certo que no caso sub judice o contrato foi celebrado em 27/02/1987 (fls. 13/20) e o requerimento deliquidação com 100% de desconto foi endereçado à CEF em 30.10.2000 (fl. 17).4. A cobertura pelo FCVS - Fundo de Compensação de Variação Salarial é espécie de seguro que visa a cobrir eventualsaldo devedor existente após a extinção do contrato, consistente em resíduo do valor contratual causado pelo fenômenoinflacionário.5. Outrossim, mercê de o FCVS onerar o valor da prestação do contrato, o mutuário tem a garantia de, no futuro, quitar suadívida, desobrigando-se do eventual saldo devedor, que, muitas vezes, alcança o patamar de valor equivalente ao próprio.6. Deveras, se na data do contrato de mútuo ainda não vigorava norma impeditiva da liquidação do saldo devedor dofinanciamento da casa própria pelo FCVS, porquanto preceito instituído pelas Leis 8.004, de 14 de março de 1990, e 8.100,de 5 de dezembro de 1990, fazê-la incidir violaria o Princípio da Irretroatividade das Leis a sua incidência e conseqüentevedação da liquidação do referido vínculo.7. In casu, à época da celebração do contrato em 27/02/1987 (fls. 13/20) vigia a Lei n.º 4.380/64, que não excluía apossibilidade de o resíduo do financiamento do segundo imóvel adquirido ser quitado pelo FCVS, mas, tão-somente,impunha aos mutuários que, se acaso fossem proprietários de outro imóvel, seria antecipado o vencimento do valorfinanciado.8. A alteração promovida pela Lei n.º 10.150, de 21 de dezembro de 2000, à Lei n.º 8.100/90 tornou evidente a possibilidadede quitação do saldo residual do segundo financiamento pelo FCVS, aos contratos firmados até 05.12.1990. Precedentesdo STJ: REsp 824.919/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJ de 23/09/2008; REsp 902.117/AL,Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ 01/10/2007; REsp 884.124/RS, Rel. Ministro CASTROMEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ 20/04/2007 e AgRg no Ag 804.091/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ24/05/2007.9. O FCVS indicado como órgão responsável pela quitação pretendida, posto não ostentar legitimatio ad processum, arrastaa competência ad causam da pessoa jurídica gestora, responsável pela liberação que instrumentaliza a quitação.11. É que o art. º da Lei 8.100/90 é explícito ao enunciar: "Art. 3º O Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVSquitará somente um saldo devedor remanescente por mutuário ao final do contrato, exceto aqueles relativos aos contratosfirmados até 5 de dezembro de 1990, ao amparo da legislação do SFH, independentemente da data de ocorrência doevento caracterizador da obrigação do FCVS. (Redação dada pela Lei nº 10.150, de 21.12.2001)12. A Súmula 327/STJ, por seu turno, torna inequívoca a legitimatio ad causam da Caixa Econômica Federal (CEF).14. A União, ao sustentar a sua condição de assistente, posto contribuir para o custeio do FCVS, revela da inadequação dafigura de terceira porquanto vela por "interesse econômico" e não jurídico.15. A simples indicação do dispositivo legal tido por violado (art. 6º, § 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil), sem

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referência com o disposto no acórdão confrontado, obsta o conhecimento do recurso especial. Incidência dos verbetes dasSúmula 282 e 356 do STF.17. Ação ordinária ajuizada em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL -CEF, objetivando a liquidação antecipada decontrato de financiamento, firmado sob a égide do Sistema Financeiro de Habitação, nos termos da Lei 10.150/2000, naqual os autores aduzem a aquisição de imóvel residencial em 27.02.1987 (fls. 13/20) junto à Caixa Econômica Federal,com cláusula de cobertura do Fundo de Compensação de Variações Salariais, motivo pelo qual, após adimplidas todas aprestações mensais ajustadas para o resgate da dívida, fariam jus à habilitação do saldo devedor residual junto aomencionado fundo.18. Recurso Especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008(REsp 1133769/RN, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009)

3. No caso dos autos, o contrato foi celebrado em 1982, como se vê às fls. 10/24 - antes, portanto, do advento dasLeis 8.004, de 14 de março de 1990, e 8.100, de 5 de dezembro de 1990 -, com cobertura pelo FCVS (item VIII – fl. 12 e §2º da Cláusula 9ª – fl. 14).

4. Pelo exposto, conheço do recurso, mas NEGO-LHE PROVIMENTO.

Condena-se o recorrente (Unibanco) nas custas. Sem honorários, visto que o autor não constituiu advogado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

101 - 0011134-44.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.011134-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLOVIS RESMANN(ADVOGADO: JOYCE DA SILVA PASSOS, VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0011134-44.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.011134-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido derenúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, euregistrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.

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4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido de renúncia àaposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parte autora,computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefícioserá a data do ajuizamento desta ação.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

102 - 0002281-93.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002281-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO ROBERTO DOSSANTOS FRAGA (ADVOGADO: WANESSA ALDRIGUES CANDIDO, DIEGO BOMFIM FERNANDES, MAYARA AZEVEDOJACUNDA FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DEJESUS.).PROCESSO: 0002281-93.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002281-0/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido derenúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, euregistrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.

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1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido de renúncia àaposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parte autora,computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefícioserá a data do ajuizamento desta ação.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

103 - 0004758-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004758-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADALBERTO LAMASLOPES (ADVOGADO: CARLOS ROBERTO MARTINS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0004758-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004758-1/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido derenúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, euregistrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação

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independentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido de renúncia àaposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parte autora,computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefícioserá a data do ajuizamento desta ação.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

104 - 0100335-94.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100335-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x SUELY CAMPOS DE OLIVEIRA (ADVOGADO:CARLOS BERKENBROCK, RODRIGO FIGUEIREDO, SAYLES RODRIGO SCHUTZ.).PROCESSO: 0100335-94.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100335-4/02)VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a revisar osalário-de-benefício da pensão por morte percebida pela parte autora na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem comoa pagar as diferenças decorrentes da revisão. O recorrente alega que a parte não apresentou requerimento administrativode revisão, tendo sido interrompida a prescrição apenas pela citação válida. Sustenta a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/IRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, bem como que, casose entenda o contrário, a prescrição interrompida voltou a correr por metade.

2. Conforme se verifica à fl. 70, a data de início do benefício de pensão por morte é 22/10/2005, estando ainda em vigor. Apresente ação foi proposta em 01/11/2012. Mostra-se, em princípio, correta a sentença ao considerar interrompida aprescrição, pelas razões a seguir expostas.

2.1. O Decreto nº 6.939, de 16 de agosto de 2009, revogou o parágrafo 20 do art. 32 e alterou o parágrafo 4º do art. 188-A,

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ambos do Regulamento da Previdência Social-RPS (Decreto nº 3.048/99), modificando a fórmula de cálculo dos benefíciosde auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (e também aqueles benefícios que se utilizam da mesma forma de cálculo).

Considerando que a lei tem vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º da LINDB), a referida revogação somentegerou efeitos para os benefícios iniciados após a entrada em vigor da norma revogadora, que nada dispôs acerca doreconhecimento do direito à revisão dos benefícios concedidos antes de sua vigência.

Não há, pois, que se falar em interrupção da decadência e renúncia à prescrição em razão do referido decreto, ao contráriodo que afirma a parte autora/recorrente.

2.2. O fato de a Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS ter expedido a Nota Técnica nº70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT, manifestando-se no sentido de que a alteração do regulamento deveria repercutirtambém para os benefícios com data de início anterior à publicação do Decreto nº 6.939/2009, não importa na interrupçãoda prescrição, pois a nota, por si só, não pode produz qualquer efeito sobre os benefícios.

A teor do art. 42 da Lei Complementar nº 73/1993, os pareceres das Consultorias Jurídicas somente obrigam os órgãosautônomos e entidades vinculadas quando aprovados pelo Ministro de Estado, pelo Secretário-Geral e pelos titulares dasdemais Secretarias da Presidência da República.

Por essa razão, o Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, por si só, não importa no reconhecimento do direitoora postulado, não tendo o condão de interromper a prescrição.

2.3. Apenas com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, é que foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil.

O benefício da parte autora foi concedido em 21/08/2001, pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) estavamprescritas as parcelas anteriores a 15/04/2005.

A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data doato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF). Pela mesma razão, as parcelasposteriores a 15/10/2007 prescreveram a partir de 15/10/2012, assim que decorrido o prazo de cinco anos de cada umadelas.

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 01/11/2012 – não havendo, por outro lado, termo final dopagamento do benefício, ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as prestações anteriores a 01/11/2007, nãoaproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

Há, portanto, que se aplicar a prescrição qüinqüenal contada do ajuizamento da ação, devendo-se considerar prescritas asparcelas anteriores a 01/11/2007.

3. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto à prescrição,que atinge apenas as parcelas anteriores a 01/11/2007.

4. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

105 - 0000068-33.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.000068-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADIUSO DA ROCHACOELHO (ADVOGADO: JOYCE DA SILVA PASSOS, VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0000068-33.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.000068-0/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido derenúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu

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registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido de renúncia àaposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parte autora,computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefícioserá a data do ajuizamento desta ação.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

106 - 0100504-97.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.100504-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO LAERTEFRANCISCO DE ASSIS (ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0100504-97.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.100504-1/01)

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VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

107 - 0101414-27.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101414-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SCHMAR BALTAZAR(ADVOGADO: VINICIUS SUZANA VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNOMIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0101414-27.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101414-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido derenúncia à aposentadoria que vem recebendo e a concessão de outra aposentadoria, considerando-se as contribuiçõesvertidas após a concessão do primeiro benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, euregistrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido de renúncia àaposentadoria; por conseqüência, fica o réu condenado a conceder novo benefício de aposentadoria à parte autora,computando os salários-de-contribuição posteriores à primeira aposentação, fixando-se como data de início do novobenefício a data do requerimento administrativo; ou, caso a parte não tenha feito tal requerimento, a DIB do novo benefício

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será a data do ajuizamento desta ação.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

108 - 0102756-73.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102756-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROGERIO RIBEIROALMEIDA (ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, RONI FURTADO BORGO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0102756-73.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102756-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula ou

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jurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

109 - 0102758-43.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102758-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO BUBACH(ADVOGADO: RONI FURTADO BORGO, VITOR HENRIQUE PIOVESAN, LUCIANO BRANDÃO CAMATTA, TARCIZIOPESSALI, CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, LUIZ CARLOS BISSOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0102758-43.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102758-9/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposição

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de devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

110 - 0102820-83.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102820-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO BOSCO ANÍCIO(ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, DANIEL DIAS DE SOUZA, JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITOSANTO.).PROCESSO: 0102820-83.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.102820-0/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de

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posterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

111 - 0103852-26.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.103852-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEIR PIGATTI(ADVOGADO: RONI FURTADO BORGO, CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0103852-26.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.103852-6/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

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RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

112 - 0101855-02.2013.4.02.5003/01 (2013.50.03.101855-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GECIMAR FERREIRAROCHA (ADVOGADO: WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).PROCESSO: 0101855-02.2013.4.02.5003/01 (2013.50.03.101855-7/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por

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exemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

113 - 0000458-50.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000458-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x MARIZA VASCONCELOSALVARENGA.PROCESSO: 0000458-50.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000458-6/01)VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a revisar osalário-de-benefício da pensão por morte percebida pela parte autora na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem comoa pagar as diferenças decorrentes da revisão. O recorrente alega ausência de interesse de agir em razão do acordocelebrado nos autos da ação civil pública 0002320-59.2012.4.03.6183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando a

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razoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Sustenta, ainda, a nãointerrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/IRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. Constata-se à fl. 33 que a competência prevista para o pagamento da diferença devida é maio de 2015, o que evidenciao interesse de agir da autora.

4. Conforme se verifica à fl. 30, a data de início do benefício de pensão por morte é 21/08/2001. A presente ação foiproposta em 12/03/2013. Mostra-se, em princípio, correta a sentença ao considerar interrompida a prescrição, pelas razõesa seguir expostas.

4.1. O Decreto nº 6.939, de 16 de agosto de 2009, revogou o parágrafo 20 do art. 32 e alterou o parágrafo 4º do art. 188-A,ambos do Regulamento da Previdência Social-RPS (Decreto nº 3.048/99), modificando a fórmula de cálculo dos benefíciosde auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (e também aqueles benefícios que se utilizam da mesma forma de cálculo).

Considerando que a lei tem vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º da LINDB), a referida revogação somentegerou efeitos para os benefícios iniciados após a entrada em vigor da norma revogadora, que nada dispôs acerca doreconhecimento do direito à revisão dos benefícios concedidos antes de sua vigência.

Não há, pois, que se falar em interrupção da decadência e renúncia à prescrição em razão do referido decreto, ao contráriodo que afirma a parte autora/recorrente.

4.2. O fato de a Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS ter expedido a Nota Técnica nº70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT, manifestando-se no sentido de que a alteração do regulamento deveria repercutirtambém para os benefícios com data de início anterior à publicação do Decreto nº 6.939/2009, não importa na interrupçãoda prescrição, pois a nota, por si só, não pode produz qualquer efeito sobre os benefícios.

A teor do art. 42 da Lei Complementar nº 73/1993, os pareceres das Consultorias Jurídicas somente obrigam os órgãosautônomos e entidades vinculadas quando aprovados pelo Ministro de Estado, pelo Secretário-Geral e pelos titulares dasdemais Secretarias da Presidência da República.

Por essa razão, o Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, por si só, não importa no reconhecimento do direitoora postulado, não tendo o condão de interromper a prescrição.

4.3. Apenas com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, é que foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil.

O benefício da parte autora foi concedido em 21/08/2001, pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) estavamprescritas as parcelas anteriores a 15/04/2005.

A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data doato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 12/03/2013 – não havendo, por outro lado, termo final do

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pagamento do benefício, ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as prestações anteriores a 12/03/2008, nãoaproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

Há, portanto, que se aplicar a prescrição qüinqüenal contada do ajuizamento da ação, devendo-se considerar prescritas asparcelas anteriores a 12/03/2008.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto àprescrição, que atinge apenas as parcelas anteriores a 12/03/2008.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

114 - 0001874-53.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001874-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARCIA AVILA LOBO (ADVOGADO: JOSANIAPRETTO COUTO, ANA VALÉRIA FERNANDES, JULIANA PAES ANDRADE.).PROCESSO: 0001874-53.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001874-3/01)VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a revisar osalário-de-benefício dos auxílios-doença percebidos pela parte autora na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem comoa pagar as diferenças decorrentes da revisão. O recorrente alega que a parte não apresentou requerimento administrativode revisão, tendo sido interrompida a prescrição apenas pela citação válida. Sustenta a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/IRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Conforme se verifica às fls. 34 e 35, os benefícios de auxílio-doença foram pagos nos períodos de 26/04/2007 (DIB) a16/04/2008 (DCB) e de 16/04/2008 (DIB) a 20/05/2009 (DCB). A presente ação foi proposta em 20/05/2013. Mostra-se, emprincípio, correta a sentença ao considerar interrompida a prescrição, pelas razões a seguir expostas.

2.1. O Decreto nº 6.939, de 16 de agosto de 2009, revogou o parágrafo 20 do art. 32 e alterou o parágrafo 4º do art. 188-A,ambos do Regulamento da Previdência Social-RPS (Decreto nº 3.048/99), modificando a fórmula de cálculo dos benefíciosde auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (e também aqueles benefícios que se utilizam da mesma forma de cálculo).

Considerando que a lei tem vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º da LINDB), a referida revogação somentegerou efeitos para os benefícios iniciados após a entrada em vigor da norma revogadora, que nada dispôs acerca doreconhecimento do direito à revisão dos benefícios concedidos antes de sua vigência.

Não há, pois, que se falar em interrupção da decadência e renúncia à prescrição em razão do referido decreto, ao contráriodo que afirma a parte autora/recorrente.

2.2. O fato de a Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS ter expedido a Nota Técnica nº70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT, manifestando-se no sentido de que a alteração do regulamento deveria repercutirtambém para os benefícios com data de início anterior à publicação do Decreto nº 6.939/2009, não importa na interrupçãoda prescrição, pois a nota, por si só, não pode produz qualquer efeito sobre os benefícios.

A teor do art. 42 da Lei Complementar nº 73/1993, os pareceres das Consultorias Jurídicas somente obrigam os órgãosautônomos e entidades vinculadas quando aprovados pelo Ministro de Estado, pelo Secretário-Geral e pelos titulares dasdemais Secretarias da Presidência da República.

Por essa razão, o Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, por si só, não importa no reconhecimento do direitoora postulado, não tendo o condão de interromper a prescrição.

2.3. Apenas com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, é que foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil.

O benefício da parte autora foi concedido em 21/08/2001, pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) estavamprescritas as parcelas anteriores a 15/04/2005.

A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data doato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque a

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prescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF). Pela mesma razão, as parcelasposteriores a 15/10/2007 prescreveram a partir de 15/10/2012, assim que decorrido o prazo de cinco anos de cada umadelas.

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 20/05/2013 - e os benefícios foram recebidos nos períodos de26/04/2007 a 16/04/2008 e de 16/04/2008 a 20/05/2009. Assim é que a prescrição atinge as prestações anteriores a20/05/2008, não aproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

Ora, todas as parcelas referentes ao primeiro benefício encontravam-se prescritas na data de ajuizamento da ação, mesmoconsiderando a interrupção do prazo em 15/04/2010. Quanto às parcelas referentes ao segundo benefício, encontram-seprescritas exatamente as anteriores a 20/05/2008.

Há, portanto, que se aplicar a prescrição qüinqüenal contada do ajuizamento da ação, devendo-se considerar prescritas asparcelas anteriores a 20/05/2008.

3. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto à prescrição,que atinge apenas as parcelas anteriores a 20/05/2008.

4. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

115 - 0001973-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001973-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MAGALY NUNES LOUREIRO(ADVOGADO: Allan Ferreira Bernardo, FELIPE CASTRO DE CARVALHO, CAIO AFONSO CARDOSO.).PROCESSO: 0001973-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001973-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou procedente o pedido e o condenou aacatar a renúncia à aposentadoria da parte autora e, por conseguinte, efetivar a cessação do benefício a contar da data dacitação, bem como a conceder e implantar novo benefício (o que for mais benéfico), independentemente de devolução dosproventos. Alega o recorrente: (i) a constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuiçõesposteriores à aposentadoria; (ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui parao custeio do sistema , não para a obtenção de benefícios; (iii) ao aposentar-se, o segurado faz uma opção por uma rendamenor, mas recebida por mais tempo; (iv) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; (v) violação ao art.18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91; não se trata de mera desaposentação. Pede a reforma da sentença para que sejaindeferida a desaposentação pleiteada e, sucessivamente, que a parte autora seja condenada a proceder à devolução dosvalores recebidos a título de proventos de aposentadoria, em decorrência de sua renúncia ao referido benefício.

2. Em suma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, euregistrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valores recebidos relativos ao benefício previdenciário que seestá a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Regiãoquando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC, relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper(publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional de Uniformização (TNU) também afirmava que, parasurgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores recebidos anteriormente a título do benefícioprevidenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, por exemplo, da análise das ementas lavradas nosjulgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal (Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autor formulava pedido subsidiário no sentido deque aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos valores anteriormente recebidos, eu julgavaos pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoria

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e, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

7. Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

116 - 0002006-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002006-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x PEDRO DE ALMEIDA.PROCESSO: 0002006-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002006-3/01)VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a revisar osalário-de-benefício do auxílio-doença percebido pela parte autora na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como apagar as diferenças decorrentes da revisão. O recorrente alega ausência de interesse de agir em razão do acordocelebrado nos autos da ação civil pública 0002320-59.2012.4.03.6183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando arazoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Sustenta, ainda, a nãointerrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/IRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto

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(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. Constata-se à fl. 31 que a competência prevista para o pagamento da diferença devida é maio de 2019, o que evidenciao interesse de agir da autora.

4. Conforme se verifica também à fl. 31, o benefício foi pago no período de 16/10/2006 a 30/04/2007. A presente ação foiproposta em 28/05/2013. Mostra-se, em princípio, correta a sentença ao considerar interrompida a prescrição, pelas razõesa seguir expostas.

4.1. O Decreto nº 6.939, de 16 de agosto de 2009, revogou o parágrafo 20 do art. 32 e alterou o parágrafo 4º do art. 188-A,ambos do Regulamento da Previdência Social-RPS (Decreto nº 3.048/99), modificando a fórmula de cálculo dos benefíciosde auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (e também aqueles benefícios que se utilizam da mesma forma de cálculo).

Considerando que a lei tem vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º da LINDB), a referida revogação somentegerou efeitos para os benefícios iniciados após a entrada em vigor da norma revogadora, que nada dispôs acerca doreconhecimento do direito à revisão dos benefícios concedidos antes de sua vigência.

Não há, pois, que se falar em interrupção da decadência e renúncia à prescrição em razão do referido decreto, ao contráriodo que afirma a parte autora/recorrente.

4.2. O fato de a Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS ter expedido a Nota Técnica nº70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT, manifestando-se no sentido de que a alteração do regulamento deveria repercutirtambém para os benefícios com data de início anterior à publicação do Decreto nº 6.939/2009, não importa na interrupçãoda prescrição, pois a nota, por si só, não pode produz qualquer efeito sobre os benefícios.

A teor do art. 42 da Lei Complementar nº 73/1993, os pareceres das Consultorias Jurídicas somente obrigam os órgãosautônomos e entidades vinculadas quando aprovados pelo Ministro de Estado, pelo Secretário-Geral e pelos titulares dasdemais Secretarias da Presidência da República.

Por essa razão, o Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, por si só, não importa no reconhecimento do direitoora postulado, não tendo o condão de interromper a prescrição.

4.3. Apenas com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, é que foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil.

O benefício da parte autora foi pago no período de 16/10/2006 a 30/04/2007, pelo que na data do referido memorando(15/04/2010) nenhuma parcela estava prescrita.

A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data doato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 28/05/2013. Assim é que a prescrição atinge as prestaçõesanteriores a 28/05/2008, não aproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

Há, portanto, que se aplicar a prescrição qüinqüenal contada do ajuizamento da ação, devendo-se considerar prescritas asparcelas anteriores a 28/05/2008.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto àprescrição, que atinge apenas as parcelas anteriores a 28/05/2008.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

117 - 0002130-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002130-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x MILTON GOMES RODRIGUES(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).

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PROCESSO: 0002130-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002130-4/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a pagar à parte autora asdiferenças devidas em face da revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário nos termos do art. 29, II, da Lei nº8.213/91. O recorrente alega ausência de interesse de agir em razão do acordo celebrado nos autos da ação civil pública nº00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade do cronograma parapagamento das parcelas atrasadas, previsto no referido acordo.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. No caso dos autos, o pagamento da diferença está previsto para maio de 2015, como se vê à fl. 27, o que evidencia ointeresse de agir da autora.

4. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condenação do INSS a pagar à parte autora honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

118 - 0002516-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002516-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO LAURO FERNANDESDO VALE (ADVOGADO: ELLEN DE CASTRO ALVARENGA, RODOLPHO RANDOW DE FREITAS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0002516-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002516-4/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valoresrecebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dos

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valores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

119 - 0003025-54.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003025-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x LETÍCIA LOYOLA DOSSANTOS (ADVOGADO: MÁRCIA CRISTINA ENGELHARDT BITTI.).PROCESSO: 0003025-54.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003025-1/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que o condenou a pagar as diferençasdecorrentes da revisão do salário-de-benefício do auxílio-doença da parte autora na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.O recorrente alega ausência de interesse de agir em razão do acordo celebrado nos autos da ação civil pública0002320-59.2012.4.03.6183. Alega a prescrição qüinqüenal, o descabimento do argumento da parte autora no sentido deque teria ocorrido interrupção do respectivo prazo, e ainda, a aplicabilidade da MP 242, de 24/03/2004. Destaca, por fim,que a citação ocorrida na referida ação civil pública é o marco para a prescrição qüinqüenal, ao passo que se esta ação foi

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proposta posteriormente, haverá redução do valor das parcelas vencidas.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

3. Constata-se às fls. 9 e 10 que as competências previstas para o pagamento das diferenças devidas são maio de 2021 emaio de 2022, o que evidencia o interesse de agir da autora. Ressalte-se que a alegada possível redução do valor devidoem face do marco inicial da prescrição na ação coletiva em nada afeta o interesse de agir.

4. Impertinente a alegação de aplicabilidade da MP 242, que vigorou em período diverso do da concessão do benefício daparte autora.

5. Conforme se verifica em consulta ao sistema PLENUS, o auxílio-doença NB 532.220.998-7 foi pago no período de17/09/2008 a 31/01/2009 e o auxílio-doença NB 535.150.385-5, no período de 13/04/2009 a 04/11/2011. A presente ação foiproposta em 01/08/2013. A sentença nada aduziu acerca da prescrição pelo fato de que nenhuma parcela estava prescritana data de ajuizamento da ação.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele NEGO PROVIMENTO.

7. Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

120 - 0003106-03.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003106-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DULCIMAR MONTEXIMENES DALBEM (ADVOGADO: ROGÉRIO FERREIRA BORGES, MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO,CLARISSE JORGE PAES BARRETO, FABIOLA DE FREITAS CARVALHO, Miguel Vargas da Fonseca, DANIELFERREIRA BORGES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERMEBARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0003106-03.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003106-1/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso da parte autora contra a sentença que julgou improcedente o pedido de renúncia à aposentadoria econcessão de novo benefício de aposentadoria, computando-se salários-de-contribuição obtidos após a aposentação. Emsuma, o caso versa sobre a possibilidade de “desaposentação”.

2. Nos julgamentos anteriores que fiz sobre o tema, eu registrava ser imperiosa a necessidade de restituição dos valoresrecebidos relativos ao benefício previdenciário que se está a renunciar. Somente assim se retornaria ao status quo ante. Seguia o entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região quando julgou a Apelação Cível nº 0003332-27.2009.404.7205/SC,relatada pelo Desembargador Federal Celso Kipper (publicado no DJE da 4ª Região em 07/06/2010). A Turma Nacional deUniformização (TNU) também afirmava que, para surgir o direito à desaposentação, seria indispensável restituir os valores

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recebidos anteriormente a título do benefício previdenciário que se pretendia renunciar; é o que se pode inferir, porexemplo, da análise das ementas lavradas nos julgamentos dos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(Pedilefs) nº 200972580002182 (DJ de 21/01/2010) e nº 200972510004633 (DJ de 21/10/2011). Como nenhum autorformulava pedido subsidiário no sentido de que aceitaria a desaposentação e nova aposentação mediante restituição dosvalores anteriormente recebidos, eu julgava os pedidos improcedentes.

3. Contudo, recentemente a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos(artigo 543-C do CPC) fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentaçãoindependentemente da restituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria. Trata-se do julgamento doRecurso Especial nº 1.334.488/SC, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIORJUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ, 1ª Seção, REsp 1334488/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 14/05/2013)

4. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

5. Por essas razões, ressalvando o meu entendimento sobre o tema, curvo-me à orientação firmada no STJ.

6. No caso dos autos, o INSS não chegou a ser citado, visto que a sentença foi proferida com base no artigo 285-A do CPC.Por tal razão, a sentença deve ser anulada.

7. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para ANULAR a sentença. Sem honoráriosadvocatícios e sem custas.

Os autos deverão ser restituídos ao JEF de origem, a fim de que o Juízo a quo cite o INSS, aguarde o decurso do prazo deresposta e, enfim, profira sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 2ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Dar parcial provimentoTotal 6 : Dar provimentoTotal 19 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Extinguir o processo sem resolução de méritoTotal 2 : Não conhecer os embargos de declaraçãoTotal 1 : Negar provimentoTotal 90 :