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Os bancos se renderam às comu- nidades virtuais no fim da déca- da passada. Assim como na cor- rida pela automação do atendi- mento, há 30 anos, Bradesco e Itaú Unibanco largaram na fren- te. “Fomos os primeiros no se- tor a interagir com clientes e in- vestidores nas redes. Em 2009, lançamos o perfil institucional no Twitter. No ano seguinte, foi a vez do RI”, relata Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do Bradesco, que também usa o Facebook (3,1 milhões de curtidores), mas só no plano institucional. Em ambos os frontes, o Itaú Unibanco aderiu ao Twitter me- ses após o concorrente, mas tor- nou-se o pioneiro a lidar com in- teressados em ações no Face- book. Logo de cara, o ninho mais frequentado da web cau- sou-lhe ótima impressão. No se- gundo semestre de 2010, o RI do banco, que acabara de es- trear no canal, transmitiu um evento sobre sustentabilidade e alcançou um sucesso retumban- te de audiência. Os 120 presen- tes, aliados a internautas, posta- ram 10 mil tuítes e retuítes. “Fi- camos surpresos com a expan- são geométrica das informa- ções”, conta Geraldo Soares, su- perintendente de RI. Com cerca de 100 mil acionis- tas cadastrados, a maior institui- ção financeira do País tem po- tencial para conquistar outros tantos milhares de investidores graças à forte presença que man- tém nas redes sociais. Seu perfil institucional no Facebook conta com nada menos do que 4,117 milhões de fãs. Até o momento, não foi registrada migração dig- na de nota para a página do RI na mesma plataforma, inaugura- da em abril do ano passado, mas o Itaú Unibanco segue in- vestindo em educação financei- ra, com o objetivo de catequizar novos investidores - disposição pouco comum entre as compa- nhias nacionais. A mais recente iniciativa foi o “Manual de ações para o investidor pessoa fí- sica”, lançado em setembro de 2011 em versão impressa. “A ti- ragem gratuita de 30 mil exem- plares se esgotou rapidamente. Disponibilizamos o arquivo em PDF no nosso site de RI e, até o momento, registramos 3 mil do- wnloads”, destaca Soares. BOMPRATODOS Crédito a MPE no BB bate recorde em 2012 How come (yo)u only include US stocks?". Eram quase 3 da tarde da quarta-feira 18 de feve- reiro de 2009 quando Luis Fer- nando Moran de Oliveira deu o click inicial no uso de redes so- ciais para relações com investi- dores (RI) no Brasil. A pergunta, lançada no blog do StockTwits, sobre o qual fala- remos adiante, foi a primeira de uma longa série de posts do exe- cutivo no perfil de RI da WEG SA no Twitter. Oliveira, não se enganem, é mais do que o geren- te responsável pela área na cin- quentenária fabricante de moto- res elétricos, como diz seu car- tão de visitas. Ele é cara do RI da empresa nos domínios do passarinho azul - literalmente, diga-se, pois não há nem sinal de logotipo corporativo na pági- na em questão. Só um simpáti- co retrato do homem que a pilo- ta e a abastece incansavelmente com novidades. “É preciso ajustar a lingua- gem do RI às redes sociais. Nos- sos interlocutores no Twitter precisam de respostas ‘de gen- te’, não algo frio, num jargão im- penetrável. Por isso, nosso per- fil tem uma foto minha. É para todos saberem que tem uma pes- soa ali”, explica ele, que tam- bém atua como diretor do Insti- tuto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Graças à dedicação de Olivei- ra, a WEG contabiliza mais de 1.600 seguidores-investidores. Uma massa razoável, conside- rando-se que o gerente toca o barco praticamente sozinho. No ranking nacional de perfis cor- porativos de RI, só alguns gigan- tes exibem rebanhos mais en- corpados, casos de Itaú Uniban- co (5.980), Bradesco (5.898) Pe- trobras (3.850 em dois endere- ços, um em inglês, outro em português) e Gol (3.365). Além destes, há pouca coisa a ser vis- ta. Das 364 companhias listadas na BM&FBovespa, menos de 10% utilizam o Twitter para ven- der o peixe de suas ações. No Fa- cebook, o total não chega a 20, em termos absolutos. “O RI de uma empresa tem como ponto central o site, mas só ele não basta. É preciso bus- car outros canais de comunica- ção, de forma a aumentar o trá- fego virtual. Para isso, as redes sociais são essenciais”, alerta Fa- biane Goldstein, diretora da consultoria Ricca RI. Referência A referência nessa seara é a América do Norte. Não por aca- so, uma pesquisa da Q4 Web Systems junto a 807 grandes cor- porações públicas e privadas, das quais 65% dos Estados Uni- dos e do Canadá, apresentou nú- meros de fazer corar de vergo- nha a turma do RI canarinho. Quase dois terços das entrevista- das falam de seus títulos mobi- liários no Twitter (63%) e no StockTwits (64%), rede social 100% voltada ao mercado de ca- pitais, com cerca de 200 mil adeptos. O Facebook, surpresa, aparece só como a terceira op- ção, com 40%. Acabou supera- do pelo SlideShare, que permite o compartilhamento de arqui- vos em PDF, Keynote, WordO- ffice e PowerPoint, estes últi- mos com áudios. Como fiel de- positária de apresentações, rela- tórios, balancetes e outros docu- mentos,“nuvem” ganhou a pre- ferência de 44% das empresas ouvidas no primeiro semestre do ano passado, um salto de 34 pontos em relação ao levanta- mento anterior, de 2009. “Todas as redes sociais têm um determinado ciclo de vida - Second Life e Orkut que o di- gam. Mais cedo ou mais tarde, por algum motivo, começam a declinar e abrem espaço para novas ferramentas. O SlideSha- re está em alta porque permite interatividade, característica cada vez mais valorizada pelos internautas”, explica Oliveira, da WEG. Bola cheia Uns sobem, outros caem, mas o fato é que esses canais estão com a bola cada vez mais cheia junto ao público-alvo do RI. A Q4 Web Systems constatou que 49% dos investidores profissio- nais leem blogs especializados (33% ao menos semanalmente) e 27% recorrem ao YouTube em busca de informações. E o dado mais relevante: 63% deles, que seguem uns aos outros no Twit- ter e no StockTwits, reconhe- cem que as redes ganham mais importância em suas decisões de negócios a cada dia. Atento a essas tendências, o RI da Light desembarcou simul- taneamente no Twitter e no Fa- cebook em 4 outubro do ano passado. Seu número de curti- dores e seguidores ainda é redu- zido (69 e 9, respectivamente), mas a geradora e distribuidora de energia elétrica não para de postar informações e mensa- gens. A médio prazo, sem afoba- ção, pretende explorar outros canais, caso do Linkedin. “Analisamos os riscos de es- tender as relações com investi- dores às redes sociais e concluí- mos que eles são os mesmos existentes para outras mídias, como o site e até mesmo o aten- dimento por telefone”, conta Gustavo Werneck, gerente de RI. “Nossos fãs são, na maioria, jovens em busca de informa- ções sobre as ações da empresa e o mercado de capitais. Mas também aparece, vez ou outra, alguém reclamando da conta de luz. Não importa: ninguém fica sem resposta.” O Banco do Brasil registrou crescimento recorde de 30,7% em 12 meses na sua carteira de crédito com as micro e pequenas empresas, atingindo saldo de R$ 88,9 bilhões ao final de 2012. O resultado foi impactado positivamente pelo programa BOMPRATODOS, lançado em abril, que agregou volume no crédito e aprimorou o relacionamento com o cliente MPE. O comércio permaneceu como o setor com a maior participação no crédito, com 40,3% do montante total. Empresas abertas descobrem vantagens das redes sociais Dario Palhares [email protected] Uma corrida disputada por gigantes das finanças FINANÇAS Bradesco e Itaú somam mais de 7 milhões de fãs em suas páginas no Facebook Adriano Machado/Bloomberg Divulgação RI começam a usar a ferramenta para se relacionar com o público e ‘vender’ suas ações Oliveira, da WEG: respostas 'de gente', não algo frio, impenetrável COMUNIDADES EM AÇÃO Usuários ativos das principais redes sociais em dezembro de 2012, em milhões* 0 100 0 0 200 100 100 300 200 200 400 300 300 500 400 400 600 500 500 700 600 600 800 700 700 Twitter Twi Twi Tw Twi Twi Twi Twi Twi Twitte tte e tte tte tte tte t tte e tter r r r r r r r r r r YouT ube G G Goo o G o G l gle e e gle e + + Facebook F F Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook Facebook aceboo aceboo aceboo aceboo aceboo cebo cebo cebo cebo ebo ebo ook Obs: o levantamento não considera o total de inscritos, e sim os internautas que efetivamente utilizam as redes. No consolidado de 2012, o maior crescimento na base de usuários ativos foi alcançado pelo Twitter, com 40% Fonte: Global Web Index *números aproximados 700 343 300 288 56 Brasil Econômico Terça-feira, 5 de março, 2013

Brasil economico 05032013 - pag. 56

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Page 1: Brasil economico   05032013 - pag. 56

Os bancos se renderam às comu-nidades virtuais no fim da déca-da passada. Assim como na cor-rida pela automação do atendi-mento, há 30 anos, Bradesco eItaú Unibanco largaram na fren-te. “Fomos os primeiros no se-tor a interagir com clientes e in-vestidores nas redes. Em 2009,lançamos o perfil institucionalno Twitter. No ano seguinte, foia vez do RI”, relata Luiz CarlosAngelotti, diretor de relaçõescom investidores do Bradesco,que também usa o Facebook(3,1 milhões de curtidores),mas só no plano institucional.

Em ambos os frontes, o ItaúUnibanco aderiu ao Twitter me-ses após o concorrente, mas tor-nou-se o pioneiro a lidar com in-teressados em ações no Face-book. Logo de cara, o ninhomais frequentado da web cau-sou-lhe ótima impressão. No se-gundo semestre de 2010, o RIdo banco, que acabara de es-trear no canal, transmitiu umevento sobre sustentabilidade ealcançou um sucesso retumban-te de audiência. Os 120 presen-tes, aliados a internautas, posta-ram 10 mil tuítes e retuítes. “Fi-camos surpresos com a expan-são geométrica das informa-ções”, conta Geraldo Soares, su-perintendente de RI.

Com cerca de 100 mil acionis-tas cadastrados, a maior institui-ção financeira do País tem po-tencial para conquistar outrostantos milhares de investidoresgraças à forte presença que man-tém nas redes sociais. Seu perfilinstitucional no Facebook contacom nada menos do que 4,117milhões de fãs. Até o momento,não foi registrada migração dig-na de nota para a página do RIna mesma plataforma, inaugura-da em abril do ano passado,mas o Itaú Unibanco segue in-vestindo em educação financei-ra, com o objetivo de catequizarnovos investidores - disposiçãopouco comum entre as compa-nhias nacionais. A mais recenteiniciativa foi o “Manual deações para o investidor pessoa fí-sica”, lançado em setembro de2011 em versão impressa. “A ti-ragem gratuita de 30 mil exem-plares se esgotou rapidamente.Disponibilizamos o arquivo emPDF no nosso site de RI e, até omomento, registramos 3 mil do-wnloads”, destaca Soares. ■

BOMPRATODOS

Crédito a MPE no BB bate recorde em 2012

How come (yo)u only includeUS stocks?". Eram quase 3 datarde da quarta-feira 18 de feve-reiro de 2009 quando Luis Fer-nando Moran de Oliveira deu oclick inicial no uso de redes so-ciais para relações com investi-dores (RI) no Brasil.

A pergunta, lançada no blogdo StockTwits, sobre o qual fala-remos adiante, foi a primeira deuma longa série de posts do exe-cutivo no perfil de RI da WEGSA no Twitter. Oliveira, não seenganem, é mais do que o geren-te responsável pela área na cin-quentenária fabricante de moto-res elétricos, como diz seu car-tão de visitas. Ele é cara do RIda empresa nos domínios dopassarinho azul - literalmente,diga-se, pois não há nem sinalde logotipo corporativo na pági-na em questão. Só um simpáti-co retrato do homem que a pilo-ta e a abastece incansavelmentecom novidades.

“É preciso ajustar a lingua-gem do RI às redes sociais. Nos-sos interlocutores no Twitterprecisam de respostas ‘de gen-te’, não algo frio, num jargão im-penetrável. Por isso, nosso per-fil tem uma foto minha. É paratodos saberem que tem uma pes-soa ali”, explica ele, que tam-bém atua como diretor do Insti-tuto Brasileiro de Relações comInvestidores (Ibri).

Graças à dedicação de Olivei-ra, a WEG contabiliza mais de1.600 seguidores-investidores.Uma massa razoável, conside-rando-se que o gerente toca obarco praticamente sozinho. Noranking nacional de perfis cor-porativos de RI, só alguns gigan-

tes exibem rebanhos mais en-corpados, casos de Itaú Uniban-co (5.980), Bradesco (5.898) Pe-trobras (3.850 em dois endere-ços, um em inglês, outro emportuguês) e Gol (3.365). Alémdestes, há pouca coisa a ser vis-ta. Das 364 companhias listadasna BM&FBovespa, menos de10% utilizam o Twitter para ven-der o peixe de suas ações. No Fa-cebook, o total não chega a 20,em termos absolutos.

“O RI de uma empresa temcomo ponto central o site, massó ele não basta. É preciso bus-car outros canais de comunica-ção, de forma a aumentar o trá-fego virtual. Para isso, as redessociais são essenciais”, alerta Fa-biane Goldstein, diretora daconsultoria Ricca RI.

ReferênciaA referência nessa seara é aAmérica do Norte. Não por aca-so, uma pesquisa da Q4 WebSystems junto a 807 grandes cor-porações públicas e privadas,das quais 65% dos Estados Uni-dos e do Canadá, apresentou nú-meros de fazer corar de vergo-nha a turma do RI canarinho.Quase dois terços das entrevista-das falam de seus títulos mobi-liários no Twitter (63%) e noStockTwits (64%), rede social100% voltada ao mercado de ca-pitais, com cerca de 200 miladeptos. O Facebook, surpresa,aparece só como a terceira op-ção, com 40%. Acabou supera-do pelo SlideShare, que permiteo compartilhamento de arqui-vos em PDF, Keynote, WordO-ffice e PowerPoint, estes últi-mos com áudios. Como fiel de-positária de apresentações, rela-tórios, balancetes e outros docu-mentos,“nuvem” ganhou a pre-

ferência de 44% das empresasouvidas no primeiro semestredo ano passado, um salto de 34pontos em relação ao levanta-mento anterior, de 2009.

“Todas as redes sociais têmum determinado ciclo de vida- Second Life e Orkut que o di-gam. Mais cedo ou mais tarde,por algum motivo, começam adeclinar e abrem espaço paranovas ferramentas. O SlideSha-re está em alta porque permiteinteratividade, característicacada vez mais valorizada pelosinternautas”, explica Oliveira,da WEG.

Bola cheiaUns sobem, outros caem, mas ofato é que esses canais estãocom a bola cada vez mais cheiajunto ao público-alvo do RI. AQ4 Web Systems constatou que49% dos investidores profissio-nais leem blogs especializados(33% ao menos semanalmente)e 27% recorrem ao YouTube embusca de informações. E o dadomais relevante: 63% deles, queseguem uns aos outros no Twit-ter e no StockTwits, reconhe-

cem que as redes ganham maisimportância em suas decisõesde negócios a cada dia.

Atento a essas tendências, oRI da Light desembarcou simul-taneamente no Twitter e no Fa-cebook em 4 outubro do anopassado. Seu número de curti-dores e seguidores ainda é redu-zido (69 e 9, respectivamente),mas a geradora e distribuidorade energia elétrica não para depostar informações e mensa-gens. A médio prazo, sem afoba-ção, pretende explorar outroscanais, caso do Linkedin.

“Analisamos os riscos de es-tender as relações com investi-dores às redes sociais e concluí-mos que eles são os mesmosexistentes para outras mídias,como o site e até mesmo o aten-dimento por telefone”, contaGustavo Werneck, gerente deRI. “Nossos fãs são, na maioria,jovens em busca de informa-ções sobre as ações da empresae o mercado de capitais. Mastambém aparece, vez ou outra,alguém reclamando da conta deluz. Não importa: ninguém ficasem resposta.” ■

O Banco do Brasil registrou crescimento recorde de 30,7% em 12 meses

na sua carteira de crédito com as micro e pequenas empresas,

atingindo saldo de R$ 88,9 bilhões ao final de 2012. O resultado foi

impactado positivamente pelo programa BOMPRATODOS, lançado em

abril, que agregou volume no crédito e aprimorou o relacionamento

com o cliente MPE. O comércio permaneceu como o setor com a maior

participação no crédito, com 40,3% do montante total.

Empresas abertas descobremvantagens das redes sociais

Dario [email protected]

Uma corridadisputadapor gigantesdas finanças

FINANÇAS

Bradesco e Itaú somam maisde 7 milhões de fãs em suaspáginas no Facebook

Adriano Machado/Bloomberg

Divulgação

RI começam a usar a ferramenta para se relacionar com o público e ‘vender’ suas ações

Oliveira,daWEG: respostas 'degente',nãoalgo frio, impenetrável

COMUNIDADES EM AÇÃO

Usuários ativos das principais redes sociais em dezembro de 2012, em milhões*

0100

00200100100300200200400300300500400400600500500700600600800700700

TwitterTwiTwiTwTwiTwiTwiTwiTwiTwittetteettettettettettteetterrrrrrrrrrrYouTubeGGGoooG oG lgleeegleeggg ++FacebookFFFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookFacebookacebooacebooacebooacebooacebooceboceboceboceboeboeboebook

Obs: o levantamento não considera o total de inscritos, e sim os internautasque efetivamente utilizam as redes. No consolidado de 2012, o maior crescimento

na base de usuários ativos foi alcançado pelo Twitter, com 40%

Fonte: Global Web Index *números aproximados

700

343 300 288

56 Brasil Econômico Terça-feira, 5 de março, 2013