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De 14-05-2012 a 20-05-2012
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Transparência
43
REVISTA SEMANAL ↘ 14.05 - 20.05_2012
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Tiragem: 156225
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 2
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Área: 13,71 x 19,35 cm²
Corte: 1 de 1ID: 41758767 13-05-2012
Página 12
A13
Tiragem: 47321
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 11
Cores: Cor
Área: 21,09 x 13,86 cm²
Corte: 1 de 1ID: 41785433 15-05-2012
O Departamento de Investigação e
Acção Penal (DIAP) de Lisboa arqui-
vou o inquérito sobre a viagem de
27 médicos portugueses à Malásia
para participarem num congresso
de ginecologia que incluiu a visita a
uma ilha a 700 quilómetros de dis-
tância durante os três últimos dias
do encontro.
O procurador do DIAP considerou
que não estavam “preenchidos to-
dos os elementos típicos” do crime
de corrupção passiva, apesar de ter
mandado extrair uma certidão pa-
Médicos que viajaram para ilha da Malásia a meio de congresso foram ilibados de corrupção
ra eventuais “efeitos disciplinares”.
A visita à ilha a meio do congresso
revela-se “eticamente censurável”,
comenta.
A história foi divulgada pela esta-
ção televisiva TVI em Maio de 2009,
depois de um ex-delegado de infor-
mação médica do laboratório J. Ne-
ves (empresa que patrocinou a ida
ao congresso) ter decidido divulgar
várias informações sobre a polémica
viagem a Kuala Lumpur, onde entre
5 e 10 de Novembro de 2006 decor-
reu o XVIII Congresso de Ginecolo-
gia e Obstetrícia.
Segundo a reportagem, fora o
laboratório J. Neves a patrocinar a
deslocação ao congresso de um gru-
po de médicos de família, que teria
incluído, além de vistas à capital da
Malásia, espectáculos e uma viagem
de cinco dias a LangKawi, ilha para-
disíaca a cerca de 700 quilómetros.
Os médicos foram de avião para a
ilha no dia 8 de Novembro, quan-
do ainda faltavam três dias para o
congresso terminar. Em LangKawi,
vestiram-se de piratas e as imagens
do DVD que o laboratório distribuiu
como recordação foram exibidas na
peça da TVI, para consternação do
então bastonário da Ordem dos Mé-
dicos (OM), Pedro Nunes, que pediu
a abertura de um inquérito à Procu-
radoria-Geral da República.
Três anos depois, o DIAP deci-
diu arquivar o inquérito, depois de
concluir que “não resulta sufi cien-
temente indiciado que os médicos
que a aceitaram actuaram com a
consciência indevida da vantagem”.
O preenchimento do crime de cor-
rupção passiva pressupõe, por ou-
tro lado, uma actuação dolosa e isso
não fi cou provado, porque a análise
às prescrições dos médicos não per-
mitiu estabelecer uma relação entre
a quantidade de medicamentos do J.
Neves receitados após a viagem . Foi
por não haver aparente contrapar-
JustiçaAlexandra Campos
Procurador do DIAP de Lisboa manda extrair certidão para a eventual instauração de processos disciplinares
tida que a Inspecção-Geral das Acti-
vidades em Saúde decidiu também
arquivar o caso. Resta saber qual vai
ser a decisão da Ordem dos Médicos
— em 2009 o então bastonário Pedro
Nunes afi rmou que, se se confi rmas-
se que os médicos tinham ido à ilha
pagos pelo J.Neves, iriam ser alvo de
processos disciplinares.
Apesar de os responsáveis do la-
boratório terem voltado a garantir
que foram os médicos a custear este
programa suplementar, o procura-
dor considera que há indícios de que
a parte da viagem e estadia a Lan-
gkawi terá sido paga pelo J.Neves, o
que “pode traduzir objectivamente
a aceitação de uma vantagem que
não era devida”.
Em Fevereiro deste ano, duas
médicas foram condenadas pelo
Tribunal de Santa Comba Dão, por
ter sido dado como provado que re-
ceitaram vários medicamentos do J.
Neves em troca de contrapartidas.
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Tiragem: 40358
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 8
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País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 9
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Tiragem: 40358
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Tiragem: 99127
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 25
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Period.: Semanal
Âmbito: Interesse Geral
Pág: 51
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 2ID: 41824685 17-05-2012DANIEL ROCHA
Ex-deputado do PSD vai ficar sujeito a vigilância electrónica
Duarte Lima já deverá passar o pró-
ximo fi m-de-semana em casa. O re-
latório sobre as condições que per-
mitem que deixe o Estabelecimento
Prisional de Lisboa anexo à Polícia
Judiciária e passe a fi car em prisão
domiciliária sujeito a vigilância elec-
trónica, que deu entrada ontem à
tarde na Direcção-Geral da Rein-
serção Social (DGRS), deverá estar
concluído amanhã. Se o tribunal
proferir decisão ainda nesse dia, o
ex-deputado do PSD será transpor-
tado para casa, onde lhe será colo-
cada uma pulseira electrónica.
Proposto pelo Ministério Público,
que considerou que já não se jus-
tifi cava a medida de coacção mais
gravosa, o pedido para substituir a
medida de coacção aplicada a Du-
arte Lima foi deferido pelo juiz de
Instrução Criminal.
Em declarações ontem aos jorna-
listas, o procurador-geral da Repú-
blica, Pinto Monteiro, esclareceu
que a mudança das medidas de co-
acção está prevista na lei e pode ser
Duarte Lima deve ficar em prisão domiciliária já a partir do fim-de-semana
requerida quando tal for considera-
do pertinente para o processo.
Segundo a lei, os pressupostos
para a prisão preventiva são perigo
de fuga e de destruição de provas e
risco de continuação da actividade
criminosa.
Duarte Lima junta-se assim aos
700 presos sujeitos actualmente em
Portugal em regime de prisão domi-
ciliária com vigilância electrónica.
A pulseira electrónica é uma espé-
cie de “guarda electrónico privativo”
de cada arguido ou condenado, que
transmite sinais em rádio frequên-
cia a curtos intervalos. Esses sinais
são captados por um equipamento
semelhante a um telefone instalado
na habitação, no qual é descarrega-
do um fi cheiro informático com os
dados referentes aos horários a que
o arguido tem de obedecer.
Além de aplicada como medida
de coacção, a vigilância electróni-
ca é indissociável da pena de prisão
na habitação (PPH). O acompanha-
mento das pessoas que se encon-
tram sujeitas a vigilância electróni-
ca é assegurado pelos técnicos de
reinserção social. Em entrevista ao
PÚBLICO em Maio do ano passado,
o responsável da vigilância electró-
nica da DGRS, Nuno Caiado, expli-
cava que a medida de obrigação de
permanência na habitação é “uma
alternativa muito importante à pri-
são preventiva, que equivale a quase
15% dos presos preventivos”.
O ex-deputado do PSD passou 181
dias detido no estabelecimento pri-
sional da PJ, desde que foi detido
em Novembro do ano passado por
suspeita da prática dos crimes de
burla qualifi cada, fraude fi scal quali-
fi cada e branqueamento de capitais
no âmbito de um processo relacio-
nado com a compra de terrenos em
Oeiras com dinheiros do Banco Por-
tuguês de Negócios (BPN).
No âmbito do mesmo processo foi
também detido, no mesmo dia, o
fi lho de Duarte Lima, Pedro Lima,
que entregou ao tribunal uma mo-
radia de luxo como garantia de uma
caução de 500 mil euros.
Duarte Lima é também acusado
num outro processo (a correr no
Brasil), o do homicídio de Rosalina
Ribeiro, companheira do milionário
português Lúcio Tomé Feteira, em
Dezembro de 2009, nos arredores
do Rio de Janeiro. No próximo dia
30, o Tribunal de Saquarema, Rio de
Janeiro, presidido pelo juiz Rafael
Rezende de Chagas, vai decidir se
há ou não indícios sufi cientes para
levar o caso a julgamento.
É uma audiência que corresponde
à da instrução em Portugal. Compa-
recem as testemunhas de acusação
e de defesa, que confrontam argu-
mentos sobre a implicação de Du-
arte Lima no crime.
No fi nal, compete ao juiz decidir
se Duarte Lima deve ou não ir a jul-
gamento.
JustiçaPaula Torres de Carvalho
Proposta foi do Ministério Público. Juiz deferiu. Aguarda-se agora o relatório sobre a aplicação da vigilância electrónica
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Tiragem: 47321
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Corte: 2 de 2ID: 41824685 17-05-2012
Ex-deputado do PSD vai fi car em prisão domiciliária, sujeito a vigilância electrónica. Tribunal deve decidir sexta-feira p10
Duarte Lima deve sair da prisão no fim-de-semana
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Tiragem: 27259
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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Tiragem: 40358
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Tiragem: 40358
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Âmbito: Informação Geral
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País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 41867262 19-05-2012
Ricardo Rodrigues, deputado do PS, está a ser julgado
O deputado socialista Ricardo Ro-
drigues, que está a ser julgado no
Campus da Justiça, em Lisboa, por
um crime de atentado à liberdade de
imprensa, reconheceu ontem que
“genericamente” os factos de que
é acusado “são verdadeiros”. Mas
também se defendeu, afi rmando
que, em Maio de 2010, quando se
apoderou dos gravadores de uma
jornalista que o estava a entrevistar
e a colocar perguntas de “carácter
pessoal”, pretendia apenas ter um
meio de prova para que a providên-
cia cautelar que pretendia interpor
pudesse ser aceite.
Ricardo Rodrigues, que, à data dos
factos pelos quais está agora a ser
julgado, coordenava duas comissões
na Assembleia da República (uma
delas a eventual para a corrupção),
explicou que houve três momentos,
quando, em Maio de há dois anos,
dava a entrevista à revista Sábado,
que o levaram a concluir que os jor-
nalistas estariam interessados em
“denegrir” a sua imagem: “Come-
çaram a falar de um crime de burla
ocorrido em 1997 [quando, nos Aço-
res, enquanto advogado, defendeu
uma mulher que acabou por ser con-
denada] e insinuaram que eu estaria
relacionado com a mesma. Distor-
ceram o que eu disse relativamente
ao engenheiro João Cravinho, com
quem eu tinha uma divergência de
Ricardo Rodrigues confessa que desviou gravadores para evitar ataques pessoais
opinião a propósito da tipifi cação do
crime de enriquecimento ilícito. E,
por fi m, associaram-me a uns boatos
relativos a um caso de pedofi lia [caso
Farfalha]”.
O deputado, que agora diz que
existem “divergências [entre si e a
acusação] de interpretação dos fac-
tos”, garante que, ao levar os dois
gravadores da jornalista Maria Hen-
rique Espada, tinha como intenção
apresentar as gravações a um juiz
para que este se pronunciasse favo-
ravelmente quanto a uma providên-
cia cautelar que, em seu entender,
seria a única forma de travar a saída
da entrevista.
“Iam voltar a abordar factos pelos
quais nunca respondi em tribunal
nem fui incriminado, factos esses
[os casos de pedofi lia] que levaram
à minha demissão do Governo Re-
gional dos Açores, que me levaram
a abandonar os Açores, passando
então a estar por largos períodos
no Brasil, em Itália e em Espanha,
e que causaram grande transtorno
em familiares e amigos”, adiantou
o deputado.
A argumentação de Ricardo Ro-
drigues acabou por ser rebatida pela
jornalista Maria Henrique Espada,
a qual viu a juíza admiti-la como as-
sistente no processo, gorando assim
uma questão prévia suscitada pela
defesa logo na primeira audiência,
quando pretenderam que esta se
apresentasse em tribunal apenas
como testemunha.
A jornalista confi rmou em tribunal
que não combinou com o deputado
quais os temas da entrevista, justi-
fi cando desse modo o facto de não
ter efectuado apenas perguntas de
carácter político mas outras que, no
seu entendimento, e sendo pessoais,
eram relevantes (em termos jorna-
lísticos) para explicar determinadas
acções políticas, nomeadamente as
que se podiam reportar a casos de
corrupção e ao envolvimento de
políticos em actos de pedofi lia (ca-
so Casa Pia).
“Acreditei sempre que o deputa-
do me iria devolver os gravadores
e apresentar um pedido de descul-
pa”, disse a jornalista, explicando
desse modo o facto de só ter par-
ticipado o caso seis dias após a sua
ocorrência.
Ricardo Rodrigues, que disse ter
tentado entregar os gravadores a um
ofi cial da GNR em serviço na AR (só
não o fez porque este disse que se tal
acontecesse ele teria de os devolver
à jornalista), acabou por entregar os
mesmos quatro dias depois no tribu-
nal de Ponta Delgada.
Justiça José Bento Amaro
Deputado do PS agiu quando foi questionado sobre o seu alegado envolvimento em casos de burla e pedofilia
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Tiragem: 47321
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 3ID: 41867244 19-05-2012
Duarte Lima ontem à chegada a sua casa, onde vai ficar em regime de prisao domiciliaria
Duarte Lima ajudou a apanhar rede que branqueava capitais
O advogado e ex-líder parlamentar do
PSD, Domingos Duarte Lima, ajudou
o Departamento Central de Investiga-
ção e Acção Penal a apanhar uma re-
de que oferecia esquemas para fugir
ao fi sco e para branquear capitais, da
qual seria cliente. Durante três inter-
rogatórios, dois feitos apenas na pre-
sença do procurador Rosário Teixei-
ra, que investiga os dois casos, e um
terceiro já conduzido esta semana
pelo juiz Carlos Alexandre, do Tri-
bunal Central de Instrução Criminal,
o advogado implicou Michel Canals,
presidente do conselho de adminis-
tração da empresa suíça Akoya Asset
Management, que foi detido anteon-
tem com outros dois elementos da
administração daquela sociedade e
um intermediário português.
A colaboração com as autoridades
valeu a Duarte Lima uma suavização
da medida de coacção, permitindo
ao advogado abandonar a cadeia
onde esteve nos últimos seis meses.
O ex-líder parlamentar do PSD vai
aguardar agora o desenrolar das in-
vestigações em casa, para onde foi
ontem, já que fi cou sujeito a prisão
domiciliária (ver caixa).
O juiz Carlos Alexandre esteve on-
tem a interrogar durante todo o dia
dois dos suspeitos, mas até ao fecho
desta edição não eram ainda conhe-
cidas as medidas de coacção aplica-
das. O primeiro interrogatório durou
seis horas e o segundo, o de Michel
Canals, que se iniciara pelas 17h00,
continuava ao início da noite, sendo
expectável que as restantes audições
se prolonguem pelos próximos dias
devido à complexidade do caso.
Apesar de o semanário Sol ter de-
dicado ontem três páginas a este ca-
so, ninguém no Ministério Público
esteve ontem disponível para pres-
tar informações sobre a investigação
que se encontra em segredo de jus-
tiça. A GNR apenas confi rmou que
a Unidade de Acção Fiscal partici-
pou nas operações de buscas, que
decorreram em Lisboa e no Porto,
em colaboração com a inspecção
tributária.
Fraude pode atingir os mil milhões de euros. Ontem, dois dos quatro suspeitos detidos foram ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, mas medidas de coacção ainda não são conhecidas
Segundo o Sol, no centro da rede
está a Akoya Asset Management, que
terá proporcionado a empresários,
advogados e políticos, como o antigo
secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais e ex-presidente do BPN, Oli-
veira e Costa, esquemas que permi-
tiam fugir aos impostos e branquear
capitais — uma fraude que se calcula
terá atingido os mil milhões de eu-
ros. A empresa actuava como testa-
de-ferro dos seus clientes, criando
empresas off shore onde o capital era
colocado. Iludindo as autoridades, a
rede também fazia chegar a Portugal
o dinheiro dos depositantes quando
estes necessitavam sem recorrerem
ao seu transporte físico. Para tal seria
usado um intermediário, que fazia
circular o dinheiro pelo BPN Insti-
tuição Financeira Internacional, com
sede em Cabo Verde, e o transferia
depois para o BCP e o BPN em Por-
tugal.
Ligações a FeteiraNo site da Akoya, a fi rma apresenta-
se como “um grupo independente
suíço especializado na gestão de
fortunas fundado em 2009 no cora-
ção do centro fi nanceiro da Suíça”.
Contactada pelo PÚBLICO para a sua
sede em Genebra, uma funcionária
da Akoya recusou-se a fazer qualquer
comentário sobre as detenções, re-
metendo informações para a próxi-
ma semana. A empresa, que oferece
entre os seus serviços optimização
fi scal e planeamento fi nanceiro, in-
cluiu Portugal entre um conjunto
de oito países onde opera. Os três
administradores agora detidos são
todos ex-funcionários da União de
Bancos Suíços (UBS), um dos maiores
bancos do mundo, com cerca de 65
mil funcionários dispersos por mais
de 50 países.
Michel Canals é ex-director execu-
tivo do UBS onde, segundo o Sol, terá
gerido as contas conjuntas do milio-
nário Lúcio Tomé Feteira e da sua
companheira e secretária, Rosalina
Ribeiro, assassinada em Dezembro
de 2009 no Brasil, onde Duarte Li-
ma está acusado do seu homicídio.
Nessa altura, as autoridades suíças
já haviam remetido documentos ao
Ministério Público português (num
inquérito aberto na sequência de
uma queixa-crime apresentada pela
fi lha do milionário, Olímpia Feteira)
que comprovavam a transferência
de vários milhões de euros de contas
conjuntas de Tomé Feteira e Rosalina
para contas individuais da secretária
e destas para terceiros. Um deles era
o seu advogado Duarte Lima, para
quem foram transferidos 5,2 milhões
de euros, uma verba que o ex-depu-
tado confi rma ter recebido “a título
de pagamento de honorários”.
Estas movimentações terão pas-
sado pelas mãos de Canals, que
também terá ajudado Duarte Lima
a fazer circular os milhões de euros
obtidos através da burla ao BPN, o
caso que ainda lhe vale a prisão do-
miciliária.
Chamada fatalNeste caso, o ex-deputado é suspei-
to de ter usufruído directamente ou
através de testas de ferro de vários
créditos no valor de mais de 40 mi-
lhões de euros, obtidos com garan-
tias bancárias de baixo valor. Um dos
créditos foi registado em documen-
tos ofi ciais do BPN como sendo de
cobrança duvidosa. Duarte Lima era
cliente daquele banco e o seu nome
consta de um relatório de auditoria
da Deloitte, com um fi nanciamento
JustiçaMariana Oliveira
Na véspera do homicídio de Rosalina Ribeiro, Duarte Lima usava um telemóvel da empresa suíça que está no centro da nova investigação
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Tiragem: 47321
País: Portugal
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Corte: 2 de 3ID: 41867244 19-05-2012
RUI GAUDÊNCIO
de cerca de cinco milhões de euros,
que foi concedido sem que o banco
tenha respeitado os procedimentos
normais.
O contrato mais polémico foi feito
com o Fundo Homeland, constituí-
do em Setembro de 2007 e que se
revelou um negócio ruinoso de mais
de 40 milhões de euros que o banco
fez com Pedro Lima (fi lho de Duarte
Lima), o empresário Vítor Raposo e o
próprio fundo de pensões do BPN. O
fi nanciamento serviria para comprar
mais de 30 terrenos no concelho de
Oeiras que fi cariam nas imediações
daquela que seria a nova sede do Ins-
tituto Português de Oncologia (IPO).
Mas o IPO não avançou e, vários anos
depois de o crédito ter sido conce-
dido, a dívida continua por pagar,
tendo o ano passado a administra-
ção do BPN cancelado o contrato de
crédito.
Outra curiosidade é o facto de um
dos telemóveis suíços que a Akoya
disponibilizava aos seus clientes para
proteger a sua actividade ter acabado
por se mostrar relevante para as au-
toridades brasileiras, que apanharam
uma chamada feita no telefone suíço
de Duarte Lima na véspera do crime,
perto de Saquarema, a povoação on-
de o cadáver da Rosalina Ribeiro foi
encontrado.
Residência vigiada
Se Lima deixar casa, o alarme dispara
À semelhança de outros 700 arguidos, Duarte Lima ficou ontem sob pena de prisão na habitação (PPH)
com vigilância electrónica através de uma pulseira colocado no tornozelo.
Duarte Lima deixou o estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária de Lisboa — onde se encontrava desde Novembro do ano passado — às 12h25 de ontem e foi transportado até sua casa, em Lisboa, onde ficará na companhia de um filho.
Todos os seus movimentos passarão, a partir de agora, a ser vigiados através de monitores instalados numa sala da Direcção-Geral da Reinserção Social. Se Duarte Lima sair da residência, por exemplo, um alarme dá imediatamente sinal e os técnicos entram em contacto telefónico com ele. Se necessário, deslocam-se a sua casa e em caso de fuga, alertam a polícia.
Segundo as estatísticas, os casos de fuga e de incumprimento são uma grande minoria. A taxa de sucesso da aplicação desta medida ronda os 94%. Em 2011, por exemplo, não houve nenhuma revogação da pena por incumprimento, o que demonstra que se trata de um sistema seguro.
A larga maioria das pessoas que se encontram neste regime de vigilância electrónica cometeram crimes de condução sob efeito do álcool ou falta de habilitação para guiar. Durante o período em que Duarte Lima ficar a aguardar a evolução do processo em casa, poderá receber visitas.
Lima está acusado num outro processo, o do homicídio da ex-companheira de Tomé Feteira. Numa audiência marcada para próximo dia 30, em Saquarema, no Brasil, será decidido se o processo segue ou não para julgamento. P.T.C.
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Colaboração ajudou advogado a passar para prisão domiciliária p8/9
Lima decisivo para PJ chegar a rede de lavagem de dinheiro
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