Upload
juliana-gomes
View
213
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Violência escolar - bullying
Citation preview
As primeiras pesquisas relacionadas ao bullying se iniciaram nas
décadas de 70 e 80, quando, na Suécia, as primeiras denúncias em relação à
violência nas escolas vieram de pais de alunos revoltados com alguns maus
tratos. Seus meios de reclamação eram, principalmente, os meios de
comunicação. Entretanto a situação só alcançou os centros de pesquisas
efetivos quando, na Noruega no ano de 1982, três crianças de idades entre 10
e 14 anos se suicidaram. A discussão a partir disso se alastrou e o mundo
começou a observar os tipos de relações que seriam construídos nas escolas
e qual seria a natureza para este tipo de violência. Para muitos ainda
considerado como “brincadeira de criança”, “fase de adolescente” ou até
mesmo “intimidade entre amigos”, o bullying hoje merece destaque entre
educadores e psicólogos, uma vez que, para a elaboração destas pesquisas é
preciso dar ao bullying uma personalidade científica e apoiálo também a
origens sócioculturais.
A constituição histórica do bullying não se contém na sua própria
origem, mas através do interesse dos pesquisadores em analisar as
violências escolares, uma vez que, isso possa estar ligado a uma
complexidade e sistematização do ensino a partir dos anos 50, 60 e 70.
Levando também a mudanças nas relações interpessoais nas escolas.
A necessidade de se analisar o bullying como problema sociológico foi
abafado primeiro na idéia de ciência racional, de origem positivista, que
erroneamente procura relevar os fatos como são, apoiados na exatidão das
coisas. Este tipo de estudo transforma relações interpessoais em meros fatos
e não os analisa com subjetividade e, se tratando de violência escolar, é
impossível tratar alunos e professores, que vivem em extrema complexidade
em suas relações, como meros números de uma pesquisa, visto que, as
emoções pessoais se misturam entre ambos. Assim, é necessário ,quando se
tratar de bullying, que se relevem as particularidades de cada ambiente ao se
pensar em uma solução. Compromisso este que deve ser encarado pelo
pedagogo e psicólogo de cada região ou escola.
Antes de aprofundarmos a discussão, levemos em consideração que a
sociedade capitalista está, desde o seu apogeu no séc.XIX, tentando se
“desbarbarizar”, ou seja, civilizar o que não está civilizado, educar o não
educado, para que este esteja dentro do mercado de trabalho e possa
fornecer sua força de trabalho e movimentar o capital. Porém, a maneira de
organização desta sociedade está voltada para uma divisão de classes
dominantes e dominadas através dos bens materiais, desta forma, quanto
maior for o capital de determinada classe maior será a influência desta para
com as outras.
Assim, é indubitável que, na maioria das vezes, a classe A é que dita a
moral que deve ser seguida e o estilo de vida perfeito, sendo que, essa, numa
visão marxista, é dona dos meios de produção e compra a força de trabalho
de outras classes podendo, ideologicamente, influenciála.
Não queremos neste trabalho generalizar os conceitos e colocar a culpa
de tanta violência em um grupo social. O ponto principal da questão é como o
sistema social, organizado pelo modo de produção capitalista, influência nas
relações interpessoais dentro do ambiente escolar.
E a partir destes questionamentos esclarecemos que, o modelo social
ditado pelo sistema leva aos jovens estudantes a diferenciarem os que fazem
parte do que seriam “normais” através de perturbações que remetem a:
diferenças físicas, condições financeiras, opções sexuais e etnias (ciganos,
afrodescendentes, artistas de circo, etc.). É também desta maneira que os
considerados “normais” e que são, geralmente, os agressores tentam se
impor sobre outro grupo para demonstração de poder, esta ultima pode vir
sob pressão psicológica (geralmente feminina) e agressões físicas (de
características masculinas).
Outra observação que podemos salientar esta contida na idéia de que,
ao contrário do que muitos pensam, o bullying não surge só pelas condições
sociais externas às escolas, na verdade, acontece que dentro do ambiente
escolar há o surgimento de relações particularizadas pelo próprio espaço, que
se espalham para o meio exterior. Esta característica pode ser entendida pelo
seguinte aspecto: dentro da escola os alunos, professores e funcionários
criam um ambiente estritamente escolar, onde nesse, as intrigas e diferenças
se acentuam e tomam extensões alem da escola. O mundo escolar é quase
um mundo separado dos outros ambientes da sociedade e deve ser analisado
como tal a partir do sistema que pertence a nossa sociedade.
Em relação às teorias de psicólogos como Freud, podemos ligar as
análises sociológicas com o desenvolvimento psicossexual, que pelo
complexo de Édipo salienta Deborah Antunes e Antônio Zuin em seu artigo
para a Universidade de São Carlos, é através da figura paterna que o
indivíduo vai acumular seus conceitos ideológicos sobre a sociedade e criar
em cima deles paradigmas que podem se tornar preconceitos em relação a
outros grupos sociais. Esta análise faz referência ao momento de socialização
do indivíduo.
Além disso, entre as fazes oral e genital do desenvolvimento
psicossexual a criança muda os objetos por quais ela se apega e atribui a eles
uma parcela do que ela acompanha na sociedade e vive. Desta maneira
relacionando estes objetos aos valores que ela acredita e a ideologia que ela
recebeu da sua família.
Portanto o desafio mor da educação atual, em relação ao bullying, é
planejar metas para que os objetivos educacionais não estejam ligados ao
modelo capitalista de competição e propiciem aos alunos uma melhor
resolução sobre o seu papel na sociedade. Além de um problema psicológico
o bullying deve ser tratado como um mal social, gerados pelas condições
condicionantes da sociedade ocidental. Vale ressaltar que o bullying é uma
característica particular desta sociedade ocidental, em outras modelos sociais
os conceitos serão outros e com outra aplicabilidade de teorias. A gênese do
bullying, no sentido tratado neste trabalho, se limita a origem das
complexidades sociais do capitalismo.