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SIC CLÍNICA CIRÚRGICA CIRURGIA DO TRAUMA

CIRURGIA DO TRAUMA - s3.sa-east-1.amazonaws.com · para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma

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Autoria e colaboração

Eduardo BertolliGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Espe-cialista em Cirurgia Geral pela PUC-SP. Título de especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Especialista em Cirurgia Oncológica pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo, onde atua como médico titular do Serviço de Emergência e do Núcleo de Câncer de Pele. Título de especialista em Cancerologia Cirúrgica pela Sociedade Brasileira de Cancerologia. Membro titular do CBC e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Instrutor de ATLS® pelo Núcleo da Santa Casa de São Paulo.

José Américo Bacchi HoraGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde foi preceptor da disciplina de Coloproctologia.

André Oliveira PaggiaroGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirurgia Plástica pelo HC-FMUSP, onde é doutorando em Cirurgia Plástica e médico assistente.

Marcelo Simas de LimaGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral, em Cirurgia do Aparelho Digestivo e em Endoscopia Digestiva pelo HC-FMUSP. Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.

Rogério BagiettoGraduado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Especialista em Cirurgia Geral pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e em Cirurgia Oncológica pelo Hospital do Câncer de São Paulo.

Fábio CarvalheiroGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especia-lista em Cirurgia Oncológica pelo Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (IAVC) e em Cirurgia Geral pela Santa Casa de São Paulo.

Assessoria didáticaJoão Ricardo Tognini

Atualização 2017Eduardo Bertolli

Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

Índice

Capítulo 1 - Atendimento inicial ao politraumatizado .............................................. 15

1. Introdução ...................................................................16

2. Triagem e atendimento pré-hospitalar .............. 16

3. Avaliação inicial ......................................................... 17

4. Exame primário e reanimação – o ABCDE do trauma ...................................................................18

5. Medidas auxiliares à avaliação primária ...........21

6. Avaliação secundária .............................................. 22

7. Reavaliação, monitorização contínua e cuidados defi nitivos ................................................. 23

Resumo ............................................................................ 24

Capítulo 2 - Vias aéreas ...................................25

1. Introdução .................................................................. 26

2. Vias aéreas ................................................................. 26

3. Etiologia ...................................................................... 26

4. Tratamento .................................................................27

Resumo .............................................................................32

Capítulo 3 - Trauma torácico ..........................33

1. Introdução .................................................................. 34

2. Avaliação inicial ........................................................ 34

3. Lesões com risco imediato de morte ..................35

4. Lesões diagnosticadas no exame secundário ...39

5. Outras lesões torácicas .......................................... 45

6. Toracotomia de reanimação (na sala de emergência) ................................................................ 46

Resumo ............................................................................ 46

Capítulo 4 - Choque ..........................................47

1. Defi nição .....................................................................48

2. Fisiologia .....................................................................48

3. Diagnóstico ................................................................48

4. Etiologia ...................................................................... 49

5. Avaliação inicial do paciente com choque hemorrágico ................................................................ 51

6. Tratamento do choque hemorrágico .................. 51

7. Problemas no atendimento de pacientes com choque ................................................................ 54

Resumo ............................................................................ 56

Capítulo 5 - Trauma abdominal ......................57

1. Introdução .................................................................. 58

2. Mecanismos de trauma.......................................... 58

3. Avaliação inicial ........................................................ 59

4. Exames diagnósticos .............................................. 59

5. Indicações de cirurgia ............................................. 62

6. Cirurgia de controle de danos (damage control) ......................................................64

7. Principais manobras cirúrgicas de acordo com o sítio da lesão.................................................. 65

8. Tratamento não operatório .................................. 69

Resumo ............................................................................ 70

Capítulo 6 - Trauma cranioencefálico ...............71

1. Introdução ...................................................................72

2. Classifi cação ..............................................................72

3. Fisiopatologia ............................................................72

4. Avaliação inicial .........................................................73

5. Gravidade ...................................................................74

6. Lesões específi cas ....................................................76

7. Tratamento clínico .................................................. 79

8. Tratamento cirúrgico .............................................. 79

Resumo ............................................................................80

Capítulo 7 - Trauma raquimedular ................81

1. Introdução .................................................................. 82

2. Avaliação inicial ........................................................ 82

3. Avaliação radiológica .............................................. 85

4. Conduta terapêutica ............................................... 86

5. Síndromes medulares ............................................ 87

6. Lesões específi cas ................................................... 89

Resumo ............................................................................90

Capítulo 8 - Trauma musculoesquelético ....91

1. Introdução .................................................................. 92

2. Avaliação inicial ........................................................ 92

3. Princípios de tratamento .......................................93

4. Lesões de extremidades que implicam risco de óbito ............................................................. 94

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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5. Lesões associadas ....................................................97

Resumo ............................................................................ 98

Capítulo 9 - Trauma pediátrico ..................... 99

1. Introdução ................................................................100

2. Diferença da criança em relação ao adulto ...100

3. Especificidades do atendimento inicial da criança .........................................................................101

Resumo .......................................................................... 108

Capítulo 10 - Queimaduras .......................... 109

1. Introdução .................................................................110

2. Classificação ............................................................110

3. Fisiopatologia das lesões térmicas .....................111

4. Avaliação inicial ....................................................... 113

5. Tratamentos específicos ....................................... 118

6. Tipos específicos ..................................................... 119

7. Transferência para centro especializado em queimados ................................................................. 119

Resumo .......................................................................... 120

Capítulo 11 - Lesões cervicais ....................... 121

1. Introdução .................................................................122

2. Anatomia ...................................................................122

3. Diagnóstico e avaliação inicial ............................123

4. Tratamento ...............................................................123

Resumo .......................................................................... 128

Capítulo 12 - Trauma vascular ......................129

1. Introdução ................................................................ 130

2. Etiologia .................................................................... 130

3. Avaliação inicial ...................................................... 130

4. Conduta ..................................................................... 131

5. Lesões vasculares específicas .............................132

Resumo ...........................................................................136

Capítulo 13 - Trauma de face ........................ 137

1. Introdução ................................................................ 1382. Anatomia da face ................................................... 1383. Músculos profundos da mastigação ............... 1424. Irrigação e inervação .............................................1435. Avaliação ................................................................. 1486. Lesões de partes moles na face ........................ 1497. Diagnóstico de lesões faciais .............................. 1498. Condutas em suturas de locais especiais ...... 1509. Fraturas de face ......................................................153

Resumo ...........................................................................163

Capítulo 14 - Trauma da transição toracoabdominal .............................................165

1. Introdução ................................................................ 1662. Limites anatômicos ............................................... 1663. Etiologia .................................................................... 1664. Avaliação inicial .......................................................1675. Condutas ................................................................... 168Resumo .......................................................................... 170

Capítulo 15 - Trauma na gestante ................ 171

1. Introdução .................................................................1722. Alterações anatômicas e fisiológicas na

gravidez ......................................................................1723. Mecanismo de trauma...........................................1744. Atendimento à gestante traumatizada ...........174

Resumo ...........................................................................176

Trauma torácico

Eduardo Bertolli

Neste capítulo, serão abordadas as lesões mais comuns no trauma torácico, incluindo algumas que podem ser ameaças imediatas à vida, como pneumotórax hiperten-sivo, pneumotórax aberto, tórax instável, hemotórax maciço e tamponamento cardíaco. Também será abor-dado o tratamento realizado em cada uma dessas situações, como toracocentese descompressiva, cura-tivo de 3 pontas, suporte ventilatório, drenagem pleural, toracotomia e pericardiocentese, respectivamente.

3

sic cirurgia do trauma34

1. IntroduçãoO trauma torácico responde por 20 a 25% das mortes em politrauma-tizados. Entretanto, 85% das vítimas podem ser tratadas adequada-mente com suporte respiratório, analgesia e drenagem pleural (Figura 1). Desta maneira, a toracotomia será necessária em cerca de 15% dos casos. As mortes precoces, ainda no local do trauma, acontecem, prin-cipalmente, por contusão miocárdica e ruptura de aorta.

Figura 1 - Drenagem pleural: deve ser realizada no 5º espaço intercostal, na linha axilar média, com incisão na borda superior da costela inferior, evitando, assim, a lesão do plexo intercostal. O dreno deve ser conectado a um “selo d’água”, que funciona como válvula Fonte: www.trauma.org.

2. Avaliação inicialA avaliação das vítimas de traumas torácicos segue as mesmas priori-dades do Advanced Trauma Life Support (ATLS®), sendo a via aérea a 1ª etapa do tratamento, com a proteção da coluna cervical. Uma via aérea pérvia não garante boa ventilação, e, nesse contexto, as lesões toráci-cas devem ser diagnosticadas e tratadas no exame primário.

Didaticamente, dividem-se as lesões torácicas naquelas com risco ime-diato de morte, que devem ser diagnosticadas e tratadas durante a avaliação primária; nas que apresentam risco à vida, mas que podem ser tratadas no exame secundário; e nas demais lesões sem risco de morte (Tabela 1).

Tabela 1 - Lesões com risco imediato à vida e que devem ser diagnosticadas e tratadas durante a avaliação inicial

Lesões com risco de morte Tratamento

Exame primário

1 - Pneumotórax hipertensivo Toracocentese descompressiva no 2º espaço intercos-tal seguido de drenagem pleural

2 - Pneumotórax aberto Curativo de 3 pontas

3 - Tórax instável Suporte ventilatório e analgesia vigorosa

4 - Hemotórax maciço Drenagem pleural e avaliação cirúrgica precoce

5 - Tamponamento cardíaco Pericardiocentese e avaliação cirúrgica precoce

Queimaduras

André Oliveira PaggiaroEduardo Bertolli

Neste capítulo, serão abordadas as peculiaridades no atendimento ao grande queimado. O paciente quei-mado deve ser considerado politraumatizado e seu atendimento, seguir os passos do Advanced Trauma Life Support (ATLS®), considerando em cada etapa as peculiaridades desse atendimento ao paciente quei-mado até chegar à necessidade do encaminhamento para o centro de queimaduras. Esses pacientes podem ter traumas associados de diversas naturezas, de modo que o assunto pode ser cobrado de inúmeras maneiras nos concursos médicos.

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sic cirurgia do trauma110

1. IntroduçãoAs queimaduras são causas frequentes de trauma em todas as ida-des, mas são mais comuns nos extremos de idade, com liberação de mediadores celulares e humorais, que determinam alteração das per-meabilidades capilar, metabólica e imunológica, levando a distúrbio hi-droeletrolítico, desnutrição e infecção. Podem ser causadas por uma série de agentes físicos, químicos, radiação e eletricidade. Temperatu-ras muito baixas também podem causar lesões semelhantes a quei-maduras. Na população adulta, são mais encontradas em homens, principalmente em razão dos acidentes de trabalho.

2. Classificação A principal classificação utilizada para as queimaduras considera a pro-fundidade da lesão. São consideradas de espessura parcial aquelas em que há preservação da integridade de alguma porção das camadas da pele, e de espessura total quando todas essas camadas estão lesadas (Figura 2).

Figura 1 - Estrutura da pele

Figura 2 - Camadas da pele: (A) superficial; (B) média; (C) profunda; queimaduras da pele em (D) 1º, (E) 2º e (F) 3º graus

Outra maneira de dividir as queimaduras são os graus (Tabela 1).

Tabela 1 - Graus de queimadura

1º grau

- Compromete apenas a epiderme;

- Apresenta eritema, calor e dor;

- Não há formação de bolhas;

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QUESTÕES

Cap. 1 - Atendimento inicial ao politraumatizado ....181

Cap. 2 - Vias aéreas .........................................................187

Cap. 3 - Trauma torácico ................................................190

Cap. 4 - Choque .................................................................198

Cap. 5 - Trauma abdominal ..........................................202

Cap. 6 - Trauma cranioencefálico................................213

Cap. 7 - Trauma raquimedular .....................................219

Cap. 8 - Trauma musculoesquelético ........................221

Cap. 9 - Trauma pediátrico ........................................... 224

Cap. 10 - Queimaduras .................................................. 226

Cap. 11 - Lesões cervicais .............................................. 232

Cap. 12 - Trauma vascular ............................................ 232

Cap. 13 - Trauma de face ............................................... 234

Cap. 14 - Trauma da transição toracoabdominal ....234

Cap. 15 - Trauma na gestante ...................................... 236

Outros temas .....................................................................237

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Atendimento inicial ao politraumatizado .....239

Cap. 2 - Vias aéreas ........................................................ 242

Cap. 3 - Trauma torácico ...............................................244

Cap. 4 - Choque ................................................................ 249

Cap. 5 - Trauma abdominal ...........................................253

Cap. 6 - Trauma cranioencefálico............................... 259

Cap. 7 - Trauma raquimedular ....................................264

Cap. 8 - Trauma musculoesquelético ....................... 265

Cap. 9 - Trauma pediátrico ........................................... 266

Cap. 10 - Queimaduras ..................................................268

Cap. 11 - Lesões cervicais ...............................................272

Cap. 12 - Trauma vascular .............................................273

Cap. 13 - Trauma de face ................................................274

Cap. 14 - Trauma da transição toracoabdominal .... 275

Cap. 15 - Trauma na gestante .......................................276

Outros temas .....................................................................277

Índice

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Trau

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Que

stõe

sQuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2016 - PUC-SP1. Um homem de 22 anos foi vítima de trauma contuso no dorso. Ele não consegue mexer seus membros infe-riores e está hipotenso e bradicárdico. Qual é o melhor tratamento inicial?a) administração de fenilefrinab) administração de dopaminac) administração de epinefrinad) reposição volêmica

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - UFRJ2. A melhor forma de avaliação da perfusão tecidual, na fase inicial de atendimento ao politraumatizado, é ob-servar:a) pressão arterialb) volume urinárioc) oximetria de pulsod) pressão arterial média

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - AMP3. Um homem de meia-idade, não identifi cado, foi en-contrado caído em via pública com várias escoriações e lacerações em membros, tórax, crânio e face. Durante o atendimento pré-hospitalar, apresenta-se inconsciente, sem verbalização e localizando dor. O exame de tórax revela crepitações difusas e murmúrios diminuídos à esquerda. Além disso, observam-se provável fratu-ra fechada na perna esquerda, pulso = 120bpm, PA = 60x40mmHg e SatO2 = 80%. Assinale a alternativa que contenha prováveis diagnósticos e a conduta inicial mais adequada: a) pneumotórax/hemotórax, choque hipovolêmico; ob-

tenção de via aérea defi nitivab) choque hipovolêmico, pneumotórax/hemotórax; dre-

nagem de tórax à esquerdac) trauma raquimedular, choque hipovolêmico; coloca-

ção de colar cervical e traqueostomiad) trauma cranioencefálico, choque neurogênico; drogas

vasoativas via acesso venoso central

e) pneumotórax/hemotórax, trauma cranioencefálico, choque neurogênico; toracocentese à esquerda

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - CEREM-MS 4. Uma paciente de 40 anos deu entrada no hospital após acidente motociclístico, com grave traumatismo cranioencefálico. Foram iniciadas diversas medidas du-rante essa emergência. Para clinicamente controlar a hipertensão intracraniana, podemos propor, após moni-torização adequada: a) posicionamento da cabeçab) controle da PO2

c) nimodipinod) hipertensão induzida

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - UFPI 5. No que se refere às medidas adotadas para a preven-ção do trauma em nível primário, assinale a alternativa correta: a) sinalização da via públicab) educação do pedestrec) adequação das vias de tráfegod) todas estão corretase) “a” e “b” estão corretas

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - UFPA6. Com relação aos acessos venosos no trauma, julgue as afi rmativas a seguir como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):( ) Em pacientes em parada cardíaca pós-trauma, o aces-so deverá ser dissecção da safena.( ) Em crianças em parada cardíaca, é contraindicada a punção intraóssea.( ) Em pacientes em choque, a punção nos membros su-periores é contraindicada.( ) A punção com Jelco® 14 nos membros superiores é a atitude em pacientes vítimas de trauma.( ) A punção de veia subclávia deve ser a 1ª opção em vítimas do trauma.Assinale a sequência correta:a) F, F, F, V, Fb) V, V, F, V, V

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Até que se prove o contrário, todo paciente politraumatizado está hipovolêmico e deve receber re-posição volêmica. No caso do enunciado, caso não haja melhora, deve-se considerar o uso de drogas vasoativas pela possibilidade de choque neurogênico associado.Gabarito = D

Questão 2. O principal parâmetro na avaliação hemodi-nâmica e da resposta à reposição volêmica é a diurese. A oximetria pode estar prejudicada em casos de má per-fusão periférica e não refl etir adequadamente o estado do paciente. Pressão arterial é um parâmetro tardio a modifi car no choque.Gabarito = B

Questão 3. Analisando as alternativas:a) Correta. O paciente apresenta hemotórax ou pneumo-tórax, choque hipovolêmico (até que se prove o contrá-rio), trauma cranioencefálico moderado/grave e prová-vel fratura de membro. A 1ª conduta é garantir uma via aérea defi nitiva e proteger a coluna cervical.b), c), d) e e) Incorretas. Ainda que sejam diagnósticos vá-lidos, a conduta inicial é sempre a obtenção de via aérea defi nitiva. Cabe ressaltar que a alternativa “c” propõe a traqueostomia, mas não há nenhum dado que contrain-dique a intubação orotraqueal, que é a maneira prefe-rencial de uma via aérea defi nitiva.Gabarito = A

Questão 4. Posicionamento da cabeça é uma medida clínica para manejo da hipertensão, e controle de PO2 e PCO2 é uma medida importante no manejo clínico do trauma cranioencefálico. O gabarito considerou como correta a alternativa “a” (posicionamento da cabeça). Gabarito = A

Questão 5. As alternativas “a”, “b” e “c” estão adequadas ao conceito de prevenção primária do trauma; ou seja, aquelas que se destinam a evitar que ocorra o evento.Gabarito = D

Questão 6. Analisando as assertivas:1ª: falsa. Mesmo no paciente em parada, deve-se tentar 1º um acesso periférico.

2ª: falsa. Pode-se realizar punção intraóssea em crianças durante PCR. 3ª e 4ª: falsa e verdadeira, respectivamente. Em pacien-tes chocados, a 1ª opção é a punção com Jelco® calibroso (14 ou 16) em fossas cubitais. 5ª: falsa. A punção de subclávia só deve ser realizada por quem tiver experiência e após tentativas frustras de acesso periférico. Gabarito = A

Questão 7. Analisando as alternativas:a) Incorreta. Não se inicia o atendimento pelos exames de imagem.b) Incorreta. O acesso venoso vem após a obtenção de uma via aérea defi nitiva.c) Incorreta. Radiografi as de membro vêm após a obten-ção de via aérea defi nitiva e estabilização hemodinâmica.d) Correta. Essa alternativa representa a sequência de atendimento proposta pelo ATLS®.e) Incorreta – pelo mesmo motivo da alternativa “c”.Gabarito = D

Questão 8. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 9. A escala de coma de Glasgow leva em conta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do refl exo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 10. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea defi nitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 11. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando--se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

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