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24 . Vida rural . Maio 2009 A degas, lagares, produção primária ou centrais de fruta. Estes são apenas al- guns dos sectores nos quais a Consu- lai actua. Neste trabalho com o sector agro-alimentar, presta serviços de consultoria e inovação. Dar resposta às necessidades das empresas – sejam contínuas ou emergentes – e diferenciar-se em relação ao que já existe no mercado, tem sido a sua estratégia. Daí que tenha avançado para a certificação, em 2007, com o ISO9001, e para a acreditação como entidade formadora. Mas o grande esforço tem ido mesmo no sentido de direccionar a sua actividade para as oportunidades do mer- cado. “O caminho que vamos traçando procu- ra responder a necessidades. Trimestralmente ou semestralmente temos de fazer uma reo- rientação relativamente ao mercado”, revela o director-geral da empresa, Pedro Santos. Estão agora a investir na formação – uma acti- vidade que não estava no horizonte na altura de criação da Consulai. E, também, em áreas novas como energia, ambiente ou projectos de investimento. É um “esforço”, reconhece o res- ponsável. Mas a única forma de subsistir num mercado em permanente mudança e evolução. Inovar em produtos e em tecnologia Foi a base da criação da Consulai, que teve de ser abandonada e há três anos foi recuperada (ver caixa). Falamos da inovação. Seja em tec- nologia, em produtos ou na própria imagem. O que interessa é responder às necessidades do mercado. Um exemplo, a 80g, projecto de 4ª gama hoje totalmente controlado pela Luís Vicente. “Foi um projecto que nasceu in- teiramente dentro da Consulai, através de um financiamento para o desenvolvimento tecno- lógico”, revela Pedro Santos. Em parceria com a Luís Vicente lançaram a fruta fresca pronta a O alvo é o sector agro-alimentar. O objectivo é apoiar a actividade das empresas nas suas mais diversas vertentes – implementação de processos, sistemas de gestão, programas de investimento ou formação. Mas, também, potenciar a inovação. Têm desenvolvido inúmeros projectos para novas tecnologias e novos produtos. Responder às necessidades do mercado e ter propostas de valor para os seus clientes é base do trabalho da Consulai. Texto_Cristina Soeiro “Fotografia” da Consulai Criação: 2001 Localização: Lisboa Trabalhadores: 10 Clientes: Perto de 300. Canal Horeca na implementação do HACCP (Telepizza, Grupo Lusomundo, entre outros), Adega do Redondo, Adega de Reguengos, Cooperativa da Vidigueira, Cooperativa de Valpaços, Frutus, Luís Vicente, algumas salsicharias e queijarias, entre outros Alguns projectos: 80g (vendido à Luís Vicente) e pasta de azeite para barrar consumir, que venderiam depois na totalida- de à empresa hortofrutícola. Mais recentemente, desenvolveram a pasta de azeite para barrar, que recebeu o prémio Ino- vação BES. E muitos projectos estão na calha. Para valorizar o limão, através de polpas ou de outras soluções, e na área das sopas frescas prontas a consumir. Outros, desde o biológi- co, ao baby food, ao vinho ou aos queijos. Pedro Santos confessa que o prémio BES Inovação teve um papel importante neste processo: “Divulgou o nosso nome e levou a que mui- tos clientes nos contactassem, mesmo sem um objectivo específico, para saberem o que é que podíamos oferecer”. Três modelos para inovar Mas não se pense que inovar é criar um pro- duto totalmente novo. Podem ser questões Consultoria para agricultura em toda a linha Consulai Foto: Gil Garcia Pedro Santos, director-geral da Consulai

Consulai Consultoria para agricultura em toda a linha · Nos últimos três anos fizeram renascer o projecto que tinha estado na origem da Consulai: de-senvolvimento de novos produtos

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24 . Vida rural . Maio 2009

Adegas, lagares, produção primária ou centrais de fruta. Estes são apenas al-guns dos sectores nos quais a Consu-lai actua. Neste trabalho com o sector

agro-alimentar, presta serviços de consultoria e inovação. Dar resposta às necessidades das empresas – sejam contínuas ou emergentes – e diferenciar-se em relação ao que já existe no mercado, tem sido a sua estratégia. Daí que tenha avançado para a certificação, em 2007, com o ISO9001, e para a acreditação como entidade formadora. Mas o grande esforço tem ido mesmo no sentido de direccionar a sua actividade para as oportunidades do mer-cado. “O caminho que vamos traçando procu-ra responder a necessidades. Trimestralmente ou semestralmente temos de fazer uma reo-rientação relativamente ao mercado”, revela o director-geral da empresa, Pedro Santos.

Estão agora a investir na formação – uma acti-vidade que não estava no horizonte na altura de criação da Consulai. E, também, em áreas novas como energia, ambiente ou projectos de investimento. É um “esforço”, reconhece o res-ponsável. Mas a única forma de subsistir num mercado em permanente mudança e evolução.

Inovar em produtos e em tecnologiaFoi a base da criação da Consulai, que teve de ser abandonada e há três anos foi recuperada (ver caixa). Falamos da inovação. Seja em tec-nologia, em produtos ou na própria imagem. O que interessa é responder às necessidades do mercado. Um exemplo, a 80g, projecto de 4ª gama hoje totalmente controlado pela Luís Vicente. “Foi um projecto que nasceu in-teiramente dentro da Consulai, através de um financiamento para o desenvolvimento tecno-lógico”, revela Pedro Santos. Em parceria com a Luís Vicente lançaram a fruta fresca pronta a

O alvo é o sector agro-alimentar. O objectivo é apoiar a actividade das empresas nas suas mais diversas vertentes – implementação de processos, sistemas de gestão, programas de investimento ou formação. Mas, também, potenciar a inovação. Têm desenvolvido inúmeros projectos para novas tecnologias e novos produtos. Responder às necessidades do mercado e ter propostas de valor para os seus clientes é base do trabalho da Consulai.

Texto_Cristina Soeiro

“Fotografia” da Consulai

Criação: 2001Localização: LisboaTrabalhadores: 10Clientes: Perto de 300. Canal Horeca na implementação do HACCP (Telepizza, Grupo Lusomundo, entre outros), Adega do Redondo, Adega de Reguengos, Cooperativa da Vidigueira, Cooperativa de Valpaços, Frutus, Luís Vicente, algumas salsicharias e queijarias, entre outrosAlguns projectos: 80g (vendido à Luís Vicente) e pasta de azeite para barrar

consumir, que venderiam depois na totalida-de à empresa hortofrutícola.Mais recentemente, desenvolveram a pasta de azeite para barrar, que recebeu o prémio Ino-vação BES. E muitos projectos estão na calha. Para valorizar o limão, através de polpas ou de outras soluções, e na área das sopas frescas prontas a consumir. Outros, desde o biológi-co, ao baby food, ao vinho ou aos queijos. Pedro Santos confessa que o prémio BES Inovação teve um papel importante neste processo: “Divulgou o nosso nome e levou a que mui-tos clientes nos contactassem, mesmo sem um objectivo específico, para saberem o que é que podíamos oferecer”.

Três modelos para inovarMas não se pense que inovar é criar um pro-duto totalmente novo. Podem ser questões

Consultoria para agricultura em toda a linha

Consulai

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arcia

Pedro Santos, director-geral da Consulai

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mais simples, mas igualmente essenciais. Uma mudança de imagem ou a entrada num seg-mento diferente, por exemplo. Para as empresas no sector agro-alimentar, a Consulai disponibiliza três modelos. Como prestadora de serviços, em que realiza acti-vidades essenciais para a concretização do negócio, desde a avaliação e estudos de mer-cado, à imagem ou à embalagem. Pode ser parceira de negócio ou, então, liderar projec-tos que são depois vendidos numa óptica de industrialização. São serviços “chave-na-mão”, em que os projectos são inteiramente traba-lhados pela Consulai, com os seus parceiros tecnológicos e de investigação, e que, quando são apresentados às empresas, têm já incluída toda a questão de equipamentos necessários, layout, recursos humanos e, até, financiamen-to. “Sabemos que o financiamento é algo que as empresas pesam muito quando lançam um projecto novo e temos contactos que podem ser facilitadores, quer através de fundos comu-nitários, de possíveis capitais de risco ou de fi-nanciadores”, explica Pedro Santos.

Os receios gerados pela crise económica têm retardado alguns destes investimentos. O res-ponsável acredita, no entanto, que será possí-vel recuperar a confiança das empresas e que a entrada de dinheiro no sector poderá poten-ciar um novo crescimento.

Os projectos de investimentoNesta fase, com as candidaturas ao Proder ao rubro, os projectos de investimento são também uma área à qual têm dado especial atenção. Entregaram mais de 80 projectos na ordem dos 100 milhões de euros. Nos que en-tregaram em Julho, algumas das aprovações já chegaram – falta contratar – e nos de Ja-neiro estão ainda à espera de respostas. Pedro Santos deixa algumas farpas ao modo como o processo tem vindo a decorrer: “os objectivos do Proder e os documentos estratégicos foram muito bem pensados, mas a operacionalização não correu tão bem quanto se desejaria”. Os erros nas candidaturas, a dificuldade na pas-

sagem da mensagem e os atrasos são algumas das dificuldades que o responsável aponta.

Certificação volta-se para a exportaçãoMas o verdadeiro core business da Consulai, na altura da sua criação, foi a área da qualidade e da segurança alimentar. Quando começaram, em 2003, o mercado ainda era pequeno e a necessidade crescente. Desde então, a implementação desses siste-mas generalizou-se e o caminho levou-os a outras certificações. A produção primária é um dos alvos. Sobretudo produtores e em-presas que têm a exportação na mira. Pedro Santos observa que a aposta foi para “sistemas mais exigentes, que não resultam de uma im-posição legal, mas quase sempre de uma im-posição comercial”. Trabalham, por isso, na implementação de certificações como o Glo-bal Gap, o Nature’s Choice, o ISO22000 ou o BRC, esta exigida, por exemplo, pelas cadeias inglesas. Um mercado em crescimento, à me-dida que aumenta a exportação dos produtos

nacionais. O sector do vinho e do azeite são apenas alguns que, de acordo com o respon-sável da Consulai, têm cada vez mais vindo a adoptar estas certificações.Também a formação é uma aposta relativamen-te nova na empresa. Na área da qualidade e da segurança alimentar e, mais recentemente, no ambiente e na energia. A racionalização ener-gética nas agro-indústrias é uma das vertentes formativas que consideram essencial. Quando estiver validada esperam desenvolver estraté-gias que possam minimizar a utilização de ener-gia nos principais consumidores industriais.

Angola e Moçambique no horizonteO ano “está a correr bem”, assegura Pedro Santos. Garante que a actividade não tem sido afectada pela situação económica e espera crescer 20% este ano. Um ritmo semelhante ao que cresceu nos anos anteriores. 2009 deverá marcar ainda o início da interna-

cionalização da Consulai. O projecto está em preparação há dois anos. Angola e Moçambique são os destinos. O primeiro por existir uma “ne-cessidade de consultoria”, o segundo por terem alguns clientes lá e pela facilidade de acesso ao mercado através de um dos sócios. Mas, ressal-va o responsável, são questões que estão a ser analisadas com precaução. “São mercados onde é preciso entrar de forma sólida”, remata. •

Do desenvolvimento de tecnologia à consultoria

A ideia de criação da Consulai remonta a 1999. Três recém-licenciados do Instituto Superior de Agronomia (ISA) optaram por constituir um projecto de desenvol-vimento de tecnologia para conservação de fruta fres-ca cortada. Foram apoiados pelo Incentivo à Criação de PME de base tecnológica, que lhes possibilitou irem ao Brasil participar num Fórum Ibero-Americano de tecnologia agro-alimentar. Daí, retiraram duas mais-valias, conta Pedro Santos: “permitiu-nos fazer um conjunto de contactos interessantes e perceber que não tínhamos capacidade financeira para desenvolver um projecto daquela dimensão”.Mais conscientes da realidade do mercado, direcciona-ram as atenções para a consultoria. “Foi um passo natu-ral para ganhar mais competências e recursos e depois avançar para outras áreas”, adianta o responsável.Estávamos em 2001, altura da constituição formal da empresa. Até 2003 dedicaram-se à prestação de ser-viços a outra empresa, essencialmente na elaboração de projectos de investimento. Nesse ano, decidem orientar a actividade noutra direcção e iniciar “a sério” o projecto da Consulai.Desde então, têm subido uma escada com muitos degraus. Começaram na consultoria, especificamente para a área da Qualidade e da Segurança Alimentar. Alargaram depois aos projectos de investimento e à formação. Nos últimos três anos fizeram renascer o projecto que tinha estado na origem da Consulai: de-senvolvimento de novos produtos e tecnologias.

Alguns projectos de inovação: 80g, pasta de azeite para barrar e sopa de coentros.

Fotos

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Foto: Gil Garcia

Pedro Santos, director-geral da Consulai