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1 Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 4. Sistema digestório Índice Índice ................................................................................................................ 1 Introdução......................................................................................................... 1 Mikania laevigata .............................................................................................. 2 Punica granatum .............................................................................................. 4 Outras plantas úteis no tratamento das mucosites ........................................... 5 Achyrocline satureioides................................................................................... 6 Maytenus ilicifolia ............................................................................................. 8 Outras plantas úteis para o tratamento da doença péptica .............................. 9 Mentha piperita ............................................................................................... 10 Taraxacum officinale ...................................................................................... 12 Eclipta alba ..................................................................................................... 15 Cynara scolimus ............................................................................................. 17 Baccharis trimera............................................................................................ 19 Peumus boldus............................................................................................... 21 Plectranthus barbatus..................................................................................... 23 Constipação intestinal .................................................................................... 25 Plantago major ............................................................................................... 25 Hibiscus sabdariffa ......................................................................................... 28 Rhamnus purshiana ....................................................................................... 30 Cassia angustifolia ......................................................................................... 31 Psidium guajava ............................................................................................. 33 Referências .................................................................................................... 35 Introdução Para compreendermos a utilização de fitoterápicos na prevenção e tratamento das doenças do sistema digestório, primeiro é necessário recordar alguns elementos da fisiologia e da farmacologia. 1. Colerético é um agente que aumenta a produção de bile. 2. Colagogo é um agente que favorece a excreção da bile e colabora na digestão de substâncias lipofílicas. 3. O fígado é, em geral, alvo preferencial dos abusos de toda natureza. 4. A constipação intestinal pode se dar por ingestão insuficiente de água, fibras, ou ainda por dismotilidade intestinal. 5. Devemos evitar o uso de tinturas para o tratamento da doença péptica, devido ao seu conteúdo de etanol. O fitoterápico ideal para a prevenção e o tratamento das doenças do sistema digestório deveria possuir as seguintes propriedades: anti-inflamatória, anti- ulcerogênica, anti-dispéptica, carminativa, hepatoprotetora, colagoga e colerética, tônica ou sedativa do fígado, laxativa ou constipante. A seguir, serão apresentadas algumas plantas medicinais com diferentes combinações das propriedades acima, extremamente úteis no tratamento das

Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 4. Sistema ...€¦ · Sistema digestório Índice Índice ... 2010) e do Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza (Pereira et al.,

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Curso de Fitoterapia Aplicada Capítulo 4. Sistema digestório

Índice Índice ................................................................................................................ 1Introdução......................................................................................................... 1Mikania laevigata .............................................................................................. 2Punica granatum .............................................................................................. 4Outras plantas úteis no tratamento das mucosites ........................................... 5Achyrocline satureioides ................................................................................... 6Maytenus ilicifolia ............................................................................................. 8Outras plantas úteis para o tratamento da doença péptica .............................. 9Mentha piperita ............................................................................................... 10Taraxacum officinale ...................................................................................... 12Eclipta alba ..................................................................................................... 15Cynara scolimus ............................................................................................. 17Baccharis trimera ............................................................................................ 19Peumus boldus ............................................................................................... 21Plectranthus barbatus ..................................................................................... 23Constipação intestinal .................................................................................... 25Plantago major ............................................................................................... 25Hibiscus sabdariffa ......................................................................................... 28Rhamnus purshiana ....................................................................................... 30Cassia angustifolia ......................................................................................... 31Psidium guajava ............................................................................................. 33Referências .................................................................................................... 35

Introdução Para compreendermos a utilização de fitoterápicos na prevenção e tratamento

das doenças do sistema digestório, primeiro é necessário recordar alguns elementos da fisiologia e da farmacologia.

1. Colerético é um agente que aumenta a produção de bile. 2. Colagogo é um agente que favorece a excreção da bile e colabora na

digestão de substâncias lipofílicas. 3. O fígado é, em geral, alvo preferencial dos abusos de toda natureza. 4. A constipação intestinal pode se dar por ingestão insuficiente de

água, fibras, ou ainda por dismotilidade intestinal. 5. Devemos evitar o uso de tinturas para o tratamento da doença

péptica, devido ao seu conteúdo de etanol. O fitoterápico ideal para a prevenção e o tratamento das doenças do sistema

digestório deveria possuir as seguintes propriedades: anti-inflamatória, anti-ulcerogênica, anti-dispéptica, carminativa, hepatoprotetora, colagoga e colerética, tônica ou sedativa do fígado, laxativa ou constipante.

A seguir, serão apresentadas algumas plantas medicinais com diferentes combinações das propriedades acima, extremamente úteis no tratamento das

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doenças do sistema digestório. Essas plantas geralmente são muito ricas em taninos (adstringentes, constipantes), fibras (laxativas), e são ricas em substâncias amargas.

As substâncias amargas são um grupo de substâncias e compostos, sem semelhança química entre si, que têm em comum o sabor amargo e a atividade terapêutica. Podem pertencer a diversos grupos químicos como: óleos essenciais, glicosídeos, saponinas e alcaloides. Essas substâncias geralmente estimulam o funcionamento das glândulas digestivas, com aumento do suco gástrico e do apetite (porém em altas doses podem diminuir o apetite), e estimulam a atividade do fígado com ação colerética e colagoga. No caso do Plectranthus barbatus Andrews (boldo nacional), sua ação é hipossecretora gástrica. Em geral as substâncias amargas são usadas para anorexia, dispepsia, úlceras gastroduodenais e gastrites, intolerâncias alimentares e alergias, distúrbios biliares e hepáticos, diabetes mellitus e cefaleia associada à alimentação. São contraindicadas nos casos de úlceras duodenais e obstrução das vias biliares.

Muitas das informações contidas neste capítulo são extraídas do Manual prático de multiplicação e colheita de plantas medicinais (Pereira et al., 2010) e do Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza (Pereira et al., 2014).

Mikania laevigata

ESPÉCIES: Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker e Mikania glomerata Spreng.

Esta planta já foi apresentada na aula do sistema respiratório. COMENTÁRIOS:

O guaco possui atividade contra Candida albicans (Duarte et al., 2005), Streptococos mutans (Lessa et al., 2012), anti-ulcerogênica (Bighetti et al., 2005), antimicrobiana (Pessini et al., 2003) e analgésica (Ruppelt et al., 1991) (pelas ações combinadas do ácido caurenoico, ácidos grandiflóricos, estigmasterol, cumarina and

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di-hidrocumarina), expectorante (cumarina), antissecretória gástrica mediada pelo sistema parassimpático (cumarina), anticoagulante (1,2-Benzopirona, cumarina e o-cumarina), estimulante da síntese do ácido docosahexanoico no fígado (cumarina and o-cumarina), anti-veneno da jararaca (cumarina), entre outros. As atividades antiulcerogênica, antimicrobiana e anti-inflamatória são muito úteis no tratamento tópico das mucosites.

Quando aplicado sobre áreas ulceradas de pele e mucosas, o guaco forma um filme sobre a lesão com atividade anti-inflamatória, analgésica, antisséptica e cicatrizante.

Em um estudo duplo-cego, randomizado, avaliou-se a eficácia de uma solução de M. glomerata e M. laevigata na desinfecção de escovas-de-dentes usadas por 24 crianças pré-escolares, que eram positivas para o S. mutans. Os resultados mostraram que as soluções reduziram a contaminação das escovas-de-dentes quase tão bem quanto a clorexidina (Lessa et al., 2012). MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–3 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Tintura – Uso oral tópico: 40 gotas em meio copo de água, fazer bochechos ou gargarejos 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão (M. glomerata) ou decocção (M. laevigata) – Uso oral: 3 g em 150 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Infusão (M. glomerata) ou decocção (M. laevigata) – Uso oral tópico: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Extrato padronizado – Uso oral: dose equivalente a 0,5 a 5 mg de cumarina por dia (BRASIL, 2014).

• Xarope – Uso oral: 5 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2011). o Uso pediátrico: 3–7 anos, 2,5 mL, 2 x/dia; 7–12 anos, 2,5 mL, 3 x/dia; > 12

anos, 5 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2011).

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Punica granatum

ESPÉCIE: Punica granatum L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Punica florida Salisb, Punica grandiflora hort. ex Steud, Punica nana L., Punica spinosa Lam. FAMÍLIA: Lythraceae. NOMES REGIONAIS: Romanzeira. HISTÓRICO:

É originária da região da Pérsia, Ásia e Mediterrâneo. A romanzeira tem sido considerada sagrada nas principais religiões do mundo, por apresentar propriedades medicinais, com potencial para tratar grande variedade de doenças. Folhas e flores foram encontradas em sarcófagos dos antigos egípcios. Como parte da cultura popular as sementes comestíveis da romã são tradicionalmente ingeridas na noite do ano novo com o objetivo de se angariar prosperidade financeira durante o ano que se inicia. Para os chineses esta planta simboliza longevidade e para os persas a invencibilidade nas guerras. Os babilônios guardavam suas sementes como agente de ressurreição, na tradição hebraica, as vestimentas das sacerdotisas eram adornadas com esta planta e na mitologia grega a romã era conhecida como fruta da morte. No Brasil esta espécie é cultivada há mais de 200 anos. PARTE UTILIZADA: Pericarpo do fruto maduro. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Taninos (até 20%): ácido elágico, ácido gálico, punicalina, punicalagina, granatina A e B, galagildilactona, casuarinina, pedunculagina, telimagrandina e corilagina;

• Polifenois: cianidinas, antocianidinase catequinas; • Alcaloides derivados da piperidina e da tropinona (0,5%); peletierina,

isopeletierina, metilpeletierina e pseudopeletierina; • O suco contém 85% de água, 10% de açúcares, 1,5% de pectina – fibra

solúvel, vitamina C, flavonoides, ácido glutâmico e aspártico e esteroides;

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• O pericarpo é rico em taninos hidrolisáveis, como a punicalagina, punicalina e ácido elágico, digluconosídeos de delfinidina, cianidina e pelargonidina. Além disso, contém ácidos orgânicos, incluindo ácido ascórbico e cítrico;

• O óleo extraído das sementes da romã apresenta grande quantidade do ácido punícico (58,14 mg/100 g), ácidos linoleico, oleico e eicosaenoico perfazendo um total de 70,09% de ácidos graxos insaturados.

TROPISMO: Mucosas. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Infecções das vias aéreas superiores,

mucosites e tosse seca. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antisséptica, cicatrizante, hemostática, antiespasmódica, antioxidante e anti-inflamatória potente.

• Pele e anexos: antisséptica e cicatrizante. • Sistema cardio-circulatório: antiagregante plaquetária. • Sistema digestório: anti-helmíntica, eupéptica e antidiarreica.

COMENTÁRIOS: O extrato metanólico de P. granatum mostrou atividade antibacteriana contra

S. aureus e S. epidermidis em todas as concentrações estudadas. Em concentrações maiores, foi eficaz contra L. acidophilus, S. mutans e S. salivarius. Os autores concluíram que este extrato pode ser usado como agente antibacteriano no controle de infecções orais (Abdollahzadeh et al., 2011). MODO DE USAR:

• Infusão – Uso externo: 6 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos, 3 x/dia, por até 7 dias (BRASIL, 2011); ou 1 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b).

• Tintura – Uso tópico: diluir 15 mL em 150 mL de água, fazer bochechos e gargarejos, 3 x/dia (BRASIL, 2018).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. O uso não deve exceder uma semana. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há relatos na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

O uso interno deve ser realizado com cautela, pois pode causar intoxicação em doses elevadas, principalmente hepatotoxicidade, pelo elevado teor de alcaloides. No caso da indicação como vermífugo, sempre associar com plantas que sejam laxativas, dada a grande quantidade de taninos. Contraindicada nos quadros de obstipação intestinal. Não deve ser misturada aos óleos e gorduras pois aumenta muito a sua toxicidade. Os sintomas de toxicidade são cefaleia, vertigens, tremores, midríase, diminuição da força muscular, fadiga, diarreias e vômitos.

Outras plantas úteis no tratamento das mucosites • Malva sylvestris (malva) • Salvia officinalis (sálvia) • Matricaria camomila (camomila) • Lippia sidoides (alecrim-pimenta) • Plantago major (tanchagem) • Psidium guajava (goiabeira) • Própolis

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• Pterodon emarginatus (sucupira)

Achyrocline satureioides

ESPÉCIE: Achyrocline satureoides (Lam.) DC. SINONÍMIA BOTÂNICA: Achyrocline vargasiana DC., Gnaphalium candicans

Kunth., Gnaphalium rufum Willd. ex Less., Gnaphalium satureioides Lam., Gnaphalium saturejaefolium Poepp. ex DC.

FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Marcela e macela. HISTÓRICO:

Ocorre na Argentina, Uruguai e Brasil. Apresenta crescimento espontâneo e as flores secas são muito usadas para encher travesseiros com diversas finalidades terapêuticas, como por exemplo para problemas respiratórios e enxaqueca. PARTE UTILIZADA: Flores. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais: cariofileno, galangina, cineol, isognafalina, cariatina, germacreno-D, α-pineno, α-gurjuneno, α-guaiano, α-himachaleno, lauricepirona, italidipirona, cafeoilcalerianina, mirceno, alfa-terpineno, alnustina, tamarixetina, borneol e cadineno;

• Flavonoides: nas flores, quercetina, luteolina, galangina, tamarixetina, quercetagetina; ésteres de colerianina; e nas folhas, 3,5 dipidroxi-6,7,8- trionetoxiflavona, 3,5-dihidroxi-7,8-dimetoxiflavona e 3,5,7,3,4- pentahidroxiflavona (quescentina);

• Derivados do fenilpirona; • Os ácidos polifenólicos, cafeico e clorogênico;

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• Outros: taninos, resinas, princípios amargos, kavapironas e italidipirona. TROPISMO: Sistema imunológico e digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Processos inflamatórios, alérgicos ou

infecciosos das vias aéreas superiores, refluxo gastroesofágico, bebê chiador. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: anti-inflamatória (flavonoides), antiespasmódica, analgésica, antiviral (metilflavonas) para o herpes simples e o HIV, antiparasitária para o Trypanossoma cruzi, antisséptica, antifúngica, antioxidante, imunoestimulante (aumenta a fagocitose), anti-hemorrágica, antimutagênica, antitumoral, diaforética e antitérmica.

• Pele e anexos: anti-herpética. • Sistema cardio-vascular: venotônica (flavonoides) e hipotensora. • Sistema digestório: antiespasmódica biliar e intestinal, colagoga, colerética

(ácido cafeico) e vermífuga inespecífica. • Sistema imunológico: aumenta a atividade fagocitária dos macrófagos. • Sistema nervoso: sedativa suave de ação central, analgésica nas cefaleias e

anticonvulsivante. • Sistema osteoarticular: miorrelaxante e anti-inflamatória. • Sistema reprodutor: emenagoga e reguladora menstrual. • Sistema respiratório: expectorante, anti-inflamatória e antialérgica

(saponinas), sobretudo na mucosa nasal. • Sistema urinário: auxilia no controle da enurese noturna, antiespasmódica e

diurética. COMENTÁRIOS:

Um estudo em modelos animais de úlcera péptica gástrica (etanol, anti-inflamatórios não-esteroidais e ligadura do piloro) mostrou que o extrato hidroetanólico das flores de A. satureioides reduziu significativamente as lesões, com efeito comparável ao do omeprazol e da cimetidina. Além disto, o extrato levou a aumento da secreção de muco, o que não foi observado com as outras drogas. Não houve nenhuma toxicidade. Os autores concluíram que o extrato hidroetanólico das flores de A. satureioides apresentou atividade antiulcerogênica, porém não relacionado a mecanismos anti-secretores (Santin et al., 2010). MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 3–9 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão – Uso oral: 0,6 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Pode se usada por longos períodos, sem necessidade de intervalos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Pode, em casos raros, provocar vertigens, cefaleias, dermatites, alergias oculares e fotodermatite.

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Maytenus ilicifolia

ESPÉCIE: Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek SINONÍMIA BOTÂNICA: Maytenus officinalis Mabb. (denominação mais atual) FAMÍLIA: Celastraceae. NOMES REGIONAIS: Espinheira-santa. HISTÓRICO:

O nome do gênero Maytenus vem de Maytén, nome de uma planta utilizada pelos Mapuches, no Chile. A denominação ilicifolia significa “o que tem folhas iguais ao Ilex.” A espinheira santa foi descrita botanicamente pela primeira vez por Reissek (1861), ocorre em várias regiões da América do Sul e no Brasil é encontrada principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O uso atual não foi estabelecido por levantamentos etnofarmacológicos, mas sim por ensaios pré-clínicos realizados em laboratório. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Triterpenos pentacíclicos: friedelina e friedelanol; • Triterpenos quinonametídicos: maitenina, pristimerina e celastrol; • Taninos – até 4%; • Flavonoides: catequina, rutina e kaempferol; • Mucilagens; • Antocianinas: leucoantocianidina.

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Dispepsias, gastrite, úlceras

gastroduodenais e vômitos pós-quimioterapia. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

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• Geral: analgésica, antitumoral, cicatrizante (acne, herpes), antioxidante (flavonoides), antiviral e antiprotozoária.

• Sistema digestório: antidiarreica, anti-ulcerogênica, anti-dispéptica e anti-inflamatória.

• Sistema nervoso: ansiolítica. COMENTÁRIOS:

Um estudo avaliou a eficácia dos extratos etilacetato e hexano das folhas da M. ilicifolia em suas atividades anti-inflamatória e antinociceptiva, e na proteção contra lesões gástricas, incluindo citoproteção e cicatrização. A administração oral dos extratos inibiu a dor e edema em modelo de inflamação em ratos. Os extratos também reduziram a gravidade das lesões gástricas induzidas por stress de frio-restrição, além de aumentarem o volume gástrico e o pH (Jorge et al., 2004).

Outros autores investigaram os efeitos e possíveis mecanismos de ação do extrato aquoso liofilizado das folhas de M. ilicifolia na secreção ácida em modelo animal. O extrato reduziu, de maneira semelhante à cimetidina, a secreção ácida basal e induzida por histamina de forma dose-dependente, provavelmente por inibição dos receptores H2 (Ferreira et al., 2004). MODO DE USAR:

• Extrato seco em cápsulas ou comprimidos: Uso oral: 860 mg, 2–3 x/dia (BRASIL, 2016); ou 2–3 cápsulas de 500 mg, 2 x/dia (BRASIL, 2018).

• Infusão – Uso oral: 0,5 a 3 g em 150 mL, 3–4 x/dia (BRASIL, 2011, 2016; Pereira et al., 2017b).

o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b). ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Evitar o uso contínuo por mais de 1 ano. Pode diminuir a lactação se o uso for prolongado.

Outras plantas úteis para o tratamento da doença péptica • Achyrocline satureioides (macela) • Taraxacum officinalis (dente-de-leão) • Baccharis trimera (carqueja) • Arctium lappa (bardana) • Curcuma longa (cúrcuma)

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Mentha piperita

ESPÉCIE: Mentha × piperita L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Mentha × adspersa Moench, Mentha aquatica var. citrata (Ehrh.) Fresen., Mentha aquatica f. piperita (L.) G.Mey., Mentha × balsamea Willd., Mentha × banatica Heinr.Braun, Mentha × braousiana Pérard, Mentha canescens var. schultzii (Boutigny ex F.W.Schultz) Rouy, Mentha × citrata Ehrh., Mentha × concinna Pérard, Mentha × crispula Wender., Mentha × durandoana Malinv. ex Batt., Mentha × exaltata Heinr.Braun, Mentha × fraseri Druce, Mentha × glabrata Vahl, Mentha × hercynica Röhl., Mentha × heuffelii Heinr.Braun, Mentha × hircina J.Fraser, Mentha × hircina Hull, Mentha × hirtescens Heinr.Braun & Topitz, , Mentha hortensis var. citrata Ten., Mentha × hudsoniana Heinr.Braun, Mentha × kahirina Forssk., Mentha × langii Geiger ex T.Nees, Mentha × maximilianea var. schultzii (Boutigny ex F.W.Schultz) Briq., Mentha × napolitana Ten., Mentha × nigricans Mill., Mentha × odora Salisb., Mentha × odorata Sole, Mentha × officinalis Hull, Mentha × pimentum Nees ex Bluff & Fingerh., Mentha × piperoides Malinv., Mentha × schultzii Boutigny ex F.W.Schultz, Mentha × suavis var. schultzii (Boutigny ex F.W.Schultz) Briq. FAMÍLIA: Lamiaceae. NOMES REGIONAIS: Hortelã-pimenta. HISTÓRICO:

Os registros de uso das mentas datam de 1000 anos A.C. Planta originária da Europa e Ásia, atualmente cosmopolita. É utilizada pela indústria alimentícia, de perfumarias, de bebidas, além da indústria de tabaco que é a principal consumidora de mentol. Os principais países produtores de óleo de menta são: EUA (70% da produção mundial, que é de 1200 toneladas), França, Índia, Brasil e Argentina. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais (0,5 a 4 %): mentol (30 a 40%), acetado de mentila (10%), mentona (15%), isomentona, ésteres de mentolpineno, pulegona (mais

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concentrado nas plantas jovens – 0,5-4%), cineol (5-20%), limoneno (3-6%), felandreno, piperitona, viridoflorol, mentofurano (sabor amargo, máximo 3%); sabineno, eucalipitol, carvona, germacreno, beta-pineno, alfa-pineno e isoeugenol;

• Flavonoides (12%): apigenol, apigenina, luteolol, luteolina, mentosídeo, rutina, isoroifolina e diosmetina;

• Taninos (9%); • Triterpenos: ácido ursólico e oleanílico; • Outros: ácidos fenólicos, ácido rosmarínico, ácido p-cumárico, betaína, colina

e minerais, vitaminas (C, betacaroteno) e azuleno (ciclopentaciclo-heptano). • Quanto mais jovem a planta, mais produz pulegona e menos mentol.

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Cólicas digestivas, má-digestão e

flatulência. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: analgésica, anestésica, anti-inflamatória, antiespasmódica geral, antisséptica, antifúngica, antiviral, antioxidante, antitérmica e diaforética.

• Pele e anexos: antipruriginosa tópica e anestésica local. • Sistema circulatório: cardiotônica. • Sistema digestório: carminativa, eupéptica, estomáquica, colerética,

colagoga, antiespasmódica, antiemética e sialagoga. • Sistema nervoso: ansiolítica leve. • Sistema reprodutor: antiespasmódica. • Sistema respiratório: broncodilatadora, expectorante e antialérgica.

COMENTÁRIOS: A atividade espasmolítica da M. piperita se dá pela presença do mentol, que é

antagonista do cálcio. Um estudo randomizado, duplo-cego investigou a eficácia do óleo essencial

da M. piperita e da M. spicata na prevenção de náusea e vômitos induzidos por quimioterapia em pacientes com câncer. Os pacientes receberam cápsulas com 2 gotas do óleo essencial 30 minutos antes, e 4 e 8 horas depois da quimioterapia, ou placebo, ou o tratamento convencional. Houve redução significativa da intensidade e do número de vômitos nas primeiras 24 horas com ambos os óleos essenciais, quando comparados com os grupos controle, sem nenhum evento adverso. Além disto, o tratamento foi mais barato (Tayarani-Najaran et al., 2013).

Uma associação bastante interessante da M. piperita é com Rosmarinus officinalis (alecrim), que possui as seguintes atividades farmacológicas no sistema digestório: hepatoprotetora e anti-ulcerogênica. A associação é útil para empachamento pós-prandial, flatulência e má-digestão. Podem ser usados na forma de infusão, na proporção de 1:1, ou na forma de tintura, também na proporção de 1:1. MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 1,5 g em 150 mL, 2–4 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).

o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). • Tintura – Uso oral: 2–3 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em

2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 1–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

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• Óleo volátil das partes aéreas em cápsulas – Uso oral: cada cápsula contém 0,2 mL de óleo volátil, tomar 1–2 cápsulas, 3 x/dia, 30 minutos antes de cada refeição (BRASIL, 2016, 2018).

o Uso pediátrico (8–12 anos): 1 cápsula, 3 x/dia, 30 minutos antes de cada refeição (BRASIL, 2018).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Não deve ser usado por pessoas com obstrução das vias biliares. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Interage com substâncias estrogênicas, potencializando seus efeitos. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Em pessoas sensíveis, pode aparecer irritabilidade e insônia paradoxal. Em crianças abaixo de 1 ano de idade, o mentol ingerido em doses mais elevadas do que as recomendadas pode provocar depressão respiratória e apneia, ou espasmos laríngeos, sendo esse risco significativo nos recém-nascidos. O mentol inalado pode irritar as vias respiratórias produzindo broncoespasmo ou laringoespasmo, em pessoas muito sensíveis. Contraindicado nas obstruções das vias biliares pois o mentol é quase que totalmente excretado por via biliar. Nos casos de afecções respiratórias causadas por frio, sempre associar plantas quentes, pois a natureza da menta é fria e pode agravar o quadro (conceito da medicina tradicional chinesa).

Taraxacum officinale

ESPÉCIE: Taraxacum campylodes G.E. Haglund (nomenclatura atual)

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SINONÍMIA BOTÂNICA: Crepis taraxacum (L.) Stokes, Leontodon taraxacum L., Taraxacum dens-leonis var. dens-leonis, Taraxacum officinale (L.) Weber ex F.H.Wigg., Taraxacum subspathulatum A.J.Richards, Taraxacum taraxacum var. taraxacum, Taraxacum vulgare (Lam.) Schrank. FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Dente-de-leão. HISTÓRICO:

Origem europeia, mais especificamente no norte da Europa, já era utilizada desde o século X pelos médicos árabes (Avicena). O nome Taraxacum provém do grego e significa comestível. Muito disseminada no Brasil onde é utilizada como planta diurética. A planta produz grande quantidade de néctar e é apreciada pelas abelhas. Em algumas regiões do Brasil o pó das raízes tostado e moído é utilizado como substituto do café. No folclore popular, quando as flores saem voando sem que haja vento, acredita-se em chuva iminente. PARTE UTILIZADA: Planta toda ou raízes e rizomas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Flavonoides: apigenol e luteolol (nas folhas); • Substâncias amargas: taraxacina (lactona sesquiterpênica); lactopicrina,

taraxerina (resina ácida); inulina (1,5% nas folha; 38% nas raízes) e taraxacosíde;

• Substâncias esteroidais: b-sitosterol e estigmasterol; • Lactonas sesquiterpênicas (nas folhas); • Derivados triterpênicos: taraxasterol, taraxerol, amerina e isolactucerol (no

látex); • Ácidos: cafeico, clorogênico e cítrico; • Minerais: potássio, ferro, silício, magnésio, manganês, cobre, fósforo e zinco; • Outros: levulina; pectina; saponinas; taninos; ácidos graxos (oleico, linolênico,

linoleico e palmítico); óleo-resinas; vitaminas (A, B, C, D); endesmanolídeos; carotenóides (taraxantina e violoxantina); mucilagens (raiz); germanolídeos (folhas) e lecitina (flores).

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções hepáticas e das vias

biliares, e edemas por retenção de líquidos. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: desintoxicante, antianêmica, antioxidante, anti-inflamatória, antiviral, antisséptica, laxante, diurética, colagoga, colerética e antifúngica.

• Boca: antisséptica nas aftoses de repetição, reduz o sintoma de boca amarga por problemas hepáticos e hemostática no sangramento das gengivas.

• Metabolismo: hipouricemiante, hipolipemiante e hipoglicemiante. • Pele e anexos: antisséptica. • Sistema digestório: laxativa, colagoga, colerética, tônica do fígado,

estomáquica, antidiarreica, gastrocinética e anti-inflamatória. • Sistema endócrino: hipoglicemiante e hipolipemiante. • Sistema osteoarticular: fortalece tecidos conjuntivos de sustentação. • Sistema reprodutor: galactagoga, alivia sintomas da tensão pré-menstrual e

antisséptica. • Sistema urinário: diurética.

COMENTÁRIOS:

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A Taraxacum é diurética com grande concentração de potássio (extratos da planta toda), principalmente devido à inulina, lactonas-sesquiterpênicas (taraxina) e alto teor de potássio. Atua fortemente na regulação dos líquidos corporais.

Na Medicina Chinesa, dispersa e regulariza o fígado e vesícula biliar, harmoniza os rins e bexiga, tonifica o baço-pâncreas e o estômago, limpa o calor e elimina toxinas.

Características da personalidade: É uma planta masculina, com melhores resultados em homens, como drenadora do fígado (depurativa), tônica do baço-pâncreas e REGENERADORA. Pode ser usada em mulheres descompensadas e que necessitam acionar seus conteúdos no aspecto masculino.

Em um modelo animal de hepatotoxicidade por acetaminofen, avaliou-se a atividade do extrato das folhas de T. officinale. O estudo mostrou que o extrato reduziu os marcadores de oxidação, as alterações histológicas e a elevação das enzimas hepáticas. Além disso, o extrato mostrou atividade antioxidante in vitro. Os autores concluíram que o extrato de T. officinale foi hepatoprotetor, provavelmente pela atividade antioxidante, atribuída aos compostos fenólicos (Colle et al., 2012). MODO DE USAR:

• Infusão (planta inteira) – Uso oral: 3–4 g em 150 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Tintura – Uso oral: 2–5 mL, 3 x/dia (tintura das folhas ou raízes) ou 6–15 mL/dia (tintura somente das folhas) (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Extrato seco – Uso oral: 150 mg, 2 x/dia (BRASIL, 2018). • Droga vegetal – Uso oral: 4–10 g, 3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017a). • Extrato fluido – Uso oral: 4–10 mL, 3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017a).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Pode potencializar o efeito farmacológico dos hipoglicemiantes orais, dos diuréticos e dos anti-hipertensivos, devendo-se tomar cuidado quando usados concomitantemente, sempre com acompanhamento médico. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não se deve usar em casos de obstrução de vias biliares e íleo paralítico. Pode ocorrer dermatite de contato devido às lactonas sesquiterpênicas. Pode provocar hiperacidez gástrica nos pacientes predispostos (princípios amargos), devendo ser evitada nos casos de úlceras gástricas ativas. A DL50, em estudos de toxicidade em ratos, via intraperitonial, foi de 36,8 g/kg, para extratos da raiz.

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Eclipta alba

ESPÉCIE: Eclipta alba (L.) Haask SINONÍMIA BOTÂNICA: Cotula alba (L.) L, Ecliptica alba (L.) Kuntze, Eclipta brachypoda Michx., Eclipta erecta L., Eclipta prostrata (L.) L. (nomenclatura atual), Eclipta punctata L., Eupatoriophalacron album (L.) Hitchc, Verbesina alba L., Verbesina prostrata L. FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Erva-botão. HISTÓRICO:

Tem origem incerta, muito difundida na Índia sendo intensamente usada na medicina ayurvédica para hepatites infecciosas, cirrose hepática, hepatomegalia e outros acometimentos do fígado e da vesícula biliar (Manvar et al., 2012). Os hindus afirmam que esta planta aumenta a longevidade e promove o rejuvenescimento. No Brasil é amplamente difundida entre os povos indígenas que a utiliza para combater os efeitos de veneno de animais peçonhentos. PARTE UTILIZADA: Planta toda. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Cumestanos: wedelolactona e dimetil-wedelolactona; • Saponinas: ecliptina; • Ácido mandélico; • Taninos; • Derivados do tiofeno; • Triterpeno glicosilado: ecliptasaponina; • Flavonoides: apigenina e euteolina; • Fitosterois: sitosterol e estigmasterol; • Nicotina (traços, alcaloides esteroidais); betacaroteno; entriacontanol, 14-

heptacosanol e poliacetilenos. TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Alergias em geral, sobretudo em

picadas de insetos, e afecções hepáticas. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antialérgica, anti-inflamatória, antioxidante, desintoxicante e antiofídica.

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• Boca: hemostática e cicatrizante tópica. • Pele e anexos: repigmentadora da pele no vitiligo, anti-inflamatória,

sobretudo nas picadas de inseto. • Sistema circulatório: anti-hipertensiva suave. • Sistema digestório: hepatoprotetora, laxativa suave e vermífuga

inespecífica. • Sistema imunológico: antialérgica.

COMENTÁRIOS: Um estudo avaliou a atividade in vitro anti-hepatite C de um extrato de E.

alba, e mostrou que o extrato inibiu fortemente a replicação viral. O efeito provavelmente se dá pela presençaa de wedelolactona, luteolina e apigenina. Esses compostos apresentam inibição dose-dependente de uma enzima de replicação viral. Os autores concluíram que o extrato de E. alba pode ser usado como tratamento alternativo e complementar para a hepatite C (Manvar et al., 2012).

Em outro estudo, o extrato hidroetanólico de E. alba mostrou, in vitro, atividade anti-proliferativa, protetora do DNA contra danos e anti-metástases, em modelos de câncer hepático, devendo ser explorada pelo seu potencial terapêutico (Chaudhary et al., 2011).

Na Medicina Chinesa: seda o fígado e desintoxica, e tonifica o Yang do rim. Características da personalidade: Os melhores resultados são observados em

indivíduos com metabolismo acelerado (magros) e que sofrem as consequências emocionais e físicas da raiva, necessitando de auxílio na sua drenagem. MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). • Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017b). • Infusão – Uso externo: 0,5 g em 150 mL, aplicar na área afetada, 2–3 x/dia

(Pereira et al., 2017b). • Droga vegetal em cápsulas – Uso oral: 250 mg, 2–3 x/dia (Pereira et al.,

2014). • Pomada, creme ou gel – Uso tópico: aplicar na área afetada, 2–3 x/dia

(Pereira et al., 2014). ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Contraindicada nas diarreias crônicas. Doses elevadas podem ter efeito cardiodepressor.

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Cynara scolimus

ESPÉCIE: Cynara scolimus L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Não há. FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Alcachofra. HISTÓRICO:

Planta originária do Mediterrâneo e norte da África foi extensivamente utilizada pelos médicos medievais árabes com o nome de Al-Kharsaf, que significa receptáculo com espinhos. O nome do gênero Cynara vem do latim canina, devido à semelhança dos espinhos que a envolvem com os dentes de um cachorro. O centro de origem da Cynara se estende pela Ásia Menor e norte da África, formando parte da Bacia do Mediterrâneo, incluindo as Ilhas Canárias, Egeus e sul da Turquia e Síria. A espécie era cultivada em jardins gregos, como planta ornamental e alimentícia, sendo utilizada na fabricação de queijos devido a presença da enzima cinarase. Na Idade Média foi intensamente utilizada em pacientes com icterícia e para problemas digestivos. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Cinarina: ácido 1,5 dicafeilquínico (0,02% a 0,06%); • Ácidos: clorogênico e cafeico; • Flavonoides derivados da luteolina: cinarosideos, cinaratriosideos e

escolimosideos; • Inulina; • Ácidos orgânicos: málico, glicérico, glicólico, lático, cítrico, fumárico,

succínico; • Sais minerais (10 a 15%): cálcio, boro, fósforo, potássio, magnésio,

manganês e ferro;

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• Óleos essenciais: eugenol, ß-selineno, cinaratriol, cariofileno e humuleno; • Ácidos graxos essenciais: ácido láurico, ácido linolênico e ácido linoleico; • Fitosterois taraxasterol e taraxasterol; • Outros: mucilagens, pectina, glicosídeos (A e B), cinaropicrina e grosheimina

(principais componente amargo, lactonas sesquiterpénicas); enzimas (oxidases, ascorbinases, catalase, peroxidase e cinarase); vitaminas (pró-vitamina, betacaroteno, riboflavina, tiamina, ácido pantotênico e vit. C); taninos; saponinas esteroídais (cinarogenina); pseudotaraxasterol e pufa.

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções hepáticas e dislipidemias. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: desintoxicante, antioxidante e antiespasmódica. • Pele e anexos: anti-inflamatória. • Sistema cardiovascular: hipolipemiante, exceto nos casos de dislipidemia

familiar e hipotensora suave. • Sistema digestório: colagoga, colerética, laxativa, hepatoprotetora,

eupéptica e anti-inflamatória do cólon. • Sistema endócrino: hipoglicemiante. • Sistema osteoarticular: hipouricemiante e anti-inflamatória. • Sistema urinário: diurética e antisséptica das vias urinárias.

COMENTÁRIOS: A cinarina presente na C. scolimus é capaz de aumentar em até 100% a

secreção biliar, além de aumentar a secreção gástrica. Na síndrome metabólica, a redução do colesterol é feita por estimulação metabólico-enzimática pela cinarina, enquanto a ação hipoglicemiante é dada pela ação das oxidases.

Na Medicina Chinesa: Descongestiona e tonifica o meridiano do fígado, e aumenta o Yang do rim.

Características da personalidade: Os melhores resultados são observados em indivíduos EXIGENTES que têm metabolismo lento e necessitam de ativação metabólica. Estimula o funcionamento do fígado, auxiliando na mobilização dos conteúdos acumulados (orgânicos e energéticos). Emoção envolvida: RAIVA. MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 2–5 mL, 1–3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Droga vegetal em cápsulas ou comprimidos – Uso oral: 2 cápsulas, 2–4 x/dia (BRASIL, 2016); ou 60–1000 mg/dia, em 2–3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017b).

• Extrato seco padronizado – Uso oral: 1200 mg (extrato da folha fresca) ou 600 mg (extrato da folha seca), 1–2 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–2 g/dia (BRASIL, 2016); ou 300–400 mg, 3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017b).

• Infusão – Uso oral: 0,5–1,0 g em 150 mL, antes das refeições (BRASIL, 2011; Pereira et al., 2017a).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Seu efeito colagogo pode ser potencializado por bétula (Betula pendula), alecrim (Rosmarinus officinalis), dente de leão (Taraxacum officinale), boldo

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(Peumus boldus), carqueja (Baccharis trimera), genciana (Genciana lutea) e celidônia (Chelidonium maius). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Pode diminuir a lactação em nutrizes (cinarina), pois podem alterar o sabor do leite, sendo rejeitado pelos lactentes. Foram descritos casos de urticária e dermatite de contato em pessoas que tiveram contato frequente com alcachofra, pela ação das lactonas sesquiterpênicas - cinaropicrina. Contra indicado nos casos de obstrução biliar por calculose ou tumor.

Baccharis trimera

ESPÉCIE: Baccharis trimera (Less.) DC. SINONÍMIA BOTÂNICA: Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker, Molina trimera Less. FAMÍLIA: Asteraceae. NOMES REGIONAIS: Carqueja. HISTÓRICO:

Originária da América do Sul e Andes Peruanos, cresce em solos áridos e pedregosos. Apresenta ampla distribuição nas regiões do Cerrado em áreas de pastagens e beira de estradas. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais: carquejol, calameno, eudesmol, eledol, nopineno, acetato de carquejila, cariofileno, nerodilol, cis-cariofileno, elemeno, guaieno, cadineno, pinenoearomadendreno;

• Flavonoides: apigenina, luteolina, hispidulina, quercetina e lupeol, kaempferol;

• Lactonas diterpênicas; • Saponinas; • Resinas; • Substâncias esteroidais; • Polifenóis; • Outros: esqualeno, ácido crisosapônico, santonina, absintina, ácido resínico,

articulina I, articulina acetato, genkwanina, acacetina, 7,4-dimetil-apigenina, cirsimaritina, salvigenina, jaceidina, jaceosidina, ácido oleanólico e chondrillasterol;

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• Nas flores: barticulidiol, diéster malonato-acetato e bacchotricuneatina A. TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Dispepsias biliares e dores ciática,

lombar e na coluna, e diabetes mellitus tipo II. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: analgésica, anti-inflamatória, desintoxicante, sudorífica, antigripal e antioxidante.

• Sistema circulatório: hipotensora suave, pela ação diurética, e hipolipemiante.

• Sistema digestório: ação tônica e protetora sobre fígado (princípios amargos, flavonoides), estômago e intestino, e antiácida.

• Sistema endócrino: hipoglicemiante no diabetes mellitus tipo 2 e coadjuvante nos tratamentos da obesidade.

• Sistema osteoarticular: hipouricemiante. • Sistema urinário: diurético e anti-inflamatório das vias urinárias.

COMENTÁRIOS: A ação hipoglicemiante é maior com o uso da infusão (chá), mas como o

sabor é muito amargo, uma boa opção é a droga vegetal em cápsulas. Um estudo determinou que as atividades antioxidante e anti-inflamatória de

seis extratos de B. trimera, comprovadas em modelos animais, provavelmente devem-se à presença de compostos fenólicos (Oliveira, De et al., 2012).

Características da personalidade: Os melhores resultados são observados em indivíduos que vivem situação de subjugação, submetidos a grandes pressões, principalmente em relacionamentos. MODO DE USAR:

• Decocção – Uso oral: 2,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,25 g em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Tintura – Uso oral: 3–9 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Droga vegetal – Uso oral: 1 cápsula de 250 mg, 1–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Pode ser associada com camapu (Physalis angulata) ou unha-de-gato (Uncaria guianensis) para potencializar o efeito anti-inflamatório e analgésico. Nas indicações de gastrite e úlceras gástricas, o efeito é muito potencializado pelo uso concomitante de Maytenus spp. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Pode provocar hipersensibilização, hipotensão arterial ou alterações digestivas em usos muito prolongados e doses elevadas, ou em pacientes muito sensíveis. Estudos de intoxicação aguda em humanos não encontraram quaisquer alterações ou sinais de toxicidade. Doses excessivas e prolongadas (acima de 3 meses) podem provocar leucopenia. Alguns casos de hipoglicemia foram relatados, mesmo em pessoas normoglicêmicas.

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Peumus boldus

ESPÉCIE: Peumus boldus Molina SINONÍMIA BOTÂNICA: Boldea boldus (Molina) Looser, Boldea fragrans (Pers.) Endl., Boldu boldus (Molina) Lyons, Boldu chilanum Nees, Boldu chilensis Schult. & Schult.f. FAMÍLIA: Monimiaceae. NOMES REGIONAIS: Boldo chileno. HISTÓRICO:

Originária dos Andes Chileno e Peruano. Já foram encontradas no Chile folhas fossilizadas com mais de 13.000 anos. As propriedades fitoterápicas de suas folhas eram conhecidas das comunidades indígenas sul-americanas que habitavam os Andes chilenos, tornando-se conhecidas mundialmente a partir da colonização europeia da América. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleos essenciais: Mais de 46 constituintes (90% monoterpenos); • Glucosídeos flavônicos: peumoside, boldoside; • Alcaloides isoquinolênicos: Boldina 1% (marcador).

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Má digestão, dispepsias e afecções

hepáticas em geral. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: analgésica, anti-inflamatória, desintoxicante e antioxidante. • Sistema circulatório: hipertensora suave. • Sistema digestório: colerética, colagoga, antiespasmódica, estomáquica e

hepatoprotetora. • Sistema urinário: diurética.

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COMENTÁRIOS: A boldina, um alcaloide encontrado nas folhas da P. boldus, previne eventos

de peroxidação lipídica no fígado, preservando a atividade do citocromo P450, sendo valioso como agente hepatoprotetor (Kringstein e Cederbaum, 1995).

Em voluntários saudáveis, o extrato seco de P. boldus apresentou ação anticolinérgica relaxando a musculatura lisa do intestino e prolongando o tempo de trânsito intestinal (Gotteland et al., 1995).

Em animais, apresentou atividade diurética, aumentando a excreção urinária em 50% (Speisky e Cassels, 1994).

Na Medicina Chinesa: atua nos meridianos do fígado, vesícula biliar, estômago e baço-pâncreas, dispersa os meridianos do fígado e vesícula-biliar, drena umidade e limpa o calor, e combate a estagnação de alimentos. MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 1–2 g em 150 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2011). • Extrato seco padronizado (mínimo 0,1% de boldina) – Uso oral: 50–100

mg/dose, 2–3 x/dia (BRASIL, 2016). • Droga vegetal – Uso oral: 3 g/dia (Micromedex [Internet], 2017c). • Extrato fluido – Uso oral: 3 mL/dia (Micromedex [Internet], 2017c). • Tintura – Uso oral: 15 mL/dia por 8 semanas (Micromedex [Internet], 2017c).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Contraindicada nos quadros de obstrução de vias biliares, hepatites agudas colestáticas, e em crianças menores de 6 anos (neurotoxicidade do óleo essencial). Evitar ultrapassar a dose recomendada e não usar por mais que 60 dias contínuos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não há dados na literatura.

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Plectranthus barbatus

ESPÉCIE: Plectranthus barbatus Andrews SINONÍMIA BOTÂNICA: Coleus barbatus (Andrews) Benth., Coleus forskohlii (Willd.) Briq. FAMÍLIA: Lamiaceae. NOMES REGIONAIS: Boldo nacional. HISTÓRICO:

É originária da África, tendo sido trazida para o Brasil, provavelmente no período colonial, motivo esse que recebeu o nome de boldo-do-reino. PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Óleo essencial: a-pineno, a-felandreno, (Z)-ocimeno, manol e abietatrieno; • Diterpenos: Barbatusina, ciclobutatusina, 6-Hidroxicarnosol, forskolin,

barbatusol, plectrina, cariocal, coleonon E, coleon F, plectrinona A, plectrinona B, e 12,9(10,20)-abeo-abieta-8,11,13-trien-10,11,12-triol, ciclobutatusina e 7-acetil-12-desace-toxiciclobutatusina.

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afeções hepáticas e biliares em geral

e infecções de repetição. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antioxidante, anti-histamínica, antiagregante plaquetária e antiespasmódica.

• Metabolismo: hipolipemiante. • Sistema circulatório: hipotensora e inotrópica. • Sistema digestório: hepatoprotetora, colagoga, colerética, desintoxicante e

tônica do fígado, inibidora da bomba de prótons, eupéptica, antiespasmódica e carminativa.

• Sistema imunológico: imunoestimulante.

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• Sistema urinário: diurética suave. COMENTÁRIOS:

Esta planta é usada tradicionalmente pela medicina Hindu e Ayurvédica, bem

como no Brasil, África e China. Os maiores usos etnobotânicos incluem doenças intestinais, hepáticas, respiratórias, cardíacas e do sistema nervoso.

Esta planta é uma das mais estudadas no mundo todo devido ao enorme potencial terapêutico de seus constituintes, sobretudo a forskolina.

Os constituintes da planta apresentam diversas propriedades. O óleo essencial possui atividade antimocrobiana e antiespasmódica. Alguns diterpenos como barbatusin e coleon C apresentam atividade antitumoral, o barbtusol possui efeito hipotensor, a plectrinon A possui efeito inibitório sobre a bomba de prótons no estômago, entre outros. A forskolina e as outras dezenas de moléculas estruturalmente similares presentes na planta (diterpenoides labdanos) ativam diretamente a adenilato-ciclase (Alasbahi e Melzig, 2010a), aumentando a produção de AMPc em diversos tecidos, independente da ativação de receptores β-adrenérgicos. Isto explica a atividade da planta em diversos órgãos e sistemas (Alasbahi e Melzig, 2010b). A forskolina é pouco solúvel em água, o que limitou até hoje a produção de medicamentos contendo esta molécula. Um derivado mais solúvel foi desenvolvido, chamado 6-(3-dimethylaminopropionyl) forskolin hydrochloride (NKH477). Este derivado é mais específico para a adenilato-ciclase V do miocárdio, sendo comercializado no Japão com o nome de Adehl® para o tratamento de doenças cardíacas (inotrópico e vasodilatador).

Em humanos voluntários saudáveis, uma bebida contendo suco de P. barbatus a 12% levou a redução significativa dos níveis de leptina, enquanto a concentração de 24% levou a aumento da leptina, e essas alterações foram acompanhadas por alterações no apetite dos voluntários (Wadikar e Premavalli, 2014).

O P. barbatus possui atividade farmacológica digestiva e hepática mais intensa que o Peumus boldus (boldo-do-Chile). Entretanto, ela possui muita água, o que dificulta a produção de um medicamento industrializado.

Na Medicina Chinesa: É regulador geral do metabolismo (fígado, baço-pâncreas e estômago, mucosas, pressão arterial, intestino). Tem ação broncodilatadora importante. MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 1–3 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011) ou 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Tintura – Uso oral: 50 gotas, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Não associar com medicamentos antiácidos sintéticos utilizados no tratamento da hiperacidez gástrica. Contraindicada para pacientes com úlcera gástrica. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não se deve fazer uso prolongado desta planta, sem intervalos. Em altas doses pode provocar irritação do tubo digestivo.

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Constipação intestinal A constipação intestinal pode ocorrer por três mecanismos básicos: baixa

ingesta de água, baixa ingesta de fibras, e dismotilidade intestinal. Em geral, os quadros de dismotilidade intestinal são diagnosticados na infância. Em adultos, pode ser consequência do uso abusivo de laxantes. A constipação intestinal do adulto, em geral, pode ser resolvida com água e fibras.

Plantago major

ESPÉCIE: Plantago major L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Plantago borysthenica Wissjul., Plantago dregeana Decne., Plantago gigas H. Lév., Plantago jehohlensis Koidz., Plantago latifolia Salisb., Plantago macronipponica Yamam., Plantago sawadai (Yamam.) Yamam., Plantago villifera Kitag. FAMÍLIA: Plantaginaceae. NOMES REGIONAIS: Tanchagem. HISTÓRICO:

Existem cerca de 200 espécies de Plantago, todas com atividade farmacológica. Originária da Europa, Ásia e norte da África, foi trazida ao Brasil pelos colonizadores. O uso tradicional desta planta como cicatrizante foi descrito há mais de 4000 anos. Foi muito usada para cicatrizar ferimentos causados por mordeduras de cachorro e outros animais. PARTE UTILIZADA: Folhas e sementes. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Flavonoides: luteolina, apigenina, baicaleina, hispidulina, nepetina, esculetarina e plantaginina;

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• Mucilagens (7%): polissacarídeos ramno-galacturonano, arabnogalactano, glucomanano, xilose, ácido galacturônico, arabinose e ramnose;

• Alcaloides: aucubina, indicaína e plantagonina; • Ácidos: benzoico, salicílico, fumárico, hidroxicinâmicos, fenilcarboxílicos,

clorogênico, ursólico, silícico, ascórbico, cítrico, málico, ferrúlico, cumarínico e oleonólico;

• Terpenoides; • Outros: lignanas; beta-sitosterol; sorbitol e manitol; pectina; ésteres do ácido

cafeico (acteósido, plantaniósido); cumarinas (principalmente a esculetina); taninos (1 a 2%); saponinas; enzimas (invertina, emulsina); vitaminas (A e C); óleos essenciais (0,2%); minerais (potássio, sílica e enxofre); antraquinonas (pequena quantidade nas sementes); heterosídeos (aucubigenina); colina; resina; alantoína; ácidos graxos essenciais (ácidos oleico, linoleico, linolênico, palmítico, aracnídico e mirístico).

TROPISMO: Sistema digestório e reprodutor. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Mucosites, miomas uterinos e

constipação intestinal. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

FOLHAS • Geral: anti-inflamatória das mucosas, desintoxicante geral, uricosúrica e

hemostática. • Boca: antisséptica. • Pele e anexos: cicatrizante, antifúngica e anti-inflamatória. • Sistema circulatório: hipolipemiante e hipotensora. • Sistema digestório: hepatoprotetora, antidiarreica, anti-inflamatória, anti-

hemorroidária e eupéptica. • Sistema endócrino: hipoglicemiante suave. • Sistema imunológico: imunomoduladora e antialérgica. • Sistema osteoarticular: uricosúrica. • Sistema reprodutor: antisséptica, anti-inflamatória e redutora de miomas

uterinos. • Sistema respiratório: expectorante, mucolítica, anti-inflamatória,

broncodilatadora e antialérgica. • Sistema urinário: diurética suave, anti-inflamatória e analgésica do trato

urinário. SEMENTES • Geral: laxativa.

COMENTÁRIOS: Existem outras espécies de Plantago: Plantago ovata Forssk., e Plantago

lanceolata L. A P. lanceolata é mais usada pelas suas folhas, com as mesmas indicações das folhas de P. major, e a P. ovata é mais usada pelas suas sementes, com efeito laxativo. Existem diversos produtos comerciais com as sementes de P. ovata: PlantaBen®, Plantacil®, Metamucil®, etc.

As sementes de Plantago são mais eficazes em pessoas que bebem pouca água. Quando em pH alcalino, as sementes de Plantago se abrem, mesmo com pouca água disponível, liberando a mucilagem, que aumenta o bolo fecal. Pode ser usada em quadros de diverticulite. MODO DE USAR: Plantago major

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• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Tintura – Uso tópico: 2–4 mL, diluídos em água, fazer bochechos ou gargarejos, 1–3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, fazer bochechos ou gargarejos, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

• Infusão – Uso tópico: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

Plantago ovata

• Droga vegetal (cascas das sementes) – Uso oral: 3–30 g/dia, ou 1–2 cápsulas de 400 mg, 1–2 x/dia, ou 1–2 colheres de café, 2 x/dia (BRASIL, 2014); ou 1 cápsula de 280 mg, 3 x/dia (Pereira et al., 2014). o Uso pediátrico oral: 1,5 g, 1–3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017d); ou 1

colher de café em 1–3 refeições diárias. ADVERTÊNCIAS:

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Potencializa os efeitos dos compostos digitálicos, aumentando o risco de intoxicação. Associar com mil em rama (Achillea millefolium) em casos de diarreias, colites e hemorragias e também com sálvia (Salvia officinalis) para o tratamento de amigdalites. Nos quadros de bronquite e asma, associar com guaco (Mikania laevigata). EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Evitar o uso em pacientes hipotensos, com obstrução intestinal, em grávidas e lactantes. Superdosagens podem causar arritmias (bradicardia) e hipotensão arterial.

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Hibiscus sabdariffa

ESPÉCIE: Hibiscus sabdariffa L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Abelmoschus cruentus (Bertol.) Walp., Furcaria sabdariffa Ulbr., Hibiscus cruentus Bertol., Hibiscus fraternus L., Hibiscus palmatilobus Baill., Sabdariffa rubra Kostel. FAMÍLIA: Malvaceae. NOMES REGIONAIS: Vinagreira e rosélia. HISTÓRICO:

É uma planta originária das regiões tropicais da África. Foi introduzida na Europa no século XIX e hoje compõem a maioria das formulações de chás aromáticos consumidos no continente. No Brasil foi introduzida por escravos por volta do ano de 1700 e na atualidade os cálices são utilizados como medicamentos, na produção de geleias e as folhas são usadas na culinária em pratos típicos, especialmente o cuxá, muito apreciado pelo maranhense. PARTE UTILIZADA: Cálices e sépalas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Cálices o Os ácido cítricos e málicos (compostos majoritários), antocianina

(cianidina-3 glucosídeo), delfinidina-pentoside glicosídeo, delfinidina-3 glucoxyloside (delfinidina-3-sambubioside, também conhecido como hibiscin) cianidina-3 sambubioside, cianidina-3, 5 diglucoside e cianidina.

o Niacina e caroteno. • Flores

o Flavonoides: 3-monoglucoside de hibiscetina, hibiscetina, gossipitrina hibiscitrina, sabdaritrina, dimetoxiflavona (sabdaretina), hibiscina, quercetina, miricetina, sabdaritrins, sabdaretina e luteolina;

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o Outros: ácido clorogênico, ácido ascórbico, antocianinas (delfinidina-3-sambubiosideo, cianidina-3 sambubioside protocatecuico) e esterois (sitosterol e ergosterol).

• Óleo da semente o Colesterol, campasterol, estigmasterol, ß-sitosterol, espinasterol-a e

ergosterol. TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Anemia e constipação intestinal. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: remineralizante e laxativa. • Sistema circulatório: hipolipemiante. • Sistema digestório: digestiva e laxativa.

COMENTÁRIOS: Os cálices desta planta são ricos em vitamina A, ácido ascórbico (140 mg/100

g, quantidade superior à encontrada na laranja) (Adigun et al., 2006; Wong et al., 2002), e também em elementos como cálcio (4 ppm), magnésio (13 ppm), sódio (50 ppm), potássio (235 ppm) e ferro (1,17 ppm) (Falade et al., 2005; Foline et al., 2011; Wróbel e Urbina, 2001). A decocção dos cálices de H. sabdariffa apresenta reduzida quantidade de taninos e fitatos, contribuindo para elevada biodisponibilidade do ferro elementar.

A H. sabdariffa é utilizada, em alguns países africanos, na preparação de uma infusão usada no tratamento da anemia ferropriva (Adigun et al., 2006). Em ratos Wistar, a administração do extrato aquoso do cálice seco da H. sabdariffa levou a aumento significativo no hematócrito e na hemoglobina, de forma dose-dependente. Este efeito é devido à presença de nutrientes como proteínas, minerais e vitamina C no cálice, além de antocianinas. As antocianinas, assim como outros compostos fenólicos, também têm atividade antioxidante e hipolipemiante (Fernández-Arroyo e Rodríguez-Medina, 2011).

É provável que estas antocianinas sejam moléculas facilitadoras da biodisponibilidade do ferro, uma vez que compostos muito semelhantes (delfinidina e delfinidina-3-glicosideo) isolados de sementes de soja mostraram ser as responsáveis pela liberação do ferro da ferritina (Deng et al., 2010). Estudos realizados in vivo mostraram que antocianinas e compostos fenólicos isolados de H. sabdariffa apresentam atividade contra células leucêmicas e carcinoma de estômago, e que os compostos fenólicos são os responsáveis pelo significativo efeito antioxidante (Hou et al., 2005; Kao et al., 2009; Lin, H. H. et al., 2007; Tseng et al., 2000). Experimentos realizados com animais têm mostrado que são os compostos fenólicos as substâncias responsáveis por efeitos como a inibição do desenvolvimento de arteriosclerose (Chen et al., 2003), redução de triglicérides e colesterol (Lin, T. L. et al., 2007), bem como pela atividade hipoglicemiante, com melhora no quadro de nefropatia diabética (Wang et al., 2009). Ensaios clínicos em humanos comprovaram a atividade anti-hipertensiva e a redução dos níveis de colesterol (Herrera-Arellano et al., 2004; Lin, T. L. et al., 2007), as quais também foram atribuídas a presença de compostos fenólicos, em especial as antocianinas.

O efeito desta planta na constipação intestinal é melhor nas pessoas que bebem bastante água. Além disso, pode ser adicionado a sucos e vitaminas. MODO DE USAR:

• Droga vegetal – Uso oral: 1–2 cápsulas de 400 mg, ou 1–2 colheres de café, 2 x/dia; ou adicionar 1 colher de café em sucos e vitaminas (Pereira et al., 2014).

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o Uso pediátrico: 1 colher de café em sucos e vitaminas (Pereira et al., 2014).

• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (não contém as fibras) (Pereira et al., 2017a). o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Quando associado com Centella asiatica é indicada para pacientes com anemia ferropriva. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Não deve ser usada por pacientes que apresentem baixo nível de espermatogênese, mulheres grávidas, sendo também contraindicada para pacientes com úlcera gástrica.

Rhamnus purshiana

ESPÉCIE: Frangula purshiana Cooper (nomenclatura atual) SINONÍMIA BOTÂNICA: Cardiolepis obtusa Raf., Frangula anonifolia (Greene) Grubov, Frangula purshiana subsp. ultramafica Sawyer & S.W.Edwards, Rhamnus annonifolia Greene, Rhamnus purshiana DC. FAMÍLIA: Rhamnaceae. NOMES REGIONAIS: Cáscara sagrada. HISTÓRICO:

A cáscara sagrada é uma planta medicinal originária da floresta de coníferas do noroeste da América do Norte. As cascas deste planta têm sido utilizadas por séculos como um laxante, primeiro pelos nativos norte-americanos, depois pelos colonizadores europeus. PARTE UTILIZADA: Entrecasca. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Derivados antracêntricos (6-9%), C-heterosídeos ou C-glicosil-antronas (80-90%), cascarosídeos

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Constipação intestinal. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: laxativa.

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COMENTÁRIOS: As antraquinonas (glicosídeos antraquinônicos A, B, C e D) estimulam a

mucosa e a musculatura lisa intestinal, aumentando o peristaltismo e a secreção de água e eletrólitos para a luz intestinal. Está, portanto, indicada nos casos com dismotilidade intestinal. MODO DE USAR:

• Droga vegetal – Uso oral: 0,3–1 g, à noite (BRASIL, 2016). o Uso pediátrico oral: 150–500 mg/dia (Micromedex [Internet], 2017e).

• Extrato seco – Uso oral: 57–108 mg, à noite (BRASIL, 2016) ou em 2 x/dia (BRASIL, 2018).

• Decocção – Uso oral: 1,0–2,5 g em 150 mL, 1–2 x/dia (Micromedex [Internet], 2017e).

• Tintura ou Extrato fluido – Uso oral: equivalente a 20 a 30 mg de derivados hidroxiantracênicos expressos em cascarosídeo A (BRASIL, 2016).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Contraindicada nas doenças inflamatórias intestinais, e sangramento intestinal. Evitar o uso prolongado. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Pode causar perda de eletrólitos, cólicas, náusea e diarreia. Há um caso na literatura de hepatite colestática com hipertensão portal secundária ao uso desta planta.

Cassia angustifolia

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ESPÉCIE: Senna alexandrina Mill. (nomenclatura atual) SINONÍMIA BOTÂNICA: Cassia acutifolia Delile, Cassia alexandrina (Garsault) Thell., Cassia angustifolia M.Vahl, Cassia angustifolia Vahl, Cassia senna L., Senna acutifolia (Delile) Batka, Senna alexandrina Garsault, Senna angustifolia (Vahl) Batka. FAMÍLIA: Fabaceae. NOMES REGIONAIS: Sene e senna. HISTÓRICO:

O sene vem sendo utilizado por suas propriedades fitoterápicas desde o século IX, mas seu uso como laxante teve destaque apenas na época do renascimento. Seu nome cientifico, Senna alexandrina Miller, se deu pelos taxonomistas modernos que agruparam duas espécies em um só nome, mas na maioria das farmacopeias o sene é encontrado sob dois nomes, Cassia senna L. (sene-de-alexandria) e Cassia angustifolia Vahl (sene-de-tinnevelly ou sene-indiana). PARTE UTILIZADA: Folhas. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Derivados antraquinônicos; • Glicosídeos antranoides; • Glicosídeos diméricos: senosídeos A e B.

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Constipação intestinal. AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: laxativa e purgativa. COMENTÁRIOS:

Os heterosídeos são hidrolizados no intestino grosso pela flora bacteriana, com liberação das antraquinonas, que atuam sobre a mucosa, aumentando o peristaltismo.

Uma revisão da literatura mostrou (a) que não há evidencias definitivas de que o uso crônico de sene tenha, como consequência, uma alteração estrutural ou funcional nos nervos entéricos ou na musculatura lisa intestinal, (b) que não há relação entre a administração prolongada de extratos de sene e o surgimento de tumores gastrointestinais ou de qualquer outro tipo em ratos, (c) que o sene não é carcinogênico em ratos mesmo após dois anos recebendo diariamente doses de até 300 mg/kg/dia, e (d) que as evidências atuais não mostram que haja risco de genotoxicidade para pacientes que usam laxativos contendo extrato de sene ou senosídeos (Morales et al., 2009).

Um estudo clínico randomizado, controlado por placebo, 96 sujeitos submetidos a cirurgia pélvica reconstrutora receberam aleatoriamente placebo ou sene com docusato. Os pacientes que usaram sene apresentaram retorno dos movimentos peristálticos 1 dia mais cedo, e os pacientes que usaram placebo tiveram maior necessidade de citrato de magnésio como estimulante do peristaltismo (Patel et al., 2010). MODO DE USAR:

• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014). • Infusão ou Maceração – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, à noite (Pereira et al.,

2017a). • Droga vegetal – Uso oral: 1–2 g de folhas ou frutos, diariamente antes de

dormir (BRASIL, 2016).

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• Extrato seco – Uso oral: 150 mg, 1–3 x/dia, equivalente a 10–30 mg de senosídeos (calculados como senosídeo B), administrada à noite (BRASIL, 2016).

ADVERTÊNCIAS: Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado

para gestantes e lactantes. Evitar o uso prolongado. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

O uso de bloqueadores dos canais de cálcio, antagonistas da calmodulina, ou indometacina em uso concomitante com a sene, pode reduzir os efeitos laxativos. Evitar o uso de sene concomitante com antiácidos, pois são incompatíveis. Pode aumentar o risco de intoxicação digitálica, se usado concomitante. Não se deve associar várias vezes seguidas o sene com drogas espasmolíticas como camomila e anis, e nem com drogas eméticas. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Cólicas abdominais não são raras. No início do tratamento pode causar diarreia, com perda de potássio. O uso contínuo pode causar constipação paradoxal. As antraquinonas podem escurecer a urina ou pigmentar o cólon (pseudomelanosis coli), devendo seu uso ser descontinuado 1 mês antes da realização de endoscopias digestivas baixas. Contraindicado nas obstruções intestinais, enterites e colites e hipocalemia. Mulheres em período de menstruação podem ter o fluxo aumentado. O uso muito prolongado pode provocar baqueteamento dos dedos.

Psidium guajava

ESPÉCIE: Psidium guajava L. SINONÍMIA BOTÂNICA: Guajava pumila (Vahl) Kuntze, Guajava pyrifera (L.) Kuntze, Myrtus guajava (L.) Kuntze, Psidium angustifolium Lam., Psidium cujavillus Burm.f., Psidium cujavus L., Psidium fragrans Macfad., Psidium guava Griseb., Psidium igatemyense Barb.Rodr., Psidium igatemyensis Barb. Rodr., Psidium intermedium Zipp. ex Blume, Psidium pomiferum L., Psidium prostratum O.Berg, Psidium pumilum Vahl, Psidium pyriferum L., Psidium sapidissimum Jacq., Psidium vulgare Rich., Syzygium ellipticum K.Schum. & Lauterb. FAMÍLIA: Myrtaceae. NOMES REGIONAIS: Goiabeira. HISTÓRICO:

As goiabas são consumidas principalmente in natura ou em forma de doces (goiabada), compotas, geleias, sucos e sorvetes. São muito usadas na indústria. Em etnofarmacologia a goiabeira é usada para diarreias na infância. O chá das folhas,

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em bochechos e gargarejos, é usado para inflamações da boca e da garganta ou em lavagens de úlceras e na leucorreia. PARTE UTILIZADA: Brotos e folhas jovens da goiabeira de polpa vermelha. CONSTITUINTES QUÍMICOS:

• Flavonoides – Guaijaverina, Avicularina • Saponinas • Triterpenos • Quercetina • Ácido oleanólico

TROPISMO: Sistema digestório. PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Diarreia aguda infecciosa

(bacteriana). AÇÕES TERAPÊUTICAS:

• Geral: antisséptica, antidiarreica, hemostática, antitérmica, anti-inflamatória, analgésica e antioxidante.

• Boca: antisséptica e analgésica. • Sistema circulatório: cardioprotetora e inotrópica negativa. • Pele e anexos: antisséptica e anti-inflamatória. • Sistema digestório: antiemética, antiespasmódica e antidiarreica. • Sistema nervoso: analgésica e relaxante muscular.

COMENTÁRIOS: As folhas da goiabeira têm óleo volátil rico em sesquiterpenos, entre eles o

bisaboleno, além do dietoximetano e dietoxetano que dão o aroma dos frutos. O principal componente do óleo das sementes é o ácido linoleico. O extrato aquoso do "olho" (broto) da goiabeira tem intensa atividade contra Salmonela, Serratia e Staphylococcus, grandes responsáveis pela diarreias de origem microbiana. A atividade é mais forte na variedade de polpa vermelha, e mais fraca nas folhas adultas e casca.

A atividade antiespasmódica é dada pela quercetina, que inibe a síntese de prostaglandinas e a liberação da acetilcolina no intestino. O extrato de goiabeira interfere também na passagem de água dos tecidos para o intestino.

Em um estudo, a decocção das folhas da goiabeira, in vitro, exibiu atividade antibacteriana contra Shigella flexneri e Vibrio cholerae. Ela também reduziu a produção de toxinas pela Escherichia coli. A decocção ainda inibiu a aderência da E. coli enteropatogênica e a invasão da mucosa pela E. coli enteroinvasiva e pela S. flexneri. A quercetina isolada não teve as mesmas propriedades, enfatizando a importância do fitocomplexo da planta para a atividade farmacológica. Os autores concluíram que, em conjunto, os resultados indicam que a decocção das folhas da goiabeira são um agente antidiarreico efetivo e que seu espectro de atividades não é devido à quercetina isoladamente (Birdi et al., 2010). MODO DE USAR:

• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2016); ou 3–6 x/dia (Pereira et al., 2017b).

o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b). • Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).

o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014). • Droga vegetal – Uso oral: 500 mg, 3–4 x/dia (BRASIL, 2016). • Extrato seco – Uso oral: 250–350 mg, 3–4 x/dia (BRASIL, 2016).

ADVERTÊNCIAS:

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Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado para gestantes e lactantes. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Não há dados na literatura. EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:

Teste de toxicidade realizado com extrato de folha de Psidium guajava mostrou que a DL50 é de 5 g/kg e em nenhum dos trabalhos consultados foram encontrados dados de intoxicação com essa planta.

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